Saúde Informa 01

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Insegurança alimentar regional é desconsiderada Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMG Nº 1 - Ano I - Belo Horizonte, abril de 2010 4 7 O custo dos alimentos mais saudáveis é um agravante no acesso das famílias pobres à segurança alimentar 8 PESQUISA Medicamento pode ser eficaz no controle de hemorragias PRÓ-SAÚDE Estudantes acompanham atendimento às gestantes CAPACITAÇÃO Projeto Angola prepara profissionais de saúde do país africano Página 3 O s resultados de pesquisas nacionais precisam levar em conta as diferenças regionais e os estratos sociais das comunidades estudadas. Tese de doutorado da área de Saúde da Criança e do Adolescente chama a atenção para a necessidade de ser observada a realidade de cada lugar, principalmente, quando o objetivo é compreender fenômenos sociais. Fotomontagem: Leonardo Lopes Braga

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Insegurança alimentar regional é desconsiderada

Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMGNº 1 - Ano I - Belo Horizonte, abril de 2010

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O custo dos alimentos mais saudáveis é um agravante no acesso das famílias pobres à segurança alimentar

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PESQUISAMedicamento pode ser eficaz no controle de hemorragias

PRÓ-SAÚDEEstudantes acompanham atendimento às gestantes

CAPACITAÇÃO Projeto Angola prepara profissionais de saúde do país africano

Página 3

Os resultados de pesquisas nacionais precisam levar em conta as diferenças

regionais e os estratos sociais das comunidades estudadas. Tese de doutorado da área de Saúde da Criança e do Adolescente chama a atenção para a necessidade de ser observada a realidade de cada lugar, principalmente, quando o objetivo é compreender fenômenos sociais.

Fotomontagem

: Leonardo Lopes Braga

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Pesquisas ememórias

O Saúde Informa deste mês traz,

na capa, a tese de dou-torado do nutricionista Élido Bonomo, sobre Segurança Alimentar. O estudo, defendido em abril na Faculdade de Medicina, afi rma a necessidade de obser-var diferenças regionais ao analisar estudos de abrangência nacional. Outra matéria de divul-gação científi ca aponta o uso de Desmopres-sima como tratamento de hemorragias após traumatismos.

No intuito de resgatar a memória da Faculdade em seu Cen-tenário, o boletim des-taca a história contada pelo livro de cadáveres a partir do artigo da equipe do Cememor. Também relembra a in-vasão da Faculdade por militares em 1968, con-tada pelos professores Marcos Borato e Ajax Ferreira, estudantes à época.

Além dessas, o Saúde Informa traz ma-térias sobre o conceito de promoção da Saúde e informações de ativi-dades e setores da Fa-culdade.

Vale lembrar que você pode participar das próximas edições do Saúde Informa. En-vie um e-mail para o endereço eletrônico [email protected] com sua sugestão.

Boa Leitura.

Editorial Saúde do português

Erramos

No dia a dia, regras básicas da língua portuguesa, antigas ou recentes, vêm sendo desconsideradas e até esquecidas. Cuidadoso com a língua falada, o professor associado Washington Cançado de Amorim, do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, foi convidado para manter esta coluna no Saúde Informa. O objetivo é chamar atenção para alguns cuidados com a língua, a partir de exemplos usuais na área da saúde. Com bom humor e sagacidade, contribuir na redução dos males entendidos e até no aprimoramento da relação interpessoal. Acompanhe e participe.

Operar Um verbo cujo uso incorreto muito

me incomoda é o operar. No ambulatório, há pouco tempo, um aluno me disse: “Professor, esta paciente operou da vesícula”. A paciente operou? Nesse momento, levantei-me e disse: “Isso é caso de denúncia no CRM. Chame a polícia. Exercício ilegal da Medicina... E ela é advogada, sabe que não pode operar nin-guém”. O moço, entre ressabiado, chateado e intimidado pela minha - na visão dele – exage-rada reação, explicou. “A paciente foi operada. Foi submetida à cirurgia da vesícula, há cinco anos”. Mas o complemento foi ainda pior. “Dá prá entender”. Ora, pode até ser compreensí-vel, em alguns casos. Alguém, porém, me diga: qual é o problema de se falar corretamente? E, nos casos que faz enorme diferença? Isso a gente vai ver na próxima coluna, no mês que vem. Não perca.

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Contribua para a ‘Saúde do Portu-guês’. Envie sua sugestão ou opinião para [email protected].

Diferentemen-te do dado di-

vulgado na edição anterior do Saúde Informa, o Palace-te Thibau (foto), primeira sede da Faculdade de Me-dicina da UFMG, não existe mais.

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Professores e especialistas da área de saú-de apresentaram e debateram, no dia 20

de abril, o tema “Infl uenza A H1N1: riscos de uma nova onda”. O objetivo da mesa-re-donda, aberta ao público, foi conscientizar profi ssionais de saúde e toda a comunidade acadêmica de que eles são o foco de difusão do conhecimento sobre a gripe, sem banalizar ou superestimar.

Medicina esclarece e tira dúvidas

sobre H1N1

“A união de esforços da área acadêmica da Medicina com os servi-ços públicos de saúde é fundamental. É neces-sário compartilhar co-nhecimentos para haver uma abordagem adequa-da dessa pandemia da

H1N1” Leandro Ramires, estudante do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Mulher da Faculdade de Medicina da UFMG.

“Eu estou na Unidade Básica de Saúde e gosta-ria de conhecer um pou-co mais sobre a vacina que estamos aplicando. E a abordagem destes profi ssionais é muito interessante” Thaís Ro-cha, estudante do cur-

so de Enfermagem da UFMG.

“Estávamos muito in-seguros com a gripe A. Ainda não havíamos tido nenhuma aula específi ca, tratando do diagnóstico, da nova epidemiologia. Essas palestras foram esclarecedoras”, Rais-sa Said, estudante do

curso de Medicina da UFMG.

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Generalizar índices pode mascarar insegurança alimentar

Os resultados de pesquisas de abrangência nacional precisam ser analisados levando-se em conta as diferenças regionais e estratos sociais das comunidades estudadas.

Divulgação Científica

abril de 2010

Esta é uma das principais conclusões a que chega o nutricionista Élido Bonomo, em sua tese de doutora-

do defendida na Faculdade de Medicina da UFMG, junto à área de Saúde da Criança e do Adolescente. O estudo chama a atenção para a necessidade de ser considerada a realidade de cada lugar, especifi camente, quando se busca compreender fenômenos sociais.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) é a realização do direito de todos ao acesso regu-lar e permanente a alimentos de qualidade, em quantida-de sufi ciente, sem comprometer o acesso a outras neces-sidades essenciais.

“As desigualdades regionais são determinantes do perfi l de segurança alimentar”, esclarece. Ele lembra que o termo técnico se refere a uma medida subjetiva do sentimento que o cidadão tem de sua realidade. Os principais obstáculos a uma boa condição alimentar são pobreza, desigualdade social e baixa escolaridade, o que pode levar à fome e à desnutrição.

A pesquisaEntre 2007 e 2008 foi aplicado questionário se-

miestruturado com 15 questões. Para a classifi cação em graus de insegurança alimentar (leve, moderada e grave) foi utilizada a Escala Brasileira de Segurança Alimentar (EBIA), que foi adaptada e validada para o Brasil.

Considerando os contrastes regionais confi rmados na Pesquisa Nacional de Demografi a e Saúde (PNDS), realizada pelo Ministério da Saúde (MS) em 2006, sobre

segurança alimentar nos domicílios brasileiros, Bonomo analisou as cidades de Novo Cruzeiro e Francisco Bada-ró, localizadas no semiárido de Minas Gerais e com baixo desenvolvimento socioeconômico.

Segundo o Ministério, a partir do PNDS, em média 62,5% da população nacional está em situação de segu-rança alimentar. “No entanto, essas médias escondem as grandes diferenças”, adverte o autor.

No caso de Novo Cruzeiro, onde foram entrevis-tadas 337 famílias, a prevalência de insegurança alimentar é de 87,2%. Em Francisco Badaró, dentre as 362 famílias ouvidas, o mesmo índice fi cou em 74,9%, sendo mais gra-ve no meio rural.

Classe social mais baixa e o número maior de mora-dores na mesma casa são fatores comuns aos dois munici-pios. “De acordo com cada localidade, os fatores associados à insegurança alimentar mudam e demonstram a necessidade de tipos específi cos de ação”, afi rma o pesquisador.

Francisco Badaró - 362 famílias

Urbano* * * *

*Número de famílias

UrbanoRural Rural

Novo Cruzeiro - 337 famílias

4054175

511364811

14291614

291316539

Segurança alimentarInsegurança leve

Insegurança moderadaInsegurança grave

Segurança alimentar nos municípios estudados

Título: Fatores associados à (in)segurança alimentar e ao perfil de consumo alimentar e antropométrico de es-colares de dois municípios do semiárido de Minas Gerais: contribuição à política local de segurança alimentar e nu-tricionalAutor: Élido BonomoNível: DoutoradoPrograma: Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Crian-ça e do AdolescenteOrientador: Professor Joel Alves LamounierData da defesa: 20 de abril de 2010

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Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% das mortes ocorridas em centros cirúrgicos

em vítimas de traumatismos são devidas a hemorragias. Pior: grande parte delas poderia ser evitada se a coagu-lação do sangue dos pacientes fosse melhorada.

Mas um estudo experimental desenvolvido na Fa-culdade de Medicina pelos professores João Baptista de Rezende Neto, Marcus Vinicius Melo de Andrade e José Renan da Cunha Melo, do Departamento de Cirurgia, já apresenta resultados positivos no sentido de contribuir na redução dessas mortes, evitáveis.

A equipe propõe o uso inovador de duas táticas que têm se mostrado mais efi cazes do que os métodos convencionais na formação de coágulos sufi cientemente fortes para interromper hemorragias.

InovaçãoA grande novidade proposta pelos pesquisadores

é o uso da Desmopressina na urgência como forma de reduzir hemorragias após traumatismos.

O medicamento - já usado há mais de 30 anos no tratamento de pacientes hemofílicos - mostrou ser efi caz na formação de coágulos mais fortes do que os alcança-dos pelos vários métodos convencionais utilizados.

A outra tática usada no estudo fi nanciado pela Capes, para reduzir o sangramento, consiste em manter

Medicamento pode reduzir mortes por hemorragiaPesquisa experimental desenvolvida na Medicina propõe forma mais eficaz para controlar perda

grave de sangue em vítimas de acidentes.

Divulgação Científica

a pressão arterial mais baixa do que o normal (hipoten-são permissiva), por meio da administração de menor volume de soro ao paciente.

Segundo Rezende Neto, ela já é usada na urgên-cia, mas, até este estudo, ainda havia dúvidas quanto à sua ação sobre a coagulação do sangue.

A aplicação das duas táticas associadas resultou na formação de coágulos mais fortes, comprovados por exames laboratoriais e por microscopia eletrônica - rea-lizada no Instituto de Ciências Biológicas da UFMG.

Trauma 2010O estudo, por enquanto realizado apenas em co-

elhos, foi publicado em janeiro deste ano na The Journal of Trauma, revista norte-americana, a mais importante da área. Em maio, novos dados serão apresentados no “Trauma 2010”, encontro da Associação de Trauma do Canadá.

O pesquisador, que no congresso também apre-senta dois pôsteres sobre estudos realizados no Hospital Risoleta Tolentino Neves, afi rma que o uso da Desmo-pressina é comprovadamente seguro em seres huma-nos. “Por isso, o nosso próximo passo é apresentar um projeto ao Conselho de Ética em Pesquisa (Coep) para aplicação dessas técnicas em vítimas de trauma com he-morragias graves”, antecipa.

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Infográfico: Ana Cláudia Ferreira

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Uma história contada pela morte

E estava escrito no portão...

A equipe do Centro de Memória da Faculdade de Medicina (Ceme-mor) vai apresentar o artigo “O livro dos cadáveres: aqui a morte

se alegra de socorrer a vida” no 14º Seminário sobre a Economia Mi-neira que acontece em Diamantina, entre os dias 25 e 27 de maio.

O artigo foi produzido a partir do livro de registro de cadáveres que faz parte do acervo do Cememor. “Destacamos o período entre 1913 e 1930. São 1.903 registros, que consideramos uma boa amostra-gem”, explica Ethel Mizrahy, historiadora do Centro de Memória.

Maria do Carmo Martins, pesquisadora e historiadora do Ceme-mor, foi a responsável por elaborar tabelas e repassar para a equipe as noções de história qualitativa, fundamentais para o trabalho. O livro contém dados sobre os cadáveres que chegavam à Faculdade de Medici-na, como nome, causa da morte, nacionalidade, cor, profi ssão e outros. O dado que norteou a compilação privilegiou a causa da morte como base para a análise.

“Nos preocupamos em relacionar as causas de morte encontra-das nos registros com a fama que Belo Horizonte tinha naquela época, que era a de um lugar onde as pessoas vinham para tratar tuberculose, e com a profi ssão de cada um”, conta Ethel.

O artigo levou a conclusões interessantes e inesperadas, segundo a historiadora. “Percebemos que os cadáveres encaminhados não eram de indigentes: tinham nome, sobrenome e profi ssão. Eram pessoas po-bres, que provavelmente não tinham família na cidade, mas tinham re-gistro civil”, afi rma.

A compilação dos dados permitiu afi rmar que a maioria dos cadáveres do sexo feminino eram de domésticas e entre os homens, a profi ssão que mais aparece é lavrador. Já entre as causas de morte, a maior ocorrência foi de tuberculose pulmonar. Em segundo lugar, mortes neonatais, e na terceira e quarta posição, doenças do sistema cardiovascular e doenças do sistema psicológico, respectivamente.

“Há vários termos curiosos em relação às causas de morte, como por exemplo, morte por Lipemania, que hoje é denominado como depres-são, e nas causas de mortes neonatais, encontramos o termo feto macerado, que não identifi camos ao certo o que é”, conta a historiadora.

Ela explica que foi importante analisar o quanto o vocabulário e a terminologia médica mudaram ao longo dos anos, e como a noção de doenças também se alterou. “Não encontramos registro de diabetes como causa de morte, mas encontramos termos como gangrena nas ex-tremidades, o que concluímos ser consequência da incidência de diabetes, tratada com outro olhar”, esclarece.

História

Há 42 anos, em maio de 1968, a Faculdade de Medicina foi palco do ápice da bata-

lha travada entre o movimento estudantil e o governo ditatorial da época. Foram manifesta-ções como assembléias, pichações em ônibus e muros, cartazes, janelas e portas quebradas. O saldo, 154 estudantes presos.

A fi m de ajudar os alunos detidos na época, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) pediu às diretorias de unidades da UFMG que interviessem pelos presos.

Ao contrário das escolas de Engenharia, Direito e Odontologia, a Faculdade de Medici-na não tomou partido dos alunos. De acordo com o professor Ajax Pinto Ferreira, do De-partamento de Cirurgia, quando a diretoria se fechou para o diálogo, os alunos ocuparam o prédio. “Fizemos barricadas e acumulamos te-lhas para nossa defesa, no caso da polícia che-gar. E de fato chegou, levando muitos presos, inclusive eu”, conta.

O professor Marcos Borato Viana, do Departamento de Pediatria, também foi preso. Ele lembra que passava pelo saguão quando viu uma assembléia de estudantes. “Parei para assistir. De repente, o diretor mandou fechar as portas. Haviam chamado a polícia e eu nem sabia o que estava acontecendo”, relata.

Ele conta que, entre bombas de gás la-crimogêneo lançadas pela polícia e telhas ati-radas pelos estudantes, um grupo de aproxi-madamente 40 pessoas conseguiu se proteger, escondido na sala de Bioquímica, no quarto andar do prédio.

“Bloqueamos a porta e passamos a noite ali. Não nos encontraram. Mas, no outro dia, saímos e fomos conduzidos ao Departamento de Ordem Política e Social (Dops), quando to-dos foram fi chados. E eu, ainda sem entender bem o que era tudo aquilo”, lembra, rindo.

5abril de 2010

Manifestação de estudantes

O 14º Seminário sobre a Economia Mineira é promovido pelo Centro de Estudos do Desenvolvimento e Plane-jamento Regional (Cedeplar), da Faculdade de Ciências

Econômicas da UFMG (Face)

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Bem-estar

Você cuida da sua saúde?

Infográfico: Ana Cláudia Ferreira

Para a grande maioria das pessoas, ter saúde signifi ca estar livre de doenças. “Esta defi nição é insufi ciente para um conceito tão vas-

to”, afi rma o professor do Departamento de Clínica Médica da Facul-dade de Medicina da UFMG, João Gabriel Marques Fonseca.

“Prevenir ou tratar doenças e fazer diagnósticos precoces não é promover a saúde. Isto é uma pequena parte de um estado muito mais amplo, determinado por variáveis biológicas, sociais, comportamentais e culturais”, explica o professor.

Ele orienta que cuidar da saúde não é papel somente de médi-cos e profi ssionais da área. “Qualquer pessoa pode promover a saúde. Cabe a cada um investir na melhora do modo de viver cotidiano, em todas as esferas”, esclarece.

Promovendo a saúdeDe acordo com a avaliação do professor João Gabriel, as pes-

soas devem desenvolver habilidades físicas e psíquicas que permitam lidar com estímulos desfavoráveis do meio em que estão inseridas.

“Os estímulos adversos podem ser, basicamente, agressões, que são de natureza física, e ameaças, que são questões de ordem psicológi-ca. O ‘estar saudável’ signifi ca sempre estar em ‘equilíbrio adaptativo’”, alerta.

Para desenvolver a adaptabilidade necessária à saúde, o profes-sor sugere atenção a quatro pilares básicos. “As pessoas devem desen-volver o autocuidado: ter uma alimentação saudável, praticar atividades físicas, e ter cuidados diretos com o corpo. A qualidade das relações interpessoais também aumenta os estímulos favoráveis à saúde”, ensi-na João Gabriel.

“Outro fator importante é a organização do trabalho. Hierar-quizar as tarefas pode ser uma forma de otimizar o tempo disponível e desenvolver o trabalho de maneira efi ciente. A informação também é primordial. O acesso à educação e a cultura representam uma melhora efetiva nas condições socioambientais”, pondera.

Mantendo-se saudável“Mesmo que inconscientemente, a pes-

soa é quem ‘escolhe’ o estresse. E o estresse sempre escolhe a doença”, conclui o professor João Gabriel, considerando que se manter sau-dável é uma responsabilidade individual.

Ele explica que é necessário criar uma re-serva de adaptabilidades. “Independente de apre-sentar sintomas ou se sentir mal, todos devem se cuidar, sempre, cultivando estímulos favoráveis. Assim se atinge a plena saúde”, recomenda.

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Saúde da Mulher

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Pró-Saúde integra atenção primária da mulher em BH

Primeiro fórum online discutirá

Influenza A Estudantes do 8° período do curso de Medicina da UFMG já po-dem acompanhar o tratamento de gestantes e realizar o atendi-

mento pré-natal nos centros de saúde São Marcos e Cachoeirinha, uni-dades da rede municipal de Belo Horizonte.

O atendimento, direcionado à atenção à saúde da mulher, foi disponibilizado por meio do Departamento de Ginecologia e Obstetrí-cia da Faculdade (GOB).

A escolha dos centros levou em consideração a avaliação da es-trutura do local e o espaço de integração com outras áreas. Para isto fo-ram realizadas visitas em diversos centros de saúde da rede municipal.

O serviço é realizado por meio da disciplina Semiologia Obs-tétrica, coordenada pela professora Zilma Reis e tem a parceria da Se-cretaria Municipal de Saúde com recursos do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profi ssional em Saúde (Pró-Saúde).

Projeto PilotoA professora explica que o atendimento integra um projeto pi-

loto que acolhe às exigências da reforma curricular e prepara os alunos para atender a paciente gestante, em parceria com outros profi ssionais da atenção primária à saúde, tendo uma visão geral da disciplina, volta-da para a gestação de baixo risco.

Para o Departamento, o contato com a realidade da gestante e o ambiente onde ela está inserida aproxima o aluno da vivência da aten-ção primária à saúde, da qual a mulher também faz parte.

De acordo com a professora Zilma Reis, o atendimento integra-do com vários professores e o trabalho em equipe é o maior ganho que os alunos têm com o projeto.

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ObservaPED

Já está no ar o primeiro fórum eletrônico de discussão sobre a saúde da criança e do

adolescente na página da Faculdade de Medici-na. O tema que inaugura o espaço de debates é o vírus H1N1 e sua vacina.

O espaço, iniciativa do Observatório de Saúde da Criança e do Adolescente (Observa-PED), tem livre acesso. Para se inscrever, bas-ta informar o e-mail na seção de registro do fórum. Os usuários podem fazer perguntas, trocar idéias e expor experiências.

Segundo a professora Maria Aparecida Martins, coordenadora do Observatório, a fer-ramenta auxilia o projeto a exercera função de divulgar e discutir atualidades sobre a área.“O objetivo do fórum é promover a interação en-tre o observatório e a comunidade, envolven-do-os nesse debate”, explica.

O tema foi escolhido por causa da cam-panha de vacinação do Ministério da Saúde e pelo fato de crianças com até dois anos faze-rem parte do grupo de risco.

A professora Regina Lunardi, do De-partamentode Pediatria, é infectologista pedi-átrica e participará das discussões. Ela diz que o fórum será útil para esclarecer às pessoas so-bre falsos boatos a respeito da vacinação. “É importante que todos tomem conhecimento dos efeitos e da efi cácia da vacina”, afi rma.

A previsão é que o tema do fórum seja trocado a cada dois meses, prazo que pode ser prolongado de acordo com o andamento do debate. Entre os temas sugeridos para os pró-ximos fóruns estão a Caderneta de Saúde da Criança e o papel da mídia na saúde da criança.

Acesse o fórum pelo endereçowww.medicina.ufmg.br/observaped/

O ObservaPED é parte do Departa-mento de Pediatria em parceria com a Secre-taria de Estado da Saúde e visa analisar, divul-gar e discutir assuntos relacionados à saúde da criança e do adolescente, integrando setores e disciplinas das várias áreas de pediatria.

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Projeto Angola Acontece

Uma nação de-vastada por

guerras. Esta foi a situação em que Al-berto Macaia (foto), médico e diretor dos Serviços de Saúde do Estado Melhor General das Forças Armadas de Angola (FAA), viu seu país nos últimos anos. Ele participa, hoje,

do Projeto Angola (Proangola) da UFMG, com expectativas de ser parte da reversão des-ta condição.

Macaia explica que, depois da independên-cia, entre 1975 e 1980, o país teve grande parte do seu território ocupada pelo Exército Regular da África do Sul e dezenas de cidades foram destru-ídas. “Em seguida, houve a guerra civil, que só terminou em 2002”, relembra o médico.

Ele conta que, apesar do esforço do Governo Nacional para manter o Sistema de Saúde em um movimento de reconstrução do país, há poucas estruturas capacitadas para atender à população. “Há difi culdade de aces-so em muitas áreas e um défi cit relevante nos quadros de profi ssionais”, afi rma Macaia.

De acordo com o médico, a participa-ção no Proangola UFMG vai possibilitar aos técnicos adquirir experiências em serviços ain-da não implantados em Angola. “Vejo muitas coisas no Brasil que podemos aproveitar em relação à saúde pública. Lá, as políticas prio-rizam a construção de hospitais e dão pouca importância à prevenção de doenças”, analisa.

“A nossa tarefa é convencer a classe política da necessidade de mudanças”, refl ete Macaia. Para ele, a cooperação entre nações é muito importante. “Não é justa a desigualdade entre os povos. Nós precisamos muito desta experiência, e só temos a agradecer por ser-mos tão bem recebidos”, conclui.

Projeto AngolaCoordenado pelo professor Francisco Rubió, do Departamento de Medicina Preven-

tiva e Social, o projeto foi idealizado em 2006, quando defi niu-se uma agenda de cooperação entre Brasil e Angola na área da saúde.

Em 2009, a UFMG recebeu 31 profi ssionais angolanos para o projeto. São, no total, 20 meses em que os profi ssionais aperfeiçoam suas habilidades médicas e desenvolvem capa-cidades pedagógicas. De volta ao seu país, eles irão reproduzir os conhecimentos em centros de ensino para outros profi ssionais.

A intenção, de acordo com Rubió, é dar continuidade ao projeto. Após o fi m dos estágios, serão implantados núcleos de telessaúde, com comunicação de vídeo e áudio em tempo real.

Solidariedade sem fronteiras

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Reitor: Clélio Campolina Diniz – Vice-Reitora: Rocksane de Carvalho Norton – Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – Diretor: Professor Francisco José Penna – Vice-Diretor: Professor Tarcizo Afonso Nunes – Coordenador da Assessoria de Comunicação Social: Gilberto Boaventura (Reg. Prof. MG 04961JP) – Editora: Mariana Pires – Redação: Jornalistas: Maíra Lobato e Marcus Vinínius dos Santos – Estagiários: Ennio Rodrigues, Estefânia Mesquita, Michelle Lessa e Renata Ferreira. Projeto Gráfico e Diagramação: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira e Leonardo Lopes Braga - Atendimento Publicitário: Janaína Carvalho – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 2 mil exemplares – Circulação mensal – Endereço: Assessoria de Comunicação Social, Faculdade de Medicina, Av. Prof. Alfredo Balena, 190 / sala 5 - térreo, CEP 30.130-100, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefone: (31) 3409-9651 – Internet: www.twitter.com/medicinaufmg; www.medicina.ufmg.br e [email protected]. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.

Expediente

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Foto: Maíra Lobato

Memória Exemplar do livro Noticia Histórica da Santa Casa de Sabará (1787 - 1928), escrito por Zoroastro Vianna Passos, um dos fun-dadores da Faculda-de, passou a integrar o acervo do Centro de Memória. O livro, uma raridade, foi doado por José Euclides Franco Ribeiro.

IntramedEntre 15 e 30 de maio o Conclave Médico Desportivo promove o Intramed, compe-tição entre os alunos do curso de Medicina da UFMG. Serão mais de 15 modalidades esportivas. Mais in-formações na página eletrônica do Concla-ve: www.conclave.med.br.

III EncontroEm junho acontecerá a terceira edição do Encontro Institucio-nal da Faculdade de Medicina, no Museu de História Natural da UFMG. O evento terá como tema “Ética e ambiente organiza-cional”. Mais informa-ções na Seção de Re-cursos Humanos, pelo telefone 3409-9651.