SAGARANA 05

download SAGARANA 05

of 6

Transcript of SAGARANA 05

  • 7/24/2019 SAGARANA 05

    1/6

    FUVEST/UNICAMPO 2009/SAGARANA/Joo Guimares

    SAGARANA JOO GUIMARAES ROSA

    !" JOO GUIMARES ROSAJoo Guimares Rosa nasceu em Cordisburgo-MG e se formou emMedicina em Belo Horizonte tendo medicado no interior do estado. Em19! ingressa" #or concurso" na carreira di#lom$tica" ser%indo o Brasilem di%ersos #a&ses como 'leman(a e )ran*a. +ublicou seu #rimeiro li%rode contos" ,agarana," em 19!" aos / anos. 0 considerado nosso maior

    escritor no sculo 22. +ertencente a a gera*o da nossa literaturamodernista" a gera*o de !3" sua obra faz frente a de outro grande %ultode nossa literatura em todos os tem#os" o de Mac(ado de 'ssis.

    2" A GERA#O $E %&' obra de Guimares Rosa filia-se 4 nossa tradi*o regionalista. uasest5rias se #assam no serto de Minas Gerais" regio centro norte doEstado" e retratam ti#os" costumes" lugares ticos dessa regio. '#esardisso" suas narrati%as so #ermeados de fantasia" mistrios e 6uest7es denatureza filos5fica uni%ersais sendo" #or isso consideradas regionalistas euni%ersalizantes. 8al regionalismo adiciona-se 4s e#eri:ncias de ru#turacom a narrati%a moderna 6ue at ento se fazia - %inda da gera*o de ; -baseando-se na cria*o e na #es6uisa com a linguagem. enevides no desceu, por'ue "icou preso, com a ci$ha enganchada nuramo de p&-de-8ng!. 2as o amari$ho >ragado de Si$vino deve de tdado trs rodadas comp$etas, antes de se soverter com o dono, ao eide um anima$ bom. @o"redo, no se achou. AaBmundo, tamb&m n

    1

  • 7/24/2019 SAGARANA 05

    2/6

    Sinoca no p7de desca$ar o p& do estribo, e e$e e a montadaapareceram, assim $igados dois de"untos, inchados como ba$6es0...1 %$gu&m 'ue ainda pe$eava, ! na pen$tima )nsia e "arto de beber!gua sem copo, p7de a$canar um obeto encordoado se movia. E a'ue$eum aconteceu ser /ranco$im /erreira, e a coisa movente era o rabo doburrinho pedrs. E Sete-de-Ouros, sem suste a mais sem hora marcada,soube 'ue a$i era o ponto de se entregar, con"iado, ao 'uerer dacorrentea. Pouco "aia 'ue esta o $evasse de viagem, muito para bai#odo $ugar da travessia. enignaunta.../aer po$8tica no & assim to "!ci$ ...2as a$guma coisa "ica, "undo do tacho...

    - Pois, no "oi, seu @aud7nio? /ao o me$hor 'ue posso, nsou ingrato. 2as, como eu ia contando...>em, como seu 2artinhohomem eneriado e pirr7nico, eu, na vo$ta "ui na cerca 'ue separaroa de$e do pasto do pai do seu >enigno... enigtamb&m...

    '3 SARAPA)A

    diabo 6ue sobre a forma do mo*o bonito" fugiu com ummo*a rio-abaio?.

    Eis 6ue" em meio 4 febre" +rimo 'rgemiro confessa 6ue foa#aionado #or =u&sa e 6ue este era o moti%o #elo 6ual %iera morar fazenda" a#esar de nunca ter faltado com o res#eito #elo #rimndignado" +rimo Ribeiro reage" e#ulsando o +rimo de sua com#an(

  • 7/24/2019 SAGARANA 05

    3/6

    & gostoso* & a nica coisa boa 'ue a vida ainda tem.P!ra, para tremer.Epara pensar. Tamb&m.Estremecem, amare$as, as "$ores da aroeira. F! um "rmito nos cau$esrosados da erva-do-sapo. % erva-de-anum crispa as "o$has, $ongas,como "o$has de mangueira. Trepidam, sacudindo as suas estre$inhas,a$aranadas, os ramos da vassourinha. Tirita a mamona, de "o$haspe$udas, como o corse$ete de um caununga, bri$hando em verde-au$. %pitangueira se aba$a, do arrete ( grimpa. E o aoita-cava$os derruba"rutinhas "endi$hadas, entrando em convu$s6es.

    - 2as, meu arro + 'ue "a a casa +Peri'uito + 'ue se apodera da casa, no caso em apreo o govermunicipa$. o munic8pio n.o K, hosti$iam-se* >ranas por'uerespectivo che"e & um negociante de pe$e assa pigmentada +Sucupiras + por mera antinomia vegeta$. outro $ugar, umbe

    2arimbondos versus >esouros. E, no munic8pio n.oM L, h! Soca-/ogTreme-Terra e Aompe-Aacha + intitu$a6es terror8"eras, com 'ue caum pretende intimidar os dois outros.

    2as, a'ui neste nosso "eudo, grande & o prest8gio do mgrande tio Em8$io. Seu agrupamento domina a ona das "aendas gado, e manda na metade da vi$a.S3 o arraia$ & 'ue ainda est! indecispor'ue obedece ao m&dico, um doutor moo e so$teiro, pessoa portansem nenhuma urgncia, 'ue tarda a se de"inir.

    43 SO MARCOS

  • 7/24/2019 SAGARANA 05

    4/6

    de nome Jos" con(ecido #or z" um mdico no%o" recm c(egado aolugar" no acredita%a em magia e %i%ia mangando das crendices dosnaturais" #rinci#almente do Joo Mangol" o mais res#eitado dosfeiticeiros" 6ue %i%ia numa ta#era na beira da estrada entre rezas"mandingas e sim#atias.

    e$saarSenaNherib.E era para mim um poema esse ro$ de reis $eoninos, agora

    despoados da vontade sanhuda e s3 representados na poesia.

    o pe$os ci$indros de ouro e pedras, postos sobre as reaiscomas riadas, nem pe$as a$argadas barbas, entremeadas de "ino ouro.S3, s3 por causa dos nomes.

    Sim, 'ue, ( parte o sentido prisco, va$ia o i$eso gume dovoc!bu$o pouco visto e menos ainda ouvido, raramente usado, me$hor"ora amais usado.Por'ue diante de um gravat! se$va mo$dada emarro 7nico, dier-se apenas drimirim ou amormeuinho & usto, e, aodescobrir, no meio da mata, um %nge$im 'ue atira para cima cin'Ientametros de tronco e "ronde, 'uem no ter! 8mpeto de criar um vocativoabsurdo e brada-$o + co$ossia$idade?- na direo da a$turaD

    E no & sem assim 'ue as pa$avras tem canto e p$umagem.

    ,3 CORPO FECA$O

  • 7/24/2019 SAGARANA 05

    5/6

    enterradoA a#ro%eitaram 6ue o carreiro tin(a 6ue le%ar a ra#adura e#ediram #ara le%ar o defunto. 8iozin(o o #rimeiro a a#arecer naestrada. a triste #ela morte do #ai. Cansado" ia sonolento de%ido a %ig&lia#elo %el5rio do #ai na noite anterior. entristecia a maneira descuidadacom 6ue o cor#o do #ai era le%ado.

    s bois come*am a con%ersar e em suas con%ersas tecemconsidera*7es sobre os (omens. ' carreada cruza uns ca%aleiros naestrada 6ue #erguntam #elo defunto. )icam sabendo 6ue era o #ai de8iozin(o.

  • 7/24/2019 SAGARANA 05

    6/6

    Es"riou o tempo antes de anoitecer. %s dores me$horaram. E,a8, h7 %ugusto se $embrou da mu$her e da "i$ha. Sem raiva, semso"rimento, mesmo, s3 com uma "a$ta de ar enorme, su"ocando.Aespirava aos arrancos, e teve at& medo, por'ue no podia ter tentonessa desordem toda, e era como se o corpo no "osse mais seu. %t& 'uep7de chorar, e chorou muito, um choro so$to, sem vergonha e sempoder, chamou a$to, so$uando*- 2e ...2e .

    0...1 2as ser! 'ue em->em?...- ;i, estou morto% @amina de h7 %ugusto ta$hara de bai#o para cima,

    pbis ( boca do est7mago, e um mundo de cobras sangrentas sa$tpara o ar $ivre, en'uanto seu 9ooinho >em->em ca8a aoe$had

    reco$hendo os seus recheios nas mos.%i, o povo 'uis amparar ho %ugusto, 'ue punha sangue ptodas as partes, at& do nari e da boca, e 'ue devia de estar pesandemais, de tanto chumbo e ba$a. 2as tinha "ogo nos o$hos de gato-dmato, e o busto, especado, no vergava no cho.

    - Espera a8, minha gente, audem o meu parente a$i, 'ue vmorrer mais primeiro...em->em. 2as agora, arrepende dos pecados, e morre $ogo como um cristo, 'ue & para gente poder ir untos ...

    0...1 E o povo, en'uanto isso, diia* - :/oi