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Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMG Nº 36 - Ano V - Belo Horizonte, março de 2014 Foto: Bruna Carvalho NOVIDADE Cantina vira ponto de encontro da Faculdade DEPRESSÃO Superação envolve mudança de comportamento ENTREVISTA Novos diretores tomam posse em abril Tecnologia para um parto mais seguro Páginas 3 P esquisa desenvolve protótipo para informatização do partograma, documento que reúne informações sobre a evolução do parto. Trabalho foi desenvolvido na pós- graduação em Saúde da Mulher, em parceria com a Universidade do Porto e o Depar- tamento de Ciência da Computação da UFMG. Centro de Informática em Saúde da Faculdade de Medicina (Cins) oferecerá suporte para criação do software. 8 7 5

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Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMGNº 36 - Ano V - Belo Horizonte, março de 2014

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NOVIDADECantina vira ponto de encontro da Faculdade

DEPRESSÃOSuperação envolve mudança de comportamento

ENTREVISTANovos diretores tomam posse em abril

Tecnologia para um parto mais seguro

Páginas 3

Pesquisa desenvolve protótipo para informatização do partograma, documento que reúne informações sobre a evolução do parto. Trabalho foi desenvolvido na pós-

graduação em Saúde da Mulher, em parceria com a Universidade do Porto e o Depar-tamento de Ciência da Computação da UFMG. Centro de Informática em Saúde da Faculdade de Medicina (Cins) oferecerá suporte para criação do software.

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Neuroanatomia Funcional

A terceira edição do livro apresenta 32 capítulos, sendo o último um atlas de secções do cérebro. Foram acrescidas imagens de tracto-grafia, demonstrando fibras e conexões ob-tidas com auxílio de ressonância magné-tica (RM). Assinado pelo professor apo-sentado da UFMG, Ângelo Machado, com coautoria da

neurologista infantil Lúcia Machado Haertel. Editora Atheneu.

Blackbook Clínica Médica

Em sua se-gunda edição, o livro traz as prin-cipais informa-ções para ajudar médicos de todas as especialidades nos momentos mais críticos do dia a dia pro-fissional. Além dos 45 capítulos da edição ante-rior, que foram i n t e g r a l m e n t e reescritos, apresenta capítulos inéditos como os de acidente vascular encefálico, refluxo gastro-esofágico e dependência de crack e cocaína. A publicação é dos professores da Faculdade de Medicina da UFMG Reynaldo Gomes de Oli-veira, do Departamento de Pediatria, e Enio Pietra, do Departamento de Clínica Médica. Blackbook Editora.

Boas novas

A primeira edição de 2014 do Saúde Infor-ma chega no mês de ani-versário da Faculdade de Medicina da UFMG. No dia 5 de março, a insti-tuição completou 103 anos, com muitas reali-zações para celebrar.

Para se ter uma ideia, este ano já estão garantidos R$ 800 mil de investimentos na Unidade, parte do mon-tante dos R$ 3 milhões captados pela Assessoria Institucional, setor cria-do na gestão do diretor Francisco Penna, que entrega seu mandato também neste mês.

O Saúde Informa entrevistou os diretores eleitos, Tarcizo Nunes e Humberto Alves, que tomam posse em abril. Eles falam sobre as ex-pectativas, os planos e desafios da nova gestão.

Não deixe de conferir também, na seção de Divulgação Científica, a matéria que destacamos na capa: a pesquisa que desenvol-veu o protótipo de um software específico para o acompanhamento da evolução do trabalho de parto. A ferramenta pro-mete reduzir os índices de mortalidade materna e neonatal. Mais uma boa notícia, que escolhe-mos para marcar o mês da mulher.

Boa leitura!

Editorial Publicações

Saúde Informa - Março de 20142

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – Diretor: Professor Francisco José Penna – Vice-Diretor: Professor Tarcizo Afonso Nunes – Coordenador da Assessoria de Comunicação Social: Gilberto Boaventura – Editora: Alessandra Ribeiro (Reg Prof. 9945MG) – Redação: Jornalistas: Larissa Rodrigues, Mariana Pires, Rafaella Arruda – Estagiários: Karla Escarmigliat, Deborah Castro. Projeto Gráfico: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira e Leonardo Lopes Braga. Diagramação: Luiz Lagares - Atendimento Publicitário: Desirée Suzuki – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 2000 exemplares – Circulação mensal – Endereço: Assessoria de Comunicação Social, Faculdade de Medicina da UFMG, Av. Prof. Alfredo Balena, 190 / sala 55 - térreo, CEP 30.130-100, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefone: (31) 3409-9651 – Internet: www.medicina.ufmg.br; facebook.com/medicinaufmgoficial; www.twitter.com/medicinaufmg e [email protected]. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.

Expediente

05MARÇO Aniversário

Faculdade de Medicina da UFMG

“O maior compromisso de uma instituição de

ensino superior de qualidade é a formação

de profissionais competentes.”

Prof. Francisco Penna, 2014

103°

Diretoria

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DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

O partograma é um documento que permite visualizar a evolução do trabalho de parto. Nele devem ser inseri-

das informações sobre sua progressão, gerando um gráfico que possibilita reconhecer se tudo está ocorrendo como o esperado. A facilidade de visualizar qualquer desvio do ha-bitual permite ao profissional intervir mais precocemente, quando necessário.

Apesar da notória importância do partograma, o obstetra Gabriel Costa Osanan identificou deficiências em seu uso. É o que revela a tese defendida por ele junto ao Programa de Pós-graduação em Saúde da Mulher da Facul-dade de Medicina da UFMG. A pesquisa foi uma das agra-ciadas com o Prêmio UFMG de Teses, em 2013.

Gabriel Osanan analisou a utili-zação do partograma em maternidades públicas de Belo Horizonte e região, de 2011 a 2012. Ele entrevistou 53 profis-sionais, dentre enfermeiras obstetrizes, médicos obstetras e residentes, gestores e até advogados para entender as difi-culdades de preenchimento e a opinião deles sobre o uso do partograma. Além disso, analisou seu uso na prática diária. “Os resultados encontrados foram pre-ocupantes: o preenchimento completo do partograma foi encontrado na mino-ria dos casos”, relata. Ele também detec-tou que mais de 17% dos partogramas de um hospital da rede pública foram extraviados.

“Considerando a urgente neces-sidade do Brasil em reduzir as taxas de eventos adversos relacionados ao nasci-mento, resgatar, otimizar e incentivar o uso do partograma, no apoio à decisão clínica e gerencial, torna-se estratégia fundamental”, afirma Osanan.

Panorama Estima-se que, no Brasil, dos 3 milhões de partos

realizados por ano, 17,4 bebês falecem para cada 1 mil nas-cidos vivos e cerca de 72 gestantes falecem a cada 100 mil nascidos vivos, por causas associadas à gestação. As estima-tivas também mostram que 92% dessas mortes poderiam ser evitadas.

Para isso, seria necessária a avaliação da assistên-cia hospitalar prestada ao nascimento, que muitas vezes é apresentada de forma incompleta. Mas sem os dados da assistência ao parto, torna-se difícil promover ações para reverter as ocorrências.

Osanan menciona um estudo realizado pela Orga-nização Mundial de Saúde (OMS) em maternidades com perfil semelhante às da nossa rede, ou seja, com muitas pa-

Deborah Castros

Título: Proposta de informatização do Partograma: análise dos processos assistenciais relativos ao seu uso e definição de requisitos do sistemaNível: DoutoradoPrograma: Saúde da MulherAutora: Gabriel Costa OsananOrientadora: Zilma Silveira Nogueira Reis Coorientador: Renato Celso Ferreira (DCC-UFMG) Defesa: 18 de maio de 2012

Acompanhamento informatizado do parto pode reduzir mortalidade

Documentação do trabalho de parto reúne informações que ajudam a melhorar assistência

Saúde Informa - Março de 2014

cientes assistidas por um número limitado de profissio-nais que se alternam em plantões (turnos). Ficou com-provado que o uso correto do partograma está associado à redução das intercorrências maternas e fetais durante o parto, além de reduzir o número de cesarianas.

Proposta Para a melhoria na documentação dos atendimen-

tos, Osanan propõe a informatização do partograma. Com isso, o preenchimento seria mais adequado e pode-ria oferecer informações de qualidade que ajudassem um médico ou uma obstetriz na assistência ao parto, ou mes-

mo um gestor de uma maternidade, no diagnóstico de dificuldades de logística no funcionamento de plantões. “Várias das propostas e expectativas apresenta-das pelos entrevistados foram incluídas nas discussões de elaboração dos requi-sitos do sistema”, afirmou Osanan.

A intenção da pesquisa é transfor-mar o partograma de papel, preconiza-do pela OMS, em um software adequado para o uso rotineiro nas maternidades de todo o país. “Quando pensamos na informatização, queríamos facilitar a dis-ponibilidade dele, inclusive para a rede privada”, diz.

Usando um computador, o pro-fissional só teria que inserir os dados coletados sobre o trabalho de parto e o próprio sistema faria o preenchimento do documento e sinalizaria problemas.

Documento legalO partograma informatizado

também poderá solucionar problemas relacionados à acessibilidade dos dados e à qualidade da informação. Gabriel Osanan lembra que este é um documento le-gal imprescindível para a defesa do profissional ou para mostrar à paciente que sua assistência foi feita de forma adequada. Portanto, o extravio é um importante ponto a ser solucionado. Com o partograma informatizado, seria possível imprimir uma segunda via, trazendo mais segu-rança e confiança para todos os envolvidos.

Modelo de Partograma

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4 Saúde Informa - Março de 2014

GESTÃO

Nos últimos quatro anos, a Faculdade de

Medicina da UFMG passou por uma visível transfor-mação em sua infraestru-tura. Novos equipamentos médicos e ambulatoriais, computadores, modelos anatômicos e materiais quí-micos, que hoje ajudam no funcionamento da Faculda-de, trouxeram crescimento visível à instituição. O que nem todos sabem é que toda essa transformação só foi possível graças ao investimento de cerca de R$ 3 milhões captados pela Assessoria Institucional da Faculdade.

Criada na gestão dos professores Francisco Penna (diretor) e Tarcizo Nunes (vice-diretor), a As-sessoria Institucional é res-ponsável pela captação de verbas por meio de emen-das parlamentares, modali-dade ainda pouco difundida na Universidade. A função do setor consiste em po-tencializar a arrecadação de recursos junto aos órgãos públicos, especialmente o Ministério da Saúde, e in-tensificar parcerias com as instituições privadas.

Segundo a professo-ra Maria Cecília Diniz No-gueira, assessora do setor, a atividade é feita em parceria com a bancada mineira do Congresso Nacional. Os re-cursos estão ligados ao Or-çamento Geral da União, sancionado pela Presidên-cia da República. “É uma fonte que até então não tinha sido explorada pela Faculdade e abriu novas frentes para ações estraté-gicas, sempre tendo como

Assessoria Institucional capta recursos para a Faculdade Em 2014, R$ 800 mil serão investidos na Unidade Karla Escarmigliat

questão as políticas públi-cas”, explica.

ProponentesA Faculdade de Me-

dicina tem longa história de captação de recursos, tra-dicionalmente feita pelos professores. Com a criação da Assessoria Institucional, nos últimos anos, as ações tornaram-se suprapartidá-rias, o que passou a viabi-lizar um volume maior de recursos em prazos meno-res. “São parlamentares de diversos partidos que dão apoio ao setor: Jô Moraes, do PC do B; Eduardo Aze-redo e Eduardo Barbosa, do PSDB; Júlio Delgado, do PSB; Gabriel Guima-rães, Nilmário Miranda e Reginaldo Lopes, do PT; e Saraiva Felipe, do PMDB”, cita Cecília Nogueira.

A professora ressalta que a credibilidade da Fa-culdade tem peso decisivo no processo de liberação dos recursos pelos parla-mentares. “Além de formar o maior número de médicos do Brasil, a instituição tem um impacto nacional muito grande. Por isso, é reconhe-cida nacionalmente e inter-nacionalmente”.

Cecília Nogueira lembra também a impor-tância da experiência ad-quirida nos últimos anos neste setor. “Isso facilitou a interface da Faculdade com outros órgãos do governo”, completa.

Melhorias Os recursos são dis-

ponibilizados no segundo semestre de cada ano. Mas

a Assessoria começa a receber as demandas no início de cada exercício. Para 2014, serão liberados R$ 800 mil, valor referente à última parcela do montante captado durante toda a atuação do setor. “Para o planejamento interno, foi enviada a relação do que foi possível realizar em 2013 com os recursos das emendas. Assim, os departamentos têm o conhecimento do que foi concluído e o que ainda pode ser demandado para este ano”, explica Cecília Nogueira.

São vários os benefícios gerados pelos recursos cap-tados pela Assessoria Institucional. O setor também pla-neja eventos como o Congresso Nacional de Saúde, orga-niza reuniões estratégicas com subsecretários e estabelece articulações internacionais. Essas ações já possibilitaram reformar e equipar diversos laboratórios, dentre eles o de Cirurgia e o de Anatomia Patológica, bem como os acervos da Biblioteca J. Baeta Vianna.

Outro benefício direto foi a expansão do programa de rádio Saúde com Ciência. Com novo estúdio inaugu-rado em 2013, o programa, coordenado pela Assessoria de Comunicação (ACS) da Unidade, ganhou maior auto-nomia. Já são 38 emissoras de Minas Gerais, do Paraná e dos Estados Unidos que recebem informações sobre saúde geradas na Faculdade.

O Centro de Memória da Medicina também foi contemplado. A obra de infraestrutura realizada no local permitiu a exposição permanente da história da medicina por meio de vídeos interativos e de fotografias.

Foto: Bruna Carvalho

Laboratório de Anatomia foi um dos contemplados com verbas captadas por emendas parlamentares

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GESTÃO

Na hora do almoço, estudan-tes, professores e servidores

já podem ser vistos circulando e até dividindo mesas na nova Can-tina da Faculdade de Medicina da UFMG, inaugurada no dia 17 de fevereiro, no subsolo, ao lado do Laboratório do Movimento.

A cena não era vista há dé-cadas no edifício Oscar Versiani, sede da Unidade. “Não temos uma cantina aqui há cerca de 30 anos. Isso é importante para a Faculdade e para toda a comunidade que par-ticipa do nosso dia a dia”, disse o diretor da Faculdade de Medicina, Francisco Penna, durante a inau-guração, quando também apro-veitou para agradecer todos os envolvidos no projeto de criação e execução do novo espaço.

“Será um local de integra-ção, onde as pessoas possam se encontrar, conversar e tomar um lanche. Ficou um espaço muito agradável e de alta qualidade, te-nho certeza que será muito bom para a nossa comunidade como um todo”, completou o diretor.

Na ocasião, o vice-diretor, Tarcizo Nunes, lembrou da sua época de estudante. “Quando eu

Larissa Rodrigues

Cantina é novo ponto de encontro Espaço é aberto à comunidade interna e externa do campus Saúde

fui aluno dessa Facul-dade havia a Cantina do Tião, os mais velhos de-vem se lembrar. Era um local de encontro dos estudantes, esperamos que essa cantina tenha o mesmo sucesso”.

Atual estudante do 9º período do curso de Medicina, Júlia Duar-te elogiou a nova canti-na. “Eu estou achando o máximo. Faltava esse espaço de convivên-cia para os alunos fazerem um lanche nos in-tervalos ou almoçar. Fazia falta para a gente um local com tantas opções”, avaliou a aluna.

Para a funcionária Maria das Graças Ribeiro, assessora de escuta acadêmica do Centro de Graduação, a nova cantina tam-bém será um local de encontro. “Faz falta um lugar mais perto para lanchar e para en-contrar as pessoas. A gente sempre tem que atravessar a rua e procurar lanche longe da Faculdade. Aqui é a oportunidade de vermos os colegas e contar um caso”, comentou.

EspaçoPara a construção da nova cantina foi

necessária a transferência de alguns laborató-rios de pesquisas para outros locais da Facul-dade. O espaço tem 140 m², com mesas, bal-cão self-service, área de higienização, cozinha, banheiros e dispensa. “Foram feitas reforma e instalações próprias para cantina: sistema de ventilação, de exaustão, bancadas em aço inox, estrutura elétrica, instalações sanitárias, adaptações para deficientes, depósito, redes de gás, de prevenção contra incêndio e ilumi-nação de emergência”, enumera o engenhei-ro civil da Faculdade, Vinícius Milleo.

VariedadeA cantina oferece lanches e almoços.

O contrato prevê buffet de saladas; arroz branco, composto e integral; feijão simples e composto; carnes; ovos; soja texturizada; guarnições; molhos para saladas; sobremesas; salada de frutas; café e chá de ervas; pão de queijo; salgados variados, salgados para vege-tarianos e açaí.

Os professores Francisco Penna e Tarcizo Nunes inauguram o local.

Professores, alunos e funcionários participam da inauguração.

As estudantes Júlia Duarte e Michelly Monteiro participaram da inauguração

O horário de funciona-mento é das 7h às 21h, o que atende também aos estudantes do curso de Tecnologia em Ra-diologia, que estudam à noite. “Achei muito bom. Até então, tínhamos que ir fora da Facul-dade para fazer um lanche, em uma área que é perigosa no horário noturno. Com a nova cantina irá facilitar muito”, co-menta o estudante do 8º perío-do do curso de Tecnologia em Radiologia, Rafael Brandão.

Segundo a administra-ção da Cantina, em breve serão aceitos cartões de débito, Ticket Refeição e Sodexo. Para suges-tões, reclamações ou dúvidas: www.facebook.com/hrlanches

Fotos: Bruna Carvalho

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NUPAD

A cada 15 dias, Maria Nazaré viaja 410 quilômetros de Mutum, no interior de Minas Gerais, para Belo Ho-

rizonte. Ela traz a filha Maria Eduarda, de nove meses, à consulta de acompanhamento da fenilcetonúria, cujo tra-tamento consiste em uma dieta alimentar com restrição de proteínas. A doença genética é uma das diagnostica-das pela triagem neonatal, o teste do pezinho.

Enquanto aguarda a consulta, Maria Nazaré per-manece com a filha no Centro de Educação e Apoio So-cial (Ceaps) do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da UFMG (Nu-pad). Ela faz parte das 250 famílias que se dirigem se-manalmente ao Ceaps nos dias de consulta nos ambula-tórios de Belo Horizonte para o acompanhamento das doenças diagnosticadas pelo Programa de Triagem Neo-natal de Minas Gerais.

Além de oferecer uma estrutura de acolhimento, o Ceaps desenvolve práticas educativas para pacientes e fa-miliares atendidos pelo Programa de Triagem Neonatal, com a proposta de promover saúde integral por meio da educação. “O acolhimento e a orientação de suporte per-passam as ações de educação”, explica a psicóloga e co-ordenadora do Ceaps, Isabel Spínola. “Diferentemente do caráter assistencialista, temos uma abordagem direti-va, resolutiva, que busca fazer o sujeito entender melhor a doença e aderir melhor ao tratamento”, observa.

Com uma equipe multidisciplinar formada por profissionais de enfermagem, nutrição, pedagogia, psico-logia e serviço social, o Ceaps também desenvolve ações de capacitação para profissionais e tem como base de trabalho a Política Nacional de Promoção da Saúde do Ministério da Saúde.

AtividadesAs práticas educativas compreendem a educação

em saúde e a Brinquedoteca. Com os adultos, sejam pais ou pacientes, são feitas rodas de conversa e dinâmicas para promover informação e conhecimento sobre saúde e autocuidado. “Falamos dos direitos e deveres de cada um, discutimos temas atuais, propomos reflexão. Assim, o usuário pode chegar à cidade onde mora e lutar por seus direitos, pois sabe os caminhos a percorrer para ga-rantir assistência”, conta a coordenadora do Ceaps.

Para Maria Nazaré, mãe de Maria Eduarda, a opor-tunidade de interagir com outros pais é muito importan-te: “É muito bom poder trocar experiência, já participei de conversas aqui sobre expectativas para o futuro e a importância do vínculo materno e gosto muito”.

Com atividades realizadas todos os dias, a Brin-

Educação a serviço da saúde Centro de Educação e Apoio Social propõe práticas educativas para promover a saúde Rafaella Arruda

quedoteca é, segundo a coordenadora do Ceaps, a grande mediadora da ação. A proposta é trabalhar a cidadania, mas com meto-dologia diferente daquela destinada a adultos e ado-lescentes: “Nesse espaço lúdico, trabalhamos com a criança a corresponsa-bilização no tratamento e

damos noções gerais de saúde, além de ser uma oportunidade para ela se divertir com outras crian-ças”.

A Brinquedoteca também é onde Natan, de um ano e meio, paciente de fenilcetonúria, se di-verte e interage com ou-tras crianças, conta a avó, Maria de Lourdes, de Ara-xá, que frequenta o Ceaps uma vez ao mês. “Ele é muito novo ainda, mas

Foto: Bruna Carvalho

gosta de colorir e brincar de carrinho com os outros meninos”.

No Ceaps, as fa-mílias têm acesso ainda a transporte em todo per-curso das unidades assis-tenciais da capital, refei-tório, sala de descanso e berçário, além de orien-tação de suporte para o

tratamento. Como lembra Isabel Spíndola, a propos-ta de ser não apenas um local de apoio social, mas, principalmente, um centro de educação, é uma marca nacional do Nupad en-quanto Serviço de Triagem Neonatal. “Como propõe o educador Paulo Freire, queremos empoderar o su-jeito, dar a ele autonomia para ter o controle da pró-pria vida e acreditar que é agente transformador da realidade”, garante.

Atividade na Brinquedoteca do Ceaps

“Diferentemente do caráter assistencialista, temos uma abordagem

diretiva, resolutiva, que busca fazer o sujeito entender melhor a doença e

aderir melhor ao tratamento”

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7Saúde Informa - Março de 2014

Foto: Bruna Carvalho

SAÚDE MENTAL

Ela não escolhe idade, cor, cre-do ou status social. A depres-

são, comumente chamada de mal do século, atinge de 10% a 15% da população mundial e já é a segun-da principal causa de incapacita-ção, atrás apenas das doenças car-diovasculares. A depressão é uma “doença devastadora”, reconhece o professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, Breno Sa-tler, mas ele ressalta que, por outro lado, ela tem um tratamento muito eficaz.

O professor explica que existem dois conceitos, interliga-dos, que são sintomas caracterís-ticos da depressão: o desamparo aprendido e a desesperança apren-dida. O desamparo é quando a pessoa tem a sensação de que não consegue receber a ajuda. Já a de-sesperança é quando ela acredita que nada que fizer terá resultados. “O paciente se queixa que nada vai melhorar, não vê saída, e conside-ra o futuro sombrio. É quando a pessoa para de reagir. Ela acha que fazendo ou não algo para mudar de situação, vai sofrer do mesmo jeito”.

Quando os sintomas apa-recem, muitas vezes, a pessoa não busca ajuda sozinha. “Ela não consegue estabelecer uma crítica sobre a situação, e nesse momento é importante que alguém a leve ao médico”, recomenda o professor.

SinaisBreno ensina que quan-

do a pessoa está deprimida é co-mum a apresentação de uma série de manifestações. É a tristeza que não tem explicação ou razão de ser, perceptível pela mudança de comportamento. “No trabalho, a pessoa perde a iniciativa e a mo-tivação, diminui a produtividade”. Já na vida social e familiar, o pro-

Mariana Pires

Ajuda para subir o poço É possível vencer a sensação de desesperança e desamparo, sintoma da depressão

fessor exemplifica o isolamento e a perda do entusiasmo. “É importante frisar, porém, que o mais importante é observar a relação da pessoa com ela mesma. Pode ser característi-ca de algumas pessoas mais introvertidas, por exemplo, esse isolamento social. Não significa que ela está deprimida”, explica.

Dentro das situações indicativas, Bre-no cita também os distúrbios do sono. “A dificuldade de dormir é muito comum não só em quadros de depressão, mas na maioria dos transtornos psiquiátricos, e em situações clínicas também”, explica. Isso inclui insônia, acordar muito cedo, dormir mal, acordar no meio da noite e não retomar o sono.

O diagnóstico começa com uma boa avaliação médica e psiquiátrica. “O abuso de

O professor Breno Satler ressalta que a depressão tem tratamento eficaz

“O paciente se queixa que nada vai melhorar, não vê saída, e considera o futuro

sombrio. É quando a pessoa para de reagir. Ela acha

que fazendo ou não algo para mudar de situação, vai

sofrer do mesmo jeito”

álcool e o uso de drogas podem levar a sintomas parecidos com a depressão”, exemplifica o pro-fessor. Só depois que as causas secundárias são excluídas, é rea-lizado o diagnóstico e, aí sim, é iniciado o tratamento que busca a remissão da doença.

Qualidade de vidaPara o professor, uma

das medidas mais eficazes na prevenção e combate à depres-são é a mudança de comporta-mento. “Atividades físicas le-ves e moderadas, como ir a pé à padaria, descer do ônibus um ponto antes, subir e descer es-cadas são pequenas ações, sim-ples e gratuitas, para a pessoa se manter ativa”, aconselha.

O professor destaca ain-da a importância da alimenta-ção correta. “O que a pessoa come reflete o seu estilo de vida”. Outra dica é buscar o engajamento em atividades so-ciais, grupos de estudo, com interesses em comum, hobbys. “É importante estar social-mente ativo e envolvido com a comunidade”, frisa. Uma coisa que é simples e faz muita dife-rença na qualidade de vida da pessoa é adequar o sono. “Ter hora certa para dormir e para acordar todos os dias”.

Breno Satler afirma que existem no mercado, hoje, cer-ca de 40 medicamentos antide-pressivos com eficácia compro-vada, que podem ser prescritos pelo psiquiatra. “Porém, é fun-damental que o paciente bus-que a psicoterapia associada aos remédios. O antidepressivo não resolve tudo. Ele vai moti-var o paciente, mas não vai re-solver suas dificuldades. É um trabalho em conjunto para que haja a melhora do paciente”, orienta.

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INSTITUCIONAL

Saúde Informa - Março de 20148

IMP

RES

SO

Os professores Tarcizo Nunes e Humber-to Alves, dos departamentos de Cirurgia

e Anatomia e Imagem, respectivamente, serão empossados no dia 11 de abril como diretor e vice-diretor da Faculdade de Medicina da UFMG.

Em consulta feita à comunidade em dezembro do ano passado, a Chapa 2, forma-da por Nunes e Alves, recebeu 67,25% dos votos válidos e foi a vencedora para assumir o mandato 2014-2018. Em números abso-lutos, a Chapa 2 re-cebeu 217 votos de professores, 62 de funcionários técni-cos-administrativos e 525 de estudantes.

Às véspe-ras de assumirem a direção da Unida-de, Tarcizo Nunes e Humberto Alves adiantam um pouco do que será a gestão da Faculdade de Me-dicina nos próximos quatro anos. Confira:

O que o professor, o aluno e o funcionário da Faculdade de Medicina podem esperar da nova gestão?Muito trabalho e dedicação para atender as demandas e propor melhorias no ensino, na pesquisa e na extensão.

Há um compromisso de continuidade com a atual gestão? A gestão atual foi coroada por inúmeras reali-zações, como é de conhecimento da comuni-dade. Há compromisso em dar continuidade a todos os projetos relevantes da atual gestão e que são fundamentais para o desenvolvi-mento da Faculdade de Medicina, tais como as obras de revitalização do prédio.

AconteceChocolate

A primeira edição de 2014 do projeto Quarta da Saúde terá como tema o chocolate, com a participação da nutróloga e cirurgiã Maria Isabel Correia, professora do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG. A especialista irá falar sobre o assunto e, em seguida, esclarecerá as dúvidas da plateia. Gratuita e aberta ao público, a palestra será no dia 26 de março, às 12h30, na sala 150 da Faculdade de Medicina da UFMG. Informações: w w w . m e d i c i n a . u f m g .b r / q u a r t a d a s a u d e Doença Falciforme

Assuntos como oftalmo-logia, cardiologia e saúde da mulher com doença fal-ciforme serão abordados nos dias 1º e 2 de abril, du-rante o II Workshop Projeto Atenção Especializada para Doença Falciforme (PAE). Promovido pelo Centro de Educação e Apoio para He-moglobinopatias (Cehmob-MG), o evento é voltado para especialistas, estagiários do PAE, hematologistas indicados pela Fundação Hemominas e demais inte-ressados. Inscrições e infor-mações: www.cehmob.org.br Revalidação

As inscrições para o proces-so de revalidação de diplo-mas estrangeiros da UFMG serão abertas no dia 17 de março e prosseguem até 10 de abril. Requerentes que participaram do processo no ano passado e tiveram parecer indeferido poderão solicitar o aproveitamento da documentação já envia-da. O edital está disponível no site da Pró-Reitoria de Graduação da UFMG: www.ufmg.br/prograd .

Larissa Rodrigues

Durante a campanha, os senhores solicitaram sugestões da comunidade. Essas sugestões serão aproveitadas? Todas as sugestões feitas pelos discentes, docentes e técnicos-administrativos em educação serão aproveitadas, após serem discutidas nas reuniões com os diversos segmentos nos primeiros meses da gestão. A reativação do Conselho Departamental é uma delas, uma vez que será ampliado um importante fórum de discussão.

Quais medidas os senhores preten-dem implantar logo no começo do man-dato?Na realidade, a transi-ção da gestão já está acontecendo grada-tivamente. O profes-sor Francisco Penna tem agido de manei-ra magnânima, pois em todas as decisões importantes somos chamados a opinar. As medidas que terão impacto no futuro,

como os cenários de ensino para os cursos de graduação, já foram discutidas com o reito-rado eleito e gestores da saúde do município e federal. Outro ponto discutido com o rei-torado eleito foi a participação de membros da Faculdade de Medicina na equipe que está sendo formada, assim como as modificações nos hospitais das Clínicas e Risoleta Neves.

Qual o principal desafio para esta gestão e qual a estratégia para enfrentá-lo?O principal desafio é a implantação do novo currículo do curso médico, sobretudo quan-to à ampliação do quadro de docentes com o perfil para a atenção primária e dos cenários de prática. Para tanto, já iniciamos as discus-sões com o Colegiado de Graduação, o reitor e gestores de saúde.

Nova diretoria assume em abril Professores falam sobre expectativas, propostas e desafios

Foto: Bruna Carvalho