SISTEMA CARDÍACO - apostila

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CEDUP de Chapecó Curso Técnico de Enfermagem Anatomia Humana Prof. Bióloga Adriana Regina Boneti SISTEMA CARDÍACO 1. INTRODUÇÃO No ser humano, a circulação sanguínea realiza-se através de um sistema fechado de vasos sanguíneos, mas cujo centro funcional é o coração. Consideram-se artérias os vasos que saem do coração, ramificam-se progressivamente em vasos de calibres menores, originando as arteríolas. As ramificações finais das arteríolas constituem os capilares, que colocam em comunicação os sistemas arterial e venoso. É a nível dos capilares que se efetuam as trocas gasosas e nutritivas entre o sangue e os demais tecidos. Cabe ao capilar arterial ceder nutrientes e oxigênio para as células e o capilar venoso receber os catabólitos e o gás carbônico. Para que isso ocorra, é necessário o equilíbrio entre a pressão de perfusão do capilar arterial e ad e reabsorção do capilar venoso. A junção de vários capilares venosos forma a vênula, e a reunião de vênulas origina as veias. As veias são vasos que levam sangue para o coração O caminho que o sangue percorre do coração para os tecidos e dos tecidos para o coração é reconhecido como grande circulação ou circulação sistêmica Ao chegar no coração, o sangue segue outro trajeto. Ele é enviado aos pulmões, onde ocorre a trocas gasosas, em que o gás carbônico é eliminado e o sangue recebe um novo suprimento de oxigênio. Nesse momento, o sangue volta ao coração e novamente é distribuído para todo o corpo. Esse trajeto do sangue que vai do coração para os pulmões e dos pulmões para o coração é chamado de pequena circulação ou circulação pulmonar.

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CEDUP de ChapecóCurso Técnico de Enfermagem

Anatomia HumanaProf. Bióloga Adriana Regina Boneti

SISTEMA CARDÍACO

1. INTRODUÇÃO

No ser humano, a circulação sanguínea realiza-se através de um sistema fechado de vasos sanguíneos, mas cujo centro funcional é o coração.

Consideram-se artérias os vasos que saem do coração, ramificam-se progressivamente em vasos de calibres menores, originando as arteríolas. As ramificações finais das arteríolas constituem os capilares, que colocam em comunicação os sistemas arterial e venoso. É a nível dos capilares que se efetuam as trocas gasosas e nutritivas entre o sangue e os demais tecidos.

Cabe ao capilar arterial ceder nutrientes e oxigênio para as células e o capilar venoso receber os catabólitos e o gás carbônico. Para que isso ocorra, é necessário o equilíbrio entre a pressão de perfusão do capilar arterial e ad e reabsorção do capilar venoso. A junção de vários capilares venosos forma a vênula, e a reunião de vênulas origina as veias. As veias são vasos que levam sangue para o coração

O caminho que o sangue percorre do coração para os tecidos e dos tecidos para o coração é reconhecido como grande circulação ou circulação sistêmica

Ao chegar no coração, o sangue segue outro trajeto. Ele é enviado aos pulmões, onde ocorre a trocas gasosas, em que o gás carbônico é eliminado e o sangue recebe um novo suprimento de oxigênio. Nesse momento, o sangue volta ao coração e novamente é distribuído para todo o corpo. Esse trajeto do sangue que vai do coração para os pulmões e dos pulmões para o coração é chamado de pequena circulação ou circulação pulmonar.

 

2. CORAÇÃO

O coração de uma pessoa tem o tamanho aproximado de sua mão fechada, e bombeia o sangue para todo o corpo, sem parar; localiza-se no interior da cavidade torácica, entre os dois pulmões. O ápice (ponta do coração) está voltado para baixo, para a esquerda e para frente. O peso médio do coração é de aproximadamente 300 gramas, variando com o tamanho e o sexo da pessoa.

É um órgão oco, formado por músculo estriado cardíaco, que só existe neste órgão e que não obedece os comandos voluntários.

No espaço ente o músculo do coração e a membrana (cavidade pericárdica), há um líquido aquoso em pequena quantidade, que permite o deslizamento do coração.

Três camadas musculares forma a sua estrutura:o Pericárdio – é a membrana que reveste externamente o coração, como um saco. Esta

membrana propicia uma superfície lisa e escorregadia ao coração, facilitando seu movimento ininterrupto.

o Miocárdio – média, sendo a camada mais espessa, é o músculo responsável pelas contrações vigorosas e involuntárias do coração; situa-se entre o pericárdio e o endocárdio.

o Endocárdio – é uma membrana que reveste a superfície interna das cavidades do coração

Quando, por algum motivo, as artérias coronárias – ramificações da aorta – não conseguem irrigar corretamente o miocárdio, pode ocorrer a morte (necrose) de células musculares, o que caracteriza o infarto do miocárdio.

Anatomicamente o coração está localizado na caixa torácica, no espaço entre os dois pulmões, o esterno, a coluna vertebral e o diafragma – este espaço chama-se mediastino.

Neste espaço situam-se o coração, os vasos sanguíneos e linfáticos, o esôfago, a traquéia, o timo e as fibras nervosas.

Sendo na face anterior do tórax que podemos ouvir os seus batimentos, com o auxílio de um estetoscópio, ou senti-lo com as mãos.

O coração tem a função de impulsionar o sangue, através do sistema de vasos sanguíneos, a todos os locais do corpo, através de dois movimentos distintos.

Sístole : momento em que o coração se contrai, expulsando o sangue para as artérias.

Diástole : quando o coração se relaxa, enchendo-se passivamente com o sangue das veias.

As etapas de sístole e diástole se sucedem continuamente, provocando a circulação do sangue

O coração não é somente um grande saco muscular contrátil oco, pois, se assim fosse, haveria a mistura de sangue arterial com o venoso da grande e da pequena circulação. Essa mistura não corre exatamente, porque o coração humano, após o nascimento, tem quatro cavidades:

2.1. Câmaras cardíacas Coração dividido em quatro partes. Lado direito contém o sangue venoso e o lado esquerdo sangue arterial. Na parte superior localizam-se os átrios e na inferior os ventrículos. Átrios – função de receber o sangue. Ventrículos – bombear o sangue para fora do coração.

As câmaras cardíacas são: Átrios

o Direito e esquerdo.o Situados acima e atrás do coração o O átrio direito recebe o sangue que vem da circulação sistêmica e o átrio esquerdo recebe o

sangue que vem da circulação pulmonar.o Cada veia desemboca em um orifício chamado óstio, onde há uma estrutura que impede o

refluxo de sangue do átrio direito para as veias. Ventrículos

o Direito e esquerdo.o Localizados embaixo e na frente dos átrios.o O ventrículo direito recebe o sangue da circulação pulmonar e o esquerdo da circulação

sistêmica

2.2. Valvas cardíacas

Cada átrio comunica-se com o ventrículo de seu mesmo lado por meio de um orifício que possui uma estrutura denominada valva, popularmente chamadas de válvulas. São formadas por duas ou três partes.

Função de permitir saída do sangue em um sentido único, impedindo o seu retorno. As valvas atrioventriculares estão localizadas entre os átrios e ventrículos. Valva: Aberta – permite a saída do sangue / Fechada – impede o refluxo de sangue.

Cúspides - partes: o Palavra que se origina do latim cúspide, que significa ponta de lança. São essas pontas da

valva, que quando se juntam impedem o refluxo de sangue, permitindo a sua passagem no sentido ventrículo –átrio-ventrículo, mas não no sentido oposto.

o Do lado direito do coração temos a valva tricúspide, com três cúspides.o Do lado esquerdo está a valva bicúspide, que tem duas cúspide, sendo comumente chamada de

mitral, pois assemelha-se à mitra, um chapéu pontudo usado por papas e bispos em cerimônias religiosas.

Artéria pulmonar:o Os ventrículos

expulsam o sangue por meio das artérias: a artéria pulmonar expulsa o sangue do ventrículo direito para os pulmões.

Artéria aortao Do ventrículo

esquerdo para a grande circulação.

Essas duas artérias possuem valvas em sua origem, que impedindo que parte do sangue ejetado volte para os

ventrículos. Tanto a valava pulmonar quanto a valava aórtica tem três cúspides.

3. FISIOLOGIA CARDÍACA

3.1. Sistema circulatório sanguíneo O sangue venoso chega ao coração vindo da circulação sistema por duas grandes veias as veias cavas

superior e inferior que se abrem no átrio direito. O sangue passa pela valva tricúspide e chega ao ventrículo direito. Ocorrendo então a sístole, e o sangue é ejetado pela artéria pulmonar, que vai do ventrículo direito até

os pulmões. Iniciando assim a pequena circulação. Os capilares arteriais contendo sangue venoso envolvem os alvéolos pulmonares e é nesse nível

alveolar que ocorre a troca de gás carbônico por oxigênio, e o sangue passa de venoso à arterial. O sangue volta então pelas veias pulmonares até o átrio esquerdo, passa pela valva mitral, para o

ventrículo esquerdo e, na próxima sístole, é impulsionado para a átrio aorta, iniciando a grande circulação.

O sangue arterial é levado até a rede de capilares de todos os tecidos, onde o oxigênio é absorvido pelas células e o sangue adquire gás carbônico, tornando-se venoso.

O sangue venoso prossegue pelas veias até chegar novamente às veias cava e para o átrio direito, dando inicio a mais um ciclo.

3.2. Ciclo cardíaco Consiste em dois períodos:

o Um de contração do miocárdio para a expulsão do sangue da cavidade - sístole.o Outro de relaxamento do miocárdio, que permite o recebimento de nova porção de sangue –

diástole. Essas contrações ocorrem de modo ritmado na maioria das pessoas, numa média de 60 a 90 vezes por

minuto, devido a um estímulo elétrico inicial provocado por um elemento do sistema de fibras – um marcapasso natural, também chamado de nó sinoatrial ou nó sinusal, que se localiza no átrio direito.

Durante a diástole arterial, o sangue das veias cavas aflui para o átrio direito, e o sangue das veias pulmonares para o átrio esquerdo.

Simultaneamente, as valvas atrioventriculares (mitral e tricúspide) se abrem, permitindo a entrada de sangue nos ventrículos.

A sístole atrial ocorre ao final da diástole atrial com a finalidade de esvaziar completamente os átrios. A seguir, as valvas atrioventriculares se fecham. A sístole ventricular inicia-se após o fechamento dessas valvas e a abertura das valvas da aorta e do

tronco pulmonar, o que permite a expulsão do sangue das cavidades ventriculares para as artérias. Após um curto período de repouso, reinicia-se novamente o ciclo. Portanto, os dois átrios precisam contrair-se ao mesmo tempo, para em seguida, ocorrer a contração

simultânea de ambos os ventrículos. Quando os átrios estão em sístole, os ventrículos estão em diástole e vice-versa.

3.3. Circulação coronarianaO coração precisa de oxigênio, que são fornecidos pela irrigação sanguínea realizada pelas artérias coronárias. Essas artérias saem logo do início da aorta e são duas: a artéria coronária direita e a esquerda, sendo a esquerda a mais importante, pois irriga a maior parte do coração.

Quando as artérias coronarianas ficam entupidas, o que geralmente é ocasionado por placas de gordura associadas a coágulos de sangue, pode ocorrer um infarto do miocárdio. Deixando de haver fluxo sanguíneo na região irrigada pelo ramo atingido pela obstrução e, assim, o miocárdio morre, deixando de ser contrair e prejudicando o trabalho cardíaco.

Além das artérias coronárias, o coração também precisa das veias coronárias, que caminham lado a lado com as artérias e drenam o sangue do miocárdio. Essas veias desembocam no átrio direito, do mesmo modo que as veias cavas superior e inferior, encarregadas de drenar a grande circulação.3.4. Controle do coração pelo sistema nervoso

O coração é inervado pelos nervos simpáticos e parassimpático, que são antagônicos em sua função. Esses dois nervos afetam a função cardíaca, alterando a sua freqüência ou alterando a força contrátil

do miocárdio:o Simpático: acelera a origem e transmissão de estímulos no complexo estimulante do coração,

levando a uma aceleração do miocárdio e, conseqüentemente, da quantidade de sangue expulso pelo coração.

o Parassimpático: é de atuação inversa à do simpático, pois diminui o batimento cardíaco através da diminuição da excitabilidade e da transmissão de estímulos.

3.5. Automatismo do coração

O coração trabalha automaticamente, sob controle do sistema nervoso, mas o impulso da atividade cardíaca origina-se no coração. Esse complexo estimulante do coração é composto por:

Nó sinoatrial (AS): é o ponto de origem de todos os impulsos cardíacos e situa-se no átrio direito próximo à desembocadura da veia cava superior. Esses impulsos cardíacos gerados no nó sinoatrial são transmitidos diretamente para as fibras musculares dos átrios e para o nó atrioventricular. É considerado o marcapasso natrual do coração por ajustar a freqüência do batimento do coração.

Se ocorrer a necrose de uma região do miocárdio vai prejudicar a passagem dos estímulos elétricos provenientes do marcapasso natural, ocasionando uma arritmia cardíaca que pode exigir um implante de marcapasso artificial.

O controle automático do trabalho cardíaco pode sofrer influências externas tais como:

Temperatura: a elevação da temperatura corporal acelera os processos químicos e, portanto, a febre aumenta a freqüência cardíaca.

Quantidade de sais sanguíneos: as alterações de contração de sódio, potássio e cálcio provocam diminuição da freqüência cardíaca, parada cardíaca, diminuição da força de contração.

Excitações psicológicas como a alegria e a raiva, podem aumentar a freqüência cardíaca ou diminuir o batimento cardíaco, nos casos de depressões.

Trabalho corporal físico aumenta a atividade cardíaca.

Medindo a pressão arterial

Alternando-se ordenadamente, a sístole e a diástole são responsáveis pelo fluxo de sangue dentro dos vasos sanguíneos.

A pressão arterial que se mede é a pressão exercida pelo sangue sobre as paredes da aorta após ser lançado pelo ventrículo esquerdo. Ela é diferente na sístole e na diástole ventricular. 

A pressão arterial máxima corresponde ao momento em que o ventrículo esquerdo bombeia sangue para dentro da aorta e esta se distende. Já a pressão arterial mínima é a que se verifica no final da diástole do ventrículo esquerdo. 

A pressão arterial máxima corresponde a 120 mm de mercúrio, enquanto a pressão arterial mínima corresponde a 80 mm de mercúrio. Estes são os valores normais para a população. Daí falar-se em 120 por 80 ou 12 por 8 para a pressão normal.

Por meio de um aparelho chamado esfigmomanômetro, a pressão arterial pode ser medida pelo médico ou profissional habilitado. O valor da pressão arterial é um dado importante na avaliação das condições de saúde do sistema cardiovascular.