Sem Revestimento #12

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    MAIO2012.#12.ANO7

    AVALIAO DA GESTO DO CALA. 4MAU - UFSC.7 DEVAGANDO. 10PLANO DIRETOR DE FLORIANPOLIS. 13PONTA DO CORAL12

    EDITORIAL. 3CONTEXTO. 6 ANLISE . 8 VIAGEM. 11

    AMA.12 ARQUITETNICO.UFSC.BR. 15PALAVRA DO PROFESSOR.13

    Colaboraramnestaedio:

    AlunosARQ:

    AlineCavanus(artigo)

    AndrJunckes(artigo)

    FaustoMouraBreda(art igos)

    GuilhermeRuchaud(artigo)

    caroRamosSeleme(imagens)

    LucasAnghinoni(artigo)

    LucasPassold(artigo)

    NatliaGonzales(artigo)

    Turma2009.1(artigo)

    Professoreseex-professores:

    SorayaNr(artigo)

    VanessaPereira(artigo)

    MarceloCabralVaz(imagens)

    AMA

    CALA

    ImprensadaUFSC

    Crditosdasimagens,desenhoserabiscos:

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    Mais uma gesto do CALA vai chegando ao fim e mais umaedio do Sem Revestimento vamos publicando, buscando semprea participao do maior nmero de estudantes do nosso curso e adiscusso de temas latentes nossa profisso e dia-a-dia. commuita felicidade que a gesto A Centelha chega ao fim, seesforando para consolidar o nosso jornalzinho (e quando dizemosnosso, queremos dizer de todos os estudantes da ARQ), com textosde qualidade e uma efervescncia de ideias e participao dosestudantes, levantando novos pontos e abordagens sobre ocotidiano arquitetnico. Nessa edio contamos com textos quediscutem diretamente o nosso currculo, elucidando ascontradies de um curso sem Projeto Poltico Pedaggico, asinquietaes dos estudantes frente fragmentao de um ensino

    que muitas vezes no consegue fazer a conexo entre teoria eprtica. Os textos sobre estgios (precedido de uma forte discussosobre a nova regulamentao de estgios do nosso curso), sobre aprtica profissional aliada ao ensino e a pesquisa de opinio a cercado curso fazem um belo casamento. Conseguimos perceber acrescente preocupao dos estudantes a cerca de sua formao, docarter crtico e criador que ela deve ter, e no s tecnicista. Muitastambm j foram as discusses a cerca da pouca divulgao denossas atividades enquanto curso, e do que produzimos aqui naARQ e nessa corrente vem a proposta dos estudantes da turma2009.1 de organizar uma mostra das atividades do curso junto asemana de apresentaes de TCCs, no comeo do semestre. Dentro desse contexto percebemos que a realidade do nossocurso no est desligada da realidade da nossa sociedade. A buscapor melhorias na nossa formao acadmica tambm passa pelacrtica de nossas cidades, pelo modo como elas so compostas,como so projetadas. As discusses sobre a Ponta do Coral e oPlano Diretor Participativo de Florianpolis so uma expresso daindissociabilidade entre ensino, pesquisa e extenso: da influenciadireta que a arquitetura pode ter na sociedade. A prtica daarquitetura tambm parte da vivncia, como a experincia deoutras cidades e o contato com estudantes de outrasuniversidades, em encontros como o EREA Bag, que temos um

    breve relato nessa edio. Bom, isso, esperamos que aproveitem!

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    AVALIAO DA GESTO DO CALAA CENTELHA (2011 - 2012)

    Mais um ano se passa e mais uma gesto do CALAchega ao fim. importante que ao fim de cada gesto seja feitauma avaliao no s por parte daqueles que foram eleitosenquanto gesto, mas tambm de todos os estudantes queforam representados por esta gesto. Nesse sentido ns dachapa A Centelha, gostaramos de fazer uma breve avaliaodesse processo.

    O Centro Acadmico a entidade representativa dosestudantes de arquitetura, aberto e a cada ano ocorre a eleiode uma chapa, de acordo com um programa poltico de atuao.A atual gesto A Centelha se formou a partir desse processo,concorrendo sozinha ao pleito, mas mesmo assim tendo comoresultado uma votao muito expressiva, o que consideramosum reflexo da presena e importncia do Centro Acadmico paraos estudantes de arquitetura.

    Ns, enquanto gesto eleita pelos estudantes deArquitetura e Urbanismo da UFSC, buscamos seguir aspropostas apresentadas na poca de eleio, nas diversas reasem que um Centro Acadmico deve atuar. No que diz respeito srelaes externas do CALA, buscamos sempre nos mantermospresentes. A participao nos CEBs (Conselhos de Entidade deBase) foi priorizada pela gesto por acreditarmos que aarticulao com outros centros acadmicos imprescindvelpara a construo de um movimento estudantil mais atuante erepresentativo. Alm disso estivemos presentes em espaoscomo a FENEX (Frum nacional de executivas e federaes decurso), CONUNE (congresso da unio nacional dos estudantes),CONUCE (congresso da unio catarinense dos estudantes) ,SeNEMAU (seminrio nacional de escritrios modelo dearquitetura), SENUP (seminrio nacional de universidadepopular), entre outros.

    importante tambm priorizar as relaes internas docentro acadmico, procurando sempre organizar atividadesvoltadas para os estudantes do curso, assim sendo, segue umrelato das comisses:Com relao comunicao:

    Publicamos mais trs edies do jornal do CALA, o SemRevestimento (#10, #11 e #12). Construindo as edies com acontribuio dos estudantes do curso interessados em publicarseus materiais e dando espao tambm para a contribuio deprofessores. A publicao impressa foi divulgada em passagemem sala e tambm digitalizamos todos os jornais, que podem serencontrados no blog do CALA (- Mantivemos o blog do CALA ativo, com publicaes regulares ebastante material de apoio;Criamos o Facebook do CALA, queserviu como forma de apoio divulgao de atividades do CA,alm de mais uma forma de contato e informao; Organizamoso manual do calouro com vrias informaes importantes aosrecm chegados no curso; Apoio e organizao do CineARQ.Com relao s finanas:- Mantivemos a autonomia da entidade, tendo comoprincipal forma de captao de recurso as festas no campus(esse foi um problema srio que enfrentamos durante a gesto,pois o CTC expediu um memorando proibindo a autorizao de

    festas, o que gerou diversas dificuldades aos membros do CAque levaram a discusso ao departamento do curso)- conseguimos viabilizar parte do lucro da festa fantasia paraatividades para os estudantes de todo o curso, como a semanaacadmica (contribuio da festa fantasia 11.1)-Mantivemos as contas organizadas atravs da comisso definanas.Com relao s atividades:

    Participamos das principais lutas gerais da UFSC,como da campanha pelo aumento da bolsa permanncia, e emrelao greve dos servidores, na ocupao da reitoria, pelademocratizao dos espaos pblicos e pela legalizao dasfestas no campus, pela mobilidade urbana, como no caso daduplicao da rua Antonio Edu Vieira, pelos espaos pblicos,com apoio na realizao de debate sobre a Ponta do Coral e noato pblico em defesa da Ponta do Coral, entre outras..

    www.cala.ufsc.br)

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    Organizamos o ARQsports, com o apoio do CAEF (CA deeducao fsica);Organizamos a semana acadmica com o tema espaospblicos: arquitetura para que(m)?, tema que rendeudiversas discusses no curso mesmo aps a semanARQ eque contou com forte participao dos estudantes, comoficinas e vivncias ligando a teoria pratica;Organizamos recepes aos calouros 11.2 e 12.1 integradas

    aos grupos PET e AMA;Participao no NDE (Ncleo Docente Estruturante), compassagens em sala e estmulo para os demais estudantes seintegrarem nesse processo;Fizemos debates sobre o Projeto Poltico Pedaggico docurso, com reunies abertas e discusses de textos;Fomentamos a discusso sobre o novo regulamento deestgios do curso de arquitetura;Organizamos oficinas, como a de Corel, que servem deauxlio na formao dos estudantes.Com relao ao espao fsico:

    Organizamos faxinas na sala do CALA, mantendosempre o espao aberto e na medida do possvel organizado eagradvel a todos;- Mantivemos a xeroteca do CALA com muito material deleitura e apostilas de diversas matrias.

    Mas algumas coisas ainda ficaram pendentes:- Ainda no conseguimos organizar a representao discentepor turmas e criar um conselho de representantes de turma;- Algumas questes em relao organizao do espaofsico ainda ficaram pendentes, visto a dificuldade emmant-lo limpo e organizado.

    Depois desse relato, vale ressaltar que um CentroAcadmico no se faz somente de tarefas ou atividades:um Centro Acadmico a expresso da org anizaoestudantil dentro de um curso, e, como tal, temos muitoainda que avanar. Enquanto gesto do CALA tentamossempre trazer uma viso mais crtica da arquitetura efomentar discusses a cerca da nossa sociedade, porentendermos que nosso papel transform-la. Contudo,percebemos uma certa carncia de participao em algunsmomentos, o que prejudicou o andamento das atividadesmais relacionadas ao currculo do nosso curso.

    Essa avaliao voltada tanto para os membros dagesto 2011-2012 quanto para todos os estudantes do cursode arquitetura e urbanismo, que so representados por essagesto, pois acreditamos num CA aberto, crtico eparticipativo. Durante toda a gesto buscamos que o maiornmero de pessoas participassem das atividades e seintegrassem ao CA, estando aberto s demandas ereceptivos a novas propostas. Agradecemos a todos pelaparticipao e construo de todas as atividades eesperamos que essa centelha que surgiu no se apague,estando sempre presente na histria de nosso curso, comoum centro acadmico forte, presente, crtico e participativo.

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    Lei dos Estgios alguns apontamentos

    A anlise da lei 11.788, de 25 de Setembro de 2008,exigiria uma pesquisa mais apurada de outras leis com as quais elase relaciona para um entendimento mais global de onde se insere aquesto do estagirio. Limitaremos nesta anlise a algunsapontamentos iniciais.

    A definio de estgio que se encontra na lei a seguinte:

    ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambientede trabalho, que visa preparao para o trabalho produtivo deeducandos que estejam frequentando o ensino regular eminstituies de educao superior, de educao profissional, deensino mdio, da educao especial e dos anos finais do ensinofundamental, na modalidade profissional da educao de jovens eadultos (art. 1). Ainda, o estgio faz parte do projeto pedaggicodo curso ( 1) e visa ao aprendizado de competncias prprias daatividade profissional e contextualizao curricular, objetivandoo desenvolvimento do educando para a vida cidad e para otrabalho ( 2). O artigo 1 j deixa claro, ento, a vinculao doestudo com a preparao para o trabalho.

    A questo entra em quais so as condies colocadas aestes estudantes e quais as consequncias gerais dos estgios.Primeiramente, o que determina se os estgios so obrigatrios ouno, so as diretrizes curriculares que podem ser do curso ou daetapa, modalidade e rea de ensino (art. 2) e acrescenta que asatividades de extenso, de monitorias e de iniciao cientfica naeducao superior podero ser equiparadas ao estgio desde queprevisto no projeto pedaggico do curso ( 3). O estgio no criavnculo empregatcio de qualquer natureza (art. 3) e pode sercedido por pessoas jurdicas de direito privado e os rgos daadministrao pblica direta, autrquica e fundacional de

    qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito F ederal edos Municpios, bem como profissionais liberais de nvel superior(art. 9) desde que cumpridos os seguintes requisitos: matrcula efrequncia regular do educando, termo de compromisso entreestudante, parte concedente do estgio e instituio de ensino, ecompatibilidade entre as atividades do estgio e aquelas previstasno termo de compromisso. Quanto ao nmero de estagirios a leiassegura que a parte cedente poder indicar funcionrio de seuquadro de pessoal (...) para orientar e supervisionar at 10 (dez)estagirios simultaneamente (!!!) (art 9 inciso III), limitando onmero de estagirios somente no caso deles serem do ensinomdio, da educao especial e dos anos finais do ensinofundamental na modalidade profissional da educao de jovens eadultos. Ou seja, para educao profissional e ensino superior acoisa liberada (art. 17), uma empresa pode ter quanto estagiriosquiser. Quanto remunerao e auxlio-transporte, no caso deestgios obrigatrios, ela dispensada, sendo compulsriasomente em caso de estgio no obrigatrio (art. 12). Quanto aalguns direitos temos a garantia de instalaes adequadas para oaprendizado, seguro contra acidentes pessoais (art. 9, incisos II eIV), limitao da jornada de atividade (art. 10), recesso de 30 (trinta)dias (remunerado no caso de estgios remunerados) (art. 13) eseguro da legislao relacionada sade e segurana no trabalho

    (art. 14). Na verdade, todos esses direitos parecem muito bvios edevem ser submetidos a uma avaliao crtica.O mais interessante na lei a ideia que lhe implcita. A lei

    adverte que o descumprimento dela ou de qualquer obrigaocontida no termo de compromisso caracterizaria vnculo deemprego do educando com a parte concedente do estgio paratodos os fins da legislao trabalhista e previdenciria (art. 3 2 eart. 15). A instituio privada ou pblica que reincidir nasirregularidades ficaria tambm impedida de receber estagirios por2 anos (art. 15 1). Ou seja, a prpria lei subentende que submetera parte empregadora legislao trabalhista seria uma verdadeirapunio pelo descumprimento da lei do estgio, e repetindo ainfrao seria proibido de contratar. de se pensar queempregador no ficaria triste com essa medida punitiva ouproibitiva por ser realmente um bom samaritano, que tem umgrande prazer em profissionalizar jovens inexperientes.

    de se pensar que empregador no ficaria triste com essamedida punitiva ou proibitiva por ser realmente um bomsamaritano, que tem um grande prazer em profissionalizar jovensinexperientes. Parece ser o estgio, de fato, algo muito vantajoso aoempregador, j que na sua ausncia ou no seu uso de formafraudulenta, o trabalhador passaria a ter direito a todas as parcelas

    decorrentes da lei trabalhista, como 13 salrio, frias com 1/3,FGTS, aviso prvio, registro na CTPS, etc. Ou seja, segundo a lei odireito do trabalhador entra onde acaba o direito do empregador

    No temos clareza de se o mais adequado seria reivindicaros estgios como uma espcie de primeiro emprego, com carteiraassinada. No entanto, certo que devemos reivindicar maisdireitos, comeando pela obrigatoriedade de remunerao, pois um absurdo que no o seja. Se o estudante acaba fazendo estgiono sendo obrigatrio (que deve ser sempre remunerado) muitoprovvel que o faz por aquele dinheiro ser importante para suasubsistncia e seus estudos. Fazer com que no estgio obrigatrio aremunerao no seja compulsria quase condenar o estudante aabandonar os estudos, ou se manter com muito mais dificuldades.13, frias de 1/3 e outras gratificaes presentes na CLT tambmdevem ser reivindicadas. Assim, o estgio ao ser consideradosomente como um ato educativo deve ser considerado como umdireito, pois trabalho e estudo tambm direito, e por isso deve sergarantido inclusive nas condies de permanncia dos estudantes,ou seja, deve ser no mnimo remunerado.

    Outra questo importante diz respeito combinao dotrabalho e do estudo. Foi no desenvolvimento da prpria sociedadecapitalista que inicia a vinculao mais orgnica entre estudo etrabalho e esta tendncia se afirma e difunde socialmente. No

    entanto, ela no se universaliza e continua havendo dentro dadiviso social do trabalho, aqueles que pensam e aqueles quefazem, o trabalho intelectual e o trabalho manual. A questo, ento,no ser contra o trabalho combinado com o estudo, mas simcontra o estudo tecnicista combinado a um trabalho que noeduca, antes amarra as conscincias. O estudo deve ser crtico evinculado ao trabalho que liberta, ao trabalho criador. Ou seja,deve ser um trabalho vinculado perspectiva da melhoria dascondies de vida do povo, deve ser uma concepo vinculada luta pela universidade popular, no caso do ensino superior. No hnada mal em trabalhar como educador estando cursando o ensinosuperior quando este trabalho destinado a acabar com oanalfabetismo, por exemplo; ou quando o trabalho do estudante dearquitetura est vinculado a projetos que visem uma mobilidadeurbana adequada s condies de nossa cidade, ou regularizaofundiria, habitao de qualidade, demarcao de reas verdes, depreservao, etc. O pedagogo Pistrak dizia que

    o trabalho na escola, enquanto base da educao,deve estar ligado ao trabalho social, produo real, a umaatividade concreta socialmente til, sem o que perderia seuvalor essencial, seu aspecto social, reduzindo-se, de umlado, a aquisio de algumas normas tcnicas, e, de outro aprocedimentos metodolgicos capazes de ilustrar este ouaquele detalhe de um curso sistemtico. Assim, o trabalhose tornaria anmico

    Assim, desejvel a vinculao social entre a pedagogiacrtica e o trabalho criador. Deve-se afastar os estgios da lgicaempresarial, como se qualquer trabalho meramente repetidor,tecnicista, como se qualquer trabalho de cadista fosse uma formade educao. Parece muito mais uma forma de amaciar asconscincias, de subordinao, de fazer os jovens em formaoperderem a capacidade da crtica, a capacidade de criao. Almdisso, o arquiteto um profissional essencialmente polivalente,podendo atuar em muito mais reas que o proposto por algunsescritrios de arquitetura.

    CONTEXTO

    6

    A tarefa grande. Esta uma primeira reflexo. Temos que liga-la ainda Resoluo n 2, de 17 de Junho de 2010, que Institui asDiretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduao em Arquitetura eUrbanismo e construir propostas consistentes que consigam ligar oestgio discente ao profissional da arquitetura e do urbanismo que anossa realidade e o futuro exige. O caminho est em aberto. Sobre eleVilanova Artigas diria:

    precisamos lutar pelo futuro de nosso povo, peloprogresso e pela nova sociedade dando a esta misso o melhordos esforos, pois medida que, pela participao na luta aolado do povo, compreendermos seus anseios, fizermos partedele, que iremos criando esprito crtico para afastar o bom dointil na arquitetura, que atingiremos a 'espontaneidade nova',que criar como interpretao direta dos verdadeiros anseiospopulares.

    Mas claro tambm que, enquanto a ligao entre osarquitetos e as massas populares no se estabelecer, no seorganizar, enquanto a obra dos arquitetos no tiver a sumaglria de ser discutida nas fbricas e nas fazendas, no haverarquitetura popular.

    Arquitetura popular, parece ser um bom caminho a seguir.

    Pelo que permitido na lei poderamos montar o seguintecenrio exagerado: um escritrio com 6 funcionrios arquitetosrealizava um projeto. Sabendo da Lei dos Estgios, o escritrioindica 5 de seus funcionrios para supervisionar um corpo de 50estagirios. Como o estgio obrigatrio no remunerado, oescritrio d preferncia a essa modalidade para conterdespesas. Como a parte do desenho, detalhamento, maqueteeletrnica ou fsica, paginao, etc, demandava muito tempo, oescritrio s conseguia realizar um projeto por vez, maspassando essas atividades para seus estagirios possvelampliar a produtividade. Agora, o escritrio possui 56funcionrios, remunera 6 deles e consegue coordenar 6 projetossimultaneamente. Nada mal!

    MARX, Karl. O Capital V. II, Livro Primeiro. 3 Ed. SoPaulo: Nova Cultural, 1988, p. 88.

    PISTRAK. Fundamentos da Escola do Trabalho. SP:Editora Expresso Popular, 2006, p. 38.

    4 Obviamente, h tambm aqueles escritrios onde oestagirio participa efetivamente das atividades de concepo doprojeto, debates do partido arquitetnico e tambm executatarefas mais tcnicas que, quando associadas a procedimentoscriadores, tornam-se importantes para o processo de formao.

    MAU |UFSC

    Com o objetivo de apresentar os trabalhos produzidos em nosso curso a nossos colegas estudantes e comunidade, os alunos daStima Fase esto se mobilizando para organizar a Primeira Mostra de Arquitetura e Urbanismo da UFSC.

    A mostra acontecer na primeira semana do prximo semestre, juntamente com a semana de TCCs e a Aula Magna. Sero expostos ostrabalhos entregues nesse semestre, 2012/1. Caber stima fase recolher os trabalhos com os professores e exp-los durante a MAU, que seespalhar pelo prdio do curso e outros locais da UFSC, como o Centro de Eventos.

    Ser uma experincia inicial que gostaramos de tornar uma tradio em nosso curso. Estamos abertos a qualquer ajuda ou sugestoe em breve realizaremos reunies para definir a organizao da mostra.

    Para mais informaes e notcias curta nossa pgina no facebook: facebook.com/mau.ufsc

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    SOB O OLHAR DA PRTICA

    No decorrer de nossa formao, trabalhamos com um

    processo criativo e subjetivo, mas que tem como produto um resultado

    concreto. No entanto, por vezes nos deparamos com um paradoxo que

    envolve nossa futura profisso: atar as duas pontas desse

    aprendizado ansiando alcanar um resultado projetual satisfatrio. E

    essa mesma busca no campo do aprendizado pode estabelecer laos

    com o campo do ensino: O quo importante a atuao prtica de um

    professor no ensino da arquitetura? A ideia deste artigo partiu dos

    prprios alunos, resultante de um contato com a obra materializada

    de um professor. Tal experincia abriu campo para uma reflexo a

    respeito, posto que sentiram a contribuio que pode ser alcanada

    pela atuao profissional.

    Durante a manh do dia 27 de abril, alguns estudantes da terceira

    fase do Curso de Arquitetura e Urbanismo realizaram uma visita

    obra do Laboratrio de Remediao de guas Subterrneas (Remas)

    na Fazenda da Ressacada, terreno pertencente Universidade

    localizado ao Sul da Ilha e pouco conhecido pelos alunos. O projeto

    foi desenvolvido por Amrico Ishida, professor da disciplina de

    Projeto Arquitetnico e Programao Visual II e supervisor do

    LabProj, que acompanhou os alunos at o campo apresentando osos aspectos projetuais determinantes da obra.

    O laboratrio realiza pesquisas relacionadas ao impacto do

    derramamento de combustveis no solo. Por consequncia, desde o

    incio da concepo do projeto a sustentabilidade foi marcada como

    determinante, estabelecendo relao com a funo ambiental do

    edifcio. O financiamento para a construo foi disponibilizado pela

    Petrobras, parceira das pesquisas acadmicas, e permitiu a

    utilizao de artifcios que conferiram obra o carter sustentvel:

    telhado verde, cor branca para fornecer grande desempenho

    ilumnico, aberturas que permitem o trabalho dos ventos e a

    notvel utilizao de trelias curvas em madeira laminada, no s

    como um ecomaterial, mas como elemento esttico compositor.

    No cabe aqui uma viso crtica da obra, mas uma anlise

    exploratria da experincia, e como nem tudo so flores, os

    determinantes projetuais tambm foram acompanhados de pontosnegativos: os erros de execuo. um erro atras do outro, diz o

    professor sem medo de apontar os problemas do andamento da

    obra. Muitas vezes os problemas surgem por falta de leitura do

    projeto.

    Por Lucas Anghinoni e Natlia Gonzales

    8

    Dentre as ideias que o estudo de campo foi capaz de

    acrescentar nossa bagagem, a de grande destaque no pode ser

    outra seno a percepo de que a atividade profissional pode

    contribuir grandemente para ensino da arte de projetar. Quando

    iniciamos um projeto, desde sua concepo e desenho at sua

    construo, passamos por um processo que no deve ser

    fragmentado e pontual, mas linear e ascendente (mesmo que

    apresente altos e baixos). O que significa dizer que tudo faz parte

    de um desenvolvimento interligado, que apresenta uma srie de

    delimitantes especficas, mas que devem com toda certeza estar

    na cabea do arquiteto. Se ensinar por si s j sem dvida uma

    virtude, quando se tem uma vida prtica conectada sala de

    aula, a riqueza do ensino pode ser somada s experincias

    vividas. Ter conhecimento do produto confere ento ao professor

    a habilidade de saber nortear o processo de cada estudante,

    balanceando a importncia conferida a cada disciplina,

    interligando-as e aprimorando a relao entre a criao e os

    resultados.

    evidente tambm que no se deve deixar de lado aextrema importncia do aprofundamento terico no ensino de

    projeto. O produto da final da escola deve ento estar baseado em

    um aprendizado construdo atravs de discusses tericas e

    experincias prticas. Essa construo (de acordo com o que se

    almeja aps a formao)se d atravs de uma srie de etapas

    acadmicas, entre elas, o estgio pr ofissionalizante e a pesquisa

    cientfica orientada, mas tambm pode vir associada

    experincia de quem ensina. Assim, um dos importantes passos

    para se construir uma escola de arquitetura de excelncia ter

    um corpo docente que por um lado atenda s demandas tericas,

    subjetivas e experimentais, mas por outro atenda tambm s

    prticas e tcnicas, gerando uma cobrana coerente com o que se

    encontrar fora da academia.

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    Por caro Ramos Seleme ilustraes por Mari Priester

    Subverso

    H versos escritos aos que estoacimae h versos dedicados aos de baixo.O subverso no um verso inferior,mas um verso vindo do interior,de dentro do subrbio subjugado.Subserviente e subordinado,subconsciente, subornado e cooptado.Capturado pelos de cima, pela ordeme pelo subentendido.

    Ordem do subdesenvolvido,aquele que tem a vida subtradada grande soma de riquezas.Ordem essa que produza subsuno do ser humano,o subumano corao.

    Nesse grande suburbano,s vezes de sbito,erguem-se de forma subseqentesubversos de repente.Esses so suprimidossistematicamente.Entretanto,os de cima subestimamos de baixo.Porque o subalternotem na sua substnciao subversivo,porque os que esto abaixo daordemainda seroos que colocaro a ordem abaixo.

    . . .

    10 11

    Por Giovanny Simon

    DI VAGANDO

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    PONTA DO CORAL

    A Ponta do Coral uma antiga ilhota ligada a terrafirme por um aterro, conhecida no inicio do sculo passadocomo PONTA DO RECIFE. Ela adentra ao mar da Baia Nortecomo um Cabo, um promontrio assentado numa crista derocha que faz parte do macio total da Ilha de SantaCatarina. L existem runas de dois enormes casares

    histricos, usados para depsitos da Standard Oil at adcada de 30 e desde esses tempos tm sido um espao emdisputa. Com localizao privilegiada, passou portransformaes aps a construo da beira-mar norte, queisolou o espao com a avenida. De vrios percalos o terrenochegou a pertencer Fucabem, um abrigo de menores. Semuma mnima consulta populao e respeito pelo espaopblico, de forma arbitrria, sem nem passar pela cmarade vereadores, o governo resolve vender o terreno para umaempresa de Cricima. Fato curioso e irregular que gera umasrie de manifestaes, orquestradas pelos estudantes dearquitetura da UFSC, na rea nos anos 80. Atualmente esse espao est em foco novamentedevido ao projeto da Hantei (uma grande construtora daregio) para o local, que prev aterros, marina para barcosde grande porte e a construo de um edifcio de luxo comcerca de 20 pavimentos. A ponta tem 45 mil metrosquadrados, mas apenas 12 mil foram vendidos pois orestante rea de marinha e no poderia ser ocupado. Em contrapartida a esse projeto existe a propostapopular de manuteno do espao como pblico atravs dacriao de um parque. Na cidade de Florianpolis notada afalta de espaos pblicos de lazer. Com exceo das praias,so poucos os lugares realmente pblicos, mas mesmo aspraias no so suficientes, devido a sua distncia, fundamental a criao de espaos perto do centro da cidade,que podem ser usados pelas pessoas das mais diversasformas.

    Alm da ponta do Coral, nas proximidadesencontramos a Ponta do Lessa e a Ponta do Goulart,tambm cortadas pela Beira mar e que fazem o trianguloda embocadura do manguezal do Itacorubi. As trs pontaspoderiam servir como uma importante rea de turismoambiental. Ns podemos construir ali um parque cultural

    nutico, mas no aos moldes das marinas da Hantei. Seriauma relao nutica com a cultura local, com aspopulaes tradicionais, com os pescadores que seriam osque guiariam as pessoas por dentro do manguezal, comeducao ambiental, sem edificaes. A Ponta do G oularttem uma rea grande de ninhos que tambm poderiam servisitados nas pocas certas para observao, assim comona Ponta do Lessa as pessoas poderiam conhecer ossambaquis, Esse tipo de turismo moveria muito maisrenda para a populao local do que o proposto pelaHantei, que beneficiaria a um nico empresrio(LoureciRibeiro).

    A lgica dos megaempreendimentos se encontradeslocada da realidade da populao da cidade e busca sesustentar de forma artificial. Qual turismo e lazerdesejamos para a nossa cidade? Desejamos que a rea sejarealmente pblica, de uso de todos. A ponta do coral umponto estratgico da cidade, com uma linda paisagem queseria totalmente descaracterizada com a execuo de umprojeto desse porte. Os impactos de um empreendimentodeste porte seriam devastadores, no s de formaambiental, mas com impacto direto na mobilidade urbanada cidade, visto a gerao de trfego que oempreendimento geraria e na qualidade de vida dapopulao em geral. A regio seria um plo gerador detrfego e conflito na malha urbana e na mobilidade dacidade, inclusive no leito das Baias Norte e Sul.

    Por Aline Cavanus

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    TEU TRAO DEIXA RASTRO -EREA BAG

    Do dia 27 de maro ao 1 de abril aconteceu na cidadegacha de Bag o Encontro Regional de Estudantes de Arquitetura eUrbanismo. H 366 km de Porto Alegre, Bag est localizada noextremo sul do Rio Grande do sul, fazendo fronteira com o Uruguai. Asede do encontro foi o Clube Caixeiral. Um lugar bem estruturadofisicamente, aconchegante, acolhedor e distante da agitao da

    cidade. Nestes cinco dias de encontro percebeu-se uma distinontida entre as atividades diurnas e noturnas. De dia os estudantesparticipavam de oficinas como Cartilha EMAU e ProduoAudiovisual, palestras como Estdio Obra-prima com FernandaPereira da Silva e Arquitetos Associados com Bruno Santa Ceclia,alm de visitas guiadas ao Centro histrico de Bag e vila Santa

    Thereza. J a noite os participantes eram premiados com festasregadas a msica boa ao vivo e cerveja barata!

    O lema +amor ditava o clima do encontro, de muitorespeito, cortesia e proximidade entre os presentes. O cu limpo, claroe ( noite) muito estrelado de Bag foi testemunha do quo agradvel eincomparvel foi o encontro, uma verdadeira sociedade alternativa.Realmente uma experincia nica, que esperamos que se repita todoano. Quem j foi, sabe do que falo, quem ainda no, experimente! Valemuito a pena.

    Imagem Por Guilherme Ruchaud

    Texto e Imagens de Andr Junckes

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    PLANO DIRETOR DE FLORIANPOLIS

    O Plano Diretor Participativo exigncia do Estatuto da Cidade (Lei Federal 10.251/2001) que tem por objetivo aelaborao de planos menos tecnocrticos, que busquem uma aproximao mais efetiva da realidade das cidades atuais, euma maior participao popular nos processos de elaborao, votao, implementao e gesto.Deve ter como princpios bsicos: a funo social da propriedade e da cidade, o desenvolvimento sustentvel, a igualdade e

    justia social e a participao popular.Em Florianpolis, este processo teve incio h vrios anos, contudo ainda se encontra em plena discusso.O anteprojeto de lei do Plano Diretor de Florianpolis foi apresentado populao pela equipe tcnica da Prefeitura Municipalem cinco Audincias Pblicas temticas, que ocorreram de 27 de maro a 26 de abril de 2012.

    A primeira Audincia Pblica consistiu numa explanao geral sobre o Plano e as demais trataram das seguintes abordagensespecficas: zoneamento ambiental e paisagem urbana; modelo de cidade e gesto; saneamento e mobilidade urbana; uso eocupao do solo e instrumentos urbansticos.

    A FORMA

    O anteprojeto do Plano Diretor foi apresentado nas audincias por meio de diretrizes gerais e, em muitos aspectos, apartir de uma plataforma de intenes generalistas, sem aprofundamento e no aliceradas em caractersticas socioespaciaisdo territrio municipal e regional (a cidade real). Faltam diagnsticos e estudos tcnicos, como capacidade de suporte dosrecursos naturais, de atendimento da infraestrutura, origem e destino de deslocamentos, etc.O texto com os 373 artigos que compem o anteprojeto de lei foi disponibilizado apenas na internet(http://www.pmf.sc.gov.br) e os mapas temticos, anexos ao documento, demoraram a ser publicados (virtualmente), algunss puderam ser visualizados aps as apresentaes nas audincias. Em nenhum momento foram divulgados materiaisimpressos, como costuma anteceder s Audincias Pblicas, dificultando a anlise por parte do pblico presente.Estas situaes vo de encontro a algumas exigncias do Estatuto da Cidade, o qual prev que os processos de elaborao doPlano Diretor, alm da participao popular, devam g arantir a publicidade das informaes.

    O IMPORTANTE

    Entretanto, o ponto mais grave na conduo do Plano Dir etor diz respeito ao processo de discusso comunitria, oqual confere ao Plano seu carter participativo (como preconiza o Estatuto da Cidade) e que foi abruptamente interrompidopelo poder pblico em 2009 sendo, pretensamente, retomado com as citadas Audincias Pblicas, quase trs anos depois.Desse modo, as audincias foram, em gr ande medida, a oportunidade para lderes comunitrios e representantes distritais

    protestarem sobre esse procedimento autoritrio e constatarem que no foi expressa no anteprojeto do Plano Dir etor grandeparte das diretrizes comunitrias oriundas das reunies distritais fruto de um rduo esforo de mobilizao popular , queocorreram ao longo dos anos de 2007 e 2008, nos vrios bairros e distritos do municpio.Essas interrupes nos trabalhos participativos so desestimulantes para a populao em geral, que acaba por desacreditardo processo.H, portanto, uma falha na origem, uma dicotomia que mutila o Plano Diretor e prejudica sua constituio como pacto social,como seria desejvel.Entendemos que a leitura comunitria, construda no mbito dos ncleos distritais, deveria ter sido respeitada e cotejada coma leitura tcnica elaborada pelos consultores contratados pela Prefeitura (Fundao Cepa) e, a partir do debate de ideias,procurar consenso em aspectos coletivamente relevantes, bem como a deliberao frente a questes polmicas, na construodemocrtica de um Plano (verdadeiramente) Participativo.Este procedimento poderia ensejar a vivncia de verdadeiras prticas de cidadania com efeitos pedaggicos importantes,tanto para o poder pblico quanto para a populao. Pois nesse processo possvel explicitar os interesses plurais dosdiversos segmentos sociais que coexistem no espao urbano, concedendo voz aos que r aramente podem se expressar, comotambm desvendar intenes e estratgias de alguns setores econmicos, em especial do capital imobilirio.Infelizmente, esse fecundo momento foi suprimido e sua lacuna permanecer indelvel no Plano Diretor de Florianpolis.

    E AGORA?

    Haver um novo ciclo de apresentao do anteprojeto do Plano Diretor nos 13 distritos do municpio.Essa pode ser a ocasio de debater questes chaves da proposta apresentada pela municipalidade, como a incorporao domodelo terico conceitual da Reserva da Biosfera em Ambiente Urbano (RBAU), que sob a chancela ambiental pode servir demote para atrair investimentos e elitizar o uso da terra; as propostas de aes nos chamados projetos deflagrantes, que visamfortalecer a diversificao econmica em determinadas reas, segundo critrios no explicitados; o reforo de microcentralidades, que podem fragmentar o territrio sem levar em conta as especificidades de cada localidade; a proposta de umzoneamento confuso, entre outros aspectos polmicos.Esta oportunidade ser importante tambm para conhecer alguns avanos do Plano proposto em relao ao Plano Diretorvigente (1985), como a necessidade de realizao do Estudo de Impacto de Vizinhana, o reconhecimento da importnciacultural e ambiental, a preocupao com ciclovias e transporte martimo, que merecem anlises e propostas consistentes.Alm de vislumbrar o estabelecimento e regulamentao das ferramentas do Estatuto da Cidade, que podem combater aespeculao imobiliria, danosa ao desenvolvimento racional e sustentvel das cidades.Assim, como profissionais e estudantes de arquitetura e urbanismo temos a oportunidade de aprender com o debate sobre acidade e seu futuro, e como cidados temos a responsabilidade e o direito de participar da construo desse Plano Dir etor.

    Pelas Professoras Soraya Nr e Vanessa Pereira

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    Imagens Por Marcelo CabralFotos Por Julia Milan

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    9/10

    Muitos dos resultados obtidos apenas contemplam o

    que j se observa com freqncia e que, surpreendentemente,

    no parece que esteja em vias de mudana. A grande maioria dos

    alunos demonstra insatisfao com relao falta de integrao

    entre as diferentes disciplinas do curso. Essa falta de relao,

    alm de prejudicar a aprendizagem ao repassar os contedos

    como se fossem objetos distintos entre si e no formadores de um

    todo, dificultam a vida dos alunos, que tm de, muitas vezesdesnecessariamente, executar uma grande quantidade de

    trabalhos diferentes sem que haja tempo hbil para

    verdadeiramente absorver o contedo supostamente aprendido

    nas aulas e no processo projetual. Embora observemos em alguns

    professores a iniciativa individual de tentar promover essa

    integrao, em termos gerais somente o que se nota uma

    indiferena com relao a esse problema.

    A questo da falta de tempo tambm se revelou (ou se

    confirmou) como um problema grave na viso dos alunos.

    Pouqussimos entre aqueles que responderam afirmaram que

    tm pretenses de se formar no tempo proposto de cinco anos,

    muito embora esse fosse o desejo de muitos. A grande quantidade

    de carga horria e de disciplinas, somada ao j comentado

    isolamento entre as disciplinas faz com que se torne invivel

    concluir todos os trabalhos com a qualidade almejada e quecondiga com as verdadeiras qualidades dos alunos. Muitos

    contestam tanto a quantidade de disciplinas ministradas por

    semestre como o tempo previsto de cinco anos para a formatura.

    Tambm so objetos de crticas freqentes a falta de relao dos

    alunos com a prtica construtiva, sobretudo nas disciplinas de

    estruturas e tecnologias, a qualidade das aulas ministradas, a

    infraestrutura do curso e a quantidade de leituras e

    conhecimentos tericos, principalmente quando se refere s

    disciplinas de projeto.

    Nesse perodo de discusses sobre o curso,

    recomendamos uma leitura e interpretao dos resultados

    obtidos, bem como e com muita ateno das sugestes dadas

    pelos estudantes que responderam pesquisa, cada uma delas

    muito valiosa por si s. Acreditamos que os questionamentos e as

    sugestes devem sair dos corredores, do pavilhinho e dos bares e

    chegar a quem tem a possibilidade de modificar o curso em

    termos prticos, partindo-se do princpio que esses compem um

    material por demais precioso para ser desperdiado.

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    Conforme avanamos entre as fases da faculdade ns,

    alunos, vamos assumindo um posicionamento crtico a respeito

    de cada aspecto do curso em que estamos, o que um processo

    natural e muito positivo. Mas, por outro lado, o que estamos

    observando que, junto dessa leitura crtica vem junto, muitas

    vezes, um desnimo com muitos aspectos negativos a respeito da

    maneira como o curso vem sendo conduzido e a respeito da nossa

    formao, considerada decepcionante por uma boa parcela dosestudantes. Foi assim que nos ocorreu a idia de produzirmos

    essa pesquisa de opinio: queramos fazer alguma coisa no

    sentido de mudar o que achamos que est errado, tanto para ns

    como para as futuras geraes de estudantes de arquitetura. To

    logo a concepo nos veio mente, elaboramos uma srie de

    questes que acreditamos que ajudam a formar uma espcie de

    diagnstico acerca da viso que os alunos tm do nosso curso,

    dos problemas e das potencialidades que so percebidas em

    conversas pelos corredores.

    Procuramos fazer perguntas sobre diversos aspectos do

    cotidiano dos estudantes, que vo desde questes muito amplas

    at aquelas mais restritas e especficas, desde questes objetivas

    e prticas quelas subjetivas e sujeitas a interpretaes. O

    questionrio tambm tinha como um de seus objetivos confirmar

    (ou no), por meio de dados estatsticos, muitas das sugestes equestionamentos que ouvimos com freqncia por parte dos

    alunos. Esta pesquisa de opinio no se prope a esgotar o tema,

    e nem tem a pr etenso de contemplar todos os questionamentos

    possveis para a compreenso do pensamento que os alunos tm

    do curso; mas esperamos observar os principais anseios dos

    alunos, por meio de uma amostragem que, se no representa

    todo o corpo discente, ajuda a identificar algumas das pr incipais

    questes que tm de ser debatidas e revistas em prol da

    construo de um curso que caminhe da melhor maneira

    possvel no sentido da formao de arquitetos, nos campos

    prtico, terico, tcnico e crtico. Na anlise dos resultados as

    respostas foram cruzadas entre si de modo que se pudessem

    obter resultados mais precisos e teis.

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    10/10

    Por Guilherme Ruchaud e Lucas Passold

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    LAGOA DO FUTURO