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SCIENTIA PLENA www.scientiaplena.org.br

VOL. 7, NUM. 1

2011

Comportamento e caractersticas das espcies arbreas nas reas verdes pblicas de Aracaju, Sergipe.E. M. Lima Neto1& R. Melo e Souza2.1

Ps-Graduao em Engenharia Florestal, Universidade Federal do Paran, 80210-170, Curitiba-PR, Brasil2

Departamento de Geografia, Universidade Federal de Sergipe, 49100-000, So Cristvo-SE, Brasil. [email protected](Recebido em 15 de abril de 2010; aceito em 07 de janeiro de 2011)

O objetivo caracterizar as espcies mais freqentes das reas verdes fomentando o conhecimento sobre o comportamento das arvores urbanas na cidade de Aracaju-SE. No inventrio censo foram identificadas 41 espcies, sendo que as 12 espcies mais freqentes totalizaram 92,05% dos indivduos denotando alta concentrao. As caractersticas nos locais que esto plantadas no apresentaram problemas significativos em relao fiao eltrica e razes, por estarem em reas que possibilitam seu desenvolvimento. Conclui-se que as caractersticas das espcies um instrumento para implantao, manejo e conservao da arborizao urbana, de modo a planejar aspectos de diversidade e concentrao.Palavras-Chave: arborizao urbana, espcies arbreas, fitogeografia.

The objective of this research is to characterize the most common species of green areas by promoting knowledge about the behavior of urban trees in the city of Aracaju-SE. In the census inventory identified 41 species, and the 12 most common species totaled 92.05% of individuals showing high concentration. The characteristics that are planted in places showed no significant problems in relation to electrical wiring and roots, they are in areas that enable their development. We conclude that the characteristics of the species is a tool for deployment, management and conservation of urban trees in order to plan aspects of diversity and concentration.Keywords: urban forestry, tree species, phytogeographic.

1. INTRODUO Dado o crescimento urbano na dcada de 60 e 70 onde cerca de 70% da populao passou a residir em cidades e estas assumiram nova configurao espacial, muitos conflitos surgiram advindos desse adensamento populacional. Tendo em vista o conjunto de benefcios exercidos pela arborizao, ao desempenhar o equilbrio edfico e microclimtico, reduzindo a velocidade do vento e poluio sonora, contribuindo conservao e manuteno da ave-fauna e, sobretudo, melhorando a sade fsica e mental dos habitantes. No entanto, maioria das cidades ainda persiste na execuo do planejamento da arborizao urbana sem critrios e aplicaes tcnico-cientficas, e ocupam o espao com plantios irregulares de espcies sem compatibilidade alegam falta de recursos aos custos de implantao e manuteno da arborizao. Como conseqncia, perde-se a eficcia da arborizao em transmitir conforto fsico e psquico, acarretando infortnios e transtornos. Esse tipo de procedimento muito comum nas cidades brasileiras, o que causa, muitas vezes, srios prejuzos [1]. No contexto Aracaju se agrava quando historicamente fazia parte das trs primeiras capitais planejadas do pas e se destacava pela quantidade expressiva de arvores nativa em seu interior. Com o passar do tempo a tpica vegetao nativa de restinga, vegetao dunar juntamente com o ecossistema manguezal foi sendo substituda e sufocada pelo crescimento urbano. Atualmente, o Plano Diretor da cidade e o Cdigo de Urbanismo citam apenas as construes de praas, parque, canteiros ao longo das avenidas, em geral, relacionados com projeto urbanstico sem caracterizar a vegetao a ser implantada nessas reas e sem preocupao e leis que promovam a gesto da arborizao, englobando atividades de implantao, manuteno e conservao.

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Os inventrios geram informaes a respeito da quantidade e do valor de rvores, para fins de relaes pblicas ou aumentar a eficincia dos servios e ser utilizado para aumentar a conscincia do pblico e dos polticos acerca do valor da arborizao [2 e 3]. Os inventrios ainda tm as finalidades de obter a composio e os principais problemas de cada espcie, de cada rua e da cidade; fornecer informaes para novos plantios e para adequao das prticas de manejo; quantificar custos; divulgar os resultados obtidos, mostrando produtividade e buscando apoio da populao; prevenir problemas ao pblico e s construes no tocante a escolha de espcies inadequadas para arborizao, entre outros [3]. A fim de fundamentar a importncia do investimento dos recursos pblicos a arborizao alm de ser um servio pblico, um patrimnio que deve ser conhecido e conservado para as futuras geraes [4]. Sendo um servio pblico um dos principais pontos a se conhecer o patrimnio arbreo, dentre as muitas variveis existentes para anlise da arborizao urbana comum na realizao dos inventrios a identificao das espcies. Alm disso importante a identificao de espcies adaptadas e seus potenciais para om eficaz planejamento e objetivos da arborizao no meio urbano [5]. A partir da identificao pode-se relacionar com muitas variveis e assumir caractersticas distintas no meio urbano, a exemplo determinada espcie extica invasora que apresenta em meio urbano o desenvolvimento de razes superficiais ou mesmo com problemas para poda, enraizamento agressivo, facilidade no tombamento, nesse sentido, a identificao destas espcies fundamentam a aplicao para escolha adequada das espcies na fase de planejamento. Alm da identificao a quantificao e diversidade das espcies tambm so importantes para manejar eventuais problemas de concentrao e os principais problemas de cada espcie na cidade. Quanto maior o nmero de espcies presentes no ecossistema, maior a sua capacidade de resistir s variaes e de absorver impactos negativos, como a poluio, e as adversidades climticas, e menores so as possibilidades do surgimento de pragas e doenas que afetam a fauna e a flora [6]. importante buscar alternativas que indiquem oportunidades de promoo de plantio, manuteno e conservao de espcies que harmonizem com o conjunto de equipamentos sociais urbanos, implicando assim na eliminao de conflitos existentes e na preservao e aumento da massa arbrea nas cidades, contribuindo efetivamente para a melhoria do ambiente nos centros urbanos [7]. O presente trabalho tem o objetivo de caracterizar as espcies da arborizao urbana quanto a sua insero no espao fsico fomentando o interesse das gestes pblicas e populao pela arborizao da cidade de Aracaju-SE. 2. MATERIAIS E MTODOS Aracaju, capital do Sergipe, situada na regio nordeste do Brasil que possui uma populao de 544.039 habitantes, com uma rea de 174, 053 km, clima do tipo megatrmico mido e submido, com temperatura mdia anual de 26 oC. O Municpio de Aracaju (Figura 1) limita-se em sua poro Norte, com o Rio do Sal, separando do Municpio de Nossa Senhora do Socorro, e na poro Sul, limita-se com o Rio Vaza Barris. A Oeste, com os municpios de So Cristvo e Nossa Senhora do Socorro, e a Leste, com o Rio Sergipe e o Oceano Atlntico. A Zona de Expanso no foi includa na rea de pesquisa devido a sua malha urbana ser incompleta, ainda sem delimitao em bairros, onde a ocupao e transformao do solo pela ao antropognica est em processo de configurao espacial.

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Figura 1 rea de Estudo - Aracaju-SE.

O presente trabalho consistiu no levantamento de fontes bibliogrficas que fomentaram a estrutura terica e anlise de variveis para constatao de espcies com boa adaptabilidade ao meio urbano. Por conseguinte, inventrio censo no qual se quantificou e identificou as espcies arbreas presentes nas reas verdes pblicas. Para execuo desta pesquisa observou-se hbitos de crescimento de razes e copa relativa ao desenvolvimento destas espcies. As rvores com altura inferior a 2 m no foram recenseadas, pois, ainda no apresentavam desenvolvimento completo. As espcies que no foi possvel reconhecimento em campo foram feitas exsicatas e levadas ao herbrio da Universidade Federal de Sergipe para posterior identificao. Foi feito o agrupamento de informaes botnicas e dendrolgicas sobre as principais espcies, a partir de observaes visuais e de consulta a bibliografia tcnica especializada [8, 9 e 10] e quanto s caractersticas e classificao das espcies como plantas invasoras no Brasil, incluindo tambm procedncias de famlia, origem: nativa ou extica do Brasil obtidas pelas referencias [11, 12 e 13]. E ainda foi relacionado o comportamento das espcies que compe a arborizao da rea de estudo de acordo com a literatura, tendo em vista que as rvores no meio urbano se diferenciam das reas rurais pelas interferncias dos equipamentos urbanos. Confortando com os resultados observados em campo. 3. RESULTADO E DISCUSSO No inventrio florestal urbano realizado nas praas da cidade de Aracaju foram encontradas 41 espcies, dentre elas, as 12 espcies mais freqentes totaliza 92,05% dos indivduos encontrados em todas as reas verdes pblicas da cidade (Figura 2), o que denota alta concentrao desses indivduos para corrigir esse problema reduzir o plantio ou estabelecer substituio das espcies com maior freqncia possibilitando maior diversidade.

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Figura 2. Espcies que apresentam mais de 20 indivduos encontrados nas reas verdes de Aracaju-SE.

As trs espcies mais abundantes esto acima do recomendvel para arborizao urbana, que seria uma freqncia, por espcie, no superior a 10%. A concentrao das espcies nas praas de Aracaju-SE tem o risco de doenas e pragas atacarem espcies menos resistentes levando a morte significante parcela dos indivduos que compe a arborizao da cidade, tornando ineficazes os benefcios da arborizao. 3.1 Caractersticas e Comportamento das espcies As espcies descritas a seguir (Figura 3) apresentam importncia ao estudo em questo, destacando que foram encontradas tanto espcies exticas quanto nativas. Sabe-se que o aconselhvel para arborizao de uma cidade que seja composta por espcies nativas para valorizar os ecossistemas naturais, contudo espcies exticas podem ser usadas, entre outros motivos, sejam por apresentar bom desenvolvimento ou que representam valores culturais da populao. A maioria das espcies apresenta restries a depender de onde sero implantadas, a exemplo a M. indica no aconselhvel em caladas porque apresenta grande porte e pode levar a incompatibilidade com os equipamentos urbanos, fiao, crescimento superficial de razes, alm de frutos que podem causar acidentes aos transeuntes.

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Clitoria fairchildiana

Terminalia catappa

Ficus sp.

Delonix regia

Cocus nucifera

Azadirachta indica

Pitecellobium dulce

Mangifera indica

Licania tomentosa

Syzygium jambolanum

Parkinsonia aculeata

Anacardium occidentale

Figura 3. Espcies mais freqentes nas reas verdes pblicas de Aracaju-SE.

Outra questo o Ficus sp. para lugares com reas mais permeveis que possibilitem o desenvolvimento das razes, uma vez que esta espcie possui um agressivo crescimento de razes superficiais alm de razes adventcias, o que faz com ela destrua os passeios e construes. Entre outros problemas h tambm a considerao para espcies exticas invasoras de grande preocupao por conta da perda de biodiversidade, pois estas limitam o desenvolvimento de outras espcies, seja por sombreamento, exposio do solo ou mesmo provocar extino de determinadas espcies em vrios ambientes. A ao invasora de tais espcies inibe o desenvolvimento de outras

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pela ao de substncias alelopticas e gradativo estabelecimento de dominncia, como considerada a A. indica encontradas na arborizao de Aracaju-SE. O termo homogenizao bitica para o fenmeno de substituio das espcies nativas por exticas em ecossistemas urbanos. Esse fenmeno associado escolha das espcies e tambm s alteraes das condies ambientais locais que, por sua vez, passam a no ser mais apropriadas s espcies nativas [14]. No presente trabalho, apresenta-se a proposta de denominar essas espcies de nativas as que ocorrem nos ecossistemas brasileiros, enquanto exticas para aquelas de ecossistemas no encontrados no Brasil.

Tabela 1. Distribuio das 12 espcies mais freqentes na arborizao de Aracaju-SE de acordo com a famlia e origem. Nome CientficoAnacardium occidentale Azadirachta indica Clitoria fairchildiana Cocos nucifera Delonix regia Ficus sp. Licania tomentosa Mangifera indica Parkinsonia aculeata Pithecellobium dulce Syzygium cumini Terminalia catappa

Nome VernacularCajueiro Nim Sombreiro Coqueiro Flamboyant Ficus Oitizeiro Manga Turco Mata-fome Jamelo Amendoeira

FamliaAnacardiaceae Meliaceae Fabaceae Aracaceae (Palmae) Fabaceae Moraceae Chrysobalanaceae Anacardiaceae Fabaceae Fabaceae Myrtaceae Combretaceae

OrigemNativa Extica Nativa S/D Extica M Nativa Nativa Nativa Nativa Extica Extica

Legenda: M muitas origens devido ao variado nmero de espcies e variedades, S/D sem definio de origem estabelecida.

Com base nos aspectos de desenvolvimento e compatibilidade das espcies tem-se a necessidade de caracteriz-las a dar noo de suas potencialidades e restries ao meio urbano. Principalmente pelo fato deste ambiente ter passado por um processo de intensa antropizao e que ocasiona mudanas nas propriedades fsicas, qumicas e biolgicas do solo. Anacardium occidentale As sinonmias so de Anacardium microcarpum e Cassuvium pomiverum, da famlia Anacardiaceae, rvore originria do norte e nordeste do Brasil chamada de cajueiro, com troncos tortuosos e relativamente baixa. Na natureza existem dois tipos: o comum (ou gigante) e o ano. O tipo comum pode atingir entre 5 e 10 metros de altura, mas em condies muito propcias pode chegar a 20 metros. O tipo ano possui altura mdia de 4 metros. Seu fruto, a castanha de caju. Prologando-se ao fruto, existe um pednculo (seu pseudofruto) maior, macio, piriforme, tambm comestvel, de cor alaranjada ou avermelhada; geralmente confundido como fruto. Designado como ma do caju, esta estrutura amadurece colorido em amarelo e/ou vermelho e varia entre o tamanho 5-11 cm [13]. Para arborizao de praas esta espcie requer rea para desenvolvimento de sua copa em geral, apresenta bifurcaes e necessitam de maior manuteno, tais como podas de conduo. considerada uma rvore representativa ao ecossistema local, caracterstica de relevante resgate cultural, uma vez que, Aracaju significa Cajueiro dos Papagaios, entretanto a cidade recebe o nome vulgar dessa espcie. Azadirachta indica Pertence a famlia Meliaceae. Nome comum: nim, neem, margosa, margosier. uma rvore de 15-20 m de altura, de casca cinza-escura e fissurada. Decidual, de copa densa, folhas compostas alternas, imparipinadas, de 10-38 cm de comprimento, com 3-8 pares de fololos opostos ou quase opostos, lanceolados, de 3-6 cm de comprimento, acuminados, com margem serreada e base

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assimtrica. Flores em panculas axilares mais curtas que as folhas; pequenas, pentmeras, de cor branca ou creme. Fruto em drupa, oblongo, de 1,2-2 cm de largura, de cor verde amarelada tornando-se prpura, com uma semente. Floresce de fevereiro a maio e seus frutos amadurecem de junho a agosto, na rea de ocorrncia natural. No nordeste do Brasil, produz sementes em quantidades a partir de um ano de idade. Apresenta forte vigor de rebrota a partir das razes [11]. Esta espcie tem sido encontrada em grandes propores, inclusive sendo plantada pelas recentes gestes municipais considerada extica invasora por institutos de pesquisas. uma espcie que no geral est apresentando boas caractersticas de desenvolvimento no meio urbano, alm de apresentar rpido crescimento. Clitoria fairchildiana Sinonmia Centrosema spicata Glaz, Clitoria racemosa Benth, Neurocarpum racemosum Pohl, Ternatea racemosa (Benth.)Kuntze, popularmente chamada de Sombreiro, faveira, palheteira, faco. Pertencente famlia Fabaceae (=Leguminosae) Faboideae (=Papilionoideae) apresenta porte entre 6-12m. Sua distribuio concentra-se principalmente na Floresta Ombrfila Densa na Amaznia em formaes secundrias e apresenta ntida preferncia por solos frteis e midos. Como uma espcie rstica e de rpido crescimento, extremamente til nos reflorestamentos heterogneos destinados reconstituio da vegetao. uma rvore nativa muito utilizada em paisagismo urbano, pelo rpido crescimento e beleza das flores. Floresce a partir de Dezembro, porm suas flores permanecem por longo tempo, at Fevereiro e folhas so caducas [8 e 15]. Apesar de suas grandes vagens tem bom desempenho no ambiente urbano. Para reas verdes urbanas cuidados fitossanitrios devem ser realizados a fim de conservar estas espcies que apresentam-se constantemente atacadas por fitopatgenos. Cocus nucifera O coqueiro, Coco-da-bahia, Coqueiro-da-bahia, pertence famlia Aracaceae (Palmae), uma das mais importantes da classe Monocotyledoneae. Muitas referncias afirmam que o Cocos nucifera originrio da ndia. H algumas referncias, entretanto, que defendem a origem desconhecida desta palmeira. uma rvore que pode crescer at 30 m de altura, com folhas pinadas de 4-6 m de comprimento, com pinas de 60-90 e perenes. A planta frutifica apenas em locais de clima quente. Seu fruto , botanicamente, uma drupa, formada por uma epiderme lisa ou epicarpo, que envolve o mesocarpo espesso e fibroso. Praticamente tudo aproveitado do coqueiro: raiz, estipe, inflorescncia, folhas, palmito e principalmente o fruto, que ao passar por uma simples transformao gera diversos subprodutos ou derivados [9 e 16]. C. nucifera possui grande funcionalidade para a cidade de caracterstica litornea, seu fruto estreita sua implantao em qualquer rea, pois, a ele confere peso e tamanho que podem ocasionar acidentes. Apesar disso, esta espcie assume valor econmico para populao da cidade de Aracaju-SE. Delonix regia popularmente conhecida como flor-do-paraso, pau-rosa, flamboyant e accia-rubra. Famlia botnica: Fabaceae. Origem: Madagascar. Caractersticas: rvore decdua, de 10-12 m de altura, muito usada na arborizao de parques e jardins de todo o Brasil, sendo inadequada para ruas e avenidas. Tronco robusto, baixo, um pouco retorcido, sustentando galhos compridos, dando a conformao de copa larga, espalhada e horizontal. Folhagem composta bipinada, formada de folhas caduciflias. Inflorescncias em cachos com flores avermelhadas de margens amarelas; existem variedades com flores predominando em tons alaranjados ou amarelos. Propaga-se por sementes. Extremamente florfera e ornamental, adequada para o uso paisagstico em geral onde haja espao suficiente para o seu desenvolvimento [9, 10 e 17]. Esta espcie apresenta comportamento adequado de crescimento e porte nas reas verdes do municpio, um problema que deve ser levado em considerao o local onde sero implantadas, procurando evitar plantios prximos as bordas e canteiros das reas verdes, para que no haja impedimento do crescimento de razes, uma vez que esta espcie por vezes apresenta suas razes com o crescimento superficial. Ficus sp. O Ficus, figo, figueira da famlia Moraceae uma planta extica, originria do continente asitico, porm ocorre em todos os continentes com exceo da Antrtica. H mais de 1000 espcies de figueiras no mundo, especialmente em regies de clima tropical e subtropical e onde

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haja presena de gua, o que as tornam de crescimento relativamente rpido. O gnero Ficus um dos maiores do Reino Vegetal. So plantas lenhosas, muitas com caule de forma irregular, ou escultural, com raizes adventcias e superficiais. As folhas so alternas, usualmente providas de ltex. As flores so diminutas, unissexuais. Nos ltimos anos ela vem sendo muito utilizada na arborizao das cidades [8, 9 e 18]. Esta espcie apresenta caractersticas muito peculiares, uma delas a rebrota intensa. Sua implantao tem sido difundida em toda cidade seja em parques, avenidas, ruas e praas pblicas, por apresentar copa frondosa e crescimento muito rpido, deve-se ter ateno a este ponto que pode gerar conflitos futuros como desenvolvimento de razes superficiais que destruam os pavimentos. De modo comum, aspecto das reas em que esto as rvores deve ser descritas, tais como plantio homogneo de Ficus sp. em praas sendo que no atendem a exigncia de maior permeabilidade descritas como caracterstica da espcie, que geram conflitos com o espao fsico disponvel e hbito de crescimento da espcie. Licania tomentosa Oiti, Oiti-da-praia, Guaili, Oiti-cago, Oiti-mirim, Oitizeiro, sinonmia Moquilea tomentosa Benth, pertence Famlia Chrysobalanaceae. uma rvore nativa, ocorre mais no nordeste, porm muitssimo disseminada em paisagismo urbano. Floresce principalmente entre Agosto e Setembro. Altura em torno de 15 metros, clima: sub-tropical/ tropical. Razes: pivotantes, Folhas: perenes, simples, alternas, elpticas-lanceoladas, com face abaxial aveludada. Flores pequenas, brancas, com espigas ramosas. Fruto drupceo, fusiforme ou oval, de 12 a 16 cm de comprimento, envolto em massa amarela, pegajosa e fibrosa, de cheiro um tanto desagradvel, com casca amarela quando maduro, muito procurado pela fauna em geral. Propagao por meio de sementes. Muito utilizada na arborizao urbana de cidades do norte e nordeste do pas e de regies litorneas. A copa frondosa com folhas que variam do amarelo ao verde intenso possui elevado valor ornamental [9 e 19]. A L. tomentosa uma rvore que alm da grande expressividade de sua copa apresenta compatibilidade com o meio urbano no quesito resistncia a podas, no entanto, encontra dificuldade no crescimento relativamente lento. Ao longo dos anos deixou de ser plantada na cidade por causa de um inseto chamado Trpes da Ordem Thysanptera, que atacou e causou serios danos espcie. Mangifera indica L. O nome vernacular mangueira, pertence famlia Anacardeaceae. uma rvore grande com copa em forma de domo. Um elemento que pode identific-la com facilidade a presena de apenas um estame e as flores amarela-esverdeadas que desenvolvem-se a partir de uma pancula em forma de cone. Pode atingir 45 m de altura geralmente com uma circunferncia de 3,6 m ou mais. A casca rugosa, cinza escura e fibrosa. A folhas acumulam-se na ponta dos galhos e tm de 10 30 cm de comprimento por 2 - 10 cm de largura, oblongas ou lanceoladas, acuminadadas, de cor verde-escura brilhante, rosedas quando novas, com uma resina aromtica quando amassada. Inflorescncia cnica, as flores tem 0,4 cm de dimetro, amarelo-esverdeadas, aromticas, masculinas e hermafroditas na mesma pancula. Fruto em drupa com 5 - 20 cm de comprimento, carnoso, amarelo quando maduro, fibroso. Muitas variedades de frutos podem ser encontrados em funo do local onde a planta se encontra. Na regio nativa, as flores surgem de janeiro a maro e frutos maduras de abril a julho [11]. Esta arvore importante atrativo para fauna por causa do seu fruto, o grande problema que geralmente apresenta o sistema radicular que no responde bem ao solo urbano compactado, levantando por vezes as construes. Parkinsonia aculeata A Parkinsonia aculeata conhecida vulgarmente como turco uma leguminosa comumente encontrada na regio nordeste. Famlia: Caesalpiniaceae. Distribuio original: America tropical e sub-tropical desde os Estados Unidos at Argentina. rvore pequena com 4-10 metros de altura com espinhos. Tronco curto e torcido at 40 cm em dimetro, muitas vezes ramificado desde a base, com copa aberta de ramos estendidos e folhagem fina, pendente; verde, caduca. Espcie das zonas ridas e semi-ridas, tolerante s temperaturas extremas. Precipitao anual de 200 a 1'000 mm, com 9 meses de seca. Suporta vrios tipos de solo, especialmente cascalhos desrticos e areias grossas ao lado de vales e ravinas. Folhagem: Folhas alternas, bipenada compostas, com pecolo

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comum, verde-amarelados. Cada pecolo tem 20-30 pares de fololos finos, oblongos e verdes. Inflorescncia: Flores abundantes, dourado-amarelas, 2 cm ou mais em dimetro, durante todo o ano. Fruta: Vagem quase cilndrica, 5-10 cm de comprimento [20]. uma arvore que possui pouca expressividade no contexto da arborizao da cidade, no sentido que representa a vegetao nativa do agreste e caatinga, ecossistema regional. Tem um crescimento satisfatrio e necessita de mais estudos a respeito de seu comportamento no meio urbano. Pithecellobium dulce Pertence famlia Fabaceae (Mimosaceae), popularmente conhecida como mata-fome, cassiamimosa, espinheiro. uma rvore com 5-8 m de altura, nativa do Mxico e tambm encontrada em regies tropicais. Apresenta copa larga, folhas bipenadas e flores em captulos globosos, onde o fruto uma vagem com sementes em vrias fileiras, fuste com espinhos, crescimento de razes superficial, tronco retorcido e meio de propagao por sementes [9]. Esta a segunda espcie mais encontrada nas praas da cidade, no aconselhvel para arborizao entre outros motivos pelos espinhos no seu fuste e comportamento radicular. Para arborizao pode representar um risco de invaso pela facilidade de rebrotar e lanar ladres pelas razes. Syzygium jambolanum Tal espcie tem sinonmias: Syzygium cumini, Eugenia jambolana, Syzygium jambos) uma arvore originria da ndia, pertencente famlia das Myrtaceae e vulgarmente conhecida no Brasil como Jambolo, Jamelo ou Manjelo, podendo ser encontrada em diversos estados do Brasil, incluindo MG, RJ, RS e SP. A rvore com cerca de 15m de altura. Copa com folhagem abundante, ramos de colorao acinzentada-claro, com fissuras escuras e cicatrizes foliares bastante aparentes. Folhas simples, opostas, lanceoladas ou lanceoladas-oblongas at elpticas, curtamente acuminadas. Inflorescncia com flores numerosas, pequenas, de colorao creme, hermafroditas. Frutos numerosos, ovides, carnosos, negro-arroxeados, de 2 a 3 cm de comprimento, que possuem uma nica semente [9,11, 21, 22]. Esta rvore tem copa frondosa, seus frutos causam alguns problemas de sujeira, porm so atrativos para avefauna e populao. Necessita de pesquisas de manejo e desenvolvimento desta espcie no meio urbano. Teminalia catappa Pertence famlia botnica Combretaceae, tambm chamada amendoeira-da-praia, castanheira, sete-copas. uma rvore de grandes dimenses altura entre 12- 40m de altura. tpica de regies tropicais. A sua origem controversa, estando a ndia e a Nova Guin entre as hipteses apontadas. cultivada como rvore ornamental e os seus frutos so comestveis, embora um pouco cidos. Apresenta caule ereto, que cresce de 12 a 35 metros de altura e casca pardacenta, spera e fissurada. Sua copa incomum, formada por uma ramagem horizontal, agrupada a espaos regulares no tronco. As folhas so coriceas, caducas, alternas, grandes, com forma ovalada e cor verde, que gradativamente muda para o amarelo e vermelho no outono, antes de cair. As inflorescncias se formam na primavera e so espigas axilares alongadas, com flores pequenas de cor creme e sem importncia ornamental. Os frutos so drupas elipsides, de cor verde quando imaturos e amarelo a vermelho quando maduros [9 e 12]. a espcie mais encontrada nas reas verdes pblicas de Aracaju, tem um comportamento peculiar, as razes necessitam de solo sem compactao para que permanea subterrnea, seu crescimento vertical simpodial assume vrios estratos de copa ao longo do seu crescimento. 4. CONCLUSO A introduo de espcies regionais ou nacionais deve ser valorizada na composio da arborizao, assim como desenvolvimento de pesquisas que fomentem o planejamento de arborizao no quesito escolha de espcies com caractersticas desejveis. Entre as 12 espcies mais freqentes na arborizao da cidade, como so destinadas a espaos maiores em geral, sem problemas promissores fiao eltrica ou mesmo afloramento de razes, por estarem em reas mais permeveis, tem-se que cada uma das espcies pode compor, desde que

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as espcies consideradas exticas invasoras sejam revistas em sua forma de atuao no ecossistema local. Outra questo tambm que podem ser problemas futuros so as espcies com frutos comercializveis que podem gerar conflitos de posse e apropriao no extrativismo a depender das reas verdes que esto plantadas. O conhecimento das caractersticas das espcies possibilita implantao, manejo e conservao das reas verdes e melhoramento da arborizao urbana existente.

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