SAUDAÇÃO Á FESTA DO AVANTE 2009 Y LUCHA/UyL268.pdf · saudaÇÃo Á festa do avante 2009 a...

4
Versão em português, especial para a Festa do Avante 2009 Camaradas: Mais um ano, a Festa do Avante está em plena actividade, para mágoa da burguesia (não só da portuguesa) e dos seus aliados (por vezes ex-camaradas nossos). Os comunistas espanhóis deseja- mos novamente estar presentes na vossa Festa e este número extraordinário do nosso órgão de expressão do CC quere servir para isso. Escusai os erros da nossa tradução ao português, por vezes uma mistura de português e galego, uma amostra em defini- tiva da proximidade dos nossos povos. Agora que a burguesía da península ibérica, e a da União Européia, está estudando como ir homogeneizando a legislação que nos afecta aos dois países, estão- nos ajudando também a compre- ender o que os comunistas sempre defendemos, a irmanaçao na luta, o internacionalismo proletário. Não há dúvida de que já pudemos coincidir em múltiplas batalhas, algumas desenvolvidas no territó- rio espanhol com uma importante, e de agradecer, presença de comunistas portugue- ses. Seguro que estas experiên- cias reforçam-nos aos comunistas dos dois países. Ademais da luta pela paz, contra as bases ianques, da luta solidária com os processos revolucionários na América Latina (Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador e outros, são os exemplos mais claros), seguro que podemos e poderemos somar forças na luta pelo equilíbrio ecológico (que não pode ter fronteiras), na luta pelo uso correcto das capacidades energéticas e da água, na luta contra os interesses das multina- cionais que controlam as decisões da UE. O 2 de Outubro, na Irlanda, os comunistas de toda a Europa tentaremos frear (com o voto negativo no segundo referendo ali convocado) o Tratado de Lisboa que sabemos que é outro passo atrás nos direitos dos trabalhado- res e dos povos. No cenário da actual crise capita- lista corresponde-nos, aos partidos comunistas, uma especial responsabilidade na tarefa de organizar a luta da classe operária face ao capital e pelo socialismo. Esperamos que comunistas espanhóis e portugue- ses possamos trabalhar conjunta- mente nesta importante batalha política Com plena consciência de todas estas coincidências desejamos- vos muito sucesso na vossa Festa. SAUDAÇÃO Á FESTA DO AVANTE 2009 A CAMPANHA ANTICO- MUNISTA NA EUROPA A LUTA CONTRA BOLONHA GOLPEIA OS INTERESSES DO SISTEMA O PCPE COMEÇA O PROCESSO PARA A CONFERÊNCIA DE MOVIMENTO OPERÁRIO E SINDICAL ACORDADA EM SEU VIII CONGRESSO A III REPUBLICA: UMA ALTERNATIVA PARA SUPERAR A CRISE CAPITALISTA A FAVOR DOS SECTORES POPULA- RES O IMPERIALISMO AUMENTA A SUA AGRESSÃO CONTRA A AMÉRICA LATINA

Transcript of SAUDAÇÃO Á FESTA DO AVANTE 2009 Y LUCHA/UyL268.pdf · saudaÇÃo Á festa do avante 2009 a...

Page 1: SAUDAÇÃO Á FESTA DO AVANTE 2009 Y LUCHA/UyL268.pdf · saudaÇÃo Á festa do avante 2009 a campanha antico-munista na europa a luta contra bolonha golpeia os interesses do sistema

Versão em português, especial para a Festa do Avante 2009

Camaradas:

Mais um ano, a Festa do Avanteestá em plena actividade, paramágoa da burguesia (não só daportuguesa) e dos seus aliados(por vezes ex-camaradasnossos).

Os comunistas espanhóis deseja-mos novamente estar presentes navossa Festa e este númeroextraordinário do nosso órgão deexpressão do CC quere servirpara isso. Escusai os erros danossa tradução ao português, porvezes uma mistura de português egalego, uma amostra em defini-tiva da proximidade dos nossospovos.

Agora que a burguesía dapenínsula ibérica, e a da UniãoEuropéia, está estudando como irhomogeneizando a legislação quenos afecta aos dois países, estão-nos ajudando também a compre-ender o que os comunistas sempredefendemos, a irmanaçao na luta,o internacionalismo proletário.

Não há dúvida de que já pudemoscoincidir em múltiplas batalhas,algumas desenvolvidas no territó-rio espanhol com umaimportante, e de agradecer,presença de comunistas portugue-ses. Seguro que estas experiên-cias reforçam-nos aos comunistasdos dois países.

Ademais da luta pela paz, contraas bases ianques, da luta solidáriacom os processos revolucionáriosna América Latina (Cuba,Venezuela, Bolívia, Equador eoutros, são os exemplos maisclaros), seguro que podemos epoderemos somar forças na lutapelo equilíbrio ecológico (quenão pode ter fronteiras), na lutapelo uso correcto das capacidadesenergéticas e da água, na lutacontra os interesses das multina-cionais que controlam as decisõesda UE.

O 2 de Outubro, na Irlanda, oscomunistas de toda a Europatentaremos frear (com o votonegativo no segundo referendo ali

convocado) o Tratado de Lisboaque sabemos que é outro passoatrás nos direitos dos trabalhado-res e dos povos.

No cenário da actual crise capita-lista corresponde-nos, aospartidos comunistas, umaespecial responsabilidade natarefa de organizar a luta daclasse operária face ao capital epelo socialismo. Esperamos quecomunistas espanhóis e portugue-ses possamos trabalhar conjunta-mente nesta importante batalhapolítica

Com plena consciência de todasestas coincidências desejamos-vos muito sucesso na vossa Festa.

SAUDAÇÃO Á FESTA DO AVANTE 2009

A CAMPANHA ANTICO-MUNISTA NA EUROPA

A LUTA CONTRABOLONHA GOLPEIA OSINTERESSES DO SISTEMA

O PCPE COMEÇA OPROCESSO PARA ACONFERÊNCIA DEMOVIMENTO OPERÁRIOE SINDICAL ACORDADAEM SEU VIII CONGRESSO

A III REPUBLICA: UMAALTERNATIVA PARASUPERAR A CRISECAPITALISTA A FAVORDOS SECTORES POPULA-RES

O IMPERIALISMOAUMENTA A SUAAGRESSÃO CONTRA AAMÉRICA LATINA

Page 2: SAUDAÇÃO Á FESTA DO AVANTE 2009 Y LUCHA/UyL268.pdf · saudaÇÃo Á festa do avante 2009 a campanha antico-munista na europa a luta contra bolonha golpeia os interesses do sistema

Novamente toca falar de anticomu-nismo e da perseguição que, desdevários organismos supraestataleseuropeus, desencadeou contra omovimento comunista no nossocontinente. Não é uma obsessão nossa,já que os dados não enganam e asdeclarações e resoluções podem-seachar perfeitamente documentadas. OConselho da Europa, a OSCE, a UE,tudas estas instituições declararam, pordiferentes vias, o seu espírito anticomu-nista e a sua vontade de agir para que ocomunismo seja proscrito na Europa.

Podemos afirmar que há uma tendênciaevidente no seio das instituições daoligarquía européia dirigida a pôr contraas cordas aos comunistas na presentefase da luta de classes, agudizada pelacrise capitalista mundial em que nosachamos inmersos: a equiparação dosocialismo, do comunismo, com onazifascismo, baixo a denominaçãocomum de “regimes totalitários”. É umaestratégia nova do capital? Não,rotundamente. Trata-se do presentecapítulo da ofensiva ideológica que aoligarquía e os sectores mais reacioná-rios da Europa livram sem trégua e cadavez mais abertamente desde o sucessoda contrarrevolução nos países socialis-tas da Europa.

Se fazemos um pouco de históriapodemos achar que a AssembleiaParlamentar do Conselho da Europa, jáem Junho de 1996, aprovava documen-tos com títulos tão expresivos como“Medidas para desmantelar a herança

dos antigos sistemas totalitárioscomunistas”, onde se recolhia, semnenhuma camuflagem a necessidade deaplicar leis de “limpeza” e “des-comunistização” para perseguir einabilitar aos dirigentes da épocasocialista, assim como a contínuareferência à “reabilitação daquelaspessoas condenadas” na épocasocialista “por crimes que não seconsideram como tais nos países civili-zados.” A referência aos países “civili-zados” percebemos que se refere aospaíses capitalistas com brilhantehistorial “democrático” tais como osEEUU, a Colômbia, a Espanha ou aItália.

Após a aprovação de tal resolução em1996, com a que esteve de acordo orepresentante espanhol, o socialistaJordi Solé Tura, seguiram muitas outraspropostas, assinadas fundamentale-mente por representantes de antigospaíses socialistas (dos partidos social-democratas e conservadores, indistinta-mente) e mesmo espanhóis como ospopulares Pedro Agramunt, GabinoPuche e Guillermo Martínez Casañ, edocumentos: em 2003 (“Necessidade decondenação do totalitarismo”), em 2006(“Necessidade de condenação interna-cional dos crimes dos regimes totalitá-rios comunistas”), em 2009 (“Vigésimoaniversário do colapso dos regimestotalitários na Europa”), entre outros.As referências ao “totalitarismocomunista” contam-se por centos nosdocumentos do Conselho da Europa.

A Organização para a Segurança eCooperação na Europa (OSCE),aprovou o passado 3 de Julho umaresolução, que gerou a rejeitação de até66 partidos comunistas e operários eorganizações progressistas (ver textoneste número de UeL), que não duvidaem considerar genocida e criminoso aocomunismo e que diretamente chamaaos países membros a “elaborar emelhorar, nomeadamente para asgerações novas, as ferramentas, progra-mas e atividades pedagógicas relativas àhistória totalitária”, assim como a“promover e apoiar as atividades dasONG que se dediquem a investigar e atrabalhar para a sensibilização dopúblico pelos crimes cometidos pelosregimes totalitários”, na mesma linhaque o Conselho da Europa.

O Parlamento Europeu não permaneceuindiferente a esta campanha.Escudándose na resolução aprovadapelo Conselho da Europa em 2006 queantes citamos e noutra do ParlamentoEuropeu desse mesmo ano que pretendepromover a “memória histórica activada Europa”, aprovou o 23 de Setembrode 2008 uma declaração na que se“propõe que se proclame o 23 de AgostoDia Europeu Conmemorativo dasVítimas do Estalinismo e do Nazismopara preservar a memória das vítimasdas deportações e os extermínios demassa”. Entre os assinantes destadeclaração achamos a vários portugue-ses, socialistas como Ana María Gomes,Joel Hasse Ferreira ou Jamila Madeira,social-democratas, como Basco Graça

Moura e do CDS-PP, como Jose Ribeiroe Castro, assim como o “revolucioná-rio” Cohn-Bendit, entre outros, todos osquais consideram “que as deportações,os assassinatos e a escravidão de massasperpetrados no contexto dos actos deagressão do estalinismo e o nazismoentram na categoria de crimes de guerrae contra a humanidade” e que “ainfluência e a transcendencia da ordeme da ocupação soviéticos em, e para, oscidadãos dos Estados post-comunistassão pouco conhecidos na Europa”.

Trata-se da jogada perfeita; apelando auma manipulação grosseira e interes-sada da história, resulta que a UniãoSoviética “ocupava” os países daEuropa do Leste e que se dedicava àescravização em massa do povo. Que ossoviéticos eram tão maus ou pior que osnazistas. A utilização do vocabulo“estalinismo”, ademais, tenta confundire manipular, posto que os ataques, queninguém se engane, referem-se a tuda aetapa soviética.

Ante esta tremenda ofensiva que tenta,fundamentalmente, dobregar aoscomunistas de hoje em toda a Europa eevitar que a classe operária procure umaalternativa à UE na direcção da revolu-ção socialista e o comunismo, devemosredobrar os nossos esforços na lutacontra a revisão da História, contra aconcepção criminal da Europa socialistado século XX e em defesa dos grandesavanços que, para a classe operária e ossectores populares, alcançaram-se emtodo o período da construção socialista.

Nos últimos meses as lutas contraBolonha incrementaram-se no Estadoespanhol. Após a greve estatal do 13 deNovembro, celebrou-se o primeiroencontro de assembleias de estudantesuniversitários em València. Destaprimeira iniciativa, que começa a abrir ocaminho rumo a coordenação estatal,surgiu a convocatória de uma nova greveo 12 de Março, que fixo sair mais umavez milhares de estudantes à rua em todoo Estado para reclamar a paralisação doEEES, incluindo de maneira mais oumenos geral slogans como a paralisaçãodas aulas para a celebração de debatespúblicos sobre o processo de Bolonhacom as autoridades universitárias, ou arealização de um referendo.Isto último resultou ser, além de umdireito básico e democrático, o maisdifícil de assumir pela parte das institui-ções universitárias. A universidadefanfarrea de ser uma instituiçãodemocrática embora se aprovam grausentre “quatro paredes” através demecanismos de representação que nãofuncionam e de maneira inteiramenteantidemocrática. Entretanto nega-se umdireito como a consulta popular.Contudo, embora que a negativa sejaalgo constante entre as instituiçõesuniversitárias, em algumas universida-des, como a de Barcelona, conseguiu-sea convocação de um referendo decarácter consultivo ao estudantado, cujaresposta foi, em 93%, pela paralisaçãodo EEES. A vontade dos estudantesexpressa-se na mobilização e no voto.Diante desta situação geral de um

movimento organizado com síntomas decoordenação estatal, como assim odemonstram as greves gerais e osmétodos de luta (assembleias, distribui-ção de informação, ocupações defaculdades), os reitores sentiram-seameaçados, recorrendo ao pedido deajuda ao governo, já que se acharamdiante dum movimento que escapa àssuas predições, e está totalmente fora doseu âmbito de controlo e manipulação.Igualmente, os meios de comunicaçãojogam um papel importante em todo esteambiente, pois qualificam ao movimentode minoritário e radical, com a únicavontade de criminalizar um movimentode características totalmente diferentes,unitário, assembleário, combativo, emcrescimento...Todas estas questões também nãoescapam aos olhos da repressão institu-cional, que se foi incrementando, e assim

o demonstraram os casos de acçõesrepressivas policiais na universidade deLa Laguna, nas Canárias, o 12 de Março,e o desalojo, através duma série deacções repressivas policiais brutais, dose as estudantes que ocupavam oreitorado da universidade de Barcelona.Esta última deixando ao descoberto aresponsabilidade dos reformistas da ICV(Iniciativa pela Catalunha – os Verdes)na repressão, já que Joan Saura,Conselheiro de Interior e máximoresponsável pela repressão violenta, é olíder desta plataforma eleitoral. Pela suaparte, EU (Esquerda Unida) não duvidouem voltar chegar a um acordo com ICVde face a partilhar lista nas passadaseleições européias. Tanto ICV como EUreafirmaram-se como opções institucio-nais, afastadas de qualquer projecto deruptura real com o actual sistema. Estaruptura, cada vez mais necessária, deve

abrir as portas à verdadeira realizaçãodos interesses dos estudantes, a classeoperária e os sectores populares.Mas embora todo o anteriormentemencionado, não todo se lhe apresentapreto ao movimento anti-Bolonha, pois asolidariedade com os e as companheirasde Barcelona não se fixo aguardarnoutras partes do Estado. A incorporaçãode novos sectores à luta dá uma novadimensão às reivindicações, e assim omostra a assinatura, pela parte de porvolta de 300 professores, de uma cartaem contra do processo de Bolonha, ou aincorporação às mobilizações de novoscolectivos e sectores sociais.A mobilização sostida e a lutacontinuada contra o EEES e por umaeducação pública, laica, científica e dequalidade torna-se chave no contextoactual de imposição de políticas neolibe-rais no âmbito da educação. Nesta luta,como a realidade deixou bem patente,não podemos confiar em projectosinstitucionais como EU ou ICV, que anteas justas demandas do estudantado, sórespondem com paus e violência. OsCJC, como já o expressou a nossaorganização na Catalunha, os JCPC,mostramos a nossa solidariedade comtodo o estudiantado catalão em luta e,especialmente, com as e os companhei-ros que sofreram a repressão violenta dapolícia de Joan Saura. Tambémanimamos a seguir a luta. Até a Vitóriasempre!

COLECTIVOS DE JOVENSCOMUNISTAS (CJC)

A CAMPANHA ANTICOMUNISTA NA EUROPA

A LUTA CONTRA BOLONHA GOLPEIA OS INTERESSES DO SISTEMA

Page 3: SAUDAÇÃO Á FESTA DO AVANTE 2009 Y LUCHA/UyL268.pdf · saudaÇÃo Á festa do avante 2009 a campanha antico-munista na europa a luta contra bolonha golpeia os interesses do sistema

De sempre, uma das principais batalhaslivradas pelos comunistas foi combatera influência ideológica burguesa noseio da classe operária. Desde oManifesto Comunista em que já seassinalava que “o objectivo imediatodos comunistas é ... formar a consciên-cia de classe” -o proletariado- estatarefa mostrou-se como parte determi-nante da multidão de factores quefazem avançar a luta “para derrubar aoregime da burguesia, levar ao proleta-riado à conquista do Poder” (ManifestoComunista Cap. II Proletarios eComunistas).

É por isso que avaliar hoje o grau dedesenvolvimento entre a classeoperária de uma consciência soberana eindependente da superestrutura ideoló-gica dominante, converte-se numatarefa fundamental para realizarqualquer tipo de afirmação ou propostaque comprometa a estratégia geral deum Partido Comunista. Com aconvocatória da Conferência deMovimento Operário e Sindical vamosabordar um debate do que haverá desaír a proposta estratégica de interven-ção do PCPE no seio do movimentooperário; por isso é necessário que emprimeiro lugar qualifiquemos o grau deprevalência da consciência de classe noseio da classe operária.

Analisando a realidade da Espanha -(onosso) marco fundamental da luta declasses - , como formação sócio-política plenamente integrada no quecomunmente denominamos sociedadedesenvolvida de consumo, podemosafirmar, sem perigo de errar-mos, que ahegemonia da ideologia burguesa éuma realidade no conjunto da classeoperária. Contudo, esta afirmação tema sua excepção permanente em cadauma das lutas protagonizadas pelaclasse, que demonstram que sim existe,em largos sectores da classe, umaconsciência larvada muito permeável aqualquer proposta orientada à defesaconsciente dos seus interesses.

Por isso é de grande importânciaconhecer as causas desta realidade parapropor as medidas que nos permitamprocurar uma solução. Duas háfundamentais que correm dialetica-mente da mão: a perda de influência daideologia revolucionária entre a classepela assimilação das suas organizaçõese, nomeadamente, a de vanguarda, opartido comunista, e a integração nasestruturas do estado burgués dasorganizações sindicais de massas.

Estas duas realidades, junto à inegávelpenetração da ideologia burguesaatravés da religião, o patriotismo, oconsumismo... fazem com que adominação burguesa, embora asevidentes doses de violência que utilizade maneira generalizada todos os dias,dê alcançado elevadas quotas deconsenso social.

Essa é a realidade à que nos enfronta-mos para transformá-la. Conhecê-la enão errar na radiografia que realizemosserá o primeiro passo que o CC doPCPE deverá assegurar ante a convoca-tória da Conferência de MovimentoOperário e Sindical. Utilizar categoriasprovenientes da análise materialista,afastadas da intuição e do idealismo ebaseadas no marxismo - leninismo

converte-se numa premissa imprescin-dível para assegurar o seu sucesso.

Uma vez atingido este objectivo, aoutra questão fundamental quedevemos abordar é concretizar queobjectivo procuramos com a convoca-tória da Conferência. Sem lugar adúvida, o objectivo que devemosabordar é, insistimos que desde umaposição de Partido, a acção dos militan-tes de vanguarda da classe operária, natarefa de construção de estruturas

sindicais de classe como elementochave, junto ao nosso labor quotidianopela reconstrução do PC, para a recupe-ração da consciência e a capacidade deactuação independente e soberana daclasse operária.

Havia-mos de incorrer num idealismoestéril se considerar-mos que o simples facto de proclamaralternativas assimiláveis por nós, nossitua no caminho de achar a soluçãonecessária. Trata-se de procurarpropostas e soluções que possamosestender ao conjunto da classecumprindo, para a sua eficácia,indefectívelmente este percurso:

1) Socializá-las entre nós e aceitá-lascomo política de Partido por cima de

lealdades de sigla sindical.

2) Estendê-las entre os companheiros ecompanheiras de sindicato maisconscientes

3) Divulgá-la entre os trabalhadores etrabalhadoras nos seus centros detrabalho e de residência.

Deveremos realizar uma proposta quese desenvolva e cresça com a suaaplicação, mas que desde os seusinícios contenha já todos os elementosque lhe permita ser a alternativa pelaqual trabalhamos os e as comunistas eque oferecemos, como marco deorganização e luta sindical, ao conjuntoda classe. Para um sector, umaempresa, um território ou uma naciona-lidade pode valer uma solução particu-lar; nós nesta Conferência temos queachar a proposta organizativa na queacabar incorporando, na ordem estabe-lecida anteriormente, toda a classeoperária. Nenhuma das experiênciassindicais nas que militamos satisfaz elaprópria a necessidade de recuperar umaconfederação sindical de classe.

Devemos definir uma política sindicaldesenvolvida e defendida pelosmilitantes comunistas à margem dainscrição sindical e desde o respeito, alegitimidade e a soberania de cada umdos projectos sindicais nos que cadaum/a dos nossos/as militantesdesenvolve na actualidade a sua tarefasindical. Uma alternativa sindical pelarecuperação do sindicalismo de classeque, numa primeira etapa não é nemuma nova sigla sindical, nem uma somadas já existentes.

Esta tarefa só pode desenvolvê-la oPCPE, mas para isso necessita um altograu de unidade política em torno dela.Disciplina e um compromisso fechadode toda a sua militáncia paradesenvolvê-la. Sem este passo prévio éimpossível propor-se o objectivo darecuperação da confederação sindicalde classe no Estado espanhol.

Desta vez sim podemos afirmar, semgrande medo a equivocar-nos, que nuncaantes, desde a chamada “TransiçãoPolítica” e desde a aprovação daConstituição de 1978, as classesdominantes no estado espanhol, com oseu Rei à frente, encontraram numasituação tão difícil para continuar com oseu sistema de roubo organizado. E nãoé tanto porque se tenha produzido umacrise política no seio das supracitadasclasses posuidoras ou porque as forçasque questionamos o sistema capitalistatenhamos acumulado forças suficientescomo para preparar um assalto ao poder,senão porque neste momento é a suainfra-estrutura económica a que fazáguas por todos lados. O Capitalismo, eo capitalismo espanhol em particular,estão demonstrando a sua incapazidadepara, por uma banda, permitir um cresci-mento económico indefinido e umaoptima atribuição de recursos, e poroutra parte, cumprir com as suas falsaspromessas de pleno emprego e bem-estarsocial geral superador da luta de classes.O desemprego aumenta, as empresasfecham, os fundos de pensões vão-se ao

garete, e todas e cada uma das lorotas daideologia liberal dos últimos trinta anosvão ficando ao descoberto da gente quevê como lhes enganaram.

Ante esta situação Que fazer?. Essa ésempre a “pergunta do milhão”, poistodos / as sabemos que o Capitalismo pordoente que esteja não cairá por semesmo, senão que se fazem necessáriasduas premisas básicas para a sua supera-ção, uma, que as classes oprimidas,nomeadamente a classe trabalhadora,sejam capazes de organizar-se e dar umaalternativa própria no político, no sociale no económico; outra, que sejamoscapazes de construir um discurso ideoló-gico alternativo que impeça ao próprioCapitalismo recuperar a iniciativa edesviar as ânsias libertadoras dossectores populares mais uma vez rumo aum Capitalismo reformado.

Na Espanha uma peça crave do supraci-tado sistema de domínio nos últimos 30anos foi a Monarquia. A Monarquia foi achave de abóbada ou o sistema protetorde toda a oligarquía dominante, dos seus

banqueiros/as, da sua patronal (do seupatronato?) , dos seus partidos etc...Édizer, o Rei jogou o papel deConselheiro-Delegado do Conselho deAdministração do Capitalismo naEspanha. Mas a Monarquia tem os pésde barro, pois a ninguém se lhe escapaque não tem razão de ser que alguém sejachefe de estado por ser filho de não seiquem, resulta um anacronismo herdadode outras épocas passadas, e em Espanhatem uma clara conexão com oFranquismo. Isso sabe-o o sistema quesempre teve que recorrer aos mitos,como o do 23-F, e ao medo à volta aoFranquismo, para permitir que umamaioria social republicana fosse aomenos “juancarlista”, pois senão o“quiosque” poderia vir-se-lhes a baixo.O sistema também sabe que dita legiti-midade do actual Rei pode entrar emcrise com a sucessão à coroa a favor doseu filho, e se por enzima essa sucessãofaz-se nun momento de crise económicaos riscos para a Monarquia fazem-seevidentes, pois apesar de todo talvez aMonarquia seja o elo mais débil dessacorrente de dominação. Por isso tanto e

tanto programa televisivo para legitimarà Monarquia e permitir que siga tendoapoio popular.

É por isso que nestes momentos naEspanha a III Republica converte-se nãonuma mera alternativa teórica ou numamera mudança do modo de eleger aoChefe do estado, senão numa propostapolítica para unir à classe operária edemais sectores populares por volta deum projecto que permita derrotar aogrande capital e abrir novas expectativaspara a transformação social. É omomento da unidade republicana, e dafusão dos movimentos políticos e sociaisrepublicanos com a classe operária e opovo, para permitir que se abra esseprocesso constituínte que vai trazer a IIIRepublica. Nesse processo os/asComunistas do PCPE não enganamos aninguém, seremos leais, mas apostare-mos porque seja o projecto da classeoperária o que seja hegemónico, eportanto para que esse processo seja umpasso prévio no ininterrompido caminhode avanço rumo ao Socialismo.

O PCPE COMEÇA O PROCESSO PARA A CONFERÊNCIA DE MOVIMENTOOPERÁRIO E SINDICAL ACORDADA EM SEU VIII CONGRESSO

A III REPUBLICA: UMA ALTERNATIVA PARA SUPERAR ACRISE CAPITALISTA A FAVOR DOS SECTORES POPULARES

Page 4: SAUDAÇÃO Á FESTA DO AVANTE 2009 Y LUCHA/UyL268.pdf · saudaÇÃo Á festa do avante 2009 a campanha antico-munista na europa a luta contra bolonha golpeia os interesses do sistema

A resposta dos povos e aúnica possibilidade de criarum modelo económicodiferente, baseado na solida-riedade económica e o justointercâmbio de mercado,representa a AlternativaBolivariana para as Américas(ALBA), assinado numprincípio por Cuba e

Venezuela e do que já fazemparte oito países da AméricaLatina.Ante a decisão libertadora esoberana dos povos, oimperialismo não renúnciaaos seus projectos interven-cionistas. Após quase trêsmeses desde o golpe militarem Honduras, o governo defacto continua no poder,reprimindo e massacrando ao

povo hondureño.A hipocrisia do governoestadunidense e a sua duplamoral já não enganam aospovos, que o reconhecemcomo parte fundamental nogolpe militar. Quando osgolpistas sequestraram aopresidente eleito deHonduras, o primeiro lugaronde o levaram foi à basemilitar que EEUU tem pertode Tegucigalpa.A diplomacia estadunidensejustifica-se internacional-mente reconhecendo porigual a golpistas e governoeleito, mas com um claroobjectivo, o de deixar passaro tempo contando com oapoio silencioso dos meiosde comunicação e num prazobreve de tempo, reconhecer

aos golpistas.A mudança de presidente emEstados Unidos não supôsnenhuma mudança napolítica ingerencista estadu-nidense.Cuba suporta uma guerrasilenciosa declarada porEstados Unidos desde fazcase 50 anos. Mais de 3000cubanos foram assassinadose mais de 2700 feridos neste

tempo. O bloqueioeconómico, financeiro ecomercial, custou-lhe atéagora ao povo cubano 94.000milhões de dólares. Cubasuportou incursões terrestres,aéreas, marítimas e mediáti-cas.Ao mesmo tempo, faz 11anos cinco cubanos estão emprisão em EEUU sem cargosde inculpação, o seu únicodelito é o de exercer o direitoda revolução a defender-seda máfia terrorista de Miami.O actual contexto político naAmérica Latina e a decisãolibertadora dos seus povos,constituem um perigo paraos interesses económicos epoliticos do imperialismo,que recorre aos seus fiéisaliados como Uribe,

presidente que arrastaverdadeiras catástrofeshumanas. Colômbia é umdos cinco países com maisdeslocados, os paramilitaresrecebem recompensas porassassinar.Se não têm vítimas, criam-nas. “Falsos positivos” sãodenunciados no mundo,pelasua crueldade, fazem desapa-recer a jovens colombianos e

depois de assassinadosvestem-nos de guerrilheirospara cobrar a recompensa.Uribe é o idóneo aliado dosestados Unidos. OImperialismo converterá aColômbia numa plataformabélica que submeta os povos.Às já instaladas basesamericanas em Colômbiasomam-se mais sete, queserão efectivas nos próximosmeses. A capacidade militaroperativa facilitará aintervenção em qualquer paíslatino-americano. Os milita-res estadounidenses desfruta-rão de impunidade jurídica enunca serão julgados pelasatrocidades que cometer.O governo de Obamaprepara uma nova agressãocontra os povos da América

Latina. A mobilização detodos os povos do mundo, asolidariedade com os nossosirmãos latinoamericanos, adenúncia da nova agressão, éurgente. A resposta dospovos freará a intervençãoimperialista. A solidariedadeinternacionalista defenderáos processos libertadores. Com a unidade dos povos,América Latina vencerá.

O IMPERIALISMO AUMENTA A SUAAGRESSÃO CONTRA A AMÉRICA LATINA

O imperialismoimpujo o Tratado deLivre Comércio,projecto continuadordo assalto e a pilhagemque Latinoaméricasofreu pela parte dosEstados Unidosdurante centos deanos.