SIMULAÇÃO DE UMA USINA SUCROALCOOLEIRA … · Figura 22 – Simulação de Operação da Usina...

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SIMULAÇÃO DE UMA USINA SUCROALCOOLEIRA UTILIZANDO UMA FERRAMENTA NA PLATAFORMA MATLAB Bruno Cunha Araújo Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Bruno Cunha Araújo Orientador: Silvio Carlos Anibal de Almeida RIO DE JANEIRO AGOSTO DE 2014

Transcript of SIMULAÇÃO DE UMA USINA SUCROALCOOLEIRA … · Figura 22 – Simulação de Operação da Usina...

SIMULAÇÃO DE UMA USINA SUCROALCOOLEIRA UTILIZANDO UMA

FERRAMENTA NA PLATAFORMA MATLAB

Bruno Cunha Araújo

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro. Bruno Cunha Araújo

Orientador: Silvio Carlos Anibal de Almeida

RIO DE JANEIRO

AGOSTO DE 2014

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica

DEM/POLI/UFRJ

SIMULAÇÃO DE UMA USINA SUCROALCOOLEIRA UTILIZANDO UMA

FERRAMENTA NA PLATAFORMA MATLAB

Bruno Cunha Araújo

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO

DE ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO MECÂNICO.

Aprovado por:

________________________________________________

Prof. Silvio Carlos Anibal de Almeida; D.Sc. (Orientador)

________________________________________________

Prof. Juliana Braga Rodrigues Loureiro; D.Sc.

________________________________________________

Prof. Daniel Onofre de Almeida Cruz; D.Sc

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

AGOSTO DE 2014

iii

Araújo, Bruno Cunha

Simulação de uma usina sucroalcooleira utilizando uma

ferramenta na plataforma MATLAB. / Bruno Cunha Araujo. –

Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2014.

X, 60 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Silvio Carlos Anibal de Almeida; D.Sc

Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI/ Engenharia

Mecânica, 2014.

Referências Bibliográficas: p. 60-61.

1. Cogeração. 2. Simulação. 3. Análise Gráfica. 4.

Eficiência. I. Almeida, Silvio Carlos Aníbal de. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Engenharia

Mecânica. III. Título

iv

Agradecimentos

Aos meus pais, Maria de Fatima Cunha Castro Araújo e Alexandre José Araujo,

e meu irmão Pedro Henrique Cunha Araújo, não só por me proporcionarem a

oportunidade de estudar em uma das melhores universidades do país, bem como pelo

apoio em escolhas profissionais durante o curso.

À minha namorada Julia Pinho Muniz, pelos conselhos dados nessa última etapa

da graduação, e também pelos bons momentos que me ajudaram a superar situações

difíceis encontradas.

Ao professor Silvio Carlos Anibal de Almeida pela orientação excepcional

durante o desenvolvimento de todo o projeto, me proporcionando o conhecimento

necessário para atingir meus objetivos neste trabalho.

Aos meus amigos da faculdade que diariamente me deram suporte, conselhos e

foram essenciais para que essa jornada fosse mais branda e agradável.

v

Resumo do projeto de graduação apresentado ao DEM/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

SIMULAÇÃO DE UMA USINA SUCROALCOOLEIRA UTILIZANDO UMA

FERRAMENTA NA PLATAFORMA MATLAB

Bruno Cunha Araújo

Agosto/2014

Orientador: Silvio Carlos Anibal de Almeida; D.Sc.

Curso: Engenharia Mecânica

O presente trabalho apresenta o desenvolvimento de uma ferramenta na

plataforma MATLAB capaz de realizar modelagem computacional da operação de

usinas sucroalcooleiras com cogeração de energia. Através da definição de parâmetros

iniciais, este software é capaz de simular a operação de uma usina sucroalcooleira, desta

forma apresentando os resultados dessa simulação como: potência gerada nas turbinas,

demanda térmica do processo, rendimento global da usina, entre outros.

Além disso, esta ferramenta permite analisar graficamente a influência da

variação dos parâmetros de operação de uma usina sucroalcooleira nos resultados da

mesma, assim sendo capaz de favorecer a operação desta usina em condições de

utilização que proporcionem a máxima eficiência e geração de energia excedente. É

realizada uma simulação de uma usina do oeste paulista e posteriormente é feita uma

análise da variação de seus parâmetros de operação.

vi

Abstract of Undergraduate Project presented to DEM/UFRJ as a part of fulfillment of the

requirements for the degree of Engineer.

SIMULATION OF A SUGARCANE MILL USING A MATLAB PLATAFORM

TOOL

Bruno Cunha Araújo

August/2014

Advisor: Silvio Carlos Anibal de Almeida; D.Sc.

Course: Mechanical Engineering

This paper presents the development of a tool in a MATLAB platform capable of

performing a computational modeling of the operation of sugarcane mills with energy

cogeneration. By setting initial parameters, this software is able to simulate the operation

of a sugarcane mill, thus presenting the results of this simulation as: power generated in

the turbines, thermal demand of the process, overall efficiency of the plant, among

others.

In addition, this tool allows you to graphically analyze the influence of the

operating parameter’s variation of a sugarcane mill in its results, thus being able to

facilitate the operation of this plant in order to provide maximum efficiency and

generation of surplus energy. A simulation of a power plant localized in western São

Paulo is performed, and then an analysis of changes in its operating parameters is made.

vii

Sumário

1. Introdução ............................................................................................................... 12

1.1. Desafio Energético Brasileiro .......................................................................... 12

1.2. Motivação ........................................................................................................ 13

1.3. Objetivo ........................................................................................................... 13

1.4. Organização do trabalho .................................................................................. 14

2. Cogeração de Energia no Setor Sucroalcooleiro .................................................... 16

2.1. Conceitos básicos sobre a Cogeração .............................................................. 16

2.2. Cogeração de Energia no Setor Sucroalcooleiro ............................................. 17

3. Definições e Conceitos Envolvidos ........................................................................ 20

3.1. Conceitos Termodinâmicos ............................................................................. 20

3.1.1. Balanço de Massa ..................................................................................... 20

3.1.2. Balanço de Energia ................................................................................... 21

3.1.3. Balanço de Entropia.................................................................................. 22

3.2. Eficiências Térmicas pela Primeira Lei da Termodinâmica ............................ 23

3.2.1. Turbinas .................................................................................................... 23

3.2.2. Bombas e Compressores ........................................................................... 24

3.2.3. Caldeiras Convencionais .......................................................................... 24

3.3. Índice de Desempenho Baseados na Primeira Lei da Termodinâmica ............ 25

4. Ferramenta para Simulação da Usina Sucroalcooleira: Simula_Usina .................. 27

4.1. Janela “Simulação” .......................................................................................... 28

4.2. Janela “Gráficos” ............................................................................................. 33

5. Estudo de Caso ....................................................................................................... 37

5.1. Introdução ........................................................................................................ 37

5.2. Detalhamento da Configuração da Usina ........................................................ 37

5.3. Simulação da Operação da Usina .................................................................... 41

5.3.1. Simulação do Ciclo Ideal .......................................................................... 41

viii

5.3.2. Simulação do Ciclo Real .......................................................................... 44

5.4. Análise Gráfica da Operação da Usina ............................................................ 46

5.4.1. Pressão na Caldeira ................................................................................... 48

5.4.2. Pressão na Entrada do Condensador ......................................................... 51

5.4.3. Pressão de Extração da Turbina de Extração-Condensação ..................... 53

5.4.4. Vazão na Turbina de Extração-Condensação ........................................... 56

5.4.5. Vazão de Sangramento da Turbina de Extração-Condensação ................ 60

6. Conclusões .............................................................................................................. 65

7. Bibliografia ............................................................................................................. 67

8. Apêndice A – Ferramenta Simula_Usina ............................................................... 68

ix

Índice de Figuras

Figura 1 – Ciclos topping (a) e bottoming (b)............................................................ 17

Figura 2 – Sistema de Cogeração com Turbinas de Contrapressão............................ 18

Figura 3 – Sistema de Cogeração com Turbinas de Extração-Condensação.............. 19

Figura 4 – Janela “Simulação”................................................................................... 28

Figura 5 – Representação Esquemática da Planta Modelo......................................... 29

Figura 6 – Painel “Dados de Entrada da Operação da Usina”................................... 30

Figura 7 – Mensagem de Erro.................................................................................... 30

Figura 8 – Painel “Demanda dos Equipamentos Elétricos”....................................... 31

Figura 9 – Painel “Eficiência dos Equipamentos”...................................................... 31

Figura 10 – Painel “Resultados da Simulação da Usina”........................................... 32

Figura 11 – Painel “Análise das Condições de Operação da Usina”.......................... 32

Figura 12 – Janela “Gráficos”..................................................................................... 33

Figura 13 – Painel “Variável do Eixo Horizontal”..................................................... 34

Figura 14 – Painel “Variável do Eixo Vertical”......................................................... 35

Figura 15 – Exemplo de Gráfico Plotado................................................................... 35

Figura 16 – Planta de uma Usina Sucroalcooleira do Oeste Paulista......................... 38

Figura 17 – Simulação de Operação da Usina Considerando Ciclo Ideal.................. 42

Figura 18 – Simulação de Operação da Usina Considerando as Eficiências dos

Equipamentos.............................................................................................................

45

Figura 19 – Parâmetros de Operação da Usina Utilizados nas Análises Gráficas..... 47

Figura 20 – Gráfico da Pressão na Caldeira vs. Rendimento Global da

Planta..........................................................................................................................

48

Figura 21 – Gráfico da Pressão na Caldeira vs. Potência Elétrica

Gerada.........................................................................................................................

49

Figura 22 – Simulação de Operação da Usina com Redução na Pressão de Saída da

Caldeira.......................................................................................................................

50

Figura 23 – Gráfico da Pressão na Entrada do Condensador vs. Rendimento

Global da Planta..........................................................................................................

52

Figura 24 – Gráfico da Pressão na Entrada do Condensador vs. Potência Elétrica

Gerada.........................................................................................................................

52

x

Figura 25 – Gráfico da Pressão de Extração na Turbina de Extração-Condensação

vs. Rendimento Global da Planta................................................................................

53

Figura 26 – Gráfico da Pressão de Extração na Turbina de Extração-Condensação

vs. Potência Elétrica Gerada.......................................................................................

54

Figura 27 – Simulação de Operação da Usina com Redução na Pressão de

Extração na Turbina de Extração-Condensação.........................................................

55

Figura 28 – Turbina de Extração-Condensação.......................................................... 56

Figura 29 – Gráfico da Vazão na Turbina de Extração-Condensação vs.

Rendimento Global da Planta.....................................................................................

57

Figura 30 – Gráfico da Vazão na Turbina de Extração-Condensação vs. Potência

Elétrica Gerada..........................................................................................................

58

Figura 31 – Simulação de Operação da Usina com Redução na Vazão da Turbina

de Extração-Condensação...........................................................................................

59

Figura 32 – Gráfico da Vazão de Sangramento na Turbina de Extração-

Condensação vs. Rendimento Global da Planta.........................................................

61

Figura 33 – Gráfico da Vazão de Sangramento na Turbina de Extração-

Condensação vs. Potência Elétrica Gerada.................................................................

62

Figura 34 – Simulação de Operação da Usina com Redução na Vazão de

Sangramento da Turbina de Extração-Condensação..................................................

63

xi

Índice de Tabelas

Tabela 1 – Parâmetros de Operação da Usina............................................................ 40

Tabela 2 – Resultados da Operação da Usina............................................................. 41

Tabela 3 – Resultados da Usina e da Simulação........................................................ 43

Tabela 4 – Erros entre Resultados da Usina e da Simulação...................................... 43

Tabela 5 – Rendimento Global Ideal da Usina e da Simulação.................................. 43

Tabela 6 – Erro entre Rendimento Global Ideal da Usina e da Simulação................ 44

Tabela 7 – Rendimento Global da Usina e da Simulação Considerando as

Eficiências dos Equipamentos....................................................................................

46

Tabela 8 – Erro entre Rendimento Global da Usina e da Simulação Considerando

as Eficiências dos Equipamentos................................................................................

46

Tabela 9 – Análise da Redução da Pressão na Saída da Caldeira vs. Resultados de

Operação da Usina......................................................................................................

51

Tabela 10 – Análise da Redução da Pressão de Extração na Turbina de Extração-

Condensação vs. Resultados de Operação da Usina...................................................

56

Tabela 11 – Análise da Redução da Vazão na Turbina de Extração-Condensação

vs. Resultados de Operação da Usina.........................................................................

60

Tabela 12 – Análise da Redução da Vazão de Sangramento da Turbina de

Extração-Condensação vs. Resultados de Operação da Usina...................................

63

12

1. Introdução

1.1. Desafio Energético Brasileiro

Hoje em dia, o Brasil se depara com um grande e complexo desafio energético

consideravelmente distinto de aqueles enfrentados até o momento. Há uma crescente

demanda de energia elétrica devido ao grande crescimento econômico e

desenvolvimento de redes elétricas de distribuição de energia no país, resultando na

necessidade de aumento constante de geração de energia elétrica.

Apesar de possuirmos em nosso país um sistema hídrico considerado como o de

maior potencial hidrelétrico do mundo, atualmente se faz necessária a diversificação da

matriz energética brasileira, devido a crescente demanda energética e ao impacto

ambiental causado pela construção de hidrelétricas e implantação de rede de

distribuições.

Dentre diversas possibilidades de geração de energia provinda de fontes

alternativas, se destaca a produção de energia elétrica através do uso de resíduos da

cana-de-açúcar, que apresenta como vantagens a geração de energia elétrica na época de

menor pluviosidade e a utilização de tecnologia completamente limpa contribuindo para

a preservação ambiental no país.

A utilização do bagaço proveniente da cana de açúcar pode ser considerada uma

fonte limpa e renovável de energia capaz de complementar a oferta energética nacional

de forma sustentável.

Atualmente, nosso país possui 434 usinas sucroalcooleiras, em que todas podem

ser consideradas autossuficientes em energia devido a produção de vapor por meio da

queima de biomassa proveniente da cana de açúcar em caldeiras. Todavia, somente 20%

destas usinas comercializam seus excedentes de energia elétrica no mercado brasileiro.

13

1.2. Motivação

As usinas sucroalcooleiras surgiram no Brasil na época do Programa Nacional

do Álcool (Proálcool) financiado pelo governo em 1975, operando com equipamentos

de baixa eficiência energética, e com caldeiras de baixa temperatura e pressão

resultando numa produção de energia elétrica muito aquém da geração potencial.

Essa realidade foi modificada com o surgimento do Programa de Incentivo às

Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA) no ano de 2002, incentivando o

setor a investir em modernização das usinas e considerar a exportação de energia

elétrica, porém, hoje em dia ainda existem obstáculos responsáveis por frear esta

modernização como o alto custo de investimentos e condições desfavoráveis de

financiamento.

Segundo projeções da União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA, 2009) se

houvesse uma melhoria nos processos produtivos como aumento da utilização da palha

e bagaço e utilização de caldeiras operando com pressões mais altas, seria possível

complementar a matriz energética brasileira com um volume de energia na ordem de

30.000 MW na safra 2018/2019.

Sendo assim, considerando a grande viabilidade da utilização do bagaço

proveniente da cana de açúcar para geração de uma quantidade significativa de energia

elétrica, grandes esforços em pesquisa de desenvolvimento devem ser direcionados a

este setor, almejando o aumento de eficiência nos processos envolvidos, resultando

assim em um maior aproveitamento energético da biomassa disponível.

1.3. Objetivo

O presente trabalho tem como objetivo simular a operação de uma usina

sucroalcooleira que utiliza a biomassa como combustível para cogeração de energia, e

analisar a influencia da variação dos parâmetros de operação no desempenho de uma

planta existente.

Para a realização desta simulação foi utilizado uma ferramenta criada no

software MATLAB que possibilita a modelagem computacional do funcionamento

14

desta usina sucroalcooleira, assim fornecendo insumos indispensáveis para a análise de

operação da mesma, como potência energética gerada e rendimento da planta de

cogeração.

Adicionalmente, esta ferramenta permite gerar gráficos de parâmetros de

operação da usina, permitindo desta forma uma análise da influencia da variação destes

nos resultados da usina, assim favorecendo a operação em condições de utilização que

proporcionem o máximo rendimento energético.

Esta ferramenta foi utilizada para simular uma usina sucroalcooleira do oeste

paulista, apresentada no estudo de caso realizado por PASSOLONGO (2011).

1.4. Organização do trabalho

Além deste capítulo, para organização da proposta de trabalho, esta é dividida

em outros seis capítulos, conforme explicitado abaixo:

No capítulo dois são apresentados os sistemas de cogeração no setor

sucroalcooleiro, incluindo a caracterização e conceitos que permeiam o

desenvolvimento destes sistemas.

No capitulo três são apresentadas as definições e conceitos termodinâmicos que

fundamentam o desenvolvimento deste trabalho.

No capítulo quatro é apresentada a ferramenta utilizada para a simulação do

ciclo termodinâmico da usina, incluindo também a forma de que esta ferramenta deve

ser utilizada.

No capítulo cinco é realizado o estudo de caso escolhido, incluindo não só a sua

modelagem por meio da ferramenta, bem como as análises necessárias para alcançar o

objetivo proposto.

No capítulo seis são apresentadas conclusões geradas pelas análises e possíveis

sugestões a serem abordadas no futuro em outros trabalhos.

15

Por fim, é apresentada uma lista de referências bibliográficas usadas para a

execução deste trabalho, na qual constam livros clássicos, artigos de periódicos e de

congressos, teses e dissertações, além de websites de empresas e instituições.

16

2. Cogeração de Energia no Setor Sucroalcooleiro

2.1. Conceitos básicos sobre a Cogeração

O termo “cogeração” é de origem americana e é empregado para designar os

processos de produção combinada de energia térmica e potência, mecânica ou elétrica,

com o uso da energia liberada por uma mesma fonte primária de combustível, qualquer

que seja o ciclo termodinâmico. Normalmente, são usados os ciclos Rankine, que são

aqueles que empregam turbinas a vapor, ou os ciclos Brayton, que utilizam turbinas a

gás (FIOMAR, 2004).

Pelo fato de serem obtidos dois produtos de valores distintos, energia térmica e

potência, utilizando uma mesma fonte de energia, os sistemas de cogeração tornam-se

atrativos por apresentarem eficiências de primeira lei maiores do que aquelas

encontradas quando ambas as formas de energia são produzidas em processos

independentes. Estas eficiências podem ser da ordem de 75 % a 90 % (Walter, 1994).

Um aspecto relevante não considerado na definição, é que como não é viável,

em grande parte dos casos, a compra de energia térmica de outra empresa, estes

sistemas são projetados fundamentalmente para satisfazer a demanda térmica do

consumidor. Além disso, a potência elétrica produzida pode atender parte ou totalidade

da demanda, considerando também a possibilidade de comercialização de excedente

desta energia.

Nos casos de aplicações que têm por objetivo produzir excedente de energia

elétrica para venda, o vapor é fornecido a um turbo gerador de maior eficiência que

rebaixará a pressão do vapor a níveis desejados e produzirá energia elétrica. Após a

passagem por esse turbo gerador o vapor poderá ser direcionado para outras turbinas

responsáveis pelo acionamento mecânico de outros equipamentos.

O processo sequencial de geração de eletricidade e consumo de energia térmica

útil admite duas possibilidades de acordo com a ordem de produção das formas de

energia. O ciclo topping é o mais frequentemente encontrado na prática, especialmente

no setor sucroalcooleiro. Neste ciclo, o vapor é utilizado para produzir primeiramente

potência elétrica, sendo que a energia térmica resultante é recuperada e depois utilizada

no processo produtivo. Nos chamados ciclos bottoming, a energia térmica residual

17

associada aos processos industriais que precisam de alta temperatura é empregada para a

produção de energia elétrica, situação esta mais comum em indústrias químicas

(SÁNCHEZ PRIETO, 2003). Na Figura 1 podemos observar os ciclos topping e

bottoming mencionados acima:

Figura 1 – Ciclos topping (a) e bottoming (b)

FONTE: PASSOLONGO, 2011

2.2. Cogeração de Energia no Setor Sucroalcooleiro

A cogeração tem uma grande aceitação no setor sucroalcooleiro

fundamentalmente em razão da sua adequação, pois o combustível empregado é um

rejeito do processo de fabricação e os produtos do sistema, potência mecânica ou

elétrica e vapor, são utilizados no próprio processo (Sánchez Prieto & Nebra, 2001).

Nas usinas de açúcar e álcool, o vapor direto é usado em turbinas que geram

potência mecânica. Essa potência pode ser usada diretamente no acionamento de

equipamentos como moendas, bombas, desfibradores, picadores, entre outros, ou

transformada em potência elétrica nos geradores elétricos, que por sua vez geram a

energia para os acionamentos elétricos. Em ambos os casos, há a liberação do vapor de

baixa pressão, normalmente em torno de 2,45 bar abs., que é utilizado no processo, nas

18

operações de aquecimento, evaporação, destilação e cozimento. Desta forma, podemos

considerar as usinas deste setor como empreendimentos de cogeração.

No setor sucroalcooleiro o sistema de cogeração aparece vinculado a três

configurações fundamentais de turbinas a vapor:

Turbinas de contrapressão;

Turbinas de extração-condensação;

Combinação de turbinas de contrapressão com outras de condensação que

empregam o fluxo excedente.

Nas turbinas de contrapressão o vapor de escape é descarregado com pressão

superior à atmosférica, sendo enviado diretamente para o processo industrial. Já nas

turbinas de extração-condensação, há um sangramento de vapor em estágio

intermediário, responsável por garantir as necessidades de energia térmica do sistema,

sendo o restante do vapor de escape descarregado à pressão inferior à atmosférica e

enviado a um condensador.

Na Figura 2 podemos notar um esquema de processo trabalhando em regime de

cogeração que emprega turbinas de contrapressão:

Figura 2 – Sistema de Cogeração com Turbinas de Contrapressão

FONTE: PASSOLONGO, 2011

19

Quando o objetivo principal visa adequar a instalação para produção e venda de

energia excedente, o uso de turbinas de extração-condensação é mais viável. Além de

altos índices de desempenho, tais máquinas de condensação com extração regulada se

justificam também pela sua capacidade de satisfazer a relação energia térmica e elétrica

que pode variar em uma ampla faixa.

Na Figura 3 podemos observar um esquema de processo de sistema de

cogeração trabalhando com turbinas de extração-condensação:

Figura 3 – Sistema de Cogeração com Turbinas de Extração-Condensação

FONTE: PASSOLONGO, 2011

Assim, um sistema de cogeração fica constituído por uma combinação de

equipamentos convencionais dentro da engenharia energética (caldeiras, turbinas,

trocadores de calor e outros) que, integrados funcionalmente numa determinada planta,

procuram obter o maior aproveitamento da fonte primária de energia que, no caso das

usinas do setor sucroalcooleiro, é uma fonte renovável de energia (bagaço de cana). À

medida que o bagaço é consumido, mais cana pode ser plantada para suprir o consumo,

ao contrário do carvão, do petróleo ou do gás, que uma vez consumidos, se perdem para

sempre.

20

3. Definições e Conceitos Envolvidos

3.1. Conceitos Termodinâmicos

Neste trabalho, é feita uma análise termodinâmica de planta através de um

software desenvolvido em Matlab. A análise utiliza o princípio da conservação da

massa e da energia (Primeira lei da termodinâmica), e o balanço de entropia (Segunda

Lei da Termodinâmica). Para esta análise considera-se um volume de controle em cada

um dos equipamentos que compõem a planta.

Uma hipótese a ser considerada neste trabalho é que todos os processos ocorrem

em regime permanente. Portanto, na análise não serão considerados os processos

transitórios, como entrada em operação, parada ou qualquer variação no tempo. Isso

equivale a dizer que o estado da substância, em cada ponto de volume de controle, não

varia com o tempo, e que o fluxo de massa e o estado dessa massa em cada área discreta

de escoamento na superfície de controle não variam com o tempo.

Além destes conceitos, iremos considerar todos os processos como reversíveis.

Um processo reversível, para um sistema, é definido como aquele que, tendo ocorrido,

pode ser invertido e depois de realizada esta inversão, não se notará algum vestígio no

sistema e nas vizinhanças. Existem fatores que tornam um processo irreversível como

atrito, expansão não resistida, transferência de calor com diferença finita de

temperatura, mistura de duas substâncias, entre outros, que não serão considerados nesta

análise.

3.1.1. Balanço de Massa

Primeiramente, iremos considerar a lei da conservação da massa relacionada ao

volume de controle. Essa conservação inclui somente a análise da vazão mássica que

está entrando e saindo do volume de controle e desconsidera a variação de massa no

interior do mesmo, pois se trata de operação em regime permanente. A Eq. (3.1)

representa o balanço de massa em um volume de controle, também conhecida como a

equação da continuidade:

21

∑ ∑ (3.1)

Considerando o processo em regime permanente, e que o estado da massa em

cada ponto do volume de controle não varia com o tempo, a Eq. (3.1) pode ser escrita

como segue:

∑ ∑ (3.2)

Em que:

= vazão mássica que entra no volume de controle (kg/s);

= vazão mássica que sai do volume de controle (kg/s).

3.1.2. Balanço de Energia

A equação da conservação da energia, conhecida como Primeira Lei da

Termodinâmica, em sua forma completa, considerando inclusive as variações no tempo,

é representada pela Eq. (3.3) como segue:

∑ (

) ∑ (

) (3.3)

Em que:

= aceleração gravitacional (m/s2);

= entalpia específica na entrada do volume de controle (kJ/kg);

= entalpia específica na saída do volume de controle (kJ/kg);

= potência térmica no volume de controle (kW);

= velocidade da vazão mássica na entrada do volume de controle (m/s);

= velocidade da vazão mássica na saída do volume de controle(m/s);

= taxa de transferência de trabalho no volume de controle (kW);

= cota da vazão mássica na entrada do volume de controle em relação a uma

linha de referência (m);

22

= cota da vazão mássica na saída do volume de controle em relação a uma

linha de referência (m).

Além da hipótese de regime permanente, serão adotadas as hipóteses de que as

variações das energias cinética e potencial são muito pequenas, podendo ser

desprezadas. Assim, a Eq. (3.3) pode ser reescrita como segue:

∑ ∑ (3.4)

3.1.3. Balanço de Entropia

Na análise da primeira lei foi definida uma propriedade, a energia interna, que

levou à entalpia e que possibilitou usar quantitativamente a primeira lei em processos.

Analogamente, na segunda lei da termodinâmica, é definida outra propriedade, a

entropia, que também possibilita a aplicação quantitativa da segunda lei em processos.

Energia e entropia são conceitos abstratos que foram idealizados para auxiliar na

descrição de determinadas observações experimentais (Van Wylen, 1995).

Na sua forma completa, a segunda lei da termodinâmica para um volume de

controle é dada por:

∑ ∑ (3.5)

Considerando o processo em regime permanente, o primeiro termo da Eq. (3.5) é

igual a zero, assim, a segunda lei da termodinâmica pode ser escrita como segue:

∑ ∑ (3.6)

Em que:

= entropia específica na entrada do volume de controle (kJ/kgK);

23

= entropia específica na saída do volume de controle (kJ/kgK);

= temperatura superficial do volume de controle (K);

= geração de entropia no volume de controle (kW/K).

Para um processo adiabático em regime permanente tem-se que , logo a

geração de entropia no volume de controle é positiva. A condição ocorrerá para

um processo adiabático e reversível.

3.2. Eficiências Térmicas pela Primeira Lei da Termodinâmica

3.2.1. Turbinas

A eficiência termodinâmica baseada na primeira lei para dispositivos que

produzem potência relaciona o trabalho realizado no volume de controle com o trabalho

produzido em um processo hipotético isentrópico desde o mesmo estado de entrada até

a mesma pressão de saída. Um processo pode ser chamado de isentrópico se a entropia

for constante durante o processo, ou seja, se o processo é adiabático e reversível. Nas

turbinas reais o trabalho é calculado com base no trabalho realizado nas turbinas ideais,

multiplicando-se pela eficiência da turbina.

A equação abaixo representa a eficiência com base na primeira lei para turbinas:

(3.7)

Em que:

potência desenvolvida no volume de controle (kW);

vazão mássica no volume de controle (kg/s);

diferença entre as entalpias de entrada e saída no volume de controle

para processo isentrópico (kJ/kg).

24

3.2.2. Bombas e Compressores

Para o caso de bombas e compressores, a eficiência pela primeira lei é definida

de maneira inversa, conforme explicitado abaixo:

(3.8)

Em que:

potência desenvolvida no volume de controle (kW);

vazão mássica no volume de controle (kg/s);

diferença entre as entalpias de entrada e saída no volume de controle

para processo isentrópico (kJ/kg).

3.2.3. Caldeiras Convencionais

O cálculo da eficiência pela primeira lei de caldeiras convencionais relaciona a

potência térmica gerada na caldeira proveniente da queima do bagaço e a potência

térmica entregue ao ciclo termodinâmico, no caso à água que será vaporizada na

caldeira. A equação abaixo representa a eficiência com base na primeira lei para

caldeiras:

(3.9)

Em que:

potência térmica entregue ao ciclo termodinâmico (kW);

potência térmica gerada na caldeira (kW);

Considerando que a vazão de água de alimentação e de vapor de saída seja a

mesma, podemos substituir a potência térmica entregue ao ciclo termodinâmico pela

diferença entre as entalpias do fluido na entrada e saída do volume de controle

multiplicado pela vazão de vapor na saída da caldeira. Além disso, podemos substituir a

potência gerada na caldeira através da queima do bagaço pela vazão de bagaço

25

consumido na caldeira multiplicado pelo seu poder calorifico inferior. Desta forma, a

equação 3.9 indicada acima, pode ser calculada conforme abaixo:

(3.10)

Em que:

entalpia específica do vapor superaquecido na saída da caldeira

(kJ/kg);

entalpia específica da água na entrada da caldeira (kJ/kg);

vazão mássica de vapor superaquecido na saída da caldeira (kg/s);

vazão mássica de bagaço consumido na caldeira (kg/s);

poder calorífico inferior do bagaço.

3.3. Índice de Desempenho Baseados na Primeira Lei da Termodinâmica

A avaliação do desempenho de uma planta de cogeração baseado é um

procedimento que implica na comparação de produtos de diferentes propriedades

termodinâmicas, tais como calor e potência.

Para uma avaliação geral da planta, deve-se considerar toda a potência gerada,

seja elétrica ou mecânica, toda energia térmica útil e perdida, e a energia da fonte

quente da planta que é proveniente do bagaço. Assim, a equação abaixo proposta por

ROCHA (2010), é conhecida como rendimento global do sistema:

(3.11)

Em que:

potência elétrica produzida (kW);

26

potência mecânica produzida (kW);

fluxo de calor útil para processo (kW);

potência demanda pelas bombas (kW);

fluxo de calor no condensador (kW);

vazão mássica de bagaço consumido na caldeira (kg/s);

poder calorífico inferior do bagaço.

Ao substituir na equação 3.11 a eficiência com base na primeira lei para

caldeiras, definida pelas equações 3.9 e 3.10 acima, o rendimento global do sistema

pode ser definido conforme abaixo:

⁄ (3.12)

Em que:

fluxo de calor na caldeira (kW);

eficiência com base na primeira lei para caldeiras;

27

4. Ferramenta para Simulação da Usina Sucroalcooleira: Simula_Usina

Com o objetivo de simular a operação de uma usina sucroalcooleira, foi

desenvolvida uma ferramenta na plataforma MATLAB, chamada de Simula_Usina.

A fim de obter os valores das propriedades termodinâmicas necessárias para a

simulação da usina, foi utilizada a função “XSteam”, elaborada por Magnus Holmgren,

capaz de calcular com precisão as propriedades da água e do vapor em diversos estados

termodinâmicos com base nas tabelas do “International Association for Properties of

Water and Steam Industrial Formulation 1997” (IAPWS IF-97).

Adicionalmente, foi utilizada a extensão GUIDE capaz de fornecer ferramentas

para desenvolver uma interface com o usuário, com o objetivo de facilitar a análise do

funcionamento da usina de cana de açúcar. Esta interface foi dividida em duas janelas

conforme abaixo:

Janela “Simulação”: Configuração da operação da usina através da entrada e

parâmetros termodinâmicos

Janela “Gráficos”: Elaboração de gráficos capazes de fornecer insumos para o

usuário analisar e otimizar a operação da usina, como por exemplo:

Pressão na Entrada do Condensador vs. Potência Elétrica Gerada

Pressão de Extração na Turbina de Extração-Condensação vs.

Rendimento Global da Planta

Vazão de Sangramento na Turbina de Extração-Condensação vs.

Potência Elétrica Gerada

Vazão na Turbina de Extração-Condensação vs. Rendimento Global da

Planta

Em seguida, as janelas que compõem a interface serão detalhadas, a fim de

apresentar seus recursos, bem como a sua forma de utilização pelo usuário.

28

4.1. Janela “Simulação”

Nesta janela, o usuário é capaz de realizar a configuração dos parâmetros de

operação da usina que se deseja simular. Foi utilizada como base para a elaboração

desta janela, uma usina sucroalcooleira do oeste paulista, que será detalhada no capítulo

cinco. Esta configuração foi escolhida por ser uma configuração típica de usinas

sucroalcooleiras.

Apesar de seu layout complexo, é possível simular configurações de usinas mais

simples ao modificar as vazões de vapor nos equipamentos desta. A Figura 4, mostrada

abaixo, apresenta esta janela.

Figura 4 – Janela “Simulação”

FONTE: Autor

29

A Figura 5, mostrada abaixo, apresenta a representação esquemática da usina

sucroalcooleira. Esta representação tem o objetivo de auxiliar o usuário do software a

configurar os parâmetros de operação da planta, já que apresenta um fluxograma

contendo todos os equipamentos envolvidos no funcionamento da usina e o caminho

percorrido pelo fluido de trabalho através destes equipamentos.

Figura 5 – Representação Esquemática da Planta Modelo

FONTE: Autor

No painel “Dados de Entrada da Operação da Usina”, mostrado na Figura 6,

podemos definir os dados de entrada da operação da usina através da escolha de valores

para a temperatura em ºC, pressão em bar e vazão em t/h de pontos da representação

esquemática da planta modelo, indicados entre parênteses e descritos em seguida.

30

Figura 6 – Painel “Dados de Entrada da Operação da Usina”

FONTE: Autor

Adicionalmente, com o objetivo de evitar possíveis erros ao definir os dados de

entrada, caso o usuário escolha um valor de vazão que resultaria em um valor negativo

de vazão para qualquer um dos pontos da representação esquemática do ciclo, surge

uma mensagem de erro informando ao usuário qual seria o valor máximo ou mínimo de

vazão que poderia ser escolhido.

Em seguida, o valor previamente escolhido pelo usuário é apagado

automaticamente, impedindo que ele dê seguimento à simulação sem que a escolha de

um valor possível para este campo tenha sido feita. Este recurso é exibido na Figura 7

apresentada abaixo.

Figura 7 – Mensagem de Erro

FONTE: Autor

31

Na Figura 8, mostrada abaixo, também podemos configurar a demanda elétrica

em kW dos equipamentos de acionamento mecânico da usina, como moendas.

Figura 8 – Painel “Demanda dos Equipamentos Elétricos”

FONTE: Autor

Neste software, também somos capazes de configurar as eficiências de todos os

equipamentos da planta, tais como bombas, turbinas, caldeiras e geradores, a fim de

possibilitar uma simulação condizente com a realidade de funcionamento desta usina,

mas também possibilitando uma análise sem considerar irreversibilidades para os

equipamentos, ao configurar estes parâmetros como 100%. Esta configuração é

realizada no painel “Eficiência dos Equipamentos” mostrado na Figura 9 abaixo.

Figura 9 – Painel “Eficiência dos Equipamentos”

FONTE: Autor

Após definir todos os parâmetros da operação e eficiência dos equipamentos da

planta sucroalcooleira, o usuário pode clicar no botão “Realizar Simulação” e será

iniciada a simulação da operação da usina.

Assim que o comando de inicio da simulação é acionado, o software realiza um

cálculo da vazão em cada um dos pontos da representação esquemática da planta.

Após definir os dados de entrada necessários para simulação do ciclo

termodinâmico da operação da usina, este software realiza o cálculo das propriedades

do fluido de trabalho em cada ponto da representação esquemática da planta, utilizando

a função “XSteam” e os conceitos definidos no capítulo três.

32

Em seguida, utilizando os conceitos definidos no capítulo três, este software

realiza não só o cálculo da potência gerada nas turbinas e consumida pelas bombas, bem

como a troca de calor da caldeira e em outros equipamentos tais como condensador e

equipamentos de processo, considerando as eficiências de cada equipamento definidas

pelo usuário ao preencher o painel “Eficiência dos Equipamentos”.

Posteriormente, as propriedades do fluido de trabalho em cada ponto da

representação esquemática da planta são recalculadas considerando as eficiências de

cada equipamento. Por fim, o rendimento global da planta é calculado conforme

definido no capítulo três e os resultados são apresentados na parte inferior da janela

“Simulação”, como exibido na Figura 10 abaixo.

Figura 10 – Painel “Resultados da Simulação da Usina”

FONTE: Autor

Após realizar a simulação da operação da usina, é possível acessar o Painel

“Análise das Condições de Operação”, apresentado abaixo na Figura 11, em que ao

selecionar um ponto da representação esquemática da usina, e a propriedade

termodinâmica de interesse, é exibido o valor desta propriedade para este ponto,

calculado anteriormente ao realizar a simulação do ciclo.

Figura 11 – Painel “Análise das Condições de Operação da Usina”

FONTE: Autor

Podem ser selecionadas como propriedades a vazão, pressão, temperatura,

entalpia, entropia e título de cada um dos pontos da representação esquemática do ciclo,

33

possibilitando assim uma análise de cada um destes pontos, caso seja da necessidade do

usuário.

Ao encerrar a etapa de simulação, o usuário pode clicar no botão “Analisar

Gráficos”, em que será realizada uma análise da operação desta usina por meio de

gráficos.

4.2. Janela “Gráficos”

Nesta janela, o usuário é capaz de elaborar gráficos que podem servir de

insumos para uma análise visando a otimização da operação da usina. Posteriormente,

será apresentada no capítulo cinco uma análise gráfica da operação da usina

sucroalcooleira do oeste paulista, utilizando os recursos fornecidos por esta janela. A

Figura 12, exibida a seguir, apresenta esta janela.

Figura 12 – Janela “Gráficos”

FONTE: Autor

34

Utilizando os dados obtidos a partir da simulação da operação da usina realizada

na janela “Simulação”, o usuário é capaz de selecionar as variáveis que ele deseja

plotar, tanto no eixo horizontal, quanto no eixo vertical, e desta forma obter o gráfico

necessário para realizar futuras análises.

Na Figura 13, apresentamos o Painel “Variável do Eixo Horizontal”, em que a

variável que será plotada no eixo horizontal, bem como parâmetros necessários para

plotar o gráfico são definidas pelo usuário.

Figura 13 – Painel “Variável do Eixo Horizontal”

FONTE: Autor

No campo “Variável”, o usuário pode selecionar uma propriedade

termodinâmica a ser plotada no eixo horizontal conforme abaixo:

m2 (t/h) = Vazão da Turbina de Extração-Condensação

m3 (t/h) = Vazão de Sangramento da Turbina de Extração-Condensação

P1 (bar) = Pressão na Saída da Caldeira

P3 (bar) = Pressão de Sangramento da Turbina de Extração-Condensação

P4 (bar) = Pressão na Entrada do Condensador

Além de selecionar a propriedade a ser plotada, o usuário deve definir o valor

mínimo e o valor máximo nos campos indicados do Painel “Variável do Eixo

Horizontal”, com a finalidade de definir o menor e o maior valor desta propriedade a

serem exibidos no gráfico. Por fim, é necessário escolher o intervalo em unidades que

ele deseja plotar, a fim de definir a quantidade de pontos a serem plotados.

35

Na Figura 14, é apresentado o Painel “Variável do Eixo Vertical”, em que a

variável a ser plotada no eixo vertical é definida pelo usuário. No campo “Variável”

deste painel, o usuário pode escolher plotar o Rendimento Global ou a Potência Total,

com o objetivo de que a análise tenha por fim aumentar a eficiência da operação da

planta ou aumentar a energia gerada.

Figura 14 – Painel “Variável do Eixo Vertical”

FONTE: Autor

Após definir os parâmetros para as duas variáveis, o usuário deve clicar no botão

“Plotar Gráfico” e automaticamente o gráfico será plotado no painel localizado a

direita desta janela, possibilitando uma análise mais profunda das condições de

operação da usina. Na Figura 15 abaixo é apresentado um exemplo de gráfico plotado

para ilustrar o uso desta janela.

Figura 15 – Exemplo de Gráfico Plotado

FONTE: Autor

36

Posteriormente a análise gráfica realizada, o usuário poderá voltar a janela

“Simulação” ao clicar no botão “Modificar Dados”, desta forma possibilitando

modificar os parâmetros de operação anteriormente definidos, com o objetivo de tornar

efetiva a análise gráfica realizada.

No capítulo cinco a seguir, será realizado um estudo de caso de uma usina

sucroalcooleira do oeste paulista utilizando os recursos disponíveis no software

apresentado.

37

5. Estudo de Caso

5.1. Introdução

Partindo de uma planta básica convencional de uma usina sucroalcooleira do

oeste paulista, apresentada no estudo de caso realizado por PASSOLONGO (2011), será

feito neste capítulo o detalhamento da configuração da planta estudada, bem como

análises gráficas de sua operação.

Primeiramente será realizada uma simulação da operação desta usina utilizando

a ferramenta descrita no capítulo quatro. Esta usina utiliza equipamentos modernos e

eficientes, incluindo uma caldeira capaz de produzir vapor a altos níveis e pressão e

temperatura e uma turbina de extração-condensação de múltiplos estágios. Também

estão presentes acionamentos como moendas, exaustores, ventiladores, que são

eletrificados.

Em seguida, iremos utilizar o recurso de análises gráficas da ferramenta descrita

anteriormente com o objetivo de obter conhecimento da situação atual de operação desta

usina, e propor possíveis melhorias nos parâmetros de operação que visem aumentar o

rendimento global desta planta e obter ganho de potência total gerada.

5.2. Detalhamento da Configuração da Usina

A configuração da planta de uma usina sucroalcooleira do oeste paulista a ser

estudada pode ser encontrada na Figura 16 abaixo.

38

Figura 16 – Planta de uma Usina Sucroalcooleira do Oeste Paulista

FONTE: PASSOLONGO, 2011

39

A planta utiliza equipamentos modernos e eficientes, incluindo caldeira que

produz 160 t/h de vapor a 68,6 bar e 530 °C, sendo que 125 t/h deste vapor é consumido

por uma turbina extração-condensação acoplada a um gerador de 32 MW. É feita uma

extração de 97 t/h de vapor a uma pressão de 2,45 bar para o processo de evaporação do

caldo, e o restante do vapor continua a expandir até a pressão de 0,07 bar, sendo então

condensado (PASSOLONGO, 2011).

O restante do vapor (35 t/h) é direcionado a uma turbina de contrapressão, a qual

está acoplada a um gerador de 12 MW. O vapor é descarregado a uma pressão de 2,45

bar, também destinado a atender a demanda de vapor do processo industrial

(PASSOLONGO, 2011).

Podemos destacar ainda que o processo industrial desta planta atualmente

consome 130 t/h de vapor (cerca de 450 kg de vapor por tonelada de cana moída), a uma

temperatura de 135 °C. Como a temperatura do vapor de escape é próxima de 160 °C é

necessária a utilização de um dessuperaquecedor, cuja finalidade é reduzir a temperatura

do vapor até um ponto próximo à saturação, através da injeção de uma determinada

quantidade de água líquida a 38 °C no vapor. (PASSOLONGO, 2011).

Na Tabela 1 abaixo podemos encontrar os parâmetros característicos de

operação desta planta, como vazão, pressão, temperatura, entalpia e entropia.

40

Tabela 1 – Parâmetros de Operação da Usina

FONTE: PASSOLONGO, 2011

Ponto m (t/h) P (bar) T (ºC) h (kJ/kg) s (kJ/kgK)

1 160,0 68,60 530,0 3845,1 6,902

2 125,0 68,60 530,0 3845,1 6,902

3 97,1 2,45 159,7 2786,0 7,228

4 27,9 0,07 39,0 2320,9 7,471

5 27,9 0,07 38,0 159,2 0,546

6 35,0 68,60 530,0 3485,1 6,902

7 35,0 2,45 159,7 2786,0 7,228

8 30,3 2,45 159,7 2786,0 7,228

9 127,4 2,45 159,7 2786,0 7,228

10 130,0 2,45 135,0 2733,6 7,104

11 130,0 2,45 124,7 524,0 1,579

12 27,9 2,45 38,0 159,5 0,546

13 2,6 2,45 38,0 159,5 0,546

14 25,3 2,45 38,0 159,5 0,546

15 155,3 2,45 110,7 464,6 1,427

16 4,7 2,45 159,7 2786,0 7,228

17 160,0 2,45 126,8 532,5 1,600

18 160,0 78,60 128,1 543,4 1,607

Na Tabela 2 abaixo são apresentadas a potência eletromecânica, a potência

térmica, as irreversibilidades geradas e a eficiência pela primeira lei da termodinâmica

para cada equipamento da planta analisada.

41

Tabela 2 – Resultados da Operação da Usina

FONTE: PASSOLONGO, 2011

Equipamento W (kW) Q (kW) I (kW) η (%)

Caldeira - 167.613,30 36.870,08 78,00

Turbina Extração-Condensação 27.147,52 - 3.594,03 85,80

Turbina de Contrapressão 6.527,54 - 944,91 84,00

Bomba da Caldeira 502,16 - 89,66 75,00

Bomba do Condensador 2,39 - 0,45 75,00

Processo - 79.791,30 40.347,66 -

Condensador - 16.372,90 1.477,41 -

Além disso, esta usina apresenta um rendimento global de 61,4% e é capaz de

produzir 33,2 MW de potência elétrica (PASSOLONGO, 2011).

5.3. Simulação da Operação da Usina

A fim de realizar a simulação da operação da usina sucroalcooleira do oeste

paulista, introduzimos os dados apresentados na Tabela 1 acima na ferramenta descrita

no capítulo quatro e analisamos os seus resultados.

5.3.1. Simulação do Ciclo Ideal

Primeiramente, com o objetivo de avaliar a confiabilidade da simulação

realizada, iremos considerar que não existem irreversibilidades nos equipamentos, desta

forma simularemos a operação do ciclo utilizando todas as eficiências com valor de cem

por cento. Na Figura 17 apresentada abaixo, podemos notar os dados de entrada de

operação da usina, bem como a eficiência dos equipamentos e os resultados obtidos.

42

Figura 17 – Simulação de Operação da Usina Considerando Ciclo Ideal

FONTE: Autor

Desta forma, nas Tabelas 3 e 4 apresentadas abaixo, podemos observar uma

análise comparativa entre os resultados de operação da usina sem considerar as

irreversibilidades e os resultados obtidos através da simulação desta operação

considerando as eficiências dos equipamentos iguais a cem por cento.

43

Tabela 3 – Resultados da Usina e da Simulação

FONTE: Autor

Resultados Usina (kW) Simulação (kW)

Demanda Energética das Bombas 414,44 362,59

Potência Elétrica Gerada 38.214,00 40.568,00

Demanda Térmica do Processo 79.791,30 74.950,80

Potência Térmica Gerada na Caldeira 130.743,22 130.875,00

Tabela 4 – Erros entre Resultados da Usina e da Simulação

FONTE: Autor

Resultados Erro (kW) %

Demanda Energética das Bombas 51,85 12,5109

Potência Elétrica Gerada - 2.354,00 - 6,1600

Demanda Térmica do Processo 4.840,50 6,0665

Potência Térmica Gerada na Caldeira - 131,78 - 0,1008

Adicionalmente, as Tabelas 5 e 6 apresentadas abaixo, nos fornece uma análise

comparativa entre o rendimento global da usina sem considerar as irreversibilidades e o

obtido através da simulação da operação da usina, calculados através da fórmula

apresentada no capítulo três.

Tabela 5 – Rendimento Global Ideal da Usina e da Simulação

FONTE: Autor

Resultados Usina (%) Simulação (%)

Rendimento Global da Planta 76,28 76,54

44

Tabela 6 – Erro entre Rendimento Global Ideal da Usina e da Simulação

FONTE: Autor

Resultados Erro (%) %

Rendimento Global da Planta - 0,26 - 0,34

Desta forma, podemos observar que os parâmetros apresentam erro relativo

médio de 6,2%, sendo que, a demanda energética das bombas, considerado o parâmetro

que apresenta maior erro relativo, nos fornece um erro absoluto de 51 kW que pode ser

tomado como desprezível se comparado com a potência elétrica gerada pela planta desta

usina.

Além disso, o rendimento global da planta apresentou um erro relativo médio de

0,34%, confirmando assim a simulação através da ferramenta como efetiva e

completamente capaz de ser utilizada para analisar a operação desta usina. Assim sendo,

estávamos aptos a realizar uma simulação considerando as eficiências dos equipamentos

informadas por PASSOLONGO, 2011.

5.3.2. Simulação do Ciclo Real

Após confirmar a confiabilidade da simulação realizada, as eficiências dos

equipamentos informadas foram inseridas no respectivo painel da ferramenta de

simulação, como podemos notar na Figura 18 apresentada abaixo.

45

Figura 18 – Simulação de Operação da Usina Considerando as Eficiências dos

Equipamentos

FONTE: Autor

Nas Tabelas 7 e 8, apresentadas abaixo, podemos observar uma análise

comparativa entre o rendimento global da usina e o rendimento global da usina

simulada, e novamente concluir de que apesar de um erro absoluto de 3,72% e um erro

relativo de 6%, esta ferramenta é apropriada para a simulação de operação desta usina.

46

Tabela 7 – Rendimento Global da Usina e da Simulação Considerando as Eficiências

dos Equipamentos

FONTE: Autor

Resultados Real (%) Simulação (%)

Rendimento Global da Usina 61,40 57,68

Tabela 8 – Erro entre Rendimento Global da Usina e da Simulação Considerando as

Eficiências dos Equipamentos

FONTE: Autor

Resultados Erro (%) %

Rendimento Global da Usina 3,72 6,06

5.4. Análise Gráfica da Operação da Usina

Após realizar a simulação de operação da usina sucroalcooleira, realizamos uma

análise gráfica da operação desta usina, utilizando a ferramenta desenvolvida já

apresentada no capítulo quatro.

Ao realizar esta análise, buscamos primeiramente como objetivo um aumento do

rendimento global da planta, considerando que, como evidenciado no capítulo três, este

rendimento está diretamente ligado com a demanda térmica do processo. Em períodos

de safra da cana de açúcar, a demanda térmica do processo aumenta, sendo esta a

justificativa para buscarmos um cenário de aumento do rendimento global da planta.

Adicionalmente, em épocas cuja demanda térmica do processo é baixa, em

função da diminuição de produção de açúcar e etanol, temos a possibilidade de

direcionar a operação da usina para a geração de potência elétrica através das turbinas a

vapor, com o objetivo de gerar um excedente de energia útil a ser comercializado.

Sendo assim, temos como segundo objetivo na análise gráfica, aumentar a potência

elétrica gerada na operação da usina em períodos cuja demanda térmica do processo é

baixa.

47

A fim de alcançar estes objetivos expostos acima, modificamos parâmetros

chaves de operação da usina sucroalcooleira e verificamos por meio de gráficos como o

rendimento global da planta e a potência elétrica gerada respondem a estas alterações.

Os gráficos, análises e resultados envolvidos serão apresentados por parâmetro

em seguida. Os parâmetros de operação da usina utilizados anteriormente foram

mantidos conforme exibidos na Figura 19 abaixo, sendo somente alterados os

parâmetros analisados em cada gráfico.

Figura 19 – Parâmetros de Operação da Usina Utilizados nas Análises Gráficas

FONTE: Autor

48

5.4.1. Pressão na Caldeira

Primeiramente, foi realizada uma variação da pressão na caldeira através da

análise gráfica, com o objetivo de analisar o impacto que poderíamos gerar no

rendimento global da planta. Na Figura 20 apresentada abaixo, podemos notar o gráfico

plotado.

Figura 20 – Gráfico da Pressão na Caldeira vs. Rendimento Global da Planta

FONTE: Autor

Ao analisar o gráfico exibido na Figura 20 podemos notar que aumentando a

pressão na caldeira, não temos um aumento expressivo do rendimento global, uma vez

que, ao dobrarmos a pressão na caldeira, o rendimento global da planta sofreu somente

um aumento de 0,57%, variando de 57,67% para aproximadamente 58%.

Posteriormente, realizamos uma análise da variação da pressão na caldeira

versus a potência elétrica total gerada na operação da usina. Podemos notar na Figura

21 abaixo, o gráfico plotado para esta análise.

49

Figura 21 – Gráfico da Pressão na Caldeira vs. Potência Elétrica Gerada

FONTE: Autor

Ao observarmos este gráfico exibido na Figura 21, podemos notar que o

aumento da pressão na caldeira gera um aumento expressivo da potência elétrica total

gerada, já que sofre um aumento de 9,09%, representando a geração de

aproximadamente 3.000 kW de energia.

Analisando os gráficos apresentados nas Figuras 20 e 21, também podemos

observar que ao reduzir a pressão na caldeira, ocasionamos um impacto relativamente

grande na potência total gerada, se comparado com o impacto no rendimento global da

planta. A fim de analisar tal afirmação, voltamos a janela “Simulação” e realizamos

uma simulação da usina modificando somente a pressão na caldeira de 68.6 bar para 20

bar, conforme exibido na Figura 22.

50

Figura 22 – Simulação de Operação da Usina com Redução na Pressão da

Caldeira

FONTE: Autor

Na Tabela 9 apresentada abaixo, podemos notar que enquanto a potência total

gerada sofre uma redução de 22%, a demanda térmica do processo sofre um aumento de

aproximadamente 12%, mantendo o rendimento global praticamente estável, já que este

somente sofre uma redução de 1,4%.

51

Tabela 9 – Análise da Redução da Pressão na Caldeira vs. Resultados de Operação da

Usina

FONTE: Autor

68,6 (bar) 20,0 (bar) Δ (%)

Rendimento Global (%) 57,6% 56,8% -1,4%

Potência Total Gerada (kW) 33.232 25.838 -22,2%

Demanda Térmica do Processo (kW) 78.575 87.625 11,5%

Sendo assim, a partir das análises da variação da pressão na caldeira, podemos

concluir que um aumento nesta pressão resulta em um aumento na potência total gerada.

Além disso, a redução da pressão na caldeira é capaz de gerar um aumento na demanda

térmica do processo, tendo conhecimento de que isto resultaria em uma redução mais

expressiva da potência total gerada na operação da usina, porém mantendo praticamente

estável o rendimento global da planta.

5.4.2. Pressão na Entrada do Condensador

Nesta análise, iremos realizar uma variação da pressão na saída da caldeira com

o objetivo de analisar o impacto que poderíamos gerar no rendimento global da planta e

na potência total gerada na operação da usina. Nas Figuras 23 e 24, apresentadas abaixo,

podemos notar os gráficos analisados para cada parâmetro respectivamente.

52

Figura 23 – Gráfico da Pressão na Entrada do Condensador vs. Rendimento

Global da Planta

FONTE: Autor

Figura 24 – Gráfico da Pressão na Entrada do Condensador vs. Potência Elétrica

Gerada

FONTE: Autor

53

Ao analisar os gráficos obtidos, podemos notar que tanto o rendimento global da

planta, quanto a potência elétrica total gerada na operação da usina, sofrem um aumento

significativo ao reduzirmos a pressão abaixo de 0,1 bar, e também podemos notar que a

curva destes parâmetros se torna mais suave a medida que a pressão na entrada do

condensador é aumentada a partir da pressão de 0,8 bar.

Portanto, podemos concluir que a pressão na entrada do condensador com que a

usina tem sido operada traz resultados satisfatórios tanto para a potência total produzida

quanto para o rendimento global, e que uma redução na pressão da entrada do

condensador provoca um aumento no rendimento global da planta e na potência elétrica

gerada.

5.4.3. Pressão de Extração da Turbina de Extração-Condensação

Em seguida, realizamos uma variação da pressão de extração da turbina de

extração-condensação através da análise gráfica, com o objetivo de analisar o impacto

ocasionado no rendimento global da planta, conforme apresentado na Figura 25 abaixo.

Figura 25 – Gráfico da Pressão de Extração na Turbina de Extração-

Condensação vs. Rendimento Global da Planta

FONTE: Autor

54

Ao analisar o gráfico apresentado na Figura 25 podemos notar que diminuindo a

pressão de extração na turbina de extração-condensação, não temos um aumento

expressivo do rendimento global, uma vez que, ao reduzirmos esta pressão até a metade

de seu valor anterior, o rendimento global da planta sofreu somente um aumento de

1,09%, variando de 57,67% para aproximadamente 58,3%.

Em seguida, realizamos uma análise da variação da pressão de extração da

turbina de extração-condensação versus a potência elétrica total gerada na operação da

usina, conforme apresentado no gráfico exposto na Figura 26 abaixo.

Figura 26 – Gráfico da Pressão de Extração na Turbina de Extração-

Condensação vs. Potência Elétrica Gerada

FONTE: Autor

Ao observarmos o gráfico apresentado na Figura 26, podemos notar que

diminuindo a pressão de extração na turbina de extração-condensação, podemos gerar

um aumento expressivo da potência elétrica total gerada já que ao reduzirmos esta

pressão pela metade de seu valor anterior, a potência total gerada sofre um aumento de

quase 15%, que representa a geração de aproximadamente 5.000 kW de energia a mais

do que era gerado anteriormente.

55

Analisando os gráficos apresentados nas Figuras 25 e 26 acima, também

podemos observar que ao reduzir a pressão de extração, a potência elétrica total gerada

sofreu um aumento mais expressivo se comparado ao aumento sofrido pelo rendimento

global da planta. A fim de analisar em detalhes este comportamento, voltamos a janela

“Simulação” e realizamos uma simulação da usina modificando somente a pressão de

extração na turbina de extração-condensação de 2,45 bar para 1,00 bar, como podemos

observar na Figura 26, apresentada abaixo.

Figura 27 – Simulação de Operação da Usina com Redução na Pressão de Extração na

Turbina de Extração-Condensação

FONTE: Autor

56

Na Tabela 10 apresentada abaixo, podemos notar que enquanto a potência total

gerada sofre um aumento de aproximadamente 13%, e o rendimento global sofre um

aumento de 1,0%, a demanda térmica do processo permanece praticamente estável

sofrendo somente um aumento irrisório.

Tabela 10 – Análise da Redução da Pressão de Extração na Turbina de Extração-

Condensação vs. Resultados de Operação da Usina

FONTE: Autor

2,45 (bar) 1,00 (bar) Δ (%)

Rendimento Global (%) 57,6% 58,2% 1,0%

Potência Total Gerada (kW) 33.232 37.636 13,3%

Demanda Térmica do Processo (kW) 78.575 78.695 0,2%

Sendo assim, a partir das análises da variação da pressão de extração da turbina

de extração-condensação, podemos concluir que uma redução desta pressão influi

efetivamente no aumento na potência total gerada, sem resultar em uma redução na

demanda térmica do processo.

5.4.4. Vazão na Turbina de Extração-Condensação

Nesta análise, foi realizada uma variação da vazão de vapor na turbina de

extração-condensação, representada pelo Ponto 2 exibido na Figura 28 abaixo, com o

objetivo de analisar como o rendimento global da planta seria afetado por tais

modificações.

Figura 28 – Turbina de Extração-Condensação

FONTE: Autor

57

Figura 29 – Gráfico da Vazão na Turbina de Extração-Condensação vs. Rendimento

Global da Planta

FONTE: Autor

No gráfico apresentado na Figura 29, podemos notar que ao diminuir a vazão na

turbina de extração-condensação, ocasionamos um grande aumento do rendimento

global, uma vez que, ao reduzirmos esta vazão em 20%, o rendimento global da planta

sofreu um aumento de praticamente 30%, variando de 57,67% para aproximadamente

75%.

Em seguida, realizamos uma análise da variação da vazão na turbina de

extração-condensação versus a potência elétrica total gerada na operação da usina.

Podemos notar, no Figura 30 abaixo, o gráfico plotado para esta análise.

58

Figura 30 – Gráfico da Vazão na Turbina de Extração-Condensação vs. Potência

Elétrica Gerada

FONTE: Autor

Ao analisar o gráfico apresentado na Figura 30, podemos notar que diminuindo a

vazão na turbina de extração-condensação, temos como resultado uma diminuição da

potência elétrica gerada na operação da usina. Quando reduzirmos esta vazão em 20%, a

potência elétrica sofre uma redução de 8%, gerando no total aproximadamente menos

de 3000 kW.

Analisando os gráficos apresentados nas Figuras 29 e 30 acima, podemos

observar que ao diminuir a vazão na turbina de extração-condensação, a potência

elétrica sofreu uma redução, porém o rendimento global da planta teve um aumento

expressivo. A fim de analisar em detalhes este comportamento, voltamos a janela

“Simulação” e realizamos uma simulação da usina modificando a vazão de extração na

turbina de extração-condensação de 125 t/h para 100 t/h, como exibido na Figura 31,

apresentada abaixo.

59

Figura 31 – Simulação de Operação da Usina com Redução na Vazão da Turbina de

Extração-Condensação

FONTE: Autor

Na Tabela 11 apresentada abaixo, podemos notar que enquanto a potência total

gerada sofre uma redução de 9%, a demanda térmica do processo sofreu um aumento

de praticamente 22%, fornecendo ao processo aproximadamente mais 17.000 kW de

energia térmica, e desta forma possibilitando um aumento do rendimento global da

planta de aproximadamente 30%.

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Tabela 11 – Análise da Redução da Vazão na Turbina de Extração-Condensação vs.

Resultados de Operação da Usina

FONTE: Autor

125 (t/h) 100 (t/h) Δ (%)

Rendimento Global (%) 57,6% 74,7% 29,6%

Potência Total Gerada (kW) 33.232 30.249 -9,0%

Demanda Térmica do Processo (kW) 78.575 95.483 21,5%

.

O aumento da demanda térmica do processo se deve pelo fato de reduzirmos a

vazão na turbina de extração-condensação, porém mantemos a vazão de sangramento da

turbina, sendo assim a vazão de fluido do segundo estágio desta turbina é praticamente

nula, ocasionando uma redução na potência elétrica gerada.

Assim sendo, esta configuração de operação da usina é considerada útil em

períodos cuja demanda térmica do processo é alta e em contrapartida não há

necessidade de gerar grande quantidade de potência elétrica, como por exemplo, durante

a época de safra da cana de açúcar.

5.4.5. Vazão de Sangramento da Turbina de Extração-Condensação

Por fim, foi realizada uma variação da vazão de vapor sangrado da turbina de

extração-condensação, com o objetivo de analisar como o rendimento global da planta

seria impactado por tais alterações, conforme apresentado na Figura 32 abaixo.

61

Figura 32 – Gráfico da Vazão de Sangramento na Turbina de Extração-Condensação vs.

Rendimento Global da Planta

FONTE: Autor

No gráfico apresentado na Figura 32, podemos notar que ao diminuir a vazão na

turbina de extração-condensação, ocasionamos uma redução no rendimento global, uma

vez que, ao reduzirmos esta vazão em 50%, o rendimento global da planta sofreu uma

redução de praticamente 65%, variando de 57,67% para aproximadamente 20%.

Em seguida, realizamos uma análise da variação da vazão de sangramento na

turbina de extração-condensação versus a potência elétrica total gerada na operação da

usina. Podemos observar, na Figura 33 abaixo, o gráfico plotado para esta análise.

62

Figura 33 – Gráfico da Vazão de Sangramento na Turbina de Extração-Condensação vs.

Potência Elétrica Gerada

FONTE: Autor

Ao analisar o gráfico apresentado na Figura 33, podemos notar que ao

reduzirmos a vazão de sangramento na turbina de extração-condensação, temos como

resultado um aumente expressivo da potência elétrica gerada na operação da usina,

considerando que ao reduzirmos esta vazão em 50%, esta potência elétrica sofre um

aumento de 18%, gerando no total aproximadamente 7000 kW de excedente de energia

elétrica.

Analisando os gráficos apresentados nas Figuras 32 e 33 acima, podemos

observar que ao reduzir a vazão sangrada na turbina de extração-condensação, a

potência elétrica sofreu um aumento, porém o rendimento global da planta teve uma

forte redução. A fim de analisar em detalhes este comportamento, voltamos a janela

“Simulação” e realizamos uma simulação da usina modificando a vazão de sangramento

na turbina de extração-condensação de 97.1 t/h para 45 t/h, como exibido na Figura 34,

apresentada abaixo.

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Figura 34 – Simulação de Operação da Usina com Redução na Vazão de Sangramento

da Turbina de Extração-Condensação

FONTE: Autor

Na Tabela 12 apresentada abaixo, podemos notar que enquanto a potência total

gerada sofre um aumento de aproximadamente 18%, o rendimento global sofreu uma

grande redução ocasionado pela redução na demanda térmica do processo de

aproximadamente 50%.

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Tabela 12 – Análise da Redução da Vazão de Sangramento da Turbina de Extração-

Condensação vs. Resultados de Operação da Usina

FONTE: Autor

97,1 (t/h) 45 (t/h) Δ (%)

Rendimento Global (%) 57,6% 20,4% -64,7%

Potência Total Gerada (kW) 33.232 39.242 18,1%

Demanda Térmica do Processo (kW) 78.575 40.980 -47,8%

Esta redução se deve ao fato de a vazão sangrada da turbina de extração-

condensação ser direcionada para a unidade de processo, onde sua energia térmica é

extraída, logo ao diminuir a vazão sangrada desta turbina, a quantidade de energia

térmica gerada é reduzida. Além disso, a quantidade restante de fluido não sangrado é

direcionada ao segundo estágio da turbina de extração-condensação, assim

possibilitando a geração de um excedente de energia elétrica através desta turbina.

Logo, a configuração de parâmetros de operação da usina proposta acima se

torna interessante em períodos que a demanda térmica do processo é baixa e podemos

direcionar a operação da usina para a geração de um excedente de energia elétrica a ser

comercializado.

65

6. Conclusões

Este trabalho propõe a simulação e análise através de gráficos da operação da

uma usina sucroalcooleira, com o fim de adequar o funcionamento desta usina aos

possíveis cenários apresentados e analisar como a variação dos parâmetros influi no

desempenho desta usina.

Para a realização deste estudo, foram apresentados os conceitos básicos de

cogeração de energia no setor, bem como os parâmetros mais importantes para a análise

em usinas sucroalcooleiras e foi escolhido um estudo de caso de uma planta

sucroalcooleira do oeste paulista.

Primeiramente foram apresentados conceitos básicos da cogeração de energia no

setor sucroalcooleiro, bem como conceitos termodinâmicos envolvidos no

desenvolvimento deste trabalho. Além disto, foi desenvolvida, através do software

MATLAB, uma ferramenta capaz de realizar a simulação da operação de uma usina.

Por fim, foi realizado um estudo de caso de uma planta de uma usina sucroalcooleira do

oeste paulista.

Foi desenvolvida uma simulação desta usina, utilizando seus parâmetros de

operação. Posteriormente, os resultados obtidos nesta simulação foram comparados com

os dados reais de operação desta usina, a fim de verificar a confiabilidade da simulação

realizada.

Por fim, foi realizada uma análise gráfica através da variação de parâmetros de

funcionamento desta usina como a pressão na saída da caldeira, a pressão na entrada do

condensador e a pressão intermediária de extração, com o objetivo de observar como a

variação destes parâmetros impacta no desempenho da usina. Além disso, foi realizada

uma análise através da variação da vazão na turbina de extração-condensação, e na

vazão de sangramento desta turbina, visando objetivar aumento da potência elétrica

gerada e do rendimento global da planta.

Como resultados, através da variação da vazão na turbina de extração-

condensação, foi alcançado um aumento de 22% na energia térmica entregue ao

processo, bem como aumento de 18% na potência elétrica gerada, se comparado a

configuração original da usina. Além disso, observamos que uma redução na pressão

66

intermediária de extração, se comparado a configuração original da usina, resultaria em

um aumento de aproximadamente 13% da potência elétrica gerada.

Sendo assim, fomos capazes de verificar como a variação dos parâmetros de

operação desta usina pode influenciar no seu desempenho, bem como a importância na

variação da vazão na turbina de extração-condensação para atender as demandas dos

possíveis cenários em que o setor sucroalcooleiro se encontra ao longo do ano.

Como proposta de continuidade deste trabalho, sugiro uma análise do impacto

financeiro causado por estas modificações, a fim de viabilizar não só tecnicamente, mas

também economicamente a aplicação das modificações propostas.

67

7. Bibliografia

MATLAB CENTRAL. Disponível em: <http://www.mathworks.com/>. Acessado em 9

de Março de 2014.

AGÊNCIA EMPRAPA DE INFORMAÇÃO TECNOLÓGICA. Disponível em: <

http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/>. Acessado em 18 de Maio de 2014

CARTA CAPITAL. Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/>. Acessado em

18 de Maio de 2014

MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA. Disponível em: <http://www.mme.gov.br/>.

Acessado em 27 de Abril de 2014

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Expansão. Tese* de M.Sc., UNESP, Ilha Solteira, SP, Brasil.

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Econômica da Integração de Sistemas de Gaseificação da Biomassa em uma

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SÁNCHEZ PRIETO, M.G.S., 2003, Alternativas de Cogeração na Indústria Sucro-

Alcooleira, Estudo de Caso. Tese* de D.Sc, UNICAMP, Campinas, SP, Brasil.

VAN WYLEN, G., SONNTAG, R., BORGNAKKE, C., 2003, Fundamentos da

Termodinâmica Clássica. 6 ed. São Paulo, Editora Edgard Blücher

WALTER, A.C., 1994, Viabilidade e Perspectivas da Cogeração e da Geração

Termelétrica Junto ao Setor Sucro-Alcooleiro. Tese* de D.Sc, UNICAMP,

Campinas,SP, Brasil.

68

8. Apêndice A – Ferramenta Simula_Usina

69