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    Anais do X Simpsio de Cognio e Artes Musicais 2014

    O ouvido absoluto no facilita a memorizao de melodias

    Patrcia VanzellaUniversidade de Braslia Departamento de Msica

    [email protected]

    Michael WeissUniversity of Toronto Department of Psychology

    [email protected]

    Glenn SchellenbergUniversity of Toronto Department of Psychology

    [email protected]

    Sandra TrehubUniversity of Toronto Department of Psychology

    [email protected]

    Resumo: Um estudo recente investigou o desempenho de adultos em uma tarefa de memriamusical e mostrou que melodias vocais so mais lembradas que melodias instrumentais. Usandouma tarefa semelhante, o presente estudo buscou investigar a memria musical de msicos e deno-msicos e, em seguida, comparou o desempenho de msicos portadores e no portadores deouvido absoluto. Todos os participantes, na primeira fase do experimento, ouviram melodiasdesconhecidas, apresentadas em diferentes timbres (piano, voz, marimba e banjo).Subsequentemente, os participantes foram testados no reconhecimento das melodias apresentadasna primeira fase quando misturadas a melodias inditas. Os resultados mostraram, em primeirolugar, que msicos tem uma memria para melodias melhor do que no-msicos. Mostraram

    tambm que o desempenho de msicos com e sem ouvido absoluto no difere em uma tarefa dereconhecimento de melodias. E, por fim, indicaram igualmente que, mesmo entre msicos, asmelodias vocais so lembradas com mais facilidade que as instrumentais.Palavras-chave:memria musical, processamento vocal, ouvido absoluto

    Title:Absolute pitch does not guarantee better memory for melodies

    Abstract:A recent study compared the performance of adults on a task of musical memory and

    showed that sung melodies are better remembered than instrumental melodies. Using a similar

    task, the present study investigated the musical memory of musicians and non-musicians and also

    compared the performance of musicians with and without absolute pitch. In the first phase of the

    experiment, participants listened to unfamiliar melodies presented in different timbres (piano,

    voice, marimba, and banjo). Subsequently, participants were tested on the recognition ofpreviously heard melodies intermixed with new ones. The results showed that musicians have

    better memory for melodies than non-musicians. The performance of musicians with and without

    absolute pitch did not differ in the recognition task. And, finally, both among musicians and non-

    musicians, vocal melodies were more remembered than instrumental melodies.

    Keywords:musical memory, vocal processing, absolute pitch

    Introduo

    O processamento tonal entre msicos pode apresentar caractersticas individuais bastante

    distintas. Msicos portadores de ouvido absoluto (OA), por exemplo, so capazes de produzire/ou identificar notas musicais sem nenhuma referncia externa (Parncutt & Levitin, 2001),

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    enquanto no portadores dessa habilidade necessitam de alguma nota de referncia para serem

    capazes de identificar ou entoar uma determinada altura musical. Indivduos com OA

    possuem uma espcie de memria tonal intrnseca e imediatamente associam qualquer

    frequncia sonora a um rtulo especfico (ex: 440 Hz = l), enquanto msicos sem OA no

    so capazes disso (Bermudez & Zatorre, 2009).

    O ouvido absoluto no , contudo, a maneira usual de perceber alturas musicais. Na

    realidade, em grande parte da populao, incluindo msicos, a altura de uma nota musical

    percebida atravs do que se convencionou chamar de ouvido relativo. o ouvido relativo que

    nos permite identificar uma melodia familiar quando tocada ou entoada em diferentes

    tonalidades e que nos permite detectar quando algum canta ou toca uma nota errada. O

    ouvido relativo , portanto, um modo de processamento musical mais relevante que o OA.

    O OA pode conferir algumas vantagens a quem o possui, como por exemplo ajudar a

    imaginar uma nota antes de toc-la (em instrumentos onde as notas no esto prontas ou no

    podem ser visualizadas) ou cant-la (sobretudo em obras atonais). No entanto, a literatura

    descreve que portadores de OA tem mais dificuldade de realizar tarefas que requerem a

    utilizao de ouvido relativo, tais como, por exemplo, tocar um instrumento que esteja em

    uma afinao diferente da convencional, cantar ou tocar em uma tonalidade diferente da

    tonalidade escrita em uma partitura ou mesmo reconhecer uma melodia transposta (Miyazaki,

    1992, 1993, 1995, 2004; Miyazaki & Rakowski, 2001).

    Entre msicos, a prevalncia de portadores de OA varia de 5 a 50% (Wellek, 1963;

    Chouard & Sposetti, 1991). Nem todos os portadores de OA, no entanto, conseguem

    identificar notas musicais com a mesma acurcia. Essa capacidade pode variar

    significativamente, por exemplo, de acordo com o timbre do estmulo sonoro (Takeuchi &

    Hulse, 1993; Bachem, 1937). Estudos focalizados nas associaes entre timbre e identificao

    de tons mostram que notas em timbre de piano so as mais fceis de identificar, enquanto

    aquelas emitidas como tons puros (sem harmnicos) so mais difceis (Miyazaki, 1989; Athos

    et al., 2007; Baharloo et al., 1998; Lockhead & Byrd, 1981). Um estudo mais recente mostrou

    que, para grande parte dos portadores de OA, tons emitidos pela voz humana so ainda mais

    difceis para identificar do que tons puros (Vanzella & Schellenberg, 2010). A significncia

    biolgica da voz para o ser humano possivelmente seja parte importante na explicao do

    achado deste ltimo estudo citado. Alm da informao tonal, a voz pode carregar

    informaes lingusticas e paralingusticas (ex: identidade, estado emocional do emissor, etc.)

    e possvel que essas informaes interfiram na habilidade do portador de OA de identificar

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    as notas.

    Na literatura cientfica no so poucos os trabalhos que tem apontado para a importncia

    biolgica da voz. H inmeras evidncias de que sinais biologicamente significativos para

    uma determinada espcie, como cantos ou vocalizaes, so processados de maneira

    preferencial entre seus membros (Ghazanfar et al., 2007; Perrodin, Kayser, Logothetis, &

    Petkov, 2011; Belin, Zatorre & Ahad, 2002; Gunji et al., 2003). Nessa perspectiva, seria muito

    plausvel imaginar que um timbre biologicamente to significativo para o ser humano como a

    voz, com seu status de instrumento musical original, pudesse influenciar no processamento

    musical (Mithen, 2005). surpreendente observar, no entanto, que a maioria das pesquisas

    em cognio musical tem utilizado estmulos de baixa significncia biolgica - como sons

    instrumentais ou, ainda com mais frequncia, sons digitalizados.

    Nesse contexto, Weiss et al. (2012) conduziram um estudo no qual buscaram determinar

    se um estmulo biologicamente significativo como a voz humana poderia facilitar a

    memorizao de melodias. Seus resultados mostraram que melodias cantadas so

    efetivamente mais lembradas do que melodias instrumentais. Como o referido estudo no

    selecionou os participantes de acordo com sua formao e experincia musical, decidimos

    desenhar o presente experimento, utilizando tarefa semelhante, porm no qual pudssemos

    comparar tanto o desempenho de msicos com o de no-msicos, como o desempenho de

    msicos com e sem OA.

    No presente estudo, usamos como estmulos uma srie de melodias desconhecidas,

    originrias do folclore irlands, apresentadas em quatro timbres distintos. O experimento

    constou de duas fases: exposio e teste. Na fase de exposio, foi apresentada uma sequncia

    de melodias. Na fase teste, foi apresentada outra sequncia de melodias, na qual melodias

    inditas foram intercaladas s melodias que j haviam sido apresentadas na fase anterior do

    experimentoe os participantes julgavam se j as haviam ouvido ou no anteriormente.

    Nossas hipteses eram as seguintes: em primeiro lugar, pelo fato da voz ser

    biologicamente relevante para seres humanos, possivelmente tambm entre msicos (com e

    sem OA) a memria de melodias vocais seria superior memria de melodias instrumentais.

    Em segundo lugar, pelo fato de indivduos com treinamento musical usualmente apresentarem

    desempenho superior a indivduos sem treinamento em vrios testes de cognio musical

    (Schellenberg & Weiss, 2013), espervamos que nosso grupo de msicos tambm

    apresentasse melhor desempenho do que nosso grupo de no-msicos em uma tarefa de

    reconhecimento de melodias. Por fim, como o que importa para o processamento meldico

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    na realidade o ouvido relativo e no o OA, uma vez que o que define uma melodia so suas

    relaes intervalares e no a altura absoluta das notas que a compem, espervamos que os

    sujeitos portadores de OA, apesar de possurem uma memria intrnseca para alturas

    musicais, no apresentariam memria meldica superior de no portadores de OA.

    Metodologia

    Participantes: O presente estudo foi aprovado pelo Comit de tica em Pesquisa do Instituto

    de Cincias Biomdicas da Universidade de So Paulo. Os participantes foram recrutados

    atravs de anncios em universidades em So Paulo e Braslia e atravs de listas de

    participantes de outros estudos sobre OA realizados anteriormente. Trinta e oito msicos

    (Midade= 28.3, SDidade= 9.3, 19 do sexo feminino) e vinte no-msicos (Midade= 27.4, SDidade

    = 7.4, 14 do sexo feminino) participaram do estudo.

    Foram considerados msicos aqueles que possuam no mnimo cinco anos de

    treinamento formal em seu instrumento principal (M= 14.3, SD= 6.6, variao 5 40 anos).

    Entre os msicos, metade (n=19) eram portadores de OA. Os no portadores de OA (Midade=

    26.8, SDidade= 7.2, 9 mulheres) tinham uma mdia de 11.7 anos (SD= 4.8, variao = 5-20

    anos) de treinamento musical formal, e os portadores de OA (Midade= 29.8, SDidade= 10.9, 10

    mulheres) tinham uma mdia de 16,8 anos (SD= 7.4, variao = 6 40 anos) de treinamento

    musical. Foram qualificados como no-msicos os participantes que receberam menos de dois

    anos de aulas de msica (M= 0.4, SD= 0.2, variao = 0 2 anos).

    Estmulos e Materiais: Os estmulos do presente estudo so uma expanso do conjunto de

    melodias utilizadas por Weiss et al. (2012), aumentando o conjunto para 48 melodias gravadas

    em quatro timbres: piano, banjo, marimba e voz feminina (entoando a slaba l). As

    dezesseis melodias folclricas adicionais foram registradas utilizando os mtodos descritos

    em Weiss et al. (2012). A mesma cantora gravou as melodias vocais. Da mesma forma que no

    estudo anterior, as alturas nas melodias vocais foram corrigidas no Melodyne (Celemony

    Inc.), softwareque preserva as caractersticas vocais naturais, mas corrige o nvel mdio da

    afinao de cada nota, garantindo a mesma afinao para voz e instrumentos.

    Os experimentos foram realizados em ambientes silenciosos em So Paulo e Braslia,

    com a presena do responsvel pelo experimento. Os estmulos foram apresentados por meio

    de fones de ouvido da marca Sony, modelo MDR-710.

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    Procedimento: O experimento consistia em duas fases: exposio e teste. Na fase de

    exposio, o participante ouvia uma sequncia de 24 melodias (seis em cada timbre)

    apresentadas de maneira randmica. Aps ouvir cada uma das melodias, o participante

    indicava, clicando na tela do computador, quanto aquela melodia lhe agradava. Para isso,

    usava uma escala de 1 (no gosto) a 5 (gosto) apresentada na tela do computador. Esse

    procedimento tinha por objetivo maximizar a ateno do participante s melodias e tambm

    possibilitar posteriormente uma avaliao sobre uma potencial influncia das preferncias

    timbrsticas sobre a memria. A fase teste consistia na apresentao de uma sequncia de 48

    melodias, na qual melodias inditas se intercalavam, tambm de modo aleatrio, s melodias

    apresentadas na primeira fase do teste. O participante julgava, logo aps ouvir cada uma das

    melodias da fase teste, se a mesma lhe era ou no familiar. Para isso, usava uma escala de 1

    (com certeza melodia nova) a 6 (com certeza melodia antiga). O timbre de uma mesma

    melodia no variava entre a primeira e a segunda fase do experimento.

    Antes da realizao do experimento, os participantes assinaram termo de consentimento

    livre e esclarecido. Entre a primeira e a segunda fase do experimento, preencheram um

    questionrio com seus dados demogrficos e informaes sobre sua formao e experincia

    musical. Ao final do experimento, realizaram um teste de ouvido absoluto (teste utilizado em

    Vanzella & Schellenberg, 2010).

    Resultados

    Teste de ouvido absoluto:Foram considerados portadores de OA os msicos que obtiveram

    uma pontuao igual ou superior a 19 respostas corretas (de um total de 24) em ao menos um

    dos quatro timbres do teste de OA (MTotal = 20.49, SD = 0.56). Foram considerados no

    portadores de OA os msicos que obtiveram pontuao igual ou inferior a 17 respostas

    corretas em todos os timbres do teste de OA (MTotal= 7.86, SD= 0.74). A ttulo de referncia,

    um desempenho aleatrio em 24 tentativas corresponde a seis respostas corretas; uma

    pontuao igual ou maior que 11 considerada um desempenho melhor do que o acaso,

    conforme determinado por uma aproximao unicaudal da distribuio normal para a

    distribuio binomial sem correo de continuidade.

    Reconhecimento das melodias:Para cada participante, oito escores foram calculados como

    mdias de escores de reconhecimento de melodias em cada timbre (voz, piano, banjo,

    marimba) e nvel de exposio (melodia antiga, melodia nova). Os oito escores so: Voz,

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    Piano, Marimba, Banjo (nova e antiga; ex. Voz-Nova, Voz-Antiga, etc.). Cada um desses

    escores representou a mdia de seis melodias. Por exemplo: o escore para Voz-nova de cada

    participante representou a mdia das seis melodias vocais novas. Para avaliar o seu grau de

    certeza com relao ao ineditismo ou no da melodia, o participante usou a escala de 1 6

    mencionada anteriormente. Seu escore para Voz-nova foi calculado, portanto, fazendo-se uma

    mdia de cada uma de suas indicaes. Assim, se para cada uma das seis novas melodias ele

    indicou 4, 3, 6, 2, 4, 2, seu escore Voz-nova seria 3,5. Quanto mais altos os escores, mais

    certeza de que as melodias j haviam sido escutadas.

    Em seguida usamos os escores acima para calcular quatro escores de diferena, um para

    cada timbre, nos quais os escores para melodias novas foram subtrados dos escores das

    melodias antigas (escores positivos so indicativos de memria; escore mximo=5). Por

    exemplo: escore Voz-Antiga menos escore Voz-Nova = escore de diferena do timbre vocal.

    Um modelo de efeitos mistos de anlise de varincia (ANOVA) foi utilizado para

    comparar esses escores de diferena, com a condio de musicalidade (n= 20 no-msicos, n

    = 38 msicos) como varivel entre-indivduos e a condio de timbre (voz, piano, banjo,

    marimba) como varivel intra-indivduos. Observou-se um efeito robusto relativo

    musicalidade, F(1, 56) = 10.218,p= .002, partial "2= .154, visto que o desempenho na tarefa

    de memorizao foi no geral melhor para o grupo de msicos (M= 2.104, SEM= 0.132) do

    que o de no-msicos (M = 1.438, SEM = .138). Houve tambm um efeito importante

    relacionado ao timbre, F(1, 56) = 27.772, p< .001, partial "2= .332. Este efeito deveu-se a

    escores mais altos, ps < .01 (corrigidos por comparaes mltiplas utilizando o mtodo de

    Bonferroni), para a voz (M= 2.374, SEM= .155) do que para cada instrumento: piano (M=

    1.759, SEM= .127), banjo (M= 1.764, SEM= .128), ou marimba (M= 1.601, SEM= .144),

    que no diferiram um do outro, ps > .7. Por fim, no houve interao entre musicalidade e

    timbre, F < 1, ou seja, ambos os grupos apresentaram padres semelhantes de resposta

    (escores de reconhecimento mais elevados para as melodias vocais que as instrumentais).

    Subsequentemente, por meio de uma outra ANOVA, comparou-se o desempenho de

    msicos com e sem ouvido absoluto na tarefa de reconhecimento de melodias (no-msicos

    foram excludos dessa anlise). A varivel entre indivduos foi o status Ouvido Absoluto

    (msicos com OA, msicos sem OA) e a varivel intra-indivduos foi o timbre (voz, piano,

    banjo, marimba). Alm do efeito principal robusto do timbre, evidente na anlise anterior (ou

    seja, a vantagem vocal), no houve outros efeitos: msicos com e sem OA no diferiram

    quanto ao desempenho no reconhecimento em geral, F < 1, e no houve interao entre o

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    status de OA e o timbre F < 1. Em resumo, no foram encontradas evidncias que OA

    influencie a memria para melodias na presente tarefa.

    Concluses

    Neste estudo investigamos a memria musical de msicos e no-msicos utilizando uma

    tarefa de reconhecimento de melodias. Ao contrrio de prtica recorrente observada em

    grande parte dos estudos em cognio musical, utilizamos estmulos vocais, ao invs de

    apenas estmulos instrumentais ou sintetizados. Essa escolha nos permitiu obter algumas

    informaes sobre memria meldica a partir da comparao do efeito de estmulos com

    maior e menor significncia biolgica. A importncia da voz humana no processo de

    memorizao meldica ficou evidente em nossos resultados: tanto msicos como no-msicosmostraram mais facilidade em recordar melodias que lhes foram apresentadas no timbre vocal

    do que nos timbres instrumentais. Por outro lado, na comparao dos timbres instrumentais

    entre si, nenhum deles mostrou um processamento preferencial. Isto , no houve

    preponderncia de um timbre instrumental especfico no processo de reconhecimento das

    melodias. Apesar de ainda no serem evidentes os mecanismos que levam nosso crebro a

    tratar o timbre vocal de forma preferencial, este estudo deixou claro que o timbre dos

    estmulos pode ser uma varivel importante em termos de suas consequncias para ouvinteshumanos.

    Conforme espervamos, a memria meldica de msicos mostrou-se superior de no

    msicos no conjunto dos timbres apresentados. Vrios estudos na literatura tem relatado

    desempenho melhor de msicos do que no-msicos em uma srie de tarefas auditivas, sejam

    elas musicais ou de outra natureza (Schellenberg & Weiss, 2013). Nossos resultados

    corroboram, portanto, dados da literatura.

    Por fim, em busca de um melhor entendimento sobre a memria musical de indivduosque apresentam diferentes modos de processamento tonal, comparamos o desempenho de

    msicos com e sem OA. Em primeiro lugar, encontramos mais uma vez o efeito voz. Em

    ambos os grupos, melodias vocais foram mais lembradas que melodias instrumentais.

    Tambm no houve diferena entre esses grupos com relao memorizao das melodias

    instrumentais. Alm disso, com relao capacidade de reconhecer melodias em geral, no

    houve diferena de desempenho entre msicos com e sem OA. Em outras palavras, possuir

    ouvido absoluto no facilita (mas tambm no dificulta) a memria para melodias.

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    Referncias

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