Saia_de_babilonia
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RECONHECIMENTO MEC DOC. 356 DE 31/01/2006 PUBLICADO EM 01/02/2006 NO DESPACHO 196/2006 SESU
RONALDO BARRÊTO SALES
SAIA DE BABILÔNIA: ESTUDO
Cachoeira 2006
RONALDO BARRÊTO SALES
SAIA DE BABILÔNIA: ESTUDO
Trabalho revisado, editorado e formatado no segundo semestre de 2006. Arquivo nº 06084
Cachoeira 2006
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................3
1.1 Saia de Babilônia e Cante.......................................................................3
1.2 O Cântico do Anjo que Ilumina a Terra Inteira......................................5
1.3 Retirai-vos Dela Povo Meu .....................................................................7
1.4 O Cântico do Anjo Poderoso................................................................12
1.5 O Cântico de Regozijo no Céu .............................................................14
3
1 INTRODUÇÃO
1.1 SAIA DE BABILÔNIA E CANTE
A aceitação de Cristo custa algo. Jesus reconheceu esse fato; pois
instruiu as pessoas a que tomassem "a sua cruz" ao decidirem segui-Lo: Veja S.
Mateus 16:24.
Muitas pessoas, especialmente os jovens cheios de vida e
temerosos da reação dos companheiros, pensam apenas no custo, o seu custo
pessoal.
Isto é muito deplorável! Jesus disse também em S. Mateus 16:25:
"Quem perder a vida por Minha causa, achá-la-á." Paulo, que foi açoitado,
apedrejado e posto em cadeias por amor a Cristo, pôde dizer: "Porque a nossa leve
e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda
comparação:" .II Coríntios 4:17.
Apocalipse 18 mostra que a recusa em aceitarmos o plano de Cristo
para a nossa vida, custa muito mais, a longo prazo, do que o seguir-Lhe os passos.
Por ocasião da segunda vinda, não haverá meio-termo para os indecisos: Haverá
unicamente dois lados, os grãos maduros e as uvas maduras (Apocalipse 14:14-20),
aqueles que possuem o selo de Deus e os que têm a marca da besta, aqueles que
louvam o Cordeiro e os que tentam esconder-se dEle. [395].
Os sete cânticos a respeito de Babilônia: Ao longo dos sete
cânticos acerca de Babilônia (Apocalipse 18:1 a 19:10); os dois lados estão
representados (a) aqueles que deliberam permanecer em Babilônia e (b) aqueles
decidem abandonar a cidade. Aqueles que lá permanecem entoam lamentações
4
profundamente melancólicas; aqueles que optam por sair, cantam aleluias em volta
do trono. .
Quando você os lê pela primeira vez, os sete cânticos
provavelmente nem pareçam como tais; Entretanto, eles foram escritos sob a forma
poética do hebraico, assim como os salmos, cuja utilidade principal era a de
poderem ser cantados. O poema final {Apocalipse 19:1-8) é, inquestionavelmente,
um cântico. Ele é a base do "Aleluia" de Haendel. Quanto a alguns dos outros, você
pode imaginá-los corno apropriados para um cantor sertanejo, acompanhado
Por seu violão - no presente caso, uma antiga harpa portátil.
Os sete cânticos encontram-se arranjados em um quiasma (figura de
estilo pela qual se repetem palavras). O que mais poderíamos esperar?
Os três cânticos centrais provêm de vozes terrestres - as vozes de
reis, mercadores e marinheiros que exclamam: "Ai! ai!" face à destruição da grande
cidade. As duas primeiras e as duas últimas canções são apresentadas por vozes
celestiais, e a segunda, em cada um desses pares, chama a atenção para o povo de
Deus. Os cânticos podem ser arranjados da seguinte forma:
A. A voz de um anjo poderoso: "Caiu, caiu a grande Babilônia!”
B. Voz celestial: "Retirai-vos dela, povo Meu."
C. O lamento dos reis: "Ai! ai!"
C'. O lamento dos mercadores: "Ai! ai!"
C". O lamento dos marinheiros: "Ai! ai!"
A’ A voz de um poderoso anjo: "Assim... será arrojada Babilônia.”
B'. Voz celestial: O povo de Deus regozija-se face à queda de
5
Babilônia.
Cânticos baseados na linguagem do Antigo Testamento. Como em
todo o restante do Apocalipse, a linguagem é livremente adaptada do Antigo
Testamento.
"Caiu Babilônia" (Apocalipse 18:2) é uma frase recuperada de
Isaías 21:9 e Jeremias 51:8, textos que se reportam à queda da antiga Babilônia.
"Porque diz consigo mesma: ‘Estou sentada como rainha. Viúva não sou
Pranto, nunca hei de ver!"' (Apocalipse 18:7) é adaptado de Isaías 47:8: "Tu
[Babilônia] . , . que dizes contigo mesma: ‘Eu só, e além de mim não há outra; não
ficarei viúva, nem conhecerei a perda de filhos."'
"E a voz de harpistas, de músicos, de tocadores de flautas e de
clarins jamais em ti se ouvirá" (Apocalipse 18:22), é similar àquilo que Ezequiel
26:13 diz a respeito de Tiro, uma outra ímpia cidade antiga. "Retirai-vos dela, povo
Meu, para não... participardes dos seus flagelos" (Apocalipse 18:4) provém de
Jeremias 51:6 e 45, referência aí feita à Babilônia da Antigüidade.
Um bom número de paralelos adicionais frente a passagens antigas
poderia ser citado. Entretanto, a mensagem intrínseca dos sete cânticos é tão
atualizada e relevante quanto qualquer outra mensagem encontrada na Bíblia. Para
todos aqueles que tomaram sua cruz e seguiram a Cristo, a mensagem dos sete
cânticos é "adequada, animadora, confortante e verdadeira". Para aqueles que ainda
não abandonaram Babilônia, ela é extremamente urgente.
1.2 O CÂNTICO DO ANJO QUE ILUMINA A TERRA INTEIRA
A primeira das sete canções é apresentada por um anjo "que tinha
6
grande autoridade", que "exclamou com potente voz" e que fez com que a Terra
se iluminasse "com a sua glória”. Ele diz enfaticamente: "Caiu, caiu a grande
Babilônia, e se tornou morada de demônios, covil de toda espécie de espírito
imundo." Apocalipse 18: I e 2
Quem é este anjo, e o que representa o seu "esplendor"?
Estamos familiarizados com a compreensão de "anjo" como sendo
"mensageiro", freqüentemente um mensageiro humano. [ 92]. Os anjos das sete
igrejas, os três anjos de Apocalipse 14 e mesmo o anjo selador de Apocalipse 7,
representam cristãos aos quais foi confiada a mensagem de Deus.
"Esplendor" ou "glória' é a tradução do termo grego doxa. Quando
aplicado a seres humanos, esta palavra refere-se à glória do caráter de Deus ma-
nifestado em suas vidas. Quando Moisés pediu a Deus que lhe revelasse a Sua
glória, Deus pronunciou o Seu nome. "Senhor, Senhor, Deus compassivo, clemente
e longânimo", e assim por diante. Êxodo 34:6 e 7; [106]. A mais gloriosa verdade a
respeito de Deus é o Seu característico hábito de ser generoso com as pessoas.
No tempo do fim Deus coloca o Seu nome - Seu caráter, Sua glória -
sobre as testas de Seu povo. Logo, o primeiro anjo de Apocalipse 18 é um símbolo
do povo de Deus nos últimos dias - homens e mulheres, idosos e jovens - cuja vida,
palavras e genuína fé são uma "glória" a Deus em sua casa, vizinhança, escola e
locais de trabalho.
O Santo Espírito produz nos seguidores de Cristo o "fruto do
Espírito" (Gálatas 5:22 e 23) - "amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio", que são exatamente os atributos
do próprio caráter de Deus. E o Novo Concerto (Jeremias 31:33 e 34; Ezequiel
36:27) promete que o Espírito escreverá a lei de Deus em nosso coração e mente,
7
Sua lei de amorável obediência a Deus e abnegado serviço aos outros, Sua lei de
genuína santidade, resumida e renovada na verdadeira observância do sábado. À
medida que se esgotam os últimos momentos do tempo, o Espírito de Deus faz
amadurecer esses frutos. Ele sela permanentemente Seu gracioso caráter sobre
Seu povo. É esta a forma pela qual Deus desenvolve um povo cujo viver diário e
doce e encantador testemunho iluminam a Terra com Sua glória divina.
1.3 RETIRAI-VOS DELA POVO MEU
O segundo cântico em Apocalipse 18 é proferido por uma voz
celestial, mas esta não é a voz de um anjo. A voz identifica o povo de Deus como
"povo Meu". Apocalipse 18:4. Esta é, pois, a voz do Cordeiro. Ela chama o "Meu
povo" para que saia de Babilônia.
Pode parecer surpreendente que Cristo tenha um povo em
Babilônia! Esta cidade acaba de ser descrita como uma prostituta e morada de de-
mônios. Na própria seqüência do verso em que se encontra a canção que ora
focalizamos, é dito que os pecados de Babilônia "se acumularam até ao Céu". Verso
5.
Daniel e Apocalipse enfatizam os aspectos negativos de uma igreja
ou de um sistema governamental a fim de esclarecer determinado ponto. Babilônia,
a essa altura do Apocalipse, representa toda religião que professa adorar a Deus
mas se recusa a atender à clara luz que nos ordena obedecer-Lhe.
Entretanto, no interior de Babilônia existem muitos indivíduos since-
ros, cujo otimismo, formação anterior e maneiras gentis os impediram, até então, de
perceber a imensa iniqüidade que se acha à sua volta. Deus não condena a sua be-
nevolência de espírito. Ao insistir com eles a que saiam "para não serdes cúmplices
8
em seus pecados" (verso 4), Ele demonstra que ainda não os considera como co-
responsáveis pelos pecados de suas comunidades, em relação aos quais eles têm
estado, em grande medida, inconscientes.
Chegou, porém, o momento de uma alteração drástica, uma decisão
definitiva. Cristo os adverte, nos termos mais incisivos que se possa imaginar, sobre
o extremo perigo de sua situação. Agora, eles necessitam chamar o pecado pelo seu
verdadeiro nome e devem retirar-se de Babilônia. Fora desta ímpia cidade, eles
encontrarão um "remanescente" com a vida pura e dedicada, que guarda o santo
sábado de Deus e está sempre à procura de meios para ajudar os seus vizinhos,
demonstrando assim que, com o próprio auxílio de Deus, os Seus mandamentos
podem ser observados. Apocalipse 12:17. [423-425].
O povo de Deus que ainda faz parte de organizações religiosas
comuns, é convidado pelo próprio Cristo a renunciar à sua presente condição de
membros (de modo cortês, é claro) e a corajosamente alinhar-se com este outro
grupo, o remanescente da descendência da mulher, os "santos" que guardam os
mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus.
A escolha é nossa, mas de forma alguma poderemos considerá-la
levianamente. Nosso Salvador diz: "Retirai-vos!"
Uma situação extremamente séria. "Retirai-vos dela”, diz o Senhor;
"para não serdes cúmplices em seus pecados, e para não participardes dos
seus flagelos; porque os seus pecados se acumularam até ao Céu." Apocalipse
18:4 e 5. A Babilônia original era a Torre de Babel, construída com tijolos queimados
ao sol e projetada para ser maior que qualquer dilúvio futuro. Os pecados de
Babilônia, no fim do tempo, repousam um sobre o outro, à semelhança de tijolos, e
formam uma "pilha" que atinge os Céus. Deus diz: "Por isso em um só dia
9
sobrevirão os seus flagelos, morte, pranto e fome, e será consumida no fogo,
porque poderoso é o Senhor Deus que a julgou." Verso 8.
O cântico anterior descreveu Babilônia como "morada de demônios
, covil de toda espécie de espírito imundo". Verso 2. Seria possível imaginar-se
uma acusação formal mais séria contra uma instituição religiosa?
Os pecados da Babilônia do tempo do fim são muito mais graves
pelo fato de serem cometidos contra as mais claras evidências. A culpa tona-se
maior quando. melhor conhecemos a que é correto. "Aquele servo, porém, que
conheceu a vontade de seu senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua
vontade, será punido com muitos açoites. Aquele, porém, que não soube a vontade
de seu senhor e fez coisas dignas de reprovação, levará poucos açoites. Mas aquele
a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia,
muito mais lhe pedirão." S. Lucas 2:47 e 48. Veja também S. João 9:41.
No final do tempo do fim, o conhecimento acerca (1) da amorável lei
de Deus e da santidade do sábado, (2) do gracioso ministério de Cristo no santuário
celestial, relativo ao Dia de Juízo/Expiação e (3) da maldade que é oprimir aqueles
que aceitam a verdade; sim, esse tríplice conhecimento se terá estendido a todas as
pessoas que viverem sobre a Terra. Rebelião contra esse conhecimento será
pecado decidido.
Retirai-vos para receberdes a expiação. Durante esse Dia de
Juízo/Expiação, ocorre uma dupla obra de saída e purificação. No Céu, o juízo pré-
advento ocupa-se do processo de eliminar do livro da vida o nome de todos aqueles
que, ao longo dos séculos, pretenderam pertencer a Deus mas através de suas
obras não viveram como se realmente amassem ao Senhor. Sobre a Terra, os que
estiverem vivos (1) retiram-se de Babilônia e (2) decidem viver inteiramente para
10
Deus. Cristo nos ministra lições acerca do sábado com o propósito de ajudar-nos a
ingressar numa situação de plena obediência aos mandamentos.
Quando esse duplo processo houver sido concretizado, cada nome
existente no livro da vida representará alguém que confia implicitamente em Deus e
ama altruisticamente os seus companheiros humanos. O julgamento terá eliminado
do rol de professos seguidores de Cristo todos os hipócritas, ao passo que a
expiação terá efetuado a reunião de todos os sinceros num único grupo.
Triste é dizê-lo, a maior parte das pessoas que se encontram em
Babilônia pensam que as advertências não se aplicam a elas. Sentem-se muito
confortáveis com as mentiras da serpente: "Você não necessita, ou não deve, ou
não pode obedecer às leis de Deus." "Porque [Babilônia] diz consigo mesma:
`Estou sentada como rainha. Viúva não sou. Pranto, nunca hei de ver."'
Apocalipse 18:7.
A transgressão do sábado torna-se, aos olhos dessas pessoas, algo
semelhante ao ato de comer o fruto proibido no Jardim do Éden, um assunto de
pequenas conseqüências, e até mesmo desejável. A questão primordial, a lealdade
ao Criador e Redentor, é negada.
3, 4, 5. As três lamentações.
Já vimos que os "reis do mundo inteiro" do tempo do fim apoiam a
besta numa explosão final de entusiasmo no sentido de perseguir os verdadeiros
adoradores de Deus, e então voltam-se contra a prostituta, numa amarga reversão
de sentimentos. Agora, no capítulo 18, observamos que os reis, mercadores e
marinheiros clamam em alta voz: "Ai! ai! tu grande cidade, Babilônia!" e se con-
servam "de longe, pelo medo do seu tormento", mantendo assim uma certa
distância entre eles próprios e a cidade. Apocalipse 18:9.
11
Eles se lamentam, mas esta lamentação não é causada pelos
pecados da cidade, ou pelas suas próprias culpas, na qualidade de cúmplices de
Babilônia. Os reis lamentam que o julgamento tenha sobrevindo de modo tão
repentino, "pois em uma só hora chegou o teu juízo". Apocalipse 18:9. Os
mercadores e marinheiros lamentam a destruição de tão vasto armazenamento de
mercadorias, pois eles "por meio dela se enriqueceram", notadamente "todos os
que possuíam navios no mar". Versos 15 e 19. (Num texto poético como este, o
grande inventário de mercadorias - em linguagem adaptada do Antigo Testamento -
pode ser considerado como uma unidade, significando vantagens materiais.)
Nenhum rei, comerciante ou marinheiro, tem uma única palavra a dizer com relação
aos crimes da cidade, ou aos seus demônios, ou a respeito do "sangue dos
profetas, de santos, e de todos os que foram mortos sobre a Terra'. Verso 24.
Talvez sejam do nosso maior interesse as amargas palavras dos
marinheiros, encontradas no verso 20:
Exultai sobre ela, ó Céus,
e vós, santos, apóstolos e profetas,
porque Deus contra ela julgou a vossa causa.
A tradução obscurece o pleno significado da última linha. A tradução
literal diria: "Deus julgou o juízo dela contra vocês." O significado é que Babilônia,
ao longo de séculos, condenou falsamente os santos, apóstolos e profetas de Deus.
Ela esteve a excomungar os santos e a entregá-los ao Estado, a fim de serem
executados. Ela sustentou falso testemunho contra os profetas e apóstolos, através
da proibição da leitura da Bíblia às pessoas comuns do povo, e ao manter as
opiniões dos teólogos e de concílios eclesiásticos em detrimento das Sagradas
Escrituras. Ela julgou e condenou falsamente os santos, apóstolos e profetas.
12
Contudo, em 1844 começou a primeira fase - a fase pré-advento - do
juízo final. Babilônia, - o "chifre pequeno" de Daniel 7, o "homem da iniqüidade" de II
Tessalonicenses 2 - da mesma forma como os santos genuínos, e bem assim todos
os que em qualquer ocasião pretenderam adorar a Deus, terão sido investigados por
ocasião dessa anunciação preconizada pela visão do apóstolo. E, uma vez que
Babilônia terá sido culpada de condenar erradamente os santos, apóstolos e
profetas, Deus "julgará o julgamento" como sendo opressivo, e "condenará a
condenação'; lavrando sentença contra o opressor, e em favor dos oprimidos. A
sentença que a falsa testemunha impôs ao povo de Deus, Ele agora a impõe à
própria falsa testemunha.
O Antigo Testamento estabeleceu semelhante princípio. Os eruditos
referem-se à "lei do testemunho malicioso" encontrada em Deuteronômio 19:16 e 19.
Quando uma pessoa acusava outra, ambas eram trazidas a julgar caso se
constatasse que o acusador levantara uma acusação falsa e mal intencionada, o juiz
requeria que ao acusador fosse feito “como cuidou fazer a seu irmão". O professor
G. B. Caird observa:
Babilônia levantou uma falsa acusação contra os mártires, a qual
resultou na morte dos mesmos. Mas o caso foi levado "perante o Senhor", a corte de
apelação final, onde todos os julgamentos são verdadeiros e justos. Ali, Babilônia foi
encontrada plenamente responsável pelo perjúrio, e assim Deus requereu dela a
vida de suas vítimas, atribuindo-lhe a pena que ela impôs as mesmas.
1.4 O CÂNTICO DO ANJO PODEROSO
Enquanto João observava, a tela dos acontecimentos antecipados
em visão - que já se modificara tantas vezes desde o início da Revelação modifica-
13
se novamente. Apareceu um "anjo forte". Apocalipse 18:21. Considerando-se o
poder e a glória de anjos "comuns", que aparência teria esse novo anjo? Ele trazia
em sua mão uma "pedra como grande pedra de moinho", uma rocha cortada em
forma de roda, extremamente pesada para um mortal comum. Mediante um movi-
mento violento de seu braço, ele a lançou ao mar. Enquanto a pedra caía
provocando forte ruído e espalhando muita água, o anjo anunciou, em palavras que
não revelavam qualquer vacilação: "Assim, com ímpeto, será arrojada Babilônia,
a grande cidade, e nunca será achada."
A mente de João deve ter-se reportado aos dias de Daniel. Seraías,
dentro da antiga Babilônia, às margens do rio Eufrates, leu um rolo de profecias de
Jeremias 51, que falavam acerca da condenada cidade; após a leitura, Seraías
reenrolou o livro, atou-lhe uma pedra e lançou-o ao rio. A cena era semelhante, mas
quanta diferença entre uma pequena pedra e uma "pedra de moinho"! Do mesmo
modo, quanta diferença entre a antiga Babilônia, cidade de uns três quilômetros
quadrados de área, capital de um “mundo" que se limitava ao Oriente Médio, e a
moderna Babilônia, que representa a falsa religião no mundo inteiro, durante um
longo período de tempo da história da Igreja e durante o tempo do fim! Semelhança
há, mas quanta diferença, entre alguns milhares de judeus que Nabucodonosor
levou como cativos para a Mesopotâmia, e o "sangue de profetas, de santos, e de
todos os que foram mortos sobre a Terra”. Apocalipse 18:24. Semelhanças há - e
também muitas diferenças - entre a noite em que o Eufrates se secou, as forças de
Ciro entraram na antiga cidade, mataram Belsazar e libertaram os judeus, e a
ocasião em que o apoio mundial a Babilônia se "seca”, os reis da Terra passam a
guerrear contra os líderes religiosos que estiveram a enganá-los, e Cristo aparece,
conduzindo os exércitos do Céu na destruição de reis; homens ricos; mercadores e
14
todos aqueles que Lhe resistiram e assim resgata milhares e milhões de verdadeiros
santos que antes preferiram sacrificar a vida a transgredir Sua lei de bondade e paz.
1.5 O CÂNTICO DE REGOZIJO NO CÉU
Outro contraste. Muito mais alto que os cânticos lamentosos de
mercadores, reis e marinheiros, muito acima das fumegantes ruínas de Babilônia,
João ouviu o que lhe pareceu “uma como grande voz de numerosa multidão,
dizendo”:
Aleluia! A salvação, e a glória e o poder.
São do nosso Deus,
porquanto verdadeiros e justos são os Seus juízos
Pois julgou a grande meretriz
Que corrompia a Terra com a sua prostituição,
E das mãos dela vingou o sangue dos Seus servos." Ap. 19:1 e
2. ·
No momento em que João ergueu o rosto para ver de onde provinha
cântico, os coristas celestiais repetiram o tema: “Segunda vez disseram”:
Aleluia! E a sua fumaça
Sobe pelos séculos dos séculos.” V. 3.
"Aleluia” (hallelujah) é uma palavra hebraica cujo significado é
“louve” (hallel) você (u) a Jeová (jaj)."
Os santos louvam dessa forma a Deus, porque a grande cidade se
encontra em chamas. Sua alegria contrasta com as lamentações dos mercadores,
reis e marinheiros. Podemos compreender que se tenham alegrado mas... seria
15
correta essa alegria? Porventura foi Deus louvado quando tanta satisfação foi
expressa diante da ministração do castigo? Os vinte e quatro anciãos, e mesmo as
quatro criaturas viventes, pensaram que a alegria era correta! Eles "prostraram-se e
adoraram a Deus", dizendo: "Amém. Aleluia!" Verso 4.
Mas como Se sentiu Deus frente a tanta efervescência na destruição
de Babilônia pelo fogo? Em sua visão, o apóstolo por certo surpreendeu-se até
mesmo ao observar os sentimentos divinos, que não tardaram em ser de-
monstrados. “Saiu uma voz do trono, exclamando”:
“Dai louvores ao nosso Deus, todos os Seus servos”.
Os que O temeis
“Os pequenos e os grandes”. Verso 5
Foi como se o regente da música houvesse convidado a
congregação a unir-se ao coral durante o coro do hino. O resultado foi dramático.
"Então ouvi uma como voz de numerosa multidão, como de muitas águas, e
como fortes trovões", ecoando as aleluias celestiais:
Aleluia! Pois reina o Senhor nosso Deus,
O Todo-poderoso. Verso 6.
Assim, Deus é exaltado quando nos alegramos pela erradicação do
mal. Ele preferiria que os pecadores se arrependessem e evitassem a punição. Ele
não tem "prazer na morte do perverso". Ezequiel 33:11. Ele não quer "que
nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento". II S. Pedro 3:9.
Se, entretanto, as pessoas persistem em seus pecados - isto é, se
elas continuam a defraudar seus vizinhos, a oprimir o pobre e a contaminar a Terra -
Deus não terá alternativa senão eliminá-las quando Ele erradicar o mal. Ele
determinou-Se a garantir a segurança e alegria do inocente.
16
A voz proveio "do trono", estimulando santos e anjos a louvarem o
Senhor pela eliminação do inimigo comum.
O casamento da noiva. Na visão de João, contudo, havia mais
motivos para cantar, além do incêndio de Babilônia. A voz que incentivou a
exclamação de louvor tornou a dizer:
"Alegremo-nos, exultemos,
E demos-Lhe a glória,
Porque são chegadas as bodas do Cordeiro,
Cuja esposa a si mesma se ataviou;
Pois lhe foi dado vestir-se
De linho finíssimo, resplandecente e puro.”
Porque o linho finíssimo
São os atos de justiça dos santos.” Verso 7 e 8.
Quando a cascateante cadência por fim esmaeceu, a amigável anjo
que acompanhara João ao longo de todos esses desdobramentos, ordenou ao
apóstolo, com profundo sentimento:
"Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados
à ceia das bodas do Cordeiro." Verso 9.
Apenas 2.500 pessoas receberam convite para a cerimônia de
casamento do Príncipe Charles com "Lady" Diana. Quantos outros milhões gosta-
riam de ter sido convidados! Entretanto, para a ceia das bodas que vem após o
casamento do Cordeiro, todos são convidados. "O Espírito e a noiva dizem:
‘Vem'." Apocalipse 22:17.
17
Babilônia, utilizada no Apocalipse como símbolo da falsa religião, foi
outrora uma cidade real. A noiva do Cordeiro, a Nova Jerusalém - também uma
cidade real - é usada no Apocalipse para simbolizar todo o grupo de seres humanos
que decide confiar em Deus e servi-Lo em amor, lealdade e santidade. Suas "vestes
de linho finíssimo", seus trajes nupciais, são um símbolo dos "atos de justiça dos
santos".
Cristo "casa-Se" com a Nova Jerusalém por ocasião do término do
juízo investigativo, quando recebe do Ancião de Dias ó "domínio e glória e o reino".
Veja Daniel 7:14. O Dia do Juízo/Expiação [483] terá purificado a Sua igreja,
tornando-a pura, transbordante da justiça que provém da fé, inteiramente sincera, e
leal a todos os Seus desejos. A "esposa a si mesma já se ataviou". Verso 7.
O reino é a "noiva" e a "santa cidade". A Nova Jerusalém ocupa, em
relação ao reino humano de Cristo, a mesma posição ocupada por Londres em
relação à Inglaterra, ou Brasília em relação ao Brasil. Crentes individuais, que
possuem sua casa na cidade, são chamados "hóspedes" no banquete. [425-428].
Imediatamente após a consumação da cerimônia de casamento no
Céu [momento em que Jesus recebe o Reino], Jesus volta à Terra e busca Seu povo
para as festas das bodas. Conduzindo-os à mesa do grande banquete, Ele Se veste
e cinge, e então passa a servir Seus servos, em radiante deleite! Veja S. Lucas
12:35-37. Maravilha-te, ó Céu, e regozija-te, ó Terra! Quando Cristo, o Vencedor, o
Filho do homem nas nuvens do Céu, recebe Seu reino do Ancião de Dias, a forma
que encontra para celebrar a Sua conquista, é oferecendo-nos um banquete!
Que experiência extraordinária será esta para os santos! Que
ocasião transbordante de alegria! "Bem-aventurados", sem dúvida, são "aqueles
que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro"!
18
João deseja adorar o anjo. Os esplendores do coral celestial e as
inefáveis perspectivas da ceia das bodas, levam João a perder momentaneamente a
presença de espírito. Em estado de torpor, ele considera impulsivamente o seu anjo-
guia como um ser digno de reverência. "Prostrei-me ante os seus pés para adorá-
lo", confessa o apóstolo. Apocalipse 19:10.
Mas o anjo impediu-lhe deste ato. "Vê, não faças isso!" foi a sua
rápida reação. "Sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho
de Jesus; adora a Deus. Pois o testemunho de Jesus é o espírito de profecia."
Apocalipse 19:10. [419-422].
Os sete cânticos a respeito de Babilônia são uma fonte de
encorajamento. Assegure-se de que todos os membros de sua família compreendem
isto. Eles mostram que Deus Se interessa o suficiente por nós, como para reverter o
falso julgamento contra nós praticado. Ele nos ama o suficiente, ao ponto de
convidar-nos à ceia das bodas. Ele cuida de nós o necessário para advertir-nos da
iminente queda de Babilônia. Ele nos aprecia a ponto de dizer-nos: "Vem", um verbo
que requer a locomoção em direção a quem fala. Ao pedir-nos que deixemos
Babilônia, Jesus almeja que nos aproximemos dEle; que fiquemos bem junto a Ele.
Contudo, o Seu chamado para que rompamos os laços que nos
prendem às organizações religiosas, nas quais nós e os membros de nossa família
nos sentimos confortáveis, poderá parecer-nos como o tomar sobre nós uma cruz.
Mas... não se destina esse passo tão-somente ao nosso bem? O clímax da História
acha-se justamente diante de nós. Aqueles que rejeitarem o chamado, muito em
breve lamentarão a sua indecisão. Mas aqueles que obedecerem, sem olhar para o
custo aparente envolvido nessa decisão, em breve estarão cantando com o Cordeiro
em torno do trono de Deus.
19
Você necessita sair de Babilônia? Saia e cante.
Leituras Adicionais Interessantes O Grande Conflito, cap. 38 (Ellen G. White): "O último convite divino".