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WWW.REVISTASIM.COM.BR ARQUITETURA - DECORAÇÃO - DESIGN - ARTE ... ANO XII - Nº 84 - DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA ® Arquitetura digital

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Ed. 84 Arquitetura digital.

Transcript of SIM! 84

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ARQUITETURA - DECORAÇÃO - DESIGN - ARTE ...ANO XII - Nº 84 - DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA

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Arquiteturadigital

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EXPOSIÇÃO_p.40Navegando pelo rio São Francisco de Ronaldo Fraga

Diretor Executivo Márcio Sena([email protected])

Coordenação Gráfica e EditorialPatrícia Marinho ([email protected])Felipe Mendonça([email protected])

REDAÇÃO / DESIGN / FOTOGRAFIAPatrícia Calife([email protected])

Beth OliveiraEdi SouzaErika ValençaRenata FariasDiego PiresMicaele FreitasGregMarco Pimentel

RevisãoFabiana Barboza([email protected])

Arquiteto ColaboradorAlexandre Mesquita([email protected])

Operações ComerciaisMárcio Sena([email protected])

Eliane Guerra (81) 9282.7979([email protected])

Assessoria JurídicaAldemar Santos - O.A.B. 15.430

SIM! é uma publicação bimestral da TOTALLE EDIÇÕES LTDA

Redação R. Rio Real, 49 - Ipsep - Recife - PE CEP [email protected] / Fax: (81) 3039.2220ComercialR. Bruno Veloso, 603 - Sl 101Boa Viagem - Recife - PECEP [email protected] / Fax: (81) 3327.3639

Os textos e artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista.

CAPA

ARQUITETURA DIGITAL _p.50

Tecnologia auxilia desenhos, apresentações e projetos

RÁPIDAS_p.12As novidades da seção Fique por Dentro

PROJETO_p.28Estilo contemporâneo em projeto da PMZ Arquitetura

DESIGN_p.78O uso da prototipagem rápida nos produtos

AUTOMAÇÃO_p.70Um apartamento controlado digitalmente

FACULDADES_p.52A didática digital no campus

Foto: Imagem utiliza recurso do fotorrealismo, ainda em processo de construção, pelas mãos do designer Saulo Lísias.

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JARDINS_p.24Flores em todas as estações

ARTE_p.82A tecnologia como suporte criativo

QUEM FAZ_p.58Profissionais mostram o uso do 3D

LIVROS_p.90Dicas de e-books do cientista Silvio Meira

DELÍCIAS_p.94O apelo visual nas criações de Wagner Rezende

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EDITORIAL

O Rio São Francisco de Ronaldo Fraga desaguou nessa edição. Dizemos desaguou porque surgiu, foi tomando forma e modificou a Revista. A emoção de encontrar o estilista como artista, trazendo as memórias de sua infância para recriar o Rio, nos comoveu. O número, totalmente voltado para o universo tecnológico, recebeu o calor da expo multissensorial e ainda cresceu com uma entrevista exclusiva concedida por ele, que nos confiou a produção de um making off com toda a montagem deste trabalho - que pode ser acessado no nosso site. A Ronaldo o nosso muito obrigada!!

Mas, voltando ao mote inicial, os recursos digitais, hoje tão presentes no dia a dia das mais diferentes áreas, nos motivou a entender os caminhos que arquitetos, designers, artistas plásticos e até as uni-versidades estão percorrendo em busca da atualização das profissões. O resultado foi um mundo de possibilidades, a exemplo do apartamento inteligente idealizado por Márcia Nejaim, os protótipos de tecnologia de ponta da FABK, a apresentação acessível do projeto de Anderson Lula Aragão entre tantos outros trabalhos.

Nessa publicação, feita para “navegar” (nos dois sentidos), as sofisticadas imagens em 3D, desenhadas por profissionais em prol dos projetos e empreendimentos, e o trabalho dos artistas plásticos Bruno Vilela e Manoel Veiga, que utilizam a tecnologia como suporte para suas criações. Além disso, as dicas de e-books do ás da tecnologia, Silvio Meira e, ainda, muito mais... Inspire-se e folheie!

Não perca tempo, leia SIM!

Patrícia Calife

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Wagner Rezende, Carol Zardi e Luzia Bento

comemoram conosco o resultado da seção Delícias

Equipe da DPI recebe, em peso, a reportagem da Revista SIM! e posa para foto

Ronaldo Fraga com parte da Revista SIM!, em companhia dos asses-sores Rebeka Nascimento e Antônio Tiné e a produtora Cibele Teixeira

Anderson Lula Aragão explica a Edi Souza

o desenho acessível

Silvio Meira dá uma pausa na sua agenda

para nos indicar seus e-books favoritos

Marco Pimentel

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FIQUE POR DENTRO

1. A nova linha de Fornos Multifuncionais da LG traz tecnologia e praticidade. Os produtos unem as funções do forno elétrico à rapidez do micro-ondas e contam com comandos de cozinhar, grelhar, assar, dourar e gratinar, acionados diretamente no display digital. www.lge.com.br

2. Com soluções tecnológicas no setor de hotelaria e gastronomia, a Droid lança os tablets profissionais i-View Android e Retail Tablet, onde o cliente pode, de forma interativa, dar sugestões ou visualizar o cardápio. www.droid.com.br

3. Especializada em cerâmicas refratárias, a Ceraflame traz peças 100% resistentes a choques térmicos. Os utilitários podem ir para o forno, fogão, micro-ondas e máquina de lavar-louça. www.ceraflame.com.br

4. A churrasqueira Cooktop SCHEER dispensa o uso de alvenaria e construção. Inserida em módulos de planejados, o produto possibilita o mesmo processo de cocção de carnes usado por grandes churrascarias no ambiente doméstico . (54) 3224.3066 | www.scheer.com.br

5. Com nova tecnologia em fechaduras biomé-tricas, a Samsung traz o modelo Ezon SHS1320, focada na segurança. O design slim, juntamente com ferramentas como o visor touch e o travamento automático, é outro diferencial.www.samsung.com.br

6. O Ralo Linear Master Line, da Linear Acessórios, é produzido 100% em aço inox e pode ser instalado na junção da parede com o piso, permitindo que a água passe pelas imperceptíveis frestas entre a tampa e o piso ou entre a tampa e o revestimento da parede. www.ralolinear.com.br

7. O recém lançado EcoSmart, da empresa Per-nambucana homônima, é um coletor inteligente de latinhas que ainda presenteia o usuário e incentiva a conscientização ambiental. A ideia do sistema é comercializar o uso do equipamento para marcas que queiram se relacionar com seu público-alvo.

www.ecosmart.com.br

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Mais no site | www.revistasim.com.brSaiba mais sobre a EcoSmart

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FIQUE POR DENTRO

1. A linha Orbis, da Think Surface, foi ins-pirada na paisagem urbana das metrópoles. Com estampas digitais que fazem alusão às grandes cidades, os papeis de parede trazem como diferencial o apelo tecnológico e sensorial, despertando sentidos, como o desejo do toque, e oferecendo aconchego e bem-estar. www.thinksurface.com.br

2. Criada para projetos modernos e arrojados, a cortina XL Pleat é uma das apostas da Uniflex para a proteção solar dos ambientes. Plissada na versão XL (extra large), a peça apresenta tecido que filtra os raios solares, proporcionando a distribuição favorável de luz e ainda conta com acionamento motorizado em alta e baixa voltagem, dispondo de tec-nologia exclusiva. (81) 3326.3731 | www.uniflex.com.br

3. Criado pela Iluminar, o abajur DÓ-RÉ-MI une tecnologia e estilo retrô. Encontrado na DaLuz Iluminação, o objeto apresenta, na base de metal, um touch dimmer inteligente que dispensa o uso de interruptores e que, com um simples toque, acende, apaga e dime-riza a luz. O difusor de vidro com três formatos diferentes permite maior versatilidade.(81) 3465.9433 | www.daluziluminacao.com.br

4. Sempre com soluções inovadoras em revestimentos, a Calil Revest aposta na linha Vest da Bras Group para áreas molha-das. Os acabamentos apresentam como diferencial a proteção à água, por possuir película de proteção nas duas faces. O produto é ideal para ambientes que tenham pisos cerâmicos, porcelanatos e pedras. (81) 3326.5925 | www.calilrevest.com.br

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O artista Candido Portinari tem suas me-mórias narradas pelo ator Herson Capri, no documentário “Portinari do Brasil”. O filme,

de 56 minutos, tem direção de Sonia Garcia e roteiro de Maria Gessy e faz parte da série

Os Grandes Brasileiros, da FBL Criação e Produção. As imagens descrevem todo o método de trabalho e execução da obra.

Durante quatro anos, Portinari realizou 180 estudos em murais e maquetes. O DVD está à venda em toda a rede da Livraria Cultura.

www.livrariacultura.com.br Div

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A exposição “O Rio São Francisco Navegado por Ronaldo Fraga”, em exibição no Santander Cultural até fevereiro de 2013, já passou por

várias cidades brasileiras, dentre elas, Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. A versão do Recife ganhou um presente especial, onde todo o processo de construção foi registrado.

A Revista SIM! mergulhou no universo da mos-tra e fez um making of com toda a montagem,

desde a parte estrutural até a disposição do acervo, além de entrevistas com o estilista e toda equipe que fez o projeto existir. Confira

imagens exclusivas dos bastidores e veja como foi o dia a dia da produção.

+ Tudo no site | www.revistasim.com.br Mar

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FIQUE POR DENTRO

O I Salão Internacional de Humor Gráfico de Pernambuco, que acontece até 18 de novembro, na galeria Janete Costa, traz 120 trabalhos de todo o mundo. Cartuns e caricaturas expostos no espaço, localizado no Parque Dona Lindu, Recife/PE, abordam o papel social da mulher e fazem humor refinado com a temática. Coordenado pelo cartunista Samuca e pela jornalista Mona Lisa Dourado, o evento se destaca por uma proposição inédita. Os trabalhos vencedores, em destaque na exposição, foram escolhidos por um júri exclusivamente feminino.

www.sihg.com.br

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Mais no site | www.revistasim.com.brMatéria completa sobre o Salão

Vencedores do salão 2012

Na categoria Caricatura1º lugar - Stefan Despodov – Bulgária2º lugar - Claudio Antonio Gomes – Brasil3º lugar - Jose Martin dos Reis – Brasil

Cartum1º lugar - Omar Alberto Figueroa Turcios – Espanha2º lugar - Dálcio Machado - Brasil3º lugar - Raimundo Rucke Santos Souza – Brasil

Estudante1º lugar / Cartum - Maria Roberta Melo, da Escola Municipal Oswaldo Lima Filho – Recife1º lugar / Caricatura - Felipe Menezes, da Escola de Jatobá – Petrolândia.

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Mais no site | www.revistasim.com.brMatéria completa sobre o Salão

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FIQUE POR DENTRO

1. A Tidelli abriu sua loja exclusiva no Recife, franqueada pelo empresário Sandro Curra e gerenciada por Patrícia de Oliveira. A estrutura foi projetada pelos arquitetos Humberto e Analice Zírpoli, que utilizaram 38 metros cúbicos de madeira de eucalipto. Esse é o décimo showroom da marca no Brasil, sendo a região Nordeste a maior consumidora. Na nova unidade a aposta é a coleção “Do seu jeito”, que propõe uma infinidade de acabamentos para cadeiras, mesas, sofás, entre outros móveis.(81) 3040.4660 www.tidelli.com.br

2. O Núcleo de decoração de Pernambuco (NUCLEOPE) lançou seu Livro Pernam-bucano de Arquitetura e Decoração. As 200 páginas são estampadas com 30 projetos idealizados por arquitetos do Estado, que homenageiam artistas plásticos locais e apontam tendências de décor. A publicação, patrocinada pelo grupo Rio Ave, inclui nomes como Márcia Nejaim, Romero Duarte, Zezinho e Turíbio Santos, Pedro Motta, entre outros. (81) 3325.7557 www.nucleope.com.br

3. Entre os dias 28 de novembro e 9 de dezembro, o Vivo Open Air aporta no Cais de Santa Rita, Centro do Recife, para exibir clássicos do cinema numa estrutura para lá de especial. A tela é do tamanho de uma quadra de tênis, de tecnologia suíça, provida de sistema hidráulico e projetor digital que capta sinal full HD. A planta inclui espaços para convivências, com palco e quiosques, gazebos, espreguiçadeiras e arquibancada com cadeiras acolchoadas. www.openairbrasil.com.br

4. O Pólo Industrial de Suape, em Per-nambuco, recebeu mais um empreendi-mento de peso. Trata-se da Pernambuco Insdustrial, do Grupo Pernambuco Construtora, que produz estruturas pré--fabricadas de concreto. A expectativa é atender aos mercados imobiliário, obras industriais, entre outros.(81) 3561.2121www.pernambucoindustrial.com.br

Mais no site | www.revistasim.com.brOutras informações do projeto

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Marcelo Kozmhinsky é

agrônomo e paisagista.

www.raiplantas.com

[email protected]

Fone: (81) 9146.7721

jARDINS Uma ode à

Os 97 ha do Instituto Inhotim, em Bru-madinho/MG, abrigam um Jardim Botânico, onde está uma das maiores coleções de palmeiras do mundo, uma enorme gama de espécies da família das Araceae, como os imbés, jiboias e antúrios, além de co-leções de bromélias e orquídeas. Durante um passeio, é possível admirar diversos tipos de árvores, caminhos de pedra, canteiros com jardins belíssimos em sin-tonia com o meio ambiente. Esse cenário primaveril faz pensar sobre a falta de espaços públicos ou privados em nosso Estado, destinados à visitação da população com estrutura adequada e capricho.

A paisagem de Inhotim sugere o trabalho de paisagistas, que dão o seu tom a diversos espaços. Para que se projete um jardim bem elaborado, seja ele um parque, resi-dência ou condomínio, é preciso idealizar a composição dos canteiros, suas formas, escalas, cores, texturas e proporções. É importante, ainda, ver as características que se quer desenvolver, como equilíbrio, unidade e movimento. As flores são a alma do jardim, seu lado poético, afinal podem transmitir tranquilidade, vigor, paz, agitação, tristeza e etc.

primavera!

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Se você pensa em projetar ou reformar um jardim, sugira ao seu paisagista que inclua flores. Não se esqueça de pedir para harmonizar as cores, época e turno de floração, de forma que seu jardim fique florido de inverno a verão, de dia e de noite. Observe as flores na sua cidade, elas estão chegando, afinal é primavera.

Os jardins são projetados em desenhos que remetem a algum significado:

A proporção desses componentes é de suma importância, pois harmonizam a escala do tamanho do todo e de cada uma das partes. A proporção fornece ritmo, equilíbrio e harmonia.

Linhas retas na horizontal passam sensação de equilíbrio, paz e repouso;

Linhas verticais são estimulantes;

Linhas em zigue-zague dão o tom de nervosismo, inconstância;

Linhas inclinadas sugerem movimento, inquietação;

As curvas dão sensação de movimento, leveza, requinte.

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PROjETO

Moderno e atemporalPMZ Arquitetura elabora projeto com mix de referências, valorizando a amplitude

por BETH OLIVEIRA

fotos MARCO PIMENTEL

Toques de modernidade, leitura atemporal e, ao mesmo tempo, clássica, são algumas das principais marcas do projeto de um aparta-mento na Zona Sul, planejado pelas arquitetas Elza Mendonça, Giuliana Zirpoli e Lorena Pontual. Elaborado para uma jovem solteira e bem sucedida, o espaço de 88 m² destaca--se pela aplicação de elementos refletivos e recursos técnicos que ampliam o lugar, como espelhos, vidros e cores neutras. Seguindo o perfil da cliente, as profissionais optaram por usar peças descontraídas e de estilo próprio, que garantissem aconchego e suavidade.

Além de imprimir um clima particular, a pro-posta era proporcionar comodidade espacial. “Fizemos uso de materiais que ampliassem visualmente o apartamento. Por isso, traba-lhamos as bases, como paredes e móveis, teto com desenho mais limpo e aplicamos tons neutros, como o branco, junto com a maior propagação de luz natural e artificial”, esclarece Lorena Pontual. Dividido em sala, varanda, quarto, banheiro e área de trabalho, o projeto visou atender as especificidades cotidianas da cliente.

PMZ ARQUITETURA

www.pmzarquitetura.com.br

Fone: (81) 3327.4922

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Na sala, móveis baixos e retilíneos foram escolhidos para conferir conforto visual e propiciar maior facilidade na circulação. As cores estão presentes nos objetos de décor, no sofá da Novo Projeto e nas cadeiras da Living. As arquitetas também investiram numa mesa de jantar para receber, by Living Interiores, a pedido da dona da casa. Assim, justificam-se os seis lugares e a o fato da mesa estar localizada bem próximo ao apoio em vidro.

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Outro recurso que amplia o espaço são as portas de correr, estas dividem os ambientes e, ao mesmo tempo, não ocupam a circulação. Ainda nas salas de estar e jantar, o desenho do gesso foi pensado para abrigar a iluminação. “Fizemos uma sanca que é descolada do teto e banhada com focos de dicróicas indiretas, permitindo criar cenas”, afirma Lorena. Na decoração, cristais de família, obra de George Barbosa e objetos de artesanato que, junto com o sofisticado pendente central (Kilder Menezes), complementam o ar sofisticado.

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A arquiteta explica que um dos quartos virou espaço voltado para atividades profissionais. “Como a moradora costuma trazer trabalho para casa, criamos um universo que não remetesse somente a isso. Usamos vidro nas bancadas e prateleiras de livros, também com intuito de trazer mais leveza e aumentar o campo visual”, esclarece Lorena.

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Ainda na área de trabalho, o sofá com luminária de piso propicia o momento de leitura e estudo sem imprimir atmos-fera de escritório, conferindo um clima mais descontraído.

No quarto, predominam cores claras para tranquilizar. O painel em madeira confere aconchego, assim como o pendente vermelho tem função de aquecer o lugar.

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O IMAGINÁRIODO VELHO CHICO

Cada hora você encontra com o rio sem nunca ter estado lá, com faces que você não conhecia e desenha na sua

memória um rio possível.

“ “

Com uma imersão profunda nas águas e no imaginário

do Rio São Francisco, o estilista mineiro Ronaldo Fraga

nos convida a navegar na exposição dedicada ao rio e

que chega ao Santander Cultural. Conheça um pouco do

processo de construção e dos bastidores da mostra que

proporciona uma verdadeira experiência emotiva, sensorial,

de encantamento, conhecimento e respeito a essa entidade

que corta grande parte do território nacional.

por BETH OLIVEIRA

fotos GREG/MARCO PIMENTEL

ARTE

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Da arte do encantar

Quando criança, o menino ouvia estórias, lendas e absorvia toda a literatura oral passada por seu pai. Sempre antes de dormir, muitos contos sobre a cultura e a vida existentes no Velho Chico. Hoje, esse menino cresceu, tornou-se estilista de renome internacional, que tece histórias através de sua moda, sempre criada com base em temas, estes, fruto de muita pesquisa e estudo. Foi assim, que no verão de 2008/2009, nasceu a coleção sobre o Rio São Francisco. Pouco tempo depois, a criação rompeu as bar-reiras da passarela e se transformou em um projeto muito maior. A exposição de arte “Rio São Francisco Navegado por Ronaldo Fraga” já passou pelas cidades mineiras de Ipatinga, Montes Claros, Pirapora e Belo Horizonte, e ainda São Paulo e Rio de Janeiro. Agora, chega à Região Nordeste, através do Recife.

“Eu costumo dizer que o melhor pre-sente que um pai podia dar a um filho, e que o meu pai me deu, foi o Rio São Francisco”, declara Fraga. Ao explicar a concepção do projeto, o estilista retoma suas memórias afetivas e conta um pouco da sua relação com o Velho Chico. “Eu conhecia esse rio como uma coisa viva, como uma entidade. Quando cresci, protelei durante muitos anos em ir conhecê-lo, porque eu morria de medo de matar ele da minha memória, em desmistificar a minha entidade, mas isso não aconteceu e, realmente, era tudo o que o meu pai me passou”, revela.

Junto com as leituras e pesquisas de referência, o mineiro desvendou várias cidades, que passam por estados como Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco, conhecendo toda a cultura ribeirinha ao longo do percurso. A bordo do Benjamim Guimarães, único barco a vapor de lenha em atividade no mundo, conheceu histórias como a de Seu José, que com 86 anos ainda está sob o comando da embarcação. Durante a viagem, que durou seis dias, percorreu

desde a nascente até o médio São Fran-cisco. “Costumo dizer que o melhor que o meu ofício me trouxe e traz, é me levar a lugares que pelas vias normais eu não iria. Foi assim que cheguei a esse rio, o rio da minha memória afetiva, da minha imaginação”, acrescenta.

O estilista conta que a exposição foi pensada para que as pessoas visitassem em seu imaginário o rio e, aquelas que puderam conhecer de perto, revisitassem sentimentos e sensações ao longo dos 15 ambientes que compõem a mostra. “Tudo o que eu faço, até as minhas coleções, eu fico de olho se vai encantar o olhar de crianças e até mesmo de um ancião. Às crianças, porque elas são bombardeadas de informação e novas tecnologias o tempo inteiro e se você faz alguma coisa que prenda a atenção delas já é meio caminho andado. E quando você faz brilhar os olhos de um ancião que já viu e viveu a vida, mas é capaz de encher a vista de encantamento, isso é bacana demais”, observa.

A questão afetiva foi o ponto de partida de Ronaldo Fraga, mas a literatura escrita e oral, bem como as conversas com pessoas que vivem no entorno dessa extensão de água, solidificou a impor-tância do tema. “Esse rio tem uma identidade muito forte, porque muito do Nordeste que chegou em Minas até a metade do século passado foi através dele. Por exemplo, quando você chega em Pirapora, quantos casamentos foram feitos com pessoas que vieram da Bahia através dos vapores, para tentar a vida em outra cidade? Provavelmente, sem ele, essa troca, essa miscigenação cultural não teria existido”, reflete. Por isso, desde a concepção, a intenção do estilista não era restringir só a moda. “A cultura desse lugar é tão forte que pode ser decodificada em arte contemporânea, fotografia, música e moda”, defende.

Morria de medo que o rio real não tivesse a magia do rio que o meu pai me passou“ “

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1. O Chico morre no mar – A foz do rio

O visitante poderá assistir um vídeo gravado às margens do rio São Francisco. O espaço representa o encontro do

rio com o mar através de peixes de garrafas pet e colchões como se fossem tábuas.

2. Memória e devoção

Ambiente dedicado à fé

representado por fotografias

e ex-votos do Santuário de

Bom Jesus da Lapa.

3. O Chico e o caixeiro viajante

Retrata a saudade de um rio que

não existe mais. Na parede, malas

antigas, fotos e a exibição do vídeo

“Cinema no Rio São Francisco”.

4. O gosto que o Chico tem

Cheiros, gostos do rio.

Uma representação dos

mercados ribeirinhos.

5. Willi de Carvalho

Nas águas do velho Chico correm mitos

e lendas sobre os peixes e as canoas dos

ribeirinhos. Na sua margem, casarios de

cores e muita festa.

6. A voz do Chico

Vestidos que podem ser abraçados e neles se

ouvir o som do rio na voz de Maria Bethania

que declama o poema “Águas e mágoas do Rio

São Francisco”, de Drummond.

7. De encontro ao Rio

O trabalho da fotógrafa e jornalista

Soraya Ursine retrata a expedição

Engenheiro Halfeo que percorreu

2873 km do Rio São Francisco.

8. Mapa

No traçado do rio, monóculos apresentam

imagens e a tradição das principais cidades

ribeirinhas.

9. Rio tece e veste

O velho Chico é a inspiração para

as roupas criadas por Ronaldo Fraga,

uma homenagem às bordadeiras da

região.

10. Do convés do vapor Benjamin Guimarães

observamos as várias faces do rio

Os corredores do antigo vapor são reproduzidos

com as portas das acomodações da primeira

classe e as redes da segunda classe.

12. Painel de Lendas

O momento de ler as lendas mais famosas

do rio, ilustradas por Ronaldo Fraga.

11. O Chico e suas carrancas

O artista Leo Santana apresenta um

São Francisco que abençoa e as car-

rancas que afugentam os maus agouros.

13. Pescaria

Aquário interativo onde

cada peixe pescado acom-

panha uma revelação.

14. Cidades submersas

Um vídeo narra os últimos dias da

cidade de Rodelas, submersa para a

construção da barragem de Itaparica.

15. Água que se bebe

Garrafas com água do rio homenageiam

cidades e elementos presentes no

velho Chico.

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Ética e estética se encontram

“Essa exposição não me pertence mais, ela é o Rio São Francisco da Bethânia, do Wagner Moura, da Áurea, da Cibele, da Paola, do Leo Santana, e agora do Carlos Trevi. Por cada canto que ela vai passando tem agregado artistas, profissionais, técnicos e divulgadores em torno dessa história brasileira”, destaca. É assim que o estilista percebe a mostra, que a cada montagem ganha novos colaboradores e elementos cultu-rais, variando de lugar para lugar.

Foi dentro desse processo que a cantora Maria Bethânia aceitou o convite de Ronaldo Fraga e declamou o poema Águas e Mágoas do Rio São Francisco, do poeta Carlos Drummond de Andrade, e entre as estrofes can-tarolou músicas de seu repertório que falam do Velho Chico. “Eu já sabia do amor dela pelo rio e para mim se ele fosse uma voz, seria Bethânia. Quem tem a voz das águas, das lendas, do surubim gigante é ela. Para mim, as águas têm voz, e essa voz é feminina,

uma voz que te cala. Ela foi a primei-ra artista a ser incorporada”, afirma. Na mostra é possível escutar a baiana declamando no ambiente onde ficam as roupas.

Outro artista convidado foi Wagner Moura, que nasceu em Rodelas, no interior da Bahia, e viu ainda criança a sua cidade tornar-se submersa devido à construção de uma hidrelétrica que nunca funcionou. “Em 1976, a família dele foi uma das últimas a deixar a cidade e na ocasião a TV Cultura registrou as pessoas que estavam deixando o lugar. Eles filmaram algumas crianças, e uma delas era o Wagner. Então, ele resgatou cenas preciosas no vídeo e fez uma edição. Depois pegou o pai e o filho de cinco anos, levou até lá e gravou algumas imagens. São três gerações falando de um mesmo rio”, conta.

Os espectadores que tiverem vontade de levar consigo um pedacinho da expo-sição podem adquirir obras do mineiro Willi de Carvalho que compõem um dos

ambientes. “Nós incorporamos esse artista artesão que tem acompanhado todo o processo. Ele faz trabalhos de miniatura com palitos de fósforo em papel, então eu falei, vamos colocar os oratórios do Willi. Na passagem por São Paulo teve uma ótima aceitação’, acrescenta Fraga.

Além dessas participações especiais, uma grande equipe integrada por co-ordenadores, cenógrafos, arquitetos, designers gráficos, artistas e tantos outros profissionais concretizam a concepção de Ronaldo Fraga. Uma das grandes responsáveis pela realização do projeto é a produtora Cibele Teixeira. “O desafio foi tirar essa exposição de Belo Horizonte. Foram necessárias várias carretas e quatro dias para chegar até aqui. O que eu acho maravilhoso é que não é só uma equipe de Minas envolvida, também tem gente de Pernambuco fazendo acontecer, como Dona Socorro, do Mercado de São José, que preparou vários raminhos de ervas para o am-biente do mercado”, explica.

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Da esquerda para a direita, em sentido horário: Cibele Teixeira, Ronaldo Fraga e Áurea Santana; Paulo Waisberg e Clarissa Neves; Leo Santana; Fernanda Silva; Paola Menezes; Fabiana Ferrarezi.

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O percurso do rio deságua no Recife

Entre os desafios enfrentados pela equipe de montagem, destaca-se a verticalização da exposição. Pela primeira vez, a mostra deixa de ser em apenas um plano e se divide pelos três andares do Santander Cultural. “Ela tinha que passar pelo Recife e essa foi uma oportunidade. Depois da apresentação feita através da Cibele, imediatamente coincidiu de abrigarmos, até porque tínhamos a metragem suficiente”, afirma Carlos Trevi, coordenador da unidade de cultu-ra do Santander.

No processo de adaptação do projeto cenográfico, os arquitetos Clarissa Neves e Paulo Waisberg planejaram a melhor distribuição dos ambientes. “Todos os espaços tinham continuidade e eram lineares. Por conta das particularidades desse prédio, a gente teve que compar-timentar em vários pavimentos. Por um lado, interrompe um pouco essa linea-ridade e por outro, a gente cria núcleos ao longo do lugar”, esclarece Paulo.

De acordo com Clarissa, a ideia era fazer uma viagem a bordo do Benjamim Guimarães. “Você começa lá em baixo tendo uma visão da religiosidade, do

comércio, dos mercados e vai subindo. Quando chega ao mezanino tem a visão dos contos e da lenda com a Maria Bethânia, no outro andar tem como se fosse o convés do barco onde tem as portas e redes penduradas e no último andar, você tem salas com vídeos e a projeção do Wagner Moura. Foi muito agradável montar aqui e ter um resultado positivo”, descreve.

Além das adaptações especiais, o artista Leo Santana, a convite de Ronaldo, cria o espaço “São Francisco e as Carrancas”, inspirado na herança cultural do Estado. O desenvolvimento desse ambiente contou com a participação de pessoas da comunidade da Bomba do Heme-tério. “Eu já estava morando aqui em Pernambuco e o convite veio a calhar, então falar do rio São Francisco tem que ter carranca e peixes. Com esses elementos eu componho qualquer espaço”, conta Leo. O local definido para o trabalho do escultor também foi uma das inovações. “A Cibele é uma pessoa que tem um olhar incrível. Então, ela me mostrou o lugar que ficaria e eu não tive dúvidas, pois de lá dá pra ver o Capibaribe e o mar”, pontua. Com muita sensibilidade, a produtora Cibele Teixeira comenta que esse era o espaço ideal para abrigar o ambien-te. “É como se a gente tivesse na proa de um barquinho de pescador ou no próprio Benjamim Guimarães dentro do rio. E as carrancas vão sempre na frente espantando os maus espíritos e abrindo os caminhos. É como se fosse um altar, a gente ficou muito feliz”, observa.

Fraga explica que a ideia era convidar um novo artista a cada cidade. “Pensei que quando a gente viesse para o Nordeste,

deveria trazer um ambiente exclusivo. Quando convidei o Leo, disse para ele desenvolver alguma coisa em Pernam-buco e ele propôs colocar a carranca em um oratório, como algo sagrado. O Leo tem um trabalho lindo com papel, onde você olha e pensa que a carranca é de madeira. No entanto, ele dá peso ao leve e leveza ao que é pesado”, acrescenta.

E como se fosse tecendo uma colcha de retalhos, o “Rio São Francisco Navegado por Ronaldo Fraga”, vai convergindo para uma identidade única brasileira que é, em essência, plural. “Costumo dizer que o desfile é o último momento em que a coleção pertence ao estilista. Quando vai para o outro, o jeito que as pessoas vão usar, as peças que vão misturar, a vida real, as histórias e alma que elas vão colocar nessa roupa, deixa de ser do estilista. Com a exposição não foi diferente,” conclui.

RIO SãO FRANcIScO NAvEgADO POR RONALDO FRAgA

Até 07 de fevereiro de 2013

Santander Cultural (Av. Rio Branco,

23, Bairro do Recife, Recife/PE)

Fone: (81) 3224.1110

Funcionamento:

de terça a domingo, das 13h às 20h.

Entrada gratuita

Informações e agendamento:

(81) 3224.1110

(Edith ou Sandro Joaquim)

[email protected]

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cAPA

TraçodigitalO dicionário define tecnologia como a junção de conhecimentos e princípios específicos aplicados a uma determinada atividade. Em arquitetura e urbanismo, a explicação se faz presente desde o momento em que o homem, embasado por seu momento histórico, soube projetar e inovar. Hoje, a realidade que rodeia o profissional da área permite expandir as ideias e desenvolver soluções até então impensáveis.

Na construção, as facilidades se voltam aos materiais que otimizam o processo e diminuem o desperdício. O Sistema Building Information Modeling ou Mo-delagem de Informação da Construção (BIM) é um desses facilitadores, que permite ao engenheiro ou arquiteto modelar virtualmente o edifício, desde

a quantificação dos materiais até a concepção arquitetônica. Um gerencia-mento absoluto do trabalho em prol da anulação de erros.

E o que dizer das imagens em 3D? Cada vez mais próximas da realidade, as perspectivas evoluíram da populari-zação da computação gráfica iniciada na década de 1990 junto ao AutoCAD. Aliás, o software continua sendo o mais utilizado nas faculdades e escritórios de arquitetura, com fôlego para mais tempo. Este é só um pedaço do mundo digital, capaz de ampliar conceitos, que ganha as páginas a seguir, desde a universidade às práticas do mercado de quem é movido por novidades. A automação entra nesse contexto para facilitar e valorizar os espaços de hoje.

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AlicercecAPA | TEcNOLOgIA

tecnológico Universidades de Arquitetura e Urbanismo mergulham na didática digital

por EDI SOUZA

fotos MARCO PIMENTEL

Já se foi o tempo em que régua e prancheta eram as maiores aliadas do arquiteto. Com a influência tecnológica, o profissional ganhou novas ferramentas para otimizar sua criação e, consequen-temente, seus projetos. Uma realidade tão contemporânea que fez as faculdades de Arquitetura e Urbanismo não se limitarem às noções de matemática, técnicas do desenho e estudo das estru-turas. Em cinco anos de graduação, o estudante se depara com disciplinas detalhadas na área de informática para fortalecer a bagagem no mercado de trabalho.

O curso na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) tem 45 anos, sendo três dedicados à implantação da nova grade curricular. Segundo a coordenadora do departamento, Maria de Jesus de Brito, a estrutura atual, batizada de tectônica, apresenta oito disciplinas específicas em tecnologia que acompanham as demais cadeiras de ateliê. “Antes, eram ensinadas por professores de engenharia civil, mas agora queremos o olhar do arquiteto nesse assunto. Saber como funciona o edifício e quais suas estruturas tecnoló-gicas”, explica, ainda reforçando

Novo currículo da UFPE propõe versão integrada das disciplinas. A coordenadora Maria de

Jesus de Brito aposta nesse formato.

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A coordenadora da Unicap, Andréa Câmara, defende a base artesanal na formação

que há o interesse em oferecer um mestrado profissionalizante nessa área. “Vamos retomar a força tecnológica que a arquitetura modernista do Estado teve nos anos 1960 e 1970, e que foi se distanciando”.

Integração é mesmo palavra de ordem no novo currículo da Federal. Para gerar plantas digitais, a parceria junto ao departamento de expressão gráfica, responsável pelas aulas de geometria, 2D e 3D é indispensável. Além disso, a cada ano do curso surge a Informática Aplicada da Arquitetura e Urbanismo – INFOAU, lecionada em laboratório com 20 computadores. A etapa acompanha as disciplinas do projeto. “Estamos muito animados, pois conseguimos uma junção de conhecimentos. Esse currículo é único e está sendo patenteado pela UFPE para que se torne referência”, defende Maria de Jesus.

Na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), o segundo ano da graduação é dedicado ao trabalho com computação gráfica, responsável por incorporar o desenho técnico através do AutoCAD. É quando entra a noção de desenho, representação e apresentação gráfica em 2D e 3D. Para este último, além do CAD está o programa de manipulação gráfica do Google, SketchUp. “Você tem softwares melhores em acabamento, mas são complexos e exigem treina-mento aprofundado. Como visamos à criação, esse programa é ideal”, reforça a coordenadora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Unicap, Andréa Câmara.

Embora o mundo virtual esteja presente na instituição pública e particular, ambas não dispensam os trabalhos manuais. A maquete artesanal, confeccionada em ateliê, serve para desenvolver, entre outras habilidades, a noção de área e volume. “Caso contrário, o aluno perderia o fato de olhar o lugar e compreender suas peculiaridades. É a partir daí que ele monta os conceitos que irá trabalhar.

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UFPEwww.ufpe.br/ufpenova

Unicapwww.unicap.br

UNINASSAUwww.mauriciodenassau.edu.brSegundo a coordenadora da UNINASSAU, Silvana Farias, o estudante de hoje tem grande

oportunidade com os recursos digitais

É quando entra o computador para lapi-dar a ideia”, arremata Andréa.

O mesmo entende a coordenadora do curso do Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU), Silvana Farias. A primeira turma de Arquitetura e Urba-nismo formou-se há um ano a partir de uma grade bem versátil. Nos primeiros semestres, o foco é a representação – desenho técnico e geometria descritiva – a fim de desenvolver o entendimento espacial. É quando as maquetes são essenciais na didática.

A partir do 3º período, os conhecimentos se alinham às análises de um projeto, como estudo térmico, uso racional da água, acústica, iluminação e técnicas de construção. “A tecnologia entra diluída nas cadeiras, mas ainda temos, em específico, tecnologia da construção 1, 2 e 3”, detalha Silvana.

Já a criação de perspectivas se divide na etapa manual (desenho à mão) e digital (em informática aplicada). Neste último, entram os programas de maquete digital, a exemplo do CAD. “O mercado está muito exigente, por isso o aluno precisa ir além da sala de aula e saber quais ferramentas aplicará na sua rotina”, aconselha Silvana.

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Uma questãocAPA | TEcNOLOgIA

de “perspectiva” DPI Studio eleva as possibilidades da maquete 3D

por EDI SOUZA

fotos MARCO PIMENTEL

Os empresários Bruno Lima e Luiz Andrade colhem os frutos da atual valorização imobiliária, através de um produto essencial a qualquer construtora. A maquete virtual ou perspectiva em 3D, formatada há uma década na DPI Studio, traz volume ao projeto do arquiteto e torna palpável o sonho do público consumidor. É que em meio ao conceito básico de criação, a dupla não dispensa um toque de arte, alto envolvimento e, claro, tecnologia.

Por não terem assistido a transição dos desenhos em papel vegetal aos pontos tridimensionais, a dupla se uniu já atenta aos recursos que a máquina poderia oferecer. Em 2002, ainda na faculdade de arquitetura, um único com-putador servia de base aos traços digitais que começaram a surgir. “Foram seis meses assim, até um arquiteto gostar do nosso trabalho e nos convidar a atuar com exclusividade para ele, no empresarial que estamos até hoje, em Boa Viagem”, relembra Luiz. Era a época em que uma única imagem levava 24 horas para ser renderizada. “Em 2004 deixamos a parceria, compramos mais três computadores e mudamos de sala”, completa.

Hoje, a equipe possui, além dos sócios, um arquiteto, dois designers, um especialista em imagem e uma secretária. Todos, de alguma forma, ligados àquilo que o cliente não vê, pois a parte interna, externa e decorada surge em 3D a partir de dados definidos pelo AutoCAD. “Como somos arquitetos, muitos confiam em nos passar o mínimo de informação. Já outros, chegam com tudo elaborado, incluindo detalhes de paisagismo, topografia e decoração”, reforça Bruno.

DPI StudioFone: (81) 3327.3630www.dpi3d.com

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A duração do trabalho varia de acordo com o projeto. Há demandas que somam de 15 a 20 imagens. “Nossa média é fechar uma imagem de cada projeto por dia”, revela Luiz. Em termos de recurso, a DPI utiliza o processador Dell e placas de vídeo atualizadas com o mercado. Para ilustrar os benefícios, um render em alta resolução pode levar de duas a três horas, otimizando os prazos.

O resultado final precisa atender exa-tamente o que procura tanto arquitetos quanto construtoras e agências de publicidade. O que trará harmonia na junção de interesses tão distintos é o uso adequado de luz, sombra, enquadramento, cor, entre outros detalhes para tornar a maquete eletrônica próxima do real. “Este é um trabalho com indiscutível noção de fotografia e pintura, projetada para informar e encantar”, finaliza Bruno.

Etapas de criação

1. O primeiro passo é a modelagem 3D, que traça os pontos do projeto dando forma e expressão à imagem.

2. O segundo item é a escolha do mobiliário, responsável pelo toque de décor. Surgem mesas, cadeiras, sofás e outros objetos.

3. A terceira etapa é o ajuste da iluminação e da câmera da cena.

4. Na quarta fase são definidas as texturas que serão usadas em pisos, paredes, vidros, teto e móveis.

5. O quinto passo é a renderização da primeira imagem bruta, em baixa reso-lução, enviada ao cliente para análise.

6. Por fim, se tudo for aprovado, a imagem é renderizada em alta reso-lução e segue para a pós-produção.

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PróximocAPA | TEcNOLOgIA

da realidade

Técnica do fotorrealismo gera impacto visual nas imagens de Saulo Lísias por EDI SOUZA

fotos GREG

Saulo LísiasFone: (81) 3038.0098 | [email protected]

Não é à toa que o designer gráfico Saulo Lísias estampa seu trabalho na capa desta SIM!. A especialidade em fotor-realismo é o diferencial pensado para arrancar o impacto das pessoas e se destacar no mercado. Aos 26 anos de idade e um currículo de saltar os olhos de qualquer jovem, esbanja disposição para bolar imagens bem próximas do real tomando como referência o estilo contemporâneo.

Pela vontade de valorizar seu 3D, buscou em 2007 o apri-moramento num curso que oferecia a técnica do fotorrea-lismo em maquete eletrônica. Na prática, significa melhor aproveitamento da iluminação, com cálculo preciso da luz. É como se uma lâmpada de 60 w estivesse ligada exata-mente nessa potência no software instalado no computador.

Munido das informações, Saulo criou a afinidade neces-sária para se sobressair durante o período da formação. “Logo nos primeiros dias fui convidado pelo professor a trabalhar na sua empresa. Com o tempo, também recebi o convite do mesmo curso para ensinar nas turmas inician-tes. Aceitei o desafio e lecionei por dois anos”, recorda. Foi o período que o designer pôde trocar ideias com grupos de todos os níveis, ainda ministrando palestras em universidades.

O portfólio soma inúmeros trabalhos com visível toque pu-blicitário. “Entrei em sociedade na Fábula Estúdio prestan-do serviços para agências do Sudeste, como a Young &

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Rubicam, do empresário Roberto Jus-tus. Foi então que auxiliamos nas cam-panhas da Sony, Bradesco, Banco do Brasil, BMW, cerveja Proibida e outros”, revela. A experiência trouxe a noção de que uma imagem nessa área jamais pode passar despercebida ou sufocada pelo texto.

Com 12 certificados internacionais e dois nacionais, Saulo também costuma projetar ambientes decorados a partir das tendências, por isso ousa nas cores fortes e nos elementos de design. “É preciso expressar sentimento, preocu-pando-se com o jogo de sombra e reba-timento de luz”, explica. Esses detalhes não faltaram na criação da imagem ex-clusiva para a Revista SIM!. Segundo o profissional, a ideia foi inovar ao reunir objetos inusitados aplicados de maneira harmônica.

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cAPA | TEcNOLOgIA

uma imagem As possibilidades do 3D pelas mãos de Maninho Luna

por EDI SOUZA

fotos MARCO PIMENTEL

Uma ideia:

O boom da perspectiva em 3D indica um mercado aquecido aos profissionais da imagem, diferente do que o arquiteto e designer Maninho Luna vivenciou há quase duas décadas, no início da carreira. A experiência em modelagem tridimensional fez o agora empresário autônomo seguir pela contramão de propostas tradicionais e desenhar assuntos que expressam técnica e personalidade.

“No ano 2000, quando a internet ainda se popularizava, não havia tanto acesso a softwares ou incentivo fiscal para a compra de máquinas. Por incrível que pareça, foi a época de glória do 3D, pois pouquíssimas pessoas o desenvolvia. Hoje, com três meses praticando, o profissional considera-se pronto para o mercado”, comenta. Atualmente, entram no seu portfólio os projetos que melhor se encaixam com sua rotina. A liberdade criativa é um dos pontos a favor nessa escolha de trabalhos. “Comecei a selecionar de uns quatro anos para cá. O programa do computador é o mesmo, mas o que vale é quem está por trás da máquina, uma vez que não existe receita da imagem perfeita”, argumenta.

As criações de interiores são as que mais se destacam no acervo de Maninho. A concepção do décor vem da experiência adquirida nessa trajetória, incluindo o cuidado em desen-volver, principalmente, elementos da natureza e pessoas, “é forte a referência dos dois no nosso subconsciente, podendo

Maninho Luna [email protected]: (81) 9234.7449

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ser reconhecido como falso”. O jogo de luz e sombra tem grande influência nesse processo. É ele que provoca emoção quando pensado junto à abertura da lente, exposição, ISO e outros elementos configurados na própria câmera do sof-tware. O complemento fica por conta de pequenas histórias contadas através da cama desforrada, da taça com vinho ou do sapato esquecido no quarto.

O avanço das técnicas fez o arquiteto e designer parar em determinada época para estudar. “Passei seis meses só me especializando, porque antes o mercado usava uma iluminação muito artificial, e então passamos a pensar na luz calcu-lada fisicamente, incluindo a noção de radiosidade”, explica. É o momento que o cenário começa a ganhar aspectos mais realistas graças aos reflexos que atingem móveis e objetos em foco.

Mas, se no Brasil o nível dos trabalhos está elevado, as imagens produzidas em terras gringas saltam aos olhos. “Muito do que se vê por aqui é inspirado nos desenhos de fora, que prezam pela atenção nos detalhes”, reforça. Um capricho que Maninho não dispensa ao usar 3D é, quando possível, inserir objetos regionais que valorizam a peça e resgatam a identidade local.

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ApartamentocAPA | TEcNOLOgIA

inteligente

Projeto residencial insere automação na rotina dos moradores por EDI SOUZA

fotos GREG

MáRcIA NEjAIM

Fone: (81) 3326.6652

[email protected]

O projeto de interiores idealizado pela arquiteta Márcia Nejaim traz recursos tecnológicos que complementam a ambientação. No aparta-mento de 401 m2, o jovem casal de moradores tem comando absoluto dos espaços ao monitorar iluminação, temperatura, persianas, áudio e vídeo. As soluções de ponta foram aplicadas pela empresa JP Lemos, que transformou o iPad e o iPhone numa espécie de controle-remoto moderno.

Os aparelhos receberam aplicativos específicos que possibilitam, a um toque, ligar e desligar a televisão ou acender e apagar as lâmpadas. A integração dos ambientes ainda permite criar cenários específicos por toda a casa. As sete câmeras, quando ativadas em modo de segurança, registram os movimentos dos ambientes, através do sistema infraver-melho, e enviam as imagens ao celular do proprietário. Dois tablets, chamados pulsadores, foram embutidos nas paredes da sala e da cozinha para também coordenarem a programação do apartamento.

jP LEMOS

Fone: (81) 3221.6089

[email protected]

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“Ainda pode-se agendar todas as ações de acordo com a rotina, definindo, por exemplo, a hora desejada para levantar as cortinas ou destravar as portas”, destaca o técnico da JP Lemos, Carlos Eduardo Junqueira. O uso da biometria no acesso principal é outra solução que enfatiza a segurança e monitora a frequência dos funcionários. “Esse projeto utiliza recursos top no mercado, mas o cliente já encontra alternativas pequenas, a partir de R$ 1.200, que trazem a comodidade desejada”, completa.

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A infraestrutura é composta por cabos de energia que, ao invés de irem para o interruptor, vão ao quadro de comando que se conecta a um cabo específico de automação e segue até os interruptores. “Quando o lugar está em fase de obras, preferimos deixar cabeado, porque a segurança é maior. Na rede wi-fi, muitas ve-zes, há pontos que não se consegue alcançar”, finaliza Carlos Eduardo.

Esse projeto utiliza recursos top no mercado, mas o cliente já encontra

alternativas pequenas

“ “ Embora a tecnologia seja imperativa, a estética segue aspecto clean, com muito branco, unindo contemporaneidade e toque despojado. De maneira harmo-niosa, juntam-se objetos de acervo do cliente e da loja Particolare, mobiliário da Artefacto, tapetes de Adroaldo, cortinas da Habitare e aparador da Casapronta. Assim conduziu Márcia Nejaim, acos-tumada a realizar um questionário que traça o perfil exato dos clientes. “Entre as questões, perguntamos como ele se sente, inclusive, com automação. Se você não pega esse currículo, fatalmente há chances de errar”, argumenta com a propriedade de quem lida com esses recursos há mais de dez anos.

Ainda segundo a arquiteta, as inovações acompanham a tendência de praticidade e conforto. Imagine uma casa conven-cional ter 30 pontos de luz comandados manualmente?! “É você estar antenado com a realidade. As pessoas não estão mais dentro de casa e elas precisam ter noção do que acontece na residência”, propõe.

Para quem começou a projetar no lápis, há mais de três décadas, a mudança exige vontade de aprender. “O maestro da obra é mesmo o arquiteto, ele tem que saber um pouco de tudo. Uma sala como essa que tem ar, luz e som, precisa de uma coordenação para não acontecer interferências. A parceria aqui foi essencial porque a empresa de auto-mação compreendeu todas as necessi-dades. É um trabalho orquestrado e não individual”, finaliza.

Carlos Eduardo Junqueira

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Anderson Lula Aragão – Arquitetos AssociadosFone: (81) 3088.5080

www.andersonlulaaragao.com.br

O arquiteto Anderson Lula Aragão utiliza recurso simples na elaboração de uma planta residencial

por EDI SOUZA

fotos MARCO PIMENTEL

cAPA | TEcNOLOgIA

Projetosensível

A experiência com projetos de aces-sibilidade fez o arquiteto Anderson Lula Aragão perceber que nem sempre uma ferramenta sofisticada de tecnologia faz diferença na criação. Em trabalho desen-volvido para uma deficiente visual e sua mãe já idosa, foi necessária uma sensibi-lidade que a máquina não traz. A questão era: como apresentar a planta de uma casa com 178 m2 a uma cliente que não enxerga desde a adolescência?

A solução, em braille, tem leitura distin-guida por tato. “Preocupados em como mostrar o projeto, imprimimos a planta pelo lado invertido e fizemos um contorno à mão, de modo que ela pudesse sentir. É simples, mas proporcionou uma noção das propostas. A planta trouxe informações que as tradicionais não trazem”.

Segundo o arquiteto, neste caso, as facilidades em comando propostas pela automação não seriam bem aceitas. “Os mais jovens se adaptam melhor à tecno-logia. O projeto também foi elaborado em maquete de papel e eletrônica. “Utilizamos AutoCAD, 3D Max e Revit. Os gráficos tridimensionais ajudam a sentir dificulda-des de volumetria, que na planta passam desapercebidas”, diz. A perspectiva é um visualizador para quem não consegue ler a planta.

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FABK – Indústria criativaFone: (81) 3241.0498

www.fabk.com.br

cAPA - DESIgN

FABK apresenta a versatilidade da prototipagem rápidapor EDI SOUZA

fotos GREG/MARCO PIMENTEL

(quase) finalO produto

Imagine um produto que se materializa para ser testado antes da fabricação definitiva, com formato e uso idênticos ao planejado. Eis o protótipo, também chamado de modelo funcional, que ganha mais espaço na indústria do design através da impressão 3D. A tecnologia, aprimorada há mais de uma década, atinge ferramentas de ponta, como a máquina utilizada na empresa FABK, que investiu R$ 160 mil no utensílio, atenta a uma demanda crescente de mercado.

O grande aparelho fica reservado numa sala climatizada 24 horas, e é capaz de tornar real inúmeros projetos. Basta um arquivo 3D. Ele informará a complexidade geométrica a ser fabricada por sobreposição de finas camadas de impressão. A matéria-prima é bem específica, mas pode ser definida como resina à base de epóxi, depositada em grandes cartuchos. Ao final de cada camada, uma lâmpada UV (ultravioleta) é acionada para endurecer definitivamente o material, que passa horas, ou até dias, ganhando forma de maneira caprichada.

A área de produção tem 20 cm x 30 cm de profundidade e 20 cm de altura. Segundo o diretor de inovação da FABK, Gilson Miranda, essa dimensão não significa que as peças estão limitadas de tama-nho. “Temos exemplos de objetos maiores feitos com montagem. É mesmo uma máquina fácil de lidar”. A meta nos próximos meses é, ainda, terceirizar a máquina para outras empresas. “Ela precisa estar ligada o dia inteiro, caso contrário perdemos o material que se mantêm aquecido para uso. É o aproveitamento de tempo ocioso”, completa.

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Nova indústria criativa

O uso da prototipagem rápida reflete a nova fase da FABK e seus 20 anos de atuação. A equipe, composta por designers, prestadores de serviço no campo da física e engenheiro meca-trônico, passa a idealizar, também, objetos da marca própria. Para isso, uma nova sede de 1.800 m2 está sendo montada dentro do Parque Tecnológico de Eletroeletrônica de Pernambuco (Parqtel), com finalidade de produção e comercialização.

“O projeto está pronto e em andamento. No passado, fomos incubados no Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP), saímos de lá e viemos para o Espinheiro, mas, hoje, de olho na mudança, queremos incluir outras tecnologias para gerar linha de produtos na área residencial e mecatrônica”, adianta. A intenção é mesmo transformar o novo ambiente num local de experimentações.

As primeiras ideias já estão em andamento. Uma delas é o banco Camaleão a ser lançado para e-commerce. O móvel, apresentado em protótipo, sugere a troca do assento por tecido emborrachado, couro ou qualquer outro material ade-quado ao lugar. “Ele pode ser sofisticado ou fashion”, propõe. Além deste, outros trabalhos prometem sair do computador e engrossar a fileira dos seis processos de patente hoje em andamento.

+ Mais no site | www.revistasim.com.brConfira outros detalhes da nova FABK

Na finalização, também entram tratamento e pintura, como a luminária urbana elaborada para um cliente que aplicaria um valor alto na execução final. “Montamos a peça para ser checada antes da fabricação. Por ter sido pensada com injeção de alumínio e policarbonato, exigiria o custo aproximado de R$ 500 mil. Essa etapa tornou-se uma espécie de seguro”, defende. Gilson ainda lembra que o desenvolvimento de objeto e a execução do protótipo se diferenciam em orçamentos. No primeiro trabalha-se levantamento de mercado e pesquisas, já no segundo está a impressão em si.

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ARTE

A pedra, o fogo, a roda e tantos outros recursos utilizados nos primórdios pelo ser humano já foram procedimentos tecnológicos. Assim como, para as artes visuais, a exemplo da pintura e do desenho, a tinta a óleo e a acrílica, instru-mentos como pastel seco e carvão vegetal também repre-sentaram recursos inovadores no início da história da arte. Pensar em tecnologia, é pensar em métodos que aperfeiçoam um fazer e a criação.

Nesta edição, a Revista SIM! propõem uma relação entre arte e tecnologia. Para isso, retratamos os processos criativos de Bruno Vilela e Manoel Veiga, que apresentam trabalhos dialógicos com a temática abordada. Ambos rompem as barreiras do suporte e criam uma nova linguagem, inspirada no cotidiano contemporâneo das pessoas e da própria história da arte.

O que o digital fez foi transformar o que era analógico, como botão e engrenagem, em software.

“ “

Acho que não faz sentido virar escravo de uma nova tecno-logia. Às vezes, as pessoas se perdem no fazer e esquecem o principal, a linguagem.

“ “

Bruno Vilela

Manoel Veiga

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cAPA | ARTE

na era digital

por BETH OLIVEIRA

fotos GREG/DIVULGAÇÃO

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Diálogo entre o antigo e o moderno

“Penso que a tecnologia sem o estudo e a técnica clássica não tem função alguma”, declara o artista Bruno Vilela. Sempre preservando procedimentos tradicionais da arte, o pernambucano é um exímio experimentalista, que usa no seu trabalho uma combinação interessante do digital com maneiras seculares de criar desenho, fotografia, pintura e demais expressões da linguagem visual. “Para mim, o Photoshop é o laboratório da fotografia digital, mas quem não tem o conhecimento da parte clássica, não vai conseguir tratar, de ma-neira adequada, as imagens no programa, mesmo tendo essa ferramenta”, exemplifica.

Com formação baseada em noções mile-nares da arte, porém bastante expansiva, Bruno cursou parte da graduação em Artes Plásticas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), entre 1998 e 2000, tornando-se autodidata em seguida. “Sou a favor das técnicas mais antigas, mas não abro mão da tecnologia”, admite. É assim que reúne em suas obras diversas formas de fazer, a exemplo do desenho, da pintura em pastel seco, carvão vegetal, tinta a óleo, ou ainda, fotografia digital e projeção.

Em suas últimas produções, tem se apro-priado de fotos antigas de família, projetan-do-as na parede, através de equipamento eletrônico e, em seguida, recria a imagem com auxilio da pintura em pastel seco sobre papel. “Sem o projetor eu não con-seguiria fazer, mas sem o carvão também não faria. Um complementa o outro”, ar-gumenta. É com a aplicação de processos diferentes que o artista mescla tecnologias antigas e novas, dominando múltiplas formas de materializar suas criações, que têm por base o conhecimento teórico em harmonia com ferramentas contemporâneas, conver-gindo em expressão estética. “É a tecno-logia a favor de uma técnica que tem mil anos, como o pastel seco”, atesta.

Acima: Night Vision (pastel seco sobre papel – 160 x 110 cm), 2012 e Hit the Light (óleo

sobre tela – 320 x 200 cm), 2012

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Nos trabalhos feitos em fotografia, Vilela aplica o mesmo pensamento. “Todos os recursos que tenho na máquina digital eu aprendi na câmera analógica. Conceitos como velocidade, profundidade, ISO e temporizador continuam iguais”, demonstra. Ele explica que a vantagem da câmera que utiliza é poder ver a imagem clicada na hora. “Se você pega um programa de 3D e não entende o estudo sobre anatomia, não é possível fazer um desenho animado mais complexo. Assim como não adianta ter a câmera mais potente e não saber a técnica da fotografia que tem mais de cem anos”, ratifica. É assim que o artista se apropria de recursos da nova tecnologia e harmoniza com princípios elementares à arte visual.

Mesmo tendo cursado a graduação em Engenharia Eletrônica pela Universida-de Federal de Pernambuco (UFPE), a vocação de Manoel Veiga sempre foi a arte. Em 1994 começou, no Recife, a sua trajetória na área, passando por renomados cursos da Escola Nacional Superior de Belas-Artes e da Escola do Louvre em Paris. Com esse descritivo sobre o seu percurso, é possível entender a relação do seu trabalho com a tecno-logia e as mídias digitais. “A tecnologia é uma coisa que está no meu DNA e me estimula porque vejo coisas novas. Utilizo dela desde adolescente, o que não é comum para a minha geração”, reflete Manoel.

A pintura, o digital e o cosmos

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Na página anterior: Ogum (pastel seco sobre papel – 160 x 120 cm), 2010 e Sem Título ID 1410 (Acrílica sobre tela – 120 x 120 cm), 2012;

Nesta página: Sem Título ID 1414 (acrílica sobre tela – 180 x 105 cm), 2012 e Sem Título ID 1412 (Acrilica sobre tela – 180 x 105 cm), 2012.

A facilidade em conhecer novas ferra-mentas tem auxiliado em sua criação, embora Veiga não se prenda aos su-portes. “Quando aprecio arte não me preocupo se é vídeo ou pintura, apenas me interesso. Em geral, quando se fala em tecnologia, as pessoas tendem a associar a coisa eletrônica, mas tudo já foi ou é uma tecnologia”, afirma. Com opinião embasada sobre o assunto, o artista tem explorado as múltiplas pos-sibilidades da fotografia digital, inclusive dialogando com a pintura.

Na série “Hubble”, ele toma como base fotografias do cosmos geradas pelo telescópio de mesmo nome, que está em órbita ao redor do planeta terra. Vei-ga se apropria de imagens disponibiliza-das na web e as trabalha no programa de edição Adobe Photoshop. Em primeiro lugar, ele suprime as cores das fotos es-colhidas, pois os cientistas as atribuem para visualizar melhor os fenômenos. Em seguida, faz uma inversão, onde o preto do fundo torna-se branco. “Inverto as imagens crio um novo espaço poético que não existe no cosmos. Se você mostrar a um astrônomo ele não reconhecerá e verá como um espaço fictício”, explica.

Na série “Universos”, a mais atual, ele fotografa suas pinturas bem de perto, leva ao Photoshop, coloca um fundo preto, mistura várias cores e, depois, imprime em fotografia. “As pessoas pen-sam que estão vendo fotos da galáxia. Essa tensão entre uma coisa e outra, é o que me interessa. E, ainda, ter uma lei-tura possível sobre aquilo que de fato é: pedaços de pinturas diferentes”, comple-menta. Em diálogo com essa produção, há alguns anos, ele tem usado, ainda, o fundo branco para suas pinturas, que fazem alusão a estruturas do cosmos.

Além desse olhar diferenciado sobre a

fotografia, o universo e a pintura, Manoel Veiga desenvolveu um estilo próprio de pintar. “Só uso pincel para colocar tinta na tela e dar alguns toques. É como se estivesse me apropriando de certos fenômenos da natureza, como difusão e capilaridade, para usar como ferra-menta de trabalho. Por isso, a tinta é muito fluida e, durante o processo, a tela fica no chão, na horizontal. Ainda faço misturas e vou pulverizando com água a certa distância. É um processo sutil”, explica. Ele revela aplicar a natu-reza como ferramenta tecnológica para a pintura.

Bruno VilelaFone: (81) 9928.5328

www.brunovilela.com.br

Manoel VeigaFone: (11) 99245.8101

www.manoelveiga.com.br

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cAPA | LIvROS

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1. NevascaNeal Stephenson | Editora Aleph“Este é um clássico da tecnologia e, embora tenha sido lançado nos Estados Unidos em 1992, só chegou no Brasil em 2008 e trata sobre a história dos quadros futuros – ou near-future history. É um livro absolutamente fantástico, pois foi dele que tiraram a arqui-tetura do Second Life.”

2. A era da informaçãov.1 – A sociedade em rede | v.2 – O poder da identidade | v.3 – Fim de milênioManuel Castells | Editora Paz e Terra“Ler estes livros não é fácil, porém eles são extremamente interessantes e incríveis para formação no assunto. Lê-los é inevitável, principalmente para quem quer entender o que está acontecendo no mundo atualmente.”

3. Rainbows EndVernor Vinge | Editora St. Martin’s Press“Este livro é bom para entender o que vai acontecer no mundo em breve. É um texto absolutamente essencial sobre a história da singularidade. Embora não tenha sido publicado em português, vale realmente a pena ler a edição em inglês.”

4. Automate This – How Algorithms Came to Rule Our WorldChristopher Steiner“Este é o livro que estou lendo atualmente. Ele fala sobre os algoritmos e como todas as coisas na nossa vida são baseadas nisso, desde filas de banco até os sinais de trânsito.”

Ele é simplesmente uma das maiores referências quando o assunto é tecnologia. Formado em Engenharia Eletrônica, pelo ITA, coleciona no currículo um mestrado em Ciências da Computação, na UFPE; um doutorado na University

of Kent (Inglaterra), na mesma área; além de trabalhos como pesquisador científico da ONU; e o atual cargo de cientista-chefe do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R). A Revista Sim! teve o prazer de conseguir

um encaixe na agenda super corrida desse ícone da modernidade para que ele indicasse quatro títulos indispensáveis na vida de quem quer entender um pouco

mais sobre esse universo digital. Todos as obras são e-books, afinal, ele afirma não comprar livros físicos há anos.

www.terramagazine.terra.com.br/silviomeira/blog

SILVIO MEIRA

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Livraria Cultura - Paço Alfândega

www.livrariacultura.com.br

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DELícIAS

Versatilidade do olharCom processo criativo inverso, Wagner Rezende inspira-se na matéria-prima a ser utlizada na montagem de seus pratos

por BETH OLIVEIRA

fotos MARCO PIMENTEL

WAgNER REZENDE

Fone: (11) 98298.0017

[email protected]

Cores harmônicas e apresentação visual marcante são alguns dos elementos explo-rados por Wagner Rezende na hora de preparar seus pratos. O chef mineiro, que tem experiência na cozinha francesa, é exigente quando se trata da montagem, buscando sempre combinar os tons dos ingredientes com as texturas e a base onde será servido. “Procuro unir estética, forma, produto e sabor. Sempre monto os meus pratos de um modo que as pessoas degustem com os olhos, por isso, busco juntar cores e formas que contrastem”, argumenta.

Em passagem pelo Recife, Wagner Rezende elaborou algumas criações exclusivas para a Revista SIM!, mostrando um pouco da produção de suas receitas. Na primeira, ele explora o contraste de cores e brinca com as texturas, aliando uma espuma a um mil folhas de salmão, elaborado com pão de epicé e molho curry.

Inspirado em bases irreverentes, o chef usou uma pedra para montar o primeiro prato. “Ela é bonita, diferente. Aqui, eu misturo o marrom do foies gras, o branquinho do sorvete de mangaba e o figo, além de fazer uma brincadeira com as texturas de cada ingrediente”, comenta. Ele revela executar receitas simples, só que de maneira sofisticada e elaborada, explorando os cinco sentidos, desde o visual até o paladar. “Gosto de trabalhar com produtos de qualidade e ousar na apresentação”, ratifica.

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DELícIAS

A próxima criação traz uma estética marcante, trabalhada com formas circulares. “O ovo tem como base a pedra sabão. Também misturei um pouco de clara para o sal não ficar solto e, na casca, coloquei ovas ver-melhas de peixe voador”, conta. Nessa sugestão, destacam-se as cores fortes e a ousadia de se apropriar dos insumos para montar o prato.

A pesquisa é uma constante no trabalho de Wagner, que conta também se espelhar em outros profissionais da área. “A partir daí, a gente vai bolando ideias. Meu processo criativo é feito na hora que estou pre-parando e, só às vezes, penso no que quero fazer antes”, finaliza.

Na página anterior: Mil folhas de salmão feito com pão de epicé com molho curry e espuma; nesta página:

Foies gras com figo fresco e sorvete de mangaba; e ovo mexido com cogumelos e ovas de peixe voador.

Procuro unir estética, forma, produto e sabor.“ “

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