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abcdefghijklmnopqrstuvwxyyz Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 8 - nº 66 - Abril/2007 Distribuição Gratuita Nesta edição: Nesta edição: Anália Franco Previsão do desencarne nos sonhos. É possível? Previsão do desencarne nos sonhos. É possível? Fazer o bem sem ostentação Fazer o bem sem ostentação Paciência, renúncia e boa vontade Paciência, renúncia e boa vontade A Brevidade da Vida A Brevidade da Vida O Caminho Certo O Caminho Certo O Livro Espírita O Livro Espírita Leituras Leituras

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Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 8 - nº 66 - Abril/2007Distribuição Gratuita

Nesta edição:Nesta edição:

Anália FrancoPrevisão do desencarne nos sonhos. É possível?Previsão do desencarne nos sonhos. É possível?Fazer o bem sem ostentaçãoFazer o bem sem ostentação Paciência, renúncia e boa vontadePaciência, renúncia e boa vontade

A Brevidade da VidaA Brevidade da VidaO Caminho CertoO Caminho CertoO Livro EspíritaO Livro Espírita

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EditorialSeareiro

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editorial

Publicação MensalDoutrinária-espírita

Direção e Redação

Endereço para correspondência

Conselho Editorial

Jornalista Responsável

Diagramação e Arte

Impressão

Tiragem

Ano VIII - nº 66 - Abril/2007Órgão divulgador do Núcleo de

Estudos Espíritas Amor e EsperançaCNPJ: 03.880.975/0001-40

CCM: 39.737

Seareiro é uma publicação mensal,destinada a expandir a divulgação dadout r ina espí r i ta e manter ointercâmbio entre os interessados emâmbito mundial. Ninguém estáautorizado a arrecadar materiais emnosso nome a qualquer título.Conceitos emitidos nos artigosassinados refletem a opinião de seurespectivo autor. Todas as matériaspodem ser reproduzidas desde quecitada a fonte.

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12.000 exemplaresDistribuição Gratuita

Falemos do aborto.Não da forma banal que muitos meios de comunicação utilizam. Principalmente a

televisão, que mostra imagens de famílias de baixo poder aquisitivo, com muitos filhose sem condições de oferecer o mínimo para a sobrevivência. Outros relatam casos defalta de atendimento médico nos postos de saúde e pronto-socorros, com as crianças(sempre de famílias pobres) sofrendo a espera de atendimento. Há ainda a clássicaimagem das famílias que vivem nas áreas atingidas pela seca, com muitos filhos enada dentro das panelas para comer, algumas até disputando a comida que é dadapara o gado.

Perguntamos: no que estas cenas estão relacionadas com o aborto?Estes são problemas sociais que não vão ser resolvidos com a legalização do

aborto. A fome, a falta de atendimento médico e outras mazelas sociais são geradaspelo egoísmo humano.

Sabemos que a legalização do aborto atende mais aos interesses econômicos dedeterminadas atividades do que às famílias carentes.

Por que, ao invés de gastarmos tempo tentando legalizar o aborto, nãoaproveitamos toda esta disposição para esclarecermos as famílias sobre comoeducar moralmente os seus filhos, levar educação escolar para todos e,principalmente, evangelizar as famílias?

Desta forma, o que Jesus disse se concretizará:“Conheça a verdade e ela te libertará.”O Espiritismo não condena as atitudes das pessoas, mas esclarece, mostrando

que a vida física de uma pessoa não começa no ato do nascimento. Desde a uniãosexual do casal, já há a ligação do espírito que irá ocupar aquele corpo, portanto, aointerrompermos a gestação, estaremos tirando a oportunidade de vida de um filho deDeus, ou seja, estaremos interferindo nos Planos Divinos.

Convém lembrarmos as palavras de Chico Xavier:“Compete-nos honrar os compromissos de natureza sexual com todas as forças da

alma, mesmo porque, através do sexo, não só efetuamos a continuidade da espécieno mundo, mas também recebemos forças dinâmicas que nos podem sustentar a vidaespiritual e física, na execução do trabalho a que fomos trazidos à Terra.”

Por estas palavras vemos o quão importante é perseverarmos no caminho do Bem,seguindo os exemplos deAmor de Jesus.

Diz-nosAndré Luiz, no livro “Missionários da Luz”, que o aborto muito raramente severifica obedecendo a causas da esfera de ação dos Espíritos. “Em regra geral,origina-se do recuo inesperado dos pais terrestres, diante das sagradas obrigaçõesassumidas ou aos excessos de leviandade e inconsciência criminosa das mães,menos preparadas na responsabilidade e na compreensão para este ministériodivino.”

No mesmo livro encontramos uma séria advertência:“Daí, a razão de existirem muitos casais humanos, absolutamente sem a coroa dos

filhos, visto que anularam as próprias faculdades geradoras. Quando não procederamde semelhante modo no presente, sequiosos de satisfação egoística, agiram assim,no passado, determinando sérias anomalias na organização psíquica que lhes épeculiar. Neste último caso, experimentam dolorosos períodos de solidão e sedeafetiva, até que refaçam, dignamente, o patrimônio de veneração que todos nósdevemos às leis de Deus.”

Lembremos, finalmente, da amantíssima figura de Maria de Nazaré, que mesmosendo ainda muito jovem, confiou em Deus, assumiu a maternidade com todo o amore trouxe ao mundo aquele que seria o Caminho, a Verdade e a Vida.

Por isso devemos valorizar a vida, pois ela é uma dádiva que Deus nos oferece.Não sejamos nós os responsáveis por mais este ato cruel.

Equipe Seareiro

GRANDES PIONEIROS

ATUALIDADE:CANTINHO DO VERSO EM PROSA

TERCEIRA IDADE

TEMA LIVRE

KARDEC EM ESTUDO

CLUBE DO LIVRO

CONTOS:SONHOS:FAMÍLIA:LIVRO EM FOCO

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Anália Franco - Pág. 3Leituras - Pág. 13

O Livro Espírita - Pág. 14O Caminho Certo - Pág. 15

A Brevidade da Vida - Pág. 15Fazer o bem sem ostentação - Pág. 16

Amor e Renúncia - Traços de Joaquim Alves - Pág. 16O cachorro e o coelho - Pág. 17Previsão do desencarne nos sonhos. É possível? - Pág. 18Paciência, renúncia e boa vontade - Pág. 18

Migalha - Pág. 19

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ICE

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Entre os séculos deXVI a XVIII, quando oBrasil era colônia, amulher era consideradainútil perante a cultura e atudo que não fosseregido pela mão dohomem.

R e c e b e n d o ainfluência da Europa,p r i n c i p a l m e n t e d ePortugal, a mulher eratratada com austeridadee sem permissão parareceber qualquer tipo deensino instrutivo. Tantoque os documentos emque deveria constar aassinatura femininatraziam a explicação nosseguintes dizeres: “porser do sexo feminino enão saber ler”. E constaentre os historiadoresque a primeira mulherbrasileira a assinar umdocumento em público, por ser alfabetizada, fugindo dasregras instituídas nessa época, foi a senhora Leonor GóisSiqueira, em 1699, causando grande escândalo emaledicência entre as honradas famílias brasileiras.

Eram funções das mulheres, portanto, serem educadaspara saberem se comportar como companheiras omissase cuidar do lar e dos escravos que trabalhassem dentro dacasa. Só poderiam tomar parte de uma conversação comos visitantes se os maridos permitissem e isso só eracompreendido por olhares entre ambos.

Com a vinda de D. João VI para o Brasil-colônia,surgiram os primeiros colégios particulares no Rio deJaneiro. Isso porque com o número de senhoras vindascom a Corte de D. João VI, da França e de Portugal, muitoas preocupou a educação dos filhos, pois na Europa eramoutros os precedentes educativos, tanto na alfabetizaçãoquanto da cultura, que, segundo elas, predominavam naformação da personalidade e do caráter infantil.

Tudo foi iniciado com muita precariedade, porém aeducação para a mulher aconteceu ainda no período doBrasil-colônia, em São Paulo, exatamente com aformação vinda do clero, com a abertura dos Conventos,onde poderiam dedicar-se a exercer a religião católicasomente as mulheres. E o ensino de períodos escolaresseriam ministrados em aulas também particulares pelaspróprias freiras, pois muitas vindas da Europa tinhamprofundo cabedal de ensino não só na alfabetização comoem aulas de etiquetas, moral religiosa e conhecimentosgerais.

As formandas que aíforam educadas eramcapazes de tudo realizarnum ambiente doméstico.Formavam-se em artes,música, pintura, teatro,tudo no maior requinteexigido pela Corte dessaépoca.

Ano de 1852.O Brasil lentamente

absorvia o progressorelativo ao ensino. Eraevidente que só obtinhamum curso superior asfamílias da classe médiapara a alta aristocracia daCorte.

Nesse ano um jovemcasal consorciava seusideais de viverem unidospela lei do amor. Ele, osenhor Antônio MarianoFranco Júnior, formadoem contabilidade, que naépoca era a profissão do

“guardador de livros”, era funcionário de uma repartiçãoempresarial de bom nível. Termo usual na época, para osempresários bem sucedidos.

Ela, dona Thereza Emília de Jesus, que, venceu todosos obstáculos, era formada e exercia o cargo deprofessora primária. Esse acontecimento fora no dia 20 deabril de 1852, na matriz da cidade de Resende, estado doRio de Janeiro.

Enquanto esse casal se reunia não só pelas leis daTerra, mas principalmente pelos laços espirituais, o Alto jápreparava para retornar ao plano físico um espírito queteria a missão de abrir caminhos para o aprendizado doconhecimento, não só pelas letras mas também para aEvangelização de espíritos que precisariam da forçadessa mulher, designada por Deus, para fornecer essesprincípios tão equivocados pelos homens.

Esse espírito teria que renascer nesse ambiente cheiode mistérios formados pelo Clero, assim como Franciscode Assis, Antônio de Pádua, Thereza D'Ávila, SantoAgostinho e outros eméritos baluartes que viveram naépoca do Cristo e tiveram que retornar para continuar aobra de esclarecimento do “Cristianismo”, não só dasreligiões do deus pagão.

E no dia 1º de fevereiro de 1853, retorna a esse planofísico uma bela menina, de olhos arregalados para omundo que a recebe ao aconchego do seio maternal. Ospais não cabiam em si de contentamento. Acreditavamque Deus os abençoava com essa luz que se acenderanesse lar já tão feliz.

Grandes Pioneirosgrandes pioneiros

Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 3

Anália FrancoAnália Franco

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Deram-lhe o nome deAnália Emília Franco.Todos os amigos que visitavam o casal para conhecer-

lhes a filha eram unânimes em afirmar que algo havia dediferente nos olhos e nas expressões daquele bebê, poisdava a nítida impressão de que gostaria de contar algumacoisa, tal a agitação quedemonstrava. Os pais diziamque Deus saberia fazê-laacalmar-se. Realmente,Anália teria muito querealizar. E era já visto que elanão seria uma criança igual atantas na fase infantil. Ela,nos primeiros anos de vida,“revivia”, por assim dizer, oseu passado. Com seus trêsanos, juntava as sílabas daspalavras que sua mãezinhalhe indicava, espantada aover a precocidade da filha.Anália não fora a única filha do casal Franco. Tiveram maisdois filhos, sendo o do meio, Antônio Mariano Franco, e acaçula de nome Ambrosina Franco. E a diferença deatitudes de Anália para com os irmãos tornava-se maissaliente ainda. Embora a diferença de idade entre eles nãopassasse de ano e meio, era sempre ela que educava osirmãos, no falar e no comportamento.

O potencial de conhecimento na menina Anália a todosassustava. Seu arquivo espiritual desabrochavarapidamente.

Seus primeiros estudos foram realizados em Resende,sob o olhar sempre orgulhoso dos pais. Dona Thereza,que lecionava na mesma escola, ouvia constantes elogiosao desenvolvimento e comportamento da filha, que, porvezes, sofria deboches das amiguinhas que assimprocediam por sentirem ciúmes e até mesmo inveja peladistinção da menina em classe. Esse era apenas ocomeço de quem teria muitos percalços em meio àreencarnação. MasAnália não ligava.

Quando olhava para sua mãezinha e a via triste pelascoleguinhas não a chamarem para as brincadeiras, eladizia:

“— Não fique brava e nem triste, mãezinha. Elas nãosabem que a minha idade não combina com a delas.”

Dona Thereza não entendia e talvez nem Anália, masela tinha mesmo a maturidade acentuada pela sua poucaidade física.

Por necessidade de trabalho, Dona Thereza e Sr.Antônio precisaram deixar Resende e se transferir paraSão Paulo.Anália já tinha seus doze anos e acompanhavaDona Thereza no ensino primário.

Em 1876, Dona Thereza e família mudaram-se para ovale paraibano de Guaratinguetá, onde passou a lecionar,tendo como assistente sua filha Anália. Esta, com toda aexperiência obtida no ensino primário e colocando emprática o que havia de suas lembranças da espiritualidade,tornou-se uma excelente educadora. Foi então designadapara lecionar em Jacareí, embora ainda não tivessediploma, o que aconteceu em 1877, com a reabertura daEscola Normal em São Paulo, que, por efeitos políticos epreconceitos com referência a mulher, fora fechada. Comisso, Anália voltou a São Paulo e conseguiu o seu tãoalmejado diploma de educadora. Uma vitória, como disseem sua formatura, ainda composta mais de homens do

que mulheres: “Vencemos, amigas, porém, esse é só ocomeço do que nós, mulheres, poderemos fazer paraclarear a mente obscura desses que se dizem osintelectuais do futuro.”

Daí para frente, Anália foi se revelando e deixando todaa sociedade de boca aberta.Seu nome começou a serpronunciado por toda aEuropa, onde os jornais achamavam de “A Dama Maiorda Educação Brasileira”. Seuse n s i n o s p e d a g ó g i c o scomeçaram a incomodar os“velhos professores”, querelutavam em aceitar os novosmétodos de ensino.

Anália demonstrava, naprática, que os alunos nãodeveriam ser separados,d i v i d i d o s e m c l a s s e s

masculina e feminina. Era preciso acabar com a malíciaque só existia, dizia ela, nas cabeças mal formadas deprincípios morais.

Para tanto, ela colocava no currículo escolar as aulasde religião, pois, dessa forma, desde cedo, a criançacomeça a entender e a respeitar seu semelhante.

Outra exigência queAnália achou por bem introduzir noensino da época foi a aula de higiene aplicada, poisnenhuma criança poderia entrar em classe sem estardevidamente limpa. Ela conseguira, com muito esforço,que as próprias mães dos alunos a ajudassem nessequesito. Como o banho era difícil, pois havia anecessidade de a água ser retirada dos poços e colocadaem bacias, achavam as pessoas que só com a lavagemdas mãos, dos pés e do rosto já estavam asseadas. MasAnália, através de cartazes feitos por ela própria,mostrava as doenças de pele, as infecções, os piolhos,enfim, tudo o que poderia acontecer por falta de banho.Com esse procedimento, as crianças assimilavam com omaior interesse, pois sentiam o bem-estar causado após obanho. Com isso, elas próprias passaram a ensinar ospais a importância do banho e a limpeza no aspecto total.

Essa idéia da educadora causou a maior revolução noBrasil. O povo não estava acostumado a tanta higiene. Aduras penas,Anália conseguiu, após longas lutas, ter umaclasse de alunos limpos, sem problemas de micoses epiolhos.

O Humanismo também fazia parte do ensino dessa quenascera para revolucionar a cadeira educativa dasescolas. A pedido de muitos professores, que gostariamde entender o porquê das aulas dadas por ela serem tãoeficientes, Anália ministrou cursos de Pedagogia eHumanismo Educacional. Eles aprenderam que, acima detudo, o professor deveria ser respeitado e não temido.Para isso, deveriam tratar os alunos como filhos, comenergia e brandura, como ensinava Jesus aos seusdiscípulos, dizia ela. As aulas deveriam ser alegres e ascrianças serem levadas, sempre que possível, a teremaulas ao ar livre para sentirem e respeitarem a Deus.Fazê-las plantar uma semente, uma muda de flores eacompanharem o desenvolvimento de uma árvore, seusramos e seus frutos.

Como exímia compositora, fazia versos e ensinava ascrianças a cantá-los em coral, orientando também os

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Cidade de Resende, Rio de Janeiro.

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professores a encenar peças infantis.Simples atos onde as crianças sedesenvolveriam perante o público, tornando-as mais extrovertidas.

E, para tanto, Anália não iniciava suasaulas sem as crianças cantarem um “Hinode Deus”, que, como dizia aos meninos,além do canto, era uma prece em louvor aDeus. Eis aqui os versos:

A grande preocupação de Anália Francoera o de fazer com que as mulheres quecomeçavam a lutar para trabalharem fora daslides domésticas crescessem. Sempre quepodia, agrupava as senhoras que conhecia eas mães dos alunos a auxiliarem-na nopreparo das aulas, do teatrinho demarionetes e nas visitas que fazia às senhoras queapresentavam um quadro de depressão pela vida queeram obrigadas a ter, retendo em seus interiores avontade de viver e lutar por algum ideal de liberdade.

Sob a influência de Anália, muitas das senhoras que setratavam com remédios para as suas frustraçõesconseguiram sair desse estágio doentio para se tornaremúteis ajudando-a nos trabalhos artesanais, nas visitas aosdoentes carentes e no atendimento às criançasdeficientes e, principalmente, às crianças abandonadaspelas ruas.

Essa era para Anália a maior preocupação. Enquantoaquelas que podiam e freqüentavam a escola já recebiamorientação, outras desfavorecidas nada tinham, nemmesmo o calor materno.

Para tanto, pensava ela que sua luta estava apenascomeçando. Precisaria fundar escolas ou creches paraabrigar essas crianças, fossem quais níveis sociais quetivessem, o importante é que a nenhuma criança fossenegada a instrução e, mais ainda, deveriam sentir-seamadas, tendo um lar, onde fossem respeitadas.

Para tanto, Anália precisava tornar-se mais conhecidano jornalismo para criar outras oportunidades, pelas quaispudesse conseguir meios financeiros e voluntários para acampanha de benemerência.

Em Taubaté, interior de São Paulo, ela começou suaidéia de penetrar no meio jornalístico. Através do jornalliterário “A Família”, começou a escrever seus artigossobre Educação Infantil.

Seu ideal de ensino, baseado em Pestalozzi, tomouvulto entre as colunistas de um jornal, mantido porsenhoras do Rio de Janeiro, de nome “Eco das Damas”.Tal periódico fora fundado por Dona Josefina Álvares deAzevedo, ao lado de outras amigas como Zalina Rolim eAmélia Carolina, que procuravam manter o espírito

humanitário das mulheres, mostrando acapacidade feminina em manter um lar e umtrabalho digno. Todas elas tornaram-seescritoras e, como Anália, sofreram aspressões dos homens, principalmente dospolíticos locais.

Com essa ajuda, Anália ampliou edesenvolveu mais seu potencial de escritora.Lançou o “Álbum das Meninas”, uma revistaliterária educativa. Nela, Anália educava asjovens através de uma leitura agradável e levesobre assuntos relativos aos jovens eadolescentes. A revista foi bem aceita nosmeios literários.

Alguns anos depois, Anália Franco foiconvidada a visitar a cidade de São Carlos, nointerior de São Paulo. Visitando os locais deensino, percebeu ela a necessidade de fundarali um colégio. Como sua vontade em realizarprojetos educativos era necessária,conseguiu edificar um colégio que funcionavaem regime de externato e internato. Deu-lhe onome de “Santa Cecília”, santa esta de suadevoção. Esse colégio funcionava com oensino primário e o secundário. Deu aeducadora novas experiências que lheserviram muito nos educandários seguintesque estariam por vir e as associações quesurgiriam.

Isso aconteceu no dia 17 de novembro de 1901,quando foi notificada pela Assembléia Geral que estaaprovara seus estatutos para inaugurar a “AssociaçãoFeminina Beneficente e Instrutiva do Estado de SãoPaulo”.

Essa Associação amparava e iria instruir e educar ascrianças pobres e abandonadas da capital paulista, nãohavendo aí nenhuma distinção de raça ou fé religiosa. Amaior finalidade dessa obra era, para Anália, atrair assenhoras da sociedade local para um serviço de alto teorevangélico, oferecendo as horas ociosas em benefício deum ser relegado pela sociedade. Não teria vínculo políticoe nem fins lucrativos. Apenas o objetivo de oferecer umteto, um prato de comida, roupas limpas e instruçãoescolar. Por essa época, Anália Franco já estava emcontacto com a Doutrina Espírita. Ouvira falar de Kardec,da mediunidade e dos fenômenos das mesas girantes,mas era liberal e tolerante com todos os credos. Não faziadiferença para ela que seus ajudantes professassem areligião que quisessem, apenas que aceitassem a idéia deque Deus é o Pai Eterno e a Inteligência Suprema.

Esse era o ensino fundamental em suas obras.Despertava nos corações infantis o Amor a Deus e aJesus, sobre todas as coisas, e o amor e o respeito aopróximo, fosse criança ou adulto.

Rodeada por colaboradores e com muita luta,continuava a obra educativa, encontrando muitas pedraspelo caminho. Como sempre, não faltavam as más línguasa destilar venenos e calúnias.

Principalmente por ser mulher, Anália sofria ataques detodos os lados. Até as mulheres ciumentas não permitiamque seus maridos dela se aproximassem, pois diziam queela era capaz de tudo para alcançar seus propósitos, nemque para isso fizesse a ruína de um lar.

Anália silenciava. Suas auxiliares achavam que ela

É nosso Pai CelesteO Deus que adoramosÉ a Ele a quem primeiroO nosso afeto damos

O céu, o mar, a terraE tudo quanto existeSão obras do seu poder,Que só no bem consiste

Ergamos um hino de glóriaA esse Deus OnipotenteQue lá do céu nos volveO seu olhar clemente.

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Josefina Álvares de Azevedo

Zalina Rolim

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deveria responder escrevendo sua defesa através dosjornais que editavam seus artigos. Mas, sempre paciente,ela dizia que Deus sabia de seu procedimento. Nadaouviriam de sua boca ou manifestos escritos. Como suanorma era “conceber o bem não basta, é preciso fazê-lofrutificar”, o importante é que suas obras cresciam.

A Associação Feminina crescia rapidamente. Anália sedesdobrava fazendo tarefas acumuladas para atender atodos os lados onde sua presença era necessária.

O Dr. Paulo Egídio de Oliveira Carvalho, senadorpaulista, e notável jurisconsulto e literato, convidou AnáliaFranco para comparecer ao Senado para tratar deassuntos de seu interesse. A educadora prontamenteatendeu ao convite e sua surpresa foi maior quando o Dr.Egídio, ocupando a tribuna, falou:

“— Aos representantes dos estados brasileiros aquipresentes, gostaria que conhecessem uma mulhercorajosa, guerreira e professora, Dona Anália EmíliaFranco, que, como escritora e educadora, está realizandonão só em São Paulo, como também em outros estados, amaior revolução no ensino desse País. Aqui, no estado deSão Paulo, mais propriamente na Capital, a AssociaçãoInstrutiva criada por ela já conta as inúmeras atividades alirealizadas e o abrigo para crianças de zero até a juventudee o acompanhamento escolar com métodos ativos nosensinos de externatos e internatos, criados por ela.”

E, apontando para Anália, que estava sentada à suafrente tentando manter o controle de suas emoções,continuou:

“— Essa jovem batalhadora vale muito mais que todosnós juntos. Ela não só planeja como executa sem temor.Como ela mesma diz, Deus está ao seu lado, pois obenefício que faz não é para o seu próprio bem, mas paratodas as mulheres e crianças que, alfabetizadas, terão umfuturo promissor.”

Após os aplausos, o Dr. Egídio faz seu brilhante final:“— Por esse motivo, pela abnegação à causa da

instrução pública, no estado de São Paulo, que solicito aossenhores do senado maior consignação de verba para a“Associação Feminina Beneficente e Instrutiva. Temoscerteza de que nunca uma verba será tão bem aplicadacomo esta em favor daqueles que serão os brasileiros deamanhã.”

Sob forte emoção, Anália Franco sobe à tribuna eagradece ao senador e a todos, convidando-os a visitarema Associação.

E os frutos dessa obra jámostravam seu desempenho,pois estavam sendo mantidas eorientadas 22 escolas maternais,sendo 5 escolas no interior deSão Paulo, e instruções dadaspara 2000 crianças pobres. Eainda o funcionamento de umLiceu Feminino que, em períodonoturno, formava professoras,que cursavam-no em São Pauloe em Santos. Foram elesfundados e inaugurados no dia25 de janeiro de 1902, em SãoPaulo, e no mesmo dia emSantos.

Graças a esse Liceu, asf o r m a n d a s t r a b a l h a v a m

gratuitamente, ganhando experiência e orientação damestra Anália, que ocupava o coração e o respeito detodos.

Em Santos, após a inauguração do Liceu, quandoAnália fazia rigorosa inspeção com alunos e professores,recebeu a visita do Secretário dos Negócios do Interior eda Justiça de São Paulo, o senhor Dr. Bento Bueno. Essetece-lhe muitos elogios pela coragem e por ser tão culta edesprendida dos bens e títulos materiais. Dizia estar alipara apoiá-la no que fosse preciso. Seus préstimoschegaram em boa hora, pois Anália estava na fase final daprimeira escola maternal na cidade de Santos. Dr. BentoBueno, ajudado pelos professores e simpatizantes dasobras da educadora, no ato da inauguração, levantou aplaca. Para surpresa de Anália a escola recebera oseguinte nome: “Escola Maternal Anália Franco”

Agradecendo e dizendo-se insignificante diante dessahomenagem, ela pediu licença para um ato de louvor paraaqueles que foram realmente os pioneiros no ensino aosprimeiros habitantes do Brasil: Padre José de Anchieta ePadre Manoel da Nóbrega, que muito fizeram diantedessa bela Natureza, nessas cidades praianas, Santos eSão Vicente.

Toda a imprensa brasileira, em todas as cidades eestados, fazia matérias sobre os feitos da educadora “dostempos novos” no ensino. Salientavam as inúmerascreches e abrigos com fotos para evidenciar a veracidadedo empenho de Anália em colaborar para a irradiação daliberdade em aprender a ler sem definição de sexos.“Deus criou as pessoas para poderem crescer e evoluir”.Essa frase Anália repetia constantemente para adultos ecrianças.

Quando o clero tomou conhecimento de que a famosaeducadora propagava a Doutrina Espírita, sendo elaprópria defensora e adepta do Espiritismo, fizeram umainfamante crítica sobre ela, em vários órgãos católicos.Atacaram de maneira sórdida a “Associação Feminina”.Diziam que essa tal “Associação” era uma maneira ocultade ganhar a vida com o nome de Caridade e que ascreches, abrigos e escolas maternais eramprofundamente nocivas às crianças, pois, através dareligião espírita, o demônio as dominaria no futuro. Poresse motivo, o povo católico sentia-se incomodado com apropalação das idéias revolucionárias, principalmentecom as mulheres, onde o perigo estaria na destruição dos

lares.Vieram em defesa de Anália e

das Instituições os órgãos daimprensa, como o Correio de Jaúe o Atibaiense, sendo que esseúltimo fez publicar no dia 15 demarço de 1908 um artigo quem u i t o e m o c i o n o u A n á l i a .Comparou-a com Joana D'Arc, aquem Anália tinha profundaadmiração pela fé e coragem queteve em defender as verdadescristãs. E por ter sido ela escolhidapelo plano espiritual superior arepresentar o valor altruístico damulher.

O artigo ainda descrevia opotencial da educadora em trazerde volta a fé no coração dos

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Na década de 30, neste casarão antigo funcionava aAssociação Feminina Beneficente e Instrutiva Lar Anália

Franco, um orfanato dedicado ao ensino de criançascarentes, no bairro do Tatuapé, na Zona Leste de São

Paulo e que acabou dando nome ao bairro. Atualmenteeste casarão foi restaurado para abrigar o campus Anália

Franco da Universidade Cruzeiro do Sul.

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descrentes, em fazer do ser humano um ente que faz partede uma coletividade, mesmo sendo de condição humilde.E de tirar as crianças das ruas e da cruel realidade dosvícios, dar-lhes um lar e a alegria de se sentiremprotegidas.

E o artigo terminava com essas palavras:“Onde o erro dessa mulher? Que fez ela de

condenável? Foi o de fazer envergonhar uma sociedadehipócrita, repleta de homens cheios de orgulho e que nadamais fazem do que viver ignorando que muitos morrem àmíngua, até mesmo em nome da religião.”

“Quem estiver livre de pecados, atire a primeira pedra,pois se assim o fizer, temos a certeza de que essa setornará uma bela rosa, transformada em luz sobre acabeça dessa abençoada mulher.”

O conceituado médico Dr. Alberto de Melo Seabratambém escreveu em seu artigo publicado pela revista“Educação”, de São Paulo, no dia 12 de outubro de 1908,de que a “Associação Feminina” e suas Instituições muitorealizavam em favor da instrução, não só de crianças,como do povo, ávido de aprendizado e de retorno à fé.Esse ato tão humanitário só pode trazer aplausos à causada mulher brasileira.

Nada conseguia demover ou desanimar essa alma queretornara para incentivar o trabalho grandioso que lhe foraconfiado por Jesus. Instruída pelo Alto, Anália conseguiuinaugurar o primeiro Abrigo-Creche, entre os muitos queviriam com o decorrer do tempo.

Esses abrigos amparavam as viúvas, as mãesabandonadas e seus filhos, e os órfãos, principalmenteaquelas criancinhas que eram encontradas à porta doAbrigo, em caixas de papelão ou cestinhas.

Nesses lares, Anália fazia funcionar tipografia,costuras, arranjos em flores, oficinas de chapéus (muitousados na época) e ainda sala de música e aulas deescrituração (contabilidade).

Ela também pensou nos andarilhos, essas pobrescriaturas que, por algo do passado, não conseguemconviver com os familiares, somente o andar incansávelpelas vias públicas é que parece ajudá-los a sentiremmelhor a vida. Porém,Anália, com a ajuda das pessoas debons princípios, inaugurou em algumas cidadesAlbergues Noturnos. Em alguns lugares mais amplos,muitos eram os albergados que recebiam banho, roupas ecalçados e, antes de irem para o repouso noturno,tomavam um prato de sopa. Tudo isso, Anália conseguia

com voluntários que se contaminavam, por assim dizer, doentusiasmo que essa valorosa mulher transmitia atravésde seu carisma e abnegação.

Sempre que podia, ela estava presente, nos Abrigos,Creches, Albergues, levando seu coração repleto deternura. Ela nunca permitia que trabalho algum seiniciasse ou terminasse sem uma prece. Passava, comisso, a todos os funcionários e voluntários, que Deusestaria em primeiro plano. Nunca deveria ser esquecidaou deixada a prece para “o depois”.

Há um fato importante que, aliás, poderia serclassificado como o início da ligação deAnália com o planoespiritual. Seria para ela a confirmação de que estavaagindo de acordo com os princípios divinos.

As Instituições estavam num começo dificultoso, comojá mencionado.

A Associação Feminina procurava meios para podermanter as creches já instaladas, principalmente as dointerior de São Paulo. Anália estava na Associação que,naquela época, teve seu funcionamento na Rua dosEstudantes, nº 19 (hoje a conhecida Rua 15 deNovembro), quando a senhora Dona Genebra de BarrosLeite, baronesa, viúva do Brigadeiro Luiz Antônio, que porsua integração à Regência Trina da Província foraaclamado Senador, Barão e finalmente condecoradoVisconde e, após, Marquês de Monte Alegre fez-lhe umavisita. Essa nobre dama ficara ciente dos benefíciosprestados à sociedade por Anália e, como havia sofridoum rude golpe por ter sido seu filho morto por afogamento,resolveu conhecer e fazer algo em nome de seu amadofilho, cuja falta lhe era muito penosa. Naquele dia, Análialevantara com uma leve sensação de bem-estar. QuandoGenebra é conduzida à sala deAnália, esta alegremente aabraça e lhe diz:

“— Que prazer em vê-la, eu já aguardava sua visita.”Dona Genebra, admirada, retribuindo o abraço,

exclamou:“— Como? Não disse a ninguém que aqui viria! Posso

até dizer-lhe que tomei essa atitude improvisadamente.Nem mesmo o lacaio (expressão da época, que quer dizer“empregado”) que me acompanha sabia para ondeviríamos!”

Anália, sorrindo e convidando para irem conhecendo aAssociação, dizia-lhe:

“— Não se espante com o que vou lhe contar. Estanoite, deitei-me apreensiva por saber que hoje as criançasteriam uma escassa alimentação por falta de recursos,aqui na Associação. Acontece que, após minhas orações,adormeci e vi um moço loiro, de traços serenos, que medizia: “Tranqüilize-se, breve terás o necessário”. Vendo-a,senhora, e conhecendo-a pelas fotos dos jornais, chegueià conclusão de que os recursos viriam pelas suas mãos,além do mais, o moço loiro é bem parecido com asenhora.”

Dona Genebra, já emocionada, tira da bolsa umpequeno álbum de fotos e lhe diz:

“— Veja se reconhece em meio a esses familiaresaquele que viu em seu sonho.”

Anália olha atentamente e aponta o rapaz loiro.“— É esse, tenho certeza! Embora aqui ele esteja mais

jovem.”Dona Genebra olhou-a fixamente, dizendo:“— Senhorita Anália, esse jovem é o meu filho. Sei

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agora porque o seu trabalho me emocionou. Ele eradinâmico e tinha grandes ideais para o futuro, mas foicolhido por uma fatalidade. Gostava de nadar. E indo comos amigos para se divertirem, afogou-se no rio Tietê.Todos os jornais publicaram a notícia que causou grandeconsternação entre nossos amigos.”

Anália não escondeu seus olhos rasos de lágrimas.Asenhora abriu novamente a bolsa, guardou o álbum e,

retirando uma quantia de dinheiro, passou-a para Anália,dizendo-lhe:

“— É meu filho que doa essa quantia, pois era parte desua herança. E é em nome dele que passarei a compra deum terreno que será a sede principal de suas tarefas. E,creia-me, que enquanto viver, suas crianças não passarãomais necessidades por falta de alimento.”

E assim foi feito, sob a proteção de Jesus, diziaAnália.A senhora Baronesa Genebra foi uma das muito

competentes colaboradoras de Anália. Ajudou-a ainaugurar muitas escolas maternais. E as Creches-Abrigos foram se espalhando por todos os estados ecidades dos interiores: São Paulo, Santos, Jundiaí, SãoVicente e Ribeirão Preto, foram as primeiras. O estado doRio Grande do Sul contou com a colaboração epresidência do Abrigo por dona Andradina de Oliveira,poetisa, e auxiliar nos artigos redigidos por Anália. EmSanta Catarina, o Abrigo foi inaugurado numa chácaradoada por Dona Maria Marta Hoffman. Em Minas Gerais, aresponsabilidade do Abrigo foi entregue para DonaVicentina Scoles, uma educadora tão humanitária quantoAnália. E assim foram se tornando cada vez maisavançadas as idéias de Anália em fazer com que a mulhermostrasse a sua capacidade de usar as horas ociosas embenefício de vidas que estavam começando areencarnação.

O trabalho se agigantava. Anália atendia a tudo e atodos. Seu tempo andava escasso e as contas, asdoações, as compras, tudo isso ela procurava trazer emdia. Seu conhecimento em Contabilidade (que aprenderacom seu pai) lhe dava um amplo acesso a disciplinar os“livros de crédito e caixa”, porém já há algum tempo elanão conseguia a mesma organização. Como as escolasmaternais estavam sempre visadas pelas calunias, de queela se apossava do dinheiro da Associação, faziaaumentar sua preocupação.

Auxiliando Anália, Dona Thereza, sua mãezinha, quesempre acompanhava os trabalhos da filha, sugeriu paraque ela procurasse por uma pessoa chamada FranciscoAntônio Bastos. Ele, ainda muito menino, havia ajudado opai de Anália com os livros de contabilidade. Gostando daprofissão, soubera Dona Thereza que ele,Antônio Bastos,havia conseguido seu diploma de “guarda-livros”. Quemsabe, dizia Dona Thereza a Anália, esse jovem Sr. Antônionão viria ajudá-la?

Anália mostrou-se entusiasmada com a idéia. Ebatendo palmas veio beijar as faces de sua mãezinha econcluiu:

“— Vou agora mesmo procurar o senhor Bastos,mamãe. Tentarei encontrá-lo no principal escritório,próximo ao Fórum. Alguém poderá conhecê-lo, poissabemos que são poucos os guarda-livros nessa cidade.E, para encontrá-los, é só irmos ao escritório chamado“Agência dos Contabilistas”, não é, mamãe?”

“ Claro, minha filha. Deus irá ajudá-la, como sempre.”Anália despediu-se de sua mãezinha e foi ao encontro

ou reencontro de seu futuro marido. Isso porque ambos,ao se olharem, sentiram o pulsar agitado de seuscorações, sintomas do chamado “amor à primeira vista”.

Após os cumprimentos, Anália ainda sob o efeito dosolhares ardentes de Antônio, colocou-o a par de seuproblema. Antônio ouviu a tudo com atenção e aceitoutrabalhar como seu contabilista e voluntário nas causashumanitárias às quais ela se dedicava e que ele tantoadmirava. Em seguida, beijando as mãos de Anália,comprometeu-se a começar a tarefa no dia seguinte pelamanhã. Daí para frente, a grande amizade que fez partedessas duas almas, voltadas para o trabalho grandioso doplano espiritual, uniu essas criaturas em matrimônio, nodia sem referências na história,sendo o ano de 1910 ou 1912.

Antônio Bastos já era espíritadesde menino. Por sua própriavontade, procurava ler as obrasde Bozzano, Leon Denis,Kardec. Lia, principalmente, oLivro dos Espíritos. Esse livroera a principal referência paraseu desenvolvimento, pois,além de responder todas assuas dúvidas, levou-o aprocurar a Doutrina, ainda muitojovem. Com o passar do tempo,animou-se junto a outroscompanheiros a fundarem umCentro Espírita. Sabiam que teriam a proteção doAlto.

Agora casado com sua amada Anália e sabendo-aespírita, procurou-a para juntarem-se também na fédoutrinária. Propunha Bastos que as reuniões que Análiafazia acontecer numa pequena sala da Associaçãofossem transferidas para o “Centro Espírita São Paulo”,sendo que esse centro, dirigido pelo Sr. Bastos, foi opioneiro na junção do movimento espírita, que começara adar sinais de propagação da doutrina.

Com esta aproximação mais intensa deAnália e Bastospela Doutrina, fortaleceram os laços de amizade entreoutros trabalhadores do Espiritismo como: Dr. MilitãoPacheco, médico homeopata, que passou a colaborarprofissionalmente, dando assistência médica emambulatórios criados pelo casal, favorecendo a classecarente do povo e as crianças; Batuíra, que procuravaassistir as crianças deficientes em lugares apropriadospara elas, com exercícios de fisioterapia e passes; CaibarSchutel, que uma vez por mês visitava as crianças, vindode Matão e dando a elas muita alegria, com suas belashistórias sobre Jesus, evangelizando-as com o teatrinhode marionetes.

Anália continuou suaspalestras, pois Bastos, seucompanheiro querido aincentivava. Para tanto,e n q u a n t o e l a v i a j a v aatendendo aos convites, elecuidava, junto com asvoluntárias, de não deixarfaltar todo amparo necessárioàs crianças e às famílias.

Anália também continuoua escrever livros, que forampublicados tanto em páginas

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Caibar Schutel

Francisco Antônio Bastos

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no “Álbum das Meninas”, como vários títuloseditados: “Uma Vida Modelo, MariaSantíssima,As Preleções de Jesus”.

E junto com seu esposo, veio a público umopúsculo que ambos acharam importanteredigir porque, na época, a bibliografiaespiritista era muito precária. E esseopúsculo, cujo nome era “Habilitação àAssistência nas Sessões de Espiritismo”,trazia explicações sobre a prática daDoutrina, de leitura fácil e didática. Eramperguntas e respostas, dando ao leitorinformações preciosas sobre o tema. Eramesses opúsculos enviados a quem quisesseobtê-los, pois o envio era gratuito.

Foram também responsáveis por alguns anos pelapublicação de um jornal, com o título de “A NovaRevelação”, que também era oferecido gratuitamente eenviado para várias localidades.

Anália foi um marco em sua época, pela versatilidadede seu espírito pioneiro. Para trazer recursos ás escolas,creches-abrigos, ambulatórios etc., ela escreviaromances, poesias, peças teatrais, compunha músicasinfantis e versos. Em tudo ela fazia questão de que ascrianças participassem. Elas representavam as peçasteatrais, tocavam em bandas e corais. As crianças dosAbrigos e Escolas de Anália Franco eram muitoconhecidas e respeitadas. Para ajudar na manutenção detoda essa tarefa, foi criado por parte das voluntárias o“Bazar da Caridade”. As meninas e as mães assistidaspelas Instituições aprendiam a bordar, fazer tricô e crochêe os produtos eram oferecidos ao público que, sabedor dacausa, ajudava até a vendê-los em outros lugares. Aaceitação era perfeita. Com a fundação da “ColôniaRegeneradora Dr. Romualdo”, Antônio Bastos, junto aoutros trabalhadores da causa, principalmente Batuíra,conseguiu trazer para a Colônia as chamadas “mulheresde vida fácil” que, no dizer de Batuíra, “que de fácil nadahavia”, por serem portadoras de terríveis equívocosmorais e necessitadas de amparo.

Essa Colônia causou enormes dores de cabeça paraAnália. Mais uma vez foi ela alvo de calúnias eperseguições. Diziam que seu marido arranjara um meiode se “fartar entre as mulheres”.

Antônio Bastos e Batuíra levaram desde o delegadolocal até o juiz e representantes de órgãos públicos paraque passassem um dia todo na Colônia e verem de perto otrabalho ali realizado, desde o atendimento médico,dirigido pelo Dr. Militão Pacheco, até as aulas dealfabetização e de higiene que eram dadas pelassenhoras da sociedade local, muitas comtítulo de nobreza da corte remanescente.

Passa mais essa fase difícil, quando tudoparecia tranqüilo, eis que irrompeu a tristenotícia da Primeira Guerra Mundial. O Brasilcomeçou a sentir os reflexos econômicos e opovo a escassez alimentícia. As Instituiçõestiveram reduzidas as subvenções e,naturalmente, as doações praticamenteforam suspensas.

Anália continuou a luta. Preparou ascrianças da banda e o coral das meninas, quetodos conheciam como as “Operárias doBem” e, de porta em porta, nas praças

públicas, cantando e pedindo, os donativosapareciam ou então alimentos também eramdoados e enviados para as instituições.

Em 1918, outra tragédia surgira parajuntar-se ao mal da guerra, ocasionandomortes, por vezes ceifando famílias inteiras.Era a terrível “gripe espanhola”. Espalhando-se por toda a parte, fez com que as escolasfossem fechadas e as casas que eramatacadas pelo mal eram incendiadas com osmortos que ali estivessem. Não havia ondeenterrar tanta mortandade. Quem podia e quenão tinha se contaminado fugia, tentando

escapar da doença.As Instituições também foram atingidas e as crianças

tinham que ser socorridas.Anália e seu marido Bastos nãotinham recursos suficientes para a compra de remédios.Reunindo-se ao companheiro e antevendo a catástrofeque estava para acontecer se não achassem uma saída,ela, recebendo a intuição doAlto, aludiu ao companheiro:

“— Bastos, nosso único recurso é buscarmos o nossomédico-irmão, Jesus, nosso Mestre. Peçamos, através daágua, o remédio que, com certeza, Ele nos enviará e, coma permissão de Deus, as nossas meninas se reerguerãoem saúde, assim como todos nós que cuidamos delas.”

E Anália passou a reunir os voluntários nos quartos dascrianças e também nas Instituições, num geral, orando epedindo auxílio a Jesus e aos mentores espirituais. Aságuas ferviam nos recipientes e, após o gesto alterado,demonstrando o poder da fé daquele coração maternal, ascrianças e as mães da Colônia Regeneradora, assimcomo todas as criaturas que batiam às portas dasInstituições, foram salvas. Somente algumas crianças queforam trazidas às escolas maternais com a gripe numestado adiantado é que não conseguiram a cura. Análiaconsolava os familiares, dizendo que, se não se salvaramna vida material, seria porque Deus lhes dera a vivêncianecessária na Terra e retornaram à pátria de origem, parase fortalecerem para o futuro reencarnatório.

Com o estado de guerra, o governo aproveitou parasatisfazer a exigência do clero, cortando os pagamentosmensais que Anália recebia como professora, por lecionarem diversas escolas estaduais. Como o número deprofessores era limitado, a educadora trabalhava para queos recursos fossem maiores. Agora, com esse corte feitopor maledicência, os débitos foram aumentando. Bastostambém se revezava entre ajudar nas instituições e atuarprofissionalmente, atendendo o comércio comocontabilista.

Com as preces e a fé ardorosa desses dois coraçõesque vieram para auxiliar os abandonadosmaterialmente, Anália recebeu do Alto amensagem de seu amigo e protetor, o espírito aquemAnália sempre rogava auxílio.Agostinho,seu protetor, pediu-lhe para que nãoesmorecesse, pois Deus estaria ao seu lado. E,lembrou-lhe que havia em Ribeirão Preto umapessoa muito caridosa que, de bom grado, aajudaria. Finda a mensagem, após as precesde agradecimento, Anália e Bastos ficaramten tando ad iv inha r “quem ser ia? ” .Continuando a percorrer o interior com abandinha “Operárias do Bem”, chegam aRibeirão Preto. Lembrando-se da mensagem

Batuíra

Militão Pacheco

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de Agostinho, Anália, por intermédio de amigos, vem asaber que o Padre Euclides Gomes Carneiro era fundadorde várias obras assistenciais pelos arredores das cidadesinterioranas e fundara em Ribeirão Preto a “Associaçãodos Catequistas Voluntários”, que mais tarde seria a“Sociedade Legião Brasileira”.

Aeducadora, movida pelos pensamentos de seu amigoe protetor, deixara as meninas em companhia dosvoluntários e seguiu para o endereço do Padre Euclides.Todos o conheciam e o amavam pelo bem que realizava.Diziam até que ele curava como Jesus, pois suas bênçãosfaziam voltar a saúde e a paz nas pessoas doentes.

Porém, Anália começou a sentir as dificuldades queestavam colocando no seu encontro com o padre. Unsfalavam que ele havia saído para atender aos doentes nossítios vizinhos e que não sabiam dizer a que horas voltaria.Outros, que o padre estava recolhido em orações. Enfim,Anália sentia-se tolhida em seu propósito de conhecer oPadre Euclides. Resolveu persistir. Ficou sentada à portada Sociedade, onde soubera que todas as tardes ele faziasuas habituais orações junto aos católicos do local.

Enquanto ela, ansiosa, esperava pelo padre, ouvia oscomentários que vinham de dentro da Sociedade, feitospelos freqüentadores que, olhando pelas janelas,comentavam: “Imagine se o Padre Euclides vai receberessa representante do demônio”. Outra respondia: “Creioque o padre vai expulsá-la daí, assim que ele chegar”. Econtinuavam: “Afinal, o que ela vem buscar? Já não chegavir à nossa cidade com essas pobres meninas, que devemser obrigadas a acompanhá-la para baixo e para cima,para ganharem um pedaço de pão?”

Caminhando lentamente, Anália vê o Padre Euclideschegando. Levantou-se e foi ao seu encontro. PadreEuclides, olhando-a respeitosamente, levantou a mãopara que Anália a beijasse e ele a abençoasse. Porém,vendo que ela apenas apertou-a, dizendo-lhe “Que Jesusesteja conosco, padre”, pôde ele reconhecê-la e,puxando-a para mais perto, exclamou:

“— Valha-me, Deus, mas esta não é a melhor e maisadmiradas das mulheres desse nosso País? Que prazerem abraçá-la, minha filha!”

As maledicentes, que a tudo observavam das janelas,ficaram boquiabertas. Esperavam um grande espetáculoe esse não acontecera, pelocontrário, Padre Euclides eraadmirador da professora Anália.Mas, o que fazer? O padre já estavaadentrando à Sociedade de braçosdados com a educadora.

Anália correspondia aos gestosdo padre e, endereçando-lhe umsemblante preocupado, arriscou:

“— Padre Euclides, o senhor jáme conhecia? Sabe que souespírita? Como assim fosse, penseiem não ser recebida e o senhor meproporcionou tanto carinho! Sabetambém o que venho pedir?”

Padre Euclides, com sua meiguice, respondeu:“— Minha filha, o seu trabalho é tão valoroso quanto o

que tentamos realizar. O seu desenvolvimento em favorda criatura que sofre é idêntico ao nosso. Para Deus nãoexistem diferenças , minha filha. A nossa obrigação é a derequisitarmos almas para aprenderem a se amar. Eu

preciso da batina, mas você luta para dar às mulheres overdadeiro sentido da vida.”

Anália tinha os olhos rasos d'água e acrescentou:“— Padre Euclides, eu estou aqui em busca de ajuda.

Alguém que me é muito querido falou-me de suadedicação aos pobres. Porém, vejo que preciso aprendercom o senhor a fazer a caridade.”

O sacerdote calmamente replica:“— Não, minha filha, engana-se. Estou eu diante da

“Caridade”. Eu é que estou aprendendo. Sei do querealiza, do seu esforço, e, que nesse exato momento, nãoveio pedir para si e sim para centenas de crianças e mãesque encontram guarida em seu coração. Esta batina meabre muitas portas e os recursos chegam. A sua fé é tãogrande quanto a que eu professo, mas a Doutrina quedefende é pouco conhecida e incompreendida, por isso asdificuldades que enfrenta. Mas os nossos caminhos sãoiguais. Ambos procuramos minorar a dor dossemelhantes. É isso que é importante para Deus e paraJesus.”

No dia imediato, Padre Euclides leva para Anália oprimeiro donativo vindo do povo de Ribeirão Preto.

Profundamente emocionada e agradecida, Anália,reunindo as meninas da bandinha, pediu-lhes para quecantassem para Padre Euclides em forma deagradecimento e louvor a Deus.

O tempo foi passando, com horas amargas, horasboas, entretanto, em todos os momentos, Análiaprocurava lutar com galhardia apegada em preces quandosentia a falta de recursos. E isso estava sempreacontecendo, pois eram muitas as Instituições para seremcuidadas. Muitas vezes, Anália era surpreendida porpessoas que trabalhavam nos Abrigos dos interiores deSão Paulo, que lhe comunicavam roubos nos caixas e nosmantimentos. Bastos, de imediato, partia para resolver oproblema, porém pouco adiantava porque o mal já estavafeito. Voltava constrangido, mas Anália o confortava,dizendo-lhe que aí é que era o instante do testemunho defé e para não vacilar.

Estavam ambos num dia desses de grandesdificuldades, quando as crianças que brincavam no pátiode uma das Instituições chamaram com alegria aeducadora. Bastos e a esposa acorreram para atendê-los,

quando depararam com umacarruagem repleta de víveres. Eramcaixas e mais caixas com alimentos,doces, bolos, verduras etc. Anália,com as crianças agarradas às suaspernas, chorava de contentamento.

O cocheiro, terminando dedescarregar as encomendas, ia sairquieto, como estivera o tempo todo,quandoAnália o interpelou:

“— Espere, senhor. Diga-me, porfavor, quem mandou todo essealimento, precisamos agradecer e

pessoalmente!”“— Não, senhora. A ordem que tenho é para

descarregar aqui na Instituição e não dizer nada. É o quefaço agora. Boa tarde, dona Anália. Como a senhora vê,tem gente muito boa nesse mundo de Deus. A senhora é o“Anjo da Caridade”, por isso Deus não vai desampará-lanunca. E que Deus a proteja.”

Subindo à carruagem para a partida, o cocheiro escuta

Colonia Regeneradora D. Romualdo em SãoPaulo, capital.

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deAnália:“— Deus há de amparar a todos esses que nos ajudam,

inclusive você, meu amigo, que foi o médium detransporte.”

Anália estava sempre atenta a todos os acontecimentodas Instituições. Incentivava as meninas a escrever-lhe eela própria respondia a todas. O interessante é que emtodas elas fazia questão de pedir às meninas e àsdirigentes que não deixassem de orar. Principalmente quecontinuassem a se reunir, como ela fazia quando chegavaaos Abrigos e estudar o Evangelho de Kardec. Os livroscomo “O Livro dos Espíritos” e o “Evangelho” nãopoderiam faltar como lições importantes para quepudessem elas ter a visão de que a verdadeira felicidade équando praticamos a Caridade, Lei de Amor para comtodos os semelhantes.

O tempo corrido marcava abril de 1912.Kardec já se fazia presente em muitos núcleos

espíritas, que estavam começando a abertura para um“novo alvorecer”.

Anália preocupava-se muito com as criançasenjeitadas, os órfãos que eram deixados nas chamadas“Rodas dos Expostos da Misericórdia”, que eram muitocomuns de se encontrar nas portas das igrejas e dosconventos. Compunha-se de uma caixa giratória, onde secostumava deixar correspondências. Com o tempo,passaram a abandonar crianças, geralmente frutos deligações ilícitas ou de mães solteiras; na época, tanto umquanto outro acontecimento eram motivos de escândalose de infâmias para as famílias.

Por esse motivo, Anália e seu companheiro, o senhorBastos, resolveram adotar todas as crianças que fossemdeixadas na Roda. Compreendiam Anália e Bastos queseria terrível para uma criança, ao tomar conhecimento desua vida, saber ter sido abandonada na Roda. Com aaquiescência jurídica, as crianças recolhidas desseslugares recebiam a adoção do casal e passavam a ter osobrenome Bastos.

A respeito desse assunto, eis o resumo de uma dessascrianças que, adulta, assim descreveu a pessoa de seu“papai Bastos”:

Pouco antes da partida de Anália Franco para o mundoespiritual, já muito doente e esgotada em seu físico, quisdar andamento ao seu desejo de criar mais um abrigo-creche na cidade de Uberaba, Minas Gerais. Ela havia secomprometido com seu grande amigo, pessoa muitoinfluente na cidade de Uberaba, e que muito a ajudouquando lá esteve, o Dr. Antônio Ribeiro, em criar umabrigo. Dizia ele que era de suma importância, pois osenjeitados ali eram em grande número e ele achava que oprojeto de Anália em criar esses abrigos, fazendo delesum verdadeiro lar, era o que faltava para que as criançasnão ficassem mais ao desamparo.

Como Anália já não tinha mais saúde para tanto,passou essa responsabilidade para sua interna amiga,dona Clélia Rocha que, como professora, lecionando noRio de Janeiro e voluntária da escola maternal cariocafundada por Anália, imediatamente deixou seu estado etransfer iu-se para Uberaba. Acompanhou odesenvolvimento dessa obra, que foi inaugurada sem apresença de Anália Franco, que veio a desencarnar emSão Paulo, no dia 20 de janeiro de 1919.

O velório de Anália reuniu centenas de pessoas vindasde todas as partes do Brasil. De Portugal, onde ela váriasvezes atendeu a chamados para divulgar suas obras,principalmente demonstrando o seu enorme carinho pelossemelhantes, pois estava sempre levando em suacompanhia as filhas de seu coração, vieramcompanheiros portugueses que homenagearam Análiacantando em versos a admiração que o povo portuguêstivera para com a “dama educadora”.

A Dra. Adalzira Bittencourt proferiu palavrasemocionadas dizendo que, embora Anália e o senhorBastos não tivesse tido filhos, deixaram uma plêiade

“Meu nome é Maria Cândida, ex-interna doAbrigo de meus pais: Senhor Francisco AntônioBastos e Dona Anália Emília Franco Bastos.Portanto, meu nome na certidão de nascimento é:Maria Cândida Bastos.

Fui criada com todo amor, assim como minhasirmãs do Abrigo. Meu pai Bastos, todas as manhãs,quando a mamãe Anália não podia, orava comtodas, buscando as bênçãos de Jesus.

Cresci admirando aquele homem peladedicação que tinha para todas as crianças.Paciente, nunca o vi irritado ou brigando com algumfuncionário ou voluntário, que eram bem diferentesuns dos outros. Ele estava sempre ao lado daesposa, carinhoso e presente em todos osmomentos. Os dois se fundiam. Hoje, adulta e jácasada, entendo essa convivência fraterna. O queeu mais sei é que meu pai Bastos se fazia de umhomem simples. Mas não. Ele era sábio e bom.

Posso dizer, pelo que aprendi com os dois, que apersonalidade forte e inigualável é espiritual.Vieram para nos ensinar a sermos firmes com todosos reveses da vida, porque eu nunca os vi reclamar

ou desanimar. Passamos por muitos momentosdifíceis, porém, nunca nos deixaram perceber. Sópude tomar conhecimento quando os anos forampassando e nos tornando mais unidos, numaenorme família.

Meu casamento, como de outras irmãs doAbrigo, foi lindo e festivo. Vesti-me de noiva, numbelo vestido branco, confeccionado por mim e pelascostureiras voluntárias. Aprendemos de tudo:costurar, bordar, cozinhar, cuidar da casa, dosquartos e das crianças pequenas. Éramos asmãezinhas, cuidando dos pequeninos.

Aprendemos com os nosso pais a sermos felizescom o que temos. Tenho muitas saudades de tudo.Quem disse que, sendo criada num abrigo, repletode paz, amor e religiosidade, não se é feliz? Estoucasada com um ótimo companheiro, tambémcriado num abrigo. Espero meu primeiro filhinho.Desejo ardentemente que ele se pareça com o avô,o papai Bastos.

Não nos desligamos de nossas irmãs, estamossempre nos visitando ou escrevendo cartas. Comofazia mamãeAnália.

Estamos em maio de 1920. Tenho muitassaudades de mamãe Anália, pois lá no mundoespiritual há um ano, com certeza, está a noscuidar, principalmente de papai Bastos que estámuito doente.

Dou por fé e testemunhoMaria Cândida Bastos”

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deles, com muito amor por ambos, talvez maior do que seseus filhos biológicos fossem.

Publicou também seu livro “A Mulher Paulista naHistória”, em 1954, pois era renomada escritora, ondededicou a obra em homenagem póstuma a Anália. Entrevários assuntos referentes a vida dessa grande mulher,dizia: “A sua energia e dinamismo juntavam-se a umespírito compreensivo e meigo. As crianças a chamavamde mãe, desde a mais tenra idade, isso porque seucoração abrigava sempre mais, nunca dizia que a lotaçãoda casa estava esgotada.

Dava graças ao Pai, quando seus êxitos eramalcançados, isso pela sua misericórdia em confiar emsuas mãos as crianças desregradas dos seios maternos.

Sempre fora simples no trajar, sem vaidadesaparentes, pois seu tempo era muito precioso. E issorefletia em seu rosto, limpo de pinturas, trazendo a tezclara e os olhos brilhantes como seu espírito batalhador.”

Anália Emília Franco foi jornalista, poetisa, romancista,musicista, teatróloga, contista, conferencista, além de tersido a grande educadora. Um dos opúsculos escritos porAnália em 1901, intitulado “As Preleções de Jesus”causou muita repercussão no meio espírita, aindaacanhado pelas pressões sofridas por outras entidadesreligiosas, porque consideravam esses opúsculos comose fora um tratado moral-filosófico de teor profundíssimopara a época.

Anália Franco deu por toda sua vida o exemplo de que amulher, naquele tempo ainda não emancipada dospreconceitos seculares, poderia ser mãe, esposa,companheira, irmã e muito mais ativa e progressista emtodos os seus ideais humanos. Era a sua visão do futurofeminino, que ela soube trazer para um presente precoceda época. Por isso seu espírito pioneiro fez valer aevolução espiritual para as mulheres. Muitas foram as quesouberam colocar na prática o aprendizado deixado porela, dando continuidade ao Abrigos “Anália Franco”espalhados ainda hoje em muitas cidades e estados doBrasil, alguns com outros nomes, mas baseados na formaeducativa de lar, deixado porAnália.

A saudade deixou profundas marcas no coração deAntônio Bastos. Para não complicar mais seu estadofísico, continuou as tarefas deixadas por Anália. Tinha eleo carinho das crianças que tudo faziam para deixá-loalegre.

Com o passar do tempo e os fatos acontecendo, opobre senhor Bastos começou a sentir na pele, amaledicência das senhoras que queriam ocupar o lugarimportante na presidência da Instituição ou melhor da“Associação Feminina Beneficente e Instrutiva”, lugarocupado por Anália, não para seu orgulho, mas pornecessidade, porque era daí que todo o trabalho ascreches, escolas, abrigos etc. era planificado e divulgadoaos representantes de cada instituição. Chegara aosouvidos do senhor Bastos que ele receberia uma carta-ofício do Conselho Executivo da Associação para que elesaísse da casa onde morava, pertencente à mesma, poiscomo viúvo e tendo meninas como moradoras do mesmolocal, não ficaria bem ele permanecer junto delas. O localteria como moradora atual a senhora Eleonora Cintra,casada e profunda conhecedora do trabalho de suaesposa Dona Anália Franco. Seguiu-se o final da missiva,assinada por várias senhoras.

Bastos ficou apreensivo e dias depois a carta chega às

suas mãos, exatamente contendo o que lhe foraantecipado. Não podendo ele reter as lágrimas quedesceram pelo seu cansado rosto, ele perguntava:

“— Por quê, Senhor? Por que tanta maldade? Sendoele um septuagenário, doente, tendo essas meninas comofilhas de seu coração e que só lhe completavam aslacunas deixadas por sua amadaAnália!”

De imediato, foi ele procurado por um escrivão que lhepedia deixar o imóvel, assinando um ofício, onde teria quesair sem exigências. Bastos pediu alguns minutos parapegar suas roupas e despedir-se das crianças que, afinal,levavam seu sobrenome. Nem isso lhe foi permitido. Diziao escrivão que isso traria constrangimento para asmeninas. Diriam que ele viajaria em visita aos Abrigos elogo retornaria. Bastos quis retrucar, mas quedou-se emsilêncio. Seria melhor assim. Pegou a mala e olhou pelaúltima vez aquele local que tanto representou para ele eAnália. Por certo, ela agiria da mesma forma. Sempre forapacífica e desprendida da matéria. A única dor sentida erao de acenar de longe para as crianças. Essa era adespedida normal ensinada por Anália, dizendo que brevevoltariam. O escrivão passou um valor às mãos de Bastos,para a viagem. Esse, recomposto, olhando friamente parao escrivão, respondeu-lhe: “Não preciso disso. Nãoprecisa também falar nada. Reponha a quantia de ondetirou, pois sei que fará falta ao alimento das meninas.”Secamente, disse-lhe “Adeus”.

Bastos partiu para Juiz de Fora, Minas Gerais. Com amorte de Anália e esta tendo restabelecido o recebimentopor ser professora e trabalhado como tal, Bastos recebeuo dinheiro deixado por ela do “Montepio”. Anália já haviacomeçado a levantar as paredes de um abrigo quereceberia o nome de “Lar de Órfãs Anália Franco”. Com odinheiro em mãos e a ajuda de um casal muito amigo,Senhor Carlos Eugênio e Dona Francisca Ramos, Bastosterminou a obra. Novamente os revestes acontecem. AInstituição já estava abrigando bom número de crianças.Dona Francisca dava todo o apoio necessário a Bastos.Porém, os recursos estavam definhando.

Quando Dona Francisca, numa manhã de domingo, foibuscar o donativo em espécie que o açougueiro dava,esse lhe disse:

“ Sabe, Dona Francisca, diga para “seo” Bastos que éa última vez que dôo a carne. O pároco daqui veio ao meuestabelecimento e disse que se eu e os outros aí dosarmazéns continuarmos a abastecer o Lar, ele, o padre, eas católicas vão pedir para o povo não vir mais comprar dagente, porque o “seo” Bastos tem parte com o demônio eestá maldando com as meninas. Disse até que vai falarcom os policiais.”

Dona Francisca estava pálida. Mais uma vez o pobre doBastos sofria as piores infâmias. Agradecendo aoaçougueiro, foi ter com o esposo e Antônio Bastos.Colocou-os a par do acontecido.

Bastos ouviu a tudo calado. Seus pensamentosrelembravam as infâmias que Anália sofrera. Olhandofixamente os amigos, falou:

“ Sabem o que farei? Deixarei que vocês continuem aobra e cuidem das órfãs. Elas já os vêem como pais. Eupartirei para o Rio de Janeiro, escreveram-me há uns diasatrás e disseram que há por lá um boato que eu e asmeninas estávamos passando fome. E a preocupaçãodeles é grande porque sabem do mal que a calúniaespalha nos corações desavisados. Não tinha eu dado

SeareiroSeareiro12

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Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 13

Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”

Rua das Turmalinas, 56 / 58Jardim Donini - Diadema - SP

Tratamento Espiritual: 2ª às 19h453 às 14h454ª às 19h456ª às 14h45

ªAtendimento às Gestantes: 2ª às 15 horasEvangelização Infantil: ocorre em conjunto às reuniõesReuniões: 2ª, 4 e 5 às 20 horas

3 e 6 às 15 horasDomingo às 10 horas

ª ªª ª

Artesanato: Sábado das 9 às 16 horas

atualidadeAtualidade

Ler?! Por quê?Ante a abundância de letras nobres, vertidas por livros

ou periódicos do Espiritismo-cristão, talvez você se tenhaindagado e até dialogado com companheiros sobre arazão de ver-se procurado, em mil formas diferentes, pormensagens assinadas por Espíritos ou por irmãos deromagem terrena.

Ponderemos, porém.Tão logo você sustente contato com um livro ou uma

simples página escrita, a sua mente se projeta na direçãodo campo espiritual escolhido pelo autor, induzindo você aestagiar no plano mental de quem o grafou.

Esse convite é implícito ao texto.Assim é que muitos dos que se encontram afastados do

campo da leitura construtiva, seguindo canais duvidosos,formam a grande legião de almas compromissadas com asSombras, alimentando, pelas radiações fluídicasprecipitadas pelo mau texto, um verdadeiro pantanalumbralino em torno da Terra.

Noticias de guerra o remetem a frente beligerante.

Informações de crimes o colocam na cena daatrocidade.

A reportagem sobre o repasto de paixões vai situá-lodiretamente na onda tenebrosa das excitações deletérias,criando-lhe a volta uma atmosfera miasmática prejudicial.

Em oposição, a boa leitura, insistente, abundante, vaisituar-lhe a mente nos Planos Sublimes do universo,renovando-lhes as energias combalidas, por desligá-lomomentaneamente das zonas inferiores da existência.

Lendo uma página edificante, você contribui para arenovação fluídica de nosso plano, criando, mesmo quetransitoriamente, em torno de si mesmo um novo mundoespiritual, que porfia em alcançar o imo e renová-lo nosideais superiores do Cristianismo Redivivo.

O seu coração, aí, abre-se para um investimento.Realmente, através de uma simples leitura construtiva,

um tesouro inestimável começa a acamar-se em suaafetividade e, a pouco e pouco, você começa a sentir umaquase imperceptível, porém segura, transformação paramelhor.

Por isso, você é constantemente convidado a lerpáginas nobres: para renovar-se.

Roque Jacintho

Leituras

importância à carta, mas diante do que você contou-nos,amiga Francisca, creio que as minhas atividades cessampor aqui.”

Partindo para o Rio de Janeiro, ali conviveu comcompanheiros de ideal que o apoiaram a viver no LarAnália Franco, também terminado após o desencarne deAnália. Antônio Bastos desenvolveu junto aoscooperadores da Federação do Rio de Janeiro vastotrabalho assistencial com crianças e ajustes familiares.

Concretizando-se mais esse desejo de sua amadaAnália e tendo suas forças vitais abaladas, partiu essenotável homem de bem no dia 19 de agosto de 1929, noRio de Janeiro.

Deixou, como Anália, grande lacuna entre amigos eespíritas da época. Bastos, diziam aqueles queconviveram e o conheciam, nunca se negara a dizer-seespírita. Renegar a Doutrina entre os interesses de cadaum era normal. Por isso, Bastos e Anália muito sofreram.Eram fiéis ao Cristo e tudo suportaram numa era em queprincipalmente a mulher era subjugada aos desejos

masculinos e o homem que não tivesse essecomportamento era rejeitado pela sociedade, pois nãohonrava seu potencial masculino. Certo estão juntos,continuando a luta em transmitir nos dias atuais ospreceitos cristãos nas gerações vindouras e essas queaqui já se encontram.

Talvez esses vanguardeiros espíritas, como muitos, játenham retornado à Terra com reencarnações até ocultasem seus espíritos mais elevados, para exercerem acaridade de não se fazerem notar, apenas procurandoreerguer criaturas comprometidas.

Deus age através dos “pobres de espírito”, para chamara atenção dos que se julgam intelectuais.

Estejamos atentos. Quantos vanguardeiros poderãoestar reencarnados, para continuarem a luta da reformaindividual?

Que Deus nos dê mui tas opor tun idadesreencarnatórias para um dia abraçarmos os mensageirosdo Bem e seguirmos com eles!

Eloisa

�Grandes Espíritas do Brasil - Zeus Wantuil - 1ª Edição -1969 - FEBAnália Franco - A Grande Dama da Educação Brasileira -Eduardo Carvalho Monteiro - 1ª Edição - 1992 - EditoraEldorado EspíritaAnália Franco, O Anjo da Caridade - Roque Jacintho - 1ªEdição - 1996 - Editora Luz no Lar

Imagens:livros “Anália Franco, O Anjo da Caridade” e “AnáliaFranco -AGrande Dama da Educação Brasileira”www.analiafranco.org.br/analia.htmlwww.geae.inf.br/ptwww.resende.rj.gov.br/page/foto_galeria.asp?cod=12www.scielo.br/pdf/hcsm/v10n2/17756.pdfwww.unicsul.br

Bibliografia

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Como homenagem ao Livro Espírita, ou mais especificamente ao Livro dos Espíritos, deixaremos comomatéria especial, ao invés do “Cantinho de Verso e Prosa”, a mensagem de Emmanuel “O Livro Espírita”

contido no exemplar “Doutrina e Vida”, psicografia de Francisco Cândido Xavier / Espíritos Diversos,comemorando-se no dia 18 de abril os 150 anos do 1º Livro Espírita, por Allan Kardec.

SeareiroSeareiro14

Livro espírita, farolBrilhando na tempestade...Divino clarão de solNas sombras da humanidade.

Livro espírita, alimentoAestender-se nobre e puro,Redimindo o pensamento,Em marcha para o futuro.

Livro espírita, confortoÀs lutas da multidão,Surgindo à feição de um portoDe paz e renovação.

Livro espírita, verdadeSem qualquer tisna de engano,Roteiro da caridade,Que eleva o destino humano.

Livro espírita, mensagemQue verte do GrandeAlém...Incitando à coragemPara a vitória do bem.

Livro espírita, alvoradaEm que a dor cala e descansa,Procurando nova estradaDe harmonia e de esperança.

Livro espírita, liçãoDo Plano SuperiorAcordando o coraçãoPara a riqueza do amor.

Livro espírita, tesouroDe princípios sublimados,Alegria, pão e ouroDe todos os deserdados.

Livro espírita, sementeDa Celeste Primavera,Evangelho renascenteNo rumo da Nova Era...

Buscando o bem de Jesus,Espíritas, estudai!Que o livro espírita é luzDa bênção de Nosso Pai!

Abel Gomes

Cantinho do Verso em Prosacantinho do verso em prosa

O Livro EspíritaO Livro Espírita

Cada livro edificante é porta libertadora.

O livro espírita, entretanto, emancipa a alma, nos fundamentos davida.

O livro científico livra da incultura; o livro espírita livra da crueldade,para que os louros intelectuais não se desregrem na delinqüência.

O livro filosófico livra do preconceito; o livro espírita livra dadivagação delirante, a fim de que a elucidação não se converta empalavras inúteis.

O livro piedoso livra do desespero; o livro espírita livra dasuperstição, para que a fé não se abastarde em fanatismo.

O livro jurídico livra da injustiça; o livro espírita livra da parcialidade,a fim de que o direito não se faça instrumento de opressão.

O livro técnico livra da insipiência; o livro espírita livra da vaidade,para que a especialização não seja manejada em prejuízo dos outros.

O livro de agricultura livra do primitivismo; o livro espírita livra daambição desvairada, a fim de que o trabalho da gleba não se envileça.

O livro de regras sociais livra da rudeza de trato; o livro espírita livrada irresponsabilidade que, muitas vezes, transfigura o lar ematormentado reduto de sofrimento.

O livro de consolo livra da aflição; o livro espírita livra do êxtaseinerte, para que o reconforto não se acomode em preguiça.

O livro de informações livra do atraso; o livro espírita livra do tempoperdido, a fim de que a hora vazia não nos arraste à queda em dívidasescabrosas.

Amparemos o livro respeitável, que é luz de hoje; no entanto,auxiliemos e divulguemos, quanto nos seja possível, o livro espírita,que é luz de hoje, amanhã e sempre.

O livro nobre livra da ignorância, mas o livro espírita livra daignorância e livra do mal.

Emmanuel

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Clube do Livro Espírita“Joaquim Alves (Jô)”

Clube do Livro Espírita“Joaquim Alves (Jô)”

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Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 15

tema livreTema Livre

O Caminho Certo

Terceira Idade

Se sentindo sozinha, a terceira idade busca se juntarem locais que lhe ofereça a alegria ao lado de pessoasque, ao chegarem à terceira idade também, se sentemsozinhas.

São muitos que buscam na dança, nas sociedades deamigos, que muitos bairros formaram, e que oferecempasseios em grupos e aulas de artesanato, de culináriaetc.

Tudo isso é válido, pois o idoso precisa muito desseconvívio, mas só isso não basta. O que a terceira idadeprecisa realmente é do convívio familiar, do amor e docarinho de todos que fazem parte da sua família. É ummomento difícil em que o idoso fica frágil e dificilmentetenta buscar o entendimento e o porquê da vida longa naTerra.

Deus, Nosso Pai Maior, jamais nos permitiria tantosanos de vida no físico, se não tivesse uma razão de ser.Todos nós, vivendo ou não a terceira idade, temos umagrande necessidade da religião, pois é ela que serve de

guia para nos levar ao caminho certo. É na terceira idadeque temos um pouco mais de tempo, porque aquelanecessidade de sair cedo de casa para o trabalho, paragarantir o “pão nosso” de cada dia, já faz parte de umpassado. Tendo, portanto, algumas horas vagas, échegado o momento de sair de casa em busca dos nossosirmãos que vivem em asilos, hospitais ou até mesmo emnossa própria casa, mais necessitados de visitas por nãopoderem sair de casa, pois são doentes acamados, outêm alguma deficiência, que precisam de uma palavra decarinho, um abraço, um sorriso e também de nosso amor.

Deus, na Sua perfeição, está sempre a amparar todos;Ele acredita que todos nós temos a mesma capacidade deamor, só depende do esforço de cada um. Somos espíritoseternos e cada reencarnação é uma oportunidade quetemos de trabalhar no campo do bem, errando menos etendo um objetivo de crescer, sempre olhando a elevaçãoespiritual e acreditando na construção de um planetamelhor para todos. Devemos ter fé porque Deus confia emtodos os seus filhos.

Geni

terceira idade

Meus amigos, hoje pela manhã abri o Evangelho aoacaso e li uma lição que me chamou muito a atenção: elafalava sobre a brevidade da vida carnal e como, ao vermosnossa passagem aqui na Terra como transitória, nossaspreocupações deveriam se voltar para os valores quelevamos para a eternidade...

Quanto de nosso tempo dedicamos ao próximo? E nãoprecisamos ir longe, fiquemos com a família! Quando noslembramos de dar um bom dia na pressa de irmos para otrabalho? Quando nos dispomos a ouvir a dor da esposaou do marido ou do filho no cansaço com que chegamosdo trabalho? Nos finais de semana, quanto tempo nosdedicamos ao diálogo edificante com o qual lapidamos asnossas arestas e fortalecemos nossos laços fraternos?

Quando a provação bate à nossa porta, quantas vezesnão nos revoltamos contra Deus, achando que fomosabandonados? Não nos dando conta do chamadoprovidencial ao reajuste!

Como valorizamos o supérfluo, que deixaremos aqui,

sem nos preocuparmos com os bens espirituais eintelectuais que levaremos para a eternidade!

Não acreditamos realmente que nossa verdadeira vidaencontra-se na pátria espiritual! Pois, se assim o fosse,não colocaríamos a matéria em primeiro plano e sim comoinstrumento para utilização na aprendizagem dosverdadeiros valores: aqueles que o Cristo veio nos trazer.

Trataríamos com mais seriedade a nossa reformaíntima, pela qual assumiríamos o orgulho, o egoísmo, avaidade e os vícios tão arraigados dentro de nós,substituindo-os pouco a pouco pelas virtudes esentimentos ensinados no Evangelho.

A evolução é lei divina e nós somos dotados de livre-arbítrio; portanto, dependerá unicamente do esforço decada um o despertar para os valores da vida eterna.

Guilherme

Material consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo - AllanKardec, tradução Roque Jacintho - Capítulo XVI, item 12 - Luz no Lar

A Brevidade da Vida

Livros básicos da Doutr ina Espír i ta .Temos os 414 livros psicografados por Chico

Xavier, romances de diversos autores, revistas ejornais espíritas. Distribuição permanente de

e d i f i c a n t e s m e n s a g e n s .

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kardec em estudoKardec em Estudo

Fazer o bem é dever de todos nós. Agradecer pelo bemrecebido é obrigação para que não nos tornemos ingratos.Porém, não podemos esperar nada em troca pelo bemque realizamos. Porque quem espera algo em trocasignifica que está mais preocupado com a vida presente,com o reconhecimento humano do que com aquilo que érealmente importante: “a aprovação de Deus”.

Diariamente temos inúmeras oportunidades de praticaro bem, possuímos diversas ferramentas para fazê-lo, noentanto desperdiçamos a ocasião porque somos levadospela preguiça, pela má-vontade ou porque aparentementeninguém iria ver aquela boa ação.

Que engano imaginar que estamos sozinhos! Mesmonos momentos onde só vemos a nossa presença, nosencontramos sempre cercados por inúmeros espíritos,ávidos pelos nossos exemplos, e aí está o momento parademonstrarmos que estamos mudando, fazendo o bemsem ostentação, sem esperar nada em troca,independente para quem quer que seja; quando surge aoportunidade, devemos aproveitá-la para ajudar,aprender e ensinar.

Lembremos sempre: Deus tudo vê.

“Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita”representa que toda e qualquer ação precisa ser realizadacom humildade, de forma modesta, sem gerar rancor,melindre ou qualquer tipo de mágoa moral para obeneficiado.

Aquele que pratica o bem com ostentação, isto é, seexibindo, está alimentando o seu orgulho e sua vaidade.Aquele que humilha a quem ajudou, que cobra pelobenefício realizado, também representa inferioridademoral, e para todos estes, o bem que praticaram não temnenhum valor diante de Deus e suas recompensas sãoterrenas e fúteis.

O verdadeiro bem é silencioso, é feito pela satisfaçãoque se sente no ato de ajudar, sabe se colocar no lugar dobeneficiado, não pede atenção por aquilo que realizou,fica agradecido pela oportunidade que Deus lheproporcionou e é o maior beneficiado pelo bem quepraticou.

Praticando o bem sem ostentação, estamos nosajustando para a vida futura.

Silvana GimenezMaterial Consultado: O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan

Kardec - Tradução Roque Jacintho - Luz no Lar - 2004

Fazer o bem sem ostentação

“Fazer o bem sem ostentação é um grande mérito. Esconder a mão que dá é ainda mais meritório.Esta conduta é o sinal de uma grande superioridade moral. ...”

O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capitulo XIII“Não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita” - Item 3

Clube do Livroclube do livro

No mês de dezembro, os associados do Clube do Livrotêm a oportunidade de receber uma obra desenvolvidarecentemente, março de 2006, que vem a relatar aBiografia de um grande trabalhador do movimento espíritaque tem estado esquecido entre grande parte dossimpatizantes da Doutrina.

Relata o caminho e as razões ao qual JoaquimAlves foiencaminhado ao espiritismo, o início de seus trabalhos e aligação que desenvolveu ao decorrer de sua jornada cominúmeros trabalhadores do mundo espiritual.

Também relata sua grande ligação com Chico Xavier,seu reconforto nas cartas psicografadas por Chico vindasde sua mãe Maria do Rosário. O livro traz vários modelosdas cópias de cartas escritas manualmente.

Traz seus gostos pelos trabalhos artísticos e o prazerque sentia em preparar modelos de capas de livros paramuitos amigos que participavam ativamente de diversos

trabalhos dentro doideal espírita.

Além de ChicoX a v i e r, g r a n d eamigo, mostra ump o u c o d o s e utrabalho ao lado deg r a n d e scompanheiros(as)como Yvonne Pereira, Wallace Leal (naredação do jornal “O Clarim”), ClóvisTavares, Divaldo Pereira Franco, JoséHerculano Pires e Pietro Ubaldi.

E, completando o trabalho, ainda nos traz o relato dasvisitas de Joaquim Alves, já no mundo espiritual, aocompanheiro Chico, antes de seu desencarne, trazendo,além da alegria do reencontro, a confirmação da

Amor e RenúnciaTraços de Joaquim Alves

Nena GalvezEditora CEU154 páginas

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Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 17

continuidade dos seus trabalhos no mundo espiritual,onde Jô (como era conhecido pelos amigos) assumira adireção de uma Casa Transitória ao lado de companheirosque conhecera no plano físico.

Todos os relatos foram presenteados à Senhora NenaGalvez, Diretora do Departamento Espiritual do CentroEspírita União (CEU), pela família de Joaquim Alves, após

a sua partida para a Pátria Espiritual.Diante do desenvolvimento de uma tarefa especial e o

esforço de muitos companheiros da Doutrína, ficaregistrado o resumo do trabalho de um espírito elevado eseus exemplos para que possamos entender o verdadeirosentido da vida.

Marcelo / Rosangela

Osvaldinho e Tito eram inseparáveis. Companheirosem todas as brincadeiras.

Tito era o fiel cãozinho que Osvaldinho ganhara de suaavó no dia de seu aniversário, quando ele completou 5anos.

Seus pais não gostaram muito desse presente, masOsvaldinho vivia reclamando que todos os seusamiguinhos tinham um animalzinho, só ele não tinha o quecontar das possíveis artes do bichinho, porque seusbichinhos eram de brinquedo.

E todos os dias quando sua mãezinha o levava para oquarto e orava com ele antes de dormir, assim que falava“assim seja”, Osvaldinho já falava da vontade que tinha empossuir um bichinho.

Certo dia, pouco antes do jantar, ele entra chamandopelos pais e pela avozinha que jantaria com eles naquelanoite e ouvindo os chamados tão insistentes, correram atéa sala e viram o menino acompanhado do André, seuvizinho, que trazia nos braços um coelho. As criançasestavam eufóricas e Osvaldinho falava:

— Está vendo mamãe, o paide André deu-lhe esse lindocoelhinho de presente, vejacomo ele é lindo, é tãomalhadinho...

E pulava de lá para cáp a s s a n d o a s m ã o s n oc o e l h i n h o , q u e e s t a v aassustado e procurava seesconder nos braços deAndré.

A mamãe de Osvaldinho,embora achando o animalzinhomuito lindo, dizia que demaneira nenhuma queria aquele bicho em casa. Dariamuito trabalho!

Dona Flora, a avó do menino, vendo-o com os olhinhosrasos de lágrimas propôs:

— Meu netinho, você ficaria contente se eu lhe desseum cachorrinho?

Osvaldinho, agarrou-se às pernas da avó e beijou-lheas mãos:

— Que bom, vovó, daí o meu cachorrinho será amigo docoelho igual a mim e aoAndré, não é, vovó?

Embora os protestos da mãe do menino, dona Flora, nodia seguinte, trouxe-lhe um lindo cãozinho, pelo seuaniversário, pois dessa forma a mãe de Osvaldinho não

poderia achar ruim.O menino deu-lhe o nome de Tito. Desde esse dia

ficaram inseparáveis,André e o coelhinho e Osvaldinhoe Tito.Brincadeiras não faltavam. O coelho havia se adaptado

ao cachorro, que quando chamavam Tito, o coelhinhotambém corria a atender, pois tinha ciúmes do cachorrocom os meninos.

Certo dia estavam os meninos brincando com oscarrinhos na calçada, quando um gato passa correndo poreles e atravessa a rua. O coelho e Tito tambémacompanhavam as brincadeiras dos meninos, masquando viram o gato, correram atrás dele. Quando o gatoviu que estava sendo perseguido, parou e encrespando ospêlos avançou ferozmente sobre Tito. O coelhinho, vendoseu amiguinho ameaçado, pulou em cima do gato, masesse rapidamente derrubou o coelho e arranhou-lhe todo ocorpinho. Tito desesperado mordeu a orelha do gato, maso gato ligeiramente saiu em desabalada corrida, deixandoTito lambendo o pobre coelhinho que estava todomachucado.

Os meninos, após a briga ter terminado, correram paraacudir os bichinhos, pois antes ficaram com medo de seaproximar. André abraçado ao seu animalzinho chorava

tentando reanimá-lo. Titoa c o m p a n h o u s e u d o n o ,Osva ld inho, que ent raracorrendo para que a mãe viessesocorrê-los. Ela e dona Flora, aavó, ao tomarem conta dasituação cuidaram do coelhinho,limpando os arranhões queestavam por todo o corpo doanimalzinho.

Apesar de todos os cuidados,c o m o o c o e l h i n h o n ã omelhorava, Dona Flora, a avó de

Osvaldinho, levou o bichinho para o veterinário, pois elenão se apresentava bem. Tito não saía da casa de André,ficava o tempo todo lambendo o coelhinho, parecia que elequeria agradecer o amiguinho por ter se colocado emdefesa de sua vida.

O coelhinho fora medicado e o veterinário chamando osmeninos que haviam acompanhado dona Flora, falou-lhesque por pouco o coelhinho não morrera, pois se nãotivesse sido socorrido a tempo, os arranhões teriamcausado uma infecção grave ao coelhinho, porque aspatas com as garras afiadas do gato contêm bactérias, istoé, bichinhos que podem trazer graves doenças. Disseainda o veterinário, que isso pode acontecer com animais

O cachorro e o coelho

contosContos

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SeareiroSeareiro18

ou com gente, por isso seria importante que os meninostivessem muito cuidado, mesmo com os animaizinhoscomo eles que tinham em casa, o coelho e o cachorro.

Voltando para casa, dona Flora, com carinho, passandoas mãos nas orelhas de Tito que observava atento ocoelhinho dormindo no colo de André, dizia para osmeninos:

— Vejam meus filhos, que bela lição de amizade essesanimaizinhos nos deram. Esse acontecimento nos fazpensar que o amor sincero não escolhe idade e nem tempreferências. E vejam que os animais são chamados de

irracionais, quer dizer, que não sabem raciocinar e nósseres humanos, que sabemos o que fazemos, muitasvezes agimos com maldade, batendo, ofendendo,maltratando as pessoas sem respeito e sem educação.Esse reconhecimento, meus filhos, que assistimos entreesses bichinhos chama-se “amor ao próximo”.

André e Osvaldinho abraçaram Dona Flora, enquantoTito que parecia entender tudo o que a vovó dissera,pulava e latia como que dizendo de sua alegria, por ver quetudo estava bem.

ElielceImagem: www.homemsonhador.com/CachorroCoelho1.jpg

familia

Qual é o trabalho mais difícil: construir um edifício devários andares ou manter a paz familiar?

Ambas são tarefas árduas, sendo que o edifício sóenvolve o aspecto material, já a família temos que usar oque vai em nosso Espírito.

É por esta razão que nos recomendam os amigosespirituais que, dentro de nosso lar, junto de nossosfamiliares, tenhamos paciência, renúncia e boa vontade.

A paciência é o ingrediente que temos que tirar dasmais profundas fibras de nosso Espírito.

Já nos alerta o Evangelho que na família Deus reúne osEspíritos que têm necessidade da reconciliação.

São os desafetos de vidas passadas que retornamcomo pais, mães, filhos, esposa(o), etc., para que o

convívio mais próximo possa fazer nascer a tolerância, oentendimento, o respeito e, quem sabe, o amor, pondo umfreio aos rancores, mágoas e ódios fermentados noEspírito por tantos séculos.

Convenhamos que relutamos muito antes de declararque odiamos um familiar próximo. Esta é a função dafamília. Refazer os laços que ligam as criaturas,modificando-os de ódio para amor.

Na prática, para que este benefício seja efetivo,precisamos ter muita paciência para com aquelesfamiliares mais difíceis, que insistem em nos “cutucarem”com insinuações e “alfinetadas” sempre que podem.

Lembremos que muitos já tiveram paciência conoscotambém e, se já entendemos que não devemos dar razões

Paciência, renúncia e boa vontade

É possível a previsão de fatos durante o desenlaceparcial da matéria, ou seja, no sono, uma vez que oespírito, liberto da matéria, não mais enxerga com os olhosda carne, favorecendo-se de uma percepção sensorialmais apurada.

Prever = Dizer de antemão, com antecedência,previamente.

Nestes instantes, as lembranças vêm à tona e podemosnos fortalecer ao depararmos com os nossos verdadeirosobjetivos e compromissos a saldar, desde, é claro, quesaibamos bem aproveitar estes momentos deemancipação da alma.

Assim também, pode ocorrer durante o sono, apossibilidade de se pressentir a época do desencarne. Nãoé fato corriqueiro, nem necessário, pois não temosequilíbrio para sabermos do futuro em vida, o que diránuma vida em outras faixas, ou seja fora desta vidapresente!

Provavelmente, nos desesperaríamos e morreríamosantes do momento aprazado, antecipando o fato previsto.

Há todo um programa de existência para cada serreencarnante, e nesse programa há também o tempo emque durará a encarnação. Desde que não mudemos a rotade nossa vida, prejudicando a saúde ou praticando atosque aceleram o desencarne, ou ainda, se não houver fatosnovos que determinem mudança no programa (isto deacordo com o entendimento da espiritualidade maior),haverá a possibilidade de visualizarmos em sonho a épocaprogramada para o desenlace da matéria, o desencarne.

Dependendo da consciência dessa visão, o homem, aodespertar, terá nítida percepção de quando o fato seconcretizará.

Isso explica algumas passagens relatadas na história,em que o indivíduo, durante o sono, teve acesso a taisinformações de maneira a conseguir guardá-lasconscientemente em sua memória.

Rosangela

Previsão do desencarne nos sonhos.É possível ?

sonhosSonhos

Família

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Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança 19

livro em focoLivro em Foco

Esta é uma pequenagrande obra de Emmanuel,psicografada por ChicoX a v i e r , p e q u e n a n otamanho, porém de grandeprofundidade mora l eespiritual.

É como um remédioh o m e o p a t a q u e,administrado em pequenasdoses, desintoxica e curasem efeitos colaterais.

Ajuda-nos de maneiraeficaz na nossa reforma

íntima, pois cada lição é como gotas homeopáticas quevão direto nos nossos pontos adoentados como orgulho,vaidade, etc., mostrando-nos a necessidade de nossavontade e disciplina, orientando-nos que, aos poucos,todos poderemos colher bons frutos no futuro, começandohoje no preparo de nosso terreno íntimo, para quegerminem as sementes deixadas pelo nosso Pai, dentrode cada um de nós, e exemplificadas pelo nosso MestreJesus que, junto com o Plano Espiritual Superior, nuncanos abandonam e confiam em nós.

Logo, vamos levar conosco esta obra, a qual pode serum livro de bolso, podendo ser lido desde o amanhecer,passando pelo nosso dia e terminando no nosso

descanso, no fim do dia.Como diz o próprio título, “Migalha”, parece ser tão

simples e tão pequena, porém se formos juntando asmigalhas do dia a dia, teremos logo o correspondente auma fatia de pão e, na persistência, teremos um pão, oqual pode ajudar a amparar um faminto.

Seguem alguns trechos desta grande obra:“Peçamos ao Senhor que nos sustente as forças na

desincumbência dos compromissos assumidos”.“... Amado Mestre, por que não te compadeceste de

mim, se te entreguei toda a minha confiança.”“... Ah! Bendito companheiro de minh`alma, por que

não te compadeceste de mim, que te espero com tantoamor?”

“Convençamo-nos de que não existem corações demármore e, sim, corações retalhados de dor.”

“Dor que tires dos outros, prova de que te afastas.”“Aproveita as tuas oportunidades de trabalho.”“Quando a sombra te envolver, Deus te ilumine a

estrada.”“Não faças julgamentos de supostos culpados. O que o

Céu quer saber é o que fazes no bem.”“Quem para de discutir, começa a compreender.”“Angústia e depressão? Não desperdices tempo...

Ama, serve e perdoa. Foge à tristeza inútil.”“O que deres aos outros é o que terás contigo.”

Família Amado

MigalhaFrancisco Cândido Xavier /

EmmanuelUEM - 52 páginas

para discussões e intrigas, eles ainda não chegaram aeste entendimento. Tenhamos paciência e não revidemos.Oremos por eles.

Arenúncia é sublime.Quando Jesus mencionou o “honrarás a teu pai e a tua

mãe”, ele também incluía aí a renúncia, pois honrar não ésomente respeitar. “Será procurar dar-lhes repouso navelhice. Será cercá-los de atenções assim como elesfizeram por você na sua infância.” (O Evangelho Segundoo Espiritismo)

Por estas palavras podemos analisar que aos paisvelhinhos que necessitam de cuidados especiaisdevemos renunciar aos nossos planos e desejos paraatendê-los.

AJustiça Divina cobra a violação desse mandamento.Quanto não renunciamos por nossos filhos? Deixamos

festas e passeios para podermos dar mais atenção ecarinho para a criança que espera de nós este momentode atenção.

Hoje vemos meninas de até 11 anos sendo mães.Esta renúncia será pesada para elas que não têm uma

formação moral e espiritual completa, pois nem chegaramà adolescência.

Aprendamos a renunciar em favor dos nossosfamiliares e deixemos o reconhecimento com Deus.

A boa vontade é o laço que une a paciência e arenúncia, porque este é o sentimento que nos impulsiona

a fazer de tudo pelo bom relacionamento com os nossosfamiliares.

Temos sempre na família aquela pessoa que estásempre disposta a fazer tudo, com alegria e disposiçãoque nos contagia. Gostamos dela e a procuramos sempreque queremos realizar algo e precisamos de apoio. Porque não sermos assim também?

Para completar a construção da paz familiar devemosharmonizar o ambiente, lembrando de fazer o Culto doEvangelho no Lar com os nossos familiares (ou atésozinhos). Esta é uma oportunidade bendita paraconversarmos amigavelmente sobre os ensinamentos deJesus.

As sábias palavras de Emmanuel nos esclarecem eorientam:

“Cultiva o trabalho constante, o silêncio oportuno, agenerosidade sadia e conquistarás o respeito dos outros,sem o qual ninguém consegue ausentar-se do mundo empaz consigo mesmo.”

Busquemos nos ensinamentos do Mestre a inspiraçãoe a diretriz, lendo mais e refletindo sobre o nosso papeldentro do nosso lar.

Família equilibrada e ambiente doméstico tranqüilorequerem de nossa parte muito esforço, atenção ededicação. Façamos a nossa parte na construção desteedifício e confiemos no amparo de Jesus.

Wilson

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