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RELATRIO DE DIAGNSTICO PARA ESTUDO DE PROJETO DE URBANIZAO DO BAIRRO DE SO CRISTVO

Carolina Machado Martins Elisete Alvarenga da Cunha Gustavo Abrantes Alves

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Mas quando o poder pblico pensa no bairro de So Cristvo, eles pensam para mandar para c o que a gente no quer. Para mandar a Vila Mimosa, Ai inventam essa feira, ai que ningum consegue dar conta disso. Ai um vereador inventa criar um bairro dentro do bairro de So Cristvo, para qu? O que isso vai trazer de benefcio para o morador? Ramon Neto, Representante da Associao de Moradores e Amigos de So Cristvo

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SUMRIORelatrio de diagnstico para estudo de projeto de urbanizao do bairro de So Cristvo..........................1

Sumrio..............................................................................................................................4 Ocupao Territorial.........................................................................................................9O Surgimento do Campo de So Cristvo......................................................................................................9 A Vinda da Famlia Real................................................................................................................................11

Geomorfologia.................................................................................................................11 Crescimento social.........................................................................................................13 Crescimento econmico.................................................................................................13Expanso urbana.............................................................................................................................................14 So Cristvo X Cidade do Rio de Janeiro....................................................................................................15

A Industrializao do bairro de So Cristvo.............................................................15O Surgimento das Favelas no Bairro Industrial..............................................................................................17 A Avenida Brasil e o Comrcio......................................................................................................................19

So Cristvo antigo e atual..........................................................................................21O padroeiro e a origem do nome....................................................................................................................21 A Igrejinha de So Cristvo ........................................................................................................................22 O Campo de So Cristvo............................................................................................................................23 O Pavilho de Exposies..............................................................................................................................25 O Entorno do Campo......................................................................................................................................25 Instituies de Memria e a Quinta da Boa Vista..........................................................................................28 O Observatrio Nacional................................................................................................................................30 O Estdio de So Janurio..............................................................................................................................30 A Feira Nordestina..........................................................................................................................................31

Aspectos scio-econmicos da populao..................................................................34 Vocao...........................................................................................................................36Dinmica das atividades econmicas existentes e relaes com os centros prximos mais significativos.. .36 Atividade industrial........................................................................................................................................36 Atividade comercial........................................................................................................................................38 As atividades de lazer.....................................................................................................................................39 Recursos ambientais, culturais e outros e respectivas potencialidades..........................................................40 Levantamento dos imveis fechados..............................................................................................................40 Eventos Culturais............................................................................................................................................41

Participao Comunitria...............................................................................................42Conhecimento das expectativas e necessidades da populao.......................................................................42 Estrutura de organizao social e liderana. Principais anseios da Comunidade...........................................42 Relao da comunidade com os recursos sociais, institucionais, comunitrios, de sade, educacionais e ambientais.......................................................................................................................................................44 Quinta da Boa Vista........................................................................................................................................45 Campo de So Cristvo................................................................................................................................46

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Sade..............................................................................................................................................................47 Educao.........................................................................................................................................................47 Transporte.......................................................................................................................................................47 Comrcio........................................................................................................................................................48 Estrutura urbana..............................................................................................................................................49 Coleta de lixo..................................................................................................................................................49 Iluminao e segurana...................................................................................................................................49 Problemas que envolvem o trecho do Campo de So Cristvo at a rua So Luis Gonzaga (Largo do Pedregulho).....................................................................................................................................................50 Patrimnio histrico.......................................................................................................................................51

Meio Ambiente Urbano e Infra-estrutura.......................................................................52Uso do solo da rea e seu entorno..................................................................................................................52 Organizao do espao pblico das vias: comrcio ambulante, relao dos pontos de nibus com o comrcio local, pontos de encontro, moradia, etc..........................................................................................54 Espaos significativos/marcos de referncia..................................................................................................54 Patrimnio histrico e cultural........................................................................................................................54 Caractersticas da regio.................................................................................................................................55 Condies Ambientais: Rudos provocados pelos usos urbanos....................................................................55 Condies Ambientais: Poluio ambiental...................................................................................................55 Condies Ambientais: Problemas do meio ambiente no bairro de So Cristvo.......................................56 Iluminao pblica e segurana......................................................................................................................57 Condies de deslocamento de pessoas idosas e deficientes..........................................................................57 Outros espaos e praas da rea.....................................................................................................................58 Aspectos histricos e culturais: usos e expectativas da comunidade.............................................................59 Caladas: material utilizado na pavimentao e estado de conservao........................................................59 Barreiras fsicas e elementos de transposio.................................................................................................59 Relao com o entorno, eventos e feiras........................................................................................................60 Freqncia de uso por crianas, pessoas idosas e portadores de deficincia. Utilizao por populao de rua e ambulantes...................................................................................................................................................60 Avaliao das praas e espaos verdes e da sua utilizao, elementos urbanos, estado atual de conservao ........................................................................................................................................................................60 Quinta da Boa Vista........................................................................................................................................61 Mobilirio Urbano e Comunicao Visual: quanto quantidade e adequabilidade, implantao/localizao dos equipamentos...........................................................................................................................................61 Mobilirio Urbano e Comunicao Visual: papeleiras e coleta de lixo.........................................................61 Mobilirio Urbano e Comunicao Visual: avaliao das condies de toldos e letreiros............................62 Avaliao do sistema de sinalizao: placas de trnsito, semforos, placas indicativas e informativas, publicidade e displays.....................................................................................................................................62 Iluminao Pblica fonte: RIOLUZ............................................................................................................62 Esgoto Sanitrio fonte: CEDAE..................................................................................................................63 Sistema Virio e Transporte...........................................................................................................................64

Imagem do Bairro............................................................................................................67Vias.................................................................................................................................................................67 Limites............................................................................................................................................................67 Bairros............................................................................................................................................................68 Cruzamentos...................................................................................................................................................68 Pontos Marcantes............................................................................................................................................69

Legislao........................................................................................................................70Diretrizes para a rea de Planejamento 1 (onde se encontra o bairro de So Cristvo), segundo o Plano Diretor da Cidade do Rio de Janeiro...............................................................................................................73

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Referncias Conceituais.................................................................................................76 Propostas para o projeto de interveno......................................................................81Restaurao da identidade local (propostas culturais)....................................................................................82 Solues e reformulao de reas de lazer j existentes.................................................................................82 Reformulao dos equipamentos urbanos na rea escolhida..........................................................................83 Solues de circulao para pedestres e automveis......................................................................................83 Solues para reas de enchente.....................................................................................................................84

Procedimentos Metodolgicos......................................................................................87 Principais Vias (imagens antigas)..................................................................................90 Fotos Atuais....................................................................................................................92 Projeto de modificao e revitalizao do pavilho de So Cristvo (elaborao de estudo preliminar) ........................................................................................................111 Srgio W. Bernardes, Setembro/1997..........................................................................111Memorial Pavilho de So Cristvo...........................................................................................................111

Matria publicada na revista Veja Rio em Maio/2001.................................................113Os projetos que no saram do papel............................................................................................................114

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INTRODUOLEVANTAMENTO HISTRICO7

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OCUPAO TERRITORIALA ocupao inicial da rea onde hoje se encontra o bairro de So Cristvo faz parte do processo de edificao da cidade do Rio de Janeiro. Antes das investidas colonizadoras dos portugueses, a rea de So Cristvo parece ter sido ocupada por uma aldeia de ndios tamoios araroue aliados dos huguenotes franceses, quando estes fizeram a primeira investida contra os domnios coloniais portugueses. Durante as lutas de reconquista do territrio ocupado pelos franceses no sculo XVI, Estcio de S fundou a cidade do Rio de Janeiro a 1 de maro de 1565. Em 1 de julho de 1565, mal iniciados os combates, Estcio de S doou Companhia de Jesus uma imensa sesmaria, abrangendo as terras ainda desconhecidas dos portugueses que se estendiam, a grosso modo, do Rio Comprido a Inhama. Traava-se a estratgia de ocupao da regio contando com os jesutas antes mesmo de estar solucionada a incmoda presena francesa. No ano de 1568, o governador geral Mem de S expediu o alvar que legitimava a doao feita por Estcio de S ao Colgio dos Jesutas do Rio de Janeiro, So Cristvo, como bairro, comeou na praia. Por volta de 1627 os jesutas edificaram a igrejinha dedicada ao culto de So Cristvo, junto praia que passou a ter o mesmo nome, freqentada, principalmente, pelos pescadores que amarravam suas canoas prximas porta. O acesso era difcil, como de resto para toda a plancie, por causa dos grandes alagados que compunham a paisagem do recncavo. Prximo igrejinha passava o caminho de So Cristvo que, alm de servir aos jesutas, se constitua numa via ao interior para os moradores da cidade.

O SURGIMENTO DO CAMPO DE SO CRISTVOPela estrada de So Cristvo circulavam as tropas e os viajantes; to logo, prximo a ela apareceu uma pequena povoao com seu rossio, o Campo de So Cristvo. A rea, at meados do sculo XVIII, encontrava-se ocupada pela fazenda dos Jesutas, as chcaras e stios que os padres arrendavam e a pequena povoao prxima do rossio. O arrabalde ocuparia uma funo econmica importante na vida da cidade, principalmente por abastec-la com gneros variados (legumes, verduras, arroz e carnes, 9

por exemplo). Um impacto mais direto sobre a evoluo de So Cristvo foi a expulso dos jesutas de Portugal e de seus domnios coloniais por volta de 1759. Incentivado peIo Marqus de Pombal, Sebastio Jos de Carvalho e Meio, o rei dom Jos I determinou que os bens dos jesutas fossem inventariados e seqestrados para serem incorporados ao errio real, exceto o que estivesse diretamente vinculado s atividades de culto e caridade. A expulso dos jesutas, o seqestro de seus bens e a transferncia da sede do poder colonial de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763, produziram um impacto importante na evoluo da cidade; e So Cristvo sentir seus reflexos.

Rugendas, J. M. Campo de So Cristvo: Povo saudando D. Pedro I. 1825.

Parceladas as fazendas e engenhos que pertenceram aos jesutas, um dos lotes foi adquirido pelo negociante Antnio Elias Lopes. A chcara por ele adquirida estendia-se das margens do rio Maracan at a praia, entre o saco de So Cristvo e o de lnhama, e recebeu o nome de Quinta da Boa Vista. A sede da chcara foi edificada no alto de uma elevao, de vegetao abundante, que sobressaa em meio quela zona repleta de alagados e pntanos. A Quinta da Boa Vista, considerada uma das mais nobres residncias do Rio de Janeiro, ficou pronta poucos anos antes da vinda da famlia real. Logo D. Joo transformaria o requintado palacete em sua residncia no Rio de Janeiro. Outras residncias que pertenceram aos padres tomaram destinos distintos. A antiga sede da fazenda de So Cristvo foi destinada a acomodar o hospital dos Lzaros, que foi inaugurado em 12 de janeiro de 1765, pelo primeiro vice-rei do Rio de Janeiro, o conde da Cunha, ficando a sua administrao entregue irmandade da 10

Candelria. O conde de Bobadela, na sua condio de vice-rei, criou no quase deserto bairro de So Cristvo um asilo para os lzaros limitado a choupanas para desvi-lo do Centro da cidade e do contato com a populao e tambm para prestar-lhes alimentao, dirigido por alguns donatos do convento dos franciscanos, e servido por alguns escravos e escravas condenados, que se retiravam da capela para esse fim, sendo a manuteno feita a expensas do vice-rei.

A VINDA DA FAMLIA REALA instalao da famlia real no incio do sculo XIX no Rio de Janeiro se constitui num marco decisivo para So Cristvo. A ocupao da rea ganha no apenas um novo impulso, com a instalao da Corte portuguesa, mas uma nova qualidade. Entre os alvores e meados do sculo, a povoao de So Cristvo, beira da estrada e boca do serto, converteu o local no mais aristocrtico arrabalde do Rio de Janeiro. A destinao da Quinta da Boa Vista como local de residncia da famlia real atraiu para l grande nmero de chcaras algumas suntuosas habitadas, temporria ou permanentemente, pela fidalguia portuguesa instalada na cidade, e pelos funcionrios, fazendeiros e comerciantes, que procuravam estar prximo do poder real.

GEOMORFOLOGIAAlm de uma floresta e da considervel fauna, So Cristvo possua outras caractersticas naturais que lhe eram peculiares. Primeiro os morros, cujos nomes iro se definindo e modificando medida que progride a ocupao humana da rea o morro de So Lzaro, o morro ocupado pela chcara da Boa Vista e que teria o topnimo de Olimpo Imperial; denominaes mais recentes so as dos morros do Barro Vermelho, do Breves, do Retiro da Gratido, do Retiro da Amrica, do Pedregulho, do Telgrafo, de So Janurio e do Caju. Segundo, as praias que compunham a vala pantanosa de So Cristvo e que desapareceram neste sculo sob os aterros feitos para as obras do porto e, depois, para a Avenida Brasil. A praia das Palmeiras formava uma das margens do brao do mar conhecida como saco de So Diogo; em seguida, vinham as praias dos Lzaros, de So 11

Cristvo e do Caju; do outro lado da ponta do Caju, a praia do Retiro Saudoso.

Steinman, J. So Cristvo e Saco do Alferes, vista panormica dos morros que cercam So Cristvo. 1830. Souvenirs de Rio de Janeiro.

Em terceiro lugar, os pntanos que recobriam praticamente toda a plancie compreendida entre os morros e as praias. Eram uma extenso do saco de So Diogo, cuja zona de espraiamento, verdadeiramente colossal, atingia, de um lado, o Retiro Saudoso e, de outro, as bordas do Campo de Santana. Mas a existncia desses parmetros se devia tambm s guas pluviais que escorriam das vertentes dos morros para a plancie, e as guas dos rios e crregos que a sulcavam para desaguarem no saco de So Diogo. Os jardins luxuriantes das chcaras estavam prximos aos pntanos, difceis de vencer. O quarto elemento definidor so os rios. Destacavam-se pelo volume de gua o rio Maracan, que nascia na cascatinha da Tijuca e, engrossado por vrios mananciais da serra do Andara, desaguava na praia Formosa; na mesma praia se lanava o rio Pituba ou da Joana. O rio Trapicheiro, originrio da serra do Corcovado, conflua com o Maracan pouco antes de sua foz. Na bica dos Marinheiros desaguava o rio Catumbi, mais tarde Coqueiros, denominado lguau pela Cmara e, finalmente, rio Comprido. A floresta, a fauna, as praias, os morros, os pntanos e os rios formavam uma moldura natural onde j tinham sido inscritas as primeiras marcas de ocupao humana, nos sculos XVII e XVIII.

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CRESCIMENTO SOCIALA partir da primeira dcada do sculo XIX, So Cristvo assumiu um ar aristocrtico que sintetizava a estratificao social e o modo de vida da sociedade brasileira. Podemos afirmar que a vida social em diferentes pocas da histria de So Cristvo guarda uma sntese da sociedade brasileira. Primitivamente a rea foi habitada por tribos indgenas, que depois de expulsas cederam a regio ocupao de padres, ndios mansos, escravos africanos, colonos cultivadores e pescadores. Logo depois de seqestradas e repartidas as propriedades que pertenceram aos jesutas, sugiram vrias chcaras, stios, o matadouro, as fbricas e caminhos que fizeram de So Cristvo um arrabalde importante no abastecimento da cidade. Chegada a famlia real, a sntese social se faz completa; do prncipe regente massa de escravos africanos, a hierarquia da sociedade escravista, permeada pelos sitiantes, plantadores residentes e absentestas, fidalgos, negociantes, pescadores e viajantes, todos se encontram no bairro. A culminncia da sntese social ser no Imprio, quando o palacete da Quinta da Boa Vista continuar hospedando os imperadores e nos contornos da residncia real encontrarem a aristocracia brasileira.

CRESCIMENTO ECONMICOA partir de meados do sculo XIX, modificaes importantes ocorrem nas formas de ocupao de So Cristvo. Muda o perfil social de sua populao, a natureza de seu trfego, as formas e funes de suas edificaes, o contedo de suas atividades predominantes. Estas mudanas inserem-se nas transformaes por que passa a cidade do Rio de Janeiro, alvo dos investimentos estrangeiros liderados pela Inglaterra. A exportao de capitais realiza-se sob forma de emprstimos pblicos e investimentos diretos em ferrovias, navegao a vapor, instalaes porturias e servios pblicos. Na cidade do Rio de Janeiro generalizou-se o emprego do trabalhador livre e assalariado, principalmente nas reas relacionadas circulao de mercadorias, base da economia urbana. A cidade vive um perodo de crescimento devido ao desenvolvimento da produo cafeeira, sendo um mercado consumidor, produtor e distribuidor de bens, de

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crdito e de mo-de-obra. Em 1855, foi constituda a Estrada de Ferro D. Pedro lI, presidida por Cristiano Benedito Ottoni, tendo por acionistas importantes cafeicultores fluminenses e o prprio governo imperial. Seu primeiro trecho, construdo por empreiteiros ingleses, foi inaugurado em 1858, indo da estao Central, no Campo de Santana, estao de Queimados. Devido aos excessivos custos foi falncia, sendo encampada pelo governo imperial, em 1861, que direciona suas linhas pelas reas produtoras de caf do Rio de Janeiro, Minas Gerais e So Paulo, articulando-as diretamente ao porto da capital. Em So Cristvo, o leito da Estrada de Ferro D. Pedro II seccionou um trecho do parque da Quinta da Boa Vista, onde ainda em 1858 foi aberta a estao de So Cristvo. J recursos como a iluminao gs demorou a chegar. A primeira fbrica de iluminao foi fundada em 1851, pelo baro de Mau, porm So Cristvo s passa a ser iluminada gs em 1863, mudando completamente sua paisagem urbana. O esgoto, por sua vez, chega ao bairro em 1875.

EXPANSO URBANAO bonde vai ter um papel de destaque na formao de So Cristvo. Chcaras e fazendas so retalhadas, abrem-se ruas, surge toda uma nova edificao nos lotes postos venda, modificando-se o contedo social dos bairros que gravitam em torno do Centro da cidade. Alguns bairros surgem em funo das companhias de carris, como Vila Isabel e Vila Guarani em So Cristvo. Nesta poca (final de 1870) j se encontravam configurados os vetores principais de irradiao dos ramais da linha de So Cristvo. Considerando-se o Campo de So Cristvo como centro do bairro, um dos vetores se direcionava para a Cancela e Pedregulho, e o outro, na direo do Caju e Benfica. Com a extenso dos trilhos dos bondes, as redes de gua, os esgotos e gs penetraram em So Cristvo, largas extenses de mangues e charcos foram dessecadas, muitas chcaras divididas e leiloadas. Novas ruas surgem, com um novo tipo de edificao, os chals, os sobrados, as casas de vilas chamadas avenidas, as fbricas e os cortios. Em linhas gerais, delineia-se a ocupao dos stios de So Cristvo: as camadas

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altas da sociedade se localizam no sop das vrias colinas, nas ruas da Alegria, rua Bela, rua So Lus Gonzaga e rua So Cristvo, enquanto a populao operria se instala nas partes no construdas das ruas antigas ou nas colinas.

SO CRISTVO X CIDADE DO RIO DE JANEIRODurante algum tempo, So Cristvo foi rival de Botafogo como rea residencial das camadas abastadas da cidade. At a dcada de 1880, possuindo o melhor sistema de fornecimento de gua do Rio de Janeiro, mantinha vantagem em relao a Botafogo. Era tambm um dos arrabaldes mais bem servidos pelos melhoramentos de esgotos sanitrios e abastecimento dgua. Porm, antes mesmo da proclamao da Repblica, Botafogo j era mais procurado para local de moradia pela alta burocracia brasileira e pelo corpo diplomtico. Sem dvida, para esta situao em muito contribuiu a ideologia que associava o estilo de vida moderno localizao residencial beira-mar. Assim, So Cristvo perde seu prestgio junto monarquia, tornando-se representativo de um estilo de vida ultrapassado mesmo sendo este melhor servido infra-estruturalmente.

A INDUSTRIALIZAO DO BAIRRO DE SO CRISTVOA instalao de indstrias em So Cristvo ocorre de forma espontnea e inserese no contexto do surgimento de algumas fbricas na cidade do Rio de Janeiro, a partir dos meados do sculo XIX, beneficiadas pelo acmulo de capitais gerados no s pelo excedente da primeira fase da expanso cafeeira pelo Vale do Paraba, como tambm, provenientes das atividades comerciais da exportao realizadas atravs do seu porto. Em So Cristvo as indstrias instalam-se de forma espontnea, localizando-se de preferncia nas praias de So Cristvo e do Caju, onde se espalhavam os trapiches e os armazns. Ocupam ainda reas conquistadas aos pntanos e os velhos casares abandonados pelas classes abastadas. A existncia do matadouro em So Cristvo certamente contribuiu para o estabelecimento, na rea, de curtumes, fbricas de vela e sabo, e de salsichas. Este processo de deslocamento das unidades industriais para So Cristvo consolidou a modificao do perfil do bairro, que perdeu seu prestigio como rea 15

residencial nobre para se tornar rea industrial. O motivo para esta modificao encontra-se basicamente em sua localizao, que permitia um decrscimo nos custos com infra-estrutura. O bairro era um dos mais bem servidos na poca, principalmente pelo abastecimento de gua. Localizava-se prximo aos eixos ferrovirios e aos diversos portos que serviam cidade, como: o cais dos Marinheiros, cais Pharoux, Gamboa e ponta do Caju, necessrios para a indstria importar matrias-primas e exportar os seus produtos. Tambm tinha a possibilidade de utilizar os antigos casares, residncias da elite que se deslocou para a Zona Sul da cidade.

Companhia Luz Sterica e Moinho da Luz, uma das primeiras indstrias da cidade. Rio Ilustrado, 1934.

Quanto modernizao do porto do Rio de Janeiro, visou-se adapt-lo ao volume e velocidade da circulao de mercadorias, justificando sua posio de terceiro porto mais importante do continente americano, superado apenas pelos de Nova lorque e Buenos Aires. A construo de um novo cais e da avenida Rodrigues Alves exigiu a demolio de armazns, trapiches e o aterro de numerosas enseadas, com o entulho procedente do arrasamento do morro do Senado. Para So Cristvo, estas obras representaram o incio da perda de sua regio praieira. A abertura da avenida do Cais, ligada ao funcionamento do porto, estabeleceu uma ligao direta deste com o Centro da cidade e com a zona industrial emergente em So Cristvo da praa Mau avenida Francisco Bicalho, aberta no bairro de So Cristvo, nas margens do prolongamento do canal do Mangue.

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O SURGIMENTO DAS FAVELAS NO BAIRRO INDUSTRIALA reforma urbana de Pereira Passos foi o marco inicial da transformao do uso do solo em So Cristvo, de residencial para industrial. As reformas no Centro da cidade foraram o crescimento das favelas, por terem deixado, em quatro anos, cerca de vinte mil desabrigados. Em So Cristvo, desde fins do sculo XIX, o morro dos Telgrafos foi ocupado por cocheiras e capatazes do Pao de So Cristvo, na Quinta da Boa Vista. No comeo de sculo XX o morro da Mangueira foi sendo ocupado, em sua grande parte, em terreno de particulares. Sua origem est ligada moradia para empregados de comerciantes do local. J o parque da Candelria tem sua ocupao datada de cerca de 1916, em terreno pertencente Irmandade Nossa Senhora da Candelria, para servir de moradia aos soldados que serviam nos batalhes instalados prximos ao local. O decreto-lei 6000/37 e a legislao complementar at 1950 definiram as zonas industriais para a cidade do Rio de Janeiro, dentre elas So Cristvo, onde foi estimulada, nesse perodo, a instalao de grandes indstrias, principalmente na poro leste. Foi nesta poca que o compositor Wilson Batista, o prottipo do malandro, comps, juntamente com Ataulfo Alves, em 1941, o samba: O bonde de So Janurio. Na primeira verso desse samba, a palavra operrio era na verdade otrio, que foi substituda depois que o Departamento de Imprensa e propaganda (DIP) procurou controlar mais a msica popular brasileira. O samba passou a exaltar o trabalho do operrio, tomando como referencial a zona industrial de So Cristvo:

Samba: O bonde de So Janurio

Quem trabalha que tem razo Eu digo e no tenho medo de errar

O bonde So Janurio Leva mais um operrio 17

Sou eu que vou trabalharAntigamente eu no tinha juzo

Mas resolvi garantir meu futuro Sou feliz, vivo muito bem A boemia no d camisa a ningum

E digo bem

(Cabral, Srgio. Getlio Vargas e a msica popular brasileira)

Na dcada de 30, em So Cristvo, surgiram as favelas comunidade da Barreira do Vasco e a comunidade Marechal Jardim. A Barreira do Vasco iniciou sua ocupao em 1931, vindo se consolidar somente no final da Segunda Guerra Mundial, com a doao de uma rea, por Getlio Vargas, para servir de moradia para ex-pracinhas. J a comunidade Marechal Jardim desenvolve-se a partir de 1930, em terreno particular. Inicialmente constroem-se a moradias para os desabrigados das enchentes. Na dcada de 40, o morro do Tuiuti, pelas informaes dadas por morador antigo, originou-se de moradias de operrios da indstria de So Cristvo, geralmente migrantes dos diversos estados. A partir de 1950 surgiram: o parque Erdia de S, o parque Vitria, a vila Arar, a comunidade Retiro Saudoso e a comunidade Ferreira Arajo. O parque Erdia de S teve seu incio, na dcada de 50, em terreno do Estado para servir de moradia aos trabalhadores da Estrada de Ferro Central do Brasil e, posteriormente, para os operrios das indstrias de So Cristvo. No parque Vitria inciou-se a ocupao do terreno da Comlurb, em 1951, pelos catadores de lixo os xepeiros do aterro sanitrio instalado no local. A ltima favela instalada em volta do bairro, em terreno do Estado, foi o conjunto Ataulfo Alves, em 1967, para servir de moradia aos desalojados pela construo do viaduto Ataulfo Alves.

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A AVENIDA BRASIL E O COMRCIONa poca da administrao Henrique Dodsworth (dcada de 40), a abertura da avenida Brasil teve implicaes importantes para So Cristvo. O bairro, que j era o principal plo industrial do municpio, ganhou importncia como um dos principais eixos da malha viria, com acesso fcil e rpido a diversos pontos da cidade, como os subrbios. Isto provocou uma forte valorizao dos terrenos do bairro. As grandes indstrias, necessitando ampliar suas instalaes, aproveitaram-se da valorizao dos terrenos que ocupavam para vend-los e se mudarem para reas mais distantes, agora servidas pela avenida Brasil.

Avenida Brasil. s/d ou c. 1945. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro.

So Cristvo passou a concentrar pequenas indstrias e comrcio atacadista. Para estes, a valorizao dos terrenos no foi obstculo to grande, dado que ocupavam reas relativamente pequenas, alm de poderem adaptar s suas necessidades os prdios velhos ali existentes. A proximidade do Centro da cidade, do porto, as facilidades de transporte e a abundncia de mo-de-obra mais que compensavam qualquer sacrifcio para ali se instalarem. O comrcio varejista local modesto, como de se esperar numa zona industrial de baixa especializao instalou-se basicamente nas ruas servidas pelos transportes coletivos, com destaque para as ruas Bela, Figueira de Melo e trecho da So Lus Gonzaga. Atendia, em grande parte, aos operrios das indstrias. Com a inaugurao da rodovia Rio-Bahia, aumentou o fluxo de migrantes nordestinos, vindos nos caminhes pau-de-arara, que os traziam at o campo de So Cristvo local onde os referidos caminhes aguardavam a carga que transportariam 19

na volta para o Nordeste. Esta invaso de nordestinos, paulatinamente, afastou os antigos moradores de classe mdia das ruas prximas ao Campo de So Cristvo. Suas residncias foram, em muitos casos, adaptadas por seus novos proprietrios para servirem de lojas, penses, botequins e casas de cmodos, as denominadas, cabeas-de-porco. O pice desta migrao nordestina se deu no final da dcada de 50 quando o Nordeste sofreu violenta seca. A medida em que aumentava a populao nordestina de nveis de renda mais baixos, a rea foi se deteriorando com prdios mal conservados, cabeas-de-porco etc. Paralelamente, fortaleceu-se um comrcio caracteristicamente nordestino, provando que os nordestinos haviam criado razes vide a feira que funciona no Campo de So Cristvo nos fins de semana, e as lojas da rua Senador Alencar. Na dcada de 60, So Cristvo, segundo o noticirio da cidade, possua o quarto parque industrial da Amrica do Sul. Contribua com 45% da arrecadao de ICM de todo o municpio. Destacou-se, nessa dcada, a inaugurao do Centro de Abastecimento do Estado da Guanabara (CADEG), que, na poca, era um grande mercado de hortifrutigranjeiros. Localizava-se na rua Capito Flix, bem prximo da avenida Brasil. bem ntida a concentrao de capital do comrcio atacadista em relao ao varejista, por sua vez mais modesto. Em linhas gerais, pode-se afirmar que, na dcada de 60, praticamente todos os ramos fabris possuam sede em So Cristvo, como: as indstrias de minerais no metlicos, mecnica, transporte, borracha, qumica, farmacutica. Paralelamente, estabeleceram-se na regio trapiches, depsitos, indstrias leves como: serrarias, grficas, companhias transportadoras, firmas de materiais de construo, comrcio de gneros alimentcios e bancrios. Quanto ao comrcio de automveis e seus subsdios, fortaleceu-se, localizando-se nas reas prximas ao Campo, em edifcios residenciais adaptados. Com a construo, em 1965, da Rodoviria Novo Rio, prxima ao cais do porto e da Regio Administrativa de So Cristvo, os nibus substitutos dos caminhes paude-arara , que antes estacionavam e faziam ponto no final de So Cristvo, para l se transferiram. Em 1966 e 67, iniciou-se a descaracterizao do comrcio permanente local, dando partida a um novo processo de transformao de ocupao do solo. Outra importante modificao no uso do solo comeou com a construo do 20

gigantesco pavilho, destinado s feiras e exposies, no centro do Campo de So Cristvo. Um grande nmero de prdios antigos foi adaptado para a construo de restaurantes, churrascarias e bares que atendem aos profissionais que trabalham no bairro e arredores. Ampliou-se a concentrao do comrcio especializado de automveis. Na dcada de 70, So Cristvo continuou sendo predominantemente uma zona industrial, dominando as indstrias de pequeno e mdio porte, destacando-se os estabelecimentos de armazenagem. O setor tercirio, cada vez mais, ganha importncia, principalmente com a permisso para as construes mistas, do tipo comercial-residencial.

SO CRISTVO ANTIGO E ATUALAqui esto os principais pontos do bairro, todos aqueles que formam a cara, a paisagem cultural e urbana do bairro, que constituem os seus patrimnios natural e construdo e a origem de sua identidade atravs das histrias que a compe.

O PADROEIRO E A ORIGEM DO NOMESegundo a publicao da Exposio de So Cristvo Padroeiro Museu do Primeiro Reinado, (...) a origem do nome do Santo nos remete ao sculo VI quando na Canania, regio da Palestina, nasceu ferus ou Rprodo. Em sua busca de servir ao rei mais poderoso do mundo, tornou-se andarilho e peregrino. Serviu a um rei e at mesmo a Satans, mas, ao descobrir que o primeiro temia a Satans e o segundo a Cristo, saiu em busca de Jesus. A beira do rio, certo dia, encontrou um velho ermito que lhe disse que se ajudasse as pessoas a atravessarem o rio, onde no havia ponte nem barco, estaria fazendo o bem, ajudando seus irmos e encontraria Jesus. Passava-se o tempo e nada de extraordinrio acontecia at que, um dia, a voz de uma criana pediu a ferus que o

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ajudasse a atravessar o rio; somente ao terceiro pedido, foi que conseguiu v-la. Mas, durante a travessia, as guas do rio comearam a avolumar-se, a correnteza se tornou mais forte, o vento tambm e a criana comeou a pesar-lhe sobre os ombros, fazendo com que suas pernas e braos fortes vacilassem e tremessem. Comentando com a criana que parecia estar carregando o mundo inteiro em seus ombros, recebeu a resposta: tu carregas em teus ombros no apenas o mundo, mas o prprio autor do mundo. Eu sou Jesus, a quem tu procuras. E a criana desapareceu. Seu velho amigo aproveita e o introduz nas verdades da f e ensina-lhe que Jesus Cristo, mostrando como am-lo e servi-lo, e chama-o, da em diante, Christophoros, pois conduzira Crista em seus ombros.

A IGREJINHA DE SO CRISTVOQuanto capela de So Cristvo, foi construda beira-mar, num dos recantos da baa de Guanabara, pelos jesutas, em terrenos da fazenda de So Cristvo, dentro da sesmaria que lhes fora concedida por Estcio de S, em 1565. Durante muitos anos o acesso igreja era feito pelo mar e, hora da missa, era s suas portas que os pescadores amarravam suas canoas. O mar, por diversos aterros foi levado para longe, mas a igreja, elevada matriz em 1865, foi reconstruda e ampliada e hoje se encontra na Praa Padre Sve. A festa de So Cristvo, que faz parte da tradio local, realiza-se em 25 de julho, tendo como pontos altos uma procisso, missa campal,Matriz de So Cristvo. S/d. Reproduzido de Carto Postal.

quermesse ao som de banda de msica e a procisso motorizada. H mais de um sculo, os carros percorrem vrias ruas do bairro

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acompanhando o andor que conduz a imagem do santo protetor dos motoristas. costume ainda a realizao do Baile dos Motoristas na praa Sve. Como homenagem ao padroeiro, uma imagem de So Cristvo foi colocada no incio da via Dutra (Rio-So Paulo). O histrico do espao fsico e cultural de So Cristvo deixa evidentes os

contrastes urbanos deste bairro em que se concentra grande parte do patrimnio arquitetnico, histrico, ambiental e cultural da cidade, misturado com indstrias, comrcio, trnsito pesado e desordenado. Um olhar mais atento revela suas belezas, suas mazelas.

O CAMPO DE SO CRISTVOA origem do nome Campo de So Cristvo tem sua histria atrelada ao incio do bairro, pois ali era um rossio utilizado por viajantes transaes e com tropeiros o nas o serto,

interior. Em decorrncia destas atividades surgiu a rua da Feira (atual Figueira de Melo). Tambm utilizavam o os boiadeiros rossio para

pastagem no caminho para o matadouro municipal (atual Pa. da Bandeira). No incio do Sc. XIX, e da emLima, R. Campo de So Cristvo com pavilho de exposies (ainda coberto). 1970. Biblioteca Nacional.

diante, passaram a ser realizadas feiras de gado e exerccios dos

batalhes da rua Guarda da Quinta, depois denominada Bela de So Joo. Com o tempo foram aumentadas as reas do local atravs de aterros, passando a funcionar ali barracas de diverso pblica e mercados em razo das facilidades propiciadas pelo cais da igrejinha para a chegada de mercadorias e pela rua So Luiz Gonzaga para acesso dos cultivadores vindos do interior, alm da estrada de Ferro Rio 23

d'Ouro que tinha ponto de partida no bairro. Posteriormente, o Campo foi includo no programa de reformas de Pereira Passos atendendo s queixas de moradores quanto limpeza e iluminao locais.

Campo de So Cristvo. Trecho dos belos jardins. Malta, s/d. Arquivo Geralda cidade do Rio de Janeiro

At a metade do sculo atual o parque do Campo era utilizado para lazer popular. Em fins da dcada de 50 passou a ser ponto final dos caminhes que vinham do Nordeste. Nessa poca inicia-se a construo do Pavilho para abrigar a Exposio Internacional de Indstria e Comrcio, a princpio temporria, mas que permanece no local at hoje, embora abandonado pelo poder pblico e por todos desde meados de 1990. As arquibancadas existentes no parque foram retiradas para a construo do Pavilho, pois no tinham qualquer previso de utilizao. No final dos anos 60 o Pavilho passou a ser usado para eventos destinados ao pblico carioca o que findou por modificar a rea ao redor do Campo. Em algumas transversais, em direo Figueira de Melo, concentra-se o comrcio de autopeas e acessrios, ao passo que em direo General Bruce as ruas ainda permanecem mais residenciais e tranqilas. A Figueira de Melo, com as obras do viaduto da dcada de 70 totalmente descaracterizada. De rua clara e larga passa a ser estreita e tem os prdios ocupados pela indstria e comrcio. O viaduto, embora de conseqncias negativas em certos pontos, foi de suma importncia para o escoamento da produo do bairro. As ruas mais prximas Av Brasil foram sendo ocupadas gradativamente por trapiches, depsitos e

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galpes; pela indstria leve e mdia, permanecendo no local os antigos quartis.

O PAVILHO DE EXPOSIESAt a metade do sculo atual, um parque era utilizado para o lazer popular, principalmente no local onde ficavam as arquibancadas cobertas, construdas em meados do sculo. Na dcada de 50, o parque passou a ser ponto final dos caminhes que traziam nordestinos. Nessa poca, iniciou-se a construo do pavilho para abrigar a Exposio Internacional de Indstria e Comrcio. O Pavilho de So Cristvo de autoria de Srgio Bernardes. Esta construo deveria ser temporria, mas acabou permanecendo at hoje no Campo, o que, segundo a opinio de vrios moradores, desfigurou e deteriorou o parque. Arquibancadas, construdas no incio do sculo, foram retiradas por no proporcionarem qualquer programao de lazer. No final dos anos 60, o pavilho passou a ser utilizado para organizao de eventos destinados ao pblico da cidade e, assim, a rea que o circunda tornou-se um grande estacionamento. A partir desta poca, temos transformaes na rea ao redor do Campo. Em algumas transversais, em direo rua Figueira de MeIo, concentrou-se o comrcio de peas e acessrios de automveis, enquanto que outras transversais, chegando rua General Bruce, ainda permanecem residenciais, tranqilas, agradveis, um contraste com as ruas movimentadas do bairro.

O ENTORNO DO CAMPOToda a rea de vizinhana do Campo mantm resqucios de aristocracia e foi ocupada por residncias de classe mdia abastada e militares. As ruas do bairro passam a homenagear figuras militares importantes como as ruas General Bruce, General Argolo, Coronel Cabrita, avenida do Exrcito, General Amrico de Moura. Algumas obras de arte foram

colocadas em pocas diversas no Campo, mas j se integraram ao espao. So os ltimos remanescentes do perodo ureoMalta, A. Inaugurao do coreto. 1906. Arquivo Geral da cidade do Rio de Janeiro

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deste logradouro como rea de lazer, local de grandes festas cvicas, missas campais. Destaca-se o coreto tombado pelo Estado, fabricado com detalhes de ferro trazidos da Europa. Uma balaustrada construda em 1906 faz parte das obras de Pereira Passos, e encontra-se em frente aos edifcios do colgio Pedro II e da escola municipal Gonalves Dias. Possui, em cada extremo, uma coluna em granito, com quatro lampies. A balaustrada d acesso ao jardim, por meio de duas escadarias tambm em granito.

Ginsio Nacional, hoje Colgio Pedro II, com a balaustrada em primeiro plano. 1906

A rua Figueira de Meio, transversal avenida Pedro II e rua So Cristvo, com as obras do viaduto na dcada de 70, foi totalmente descaracterizada. De rua clara e larga, hoje estreita e seus prdios esto ocupados pela indstria e comrcio. Entretanto a construo do viaduto era de importncia para o escoamento da produo do bairro. As ruas que ficam mais prximas avenida Brasil foram sendo paulatinamente ocupadas por trapiches, grandes depsitos e galpes, pela indstria leve e mdia, enquanto os antigos quartis ainda permanecem no local. Em volta do Campo, prolongando-se pelas ruas So Lus Gonzaga, Escobar a avenida do Exrcito, temos o caminho obrigatrio para os veculos que se dirigem ou voltam tanto dos bairros, do Centro da cidade como dos subrbios. A rua So Lus Gonzaga persiste como principal ncleo comercial do bairro, em sua direo ao largo da Cancela, onde se encontra todo tipo de lojas, agncias bancrias e servios. Nesta rua, o pequeno comrcio sempre esteve presente, como extenso do

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largo da Cancela, de onde sa em direo ao largo do Pedregulho, que se localiza numa regio mais baixa entre os morros da Mangueira, Telgrafos e Tuiuti. Aos poucos, os decadentes palacetes foram sendo substitudos por edifcios, ocupados em grande parte por firmas comerciais, enquanto outros foram adaptados para restaurantes, churrascarias e bares. Entretanto, ao redor do Campo ainda permanecem vrias escolas, como o prdio do educandrio Gonalves de Arajo. O atual colgio Pedro II foi construdo no Campo de So Cristvo, em 1888, em terreno que a Irmandade da Candelria vendeu ao governo, possibilitando a ampliao de suas instalaes da rua So Francisco Xavier, onde, desde ento, destaca-se pelas vrias geraes de polticos, artistas e cientistas que passaram por seus bancos e que tiveram ou que ainda tm proeminncia na vida brasileira. J o asilo Gonalves Arajo foi construdo pelo engenheiro conde de Santa Marinha, com o dinheiro da doao que o negociante portugus Gonalves Arajo fez Irmandade da Candelria, para a construo de um educandrio para meninos desvalidos. O prdio ecltico, com influncia do estilo gtico, ainda hoje se destaca no entorno do Campo.Garcia, Claudio. Asilo Gonalves Arajo, 1990. Departamento Geral de Patrimnio Cultural.

O Clube de So Cristvo Imperial foi fundado em 1863, sendo o mais antigo da cidade, freqentado pela elite do imprio. Com o advento da Repblica, firmou-se como clube tradicional do bairro e at o final dos anos 40 funcionou no Campo. A partir desta poca, foi desapropriada sua sede, obrigando a uma interrupo de suas atividades at 1958, quando, no dizer de seus associados, renasceu na nova instalao da rua General Jos Cristino. Quanto utilizao popular do Campo persiste at hoje na parte que restou livre, onde se realiza a Feira dos Nordestinos, que est ligada migrao para a cidade do Rio de Janeiro. Entre o Campo e a Quinta da Boa Vista, situa-se o largo da Cancela, local que se desenvolveu por sua ligao com outras partes da cidade. Era dai que partia o caminho de So Cristvo, aberto pelos jesutas no sculo XVII; este era o percurso alternativo

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para os viajantes que se dirigiam ao interior do serto. At 1840, este caminho terminava no morro do Barro Vermelho, junto Quinta Imperial da Boa Vista. Da em diante, os viajantes atravessavam uma cancela e tomavam o caminho do Pedregulho, pela atual rua So Lus Gonzaga, em direo ao interior. Com a vinda de D. Joo para o Rio de Janeiro, a necessidade de facilitar a locomoo da Corte para a fazenda de Santa Cruz, local de descanso da famlia real, fez com que o caminho que comeava na cancela, onde hoje se localiza o largo, fosse ampliado com vrios aterros. Por esta cancela, D. Pedro I entrou na cidade de volta do grito do lpiranga, porque era pela estrada de Santa Cruz que ento se atingia a serra do Tingu a caminho de So Paulo. A Cancela, regio em volta do atual largo, com a introduo dos bondes na cidade, em 1870, manteve seu papel de destaque no caminho para a Zona Norte. No largo, como continuao da rua So Lus Gonzaga, localizou-se um pequeno comrcio que se mantm at os dias atuais. Ainda existe neste local um casario, com muitas unidades em estado precrio, algumas em estado deteriorado. Do largo da Cancela estende-se um pequeno comrcio at o largo do Pedregulho, este ltimo localizado numa regio mais baixa entre os morros da Mangueira, Telgrafo e Tuiuti. E um local que tem seu crescimento tardio, mais ligado rea rural. Era um ponto de referncia importante, principalmente para os viajantes que se abasteciam na bica dgua, que existe at hoje. Tambm encontramos algumas construes da primeira dcada do sculo atual utilizadas pelo pequeno comrcio. Na rua Ana Nri, bem prximo do largo, localiza-se o sindicato dos trabalhadores metalrgicos da cidade. Quanto ao largo da Cancela, por muitas dcadas foi estao dos nibus que se dirigiam para a Penha, Cascadura, Pedregulho, Ramos e So Januno. Atualmente, a Cancela um ponto de convergncia do trfego de sete ruas movimentadas, entre elas a So Lus Gonzaga, principal conexo entre as partes leste e oeste do bairro. O fluxo intenso do trnsito contribuiu para tornar este local altamente poludo, alis, como todo o bairro. Ainda se conserva um casario antigo ocupado pelo comrcio que a se estabeleceu de forma compacta e desordenada.

INSTITUIES DE MEMRIA E A QUINTA DA BOA VISTAEm So Cristvo, as instituies de memria o Museu Nacional e o Museu do Primeiro Reinado funcionam em prdios que esto internamente ligados histria do 28

Brasil imprio. O prdio do Museu Nacional o antigo Pao de So Cristvo, que foi residncia da famlia real em todo o perodo imperial. Com a queda da monarquia, a famlia imperial foi banida do pas, seus bens em grande parte leiloados. A moradia imperial foi transformada em local de reunio da Assemblia Constituinte Republicana e logo depois passou a sediar o Museu Nacional. A cidade de Petrpolis, local de residncia de veraneio do imperador, tornou-se o smbolo do perodo imperial. Com a Proclamao da Repblica, a Quinta da Boa Vista, o Parque e o Palcio foram includos nas propriedades federais. Em 1890, o Pao Imperial foi adaptado de modo a servir de local de reunio do Congresso Nacional. Atualmente, o Museu Nacional uma unidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). local de desenvolvimento de pesquisas avanadas nas reas de Zoologia, Botnica e Antropologia Social. Seu acervo constitui-se de colees etnogrficas e arqueolgicas. Possui uma biblioteca de rico acervo, em grande parte constitudo pela biblioteca pessoal de D. Pedro II. Tambm a sala de Pompia possui 260 artefatos oferecidos pelo monarca. Na sala do Egito,Casa da Marquesa da Santos, atual Museu do 1 Reinado. 1927. Sala Memria de So Cristvo/Museu do 1 Reinado.

destaca-se a mmia que foi tambm de sua propriedade. O Jardim Zoolgico da cidade do Rio de Janeiro, transformado em fundao em 1985,

foi fundado em 1888 em Vila Isabel. A atual fundao RIO-ZOO tem por objetivo proteger e desenvolver pesquisas que contribuam para a preservao da natureza. No ano de 1945, a instituio foi transferida para a Quinta da Boa Vista, no local onde, em 1913, algumas medidas j haviam sido tomadas para a criao de um jardim zoolgico. J o Parque da Quinta da Boa Vista, apesar dos desmembramentos que sofreu, ainda apresenta uma ampla rea verde a contrastar com o restante de So Cristvo, que padece dos males da poluio. O Solar da Marquesa de Santos foi construdo nos terrenos de duas chcaras que D. Pedro I adquiriu prximo ao Pao de So Cristvo. Tambm conhecido como Palacete do Caminho Novo, por estar localizado ao longo de uma via de acesso, aberta,

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no sculo XIX, entre a regio do Aterrado e o Pao da Quinta da Boa Vista. A planta d arquiteto Francs Pierre Joseph Pzerat. As obras tiveram inicio na segunda metade de 1826 e foram administradas pelo baro de Sorocaba, cunhado da marquesa de Santos, sendo concludas em 1827.

O OBSERVATRIO NACIONALSituados em meio a um agradvel bosque de mangueiras e flores bem perto do Campo de So Cristvo, o Observatrio Nacional e o Museu de Astronomia e Cincias Afins (Mast) compartilham de uma rea de 41.000 metros quadrados. Criado por D. Pedro I em 15 de outubro de 1827, tinha, entre suas finalidades, a orientao e estudos geogrficos do territrio brasileiro e o ensino da navegao. Aps a Repblica, passou a chamar-se Observatrio Nacional e no mais Imperial. Funcionou primeiramente na

torre da Academia Militar; depois, na Casa do Trem (atual Museu Histrico Nacional) e ganhou sua primeira sede no Morro do Castelo, onde ficou at 1920. Em 28 de setembro de 1913 foi assinada a Ata de lanamento da pedra fundamental do novo Observatrio Nacional, no morro de So Janurio tendo sido transferido definitivamente para l em 1921 eObservatrio Nacional. s/d. Ilustrao Brasileira.

recebido a visita de Albert Einstein em 09 de maio de 1925.

O ESTDIO DE SO JANURIOPor ter tido um papel de destaque na propagao e difuso do futebol como esporte de massas, como o desporto das multides, este captulo tambm lembra o estdio So Januno, inaugurado em 1927, com a presena do presidente da Repblica, Washington Lus, e diversas personalidades. O estdio seria o maior do Brasil at 1942, quando entrou em funcionamento o do 30

Pacaembu, em So Paulo. Passou a ser o terceiro depois da inaugurao do Maracan. Atualmente, o estdio tem capacidade para 50 mil espectadores e conta com inmeras dependncias, dentre elas quadra de tnis e a capela N. S. das Vitrias. Alguns presidentes, como Getlio Vargas e Juscelino Kubitschek, utilizavam o estdio principalmente para as comemoraes do Primeiro de Maio e os Jogos da Primavera, quando uma grande multido assistia aos seus discursos.

A FEIRA NORDESTINAEm conseqncia de ali no Campo de So Cristvo ficarem os caminhes "pausde-arara" vindos das mais variadas regies do Nordeste, atravs da Rodovia Rio-Bahia, aguardando a carga para transporte de volta ao local de origem, desenvolveu-se pequeno comrcio e atividades que ajudavam a lembrar da terra natal. Segundo algumas verses, a feira foi criada na dcada de 40 por um paraibano de nome "Joo Gordo" sendo conhecida como Feira da Fazendo e do Fumo. De incio realizava-se somente aos domingos e pretendia ser uma rplica das grandes feiras do Nordeste. Hoje funciona desde sbado at domingo reunindo grande variedade de produtos e costumes tipicamente nordestinos. A Feira pode ser traduzida como um mostrurio da cultura nordestina. Muitos produtos, que at no Nordeste nem sempre se encontra com facilidades, l podem ser encontrados. So produtos que vo desde a arte culinria cachaa. Na Feira se permeia muitas histrias, seja atravs dos cordis, dos repentistas, das letras das msicas, ou da prpria criatividade do imaginrio popular, como a etimologia da palavra forr: Conta a tradio oral, passada de gerao a gerao, que a palavra forr teve origem na cidade cio Recife quando da construo da estrada de ferro. Os ingleses haviam fundado dois clubes. Um priv e outro aberto a todos os trabalhadores Com o nome FOR ALL (para todos). Com o tempo, a rapidez e o sotaque com que fala o nordestino, a expresso foi incorporando uma nova pronncia e grafia, de FOR ALL para Forr. Aos 55 anos a Feira Nordestina do Campo de So Cristvo j faz parte do roteiro turstico e, porque no dizer, da histria da cidade.

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SITUAO ATUALIDENTIFICAO E CARACTERSTICAS32

II

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ASPECTOS SCIO-ECONMICOS DA POPULAOO bairro de So Cristvo possui uma populao de 42.958 habitantes. Apresenta densidade demogrfica de 84,4 hab\ha. A esse contingente se agrega uma grande populao flutuante, de vocao predominantemente terciria (comrcio e servios). Temos no bairro um processo gradativo de esvaziamento populacional como conseqncia das sucessivas transformaes urbansticas de que foi objeto desde os fins do sculo passado at os dias de hoje. Estas transformaes urbansticas tiveram como conseqncia o deslocamento das populaes de menor poder aquisitivo para diferentes pontos da cidade do Rio de Janeiro, redefinindo os espaos de acordo com a estratificao socio-econmica predominante na sociedade. Enquanto a populao do municpio cresceu 69,5%, entre os censos de 1960 e 1991, a regio da subprefeitura do Centro, que abrange So Cristvo, perdeu 100 mil habitantes, ou seja, um quarto dos seus moradores.

Bairro So Cristvo

Projeo da populao residente 1990 1992 1994 1996 80.903 79.941 79.109 78.285

1998 77.471

2000 76.664

No ano de 1980, a populao do bairro de So Cristvo era de 51.083 habitantes, perdendo cerca de 8.125 habitantes no espao de 11 anos. Paralelo ao esvaziamento populacional do bairro, temos na regio administrativa de So Cristvo o ndice mais elevado da rea da subprefeitura do centro no que se refere ao crescimento dos domiclios, densidade e rea ocupada das favelas. Os estratos sociais mais baixos da populao cresceram e se concentraram nas reas de favelas do bairro. O crescimento das favelas na cidade do Rio de Janeiro um dos fenmenos mais marcantes das ltimas dcadas. A VII Regio Administrativa (R.A.), referente rea de So Cristvo, possua em 1991, 17 favelas com uma populao de 39.085 pessoas, correspondendo a 4% da populao favelada da cidade e 48,6% da populao total da prpria VII R.A No perodo anteriormente citado, a populao total residente em favelas na cidade teve um crescimento de 34,3% enquanto que na VII R.A. foi de 14%, indicando uma tendncia de

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adensamento populacional em novas reas, especialmente naquelas desprovidas de infra-estrutura bsica. Este fato representa a queda progressiva no padro de vida de parcelas significativas da populao da cidade.

1980/1991 - populao das favelas 1980 1991 1980/91 (%) Tuiuti 3.376 4.450 31,8 Favelas cariocas 717.066 962.793 34,3 So Cristvo 86.546 80.360 -7,7 Cidade do Rio de Janeiro 5.090.700 5.480.768 7,7

A favela do Tuiuti se destaca no interior da VII R.A. de So Cristvo devido ao alto ndice de crescimento populacional. Numa rea total de 7,8 ha, em 1980 temos uma populao de 3.376 pessoas. Em 1991, temos uma populao de 4.450, tendo a incorporao de mais de 1000 pessoas e 272 novos domiclios, com um crescimento demogrfico de 32%. A densidade demogrfica, no perodo de 1980 a 1991, aumenta de 432,8 hab\ha para 570,5 hab\ha. Este aumento foi em decorrncia da ocupao de reas com maiores riscos de desabamento e com piores condies ambientais.

Habitao: Domiclios e Populao em FavelasFavelas em So Cristvo domiclos populao Conjunto Ataulfo Alves 69 275 Rua Ferreira de Arajo 67 227 Parque Eredia de S 929 3465 Parque Cardoso Franco 173 690 Vila Vitria 75 299 Mangueira 1565 6203 Morro dos Telgrafos 1344 5774 Parque Candelria 736 2958 Vila Arara 1291 4996 Barreira do Vasco 2156 7400 Marechal Jardim 201 799 Parque dos Mineiros 159 685 Tuiuti 1127 4552 dados do ano de 1991

A reproduo do adensamento populacional na rea das favelas se encontra 35

limitada em funo da inexistncia de espaos e das dificuldades impostas para a construo de residncias nas poucas reas livres, devido as fortes declividades destes terrenos. A favela do Tuiuti situada no referido bairro se destaca dentre as favelas cariocas pelo alto ndice de crescimento apresentado.

VOCAODINMICA DAS ATIVIDADES ECONMICAS EXISTENTES E RELAES COM OS CENTROS PRXIMOS MAIS SIGNIFICATIVOS.O bairro de So Cristvo, inicialmente bairro residencial, foi se tornando no decorrer de sua histria um bairro com caractersticas industriais e com grande concentrao de servios e comrcio. O bairro, assim como seu entorno, teve seu perfil alterado em rea comercial e industrial. As vrias mudanas urbanas ocasionaram na transformao de seu perfil industrial e comercial, devido sada de vrias indstrias para outras reas da cidade aps a construo da Av. Brasil e o fechamento do comrcio prximo a rea da Linha Vermelha e no bairro como um todo. Ambas as mudanas resultaram na estagnao do comrcio e na sada de vrias indstrias

ATIVIDADE INDUSTRIALSo Cristvo desenvolveu sua vocao industrial desde o final do sculo passado. No decorrer deste sculo teve esta vocao ratificada atravs do Decreto nmero de 6.000 de 1937 com a criao de uma zona industrial naquela rea. Foram procurados especialmente os eixos rodovirios como a Avenida Brasil e a Avenida ltaca, pois o sistema rodovirio constitua importante via de transporte. Com a transformao, o bairro comeou a ser habitado por uma populao proletria, nas colinas, e nos vazios existentes nas ruas antigas, nos lotes estreitos, casa de frente da rua. O bairro Santa Genoveva data da poca da 1 Guerra Mundial Mais tarde tambm surgem as primeiras

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favelas, nos morros do Tuiuti e do Telgrafo, hoje favela da Mangueira, mais ngremes e por isso no ocupadas pelas casas proletrias do final do sculo. A ocupao pelas fbricas era sempre seguida pela populao de baixa renda e favelas nas encostas, que constituam muitas vezes mo de obra para a indstria. Em 1976, o Decreto nmero 322, de 03/03/76 criou em So Cristvo a Zona de Indstria e Comrcio, rea que abrangia quase que a totalidade dos bairros estudados Seu principal objetivo foi estimular o aparecimento de pequenas indstrias e estabelecimentos comerciais que iriam atender a demanda de espao para atividades de apoio s reas Central e Porturia. Esta legislao restringia sumariamente o uso residencial que desde ento, j decadente, tornou-se vivel somente na rea correspondentes zona residencial 5 (ZR.5), pequeno trecho prximo Quinta da Boa Vista. Aps a sada de vrias indstrias, temos no bairro inmeras reas de galpes abandonados e sem quaisquer tipos de uso. A vocao excessiva para as atividades comerciais e industriais comprometeu a qualidade de vida de seus habitantes e reduziu as opes residenciais e de lazer possveis no bairro.

Imveis Industriais por tipologia e faixas de rea construdaBairros So Cristvo Ipanema Tijuca total industrial total 0 a 150 m 151 a 300 m 301 a 500 m2 501 a 1000 m2 acima 1000 m22 2

394 45 47

256 1 15

29 0 4

53 0 4

36 0 3

62 0 2

76 1 2

Imveis Industriais por Tipologia e faixas de rea Construda (cont.)Bairros total So Cristvo Ipanema Tijuca 138 44 32 outros 0 a 150 m2 151 a 300 m2 301 a 500 m2 501 a 1000 m2 acima 1000 m2 71 42 28 46 2 2 10 0 2 5 0 0 6 0 0

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ATIVIDADE COMERCIALApesar do desenvolvimento do comrcio e dos servios no bairro, estes setores foram afetados por vrias intervenes urbanas, dentre elas: a abertura da Avenida Brasil e pela construo da Linha Vermelha. Nos anos 60, o bairro possua um comrcio vigoroso, com grandes potencialidades de desenvolvimento chegando a atingir o patamar de quarto parque industrial da Amrica do Sul, contribuindo com 45% da arrecadao de ICM de todo o municpio. Todos os ramos fabris na cidade do Rio de Janeiro possuam sede em So Cristvo.

Imveis Comerciais e de Servios por Tipologias e Faixas de rea ConstrudaBairros total salas total 0 a 50 m2 51 a 100 m2 101 a 150 m2 151 a 300 m2 acima 300m2 total 144 1533 2113 120 143 187 38 29 36 60 24 69 87 236 9 476 28 863 So Cristvo 1085 449 Ipanema 2580 1738 Tijuca 3876 2433

Imveis Comerciais e de Servios (cont.)Bairros lojas 0 a 50 m2 51 a 100 m2 101 a 150 m2 151 a 300 m2 acima 300m2 total So Cristvo 43 82 38 37 36 400 Ipanema 317 63 29 40 27 366 Tijuca 456 197 66 83 61 580

Imveis Comerciais e de Servios (cont.)Bairros outros 0 a 50 m2 51 a 100 m2 101 a 150 m2 151 a 300 m2 acima 300m2 So Cristvo 7 26 37 86 244 Ipanema 164 80 21 47 54 Tijuca 153 80 44 122 181

O elevado da Figueira de Meio, na dcada de 70, dentro do projeto da Linha Vermelha, que s em 1991, foi retomado praticamente acabou com o comrcio da Rua Figueira de Meio e com a tradio do centro de comrcio de peas de automveis, trazendo poucos benefcios para So Cristvo, pois quem sobe o viaduto s pode descer na lagoa e quem quer chegar ao bairro por ele, tem que partir da lagoa ou do Viaduto Paulo de Sousa Reis, que cruza a Av. Francisco Bicalho.

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Atualmente, temos a estagnao do comrcio da Rua Bela e adjacncias. O comrcio atende em poucos servios os seus moradores. Aqueles moradores que possuem condies financeiras se deslocam para os comrcios do centro, de Vila Isabel e freqentam o NorteShopping para realizar a maioria das suas compras. O centro comercial do bairro a ser desenvolvido se restringe a rea da Rua So Luiz Gonzaga.

AS ATIVIDADES DE LAZERMesmo possuindo uma srie de monumentos e reas tombadas pelo patrimnio histrico, o bairro possui reas de lazer pouco exploradas pelos seus prprios moradores. As atividades realizadas nos museus da regio so desconhecidas e pouco divulgadas aos moradores, a maioria no freqenta nenhuma das instituies do bairro. A populao carece do desenvolvimento de atividades culturais, eventos desportivos e de maiores opes de lazer e comrcio que no foram ainda exploradas.

Imveis PblicosBairros So Cristvo Ipanema Tijuca total praas parques jardins outros 2 2 2 2 quant rea (m ) quant rea (m ) quant rea (m ) quant rea (m ) quant rea (m2) 13 656.201 9 114.257 15 307.153 9 7 13 152.301 84.642 40.049 1 1 0 498.000 28.270 266.025 1 1 0 5.000 1.345 0 2 0 2 900 0 1.080

A populao do bairro recorre aos clubes de futebol para realizarem as suas prprias festividades e freqentam as festas de Santa Edwiges e de So Roque. As atividades desenvolvidas pelos clubes esto bastante reduzidas as festas de quinze anos, comemoraes de aniversrios e casamentos promovidas pelos prprios moradores. A vida cultural do bairro restrita diante da ausncia de cinemas, teatros, bibliotecas, livrarias e centros culturais. Os moradores no freqentam o Campo de So Cristvo e a Quinta da Boa Vista. A falta de iluminao, o problema da violncia e dos assaltos e da falta de uma infra-estrutura urbana adequada esto entre as reclamaes dos moradores em relao falta de uso destes dois espaos e dos eventos que neles so realizados. Os espaos da Quinta da Boa Vista, do Rio-Zoo, Feira de So Cristvo e as casas de shows (Malagueta e Casa da Me Joana) so importantes na medida em que 39

promovem eventos que atraem grupos das diversas localidades de seu entorno. Esta vocao um elemento importante a ser considerado na capacidade de atrao de pblico para o bairro, fortalecendo seu potencial comercial. Cabe ressaltar a importncia da Rua So Luiz Gonzaga como principal ncleo comercial do bairro e o Largo da Cancela como local aonde se encontra todo tipo de lojas, agncias bancrias e servios. Neste rua, o pequeno comrcio sempre esteve presente, como extenso do largo da Cancela , de onde sai em direo ao Largo do Pedregulho, que se localiza numa regio mais baixa entre os Morros do Tuiuti, Mangueira e Telgrafos.

RECURSOS AMBIENTAIS, CULTURAIS E OUTROS E RESPECTIVAS POTENCIALIDADESAtualmente muito lento o processo de renovao em So Cristvo, cujas condies ambientais esto longe de serem satisfatrias. A rea vem sofrendo um gradual processo de degradao, e encontramos por toda parte, prdios com caractersticas das diversas fases vividas pelo bairro.

Fbricas, grandes firmas

prestadoras de servios, o Museu Nacional, favelas, viadutos, a Quinta da Boa Vista, pequenos sobrados, casares, quartis, a Casa da Marquesa de Santos, so os testemunhos desta transformao de bairros residenciais e aristocrticos em bairros industriais e proletrios, atravs da reocupao dos antigos espaos, utilizados para novas atividades com poucas e precrias adaptaes. Devem ser enfatizados e revitalizados o comrcio, as reas de lazer e o patrimnio do bairro e sua potencialidade residencial.

LEVANTAMENTO DOS IMVEIS FECHADOSRua So Luiz Gonzaga: nmero 704 - construo nmero 736 fechado - uso comercial nmero 746 fechado - uso comercial nmero 752 fechado - uso comercial nmero 763 - vazio -uso comercial nmero 797 - muro\vazio nmero 994 vazio - residncia s\nmero terreno vazio - estacionamento - prximo ao 1.001-

nmero 1064 - uso comercial 40

nmero 1978 - uso comercial nmero 1124 vazio - residncia nmero 1132 vazio - residncia s\nmero obra - prximo ao 1.224 s\nmero vazio - prximo ao 1.436 Rua Dom Meinrado: nmero 32 Galpo da Telerj

Imveis Prediais e rea Construda por UtilizaoBairros So Cristvo Ipanema Tijuca total residencial comercial e servios industrial outros quant rea (m2) quant rea (m2) quant rea (m2) quant rea (m2) quant rea (m2) 10.349 478.402 13.426 223.532 25.924 2.818.747 21.185 2.417.319 62.197 6.115.896 55.796 5.058.170 1.284 2.580 3.876 214.421 252.374 719.169 43 45 47 2.612 1.755 37.837 4.419 2.114 144.635 11.450 2.473 327.107

Imveis Prediais e rea Construda por Faixa de Idade Segundo suas TipologiasSo Cristvo Total Casa Apartamento Salas e Lojas Industrial Outros total 0 a 20 anos 21 a 44 anos 45 a 59 anos 60 ou mais quant rea (m2) quant rea (m2) quant rea (m2) quant rea (m2) quant rea (m2) 16.373 2.907.001 1.653 338.248 6.605 848.281 2.061 360.399 6.054 1.360.073 6.187 592.605 454 40.002 1.194 79.300 616 43.518 3.923 429.785 6.075 401.532 709 41.173 3.633 234.550 1.089 74.145 644 51.664 2.896 487.400 298 65.414 1.477 219.325 196 40.720 925 161.941 974 1.088.084 148 150.196 262 282.421 129 177.869 435 477.598 241 337.380 44 41.463 39 32.685 31 24.147 127 239.085

EVENTOS CULTURAIS Festa de So Cristvo no dia 25/07 e a realizao do baile dos motoristas da praa Sve; Festa So Roque em agosto; Festa de Santa Edwiges no ms de outubro; Bazar na Igreja So Luiz Gonzaga; Eventos dos Clubes So Cristvo Imperial e Vasco da Gama; Ensaios da Escola de Samba Paraso do Tuiuti; Shows nas casas Malagueta e Casa da Me Joana; Programao do RIO-ZOO, da Quinta da Boa Vista e dos Museus de Astronomia, do Primeiro Reinado, Museu do Exrcito, Museu da Histria em Quadrinhos; 41

Feira de So Cristvo nos fins de semana.

PARTICIPAO COMUNITRIACONHECIMENTO DAS EXPECTATIVAS E NECESSIDADES DA POPULAOForam realizadas entrevistas qualitativas com as principais lideranas comunitrias, que puderam detectar os problemas cotidianos que afetam os moradores e usurios do bairro. Todas as lideranas so moradores do bairro, com exceo do presidente da Associao de Indstria e Comrcio de So Cristvo que possui um bom conhecimento das questes que afligem os comerciantes, bem como os moradores e a populao flutuante. Muitos moradores e lideranas informais, ou seja, no pertencentes a instituies, tambm foram consultados. Foram entrevistados as lideranas comunitrias que atuam nas seguintes instituies: Associao de Moradores e Amigos de So Cristvo, Cmara Comunitria, Associao de Moradores do Largo da Cancela e adjacncias, Associao de Indstria e Comrcio de So Cristvo, moradores do Campo de So Cristvo e da Rua Catalo (rea residencial prxima a Quinta da Boa Vista) e a Cooperativa da Feira de So Cristvo (esta ltima entrevista realizada em 2000 por integrantes do grupo).

ESTRUTURA DE ORGANIZAO SOCIAL E LIDERANA. PRINCIPAIS ANSEIOS DA COMUNIDADEH muitas lideranas comunitrias no bairro e a comunicao entre elas ocorre somente nas reunies da Cmara Comunitria. Muitas associaes no se comunicam entre si e possuem divergncias quanto aos problemas do bairro e as possveis solues. A maioria das lideranas no soube prever quantos associados possuem. Somente trs destas quantificaram o nmero de associados: ASSINCO possui 480 associados; Associao de Moradores e Amigos possuem 1.736 associados e a COOPCAMPO se definiu como uma empresa de porte mdio que gera cerca de 9.000 empregos diretos e indiretos relacionados s atividades econmicas que desenvolvem na Feira de So Cristvo. Todos os representantes comunitrios reclamaram do pouco interesse e 42

mobilizao dos moradores quanto a freqncias s reunies das referidas associaes e da Cmara Comunitria. Muitos justificaram o pouco interesse dos moradores por causa do descaso do poder pblico na resoluo dos problemas do bairro. A freqncia baixa, em mdia cerca de 15 pessoas A freqncia oscila de acordo com o tipo de questo e problema a ser tratado, esta pode aumentar em alguns caso, como, por exemplo, foi o caso da recente diviso do bairro, a qual foi citada no histrico do bairro. O representante da COOPCAMPO (cooperativa da feira de So Cristvo) foi o nico que no reclamou da solidariedade e organizao dos componentes da feira de So Cristvo. O grau de participao dos barraqueiros grande, devido a crescente importncia econmica da feira e sua insero no bairro, que fator de grande polmica entre os moradores de So Cristvo. Dentre os anseios e expectativas quanto ao futuro do bairro, temos alguns pontos em comum no discurso de vrios entrevistados: 1-

Bairro imperial que perdeu a identidade ao longo do anos com a

transformao de bairro residencial em zona industrial. 2-

A necessidade da mudana do Plano de Estruturao Urbana (PEU) de

maneira que reconfigure a identidade do bairro e de seus moradores, com ampliao das reas residenciais. 3-

Esvaziamento populacional do bairro, excesso de galpes abandonados e

reas totalmente degradadas. 4 Ampliao do Projeto Rio Cidade II (projeto ainda no aplicado, mas em fase-

de estudo). Todos os representantes gostaram da existncia de um projeto para o bairro, mas sugeriram a ampliao do trecho Largo do Pedregulho at o Largo do Benfica e intervenes da equipe no Campo de So Cristvo e na Quinta da Boa Vista. Muitos fazem referncia boa atuao do projeto na rea da Dias da Cruz no Mier, em Santa Cruz e Bonsucesso. H muita reclamao por parte das lideranas comunitrias da atuao do poder pblico junto ao bairro, pois o bairro foi alvo de vrias intervenes urbanas que o descaracterizaram, no havendo at o momento nenhum projeto especial que atendesse a populao da rea. Temos a expresso do descaso, abandono do bairro pelo poder pblico nos trechos da seguinte entrevista: Mas quando o poder pblico pensa no bairro

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de So Cristvo, eles pensam para mandar para c o que a gente no quer. Para mandar a Vila Mimosa, Ai inventam essa feira [Feira de So Cristvo], ai que ningum consegue dar conta disso. Ai um vereador [ureo Ameno] inventa criar um bairro [Vasco da Gama] dentro do bairro de So Cristvo, para qu? O que isso vai trazer de benefcio para o morador? A possibilidade de ampliao do projeto bem vista pela comunidade, pois acreditam que o bairro necessita de maior interveno urbanstica para que as reas abandonadas do bairro sejam devolvidas a populao. Durante as entrevistas vrios itens foram destacados e foram apontados como sendo os problemas que mais afligem os moradores e usurios do bairro. Conforme a exposio de cada item, sero mostradas as relaes que o morador possui com seu prprio bairro e os recursos dos quais dispe, tais como: recursos sociais, educacionais, ambientais, culturais e outros.

RELAO DA COMUNIDADE COM OS RECURSOS SOCIAIS, INSTITUCIONAIS, COMUNITRIOS, DE SADE, EDUCACIONAIS E AMBIENTAISOs moradores no freqentam a Quinta da Boa Vista (incluindo o Museu e o ZOO), o Campo de So Cristvo e os museus do bairro No h divulgao da programao desenvolvida nos museus, mesmo aqueles que moram prximos a estas instituies no tem acesso a estas informaes. No h placas indicativas e informativas no bairro e nas portas dos museus que indiquem respectivamente sua localizao e seus horrios de funcionamento. Estes freqentam os restaurantes da localidade como o Adego Portugus, a Churrascaria Pavilho e poucos freqentam a Casa da Me Joana, que tem shows de samba-cano e chorinho. A casa de shows Malagueta (Instituto Carioca de Cultura) e a Feira de So Cristvo so freqentadas por moradores da zona sul e de outras reas da cidade Os moradores, em geral, freqentam a Festa de So Roque, que ocorre nos fins de semana do ms de agosto. Esta atividade rene muitos moradores do bairro de diferentes faixas etrias e tambm a quadra de samba da Escola de Samba Paraso do Tuiuti. Os moradores do Tuiuti freqentam a Escola de Samba do Tuiuti e da Mangueira e os bailes do Sindicato dos Metalrgicos situado na Rua Ana Nri e os forrs do Campo 44

de So Cristvo. No h cinemas, teatros, bibliotecas, livrarias e programao de atividades culturais nas praas do bairro e nem nos clubes desportivos da regio, tais como: So Cristvo Imperial e Clube Vasco da Gama Os moradores freqentam os clubes por causa das festas de casamento, quinze anos e outras que realizam nos seus espaos. No h programao cultural ou promoo de atividades comunitrias dos clubes junto populao do bairro, nem aos habitantes dos Complexos do Tuiuti e da Mangueira.

QUINTA DA BOA VISTAApesar da Quinta da Boa Vista ser considerada pelos moradores como a nossa Central Park, estes no a freqentam Mesmo aqueles que moram na Rua Catalo, rea prxima ao porto da Quinta, no transitam neste espao e apontaram os seguintes problemas, como sendo aqueles que impedem a sua freqncia ao local e aqueles que afetam diretamente a rua e seu entorno:-

falta de segurana e iluminao na rea em volta da Quinta falta de definio e de placas de sinalizao quanto mo e contra mo das ruas

-

prximas a Quinta.-

construo de bueiros na Rua Catalo e Paulo e Silva. realocao, normatizao e fiscalizao das kombis de transportes de passageiros

-

que estacionam e transitam por cima das caladas na rea prxima ao prtico da Quinta da Boa Vista. Os moradores reclamaram dos atropelamentos causados pelos motoristas das kombis.-

resoluo do problema do estacionamento de carros no bairro, pois afetam

diretamente a manuteno das caladas e do asfalto da Rua Paula e Silva e Rua Catalo.-

reurbanizao da quadra prxima ao Prtico da Quinta da Boa Vista para que os

moradores possam usufruir a rea, que atualmente estacionamento irregular de veculos pesados e kombis.-

resoluo do alagamento do trecho da Av. Rotary Internacional situado entre o trevo

da Rua Dom Meirado e Av. do Exrcito, ao lado do porto da Quinta.-

retirada dos veculos pesados que transitam pelas Ruas Paula e Silva, Rua Catalo e

Chaves de Faria, pois no h ngulo na curva Chaves Faria para Rua Catalo e devido

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ocorrncia de invaso de veculos nas casas do lado direito da mo da rua. Cabe ressaltar a existncia de casas tombadas pelo Patrimnio Histrico na Rua Catalo.-

transferncia do Posto da Comlurb no interior da Quinta (prximo ao porto e rea

residencial da Rua Catalo) por causa do barulho da sada dos caminhes s cinco horas da manh.

CAMPO DE SO CRISTVOOs poucos moradores que freqentam o Campo, apenas utilizam a Praa do Coreto que fica na rea prxima ao Pavilho. O pavilho se encontra em total estado de degradao. O pavilho lembrado como um espao do passado, no qual foi palco das mudanas sociais do bairro e do pas, e que atualmente se transformou em smbolo de degradao e abandono do bairro. Estes reclamam dos assaltos a motoristas e pedestres no entorno do Campo e da Quinta da Boa Vista e que seria necessrio maior policiamento da Guarda Municipal nestes locais. A nica programao do local a Feira de So Cristvo, que funciona aos sbados e domingos. Os moradores de outros bairros da cidade costumam freqentar a feira, que segundo dados da COOPCAMPO, chega a atingir uma freqncia de 60.000 mil pessoas no fim de semana. Os moradores do bairro no gostam da feira, devido falta de segurana, a sujeira acumulada nas proximidades, a falta de higiene e de controle da vigilncia sanitria, do barulho e muitos gostariam que esta fosse padronizada e deslocada para uma das reas do bairro que fosse desocupada, no caso as reas dos galpes que existem no bairro. Segundo o presidente da COOPCAMPO, a feira um espao simblico e cultural, ponto de encontro dos nordestinos que chegam a cidade do Rio de Janeiro e freqentada por aqueles que a valorizam como tal e possibilita lazer e divertimento aos habitantes da cidade. Seus organizadores reclamam da falta de orientao e auxlio das autoridades pblicas quanto padronizao das barracas e que dentro do possvel a solidariedade dos seus participantes possibilitaram o pagamento dos seguranas da feira, a distribuio de cestas bsicas de produtos nordestinos ao trabalho voluntrio dos garis da COMLURB e a instalao de contineres qumicos (banheiros) para atender a populao que freqenta a feira.

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SADEOs moradores utilizam o Posto de Sade e a clnica particular Dr. Aloan. O primeiro possui a limitao do horrio comercial, e o segundo s atende a alguns convnios particulares e no possui atendimento de emergncia. Em casos mais graves, os moradores se deslocam para o Hospital Santa Teresinha situado na Tijuca, o Hospital do Andara e o Hospital Souza Aguiar ambos localizados respectivamente no Andara e no centro. O Hospital So Francisco de Paula situado no entorno da Quinta se encontra desativado.

Equip. de Consumo Coletivo - Sade Pblica - 1999Bairros hospital especializado hospital geral maternidade postos de sade So Cristvo 1 0 1 2 Tijuca 0 1 0 4 Lagoa 0 3 0 2

Apesar de existirem nmero suficiente de drogarias e farmcias, estas no oferecem atendimento 24 horas populao do bairro.

EDUCAOApesar de no existirem bibliotecas e livrarias no bairro, h um bom nmero de escolas pblicas que atendem a populao do bairro. A exceo o Colgio Pedro II, que devido ao seu processo seletivo, este freqentado por alunos de outros bairros da cidade. Somente os moradores do Complexo do Tuiuti reclamaram da falta de vagas nas escolas Uruguai na Rua Ana Nri, Olavo Bilac na Praa Argentina e nas escolas adjacentes.

Equip. de Consumo Coletivo - Educao Pblica - 1999Bairros municipal 1o grau estadual 2o grau creches profissionalizantes universidade So Cristvo 16 6 10 1 0 Tijuca 26 8 17 1 1 Lagoa 24 4 12 0 0

TRANSPORTEOs moradores no utilizam o metr, pois muito distante da rea central do 47

bairro. Muitos solicitaram a criao de um nibus de integrao do metr que circulasse nas ruas do bairro. H poucas linhas de nibus para os bairros do Andara, Graja, Tijuca e Vila Isabel. Muitos reclamaram da ausncia de uma das linhas de nibus que trafegava pelo tnel Santa Brbara, da mesma empresa da linha 472 e 473, e que atravessava o bairro de Laranjeiras.

Redes de Transporte e Trfego - 1999Bairros So Cristvo Tijuca Copacabana Ipanema Lagoa Vaga Certa 277 1.390 1.264 0 3.501

COMRCIOOs moradores que no possuem carro ou quaisquer possibilidades de sada do bairro fazem suas compras nos trs supermercados locais prximos ao Largo da Cancela. Devido a pouca concorrncia, o preo dos supermercados so considerados mais altos do que o restante da mdia do comrcio. Os supermercados locais so utilizados para compras menores, pela populao mais idosa do bairro e com mais freqncia pelos moradores do Complexo do Tuiuti que utilizam as kombis que estacionam na rea do Prtico da Quinta. Os moradores do Tuiuti preferem fazer suas compras no supermercado, pois as biroscas existentes na favela cobram ainda mais caro do que o comrcio da Rua So Luis Gonzaga. Os moradores que possuem carro e maior poder aquisitivo costumam freqentar o NorteShopping, o Nova Amrica e o Boulevard, realizando suas compras de roupas, produtos para casa, alimentos e atividades de lazer Muitos moradores quando necessitam com urgncia de algum produto e esto sem carro vo para o centro da cidade, pois o nmero de nibus e freqncia nesta direo maior. Quanto ao comrcio local, muitos moradores ainda afirmaram que os comerciantes da Rua Bela esto fechando seus negcios, pois foram prejudicados pela 48

construo da Linha Vermelha, pelo aumento dos assaltos a pedestres e devido mudana da mo da rua e a conseqente mudana do fluxo dos nibus. O comrcio da Rua So Luiz Gonzaga tambm prejudicado por conta do excesso de ambulantes nos pontos de nibus prximos no trecho entre o Campo de So Cristvo e o Largo da Cancela, a falta de espao e de calada para os pedestres, e os assaltos na regio Foram observados vrios seguranas contratados para protegerem o comrcio que compreende o Campo e a So Luiz Gonzaga. Alm do fato de ser um comrcio considerado mais caro do que a mdia do comrcio do centro da cidade e dos outros bairros.

ESTRUTURA URBANAOs entrevistados relataram que no possuem muitos problemas quanto ao abastecimento de gua, mas reclamaram do rede de esgoto Muitos falaram que bastante comum o vazamento de esgoto em vrias ruas do bairro, como exemplo foram citadas as Ruas Bela Conde de Leopoldina, e a esquina da Rua General Bruce com Rua,

Bela.

COLETA DE LIXOEstes elogiaram o trabalho de coleta de lixo domiciliar da Columb, porm enfatizaram que ainda h problemas de acmulo de lixo causado pela prpria falta de educao dos prprios moradores do bairro.

ILUMINAO E SEGURANAAs lideranas reclamaram da falta de poda das rvores no parque do campo de So Cristvo e do estado dos postes do bairro. A iluminao precria e necessita ser trocada. Quanto ao policiamento, muitos afirmaram que a estagnao comercial e o esvaziamento industrial do bairro ocasionou o aumento dos assaltos de pedestres e motoristas nas ruas prximas a Rua Bela e a Figueira de Meio. A segurana precria e muitos comerciantes no entorno do Campo de So Cristvo contrataram segurana particular para as ruas. Muitas lideranas reclamaram da violncia das brigas, assaltos e uso de drogas que ocorre na Feira de So Cristvo. Segundo depoimento do presidente da COOPCAMPO, os prprios feirantes controlam estes casos com a contratao de segurana para o local no dia da realizao da feira e que este fato tem reduzido bastante estes tipos de problemas.

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PROBLEMAS QUE ENVOLVEM O TRECHO DO CAMPO DE SO CRISTVO AT A RUA SO LUIS GONZAGA (LARGO DO PEDREGULHO).Os moradores apontaram os seguintes problemas:-

excesso de ambulantes nos pontos de nibus no Campo de So Cristvo e no Largo

da Cancela;-

falta de espao e de calada no trecho citado acima, fato que leva os moradores a

andarem no meio da rua junto com o fluxo dos carros;-

faixa dos carros e estreita que no comporta o trnsito pesado na sada da Av. do

Exrcito para o Largo Pedro Lobanco at a entrada na Rua So Luiz Gonzaga;-

Alargamento da pista no campo que d acesso dos nibus em direo a Rodoviria

Novo Rio;-

faltam placas indicativas prximas ao Campo de So Cristvo prximo a General

Argolo;-

o tempo de sinalizao existente no Largo da Cancela curto, impossibilitando o

pedestre de uma travessia tranqila. Os moradores solicitaram o recuo do sinal do Largo da Cancela para a rea da sada do Supermercado;-

ausncia de Baias para nibus na Rua So Luiz Gonzaga (prximo ao Paes

Mendona e ao POPSHOP/HERMES). Ponto de nibus prximo a uma rea de muitos pedestres, ambulantes e carros situado no Campo de So Cristvo na altura do nmero 410;-

tempo de sinalizao curto para a travessia do pedestre na esquina da Rua

Emancipao com a Rua So Luiz Gonzaga na altura do nmero 498. Solicitao de recuo do sinal da Rua So Luiz para depois da Rua da Liberdade, devido ao perigo de atropelamentos;-

verificao da sincronizao dos sinais entre o trecho que compreende as ruas So

Luiz Gonzaga, Dom Meirado e Rua So Janurio;-

vazamento de gs na altura do nmero 576 da Rua So Luiz Gonzaga; caladas altas que s do acesso aos moradores do nmero 600 da Rua So Luiz,

-

Gonzaga mas impedem os pedestres de andarem na rua, pois tomam todos os espaos de calada, levando os pedestres a andarem junto ao fluxo dos carros; 50

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estacionamento irregular em frente a H.Stern na Rua So Luiz Gonzaga; sinal da Rua So Luiz Gonzaga na altura do nmero 838 no tem utilidade para o

-