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SILVANA MARCUSSI “Caracterização Funcional e Estrutural de uma Metaloprotease Isolada do Veneno de Bothrops jararacussu” RIBEIRÃO PRETO 2007 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO

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SILVANA MARCUSSI

“Caracterização Funcional e Estrutural de uma Metaloprotease

Isolada do Veneno de Bothrops jararacussu”

RIBEIRÃO PRETO

2007

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO

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SILVANA MARCUSSI

“Caracterização Funcional e Estrutural de uma Metaloprotease

Isolada do Veneno de Bothrops jararacussu”

Orientador: Prof. Dr. José Roberto Giglio

RIBEIRÃO PRETO – SP

2007

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências para obtenção do título de Doutora em Ciências, Área de concentração: Bioquímica.

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA

Marcussi, Silvana Caracterização Funcional e Estrutural de uma Metaloprotease

Isolada do Veneno de Bothrops jararacussu./ Silvana Marcussi; orientador Prof. Dr. José Roberto Giglio. - Ribeirão Preto, 2007.

113 p. il. 30cm. Tese (Doutorado - Programa de Pós-Graduação em Ciências.

Área de concentração: Bioquímica) - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

1. metaloprotease. 2. atividade bactericida e antitumoral.

3. veneno de serpentes. 4. Bothrops jararacussu. 5. Clonagem e expressão. 6. Modelagem molecular.

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Silvana Marcussi

Caracterização Funcional e Estrutural de uma Metaloprotease Isolada do Veneno de Bothrops

jararacussu

Banca Examinadora

Prof. (a) Dr. (a) ____________________________________________________________

Assinatura: ________________________________________________________________

Prof. (a) Dr. (a) ____________________________________________________________

Assinatura: ________________________________________________________________

Prof. (a) Dr. (a) ____________________________________________________________

Assinatura: ________________________________________________________________

Prof. (a) Dr. (a) ____________________________________________________________

Assinatura: ________________________________________________________________

Prof. (a) Dr. (a) ____________________________________________________________

Assinatura: ________________________________________________________________

Defendida e aprovada pela comissão julgadora em: ________________________________

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Dedicatória e Agradecimentos

Agradeço à NATUREZA, que se faz presente em tudo que é vivo e em

tudo que sustenta a vida no universo, em inter-relações tão complexas e

perfeitas que existem devido à imensa energia que pode ser absorvida e

liberada por tudo e por todos.

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Dedicatória e Agradecimentos

Dedico este trabalho:

À minha família e namorado que, mesmo sem perceber, me proporcionam no

dia a dia carinho e motivação para continuar sempre em frente e não me abater ou

desistir diante de obstáculos que todos nós precisamos transpor.

Aos meus eternos amigos (Aline P. R. Montanari, Marilza C. C. dos Rios,

Simone C. Z. Torres, Natael R. Malta-Neto) que mesmo estando ausentes de

corpo sempre me acompanham em espírito fazendo com que eu me sinta protegida

e amada em todos os momentos de minha vida.

A meu orientador Prof. Dr. José Roberto Giglio e a meu extra-oficial, mas

eterno orientador Prof. Dr. Andreimar Martins Soares, que são exemplos de

experiência profissional e de vida, por quem tenho imenso apresso e gratidão pelo

incentivo pessoal e profissional, pela orientação constante, conduzindo-me com

clareza e dedicação ao longo de todo meu projeto de doutorado e direcionando

meus próximos passos.

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Dedicatória e Agradecimentos

Agradecimentos

Agradeço sinceramente a todos que contribuíram direta ou indiretamente para o

desenvolvimento e realização deste trabalho e em particular:

- Aos Profs. Drs. Auro Nomizo (USP), André L. Fuly (UFF-RJ), Eduardo B. Oliveira (USP),

Eliane C. Arantes (USP), Marcos R. M. Fontes (UNESP), Odair A. Gomes (UNAERP), Paulo

S. Pereira (UNAERP) e Suely V. Sampaio (USP) pela colaboração, cedendo gentilmente

equipamentos, reagentes e proporcionando locais e condições adequados para a realização de

parte da tese de doutorado. Seu profissionalismo, carisma, competência e ética nos servem de

espelho para o desenvolvimento acadêmico, profissional e pessoal.

- Aos técnicos, especialistas e secretárias de diversos departamentos que se tornaram meus

amigos (Carlos Alberto, Odete, Silvana, Ivone, Marrom, Franco e Adélia) e que foram

pacientes e solícitos ao me passarem conhecimentos teórico e prático possibilitando a

realização de grande parte do projeto de doutorado.

- Especialmente aos meus amigos de estudo e bancada Clayton, Carolina, Maurício, Fábio,

Aristides, Mônica, Saulo, Danilo, Lucas, Daniela, Raquel, Gilmara, Lorane, Elaine (FCFRP-

USP) e Ângelo (UNESP), que tiveram papel fundamental no desenvolvimento deste projeto e

trouxeram companheirismo e motivação tornando agradável cada dia desta jornada.

- À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo apoio financeiro e

a oportunidade de crescer profissionalmente e pessoalmente através da realização deste

projeto.

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Abreviaturas e siglas

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

• aa - aminoácidos;

• ADP – adenosina difosfato;

• AMBIC - (NH4HCO3) tampão bicarbonato de amônio;

• ATCC – “American Type Culture Collection”, Rockville, MD, USA);

• BAPNA - benzoil arginil paranitroanilida;

• BHI – “Brain Heart Infusion”;

• Bjussu – veneno bruto de Bothrops jararacussu;

• BjussuMP-I - metaloprotease hemorrágica de alto peso molecular isolada do veneno de

Bothrops jararacussu;

• BjussuMP-II - metaloprotease de baixo peso molecular isolada do veneno de Bothrops

jararacussu;

• BFS – soro bovino fetal;

• BthTX-I – fosfolipase A2 Lys49-homóloga isolada do veneno de B. jararacussu;

• cDNA - DNA complementar;

• CIM – concentração inibitória mínima;

• CK - creatina cinase;

• CM-Sepharose – Carboximetil-Sepharose;

• DMH - dose mínima hemorrágica;

• DMSO - dimetil sulfóxido;

• DNA - ácido desoxiribonucléico;

• DEPC – dietil pirocarbonato;

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Abreviaturas e siglas

• EDTA - ácido etilenodiamina tetraacético;

• EGTA - etilenoglicol-bis (N, N, N’, N’-ácido tetra-acético);

• HPLC – cromatografia líquida de alta eficiência;

• IPTG – isopropyl-β-D-1-thiogalactopyranoside;

• LB – meio de cultura Luria Bertani;

• MP - metaloprotease;

• Mr- massa atômica relativa;

• MTT – 3-[4,5-dimethylthiazol-2yl]-2,5-diphenyl tetrazolium bromide;

• NCBI – “National Center for Biotechnology Information”;

• NTSB - 2-Nitro-5-thiosulphobenzoate;

• OD - densidade óptica;

• pb - pares de bases;

• PBS - tampão fosfato em salina;

• PCR - reação em cadeia de polimerase;

• PEG – polietilenoglicol;

• pI – ponto isoelétrico;

• PLA2 - fosfolipase A2;

• PPM – padrão de peso molecular;

• PM – peso molecular;

• PMSF – Phenylmethylsulphonyl-fluoride;

• PRP – plasma rico em plaquetas;

• RNA - ácido ribonucléico;

• RPMI – meio para cultura de células adquirido comercialmente;

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Abreviaturas e siglas

• RT-PCR - reação em cadeia de polimerase utilizando a enzima transcriptase reversa;

• S-2238 – substrato cromogênico específico para trombina (fórmula: H-D-Phe-Pip-Arg-NA·2HCl)

• SBF – soro bovino fetal;

• SD – desvio padrão;

• SDS-PAGE - eletroforese com dodecil sulfato de sódio em gel de poliacrilamida;

• TAE – tampão composto por tris, ácido acético e EDTA;

• TAME - Nα – p – tosil – L – arginina metil éster;

• TBE – tampão composto por tris, ácido bórico e EDTA;

• TC - tempo de coagulação;

• TCA - ácido tricloroacético;

• TEMED - N´, N´, N´, N´- tetrametilenodiamino;

• TFA – ácido trifluoracético;

• VB - veneno bruto;

• WRP – plasma rico em plaquetas, lavado;

• UV – ultra violeta;

• UFC – unidade formadora de colônia;

• RCF – força centrífuga relativa;

• X-gal - substrato incolor que se converte a azul sob a ação da enzima β-galactosidase.

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Figuras e tabelas

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1. Representação esquemática dos domínios de uma metaloprotease (KINI e EVANS, 1992)................................................................................................................................. 6

Figura 2. Isolamento da metaloprotease BjussuMP-II .................................................................. 45 Figura 3. Atividade fibrinogenolítica da BjussuMP-II em diferentes concentrações, tempos de

incubação, pHs e temperaturas ....................................................................................... 50 Figura 4. Atividade fibrinogenolítica da BjussuMP-II na presença de diferentes íons metálicos,

EDTA e heparina ........................................................................................................... 51 Figura 5. Efeito de Inibidores sobre a Atividade fibrinogenolítica de BjussuMP-II .................... 52 Figura 6. Atividade proteolítica da BjussuMP-II sobre diferentes substratos............................... 53 Tabela 1. Efeito da BjussuMP-II de B. jararacussu sobre plasma bovino citratado..................... 54 Figura 7. Análise Histopatológica após injeção da BjussuMP-II.................................................. 55 Figura 8. Efeito inibitório da BjussuMP-II sobre plaquetas.......................................................... 56 Tabela 2. Efeito da BjussuMP-II sobre plaquetas ......................................................................... 57 Tabela 3. Atividade da BjussuMP-II e trombina sobre fibrinogênio ou substrato S-2238 ........... 57 Figura 9. Efeito citotóxico dose resposta da metaloprotease sobre E. coli e S. aureus ................ 58 Figura 10. Efeito da BjussuMP-II sobre células tumorais............................................................. 59 Figura 11. Seqüência do cDNA e de aminoácidos deduzidos da BjussuMP-II ............................ 62 Figura 12. Comparação da seqüência de aminoácidos da BjussuMP-II com outras

metaloproteases de diferentes venenos de serpentes ..................................................... 63 Figura 13. (A) Ramachandran gerado no programa PROCHECK v.3.5.4. (B) R.m.s.d.

derivado do modelo da BjussuMP-II durante a dinâmica molecular (MD) .............. 65/66 Figura 14. Estrutura secundária e terciária do modelo teórico final da BjussuMP-II .................. 67 Figura 15. (A) Representação da distância entre o íon Zn++ (esfera verde) e os resíduos de

aminoácidos do sítio catalítico do modelo teórico final da BjussuMP-II; (B) Representação da região de maior flexibilidade do modelo da BjussuMP-II, 153-176 (vermelho) ...................................................................................................................... 68

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Figuras e tabelas

Figura 16. Resíduos conservados, encontrados na BjussuMP-II e BjussuMP-I (resíduos internos são mostrados em azul e os de superfície estão apresentados em verde) ......... 69

Figura 17. Análise eletroforética dos cDNAs amplificados com os primers específicos de MPs

(MP-1 e MP-2) .............................................................................................................. 70 Figura 18. Expressão e Purificação da BjussuMP-II recombinante ............................................ 71 Figura 19. Atividade Fibrin(ogen)olítica da BjussuMP-II nativa e recombinante ....................... 72 Figura 20. Análises imunoquímicas de difusão enzimática e ELISA ......................................... 74

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Resumo

RESUMO

As metaloproteases de venenos de serpentes compreendem um grupo de enzimas

dependentes de zinco, de massa molecular variável, responsáveis pelo efeito hemorrágico

induzido pelo veneno destes animais. Este trabalho teve por objetivo a caracterização bioquímica,

funcional e estrutural de uma metaloprotease de baixo peso molecular isolada do veneno de

Bothrops jararacussu, denominada de BjussuMP-II. Esta enzima foi isolada em duas etapas

cromatográficas: uma troca iônica em CM-Sepharose seguida por uma hidrofóbica em Phenyl-

Sepharose. O grau de pureza da BjussuMP-II foi verificado por SDS-PAGE e HPLC de fase

reversa em coluna C18. A BjussuMP-II apresentou uma única cadeia polipeptídica com massa

molecular relativa de aproximadamente 24.000 na ausência e presença de agentes desnaturantes,

mostrando ser monomérica. A atividade proteolítica foi avaliada sobre diferentes substratos

(caseína, gelatina, fibrina, colágeno e fibrinogênio) e condições experimentais (variações de

concentrações, pHs, temperaturas, tempo de incubação, efeito do EDTA, heparina, diferentes íons

divalentes, inibidores sintéticos e naturais). A BjussuMP-II demonstrou ser uma potente α-β-

fibrinogenase, dose-dependente, permanecendo estável em diferentes pHs e temperaturas. A

atividade fibrinogenolítica foi completamente abolida após incubação prévia com EDTA ou

heparina. A proteína não apresentou atividade coagulante e anticoagulante sobre o plasma

humano citratado, além de não se mostrar miotóxica e letal em doses de 100 e 300µg/animal,

respectivamente. A protease não induziu hemorragia (doses de 50 a 300µg) nem se mostrou ativa

sobre o BAPNA e o TAME (ausência de atividade esterásica e amidolítica), sugerindo tratar-se

de uma metaloprotease de baixo peso molecular, não hemorrágica, possivelmente da classe P-IB.

A análise histopatológica demonstrou infiltrados leucocitários focais, leve destruição das fibras

musculares e leve hemorragia no tecido pulmonar. A BjussuMP-II inibiu totalmente a agregação

plaquetária induzida por ADP e colágeno, perdendo a atividade inibitória na presença de EDTA,

PMSF e benzamidina. A metaloprotease apresentou efeito bactericida sobre as linhagens de E.

coli e S. aureus e atividade antitumoral sobre quatro linhagens de células testadas (JURKAT, SK-

BR-3, EAT e B16F10). A partir do RNA total extraído da glândula de veneno da serpente

Bothrops jararacussu, obteve-se o cDNA da protease de interesse e este foi clonado em E. coli e

posteriormente extraído e seqüenciado. A seqüência completa da BjussuMP-II, obtida por

técnicas de biologia molecular, revelou 615pb que codificam para 205 resíduos de aa. A

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Resumo

seqüência N-terminal dos primeiros 30 resíduos de aminoácidos, diretamente da enzima

BjussuMP-II, confirmaram que este cDNA codifica para a mesma proteína. Através do

alinhamento da seqüência da BjussuMP-II com outras metaloproteases pode-se observar grande

similaridade entre elas, principalmente entre as proteases da classe P-I. A expressão da

BjussuMP-II foi obtida com sucesso por clonagem em E. coli, e a protease recombinante

apresentou a mesma massa molecular da proteína nativa em SDS-PAGE além de demonstrar

atividade fibrin(ogen)olítica. A BjussuMP-II mostrou-se imunogênica, sendo capaz de induzir a

produção de anticorpos quando injetada em coelhos, e, os anticorpos apresentaram-se

imunorreativos com metaloproteases e outras proteínas. A modelagem molecular demonstrou

claramente que a molécula apresenta uma forma elipsoidal e dois subdomínios, além de

apresentar a conformação da região ligante de íon Zn++. Os aspectos abordados neste trabalho

poderão trazer informações complementares sobre mecanismos de ação, relacionando estrutura e

função, podendo resultar no melhor entendimento dos efeitos induzidos pelas metaloproteases de

venenos de serpentes e da participação, direta ou sinérgica, destas proteínas nos envenenamentos

causados pela serpente Bothrops jararacussu.

Palavras-chave: 1. Metaloprotease. 2. Atividade enzimática. 3. Peçonha de serpentes. 4.

Bothrops jararacussu. 5. Clonagem e expressão. 6. Modelagem molecular.

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Abstract

ABSTRACT

Snake venom metalloproteases consist of a set of zinc dependent enzymes with variable

molecular masses, responsible for the hemorrhagic effect induced by these venoms. This work

aimed at the biochemical, functional and structural characterization of a low molecular weight

metalloprotease (class P-I) isolated from B. jararacussu venom and named BjussuMP-II. It was

isolated through two chromatographic steps: an ion exchange chromatography on CM-Sepharose

followed by a hydrophobic chromatography on Phenyl-Sepharose. It was assayed for purity by

SDS-PAGE and reverse phase HPLC on a C18 column. BjussuMP-II showed a single

polypeptide chain with a Mr close to 24,000 in the presence or absence of denaturating agents,

showing therefore as monomeric. Its proteolytic activity was evaluated on different substrates

(casein, gelatin, fibrin, collagen and fibrinogen) and experimental conditions (concentration, pH,

temperature, incubation time, effect of EDTA, heparin, several ions and synthetic or natural

inhibitors). BjussuMP-II showed to be a potent dose dependent fibrinogenase, stable at different

pHs and temperatures. Its fibrinogenolytic activity was completely abolished after incubation

with EDTA or heparin. It did not show any coagulant or anticoagulant activity on citrated human

plasma, and no myotoxic or lethal effect at 100 and 300µg/animal, respectively. It also did not

induce hemorrhage (doses from 50 to 300 µg) and did not act on BAPNA or TAME (absence of

esterase and amidolytic activities), suggesting a low molecular weight metalloprotease, not

hemorrhagic, probably from class P-IB. Histopathologic analysis showed focal leukocyte

infiltrates, presence of plasmocytes and destruction light of muscle fibers. In the lung tissue we

observed hemorrhage light, decreased alveolar spaces due to thickening of septs and interstitial

spaces expanded by the inflammatory infiltrate. BjussuMP-II completely inhibited platelet

aggregation induced by ADP and collagen, losing this activity in the presence of EDTA, PMSF

and benzamidine. It also showed bactericidal effect on E. coli and S. aureus lines, as well as

antitumoral activity on four assayed cell lines (JURKAT, SK-BR-3, EAT e B16F10). Starting

from the total RNA extracted from B. jararacussu venom glands, the cDNA of the protease was

obtained, which was cloned in E. coli and then extracted and sequenced. The complete sequence

of BjussuMP-II, obtained through molecular biology techniques, revealed 615 bp that codified

for 205aa residues. The N-terminal sequence of the 30 first residues, revealed directly from the

enzyme, confirmed that this cDNA codify for the same protein. Through alignment of the

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Abstract

BjussuMP-II sequence with other metalloproteases, a strong similarity was observed, chiefly

among class P-I proteases. Expression of BjussuMP-II was obtained successfully by cloning in

E. coli. The recombinant protease showed the same molecular mass of the native protein by SDS-

PAGE in addition to fibri(ogen)olytic activity. BjussuMP-II showed to be immunogenic, being

able to induce antibodies that showed reactivity against metalloproteases and other proteins.

Molecular modelling clearly showed that the molecule displays an ellipsoidal form and two

subdomains, in addition to the Zn++ binding region conformation. The approaches worked out in

this project may provide complementary information on the action mechanism, relating structure

and function, as well as a better understanding of the effects induced by snake venom

metalloproteases and their direct or synergic participation in envenomations caused by B.

jararacussu venom.

Key words: 1. Metalloprotease; 2. Enzymatic activity; 3. Snake venom; 4. Bothrops jararacussu.

5. Cloning and expression. 6. Molecular modeling.

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Sumário

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

RESUMO

ABSTRACT

1. INTRODUÇÃO .........................................................................................................................1

2. OBJETIVOS ............................................................................................................................10

3. MATERIAL ..............................................................................................................................11

4. MÉTODOS ...............................................................................................................................16 4.1. Preparação da amostra ...................................................................................................16

4.2. Isolamento da metaloprotease de baixo peso molecular do veneno de Bothrops jararacussu ...........................................................................................................................16

4.3. Sistema de ultrafiltração ................................................................................................17

4.4. Determinação quantitativa de proteínas ........................................................................17

4.5. Determinação do Peso Molecular (SDS-PAGE) ...........................................................17

4.6. Eletroforese em gel de poliacrilamida para proteínas ácidas ........................................18

4.7. Atividades enzimáticas da metaloprotease ....................................................................18

4.7.1. Teste de degradação do fibrinogênio ..............................................................18

4.7.2. Teste de degradação de fibrina .......................................................................19

4.7.3. Teste de degradação do Colágeno ..................................................................20

4.7.4. Atividade caseinolítica ...................................................................................20

4.7.5. Atividade gelatinolítica ..................................................................................20

4.7.6. Atividade coagulante ......................................................................................21

4.7.7. Atividade anticoagulante .....................................................................................................21

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Sumário

4.8.Atividades farmacológicas da metaloprotease ...............................................................21

4.8.1.Atividade hemorrágica ....................................................................................21

4.8.2.Indução de edema em camundongos ...............................................................22

4.8.3.Atividade miotóxica ........................................................................................22

4.8.4.Toxicidade da protease ....................................................................................23

4.8.5.Produção de anticorpos policlonais .................................................................23

4.8.6.Agregação Plaquetária e Formação de Trombina ............................................25

4.8.7.Atividade antibacteriana ..................................................................................26

4.8.8.Análise Histopatológica ...................................................................................26

4.8.9.Atividade antitumoral de BjussuMP-II ............................................................27

4.9. Outras Atividades ..........................................................................................................28

4.9.1. Atividade amidolítica sobre o substrato cromogênico artificial (BAPNA) 28

4.9.2. Atividade esterásica sobre o substrato artificial TAME .................................29

4.9.3.Atividade hemolítica indireta ..........................................................................29

4.10. Estudo estrutural da metaloprotease ............................................................................30

4.10.1. Determinação da seqüência completa do cDNA da metaloprotease ............30

4.10.1.1. Extração das glândulas veneníferas da serpente Bothrops jararacussu e preparação do RNA total ........................................................30

4.10.1.2. Construção e preparação dos oligonucleotídeos ..........................30

4.10.1.3. Síntese do cDNA e amplificação por PCR ..................................31

4.10.1.4. Preparo de bactérias competentes ................................................32

4.10.1.5. Transformação das bactérias competentes ...................................32

4.10.1.6. Clonagem do cDNA da metaloprotease em E. coli .....................32

4.10.1.7. Purificação de plasmídeos ............................................................33

4.10.1.8. Digestão .......................................................................................33

4.10.1.9. Reação de seqüênciamento de cDNA por produto de PCR .........33

4.10.1.10. Análise computacional das seqüências ........................................34

4.11. Clonagem em vetor de expressão do cDNA da BjussuMP-II..................................................34

4.11.1. Isolamento do cDNA completo ....................................................................34

4.11.2. Ligação do cDNA ao vetor de expressão e transformação genética ............35

4.11.3. Análise das colônias transformantes .............................................................38

4.11.4. Expressão da proteína recombinante ............................................................38

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Sumário

4.11.5. Análise da expressão da BjussuMP-II recombinante em gel de poliacrilamida ...........................................................................................................39

4.11.6. Purificação e redobramento da proteína recombinante ................................40

- Extração e Purificação da metaloprotease dos corpos de inclusão ........................40

- Redobramento e Purificação da metaloprotease recombinante..............................41

4.12. Estudo Estrutural da BjussuMP-II ...............................................................................42

4.12.1. Modelagem molecular ..................................................................................42

4.12.2. Simulação Dinâmica Molecular ...................................................................42

4.12.3. Avaliação do Modelo Teórico da BjussuMP-II ............................................43

4.13. Análise estatística dos resultados ................................................................................43

5. RESULTADOS ........................................................................................................................44 Isolamento e Caracterização Bioquímica da Metaloprotease ...............................................44

Caracterização Funcional da Metaloprotease .......................................................................46

Caracterização Estrutural da BjussuMP-II ...........................................................................60

Caracterização Imunoquímica ..............................................................................................73

6. DISCUSSÃO ............................................................................................................................75 Isolamento e Caracterização Bioquímica da Metaloprotease ...............................................75

Caracterização Funcional e Imunoquímica da Metaloprotease ............................................77

Caracterização Estrutural da Metaloprotease .......................................................................83

7. CONCLUSÃO ..........................................................................................................................92

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................93

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Introdução 1

1. INTRODUÇÃO

Na história da civilização, as serpentes venenosas durante anos assumiram peculiaridades

culturais. Na arte, na ciência e na religião representaram valores simbólicos envolvendo inúmeras

crenças. Nas últimas cinco décadas de investigações, sobre a bioquímica e farmacologia dos

venenos de serpentes, novos conceitos foram introduzidos. Atualmente, várias pesquisas

demonstram uma grande diversidade funcional/estrutural de seus componentes e suas possíveis

aplicações terapêuticas. Os acidentes com animais peçonhentos constituem problema de saúde

pública, sobretudo nos países de clima tropical e subtropical, regiões que caracterizam o habitat

destes répteis, tanto pela freqüência com que ocorrem como pela gravidade dos acidentes.

Em todo o mundo, aproximadamente trezentas espécies de serpentes são conhecidas como

venenosas, ocorrendo somente duas famílias na fauna brasileira, a Elapidae e a Viperidae. No

Brasil ocorrem entre 19 a 22 mil casos de acidentes ofídicos por ano. Dentre as serpentes

peçonhentas existentes no Brasil, destaca-se o gênero Bothrops (família Viperidae) que é

responsável por aproximadamente 90% dos acidentes (PINHO e PEREIRA, 2001).

Os venenos de serpentes apresentam entre 90 a 95% de seu peso seco constituído de

proteínas, compreendendo grande variedade de enzimas e toxinas não enzimáticas (neurotoxinas,

citotoxinas, cardiotoxinas, proteases, desintegrinas, peptídeos potenciadores de bradicinina entre

outros), além de componentes não protéicos que podem ser orgânicos ou inorgânicos,

representados por lipídeos, carboidratos e compostos de baixo peso molecular como nucleosídeos

e diversos íons. As proporções em que os componentes dos venenos aparecem e suas

propriedades biológicas variam de acordo com diversos fatores como, por exemplo: região

geográfica, idade, sexo, hábitos alimentares, mudanças de estações, variando de espécie para

espécie nos diferentes gêneros e famílias, e até mesmo o tempo decorrido entre uma extração de

veneno e outra poderia estar interferindo em sua composição (FRANÇA e FAN, 1992).

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Introdução 2

Essas proteínas podem apresentar atividades enzimáticas que determinam a toxicidade do

veneno. Os efeitos são representados principalmente por: miotoxicidade, hemorragia, coagulação

sanguínea, neurotoxicidade, edema, entre outros. As enzimas proteolíticas presentes nestes

venenos de serpentes podem atuar numa grande variedade de substratos naturais, tais como:

hemoglobina, colágeno, elastina, fibrinogênio, insulina, glucagon e outros (IWANAGA e

SUZUKI, 1979; MAZZI et al., 2004).

Algumas dessas enzimas são toxinas hemorrágicas que degradam proteínas da matriz

extracelular (MATRIZIAN, 1992), outras afetam a coagulação do sangue, agindo como

procoagulantes, convertendo o fibrinogênio em fibrina (MARKLAND e DAMUS, 1971;

STOCKER e BARLOW, 1976; SELISTRE-de-ARAÚJO e GIGLIO, 1987), enquanto outras

agem como anticoagulantes por exercerem atividade fibrin(ogen)olítica (KOMORI et al., 1985;

DAOUD et al., 1986; SWENSON e MARKLAND, 2005).

O envenenamento botrópico caracteriza-se por induzir estado de choque, causa mais

freqüente de morte, exercer intensa atividade proteolítica, coagular o plasma sanguíneo, estimular

a liberação de substâncias como histamina e bradicinina, e resultar em pronunciados efeitos

locais como hemorragia e necrose, o que ocasiona perda de tecido, resultando em seqüelas que

podem levar à amputação do membro afetado (VITAL BRAZIL, 1982).

Durante o envenenamento por serpentes do gênero Bothrops, a alteração do equilíbrio

hemostático geralmente está relacionada à ação de proteases sobre diferentes fatores da cascata

de coagulação, tais como o fibrinogênio ou fibrina (GASMI et al., 2000; DUNN e BROADY,

2001; TAKATSUKA et al., 2001). As proteases do veneno, classificadas em serinoproteases e

metaloproteases, são os principais grupos de enzimas proteolíticas que podem levar ao

desequilíbrio hemostático (MATSUI, FUJIMURA e TITANI, 2000).

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Introdução 3

As metaloproteases (MPs) de venenos de serpentes compreendem uma série de enzimas

dependentes de zinco de massa molecular variável. São altamente tóxicas na sua grande maioria,

apresentam atividade fibrinogenolítica e são as principais responsáveis pelo efeito hemorrágico

observado após o envenenamento, induzido pelas serpentes Viperidae (KAMIGUTI et al., 1998),

além de geralmente induzirem mionecrose, danos na pele e reação inflamatória (GUTIÉRREZ e

RUCAVADO, 2000; TEIXEIRA et al., 2005). Isoladas do veneno de várias serpentes, são

importantes objetos de estudo devido à complexidade funcional e estrutural.

As serpentes do gênero Bothrops, importante fonte de estudo desta classe de enzimas,

recebe especial atenção em virtude dos aspectos clínicos e epidemiológicos, ou seja, devido ao

grande número de acidentes que provocam e à gravidade destes (GUTIÉRREZ, 2002;

BOCHNER e STRUCHINER, 2003).

As MPs isoladas e caracterizadas do veneno botrópico, em conjunto com outras toxinas

do veneno contribuem para o efeito tóxico. Essas toxinas podem interagir com diferentes fatores

da cascata de coagulação (MATSUI, FUJIMURA e TITANI, 2000). O efeito sobre os

componentes da coagulação, tais como o fibrinogênio, fator de von Willebrand, fibrina e/ou

plaquetas, tem sido um dos mais prováveis mecanismos de ação propostos para as MPs

(BRAUD, BOM e WISNER, 2000; MATSUI, FUJIMURA e TITANI, 2000; SWENSON e

MARKLAND, 2005; MATSUI e HAMAKO, 2005). Assim, com algumas exceções, podem ser

classificadas em α- ou β-fibrinogenases de acordo com especificidade de hidrólise das cadeias do

fibrinogênio. Estas enzimas degradam preferencialmente a cadeia α do fibrinogênio e com menor

intensidade a cadeia β (MARKLAND, 1991; SWENSON et al., 2004).

As metaloproteases com atividade fibrinogenolítica são aplicáveis no tratamento de

tromboses, pois diminuem o nível plasmático do fibrinogênio ou solubilizam os coágulos de

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Introdução 4

fibrina, processo conhecido como trombólise (MATSUI et al., 2000; MATSUI e HAMAKO,

2005).

O quadro fisiopatológico após envenenamento por serpentes das subfamílias Crotalinae e

Viperinae se caracteriza por um complexo efeito hemorrágico (GUTIÉRREZ, 1995; WARREL,

1996). As hemorragias locais, muito comuns em envenenamentos por serpentes botrópicas, são

conseqüências de lesões nas paredes dos pequenos vasos sanguíneos (OSHAKA, 1979; OWNBY

et al., 1990). Acredita-se que isso seja causado pela proteólise de componentes da lâmina basal da

microvasculatura induzida pelas metaloproteases (BJARNASON; HAMILTON; FOX, et al.,

1988). Essa ação leva à perda da integridade capilar com resultante hemorragia no local da

picada. Gutiérrez et al. (2005) relatam possíveis mecanismos de ação de metaloproteases

hemorrágicas durante a danificação de microvasculatura, hidrolisando proteínas de membrana em

células endoteliais, além de integrinas e caderinas, envolvidas na matriz celular e no processo de

adesão célula-célula.

As metaloproteases, que geralmente são representadas por α-fibrinogenases de baixa e

média massas moleculares relativas (20.000 a 60.000), têm sido isoladas do veneno de serpentes

como, por exemplo, Trimeresurus mucrosquamatus (OUYANG, TENG e CHEN, 1977),

Crotalus atrox (PANDYA e BUDZYNSK, 1984), Bothrops jararaca (MARUYAMA et al.,

1992), Bothrops moojeni (SERRANO et al., 1993), Bothrops asper (GUTIÉRREZ et al., 1995),

Bothrops neuwidi (RODRIGUES et al., 2000), Lachesis muta muta (ESTEVÃO-COSTA et al.,

2000; SANCHEZ et al., 2000).

As metaloproteases hemorrágicas e não-hemorrágicas são sintetizadas na glândula de

veneno como proteínas multidomínios, sendo pró-enzimas inativas contendo um domínio

catalítico protease zinco-dependente. Os processamentos proteolíticos dessas enzimas originam

isoformas biologicamente ativas (GUTIÉRREZ, 2002).

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Introdução 5

A classificação das MPs de acordo com seus domínios fornece informações essenciais para

compreender os mecanismos de ação dessas enzimas. De acordo com seus domínios estruturais,

estas metaloproteases foram classificadas em quatro grupos principais (Figura 1): P-I, enzimas

que possuem somente o domínio metaloprotease caracterizado por uma seqüência

(HEXXHXXGXXH) que se conserva; P-II possuem um domínio metaloprotease seguido por um

domínio semelhante a desintegrina; P-III compreende os domínios metaloprotease, semelhante a

desintegrina e rico em cisteína; e P-IV, apresenta todos os domínios anteriormente descritos e um

adicional domínio semelhante a lectina tipo-C ligado por pontes de dissulfeto (MATSUI,

FUJIMURA e TITANI, 2000; FOX e SERRANO, 2005).

As MPs do tipo P-I incluem as proteínas de baixo peso molecular e baixa atividade

hemorrágica, como por exemplo a Atrolisina e seus subtipos isolados do veneno de Crotalus

atrox. As classes P-II e III representam proteínas de médio e alto peso molecular,

respectivamente, e o processamento proteolítico da enzima origina as desintegrinas, que são

denominadas “Desintegrin-Like” ou domínio rico em cisteína. Essas classes são representadas

por toxinas altamente hemorrágicas. A classe P-IV representa as proteínas de alto peso molecular

e baixa atividade hemorrágica (FOX e SERRANO, 2005).

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Introdução 6

Outro tipo de classificação de MPs foi proposto por Jiang e Bond (1992), através do estudo

do cDNA de cinco toxinas isoladas do veneno de Crotalus atrox, classificando as MPs

pertencentes a superfamília “Metzincin”, em 4 subfamílias, assim denominadas: I-termolisina; II-

astacina; III-metaloprotease do veneno de serpentes e IV- matrixina (MMP). As enzimas que

compõem esta superfamília possuem uma característica comum quanto aos aminoácidos ligados

ao Zn++ (HEXXHXXGXXH) que se conservam, e uma metionina presente no sítio ativo da

molécula (STÖCKER et al., 1995). O íon Zn++, elemento essencial para a atividade da enzima,

confere maior estabilidade à mesma, impedindo mudanças conformacionais na estrutura com

conseqüente perda de atividade (GOMIS-RUTH e FRANS-XAVER, 1993; MOURA-da-SILVA

et al., 2003; XU et al., 2004).

Figura 1. Representação esquemática dos domínios de uma metaloprotease (KINI e EVANS, 1992), originados por proteólise (P): A-região contendo domínio lectina C; B-região rica em cisteína; C-domínio metaloprotease; D-domínio desintegrina, contendo seqüência RGD e E- região rica em cisteína.

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Introdução 7

As metaloproteases, cada vez mais exploradas, apresentam uma ampla variedade de

atividades farmacológicas. Dentre estas, podemos citar a jerdonatina, uma desintegrina inibidora

de agregação plaquetária e a jerdohagina, proteolítica sobre protrombina, ambas isoladas do

veneno de T. jerdonii (ZHOU et al., 2004; CHEN et al., 2003; 2004); uma protease

anticoagulante e não tóxica isolada de Naja naja naja (JOGADEESHA et al., 2004); uma

metaloprotease indutora de apoptose de Gloydius halys (YOU et al., 2003); a basparina A,

ativadora de protrombina, inibidora de agregação plaquetária e indutora de defibrinação de

trombos, isolada de B. asper (LORIA et al., 2003); a crovidisin de C. viridis e a triflavin de T.

flavoviridis que apresentaram atividade diferencial sobre células de osteosarcomas e osteoblastos

primários (TANGE et al., 2004) e a jerdonatin de T. jerdonii, inibidora de agregação plaquetária

(ZHOU et al., 2004). O isolamento e a caracterização funcional e estrutural da BjussuMP-I, uma

metaloprotease hemorrágica de alto peso molecular da classe P-III, com atividade antibacteriana

do veneno de B. jararacussu foi recentemente descrito (MAZZI et al., 2004; 2007).

Em 2006, Ramos e Selistre-de-Araújo publicaram uma revisão de metaloproteases de

venenos de serpentes focalizando relações de estrutura e função de domínios catalíticos e de

desintegrina, e suas possíveis utilizações. Dentre as possíveis utilizações farmacêuticas das MPs

estão o tratamento de doenças autoimunes, Alzheimer, infecção por vírus e bactérias,

osteoporose, asma, trombose e câncer.

Foi elucidada a estrutura tridimensional da BaP1, uma metaloprotease de baixo peso

molecular isolada de B. asper que produz proeminente lesão local de tecidos como hemorragia,

mionecrose, dermonecrose e edema (WATANABE et al., 2003), além de induzir apoptose em

células endoteliais humanas “in vitro” (DIAZ et al., 2005).

Estudos com jararagina, uma metaloprotease isolada de Bothrops jararaca, mostraram

que essa proteína estimula a migração de células epiteliais e induz hemorragia pulmonar agindo

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Introdução 8

sobre as células dos capilares (ESCALANTE et al., 2003; COSTA e SANTOS, 2004), apresenta

também, ação sobre fator de von Willebrand, degrada fibrinogênio e inibe a adesão de plaquetas

(LAING e MOURA-da-SILVA, 2005).

A atividade hemorrágica é muito comum nas metaloproteases. Estudos dos efeitos de

modificações pós-traducionais sobre essa atividade foram realizados com as proteínas ACLF e

jararagina (GARCIA et al., 2004). Em 2005, Swenson e Markland, publicaram um estudo de

enzimas de venenos de serpentes fibrinolíticas e fibrinogenolíticas, sugerindo o potencial

farmacológico destes agentes para o tratamento clínico de tromboses, podendo agir dissolvendo

ou prevenindo a formação de trombos.

De modo geral, as MPs hemorrágicas e não hemorrágicas possuem similaridades

estruturais. Entretanto, uma análise comparativa entre diferentes classes de MPs mostra que há

alterações estruturais no domínio catalítico e na superfície da molécula, os quais podem estar

contribuindo para o efeito hemorrágico. Assim, um estudo mais recente propôs modificações pós-

traducionais, como por exemplo, N-glicosilação na região C-terminal e resíduos de ácido

aspártico (Asp 148) e serina (Ser 176) conservados no sítio catalítico, que podem potencializar a

hemorragia (RAMOS e SELISTRE-de-ARAÚJO, 2004).

É válido ressaltar que informações sobre a estrutura e função destas proteínas dependentes

de metais poderão auxiliar na melhor compreensão dos processos fisiopatológicos induzidos por

estas enzimas, para conhecer melhor os seus respectivos substratos que participam diretamente

em diversos efeitos tóxicos e farmacológicos resultantes dos envenenamentos ofídicos. Proteínas

isoladas de venenos animais, produzidas na forma recombinante e/ou peptídeos sintéticos, estão

sendo cada vez mais utilizados entre os grupos de pesquisas e as indústrias de biotecnologia.

Adicionalmente, as interações com íons, agentes quelantes e inibidores naturais e artificiais

poderão resultar também em informações relevantes sobre os mecanismos de ação destas

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Introdução 9

proteases e seu papel específico nos envenenamentos ofídicos, assim como sua possível

utilização na elaboração de futuros fármacos, uma vez que estas proteínas podem apresentar

atividades como antitumoral, bactericida e trombolítica. Desta forma, o isolamento, uma ampla

caracterização estrutural e funcional, além de estudos de inibição desta proteína poderão

direcionar discussões e questionamentos para o prosseguimento de novos estudos.

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Objetivos 10

2. OBJETIVOS

O presente trabalho teve, por objetivo geral, o isolamento, a caracterização estrutural,

funcional e inibitória de uma metaloprotease do veneno de Bothrops jararacussu, abordando os

seguintes aspectos:

• Isolamento de uma metaloprotease do veneno de Bothrops jararacussu através de técnicas

cromatográficas;

• Caracterização bioquímica: Atividade proteolítica (sobre: fibrinogênio, gelatina, fibrina,

caseína e colágeno), coagulante, anticoagulante e efeito sobre o TAME e o BAPNA;

• Ensaios para avaliar os efeitos na atividade proteolítica da metaloprotease sobre o

fibrinogênio, utilizando inibidores artificiais e naturais;

• Caracterização tóxica e farmacológica: Indução de edema, hemorragia, miotoxicidade,

letalidade, agregação plaquetária, ação antitumoral e bactericida, além da análise

histológica de diferentes órgãos após injeção intramuscular da proteína;

• Caracterização imunoquímica: incluindo produção e purificação de anticorpos policlonais

e ensaios de reatividade cruzada;

• Caracterização estrutural: obtenção da seqüência da proteína por Biologia Molecular

(clonagem e sequenciamento de cDNA); análise por alinhamento múltiplo; expressão da

metaloprotease recombinante e modelagem molecular.

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Material 11

3. MATERIAL

• Veneno

O veneno bruto cristalizado de serpente B. jararacussu foi adquirido do Serpentário de

Proteínas Bioativas Ltda (Bioagents), Batatais-SP.

• Animais

Camundongos machos da linhagem suíça (swiss) com peso de 18-22g e coelhos machos,

brancos, de Nova Zelândia, foram fornecidos pelo Biotério Central do Campus da Universidade

de São Paulo de Ribeirão Preto – USP.

• Plasma

O plasma humano que foi utilizado para os experimentos de coagulação e anticoagulação,

foi obtido do Hemocentro de Ribeirão Preto.

• Reagentes para eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE).

• N´, N´, N´, N´- tetrametilenodiamino (TEMED) (Sigma Chem. Co);

• Acrilamida (Sigma Chem. Co);

• Bis-acrilamida (N´, N´ - metilenobisacrilamida) (Sigma Chem. Co);

• SDS (Dodecil sulfato de sódio) (Sigma Chem. Co);

• Coomassie Brilliant Blue G-250 (Sigma Chem. Co);

• β-mercaptoetanol (Pharmacia Biotech);

• Persulfato de amônio (Merck);

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Material 12

• Tris - Base (Sigma Chem. Co);

• Padrões de peso molecular para proteínas (Escala de proteínas – GIBCO BRL®);

• Glicina (Sigma Chem. Co);

• Ácido acético glacial (Merck);

• Azul de bromofenol (Merck);

• Reagentes e equipamento para cromatografias

CM-Sepharose (carboximetil-Sepharose), (Amersham Biosciences);

Bicarbonato de amônio (NH4HCO3, AMBIC) sintetizado em nosso laboratório;

Phenyl-Sepharose (Amersham Biosciences);

NaCl (Synth);

L-glutamina (Sigma Chem. Co.);

Gentamicina (Sigma Chem. Co.);

Ácido trifluoracético (TFA), (Merck);

Acetonitrila (Merck);

Metanol (Synth);

Coletor de frações GradiFrac System da Pharmacia Biotech;

Electrophoresis Power Supply EPS 601 – Amersham Pharmacia Biotech;

Espectrofotômetro Genesys 2;

HPLC - Shimadzu SPD MIOA vp;

Sistema de ultrafiltração, AMICON (Millipore);

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Material 13

• Reagentes para Ensaios Imunoquímicos (Produção de Anticorpos e Imunodifusão)

Adjuvantes completo e incompleto de Freud’s (Amersham Biosciences);

• Reagentes e equipamentos para ensaios enzimáticos e farmacológicos

EDTA (Sigma Chem. Co);

EGTA (Sigma Chem. Co);

Metanol (Synth);

Azida sódica (Sigma Chem. Co);

Cloreto de cálcio (Pharmacia Biotech);

Triton X-100 (Pharmacia Biotech);

Heparina (Sigma Chem. Co);

Fibrinogênio bovino (Sigma Chem. Co);

Fibrina (Sigma Chem. Co);

Caseína (Sigma Chem. Co);

Colágeno (Sigma Chem. Co.);

Trombina (Sigma Chem. Co);

TAME (Nα – p – tosyl – L – arginine methyl ester) (Sigma Chem. Co);

BAPNA (Benzoil arginil paranitroanilida) (Sigma Chem. Co);

Gelatina incolor (Royal);

Ágar bacteriológico (Sigma Chem. Co);

Uréia (Sigma Chem. Co.);

Peroxidase de rábano (Tipo IV Sigma Chem. Co);

Meio LB (VETEC);

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Material 14

PEG 8000 (BioAgency);

S-2238 (substrato cromogênico artificial) (DiaPharma, West Chester, OH);

Xilol (Quimibras Indústrias Químicas Ltda);

Parafina (Quimibras Indústrias Químicas Ltda);

Paraformaldeído (Quimibras Indústrias Químicas Ltda);

Hematoxilina (Quimibras Indústrias Químicas Ltda);

Soro fetal bovino-SFB (Sigma Chem. Co);

MTT (3-[4, 5-dimethylthiazol-2yl]-2,5-diphenyl tetrazolium bromide)

Invitrogen);

Kit Creatina Kinase-UV-47-20 cinético (Sigma Chem. Co);

Sistema de ultrafiltração (AMICON, Millipore);

Paquímetro de baixa pressão 0,01mm (Mitutoyo, Japão);

“Blood Lumi-Aggregometer, chrono-Log Corporation”;

Leitor de microplaca “Thermomax” (Molecular Devices, Menlo Park, CA,

USA);

Eosina (Quimibras Indústrias Químicas Ltda);

Câmera digital JVC - TKC1380;

Microscópio binocular Nikon Eclipse E600;

• Reagentes e equipamentos para ensaios de clonagem, seqüênciamento e expressão:

TRIZOL® LS Reagent ultra pureTM , LIFE Technologies;

IPTG (isopropylthio-β-gatactoside (Invitrogen);

Buffalyte (Pierce)

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Material 15

X-GAL (5-bromo-4-chloro-3-indolyl--β-D-gatactoside (Invitrogen);

Hind III fragments (Gibco BRL);

“Primers”, oligo dt e enzimas de restrição foram adquiridos da Invitrogen;

Resina de exclusão molecular BioGel P6 (BIORAD);

Hidrocloreto de guanidina (Sigma Chem. Co);

Tiocianato de guanidina (BioAgency).

Kit Super Script II (Life Technologies);

Kit Concert Rapid PCR Purification System (Gibco BRL);

Kit QIAGEN PCR cloning handbook;

Kit QIAGEN PLASMID MINI Handbook;

Kit ABI Prism® Big DyeTM Terminador Cycle Sequencing Ready Reaction

(Perkin Elmer);

Aparelho ABI Prism 377 DNA Sequencer (Perkin Elmer);

• Outros materiais

Os demais reagentes utilizados para caracterização da proteína foram de grau

analítico, e os demais materiais e equipamentos estão descritos na metodologia.

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Metodologia 16

4. METODOLOGIA UTILIZADA

4.1. Preparação da amostra: Cerca de 300 mg do veneno bruto cristalizado de B. jararacussu

foram suspensos em 1,5mL do tampão bicarbonato de amônio (NH4HCO3) 0,05M, pH 8,1 e

centrifugado a 1.530xg durante 10 minutos a 4ºC em centrifuga Excelsa Baby I. Alíquotas do

sobrenadante foram retiradas para dosagem de proteínas e monitoramento em espectrofotômetro

a 280nm, e o restante foi aplicado em uma coluna contendo resina CM-Sepharose.

4.2. Isolamento da metaloprotease de baixo peso molecular do veneno de Bothrops

jararacussu: Cromatografia de troca iônica em CM-Sepharose foi realizada conforme descrito

por Andrião-Escarso et al. (2000). A amostra de veneno foi eluída com tampão bicarbonato de

amônio 0,05M pH 8,1 com gradiente de concentração até 1M, num fluxo de 0,5mL/min,

coletando-se frações de 3,5mL/tubo. As medidas de condutividade foram realizadas em

condutivímetro Beckman modelo RC-16C. Os picos obtidos foram analisados em SDS-PAGE e

quanto à atividade proteolítica sobre o fibrinogênio, sendo selecionada a fração com a enzima de

interesse. Esta fração denominada de J-II foi liofilizada e submetida à cromatografia em Phenyl-

Sepharose, em um fluxo de 0,4mL/min, frações de 3mL/tubo, eluída com concentrações

decrescentes de NaCl (4-0M), em tampão Tris-HCl 0,05M pH 7,4 e finalmente água. A enzima

isolada, denominada de BjussuMP-II, foi submetida a HPLC de fase reversa em coluna C18 e

SDS-PAGE para averiguar o grau de pureza. A cromatografia foi realizada eluindo a enzima com

acetonitrila: 0,1% TFA (5:95 v/v, tampão A) e acetonitrila: 0,1% TFA (60:40 v/v, tampão B),

seguindo um gradiente linear para 25% de tampão B depois de 30 min a um fluxo de 1mL/min.

Todas as frações foram monitoradas em Abs 280nm e atividade proteolítica sobre caseína.

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Metodologia 17

4.3. Sistema de ultrafiltração: As frações eluídas das cromatografias foram filtradas num

sistema de ultrafiltração AMICON, utilizando membrana de separação para PM < 10.000. As

frações foram monitoradas em espectrofotômetro Beckman DU-640 a 280nm, sendo

concentradas, liofilizadas e armazenadas a 4°C.

4.4. Determinação quantitativa de proteínas: As dosagens de proteínas em soluções contendo

0,05 a 2,0 mg/mL foram realizadas pelo método do microbiureto, conforme descrito por Itzhaki e

Gill (1964).

4.5. Determinação do Peso Molecular (SDS-PAGE): Foi realizada segundo metodologia

descrita por Laemmli (1970), com modificações conforme descrito a seguir. O gel de resolução a

12% (m/v) em acrilamida (bis-acrilamida: acrilamida 1: 19m/m) foi preparado em tampão Tris-

HCl 0,5 M pH 8.8 e SDS 1%. O gel de concentração a 6% em acrilamida foi preparado em

tampão Tris-HCl 0,5 M pH 6.8 e SDS 0,1%. Amostras contendo de 5 a 50 µg de proteína ou

veneno bruto foram dissolvidas em tampão fosfato em salina (PBS), acrescidas de 4µL de tampão

para amostras, Tris-HCl 0,5M pH 6.5 contendo azul de bromofenol (0,01%), SDS (2%) e glicerol

(10%), seguido por fervura a 100°C por 4 minutos. As amostras de proteína foram preparadas na

presença ou ausência de β-mercaptoetanol que foi adicionado ao tampão de amostra a 3,5%. O

gel foi corado por 10 minutos em azul de coomassie G-250 0,1% (p/v) dissolvido em água:

metanol: ácido acético (40: 50: 10, v/v) e descorado em ácido acético 10%. Após descorar, o gel

foi fotografado e documentado em equipamento Made Master (Pharmacia Biotech), sendo seco

entre papéis celofanes e embebido em gelatina incolor a 5%. Os padrões de peso moleculares

utilizados foram: Albumina bovina (66.000), albumina de ovo (45.000), gliceraldeído-3-fosfato

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Metodologia 18

desidrogenase de músculo de coelho (36.000), anidrase carbônica bovina (29.000), tripsinogênio

de pâncreas bovino (24.000), inibidor de tripsina de soja (20.100) e α-lactalbumina de leite

bovino (14.200). A mobilidade eletroforética relativa de cada banda foi determinada em

centímetros e a massa molecular foi calculada, relacionando-se a mobilidade eletroforética

relativa com o logarítmo do peso molecular do padrão.

4.6. Eletroforese em gel de poliacrilamida para proteínas ácidas: A eletroforese foi realizada em

gel de poliacrilamida a 10% (m/v), segundo método descrito por Davis (1964) para proteínas ácidas.

O tampão do eletrodo foi Tris-Glicina pH 8,3. As amostras foram diluídas num tampão Tris-HCl

0,025M pH 6,8 + sacarose a 10% (m/v). Como indicador foi adicionado ao tampão de amostra azul

de bromofenol a 0,1%. As condições eletroforéticas foram: 120 V (voltagem) com corrente de 10mA

(Electrophoresis Power Supply EPS 601 – AMERSHAM PHARMACIA BIOTECH). O gel foi

corado com azul de Comassie G-250 0,1% (p/v) dissolvido em água: metanol: ácido acético 40: 50:

10, v/v) por 10 minutos e a descoloração foi realizada com ácido acético a 10% (v/v).

4.7. Atividades enzimáticas da metaloprotease:

4.7.1. Teste de degradação do fibrinogênio: Foi determinado segundo a técnica descrita por

Edgar e Prentice (1973), com algumas modificações de acordo com Rodrigues (2001). Os ensaios

foram realizados com preparações da proteína em diferentes concentrações (0,01; 0,1; 0,5; 2 e

5µg), pHs (2,5; 3,5; 4,5; 5,5; 7,0; 8,0 e 10,0), temperaturas (-20; 4; 25; 37; 50; 60; 80; 90; 100ºC)

e tempos de incubação (30min; 2h; 8h; 12h; 24h), nas quais a enzima controle foi mantida por 30

min a 37ºC, sendo estas amostras posteriormente incubadas por 2 horas a 37ºC com uma solução

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Metodologia 19

de fibrinogênio a 1,6mg/mL. Sobre esta atividade também foi testado o efeito de diferentes íons

(Co++; Mg++; Mn++; Fe++; Zn++ e Ca++), do EDTA (2,5; 5; 10; 20; 25mM), da heparina (100; 200;

300; 400 e 500µg) e de alguns extratos de plantas, sendo realizada incubação prévia da proteína

com as diferentes substâncias por período de 30 min a 37ºC. As reações foram interrompidas com

10 µL de tampão Tris-HCl 0,05 M, pH 6,5, contendo glicerol 10% (v/v), β-mercaptoetanol 10%

(v/v), SDS 2% (v/v) e azul de bromofenol 0,05% (p/v), e analisadas por eletroforese em gel de

poliacrilamida a 12%.

4.7.2. Teste de degradação de fibrina: O ensaio de atividade fibrinolítica foi realizado de

acordo com o método descrito por Leitão, Polizello e Rothschild (2000), incubando-se diferentes

concentrações da metaloprotease em placas de Petri contendo fibrina. Foi preparada uma solução

de fibrinogênio 0,3%, e solução de agarose 0,95% sob aquecimento até a formação de um colóide

transparente (vol. final = 10mL), sendo que ambas as soluções foram preparadas em tampão

barbital 0,05 M, pH 4,6 contendo CaCl2 166x10-5 M, MgCl2 68x10-5M e NaCl 94x10-4 M. Após o

esfriamento da solução de agarose (+/- 40ºC) adicionou-se a solução de fibrinogênio

(fibrinogênio : agarose; 1:1; v/v). À mistura (fibrinogênio-agarose) foi adicionada 100 µL de uma

solução contendo trombina bovina (1µg/µL), e vertida em placa de petri para a coagulação. As

placas contendo o coágulo foram mantidas a 4°C e após 30 min, com auxílio de uma ponteira, um

número adequado de pequenos orifícios (5 mm de diâmetro) foram feitos sobre o coágulo de

fibrina para a aplicação das amostras nas concentrações desejadas, em volume final de 30µL,

seguido de incubação por 24 horas a 37ºC. A atividade fibrinolítica foi avaliada visualmente e

quantificada através dos halos de lises produzidos. Como controle positivo e negativo foi

utilizado o veneno bruto de Bothrops jararacussu e PBS, respectivamente.

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Metodologia 20

4.7.3. Teste de degradação do colágeno: Foi realizado utilizando a mesma metodologia

descrita para o teste de degradação do fibrinogênio, amostras contendo a BjussuMP-II em

diferentes concentrações, incubadas com solução de colágeno tipo IV (70µg) por período de 2 h.

As amostras foram analisadas por eletroforese em gel de poliacrilamida a 12%. Após a corrida

eletroforética o gel foi retirado das placas, corado e descorado conforme descrito no item 4.5.

4.7.4. Atividade caseinolítica: Foi realizada segundo método descrito por Van Der Walt e

Joubert (1971). Amostras da proteína em diferentes concentrações foram incubadas por 30 min a

37ºC em solução de Tris-HCl 0,1M pH 9,0 contendo caseína a 1%. Após o período de incubação

foram adicionados 1,5mL de TCA a 30% em cada amostra para parar a reação enzimática,

seguido por centrifugação a 1.530xg por 25 min e leitura das amostras em espectrofotômetro com

comprimento de onda de 280nm. Uma unidade de atividade proteolítica foi definida como a

quantidade de enzima a qual produz um aumento na absorbância de 0,001 unidade/minuto a

280nm.

4.7.5. Atividade gelatinolítica: Esta atividade foi avaliada em gel de poliacrilamida de acordo

com a metodologia de Leber et al. (1997). O gel de concentração foi elaborado nas condições

normais do gel de eletroforese em poliacrilamida, enquanto que o gel de separação contendo

poliacrilamida a 12% foi preparado com gelatina a 3mg/mL (dissolvida por leve aquecimento em

água). As amostras contendo a proteína em diferentes concentrações e veneno bruto (controle)

foram preparadas na ausência de agentes desnaturantes e sem fervura para conservar a atividade

enzimática. Após a corrida eletroforética em gel de poliacrilamida/gelatina, o gel permaneceu por

30 min a 4°C, em solução de Triton X-100 (2,5%) em 100mL de tampão Tris-HCl 0,1M pH 7,5,

efetuando uma troca de tampão. Em seguida, o gel foi incubado por 90 min no mesmo tampão a

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Metodologia 21

25°C sem Triton X-100. O gel foi então submetido à coloração em azul de coomassie por 30 min

e descorado em solução de ácido acético 10%. A avaliação dos resultados foi feita visualmente,

pela observação da ausência de coloração pelo coomassie, nos locais de degradação da gelatina.

4.7.6. Atividade coagulante: Diferentes quantidades da proteína (1, 5, 10, 25, 50 e 100µg)

foram adicionadas em 200µL de plasma humano citratado (fornecido pelo Hemocentro da

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/SP) incubado a 37ºC e o tempo de coagulação (TC) foi

cronometrado em segundos. Os controles foram feitos utilizando-se apenas o plasma e 50µL de

solução de cloreto de cálcio a 0,01M ou 20µg de solução de veneno bruto de B. jararacussu.

4.7.7. Atividade anticoagulante: A atividade anticoagulante foi realizada de acordo com o

método previamente descrito (ALVARADO e GUTIÉRREZ, 1988), utilizando plasma humano

citratado, recém coletado. Para o ensaio, o plasma foi descongelado e mantido incubado a 37°C.

A atividade teve por objetivo avaliar o efeito da BjussuMP-II sobre o tempo de coagulação do

plasma, em diferentes concentrações. A enzima foi previamente incubada com 200µL de plasma

por 1 a 10 min a 37ºC sendo posteriormente adicionados 25µL de solução de cloreto de cálcio

(0,25mM) e cronometrado o tempo de recalcificação em segundos. Os controles foram realizados

adicionando-se 25µL de solução de cloreto de cálcio (0,25mM) a 200µL de plasma citratado.

4.8. Atividades farmacológicas da metaloprotease:

4.8.1. Atividade hemorrágica: Foi realizada segundo método descrito por Nikai et al. (1984).

As amostras contendo veneno bruto ou metaloprotease isolada (10-50µg; 50-200µg

respectivamente) foram diluídas em 50µL de solução salina e injetadas por via intradermica no

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Metodologia 22

dorso de camundongos machos de 18 a 22g (n=6). Após 3h os animais foram eutanasiados com

CO2, as peles removidas e os halos hemorrágicos medidos em dois ângulos retos (diâmetros)

expressos em mm. Define-se como dose mínima hemorrágica (DMH) a concentração de enzima

necessária para produzir um halo de 10mm de diâmetro.

4.8.2. Indução de edema em camundongos: Grupos de 05 camundongos Swiss machos (18-22g)

foram injetados via intradérmica (i.d) na região subplantar da pata direita posterior com 50 µL de

soluções contendo diferentes enzimas (PLA2s, metaloproteases e veneno total), dissolvidos em PBS.

A mensuração da espessura das patas foi realizada previamente, antes da inoculação das amostras

(tempo 0h). Os controles negativos foram realizados com injeções de 50 µL de PBS por animal. Em

seguida, realizou-se a mensuração das patas em diferentes intervalos de tempo após as

administrações, 30 min, 1h e 3h (de cada valor obtido foram subtraídos os valores inicialmente

aferidos no tempo 0h). O aumento do volume na pata dos camundongos foi medido com um

paquímetro de baixa pressão 0.01 mm (Mytutoyo, Japão) e expresso em milímetros de edema

induzido (Soares, 2000).

4.8.3. Atividade miotóxica: Grupos de 6 camundongos machos Swiss (18-22 g) foram injetados

via intramuscular (i.m) no músculo gastrocnêmio direito com diferentes doses de enzimas

(veneno bruto de B. jararacussu ou proteínas isoladas), dissolvidos em 50 µL de PBS. Os

controles negativos receberam somente PBS. Três horas depois, o sangue dos camundongos foi

coletado, por corte na extremidade da cauda, em capilares heparinizados e imediatamente

centrifugados por 20 min a 1.530xg. A atividade da enzima creatina cinase foi determinada

utilizando-se 4 µL de plasma com 1,0 mL de reativo do kit CK-UV cinético (Bioclin) dissolvido

em água destilada, por 3 min a 37ºC. Realizaram-se leituras a 340 nm nos intervalos de 0 e 3 min,

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Metodologia 23

e a atividade foi expressa em unidades/litro. Uma unidade consiste no resultado da fosforilação

de um nanomol (nmol) de creatina por minuto (Soares, 2000).

4.8.4. Toxicidade da protease: Esta foi observada após injeção de 100µL das amostras por via

intraperitonial (i. p.) contendo o veneno bruto de B. jararacussu ou a metaloprotease em

diferentes concentrações, em camundongos machos de 18 - 22g. Os controles negativos foram

realizados com injeção (i. p.) de PBS e todos os animais foram observados durante um período de

48 horas.

4.8.5. Produção de anticorpos policlonais: Este experimento foi realizado conforme

previamente descrito (Rodrigues, 2001). Cerca de 0,6 – 1,2 mg da protease emulsificada com

adjuvante completo de Freund foi injetada subcutâneamente (s.c) em coelhos machos (2 – 2,5

Kg). Após 15 dias foi administrada uma dose reforço com a mesma quantidade da toxina

emulsificada em adjuvante incompleto de Freund. O soro foi obtido por centrifugação do sangue

a 1.060xg por 10 min, coletado 30 dias após a primeira injeção. Para verificar a produção de

imunorreatividade entre os anticorpos policlonais e BjussuMP-II, foram realizados ensaios de

imunodifusão 15 dias após a primeira injeção e 15 dias após a segunda injeção.

- Purificação dos anticorpos policlonais: O soro do animal imunizado foi separado por

centrifugação a 350xg durante 10 min, e em seguia precipitado com 0,8 volume de solução

saturada de sulfato de amônio pH 6.5, incubando-se por 30min a 4ºC e então novamente

centrifugado durante 10 min a 1370xg. O sobrenadante foi descartado e, em seguida, o

precipitado lavado co sulfato de amônio a 40% e novamente centrifugado, sendo desprezado o

sobrenadante.

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Metodologia 24

O precipitado foi dissolvido em cerca de 5 mL de salina e dialisado em câmara fria (2

banhos de 4 L em salina e 2 banhos de 4 L em tampão fosfato 0,02M pH 7.5 em intervalos de 5

h). Para controle negativo da amônia foi utilizado o teste de Nessler.

A amostra foi purificada através de uma cromatografia de troca iônica em DEAE-Sephacel (2

x 20cm), equilibrada em tampão fosfato 0,02M pH 7.5, sendo que a imunoglobulina G foi eluída no

pico inicial. Este pico foi reunido e liofilizado. Posteriormente foi dialisado contra bicarbonato de

amônio 0,05M, pH 8.0 (2 banhos de 4 L em intervalos de 5 h) e novamente liofilizado.

- Imunodifusão: Os testes foram realizados segundo metodologia descrita por Campbell et

al. (1970). Lâminas de microscopia foram recobertas com uma película de ágar a 2,5 % e, em

seguida, foram adicionados 3 mL de ágar a 1,25 %, formando uma camada de 2 a 4 mm de

espessura. O ágar foi perfurado na forma de uma roseta e cerca de 150µg de anti-BjussuMP-II

foi colocado no orifício central e 10µg da BjussuMP-II foi adicionado em cada orifício ao redor.

As lâminas foram colocadas em uma câmara úmida a temperatura ambiente por 48 h para o

desenvolvimento de arcos de precipitação. Depois desse período, as lâminas foram lavadas por 24

h com NaCl 0,3 M e em seguida com NaCl 0,15 M. As lâminas foram secas em papel de filtro e

coradas com amido negro 0,1 % em solução de metanol : ácido acético (9 : 1, v/v) por 10 min,

lavadas em solução de ácido acético a 2 % e secas em estufas a 45°C.

- ELISA - Imunorreatividade cruzada: Microplacas (Dynatech) preenchidas com diferentes

proteínas (2,5µg) foram incubadas por 16h em tampão Tris-HCl 0,1M pH 9,0 + NaCl 0,1M.

Após 5 lavagens com a solução A (Tris-HCl 0,05M pH 7,4 contendo NaCl 0,15M, ZnCl2 20µM e

MgCl2 1µM) as placas foram submetidas a secagem e estocadas a 4ºC. Os anticorpos purificados

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Metodologia 25

(anti-BjussuMP-II) foram diluídos na solução A contendo BSA a 2% (m/v) e adicionados em

triplicata às placas, em uma diluição de 1:12.500 (m/v) e incubados em temperatura ambiente por

2h. As placas foram submetidas novamente a 5 lavagens com a solução A e a ligação dos

anticorpos foi detectada na presença de anti-imunoglobulina de coelho conjugada com fosfatase

alcalina, diluída 1:2.000 (m/v) na solução A contendo BSA e incubada por 90 min. Após uma

última lavagem, a coloração foi desenvolvida na presença do substrato p-nitrofenilfosfato e as

absorbância registradas em microleitor de placas a 410nm (Dynatech 5.000). Os soros normais e

a BjussuMP-II foram utilizados como controles.

4.8.6. Agregação plaquetária e formação de trombina: O sangue foi coletado de doadores

voluntários saudáveis, que não haviam tomado nenhum medicamento por período de 15 dias, e

acrescido de citrato de sódio para impedir sua coagulação (0,31 % v/v). Plasma rico em

plaquetas (PRP) foi obtido por centrifugação a 350xg por 12 minutos em temperatura ambiente.

Plaquetas lavadas (WRP) foram obtidas, na presença de 5 mM EDTA, a partir do PRP

centrifugado a 1.370xg por 15 min. em temperatura ambiente. O precipitado de plaquetas foi

ressuspendido em uma solução Tyrode contendo 0,35 % (p/v) BSA e 0,1 mM EGTA

(concentração final), pH 6,5 e lavados duas vezes por centrifugação (1.370xg por 15 min.). O

pellet final foi ressuspendido em mesma solução Tyrode, pH 7,5 sem EGTA. A suspensão de

plaquetas foi ajustada para 3 x 105 plaquetas/µL. A agregação plaquetária foi medida usando um

“Whole Blood Lumi-Aggregometer” (Chrono-log Corp.). Os testes foram realizados utilizando

200 µL de PRP ou WRP e a agregação foi avaliada após 2 min de incubação com a enzima. Os

controles foram feitos usando colágeno, ADP ou trombina obtendo-se 100% de agregação

plaquetária. Para o teste de inibição da atividade da enzima, foram utilizados inibidores de

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Metodologia 26

protease (5mM PMSF e 7mM benzamidina), procedendo com incubação prévia destes com a

protease por 2 - 3 minutos em 37oC.

A atividade “thrombin-like” induzida pela BjussuMP-II foi avaliada por coagulação do

fibrinogênio ou por hidrólise do substrato cromogênico S-2238 (H-D-Phe-Pip-Arg-pNA),

conforme descrito a seguir. BjussuMP-II foi misturada com 50 mM Tris-HCl, 150 mM NaCl, 10

mM CaCl2, 1 mg/mL PEG 8000, pH 7,5. A reação foi iniciada por adição de fibrinogênio (2

mg/mL) ou S-2238 (0,1 mM), concentração final. A absorbância em 405 nm foi aferida a 37oC

por 20 min. em intervalos de 6 segundos, usando um leitor de microplaca “Thermomax”

(Molecular Devices, Menlo Park, CA, USA). O controle negativo foi realizado na ausência da

BjussuMP-II e para o positivo utilizou-se 1nM de trombina.

4.8.7. Atividade antibacteriana: Foram utilizadas cepas de Escherichia coli (ATCC 29648) e

Staphilococus aureus (ATCC 25923). Em 1,0 mL de bactérias a 1,2 x 106 UFC (unidades

formadoras de colônias/tubo) adicionou-se meio BHI seguido de diferentes concentrações de

BjussuMP-II e incubação a 37 ºC por períodos de 30 minutos. A leitura da concentração

inibitória mínima (CIM), definida como a menor concentração da enzima capaz de inibir o

crescimento bacteriano, foi realizada visualmente pela turvação do meio em macro-diluições. A

técnica de diluição em placa permite avaliar o número de unidades formadoras de colônias que

cresceram em placas com meio sólido de Muller-Hinton por 20 minutos, 1 h e 24 horas, após

incubação com a BjussuMP-II em diferentes concentrações.

4.8.8. Análise histopatológica: Foram utilizados dois camundongos Swiss machos (28-30g) para

cada grupo controle e teste. Os animais do grupo controle receberam injeções por via

intramuscular (50µL) de PBS no músculo gastrocnêmio direito. Os grupos teste receberam

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Metodologia 27

injeções contendo a protease isolada, BjussuMP-II, nas concentrações de 250 e 500µg/animal,

dissolvida em PBS.

Os animais foram sacrificados (com CO2) após 3h, a parede anterior do tórax e do abdome

foram abertas para a coleta de fragmentos das vísceras estudadas (fígado, pulmão, baço, rim e

coração). O mesmo procedimento foi usado para retirada do gastrocnêmio direito na região

posterior da perna. O crânio foi aberto para a retirada do encéfalo. A seguir, os fragmentos foram

lavados em solução PBS e mantidos em solução fixadora (paraformaldeído a 4% em tampão

fosfato), por 24 horas, desidratados em série crescente de álcoois, diafanizados em xilol e

incluídos em parafina, de acordo com o padrão histológico (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1985;

YOUNG e HEATH, 2001).

Os cortes semi-seriados foram obtidos com 5µm de espessuras transversais e longitudinais

aos fragmentos, que logo a seguir foram corados pelo método de hematoxilina-eosina. As

imagens histopatológicas foram capturadas por uma câmera digital JVC - TKC1380 acoplada a

um microscópio binocular Nikon Eclipse E600, e depois transferidas e armazenadas através de

um software Adobe Premiere 5.1.

4.8.9. Atividade antitumoral de BjussuMP-II: Foram testadas culturas de células das seguintes

linhagens da ATCC (American Type Culture Collection, Rockville, MD, USA): SK-Br-3, cultura

de células de adenocarcinoma de mama humana; Jurkat, de células de leucemia linfoblástica T

humana; linhagem EAT, de células de tumor de Ehrlich e B16F10, de células de melanoma

murínico. As linhagens foram gentilmente cedidas pelo Prof. Dr. Auro Nomizo. Todas foram

mantidas em meio de cultura RPMI suplementado com 10% de SBF (soro bovino fetal), 20mM

de L-glutamina e 10µg/mL de gentamicina. As células foram mantidas em estufa de CO2 a 5% a

37˚C após serem descongeladas.

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Metodologia 28

A atividade citotóxica da enzima BjussuMP-II foi avaliada pelo método de MTT (3-[4, 5-

dimethylthiazol-2yl]-2,5-diphenyl tetrazolium bromide) de acordo com os ensaios descritos por

Mosmann (1983), que avalia as células viáveis após incubação com elemento citotóxico.

As células foram cultivadas em frascos apropriados e mantidas em fase exponencial de

crescimento. As culturas de células aderentes foram então destacadas com tripsina a 0,05% e

0,02% de EDTA em PBS (tampão fosfato salino) livre de cálcio e lavadas com meio RPMI em

centrífuga a 800xg/15min a 10 ˚C. As células foram colocadas em placas de cultura de 96 poços

com 1 x 105 células por poço após determinar a concentração de células em câmara de Neubauer.

Depois de 24 horas de cultura, o meio foi removido e, diferentes concentrações das amostras de

proteína e droga controle foram adicionadas e incubadas por 24h. Após este período 20µL de

MTT a 10 mg/mL foram adicionados aos poços e incubados por mais 4 horas para que as células

viáveis incorporassem o tetrazolium. Finalmente 50µL de dodecil sulfato de sódio a 20% foram

adicionados em cada poço no intuito de dissolver os cristais de formazan formados no meio de

cultura, sendo incubados a 37 ˚C por 12 horas no escuro.

Após este período, foram feitas as leituras dos poços contendo os controles negativo e

branco, em espectrofotômetro de microplacas no comprimento de onda de 570 nm. A taxa de

citotoxicidade foi calculada com a seguinte equação: % de toxicidade dos compostos = 1 –

absorbância do poço tratado / absorbância do poço controle X 100.

4.9. Outras Atividades:

4.9.1. Atividade amidolítica sobre o substrato cromogênico artificial benzoil arginil

paranitroanilida (BAPNA): Foi realizada utilizando-se o substrato cromogênico BAPNA. O

substrato foi diluído a 1% em Tris-HCl 0,1M pH8.1. Foram adicionados 500µL da solução de

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Metodologia 29

Tris-HCl + BAPNA em cada tubo contendo as amostras de veneno e a proteína isolada em

diferentes concentrações. O tempo foi cronometrado e os tubos permaneceram em banho a 37ºC,

possibilitando a leitura em espectrofotômetro a 415 nm, sendo considerado 0.009 = 1U/min. Foi

utilizado como coeficiente de extinção molar do produto p-nitroanilida o valor de 8800M-1.cm-1

(SANT’ANA et al., 2007).

4.9.2. Atividade esterásica sobre o substrato artificial TAME: A atividade esterásica foi

determinada por titulação potenciométrica usando 0,01 M de Nα – p – tosyl – L – arginine methyl

ester (TAME) como substrato em uma solução contendo 0,15 M KCl pH 8,0 incubada a 37°C

como previamente descrito (EHREMPREIS e SCHERAGA, 1957).

4.9.3. Atividade hemolítica indireta: A atividade fosfolipásica foi testada pelo método de

hemólise radial indireta, realizado em placas. Neste método, descrito por Gutiérrez et al. (1988),

foi utilizada uma única modificação, a troca da agarose por ágar. O experimento consiste na

elaboração de um gel (CaCl2 0,01 M; gema de ovo 1:3 v/v PBS, pH 7.2; eritrócitos 1:3 v/v PBS;

ágar bacteriológico 1%; azida de sódio 0,005% sendo o volume final completado com PBS) que é

vertido em placas em temperatura de 45-50ºC. Após a solidificação do gel foram feitos orifícios

de tamanho uniforme (0,5 cm de diâmetro) e aplicadas as amostras (40 µL), de veneno bruto ou

metaloprotease diluídos em PBS com diferentes doses (1, 5, 10, 25, 50 e 100µg).

Os géis contendo as amostras foram mantidos em estufa a 37ºC por 12 horas. A formação

de halo translúcido ao redor do orifício no gel é um indicativo de atividade, onde os halos foram

medidos em milímetros para a quantificação da atividade fosfolipásica.

O sangue humano utilizado durante os testes foi imediatamente diluído em tampão PBS

(30 mL) e as células lavadas 3 vezes com centrifugações de 400 xg por 10 minutos, para volumes

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Metodologia 30

aproximados de 10 mL de sangue. Após as centrifugações, o plasma e o PBS foram desprezados

e as células foram utilizadas na composição do gel. A dose hemolítica indireta mínima (DheM),

corresponde a dose de amostra (µg) responsável pela formação de um halo de 10 mm.

4.10. Estudo estrutural da metaloprotease:

4.10.1. Determinação da seqüência completa do cDNA da metaloprotease por biologia

molecular:

4.10.1.1. Extração das glândulas veneníferas da serpente Bothrops jararacussu e preparação

do RNA total: Um exemplar adulto desta espécie foi decapitado e as glândulas de veneno

retiradas e maceradas imediatamente em nitrogênio líquido. Após a evaporação do N2, foi

adicionado ao tecido macerado TRIZOL® LS Reagent ultra pureTM (100mL) LIFE Technologies.

O RNA total obtido foi dissolvido em 20µL de água milli-Q estéril e armazenado a –70ºC, por

curto período de tempo até a realização do RT-PCR.

4.10.1.2. Construção e preparação dos oligonucleotídeos: Os primers (oligonucleotídeos)

usados foram desenhados de acordo com a seqüência N-terminal determinada para a BjussuMP-II

e o C-terminal através de alinhamentos múltiplos com outras metaloproteases de venenos de

serpentes (seqüências depositadas no NCBI -Genebank/SwissProt) de forma que, após a

amplificação, a seqüência do cDNA contivesse nas suas extremidades 5’ e 3’ os sítios de

restrição para as enzimas NheI e BamHI, respectivamente.

MP-1 foward: 5´gctagcatggaacaacaaaaattctccccaaga3´

MP-2 reverse: 5´ggatccttaggcttgttgagaatgcattgt3´

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Metodologia 31

4.10.1.3. Síntese do cDNA e amplificação por PCR: A partir do RNA isolado foi realizada a

síntese do cDNA. O RNA total (5µL) foi submetido à reação de transcrição reversa para a síntese

da primeira fita do cDNA da toxina na presença de transcriptase reversa e oligo dT durante 1 hora

a 42ºC. A segunda fita foi sintetizada utilizando-se 2µL da reação descrita acima, combinados

com os primers específicos (MP-1 foward e MP-2 reverse), para amplificar o gene de interesse.

Os primers foram desenhados com base na seqüência N-terminal obtida por sequenciamento

direto da proteína nativa e por alinhamentos de inúmeras seqüências de metaloproteases

depositadas no banco de dados do NCBI, respectivamente. A amplificação foi realizada

utilizando-se o kit Super Script II (Life Technologies), conforme as especificações do fabricante.

A amplificação do cDNA obtido foi realizada por reação em cadeia de polimerase (PCR). Os

produtos da PCR foram analisados quanto ao tamanho amplificado por meio de eletroforese em

gel de agarose a 1,5% com tampão TBE (composto por tris, ácido bórico e EDTA) 1X. O gel foi

corado com brometo de etídio (0,5µg/mL) e revelado sob a luz ultravioleta. A purificação das

bandas da PCR foi realizada utilizando-se o kit Concert Rapid PCR Purification System (Gibco

BRL), conforme as especificações do fabricante. A quantificação do cDNA da BjussuMP-II foi

realizada em espectrofotômetro pela determinação da absorbância em 260nm (1 UABS260

corresponde a 50µg/mL de DNA fita dupla).

4.10.1.4. Preparo de bactérias competentes: As bactérias Escherichia coli DH5α competentes

foram preparadas utilizando-se o método do CaCl2 descrito por Sambrook et al. (1989). O método

consiste em colocar uma colônia isolada para crescer em 5mL de meio de cultura líquido, LB

(Luria Bertani), “overnight” em estufa sob agitação (1.530xg) a 37ºC, seguindo-se incubação de

0,5mL desta cultura em 50mL de mesmo meio em mesma agitação e temperatura, por período de

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Metodologia 32

3 a 4h até a densidade óptica da cultura atingir 0,3 a 0,4 em 600nm. Em seguida, 30mL da cultura

de células são centrifugados em tubo estéril (2.090xg por 15min a 4ºC). Descarta-se o

sobrenadante e as células são ressuspensas em 15mL de solução Tris-Cálcio, permanecendo em

gelo por 20min. Após este período, as células são novamente submetidas à centrifugação com

rotação de 2.090xg por mesmo período e em mesma temperatura, o sobrenadante é novamente

descartado e as células ressuspensas em 1mL de solução Tris-Cálcio, permanecendo no gelo por

aproximadamente 45min. As células são então consideradas competentes podendo ser guardadas

no gelo por até 24h ou armazenadas a –70ºC.

4.10.1.5. Clonagem do cDNA da metaloprotease em E. coli: Foi utilizado o Kit QIAGEN PCR

cloning handbook, para a construção do vetor recombinante (pDrive Cloning Vector) que foi

inserido em bactérias competentes. Bactérias competentes foram transformadas pelo método da

eletroporação conforme descrito por Hanahan (1985), sendo selecionadas em meio contendo

ampicilina e visualizadas com o acréscimo de IPTG e X-Gal no meio de cultura. Após a

transformação, as colônias de bactérias recombinantes foram analisadas por PCR e eletroforese

em gel de agarose 1,2% para confirmação da clonagem.

4.10.1.6. Transformação das bactérias competentes: A transformação foi realizada pelo

método da eletroporação conforme descrito por Hanahan (1985). O método consiste em colocar o

vetor recombinante (2µL) juntamente com as células competentes (40µL), sendo todos os

procedimentos realizados em gelo. A mistura deve ser agitada levemente, transferida para a

cubeta de eletroporação e as células submetidas a um pequeno choque no eletroporador. Em

seguida é adicionado 1mL de meio LB líquido e toda a solução é transferida para um tubo

permanecendo em estufa a 37ºC a 1.060xg durante 1h. Desta solução de células transformadas,

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Metodologia 33

cada 100µL foram plaqueados em placas de petri contendo meio LB sólido acrescido de

ampicilina, que permite o crescimento apenas das células transformadas que se apresentam

resistentes a este antibiótico devido ao gene de resistência presente no plasmídio por elas

adquirido.

4.10.1.7. Purificação de plasmídeos: As bactérias transformadas, crescidas em meio sólido

contendo ampicilina, foram colocadas para crescer overnigth sob agitação de 500xg a 37ºC (em 3

mL de meio LB contendo ampicilina 0,1%), posteriormente centrifugadas para abaixar o

precipitado, que foi utilizado para a purificação de plasmídeos pelo Kit QIAGEN PLASMID

MINI Handbook – 100, segundo protocolo otimizado.

4.10.1.8. Digestão: A digestão, com as enzimas NheI e BamHI, de uma alíquota dos plasmídeos

purificados das colônias de E. coli foi realizada para confirmação, em gel de agarose 1,2%, da

presença do cDNA da proteína de interesse. Como padrão de peso molecular foram utilizados

10µL de Hind III fragments, 90µL (preparado em água e tampão TAE – composto por tris, ácido

acético e EDTA) Foram realizados: uma PCR e posterior precipitação e purificação de seu

produto precedendo o sequënciamento.

4.10.1.9. Reação de seqüênciamento de cDNA por produto de PCR: Os produtos da PCR

foram submetidos ao seqüênciamento direto, usando o kit ABI Prism® Big DyeTM Terminador

Cycle Sequencing Ready Reaction (Perkin Elmer). Foram utilizados primers que amplificam

regiões presentes no plasmídeo. O protocolo de reação foi conduzido conforme as especificações

do fabricante, com 25 ciclos de reação de: 95ºC por 10 segundos, 50ºC por 20 segundos, 72ºC

por 4 minutos; após este intervalo as amostras foram mantidas a -4ºC. À mistura de

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Metodologia 34

seqüênciamento foram adicionados 80 µL de isopropanol a 75%, seguido de incubação por 15

min a temperatura ambiente. Após a incubação, a mistura foi centrifugada a 1.060xg por 45 min,

a 5ºC, sendo realizada uma lavagem com etanol 70% gelado e em seguida incubação em estufa a

37ºC por 1 hora. A eletroforese seguiu em um aparelho ABI Prism 377 DNA Sequencer (Perkin

Elmer), usando gel de poliacrilamida a 4%, uréia 6 M, sendo conduzida a 1500V, temperatura de

51ºC, durante 7 horas. Os eletroferogramas obtidos foram analisados através do programa ABI

Analysis Data Collection e as seqüências posteriormente analisadas através do software

Sequencher versão 3.1.

4.10.1.10. Análise computacional das seqüências: A seqüência de cDNA e de aminoácidos da

metaloprotease obtida de B. jararacussu foi analisada quanto à homologia com outras seqüências

de proteases previamente depositadas no banco de dados do NCBI (National Center for

Biotechnology Information), GenBank e SwissProt, para nucleotídeos e aminoácidos.

Adicionalmente foram realizados o alinhamento múltiplo das seqüências de aminoácidos através

da utilização do programa Clustal W multiple Alignement (THOMPSON et al, 1994).

4.11. Clonagem em vetor de expressão do cDNA da BjussuMP-II:

4.11.1. Isolamento do cDNA completo.

A partir dos plasmídeos extraídos de clones selecionados, foram amplificados os

fragmentos de BjussuMP-II. A extração dos plasmídeos recombinantes foi realizada com o “Kit

ConcertTM Rapid plasmid – Miniprep System” (GibcoBRL) de acordo com as especificações do

fabricante. Em seguida os plasmídeos foram analisados em eletroforese em gel de agarose 1%

com tampão TBE 1X pH 8.2. O gel foi corado com brometo de etídio (0,5µg/mL) e visualizado

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Metodologia 35

em luz ultravioleta. Foi utilizado os mesmos oligonucleotídeos (MP-1 e MP-2) específicos

desenhados para a amplificação do cDNA, sem a região codificadora do peptídeo sinal.

Um programa para PCR foi otimizado e programado no termociclador (MJ Research,

Inc). Os produtos da PCR foram analisados por meio de eletroforese em gel de agarose a 1% com

tampão TBE 1X. O gel foi corado com brometo de etídio (0,5µg/mL) e revelado sob luz

ultravioleta. A purificação das bandas da PCR foi realizada por meio de eletroforese em gel de

agarose low melting a 1% em tampão TAE 1X pH 8.0 utilizando o “Kit Wizard PCR Preps –

DNA Purification System” (Promega), segundo as especificações do fabricante. A quantificação

do DNA da BjussuMP-II foi realizada em espectrofotômetro pela determinação da absorbância

em 260nm.

Os fragmentos amplificados foram clonados utilizando o “Kit TOPO TA Cloning”

(Invitrogen) seguindo as especificações do fabricante. Os plasmídeos foram extraídos utilizando

o Kit anteriormente citado e, após a extração, a qualidade do DNA plasmidial foi analisada por

meio de eletroforese em gel de agarose conforme condições já descritas.

4.11.2. Ligação do cDNA ao vetor de expressão e transformação genética.

Os vetores de expressão utilizados para a clonagem do cDNA da proteína foram os do

sistema pET (Novagen) (STUDIER e MOFFATT, 1986; ROSENBERG et al., 1987; STUDIER

et al., 1991). Neste trabalho, foram utilizados os vetores pET21a que foram digeridos com as

enzimas NheI e BamHI . Cada plasmídeo recombinante (4µg) contendo o cDNA de interesse

(ligado ao plasmídeo do “Kit TOPO TA Cloning”) também foi digerido com estas mesmas

enzimas.

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Metodologia 36

Quantidade (µL) Sistemas de digestão

PET21a

Água 74

Vetor 8 (3,6µg)

BamHI (10U/µL) 5

NheI (5U/µL) 3

Tampão 10X de BamHI 10

Volume final 100

O sistema de digestão foi incubado a 37ºC durante 1 hora e 30 minutos. Após a digestão,

os produtos foram analisados por meio de eletroforese em gel de agarose a 1,5%. Em seguida, os

vetores foram submetidos a uma etapa de precipitação, antes da ligação do inserto, que consistiu

do seguinte procedimento:

1- 90µL do vetor digerido + 7,5µL de SDS 10% + 3µL de EDTA 0,5M e 5µL de NaCl 3M;

2- Homogeneização e extração com 150µL da mistura de fenol: clorofórmio: álcool

isoamílico 24: 22: 1;

3- Agitação por 1 minuto e centrifugação por 2 minutos a 12.000xg;

4- Repetição da extração com fenol: clorofórmio: álcool isoamílico;

5- Extração com um volume de clorofórmio hidratado (2 vezes);

6- Centrifugação por 2 minutos a 12.000xg e separar o sobrenadante;

7- Ao sobrenadante obtido foram adicionados 1/10 volume de NaCl 3M e 2,5 volumes de

etanol;

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Metodologia 37

8- Incubação a –20ºC overnight;

9- Centrifugação por 2 minutos a 12.000xg e ressuspensão do precipitado em 20µL de água

MilliQ estéril.

Após a precipitação do vetor digerido, foi realizada a ligação com cDNA da proteína

previamente preparado. A ligação do cDNA da BjussuMP-II nos vetores de expressão foi

processada conforme a reação a seguir:

Componentes Volume (µL)

Água 5,5

Tampão 10X de ligase 1,5

Vetor 3,0 (3µg)

Inserto (BjussuMP-II) 4,0 (20µg)

T4 DNA Ligase (1U/µL) 1,0

Volume final 15

O sistema de ligação foi incubado à temperatura ambiente por 30 minutos, seguido de 1

hora a 16ºC. Uma vez efetuada a ligação, foi realizada uma transformação, em células

competentes previamente preparadas, de E. coli BL21 (DE3) pLysS. Essa hospedeira apresenta

resistência ao antibiótico cloranfenicol na concentração de 34µg/mL, devido à presença do

plasmídeo pLys.

As células competentes da linhagem hospedeira foram preparadas conforme o método do

CaCl2 descrito por Cohen et al. (1972) e a transformação foi induzida por choque térmico. Cerca

de 5µL do produto da ligação foram adicionados a 100 µL de suspensão de células hospedeiras

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Metodologia 38

competentes e os tubos incubados em gelo por uma hora. Em seguida, as células foram

submetidas a um choque térmico a 42ºC por 2 minutos; incubadas em meio de cultura LB líquido

a 37ºC por uma hora e, em seguida, plaqueadas em meio de cultura LB sólido contendo 34µg/mL

de cloranfenicol e 100µg/mL de ampicilina. Após incubação a 37ºC overnight as colônias

transformantes foram analisadas.

4.11.3. Análise das colônias transformantes.

Os clones foram incubados em 3mL de meio de cultura LB líquido contendo ampicilina e

cloranfenicol e incubados por 14 horas a 37ºC. Em seguida, foi realizada uma extração de DNA

plasmidial utilizando o “Kit ConcertTM Rapid Plasmid – Miniprep System” (GibcoBRL) de

acordo com as recomendações do fabricante. Após a extração dos plasmídeos, a qualidade do

DNA plasmidial foi analisada por meio de eletroforese em gel de agarose. As amostras foram

submetidas a uma PCR com os primers desenhados, nas mesmas condições já descritas, seguida

pela análise em eletroforese. As amostras positivas foram seqüenciadas utilizando o primer do

promotor T7. O sequenciamento e a análise das seqüências foram realizados conforme descrito

anteriormente.

4.11.4. Expressão da proteína recombinante.

A expressão foi induzida pela adição de IPTG. Vários testes foram realizados em busca

das melhores condições de expressão em pET21a, alterando-se os constituintes do meio de

cultura, pH, concentração de IPTG, temperatura e o tempo de indução da proteína recombinante.

Os estudos de expressão foram realizados com células E coli BL21 (DE3)pLysS transformadas

com os plasmídeos recombinantes derivados do pET21a. A expressão foi iniciada com as

construções em pET21a, inoculando uma colônia dos clones em 50mL de meio de cultura LB

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Metodologia 39

líquido acrescido de cloranfenicol e ampicilina, mantendo-se a cultura sob agitação a 1.200xg, a

37ºC. A proliferação foi monitorada pela medida da absorbância a 600nm, e quando a cultura

atingiu 0,6-1,0 UAbs (aproximadamente 3 horas), foi adicionado o IPTG na concentração de

1mM sendo o cultivo mantido por mais 4 horas. Simultaneamente, foi feito um controle não

induzido, sem a adição do IPTG, nas mesmas condições.

4.11.5. Análise da expressão da BjussuMP-II em gel de poliacrilamida.

Decorrido o tempo de indução, 1mL do meio de cultura foi centrifugado e o sedimento

lavado com solução contendo Tris-HCl 50mM pH 8.0, EDTA 20mM, uréia 0,5M e triton X-100

0,5%. Esta etapa de lavagem do sedimento é realizada sob agitação em agitador tipo vórtex por

alguns minutos seguida de centrifugação por 3 min a 6.800xg e à temperatura ambiente. O

sedimento contendo os corpos de inclusão foi novamente ressuspenso em 100µL de água MilliQ

estéril e 10µL analisado por eletroforese vertical em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE),

juntamente com os controles não induzidos. O restante do meio de cultura foi centrifugado por 30

minutos a 6.800xg e as células contendo os corpos de inclusão foram armazenadas a –70ºC.

O gel de poliacrilamida foi confeccionado a 12%, utilizando SDS como agente

desnaturante segundo método descrito por Laemmli (1970). O gel de concentração foi preparado

a 6% em poliacrilamida (acrilamida e bisacrilamida 19:1) em tampão Tris-HCl 1,5M pH6,8, SDS

10%, persulfato de amônio 10% e TEMED, e o gel de separação a 12% poliacrilamida foi

preparado em tampão Tris-HCl 1M pH 8,8, SDS 10%, persulfato de amônio 10% e TEMED. As

amostras (10µL contendo corpos de inclusão) foram dissolvidas em tampão de amostra (Tris-HCl

0,5M pH 6,5; SDS 2%; β-mercaptoetanol 3,5% e azul de bromofenol 1mg/mL) fervidas por 5

minutos e aplicadas no gel. A eletroforese foi realizada em tampão Tris-glicina 1X pH 8,3 a 90V

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Metodologia 40

por aproximadamente 2,5 horas, até o indicador azul alcançar o final do gel. O gel foi corado em

uma solução de azul de Coomassie (metanol 50%, ácido acético 10% e Coomassie Blue 0,2%),

por 10 minutos e depois descorado em ácido acético 10%.

4.11.6. Purificação e redobramento da proteína recombinante.

Extração e purificação da metaloprotease dos corpos de inclusão.

Os sedimentos de células induzidas contendo a proteína recombinante na forma de corpos

de inclusão, armazenados a -70°C, passaram por duas etapas de sonicação em tampão contendo

Tris-HCl 50mM pH8,0, EDTA 20mM, uréia 0,5M e Triton X-100 0,5% para uma completa

homogeneização, seguida de centrifugação (4.000xg por 10 min). O homogenato foi distribuído

em tubos de 2mL e submetidos novamente à centrifugação (4.000xg por 5 min) para eliminar o

excesso de tampão.

Após a sonicação, o sedimento contendo os corpos de inclusão foi tratado com 1mL de

tampão Tris-HCl 50mM pH8,0 contendo uréia 3M e EDTA 20mM por 30 min a 37°C. As

amostras foram centrifugadas por 5 minutos a 20.000xg e o sobrenadante descartado. O

sedimento foi ressuspenso em 500µL do tampão de modificação (300µL NTSB, 0,283g

tiocianato de guanidina) e incubado por 1 hora à temperatura ambiente para completa dissolução.

Em seguida as amostras foram aplicadas em colunas de filtração em gel (1,6 X 2,5 cm)

empacotadas com uma resina de exclusão molecular BioGel P6 (BIORAD). A coluna foi

equilibrada com tampão contendo Tris-HCl 50mM pH8,0/EDTA 1mM, e a proteína eluída com

tampão Tris-HCl 20mM pH8,0, EDTA 2mM e hidrocloreto de guanidina 2M, segundo protocolo

previamente descrito (WARD et al., 2001). O pico de proteína eluída detectado por absorbância

em 280nm serviu como amostra para o redobramento.

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Metodologia 41

- Redobramento e Purificação da metaloprotease recombinante.

O redobramento da proteína recombinante foi conduzido in vitro em fase sólida em coluna

de filtração em gel (1,5 x 2,5 cm) empacotada com a mesma resina de exclusão molecular BioGel

P6 (BioRad) equilibrada com 12mL de tampão de redobramento contendo Tris-HCl 20mM

pH8,0, hidrocloreto de guanidina 0,3M, cisteína 6mM e cistina 3mM. Após aplicação da amostra

protéica na resina de adsorção, a coluna foi mantida por aproximadamente 16 horas em incubação

à temperatura ambiente. Em seguida, a coluna foi lavada com 10mL de tampão Tris-HCl 50mM,

pH 8.0 contendo EDTA 1mM e hidrocloreto de guanidina 0,3M, para eluição da proteína. As

amostras coletadas foram diluídas em 10mL de tampão contendo Tris-HCl 50mM contendo

hidrocloreto de guanidina 0,3M, cistina 3mM e de cisteína 6mM e mantidas à temperatura

ambiente com agitação moderada durante 48 horas para permitir a renaturação.

Decorrido o tempo de redobramento, as amostras foram purificadas em cromatógrafo

líquido de alta eficiência (HPLC – Shimadzu), equipado com coluna de troca aniônica

(Asahipack ES502N) e detector U.V., previamente programado para um gradiente linear de 0-

100%, de NaCl 2M em 20 minutos. Utilizou-se no reservatório A tampão de eluição com Tris-

HCl 50mM pH 8,0 e no reservatório B tampão de eluição com Tris-HCl 50mM pH 8,0 contendo

NaCl 2M com um fluxo de 0,5mL/minuto. As frações eluídas no intervalo de 20 a 40 minutos

foram coletadas. O perfil cromatográfico da BjussuMP-II isolada do veneno de Bothrops

jararacussu, obtido na mesma coluna sob as mesmas condições, foi utilizado como padrão de

comparação. A proteína recombinante foi submetida aos testes de atividade fibrinogenolítica e

fibrinolítica.

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Metodologia 42

4.12. Estudo estrutural da BjussuMP-II

4.12.1. Modelagem protéica: Todos os alinhamentos entre a seqüência da BjussuMP-II e as

outras moléculas homólogas depositadas no banco de dados estrutural, foram gerados usando o

programa HHpred (SÖDING, BIEGERT e LUPAS, 2005), acessível pelo Instituto Max-Planck

do servidor Desenvolvimento da Biologia (http://protevo.eb.tuebingen.mpg.de/toolkit). A

estrutura da BaP1, uma metaloprotease do veneno da serpente Bothrops asper (PDB code 1ND1)

(WATANABE et al., 2003), foi selecionada e usada como molde pelo programa MODELLER

8v2 (MARTI-RENOM et al., 2000) para construir o modelo inicial da BjussuMP-II. O íon Zn++

foi adicionado ao molde estrutural para o modelo inicial usando o programa MODELLER 8v2.

4.12.2. Simulação Dinâmica Molecular: A simulação Dinâmica Molecular foi realizada usando

o programa GROMACS (Groningen Machine for Chemical Simulation) v.3.3.1 (BERENDSEN

et al., 1996; LINDAHL et al., 2001) e explícitas moléculas de água (BERENDSEN et al., 1981),

em um bi-processador Intel Xeon 64 usando um sistema Ubuntu Linux v.6.06. Um contador de

íons foi adicionado para neutralizar o sistema e o campo de força GROMOS 96 53a6

(OOSTENBRINK et al., 2005) para realização da simulação MD. A simulação MD foi realizada

em temperatura e pressão constantes em uma caixa dodecaédrica, com uma distância mínima de

1.2 nm entre os átomos da proteína e a parede da caixa.

Na seqüência para gerar o início da configuração do sistema, há uma minimização da

energia inicial (EM) usando um “steepest descent algorithm” e 200 ps (pico segundos) de

dinâmica molecular com restrições de posições aplicadas à proteína (PRMD). Então, uma

desenfreada simulação MD de 5000 ps foi executada para a aproximação da estabilidade do

modelo. Durante o processo, temperatura e pressão foram controladas, respectivamente, para 298

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Metodologia 43

K e 1.0 bar (BERENDSEN et al., 1986). As distâncias entre as histidinas catalíticas e o íon Zn++

do modelo BjussuMP-II foram obtidas de acordo com Andreini et al. (2005).

4.12.3. Avaliação do Modelo Teórico da BjussuMP-II, superposição de átomos de Cα e

análise de resíduos de superfície conservados: A qualidade geométrica do modelo teórico final

da BjussuMP-II foi verificada utilizando o programa PROCHECK v.3.5.4 (LASKOWSKI et al.,

1996). A superposição dos átomos de Cα da BjussuMP-I foi executada com o programa O (INNIS

et al., 2000).

4.13. Análise estatística dos resultados: Os dados obtidos foram analisados estatisticamente,

sendo expressos os resultados pela média +/- desvio padrão (SD).

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Resultados 44

5. RESULTADOS

Isolamento e Caracterização Bioquímica da Metaloprotease

A metaloprotease, BjussuMP-II, foi obtida em elevado grau de pureza em apenas duas

etapas cromatográficas, uma coluna contendo resina CM-Sepharose em tampão bicarbonato de

amônio com gradiente de concentração variando de 0,05 a 1M pH 8,1, e uma cromatografia de

interação hidrofóbica em resina Fenil-Sepharose, eluída em tampão Tris-HCl 0,05M pH 7.4, com

gradiente decrescente de NaCl de 4 a 0M e por fim água (Figura 2A e B). O alto grau de pureza

da BjussuMP-II foi confirmado em HPLC de fase reversa (Figura 2C) e em eletroforese em gel

de poliacrilamida na presença de SDS (Figura 2D), que demonstrou também uma única cadeia

polipeptídica com massa molecular relativa de 24.000.

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Resultados 45

Figura 2. Isolamento da metaloprotease BjussuMP-II. (A) Perfil Cromatográfico em CM-Sepharose, equilibrada com AMBIC 0.05M e gradiente de concentração até 1M, pH 8.1, à temperatura ambiente. Amostra: 300 mg de veneno bruto de B. jararacussu dissolvidos em 1,5 mL do mesmo tampão. Fluxo de 24mL/hora e frações de 3,5 mL/tubo. (B) O pico J-II (15 mg), obtido da cromatografia de troca iônica em CM-Sepharose, foi aplicado em coluna de Fenil-Sepharose, sendo eluído em tampão Tris-HCl 0,05M pH 7.4, seguido pelo mesmo tampão em gradiente decrescente de NaCl (4 – 0M) e água, em um fluxo de 0,4mL/min e coletando-se frações de 3mL/tubo. (C) Avaliação do grau de pureza da BjussuMP-II em HPLC de fase reversa em coluna C18, eluída em acetonitrila: 0,1% TFA (5:95 v/v, tampão A) e acetonitrila: 0,1% TFA (60:40 v/v, tampão B), seguindo um gradiente linear para 25% de tampão B depois de 30 min a um fluxo de 1mL/min. (D) Eletroforese em gel de poliacrilamida na presença de agentes desnaturantes (Dodecil sulfato de sódio - SDS e β-mercaptoetanol). Amostras: 1- Padrão de peso molecular (PM); 2- BjussuMP-II (30µg).

Ace

toni

trila

(%)

0 5 10 15 20 25 300.00

0.05

0.10

0.15

0.20 60

45

30

15

0

Abs

280

nm

0 5 10 15 20 25 300.00

0.05

0.10

0.15

0.20 60

45

30

15

0

Abs

280

nm

Tempo de retenção (min)

Ace

toni

trila

(%)

0 5 10 15 20 25 300.00

0.05

0.10

0.15

0.20 60

45

30

15

0

Abs

280

nm

0 5 10 15 20 25 300.00

0.05

0.10

0.15

0.20 60

45

30

15

0

Abs

280

nm

Tempo de retenção (min)

C

0 50 100 150 200 250 3000

1

2

3

4

A BthTX-I

BthTX-II

J-V

J-IVJ-III

J-II

J-I

J-0

Abs

280n

m

Número de tubos0 10 20 30 40 50 60

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

NaC

l [M

]

H2O0

1

2

3

4

B

BjussuMP-II

Abs

280

nm

Número de tubos

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Resultados 46

Caracterização Funcional da Metaloprotease

A BjussuMP-II, em baixas quantidades (0,01; 0,1 e 0,5µg), foi capaz de hidrolisar as

cadeias α e β do fibrinogênio, enquanto que a cadeia γ não foi hidrolisada, mesmo na presença

de quantidades maiores (2 e 5µg) da enzima (Figura 3A). Esta enzima induziu atividade

fibrinogenolítica dose-tempo-dependente, mostrando-se ativa após 30 min de incubação (Figuras

3B). A BjussuMP-II foi capaz de hidrolisar a cadeia β do fibrinogênio após ser incubada em

diferentes temperaturas e valores de pHs (Figura 3C e 3D). Esta metaloprotease apresentou

intensificação de sua atividade sobre fibrinogênio quando incubada com os íons Zn++ e Ca++ em

concentração de 40mM, mantendo atividade proteolítica semelhante ao controle, quando

incubada com outros íons divalentes, como Mn++, Co++, Fe++ e Mg++ (Figura 4A).

A heparina foi capaz de inibir totalmente a atividade fibrinogenolítica da metaloprotease

(Figura 4C), sendo o mesmo observado na presença de EDTA acima de 10 mM (Figura 4B).

Adicionalmente, o EGTA e a 1,10-fenantrolina, agentes quelantes de metais, também inibiram

esta atividade. Entretanto, os inibidores β-mercaptoetanol, aprotinina e PMSF a 10mM não

inibiram o efeito proteolítico da BjussuMP-II sobre o fibrinogênio (Figura 5A).

Alguns extratos de plantas, com atividade antiofídica comprovada foram testados,

resultando em inibição parcial da atividade fibrinogenolítica da protease apenas pelos extratos de

Stryphnodendron barbadetiman, Jatropha elíptica e Sapindus saponaria. Os demais extratos

(Mandevilla velutina, Mikania glomerata, Jacaranda decurrens e Anacardium humile)

mostraram-se sem efeito inibitório sobre esta atividade na proporção de 1:30 (m/m) conforme

mostrado na Figura 5B.

A protease mostrou-se inativa sobre os substratos TAME e BAPNA (resultados não

apresentados).

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Resultados 47

No teste de degradação de gelatina, realizado em gel de poliacrilamida, tanto o veneno

bruto de B. jararacussu (20µg) quanto a proteína BjussuMP-II (20 e 50µg) mostraram-se

proteolíticos sobre este substrato podendo ser visualizadas bandas sem coloração após tratamento

do gel de acordo com protocolo experimental (resultado não apresentado).

A BjussuMP-II mostrou-se proteolítica sobre a caseína com efeito dose dependente, e

com atividade maior que a apresentada pelo veneno bruto de B. jararacussu (Figura 6A). Para o

efeito sobre fibrina, também foi observada maior atividade da enzima em relação ao veneno

bruto, sendo que a BjussuMP-II mostrou-se ativa em concentrações de 3 a 96µg (Figura 6B). A

proteína apresentou efeito proteolítico sobre o colágeno tipo IV em diferentes concentrações,

mostrando-se ativa a partir de 6µg (Figura 6C), tendo atividade dose-dependente.

A metaloprotease em concentrações de 1 a 50µg não apresentou atividade coagulante e

nem anticoagulante sobre plasma bovino. No entanto, esta enzima foi capaz de acelerar a

coagulação na presença de íons cálcio, demonstrando uma possível ação pró-coagulante (Tabela

1).

A metaloprotease não induziu hemorragia, em altas doses (200µg), sendo considerada não

hemorrágica uma vez que o veneno bruto induziu hemorragia com 10µg, ou seja, 1 DMH (dose

mínima hemorrágica). Esta enzima apresentou baixa atividade indutora de edema, quando

comparada aos controles realizados com veneno bruto de B. jararacussu e fosfolipase A2

homóloga isolada do mesmo veneno (BthTX-I). A BthTX-I e o veneno bruto (10µg) induziram

90 e 100% de edema em 30 min, respectivamente, após a injeção das amostras, enquanto que,

para a BjussuMP-II induzir 80%, foi necessária a concentração de 100µg (resultados não

apresentados).

A BjussuMP-II também não se mostrou miotóxica quando injetada em músculo

gastrocnêmio direito de camundongos, obtendo-se o valor de 214,01U/min para a atividade da

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Resultados 48

creatina cinase após injeção de 200µg da proteína equivalente aos valores de atividade dosados

nos animais controle os quais receberam injeção de PBS (212,08 U/min). Foi realizado um

controle positivo com injeção de 40µg da BthTX-I isolada do veneno de B. jararacussu, que

apresentou miotoxicidade na ordem de 1.352,81 U/min (resultados não apresentados).

A BjussuMP-II não se mostrou letal em altas doses (500µg) administradas por injeção

intra-peritonial, em contraste com o veneno bruto de B. jararacussu (50µg) que resultou em

100% de morte dos animais 4 horas após a injeção.

A análise histopatológica de amostras do músculo gastrocnêmio, coletadas 3 horas após a

injeção i.m. da BjussuMP-II (250µg), demonstrou infiltrados leucocitários focais (com

neutrofilia), a presença de plasmócitos (caracterizando inflamação) e destruição das fibras

musculares (Figura 7A). O tecido pulmonar após injeção da BjussuMP-II apresentou congestão

difusa (hemorragia), espaços alveolares diminuídos por espessamento dos septos e espaços

intersticiais expandidos pelo infiltrado inflamatório (Figura 7D). Não foram observadas

alterações significativas nos rins e outros tecidos viscerais (cerebral, renal, esplênico e muscular

cardíaco).

A BjussuMP-II inibiu a agregação plaquetária induzida por colágeno (10µg/mL) ou ADP

(10µM). A adição da BjussuMP-II (5 a 30µg/mL) em solução de plaquetas lavadas e posterior

acréscimo de colágeno também resultou em inibição da agregação plaquetária dose-dependente

(Figura 8).

A inibição da agregação plaquetária induzida pela BjussuMP-II foi quase totalmente

abolida após tratamento com EDTA (5mM), PMSF (5mM) e benzamidina (7mM) (Tabela 2). A

atividade proteolítica da BjussuMP-II sobre o fibrinogênio ou o substrato S-2238 foi nula,

enquanto que a trombina apresentou 100% de atividade na presença destes mesmos substratos

(Tabela 3).

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Resultados 49

A BjussuMP-II mostrou-se bactericida sobre E. coli e S. aureus (Figura 9), e apresentou

considerável atividade antitumoral sobre células JURKAT, SK-BR-3 e EAT. O metotrexato,

droga antitumoral largamente empregada na clínica foi utilizada como controle e apresentou

atividade semelhante a BjussuMP-II sobre células EAT (Figura 10). Entretanto, sobre células da

linhagem B16F10 de camundongos, o efeito citotóxico da BjussuMP-II foi menos pronunciado,

sendo necessário 1mg/mL de proteína para se obter 22% de citotoxicidade, frente ao metotrexato

que nesta concentração resultou em 30% de citotoxicidade (Figura 10).

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Resultados 50

Figura 3. Atividade fifrinogenolítica da BjussuMP-II em diferentes concentrações, tempos de incubação, pHs e temperaturas. (A) Atividade fibrinogenolítica de BjussuMP-II em diferentes concentrações. 1- Fibrinogênio bovino (80g); 2- Fibrinogênio + BjussuMP-II (0,01µg) a 37°C em pH 7.0 por 30min.; 3- (0,1µg); 4- (0,5µg); 5- (2µg); 6- (5µg). (B) BjussuMP-II (2µg) em diferentes tempos de incubação. 1- Fibrinogênio (80µg); 2- Fibrinogênio + BjussuMP-II (30min) a 37°C em pH 7.0; 3- (2h); 4- (8h); 5- (12h); 6- (24h). (C) BjussuMP-II (2µg) em diferentes pHs. 1- Fibrinogênio (80µg); 2- Fibrinogênio + BjussuMP-II previamente incubados em PBS a 37°C por 30 min.; 3- pH 2.5; 4- pH 3.5; 5- pH 4.5; 6- pH 5.5; 7- pH 7.0; 8- pH 8.0; 9- pH 10.0. (D) BjussuMP-II (2µg) em diferentes temperaturas. 1-Fibrinogênio (80µg); 2-Fibrinogênio + BjussuMP-II (previamente incubada durante 30min) a –20ºC em pH 7.0; 3- 4ºC; 4- 25ºC; 5- 37ºC; 6- 50ºC; 7- 60ºC; 8- 80ºC; 9- 90ºC e 10- 100ºC.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 C D 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1 2 3 4 5 6 A B α β γ

1 2 3 4 5 6

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Resultados 51

Figura 4. Atividade fifrinogenolítica da BjussuMP-II na presença de diferentes íons, EDTA e heparina em diferentes quantidades. (A) BjussuMP-II (2µg) com diferentes íons. 1- Fibrinogênio (80µg); 2- Fibrinogênio + BjussuMP-II previamente incubados em PBS por 30min. em pH 7.0; 3- solução de Mg++ (10mM); 4- Co++; 5- Zn++; 6- Ca++; 7- Fe++; 8- Mn++. (B) BjussuMP-II (2µg) com EDTA. 1- Fibrinogênio (80µg); 2- Fibrinogênio + BjussuMP-II previamente incubados em PBS a 37°C em pH 7.0 por 30 min.; 3- solução de EDTA 2,5mM; 4- 5mM; 5- 10mM; 6- 20mM; 7- 25mM. (C) BjussuMP-II (2µg) com heparina. 1- Fibrinogênio (80µg); 2- BjussuMP-II previamente incubada com heparina 100µg; 3- (200µg); 4- (300µg); 5- (400µg); 6- (500µg); 7- Fibrinogênio + BjussuMP-II em PBS a 37°C em pH 7.0 por 30 min.

1 2 3 4 5 6 7 A 1 2 3 4 5 6 7 8 B

α β γ

C

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Resultados 52

Figura 5. Efeito de Inibidores sobre a Atividade fibrinogenolítica de BjussuMP-II. (A) Inibidores químicos. 1- Fibrinogênio (80µg); 2- Fibri + BjussuMP-II (2µg) a 37ºC por 30 min. em pH 7.0; 3- Fibri + BjussuMP-II + β-mercaptoetanol (4mM); 4- Fibri + BjussuMP-II + EGTA (10mM); 5- Fibri + BjussuMP-II + aprotinina (10mM); 6- Fibri + BjussuMP-II + 1,10-fenantrolina (10mM) e 7- Fibri + BjussuMP-II + PMSF (10mM). (B) Inibidores naturais obtidos de plantas. 1- Fibrinogênio (80µg); 2- Fibri + BjussuMP-II (2µg) a 37°C em pH 7.0 por 30 min.; 3- Fibri + BjussuMP-II + Stryphnodendron barbadetiman (1:30); 4- Fibri + BjussuMP-II + Mandevila velutina (1:30); 5- Fibri + BjussuMP-II + Eclipta alba (1:30); 6- Fibri + BjussuMP-II + Micania glomerata (1:30); 7- Fibri + BjussuMP-II + Jatropha eliptica (1:30); 8- Fibri + BjussuMP-II + Jacaranda decurrens (1:30); 9- Fibri + BjussuMP-II + Sapindus saponaria (1:30); 10- Fibri + BjussuMP-II + Anacardium humile (1:30).

A 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 B

BjussuMP-II

α β γ

1 2 3 4 5 6 7

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Resultados 53

Figura 6. Atividade proteolítica da BjussuMP-II sobre diferentes substratos. (A) Sobre caseína em diferentes concentrações de BjussuMP-II com incubação em pH 7.0 por 30 min. a 37ºC. (B) Sobre fibrina em diferentes concentrações de BjussuMP-II com incubação “over night” a 37ºC. (C) Sobre colágeno tipo IV em diferentes concentrações de BjussuMP-II com incubação em pH 7.0 por 30 min. a 37ºC. 1- Colágeno (70µg); 2- Colágeno + BjussuMP-II (6µg); 3- Colágeno + BjussuMP-II (18µg); 4- Colágeno + BjussuMP-II (30µg); 5- Colágeno + BjussuMP-II (42µg); 6- Colágeno + BjussuMP-II (48µg); 7- Colágeno + BjussuMP-II (54µg); 8- Colágeno + BjussuMP-II (60µg).

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,00

30

60

90

120

150

180

210

240

270

300

A

500

10 25 50 100 2505

Ativ

idad

e C

asei

nolit

ica

(U/m

in)

BjussuMP-II (µg)0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

0,0

0,3

0,6

0,9

1,2

1,5

1,8 B

6 12 24 48 963 PBSAt

ivid

ade

fibrin

olíti

ca (c

m)

BjussuMP-II (µg)

C 1 2 3 4 5 6 7 8

α β γ

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Resultados 54

Tabela 1. Efeito da BjussuMP-II de B. jararacussu sobre plasma bovino citratado na presença de íons Ca++ (0,1 M)

Amostras Tempo de coagulação (segundos)

Ca2+ 154

BjussuMP-II 0,4µg 62 1µg 49,5 2µg 47 4µg 47 8µg 13,6

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Resultados 55

Figura 7. Análise Histopatológica após injeção da BjussuMP-II. Lâminas obtidas de amostras de músculo e pulmão de camundongos, 3 h após injeção com PBS ou com a BjussuMP-II. (A) Músculo gastrocnêmio injetado com PBS, normal, aumento 40X; (B) Músculo gastrocnêmio injetado com BjussuMP-II, demonstrando infiltrado inflamatório, (destruição das fibras musculares, mantido o tecido conjuntivo – endomísio – de revestimento), (plasmócitos, célula característica de inflamação), aumento 40X; (C) Pulmão de animal injetado com PBS, normal (espaços alveolares mantidos), aumento 40X; (D) Pulmão de animal injetado com BjussuMP-II, (espaços alveolares diminuídos por espessamento dos septos), espaços intersticiais expandidos pelo infiltrado inflamatório, aumento 40X.

A B

C D

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Resultados 56

Figura 8. Efeito inibitório da BjussuMP-II sobre plaquetas. (A) Amostras de PRP foram incubadas por 2 min a 37oC com a BjussuMP-II (0,5 a 40 µg/mL), então a agregação plaquetária foi induzida com 10 µg/mL de colágeno (O) ou 10 µM de ADP (∆). (B) A suspenção de plaquetas lavadas (WRP) foi pré-incubada nas mesmas condições e então 10 µg/mL de colágeno foi adicionado para induzir a agregação. O ensaio com plaquetas lavadas permite eliminar a interferência de outros componentes do plasma, no processo de agregação. Os resultados foram calculados pela média ± SD (n=03).

0 5 10 15 20 25 30

0

20

40

60

80

100

% In

ibiç

ão d

a A

greg

ação

Pla

quet

ária

BjussuMP-II (µg/mL)

B

0 10 20 30 40

0

20

40

60

80

100

Colágeno ADP

% In

ibiç

ão d

a A

greg

ação

Pla

quet

ária

BjussuMP-II (µg/mL)

A PRP WRP

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Resultados 57

Tabela 2. Efeito da BjussuMP-II sobre plaquetas

Amostras Concentração Reagente Concentração % Inibição da agregação plaquetária

BjussuMP-II 40 µg/mL ---------------- ---------------- 100

BjussuMP-II 40 µg/mL EDTA 5 mM 0

BjussuMP-II 40 µg/mL PMSF 5 mM 8

BjussuMP-II 40 µg/mL Benzamidina 7 mM 5

BjussuMP-II (40 µg/mL) foi pré-incubada com PRP por 2 minutes a 37oC na presença ou ausência de EDTA, PMSF ou benzamidina, concentração final. Então, a agregação plaquetária foi iniciada por adição de 2 µg/mL de colágeno. Os controles dos experimentos foram feitos com colágeno sem os reagentes inibidores. Os resultados foram calculados pela média ± SD (n=2).

Tabela 3. Atividade da BjussuMP-II e trombina sobre fibrinogênio ou substrato S-2238.

Amostras Reagente % AtividadeBjussuMP-II Fibrinogênio 0

Trombina Fibrinogênio 100

BjussuMP-II S-2238 0

Trombina S-2238 100

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Resultados 58

Figura 9. Efeito citotóxico dose resposta da metaloprotease sobre E. coli e S. aureus após 60 min de incubação prévia. Resultados expressos pela média ± SD (n=3).

0 20 40 60 80 1000

20

40

60

80

100

E. coli S. aureus

Inib

ição

de

CFU

(%)

BjussuMP-II (µg)

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Resultados 59

Figura 10. Efeito da BjussuMP-II sobre células tumorais. Células testadas: (A) JURKAT (células de Leucemia linfoblástica T humana), (B) B16F10 (cultura de células de melanoma murínico), (C) EAT (tumor de Ehrlich), (D) SK-BR-3 (cultura de células de adenocarcinoma de mama humana), e como droga antitumoral controle foi utilizado o MTX (metotrexato). Os testes foram realizados com um volume final de 260µL a 37°C por 24h. Os resultados foram expressos pela média ± SD (n=3).

0 1 2 30

20

40

60

80

100

120

0,1 0,1(MTX)

Controle (EAT)

0,05

C

0,01

% c

itoto

xida

de

BjussuMP-II (µg)

0 1 2 30

20

40

60

80

100

120

Controle(JURKAT)

0,1(MTX)

0,05 0,1

A

0,01

% c

itoto

xida

de

BjussuMP-II (µg)

0 1 2 30

20

40

60

80

100

120

0,05 0,1 0,1(MTX)

D

Controle (SK-BR-3)

0,01

% c

itoto

xida

de

BjussuMP-II (µg)

0 1 2 30

20

40

60

80

100

120

0,05 0,1 0,2

B

Controle(B16F10)

0,2(MTX)

0,01%

cito

toxi

dade

BjussuMP-II (µg)

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Resultados 60

Caracterização estrutural da BjussuMP-II

O produto de reação com a transcriptase reversa, após amplificação por PCR, produziu

um fragmento de cDNA de 615 pb o qual codifica uma proteína madura com 205 resíduos de

aminoácidos (Figura 11), Mr e pI teóricos de ~23.563 e 6,43, respectivamente. Alguns clones

com insertos de mesmo tamanho foram seqüenciados e mostraram seqüências nucleotídicas

idênticas. O alinhamento da BjussuMP-II e de outras metaloproteases não hemorrágicas mostrou

que estas enzimas tem 65-90% de similaridade com a BaP1 de Bothrops asper, insularinase de

B. insularis, leucurolysina-a de B. leucurus, neuwiedase de B. neuwiedi, adamalisina II de

Crotalus adamanteus, atroxase de C. atrox e LHF-II de Lachesis muta (Figura 12). Em adição, a

BjussuMP-II apresentou os seguintes domínios estruturais conservados: o domínio

metaloprotease, e o sítio ligante de Zn++ (HELGHNLGMEH) (Figura 14).

A estrutura da BaP1 (uma metaloprotease de Bothrops asper) (WATANABE et al., 2003),

foi selecionada como molde para construir o modelo inicial da BjussuMP-II, devido ao grau de

identidade (81%) e o score atribuído pelo programa HHpred (SÖDING e LUPAS et al., 2005)

para o alinhamento dessas duas seqüências.

R.m.s.d. do modelo final da BjussuMP-II foi estabilizado ao redor de 1500ps durante a

simulação de dinâmica molecular (Figura 13 B). O gráfico de Ramachandran (LASKOWSKI et

al., 1993) (Figura 13A) demonstrou que 98,9% dos resíduos do modelo estão em regiões

favoráveis, tornando-o confiável.

Em toda a estrutura está presente uma forma elipsoidal e dois subdomínios: o maior é

constituído pelos primeiros 152 resíduos de aminoácidos e este é composto por quatro α-hélices

(h1, h2, h3 e h4) e seis folhas-β (β1, β2, β3, β4, β5 e β6), enquanto a menor possui 98 resíduos e

é formada por uma α-hélice e alguns loops (Figura 14A). O modelo final da BjussuMP-II

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Resultados 61

também apresenta três pontes dissulfeto (Cys116-Cys196, Cys156-Cys180 e Cys158-Cys163)

(Figura 14B), que são correspondentes as existentes na estrutura da BaP1 (WATANABE et al.,

2003). As histidinas catalíticas do modelo teórico final da BjussuMP-II (His141, His 145 e His

151) sustentam o anel imidazol em uma posição favorável para coordenar o íon zinco catalítico

(Figura 15A e B). De igual forma, o resíduo Glu 142 apresenta uma boa proximidade para as

histidinas catalíticas (Figura 15A).

As modelagens apresentadas na Figura 16A e B revelam átomos de resíduos internos e de

superfície conservados em metaloproteases hemorrágicas e não hemorrágicas, respectivamente,

podendo ser observados os resíduos Asn199, Cys196, Arg88, Asp84 e Ser59 na superfície das

metaloproteases hemorrágicas e nas não hemorrágicas os resíduos Leu63 e Lys61.

A extração dos plasmídeos contendo o cDNA da BjussuMP-II foi realizada de forma

simples obtendo-se plasmídeos com qualidade adequada para a reação de PCR. O perfil

eletroforético de cDNAs (insertos) amplificados com os primers específicos para metaloprotease,

destacou uma banda de ~600pb, tamanho estimado do cDNA da BjussuMP-II (Figura 17). As

amostras amplificadas foram submetidas a uma eletroforese em gel de agarose low melting

permitindo assim, a purificação da banda que continha a seqüência do cDNA da MP para

posterior ligação ao vetor de expressão.

Os métodos de purificação e redobramento da proteína recombinante na forma ativa,

apresentaram resultados satisfatórios. A BjussuMP-II recombinante foi isolada por cromatografia

líquida de alta eficiência (HPLC) utilizando uma coluna de troca aniônica (Figura 18A). A

expressão da BjussuMP-II recombinante foi obtida com sucesso em E. coli, mostrando-se, em

SDS-PAGE, com a mesma massa molecular da proteína nativa (Figura 18B). A Figura 19

demonstra a atividade fibrin(ogen)olítica da BjussuMP-II nativa e recombinante.

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Resultados 62

1 gaacaacaaaaattctccccaagatacattgaggttgctgtagttgcagatcaccgaatg 60

1 E Q Q K F S P R Y I E V A V V A D H R M 20

61 ttcaagaaatacaacagcaatttaaatactataagaaaatgggtacatgaaatggtcaac 70

21 F K K Y N S N L N T I R K W V H E M V N 40

71 agtatgaatggggtttacagatctatggatgtgcatctatcactggctaacctagaagtt 130

41 S M N G V Y R S M D V H L S L A N L E V 60

131 tggtccaagaaagatttgatcaacgtgcagaaagattcaagagaaactttgaagtcattt 190

61 W S K K D L I N V Q K D S R E T L K S F 80

191 ggagaatggagagagagagatttgctgcctcgcataagtcatgataatgctcagttactc 250

81 G E W R E R D L L P R I S H D N A Q L L 100

251 acggccgttgtcttcgatcaacaaactataggaagagcttacatagccggcatgtgcgac 310

101 T A V V F D Q Q T I G R A Y I A G M C D 120

311 ccgaggcattctgtaggagttgttatggatcatagtaaagaaaatcttcaggttgcagtt 370

121 P R H S V G V V M D H S K E N L Q V A V 140

371 acaatggcccatgagctgggtcataatctgggcatggaacatgatgaaaatcagtgtcat 430

141 T M A H E L G H N L G M E H D E N Q C H 160

Cys X1

431 tgcgatgctccctcatgcgttatggcttccgtactaagcgtagtactttcctatgagttc 490

161 C D A P S C V M A S V L S V V L S Y E F 180

Cys X4 Cys X16

491 agcgattgtagtcagaatcaatatcagacgtatcttactaagcataacccacaatgcatt 550

181 S D C S Q N Q Y Q T Y L T K H N P Q C I 200

Cys X15

551 ctcaacaagcccttg 565

201 L N K P L 205

Figura 11. Seqüência do cDNA e de aminoácidos deduzidos da BjussuMP-II: Nucleotídeos e aminoácidos. Região N-terminal seqüenciada diretamente da proteína (Aas sublinhados); Domínio ligante de Zn++ ( ); Região com algumas cistinas (Cys-X1-CysX4-CysX16-CysX15) (C).

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Resultados 63

1 50(Identity %)Adamalysin -----------EQNLPQRYIELVVVADRRVFMKYNSDLNIIRTRVHEIVNIINEFYRSLN 71 Atroxase ---------EDQQNLSQRYIELVVVADHRVFMKYNSDLNIIRKRVHELVNTINGFYRSLN 73 Atrolysin KKASDLNLNPDQQNLPQRYIELVVVADHRVFMKYNSDLNTIRTRVHEIVNFINGFYRSLN 73 Neuwiedase ----------QQRFFPQRYIELVIVADRRMYTKYNSDSNKIRTRVHELVNTVNGFFRSMN 78 BjussuMP-II ----------EQQKFSPRYIEVAVVADHRMFKKYNSNLNTIRKWVHEMVNSMNGVYRSMD -- BjussuMP-I KKASKLVVTAEQQKFPYRYVEIVVVVDRRMVTKYNGDLKKIRKWVYELVNIVNNIYRSLN 81 Insularinase EKASQSNLTPEQQKFSPRYIELAVVADHGMFTKYNSNLNTIRTRVHEMVNTLNGFFRSVN 87 LEUCA_BOTLC ---------------SPRYIELVVVADHGMFKKYNSNLNTIRKWVHEMLNTVNGFYRSMN 82 BAP1_BOTAS -----------QQRFSPRYIELAVVADHGIFTKYNSNLNTIRTRVHEMLNTVNGFYRSVD 87 Acutolisin-A KKASQLIVSTEFQ----RYMEIVIVVDHSMVKKYNGDSDKIKAWVYEMINTITESYSYLY 72 Acutolysin-C -------------PAPQTSIELFLIVDHSMYAKYNSNSSKITTTLKARVNIMNAIYSSLN 69 Trimerelysin ------------QRFPQRYIELAIVVDHGMYKKYNQNSDKIKVRVHQMVNHINEMYRPLN 72 Alfimeprase -----------QQRFPQRYVQLVIVADHRMNTKYNGDSDKIRQWVHQIVNTINEIYRPLN 75 Fibrolase -----------EQRFPQRYVQLVIVADHRMNTKYNGDSDKIRQWVHQIVNTINEIYRPLN 74 ::: ::.*: : *** : . * : :* :. : : 51 100 Adamalysin IRVSLTDLEIWSGQDFITIQSSSSNTLNSFGEWRERVLLTRKRHDNAQLLTAINFEGKII Atroxase IDVSLTDLEIWSDQDFITVDSSAKNTLNSFGEWREADLLRRKSHDHAQLLTAINFEGKII Atrolysin IHVSLTDLEIWSNEDQINIQSASSDTLNAFAEWRETDLLNRKSHDNAQLLTAIELDEETL Neuwiedase VDASLANLEVWSKKDLIKVEKDSSKTLTSFGEWRERDLLRRKSHDNAQLLTAIDFNGNTI BjussuMP-II VHLSLANLEVWSKKDLINVQKDSRETLKSFGEWRERDLLPRISHDNAQLLTAVVFDQQTI BjussuMP-I VHVALVGLEIWSKGDKITVQPDSDYTLNSFGEWRERDLLPRKKHDNAQLLTAVVFDGPTI Insularinase VDASLANLEVWSKKDLIKVEKDSSKTLTSFGEWRERDLLPRISHDHAQLLTTIVFDQQTI LEUCA_BOTLC VDASLVNLEVWSKKDLIKVEKDSSKTLTSFGEWRERDLLPRISHDHAQLLTVIFLDEETI BAP1_BOTAS VHAPLANLEVWSKQDLIKVQKDSSKTLKSFGEWRERDLLPRISHDHAQLLTAVVFDGNTI Acutolisin-A IDIILSGLEIWSEKDLINVETSAENTLKSFGEWRAKDLIHRISHDNAQLLTATDFDGPTI Acutolysin-C LVITLSGIEMWSAADLITVQSSSRNTLKLFASWRETDLLKRTSNDNAQLLTATNFNGNTV Trimerelysin IAISLNRLQIWSKKDLITVKSASNVTLESFGNWRETVLLKQQNNDCAHLLTATNLNDNTI Alfimeprase IQFTLVGLEIWSNQDLITVTSVSHDTLASFGNWRETDLLRRQRHDNAQLLTAIDFDGDTV Fibrolase IQFTLVGLEIWSNQDLITVTSVSHDTLASFGNWRETDLLRRQRHDNAQLLTAIDFDGDTV : * :::** * *.: : ** *..** *: : :* *:***. :: : 101 150 Adamalysin GKAYTSSMCNPRSSVGIVKDHSPINLLVAVTMAHELGHNLGMEHDGKDCLRG-ASLCIMR Atroxase GRAYTSSMCNPRKSVGIXKDHSPINLLVGVTMAHELGHNLGMNHDGEKCLRG-ASLCIMR Atrolysin GLAPLGTMCDPKLSIGIVQDHSPINLLMGVTMAHELGHNLGMEHDGKDCLRG-ASLCIMR Neuwiedase GRAYLGSMCNPKRSVGIVQDHSPINLLVGVTMAHELGHNLGMEHDGKDCLCG-ASLCIMS BjussuMP-II GRAYIAGMCDPRHSVGVVMDHSKENLQVAVTMAHELGHNLGMEHDENQCHCD-APSCVMA BjussuMP-I GRAYIAGMCDPRHSVGVVMDHSKENLQVAVTMAHELGHNLGMEHDENQCHCD-APSCVMA Insularinase GLAYTAGMCDPRQSVAVVMDHSKKNLRVAVTMAHELGHNLGMDHD-DTCTCG-AKSCIMA LEUCA_BOTLC GIAYTAGMCDLSQMVAWGQDY------VAVSMAHELGHNLGMRHDGNQCHCN-APSCIMA BAP1_BOTAS GRAYTGGMCDPRHSVGVVRDHSKNNLWVAVTMAHELGHNLGIXHDTGSCSCG-AKSCIMA Acutolisin-A GLAYVASMCDPKRSVGVVQDHSSVNRLVAITLAHEMAHNLGVRHDEGSCSCGSGYTCIMS Acutolysin-C GLAYLKTMCNSKYSVGLIQDHSAIPLLMAVTMAHELGHNLGMNHDGAG-CSCAT--CIMA Trimerelysin GLAYKKGMCNPKLSVGLVQDYSPNVFMVAVTMTHELGHNLGMEHDDKDKCKCEA--CIMS Alfimeprase GLAYVGGMCQLKHSTGVIQDHSAINLLVALTMAHELGHNLGMNHDGNQ-CHCGANSCVMA Fibrolase GLAYVGGMCQLKHSTGVIQDHSAINLLVALTMAHELGHNLGMNHDGNQ-CHCGANSCVMA * * **: . *: :.::::**:.****: ** *:* 151 200 Adamalysin PGLTPGRSYEFSDDSMGYYQKFLNQYKPQCILNKP------------------------- Atroxase PGLTPGRSYEFSDDSMGYYQSFLKQYNPQ------------------------------- Atrolysin PGLTKGRSYEFSADSMHYYERFLKQYKPQCILNKPLRIDPVSTPVSGNELLEAGEE---- Neuwiedase PGLTDGPSYEFSDCSKDYYQTFLTNHNPQ------------------------------- BjussuMP-II SVLSVVLSYEFSDCSQNQYQTYLTKHNPQCILNKPL------------------------ BjussuMP-I SVLSVVLSYEFSDCSQNQYQTYLTKHNPQCILNEPLLTVSGNELLEAGEECDCGAPENPC Insularinase STISKGLSFEFSKCSQNQYQTYLTDHNPQCILNKPLTTVSGNELLEAGEECDCGAPENPC LEUCA_BOTLC DTLSKGLSFEFSDCSQNQYQTYLTKHNPQCILNKP------------------------- BAP1_BOTAS SVLSKVLSYEFSDCSQNQYETYLTNHNPQCILNKP------------------------- Acutolisin-A PVINSEVIKYFSDCSYIQCREYISKENPPCILNKPLRTDTVSTPVSGNELLEAGKDYD-- Acutolysin-C PVLSSGPAKSFSDCSKHDYQSFLTIHKPQCLLN--------------------------- Trimerelysin DVISDKPSKLFSDCSKNDYQTFLTKYNPQCILNAP------------------------- Alfimeprase AMLSDQPSKLFSDCSKKDYQTFLTVNNPQCILNKP------------------------- Fibrolase AMLSDQPSKLFSDCSKKDYQTFLTVNNPQCILNKP------------------------- :. ** * . ::. :*

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Resultados 64

Figura 12. Comparação da seqüência de aminoácidos deduzida da BjussuMP-II com outras metaloproteases de diferentes venenos de serpentes, pertencentes a classe P-I. A seqüência de aminoácido da BjussuMP-II foi alinhada com: adamalisina de Crotalus adamanteus (gi: 640082), atroxase de Crotalus atrox (gi: 9457230), atrolisina de Crotalus atrox (gi: 1311405), neuwiedase de Bothrops newiedi (gi: 6760464), BjussuMP-I de Bothrops jararacussu (gi: 89475241), insularinase de Bothrops insularis (gi: 52426579), leucurolisina de Bothrops leucurus (gi: 114149951), BaP1 de Bothrops asper (gi: 38492529), acutolisina-A de Agkistrodon acutus (gi: 5821910), acutolisina-C de Agkistrodon acutus (gi: 9256872), trimerelisina de Trimeresurus flavoviridis (gi:50403719), alfimeprase forma recombinante da fibrolase de Agkistrodon contortrix contortrix (gi: 462095) e fibrolase de Agkistrodon contortrix contortrix (gi: 26393688).

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Resultados 65

A

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Resultados 66

Figura 13. (A) Ramachandran (LASKOWSKI et al., 1993); (B) R.m.s.d. derivado do modelo da BjussuMP-II durante a simulação dinâmica molecular (MD) (proteína total: preto; cadeia principal mais alguns aminoácidos, backbone: verde; cadeia principal: vermelho) (LINDAHL et al., 2001).

B

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Resultados 67

Figura 14. Estrutura secundária e terciária do modelo da BjussuMP-II. O íons Zn++ é mostrado como uma esfera verde. Gerada pelo programa PyMOL (DELANO, 2002).

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Resultados 68

Figura 15. (A) Representação da distância entre o íon Zn++ (esfera verde) e os resíduos de aminoácidos do sítio catalítico do modelo teórico final da BjussuMP-II; (B) Representação da região de maior flexibilidade do modelo da BjussuMP-II, 153-176 (vermelho). Ambas geradas pelo programa PyMOL (DELANO, 2002).

A

B

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Resultados 69

Figura 16. Resíduos conservados, encontrados na BjussuMP-II e BjussuMP-I (resíduos internos são mostrados em azul e os de superfície estão apresentados em verde). (A) Átomos de resíduos de superfície conservados nas metaloproteases hemorrágicas de venenos de serpentes (esferas verdes: Asn199, Cys196, Arg88, Asp84 e Ser59); (B) Átomos de resíduos de superfície conservados em metaloproteases não-hemorrágicas de venenos de serpentes (esferas verdes: Leu63 e Lys61).

A

B

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Resultados 70

Figura 17. Análise eletroforética dos cDNAs amplificados com os primers específicos de MPs (MP-1 e MP-2). 1- marcador de peso molecular de 100pb; 2 e 3-Produto da amplificação de dois clones contendo o cDNA da BjussuMP-II, analisado por eletroforese em gel de agarose a 1%.

600pb

1 2 3

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Resultados 71

Figura 18. Expressão e Purificação da BjussuMP-II recombinante. (A) Cromatograma da purificação da proteína recombinante em HPLC utilizando coluna de troca aniônica e tampão de eluição pH 8,0 com os clones pETP-21. Em vermelho representa a BjussuMP-II nativa, e em preto a proteína recombinante expressa. (B) Análise em SDS-PAGE a 12%. Amostras: 1- BjussuMP-II recombinante purificada; 2- expressão induzida por IPTG; 3- não induzida; 4- PPM.

A

14.4

66

45

22.1

1 2 3 4

BjussuMP-II rec 24,000

B

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Resultados 72

Figura 19. Atividade Fibrin(ogen)olítica da BjussuMP-II nativa e recombinante. (A) Atividade proteolítica sobre o fibrinogênio. 1-Fibrinogênio controle (80µg); 2-Fibri + BjussuMP-IIrec (4µg); 3- Fibri + BjussuMP-IIrec (8µg); 4- Fibri + BjussuMP-II nativa (4µg). (B) Atividade proteolítica sobre a fibrina. 1-BjussuMP-II nativa (8µg); 2-BjussuMP-II nativa (4µg); 3 a 8-BjussuMP-II recombinante em concentrações crescentes: 0,5; 1,0; 2,0; 3,0; 4,0 e 8,0µg, respectivamente.

Bα β γ

1 2 3 4 A B

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Resultados 73

Caracterização Imunoquímica

A BjussuMP-II mostrou-se imunogênica, sendo capaz de induzir a produção de anticorpos

quando injetada em coelhos (Figura 20A).

Os anticorpos produzidos contra a BjussuMP-II foram utilizados em teste de reatividade

cruzada contra esta proteína e contra diferentes proteínas isoladas do veneno de B. jararacussu, a

crotamina do veneno de C. d. terrificus e a neuwiedase do veneno de B. neuwiedi (Figura 20B).

Para a BjussuMP-II foi obtida 100% de reatividade, e as maiores reatividades com as outras

proteínas testadas foram observadas para a neuwiedase e a BjussuMP-I, proteínas de mesma

classe (metaloproteases). A BjussuLAAO-I (L-aminoácido oxidase) apresentou

aproximadamente 20% de reatividade, e a BjussuSP-I (serinoprotease), a BthTX-I e a BthTX-II

(fosfolipases A2) foram menos reativas, enquanto que para a crotamina (neurotoxina) a

imunoreatividade foi praticamente nula.

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Resultados 74

Figura 20. Análises imunoquímicas de difusão enzimática e ELISA. (A): Reatividade entre anti-BjussuMP-II produzidos em coelhos por BjussuMP-II (10µg) e 150µg de anti-BjussuMP-II (canaleta central); (B): Reatividade de anti-BjussuMP-I com diferentes proteínas de venenos de serpentes do gênero Bothrops e Crotalus. Os resultados foram expressos pela média ± SD de dois experimentos individuais.

Reatividade Cruzada (%)0 20 40 60 80 100

Control

Crotamine

BjussuLAAO-I

BthTX-II

BthTX-I

BjussuSP-I

BjussuMP-I

Neuwiedase

BjussuMP-II

Reatividade Cruzada (%)0 20 40 60 80 100

Control

Crotamine

BjussuLAAO-I

BthTX-II

BthTX-I

BjussuSP-I

BjussuMP-I

Neuwiedase

BjussuMP-II

0 20 40 60 80 100

Control

Crotamine

BjussuLAAO-I

BthTX-II

BthTX-I

BjussuSP-I

BjussuMP-I

Neuwiedase

BjussuMP-II

B

Tox

inas

isol

adas

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Discussão 75

6. DISCUSSÃO

Isolamento e Caracterização Bioquímica da Metaloprotease

As metaloproteases de venenos de serpentes (svMP) podem induzir uma grande variedade

de efeitos farmacológicos e/ou tóxicos devendo ser melhor estudadas visando a caracterização de

moléculas com alto potencial biotecnológico ou de modelos estruturais a serem utilizados na

clínica-médica.

A BjussuMP-II, metaloprotease de baixo Mr (24.000), foi isolada em dois passos

cromatográficos (CM-Sepharose seguida por Fenil-Sepharose) sendo obtida em alto grau de

pureza e armazenada em quantidade suficiente para a realização dos ensaios funcionais e

estruturais. O alto grau de pureza da proteína foi confirmado por HPLC de fase reversa,

sequenciamento N-terminal e SDS-PAGE. As frações das cromatografias, correspondentes aos

picos que continham a metaloprotease, foram submetidas ao ensaio de atividade fosfolipásica ou

de hemólise indireta (50µg), em concentração 10X maior que a utilizada para os ensaios com

fosfolipases A2 sabidamente ativas, pois o veneno de B. jararacussu possui grandes quantidades

(35-50%) desta classe de enzimas (HOMSI-BRANDEBURGO et al., 1988; ANDRIÃO-

ESCARSO et al. 2000; 2002; ROBERTO et al., 2004; KASHIMA et al., 2004), para averiguar se

havia contaminação por estas enzimas nas amostras obtidas, constatando-se ausência total de

atividade fosfolipásica.

A BjussuMP-I, metaloprotease hemorrágica de alto Mr (60.000), foi isolada por Mazzi et al.

(2004), desta mesma espécie B. jararacussu, também em duas etapas cromatográficas. No

entanto, a primeira foi em resina de exclusão molecular (Sephacryl S-200), seguida por uma

Fenil-Sepharose, eluída com NaCl (4M), que promoveu a exposição dos grupos de aminoácidos

hidrofóbicos presentes na molécula. Assim a alta afinidade da enzima pela matriz foi observada

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Discussão 76

após aplicação de um gradiente decrescente de sal. A neuwiedase, uma metaloprotease de baixa

Mr (20.000) com atividade fibrin(ogen)olítica, foi isolada do veneno da serpente B. neuwiedi

pauloensis em apenas um passo cromatográfico, em coluna de CM-Sepharose (RODRIGUES et

al., 2000), metodologia esta que difere da empregada por Gutiérrez et al. (1995), para o

isolamento da BaP1, outra MP hemorrágica com Mr ~ 24.000 isolada do veneno de B. asper, os

quais utilizaram duas cromatografias, uma troca iônica (CM-Sephadex) seguida por um gel de

filtração (Sephacryl S-200).

Para o isolamento de proteases em geral, metodologias tais como cromatografias de

bioafinidade (ex: utilizando anticorpos) e de interação hidrofóbica demonstram alta seletividade

por esses compostos (GRANET e BERTRAND, 1996). Considerando essa característica, alguns

trabalhos sobre purificação dos princípios hemorrágicos de serpentes do gênero Bothrops, tais

como B. jararaca, B. asper, B. moojeni, B. jararacussu, B. atrox e B. neuwiedi

(MANDELBAUM, ASSAKURA e REICHL, 1984; MARUYAMA et al., 1992; GUTIÉRREZ et

al., 1995; FRANCESCHI et al., 2000; MAZZI et al., 2004) descrevem a utilização de técnicas

baseadas na hidrofobicidade das moléculas.

Borkow e Gutiérrez (1993) utilizaram o princípio hidrofóbico associado com técnicas de

exclusão molecular e troca iônica, para o isolamento de uma metaloprotease hemorrágica de alta

Mr (64.000) do veneno de B. asper. Da espécie B. alternatus, uma MP com Mr de

aproximadamente 55.000, com propriedades fibrinolíticas foi isolada por Souza et al. (2000),

utilizando o mesmo princípio, a hidrofobicidade. Ambos os procedimentos, resultaram na

obtenção de amostras puras e homogêneas.

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Discussão 77

Caracterização Funcional e Imunoquímica da Metaloprotease

A estabilidade estrutural e funcional das metaloproteases depende essencialmente de fatores

tais como pH, temperatura, e influência de íons (GOMIS-RUTH e FRANS-XAVER, 1993;

MOURA-da-SILVA et al., 2003; XU et al., 2004). Desta forma, para avaliar a estabilidade

enzimática da BjussuMP-II, foi realizada a atividade fibrinogenolítica incubando a proteína por

30 min em diferentes temperaturas, pHs e na presença de íons e inibidores naturais e artificiais. A

BjussuMP-II mostrou ser uma enzima estável a diferentes valores de pH e temperatura.

Entretanto, a atividade proteolítica da enzima é dependente de metais (principalmente Zn++), e

esta característica foi confirmada pela perda total da atividade fibrinogenolítica após incubação

com EDTA (agente quelante de metais) em diferentes concentrações (2,5-25mM).

Metaloproteases dependentes de metal são fortemente inibidas por quelantes de metais como o

EDTA ou a fenantrolina, e por citrato em menor grau (MACKESSY, 1996; ODELL et al., 1998).

Estudos de dicroísmo circular feitos antes e depois da remoção do metal indicam que estes

agentes induzem um abrupto decréscimo na capacidade de formação de α–hélices

(BJARNASON e FOX, 1994). De fato, mudanças nas estruturas secundária e terciária de

algumas metaloproteases comprometem permanentemente a atividade enzimática (SANCHEZ et

al., 1995).

A BjussuMP-II foi capaz de hidrolisar preferencialmente as cadeias α e β do fibrinogênio,

demonstrando ser uma fibrinogenase do tipo α/β (SWENSON e MARKLAND, 2005). Entre os

fatores envolvidos no equilíbrio hemostático, o fibrinogênio participa diretamente na formação

do coágulo, seja como precursor da fibrina ou como um mediador da adesão entre plaquetas.

Entretanto, concentrações elevadas de fibrinogênio no plasma indicam que o mesmo está

associado com várias doenças vasculares, em especial, a trombose (HANDLEY e HUGHES,

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Discussão 78

1997). Agentes trombolíticos podem ser utilizados em terapias, não apenas no controle da síntese

de fibrinogênio, mas também na dissolução de coágulo de fibrina, sendo fundamentais para

estudo e tratamento de doenças cardiovasculares.

A BjussuMP-II mostrou-se proteolítica sobre diferentes substratos como fibrinogênio,

fibrina, colágeno, caseína e gelatina. Os possíveis substratos endógenos de metaloproteases são:

fibrinogênio/fibrina, fibronectina, laminina, nidogênio, colágeno IV, fator de Von Willebrand,

α2-macroglobulina, insulina, glucagon, ocitocina, bradicinina e proteínas de superfície celular

(BJARNASON e FOX, 1994; KAMIGUTI et al., 1996; SAIDI et al., 1999; TERADA et al.,

1999; TRUMMAL et al., 2000).

A atividade fibrinogenolítica de algumas toxinas, inicialmente estudadas por Didisheim e

Lewis (1960), demonstra que esses compostos poderiam ser aplicados na clínica-médica, em

terapias trombolíticas, pois não eram inativados por inibidores no plasma humano. Atualmente, o

estudo da hemostasia utilizando veneno de serpentes tem mostrado que várias proteases isoladas

podem ser úteis também no diagnóstico de distúrbios hemostáticos, como por exemplo, na

elaboração de kits diagnósticos para ensaios de protrombina e ativadores dos fatores V, VII e X

(BRAUD, BON e WISNER, 2000).

O efeito direto de enzimas proteolíticas sobre o fibrinogênio é o tipo de ação mais comum

de proteases do veneno de serpentes. Entretanto a atividade proteolítica sobre fibrina é uma

característica descrita para alguns constituintes isolados do veneno, como por exemplo, aqueles

relatados por Rodrigues et al. (2000), Sánchez et al. (2000) e Mazzi et al. (2007) que

demonstraram esses efeitos com metaloproteases isoladas de Bothrops neuwiedi, Lachesis muta

muta e, B. jararacussu, respectivamente.

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Discussão 79

Os estudos realizados quanto às propriedades coagulantes e anticoagulantes das

metaloproteases mostram a especificidade destas enzimas sobre alguns componentes do sangue,

os quais são responsáveis pelo equilíbrio hemostático (GOULD et al., 1990; ESTEVÃO-COSTA

et al., 2000; ANDREWS et al., 2001 e LORÍA et al., 2003). A BjussuMP-II não apresentou

atividades coagulante e anticoagulante porém induziu efeito pró-coagulante que pode ser

parcialmente explicado em virtude da interação da metaloprotease com fatores da cascata de

coagulação, como o fibrinogênio e a fibrina.

A existência de metaloproteases que atuam por diferentes mecanismos sobre a cascata de

coagulação reforça a importância de um estudo mais detalhado da função destas enzimas e o seu

envolvimento direto na degradação do fibrinogênio, fibrina e interação com plaquetas.

A BjussuMP-II induziu inibição de agregação plaquetária, assim como as metaloproteases

desintegrinas de Trimeresurus jerdonii (ZHOU et al., 2004), e a basparin A de B. asper (LORÍA

et al., 2003). A BjussuMP-II inibiu totalmente a agregação plaquetária na presença de ADP ou

colágeno, perdendo a atividade com a adição de EDTA (resultados não apresentados), de forma

semelhante à BjussuMP-I (MAZZI et al., 2007). E em relação aos substratos fibrinogênio e S-

2238, esta proteína não se mostrou ativa, diferindo do efeito induzido pela trombina. Outras

pesquisas com as metaloproteases jararagina e atrolisina E, duas inibidoras de agregação

plaquetária que possuem apenas o domínio desintegrina-símile RGD, demonstram que a

seqüência RGD não é essencial para a indução deste efeito (KAMIGUTI et al., 1996).

A BjussuMP-II demonstrou ser uma metaloprotease da classe P-IB de baixa massa

molecular e não-hemorrágica, enquanto que a BjussuMP-I é uma metaloprotease hemorrágica de

alta massa molecular, pertencente à classe P-III das metaloproteases de venenos de serpentes

(MAZZI et al., 2004; 2007).

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Discussão 80

Muitas análises têm sido realizadas para predizer o potencial hemorrágico das

metaloproteases, incluindo alinhamento de seqüências, análise filogenética, comparação de

propriedades físico-químicas e estudos de “motifs”, sugerindo que a região de “loop” entre a 3ª

Histidina (His151) ligante de zinco e Metionina “Met-turn”168 podem ser observadas para o

fenótipo hemorrágico. Análises de estruturas moleculares elucidadas mostraram uma correlação

indireta entre o potencial hemorrágico e a área de superfície molecular polar de metaloproteases

da classe P-I (STÖCKER et al., 1995; RAMOS e SELISTRE-de-ARAÚJO, 2004).

Metaloproteases não hemorrágicas (“in vivo”) e fibrinogenolíticas (“in vitro”), assim

como a BjussuMP-II, podem ser exploradas como possíveis agentes trombolíticos, por prevenir a

formação ou induzir a dissolução de trombos. A fibrolase, uma metaloprotease fibrinogenolítica

de Mr = 23.000 de Agkistrodon contortrix contortrix, foi avaliada em estudos pré-clínicos e

investigações clínicas (MARKLAND et al., 1994; MARKLAND, 1996; SWENSON, BUSH e

MARKLAND, 2000; TOOMBS, 2001; SWENSON et al., 2004; SWENSON e MARKLAND,

2005). A fibrolase e a alfimeprase, sua forma recombinante, são fibrinogenolíticas sobre a cadeia

Aα do fibrinogênio, e em estudos farmacológicos in vivo comprovou-se que a trombólise na

presença da alfimeprase ocorre 6 vezes mais rápida do que com ativadores de plasminogênio.

Adicionalmente, esta enzima é inativada por α2-macroglobulina diminuindo o risco de

complicações hemorrágicas e efeitos adversos observados com ativadores de plasminogênio

(TOOMBS, 2001).

A BjussuMP-II não induziu miotoxicidade, resultado este condizente com a literatura, que

associa o efeito miotóxico induzido pelo veneno bruto de B. jararacussu principalmente à

presença de fosfolipases A2 (SOARES e GILGIO, 2003), com menor participação de outras

classes de metaloproteases. O efeito de miotoxicidade produzido pelo veneno de várias serpentes,

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Discussão 81

incluindo o gênero Bothrops, podem ser evidenciados através da liberação in vitro de creatina

cinase muscular. Calil-Elias, Martinez e Melo (2002) demonstraram que a administração de doses

crescente do veneno de B. jararacussu por via intramuscular foi capaz de induzir miotoxicidade

com um aumento proporcional de CK plasmática. Nikai et al. (1985), Ownby, Colberg e Li

(1994) e Franceschi et al. (2000), observaram que as toxinas hemorrágicas são capazes de

produzir lesão tecidual e mionecrose.

A BjussuMP-II apresentou atividade citotóxica sobre diferentes linhagens de células

tumorais, porém seu maior efeito foi observado sobre células procedentes de tumores humanos

(SK-BR-3, EAT e JURKAT), sendo menor a citotoxicidade da proteína sobre as células da

linhagem B16F10 de melanoma murínico, sugerindo algum tipo de especificidade que deve ser

futuramente explorada para o melhor entendimento dos mecanismos de ação antitumoral desta

proteína. Mecanismos de apoptose têm sido sugeridos para explicar o efeito citotóxico de

metaloproteases, assim como possíveis interações com receptores de membrana específicos ainda

não identificados (FOX e SERRANO, 2005).

A possível toxicidade local e sistêmica da BjussuMP-II foi avaliada por análises

histopatológicas dos diferentes tecidos (renal, pulmonar, cardíaco, esplênico, cerebral e

muscular). Os animais que receberam injeção (i.m.) da BjussuMP-II (250µg) no músculo

gastrocnêmio demonstraram infiltrados inflamatórios focais (com neutrofilia) e necrose leve,

quando comparada a severa ação miotóxica do veneno bruto de B. jararacussu (20µg) e PLA2

(25µg) isolada (resultados não apresentados). Os ensaios de dosagem de creatina cinase no

plasma, realizados com material coletado 3h após a injeção da protease (250µg), também não

resultaram em aumento significativo nos níveis de CK. Observou-se também uma leve

hemorragia no tecido pulmonar (congestão difusa), sugerindo que, possivelmente, a BjussuMP-II

não sofra a ação de inibidores endógenos de proteases. Para os outros tecidos viscerais (cerebral,

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Discussão 82

renal, esplênico, e muscular cardíaco) não houve alterações significativas, quando comparados

aos controles.

Notadamente, e conforme esperado, os tecidos esplênico, cerebral e cardíaco não

apresentam alterações consideráveis, uma vez que a metaloprotease em questão mostrou-se até o

presente momento uma proteína com atividades farmacológicas, não tóxicas, em experimentos in

vivo e in vitro. É necessário destacar a via de administração, uma vez que a via intramuscular

tende a priorizar efeitos locais da proteína. Tendo em vista que a BjussuMP-II agiu

predominantemente no local da injeção (músculo estriado esquelético), pode-se justificar que os

focos de infiltrados inflamatórios juntamente com neutrofilia são resultantes de inflamação

acompanhada de necrose. As análises destas atividades demonstraram que esta enzima é

fracamente miotóxica, sendo necessárias altas doses para se visualizar este efeito tóxico.

Diferentemente da BjussuMP-II, as análises histopatológicas de tecido muscular após

injeção de Neuwiedase, uma metaloprotease não-hemorrágica da classe P-I, resultaram em

proeminente mionecrose, com infiltrados inflamatórios de leucócitos polimorfonucleares além de

um significante aumento nos níveis de CK. Experimentos utilizando a neuwiedase demonstram a

formação de edema sem a indução de hemorragia sugerindo mecanismos de degradação

proteolítica de componentes de membrana basal, que induziriam a exsudação do plasma sem

causar colapso na estrutura dos microvasos e a liberação de mediadores farmacológicos

(RODRIGUES et al., 2001).

A BjussuMP-II não se mostrou letal. Entretanto, a neuwiedase apresentou uma DL50 de

5µg/g contra 0,47µg/g obtida para o veneno bruto de B. neuwiedi, além de induzir hemorragia

nos pulmões evidenciada pela presença de abundantes eritrócitos nos espaços alveolares em

tecido pulmonar, observado em análises histopatológicas, após injeção da metaloprotease,

(RODRIGUES et al., 2001). Semelhante aos resultados obtidos para a BjussuMP-II, a

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Discussão 83

neuwiedase também não induziu alterações nos demais tecidos analisados (cardíaco, esplênico,

renal, cerebral e hepático), porém, foi observada hemorragia pulmonar quando injetada por via

endovenosa.

A BjussuMP-II mostrou ser antigênica, e estes anticorpos policlonais foram capazes de

reconhecer outras proteínas além da BjussuMP-II, havendo maior reatividade cruzada com as

metaloproteases neuwiedase (classe P-IB) e BjussuMP-I (classe P-III) (RODRIGUES et al.,

2000; MAZZI et al., 2004). A serinoprotease BjussuSP-I e as PLA2s BthTX-I e BthTX-II

isoladas do mesmo veneno de B. jararacussu, foram fracamente reconhecidas pelos anticorpos,

enquanto que a crotamina de Crotalus d. terrificus não apresentou nenhuma reatividade.

Diferentemente, somente a LAAO do veneno de B. jararacussu, a BjussuLAAO-I, mostrou

reatividade cruzada mais significativa (~20%). Aparentemente, esta é uma das proteínas que

exibe epítopo hábil em assumir a conformação reconhecida pelo anticorpo, uma vez que está

comprovada a não participação de seqüências homólogas no processo de reatividade cruzada,

mas sim a presença de epítopos específicos (STÁBELI et al., 2005). Mazzi et al. (2004)

demonstraram que os anticorpos anti-neuwiedase (metaloprotease de B. neuwiedi), reconhecem

parcialmente a BjussuMP-I e também proteínas de venenos de diferentes espécies de serpentes

(Crotalus atrox, B alternatus, B. jararaca, B. jararacussu, B. asper e B. moojeni).

Caracterização Estrutural da Metaloprotease

A seqüência de aminoácidos da BjussuMP-II mostrou alta similaridade estrutural com

outras metaloproteases de serpentes, agrupando-a na classe P-I. Apresentou também a região

ligante de Zn++ conservada como em todas as metaloproteases, no caso da BjussuMP-II

correspondente a seqüência HELGHNLGMEH. Adicionalmente, a estrutura da BjussuMP-II

apresenta as histidinas catalíticas (His141, His145 e His151). Certamente, as histidinas catalíticas

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Discussão 84

do modelo teórico final da BjussuMP-II, assim como em outras metaloproteases (MAZZI et al.,

2007), sustentam o anel imidazol em uma posição favorável para coordenar o íon zinco que é

cofator essencial para a atividade catalítica da enzima (Figura 15A e B). De igual forma, o

resíduo Glu143 apresenta uma boa proximidade para as histidinas catalíticas (Figura 16). Este

resíduo de aminoácido Glu143 polariza a molécula de água catalítica, que é responsável pelo

ataque nucleofílico sobre o carbono carbonil da ligação do peptídeo de quebra no substrato

(MATTHEWS, 1988; HUANG et al., 2002).

As metaloproteases são usualmente mais ativas e solúveis em pHs que se estendem de

neutro a básico (MANNING, 1995; XU et al., 2004). Acutolysin A (metaloprotease da classe P-I

de Agkistrodon acutus), por exemplo, apresenta decréscimo na atividade proteolítica em pHs 7,5

a 5,0 (ZHU et al., 1997). Este fato pode estar relacionado a uma queda na polarização do resíduo

de glutamina e no estado de protonação do resíduo de Histidina no sítio ativo, podendo conduzir

a um aumento na interação entre o zinco catalítico e a molécula de água.

A análise estrutural de proteínas permite compreender a estrutura e a função biológica

destes compostos, uma vez que estes assumem estruturas tridimensionais constituídas por

diferentes domínios funcionais. Contudo, para compreender os mecanismos envolvidos com a

função biológica de cada proteína, é necessário, na maioria das vezes o emprego de métodos que

permitem não somente a quantificação, determinação do grau de pureza da amostra e a estrutura

parcial da molécula, mas também técnicas como a de sequenciamento automático de

aminoácidos, a tecnologia do DNA recombinante e técnicas cristalográficas e

espectrofotométricas (SHIVELY, PAXTON e LEE, 1989).

Peculiaridades estruturais são observadas com as diferentes classes de metaloproteases da

peçonha de serpentes. Para a classe P-I, por exemplo, a presença de ligações dissulfeto no

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Discussão 85

domínio metaloprotease sugere a especificidade das enzimas por diferentes substratos (FOX e

SERRANO, 2005).

A análise da seqüência de ácidos nucléicos que codificam para as metaloproteases de

venenos de serpentes indica que elas são sintetizadas e armazenadas in vivo como zimogênios

inativos (BJARNSON e FOX, 1994; SELISTRE-de-ARAÚJO e OWNBY, 1995; OWNBY,

COLBERG e LI, 1994; KINI, 1996). Essa propriedade possivelmente é regulada pela seqüência

PKMCGVT, conservada em todas as metaloproteases, estando localizada entre a seqüência sinal

e o domínio catalítico da BjussuMP-II. A ativação da pró-enzima ocorre por um mecanismo

“cysteine-switch”, proposto para metaloproteases de matriz (GRAMS et al., 1993).

A conservação de sete resíduos de cisteína (Cys), nas posições (106, 125, 171, 314, 354,

356 e 361) do domínio metaloprotease, juntamente com a disposição das ligações dissulfeto no

domínio metaloprotease, podem contribuir para que ocorra a autólise da enzima (FOX e

SERRANO, 2005). A BjussuMP-II apresenta apenas cinco resíduos de cisteína (Cys116-Cys196,

Cys156-Cys180 e Cys158-Cys163), sugerindo uma baixa probabilidade para a ocorrência de

autólises e, adicionalmente, foi observado para esta proteína alta estabilidade e manutenção da

cadeia principal mesmo quando estocada durante meses após ter sido solubilizada em PBS.

A BjussuMP-II recombinante foi expressa de forma insolúvel e inativa nos corpos de

inclusão localizados no citoplasma da célula hospedeira (E. coli linhagem BL21(DE3)pLysS),

sendo que, a proteína recombinante foi purificada em cromatografia de troca aniônica e

redobrada para recuperar sua forma nativa. A BjussuMP-IIrec apresentou a mesma massa

molecular da proteína nativa, em SDS-PAGE, (Figura 18) e atividade proteolítica sobre o

fibrinogênio e fibrina (Fig. 19).

Embora se tenha uma grande quantidade de informações sobre clonagem e análises de

seqüências de MPs, poucos artigos relatam a produção destas enzimas recombinantes com

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Discussão 86

atividade enzimática. O alto número de resíduos de cisteínas encontrados em desintegrinas com

domínio rico em cisteínas é um fator limitante para a produção destas proteínas em sistemas

simples como as bactérias. Alguns grupos têm expressado com sucesso RGD-desintegrinas ativas

em E. coli (FERNANDEZ et al., 2005) e células de mamíferos (ZHOU et al., 2000).

A presença de resíduos de cisteína no “motif” de proteínas desintegrina-símile, como na

jararhagin-C, por exemplo, é um fator limitante para a produção da proteína ativa (PAINE et al.,

1992; SELISTRE-de-ARAÚJO, SOUZA e OWNBY, 1997), sabendo-se que bactérias não

produzem eficientemente pontes de dissulfeto e ligações ao acaso são provavelmente formadas

durante o processo de isolamento e enovelamento in vitro da proteína recombinante. Por causa

destas dificuldades, poucos grupos têm produzido metaloproteases recombinantes ativas em

bactérias (MOURA-da-SILVA et al., 1999) e sistemas eucarióticos como células de rim

embriônico humano (SHIMOKAWA et al., 1996; JIA et al., 1997). Entretanto, o domínio

catalítico de ACLF, uma metaloprotease fibrinolítica e não hemorrágica, do veneno de

Agkistrodon contortrix laticinctus, foi produzida em sistema bacteriano, na forma ativa

(SELISTRE-de-ARAÚJO et al., 2000; RAMOS, CARMONA, SELISTRE-de-ARAUJO, 2003).

Nestes dois casos a proteína foi produzida em corpos de inclusão insolúveis, purificada em

condições desnaturantes e enovelada in vitro após remoção gradativa do agente desnaturante.

Para alcançar a forma ativa, a pró-enzima foi incubada em temperatura ambiente para permitir

uma autólise limitada ocorrendo a clivagem do pró-domínio. A enzima foi ativa em degradar as

cadeias α e β do fibrinogênio (RAMOS, CARMONA, SELISTRE-de-ARAUJO, 2003). O

domínio catalítico da jararhagin de B. jararaca foi também produzido em E. coli na forma ativa,

usando o mesmo protocolo (GARCÍA et al., 2004) e a pro-atrolysin E recombinante de C. atrox

foi produzida em células de inseto (SHIMOKAWA et al., 1996).

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Discussão 87

Além das aplicações clínicas, estas enzimas podem ser usadas como ferramentas

bioquímicas em estudos moleculares na indústria biotecnológica (convertendo intermediários por

clivagem de ligações peptídicas específicas), estudos de mecanismo de ação de venenos,

desenhos de inibidores de metaloproteases e melhor compreensão de características das

metaloproteases.

Atualmente, um enfoque mais específico desses compostos mostra que algumas respostas

celulares complexas podem ser compreendidas. Em virtude da especificidade que as toxinas

hemorrágicas de serpentes possuem sobre vários receptores celulares, diversas áreas

multidisciplinares são estimuladas para se estudar estas enzimas. Clinicamente, algumas toxinas

são utilizadas em terapias trombogênicas. Assim, na biotecnologia, por exemplo, sugerem novas

aplicações e fornecem modelos estruturais para o desenvolvimento de substâncias com potencial

farmacêutico.

As atividades α e β-fibrinogenolíticas têm provado ser eficiente em dissolver coágulos em

artéria femoral apenas com uma simples administração intravenosa, sem efeitos adversos sobre a

pressão sanguínea ou o coração do rato (SWENSON e MARKLAND, 2005). Em comparação

com a estreptocinase, amplamente usada como agente trombolítico, pequenas metaloproteases

não hemorrágicas e fibrinogenolíticas apresentam vantagens promissoras para serem usadas em

trombólises: seu pequeno tamanho (uma baixa resposta imune é esperada) e o fato de não serem

afetadas por inibidores de serinoproteases do sangue. Desta forma os resultados obtidos para a

BjussuMP-II justificam-se, uma vez que esta proteína de baixo peso molecular induziu uma baixa

toxicidade, além de mostrar-se fibrin(ogen)olítica, não hemorrágica e resistente à ação de

inibidores de serinoproteases (benzamidina e PMSF), conforme descrito para outras

metaloproteases semelhantes.

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Discussão 88

Através da dinâmica molecular foi comprovado que a BjussuMP-II é uma metaloprotease

da classe P-I (svMP) destituída de atividade hemorrágica, em contraste com a BjussuMP-I

também isolada do veneno da mesma espécie, que pertence a classe P-III e induz hemorragia

(MAZZI et al., 2004; 2007). De acordo com alguns autores, o distinto potencial de indução da

atividade hemorrágica em svMPs pode ser relatado pela presença dos domínios desintegrina-

símile e rico em cisteína no grupo P-III. Estes domínios extras poderiam contribuir para o

aumento deste efeito patológico por reconhecimento de diferentes substratos presentes em

capilares e lâmina basal, além de participar no efeito de inibição de agregação plaquetária

(MATTHEWS, 1988; KAMIGUTI et al., 1996; JIA et al., 1997; JEON and KIM, 1999;

MOURA-da-SILVA et al., 1999; JIA et al., 2000). Embora o alinhamento entre essas duas

seqüências mostre diferenças em suas estruturas primárias, o segmento que compreende os

primeiros 105 resíduos de aminoácidos da BjussuMP-I e MP-II exibem uma distinta composição

em aminoácidos, considerando que os últimos 95 resíduos de ambas as proteínas são idênticos.

Com base nas análises descritas, é possível que a diferença na estrutura primária de ambas as

proteínas também seja um importante fator de ausência da atividade hemorrágica na BjussuMP-

II.

Finalmente, devido a ausência de uma estrutura experimental de BjussuMP-II, um modelo

teórico foi construído usando técnicas computacionais, ordenando alguns critérios adicionais

dentro das propriedades estruturais/funcionais desta proteína.

A estrutura da BaP1 (metaloprotease de B. asper) (WATANABE et al., 2003) foi

selecionada como padrão para a construção do modelo inicial devido à alta similaridade com a

BjussuMP-II (81%) e o “score” (417.0) atribuído pelo programa HHpred (SÖDING, BIEGERT e

LUPAS, 2005) para o alinhamento destas duas seqüências. A análise do modelo final da

BjussuMP-II mostrou que este é similar ao domínio catalítico do modelo teórico da BjussuMP-I e

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Discussão 89

outras estruturas experimentais de domínios catalíticos já descritas (HUANG et al., 2002;

MAZZI et al., 2007).

Entretanto, a comparação entre domínios catalíticos da BjussuMP-I e BjussuMP-II mostra

que a ausência de domínios extras não é o único fator responsável pela falta de atividade

hemorrágica na BjussuMP-II. Em relação ao alto grau de identidade destas duas metaloproteases

(81%), a superposição de seus átomos de Cα mostra um r.m.s.d. (“root mean square deviation” –

desvio médio quadrático) de aproximadamente 2.3 Å, indicando uma importante modificação

conformacional da BjussuMP-II. Adicionalmente, a análise do r.m.s.f. (“root mean square

flutuation”) dos modelos da BjussuMP-I e BjussuMP-II indica uma região que compreende o

segmento entre os resíduos 153 e 176 que são mais flexíveis no domínio catalítico da BjussuMP-

II do que na BjussuMP-I. Este conjunto de resíduos é parte de um extenso loop localizado entre

as hélices h4 e h5 (Figura 15B) e, de acordo com Watanabe et al. (2003), possui um provável

papel estrutural na atividade hemorrágica de algumas metaloproteases de venenos. Foi

demonstrado que a BaP1 hemorrágica de Bothrops asper e acutolisina A de Agkistrodon acutus

apresentam uma grande similaridade estrutural em suas regiões em comparação com a H2-

proteinase de Trimeressurus flavoviridis, que é destituída de atividade hemorrágica

(WATANABE et al., 2003).

Curiosamente, o loop que inclui a região 153-176 no modelo da BjussuMP-II e corresponde

aos mesmos resíduos em outras cinco metaloproteases de venenos, apresenta duas pontes

dissulfeto (KUMASAKA et al., 1996; GONG et al., 1998; ZHU et al., 1999; WATANABE et al.,

2003; LOU et al., 2005; MAZZI et al., 2007). Esta informação indica que a estabilidade estrutural

desta região pode ser importante para as atividades induzidas por estas proteínas. Deste modo o

alto grau de flexibilidade da região 153-176 no modelo da BjussuMP-II pode determinar a

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Discussão 90

ausência de atividade hemorrágica, bloqueando a ligação da molécula a componentes particulares

presentes em microvasos e/ou o acesso de substratos específicos para o sítio de atividade desta

metaloprotease.

Além disso, para identificar possíveis resíduos conservados presentes em metaloproteases

foram analisadas as seqüências de três metaloproteases hemorrágicas, BjussuMP-I, acutolisinas A

e C e três moléculas não hemorrágicas BjussuMP-II, H2-proteinase e metaloprotease FII

(KUMASAKA et al., 1996; GONG et al., 1998; ZHU et al., 1999; LOU et al., 2005; MAZZI et

al., 2007).

O resultado demonstrou cinco resíduos de aminoácidos polares e hidrofílicos na superfície

das metaloproteases hemorrágicas (Ser59, Asp84, Arg88, Cys196 e Asn199) enquanto que as

moléculas não hemorrágicas possuem somente dois resíduos conservados em sua superfície,

sendo um hidrofílico (Lys61) e outro hidrofóbico (Leu63) (Figuras 16A e B). Em adição, a

conservação de um maior número de resíduos polares de superfície em metaloproteases

hemorrágicas sugere que estes resíduos poderiam ser mais um fator no direcionamento destas

moléculas para seus alvos específicos. Conseqüentemente, é possível propor que a falta de

atividade hemorrágica na BjussuMP-II e outras metaloproteases de venenos de serpentes é

causada por um alto grau de flexibilidade da região 153-175 e a ausência de resíduos de

superfície conservados com características químicas específicas.

A presença de histidinas na região ligante de Zn++, que se mostram conservadas nas

metaloproteases, é essencial para a estabilidade do sítio ativo da molécula e também para a

atividade proteolítica e hemorrágica da enzima (BJARNASON e FOX, 1994; MAZZI et al.,

2004; 2007). Conseqüentemente, a comparação entre o modelo teórico da BjussuMP-II e outras

metaloproteases de venenos de serpentes foi utilizada para obter e embasar algumas idéias dentro

das prováveis justificativas relatadas para a atividade hemorrágica ou supressão desta neste grupo

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Discussão 91

de proteínas. Futuros estudos bioquímicos e estruturais poderão auxiliar na confirmação de

hipóteses baseadas na relação estrutura-função das MPs, e fornecer, também, informações

relevantes para o desenvolvimento de drogas e produtos biotecnológicos utilizados no tratamento

de desordens da coagulação.

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Conclusão 92

7. CONCLUSÃO

As informações sobre a estrutura e função destas proteínas dependentes de metais poderão

auxiliar na melhor compreensão dos processos fisiopatológicos induzidos por estas enzimas, que

participam direta ou indiretamente em diversos efeitos tóxicos e farmacológicos resultantes dos

envenenamentos ofídicos. A utilização de proteínas isoladas de venenos animais, assim como

proteínas recombinantes, ou peptídeos sintéticos, estão se tornando cada vez mais freqüentes

entre os grupos de pesquisas e as indústrias. Adicionalmente, as interações com íons, agentes

quelantes e inibidores naturais e artificiais poderão resultar também, em informações relevantes

sobre os mecanismos de ação destas proteases e seu papel específico nos envenenamentos

ofídicos, assim como sua possível utilização na elaboração de futuros fármacos, uma vez que

estas proteínas podem apresentar atividades como antitumoral, bactericida e trombolítica. Desta

forma o isolamento e uma ampla caracterização estrutural, funcional e inibitória poderão

direcionar discussões e questionamentos para o prosseguimento de novos estudos sobre as

metaloproteases de venenos de serpentes e suas possíveis aplicações terapêuticas.

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