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RESUMO DE SEPSE NEONATAL – NEONATOLOGIA
Por Flávio Cardoso – Turma 133
Conceitos
O recém nascido (RN), principalmente o prematuro, apresenta fragilidade das barreiras
cutâneas e mucosas, além do mecanismo de defesa contra infecção pouco
desenvolvido,sendo imunodeficiente.Seus níveis de anticorpos são um reflexo da
experiência imunológica materna
Sepse precoce (até 48h de vida – 85% nas primerias 24h e 15% entre as 24 e 48h)
- origem: ambiente intrauterino ou materno microbiota da vagina, aminiocentese,
hematogênica via placentária, retrógrada pela cavidade abdominal.
Sepse tardia (antigamente conhecida como sepse hospitalar, e atualmente chamada de
infeccção relacionada a assistência a saúde – IRAS) – após 48h
- origem: ambiente extra-uterino/hospitalar catéter vascular, nutrição parenteral, uso de
antibióticos (uso abusivo), cirurgias, ventilação mecânica assistida,
Fatores de risco ou predisponentes:
- maternos: condições socio-econômicas, idade (adolescnete), assisitência pré natal (à sepse
precoce) inadequada, I.T.U., coroamnionite, rotura prematura de membrana, bolsa rota
(>18h), colinização materna por estreptococos do grupo B, febre materna intraparto mais
precoces
- neonatais: prematuridade(8-10x maior), baixo peso ao nascer (2-5x), asfixia perinatal
(hipóxia), sexo masculino, Apgar 5 min < 7, taquicardia fetal (>180bpm)
-ambientais: não cumprimento das medidas antissépticas adequadas (lavagem das mãos),
infecções do ambiente hospitalar, falta de vigilância epidemiológica (CCIH), superlotação das
unidades de internamento mais tardia
Quadro clínico
- manifestações clínicas sistêmicas e inespecíficas (sepse clínica) e/ou hemocultura positiva
(sepse comprovada). Ou manifestações clínicas com alteração de leucograma e PCR sem
hemograma positivo (sepse provável).
- instabilidade térmica - hipotermia (<36,5ºC) ou hipertermia (<37,5°C)
- sinais: apnéias, refluxo gastroesofágico, distúrbios metabólicos (hiperglicemia),
hipoatividade, hipotonia, pausa respiratória, “parece não estar bem”, palidez, recusa
alimentar.
- A icterícia, hepatoesplenomegalia e hemorragias e CIVD são mais raras.
- Os sinais de maior gravidade vai ser a distensão abdominal, sangue nas fezes, queda da
pressão arterial, taquicardia, perfulsão periférica diminuída e convulsões podendo evoluir
para choque séptico
Agentes Etiológicos
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Sepse precoce:
- Streptococus agalactiae do grupo B (SGB) :maior incidência e mortalidade. Comum na flora
vaginal, urinária... A causa da infecção pode ser motivo de trabalho de parto precoce. Maior
incidência em RNPT.
- Escherichia coli – associada as ITUs
- Listeria monocytogenes – mais incomum
Sepse tardia
- Staphylococcus epidermidis (comum em países desenvolvidos – colonizam o catéter) e
Staphylococcus aureus são os mais freqüentes Gram-positivos
- Escherichia coli e Klebsiella entre os Gram-negativos (comum em países menos
desenvolvidos)
- Enterobacterius - (comum em países menos desenvolvidos)
- Fungos – imunossuprimidos, incomum
- Klebsilela multiresistentes – KPC – Klebiela, Pneumococo e Carbapenases
Diagnóstico:
- História pré-natal e parto
- Exames laboratoriais
- Fatores de risco
- Pós-natal
- Exame físico do RN
EXAMEES LABORATORIAIS ESPECÍFICOS E INESPECÍFICOS
Obrigatório exame de LCR:
VALORES NORMAIS DO LCR ALTERAÇÕES OBSERVADAS
Parâmetros do líquor RNPT RNT -
Leucócitos/mm³ 9±8 8±7 Leucocitose e Neutrofilia
Limite de variação normal 0-29 0-32 -
Proteínas (mg/dL) 115 90 Aumentado
Limite de variação normal 65-150 20-170 -
Glicose >30% >30% Diminuído
obs: proteína >500 além da meningite pode haver abcesso ou verticulite
-AUMENTO DA CELULARIDADE, DAS PROTEÍNAS E REDUÇÃO DA GLICOSE
- hemocultura – padrão-ouro: baixa sensibilidade na sepse precoce
- outras culturas: urina e LCR
- hemograma completo: são achados leucopenia (<5000) ou leucocitose (>25000),
neutropenia (<1500), relação neutófilos imaturos/totais >0,2, granulações tóxicas,
plaquetopenia <100.000 é sugestiva.
Não é importante para o diagnóstico, mas para o acompanhamento: proteína C reativa (PCR)
- encontra-se elevada e vai diminuindo a a medida que regride a infeccção
Tratamento
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- medidas gerais – UTI neonatal
- equilíbrio hidroeletrolítico e metabólico (hipocalemia/hipoglicemia)
- nutrição adequada
- estabilidade hemodinâmica – drogas vasoativas (hiper/hipotensão – bradi/taquicardia
dopamina ou adrenalina -> depende do quadro
- suporte ventilatório
- evitar as anemias
ANTIBIOTICOTERAPIA EMPÍRICA – hemocultura só sai em 48h
-SEPSE PRECOCES:
sem meningite: penicilina cristalina + gentamicina
com meningite: ampicilina + gentamicina
-SEPSE IRAS (TARDIA:
Hospitalar: depende da flora do ambiente, dos procedimentos (catéter, sonda...), patologias
associadas – enterocolites (gram -), catéter venoso (gram +).
Diagóstico diferencial
- choque cardiogênico em cardiopatias congestivas – ECOcardiograma
- erros inatos de metabolismo
- hemorragias intracranianas (RNPT) – USS de fontanela
- SDR (síndrome do desconforto respiratório) de grau IV
- pneumotórax e pneumomediastino – RX tórax
Pesquisa para Estreptococo e Quimioprofilaxia
- deve ser feito o rastreio no pré natal
- trabalho de parto entre 35-37 semanas de IG fazer duas ampolas de penicilina no trabalho
de parto
- 10-40% das mulheres possuem o estrepto B presente na flora vaginal. Desse grupo, metade
apresentará colonização, quando gestantes, dos RN, e a outra metade não. Dos RN
colonizados 98% serão assintomáticos e 2% apresentarão sepse de início precoce, pneumonia
ou meningite, e só 5% desse grupo apresentará morte ou sequelas neurológicas.
- A quimiorofilaxia intraparto deve ser feita, leva a uma redução significativa da incidência.
Utiliza-se penicila critalina 5.000.000 UI EV de ataque e 2,5-3 millhões UI EV de manuntenção
a cada 4 horas para partos onde haja fatores de risco (parto prematuro, temperatura superior
a 38°C durante o trabalho de parto, ruptura de membranas por mais de 18 horas, antecedente
de feto anterior acometido por BGS ou infecção urinária por BGS na gestação.)