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UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE GUSTAVO ESMÉRIO DA SILVA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE NO CONTROLE DE TURNOVER EM UMA INDÚSTRIA DE BEBIDAS LAGES (SC) 2012

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Ferramentas de Controle de Qualidade

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UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE

GUSTAVO ESMÉRIO DA SILVA

UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE NO CONTROLE DE

TURNOVER EM UMA INDÚSTRIA DE BEBIDAS

LAGES (SC)

2012

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GUSTAVO ESMÉRIO DA SILVA

UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE NO CONTROLE DE TURNOVER

EM UMA INDÚSTRIA DE BEBIDAS

Relatório de estágio supervisionado submetido

à Universidade do Planalto Catarinense para

obtenção dos créditos de disciplina com nome

equivalente no curso de Engenharia de

Produção.

Orientador: Prof. Johnny R. Jordan, M.Sc.

LAGES (SC)

2012

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - Exemplo de folha de verificação ......................................................................... 19

FIGURA 2 - Cuidados ao construir uma folha de verificação ................................................. 19

FIGURA 3 - Diagrama de Causa e Efeito ................................................................................ 20

FIGURA 4 - Exemplo de diagrama de causa e efeito – demora em usar o banheiro ............... 21

FIGURA 5 - Gráfico de Pareto ................................................................................................. 22

FIGURA 6 - Exemplo de Diagrama de Dispersão ................................................................... 24

FIGURA 7 - Histogramas quanto à forma ............................................................................... 25

FIGURA 8 - Histograma quanto aos limites de especificação ................................................. 26

FIGURA 9 - Carta de controle ................................................................................................. 27

FIGURA 10 - PDCA – Métodos de controle de processos ...................................................... 28

FIGURA 11 - Significado de 5W2H. ....................................................................................... 29

FIGURA 12 - Formulário do plano de ação............................................................................. 30

FIGURA 13 - Hierarquia de Maslow e Alderfer, e os fatores de Herzberg............................. 36

FIGURA 14 - Histograma ........................................................................................................ 42

FIGURA 15 - Diagrama de Causa e Efeito para TO na área de Engenharia e Packaging ....... 44

FIGURA 16 - Priorização das causas do problema 1 .............................................................. 45

FIGURA 17 - Diagrama de Causa e Efeito para TO de 1 a 2 anos de empresa. ..................... 45

FIGURA 18 - Priorização das causas do problema 2 .............................................................. 46

FIGURA 19 - 5 porquês do problema 1 ................................................................................... 47

FIGURA 20 - 5 porquês do problema 2 ................................................................................... 47

FIGURA 21 - Entrevista de desligamento ............................................................................... 49

FIGURA 22 - Perguntas engagement ...................................................................................... 47

GRÁFICO 1 - Identificação do problema 1 ............................................................................ 41

GRÁFICO 2 - Identificação do problema 2 ............................................................................ 41

GRÁFICO 3 - Diagrama de Pareto 1 ...................................................................................... 43

GRÁFICO 4 - Diagrama de Parteto 2 ..................................................................................... 43

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GRÁFICO 5 - Verificação dos resultados .............................................................................. 48

GRÁFICO 6 - Resultados mensais ......................................................................................... 43

GRÁFICO 7 - Resultado engagement ..................................................................................... 52

TABELA 1 - Ciclo PDCA ...................................................................................................... 29

TABELA 2 - Etapas do PDCA ............................................................................................... 40

TABELA 3 - Plano de ações ................................................................................................... 48

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

GMR - Grupo de melhoria de resultado

PDCA - Ferramenta de gestão da qualidade

4M - Mão de obra, Máquina, Material, Método

5W1H - What, Who, Where, When, Why, How

6M - Mão de obra, Máquina, Material, Método, Meio ambiente, Medidas

CEP - Controle estatístico de processo

TO - Turnover

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RESUMO

Este trabalho teve como finalidade de analisar o turnover, através da aplicação do método

PDCA e das ferramentas da Qualidade em uma indústria de bebidas. O problema analisado foi

o alto índice de turnover na empresa objeto. A proposta para a solução do problema foi

aplicar as ferramentas da Qualidade para identificar o perfil e as causas fundamentais do

turnover. O resultado obtido foi um plano de ações para eliminar as causas potenciais do

problema, reduzindo e controlando o índice de turnover, melhorando o ambiente de trabalho,

a satisfação, a motivação além da busca de redução de custos.

Palavras-chave: Ferramentas da Qualidade, turnover, controle.

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ABSTRACT

This work aims at delving into the turnover by applying the PDCA method and Quality tools

in a beverage plant. The target issue was the high turnover incidence in the aforementioned

plant. The proposition to solve the problem was to apply Quality tools to identify the

turnover’s profile and main causes. The result was an action plan to eliminate the potential

root causes of the problem, reducing and controlling the turnover, enhancing the workplace,

satisfaction, motivation and also trying to reach cost reduction.

Key-words: Quality Tools, turnover, control.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 8 1.1 Problema ............................................................................................................................... 9 1.2 Justificativa ........................................................................................................................... 9 1.3 Objetivos ............................................................................................................................. 11 1.3.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 11 1.3.2 Objetivos Específicos ....................................................................................................... 11 1.4 Metodologia ........................................................................................................................ 11

2 HISTÓRICO DA EMPRESA ............................................................................................. 14 2.1 Setor da aplicação do estudo .............................................................................................. 16

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 17 3.1 Ferramentas de Qualidade .................................................................................................. 17 3.1.1 As sete ferramentas básicas da qualidade ....................................................................... 17 3.2 Método PDCA .................................................................................................................... 27 3.3 Plano de ação ...................................................................................................................... 29 3.4 Turnover ............................................................................................................................. 30 3.4.1 Clima Organizacional ..................................................................................................... 32 3.4.2 Comprometimento Organizacional ................................................................................. 32 3.4.3 Liderança ......................................................................................................................... 34 3.5 Teorias Motivacionais ........................................................................................................ 34 3.5.1 Abraham Maslow: Teoria da hierarquia das necessidades ............................................ 35 3.5.2 Clayton Alderfer: Outro teórico da hierarquia das necessidades .................................. 35 3.5.3 Frederick Herzberg: Teoria dos dois fatores .................................................................. 35 3.5.4 Teoria da determinação de metas de Edwin Locke ......................................................... 36 3.5.5 Teoria da equidade .......................................................................................................... 37 3.5.6 Teoria da expectativa de Victor Vroom ........................................................................... 37

4 MÉTODOS E RESULTADOS ........................................................................................... 38 4.1 Ciclo PDCA ........................................................................................................................ 38 4.2 Aplicação do ciclo PDCA................................................................................................... 40 4.2.1 Etapa do Planejamento (P) ............................................................................................. 42 4.2.2 Etapa da Execução (D) ................................................................................................... 48 4.2.3 Etapa da Verificação (C) ................................................................................................. 49 4.2.4 Etapa Atuar (A) ............................................................................................................... 49 4.3 Atividades Executadas ........................................................................................................ 51

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 52

6 SUGESTÃO PARA TRABALHO FUTURO ................................................................... 55

ANEXOS ................................................................................................................................. 55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 57

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1 INTRODUÇÃO

A gestão de pessoas nas organizações está superando cada vez mais problemas

decorrentes da globalização, ou seja, mudanças tecnológicas, econômicas, sociais culturais e

políticas. Ao mesmo tempo deve incentivar maior envolvimento dos funcionários, com a

postura de “dono do negócio”. Este comportamento é imprescindível para a sobrevivência da

organização no mercado global.

Rousseau e Arthur (1999) corroboram: “a organização carece de indivíduos

proativos, capazes de tomar decisões e que assumem para si a responsabilidade de

desenvolver suas carreiras, ela também carece de indivíduos que assumam os objetivos da

organização como seus e que sejam comprometidos com ela”.

O assunto principal que será abordado nesta pesquisa será o clima organizacional,

pois o mesmo influencia diretamente no rendimento, produtividade do funcionário e tem

impacto no índice de turnover, porque mensura a satisfação dos funcionários. Com o número

de turnover elevado, o clima organizacional é ruim e o nível de engajamento é

consequentemente baixo.

Segundo Brown (1996), “o engajamento com o trabalho pode ser um importante

aspecto psicológico no ambiente organizacional que ajudaria as empresas a conquistar

mercados, tornando-se mais competitivas”.

O desenvolvimento do trabalho ocorreu em uma empresa de bebidas da cidade de

Lages-SC, sendo esta sua primeira unidade no estado. Esta unidade conta com

aproximadamente 500 funcionários. O trabalho que foi realizado consiste na aplicação de

ferramentas da qualidade, e a base foi a utilização da ferramenta de gerenciamento chamada

Ciclo PDCA, com o objetivo de reduzir e controlar o turnover da unidade, que nada mais é o

índice de funcionários que são desligados da empresa, tanto voluntário quanto forçado.

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1.1 Problema

Somente de janeiro a março do ano de 2012 o número de turnover da empresa em

estudo foi de 25 pessoas, gerando um índice de 5% e ao comparar com mesmo período do ano

de 2011, que tiveram apenas 8 pessoas e no ano todo foram 70 pessoas, o número se torna

crítico em relação a meta. No ano de 2011, a empresa objeto teve no ano em média 487

funcionários, o que significa um índice médio por mês de turnover de 1,2% e, no final do

período, um índice de 14,4%.

Entre os meses de março de 2011 e março de 2012 foram contratados nesta

empresa 170 novos funcionários. Nos três primeiros meses de 2012, foi verificado que se

continuasse com o mesmo índice ao longo do ano, se apresentariam sérios problemas com a

retenção dos funcionários, pois projetando o índice dos três primeiros meses para o final do

ano, este índice poderia chegar a 20%. Também foi observado que nas entrevistas de

desligamentos o que os funcionários mais reclamavam era do baixo salário fixo e de muita

pressão e responsabilidade no ambiente de trabalho.

Com isso foi definido um GMR “grupo de melhoria de resultado” que tem como

base a ferramenta do ciclo PDCA, que com o método corretamente aplicado contribuirá para o

controle e redução do turnover. Participam deste grupo dois analistas da área de gente e

gestão e os gerentes de todas as áreas.

A fim de nortear este trabalho, busca-se a resposta para a seguinte pergunta de

pesquisa: Quais as principais causas do elevado índice de turnover na empresa objeto de

estudo?

1.2 Justificativa

O conhecimento pode ser considerado como uma forma de capital para as

organizações. Ter as pessoas certas no tempo e lugares, com as habilidades certas e

adequadamente engajadas é a chave do sucesso.

Para Chiavenato (1998), gerir talento humano está se tornando indispensável para o

sucesso das organizações. Ter pessoas não significa ter talentos.

Vivencia-se uma fase em que a tecnologia e a velocidade da informação tornam as

empresas muito parecidas umas com as outras, daí ser o conhecimento humano o diferencial

organizacional. O que hoje é diferencial, amanhã será requisito, as competências pessoais são

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os diferenciais nas organizações que cada vez mais necessitam de colaboradores com uma

visão holística e um aspecto comportamental condizente com a situação de mercado,

tecnológica, de pessoas e regional.

A empresa que busca excelência não pode ter alto índice de turnover, pois

principalmente o conhecimento técnico demora muito tempo para se adquirir e também para

ser repassado para novos funcionários. Com turnover elevado é impossível alcançar

conhecimento técnico em um nível elevado e em toda a planta, o que tornaria a empresa

diferenciada. Além do que, todo turnover tem impacto em custo, que deve ser o foco para

qualquer empresa que busque competitividade, melhoria continua ou ainda a sobrevivência.

Outra dificuldade encontrada pela empresa é de recrutar e selecionar profissionais

qualificados e que, segundo as políticas da empresa não poderiam já ter trabalhado na mesma,

entretanto a unidade está instalada em uma pequena cidade, podendo chegar o momento em

que todas as pessoas já passaram pelo processo de recrutamento e seleção e não foram

aprovadas, ou já tenham trabalhado na empresa.

Para o engenheiro de produção, que também tem como função na maioria dos casos

gerir pessoas, é fundamental primeiramente conhecer o seu time, quem são seus funcionários,

quais seus objetivos, o que os motiva ou desmotiva, quais são as suas expectativas, pois estes

fatores podem ser as causas de turnover. Outra possível causa do turnover é o próprio

comportamento do líder, ou seja, a presença do líder nas horas essenciais, o estilo de trabalho,

a forma de cobrança, entre outros.

Ao contrário, as empresas que deixarem de controlar seu turnover, correm o risco

de não alcançar um elevado nível de conhecimento técnico, que é fundamental, uma vez que

tecnologia e informação estão ao alcance de todos.

Outro impacto se o turnover não estiver controlado é relativo a custos, pois os

novos funcionários necessitam de capacitação, principalmente tratando-se de líderes. E com

os funcionários que estão saindo também existem despesas ligadas à rescisão do contrato de

trabalho.

As freqüentes alterações de colegas de trabalho e de líderes, que são consequencias

do turnover impactam diretamente na motivação e comprometimento de todo o time, pois não

há uma seqüência dos trabalhos realizados. Cada líder tem um estilo de trabalho e a cada

troca, os funcionários devem se adaptar as mudanças.

O índice de turnover equivalente a zero não é habitual na prática e nem seria

desejável, pois denotaria um estado de total rigidez e esclerosamento da organização. Porém,

um índice de turnover da força de trabalho muito elevado também não é desejável, já que

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reflete um estado de fluidez e entropia da organização, ao não conseguir fixar e assimilar

adequadamente seus trabalhadores. (Silva, 2001).

Neste contexto, este estudo se justifica pelo fato de que para alcançar o cenário

desejado, com turnover controlado em relação ao padrão da empresa, é necessário identificar

quais os motivos que geram o alto índice turnover na empresa analisada.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Esse trabalho tem como objetivo analisar o índice de turnover, através de

ferramentas da qualidade, e da aplicação da ferramenta de gerenciamento, Ciclo PDCA, e

ainda controlar e reduzir o índice do mesmo na empresa que vai sediar o problema de

pesquisa.

1.3.2 Objetivos Específicos

Este trabalho tem como objetivos específicos:

Aplicar a ferramenta de gerenciamento, ciclo PDCA.

Apontar as causas fundamentais da ocorrência do turnover

1.4 Metodologia

A metodologia utilizada para elaboração deste trabalho foi o estudo de caso, que

segundo Martins (2002) é uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa

profundamente. Visa conhecer o seu “como” e seus “porquês”, evidenciando a sua unidade e

identidade própria.

Buscando evidenciar o “como” e o “porquê” da utilização das ferramentas num

contexto de uma empresa, foi adotado essa metolodogia para a condução dos trabalhos.

A essência de um estudo de caso é tentar esclarecer uma decisão ou um conjunto de

decisões: o motivo pelo qual foram tomadas, como fora implementadas e quais foram os

resultados. (Schramm, 1971).

Para André (1984) a pesquisa de estudo de caso pode incluir tanto estudos de caso

único quanto de casos múltiplos. Pode-se basear os estudos de caso em qualquer mescla de

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provas quantitativas e qualitativas.

A metodologia da pesquisa deverá ser quali – quantitativa que permite uma análise

mais aprofundada e maior conhecimento do problema. Quantitativamente a pesquisa irá

analisar todos os casos de turnover de janeiro a março de 2012. As informações necessárias

para analisar qualitativamente serão coletadas no banco de dados da empresa, através de

pesquisa de clima, entrevistas de desligamentos, alertas de turnover e também o histórico de

quem deixou a unidade no último ano.

Os autores Marconi e Lakatos (2001) corroboram que o estudo de caso compreende

algumas etapas, são elas: definição do problema, definição das ferramentas que serão

utilizadas, coleta dos dados, analise e interpretação dos dados e o relatório do resultado da

pesquisa.

Yin (1984) afirma que um estudo de caso pode ser:

Explorativo

Descritivo

Explanatório (causal)

Ventura (2007) aponta a possibilidade da definição de quatro fases relacionadas no

delineamento do estudo de caso como metodologia de investigação:

Delimitação da unidade caso

Coleta de dados

Seleção

Análise e interpretação dos dados

Elaboração do relatório de caso.

De acordo com André (1984) algumas das características ou princípios gerais que

são freqüentemente associados ao estudo de caso são os seguintes:

a. Os estudos de caso buscam a descoberta. Mesmo que o investigador parta de

alguns pressupostos que orientam a coleta inicial dos dados, ele estará

constantemente atento a elementos que podem emergir como importantes durante

o estudo, aspectos não previstos, dimensões não estabelecidas a priori. A

compreensão do objeto se efetua a partir dos dados e em função deles.

b. Os estudos de caso enfatizam “a interpretação em contexto”. É um pressuposto

básico desse tipo de estudo que uma apreensão mais completa do objeto só é

possível se for levado em conta o contexto no qual se insere.

c. Estudos de caso procuram representar os diferentes, e às vezes, conflitantes pontos

de vista presentes numa situação social. Neste tipo de estudo o pesquisador se

propõe a responder as múltiplas e geralmente conflitantes perspectivas envolvidas

numa determinada situação. Ele o faz, principalmente, através da explicitação dos

princípios que orientam as suas representações e interpretações através do relato

das representações e interpretações dos informantes.

d. Os estudos de caso usam de uma variedade de fontes de informação. Ao

desenvolver o estudo de caso o pesquisador faz uso freqüente da estratégia de

triangulação, recorrendo para isso a uma variedade de dados, coletados em

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diferentes momentos, em situações variadas e provenientes de diferentes

informantes.

e. Os estudos de caso revelam experiência vicária e permitem generalizações

naturalísticas. O pesquisador procura descrever a experiência que ele esta tendo no

decorrer do estudo, de modo que, os leitores possam fazer suas “generalizações

naturalísticas”.

f. Os estudos de caso procuram retratar a realidade de forma completa e profunda.

Esse tipo de estudo pretende revelar a multiplicidade de dimensões presentes

numa dada situação, focalizando-a como um todo, mas se deixar de enfatizar os

detalhes, as circunstâncias, específicas que favoreçam uma maior apreensão desse

todo.

g. Os relatos de estudos de caso são elaborados numa linguagem e numa forma mais

acessível do que outros tipos de pesquisa. A própria concepção de estudo de caso

implica que os dados podem ser apresentados numa variedade de formas, tais

como colagens, dramatizações, fotografias, apresentações orais, auditivas, visuais

ou uma combinação delas. Os relatos escritos apresentam geralmente, um estilo

informal, narrativo, ilustrado por figuras de linguagem, citações, exemplos e

descrições.

Com todos os dados necessários levantados serão exploradas as ferramentas da

Qualidade, entre elas o método PDCA, que pretende ser o foco do trabalho. Durante e após a

execução do método os dados serão analisados e interpretados, a fim de identificar o perfil do

turnover e saber as causas fundamentais do turnover também.

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2 HISTÓRICO DA EMPRESA

Com atuação em 14 países do mundo, a empresa fundou sua primeira unidade no

estado de Santa Catarina em 1994, produzindo uma de suas marcas mais tradicionais. Na fase

inicial, a empresa contava com apenas duas linhas de produção com capacidade de 2 milhões

de hectolitros por ano, contando com aproximadamente 250 funcionários.

No ano de 2002 a Companhia investiu nesta unidade cerca de R$ 8 milhões em

equipamentos e infra-estrutura. Novamente, em 2006, a unidade recebeu investimentos para

construção de mais uma linha de produção.

Atualmente a unidade possui quatro linhas de produção e aproximadamente 500

funcionários. Ocupa uma área de 64.344m2. A unidade abastece os mercados de Santa

Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. A produção média diária da unidade é de 17 mil

hectolitros. E esta unidade é a maior arrecadadora de impostos da cidade onde está instalada.

Como fonte de energia, a unidade conta com uma caldeira à óleo e outra de

biomassa, está tem capacidade energética para gerar 32 toneladas de vapor/hora e usa como

combustível, algumas fontes de energia renovável, como o cavaco.

A missão da empresa é criar vínculos fortes e duradouros com seus clientes e

consumidores e visão de ser a melhor empresa de bebidas do mundo, em um mundo melhor.

Por ter visão bastante desafiadora, a empresa trabalha com metas também desafiadoras. A

cultura da empresa é baseada em dez princípios que são divididos em três grupos:

Sonho

Gente

Cultura.

Esses dez princípios são bem difundidos entre os funcionários, são eles:

1. Nosso sonho nos motiva a trabalhar juntos com um único objetivo: ser a

melhor empresa de bebidas em um mundo melhor.

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2. Pessoas excelentes, com liberdade para crescer em velocidades condizentes

com seus talentos e recompensadas adequadamente, são os ativos mais

valiosos da nossa companhia.

3. Nossos líderes devem selecionar pessoas com potencial para serem

melhores do que eles. Avaliamos nossos líderes pela qualidade das suas

equipes.

4. Nunca estamos completamente satisfeitos com os nossos resultados. Foco e

tolerância zero ajudam a garantir uma vantagem competitiva e duradoura.

5. O consumidor é o patrão. Nós nos relacionamos com os consumidores por

meio de experiências significativas das nossas marcas, unindo tradição e

inovação, sempre de forma responsável.

6. Somos uma Companhia de donos. Donos assumem resultados pessoalmente.

7. Acreditamos que bom senso e simplicidade orientam melhor que

sofisticação e complexidade.

8. Gerenciamos nossos custos rigorosamente para liberar mais recursos e assim

suportar nosso crescimento no mercado.

9. Liderança pelo exemplo pessoal é o melhor guia para nossa cultura.

Fazemos o que falamos.

10. Não pegamos "atalhos". Integridade, trabalho duro e consistência são a

chave para construir nossa Companhia.

Os setores que compõem a unidade são:

Processo;

Packaging;

Logística;

Qualidade;

Meio Ambiente;

Engenharia;

Gente e Gestão;

Segurança.

A Companhia conta com um sistema de gestão e padronização há mais de 10 anos,

que tem como objetivo a melhoria continua de todos os seus processos.

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2.1 Setor da aplicação do estudo

O setor da empresa onde a pesquisa foi desenvolvida chama-se Gente & Gestão,

que é composto por quatro analistas e um gerente, sendo que dois são responsáveis pelo

processo de gestão e os outros dois pelo processo de gente, somente os dois analistas de gente

e o gerente têm acesso a todas as informações relacionadas ao turnover.

São de responsabilidade destes analistas os seguintes processos:

Recrutamento, seleção e integração;

Ambiente de Trabalho;

Engagement;

Remuneração Total;

Reconhecimentos;

Treinamento & Desenvolvimento;

Avaliação de desempenho;

Gestão de carreira;

Desenvolvimento da liderança.

É fundamental ser do conhecimento dos dois analistas de gente estes processos

citados acima, pois podem impactar direta ou indiretamente no índice de turnover.

Todas as informações coletadas através de entrevistas de desligamento, pesquisa de

satisfação organizacional, históricos das pessoas desligadas serão analisadas e interpretadas

primeiramente pelos dois analistas responsáveis e depois pelo grupo de melhoria de resultado.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Ferramentas de Qualidade

As ferramentas da Qualidade foram criadas e vem sendo desenvolvidas para

implementar, desenvolver, checar e melhorar os padrões da qualidade nas organizações. Sua

importância é reconhecida em todo mundo, pois permitem a identificação e solução dos

principais problemas organizacionais.

O propósito é ter ferramentas básicas que sejam fortes, de fácil aplicação e

conhecimento, que podem equipar os participantes, apoiando na resolução dos problemas de

qualidade e controlando-os o mais próximo de sua ocorrência (CORRÊA, 2008).

Para Vieira (2003), as ferramentas dão a confiabilidade ao tomar decisões que dêem

a certeza de que as análises de fatos e tomadas de decisão com base em dados são as

indicadas. Além de gerenciais, as ferramentas são fundamentais e permitem tal procedimento

com base em fatos e dados.

3.1.1 As sete ferramentas básicas da qualidade

As Sete Ferramentas da Qualidade são:

Estratificação;

Folha de Verificação;

Diagrama de Causa e Efeito;

Gráfico de Pareto;

Diagrama de Dispersão;

Histograma;

Carta de Controle.

O principal objetivo de utilizar ferramentas da Qualidade é o de alcançar a melhoria

continua e, consequentemente, aumentar a competitividade da empresa.

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As ferramentas serão da Qualidade serão utilizadas em um primeiro momento para

coletar os dados, posteriormente auxiliaram na análise e interpretação destes dados coletados

anteriormente.

3.1.1.1 Estratificação

É uma ferramenta onde se pretende buscar possíveis origens do problema, também

permite realizar a análise dos dados coletados a partir das buscas de causas que podem ser

classificados em subgrupos.

Os fatores equipamentos, insumos, pessoas, métodos, medidas e condições

ambientais são categorias naturais para a estratificação de dados.

De acordo com Campos (1992) estratificar é um método para ir à procura de um

problema, ou seja, é uma “análise de processos”. É decompor um problema em “extratos”

(camadas) de problemas de origens diferentes.

Esta ferramenta pode exigir o uso de outras ferramentas analíticas como, por

exemplo, o diagrama de causa e efeito, ou de ferramentas para a coleta de dados tais como a

carta de controle ou folha de verificação.

A estratificação pode ser usada em qualquer etapa do ciclo PDCA, porém é mais

utilizada durante a coleta dos dados, nesta etapa é muito importante registrar todos os fatores

que sofrem alterações, só assim será possível encontrar os principais contribuintes do

problema.

3.1.1.2 Folha de verificação

A lista de verificação ou folha de verificação é uma ferramenta bastante utilizada

nas indústrias e pode ser a base para a construção do gráfico de Pareto.

A folha de verificação é um formulário físico ou virtual utilizado para tabular dados

de uma observação amostral, identificando a freqüência dos eventos previamente selecionados

em um período determinado (RODRIGUES, 2004).

Como mostra a figura número 1, a folha de verificação deve ser o mais simples

possível, pois a responsabilidade de preenchimento da mesma é no nível operacional de

qualquer organização. O entendimento da folha de medição deve ser garantido para que

preenchimento seja confiável.

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FIGURA 1 - Exemplo de folha de verificação

(Fonte: RODRIGUES, 2004)

Essa ferramenta é utilizada quando é feito levantamento de dados no local para

busca de problemas ou causas de um problema. Com a lista de verificação, é possível

responder com qual freqüência ocorre o problema ou causa.

De acordo com Vieira (2003), existem algumas etapas para elaboração de uma lista

de verificação, conforme mostra a figura 2:

Estabelecer exatamente o que será verificado.

Período em que os dados serão coletados.

Formulário bem claro de fácil manuseio.

Os dados apurados deverão ser consistentes e confiáveis.

O responsável por colher os dados deve ser conhecedor do assunto.

FIGURA 2 - Cuidados ao construir uma folha de verificação

(Fonte: RODRIGUES, 2004)

As duas principais finalidades da Folha de verificação (KUME, 1989) são:

Facilitar a coleta de dados.

Organizar os dados simultaneamente à coleta, para que possam ser facilmente usados

mais tarde.

O objetivo da folha de verificação é coletar dados, que deverão ser processados e

analisados, identificando as causas e freqüências que o problema ocorre. Assim as ações de

correção serão concentradas naquelas onde houver maior ocorrência.

A utilização da folha de verificação facilita a coleta de dados no nível operacional e

para o nível gerencial da empresa ajuda na interpretação para encontrar as causas raízes do

problema.

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20

3.1.1.3 Diagrama de Causa e Efeito

Criado em 1953 por Kaoru Ishikawa, professor da Universidade de Tóquio. Kaoru

sintetizou as opiniões dos engenheiros de uma fábrica na forma de um diagrama de causa e

efeito, enquanto eles discutiam um problema de qualidade. Considera-se como sendo aquela a

primeira vez que foi utilizada esta abordagem.

O Diagrama de Causa e Efeito, também conhecido como Diagrama de Ishikawa ou

Espinha de Peixe, é uma representação gráfica que permite a organização de informações por

semelhanças e visa estabelecer a relação existente entre um resultado de um processo (efeito)

e os fatores (causas) do processo, que por razões técnicas, possam afetar o resultado

considerado. É bastante comum a utilização de outros tipos de técnicas, como o

“brainstorming” para a busca de das possíveis causas.

Além de resumir as possíveis causas do problema, o diagrama de Causa e Efeito

também atua como um guia para identificação da causa fundamental do problema e a

determinação das ações que deverão ser adotadas (VIEIRA, 2003).

FIGURA 3 - Diagrama de Causa e Efeito

(Fonte: o Autor)

Na figura 3, como exemplo, é apresentado um diagrama 6M, um dos mais

utilizados como suporte. Um detalhamento deste diagrama poderia ser realizado a partir dos

fatores que condicionam cada uma das variáveis M, por exemplo:

Mediçao: dependo do formato e como é medido o processo.

Mão-de-obra: depende de treinamento, supervisão e motivação.

Máquina: depende de manutenção, adequação, capacidade e instrumentação.

Material: depende de estocagem, qualidade, especificação, rendimentos e perdas.

Meio Ambiente: depende das características físicas do ambiente de trabalho.

Método: depende de processo de fabricação, fluxo, tolerância e instrumentação.

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21

Esta ferramenta além de contribuir para a solução do problema motiva o trabalho

em equipe e envolve os membros com as causas e os objetivos da organização.

3.1.1.3.1 Etapas para construção de um diagrama de Causa e Efeito

Para Rodrigues (2004), existem algumas etapas para a concepção de um Diagrama

de Causa e Efeito:

Etapa 1: Definir e delimitar o problema (efeito) a ser analisado.

Etapa 2: Convocar a equipe para análise do problema e definir a metodologia a ser

utilizada.

Etapa 3: Definir as principais categorias e buscar as possíveis causas, coletando junto

à equipe o maior número possível de sugestões (causas).

Etapa 4: Construir o diagrama no formato “espinha de peixe” e agrupar as causas nas

categorias previamente definidas (mão-de-obra; máquinas; métodos; materiais;

meio ambiente; ou outras de acordo com a especificidade do problema em

análise).

Etapa 5: Detalhar cada causa identificada “preenchendo o diagrama”.

Etapa 6: Analisar e identificar no diagrama as causas mais prováveis.

Um exemplo do uso do Diagrama de Causa e Efeito (Rodrigues, 2004), é

identificar o problema (efeito) “Demora em usar o Banheiro”, figura 4. As principais

categorias para análise são: materiais, mão-de-Obra, métodos e máquinas.

FIGURA 4 - Exemplo de diagrama de causa e efeito – demora em usar o banheiro

(Fonte: RODRIGUES, 2004)

Para que não se esqueça nenhuma informação importante, é necessário que nesta

etapa estejam presentes o maior número de pessoas envolvidas com o problema.

Page 23: SILVA_2012 - Utilizaçao Das Ferramentas Da Qualidade No Controle de Turnover Em Industria de Bebidas

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3.1.1.4 Gráfico de Pareto

O nome desta ferramenta se originou no trabalho de Vilfredo Pareto (1848-1923),

economista italiano que viveu no século XIX. Em um de seus estudos de economia sobre

distribuição de renda concluiu que 20% da população ficam com 80% da arrecadação,

enquanto que para 80% da população restam apenas 20% da arrecadação.

O Gráfico de Pareto, também conhecido como Diagrama de Pareto, é um gráfico de

barras verticais que permite determinar quais problemas resolver e quais causas atuar

prioritariamente de forma evidente e visual. Ele deve ser construído tomando como suporte

uma Lista de Verificação, que fornecerá os dados.

Segundo Rodrigues (2004), este diagrama é importante para explicar os problemas

prioritários de um processo, através da relação 20/80 (20% das causas explicam 80% dos

problemas) conforme mostra a figura 5.

FIGURA 5 - Gráfico de Pareto

(Fonte: RODRIGUES, 2004)

Para Rodrigues (2004) o Gráfico de Pareto é largamente utilizado em todos os

níveis organizacionais e constitui-se em importante instrumento para análise, planejamento e

implantação de melhorias aos processos.

A base para o gráfico de Pareto é a lista de verificação. Assim, com número de

freqüência de ocorrências, faz-se a construção do gráfico:

Eixo horizontal: assuntos, ou causas, ou problemas.

Eixo vertical esquerdo: escala de zero ao total da soma das ocorrências.

Eixo vertical direito: escala de zero a 100%, acompanhando a escala do eixo

vertical esquerdo.

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Para Kume (1989), existem dois Gráficos de Pareto, o por Efeitos e por Causas.

3.1.1.4.1 Diagrama de Pareto por efeito

Este é um diagrama que se refere aos seguintes resultados indesejáveis:

Qualidade: defeitos, erros, falhas, reclamações, devoluções, reparos.

Custo: montante de perdas, gastos.

Entrega: falta de estoques, falta de pagamentos, atrasos na entrega.

Segurança: acidentes, enganos, quebras.

Este tipo de diagrama irá ordenar estes problemas apresentados pela empresa, de

maneira que seja possível identificar o maior problema.

3.1.1.4.2 Diagrama de Pareto por causa

Este é um diagrama que se refere às causas no processo, e é utilizado para descobrir

qual é a maior causa do problema.

Operador: turno, grupo, idade, experiência, habilidade, identidade da pessoa.

Máquina: máquinas, equipamentos, ferramentas, organizações, modelos,

instrumentos.

Matéria-prima: fabricante, fábrica, lote, tipo.

Método de operação: condições, ordens, preparativos, métodos.

Neste diagrama são ordenadas as causas de cada problema apresentado pela

empresa.

3.1.1.5 Diagrama de Dispersão

O Diagrama de Dispersão é uma ferramenta que permite identificar a existência e a

intensidade do relacionamento (correlação – r) entre duas variáveis. É representada por uma

matriz ou gráfico, no qual cada ponto plotado representa um par observado de valores para as

variáveis em questão: variável dependente (eixo vertical) e variável independente (eixo

horizontal) (RODRIGUES, 2004).

Paladini (1997) afirma que os Diagramas de Dispersão resultam de simplificações

efetuadas em procedimentos estatísticos usuais e são modelos que permitem rápido

relacionamento entre as causas e efeitos. O Diagrama cruza informações de dois elementos

para os quais estuda a existência (ou não) de uma relação.

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A figura 6 mostra os tipos de relação que podem ser apresentadas pelos Diagramas

de Dispersão.

FIGURA 6 - Exemplo de Diagrama de Dispersão

(Fonte: PALADINI, 1997)

O diagrama de dispersão contribui para acrescentar a eficiência dos métodos de

controle do processo, facilitando a identificação de possíveis problemas e auxiliando no

planejamento das ações de melhorias a serem tomadas, pois permite identificar se há

relacionamento entre duas variáveis de uma análise e sua intensidade.

3.1.1.6 Histograma

Histogramas são diagramas de barras verticais de distribuição de freqüência de um

conjunto de dados numéricos. Tem por finalidade apresentar a variabilidade dos dados em um

determinado período, que é representado pela barra horizontal.

Sua utilização permite visualizar de uma forma clara e fácil como está se

comportando a variação de uma determinada característica.

Segundo Rodrigues (2004), na hora de fazer um histograma, é importante saber:

1. O histograma apresenta a tendência de um processo em um determinado período.

2. A forma do histograma explicita o tipo de variação ocorrida.

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3. Quanto maior a quantidade de dados, mais precisa será a informação sobre a

variabilidade do processo.

4. Não é aconselhável tirar conclusões definitivas apenas com a análise de um

histograma, é preciso recorrer a outras ferramentas.

3.1.1.6.1 Histogramas: quanto à forma

Existem algumas formas de histogramas, são eles (figura 7):

FIGURA 7 - Histogramas quanto à forma

(Fonte: RODRIGUES, 2004)

O histograma deve ser utilizado junto com a folha de medição, que irá registrar as

ocorrências.

3.1.1.6.2 Histogramas: quanto aos limites de especificação

Os limites de especificação (LE), superior (LSE) e inferior (LIE), são limites de

tolerância definidos de acordo com os requisitos do cliente e garantem a consistência e a

variabilidade desejada ou admitida pelo mercado/cliente (RODRIGUES, 2004) conforme

figura 8.

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FIGURA 8 - Histograma quanto aos limites de especificação

(Fonte: RODRIGUES, 2004)

3.1.1.7 Carta de controle

Carta de controle ou Gráfico de Controle é a forma de explicar o Controle

Estatístico do Processo – CEP. Foi estudado e utilizado inicialmente em 1920 e tinha como

objetivo controlar a qualidade, e não somente verificá-la após o processo realizado. Já em

1922, estabeleceu o conceito de tolerância de um lote e, em 1924, usou-se pela primeira vez o

gráfico de controle de qualidade de produtos de fabricação (RODRIGUES, 2004).

De acordo com Corrêa (2008), o objetivo das cartas é o de manter o controle de um

processo através do acompanhamento do comportamento de uma ou várias medidas

importantes resultantes desse processo.

Os Gráficos de Controle geralmente analisam dois tipos de limite: limites de

especificação e limites de controle. Os limites de especificação (LE) são definidos de acordo

com as especificações do cliente e garante a capacidade do processo. Os limites de controle

(LC) indicam a situação desejada e o desempenho do processo. Eles são calculados

estatisticamente (RODRIGUES, 2004).

Os gráficos de controle, com a utilização das medidas estatísticas, são ferramentas

de baixo custo, que buscam identificar as causas para melhoria do processo, conforme a figura

9. Estas ferramentas são atualmente muito utilizadas, principalmente nos meios de produção

(RODRIGUES, 2004).

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FIGURA 9 - Carta de controle

(Fonte: RODRIGUES, 2004)

Os processos podem sofrer variações na qualidade decorrentes de causas de dois

tipos, causas comuns ou aleatórias e causas especiais ou assimiláveis.

As causas comuns, ou aleatórias, são aquelas naturais, inerentes ao processo. Neste

caso, a variabilidade se mantém em uma faixa estável.

As causas especiais, ou assimiláveis, acontecem esporadicamente, inerentes de

algum evento que pode interferir negativamente no produto.

3.2 Método PDCA

O ciclo PDCA é um método gerencial de tomada de decisões para garantir o

alcance das metas necessárias e assim a sobrevivência das empresas (VIEIRA, 2003).

Este método é bastante utilizado na busca da melhoria contínua tão necessária à

continuidade dos negócios. A maioria das empresas ativamente envolvidas com melhoria

contínua treina suas equipes de trabalho para usar o ciclo PDCA.

Para Campos (1992), o ciclo PDCA consiste na percepção do problema, na busca

de suas causas, na seleção das causas principais e elaboração de um plano de ação.

Esse método consiste em quatro estágios, como mostra a figura 10.

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FIGURA 10 - PDCA – Métodos de controle de processos

(Fonte: CAMPOS, 1992)

P = do verbo to plan ou planejar. Nesta etapa, são definidas as metas que se deseja

atingir. Estas metas devem ser cuidadosamente definidas e algumas informações são

extremamente importantes, como conhecer as tendências do mercado ou saber o que deseja o

cliente. Definidas as metas, deve-se definir os métodos para atingi-las. Nesta etapa também

são definidos os procedimentos que serão seguidos para alcançar as metas estabelecidas

(VIEIRA, 2003).

D = do verbo to Do ou executar. Nesta etapa a equipe implementa o plano e

monitora o progresso. Os dados são coletados continuamente para medir as melhorias no

processo (KRAJEWSKI, 2009).

C = do verbo to Check ou verificar. Esta é uma etapa puramente gerencial, que

verifica se o que foi executado está de acordo com as metas estabelecidas. Na etapa anterior,

são coletados dados das ações e estes dados são analisados nesta etapa e comparados com o

planejado (VIEIRA, 2003).

A = do verbo to Act ou atuar. Aqui a atuação é corretiva, ou seja, caso a operação

realizada não esteja de acordo com o planejado, deve-se atuar corretivamente através de

planos de ação (VIEIRA, 2003). Se os resultados são bons, a equipe documenta o processo

revisado de modo que ele se torne o procedimento normal para que todos que possam usá-lo.

A equipe pode, então, treinar outros funcionários no uso do processo revisado (KRAJEWSKI,

2009).

No caso de solução de problemas. As etapas P, D, C, A podem ser traduzidas

conforme a tabela 1.

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TABELA 1 - Ciclo PDCA

(Fonte: CAMPOS, 1992)

3.3 Plano de ação

O plano de ação é de fácil utilização, bem como das mais importantes

ferramentas para planejar as ações que serão executadas (VIEIRA, 2003).

A ferramenta 5W2H é um formulário para execução e controle de tarefas que

atribui responsabilidades e determina as circunstâncias em que o trabalho deverá ser

realizado. O nome desta ferramenta foi assim estabelecido por juntar as primeiras letras dos

nomes (em inglês) das diretrizes utilizadas neste processo. A figura 11 pode ver cada uma

delas e o que elas representam:

FIGURA 11 - Significado de 5W2H.

(Fonte: VIEIRA, 2003)

A adoção do 5W2H para determinar as atividades que precisam ser desenvolvidas,

traz mais clareza às partes envolvidas. Ela mapeia as atividades que devem ser realizadas

ficando estabelecido o que será feito, quem fará o quê, em qual período de tempo, em qual

área da empresa e todos os motivos pelos quais esta atividade deve ser feita (RODRIGUES,

2004).

Na figura 12 mostra um formulário exemplo da tabela 5W2H:

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FIGURA 12 - Formulário do plano de ação

(Fonte: VIEIRA, 2003)

A execução das ações deste plano é fundamental para que se alcancem os objetivos

propostos, pois nesta etapa estão evidenciadas as ações preventivas e corretivas para a solução

do problema.

3.4 Turnover

É conhecido também por “rotatividade” de pessoas, que na verdade é o número de

pessoas que são desligadas de uma empresa, por conseqüência de alguns fatores, sejam eles

internos ou externos. Geralmente este número é representado por um índice que é calculado

da seguinte forma:

Dados:

Funcionários desligados no mês: 5

Total de funcionários no mês: 490

Então: 5 / 490 = 0,1020 x 100 = 1,02%

Neste exemplo a empresa tem um índice de turnover no referido mês de 1,02%.

Fazer a gestão deste item é fundamental para todas as empresas, principalmente

aquelas que buscam competividade, excelência e claro, a melhoria contínua.

Perder pessoas é perder conhecimento, capital intelectual e isso afeta diretamente a

produtividade, eficiência e eficácia. Outro impacto é no comprometimento e satisfação das

n. de funcionários desligados

x

= --------------------------------------------- x 100

total de funcionários no mesmo período

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31

pessoas e no clima organizacional por conseqüência. Além destes, ainda tem o custo, que é

primordial para todas as organizações. É nesse sentido, que as organizações precisam buscar

mecanismo para manter seus colaboradores com um nível elevado de motivação, para que

continuem a produzir com o desempenho máximo.

Segundo Muchinsky (2004) turnover costuma ser chamado de comportamento de

afastamento porque refletem o distanciamento do funcionário de uma condição nociva de

trabalho.

O turnover pode ser ocasionado por vários fatores, entre eles a política salarial

adotada pela empresa; a política de benefícios, oportunidades de progresso profissional

oferecidas pela empresa; tipo de supervisão; a política disciplinar; as condições físicas

ambientais de trabalho; a motivação do pessoal; problemas com recrutamento e seleção.

O turnover não é uma causa, mas o efeito, a conseqüência de certos fenômenos

localizados interna e externamente à organização que condicionam a atitude e o

comportamento do pessoal (CHIAVENATO, 2004).

Brannick (1999) afirma que a rotatividade se manifesta em função principalmente

dos seguintes fatores: a relação deficiente entre o funcionário e a cultura organizacional; o

treinamento inadequado; a falta de incentivos; as políticas organizacionais. Enquanto para

Epstein (1999), a maioria dos gerentes acredita que o salário é a grande preocupação dos

trabalhadores, negligenciando o fato de que as pessoas necessitam de outros fatores de

compensação.

Em geral, quanto menos as pessoas gostam de seu trabalho, maior a probabilidade

de elas o deixarem. Essa relação pode ser influenciada por vários fatores, inclusive a

disponibilidade de outro trabalho. As pessoas preferem suportar um trabalho insatisfatório a

ficarem desempregadas. Inversamente, quando há outro emprego prontamente disponível, é

maior a probabilidade de que os trabalhadores abandonem o emprego insatisfatório. (Carsten

e Spector, 1987).

Mobley (1992) diz que para compreender e gerenciar o turnover é necessário

integrar as perspectivas individuais, organizacionais e ambientais; reconhecer as

conseqüências, tanto positivas quanto negativas; avaliar baseando-se em dados econômicos e

de custos, nas percepções de empregado, em dados sobre comportamentos e atitudes; num

todo, dados do empregado e da organização.

Ainda segundo Mobley (1992), para avaliar os fenômenos que provocam o

turnover é necessário avaliar o comportamento individual de cada um. Sendo assim é preciso

se preocupar em observar como o individuo avalia sua situação econômica, vários fatores

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organizacionais, e modo como ele integra os fatores ligados ao trabalho e os que não têm

relação, ou seja, a maneira como ele relaciona sua vida pessoal e profissional.

No contexto atual, a competitividade está cada vez mais dependente da capacidade

de geração de conhecimentos que uma organização possui. Portanto, as pessoas assumem

papel primordial.

3.4.1 Clima Organizacional

Segundo Siqueira (2008) “Clima organizacional é um conceito importante para a

compreensão do modo como o contexto do trabalho afeta o comportamento e as atitudes das

pessoas neste ambiente, sua qualidade de vida e o desempenho da organização”.

Com a globalização, velocidade da informação, as pessoas tornam-se o diferencial

competitivo. Isso faz com que as empresas busquem identificar as percepções compartilhadas

pelos colaboradores de diversos aspectos da organização, pois o clima organizacional pode

influenciar no rendimento, motivação e satisfação dos colaboradores. Por muito tempo

satisfação e motivação no trabalho estiveram juntas nas teorias que tratavam das

características individuais responsáveis por comportamentos de trabalho.

Vroom (1964) desenvolveu seu modelo de motivação considerando cinco grandes

grupos de resultados do trabalho, a saber: a provisão de salário, o dispêndio de energia física e

mental, a produção de bens e serviços, as interações sociais com outras pessoas e o status

social.

Pelos padrões de hoje, as condições do ambiente de trabalho da década passada

seriam inaceitáveis. Muitas vezes o trabalho era executado sob condições inseguras, não havia

escritórios com ar-condicionado. Imagina-se que os trabalhadores atuais, que desfrutam de um

ambiente de trabalho favorável, estariam satisfeitos, mas não é o que acontece.

Satisfação no trabalho é um conceito integrado por várias dimensões. As que

conseguiram manter-se ao longo de décadas foram cinco: satisfação com o salário, com os

colegas de trabalho, com a chefia, as promoções e com o próprio trabalho. É também tida

como um fator com capacidade de predizer diferentes comportamentos de trabalho tais como

produtividade, desempenho, rotatividade e absenteísmo.

3.4.2 Comprometimento Organizacional

Também conhecido como engagement, Meyer e Allen (1991) conceitualizam o

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33

comprometimento organizacional em três componentes:

Comprometimento como um apego, ou afetivo, com a organização;

Comprometimento percebido como custos associados a deixar a

organização, e,

Comprometimento como uma obrigação em permanecer na organização.

Uma das maneiras de assegurar o comprometimento na organização é de vincular

indicadores de performance ou processo aos colaboradores e implantar uma cultura de

ownership¹.

Eisenberger e colaboradores (1986) introduziram o conceito de Percepção de

Suporte Organizacional (PSO) no campo de estudos do comportamento organizacional. Os

estudos acerca de PSO focalizaram a sua capacidade de explicar e predizer indicadores que

interessam às empresas, tais como comprometimento organizacional, satisfação no trabalho,

desempenho e produtividade. De acordo com este estudo, quanto mais os colaboradores

percebem o suporte da organização, mas se comprometem com ela.

Nas palavras de Margareth Mead: “Não duvide de um pequeno grupo inteligente de

cidadãos comprometidos não possa mudar o mundo. Esta é, aliás, a única forma de conseguí-

lo”.

O ponto mais interessante é que diversos trabalhadores têm diferentes fatores

motivacionais, têm modos de satisfação distintos e também têm diferentes contribuições a

fazer à organização. Alguns fatores se inter-relacionam no processo motivacional, são eles:

dinheiro, aspectos sociais, o trabalho em si e perspectivas de crescimento.

No trabalho em si, para Tânia Casado (2002), a rotinização das tarefas reduzem a

possibilidade de o trabalhador sentir satisfação no trabalho, o que faz com que a busque em

outro lugar. Assim o relacionamento com os colegas aparece como uma possibilidade de

satisfação.

Anos atrás, outra estratégia motivacional começou a ser utilizada, fazer com que os

colaboradores se sentissem importantes, estimulando a comunicação, capturando idéias e

opiniões e também fossem ouvidos, porém não alcançou o objetivo esperado que era

aumentar a motivação e satisfação.

Ainda segundo Tânia Casado (2002) quanto a remuneração, foram encorajados os

sistemas de incentivos em grupo, como as participações nos resultados da empresa.

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3.4.3 Liderança

Maccoby (1977) define liderança com base em quatro grandes funções: pôr em

funcionamento uma política, conceber uma estratégia, mobilizar equipes e fazer alianças

criando uma cultura de empresa que seja motivadora.

O processo de liderança pode ser percebido em diversas situações: na família, na

escola, no esporte, na política, no trabalho, no comércio, na vida publica ou em espaços

privados. A liderança é considerada um processo social onde se estabelecem relações de

influência entre as pessoas. Qualquer pessoa é capaz de exercer influência sobre as outras e,

portanto, toda pessoa é potencialmente, um líder.

Atualmente os líderes estão sendo preparados para serem catalisadores de talentos

na formação de novas competências e garantia de resultados em processo competitivos.

Para Muchinsky (2004) liderança implica proporcionar uma visão do futuro e

inspirar outras pessoas a encontrar maneiras de tornar essa visão uma realidade.

Kolb e colaboradores (1978) classificam como os principais problemas do

cotidiano de um líder a responsabilidade e a autoridade, a delegação, o estabelecimento de

objetivos, o controle, a avaliação de desempenho, a formação de equipes e o manejo de

clientes.

A postura do gestor não se dá no sentido de manipular, mas de estabelecer com os

demais empregados uma parceria na qual as habilidades de cada um, bem como seus

objetivos, sejam considerados nos caminhos da consecução dos objetivos organizacionais.

O líder só se mantém líder enquanto estiver atendendo às expectativas e às

necessidades de seus liderados e demais envolvidos. Para isso o líder deve buscar, sob a

influência e a aceitação do próprio grupo, o alcance de metas e objetivos específicos através

de mobilização, motivação, informação e comunicação, manejo e solução de conflitos,

estabelecimento de estratégias e definição de políticas.

3.5 Teorias Motivacionais

Existem várias teorias que explicam a motivação, cada uma com a sua forma.

Todas elas de uma maneira e nenhuma representa a verdade absoluta sobre o tema.

Segundo Tânia Casado (2002) a motivação tem sido vista como uma saída para

melhorar o desempenho profissional no que diz respeito tanto à produtividade quanto à saúde

organizacional e à satisfação dos trabalhores.

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35

3.5.1 Abraham Maslow: Teoria da hierarquia das necessidades

Sem dúvida, é a teoria mais lembrada, quando se fala em motivação. Apresentada

por Abraham Maslow em 1943. Maslow concebe a motivação com algo constante, infinito e

complexo encontrado em todos os seres humanos. “À medida que satisfaz um desejo,

sobrevém outro que quer ocupar seu lugar. Quando este é satisfeito, surge outro ao fundo. É

característica do ser humano, em toda a sua vida, sempre desejar algo”. (Maslow, 1954).

A classificação dos objetivos humanos, proposta por Maslow resulta em cinco

necessidades que direcionam o comportamento:

Necessidades fisiológicas;

Necessidades de segurança;

Necessidades sociais e de amor;

Necessidades de auto-estima;

Necessidades de auto-realização.

Embora a teoria de Maslow seja uma das mais conhecidas, existem poucas

pesquisas sobre suas predições do comportamento humano. Dentre os estudos existentes, os

resultados alcançados mostram que trabalhadores de níveis mais baixos tendem a preocupar-

se mais com as necessidades de baixa ordem (fisiológicas e de segurança), enquanto gerentes

e trabalhadores de um nível mais alto voltam-se mais para o atendimento das necessidades de

alta ordem (auto-estima e auto-realização).

3.5.2 Clayton Alderfer: Outro teórico da hierarquia das necessidades

Alderfer (1969) propõe um modelo de entendimento dos processos motivacionais

que também parte de uma hierarquia, contudo apresenta algumas diferenças em relação ao de

Maslow.

Para Alderfer, existem três níveis de necessidades – exitencia, relacionamento e

crescimento -, que combinam os cinco grupos de Maslow.

Se para Maslow uma necessidade de nível mais alto só surge quando as

necessidades menores já foram atendidas, na abordagem da Alderfer todos os níveis atuam

simultaneamente.

3.5.3 Frederick Herzberg: Teoria dos dois fatores

Enquanto outras teorias eram baseadas em inferências e deduções dos teóricos

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ligadas a sua experiência, Herzberg elaborou uma teoria alicerçada numa pesquisa na qual

foram entrevistados 200 indivíduos, entre engenheiros e contadores.

Nessa pesquisa, perguntava-se em primeiro lugar a respeito de situações em que os

entrevistados se sentiram excepcionalmente bem no trabalho. Em seguida, questionava-se

sobre os momentos em que se sentiram especialmente mal em seu trabalho.

Os resultados da pesquisa, publicados em 1959, indicavam que o homem tem dois

blocos de necessidades: um atendido por fatores de natureza intrínseca e outro atendido por

fatores de natureza extrínseca. Esses dois blocos levaram Herzberg a teoria dos dois fatores:

os fatores de motivação (intrínsecos) e os fatores de higiene (extrínsecos). Na teoria dos dois

fatores, um deles se relaciona com a satisfação (fatores de motivação) e o outro com a

insatisfação (fatores de higiene).

Sinteticamente, pode se estabelecer uma comparação entre os fatores de Herzberg e

a hierarquia de necessidades de Maslow e de Alderfer. (Figura 13). Os fatores higiênicos

estão associados às necessidades de baixa ordem.

Maslow Alderfer Herzberg

Auto-realização Crescimento Fatores motivacionais

Auto-estima

Sociais

Segurança

Necessidades fisiológicas

Relacionamento

Existência

Fatores higiênicos

FIGURA 13 - Hierarquia de Maslow e Alderfer, e os fatores de Herzberg

(Fonte: Casado, 2002)

3.5.4 Teoria da determinação de metas de Edwin Locke

Edwin Locke (1968) apresentou sua teoria baseada na necessidade que as pessoas

têm de vislumbrar objetivos claros e diretrizes bem definidas. Assim, a definição de metas

claras e especificas para os trabalhadores, contribui, segundo esta teoria, para a satisfação das

necessidades dos indivíduos. O papel do gestor, portanto, será o de definir e clarificar metas

para seus liderados, o que os fará empregar determinado esforço na sua consecução.

Locke (1968) também assinala que metas com razoável grau de dificuldade e

definidas com a participação dos empregados produzem melhores resultados do que metas

muito fáceis ou que foram definidas sem a participação dos envolvidos na sua consecução.

Para o gestor que trabalha sob orientação dessa teoria, é muito importante fornecer

feedback adequado para seus liderados, pois ajuda a manter seu desempenho alinhado com os

objetivos.

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3.5.5 Teoria da equidade

Entre os estudiosos que elaboraram a teoria, está E. Lawler. Ele conduziu inúmeras

pesquisas na abordagem da equidade, notadamente no tema remuneração de empregados.

O grau de equidade é definido em termos da razão entre a entrega individual (o

esforço, por exemplo) e a recompensa (o pagamento), comparada a uma relação similar para

outra pessoa que seja relevante em termos de comparação.

Se um indivíduo acha que está sendo menos recompensado quando comparado a

outros, ele se sente insatisfeito e procura formas alternativas de eliminar a equidade. A teoria

da equidade é vista como uma teoria de processo, enquanto as teorias de Maslow e Herzberg

são teorias de conteúdo.

Lawler observou que as pessoas tendem a superestimar os salários daqueles aos

quais se comparam. Como já foi dito anteriormente, os indivíduos procuram modos de

eliminar a iniqüidade, seja pelo aumento ou diminuição dos insumos (entregas), seja pelos

produtos (recompensas).

Esta teoria também é chamada de teoria da comparação social.

3.5.6 Teoria da expectativa de Victor Vroom

Victor Vroom propôs sua teoria voltada especificamente para o ambiente de

trabalho. É considerada uma teoria de processo, pois nela, assim como na teoria da equidade,

o que esta sendo estudado é a relação entre variáveis, mais do que a variável em si mesma.

Para explicar melhor seus pressupostos, Vroom (1975) apresenta três conceitos:

Valência, expectativa e força.

A teoria da expectativa vê o individuo como um ser pensante que tem desejos e

crenças e atua como base na antecipação e no planejamento dos eventos de sua vida,

colocando em suas ações o esforço adequado e a direção apropriada de modo a atingir seus

objetivos.

Com base no conhecimento dos autores citados será promovido o desenvolvimento

da pesquisa a seguir, buscando aplicar as ferramentas sugeridas, identificando o perfil do

turnover, assim como as causas da sua ocorrência que direcionarão a forma de controle e

redução do índice de turnover.

Page 39: SILVA_2012 - Utilizaçao Das Ferramentas Da Qualidade No Controle de Turnover Em Industria de Bebidas

38

4 MÉTODOS E RESULTADOS

4.1 Ciclo PDCA

O ciclo PDCA consiste na detecção do problema, na procura de suas causas e na

elaboração de um plano de ação para neutralizar a causa do problema. Para cada etapa pode

ser usada diversas ferramentas.

Na etapa P, do ciclo PDCA, onde é a etapa de planejamento, deve-se conhecer o

problema de forma consistente, para que assim possa entender o processo. Uma análise crítica

do processo pode facilitar a detecção e a origem do problema, mas antes de tudo o problema

deve estar bem definido.

Para identificar o problema deve existir uma forma confiável de controle e

acompanhamento, que mostre o acompanhamento desse problema em um determinado

período. O uso de gráficos ou tabelas é ideal para se obter o acompanhamento.

Identificado o problema é necessário obter informações, podendo ser de várias

maneiras: analisando o local de ocorrência, levantamento de dados históricos, utilização de

ferramentas de qualidade, estratificação dos dados existentes, medições, analises de

processos, entre outros.

Levantadas as informações, devem ser analisadas de forma a identificar as causas

potenciais. Para identificar as causas potenciais pode ser usado o diagrama de causa e efeito.

As causas mais importantes, geradas no diagrama de causa e efeito, devem ser

tratadas com um plano de ação. Para cada causa são definidas ações específicas, e podendo

ser utilizada é a ferramenta 5W2H, que define: o que será feito (What), quem irá executar

(Who), onde será executada a ação (Where), quando a ação será executada (When), por que a

ação será executada (Why), como será executada a ação (How) e quanto custa a execução

desta ação (How much).

Para a aplicação e execução do plano de ação é necessário divulgar cópias para

todos os envolvidos, verificar se as ações foram cumpridas até a data definida, avaliar seu

desenvolvimento conforme planejado, treinar os colaboradores nas ações a serem

Page 40: SILVA_2012 - Utilizaçao Das Ferramentas Da Qualidade No Controle de Turnover Em Industria de Bebidas

39

implementadas.

Estas etapas são necessárias para o sucesso das ações, sendo que para realizá-las

busca-se o comprometimento de todos os envolvidos.

Após a realização do ciclo PDCA duas situações podem ocorrer:

a) a meta não foi atingida.

Deve-se verificar se todas as ações, proposta no plano de ação, foram implantadas e

realizadas.

Se as ações foram implementadas conforme o plano de ação, isso significa que a

solução apresentada não trouxe os resultados esperados, sendo necessário checar se as causas

foram identificadas corretamente, voltando para o início do estudo.

Caso as ações não foram executadas conforme o plano de ação, deve-se identificar

o por quê não foram executadas as ações.

Um novo plano de ação (5W2H) deverá ser elaborado e implementado para que a

meta sugerida seja alcançada;

b) a meta foi atingida com a implementação da ação corretiva.

Neste caso, a solução necessita ser padronizada sob forma de documentos e deve-se

treinar os envolvidos.

Devem ser comunicadas as modificações aos envolvidos para evitar confusões com

novos sistemas.

Certificar que todos os funcionários estão aptos para executar o padrão, treinando

as pessoas no próprio local de trabalho, identificando a dificuldade de cada um e orientando

da melhor maneira possível.

Antes de começar a metodologia do trabalho, foram analisadas as ferramentas

descritas no referencial teórico. Chegou-se a conclusão que seria utilizado o ciclo PDCA e as

ferramentas necessárias em cada etapa no ciclo, representado pelo quadro 1.

Page 41: SILVA_2012 - Utilizaçao Das Ferramentas Da Qualidade No Controle de Turnover Em Industria de Bebidas

40

Etapa O que fazer? Como fazer? Ferramentas

Identificação do

problema (P)

Identifique a não

conformidade.

Identifique claramente o problema e

reconheça sua importância

- Indicadores

- Estratificação

- Gráficos

Descrição do

Problema (P)

Defina o problema. Levante informações sobre o

problema indo ao local da ocorrência

e questionando os envolvidos.

- Estratificação

- Folha de

verificação

- Gráfico de

Pareto

Análise das causas

do problema (P)

Listar as causas potenciais

e selecionar a causa raiz.

As causas potenciais devem ser

priorizadas com base nos dados

levantados anteriormente.

- Diagrama de

causa e efeito.

- Conceito 6M.

Elaborar um plano

de ação (P)

Manter um plano de ação

para cada causa.

Definir para cada ação:

- o que será feito

- quem irá executar

- onde será executada a ação

- quando a ação será executada

- por que a ação será executada

- como será executada

- quanto custa a execução

- 5W1H

Implementação do

Plano de ação (D)

Implementar e monitorar a

implantação.

Acompanhar permanentemente as

ações.

- 5W1H

Verificar a eficácia

das ações (C)

Comparar as situações

anteriores e posteriores à

implantação.

Analisando a evolução do item do

item de controle antes e depois da

implantação da ação.

- Indicadores

- Gráficos

- 5W1H

Padronização da

solução (A)

Elaborar um padrão e comunicar as

modificações aos envolvidos.

- Procedimentos

- Folhas de

instrução

- Treinamento

TABELA 2 Etapas do PDCA (Fonte: BONIFÁCIO, 2006)

O quadro 1 tem como finalidade estabelecer e orientar quanto as etapas do Ciclo

PDCA para que não ocorra erros, como começar determinada etapa sem de fato concluir a

anterior.

4.2 Aplicação do ciclo PDCA

Após receber a meta de turnover do ano de 2012, pode-se constatar o primeiro

problema, uma lacuna de 1,41% em relação ao resultado de 2011, que foi de 14,45% para

uma meta de 13,04%. Conforme mostra o gráfico a seguir.

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GRÁFICO - 1 Identificação do problema 1 (Fonte: o Autor)

No ano de 2011 a meta de turnover foi alcançada. E como a cultura da empresa

objeto do estudo é nunca estar satisfeita com o resultado, no ano seguinte a meta é sempre

ajustada.

O segundo problema foi identificado já no terceiro mês do ano, pois a lacuna entre

meta e resultado era de 1,73%, o resultado acumulado do índice de turnover era de 4,99% e

meta acumulada de 3,26%.

GRÁFICO - 2 Identificação do problema 2 (Fonte: o Autor)

Como mostra o gráfico acima, em janeiro e março o índice de turnover estava

acima da meta. Se continuasse com esses números, o problema do alto turnover poderia gerar

Page 43: SILVA_2012 - Utilizaçao Das Ferramentas Da Qualidade No Controle de Turnover Em Industria de Bebidas

42

uma crise na empresa onde foi realizado o estudo.

4.2.1 Etapa do Planejamento (P)

O problema analisado é o elevado índice de turnover na empresa objeto. E esse

índice elevado pode ter várias conseqüências, entre elas o aumento do custo, falta de mão de

obra especializada, baixa produtividade, e outras citados na revisão bibliográfica.

A coleta dos dados foi realizada nos arquivos da empresa objeto, onde se pode

encontrar todas as informações relativas ao turnover. A primeira informação analisada foi o

número de pessoas que deixaram a empresa voluntariamente nos três primeiros meses do ano.

Conforme mostra o histograma abaixo.

FIGURA 14 - Histograma (Fonte: o Autor)

Em janeiro, de 12 funcionários desligados, 6 foram voluntários. Em fevereiro os 3

casos foram voluntários e em março de 10 desligamentos, 8 foram voluntários.

O número de desligamentos foi utilizado na montagem do Gráfico de Pareto, que

permite dirigir a atenção e os esforços ao problema verdadeiramente importante. Em geral

têm-se os melhores resultados na atuação da barra mais alta do diagrama. A figura x mostra o

Gráfico de Pareto com o número de desligamentos por área da empresa onde foi realizado o

estudo:

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43

GRÁFICO - 3 Diagrama de Pareto 1 (Fonte: o Autor)

De acordo com o gráfico 3, a área que deve ser atacada é o Packaging, onde os 10

desligamentos representam 42% do índice de turnover dos três primeiros meses do ano.

Já na gráfico 4, o Gráfico de Pareto mostra o tempo de empresa que os funcionários

desligados tinham.

GRÁFICO - 4 Diagrama de Parteto 2 Fonte: (o Autor)

Como mostra o Gráfico de Pareto, a maior representatividade, 50% é o número de

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44

pessoas que foram desligadas e tinham de 1 a 2 anos de empresa, 12 pessoas.

Com base nos dados das figuras 1,2 e 3, chegou a conclusão que a causa potencial

para o problema é o turnover voluntário, o turnover na área de packaging e engenharia e de

funcionários de 1 a 2 anos de empresa.

Para realizar a análise das causas foi utilizado o Diagrama de Ishikawa ou

Diagrama de Causa e Efeito. Esse diagrama permite estruturar as causas do problema a partir

do método 6M, como decorrentes de falha. Nas figuras 15 e 16 mostram o Diagrama de Causa

e Efeito, elaborados para os problemas.

FIGURA 15 - Diagrama de Causa e Efeito para TO na área de Engenharia e Packaging

(Fonte: o Autor)

As constatações citadas acima para o problema 1, foram as que mais se repetiram

durante as entrevistas de desligamento dos funcionários das respectivas áreas, dos alertas de

TO e da análise feita pela área de gente e gestão e gestores dos funcionários desligados.

Conhecidas as hipóteses o próximo passo é priorizar as mais impactantes para o

negócio. Segue conforme a figura 16 a priorização.

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45

FIGURA 16 - Priorização das causas do problema 1

(Fonte: o Autor)

As hipóteses priorizadas foram o salário defasado e a qualidade de vida, pois havia

um grande problema salarial, a empresa estava pagando salários abaixo da média na região, e

ainda não proporcionava uma qualidade satisfatória, porque não tinha mão de obra qualificada

suficiente, em função de alto absenteísmo e falhas nos planejamentos de folgas e férias,

fazendo com que chamassem para o trabalho os funcionários nos seus horários de folga.

Para analisar as possíveis causas do problema 2, foi feito outro diagrama de

Ishikawa, conforme abaixo.

FIGURA 17 - Diagrama de Causa e Efeito para TO de 1 a 2 anos de empresa.

(Fonte: o Autor)

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46

As causas prováveis para o problema 2, foram as mais citadas durante as

entrevistas de desligamento dos funcionários dessa faixa de tempo de empresa, dos alertas de

TO e também pela análise realizada pela área de gente e gestão e gestores dos funcionários

desse grupo.

Com as causas prováveis estabelecidas, também foi realizada a priorização, de

acordo com a figura 18.

FIGURA 18 - Priorização das causas do problema 2

(Fonte: o Autor)

As causas priorizadas foram as que tiveram maior impacto no negócio da empresa

objeto, são elas, falha no processo de treinamento na função, reconhecimento salarial e falha

no processo de recrutamento e seleção.

Com o objetivo de chegar na causa fundamental das hipóteses priorizadas, foi

utilizada a ferramenta dos 5 Porquês. Essa ferramenta permite uma ação mais eficaz no

tratamento do problema.

Para o problema 1 foram elaborados os 5 Porquês para as duas causas priorizadas.

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47

FIGURA 19 - 5 porquês do problema 1

(Fonte: o Autor)

Para o problema 2 também foram elaborados os 5 Porquês, neste caso para as três

causas priorizadas.

FIGURA 20 - 5 porquês do problema 2

(Fonte: o Autor)

As ações citadas acima foram transferidas para um plano de ação, elaborado com

base no conhecimento dos analistas e gerentes envolvidos no grupo de melhoria, com o

objetivo de realizar e acompanhamento as ações para alcançar um dos objetivos desse

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48

trabalho que é reduzir e controlar o índice de turnover.

4.2.2 Etapa da Execução (D)

Nesta etapa foram verificadas as ações levantadas no plano de ação e os prazos

para a execução das ações.

Foi criada a tabela de verificação das ações, 5W1H, incluindo um status no plano

de ação já existente. Nessa etapa do Ciclo PDCA que se busca o comprometimento de todos

os envolvidos.

TABELA - 3 Plano de ações

Fonte: (o Autor)

Foram levantadas diversas ações para atacar os dois principais problemas, com

base nas causas fundamentais levantadas que foram citadas na etapa do planejamento, que

são:

Para o problema alto turnover na área de packaging e processo, a baixa qualidade

de vida e defasagem salarial

Para o problema de alto turnover de funcionários com 1 a 2 anos de empresa, falha

no processo de treinamento na função e a falta de acompanhamento dos funcionários por parte

Page 50: SILVA_2012 - Utilizaçao Das Ferramentas Da Qualidade No Controle de Turnover Em Industria de Bebidas

49

dos líderes.

Pode-se citar alguns exemplos de ações executadas como o ajuste salarial dos

técnicos mecânicos, eletricistas e instrumentistas. A contratação de novos técnicos nessas

áreas já com esse ajuste. Contratar também uma nova turma de estagiários. Treinar os líderes

no processo de gestão de pessoas. Elaborar um plano de encarreiramento interno da área.

Adequar o programa de integração na função e o check desse programa.

4.2.3 Etapa da Verificação (C)

Nesta etapa foi verificado se as ações implantadas estavam gerando os resultados

esperados, comparando-se a situação antiga e a situação após as ações implementadas.

GRÁFICO - 5 Verificação dos resultados

Fonte: (o Autor)

Após algumas ações implementadas, o resultado começou a melhorar no mês de

maio e mês a mês o número de casos de turnover está diminuindo e estabilizando, pois mais

ações foram concluídas. O que mostra que as ações foram eficazes.

4.2.4 Etapa Atuar (A)

Implementadas as ações e verificada sua eficácia ao longo do processo, esta etapa

do estudo trata-se da padronização das ações sob forma de documentos e treinamentos dos

envolvidos.

Um dos documentos que passou a ser utilizado obrigatoriamente foi a entrevista de

desligamento, que antes era usada apenas em alguns casos. A entrevista tem como objetivo

avaliar a satisfação do funcionário em relação a alguns itens como: liderança,

reconhecimento, treinamento, ambiente de trabalho durante o período em que o funcionário

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50

trabalhou na empresa objeto do estudo. Um detalhe importante é que existe um modelo para

turnover forçado e outro para voluntário. Os dois modelos de entrevista se encontram nos

anexos deste trabalho.

Essa ferramenta auxilia a identificar pontos para melhoria, com o objetivo de que

uma vez tratado o problema, esse mesmo problema gere outro turnover.

Outra ferramenta que passou a ser utilizada em todos os casos de turnover foi o

alerta de TO. Para elaborar o alerta, devem ser usadas as informações coletadas durante a

entrevista de desligamento. Essa ferramenta auxilia a buscar a causa fundamental do turnover,

pois é elaborado os 5 Porquês de todos os casos.

Abaixo será apresentado o modelo do alerta de TO.

Tipo de turnover:

FOTO Nome: Área:

Unidade: ID:

Admissão: Cargo:

Demissão: Escolaridade:

Tempo Cia: meses Bolsa de Estudo:

Tempo Função: meses Salário (R$):

% PM:

Grade: Data última Mov.:

Ex-estagiário/trainee: % Movimentação:

Histórico BH: (2 meses antes)

(1 mês antes) Nome Superior:

(mês atual) Tempo Cia do Superior: meses

Tempo Função do Superior: meses

Última Avaliação: Shape:

Estava mapeado na FIT:

Itens a Melhorar (sugerido na entrevista de desligamento):

Motivo da Saída => chegar na causa fundamental (se ele for para outra empresa especificar qual é, qual cargo e por quanto):

1º porquê:

2º porquê:

3º porquê:

4º porquê:

5º porquê:

Ações propostas:

FIGURA - 21 Entrevista de desligamento

Fonte: (o Autor)

A saída dessa ferramenta é as ações propostas com base na causa fundamental do

turnover, essas ações serão acompanhadas em reunião gerencial.

Page 52: SILVA_2012 - Utilizaçao Das Ferramentas Da Qualidade No Controle de Turnover Em Industria de Bebidas

51

4.3 Atividades Executadas

Para realizar o desenvolvimento do trabalho na empresa, foram disponibilizadas

180 horas, o cumprimento dessas 180 horas foi realizado dentro de 6 semanas, com 6 horas

diariamente na empresa.

Na primeira semana de estágio foi analisado o ambiente de trabalho, a estrutura

organizacional da empresa, as responsabilidades e atribuições dos cargos envolvidos no

desenvolvimento. Ainda nessa semana, foi comunicado a todos os líderes da empresa que o

trabalho seria realizado e que a participação efetiva dos mesmos seria essencial.

Entre a segunda e quinta semana foi desenvolvido o Ciclo PDCA em si, que foi

elaborado por etapas, que serão explicadas a seguir:

1. Foram identificados os problemas, através da análise de gráficos, indicadores e

estratificação dos mesmos

2. Definição e descrição do problema, levantando o maior número de

informações, investigando a ocorrência e questionando os envolvidos, através

de Gráficos de Pareto, Histogramas, etc.

3. Analisar as causas potenciais, através do Diagrama de Causa e Efeito e elaborar

os 5 Por quês para aqui chegar em um dos objetivos específicos.

4. Elaborar e acompanhar o plano de ação

5. Verificar ao longo dos dias a execução e a eficácia das ações.

6. Padronizar as ações que foram eficazes e treinar os envolvidos nesses padrões.

Durante todas as seis etapas foram realizadas reuniões semanalmente com toda a

gerência da empresa e a cada transição de etapa também foi realizada uma reunião de

alinhamento.

Na sexta e última semana, foi para conclusão do trabalho e elaboração da

apresentação de todo o trabalho, bem como os resultados obtidos para a gerência da empresa.

Page 53: SILVA_2012 - Utilizaçao Das Ferramentas Da Qualidade No Controle de Turnover Em Industria de Bebidas

52

5 CONCLUSÃO

Neste trabalho foi apresentada a importância de controlar e reduzir o turnover e

com isso melhorar continuadamente os processos e produtos da empresa objeto do estudo,

para que possa ser cada vez mais competitiva no mercado, reduzindo os custos e aumentando

a produtividade.

O alto índice de turnover verificado nos três primeiros meses desse ano em relação

ao ano anterior e as suas conseqüências, que foram citadas durante o desenvolvimento, foram

os fatores para que se buscasse a realização desse trabalho. No gráfico abaixo pode-se

observar os resultados mensais dos casos de turnover do ano de 2011 e de 2012.

GRÁFICO - 6 Resultados mensais

Fonte: (o Autor)

Conforme o gráfico acima no ano de 2012, com a implementação das ações

corretivas, os casos de turnover foram reduzidos e controlados. Por outro lado, o resultado

anual ficará acima do registrado no ano anterior, onde a meta era maior que no ano.

As áreas com maiores problemas de turnover são o packaging e engenharia, com

10 e 5 casos, respectivamente nos três primeiros meses do ano. O que corrobora esta

afirmação é o resultado da pesquisa de clima que a empresa objeto realiza anualmente, que

tem como objetivo medir o engajamento do funcionário.

Page 54: SILVA_2012 - Utilizaçao Das Ferramentas Da Qualidade No Controle de Turnover Em Industria de Bebidas

53

GRÁFICO - 7 Resultado Engagement

Fonte: (o Autor)

O resultado de engagement é um dos parâmetros para conhecer o risco de turnover

de cada área, pois se os funcionários não estiverem motivados, ou satisfeitos, haverá chance

de buscarem um novo desafio que os proporcione isso.

A pesquisa de engagement avalia diversos itens, tais como liderança, qualidade de

vida, reconhecimento, oportunidades de crescimento, remuneração, entre outros. Todos esses

itens são possíveis causas de turnover, por isso a importância de a empresa objeto estar

avaliando, monitorando e melhorando todos esses itens. Como mostra o gráfico abaixo:

FIGURA - 22 Perguntas Engagement

Fonte: (o Autor)

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54

Outro ponto que foi verificado neste trabalho e constatado também com a pesquisa

de engagement foi a insatisfação com a remuneração salarial e com relação à qualidade de

vida, que foram algumas das causas do turnover.

Portanto, o objetivo deste trabalho foi aplicar as ferramentas da qualidade através

do método PDCA, controlar e reduzir o turnover, identificar as causas fundamentais da

ocorrência e ainda identificar o perfil do turnover, foi atingido.

Após a aplicação do método PDCA e das ferramentas da qualidade indicada para

este estudo e atuando com o plano de ação nas causas fundamentais do turnover, foi

observada a redução do índice de turnover na empresa objeto do estudo para cerca de 0,40%

ao mês.

De modo geral, a metodologia proposta pelo método PDCA mostrou-se bastante

eficiente, especialmente pela simplicidade de aplicação das ferramentas da qualidade

utilizadas, mostrando que nem sempre são necessárias ferramentas complexas para a solução

de um problema. Contudo, o método só alcança a eficácia se todas as partes envolvidas

agirem com compromisso no projeto de melhoria.

Concluindo, para o engenheiro de produção, a importância desta pesquisa está em

reduzir e controlar o turnover, pois sendo o gestor de uma linha de produção é essencial que a

rotatividade seja baixa, assim consegue-se manter o quadro mínimo de funcionários, o que

não gera sobre carga de trabalho, fator esse que pode acabar acarretando insatisfação dos

funcionários que permanecem. Consegue-se manter o conhecimento e a capacidade técnica

dos funcionários, apenas desenvolvendo-os de acordo com interesse de cada um.

Além disso, o líder em si, tem papel importante e envolvimento direto com

turnover, pois pode ser também a causa do problema. É fundamental que o líder conheça seus

funcionários, as habilidades de cada um, os seus objetivos e deve buscar a aceitação de todos

e o alcance de metas através da motivação, comunicação e estratégias bem definidas.

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55

6 SUGESTÃO PARA TRABALHO FUTURO

No desenvolvimento desse trabalho, foi definido e realizado o Ciclo PDCA em

apenas duas áreas da empresa. Com a realização do Ciclo PDCA e, como foi mostrado no

trabalho, trouxeram resultados significativos. A sugestão é fazer novos planos de ação e rodar

o Ciclo PDCA para as demais áreas, podendo reduzir ainda mais o índice de turnover da

empresa.

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56

ANEXOS

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57

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