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RETORNO Trabalhadores e empresários unem forças e querem a Samarco de portas abertas A Revista do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Estado do Espírito Santo • Mar/Abr/Mai 2016 • Ano 1 • Nº 3 Revista do Especial Feira Prevenir faz um alerta pela vida Tendência Automação gera mais eficiência na indústria Entrevista Jorge Luiz Ribeiro de Oliveira e o futuro da ArcelorMittal Tubarão

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Revista do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Estado do Espírito Santo

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RETORNOTrabalhadores e empresários unem forças e querem a Samarco de portas abertas

A Revista do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Estado do Espírito Santo • Mar/Abr/Mai 2016 • Ano 1 • Nº 3

Revista do

EspecialFeira Prevenir faz um alerta pela vida

TendênciaAutomação gera mais eficiência na indústria

EntrevistaJorge Luiz Ribeiro de Oliveira e o futuro da ArcelorMittal Tubarão

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4 REVISTA SINDIFER - ES

Editorial

Sul capixaba em suspense

D esde o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, não apenas a Samarco, mas também trabalhadores e empresas do Espírito Santo e de Minas Gerais ligaram o sinal amarelo. A economia do sul capixaba, por exemplo, já está sendo duramente penalizada pela interrupção da produção nas quatro usinas de pelotização da mineradora, localizada em Ubu, Anchieta. Mais de 2,4 mil empregos diretos e indiretos, além das

terceirizadas, estão em risco à medida que a companhia segue com suas portas fechadas. O que esperar dessa situação? Como a região pode voltar a crescer? Confira as respostas nesta edição.

Temas como as perspectivas do setor de aço, o uso da inovação para um bom ambiente de trabalho e as ações da ArcelorMittal Tubarão em um momento complicado da economia brasileira são destaques em um conversa que tivemos com o vice-presidente de Operações da siderúrgica, Jorge Luiz Ribeiro de Oliveira.

Propiciar um ambiente mais seguro deve ser uma prioridade da indústria. Os números elevados de acidentes mostram que ainda temos muito trabalho pela frente, e é preciso conscientizar a juventude, que estará em breve no mercado de trabalho. Pensando nisso, realizamos a segunda edição da Feira de Saúde e Segurança do Trabalho Prevenir. Com o tema “Prevenção integral: valorizando a vida”, o evento contou com a participação de 60 expositores, premiação de escolas que trabalham de acordo com regras de segurança e palestras sobre prevenção de acidentes.

Fundamental para a indústria, a automação significa mais eficiência e melhores resultados. Cientes dessa importância, as empresas ligadas à area metalmecânica vêm buscando intensificar tal processo como diferencial para superar o atual cenário de crise.

Que neste ano de 2016 possamos seguir juntos e ainda mais fortes.

Boa leitura!

Manoel de Souza Pimenta Neto Presidente do Sindifer

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Notícias

5Mar/Abr/Mai • 2016

Presidente do SindiferManoel de Souza Pimenta Neto

DIRETORIAAlfredo FrancoAlexandre Magno Debona ZoppéAntônio Ermelindo Ribeiro Falcão de AlmeidaAntonio PrandoCássio Borges Caldeira - São MateusCatia Cecilia Barros dos Reis - São MateusDaives Carlo de Souza AlvarengaDarcy Rodrigues FilhoEtore Selvatici Calallieri - AracruzEugênio José Faria da FonsecaFausto Frizzera BorgesGilmar José MarchesiGilmar Luis Delatorri Leite - LinharesGuerino Balestrassi - ColatinaHaroldo Olívio Marcellini BassaIana Paula Borgo Souza - São MateusJacqueline Donateli SimõesJonas Altoé - Cachoeiro de ItapemirimJosé Carlos Pompermaier - LinharesJosé Emilio BrandãoLeonardo Jordão Cereza - Cachoeiro de ItapemirimLucio Dalla Bernardina - ColatinaLuis Soares Cordeiro - Aracruz

Luiz Alberto CarvalhoLuiz Henrique Pessanha de Sousa - AracruzMarco Aurélio Claudio dos Santos - Cachoeiro de ItapemirimMario Lucio Longue Mozer - Cachoeiro de ItapemirimMatheus Pêsso da SilveiraMoysés Dutra de Castro - Cachoeiro de ItapemirimPaulo José GaraypRusdelon Rodrigues de PaulaWagner Ribeiro Carlete - Cachoeiro de Itapemirim

EQUIPE

Breno Carneiro de Rezende Brotto(27) 3225-8457 | [email protected] de Cassia Dillem(27) 3225-8457 | [email protected] Aguiar da Silva(27) 3225-8457 | [email protected] Delpupo(28) 3521-4035 | [email protected] Pin(27) 3264-0734 | [email protected] Intra de Oliveira(27) 3314-5909 - Iá!ComunicaçãoDr. Odair Nossa Sant’AnaDr. Fábio Jorge Delatorre Leite(27) 3225-8457 | [email protected]

Diretor: Mário Fernando Souza

Gerente de Produção: Cláudia Luzes

Textos: Fernanda Zandonadi, Gustavo Costa, Nadia Baptista e Roberto Teixeira

Editoração: Michel Sabarense

Apoio: Mara Cimero

Fotografia: Jackson Gonçalves, fotos cedidas, Shutterstock e arquivos da Next Editorial

Copidesque: Márcia Rodrigues

Colaboraram nesta edição: Carlos Pastoriza, Cintia Dias, Durval Vieira de Freitas, Mário Ribeiro e Odair Nossa Sant’ Ana

SEDERua Dr. João Carlos de Souza, 758 - Ed. Cesar Daher Carneiro Santa Luíza - Vitória/ES - Cep: 29045-410 Telefones: 27 3225-8457 | 27 3225-8821 E-mail: [email protected]

LINHARESAv. Filogônio Peixoto, nº 396, Aviso, Linhares/ES – 29901-290Telefone: 27 3264-0734E-mail: [email protected]

CACHOEIRO DE ITAPEMIRIMAv. Domingos Alcino Dadalto, s/n, Monte Cristo, Cachoeiro de Itapemirim/ES - 29312-200Telefone: 28 3521-4035E-mail: [email protected]

Expediente

Contato: Av. Paulino Müller, 795, Jucutuquara – Vitória/ES CEP 29040-715 Telefax: (27) [email protected] www.lineapublicacoes.com.br

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Sumário

CAPA08 Tragédia ambiental

ameaça empregos no Estado

42 Tendência A automação industrial pode ampliar a produtividade de uma empresa, além de reduzir a geração de resíduos e melhorar a eficiência ambiental. Saiba como um bom investimento nessa frente pode resultar em bons negócios e mais competitividade.

Com o rompimento da barragem da Samarco em Mariana, Minas Gerais, a economia da região sul capixaba passa por um momento de incertezas. A interrupção da produção em quatro usinas em Anchieta obrigou a empresa a suspender contratos, e mais de 2,4 mil empregos diretos e indiretos estão ameaçados.

Fornecedor, desenvolva-se! O marketing

como aliado

Liderança situacional – novos desafios requerem novas respostas

Os desafios estão colocados!

Durval Vieirade Freitas Cintia Dias

Mário Ribeiro Carlos Pastoriza

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Jorge Luiz RibeiroO vice-presidente de Operações da ArcelorMittal Tubarão, Jorge Luiz Ribeiro de Oliveira, fala sobre o futuro da indústria, as expectativas para o mercado, a importância da inovação para um bom ambiente de trabalho e os planos da empresa para se manter na liderança no setor siderúrgico.

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6 Prevenção faz a diferença na indústriaCom o tema “Prevenção integral: valorizando a vida”, a segunda edição da Feira de Saúde e Segurança do Trabalho Prevenir foi visitada por 7 mil pessoas. Veja os detalhes do evento, que apresentou produtos e serviços ligados ao combate a ocorrência de acidentes.

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EconomiaEconomia

O retornoda Samarco

Por Fernanda Zandonadi

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Mais de 2,4 mil empregos diretos e indiretos, além de uma ampla cadeia de fornecedores e terceirizados, sofrem com as portas da Samarco fechadas

O s prejuízos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, pertencente à Samarco em Mariana, Minas Gerais,

vão muito além dos danos imediatos ao meio ambiente e das mortes dos moradores do distrito de Bento Rodrigues. A economia da região sul do Espírito Santo também sofre os impactos da tragédia. Com a interrupção da produção nas quatro usinas de pelotização da mineradora em Ubu, no município de Anchieta, foram suspensos temporariamente os contratos dos 1.282 profissionais, com acordo de manutenção dos empregos até o dia 25 de abril deste ano. Depois, não se sabe.

Para se ter ideia da dimensão das perdas com a paralisação das atividades, 23% dos forne-cedores do sul capixaba têm a Samarco como principal (às vezes, única) cliente. São empresá-rios que se veem obrigados a demitir e reduzir custos em um momento em que a economia do país já não vai bem. A extensão dos baques não se resume a Anchieta, onde há 90 fornecedores ligados à empresa, mas alcança toda a região.

Além das 1.282 vagas diretas, a mineradora era responsável por outras 1,2 mil indiretas. E, só no segmento metalmecânico, 5,9 mil fun-cionários de terceirizadas, em especial fornece-doras de calcário, podem perder seus empregos se a indústria não reabrir as portas. Todos es-ses trabalhadores e empreendedores dependem dela para sobreviver.

A solução é urgente. Já a partir de março, cer-ca de 800 funcionários serão cortadas de 20 em-presas, boa parte delas instalada no município da Serra. São trabalhadores do setor de manutenção da mineradora, que operam como mecânicos, caldeireiros e eletricistas.

A história tende a tomar contornos ainda mais graves. Somado, o faturamento de fornecedo-res locais e terceirizados chega a R$ 973,8 mi-lhões ao ano, dinheiro que circula na economia capixaba, pois gira não apenas em Anchieta, mas também em todos os municípios do Estado. A queda não se limita a um único mercado. Se a indústria não produz, todos que dependem da movimentação do dinheiro que vem da Samarco também sofrem: hotéis e comércio fecham as portas, restaurantes param de vender, táxis fi-cam parados, aluguéis despencam. É uma reação

“Há uma gigantesca cadeia em volta da empresa, e isso vai muito além dos 2,4 mil empregos diretos eindiretos” Manoel de Souza Pimenta, presidente do Sindifer

em cadeia que pode levar toda a economia da região, antes próspera, ao colapso.

Em Anchieta, o impacto imediato ocorre na contribuição para o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN). Apenas desde no-vembro, a cidade capixaba amargou redução de cerca de R$ 2 milhões por mês na arrecadação desse tributo. Para 2017, a turbulência já será sentida também na participação do município na quota-parte que recebe do Governo Estadual so-bre o recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

TUDO PARADOA paralisação dos trabalhos aconteceu após

o desastre em Mariana, em 5 de novembro do ano passado. Foram suspensas as operações no Complexo de Alegria, do qual faz parte a mina de Germano, de onde saía o minério que seguia por meio de dutos até as quatro pelotizadoras, no litoral sul do Espírito Santo. Ainda em novem-bro, o Governo de Minas Gerais embargou os trabalhos em Germano, impedindo a empresa de extrair ou processar minério de ferro no local. A proibição afetou diretamente os trabalhos na planta de Ubu, que dependem da matéria-prima para funcionar.

Manoel de Souza Pimenta, presidente do Sin-dicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material

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Economia

Elétrico do Espírito Santo (Sindifer), mostra pessimismo, caso a Samarco permaneça de portas fechadas. “Teremos um caos social na região sul do Espírito Santo se a empresa não retor-nar aos trabalhos em breve. Quem convive com o comércio sabe que o impacto já teve início, e é grande.”

O dirigente não exime de responsabilidade a minera-dora, ao contrário; ele enfatiza que todos devem cobrar e trabalhar pela recuperação ambiental da área afetada pela barragem rompida e também do Rio Doce, que recebeu uma imensa carga de lama. Defende ainda a necessidade de apoio às famílias das vítimas e daqueles que perde-ram as casas, terras e meios de sobrevivência. No entanto, ele questiona a paralisação da fábrica e todas as conse-quências disso não só para Anchieta, mas também para toda a economia do Estado.

“Precisamos estar atentos para que o problema não atinja ainda mais trabalhadores e pessoas que dependem da ope-ração da fábrica para sobreviver. Há uma gigantesca cadeia produtiva em torno da empresa, e isso vai muito além dos 2,4 mil empregos diretos e indiretos. As portas fechadas de-sencadeiam consequências desastrosas para vários setores da economia capixaba”, avalia o presidente do Sindifer.

De acordo com o prefeito de Anchieta, Marcus Assad, o impacto local é avassalador, e ainda existe aquele gera-do pela frenagem na economia de toda a região, abran-gendo também cidades como Guarapari, Piúma, Cachoeiro e Alfredo Chaves, por exemplo. Atividades como a pres-tação de serviços ao setor industrial, que dão suporte às

Confira os dados de produção e empregos da Samarco, os for-necedores locais e o que a empresa representa para Anchieta

AnchietaTem população estimada em 26,6 mil pessoas, o que significa apenas 0,7% do total de habitantes do Espírito Santo. A cidade respondeu, mesmo assim, por 3,5% das riquezas produzidas no Estado, ou R$ 4 bilhões. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita também é elevado, de R$ 153,7 mil ao ano, na compara-ção com a média estadual, que é de R$ 30,4 mil. Todos os números são do Instituto Brasileiro de Geogra-fia e Estatística (IBGE) e referentes ao ano de 2013.

A Samarco• Produção de minério de ferro (2014):

25 milhões de toneladas• Receita Operacional Líquida (2014): R$ 7,5 bilhões,

a segunda maior do Espírito Santo• Patrimônio Líquido (2014): R$ 4,3 bilhões,

o maior do Espírito Santo• Lucro Líquido (2014): R$ 2,8 bilhões, o maior

do Espírito Santo• Número de empregados diretos no Estado (2014): 1.282• Numero de empregados terceirizados: aproximada-

mente 1.200 • Número de empregos indiretos no Estado (2014): 12.179• Investimentos (2014): R$ 629 milhões• Compras locais totais (2011-2014): R$ 3,8 bilhões

Fornecedores locaisPara dar uma ideia da dimensão das perdas com a sus-pensão das operações, 23% dos fornecedores da região sul do Espírito Santo têm a Samarco como cliente.Os prejuízos não se resumem a Anchieta, que tem 90 fornecedores ligados à empresa, mas também atin-gem toda a região. São 358 fornecedores dependentes dos trabalhos da mineradora, que empregam 5.970 pessoas e têm um faturamento de R$ 973,8 milhões por ano. Esses números são de 2011.

O setor mais dependente da planta de Anchieta, e que é mais afetado pela paralisação das atividades, é o comércio, seguido de serviços, fabricação e montagem, construção civil e engenharia e projetos.

O QUE ESTÁ EM JOGO

“Sabemos que a Samarco tem compromissos e responsabilidadessociais e ambientais que precisam ser assumidos e cumpridos, mas para Anchieta, é de fundamental importância o retorno da empresa ao funcionamento” - Marcus Assad, prefeito de Anchieta

Fonte: IJSN, IEL e DFV Consultoria

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operações e à manutenção da planta, também sofrem. “Sabemos que a Samarco tem compromissos e responsabi-lidades sociais e ambientais que precisam ser assumidos e cumpridos, mas para Anchieta, é de fundamental importân-cia o retorno da empresa ao funcionamento.”

PRESTADORES DE SERVIÇOOs prestadores de serviços foram atingidos em cheio:

já tiveram contratos suspensos e aguardam o reinício das atividades da indústria, na esperança de manter os negó-cios funcionando. Para dar ideia da dimensão do problema, somente uma das empresas de serviços de manutenção in-dustrial que teve a parceria encerrada com a Samarco já demitiu 58 trabalhadores. Outra companhia, de tecnologia, com um contrato suspenso e outro terminado no final do ano passado, já contabiliza 67 demissões. Uma terceira parceira, de manutenção industrial, também passa por dificuldades em razão dos acordos extintos, da suspensão dos traba-lhos e da falta de expectativa para os próximos meses; nela, já ocorreram 50 cortes.

O diretor da Conami Manutenção Industrial, fornecedora de serviços para a Samarco, Antonio Prando, aponta que a paralisação da indústria já se refletiu em uma redução de 60% nas atividades de seu empreendimento, o que cul-minou na saída de 60 dos 100 empregados do grupo que atuavam em Ubu. “Hoje temos 40 empregados porque es-tamos atuando em outros contratos, com outros clientes. Mas nossa previsão é baixar ainda mais o quadro, em função da falta de atividades.”

Prando conta que o momento é difícil para empresários e trabalhadores e que a única esperança de sobrevivência é o retorno dos trabalhos. “Acreditamos muito na Samarco e precisamos muito da retomada das operações. Quanto mais o tempo passa, pior fica a situação das fornecedoras, dos empresários e das famílias que dependem daquela atividade para sobreviver. É uma situação difícil”, lamenta.

Com o desemprego crescendo em um cenário nacional que já não é dos melhores, a solução pede urgência, segundo Ma-noel Pimenta. “Os terceirizados estão sendo desligados, em-presas do setor metalmecânico já estão se desmobilizando. É um momento penoso para todos os trabalhadores. Muitas famílias ficarão sem renda, e as cidades vão per-der muito. Não apenas Anchieta ou Mariana, mas todos nas áreas afetadas. A Samarco precisa funcionar, tem que ven-der para arcar com os custos. Deveriam mapear os danos e liberar a planta para produzir. Minha preocupação é a em-presa ficar e os empregos ficarem esquecidos, e até mesmo a indústria não se interessar mais em retomar as atividades. É contra isso que estamos lutando. Fechar a empresa é am-pliar a tragédia, que já é gigantesca”, acrescenta.

A cidade também já exibe sinais de arrefecimento. A redu-ção da capacidade de investimento se reflete principalmente nas obras de insfraestrutura, essenciais para manter a quali-dade de vida da população. “A diminuição de receitas corren-tes impacta também o custeio do setor público municipal em todas as áreas, por isso é necessário ter cautela redobrada. Um exemplo de projeto adiado é a implantação da Cidade Digital, que levaria a internet gratuita a todas as comunida-des rurais, interligando em rede escolas, postos de saúde e demais serviços públicos municipais”, explica o prefeito de Anchieta, Marcus Assad.

O SOFRIMENTO DE MARIANAMariana, cidade mineira que foi palco do rompimento da

barragem da Samarco, também amarga perdas que ultra-passam os efeitos imediatos da tragédia. Em entrevista à Agência Estado, o prefeito, Duarte Júnior, contou que empreiteiras que prestavam serviços à mineradora recor-reram à demissão de funcionários. Para dar uma ideia do tamanho da crise, o município tem, hoje, 59 mil moradores, e há cerca de 3 mil sem trabalho. Antes do acidente, a média do desemprego no local era de 300 pessoas. Além do fecha-mento das minas, Mariana ainda sofre com a queda no turismo. A cidade colonial, fundada em 1771, vem vivendo a diminuição do fluxo de visitantes.

Duarte Jr. vê um ano difícil pela frente, já que a arrecadação também sofreu um baque, e a previsão é de que se reduza pela metade, para R$ 15 milhões em 2016. “O jeito é cortar na car-ne. Agora, não tem como ajustar a conta sem ter prejuízo para o cidadão”, disse o prefeito à publicação paulista.

Uma das alternativas encontradas pelo poder público é a reivindicação da volta de pagamentos à cidade da Compen-sação Financeira sobre a Exploração de Minério (CFEM).

“Hoje temos 40 empregados porque estamos atuando em outros contratos, com outros clientes. Mas nossa previsão é reduzir ainda mais o quadro, em função da falta de atividade”Antonio Prando, diretor da Conami Manutenção Industrial,empresa fornecedora de serviços para a Samarco

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Economia

O imposto deixou de ser recolhido desde a interrupção da extração do produto pela Samarco, em novembro passado.

“Deixamos de recolher cerca de R$ 4 milhões por mês. A arrecadação caiu de R$ 19 milhões para R$ 15 milhões. Está difícil. Quando assumi a prefeitura, era de R$ 27 milhões, mas o preço do minério despencou no mercado internacional (a tonelada recuou de US$ 130 para US$ 40), e nossa arrecadação foi para R$19 milhões. Com a perda da CFEM paga pela Samarco, reduziu-se para R$ 15 milhões”, lamentou o prefeito em reportagem do jor-nal Estado de Minas, publicada no final de janeiro.

GESTORES NA BERLINDAA situação da Samarco ganhou novos e dramáticos

contornos em 23 de fevereiro. A Polícia Civil de Minas Gerais indiciou e pediu a prisão preventiva de sete gestores da empresa, entre os quais o ex-presidente Ricardo Vescovi. Além dele, foram indiciados outros cinco funcionários: Kléber Terra, diretor-geral de Operações; Germano Lopes, gerente-geral de Projetos; Wagner Alves, gerente de Operações; Wanderson Silvério, coordenador técnico de Planejamento e Monitoramento; e Daviely Rodrigues, gerente. A sétima pessoa é Samuel Paes Lourdes, engenheiro da VogBR, que prestava consultoria para a mineradora e é responsável pelo laudo que atestou a estabilidade da barragem.

De acordo com a Polícia Civil, que não descarta novos pedidos de prisão, os indiciamentos são por homicídio qualificado, o que pode gerar penas que variam de 12 a 30 anos de cadeia para cada uma das 19 mortes. Os sete ainda responderão por mais dois crimes: por poluir água potável, estão sujeitos a pegar entre três e seis anos de prisão, além de multa; e por causar inundação com dolo eventual – o que acontece quando não há intenção, mas se

assume o risco –, podem somar mais uma pena de dois a cinco anos de cadeia.

O QUE DIZ A EMPRESAEm nota, a Samarco informou que seus esforços estão con-

centrados nas ações de mitigação do acidente. “Entretanto, a retomada dos negócios é essencial para que possa voltar a produzir e, assim, cumprir com todas as suas obrigações perante a sociedade. Como associada do Sindifer, a Samar-co quer continuar a contribuir para o desenvolvimento so-cioeconômico do Espírito Santo. Todavia, neste momento, a empresa está empenhada na elaboração do acordo com os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, a Advocacia-Geral da União e outros órgãos, por entender que é a solução que permitirá a mitigação de consequências de forma mais célere e ágil, atendendo às demandas de todos os envolvidos.”

A companhia ressaltou ainda que seus esforços estão di-recionados para a reparação, a mitigação e a compensação dos danos socioeconômicos e ambientais, presentes e futu-ros decorrentes do rompimento e que “quaisquer projetos de retorno à operação estão atrelados à definição, à aprova-ção e à execução de planos que visam ao cumprimento de medidas reparadoras e de compensação, que são impres-cindíveis à licença social concedida pela própria sociedade”.

Sobre as ações de apoio às comunidades do entorno, a nota esclarece que “a Samarco tem uma relação de convi-vência muito próxima com as comunidades vizinhas às suas unidades, estabelecida por meio do diálogo permanente ao longo dos anos. Essa relação se traduziu em confiança, que a empresa visa a manter e aprimorar. A Samarco segue as suas políticas de diálogo social, escuta das percepções das comuni-dades, fortalecimento da cadeia de fornecedores locais e de contratação da mão de obra próxima às suas operações”.

Com a interrupção da produção nas quatro usinas de pelotizaçãoda mineradora em Ubu, no município de Anchieta, a Samarco suspendeu temporariamente os contratos dos 1.282 empregados

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Artigo

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Liderança situacional – novos desafios requerem novas respostas

Mário Ribeiro é especialista emComportamento Humano nas Organizações

E m liderança, os desafios de hoje não podem ser vencidos com as respostas e as soluções de ontem. Um novo cenário se descortinou

para nossa geração de líderes, trazendo desafios que a maior parte deles não está preparada para responder, pois não teve acesso às respostas – mesmo porque tais mudanças ocorreram muito rapidamente, sem que fossem percebidas pelas organizações e por suas lideranças.

Levando em conta o princípio defensor de que as pessoas produzem resultados de acordo com os conhe-cimentos e capacidades atuais, concluímos que, para superar os desafios apresentados no novo cenário, os gestores de hoje necessitam ampliar seus conheci-mentos e suas capacidades para além do que sabem e são capazes de realizar. Insistir em responder como no passado aos desafios do presente produzirá resultados ineficazes para atender às novas demandas, reforçando assim os problemas do presente.

Obedecendo ao processo natural da evolução contínua, as mudanças são de fato a única constância em qualquer estrutura do universo. Esse é um pressu-posto que afeta também as organizações e uma realidade à qual as empresas se veem obrigadas a se adaptar como condição de permanência no mercado. Junto com as transformações, vieram alguns desafios a serem superados pelos líderes de hoje.

O desafio de reter talentos. As organizações vivenciam um momento em que reter talentos tem sido um desafio primordial, pois disso depende o atingimento de resultados quantitativos e quali-tativos. Realizar metas desafiadoras só é factível

por meio do envolvimento de pessoas talentosas. Ser uma empresa de vanguarda e inovadora em um mercado altamente competitivo é vital e dependerá essencialmente de identificar e manter um time de colaboradores talentosos – para o que não basta apenas contratar assertivamente e planejar um programa de treinamento e desenvolvimento; tais iniciativas devem ser acompanhadas de um plano de retenção de talentos. Manter as pessoas “certas” envolve um processo de construção de relacionamento de confiança que parte da empresa em direção ao colaborador. As organi-zações necessitam desenvolver meios para fidelizar seus talentos internos, assim como fazem com seus clientes, e as pessoas “certas” são aquelas que oferecem mais que simples “mão de obra”: criatividade e paixão estão presentes em tudo que fazem. Ao descobrir esse perfil de colaborador, será desafio do líder retê-lo.

O desafio de inspirar pessoas. Controlar pessoas como controlamos processos já não é uma atitude compatível na atualidade. O “emblema” de gerente tem ficado estritamente relacionado a Produtos e Processos, enquanto Pessoas passaram a exigir algo além de “gerenciamento”. Podemos classificar esse “algo” como sendo “inspiração”, “propósito”, “sentido” e outras razões relacionadas a estas para fazer com que elas se sintam responsáveis ou comprometidas com as metas das organizações em que estão inseridas. Literalmente, inspirar significa “fazer nascer o entusiasmo criador”. Logo, inspirar pessoas é levá-las a enxergar com paixão o que fazem, a encarar suas atividades como parte de algo com propósito e que irá corroborar a realização

“Os problemas de hoje vêm das soluções de ontem.” - Peter Senge

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“Os atuais desafios do líder não podem ser vencidos com as respostas e soluções do passado” Mário Ribeiro

das suas aspirações pessoais. Inspirar é o mesmo que dar motivo, razão, propósito perceptível para fazer algo que está além de si mesmo. Isso vai muito além de influenciar pessoas, pois quando eu influencio alguém o motivo de suas ações estará baseado nas minhas razões, enquanto inspirar é fazer com que elas se movam em função de suas próprias razões. Tem relação com seu propósito pessoal, o que estimula padrões de comportamentos mais duradouros. Inspirar pessoas é um novo desafio para o líder.

O desafio de entender pessoas. Não existe mais espaço para gestores sem habilidades no campo das inteligências emocionais e comportamentais, que possuem apenas capacidades técnicas/gerenciais para conduzir processos. Por uma simples razão: entende-se que as habilidades comportamentais do líder são o firme pavimento do caminho pelo qual ele trilha em direção ao sucesso na condução de pessoas e organizações aos resultados pretendidos. Conduzir equipes sem entender sobre pessoas é semelhante a comandar uma aeronave ao seu destino sem ter as habilidades que o tornem proficiente em pilotar. O líder da atualidade carece de ter amplo conhecimento sobre a estrutura do comportamento humano e como lidar com isso. Não que tenha que ser especialista em comportamento humano, mas sem saber como as pessoas “funcionam” será bem mais difícil obter os resultados pretendidos. Liderar com base no conhecimento sobre comportamento humano coloca o gestor na van guarda no campo da condução das equipes autogerenciáveis, esse quesito tornou-se desafio básico para o Líder hoje.

O desafio do permanente desenvolvimento. É certo que a diferença entre o excelente e o bom lenhador não está na velocidade e na força com que cortam a árvore para fazer a lenha, mas sim no tempo e na periodicidade que utiliza para afiar o machado. O líder que obtém melhor resultado é o que se prepara para produzi-lo. Muito se exige das pessoas que estão desempenhando o papel de liderança; entretanto, poucos são os recursos disponibilizados para que elas possam atender às demandas exigidas. Faz-se necessário treinar as habilidades dos que lideram, assim como torná-los capazes de desempenhar seus papéis nos cenários onde estão atuando. E a melhor forma de fazer isso é rever sua agenda de priori-dades. Olhe lá! Se entre elas não estiver elencada a de autodesenvolvimento, buscar conhecimento, treinar suas habilidades, você estará no grupo de risco dos que entrarão na estatística de líderes que não deram certo, ou daqueles que sofrem a

profunda frustração de não sair do círculo vicioso do “quase cheguei lá”. “Quase lá”, mas nunca lá, pois não teve competência para chegar aonde desejou – e se, por sorte, “chegar lá”, não irá se manter, pois não terá estrutura para sustentar o êxito e sofrerá da síndrome do “fracasso do sucesso”.

Para grande parte dos gestores hoje, esses são novos desafios, que exigem respostas e atitudes novas. A nossa mentalidade precisa ser transformada pela renovação de nossas mentes, pois somente assim poderemos ter uma nova experiência ao atuar em um novo papel em um cenário desafiador que já se descortinou, no qual os nossos liderados não são meros coadjuvantes, mas protagonistas junto conosco.

Diante disso, constituem-se desafios desenvolver uma liderança treinadora, que planta competência e desenvolve pessoas; uma liderança servidora, em que servimos as pessoas com nossas compe-tências; uma liderança gestora, para fazer gestão de equipes; e, por fim, uma liderança realizadora, que transforma planejamento em resultados.

UMA NOVA ATITUDENão basta saber que em grande parte as mudanças

de realidade já ocorreram e mais ainda está por vir, pois estamos cientes de que o mapa antigo que usávamos para chegar aonde queríamos já não tem mais utilidade, porque o território não é mais o mesmo. Insistir em continuar usando-o apenas nos afastará do lugar para aonde devemos, como líderes, conduzir pessoas e organizações.

Pense a respeito disso e prepare-se com novas respostas para os seus novos desafios, dessa forma garantirá uma grande parcela de seu sucesso em deixar um legado de liderança Inspirador para os que vieram depois de você.

Mário Ribeiro é idealizador do Leader Day, Dia Mundial do Vendedor e do Academy Leadership – escola onde se desenvolvem as Sete Disciplinas da Liderança de Alta Performance (leaderday.com.br) [email protected]

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Especial

16 REVISTA SINDIFER - ES

Especial

Valorização da vida é tema da 2ª Prevenir Feira de Saúde e Segurança do Trabalho recebe 7 mil visitantes

Por Gustavo Costa

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C iente da necessidade de buscar um ambiente com cada vez mais proteção, o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas

e de Material Elétrico do Espírito Santo (Sindifer) realizou, entre 6 e 8 de outubro, no Carapina Centro de Eventos, na Serra, a segunda edição da Feira de Saúde e Segurança do Trabalho Prevenir. Com o tema “Prevenção integral: valorizando a vida”, o encontro foi o cenário perfeito para que 60 exposi-tores pudessem mostrar seus produtos e serviços aos cerca de 7 mil visitantes e contou com iniciativas que foram de premiação de escolas que atuam de acordo com regras de segurança a palestras sobre prevenção de acidentes e aperfeiçoamento de processos para esse fim.

Para Manoel Pimenta, presidente do Sindifer, o evento cumpriu mais uma vez o seu objetivo de levantar o debate sobre a importância de se buscar medidas que visam à saúde e à segurança no espaço laboral. “Em sua segunda edição, a feira começa a consolidar seu caráter educacional. A nossa intenção é formar os futuros profissionais da indústria com a consciência da segurança no trabalho. Temos ainda elevados índices de acidentes e precisamos trabalhar essa juventude, que estará em breve no mercado de trabalho. É um grande desafio para o Espírito Santo e para todo o Brasil”, falou.

As empresas participantes puderam apresentar equipamentos modernos, práticas eficazes e muito conteúdo voltado para as áreas em foco no evento.

Um exemplo foi o estande que reuniu ArcelorMittal Tubarão e ArcelorMittal Cariacica. Foi montado no espaço um “cinema” com sessões a cada 10 minutos que fizeram muito sucesso na ocasião. Os dois vídeos em exibição mostravam a história do aço e o compromisso com a segurança nas atividades da ArcelorMittal Tubarão. Para Marcos Fernandes dos Santos, gerente de Saúde e Segurança da companhia, os resultados têm sido um destaque da Prevenir desde a primeira edição. “A ideia era participarmos a cada dois anos da feira, mas o resultado observado no ano passado foi tão positivo que resolvemos participar todos os anos. A Prevenir aborda um tema muito importante. Os acidentes de trabalho têm um custo muito alto, e devemos, não apenas nas grandes empresas, mas também na sociedade como

“A nossa intenção é formar os futuros profissionais da indústria com a consciência da segurança no trabalho”Manoel Pimenta, presidente do Sindifer

Novas gerações: alunosde várias escolasmovimentaram a Prevenir

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Especial

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Especial

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Palestras ficaram lotadasdurante todo o evento

Estande da ArcelorMittal contou até com “cinema”, exibindo sessões a cada 10 minutos

um todo, semear a cultura da prevenção. Ao trabalharmos essa cultura, automaticamente conseguimos ter resultados mais assertivos. Nesse tipo de evento, as empresas podem expor equipamentos de proteção individual (EPIs) e boas práticas, e alunos podem apresentar ideias interessantes. É um ganho enorme para todos. Se começarmos a trabalhar a prevenção de acidentes com esse público mais jovem, que ainda está na escola, teremos muitos bons frutos. É o primeiro ano que estamos juntos com os colegas da ArcelorMittal Cariacica, e essa integração será vista nos próximos eventos, mostrando a sinergia dentro do Grupo”, ressaltou ele.

Outra empresa que marcou presença foi a Sistermi Locação de Máquinas e Equipamentos. Segundo a assis-tente comercial Rafaella Martins, o teste de perguntas e respostas promovido durante a feira foi muito procurado por estudantes. “A ideia era conferir como está o conhecimento dos jovens sobre saúde e segurança. Muitos alunos e profes-sores participaram e responderam. Foi algo muito positivo. Também fizemos uma demonstração interessante com nosso guindaste LTM 1070, que tem capacidade nominal de 70 toneladas. É um equipamento de ponta. O operador consegue trabalhar com ele à distância, por meio de Bluetooth. Isso dá mais segurança e visibilidade para o operador, e os riscos de qualquer acidente se reduzem muito. É uma tecnologia que os clientes já estão exigindo na hora da contratação, e a Sistermi fez questão de trazer para a feira”, explicou ela.

PALESTRAS, PARCERIAS E IDEIAS PREMIADASCom especialistas em diversas áreas, a Prevenir dispo-

nibilizou palestras concorridas, que foram de “Direitos e ações do empregador” e “Segurança na construção naval” a “Impacto dos acidentes de trabalho nos negócios”, passando por “Qualidade de vida”, “Contribuição da área de Comunicação na prevenção de acidentes” e “O hábito do comportamento seguro: escolhas e atitudes”. “As palestras ficaram lotadas, o que nos deixou muito orgulhosos. Os profissionais da indústria e as pessoas de forma geral estão buscando se informar melhor sobre os temas, e isso faz toda a diferença para reduzirmos acidentes de trabalho”, comemorou Manoel Pimenta.

A Prevenir também foi palco de parcerias importantes na indústria capixaba. “Tivemos a assinatura de um compromisso entre três das maiores empresas atuantes no Estado, Vale, ArcelorMittal e Samarco, de compartilhar os documentos de

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saúde. Hoje, o trabalhador que faz um exame para prestar serviço dentro da Vale precisa repeti-lo se quiser atuar na Samarco. Com esse convênio, o mesmo exame será comparti-lhado pelas três empresas. Assim, controlaremos melhor a saúde do profissional, reduziremos custos e evitaremos retrabalho”, disse o presidente do Sindifer.

Outro destaque ficou por conta do Projeto Amadurecer: Escola Segura, que premiou escolas e estudantes dos ensinos médio e fundamental que trabalham a cultura da segurança nas suas atividades. Foram avaliadas práticas pedagógicas e de liderança, proteção individual e coletiva, gestão da prevenção de acidentes e condições físicas e estruturais. Em um grupo de 20 entidades, receberam troféus a Escola Estadual Clóvis Borges Miguel, na Serra; a Ewerton Montenegro Guimarães, localizada em Viana; e a Almirante Barroso, em Vitória. Na primeira, foram entregues placas aos alunos Rafael de Oliveira Reis e Stefany Pereira da Silva. Na segunda, os agraciados foram Admilson José de Miranda Junior e Karina Rodrigues Rocha. Já na terceira receberam as placas os estudantes Péricles Vinicius Rossi e Jeniffer Locatelli Sant’ Anna. Além disso, as escolas Arnulpho Mattos e Maria Ortiz, em Vitória, foram contempladas com placas para o trabalho Outdoor, que consiste em um painel confeccionado pelas escolas da rede pública de ensino no qual abordam os temas de saúde e segurança no trabalho. Já o vigilante Benedito Ferreira, que trabalha na Escola Assisolina Assis Andrade, em Vila Velha, e está se formando em Pedagogia, emocionou o público com a sua história de superação e recebeu uma placa de Menção Honrosa.

A diretora Salete Maria Hespanha, da Escola Clóvis Borges Miguel, observa que, além da parte pedagógica, é preciso zelar pelo bem-estar dos alunos. “Nossa escola trabalha muito isso

e começa desde o uniforme. Os alunos usam sempre tênis e calças jeans e sabem a importância disso para a segurança deles. Eles recebem todas as orientações necessárias para evitar acidentes desde o primeiro dia de aula. E hoje, com essa premiação, temos a prova de que estamos no caminho certo”, frisou.

Coordenado pelo analista de Segurança do Trabalho na Vale, Eliomar Carvalho, o Escola Segura tem mobilizado as instituições. “O grande objetivo desse projeto é despertar a consciência da importância da prevenção de acidentes e trabalhar no processo de formação do aluno. Atualmente, quando os jovens chegam à fase adulta e começam a trabalhar em uma indústria, mesmo treinados e capacitados, não têm dentro de si aquele valor importante da prevenção, do uso dos equipamentos, de utilizar o corrimão ao descer uma escada, por exemplo. Isso acontecia por não se transmitir para eles

Premiados do ProjetoAmadurecer: Escola Segura

Placas para o trabalho Outdoor: Escola Arnulpho Mattos e Escola Maria Ortiz

Placa de Menção Honrosa: Benedito Ferreira

PRÊMIO “PROJETOAMADURECER: ESCOLA SEGURA ”

Escola Alunos

Clóvis Borges Rafael de Oliveira Reis e Stefany Pereira da Silva

Ewerton Montenegro Guimarães

Admilson José de Miranda Junior e Karina Rodrigues Rocha

Almirante Barroso Péricles Vinicius Rossi e Jeniffer Locatelli Sant’ Anna

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Especial

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desde cedo a necessidade de um ambiente seguro. E agora, quando começamos a trabalhar a prevenção nas escolas, inserimos essa ideia no processo de formação desse aluno. Quando ele se formar engenheiro, médico, advogado ou funcio-nário de uma empresa, sempre irá valorizar e replicar iniciativas voltadas para a segurança”.

A Prevenir é organizada pela empresa Dupla Produções em parceria com a Studio Brasil, tem correalização do Sistema Findes e do Sebrae e patrocínio de ArcelorMittal Tubarão,

Samarco e Vale, além de contar com um grupo técnico formado por Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo, Petrobras, Engelmig, Fibria e EDP Escelsa.

Para os trabalhadores da indústria, sejam os do presente ou os do futuro, a feira vem fazendo a diferença. Com essa iniciativa, o Sindifer e as empresas apoiadoras fazem a sua parte para que, cada vez mais, as placas de “XXX Dias sem Acidentes” quebrem recordes na indústria e promovam uma sociedade com mais qualidade de vida.

Aprendizado e experiênciana Feira Prevenir

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Registro

Fornecedoras são certificadas pelo Prodfor D estaque nacional e inspiração para iniciativas

executadas em vários estados, o Programa Integrado de Desenvolvimento e Qualificação

de Fornecedores (Prodfor) promoveu, no dia 17 de dezembro, no MS Buffet, em Vitória, mais um importante momento. Um grupo formado por 28 empresas capixabas foi certificado, sendo 23 no Sistema de Gestão da Qualidade em Fornecimento (SGQF, certificação considerada fundamental para participar do Programa), três em Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional (SGSS) e outras duas em Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Com as certificações, essas organizações ganham ainda mais destaque no mercado.

Criado em 1997, o Prodfor promove a capacitação dos fornecedores locais, por meio de consultoria, cursos e eventos ao longo de 12 meses. A qualificação é realizada de maneira individual, por meio de auditorias periódicas, responsáveis por analisar se a fornecedora atende aos requisitos estabelecidos nas normas nacionais (ABNT) e internacionais (ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS 18001) e busca a melhoria contínua dos seus processos.

Somente após aprovada, a empresa recebe seu certifi-cado de fornecedora qualificada, que possui validade de dois anos. Participam do Prodfor, como mantenedoras,

Vitrine para o mercado:Prodfor qualifica e desenvolvefornecedores desde 1997

Ragato Ar Condicionado SGQF

GMX Metalmecânica SGQF

Eletromarquez SGSS

Grupo Frame SGQF

Imantec Instalações e Manutenções Elétricas SGQF

MI Calderaria SGQF

Pred Engenharia SGSS

EMPRESAS ASSOCIADAS AO SINDIFER CERTIFICADAS NO PRODFOR EM 2015

ArcelorMittal, Canexus, Chocolates Garoto, Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan), Fibria, Espírito Santo Centrais Elétricas (EDP Escelsa), Petrobras, Samarco Mineração, Technip e Vale. O apoio e a coordenação técnica são exercidos pela Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes), por intermédio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL).

Fonte: Prodfor

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Para o coordenador executivo do Programa, Luciano Raizer, o empenho das fornecedoras durante o ano foi marcante. “Tivemos este ano cinco fornecedores nota 10. E não estamos falando de uma nota 10, estamos falan-do de média 10, em todas as auditorias. E um desem-penho diferenciado de todo o grupo de fornecedores. Resultado excelente!”, comemorou.

Segundo ele, em um momento como o atual, com o Brasil enfrentando uma grave crise econômica,

é de grande importância a busca por um diferencial. E isso passa por uma certificação como a do Prodfor. “O momento apresenta uma série de adversidades, mas a mensagem que temos passado aos fornecedores é que mesmo em momentos como este, as grandes empresas, as mantenedoras, não deixarão de comprar. Talvez um valor menor, o que as fará ainda mais seletivas em relação aos seus fornecedores, e aí as certificações irão contar ainda mais”, explicou.

Raizer também enfatizou que é preciso que os fornece-dores também estabeleçam um bom relacionamento com seus atuais e futuros clientes. “O Prodfor permite essa abertura, essa aproximação com os fornecedores, o que certamente facilita a geração de novos negócios”, frisou.

A noite também foi de festa para sete companhias do setor metalmecânico, associadas ao Sindifer. Para o presi-dente do sindicato, Manoel Pimenta, o Programa dá maior visibilidade aos negócios e gera não apenas um maior controle sobre os seus processos, mas também a ampliação das atividades. “O Prodfor é um programa já consolidado e com muitos anos de sucesso. Eu considero o sistema até mais abrangente que a ISO. É uma certificação muito importante para a gestão de qualquer empresa, que com certeza passa a ser olhada de forma diferente. Gostaria de parabenizar a todas as certificadas, que começam 2016 com expectativas positivas”, disse.

“Tivemos este ano cinco fornecedores nota 10. E não estamos falando de uma nota 10, estamos falando de média 10, em todas as auditorias. Resultado excelente!”Luciano Raizer, coordenador executivo do Programa

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EntrevistaPor Roberto Teixeira

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Jorge Luiz Ribeiro de

Oliveira“Acreditamos muito no capital humano. Só ele é capaz de otimizar recursos e, sobretudo, inovar”

O vice-presidente de Operações da ArcelorMittal Tubarão, Jorge Luiz Ribeiro de Oliveira, acredita que diante da atual con-juntura econômica do país sobreviverão as empresas mais com-

petitivas e atentas aos seus processos, buscando aumento sustentável de produtividade. Somente o capital humano, no seu entendimento, é capaz de inovar, por meio de um clima organizacional que favoreça a criatividade, o trabalho cooperativo, a saúde e a segurança das pessoas. Nesta entrevista, o executivo também dá dicas de como o trabalhador deve atuar no setor.

O que esperar para o futuro da indústria? Para os próximos anos, sobretudo 2016, a tendência é que o ce-

nário se agrave ainda mais, especialmente caso não sejam tomadas medidas imediatas, como defesa comercial do país, a exemplo do que outras nações têm feito, inclusive os EUA. As projeções são de desemprego crescente no Brasil, e já no primeiro semestre se prevê queda adicional de pelo menos 5,1% no consumo aparente de aço em relação a 2015, com a marca de 20 milhões de toneladas.

Em relação ao mercado internacional, mesmo com a desvaloriza-ção do real, os preços de exportação continuam baixos. Isso se dá em função de as moedas dos maiores produtores de aço também terem apresentado desvalorização frente ao dólar (China e Rússia). Além disso, a sobreoferta de aço no mercado internacional, em razão do excesso de capacidade da China – responsável por cerca de 50% da produção global –, vem reduzindo ainda mais os preços do aço no mercado internacional.

Fotos: ArcelorMittal Tubarão

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Entrevista

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“Devemos enxergar esta crise como uma oportunidade de aumento da eficiência e da produtividade”

Quais as expectativas para o setor? Quais os principais desafios a serem enfrentados pela ArcelorMittal e pela Indústria de um modo geral?

Nossa empresa, bem como o Brasil de uma maneira geral, tem desafios importantes a transpor, e o principal deles é a competitividade sustentável. Precisamos ser mais competiti-vos em todos os setores. Temos grandes empresas atuantes no país, mas que acabam sendo pouco competitivas diante dos gargalos.

No caso específico do setor siderúrgico, fatores estruturais como energia elétrica e gás natural entre os mais caros do mundo, carga tributária muito elevada, cumulatividade de impostos e câmbio levaram a indústria a operar muito abai-xo da sua capacidade instalada. Para reverter esse cenário, precisamos de fato realizar medidas estruturais no país – de forma urgente, mas não unicamente – e de uma defesa comercial eficiente que proteja os ativos e a indústria das práticas predatórias.

Devemos enxergar esta crise como uma oportunidade de aumento da eficiência e da produtividade. A inovação de pro-dutos, processos e gestão permitirá que o setor privado esteja mais bem preparado para enfrentar uma economia global. A situação do mercado mundial continua sendo um de nossos maiores desafios. E o ano de 2016 promete ser ainda mais desafiador. Por isso, mais do que nunca, é preciso apertar os cintos, enxugar os custos e se preparar. Nesse cenário, sobrevi-verão aqueles que forem mais competitivos e atentos aos seus processos, buscando aumento de produtividade sustentável.

Poderia fazer um balanço de como atuou o segmento de

aço nos últimos anos?Em 2015, nosso setor

chegou ao final do ano com cerca de 50 equipamentos desativados, outros 24 a caminho de serem desli-gados e, pelo menos, 21 mil demissões, desde janeiro, por todo o Brasil. Além disso, calcula-se que aproximadamente

R$ 8 bilhões deixaram de ser investidos pelo setor e

a taxa de desemprego no país fechou 2015 com quase 9%, em virtude desse cenário desfavorável.

Com a desaceleração da demanda doméstica e a baixa competitividade no mercado externo, o segmento enfrenta um período muito difícil e que tem exigido muita cautela e gestão por parte das empresas, que fecharam 2015 com números abaixo de 2014. O consumo aparente de aço, por exemplo, que é o índice que compreende as vendas internas das produtoras mais as importações menos exportações, deverá recuar cerca de 17% em 2015 em comparação com 2014. As usinas produziram cerca de 33 milhões de tone-ladas – o menor volume de produção desde 2010 –, contra 33,9 milhões de toneladas em 2014. As dificuldades, que não são poucas, ainda estão sendo enfrentadas.

Como a ArcelorMittal pretende manter a liderança no setor de aço em um ano de crise econômica?

Acreditamos muito no capital humano. Só ele é capaz de otimizar recursos e, sobretudo, inovar, o que somente ocorre com um clima organizacional que favoreça a criatividade, o trabalho cooperativo, a saúde e a segurança das pessoas. Uma liderança inspiradora também é fator preponderante para manter tudo isso alinhado às necessidades do negócio, de forma a antecipar-se aos riscos, às necessidades e às opor-tunidades dos mercados. Além disso, manter custos competiti-vos, produtos inovadores, parceria com os clientes e equilíbrio em todas as perspectivas das gestões serão desafios eternos e crescentes daqui para a frente. Em relação ao setor gover-namental, precisamos estar alinhados e trabalhando juntos.

Que orientação o senhor daria aos profissionais que desejam começar a atuar na área ou se manter capacitados nesse segmento?

Num cenário de crise, a oferta de profissionais bem pre-parados acaba sendo maior. Se estivéssemos crescendo, aí teríamos mais problemas. A orientação, não só para pro-fissionais de nosso setor, é: faça bem-feito o que lhe compete fazer. Procure ser o melhor na sua função. Procure novas maneiras de fazer mais com menos e melhor. Mantenha-se atualizado, colabore, prime pela segurança e compartilhe conhecimento. Procure ser um agente da mudança que você quer ver. Ajude a acabarmos com o lado negativo da imagem do brasileiro, de dar “um jeitinho” em tudo. Pare de pensar e falar que as coisas não têm jeito no Brasil. Faça o que é

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“Estimular a participação dos colaboradores também é outra forma de fortalecer a cultura da empresa e promover engajamento”

certo, respeite e se faça respeitar. Incentive sua família e seus amigos a agir dessa forma.

Acredita que o Sindifer tem realizado melhorias para as empresas do setor?

Mais que uma forma eficiente de promover a integração com nossos fornecedores, o Sindifer tem se destacado como um fórum de desenvolvimento empresarial, envolvendo seus participantes numa grande rede de negócios. As feiras, os treinamentos e os seminários promovidos pela instituição, principalmente na área de saúde e segurança, têm sido im-portantes para as indústrias.

Quais números poderia destacar da ArcelorMittal em termos de investimentos, produção e novos negócios?

Mesmo diante de todas essas dificuldades do mercado, a ArcelorMittal Tubarão conseguiu manter a excelência dos seus projetos no ano passado, assim como os benefícios fun-damentais para o bem-estar dos seus empregados e de suas famílias. No início de 2015, por exemplo, a unidade passou a abrigar o 12º Centro de Pesquisas e Desenvolvimento do Grupo ArcelorMittal, num investimento da ordem de US$20 milhões em cinco anos (2015-2019) e que faz deste o primei-ro Centro de Pesquisas do grupo na América do Sul.

Em relação à produção, desde julho de 2014, quando retomou a operação do Alto-Forno 3, a empresa tem traba-lhado ao ritmo de 7 milhões de toneladas/ano. Parte dessa produção tem sido direcionada à unidade de produção de laminados na cidade de Calvert, no Alabama (EUA), adquirida pelo Grupo ArcelorMittal em joint-venture com a Nippon Steel & Sumitomo Metal Corporation no final de 2013.

Quais os investimentos e as ações em relação à sustentabilidade?

Em relação à questão ambiental, desde nossa implantação acumulamos quase US$ 800 milhões investidos. A Arcelor-Mittal Tubarão é autossuficiente em energia elétrica desde 1998, aproveitando os gases gerados no próprio processo de produção da usina para a geração de energia elétrica.

A empresa é referência internacional na gestão hídrica há décadas, na qual 95,5% de toda a água utilizada no processo é captada no mar desde 1983. Apenas 4,5% são de água doce. Nesse quesito, estamos entre os melhores na siderurgia mun-dial, apresentando um alto índice de recirculação de água doce, da ordem de 98%.

Em 2015 conseguimos enfrentar a crise hídrica com ações que já vinham sendo planejadas desde 2014. Isso possibili-tou reduzir nosso consumo de água doce em cerca de 30%. Fizemos um investimento de R$ 23 milhões na modernização da tecnologia de nossa estação de reúso, o que vem permitin-do o reaproveitamento de águas de chuva e de esgoto tratado, bem como de efluentes dos processos industriais. Foi o maior investimento privado no Estado do Espirito Santo.

Possuímos uma área de desenvolvimento de coprodutos voltada a pesquisa e inovação, além de uma equipe exclu-siva para venda e assistência técnica aos nossos clientes. Temos agregados siderúrgicos normalizados pelo Departa-mento Nacional de Infraestrutura de Tranportes (Dnit) para uso em base e sub-base de rodovias e investimos também em convênios socioambientais com prefeituras através do Programa Novos Caminhos. Nosso índice de reciclagem e reutilização de resíduos e coprodutos em 2015 foi de 94,3% (a média do setor é 85%).

Na gestão atmosférica, nosso investimento mais recente é o Gas Cleaning Bag Filter para a Sinterização, orçado em cerca de US$ 32 milhões e resultado de um criterioso estudo técnico. Na área social, a cada dois anos a empresa abre um processo para selecionar projetos que serão apoiados durante um ano. Em média, 20 organizações com 30 mil beneficiários diretos são favorecidas por um investimento médio total de R$ 3 milhões. Estimular a participação dos colaboradores também é outra forma de fortalecer a cultura da empresa e promover engajamento.

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Registro

Espírito Santo recebe anúncio de investimento em portosSituado entre os maiores centros do país, o Espírito

Santo tem também à disposição 411 km de litoral. A partir dos portos capixabas, o país escoa boa

parte de seus produtos. Com tamanha importância, nada mais natural que o setor portuário do Estado receber grandes investimentos. Em novembro de 2015, o ministro da Secretaria de Portos, Helder Barbalho, anunciou, em solenidade em Vitória, contratos que deverão movimentar a economia já nos próximos meses, como os de instalação dos terminais de uso privado (TUPs) de Itaoca e Nutripetro, com investimentos de R$ 600 milhões. Também estão previstos arrendamentos e concessões de áreas portuárias, que devem entrar nos blocos de licitação até o final de 2016. O evento também marcou a assinatura, pelo governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, pelo ministro e pela empresa Imetame, do contrato de um terminal em Aracruz que é ansiosamente esperado por trabalhadores e por fornecedoras da região.

Outro contrato anunciado foi o de dragagem e der-rocagem do Porto de Vitória. A assinatura do segundo Termo Aditivo determina que as obras estejam pron-tas até outubro deste ano. O complexo, que acolhe atualmente navios que transportam até 40 mil tone-ladas, poderá receber embarcações com capacidade de 50 mil a 60 mil toneladas, movimentando mais produtos e ampliando a competitividade do Estado.

O evento, que contou com a presença do governador Paulo Hartung e outras autoridades, abordou a construção de terminais de uso privado e as obras de dragagem e derrocagem do Porto de Vitória

“Essas obras permitirão, de acordo com a estimativa da Secretaria Especial de Portos, um aumento da profundidade do canal de Vitória que propiciará movimentar até 40% a mais de cargas no porto. Sairemos dos atuais 11,4 metros para 14 metros de profundidade, o que viabilizará receber navios de até 12,5 metros de calado. Destaco também os dois TUPs que estão sendo demandados, com um grande investimento. Os contratos para ambos serão assinados ainda este ano. Incluiremos Vitória e o Estado no pacote de concessões que devem ser licitadas até o final de 2016”, disse Barbalho.

De acordo com o ministro, os portos brasileiros apresen-taram um crescimento de quase 5% entre 2014 e 2013 e podem ser um dos caminhos para que o país volte a avançar, após a grave crise econômica de 2015. “Este é o momento para encontrar caminhos para que o Brasil cresça e se desen-volva. Queremos construir um ambiente adequado para que as empresas possam investir no setor portuário, se associar aos investimentos do setor público e construir um cenário mais competitivo e com redução de custos”, frisou.

Já para Paulo Hartung, as obras significam recu-perar um importante espaço perdido para o assore-amento. “Agora é tocar essa obra. E que ela termine o mais rápido possível, assim poderemos reaver algu-mas linhas marítimas que perdemos nos últimos anos, fruto do assoreamento do canal de evolução do nosso terminal portuário”, disse o governador.

Foto: Thiago Guimarães

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GestãoGestão

Pensamentosistêmico: um novo jeito de enxergar o negócio

Por Nadia Baptista

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Entender a interdependência entre fatores que influenciam os resultados de uma organização pode ajudar a minimizar riscos e ampliar oportunidades

A queles que administram uma organização de-vem estar atentos a uma série de variáveis que po-dem influenciar não só a tomada de decisões,

mas também sua eficácia, levando ao sucesso ou ao fracasso do ne-gócio. Para alcançar bons resultados, qualquer que seja a natureza do empreendimento, é preciso reconhecer as relações de interdepen-dência (e seus efeitos) entre os diversos componentes que formam a organização, bem como o ambiente com o qual interagem. Esse modo de enxergar, definido como “pensamento sistêmico”, pode ser aplicado às diversas esferas de nosso dia a dia, e tem permeado a gestão de muitas atividades.

Em seu livro “A Quinta Disciplina”, o autor Peter Senger marcou as práticas de gestão nos anos 1990 ao apresentar o pensamento sistêmico como um elemento integrador de outros fatores que estão atrelados ao conceito de “organização que aprende”.

“Enquanto paradigma, o pensamento sistêmico é um modo ino-vador de enxergar a realidade de uma forma não linear e frag-mentada, mas sim como um todo, como um conjunto de relações entre as partes. Pensar sistemicamente é desenvolver a compe-tência de avaliar o impacto das minhas decisões no tempo e no espaço”, esclarece o professor Luis Henrique Rodrigues, PhD em Pesquisa Opera-cional pela Universidade de Lancaster, no Reino Unido, e coautor do livro “Pensamento sistêmico – caderno de campo”.

Trata-se de um conceito que deve ser entendido por todos na empresa. “Entre as situações cotidianas que precisam da aplica-ção do fundamento está, por exemplo, a competição entre setores,

“Pensar sistemicamente é desenvolver a competência de avaliar o impacto das minhas decisões no tempo e no espaço”Luis Henrique Rodrigues, professor PhD em Pesquisa Operacional pela Universidade de Lancaster, no Reino Unido, e coautor do livro “Pensamento Sistêmico – caderno de campo”

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Gestão

realidade de muitos negócios. Os setores de produção e vendas emitem pensamentos do tipo ‘eu vendi, o problema de produzir agora é deles’; ou ‘eu produzi, agora a área de vendas é responsável por colocar os produtos no mercado’, esquecendo-se de que fazem parte de um mesmo time. Ou seja, uma organização precisa da cooperação e do tra-balho em equipe; ser um lugar em que todos trabalhem em harmonia e com sinergia”, explica o gerente de Capacitação e Premiação da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), Gustavo Utescher.

Quando não há esse olhar panorâmico, surgem entraves que influenciam negativamente os resul-tados. São exemplos: aumentar a produtividade, mas gerar maior número de defeitos ou acidentes; reduzir a qualidade dos produtos para baixar o preço e perder a participação no mercado ou a satisfação dos clientes; produzir sem levar em conta os impactos socioambien-tais e os efeitos negativos disso na imagem da empresa, entre outros. “A falta de visão sistêmica impede o gestor de enxergar possibilidades, ganhos e benefícios múlti-plos que a empresa pode ter em termos de cooperação”, ressalta Rodrigues.

ESTABELECENDO SINTONIAA análise sistêmica dos cenários possibilita ao

gestor considerar não somente as variáveis internas, como também fatores externos que acabam impactando o negócio. “Qualquer decisão afeta um conjunto de partes interessadas, que estão interligadas na organização. O maior ganho que se tem com a adoção do pensamento sistêmico em uma empresa é, de fato, considerar todas as variáveis internas e externas em que a organização pode ser impactada ou sobre as quais ela pode causar impacto. Essa análise de cenário permite gerir uma organização de maneira proativa, antecipando riscos futuros, com maior clareza e assertividade nas tomadas de decisão”, destaca Gustavo.

O empreendimento que consegue implementar essa cultura estará sempre um passo à frente em relação aos demais. “O maior diferencial são a minimização dos riscos e uma maior efetividade e assertividade nas suas ações. Ao pensar de forma sistêmica, ganha-se em sinergia, são fomentados a cultura colaborativa e um melhor entendi-mento do motivo e do impacto da realização de atividades individuais”, explica o gerente da FNQ.

PENSAMENTO SISTÊMICO COMO CULTURAA implementação do pensamento sistêmico como cultura,

entretanto, não se faz de uma hora para outra. É preciso

seguir algumas etapas, que começam pela conscientização dos gestores. “O primeiro passo é a conscientização sobre a interdependência entre as partes que compõem um sis-tema, percebendo as relações de causa e efeito dentro da organização e no ambiente em que está inserida. A partir disso, atuar para otimizar essa relação de modo a obter mais sinergia, cooperação e eficiência. Esse é um trabalho permanente, já que as inter-relações estão sempre sofrendo mudanças e são afetadas por ação e reação”, lembra Gusta-vo Utescher.

Por isso, muito além de incutir esse pensamento entre os gestores, é preciso desenvolver essa cultura em todos aqueles que fazem parte da organização. “O mais impor-tante é sensibilizar os colaboradores sobre a relevância do pensamento sistêmico e o benefício que ele traz. Explicitar casos práticos que ocorrem no dia a dia por meio de pa-lestras, cursos ou até diálogos entre equipes pode ser um bom começo para que todos entendam a importância do tema”, defende Gustavo.

Luis Henrique Rodrigues acredita que, para a implanta-ção eficaz, uma organização deve superar a barreira posta pelo sistema de indicadores locais. “Esse sistema incentiva e motiva as pessoas a agirem localmente, e não globalmen-te. O funcionário precisa ter a consciência de que, se ele otimiza o seu processo, esses benefícios se estendem para a empresa como um todo”, salienta.

MULTIPLICANDO O SABERA criação da cultura do pensamento sistêmico pode ser

iniciada por meio da capacitação de pessoas de referência. Elas devem passar por treinamento para que adquiram a competência sistêmica, estando habilitadas a entender as fer-ramentas e utilizarem-nas. “Inicialmente, o desenvolvimento de projetos sistêmicos deve acontecer com apoio externo.

“Ao operar sob o pensamento sistêmico, naturalmente uma organização consegue eliminar a sobreposição de atividades, riscos futuros e impactos negativos ao negócio, entre outros problemas”Gustavo Utescher, gerente de Capacitação e Premiação da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ)

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Depois, essas pessoas de referência, capacitadas, passam a atuar como multiplicadores, o que permite desenvolver esses projetos de forma autônoma na própria organização. Ter, inter-namente, essas pessoas habilitadas amplia o poder de rapidez e multiplicação da abordagem. Em algumas empresas com as quais já trabalhamos, por exemplo, foi capacitado um grupo de 20 pessoas, que treinaram duas mil”, cita Rodrigues.

Ao mesmo tempo, é preciso rever a gestão como um todo. “A competência sistêmica não consegue sobreviver em uma organização em que os indicadores são todos com viés local e linear. Toda a dinâmica dos ritos, reuniões, podem se tornar também sistêmicas, de modo que o conjunto de entendimento e reflexão, tanto dos gestores como dos demais funcionários, seja mais sistêmico que local”, explica Luis Henrique.

Mais que apenas difundir o conceito, para que ele se transforme em cultura, é preciso que seja continuamente reforçado. “Normalmente, a falta de pragmatismo pode in-fluenciar negativamente a adoção do pensamento sistêmico em uma organização. Ou seja, faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço. O importante é que a aplicação aconteça em todos os níveis e atividades da organização. Outro pro-blema é a falta de continuidade da prática. Muitas coisas se perdem em uma organização quando só se dedica energia

para lançar a ideia, esquecendo-se da importância de revi-talizar o conceito regularmente”, alerta Gustavo Utescher.

A aprendizagem é outra marca. “O processo de enten-dimento e modelamento sistêmico de uma organização é altamente rico em aprendizagem. Faz com que as pessoas entendam o problema sob o ponto de vista dos demais”, destaca Rodrigues.

A adoção desse esquema que privilegia a integralidade possibilita um melhor planejamento das ações. “Ao operar sob o pensamento sistêmico, naturalmente uma organiza-ção consegue eliminar a sobreposição de atividades, ris-cos futuros e impactos negativos ao negócio, entre outros problemas. Por exemplo: produzir itens sem que estejam vendidos – ou, em outras palavras, entregar produtos para o mercado sem uma expectativa realista de vendas. Itens parados em estoque significam recursos parados que po-deriam estar sendo melhor utilizados. Isso não é pensar sistemicamente”, esclarece Gustavo Utescher. “Levando em conta o pensamento sistêmico, a organização opera mais próxima de seus clientes e de outras partes interessadas, agregando valor ao seu processo produtivo, reduzindo cus-tos, melhorando margens, oferecendo soluções mais inte-ressantes e assertivas ao mercado”, complementa.

• Um sistema é vinculado ao tempo e ao espaço. Ao longo do tempo, a esfera de atuação pode ser aumentada, e novas partes podem se somar ao sistema analisado, ou deixarem de fazer parte dele.

COMO PROMOVER O PENSAMENTO SISTÊMICO EM SUA ORGANIZAÇÃO

Fonte: Fundação Nacional da Qualidade (FNQ)

• Sistemas. Seja cerebral, digestivo, administrativo ou de qualquer outra natu-reza, todo sistema é composto por partes. Identifique as partes do sistema que estiver analisando, de modo que ele seja considera-do como um todo.

• Todas as partes de um sistema se relacionam de forma direta ou indireta. Identifique as possíveis relações entre as partes, com o objetivo de otimizá-las.

• Um sistema é limitado pelo ponto de vista do observador, ou de um grupo de observadores. Busque o parecer de pessoas de fora do sistema analisado. Essa percepção é capaz de contribuir com pontos que podem ser esquecidos ou negligenciados.

• Um sistema pode abrigar outro sistema. Por exemplo, é preciso olhar para a árvore (um sistema em si mesmo), mas também devemos observar a floresta, onde a árvore está inserida.

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Artigo

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Fornecedor, desenvolva-se!

Durval Vieira de Freitas é Sócio-diretor da DVF Consultoria e Parceiro da Fundação Dom Cabral no ES

V ivemos em um mundo cada vez mais competitivo. Para as empresas prosperarem, é preciso buscar a melhoria contínua em seus processos, a fim de se destacar em meio a seus concor-

rentes, atuais e possíveis, com visão no mercado global.Os fornecedores são fundamentais para determinar os fatores de

competitividade do produto ou do serviço no processo produtivo, pois são um dos elos que ligam as fontes primárias ao cliente final.

No ambiente competitivo da atualidade e com regras que excluem facilmente os menos qualificados, o fornecedor que quer crescer e se perpetuar tem que ser responsável e comprometido com qualidade, segurança, meio ambiente e custos, investindo em conhecimento e inovação, para levar vantagem sobre o concorrente.

O Programa de Desenvolvimento de Fornecedores – PDF, criado no Espírito Santo em 1995 com o apoio de diversas entidades – entre elas, Sindifer e CDMEC – trabalha com empresas prestadoras de bens e serviços para atender às companhias investidoras (cliente final). Tem por objetivos:

• ampliar o conhecimento da cadeia de suprimentos; • identificar oportunidades de negócios; e• promover o desenvolvimento tecnológico sustentável.A Figura 1 mostra a interação do ambiente de negócios propiciada pelo PDF.

Figura 1 – Ambiente de Negócios PDF

Fabricação e montagem

Comércio para indústria

Engenharia e gerenciamento Construção

civil

Medicina do trabalho

Serviços para a indústria

Prestadores de serviços

especializados

Serviços de transporte

Manutenção industrial

Detentores de tecnologia

Cliente final

Com a realização do PDF, é promovida a integração entre as empresas, criando-se uma rede que dá sustentabilidade à região onde estão localizados os fornecedores e os inves-tidores, proporcionando melhor qualidade de vida para todos.

No final, todos saem ganhando; os compra-dores, por terem empresas locais próximas e mais preparadas, oferecendo-lhes o que preci-sam; e os fornecedores, por terem compras asseguradas, o que vai lhes aumentar o resul-tado. Ganham, também, os trabalhadores, que terão mais emprego, com melhor remunera-ção; a comunidade, que será beneficiada pelo trabalho e pela economia dele decorrente; o Estado, que, devido ao maior movimento econômico, terá ampliada a arrecadação de tributos; e as entidades associativas, devido ao aumento do número de filiados e à ampliação de sua representatividade.

A integração da cadeia produtiva e a melhora contínua dos componentes dessa rede despertam a necessidade de cooperação entre os participantes, mostrando que o essencial é estar integrado a aprimorando o ambiente de negócios promovido pelo PDF.

Figura 2 – Cadeia Produtiva de um Setor

Indústrias correlatas e de apoio

Instituições de apoio

FornecedoresSetorClientes

Entendido como rede, e visando à melhoria da qualidade e da competitividade dos

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fornecedores locais, o PDF tem sua base suportada pelos pilares:

• estudos e projetos técnicos;• capacitação e certificação de empresários, gestores,

trabalhadores e empresas;• divulgação e promoção de empresas e entidades; e• assessoria para viabilização de negócios.

Além disso, é importante que os fornecedores não se acomodem com os negócios firmados, devendo buscar novos mercados, construir relacionamentos duradouros e abrir oportunidades e perspectivas de fornecimento, trabalhando de forma integrada em todas as fases da negociação.

Figura 3 – Negócios e suas Fases

Negócios e suas fases

ProspeccçãoProposta e negociação

Contrato fornecimento

É importante que a empresa saiba o que deve e como fazer em cada fase do negócio, entendendo a prospecção como uma “paquera” (primeiro conheci-mento entre as partes), a proposta e a negociação como um namoro e noivado (relacionamento mais próximo e constante) e, por fim, o contrato de fornecimento como o casamento (precisamos cumprir tudo que foi combinado).

O negócio entre empresas (fornecedor e comprador) de uma região é o primeiro passo para uma atividade prosperar. Para continuar seu crescimento e conquistar o mundo, é importante que o fornecedor invista em gestão, traçando metas nas áreas de finanças, mercado, imagem, tecnologia e pessoas, procurando participar de ações coletivas, através de relacionamentos que permitam adquirir novas amizades e clientes.

O fornecedor precisa entender que o conhecimento que valia ontem é diferente hoje. Para continuar sua caminhada, com visão de futuro, precisa saber onde está e definir aonde quer chegar, investindo em conhe-cimento, levando para o cliente a melhor solução, técnica e comercial. Dessa forma vai melhorar seu negócio e perenizar a empresa.

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Registro

Sindifer promove workshop para mulheres“Só para Elas – Mulher, empoderamento e força trans-

formadora”. Esse foi o tema do workshop que reuniu 39 mulheres na sede do Sindifer, em Vitória, em

9 de março. Estiveram presentes no evento empresá-rias, gestoras, líderes, diretoras e empreendedoras, que puderam compartilhar histórias e trocar experiências pessoais e profissionais.

O objetivo do encontro, que serviu para celebrar o 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, foi promover uma autoanálise e as potencialidades femininas, abrindo espaço para debates acerca de tomadas de decisão, impor-tância de metas, sonhos e qualidade de vida. A palestra foi conduzida pela consultora organizacional Gislene Ataíde. Houve ainda um coffee break especial.

Para a gerente de Relações Institucionais do Sindifer, Rita de Cassia Dillem, o feedback das participantes foi muito positivo. “Na ocasião, pudemos repensar projetos, valores e carreira. Cada uma pode se aprofundar dentro de si, para dar um rumo ou trilhar um novo caminho a partir daquele momento. O autoconhecimento foi o ponto alto do treinamento, já que nos fez rever nas di-nâmicas apresentadas vários aspectos de nossas vidas e pontuar onde estamos e aonde pretendemos chegar.

Evento tratou do empoderamentoe potencialidades das mulheres

Acredito que tenha sido proveitoso para as participantes, além do network que a oportunidade ofereceu”, disse ela. De acordo com a gerente, o sindicato pretende realizar novos encontros com as profissionais que vêm fazendo a diferença no mundo corporativo.

E de fato, ter mulheres em cargos de liderança gera mais lucro. Foi o que apontou estudo do Peterson Insti-tute for International Economics divulgado em fevereiro. Para chegar à conclusão, a entidade utilizou uma base de dados de 22 mil empresas de 91 países. Os resultados mostram que a presença feminina em posições de comando pode melhorar o desempenho financeiro das organizações. Os benefícios são mais amplos quando maior for a proporção de mulheres como gesto.

Segundo o levantamento, as companhias que aumentaram a presença de mulheres em até 30% em cargos de alta hie-rarquia registraram, em média, um crescimento de 15% em sua rentabilidade. As mulheres geralmente se preparam e se aplicam mais nos estudos desde a infância, e isso acaba tendo reflexo na fase adulta. Os dados indicaram que os países com um maior número de meninas com altas notas em exames de Matemática também são os que geralmente têm mais empresas com mulheres em cargos de chefia.

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Registro

Feira apresenta novidades do setor de rochas ornamentais Considerada a maior feira do segmento de rochas

ornamentais da América Latina e já aparecendo entre as quatro principais do setor no mundo,

a Vitória Stone Fair – Marmomacc Latin America reuniu, entre 16 e 19 de fevereiro, no Pavilhão de Carapina, na Serra, grandes representantes do mercado global. Promovido pelo Sindirochas e pelo Cetemag e realizado pela Milanez & Milaneze, em parceria com o Grupo Verona Fiere, o evento recebeu mais de 25 mil visitantes, sendo 22.978 do Brasil e outros 2.524 de 60 países. Participaram empresas especializadas na extração, no beneficiamento e na comercialização de pedras, além de fornecedores de insumos e máquinas, designers, construtoras, arquitetos, importadores e exportadores. Somente em 2015, a cadeia movimentou R$ 1,2 bilhão no Espírito Santo, gerando 25 mil empregos diretos e mais de 100 mil indiretos.

A edição deste ano contou 420 expositores de vários países, como Turquia, China, Egito e Itália, entre outros. “Esta feira é sempre motivo de orgulho para o setor de rochas do Espírito Santo, tem significado especial como fator de alavancagem do mercado. Apesar de toda a

Grande mercado: eventocontou com 420 expositores evisitantes de todo o Brasil e de outros 60 países

turbulência que envolve a economia mundial, nossa expectativa se renova com mais esta edição. As atenções de todos que têm interesse direto no segmento de rochas se voltam para o Estado. O fato de ser o primeiro evento mundial do setor no ano também é um diferencial, porque existe a certeza de grandes novidades, como o lançamento de materiais, princi-palmente exóticos, cada vez mais cobiçados. Além da presença dos compradores internacionais, também houve participação expressiva do mercado interno. Inclusive, durante as próximas semanas, muitos clientes ainda visitam as empresas”, frisou o presidente do Sindirochas, Tales Pena Machado.

Representantes do ramo metalmecânico também compa-receram. Para o presidente do Sindifer, Manoel Pimenta, a Stone Fair serve como uma grande vitrine. “Participamos de forma muito significativa do evento, com empresas que cres-ceram e desenvolveram produtos com tecnologia de ponta. O Espírito Santo já é um dos grandes polos de fabricação de equipamentos para rochas ornamentais, e os nossos associa-dos têm na Vitória Stone Fair uma oportunidade ímpar para grandes negócios”, disse.

Na avaliação da diretora da Milanez & Milaneze, Cecília Mi-lanez, mesmo em um momento de recessão, o mercado mostra

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Sindifer esteve presente na feira

grande força, e isso pôde ser comprovado no evento deste ano. “A feira surpreendeu visitantes e compradores, que buscam novos materiais, tecnologia e inovação em equipamentos. Tivemos um número expressivo de visitantes internacionais e nacionais. Esses resultados reforçam a importância da feira mundialmente”, observa.

PALESTRAS DE DESTAQUEAlém da exposição de produtos, a Vitória Stone Fair contou

com a palestra “Inovação em arquitetura e design”, minis-trada pelos arquitetos Luiz Eduardo Índio da Costa e Guto Índio da Costa. Os dois abordaram os projetos atuais na cidade do Rio de Janeiro e as instalações para as Olimpíadas. Já Reiner Krug, CEO da Associação Alemã de Rochas Naturais, falou sobre “Construção sustentável: construindo com rochas naturais”. Ele explicou como as obras podem ser sustentáveis economizando energia e apresentou casos de prédios comerciais da Europa que possuem o certificado LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), um sistema internacional de orientação ambiental para edificações.

Enquanto isso, a Secretaria de Ciência e Tecnologia, Inovação e Educação Profissional do Governo do Estado mostrou a sua intenção de apoiar pesquisas científicas para o setor de rochas. Na palestra “Ciência, tecnologia e inovação:

a atuação da pesquisa nas demandas da sociedade”, o secre-tário Guerino Balestrassi explicou que o Governo Estadual quer incentivar o desenvolvimento de novas tecnologias voltadas para as atividades de extração e beneficiamento. Ele citou editais para subsidiar e fomentar projetos e fundos de captação dos recursos como o Funcitec, que tem disponi-bilidade de R$ 22,5 milhões provenientes de 0,5% da receita líquida corrente do ICMS. “Nosso objetivo é promover o desenvolvimento econômico através do desenvolvimento científico, tecnológico e inovativo, e para isso a pesquisa é fundamental”, afirmou.

Ao final de mais uma edição de sucesso e de muitos negó-cios fechados ou encaminhados, a Vitória Stone Fair deixa os capixabas com boas expectativas para o próximo grande evento de rochas do Estado, a Cachoeiro Stone Fair, que será realizada entre 23 e 26 de agosto.

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Registro

Frioar desenvolve soluções para diversas indústriasC om quase 30 anos de mercado, a Frioar se tornou

referência em projetos, instalação e manutenção de sistemas de refrigeração industrial. Com produ-

tos feitos especialmente para situações que as máquinas produzidas em série não conseguem atender, a empresa passou a oferecer equipamentos que se adaptam às con-dições de cada ambiente operacional. Um exemplo disso pode ser conferido nas pontes rolantes de siderurgia, com quadros extremos de temperatura externa.

Presente na Grande Vitória, em Aracruz, em Jacareí (SP) e em Mucuri (BA), a Frioar também fabrica estruturas de ar condicionado em aço inox com tratamento de resina nas serpentinas, para instalação em áreas próximas ao mar ou com atmosfera ácida, que provocam alto índice de cor-rosão. E a tecnologia alcança ainda a indústria de aviação, fazendo-se presente em cada etapa de produção de aerona-ves da Embraer. Desenvolvido no Estado, o equipamento, que atende especialmente aos requisitos de saúde e segu-rança dos colaboradores que trabalham na montagem de aviões, serve para climatizar espaços, como a cabine e o interior das asas, além do tanque de combustível.

Na área de filtragem química, a empresa é destaque no projeto e na fabricação de skids (solução integrada de equipamentos instalados sobre uma mesma base) adequados aos espaços físicos e com velocidade de ar que prolonga a vida útil de meios filtrantes importados e caros. “São equipamentos cuja procura aumenta na mes-ma proporção em que a automação industrial avança.

Frioar inovou e desenvolveu equipamento de climatização para atender à Embraer

Têm presença obrigatória em todas as plantas de papel e ce-lulose”, explicou Antônio Falcão de Almeida, da Coordenação Comercial da Frioar.

Segundo ele, a empresa tem participado e levado a sua marca a importantes encontros do mercado pelo Brasil, como a Feira da Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABT-CP); a Feira Internacional de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação, Aquecimento e Tratamento do Ar (Febrava); e a Mecshow. “Em todas, o interesse do público é muito grande, e aos poucos, aumenta nossa participação no mercado.”

INOVAÇÃO NO DNAO coordenador lembrou que a Frioar tem na inovação um

de seus valores principais “É a nossa cultura. Por isso, inves-timentos em máquinas e equipamentos são uma constante. Na modernização de nossos processos de fabricação, foram investidos recentemente cerca de R$ 3 milhões, com recursos próprios. Esses investimentos tiveram impacto positivo na qualidade de nossos produtos”, disse.

Para o futuro, as metas são ousadas e mostram a tra-jetória planejada. “Os primeiros self containeds (tipo de ar-condicionado que reúne todas as unidades dentro de um compartimento só. É mais eficaz do que os modelos splits tradicionais) de precisão foram para data centers. O projeto abrange o equipamento em si e também o software de con-trole. Na área de filtragem química, estamos estabelecendo uma parceria com uma grande indústria alemã que produz elementos químicos de filtragem”, finalizou Almeida.

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TendênciaTendência

Automação industrial amplia eficiência no setor metalmecânico

Por Roberto Teixeira

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Em tempos de crise, investimento se torna alternativa para alavancar produção e qualidade

D esde o século XIX, com a consolidação da Revolução Indus-trial e, notadamente, após o início dos anos 1990, marcados pela expansão da internet, a evolução tecnológica permitiu a

propagação cada vez mais intensa de novos equipamentos e ferramen-tas, visando a tornar as organizações paulatinamente mais eficientes e produtivas. Tendo em vista esse cenário, as indústrias e as demais empresas ligadas ao setor metalmecânico vêm buscando intensificar o processo de automação industrial, principalmente em uma conjuntura de crise econômica, que afeta o país como um todo. A segurança e o mercado são os focos principais.

Trata-se de um passo além da mecanização, em que operadores hu-manos são providos de maquinário para auxiliá-los em suas atribuições. Os equipamentos, em determinadas ocasiões, realizam tarefas que se-

riam impossíveis para a mão de obra convencional. Os siste-mas de computadores são dotados de instruções para execu-tar o trabalho com o máximo de precisão e ainda contribuem para aumentar a segurança nas atividades do cotidiano.

Na prática, a automação é aplicável visando ao alcance de várias metas: ampliar a produtividade e o nível de qua-lidade do produto, reduzir a geração de resíduos, melhorar a eficiência ambiental e até diminuir a exposição humana a riscos. Os sistemas de automação industrial podem pre-venir riscos à saúde do trabalhador quando, por exemplo, eliminam por total a necessidade do contato humano com determinados materiais.

O diretor comercial da CGW Brasil – Indústria e Comércio de Abrasivos e Soldagem, Igor Alencar, ressalta que o ma-quinário industrial é, de uma forma geral, projetado para

atuar em ambientes inóspitos: de temperaturas extremas, ou fundição, em locais explosivos e em processos químicos, entre outros.

“Para não perderem competitividade, não resta alternativa às empresas senão seguirem essa evolução, buscando continuamente investir na melhoria de seus processos e na capacitação de seus

A feira de automação ISA Show ES 2016 ocorrerá no Pavilhão de Carapina, no período de 26 a 29 de julho, de forma paralela à Mec Show. ISA promoverá, no primeiro semestre, treinamentos sobre Instrumen-tação Industrial, Comandos Elétricos, Redes Industriais, Gerenciamento de Alarmes e Gerenciamento de Ativos de Automação, além de um encontro gratuito direcionado ao público estudantil com o tema “Empregabilidade”. Mais informações podem ser obtidas em www.isa-es.org.br/calendario.

CAPACITAÇÃO

Fonte: ISA-ES

“As empresas devem atuar adotando pesquisa de mercado e avaliando o foco do investimento” Darcy Rodrigues Filho, diretor do Departamento Comercial da Fluid Controls do Brasil

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Tendência

funcionários”, comenta o presidente da Sociedade de Instru-mentação, Sistemas e Automação do Espírito Santo (ISA-ES), Caio Henrique Vidigal. A ISA é uma associação interna-cional de profissionais das áreas de automação, elétrica e instrumentação, com sede nos Estados Unidos e seções espalhadas pelo mundo.

Um dos benefícios mais exitosos dos últimos anos nos sis-temas de automação industrial é o monitoramento remoto. Por intermédio deste, é possível a um operador tanto acom-panhar quanto controlar, caso haja necessidade, os processos produtivos, dentro de uma certa distância. Utilizando-se uma conexão Wi-Fi ou a web, essa comunicação consegue ser rea-lizada de uma distância ainda maior. Os sistemas também po-dem ser baseados em sinais de rádio, raios infravermelhos ou na tecnologia Bluetooth. Computadores e outros dispositivos capazes de efetuar operações lógicas, como controladores lógicos programáveis e microcontroladores, são outros dispo-sitivos eletroeletrônicos integráveis.

“O que sempre tem que ser levado em consideração é a rela-ção custo/benefício que aquele investimento irá proporcionar. Pode ser alto inicialmente, mas trará um ganho imediato, quer em produtividade, quer em segurança”, diz a diretora administrativa da Rosh Industrial, Jacqueline Simões. A em-presa projeta, desenvolve e fabrica máquinas e equipamen-tos e possui linhas de produtos para os setores de rochas ornamentais e siderúrgico.

A Rosh conta, por exemplo, com um robô para carrega-mento e descarregamento automático de chapas de gra-

nito, eliminando sua movimentação pelos trabalhadores e assim evitando acidentes dentro da empresa. O processo, no entanto, precisa ocorrer de forma gradual, como expli-ca Jacqueline Simões. “A cultura do uso de equipamentos autômatos (robotizados) tem que ser inserida na empresa gradativamente, para que as pessoas envolvidas no processo aprendam a lidar com as práticas requeridas, principalmente em termos de manutenção e aprendizagem. A partir da au-tomação dos equipamentos, é preciso ir buscando maiores níveis de automação, até o estágio em que o gerenciamento do processo é feito automaticamente”, afirma.

Para o diretor do Departamento Comercial da Fluid Con-trols do Brasil Ltda, Darcy Rodrigues Filho, as empresas tam-bém devem atuar adotando a pesquisa de mercado e avalian-do o foco do investimento.

DESAFIOApesar dos benefícios, implantar a automação industrial

em uma companhia metalmecânica é uma tarefa que pres-supõe desafios. “Como se trata de uma cultura relativamente nova na empresa, ela requer um nível de conhecimento além do habitual, principalmente em lidar com novos tipos de ma-teriais envolvidos no processo de automação, tais como vál-vulas e sensores, controladores lógicos programáveis, inver-sores, e na operação ‘sem contato’, ou seja, deixar a máquina realizar o processo sozinha. Isso parece fácil, mas, quem diria, é a parte mais difícil do processo: o homem confiar na máquina!”, diz Jacqueline.

A necessidade de investir na automação industrial se tor-na ainda maior tendo em vista o cenário de crise políti-co-econômica nada animador que se agrava no país neste ano de 2016. “Em um ambiente cada vez mais competitivo, as empresas precisam buscar alternativas para manter e incrementar seus resultados. A automação apresenta-se como uma grande aliada nesse processo”, comenta o presi-dente da ISA.

Caio Henrique, que também é engenheiro de Energia e Utilidades na ArcelorMittal Tubarão, orienta que é necessá-rio buscar no mercado fornecedoras de tecnologia especia-lizadas em analisar processos e identificar oportunidades de melhoria e geração de valor. “Esse é o melhor caminho para alguém que deseja colher os frutos da automação de seus processos. Mesmo baixos investimentos normalmente

Projetar, instalar, adaptar e dar manutenção em processos de automação industrial. Essas são algumas das habili-dades do técnico em automação industrial. O profissional, que possui registro no Crea, pode atuar em diversas atividades dos segmentos industriais além de metalmecânica, como nas indústrias alimentícia, de bebidas, têxteis e vestuário, móveis e esquadrias, máquinas e equipamentos e construção civil, entre outros.

MERCADO PARA TÉCNICOS

Fonte:Senai/Guia do Estudante

“As empresas precisam buscar continuamente investir na melhoria de seus processos e na capacitação de seus funcionários”Caio Henrique Vidigal, presidente da ISA-ES

“Para não perderem competitividade, não resta alternativa às empresas senão seguirem essa evolução”Igor Alencar, diretor comercial da CGW Brasil

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“O investimento pode ser alto inicialmente, mas trará um ganho imediato, quer em produtividade, quer em segurança para a empresa”Jacqueline Simões, diretora administrativa da Rosh Industrial

trazem grandes resultados para o negócio. À medida que o grau de automação da empresa se eleva, novos investimen-tos precisam ser cada vez maiores para que se obtenha um resultado semelhante”, defende.

O pesquisador Afonso Carlos Correa Fleury, por meio de uma pesquisa desenvolvida junto a 61 empresas do segmen-to metalmecânico, no entanto faz uma ressalva. De acordo com a conclusão do estudo, é imperativo que as empresas re-definam os modelos organizacionais, tornando-os mais sistê-micos, dinâmicos e flexíveis, para posteriormente incorporar os equipamentos de ponta.

TRABALHADORESQuem atua no setor defende que o investimento na capa-

citação dos funcionários é premissa básica para as empre-sas que desejam colher os frutos da automação. “Somente a partir dessa capacitação é que os empregados estarão ap-tos para operar as novas tecnologias, extraindo o máximo resultado do investimento realizado. O mesmo vale para um profissional que busca uma recolocação ou o desenvol-vimento nessa área. Como qualquer campo da tecnologia, o contínuo desenvolvimento é imprescindível”, observa Jac-queline Simões.

Para o presidente da ISA, a automação industrial, no final das contas, traz benefícios não somente para os empresários – gerando melhores resultados dos negócios –, mas também

para os empregados, que passam a atuar em funções que exigem maior especialização e, por consequência, melhores salários. “O trabalhador precisa atualizar-se para conquis-tar melhor remuneração. A automação não elimina postos de trabalho, pois o consumo é sempre crescente”, comenta Caio Vidigal.

Para Jacqueline, é necessário automatizar inicialmente processos que tragam riscos de acidentes ou que sejam des-gastantes para o homem. “O benefício que a automação traz para o trabalhador diz respeito essencialmente à questão de redução de esforço e à segurança na operação”, afirma.

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Artigo

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O marketing como aliado

Cintia Dias é formada emJornalismo e em Publicidade e Propaganda, com pós-graduação em Marketing e em Recursos Humanos, mestrado em Administração e pós-MBA em Inteligência Empresarial. É gerente de Marketing e Comunicação do Sistema Findes

P ara entender o que é marketing, é preciso, antes, entender o que não é. Ou o que as pessoas acham que é, mas não corresponde à

realidade. Marketing não é sinônimo de autopromoção. Não é algo que se faz quando se quer parecer o que não é ou manipular a opinião alheia para ganhar visibilidade e uma imagem que não corresponde à sua identidade.

Marketing também não é aquilo que os políticos fazem para conquistar favorabilidade dos eleitores a partir de informações que não são fidedignas e que partem do princípio de falar o que as pessoas querem ouvir, mas fazer o oposto.

Marketing também não se resume ao departamento que organiza as festinhas ou gasta o dinheiro da apostam de modo desmedido, ou então aquele setor que faz as atividades que ninguém sabe onde devem ser alocadas. Marketing é, sim, o responsável por usar um mix de ferramentas, dentre as quais os eventos, para atingir os objetivos estratégicos alinhados à missão e à visão da instituição. E, a partir dessa perspectiva, não gasta o orçamento da empresa; investe-o em um dos campos de maior retorno às organizações: sua imagem e seu relacionamento com públicos estratégicos.

Marketing também não é sinônimo de publicidade – esta, sim, uma (dentre tantas) das ferramentas que são utilizadas para atingir o seu propósito, que é entender o mercado, a partir de um profundo conhecimento do consumidor, e atender aos seus anseios. Muitas vezes, o marketing antecipa as necessidades do público, que ainda não sabe verbalizar o que precisa. Por isso, a observação do comportamento do mercado-alvo é fator-chave de sucesso nessa área. Uma estratégia de

marketing, quando bem executada, torna qualquer esforço de venda desnecessário.

Para que o marketing seja aliado de uma empresa, é preciso que alguns requisitos sejam cumpridos. O primeiro deles é reconhecer a importância da ferra-menta e implantá-la de modo estratégico. Não relegá-la a uma posição inferior no organograma e permitir que o gestor participe das decisões mais importantes fazem toda a diferença. Ainda é comum observar empresas que não possuem departamentos de marketing ou os posicionam em um local burocrático e em segundo plano em suas operações.

A partir da implantação das atividades do marketing em uma empresa, é preciso que o gestor apresente seu planejamento alinhado às grandes metas da organi-zação e tenha liberdade para executar seu trabalho, com orçamento e objetivos estabelecidos. Em tempos de crise, costuma-se sacrificar o trabalho do marketing em primeiro lugar, quando o certo seria reforçar sua atuação, para garantir a manutenção e a elevação da participação da empresa no mercado em que atua.

Ao entender o marketing como importante parceiro estratégico, a empresa dá um relevante passo para consolidar e ampliar sua posição no mercado. Para ficar em um único exemplo: a Coca-Cola, uma das mais importantes e lucrativas empresas do mundo, não deixa um dia sequer de trabalhar ações de marketing, desde a concepção e o posicionamento do produto, sua estratégia de precificação e distribuição e a construção de uma imagem na mente e no coração dos seus consumidores, para garantir sua posição de liderança. Marketing é isso aí.

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Registro

Metalúrgica Goronci aposta em cortes finos para um novo mercadoT rabalho e procura pela melhoria contínua marcam

a trajetória da Metalúrgica Goronci. Tradicional no mercado, a empresa busca um novo espaço

no setor de artes, atuando com cortes finos com design único. Trata-se de um processo operacional especial, para que ideias de arquitetos, designers de interiores e artistas plásticos sejam colocadas em prática.

A companhia percebeu essa oportunidade após constatar que muitos empreendimentos do segmento metalmecânico ignoram esse tipo de mercado por conta da alta complexi-dade, além do acabamento e dos investimentos necessários. “Ou seja, são produtos personalizados, criados para um público altamente exigente e que possui características próprias. Para a realização desse tipo de serviço, não serão necessários investimentos, visto que a empresa já dispõe de tecnologia, máquinas e equipamentos modernos”, disse a diretora administrativa da Goronci, Eliane Gomes.

Criado para oferecer artigos de serralheria, como portões, grades e galpões, o negócio deu em 1996 os seus primeiros passos. As peças eram elaboradas com recursos limitados, mas com a qualidade que sempre foi uma prioridade para as operações. Em 2008, a me-talúrgica conseguiu expandir o espaço físico e ampliar suas atividades. Dois anos depois, adquiriu o imóvel onde atualmente está localizada sua sede, em Carapina, na Serra. O galpão situa-se estrategicamente junto à Rodovia do Contorno, o que facilita tanto o recebimento de matérias-primas quanto o despacho de itens acabados.

A gestão é realizada em sociedade. Além de Eliane, que cuida do desenvolvimento, da elaboração e da imple-mentação de processos, a empresa conta com o diretor

pleno, Giovani Elias Goronci, responsável por planejar e controlar o processo produtivo. Com uma estrutura formada pelos setores Comercial, de Qualidade, Administrativo e de Produção, a metalúrgica possui um quadro de 13 pro-fissionais. “A Goronci incentiva a troca de experiências e conhecimento e reconhece seus profissionais. Investe em capacitação e treinamento, para que a equipe mantenha-se atualizada e sempre disponível para oferecer aos seus clientes, funcionários e parceiros os melhores serviços e soluções”, falou a diretora.

Nesses 20 anos de mercado, estratégias foram desenvolvidas para contemplar diversos segmentos. Com essa abrangência de mercado, pôde-se perceber as deficiências dos setores, criando assim possibilidades de atendimento a empresas de pequeno, médio e grande porte. “Diferenciais foram criados para captar novos clientes, como a prestação de serviços de corte e conformação de aço galvanizado, alumínio e inox, quando antes eram acoplados ao produto final. Hoje a Me-talúrgica Goronci atende seus clientes tanto na fabricação de produtos para o setor, quanto na prestação de serviços de corte, conformação, estampo e repuxo”, enfatizou Eliane.

Segundo ela, uma das razões do sucesso está nos inves-timentos em máquinas e equipamentos modernos, princi-palmente de corte e conformação de aço, que garantem as melhores soluções para os consumidores. “A empresa tem conquistado seu espaço no setor metalmecânico de uma forma constante e segura, tornando-se referência em corte e conformação de aços no Estado. Continuamente os investimentos são realizados com o objetivo de alcançar novas oportunidades, melhorar processos e desenvolver a equipe”, explicou.

No mercado desde 1996, empresa é destaque em serviços de corte e conformação de aço galvanizado

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Utilização de válvulas de segurança é tema de palestraR epresentantes da indústria metalmecânica

estiveram no dia 10 de dezembro, na sede do Sindifer, em Vitória, para a palestra que abordou a

importância da utilização de válvulas de segurança e alívio de compressores, vasos, caldeiras e linhas pressurizadas, em atendimento aos requisitos normativos da NR-13 e Asme (American Society of Mechanical Engineers). Tratando especificamente de caldeiras e recipientes sob pressão, a NR-13 é uma norma de caráter compulsório e visa à proteção do trabalhador. A sua adoção é obrigatória para toda entidade ou instalação do país e estabelece responsabilidades e parâmetros relativos à instalação, à segurança de operação e na manutenção e à inspeção de segurança dos equipamentos.

O palestrante do evento foi o especialista em Gestão da Qualidade e diretor da JDE Consultoria, José Dimas Effgem, que classificou as válvulas de segurança como item fundamental no ambiente industrial. “O Sindifer ofereceu aos seus associados esta palestra como medida preventiva, e posso dizer que o saldo foi muito positivo. A indústria tem uma carência de conhecimento, e o sin-dicato busca reduzir esse problema. Existem muitas dúvi-das e, infelizmente, muitos acidentes acontecem no país. São falhas no controle de processos, erros na parte operacional. As empresas precisam cada vez mais investir em segurança. Assim, todos saem ganhando”, explicou ele.

A Unidade Móvel de Calibração foi um destaque no evento, que aconteceu na sede do Sindifer

Para conhecer mais a respeito da Unidade Móvel de Calibração, entre em contato com a Texcal, pelo número (27) 3218- 3154. A empresa fica localizada em Jardim Limoeiro, na Serra.

CALIBRAÇÃO QUE VAI ATÉ A SUA EMPRESA

Outro destaque foi a apresentação da Unidade Móvel de Calibração, um caminhão que conta com equipamentos de última geração, próprio para trabalhos in company. Um inves-timento da Texcal Tecnologia em Serviços, empresa associada ao Sindifer, a unidade é algo pioneiro no Estado. “Ela vai até as empresas, é realmente uma grande agilidade e redução de custos. Imagine uma empresa distante que tenha que mandar seus equipamentos para realizar o serviço de calibração. Antes ela teria que arcar com um grande valor. Agora está tudo mais prático, com a unidade sendo realmente um diferencial. É algo que reduz riscos, tempo e despesas. Todas as empresas que têm necessidade de calibração de instrumentos podem receber esse importante serviço. É uma facilidade para as grandes plantas do Estado. Basta entrar em contato com a Texcal e buscar mais informações sobre como funciona a unidade”, falou Effgem.

Registro

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Registro

Mar/Abr/Mai • 2016

Tubo para injeção de vapor é destaque da TecvixS empre pautada na inovação, a empresa capixaba

Tecvix segue desenvolvendo soluções que são aprovadas pelo mercado nacional. É o caso do tubo

para injeção de vapor, pensado para reduzir problemas causados pela viscosidade na extração de petróleo encontrado na camada onshore. Tal consistência faz com que os equipamentos tradicionais tenham dificuldade para trazer o petróleo à superfície. Foi então que a Tecvix, com apoio do convênio entre o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Petrobras, por meio do Sebraetec, com consultorias tecnológicas e registro de patente, aperfeiçoou esse processo com a reação de um tubo capaz de injetar vapor na máquina responsável por extrair o petróleo, resultando na redução da densidade do produto, e consequentemente, facilitando a sua retirada.

A iniciativa foi tão marcante que a empresa se tornou uma das finalistas, na categoria Inovação Tecnológica, do Prêmio Nacional de Inovação em 2015, que é uma realização da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Sebrae, com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Movimento Brasil Competitivo (MBC) e do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inova-ção (MCTI). A disputa contou com mais de 2 mil pro-jetos inscritos. O tubo foi feito a partir de uma opor-tunidade criada pela Petrobras, que pôs à disposição

Além das fronteiras do Estado: Tecvix entrega lote de tubos na unidade da Petrobras em Mossoró (RN)

exemplares para testes destrutivos e campos de petróleo para examinação do novo produto. Após o reconhecimento, inédito para uma representante do Estado, a Tecvix logo re-solveu expandir o seu alcance, implantando a peça em poços de petróleo espalhados por todo o país e até no exterior.

Para o diretor-presidente da Tecvix, Luiz Alberto de Souza Carvalho, com o novo posicionamento da economia regio-nal e nacional, a empresa entendeu ser uma questão de sobrevivência dos negócios o investimento em inovação tecnológica. “Nesse sentido, buscamos nos capacitar para fornecer componentes para o setor de óleo e gás. Temos uma carteira de projetos em desenvolvimento na qual se desta-cam os tubos para injeção de vapor, como este, já colocado no mercado”, disse. Segundo ele, a elaboração desse tipo de produto requer não apenas investimentos financeiros, mas também parcerias tecnológicas com universidades e centros de pesquisa e engenharia, e com parceiros na área de solda, materiais, usinagem e tratamento térmico.

Criada em 1999, a Tecvix tem a sua matriz, conhecida como Centro de Serviços de Barra do Riacho, em Ara-cruz. Além disso, possui uma filial em Eunápolis, na Bahia, com estrutura semelhante à unidade principal e capaz de atender às demandas de mercado da Região Nordeste. Além do setor de petróleo e gás, a companhia também realiza a manutenção mecânica industrial para áreas como celulose e papel, química, mineração e portuária.

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Perfil

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C om 21 anos de mercado, a Estel Serviços Industriais é referência na região de Aracruz em serviços de recuperação de máquinas elétricas

industriais, manutenção e montagem industrial elétrica e de instrumentação, além de comercialização de materiais elétricos. O líder da empresa é Luis Soares Cordeiro, que desde a infância já mostrava o seu lado empreendedor. “Aos 6 anos, entre uma brincadeira e outra, ajudava meu pai em uma oficina de bicicletas, e aos 9 tive o meu primeiro empreendimento, uma cadeira de engraxar sapatos. Aos 15, montei minha própria oficina de carros em sociedade com um amigo. Depois, saí para estudar Elétrica Industrial no Senai em Linhares. E em 1981, com 18 anos, ingressei na Aracruz Celulose - hoje Fibria - como trainee de eletricista”, contou.

Segundo o diretor-presidente da Estel, apesar do rápido desenvolvimento profissional e das boas oportunidades pro-porcionadas pela fábrica, em 2006 ele se envolveu na única greve da história da empresa, fato que acabou lhe custando o emprego. “Isso acabou por se converter em uma rica ex-periência, de grande relevância para a minha atuação como empresário e dirigente do Sindifer. Além disso, o episódio foi o impulso que faltava para retomar o espírito empreendedor presente desde criança. De imediato dei início a um projeto que já havia elaborado para retomar as atividades com manu-tenção veicular, caso perdesse o emprego. E assim, de forma meio intuitiva como empreendedor, apliquei todas as minhas economias em um novo negócio”, explicou.

Após a experiência de fundar a Box Car, Luis Soares foi procurado por Alfredo Fernando Rodrigues Reis e Arildo Ripardo, antigos companheiros da Fibria, que tinham a ideia de algo promissor. “Ambos estavam interessados em meu conhecimento, facilidade de relacionamento e reconhecida competência técnica e, individualmente, me convidaram para montar um oficina de reparo de motores elétricos. Depois de

algumas conversas, consegui formatar uma sociedade a três e juntos optamos por aproveitar a Estel Elétrica Stella Ltda, empresa de reparo de motores elétricos, fundada em setembro de 1985 pelo Fernando e que operava precariamente em um pequeno espaço de apenas 20 m² em um posto de gasolina. O pequeno negócio enfrentava sérias dificuldades de se firmar, já que Fernando, apesar de bom conhecedor do assunto, continuava como instrutor de treinamento na Fibria. Encerrei as atividades da recém-criada Box Car e converti as boas instalações da então oficina de carros em uma das melhores oficinas de reparo de motores elétricos do Estado e do país”, frisou.

FAMÍLIAPara Luis, a família tem grande papel no sucesso da Estel,

pois além da colaboração direta na companhia, sempre o apoiou e compreendeu a sua ausência em alguns momentos importantes. “Marisa, minha esposa, sempre esteve ao meu lado e desde o início atuou com muita competência da área financeira, negociando créditos com bancos e clientes no início dos negócios e, mais tarde, cuidando com muita responsabilidade das disponibilidades da empresa. Hoje ela está preparando a transição para a nossa filha, Hellen, administradora, que trabalha conosco há quase 10 anos”, disse ele, lembrando que os outros sócios também têm filhos lá atuando. Além de Hellen, o casal tem ainda Leticia e Henrique.

Mesmo com tudo o que construiu, Luis Soares Cordeiro acredita que ainda tem muito a fazer. “Enquanto empreendedor tenho muito ainda a realizar. Espero que Deus me conceda pelo menos mais 25 anos de vida ativa e produtiva. Quero criar ainda muitas empresas, compartilhar muitos desafios e oportunidades com muitas pessoas que, como eu, entendam que a vida em sociedade e muito mais prazerosa que vivida a só!”, finalizou.

Luis Soares Cordeiro

Diretor-presidente da Estel fala sobre desafios que marcaram a sua carreira

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Luis Soares Cordeiro

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Artigo

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Os desafios estão colocados!

Carlos Pastoriza é presidente do Conselho de administração da Abimaq/Sindimaq

E stamos iniciando 2016 cientes de que teremos um ano bastante duro pela frente. Os indica-dores econômicos atuais e as projeções para

o período não são nada animadores. O FMI (Fundo Monetário Internacional) sinaliza por exemplo, para uma baixa de 3,5% no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro.

Ao que parece, continuaremos a conviver com uma das mais altas taxas básicas de juros do mundo, resul-tando em mais freio nos investimentos. A combinação desses fatores resultará em continuidade de queda da atividade produtiva, aprofundando a recessão e o desemprego.

Outro fator não mensurável, mas que pode agravar ainda mais esse cenário, é a crise política instalada em Brasília, que torna o ambiente instável para qualquer tentativa de retomada da economia.

Além das dificuldades impostas pelo panorama econômico e pela crise política, também teremos que conviver com a extinção do programa PSI-Finame, a perda da desoneração da folha de pagamento e o fim do Reintegra, que eram medidas capazes de minimizar a retração de competitividade da já combalida indústria de transformação – ou seja, teremos grandes desafios pela frente.

Entretanto, em que pesem os enormes desafios, nós (toda a diretoria e corpo técnico da Abimaq) estamos e continuaremos motivados em defesa dos interesses da nossa indústria.

Vamos continuar trabalhando arduamente, apresen-tando propostas e cobrando ações do Governo que possam contribuir para reverter a baixa competitividade do nosso país, um problema crônico decorrente da falta de medidas estruturantes capazes de colocar o Brasil no rumo do desenvolvimento.

No campo político, manteremos nosso engajamento em propor e cobrar ações que tenham foco em desoneração total dos investimentos, inovação, desenvolvimento tecno-lógico, mercado externo, defesa do mercado interno e melhores condições de financiamento, e retomar a nossa batalha para implementação do Modermaq – Programa de Modernização do Parque Fabril Brasileiro.

Também já iniciamos gestões para obter um waiver (suspensão pelo prazo de um ano) dos financiamentos contraídos pelas empresas através do PSI-Finame, com o justo argumento de que essas organizações inves-tiram na renovação de seus parques fabris acreditando em uma demanda que não aconteceu. Essa medida ajudaria a dar fôlego ao caixa das companhias neste momento bastante delicado.

No que se refere àquelas ações que não dependem do Governo (as chamadas atividades “da porta para dentro”), iremos intensificar o nosso trabalho no sentido de buscar oportunidades nos mercados externo (aproveitando o bom momento da cotação do dólar) e interno (realizando eventos com grandes empresas que desejam nacionalizar componentes, partes e peças). Promoveremos ações, cursos e treinamentos voltados para a gestão das empresas, com foco na melhoria da produtividade e no estímulo à inovação, além de continuarmos prestando os tradicionais serviços já oferecidos pela entidade nas áreas jurídica, trabalhista e de financiamentos e em feiras, tecnologia, cursos e competitividade, entre outros.

Os desafios estão colocados e são enormes! Vamos juntos, com o apoio das nossas empresas, de ânimo renovado, continuar trabalhando em prol dos interesses das nossas associadas, em defesa de uma indústria competitiva, que gera tecnologia e empregos de alto valor agregado.

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Registro

Projeto da Vale produzirá 90 milhões de toneladas

A Vale anunciou que já estão em andamento no Pará os testes do maior projeto de mineração da história da empresa, o Ferro Carajás S11D, que

deverá produzir 90 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. O empreendimento já está com 80% das obras da mina e da usina concluídas, e a expectativa é de que as operações se iniciem no segundo semestre deste ano.

Em janeiro, foi ligado o Transportador de Correia de Longa Distância (TCLD), com 9,5 quilômetros de extensão. A estrutura compõe uma das principais soluções tecnológicas do projeto, o sistema truckless, que conta com escavadeiras e britadores e substitui os caminhões, permitindo reduzir

O S11D é o maior projeto de mineração da história da empresa

em 70% o consumo de diesel e em 50% as emissões de gases de efeito estufa (GEEs). Os equipamentos utilizados nos pá-tios da usina, que servirão para estocar o minério de ferro, encontram-se em fase final de montagem. A previsão é de que 14 máquinas de grande porte façam a movimentação do produto. Uma recuperadora do tipo ponte e uma empilhadeira de lança dupla tiveram a estruturação eletromecânica concluída em novembro e estão prontas para ser comissionadas. A mina também já está com sua terraplanagem terminada e as máquinas do sistema truckless vêm sendo articuladas.

Os testes, que fazem parte da etapa de comissionamen-to, possibilitam uma avaliação do bom funcionamento

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do maquinário utilizado. “Foi o primeiro teste em um equipamento de grande porte no S11D, e estamos muito satisfeitos com o resultado. Iniciamos uma nova etapa na história do projeto”, explicou Quirino Nunes, líder sênior de construção da usina.

O desempenho do equipamento será medido a partir de parâmetros como corrente elétrica, tempo de partida, temperatura e velocidade, entre outros. Somente depois

dessa avaliação da segurança é que será liberado para o comissionamento com carga.

Já no ramal ferroviário, que será responsável por ligar o S11D à Estrada de Ferro Carajás (EFC), 23 quilômetros de linha férrea apresentam-se em fase de alinhamento. Esse ramal terá 101 quilômetros de extensão, e o fim das obras está previsto para agosto. Alguns trens de constru-ção operam no transporte de trilhos e dormentes para a montagem da grade ferroviária nos demais trechos. Da EFC, o minério de S11D será transportado até o Ter-minal Marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís (MA), de onde será embarcado e exportado para os principais clientes da mineradora.

Para a Vale, em um cenário como o atual, o S11D significa a manutenção da competividade no mercado. O projeto servirá para complementar a produção de Cara-jás, oferecendo um produto de alto teor de ferro e baixos contaminantes, e por um custo reduzido.

“Foi o primeiro teste em um equipamento de grande porte no S11D, e estamos muito satisfeitos com o resultado. Iniciamos uma nova etapa na história do projeto”Quirino Nunes, líder sênior de construção da usina

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Registro

Engelmig realiza workshop de Saúde e Segurança C iente da importância de atuar de forma sustentável e

sempre promovendo ações voltadas para a segurança de seus colaboradores, a Engelmig Transmissão e

Distribuição realizou o Workshop de Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança em duas etapas. A primeira aconte-ceu em Belo Horizonte (MG), e a segunda, em Vitória (ES), nos dias 11 e 12 de dezembro. O diretor-presidente da empresa, Moisés Pêsso da Silveira, esteve presente, além de engenheiros e gestores executivos, de Operação, de Contrato e de Suporte de QSMS. O evento realizado na capital do Espírito Santo reuniu 70 pessoas. A Engelmig, uma das associadas ao Sindifer, foi fundada em 1985, na cidade de Manhuaçu (MG), e tem como foco a cons-trução de redes elétricas, além do comércio varejista de materiais elétricos.

A programação foi formada por palestras a respeito da construção de linhas de distribuição MT/BT e de transmissão; manutenção em linhas viva e morta em MT/BT e em LT/SE; expectativas organizacionais do departamento de QSMS; prevenção e investigação de perdas; investigação de incidentes veiculares; sistema informatizado de segurança; Sistema Integrado de Gestão; e inspeções de segurança no Programa Sinal Verde. As palestras foram ministradas por gestores de Operação e Corporativo de Suporte de QSMS, supervisor de QSMS e perito de trânsito, entre outros. Além disso, a etapa de Belo Horizonte recebeu Marcelo Garios, da Garios & Garios Perícias Judiciais, que ministrou sobre o

Workshop da empresa foi realizado em duas etapas, nas cidades de Belo Horizonte e Vitória

tema “Percepção de Risco”; enquanto a programação de Vitória contou com explanação dos advogados da Sant’Ana, Laporti e Piol Advogados Associados, Odair Sant’Ana e Jenefer Laporti. Eles abordaram o tema “Como prevenir passivo trabalhista corporativo” e tiraram dúvidas sobre o assunto.

Moisés Pêsso aproveitou o encontro para destacar a segu-rança como valor essencial dentro da identidade estratégica organizacional. De acordo com ele, a realização do workshop foi positiva. Avaliações da empresa apontaram que mais de 90% aprovaram a iniciativa. Outras análises serão feitas ao longo de 2016, não apenas garantindo que os alvos do workshop sejam atingidos, mas também indicando o caminho para a próxima edição, no final deste ano.

EMPRESA ASSINA CONTRATO NA BAHIATambém em dezembro, a Engelmig assinou um contrato

com a Renova Energia, que prevê a prestação de serviços de operação e manutenção do Complexo Eólico Alto Sertão III, englobando os municípios baianos de Caetité, Igaporã, Licínio de Almeida, Pindaí e Riacho de Santana. Com esse acordo, a Engelmig passa a atender 781 unidades geradoras, em um total de 1,42 GW de potência instalada em contra-tos de operação e manutenção. A Renova é uma companhia especializada na geração de energia elétrica renovável com atuação em matrizes eólica, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e solar. E possui o maior complexo de energia eólica da América Latina.

Foto: Guilherme Costa

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Artigo

59Mar/Abr/Mai • 2016

Trabalho à distância ou teletrabalho

Odair Nossa Sant’ Ana é advogado, sócio do Escritório Sant´Ana & Laporti Advogados Associados e especialista em Direito do Trabalho e Relações Sindicais

A modernização dos meios de comunicação e a evolução tecnológica certamente injetaram na sociedade diversas mudanças, fazendo com que

a troca de informações se tornasse mais rápida e eficaz. Essas transformações trouxeram reflexos substanciais no mundo corporativo e nas relações entre empregados e empregadores.

A evolução tecnológica passou a fazer parte do cotidiano do mundo corporativo e permitiu que muitos profissionais se valessem dessa modernidade para inovar em relação à forma de exercerem suas atividades, sem a necessidade de comparecimento ao local de trabalho.

O trabalho à distância ou teletrabalho é aquele rea-lizado fora do endereço tradicional de serviço, com a adoção da tecnologia da informação e da comunicação, ou mais especificamente, com computadores, telefonia fixa e celular e toda tecnologia que permita a condução de tarefas em qualquer lugar e receber e transmitir informações, arquivos de texto, imagem ou som rela-cionados à atividade laboral.

Nos últimos anos, tem crescido o número de pes-soas que executam suas responsabilidades diárias fora de um local fixo de trabalho. Isso só é pos-sível em virtude da utilização de modernos apli-cativos de comunicação, como os smartphones, o Skype, as redes sociais e os rádios.

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), embora preconize em seu artigo 6º que não há distinção entre o

serviço feito no estabelecimento do empregador ou no domicílio do empregado, não traz regras específicas para a modalidade de trabalho à distância ou teletrabalho.

Visando à regulamentação dessa matéria, existe um projeto de lei tramitando no Congresso Nacional que pretende incluir na CLT dispositivos específicos para regular o teletrabalho no país, em especial na forma de utilização pelos contratantes de meios informatizados para comandar, controlar e supervisionar os contratados.

Esse modelo traz vantagens significativas ao empre-gado e ao empregador, oferecendo maior liberdade, flexibilidade de trabalho e incentivando a qualidade de vida dos funcionários.

No que se refere ao controle de jornada, conforme o artigo 6º, da Lei nº12.551, de 15 de dezembro de 2011, não se distingue o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o feito à distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego.

Assim, deve ficar bem esclarecido entre os envolvidos qual será a jornada do trabalho à distância.

Desse modo, diante da nova realidade vivenciada, com a modernização da prestação de serviço, devem os empregados e os empregadores se resguardarem dos seus direitos e garantias, fazendo assim com que o trabalho à distância se torne um meio prático, fácil e seguro de prestação de serviço, trazendo inúmeras vantagens para ambas as partes.

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Agenda

12 a 15 de abril

Pollutec 2016Para atender à crescente demanda por prevenção, tratamento de poluições, otimização de recursos e desenvolvimento sustentável, a Feira Internacional de Tecnologia e Soluções Ambientais (Pollutec Brasil) receberá no Anhembi, em São Paulo, cerca de 100 empresas e 4.000 visitantes do Brasil e de toda a América Latina. Recursos e inovações em todas as atividades ambientais e de saneamento serão os destaques.

17 a 21 de maio

Mecânica 2016O Parque de Exposições do Anhembi, em São Paulo, sediará a 31ª Feira Internacional de Mecânica, evento que reúne as inovações e as oportunidades para todos os segmentos industriais. Uma importante vitrine para lançamentos, a feira tem uma grande variedade de máquinas e equipamentos especialmente fabricados para a realização de projetos, produção, movimentação de carga e controle de qualidade. Mais de duas mil marcas nacionais e internacionais deverão estar representadas. Confira: www.mecanica.com.br.

13 a 17 de abril

Feira Internacional de ManufaturaA Korea Machine Tool Manufacturers’ Association (Kooma) realizará em abril, em Seul, a Feira Internacional de Tecnologia de Manufatura (Simtos 2016). Cerca de 800 empresas e mais de 100 mil pessoas devem passar pelo evento. Mais informações no site oficial, www.simtos.org.

8 a 10 de junho

M&T Expo Máquinas e Equipamentos Dividindo o espaço do São Paulo Expo Exhibition & Convention Center, a 10ª Feira e Congresso Internacionais de Equipamentos para Construção e a 8ª Feira e Congresso Internacionais de Equipamentos para Mineração formam a M&T Expo Máquinas e Equipamentos. A expectativa é de que o evento supere o de 2015, quando quase 46 mil visitantes compradores estiveram presentes. Site: www.mtexpo.com.br.

17 a 20 de maio

Feira HospitalarCerca de 96 mil profissionais da área da saúde e 1.250 expositores são esperados na 23ª Hospitalar - Feira Internacional de Produtos, Equipamentos, Serviços e Tecnologia para Hospitais, Laboratórios, Farmácias, Clínicas e Consultórios, a maior da área nas Américas. Em destaque, as novidades em medicamentos, máquinas, tecnologia, emergência e transporte, projetos e construções, ortopedia, farmácia hospitalar, informática e comunicações, entre outros. O evento acontecerá no Expocenter Norte, em São Paulo. Mais informações pelo telefone (11) 3897-6199 ou pelo site www.hospitalar.com.

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61Jun/Jul/Ago • 2015

21 a 24 de junho

Metal Mineração 2016 Grandes empresas da indústria metalmecânica e de mineração estarão no Pavilhão de Exposições José Ijair Conti, em Criciúma, Santa Catarina, para a quinta edição da Metal Mineração, feira que apresenta soluções inovadoras para o público e gera um importante volume de negócios para o setor. Conheça mais sobre o evento em www.metalmineracao.com.br.

26 a 29 de julho

9ª Mec Show Tendo registrado aproximadamente R$ 70 milhões em negócios na sua última edição, em 2015, a 9ª Feira de Metalmecânica Energia e Automação (Mec Show) movimentará mais uma vez o Carapina Centro de Eventos, na Serra. Além de apresentar novidades para o setor, a programação terá rodadas de negócios, visitas técnicas, conferência sobre petróleo e gás e a realização de mais uma edição do ISA Show ES, tradicional espaço das empresas de instrumentação, sistemas, elétrica e automação no Espírito Santo. Entre em contato pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (27) 3434 0625.

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Registro

Terceirizadas buscam alternativas em AnchietaC om a crise econômica profunda que atinge o país e com

a paralisação das atividades da Samarco, empresas e profissionais tentam, juntamente com suas respectivas

entidades representativas, acordos e alternativas para evitar prejuízos, queda na produção e, consequentemente, demissões. A situação preocupa a indústria no sul do Espírito Santo. Aproximadamente 800 funcionários de um grupo de mais de 20 companhias terceirizadas da mineradora em Anchieta po-derão ser desligados a partir de março. Ações dos sindica-tos dos trabalhadores e debates a respeito de opções como layoff, com a redução da jornada de serviço e de salários, estão acontecendo, mas ainda não houve trato fechado com as firmas. O faturamento anual dessas fornecedoras chega a R$ 200 milhões. O possível corte de colaboradores deve atingir aqueles que atuam na parte de manutenção, como mecânicos, eletricistas e caldeireiros.

Com a ideia de contornar o cenário pessimista na região, re-presentantes do Sindifer e de fornecedoras estiveram em Brasília. A finalidade da viagem foi conseguir apoio na esfera federal e promover o retorno da Samarco às suas atividades. Para o pre-sidente do sindicato, Manoel Pimenta, ações urgentes se fazem necessárias. “Não queremos esquecer os impactos ambientais

Paralisação das atividades da Samarco em Anchieta tem grave impacto para a região

que foram causados, é algo que tem que ser apurado com certeza. Mas é preciso pensar também na economia do Estado, na sobrevivência das empresas que atuam como terceirizadas e nos trabalhadores. As empresas não têm como manter esses colaboradores com tudo parado”, ar-gumentou.

O panorama no quadro pessoal da Samarco também é de incertezas. Foi firmado em janeiro um acordo de suspensão temporária do contrato de trabalho, como forma de manter as vagas pelo menos até 25 de abril.

A complicada situação envolvendo a mineradora co-meçou em novembro do ano passado, com o rompi-mento da barragem de Fundão, na cidade de Mariana, em Minas Gerais. Cerca de 34 milhões de metros cú-bicos desse material foram lançados no meio ambiente, e 16 milhões restantes continuam sendo liberados aos poucos. Segundo relatório do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a estrutura continha 50 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração de ferro. É um resíduo classificado como não perigoso e não inerte para ferro e manganês.

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