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Serviço Público Federal Universidade Federal de Goiás Instituto de Ciências Biológicas Programa de Pós-Graduação em Biologia - Mestrado Avaliação da Atividade Genotóxica do Composto Cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III) sobre Cultura de Linfócitos do Sangue Periférico Alessandra de Santana Braga Barbosa Ribeiro, B. Sc.

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Serviço Público FederalUniversidade Federal de GoiásInstituto de Ciências Biológicas

Programa de Pós-Graduação em Biologia - Mestrado

Avaliação da Atividade Genotóxica do Composto Cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III) sobre

Cultura de Linfócitos do Sangue Periférico

Alessandra de Santana Braga Barbosa Ribeiro, B. Sc.

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GOIÂNIA, FEVEREIRO DE 2008.

Alessandra de Santana Braga Barbosa Ribeiro

Avaliação da Atividade Genotóxica do Composto Cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III) sobre

Cultura de Linfócitos do Sangue Periférico

Dissertação apresentada à Univers idade

Federal de Goiás como parte dos

requis i tos para obtenção do Tí tulo de

Mestre em Biologia.

Área de Concentração : Biologia

Celular e Molecular

Orientadora: Prof.Drª. Elisângela de Paula Silveira Lacerda

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GOIÂNIA, FEVEREIRO DE 2008

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Avaliação da Atividade Genotóxica do Composto Cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III) sobre

Cultura de Linfócitos do Sangue Periférico

Profª. Dr.ª Elisângela de Paula Silveira Lacerda 1

Alessandra de Santana Braga Barbosa Ribeiro, B.Sc 1 *

1 Laboratório de Genét ica Molecular e Ci togenét ica. ICB I - sala 200. Campus II. Univers idade Federal de Goiás .

* Correspondência: agarbio@hotmai l .com

Fevereiro / 2008

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA..........................................................................................................

AGRADECIMENTOS................................................................................................

APOIO FINANCEIRO...............................................................................................

LISTA DE ABREVIATURAS....................................................................................

LISTA DE TABELAS E FIGURAS..........................................................................

LISTA DE TABELAS E FIGURAS ARTIGO 1......................................................

LISTA DE TABELAS E FIGURAS ARTIGO 2......................................................

INTRODUÇÃO GERAL............................................................................................

JUSTIFICATIVA........................................................................................................

OBJETIVOS................................................................................................................

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................

ARTIGO 1: COMPLEXOS METÁLICOS COM EFEITO ANTITUMORAL...

RESUMO......................................................................................................................

ABSTRACT..................................................................................................................

INTRODUÇÃO............................................................................................................

1. COMPOSTOS DE RUTÊNIO (KP1019, RM175, NAMI, NAMI-A, RAP,

MMI/ONCO4403, CLORETO DE CIS-TETRAAMINOXALATORUTÊNIO

(III))...............................................................................................................................

2. COMPLEXO CLORETO DE CIS-TETRAAMINODICLORORUTÊNIO (III)......

3. PERSPECTIVAS......................................................................................................

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................

ARTIGO 2: AVALIACAO DOS EFEITOS GENOTOXICOS EM CULTURA

DE LINFOCITOS HUMANOS TRATADOS COM O Cloreto de cis-

tetraaminodiclororutênio (III) EM DIFERENTES CONCENTRACÕES..........

RESUMO......................................................................................................................

ABSTRACT..................................................................................................................

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................

2. MATERIAIS E MÉTODOS.....................................................................................

i

ii

iv

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9

10

11

12

23

24

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3435

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3. RESULTADOS........................................................................................................

4. DISCUSSÃO............................................................................................................

5. CONCLUSÃO..........................................................................................................

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................

CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................

ANEXOS.....................................................................................................................

67

73

74

83

85

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LISTA DE ABREVIATURAS

[Co(NH3)6]Cl3 : Hexamintriclorocobalto

[Ni(CO)4]: Tetracarbonilniquel

µg.mL : Micrograma por mL

ACs : Aberrações Cromossômicas

ANVISA : Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Bcl2: família de proteínas formada por 25 membros de aceleradores que

regulam processo de permeabilização mitocondrial e faz parte do

processo apoptótico.

CO2 : Dióxido de Carbono

DACH- oxaliplatina {[(1R,2R-diaminociclohexano)oxalato-platina(II)]

(1,2-diaminociclo-hexano

DL5 0 : Dose Letal 50%

DMSO : Dimetil-sulfóxido

DNA: Ácido Desoxirribonucleotídeo

DXR : Doxorrubicina

EC : Ensaio Cometa

EDTA : Ácido Etilenodiaminotetracético, sal dissódico

HCl: Ácido Clorídrico

HIV: Human Immunodeficiency Virus

IC5 0 : Concentração da droga estabelecida para inibir crescimento celular

em 50%

Im : Imidazol

IM: Índice Mitótico

INCA: Instituto Nacional de Câncer

IUPAC : International Union of Pure and Applied Chemistry

KP 1019 : trans-[tetraclorobisindazolrutênio (III)]

mg.mL : Miligrama por mL

MMI : Medical Marketing International

NaCl: Cloreto de Sódio

NAMI : Na trans-[Ru(Im)(Me 2SO)Cl 4]

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NAMI-A : (ImH) trans- -[Ru(Im)(Me2SO)Cl4]

NaOH: Hidróxido de Sódio

NH4OH: Hidróxido de Amônia

RAP: cis-dicloro-1,2-propilenodiamino-N,N,N0,N0-tetraacetato rutênio

(III)

RM 175 : [(η6-C6H5C6H5)-Ru(en)Cl]+

RPM: Rotações por Minuto

RPMI 1640 : Roswell Park Memorial Institute

S180 : Sarcoma 180

SCGE : Single Cell Gell Eletrophoresis

Tf : Transferrina

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LISTA DE TABELAS - INTRODUÇÃO GERAL

Tabela 01 : Estimativas, para o ano 2008, de número de casos novos por

câncer, em homens e mulheres, segundo localização primária.. . . . . . . . . . . . .13

Tabela 02 : Classificação quanto ao tipo de quimioterapias.. . . . . . . . . . . . . . . . .13

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LISTA DE TABELAS E FIGURAS - ARTIGO 01

Figura 01: Em destaque, metais e não metais conhecidos por formarem compostos

que exibem atividade antitumoral............................................................................... 36

Figura 02: Mudança do estado de oxidação do rutênio em ambiente celular regular e

tumoral. O ambiente das células cancerígenas favorece a redução do Ru(III) a Ru(II),

que é mais ativo biologicamente. Conseqüentemente, compostos de Ru(III) são

essencialmente pró - fármacos ativados pela redução nas células cancerígenas. Fonte:

CLAIRE & DYSON, 2001..........................................................................................40

Figura 03: Estrutura química do KP1019 (acima a esquerda), de RM175 (acima à

direita), do composto indol carbazol rutênio (abaixo a esquerda) e da NAMI-A (abaixo

a direita) (Bergamo & Sava, 2007).................................................................42

Figura 04: Estrutura do íon complexo cloreto de cis-tetraaminoxalatorutênio

(III)..............................................................................................................................43

Figura 05: Cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III)............................................44

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LISTA DE TABELAS E FIGURAS - ARTIGO 02

Tabela 01 - Índice mitótico, total de aberrações cromossômicas e

metáfases aberrantes em cultura de linfócitos humanos tratados com

diferentes concentrações de cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III)

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

Tabela 02 : Número de núcleos analisados, normais e alterados, com os

respectivos danos.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

Figura 01 : Fórmula Estrutural da doxorrubicina.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

Figura 02 : Delineamento experimental. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

Figura 03 : Esquema do ensaio cometa.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

Figura 04 : Classificação: ausência de cauda, ou seja, sem dano (classe

0); cauda menor do que o diâmetro da cabeça ( classe 1); cauda até duas

vezes o diâmetro da cabeça ( classe 2): cauda maior que duas vezes o

diâmetro da cabeça ( classe 3) e sem cabeça ( classe 4).. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .64

Figura 05: Metáfases encontradas após tratamentos com o cis-

tetraamindiclororutênio (III). Em: A-controle negativo; B- Ru 1µg/mL - 1 ;

C- Ru 10µg/mL - 1 ; D- Ru 100µg/mL - 1 ; E- Ru 1000µg/mL - 1 ; F- controle

positivo (quebra cromatídica no braço longo do cromossomo 2).. . . . . . . . . .63

Figura 06 : C-: controle negativo; Ru4: rutênio 1µg.mL - 1 ; Rut3: 10µg.mL -

1 ; Rut2: 100µg.mL - 1 ; C+: controle posit ivo. *P<0,05; **P<0,01;

***P<0,001; ****P<0,0001... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Câncer

O câncer é uma doença genética das células somáticas. Nas células

cancerosas, surgem várias mutações que afetam a sua multiplicação e sua

propagação. Tanto as mutações de ganho de função dos oncogenes quanto

as mutações de perda de função dos genes supressores tumorais podem

contribuir para a progressão de um tumor através do desequilíbrio dos

controles normais que reprimem o ciclo celular ou que promovem a

apoptose (Griffith et al. , 2001).

No Brasil, a estimativa para o ano de 2008 aponta que ocorrerão

466.730 novos casos de câncer. Os tipos mais incidentes serão os de

próstata e pulmão para o sexo masculino e mama e colo útero para o sexo

feminino (Tabela 01). Tornando-se o terceiro grupo de causas de

mortalidade, superado apenas por doenças cardiovasculares e por morte

acidental - tanto acidentes de trânsito quanto violência urbana - e

consolidando-se como um problema de saúde pública (INCA 2008).

Os termos “câncer”, “neoplasia maligna” e “tumor maligno” são

sinônimos e dist inguem-se dos tumores benignos pelo poder de invasão e

capacidade de metastatizar-se, isto é, disseminar-se para outras partes do

corpo (Lodish et al. , 2000).

Existem três abordagens principais para o tratamento de câncer:

excisão cirúrgica, irradiação e quimioterapia dependendo do tipo de

tumor e o estágio de desenvolvimento. A quimioterapia constitui o

método mais uti lizado como adjuvante da cirurgia para muitos tipos de

tumores (Laurence et al. , 1997). É classif icada como curativa, adjuvante,

neoadjuvante e paliativa (INCA 2008), (Tabela 02).

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Tabela 1: Estimativas, para o ano 2008, do número de casos novos por câncer, em homens e mulheres, segundo localização primária.

Localização PrimáriaNeoplasia Maligna

Estimativa de casos novosMasculino Feminino Total

Próstata 49.530 - 49.530Mama Feminina - 49.400 49.400Traquéia, Brônquio e Pulmão 17.810 9.460 27.270Cólon e Reto 12.490 14.500 26.990Estômago 14.080 7.720 21.800Colo do Útero - 18.680 18.680Cavidade Oral 10.380 3.780 14.160Esôfago 7.900 2.650 10.550Leucemias 5.220 4.320 9.540Pele/Melanoma 2.950 2.970 5.920Outras Localizações 55.610 62.270 117.880Subtotal 175.970 175.750 351.720Pele/não-Melanoma 55.890 59.120 115.010Todas as Neoplasias 231.860 234.870 466.730

Fonte: MS/Instituto Nacional de Câncer – INCA

Tabela 2: Classificação quanto ao tipo de quimioterapias.

Classificação Objetivos Exemplos

Curativa

Controle completo do

tumor

Doença de Hodgkin, leucemias

agudas, carcinomas de testículos,

coriocarcinoma gestacional.

Adjuvante

Esterilizar células residuais

locais ou circulantes,

diminuindo incidências de

metástases à distância.

Câncer de mama em estádio II.

Neoadjuvante ou

prévia

Redução parcial do tumor Quimioterapia pré-operatória aplicada

em caso de sarcomas de partes moles e

ósseos

PaliativaQualidade de sobrevida Carcinoma indiferenciado de células

pequenas do pulmão1.2. Drogas Antineoplásicas

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O conjunto de drogas antineoplásicas inclui agentes químicos que

podem impedir o desenvolvimento de tumores através da inibição do

crescimento celular ou pela morte das células que estão se replicando de

forma continuada. Essas drogas incluem agentes alquilantes

(ciclofosfamida), antimetabólicos (fluorouracil), antibióticos

(doxorubicina), derivados vegetais (vincrist ina), hormônios

(dietilsti lbestrol) e agentes diversos, que não se enquadram nas

categorias anteriores (Goodman & Gilman., 2002).

Agentes físicos e químicos usados como citostático têm

demonstrado capacidade de induzir dano cromossômico, tanto em

experimentos in vitro , como em estudos de monitoramento de pacientes

tratados com este tipo de terapia (Migliore et al. , 1991-a; Green et al. ,

1991). Muitas drogas antitumorais como os agentes alquilantes,

inibidores de topoisomerase II e tiopurinas podem provocar mutações no

DNA e podem causar câncer secundário (Jemal et al. , 2004).

1.3. Drogas Metálicas

Há muitos anos atrás, metais preciosos como o ouro eram usados

no tratamento de enfermidades e acreditava-se que estes metais eram

benéficos para a saúde humana. Mas, estudos recentes têm associado as

propriedades medicinais de drogas inorgânicas com suas propriedades

biológicas (Claire & Dyson, 2001).

A descoberta das propriedades antitumorais da cisplatina na década

de 1960 revolucionou a terapia dos tumores (Rosenberg et al. , 1969;

Claire & Dyson, 2001). A cisplatina é uma das drogas de maior efeito

citostático desenvolvida para o tratamento de carcinomas sólidos

(Nicolini, 1988) e, desde o seu desenvolvimento, vários complexos

metálicos de platina e não-platina foram sintetizados e testados,

demonstrando atividade antitumoral (Kostova, 2006).

Muitas drogas com compostos metálicos são usadas para outros

tipos de tratamentos além do câncer como a prata, que é usada para o

tratamento de infecções microbianas; o ouro que atua no tratamento do

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câncer, vírus (HIV), asma, malária e artri te reumática (Claire & Dyson,

2001).

Vários outros compostos derivados de metais têm sido testados

contra tumores em modelos humanos e animais experimentais. Estes

compostos derivados compreendem os compostos metálicos, bismuto

vanádio, irídio, rutênio, gálio, ir ídio, t itânio, germânio e outros

(Katsaros & Anagnostopoulou, 2002; Silveira-Lacerda, 2003).

Dentre os agentes antineoplásicos provenientes de metais, os mais

promissores são os compostos de rutênio, pelo fato de demonstrarem

atividade antimetastática e o câncer metastático ser de difícil controle. A

descoberta da propriedade antimetastática representa um importante

marco no desenvolvimento de uma nova droga antitumoral (Sava et al. ,

1999). O conhecimento da progressão dos tumores no estágio de

metástase e o aparecimento de tumores secundários são importantes para

o desenvolvimento de novas terapias que aproximam dos diagnósticos e

do tratamento de tumores malignos (Bergamo & Sava, 2007).

Estudos pré-clinicos com KP1019 ( trans-

tetraclorobisimidazolrutênio (III)) mostraram atividade promissora no

tratamento de tumores do colo-retal (Kapitza et al. , 2003; Hartinger et al,

2006). O RM175 [(N 6-C6H5C6H5)Ru (en)Cl]+ , onde en=etilenodiamina é

um composto organometálico de rutênio que possui propriedades

citotóxicas para estudos in vitro comparado com a cisplatina (Aird et al. ,

2002). Outra droga de relevância está sendo estudada por Eric Meggers

na Universidade de Pensilvânia, o composto de rutênio indolcarbozol que

possui baixos valores de IC5 0 e mimetismo com estauroporinas (Atil la-

Gokcumen et al. , 2006). NAMI-A (trans-

imidazoldimetilsulfoxidotetraclororutênio) também possui atividade em

tumores sólidos metastáticos, em fase experimental (Sava et al. , 2003).

1.4. Compostos de Rutênio e Mecanismo de Ação

Os compostos de rutênio têm sido objetos de grande atenção por

terem propriedades antimetastática e de baixa toxicidade. Os

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componentes do rutênio parecem penetrar na célula tumoral e ligar

efetivamente ao seu DNA (Kostova, 2006).

Existem três propriedades principais do rutênio que fazem com que

seus derivados sejam bem apropriados para aplicações biológicas a saber;

(1) troca de ligante – os compostos de rutênio Ru (II) e Ru (III)

apresentam cinética de troca de l igante similar aos compostos de platina

(II), sendo importante para as drogas atingirem o alvo biológico sem

serem modificadas; (2) estados de oxidação – o rutênio é o único entre o

grupo de metais em que os estados de oxidação são acessíveis em

condições fisiológicas, permitindo a administração de compostos de Ru

(III) que poderão ser ativados por redução formando compostos de Ru

(II) nos tecidos alvos. No sistema biológico, a redução de Ru (IV) e Ru

(III) é favorecida pela glutationa, ascorbato e proteínas transportadoras

de um único elétron, enquanto que o oxigênio e o citocromo oxidase

promovem a oxidação do Ru (II); e (3) mimetizando o ferro - a baixa

toxicidade das drogas de rutênio é explicada pela habilidade que este

elemento tem de imitar o ferro na ligação a várias biomoléculas,

incluindo a transferrina e a albumina. Em mamíferos, estas duas

proteínas são responsáveis pela solubilização e transporte de ferro,

reduzindo a toxicidade deste metal (Claire & Dayson, 2001; Silveira-

Lacerda, 2003).

Quanto aos mecanismos de ação molecular, dentre os compostos de

rutênio com atividade antitumoral, o mais bem explorado é o NAMI

(Na trans-[Ru (Im) (Me 2SO)Cl4]). O complexo de rutênio NAMI,

atualmente na fase I de triagem clínica, apresenta atividade

antimetastática e é ativo contra uma série de tumores incluindo

carcinoma de pulmão, melanoma e câncer mamário (Sava et al. , 1992).

Segundo Bergamo et al. (1999), NAMI-A apresenta ser mais estável e de

maior facilidade de ser sintetizada que NAMI. Trata-se de compostos

menos tóxicos em relação à cisplatina, pois não modifica o crescimento

celular causando bloqueio no ciclo celular de células tumorais na fase

pré-mitótica, ao contrário da cisplatina que reduz a proliferação celular.

Mestroni et al. (1989) sugeriram que cis e trans-RuCl2(DMSO)4

interagem com o DNA in vivo . Estudos de interação in vitro com

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nucleotídeos resultaram na l igação entre rutênio e DNA, que ocorre

principalmente no N7 da guanina entre agrupamentos na dupla hélice

(Kung et al. , 2001).

A redução do Ru (III) para Ru (II) pode ser um mecanismo

fundamental da ativação celular por compostos de rutênio (Depenbrock et

al. , 1997). Os compostos de Ru (III) podem ser reduzidos em áreas

tumorais com hipóxia, onde se ligam rapidamente ao DNA e causam

danos à biomolécula (Grguric-Sipka et al. , 2003).

1.5. Citoxicidade

Definições de citotoxicidade variam, dependendo da natureza do

estudo ou simplesmente da indução das alterações metabólicas. Enquanto

um agente antitumoral pode ser requerido para destruir a célula,

demonstrações da toxicidade de outros fármacos podem requerer análises

de mudanças metabólicas ou uma alteração de sinalização célula-célula,

que poderia promover um aumento inflamatório ou uma resposta alérgica

(Flint, 1998 apud Silveira-Lacerda, 2003).

Testes in vitro são usados na avaliação do potencial de toxicidade

ou como parte de uma investigação do mecanismo de identificação prévia

na toxicidade in vivo . Nos estágios iniciais de descobertas farmacêuticas,

quando o mínimo é conhecido sobre as propriedades de uma nova

molécula, simples triagens predit ivas são apropriadas. As triagens de

toxicidade são usadas para detectarem novas drogas citostáticas

anti tumorais, e também em outros programas de descobertas de drogas

para determinar se a toxicidade é induzida nas concentrações que tenham

o efeito farmacológico desejado (Flint, 1998 apud Silveira-Lacerda,

2003).

A descoberta de complexos metálicos a base de rutênio como

composto anti tumoral tem induzido vários procedimentos de

investigações. Silveira-Lacerda (2003), trabalhando com o composto de

rutênio cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III) ou cis-

[RuCl2(NH3)4]Cl, verificou que o mesmo apresentava atividade

citostática significante, em estudo realizados em células tumorais

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humanas e de camundongos. Os resultados indicaram que este composto

apresentava atividade citotóxica e genotóxica sobre células tumorais em

concentrações de 0,1mg.mL - 1 e o DNA de células tumorais tratadas

apresentavam fragmentação do material genético. Esse complexo de

rutênio atua como droga citostática ao impedir a progressão do ciclo

celular das células tumorais e induzir a apoptose. Observou-se também

que a atividade citostática exercida pelo composto de rutênio sobre

células mononucleares do sangue periférico humano foi menor quando

comparadas à atividade citostática deste composto em outras linhagens

tumorais que foram testadas (Silveira-Lacerda, 2003). Verificou-se ainda

que a toxicidade do composto foi seletiva às células cancerígenas e com

potencial efeito imunoestimulante (Silveira-Lacerda, 2003),

Menezes et al . (2007) também estudou o cloreto de cis-

tetraaminodiclorutênio (III) em camundongos Balb/c transplantados via

subcutânea na viri lha com células do S-180. Os autores constataram que

o composto provocou redução do volume e peso tumoral e aumentou a

sobrevida dos animais tratados.

1.6. Genotoxicidade

A genotoxicidade é a área da genética que estuda as alterações na

base genética da vida, seja ela na estrutura físico-química do DNA,

processo este classificado de mutagênese, ou na alteração da

determinação genética ao nível celular, classificados respectivamente

como carcinogênese e teratogênese. É uma especialidade relativamente

recente e se situa na interface entre toxicologia e genética (Silva et al. ,

2003).

O estudo dos cariótipos é uma das metodologias mais tradicionais

em genética humana, utilizada para a detecção de alterações

cromossômicas numéricas e estruturais. A análise cromossômica é um

procedimento diagnóstico cada vez mais importante em várias áreas da

medicina clínica (Thompson & Thompson, 2002). E são baseados na

detecção de trocas cromossômicas. Estas trocas, as mutações

cromossômicas, são divididas em: aberrações cromossômicas estruturais

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como as deleções, duplicações, inversões e translocações, as aberrações

cromossômicas numéricas, como as aneuploidias e euploidias e as

aberrações cromatídicas, como as quebras cromatídicas, que contribuem

para um grande número de abortos, morte pré-natal e nascimento de

pessoas com anormalidades estruturais, fisiológicas e mentais (Chandley,

1981; Sankaranarayanan, 1982; Kirsch-Volders et al. , 2002).

Estudos citogenéticos constituem um sistema clássico de avaliação

de mutagenicidade e clastogenicidade recomendado pelos “guidelines”

por sua sensibilidade em responder a agentes indutores de danos no

DNA, como quebras e outras alterações. Na obtenção de metáfases para

estudo de alterações citogenéticas, um material comumente util izado são

os linfócitos obtidos de sangue periférico e colocados em cultura

(Amara-Morkane et al. , 1996). Cariótipos obtidos de linfócitos têm sido

util izados na observação de alterações cromossômicas desde que o

genoma humano contém um total de 3,2 bilhões de pares de bases

distribuídos em 23 pares de cromossomos, e qualquer alteração no DNA

pode ser detectada nos cromossomos (Bernadini et al, 2004).

A freqüência de aberrações cromossômicas em linfócitos de sangue

periférico humano tem sido usada por décadas como um biomarcador dos

efeitos iniciais induzidos pela exposição ocupacional ou por tratamento

quimioterápico com carcinógenos, em tecidos específicos. Assumindo-se

que os mecanismos de formação dos danos cromossômicos são

semelhantes em diferentes tecidos, os níveis de danos em linfócitos

podem refletir o nível de danos induzidos em outros tecidos (Norppa et

al. , 2006). O acúmulo de anormalidades cromossômicas, tais como

rearranjos, amplificações e deleções podem afetar genes crí ticos

envolvidos no controle e proliferação, diferenciação e sobrevivência

celular e assim direcionar os processos de múltiplas etapas do

desenvolvimento e progressão do câncer (Goodison et al. , 2005).

Em células somáticas as aberrações cromossômicas, as deleções

cromossômicas e rearranjos ou perda total de cromossomos podem levar

à eliminação de genes supressores de tumor, resultando em câncer

(Phillips, 1987; Minden, 1987; Natarajan, 2002). As quebras que ocorrem

na dupla fita de DNA são mais relevantes, pois são mais difíceis de

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serem reparadas, podendo constituir, posteriormente, lesões letais ou

mutagênicas nos organismos expostos (Collins et al. , 1997).

Uma grande variedade de ensaios citogenéticos tem sido usada com

sucesso no monitoramento de populações expostas a agentes mutagênicos

e as aberrações cromossômicas têm sido de grande importância, por

avaliarem a possibilidade da ocorrência de câncer na população (Au et

al. , 2001). Estes ensaios detectam efeitos de substâncias tóxicas para o

genoma. Os mais utilizados são aqueles que detectam mutações em

células germinativas ou somáticas, por exemplo, mutação gênica,

associada às alterações na seqüência de nucleotídeos do DNA, ou ao

nível cromossômico, como aberrações e micronúcleos (Rosa et al. , 2007).

As células respondem ao seu DNA lesado util izando diferentes

estratégias de ação, tais como morte por citotoxicidade ou apoptose,

modulação da expressão gênica controlando o ciclo celular, e reparação

do material genético por via l ivre ou sujeita a erro, sendo a segunda

responsável pela fixação das mutações. Normalmente é a combinação

destes fatores que compõem a resposta a danos genéticos (Agnoletto et

al. , 2007).

Testes de aberrações cromossômicas in vitro uti lizam células

somáticas de mamíferos, e o mais popular são os linfócitos do sangue

periférico ou fibroblastos de hamster chinês (Madle & Obe, 1980). A

cultura de linfócitos do sangue periférico constitui um ótimo sistema

para se testar a capacidade de um agente (físico ou químico), quanto à

sua maneira de causar danos no DNA e também ser util izada no

monitoramento de indivíduos expostos (Rabello-Gay et al. , 1991). A

maioria dos tecidos usados para a análise citogenética não possui um

número significativo de mitoses endêmicas, o que impede a análise

cromossômica sem o cultivo prévio das células. Desta forma, as técnicas

de cultura celulares são fundamentais para a investigação cromossômica

(Rainho, 2000).

Recentemente, o ensaio cometa ou teste do "Single cell gel

eletrophoresis" (SCGE) vem sendo proposto para estudos de

toxicogenética devido a sua peculiaridade e vantagens, quando

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comparado a outros testes para detecção de substâncias genotóxicas. O

teste cometa é uti lizado para detectar danos no DNA, que após serem

processadas, podem resultar em mutação (Tice et al. , 2000; Rosa et al,

2007; Trzeciak et al. , 2008).

Os compostos metálicos baseados em platina e seus derivados, os

complexos de rutênio, vêm sendo estudados com interesse por suas

característ icas antitumorais. Considerando o DNA como alvo, vários

compostos de rutênio foram desenvolvidos e suas propriedades de ligação

estão sendo testadas (Clarke et al. , 2003; Bergamo & Sava., 2007). As

duas propriedades atribuídas ao complexo de rutênio: ativação pela

redução e seus transporte seletivo via sistema transferrina pode explicar

estas características antitumorais (Claire & Dyson, 2001; Frasca et al. ,

2001; Timerbaev et al. , 2005).

O composto de rutênio, cloreto de cis-tetraamindiclororutênio (III)

apresenta grande potencial para o uso clínico por possuir baixa

toxicidade, segundo dados das pesquisas que estão sendo realizadas no

laboratório de Genética Molecular e Citogenética da Universidade

Federal de Goiás. Com este composto tem-se observado baixa toxicidade

frente às células mononucleadas de sangue periférico (Silveira-Lacerda,

2003). Isto é devido, em parte, por ter a habilidade de mimetizar o

ligamento do ferro com as biomoléculas, explorando o mecanismo que o

corpo tem de transporte do ferro de uma forma não tóxica (Claire &

Dyson, 2001). Estudos indicam que comparados com outras drogas a base

de platina, o rutênio é o mais promissor para o tratamento do câncer.

Em trabalhos anteriores, foi descrito que o composto cloreto de

cis-tetraaminodiclororutênio(III) ou cis-[RuCl2(NH3)4]Cl apresenta

atividade citotóxica sobre linhagem tumoral humanas Jurkat e HeLa, com

IC5 0 de 190 e 3,5µM, respectivamente (Frasca et al. , 2001). Em célula

tumoral A-20 de camundongo, a atividade citostática foi observada em

concentrações ≥ a 0,1mg.mL - 1 de cis-[RuCl 2(NH3)4]Cl (Silveira-Lacerda,

2003). A citotoxicidade destes complexos de rutênio parece estar

correlacionada com sua ligação com o DNA, no entanto, o mecanismo de

ação destas drogas permanece ainda desconhecido (Menezes et al. , 2007).

Com os resultados desses trabalhos iniciais, veio a iniciativa de se testar

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o mesmo composto frente a células do sangue periférico humano, com

objetivo de estudar o efeito genotóxico do mesmo.

Menezes et al. (2005), estudou o mesmo complexo de rutênio e foi

observado que esse complexo possui atividade antitumoral sobre a

linhagem tumoral Sarcoma 180 de camundongos in vivo e in vitro ; o

valor encontrado da DL5 0 foi de 99,76mg/kg de animal, relativamente

alta comparada às DL5 0 observadas para outros quimioterápicos derivados

de metal. De acordo com as análises bioquímica e hematológica do

sangue dos animais correlacionadas a histopatologia dos órgãos, o

complexo de cis-[RuCl 2(NH3)4]Cl não provocou efeito toxicológico

grave, não foi genotóxico para células da medula óssea de camundongos,

apresentou atividade bactericida sobre Staphylococcus aureus e

Escherichia coli, e demonstrou interagir com o DNA plasmidial pUC18.

A morte celular é um processo que leva à degradação de DNA.

Todos os métodos de avaliação primária de danos de DNA incluem o

ensaio cometa, que tem um potencial para detectar agentes citotóxicos e

genotóxicos. Os danos de DNA no ensaio cometa são avaliados no nível

de células individuais, permitindo em alguns casos, identif icar morte

celular ou células que então morrendo. Em condições alcalinas, a necrose

ou apoptose celular pode resultar em cometas com pequena cabeça ou

com sua inexistência e com grande difusão da cauda (comumente referida

como “hedgehogs” - porco-espinho), como observado em estudos in vitro

seguido de tratamentos com compostos citotóxicos ou genotóxicos

(Olive., 1995; Burlinson., 2007).

2.0. JUSTIFICATIVA

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Com o desenvolvimento da síntese de compostos de Rutênio para a

util ização em várias áreas de pesquisa, inclusive em atividade

anti tumoral, o composto cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III) foi

escolhido com o propósito de otimização de metodologias avaliando seu

comportamento citotóxico em linhagens tumorais humanas (Jukart e SK-

Br-3) e a l inhagem tumoral de camundongo (A-20) pelo grupo de

pesquisa. Desta forma, viu-se o grande potencial destes compostos a se

tornar um novo antineoplásico, havendo assim a necessidade de se

estudar a atividade genotóxica deste composto em linhagens de células

normais de sangue humano em concentrações diferentes, como um dos

testes pré-clínicos estabelecidos pela ANVISA para liberação de novos

fármacos no mercado.

Nos sistemas de liberação de novos fármacos no mercado, testes

genotóxicos são requisitados para os seus lançamentos. Como o

Laboratório de Genética Molecular e Citogenética trabalha com a

verificação do potencial de novos fármacos, vê-se a necessidade de

implantação e otimização de novas metodologias em nosso laboratório

para a triagem desses fármacos frente a atividade genotóxica para o

sistema de liberação desses fármacos.

O complexo de rutênio tem sido estudado por possuir propriedades

favoráveis contra o câncer e com menor índice de toxicidade comparando

com a cisplatina. Consequentemente, é fundamental investigar a

probabilidade de danos estruturais causados ao DNA devido a sua

exposição ao composto de Ru, uma vez que as drogas usadas no

tratamento do câncer atuam nas células normais da mesma forma que

atuam, também, em células tumorais do paciente.

3.0. OBJETIVOS

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3.1. Objetivo Geral

O estudo visa avaliar o potencial do agente antineoplásico,

composto rutênio cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III), como

indutor de aberrações cromossômicas e fragmentação do DNA mediante a

avaliação citogenética de linfócitos do sangue periférico.

3.2. Objetivos Específicos

1.0 Analisar a freqüência de aberrações cromossômicas estruturais

estáveis em células normais humanas tratadas ou não com o composto

de cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III) em cultura de

linfócitos humanos de sangue periférico;

2.0 Analisar a freqüência de aberrações cromossômicas estruturais

instáveis em células normais tratadas ou não com o composto cloreto

de cis-tetraaminodiclororutênio (III);

3.0 Analisar os índices mitóticos encontrados nas células tratadas ou não

com o composto cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III);

4.0 Avaliar o nível de degradação de DNA das células tratadas ou não

com diferentes concentrações do composto de Rutênio por meio do

teste cometa.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Compostos de Rutênio com Atividades Antitumorais

Rutheniun compost with anticancer activity

Resumo

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As características medicinais dos grupos metálicos são estudadas há

muito tempo. O objetivo desse estudo é relatar sobre forma de revisão

bibliográfica sobre os principais estudos relacionados aos complexos

metálicos com atividade anti tumorais. O mecanismo de ação de várias

drogas a base dos metais pesados são, hoje, foco de estudos devido a

aumento de sua potência e redução de seus efeitos. Alguns resultados

promissores foram obtidos com derivados de diferentes metais, como Pt,

Ti, Rh, Au e Ru. Os complexos de platina são usados no tratamento de

câncer testicular, de ovário, cabeça e pescoço, bexiga, mas sua eficácia é

limitada. Isto ocorre devido à resistência, toxicidade e pelo perfil

farmacocinético celular. Tanto a química quanto a biologia destas drogas

são estudas bem como seus efeitos citotóxicos de ligação com o DNA.

Novos fármacos contendo complexos de platina (IV) surgem como uma

alternativa para a solução de alguns destes problemas. A cisplatina é um

dos primeiros metais com atividade anti tumoral estudados a partir de

1960. De fato, o tratamento de tumores sólidos uti lizando cisplatina vem

sendo estudado, mas sua perda de eficiência ocorre devido a efeitos

tóxicos e a resistência dos tumores, o que acaba levando a formação de

tumores secundários. Estudos prévios sugerem que, em contraste com a

cisplatina, os complexos de ouro (III) se ligam as proteínas e não ao

DNA. Estudos pré-clinicos com compostos de rutênio- (KP1019, RM175,

MMI/ONCO4403, RAP, NAMI, NAMI-A, cloreto de cis-

oxalatorutênio(III), cloreto de cis-tetraamindiclororutênio(III))

mostraram atividade promissora no tratamento de tumores.

Palavras chave: complexos metálicos, complexos de platina, cisplatina,

complexos de rutênio.

Abstract

Page 35: Serviço Público Federal Universidade Federal de Goiás ... · diminuindo incidências de metástases à distância. Câncer de mama em estádio II. Neoadjuvante ou prévia Redução

Action mechanism for various pharmacs based on coordination

complexes and medicinal characteristics of metall ic groups have been

studied for a long period of time due improved potential and reduced

side-effects. Present study objective is to make a revision of main

aspects and works relating antitumoral activity of metallic complexes.

Some promising results were obtained when metal derived as Pt, Ti, Rh,

Au and Ru are used. Cisplatin, one of first metal with anti tumoral

effects, is studied since 1960. Platinum complexes has been used on

testicles, ovarian, bladder head and neck cancer treatment but they show

limited efficacy due their toxicity and pharmacokinetics profiles. Thus

novel pharmacs employing new platinum complexes (IV) emerges as

alternative solution to those problems. Previous studies using gold

complexes as an alternative of platinum ones suggest that gold (III)

bonds to proteins instead DNA. Preclinical studies using ruthenium

compounds such KP1019, RM175, MMI/ONCO4403, RAP, NAMI, NAMI-

A, cis-oxalatoruthenium(III) chloride, and cis-

dichlorotetraammineruthenium(III) chloride revealed promising results

on tumour treatment.

Keywords. metall ic complexes, platinum complexes, cisplatin, ruthenium complexes.

1. INTRODUÇÃO

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As características medicinais dos metálicos são estudadas há muito

tempo. O ouro era muito usado na Arábia e China, pois se acreditava ser

benéfico à saúde. O mecanismo de ação de várias drogas a base dos

metais pesados são hoje foco de estudos devido a aumento de sua

potência e redução de seus efeitos (Claire & Dyson, 2001).

Recentemente, alguns resultados promissores foram obtidos com

derivados de diferentes metais tais como Pt, Ti, Rh, Au e Ru (Cabrera et

al. , 2004), indicado na Figura 01.

Doses terapêuticas de ouro têm sido conhecidas a milhares de anos

atrás, mas seu uso medicinal tem sido estudado desde 1920. O ouro (III)

tem a mesma forma geométrica planar que a cisplatina e sua atividade

anti tumoral tem sido investigada. Estudos prévios sugerem que, em

contraste com a cisplatina, os complexos de ouro (III) se ligam as

proteínas e não ao DNA. O tratamento de câncer de mama em

camundongos pelos complexos ditiocarbonato de ouro (III) resultou em

uma inibição significante de crescimento tumoral, associado com a

inibição dos proteossomos e indução de apoptose in vivo . O entendimento

do processo fisiológico dos compostos de ouro (III) poderá no futuro

servir de base para desenvolvimento de fármacos antitumorais (Milaci et

al. , 2008).

Figura 01: Em destaque, metais e não-metais conhecidos por formarem compostos que exibem atividade antitumoral.

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Os compostos de platina são usados no tratamento do câncer a mais

de 25 anos e são fármacos antineoplásicos empregados em tratamento de

um número considerável de tumores (testicular, ovário, bexiga, cabeça e

pescoço), mas sua eficácia é limitada (Timerbaev et al. , 2006). Isto

ocorre devido à resistência, toxicidade e pelo perfil farmacocinético

celular. Tanto a química quanto a biologia destas substâncias são estudas

bem como seus efeitos citotóxicos de ligação com o DNA. Estas lesões

no DNA são reconhecidas por proteínas nucleares “housekeeping” que

inicia uma cascata apoptótica levando a morte celular (Jung et al. , 2007).

Esta resistência é atribuída ao mecanismo de reparo e tolerância a danos

(Andrews et al. , 1990) . Uma grande proporção do fármaco a base de

platina (II) é perdida, pois a ligação entre proteínas é retida no sistema

circulatório e estas reações possuem efeitos desconfortáveis para o

paciente em tratamento quimioterápico.

Novos fármacos contendo complexos de platina (IV) surgem como

uma alternativa para a solução de alguns destes efeitos colaterais. Isso é

devido a sua geometria octaédrica que introduz dois l igantes extras,

aumentando sua capacidade de se ligar em alvos tumorais mais

específicos, aumentando sua inércia e propiciando baixa reatividade e

reações menos desgastantes (Hall et al. , 2007).

O uso da cisplatina e de outras substâncias derivadas da platina é

limitado pelos mecanismos de resistência do organismo e de seus efeitos

colaterais, como a neuro e nefrotoxicidade (Brabec et al. , 2002). As

possíveis vantagens em se util izar metais de transição diferentes da

platina é que estes devem envolver mudanças no seu estado de oxidação,

apresentar sítios adicionais de coordenação e mudanças na geometria

espacial, al terações nas cinéticas de afinidade e substituição dos ligantes,

aumento da solubilidade e possuírem propriedades fotodiquímicas para

terapia (Katsaros & Anagnostopoulou, 2002; Menezes et al, 2005).

Devido às limitações do uso dos complexos de platina, o estudo de

outros agentes antitumorais vem sendo estudado por serem menos

tóxicos/agressivos aos tecidos sadios e mais efetivos/específicos. Apenas

algumas destas substâncias foram aprovadas para uso clínico. Como os

análogos da cisplatina, a carboplatina [cis-

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diaminociclobutanodicarboxilato-platina(II)], oxaliplatina {[(1R,2R-

diaminociclohexano)oxalato-platina(II)](1,2-diaminociclo-hexano =

DACH)} e nedaplatina [cisdiaminoglicolato-platina(II)] são exemplos de

substâncias atualmente empregadas no tratamento de tumores (Brabec et

al. , 2006).

1. COMPOSTOS DE RUTÊNIO- (KP1019, RM175, NAMI, NAMI-A,

RAP, MMI/ONCO4403, cloreto de cis-tetraaminoxalatorutênio(III)).

O rutênio-102 é o elemento químico metálico de símbolo Ru,

pertencente ao Grupo 8 da tabela periódica, o mesmo do ferro, presente

na hemoglobina. Este elemento químico possui propriedades antitumorais

semelhantes à platina, pertencente ao Grupo10. É um metal branco, duro

e brilhante, com quatro formas cristalinas em seu estado reduzido. Se

uma solução de clorato de potássio lhe é adicionada, reage

explosivamente oxidando-se. O rutênio-102 natural consiste de uma

mistura de sete isótopos estáveis (Neves, 2007). Sendo um metal raro, o

rutênio teve sua existência comprovada em 1844 na Rússia, pelo químico

alemão Karl Karlovitch Klaus (Greenwood & Earnshaw, 1997; Neves,

2007). Este optou por manter o nome sugerido por seu conterrâneo

Gottfried Wihelm Osann, dedicado desde 1828 à pesquisa de um novo

elemento do grupo da platina a partir de um minério encontrado nos

montes Urais. O nome deriva de Ruthenia , topônimo latino para Rússia

(Neves, 2007). Da classe dos metais de transição, os compostos de

rutênio são sais metálicos cujo mecanismo de ação parece estar

relacionado à sua estrutura espacial octaédrica.

O composto de rutênio é caracterizado por um mecanismo

completamente novo de ação antitumoral: promove uma mudança de

transferência de energia nas células (via mitocôndria). Este princípio é

facil itado pela ação da transferrina, considerando que as células tumorais

têm número aumentado de receptores para esta proteína, de forma que em

tecidos saudáveis, a concentração do fármaco contendo rutênio será

presumivelmente mais baixa e menos agressiva. Os dados com trabalhos

util izando tumores sólidos permitiram calcular que há em média quase

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90% de diminuição do volume tumoral. Os Testes toxicológicos e de

hemograma mostraram um nível esperado do fármaco a base de rutênio

compatível com tratamento, segundo o que se conhece do seu mecanismo

de ação (Keppler, & Jakupec, 2003; Timerbaev et al. , 2006).

Segundo Keppler & Jakupec (2003) os compostos de rutênio e

gálio tem atraído a atenção devido aos seus potenciais anti tumorígenos.

Em estudo comparativo feito entre o trans-[Tetraclorobisindazolrutênio

(III)] e Tris-(8-quinolinolatogálio (III)), observou-se que o complexo de

rutênio possui uma atividade particularmente alta contra tumores colo-

retais, apresentando melhor biodisponibil idade e concentração plasmática

adequada que o complexo de gálio.

Uma das hipóteses sugere que os compostos de rutênio (III) servem

de pró-fármacos que são reduzidos, in vivo , pelas condições

citoplasmáticas das células tumorais tais como: baixas concentrações de

oxigênio em decorrência do consumo atípico de nutrientes; pH baixo

devido à produção de ácido láctico na glicólise anaeróbia, compensatória

da falta de oxigênio e quanto à presença de glutationa em níveis

tipicamente altos. Essas alterações no ambiente citoplasmático das

células tumorais podem favorecer a conversão de rutênio (II) a partir do

rutênio (III), intensificando ligações ao DNA, com toxicidade seletiva às

células tumorais (Clarke, 2003; Silveira-Lacerda, 2003).

Outra hipótese propõe que a baixa toxicidade nos compostos de

rutênio decorre da mimetização do ferro, de forma que o composto se

liga prontamente à albumina e à transferrina no sangue: as células

tumorais, que requerem mais nutrientes que as células normais (demanda

que é satisfeita pela angiogênese) seqüestram mais transferrina

circulante, que libera o grupo - neste caso, o composto de rutênio

(Clarke, 2003; Silveira-Lacerda, 2003). Srivastava et al . 1981 apud

Menezes (2005) mostraram que rutênio radioativo como o 1 0 3RuCl 3 liga-

se à soroalbumina humana e à transferrina na corrente sangüínea de

animais experimentais. Contudo, o 1 0 3Ru-Transferrina será

preferencialmente encontrado em áreas de tumor, provavelmente por

causa do grande número de receptores para transferrinas na superfície da

célula tumoral (Figura 02).

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MudanMudançça do estado de oxidaa do estado de oxidaçção do rutênio ão do rutênio em cem céélulas tumorais e clulas tumorais e céélulas saudlulas saudááveis.veis.

Atividade de Ru(II) [glutationa] dano ao [O2] DNA pH

Ru(III)

TrasferrinasCélula Tumoral Ru(III)

⇐ Ru(III):Administraçãoda droga

O2 Oxidases

Tecido sadio Ru(II)

Fonte: CLAIRE & DYSON (2001), modificado.

Figura 02: Mudança do estado de oxidação do rutênio em ambiente celular regular e tumoral. O ambiente das células cancerígenas favorece a redução do Ru(III) a Ru(II), que é mais ativo biologicamente. Conseqüentemente, compostos de Ru(III) são essencialmente pró - fármacos ativados pela redução nas células cancerígenas. Fonte: CLAIRE & DYSON, 2001.

O complexo trans-[tetraclorobisindazolrutênio (III)] (KP1019) e

seu sal de sódio análogo, mostrou-se efetivo no tratamento de tumor

colo-retal autóctone de ratos, e o seu análogo imidazólico mostrou

atividade significativamente mais baixa (Hartinger et al. , 2006). E ainda,

exibiram capacidade de induzir apoptose, além de despolarização da

membrana mitocondrial, redução da atividade do bcl2 e ativação da

caspase 3 (enzimas relacionados à apoptose). Esses efeitos podem ser

parcialmente inibidos pela N-aceti l-cisteína, indicando envolvimento do

estresse oxidativo tanto na indução da apoptose quanto na indução de

danos no DNA. A inibição pela N-acetil-cisteína é muito mais efetiva em

células não malignas, apontando para um potencial efeito protetor dos

tecidos normais pela ação antioxidante (Kapitza et al. , 2003).

O RM175 [(η6-C6H5C6H5)-Ru(en)Cl]+ , onde en=etilenodiamina é

um complexo organometálico de rutênio que possui propriedades

citotóxicas para estudos in vitro comparado com a cisplatina (Aird et al,

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2002). Outro fármaco de relevância que está sendo estudado por Eric

Meggers na Universidade de Pensilvânia é o complexo de rutênio

indolcarbozol que possui baixos valores de IC 5 0 e mimetismo com

estauroporinas (Atilla-Gokcumen et al. , 2006).

Valaplana et al. (2006), estudou o cis-dicloro-1,2-

propilenodiamino-N,N,N0,N0-tetraacetato rutênio (III) (RAP) de fácil

solubilidade em água. Sua atividade antitumoral tem sido avaliada in

vivo . Recentes resultados mostraram que o seu composto possui

estabil idade quando se l iga ao DNA e os danos causados no DNA

diminuem de acordo com a retirada do complexo de rutênio do meio de

cultura.

Um dos compostos a base de rutênio mais estudado é o NAMI-A

( trans-imidazoldimetilsulfóxidotetraclororutênio), sendo um dos

fármacos metálicos antitumorais mais promissores desenvolvidos (Casini

et al. , 2007). Este composto corresponde à molécula de NAMI com um

imidazol+H+ no lugar do átomo de Na + . NAMI-A foi inicialmente testado

em modelos in vivo manifestando efeitos antimetastáticos, como no

carcinoma de Lewis em ratos (Sava et al. , 1999; Sava et al. , 2003), e com

baixa toxicidade em ratos e cães (Bergamo et al. , 2000). O composto

NAMI-A aumenta a espessura da cápsula em torno do tumor primário e

da matrix extracelular dos vasos sanguíneos tumorais e assim, previne a

invasão pelas células tumorais em tecidos e em vasos sanguíneos sadios

(Sava et al. , 1998). Também testado em 24 pacientes humanos, inibiu a

proliferação das células cancerígenas (câncer sólido-pulmão) (Fioravanti,

2005) (Figura 03).

A empresa farmacêutica MMI - Medical Marketing International

anunciou, no dia 30 de julho de 2007, a conclusão dos testes pré-clínicos

de um composto de rutênio que ela denominou MMI/ONCO 4403. Seus

estudos de toxicidade teriam demonstrado que o composto tem um perfi l

mais seguro que as substâncias baseadas em platina. Os testes de

toxicidade aguda em doses repetidas com o MMI/ONCO 4403 não

apresentaram supressão da medula óssea ou nefrotoxicidade

significativas, após 28 dias de observação (MMI, 2007).

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Figura 03: Estrutura química do KP1019 (acima à esquerda), de RM175 (acima à direita), do composto indol carbazol rutênio (abaixo a esquerda) e do NAMI-A (abaixo a direita) (Bergamo & Sava, 2007).

O cloreto de cis-tetraaminoxalatorutênio (III) é outro composto de

coordenação, potencialmente antineoplásico, em fase inicial de testes

pré-clínicos realizados no Laboratório de Genética Molecular e

Citogenética da Universidade Federal de Goiás – ICB/UFG. Sua síntese

foi previamente realizada pelo Laboratório de Química Supramolecular

da Universidade Federal de Uberlândia – UFU (parceira e colaboradora

do projeto de pesquisa), seguindo os procedimentos descritos por

Marchant (1976) e modificações de Pavanin (Pavanin, 1989). Antes da

aprovação de qualquer novo composto para testes humanos, extensos

testes de toxicidade em animais são exigidos. O tipo mais rudimentar de

teste de toxicidade é a DL 5 0 (dose letal para 50% de um grupo de

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animais). Testes de toxicidade, com triagem toxicológica ainda são

amplamente uti lizados e aceitos (Brito, 1994; Andersen et al. , 2004) apud

(Barbosa, 2007).

Diversos estudos com compostos de Rutênio, tais como os de

Clarke (2003), Silveira-Lacerda (2003), Menezes et al . (2007), Barbosa

(2007) dentre outros demonstraram, relativamente a outros compostos

derivados de metais de transição, como cisplatina e carboplatina,

apresentam baixas toxicidades e efeitos terapêuticos significativos, além

do custo relativamente baixo do composto (Figura 04).

Figura 04: Estrutura do íon composto de rutênio cloreto de cis-tetraaminoxalatorutênio (III).

2. COMPOSTO DE RUTÊNIO CLORETO DE CIS-

TETRAAMINODICLORORUTÊNIO (III).

Clarke (2003) foi o primeiro a estudar o cloreto de cis-

tetraaminodiclororutênio (III) e observou uma relação direta entre

citotoxicidade e a ligação com o DNA, exibindo atividade antitumoral em

tumores primários.

O composto cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III) foi obtido

no Laboratório de Química Supramolecular do Insti tuto de Química da

Universidade Federal de Uberlândia - UFU, seguindo os procedimentos

de Gleu e Breuel (1938), com algumas modificações adaptadas por

Pavanin (1989) (Figura 05) e em seguida, Silveira-Lacerda (2003)

estudou o efeito antitumoral in vitro do composto cis-[RuCl 2(NH3)4]Cl

Ru

H3

N H3

N H 3

C

CO

O

+

N O

OH3N

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(III) sobre linhagens tumorais humanas e de camundongo. Os resultados

indicaram que este composto teve atividade citotóxica sobre células

tumorais em concentrações de 0,1mg.mL - 1 , com fragmentação do material

genético. Esse complexo de rutênio atua como substância citostática ao

impedir a progressão do ciclo celular das células tumorais e induzir a

apoptose.

Menezes et al . (2007) também estudou o cloreto de cis-

tetraaminodiclorutênio (III) em camundongos Balb/c transplantados via

subcutânea na viri lha com células do S-180. Constatou-se que o

composto provocou redução do volume e peso tumoral e aumentou a

sobrevida dos animais tratados.

Figura 05: Cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III): geometria

octaédrica, bi-pirâmide de base quadrada onde átomos de cloro

encontram-se em uma mesma aresta da base (posição cis).

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3. PERSPECTIVAS

O interesse por novos fármacos antitumorais a base de metais vem

crescendo nestes últimos anos, devido aos bons resultados obtidos por

grupos de cientistas. Tanto através de atividade de l igação de DNA como

a ligação de proteínas relacionadas com transducão de sinais celulares.

Hoje, os fármacos são considerados diferentes por possuírem alvos

seletivos de atuação, isto é, receptores de membranas, célula regulada

por quinases intracelulares, e enzimas responsáveis pela modulação de

vias celulares. São testados por motivos toxicológicos e seu uso

controlado poderia suprimir alguns processos biológicos. Assim, muitos

compostos a base de rutênio têm sido produzidos e avaliados quanto à

citotoxicidade, genotoxicidade, para eventuais curas de várias

enfermidades.

Muitos fármacos a base de metais, em particular os compostos de

rutênio, tem sido descritos como antitumoral, antimicrobiano, entre

outros.

O cloreto de cis-tetraaminodiclorutênio (III), estudado por nosso

grupo de pesquisa, possui atividade de atuação citostática em células

tumorais, atividade bactericida e não apresentou genotoxicidade em

medula de camundongos.

O estudo com o complexo de rutênio, por apresentar

principalmente, atividade antitumoral, induz a avaliação mais profunda e

detalhada para detectar diferentes propriedades químicas e biológicas

desses novos fármacos, com intuito de tornarem mais efetivas e menos

tóxicas.

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Avaliação dos efeitos genotóxicos em cultura de linfócitos

humanos tratados in vivo com o cloreto de cis-

tetraaminodiclororutênio em diferentes concentrações

Evaluation of genotoxic effects of different concentration of

cis-dichlorotetraammineruthenium(III) chloride on lymphocytes

treated in vivo in culture

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RESUMO

Conhecendo o desenvolvimento do câncer viu-se a necessidade de

desenvolver novos quimioterápicos. Complexos baseados em rutênio, um

dos metais do grupo da platina, vêm tornando-se uma das formas mais

promissoras de tratamento, uma vez que sua ação sistêmica possibil ita o

acesso a metástases e tumores l íquidos. Entre os medicamentos testados,

os compostos de Rutênio mostram-se promissores devido à propriedade

antimetastática que representa um importante marco no desenvolvimento

de novas drogas antitumorais. O presente trabalho investigou os efeitos

genotóxicos do cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III), em

diferentes concentrações, em culturas de linfócitos humanos in vitro. Os

estudos de índice mitótico (IM), aberrações cromossômicas (ACs) e

danos no DNA detectados pelo ensaio cometa foram avaliados. As

culturas de linfócitos humanos foram tratadas com concentrações de 1,

10, 100 e 1000µg.mL - 1 , como controle positivo foi usado o cloridrato de

doxorrubicina e para o controle negativo, meio completo. As

concentrações de 1, 10 100 e 1000µg.mL - 1 mostraram índice mitótico de

5,9, 4,6, 3,9 e 0%, respectivamente. Foram encontradas aberrações

cromossômicas consideradas espontâneas (0,16%), nas concentrações de

1, 10 e 100µg/mL - 1 , e apresentando resultados estatisticamente

semelhantes quando comparados com o controle negativo. Na

concentração de 1000µg.mL - 1 o índice mitótico foi de 0% indicando

toxicidade. O ensaio cometa mostrou normalidade sugerindo que o

cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III) não possui atividade

genotóxica em cultura de linfócitos humanos. Os resultados desses

estudos demonstram que o cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III)

não possui potencial genotóxico in vitro .

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Palavras chave: Câncer, cloreto de cis-tetraamindiclororutênio (III),

índice mitótico, aberrações cromossômicas, ensaio cometa.

ABSTRACT

Brazil ian National Cancer Insti tute – INCA points that 466,730 new

cases of cancer will occur in Brazil on 2008. Chemotherapics are playing

an important role in combat of cancer mostly due they systemic action on

organism that allows treatment’s access to liquid tumors and even

metastasis. Among these chemotherapics, Ruthenium compounds are

showing promising results on tumor treatment representing an important

part on development of new antitumor medicines. Present study evaluates

genotóxico effects of cis-dichlorotetraammineruthenium(III) chloride

using human lymphocytes culture in vitro . Studies using Mitotic Index

(MI), chromosomal aberrations (CAs) were performed and DNA Damage

evaluation using Comet Essay were also employed. Human lymphocytes

cultures were treated with Ruthenium compound in concentrations of 1,

10, 100 and 1,000 µg. mL - 1 were showed mitotic index of 5.9; 4.6; 3.9

and 0% respectively. Doxorubicin chloridate were used as positive

control. Chromosomal aberration derived from concentrations of 1, 10

and 100µg/mL - 1 were defined as spontaneous when compared with

negative control. Comet essay using cis-

dichlorotetraammineruthenium(III) chloride results suggest that

compound has no genotoxic activity when using human lymphocyte

cultures.

Key-words: Câncer, cis-dichlorotetraammineruthenium(III) chloride,

mitotic index, chromosomal aberrations, comet essay

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1. INTRODUÇÃO

O câncer é uma das principais causas de morte no mundo. No

Brasil, a estimativa para o ano de 2008 aponta que ocorrerão 466.730

novos casos de câncer. Os tipos mais incidentes serão os de próstata e

pulmão no sexo masculino e mama e colo do útero no sexo feminino.

Tornando-se o terceiro grupo de causas de mortalidade, superado apenas

por doenças cardiovasculares e por morte acidental - tanto acidentes de

trânsito quanto violência urbana - e consolidando-se como um problema

de saúde pública (INCA, 2008).

O aparecimento de metástases de tumores sólidos primários é a

causa principal de morte por câncer. A metástase resulta de um processo

no qual as células cancerígenas se espalham em locais diferentes e

distantes do tumor inicial, formando os tumores secundários (Bergamo &

Sava, 2007). Muitos mecanismos têm sido propostos para explicar este

fenômeno migratório, sabendo-se que o câncer aparece devido ao

acúmulo de alterações genéticas na célula (Macaluso et al. , 2003). Tanto

as mutações de ganho de função dos oncogenes quanto às mutações de

perda de função dos genes supressores tumorais podem contribuir para a

progressão e a agressividade de um tumor (Griffith et al. , 2001; Bucca et

al. , 2004).

Com o conhecimento acerca do complexo processo molecular

subjacente ao desenvolvimento do câncer tornou-se necessário

desenvolver novos quimioterápicos que atendem as novas estratégias

terapêuticas. Os complexos de rutênio vêm tornando-se uma das formas

mais promissoras de tratamento, uma vez que sua ação sistêmica

possibilita o acesso a metástases e tumores líquidos (Barbosa et al. ,

2007). A descoberta da propriedade antimetastática representa um

importante marco no desenvolvimento de novas drogas anti tumorais

(Sava et al. , 1999). Sendo que estes novos medicamentos podem ser

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usados para possíveis diagnósticos, prognósticos e tratamento de tumores

malignos muito agressivos (Bergamo & Sava, 2007).

Através de três propriedades principais do rutênio que fazem com

que seus derivados sejam bem apropriados para aplicações biológicas:

mudança de ligante, estados de oxidação e o mimetismo com o ferro

(Claire & Dayson., 2001). Os complexos de rutênio parecem penetrar na

célula tumoral e ligar efetivamente ao seu DNA (Kostova., 2006).

A descoberta do Ru como composto antitumoral induz vários

procedimentos de investigações. O composto de rutênio cis-

tetraamindiclororutênio (III) ou cis-[RuCl 2(NH3)4]Cl apresentou

atividade citostática significante, em estudo realizados em células

tumorais humanas e de camundongos. Esse complexo de rutênio atua

como droga citostática ao impedir a progressão do ciclo celular das

células tumorais e induzir a apoptose (Silveira-Lacerda, 2003).

Verificou-se ainda que a toxicidade do composto é seletiva às células

cancerígenas e com potencial efeito imunoestimulante (Silveira-Lacerda,

2003).

Menezes et al . (2007) também estudou o cis-tetraaminodiclorutênio

(III) em camundongos Balb/c transplantados via subcutânea na virilha

com células do S-180. Constatou-se que o composto provocou redução do

volume e peso tumoral e aumentou a sobrevida dos animais tratados.

Com base nestes estudos, o presente trabalho investigou os efeitos

genotóxicos do cloreto de cis-tetraaminodiclorutênio (III), em diferentes

concentrações, em culturas de linfócitos humanos in vitro. Foi analisado

o índice mitótico (IM), aberrações cromossômicas (ACs) e danos no DNA

detectados pelo ensaio cometa.

O estudo visa a avaliação citogenética de cromossomos humanos

em metáfase e possíveis fragmentação de DNA, detecção de aberrações

espontâneas e/ou induzidas pelo uso do composto cloreto de cis-

tetraamindiclororutêni(III) em cultura de linfócitos humanos do sangue

periférico.

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2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Agentes químicos

O composto cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III) foi

sintetizado no Laboratório de Química Supramolecular do Instituto de

Química da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), seguindo os

procedimentos descritos por Marchant (1976) com algumas modificações

adaptadas por Pavanin (1989). E posteriormente encaminhado ao

Laboratório de Genética Molecular e Citogenética (UFG) para as

análises.

O meio RPMI 1640 e o soro fetal bovino foram adquiridos da

Gibco® (Invitrogen, Carlsbad, CA, USA), a fitohemaglutinina e a

colchicina adquiridas da Culti lab. A droga Oncodox® (Cloridrato de

doxorrubicina 50mg) foi adquirida da Meizler. Os antibióticos foram

adquiridos da Sigma (Aldrich Co St Louis, MO, USA ).

2.2. Droga teste

Para o preparo da droga teste, feita pela UFU, foi pesado cerca de

1g de [RuCl(NH 3)5]Cl 2 que foi adicionado a 25mL de NH 4OH a 33% em

NH3 , previamente desaerados em argônio, com a mistura sendo refluxada

até a dissolução do sólido e o aparecimento de coloração rosada, seguido

da adição de 0,7g de dit ionato de sódio à solução quente, que foi

resfriada em banho de gelo, com a precipitação de sólido creme pela

adição de excesso de etanol, havendo a fi ltração e a lavagem do sólido

com éter; o fil trado foi dissolvido em 11,0mL de solução saturada de

ácido oxálico sob refluxo até o aparecimento de um sólido amarelo, que

foi coletado por filtração e lavado com etanol e éter, com posterior

recristalização em HCl5mol.L - 1 .

O composto cis-[RuCl 2(NH3)4]Cl liofilizado foi pesado e

dissolvido em meio RPMI incompleto nas concentrações de 0,001 a

1mg.mL - 1 . Posteriormente foi submetido à agitação vigorosa para

dissolução completa. O tratamento foi feito após 24 horas de cultura.

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2.3. Droga controle

O cloridrato de doxorrubicina é um antibiótico antineoplásico,

derivado da antraciclina e usada no tratamento de tumores sólidos

(Chabner et al. , 1996), originalmente obtido do fungo Streptomyces

peucetius var. caesius. A intercalação ao DNA inibe a replicação

nucleotídica e pode desencadear a quebra do DNA pela topoisomerase-II,

originando distúrbios sérios na estrutura terciária do DNA, levando à

formação de quebras duplas e simples da cadeia do DNA e,

consequentemente, à morte celular. A capacidade da doxorrubicina

(DXR) de se ligar à membrana celular pode afetar uma variedade de

funções (Hurley, 2002). A DXR também parece estar envolvida nas

reações de oxidação/redução, com a produção de radicais livres

altamente reativos e altamente tóxicos (Chabner et al. , 1996; Weijl,

1997).

Células tratadas com DXR têm manifestado alterações nas

característ icas morfológicas associadas à apoptose, o que pode ser um

dos mecanismos de ação da droga. A DXR é ativa durante todo o ciclo

celular, inclusive a intérfase (Mizutani et al. , 2005). As quebras simples

podem ser convertidas para quebras duplas de cadeia durante a replicação

do DNA e transcrição do RNA (Robles et al. , 1999). A DXR é conhecida

comercialmente e clinicamente como andriamicina, apresentando-se

como efetivo agente antineoplásico contra uma grande variedade de

tumores. No entanto, seu uso clínico, freqüentemente, é limitado devido

a indesejáveis efeitos colaterais especialmente a cardiotoxicidade.

Quimicamente, a molécula de DXR consiste em um açúcar amino ligado a

quatro anéis antraquinona cíclicos. A redução de um elétron do anel leva

a formação de um radical livre semiquinona, o qual, na presença de O 2 ,

pode formar radicais superóxido (Xu et al. , 2001). Os efeitos genotóxicos

da DXR foram extensivamente investigados em pacientes submetidos ao

tratamento quimioterápico (Boucher et al. , 1993), em cultura de

linfócitos de doadores saudáveis (Vig, 1971; Antunes & Takahashi,

2007), em linhagens celulares de mamíferos (Antunes et al. , 1999) e em

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experimento in vivo , uti lizando-se células da medula óssea de ratos

Wistar (Antunes & Takahashi, 1998, 1999). Os resultados dessas

investigações mostram que a DXR é capaz de induzir aberrações

cromossômicas do tipo quebras cromatídicas e isocromatídicas, “gaps”

cromatídicos e isocromatídicos, rearranjos complexos como trirradiais e

quadrirradiais e trocas entre cromátides irmãs. Segundo Albertini et al .

(2000), as aberrações cromossômicas resultam de quebras diretas do

DNA, replicação de um DNA molde danificado e da inibição da síntese

de DNA.

A fórmula estrutural da DXR é C 2 7H2 9NO11 e sua estrutura química

é mostrada na Figura 01. Devido ser um bom indutor de danos no DNA, a

DXR vem sido citada em vários estudos como controle posit ivo nos

ensaios citogenéticos (Antunes et al. , 2007).

Figura 1: Fórmula estrutural da Doxorrubicina

Figura 01. Fórmula estrutural da Doxorrubicina.

A droga utilizada neste estudo foi o Oncodox (Cloridrato de

doxorrubicina 50mg da Meizler®), solução em pó liofi lizado injetável

50mg, obtida comercialmente do laboratório. A droga controle foi

dissolvida em meio incompleto a uma concentração final de 0,2µg.ml - 1 .

2.4. Cultura de linfócitos

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O sangue periférico foi coletado de seis doadores. Sendo eles, três

homens e três mulheres entre 20 e 30 anos, saudáveis, sem histórico de

doenças recentes, não fumantes e não consumidores de álcool. Os

doadores não relataram o uso de medicamentos e não trabalhavam em

laboratórios. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal de Goiás (Nº. 43/2007 – anexo1). O termo de

consentimento foi assinado por todos os participantes (Anexo 2). As

amostras de sangue periférico foram coletadas por punção venosa com

seringas e tubos vacuntainer heparinizados.

A cultura de linfócitos foi realizada com base na metodologia

desenvolvida por Moorhead et al. (1960), com algumas modificações. O

meio de cultura consistiu em meio RPMI 1640 (80%), soro fetal bovino

(20%), fitohemaglutinina (2%) e antibióticos (0,01mg.mL - 1 de penicilina

e 0,005mg.mL - 1 de estreptomicina). Os frascos foram incubados por 48

horas em uma estufa, a 37°C e com 5% de CO 2 e 95% de umidade.

o . Tratamentos e testes biológicos

Para análise citogenética, o cis-tetraamindiclororutênio foi

estudado em quatro concentrações, (0,001, 0,01, 0,1 e 1mg. mL - 1). Com

uma seringa estéri l descartável, foram coletados cerca de 5 mL de sangue

periférico que foram transferidos para um tubo vacuntainer heparinizado.

Com uma pipeta Pasteur, retirou-se cerca de 0,5 mL do sangue total e

semeou-se em 5 mL de meio de cultura completo + 20% de soro fetal

bovino + 2% de fitohemaglutinina A. No total foram util izados seis

réplicas de cultura por doador.

As amostras foram previamente incubadas na estufa por 24 horas

quando foram tratadas com as diferentes concentrações do complexo de

rutênio. A DXR foi util izada como controle positivo e para o controle

negativo, foi uti lizado meio completo (Figura 02) .

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0 48h24

Tratamento das culturas:

1. Controle (sem tratamento).

2. Controle positivo (Doxorrubicina) 0,2µg.mL -1

3. Tratamento Ru 1 µg.mL-1

4. Tratamento Ru 10 µg.mL -1

5. Tratamento Ru 100 µg.mL-1

6. Tratamento Ru 1000 µg.mL-1Coleta das culturas

Semeio das células

Figura 02: Delineamento Experimental

o . Estudos citogenéticos

Para obter um número suficiente de metáfases para análise,

colchicina foi adicionada 1h e 30m antes de completar 48 horas, em uma

concentração de 0,0016%. Após este período as células foram

centrifugadas e tratadas com 0,075 M de KCl a 37ºC durante 20 minutos.

As células foram centrifugadas e fixadas em solução de ácido acético:

metanol (1:3). As lâminas foram preparadas, secadas e colocadas em

solução de Giemsa (pH 6,8) por 5 minutos (Moorhead et al. , 1960).

As lâminas foram analisadas sob microscópia óptica (Olympus) e

objetiva de imersão de 100x, visando o encontro de metáfases de células

tratadas com o complexo de rutênio e seus respectivos controles positivo

e negativo. As freqüências das aberrações cromossômicas (AC) foram

determinadas meliante a análise de 100 metáfases por tratamento e o

índice mitótico (IM) determinado pelo número de metáfases em 5000

linfócitos contados.

o . Ensaio cometa

A versão alcalina do ensaio cometa (single-cell gel electroforesis) foi

seguida de acordo com Singh et al. (1988), com pequenas modificações.

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O sangue periférico foi coletado em tubos heparinizado de um doador

normal, saudável, com idade entre 20 e 30 anos, com histórico de não

fumante, não etilista e sem o uso de medicação.

Os linfócitos do sangue periférico foram isolados e incubados por 24

horas e depois foram tratados com concentrações diferentes do cloreto de

cis-tetraamindiclororutênio (III), controle posit ivo (Doxorrubicina) e

negativo, por mais 24 horas e então homogeneizados e misturados em

agarose low-melting (baixa fusão) e imediatamente colocada em uma

lâmina que já continha uma camada de gel de agarose a 1%. A lâmina

com as duas camadas de agarose foi colocada a 4°C por 5 minutos. Após

foram incubadas em uma solução de lise (2,5M NaCl, 10mM Tris,

100mM EDTA, 1% Triton X-100 and 10% DMSO, pH10,0) e colocada a

4°C por duas horas para remover proteínas e membranas. Posteriormente,

as lâminas foram colocadas na eletroforese com tampão (300mM NaOH,

1mM EDTA, pH > 13,0). A corrida de eletroforese foi por 20 minutos, a

0,9 V/cm, 300 mA e a 4°C. Todo o procedimento foi feito no escuro ou

sob luz amarela para prevenir danos no DNA. As lâminas foram

mergulhadas em solução de neutralização (0,4M Tris, pH 7,5), lavada

com água destilada e secadas a temperatura ambiente (Figura 03).

Preparação de lâminasDNA

Detecção de quebrasde fitas de DNA

Figura 03: Esquema do Ensaio Cometa

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As lâminas foram preparadas em duplicatas e 100 núcleos

analisados (50 núcleos para cada duplicata) uti lizando microscópio de

fluorescência (Zeiss) equipado com fil tro de excitação de 515-560nm, um

filtro de barreira de 590nm, e objetiva de 40x. O teste foi realizado no

laboratório Lagene e no Núcleo de pesquisa Replicon, da Universidade

Católica de Goiás.

Os núcleos sem danos no DNA apareceram intactos e sem cauda.

Os cometas foram classificados pelo software CometScore 15, em

classes: ausência de cauda, ou seja, sem dano (classe 0); cauda menor do

que o diâmetro da cabeça (classe 1); cauda até duas vezes o diâmetro da

cabeça (classe 2): cauda maior que duas vezes o diâmetro da cabeça

(classe 3) e sem cabeça (classe 4) (Figura 04). As recomendações para o

ensaio cometa consideram tanto avaliações visuais quanto as avaliações

usando software (Burlinson et al. , 2007). O total da contagem dos danos

foi de 100 por amostra, perfazendo um total de 500 núcleos (desde a

classificação 0-sem danos até 4 danos totais).

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Figura 04: Classificação de leitura para o Ensaio Cometa: ausência de cauda, ou seja, sem dano (classe 0); cauda menor do que o diâmetro da cabeça, muito pouco dano (classe 1); cauda até duas vezes o diâmetro da cabeça, pouco dano (classe 2): cauda maior que duas vezes o diâmetro da cabeça, alto dano (classe 3) e sem cabeça, dano máximo (classe 4).

o . Estudos estatíst icos

As análises estatísticas dos ensaios citogenéticos (IM e EC) foram

feitas empregando o teste ANOVA com comparações múltiplas pelo teste

Tukey. Nível para significância de p foi estabelecido para 5%. Para as

aberrações cromossômicas a análise foi descrit iva.

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3. RESULTADOS

3.1. Índice mitótico e Aberrações cromossômicas

Os resultados obtidos nesse estudo mostraram o efeito do cloreto

de cis-tetraamindiclororutênio (III) no índice mitótico, aberrações

cromossômicas e ensaio cometa.

Os resultados das aberrações cromossômicas com diferentes

concentrações do cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III) (1, 10, 100

and, 1000 µg/mL - 1) e os respectivos controles se encontram na tabela 1.

Aparentemente, o tratamento com cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio

(III) não foi citotóxico nem clastogênico. No tratamento com as menores

concentrações (1 and 10 µg/mL - 1), as células mostraram valores do índice

mitótico similares ao controle negativo. Contudo, na concentração de

100µg/mL - 1 , existiu uma considerável diminuição do índice mitótico

quando comparado com o controle negativo, mas não estatist icamente

significante. Na concentração de 1000µg.mL - 1 as células mostraram

valores do índice mitótico igual a 0%.

Tabela 01 - Índice mitótico, total de aberrações cromossômicas e

metáfases aberrantes em cultura de linfócitos humanos tratados com

diferentes concentrações de cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III).

Tratamento IM% Fct Qct Qcss Total F%Controle Negativo 6,0 1 0 0 1 0,16

Ru 1µg.mL - 1 *5,9 1 0 0 1 0,16

Ru 10µg.mL - 1 4,9 1 0 0 1 0,16

Ru 100µg.mL - 1 3,6 1 0 0 1 0,16

Ru 1000µg.mL - 1 0 0 0 0 0 0

Dox 0,2µg.mL - 1 2,6 50 40 70 160 26,6

Cem células foram analisadas por lâmina por tratamento e 5000 células foram analisadas para o índice mitótico. IM: índice mitótico; Fct:falhas cromatídicas; Qct:quebras cromatídicas; Qcss:quebras cromossômicas; Ru:rutênio; Dox:doxorrubicina. *P<0,05.

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Figura 05: Metáfases encontradas após tratamentos com o cis-tetraamindiclororutênio (III). Em: A-controle negativo; B- Ru 1µg.mL - 1 ; C- Ru 10µg.mL - 1 ; D- Ru 100µg.mL - 1 ; E- Ru 1000µg.mL - 1 ; F- controle positivo (quebra cromatídica no braço longo do cromossomo 2).

Nas células tratadas com a DXR, foi observada uma redução

significativa do índice mitótico quando comparada com o controle

negativo (2.7% / 5.3%). Análises de aberrações cromossômicas e

A B

C D

E F

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metáfases mostraram diferenças significativas entre as células expostas à

DXR e o controle negativo. De fato, a DXR é clastogênico e é um indutor

efetivo de metáfases aberrantes com danos nos cromossomos quando

comparados com o controle negativo (figura 05).

Na tabela 02 foi mostrada as freqüências do ensaio cometa em

linfócitos humanos tratadas com diferentes concentrações do cloreto de

cis-tetraaminodiclororutênio (III) pelo ensaio cometa e a DXR (0.2

µg/mL - 1) como controle positovo. A DXR sozinha diminuiu o índice

mitótico na cultura de l infócitos humanos (2,7%) e a frequencia do

cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III) (1, 10 and, 100 µg/mL - 1)

were 5,9,4,9, e 3,6 %, respectivamente. No controle negativo apenas uma

pequena minoria de células mostraram danos no DNA. O controle

positico mostrou um aumento em danos de DNA, especialmente na

categoria alta (classe 4).

Tabela 02: Número de núcleos analisados, normais e alterados, com os respectivos danos.

Total de células Classes de Cometa %

Tratamento Analisadas 0 1 2 3 4

Controle Negativo 100 22 55 10 11 2

Ru 1µg.mL - 1 100 33 49 13 3 2

Ru 10µg.mL - 1 100 21 47 21 7 4

Ru 100µg.mL - 1 100 19 60 15 2 4

DXR 0,2µg.mL - 1 100 9 26 32 13 20

Nenhuma das concentrações de cloreto de cis-

tetraaminodiclororutênio (III) testadas foi estatist icamente diferente do

controle negativo (p < 0.05) (figura 06). O ensaio cometa mostrou que a

exposição do cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III) não causou

aumento de danos no DNA.

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C- Ru4 Ru3 Ru2 C+0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

Tratamento

Rel

ação

CC

*****

********

**

Figura 06: C-: controle negativo; Ru4: rutênio 1µg.mL - 1 ; Rut3: 10µg.mL - 1 ; Rut2: 100µg.mL - 1 ; C+: controle positivo. *P<0,05; **P<0,01; ***P<0,001; ****P<0,0001

4. DISCUSSÃO

A classificação citogenética dos diferentes tipos de aberrações

cromossômicas tem um papel importante na genética humana e muitos

cânceres estão associados com tipos específicos de aberrações. A

identificação dos danos cromossômicos e o estudo dos mecanismos de

patogenias são de grande importância para as pesquisas de carcinogênese

e mutagênese.

Na análise do índice mitótico, não foi encontrada diferença

estatíst ica entre as três menores concentrações do grupo tratado e o

grupo controle. O resultado do índice mitótico indicou que o cloreto de

cis-tetraaminodiclororutênio (III), na concentração de 1000µg.mL - 1 , inibe

o ciclo celular (IM=0%). Silveira–Lacerda (2003) encontrou

citotoxicidade nesta mesma concentração quanto ao efeito proliferativo,

em células tumorais. Em nosso estudo, nas concentrações de 1 a

100µg.mL - 1 houve diferença significativa quando comparada ao controle

positivo. E a concentração de 1µg.mL - 1 quando comparado com o

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controle negativo apresentou similaridade, indicando que nesta

concentração, o complexo de rutênio parece não ser citotóxico.

Em um estudo de análises de células meristemáticas de bulbos de

Allium cepa com um complexo de rutênio , foi verificado que a

concentração mais elevada promoveu uma regressão no IM, mas não o

surgimento de alterações cromossômicas (Pereira et al. , 2008), o que

corrobora os dados observados neste trabalho.

É conhecido que o aumento da incidência das neoplasias esteja

associado com a instabil idade das síndromes cromossômicas humanas a

qual são caracterizadas pelo aumento na freqüência das aberrações. Esse

rearranjo em linfócitos do sangue periférico pode ser um indicador do

aumento do risco de surgimento de neoplasias secundárias (Udayakumae

et al. , 1996, Bária et al. , 2001, Padja et al. , 2005, Norppa et al. , 2006,

Boffetta et al. , 2006).

Diante dos resultados promissores na terapêutica antitumoral

obtidos com o cloreto de cis-tetraamindiclororutênio (III) por Clarke

(2003), Silveira-Lacerda (2003) e Menezes et al. (2007), viu-se a

necessidade de pesquisar os efeitos genotóxicos do cloreto de cis-

tetraaminodiclororutênio (III), em cultura de sangue periférico in vitro.

Os resultados das análises de 100 metáfases por tratamento

mostraram que o complexo de rutênio nas concentrações de 1, 10 e

100µg.mL - 1 não induziu aberrações cromossômicas conforme os

resultados observados com maior freqüência no grupo controle positivo

tais como falhas e quebras cromatídicas e/ou falhas e quebras

cromossômicas. Visto que diversos fármacos utilizados hoje no

tratamento do câncer apresentam altos índices de aberrações

cromossômicas, tais como a DRX, apresentando em nosso estudo uma

freqüência de 26%.

Vilaplana (2006) observou que o complexo cis-dichloro-1,2

propylenediamine-N,N,N0,N0-tetraacetato ruthenium (III) (RAP) também

não apresentou aberrações cromossômicas significantes e sua atividade

anti tumoral tem sido avaliada in vivo . Recentes resultados mostraram que

o seu composto possui estabilidade quando se liga ao DNA e os danos

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causados no DNA diminuem de acordo com a retirada do complexo de

rutênio do meio de cultura.

A doxorrubicina é um agente genotóxico que inibe a atividade da

topoisomerase II, resultando na acumulação de quebras das fitas de DNA,

que não são reparadas pela célula causando mutações. O sucesso da

doxorrubicina no tratamento do câncer provavelmente se deve a

intercalação da droga ao DNA e inibição da topoisomerase II (Weijl et

al. , 1997; Mizutani et al. , 2005).

No tratamento das células utilizando 1000µg.mL - 1 não foi

observado a presença de nenhuma metáfase, indicando que

possivelmente, nesta concentração, o complexo de rutênio impediu a

proliferação celular dos linfócitos. Acredita-se que o complexo de

rutênio tenha penetrado nos linfócitos do sangue periférico em menor

quantidade, pois se sabe que receptores de transferrinas se apresentam

diminuídas nas membranas das células normais, comparadas com células

tumorais. Quando esse complexo se encontra um meio sem hipóxia, com

pH normal e concentrações normais de glutationa, possivelmente não

ocorre a redução do composto (III) para o composto (II). De alguma

forma o composto de rutênio bloqueia o ciclo celular, em algum momento

da interfase, evitando o mecanismo de reparo e bloqueando a mitose.

Compostos genotóxicos causam danos no DNA por vários mecanismos,

atuando indiretamente nas funções das proteínas celulares, levando um

acúmulo de danos endógenos de DNA.

Uma abordagem que pode ser uti lizada nos estudos citogenéticos é

a análise de proliferação e progressão celular em tecidos expostos a

agentes clastogênicos, no sentido de observar a influência dos mesmos na

regulação do ciclo celular. Qualquer distúrbio nos eventos que controlam

a progressão das células em divisão pode impedir que as mesmas sigam o

curso normal e estas podem ficar paradas em uma fase ou ser induzidas à

apoptose (M’Bemba et al. , 2006).

A freqüência das aberrações cromossômicas encontradas nos

indivíduos do grupo controle negativo e dos grupos tratados em nosso

estudo foi de 0,16% e está dentro dos valores propostos como freqüência

basal para indivíduos saudáveis, que é de até 2% (Preston et al. , 1987).

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Foi observado um aumento tanto na freqüência de células com aberrações

como no total de aberrações entre os grupos controle, sendo que a di ferença foi

es tat ist icamente s ignif icat iva. Em Lima et al . , (2007) foi encontrado maior

freqüência de AC quando ut i l izaram DXR. Após o t ratamento com o composto de Ru,

não houve aumento na f reqüência de AC nas amostras obt idas dos doadores

comparadas com outros t rabalhos que ut i l izam quimioterápicos que hoje são usados

no mercado, como a cisplat ina (Zang & Lippard, 2003; Kasparkova et a l . , 2003;

Brabec & Kasparkova, 2005).

Compostos citotóxico são conhecidos por seus potenciais tóxicos,

tanto quanto a doxorrubicina e a cisplatina (Rojas et al. , 1992; Dhawan

et al. , 2003) , além de seus efeitos citostáticos, possuem efeitos severos

tais como genotoxicidade. Efeitos genotóxicos de drogas anti tumorais em

células não tumorais são de significado especial devido à possibil idade,

que possuem, de induzir tumores secundários em pacientes com câncer.

Além disso, os efeitos mutagênicos e carcinogênicos de agentes

antineoplásicos de pacientes que necessitam destas drogas também

precisam ser considerados (Fucic et al. , 1998; Maluf and Erdtmann,

2000).

Outro composto indutor de aberrações é a ciclofosfamida. É um

agente nitrogênico do grupo das oxazoforinas bifuncional capaz de

induzir vários tipos de danos primários de DNA, mutação gênica e

aberrações cromossômicas e outras formas de l igações transversais que

são traduzidos durante o reparo da excisão (Anderson et al. , 1995). Vale

ressaltar que Sánchez-Suárez et al (2008) observou que quebras de fitas

simples e de fi tas duplas de DNA em linfócitos de sangue periférico

estão presentes em pacientes com câncer antes do tratamento e um

aumento significante após a quimioterapia. E que não existe correlação

entre danos de DNA de l infócitos de sangue periférico e a resposta à

quimioterapia.

Para os ensaios de aberrações cromossômicas, os resultados não

apresentaram atividade genotóxica sobre cultura de linfócitos de sangue

periférico. De acordo com Silveira-Lacerda (2003), observou-se que

mesmo em concentrações utilizadas acima de 1mg.mL - 1 do cloreto de cis-

tetraaminodiclororutênio (III) sobre cultura de células do sangue

periférico humano, as mesmas sofreram apenas inibição na sua

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capacidade proliferativa, não apresentando quebra na molécula do DNA

das células tratadas, enquanto que, quando cultivadas na presença de

baixas concentrações (< 0,1mg.mL - 1) apresentaram proliferação celular.

Esses dados são confirmados em nosso trabalho quando as células são

tratadas com Ru (0,001mg.mL - 1) apresentando IM igual a 5,9%, valor

estatist icamente não significativo em relação ao controle negativo. Estes

dados reforçam ainda mais as observações anteriores (Clarke, 2003)

sobre a seletividade dos compostos de rutênio (III) mediar citotoxicidade

preferencial em células tumorais, mas não células normais.

O presente estudo também avaliou danos no DNA pela versão

alcalina do ensaio cometa em linfócitos de sangue periférico. Este ensaio

tem sido usado como um teste para avaliar o risco de desenvolvimento de

doenças (carcinoma de células renais, câncer de bexiga, pulmão e

esôfago), danos individual no DNA (Djuzenova et al. 1999; Lin et al.

2007; Schabath et al. 2003; Shao et al. 2005). O ensaio cometa in vitro é

proposto como uma alternativa para ensaios citogenéticos, como

genotoxicidade/fotogenotoxicidade para seleção de drogas candidatas

(Witte et al. 2007) como as de neurotoxicidade. Na versão alcalina é uma

técnica sensível e relativamente barata para a detecção de danos e reparo

no DNA (Singh et al. , 1988). Uma das maiores vantagens é a

possibilidade de analisar danos e reparo no DNA em células individuais.

Além disso, um pequeno número de células é necessária para este ensaio,

o que é particularmente vantajoso para análise executados nas amostras

de populações humanas. Tem sido usado para testar a genotoxicidade de

químicos expostos exposições de carcinógenos no ambiente, toxinas e

agentes físicos tanto in vitro quanto in vivo (Trzeciak et al. , 2000;

Sekihashi et al. , 2002). Este método também é usado para medir a

capacidade de reparo da célula (Banath et al. , 1998) e de sistema acelular

(Dusinska´ et al. , 2004). Além disso, este ensaio tem sido usado em teste

de diagnóstico prenatal, em síndromes de reparo de DNA incluindo o

xeroderma pigmentoso (XP) and tr icotiodistrofia (TTD) (Alapetite et al. ,

1997).

Em nossos estudos o cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III)

não mostrou aumento significante nas caudas das células em todas as

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concentrações em relação ao controle positivo. Assim, não existiu

indução de quebras de fitas de DNA pelo cloreto de cis-

tetraaminodiclororutênio (III) (1, 10 and 100ug.mL) e talvez não esteja

associado a citotoxicidade das aberrações cromossômicas e não é um

efeito direto no DNA em linfócitos de sangue periférico.

Silveira-Lacerda (2003), em seus resultados, demonstrou que o

composto apresenta alta atividade citostática em células tumorais nas

linhagens celulares testadas com este mesmo composto. E também

verificaou que o cloreto de cis-tetraaminodiclororutênio (III), em altas

comcentrações (>0.1 mg.mL - 1), apresentou uma moderado atividade

citostática em células isoladas do sangue periférico humano, e em baixas

concentrações (0.01mg.mL - 1) promoveu proliferação celular. Em geral, a

indução de danos genotóxicos como as lesões no cromossôms e DNA

estão fortemente correlacionadas com atividade mutagênica e

carcinogênica. Consequentemente, danos genotóxicos podem ser

considerados um relevante biomarcador de risco carcinogênico.

Assim, podemos deduzir que os compostos de rutênio apresentam

seletividade para entrada nas células, tanto para as células tumorais

quanto para células normais. Sabemos que todas as células do organismo

apresentam receptores para transferrina, especialmente nas células

tumorais, nas quais esses receptores encontram-se em maior quantidade.

Essas condições fazem com que maior quantidade de complexos de

rutênio penetre no tecido tumoral, reduzem rutênio (III) para rutênio (II),

ligando-se ao DNA (Guanina) e promovendo sua quebra (Claire & Dyson,

2001; Clarke, 2003).

Possivelmente, a ausência de fragmentação do DNA nas células

tratadas com o composto de rutênio se deva inicialmente por esta

explicação. A segunda hipótese é que mesmo em pequena quantidade,

esse composto tenha conseguido entrar nas células normais, pois o

complexo de rutênio só é ativado por sua redução quando encontram um

ambiente com alta concentração de glutationa, pH baixo e condições de

hipóxia. É muito comum que células tumorais estarem nessas condições.

Segundo Clarke (2003), células tumorais são conhecidas por terem um

alto nível de glutationa, assim como, o consumo de oxigênio quanto seus

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nutrientes são rapidamente utilizados devido ao seu desenvolvimento

acelerado, promovendo hipóxia. Conseqüentemente necessitam mais de

energia glicolítica, que ocasiona o aumento de ácido lático no tecido,

diminuindo o pH do meio. Vale à pena ressaltar que os complexos de

rutênio (III) servem como uma pró-droga que são ativadas pela redução

in vivo para rutênio (II).

Em resumo, nossos resultados indicaram que o cloreto de cis-

tetraaminodiclororutênio (III) não causou danos no DNA em cultura de

linfócitos humanos.

5. CONCLUSÃO

O estudo avaliou os cromossomos humanos em metáfase e

possíveis fragmentação de DNA, detecção de aberrações espontâneas

e/ou induzidas pelo uso do composto de rutênio cis-[RuCl 2(NH3)4]Cl, e

concluiu que:

A. Os índices mitóticos encontrados nas células tratadas com o

cloreto de cis-tetraamindiclororutênio (III) nas concentrações de

0,001, 0,01, 0,1 e 1 mg.mL - 1 apresentaram os respectivos

percentuais, de 5,9%, 4,9%, 3,6%, 0%, indicando que quanto maior

o IM maior a proliferação celular.

B. Através da análise da freqüência de aberrações cromossômicas em

células normais humanas do composto de Rutênio Cloreto de cis-

tetraamindiclororutênio (III) em cultura de linfócitos humanos do

sangue periférico, não se observou alterações em nenhuma das

células tratadas;

C. De acordo com os resultados do teste cometa, todas as

concentrações do cloreto de cis-tetraamindiclororutênio (III) não

causaram danos no DNA de l infócitos do sangue periférico.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando se fala de genotoxicidade falamos da área da genética que

estuda as alterações na base genética dos seres vivos, isto é, alterações

físicas, químicas do DNA, e/ou alterações genéticas a nível celular. A

maioria dos testes de detecção de danos genéticos busca agentes que

possam afetar o genoma de um organismo. Para suprir a necessidade de

informações em mutagênese e carcinogênese humana foram criadas

estratégias de avaliação com testes in vitro e in vivo.

A metodologia util izada neste trabalho permite avaliar os efeitos

genotóxicos do fármaco organometálico, que faz parte da primeira fase

dos estudos para a liberação de novos medicamentos no mercado,

exigidos pela ANVISA.

Em nossos experimentos usamos três técnicas para análise de nosso

composto de rutênio: as aberrações cromossômicas, índice mitótico e

ensaio cometa, que vem sendo util izada por vários pesquisadores em

diversos tipos de células para várias finalidades, como a genética

toxicológica, dosimetria biológica e em biomonitoramento, devido a sua

ampla sensibilidade.

Os nossos resultados indicaram que em linfócitos humanos de

sangue periférico não houve a formação de aberrações cromossômicas e

nem danos no DNA quando tratados com o cis-tetraamindiclororutênio

(III). E na concentração de 1000µg.mL - 1 , apesar de índice mitótico 0%, a

quantidade de células apresentadas era considerada normal, quando

sugere que os complexos de rutênio poderiam exercer atividade

anti tumoral de forma direta e de forma indireta, estimular células

mononucleares para proliferação celular.

Esses resultados merecem atenção, pois já é de conhecimento que

os fármacos, hoje no mercado, possuem um mecanismo de ação agressivo

tanto para células tumorais quanto para os linfócitos. Proporcionando

efeitos colaterais indesejáveis para o paciente e possível aparecimento de

câncer secundário. E que os novos compostos de metais, os complexos de

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rutênio, estão sendo uma alternativa de quimioterapia, com atividade

anti tumoral mais seletiva e menos tóxica.

Com esses resultados, novas perspectivas de estudos com o cis-

tetraamindiclororutênio (III) merecem ser avaliadas. Um estudo sobre a

correlação entre este complexo de rutênio e as fases do ciclo celular será

necessário para identificar as causas de seus possíveis bloqueios, e

posteriormente, definir a fase que o rutênio interfere no ciclo celular.

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ANEXOS

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ANEXO1

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ANEXO 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

“Avaliação do Potencial Genotóxico dos Novos Compostos de

Rutênio Utilizando Testes Citogenéticos in vitro”.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Pessoas para Contato: Profa. Dra. Elisângela de Paula Silveira Lacerda – (62) 9293-3121

Alessandra de Santana Braga Barbosa Ribeiro – (62)

9997-8494

Em caso de dúvida sobre a pesquisa, você poderá entrar em contato

com a pesquisadora responsável, Profª Drª Elisângela de Paula Silveira

Lacerda, no telefone: (62) 3521-1481. Em caso de dúvidas sobre os seus

direitos como participante nesta pesquisa, você poderá entrar em contato

com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Goiás

pelo telefone: (62) 3269-8338.

Propósito do Estudo: Você está sendo convidado (a) para participar, como

voluntário, em uma pesquisa. O projeto de pesquisa tem o nome de

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“Avaliação do Potencial Genotóxico dos Novos Compostos de Rutênio

Utilizando Testes Citogenéticos in vitro” , cuja finalidade é determinar a

existência ou não de aberrações cromossômicas, ou seja, alguma

alteração na estrutura do cromossomo ( verificar se existe uma alteração

nas células de seu sangue), estudada por nosso grupo, devido ao uso dos

novos compostos de rutênio no tratamento do câncer.

Procedimentos: Você responderá um questionário informando alguns

dados pessoais como nome completo, endereço, idade, sexo, se fuma ou

bebe, se trabalha em algum laboratório ou afins, se está tomando algum

tipo de medicamento nas últimas 48h. Para a realização dessa pesquisa

será necessário, ainda, colher uma pequena quantidade do seu sangue (5

mL) retirados por punção venosa na prega do cotovelo direita ou

esquerda (assim como é feito para a realização de qualquer exame de

sangue que você conhece). As amostras colhidas serão encaminhadas ao

Laboratório de Genética Molecular e Citogenética/ICB da Universidade

Federal de Goiás, para realização dos da pesquisa.

Riscos ou Desconfortos: Estes procedimentos não lhe acarretarão nenhum

risco, prejuízo ou lesões, pois trabalhamos com materiais de coleta de

sangue descartáveis e profissionais qualificados. Durante a coleta de

sangue, você receberá a picada de uma agulha como aquela que é feita

para qualquer paciente que deseja fazer um exame de sangue.

Geralmente, esse procedimento não trás complicações para as pessoas,

além do desconforto que ocorre no momento em que se pega a veia.

Benefícios: Sua participação nesse estudo será de grande contribuição

para a realização da pesquisa, sabendo estaremos participando da

descoberta de um novo remédio contra o câncer.

Custos: Você não pagará nada para participar desse estudo e também não

receberá pagamentos pela sua participação.

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Confidencialidade: Todas as informações prestadas durante a entrevista

serão de caráter confidencial e as informações colhidas serão util izadas

somente para fins científicos nesta pesquisa, sem qualquer identif icação

pessoal.

Participação voluntário-retirada do estudo: A participação nessa pesquisa

é de livre e espontânea vontade do paciente. Você está sendo convidado.

Caso aceite, e, não desejando mais continuar, poderá, a qualquer

momento, sair do estudo, não importa se já respondeu o questionário e

colheu sangue para a pesquisa.

Esclarecimento quanto ao uso de material biológico: declaro o

compromisso de utilizar tal material biológico (sangue humano)

exclusivamente para o projeto de pesquisa proposto e apresentar

informação quanto ao armazenamento de material biológico para futuros

estudos. Se possível você será chamado para dar sua autorização para

o(s) novo(s) projeto(s). Caso isso seja impossível, seu material biológico

somente será util izado mediante aprovação do novo(s) projeto(s) pelo

CEP e ou pela CONEP.

Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de

aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento que está

em duas vias. Uma delas é a sua e a outra do pesquisador responsável.

Em caso de dúvida sobre a pesquisa, você poderá entrar em contato com

os pesquisadores responsáveis acima citados. Se util izar material

biológico, declarar o compromisso do pesquisador de util izar tal material

o(s) novo(s) projeto(s).

DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO

Eu, _____________________________________, RG

__________________ CPF n.º ______________________ abaixo

assinado, declaro ter lido o termo que me foi apresentado sobre o projeto

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de pesquisa “ Avaliação do Potencial Genotóxico dos Novos Compostos

de Rutênio Utilizando Testes Citogenéticos in vitro ”. Com as

explicações que me foram dadas, entendi as informações contidas nesse

documento, cuja cópia fica em meu poder, e declaro que estou de acordo

em participar do estudo que me foi apresentado, respondendo as

perguntas do questionário que me forem apresentadas e permitindo a

retirada de sangue conforme explicado.

Goiânia, _______ de _______________ de 200__.

____________________________________

Pesquisado

____________________________________

Pesquisador (a) Responsável

Testemunhas (não ligadas à equipe de pesquisadores):

Nome:_______________________________Assinatura:______________

Nome:_______________________________Assinatura:______________

OBS: Esse termo apresenta duas vias, uma destinada ao usuário e outra

aos pesquisadores.

Profa. Dra. Elisângela de Paula Silveira Lacerda.

Alessandra de Santana Braga Barbosa Ribeiro

Alessandra de Santana Braga Barbosa Ribeiro

Bióloga – Mestranda em Biologia – Universidade Federal de Goiás

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Laboratório de Genética Molecular e Citogenética Clínica-Fone-

35211481

ICB I – Sala 200. Campus Samambaia II, s/n, Setor Itatiaia. Goiânia -

Goiás