Mídias e Educação: articulações entre educação presencial e a distância
Sistemas de avaliação na educação presencial e a distância
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1. Sistemas de avaliação na educação presencial e a distância.
O objetivo deste texto é refletir sobre o sistema de avaliação da
aprendizagem na educação presencial e na educação a distância.
A avaliação na modalidade presencial é um tema amplamente
discutido por pesquisadores (Hoffmann, Luckesi, Libâneo,Gama,Saul,
Melchior) principalmente por ser considerada uma das atribuições mais
difícil do professor. Entretanto, apesar de existir uma proposta teórica de
avaliação que possibilite a emancipação do aluno, o mesmo não avançou
em sua prática.
Em minha experiência profissional, o ato de avaliar proporcionava muitas
reflexões: O que é avaliar? Como avaliar meu aluno? Como fugir do critério
de classificação por meio de notas? Pois enquanto educadora comprometida
com uma educação crítica não compactuava com sistemas de avaliações
autoritárias no qual a avaliação da aprendizagem do aluno limitava-se
meramente a atribuições de notas.
O grau nota, conceito, são conferidos ao aluno sem interpretação ou questionamento quanto ao seu significado a poder[...] essas sentenças terminais impedem que professores e alunos estabeleçam uma relação de interação a partir da reflexão conjunta. O professor cumpre penosamente uma exigência burocrática e o aluno , por sua vez, sobre o processo avaliativo. (HOFFMANN 1991, p. 19.)
Nesse sentido sempre busquei uma proposta de avaliação que
fugisse das exigências burocráticas. No sentido de transgredir o sistema
de avaliação classificatória. Para juntamente com meus aluno:
possibilitar a construção coletiva e percorrer uma trajetória metodológica desobediente, transgressora de receitas prontas e acabadas e construa, de forma participativa com seus alunos, novos saberes, novos olhares sobre o real. (LEAL, 2011, p.2)
Nesta proposta de avaliação presencial os instrumentos mais utilizados
para a construção de aprendizagens significativos são: produção textual,
análise de texto, diálogos e reflexões sobre temas estudados, trabalhos em
grupo e individuais.
A produção textual é a que mais utilizo na educação presencial, pois
considero muito importante que o aluno possa emitir suas opiniões em
relação aos conteúdos estudados. Para posteriormente escrever, pois é na
escrita que podemos expressar o que sentimos, pensamos e desejamos de
maneira estruturada, possibilitando assim a sistematização dos conteúdos
estudados.
Em relação a possibilidade ou não da utilização desta proposta de
avaliação na modalidade à distância, com certeza é possível de utilizar. Mas
no entanto devemos tomar o cuidado para não adaptar o sistema de
avaliação presencial para a EAD. O indicado é ressignificar os instrumentos
e objetivos da avaliação da aprendizagem.
Os ambientes digitais de aprendizagem possuem elementos que configuram como um novo contexto educacional, diverso do presencial, e por isso é fundamental que se criem processos e estratégias que respondam às novas necessidades e circunstâncias dos novos modelos. Não é possível, portanto, simplesmente adaptar os modelos presenciais. (CALDEIRA, 2004, p.7).
Em relação a avaliação presencial, a sua estrutura conceitual pode
ser também empregada na EAD ( avaliação somativa, diagnóstica,
formativa). Mas o que muda são os instrumentos (softwares) como meio
de construção dos conhecimentos. E também os objetivos, propostos pelo
professor-tutor em relação as atividades propostas no ambiente on-line.
O professor-tutor deverá tomar o cuidado para não reproduzir com
as novas tecnologias o modelo do "transmitir-verificar-registrar” os
conhecimentos. Pois neste caso estará reforçando o sistema tradicional de
ensinar e avaliar ainda presente no sistema presencial.
Consideramos que a avaliação na EAD numa perspectiva crítica
deve possibilitar ambientes de aprendizagem colaborativos que possibilitem
debates, diálogos, criação, autoria e co-autoria.
O exercício de escrever, relacionado ao processo de refletir, criar, produzir, propicia a autoria, desde que seja uma construção do autor e não mera reprodução ou cópia. Ao construir algo visando a produção, esta passa a ser a concretização das possibilidades de criação, portanto, o indivíduo percebe-se criador e autor. (GOMES, 2004, p. 93).
Ao utilizar os portfólios, fóruns de discussão, listas de discussão,
seminários virtuais, chats, o professor poderá avaliar a qualidades de
contribuições, bem como a autonomia, participação e colaboração do grupo.
Outra ferramenta que também é muito interessante para o professor
trabalhar são os Mapas Conceituais. Segundo Moreira
Na avaliação desses mapas o que deve ser levado em consideração é como o aluno expressa relações, se ele constrói proposições cientificamente corretas, como as proposições são construídas, se elas refletem como ele compreende o conteúdo em
questão, naquele momento específico, e se associam ao seu conhecimento prévio, pois o fundamental que o mapa dê evidências de que o aluno está aprendendo significativamente o conteúdo. (MOREIRA, 1997, p.7).
Os Wikis, Blogs, Web Quests temáticas, Google Docs e Spreadsheets
possibilitam a criação e edição de documentos e texto . Possibilitando o exercício da
escrita e autoria. Ao construir e publicar suas idéias no ambiente on-line os
alunos utilizam vários recursos que seriam impossíveis de se fazer no modelo
presencial de ensino. Consideramos que essa autonomia de aprendizagem do
aluno possibilita também a autonomia do professor tutor avaliar
qualitativamente a produção textual do aluno.
pode-se dizer que a busca do desenvolvimento da autonomia, tão discutida como necessidade para aprender e continuar a aprender, é possível na constituição da autoria. A autoria de pensamento é condição para a autonomia da pessoa e, por sua vez, a autonomia favorece a autoria de pensar. A medida que alguém se torna autor, poderá conseguir o mínimo de autonomia ( FERNÁNDES,2001,p.91).
A avaliação no ambiente virtual não poderá ocorrer de forma isolada
pois consideramos que ao avaliar o professor-turor deverá levar em
consideração todas as atividades desenvolvidas pelos alunos. Daí
consideramos importante que o aluno tenha acesso aos mais variados
softwares, possibilitando a diversificação das atividades propostas pelo
curso. Portanto a avaliação
não é um momento da proposta pedagógica de um curso, mas um de seus componentes constantes. É fundamental considerar a avaliação como parte de um processo dinâmico, que influencia, mas ao mesmo tempo é influenciado pelas respostas dos alunos, pela peculiaridade do contexto e do momento. (CALDEIRA, 2004, p.5).
A possibilidade de conhecer e interagir no ambiente virtual despertam no
aluno o espírito de curiosidade principalmente em função das diversas
ferramentas de apoio ao processo de ensino e aprendizagem. Pois
geralmente na educação presencial o aluno conta apenas com o livro
didático, o quadro de giz e o caderno. Paulo Freire (1996), também defende a
“pedagogia da curiosidade e da pergunta”.
Antes de qualquer tentativa de discussão de técnicas, de materiais, de métodos para uma aula dinâmica assim, é preciso, indispensável mesmo, que o professor se ache “ repousado”no saber de que a pedra fundamental é a curiosidade do ser humano. É ela que me faz perguntar, conhecer, atuar, mais perguntar, re-conhecer.
E nesta perspectiva uma proposta de avaliação para a Educação a
Distância deve ir muito além da elaboração de rubricas. O ato de avaliar
não dever ser simplificado em um quadro diagnóstico sobre a educação
padronizando a avaliação. Pois ao padronizar não estamos considerando os
"estilos de aprendizagem diferentes."
Consideramos que é preciso sim, estabelecer critérios e objetivos e
principalmente o que se espera em relação a avaliação da aprendizagem.
Mas neste processo devemos primar pela avaliação qualitativa. No sentido de
acolher o aluno, para que o mesmo siga em frente, com seus erros e
acertos, pois é neste processo que construímos conhecimentos não
apenas para serem avaliados pelo professor mas para conquistar a nossa
autonomia acadêmica e pessoal.
2. Referências Bibliográficas
CALDEIRA, A. C. M. Avaliação da aprendizagem em meios digitais: novos contextos. Disponível em: <http://www.abed.org.br/congresso2004/por/pdf/033-TC-A4.pdf>. .Acesso em: 03.set.2011. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 13. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
FERNÁNDEZ, A. O saber em jogo: a psicopedagogia propiciando autorias de pensamento. Porto Alegre: Artmed, 2001. GOMEZ, M. Victoria. Educação em Rede: uma visão emancipadora. São Paulo, Cortez: Instituto Paulo Freire, 2004. HOFFMANN, Jussara M. L. Avaliação: mito e desafio-uma perspectiva construtivista. Educação e Realidade, Porto Alegre, 1991. LEAL. R. B. A importância do Tutor no processo de aprendizagem. Disponível emhttp://www.lanteuff.org/pigead/file.php/93/biblioteca/Semana_4_Texto_04.pdf. Acesso em 03. set. 2011. MOREIRA, M. A. Mapas conceituais e aprendizagem significativas.Disponível em: <http://www.if.ufrgs.br/~moreira/mapasport.pdf. Acesso em: 03. set. 2011.