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SITE ÍCONES DA ARQUITETURA MODERNA NATALENSE: Divulgando o Acervo Iconográfico em Plataforma Digital. OLIVEIRA, MARIA HELOÍSA A. (1); RODRIGUES, BÁRBARA. (2) 1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Departamento de Arquitetura. Rua Tomaz Pereira, 1896, apt. 702. Lagoa Nova, Natal-RN. CEP: 59056-210 E-mail: [email protected] 2. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Departamento de Arquitetura. Rua Ataulfo Alves, 1898 , apt. 402, Candelária, Natal-RN. CEP: 59064-570 E-mail: [email protected] RESUMO Desde fins dos anos 1990 estamos compilando um acervo composto por trabalhos acadêmicos de naturezas diversas quase todos desenvolvidos ou orientados por professores que compõem o grupo de pesquisa em “Morfologia e Uso em Arquitetura” - MUsA/UFRN. Somam-se aí dados quantitativos, qualitativos e gráficos que sintetizam estudos histórico-morfológicos do ambiente construído do Rio Grande do Norte. A arquitetura moderna do Rio Grande do Norte é tema de poucos registros na literatura, alguns quase justificadores dessa escassez por abordar a produção potiguar como de expressão débil comparativamente a de outros estados brasileiros. Embora essa visão venha sendo questionada e tenha crescido o interesse sobre o tema, pelo menos na academia, é preocupante a desinformação sobre uma fase da arquitetura em acelerado ritmo de desaparecimento e a falta de divulgação sobre essa arquitetura aqui produzida. Motivados por esse acelerado ritmo de dilapidação do patrimônio modernista, o grupo de pesquisa MUsA vem desenvolvendo pesquisas em busca do entendimento dessa produção, no que levou, finalmente, à construção de um site intitulado de “Ícones da Arquitetura Moderna Natalense” que compila informações e materiais sobre os edifícios considerados mais icônicos dessa produção. No intuito senão de contribuir para evitar o desaparecimento dos edifícios ainda remanescentes, o site visa ampliar o entendimento sobre este acervo. Embora a construção do site tenha sido viabilizada a partir do material compilado pelo grupo de pesquisa MUsA nos últimos vinte anos pelo menos, três ultimas pesquisas resultaram em sua construção propriamente dita. A primeira, intitulada “Os Ícones da Arquitetura Moderna Natalense” (Oliveira, 2013), reuniu um conjunto de edificações repr esentativas da arquitetura modernista natalense, através da consulta de referências (trabalhos acadêmicos e bibliografia), onde foram observados o grau de recorrência de aparição das edificações nas fontes examinadas, o que subsidiou elencar os 25 exemplares mais significativos do acervo modernista da cidade do Natal. Neste primeiro conjunto, estão presentes 21 edificações de variados usos e 4 moradias, distribuídos no site por bairros. A segunda pesquisa, "Arquitetura Moderna Natalense, explorando e reestruturando o acervo iconográfico" (Rodrigues, 2014), buscou identificar os casos não mencionados na bibliografia que aborda o tema da arquitetura moderna potiguar, mas que possuem características que os definem como legítimos representantes dessa arquitetura. Dessa forma, determinou-se um quadro de critérios valorativos, ajustados à realidade da nossa produção,

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SITE ÍCONES DA ARQUITETURA MODERNA NATALENSE: Divulgando o Acervo Iconográfico em Plataforma Digital.

OLIVEIRA, MARIA HELOÍSA A. (1); RODRIGUES, BÁRBARA. (2)

1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Departamento de Arquitetura. Rua Tomaz Pereira, 1896, apt. 702. Lagoa Nova, Natal-RN. CEP: 59056-210

E-mail: [email protected]

2. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Departamento de Arquitetura. Rua Ataulfo Alves, 1898 , apt. 402, Candelária, Natal-RN. CEP: 59064-570

E-mail: [email protected]

RESUMO

Desde fins dos anos 1990 estamos compilando um acervo composto por trabalhos acadêmicos de naturezas diversas – quase todos desenvolvidos ou orientados por professores que compõem o grupo de pesquisa em “Morfologia e Uso em Arquitetura” - MUsA/UFRN. Somam-se aí dados quantitativos, qualitativos e gráficos que sintetizam estudos histórico-morfológicos do ambiente construído do Rio Grande do Norte. A arquitetura moderna do Rio Grande do Norte é tema de poucos registros na literatura, alguns quase justificadores dessa escassez por abordar a produção potiguar como de expressão débil comparativamente a de outros estados brasileiros. Embora essa visão venha sendo questionada e tenha crescido o interesse sobre o tema, pelo menos na academia, é preocupante a desinformação sobre uma fase da arquitetura em acelerado ritmo de desaparecimento e a falta de divulgação sobre essa arquitetura aqui produzida. Motivados por esse acelerado ritmo de dilapidação do patrimônio modernista, o grupo de pesquisa MUsA vem desenvolvendo pesquisas em busca do entendimento dessa produção, no que levou, finalmente, à construção de um site intitulado de “Ícones da Arquitetura Moderna Natalense” que compila informações e materiais sobre os edifícios considerados mais icônicos dessa produção. No intuito senão de contribuir para evitar o desaparecimento dos edifícios ainda remanescentes, o site visa ampliar o entendimento sobre este acervo. Embora a construção do site tenha sido viabilizada a partir do material compilado pelo grupo de pesquisa MUsA nos últimos vinte anos pelo menos, três ultimas pesquisas resultaram em sua construção propriamente dita. A primeira, intitulada “Os Ícones da Arquitetura Moderna Natalense” (Oliveira, 2013), reuniu um conjunto de edificações representativas da arquitetura modernista natalense, através da consulta de referências (trabalhos acadêmicos e bibliografia), onde foram observados o grau de recorrência de aparição das edificações nas fontes examinadas, o que subsidiou elencar os 25 exemplares mais significativos do acervo modernista da cidade do Natal. Neste primeiro conjunto, estão presentes 21 edificações de variados usos e 4 moradias, distribuídos no site por bairros. A segunda pesquisa, "Arquitetura Moderna Natalense, explorando e reestruturando o acervo iconográfico" (Rodrigues, 2014), buscou identificar os casos não mencionados na bibliografia que aborda o tema da arquitetura moderna potiguar, mas que possuem características que os definem como legítimos representantes dessa arquitetura. Dessa forma, determinou-se um quadro de critérios valorativos, ajustados à realidade da nossa produção, –

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distribuídos nas categoriais “edifício-lote”, “caixa-mural/volumetria”, “estruturas/aspectos construtivos”; “arranjo espacial”; “soluções/adaptações climáticas” - capaz de dialogar com as produções regional e nacional, a partir da revisão da bibliográfica sobre a produção de Pernambuco e Paraíba. A inclusão de novos casos, mediante essa revisão, nos possibilitou um novo olhar sobre essa produção. Finalmente, na fase de pesquisa intitulada “Arquitetura moderna natalense, prosseguindo na reestruturação do acervo iconográfico” foi possível revisar e complementar um conjunto de casos considerados icônicos da arquitetura moderna natalense definidos nas etapas anteriores. Dessa forma, a partir da matriz de critérios valorativos desenvolvida no plano de pesquisa anterior, foi possível chegar a um conjunto de 30 edifícios de uso residencial considerados passíveis de classificação como ícones da arquitetura moderna natalense. A partir disso, unindo os resultados das três fases de pesquisa foi possível chegar a um grupo que reúne 54 edifícios considerados ícones da produção modernista local- foi subtraído 1 edifício do somatório total, pois se trata de um caso que se repetiu nas duas pesquisas. Com esse conjunto de 54 ícones definidos, foi possível estruturar o site que agrupa informações sobre cada uma das edificações a partir do material disponível do acervo MUsA, que reúnem: logradouro, nome/destinação, ano de construção, projetista, fonte, informação sobre o material existente, uma galeria com fotos e plantas, quando disponíveis, e um mapa com a localização de cada edificação. O site foi dividido em 6 abas: Home, O Projeto, Edifícios, Arquitetos, Momotur, e MUsA. Estas abas distribuem o conteúdo no site de modo que o usuário possa ter uma melhor navegação e um melhor entendimento sobre o acervo e seus desdobramentos. A página hoje possui uma interface direcionada à pesquisadores, pois possui informações relacionadas a dados projetuais, mas pretende numa próxima fase explorar os aspectos morfológicos das edificações no intuito de elaborar quadros explicativos numa linguagem voltada à população para que possa atuar como uma ferramenta de educação patrimonial voltada ao reconhecimento da arquitetura moderna como patrimônio. O site pode ser visualizado em www.musaufrn.wix.com/iconesmodernistas.

Palavras-chave: Arquitetura Moderna de Natal; Ícones Modernistas;

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SITE ÍCONES DA ARQUITETURA MODERNA NATALENSE:

Divulgando o Acervo Iconográfico em Plataforma Digital.

Desde fins dos anos 1990, o grupo de pesquisa MUsA/UFRN (Morfologia e Usos da Arquitetura) vem compilando um acervo composto por trabalhos acadêmicos de naturezas diversas, somando-se aí dados quantitativos, qualitativos e gráficos que sintetizam estudos histórico-morfológicos do ambiente construído do Rio Grande do Norte. Tais estudos abordam a produção arquitetônica do estado desde fins do século XVIII, mas aqui enfatizaremos a arquitetura moderna produzida na cidade de Natal no século XX. O que é visto é que essa produção é tema de poucos registros na literatura, e embora já se tenha crescido o interesse pelo tema, pelo menos no ambiente acadêmico, é preocupante a desinformação sobre uma fase da arquitetura em acelerado ritmo de desaparecimento.

Diante desse acelerado processo de dilapidação do patrimônio modernista, o grupo de pesquisa MUsA vem desenvolvendo pesquisas em busca do entendimento dessa produção, o que levou, recentemente, à construção de um site intitulado de “Ícones da Arquitetura Moderna Natalense” que compila informações e materiais sobre os edifícios considerados mais icônicos da produção modernista local. No intuito senão de contribuir de alguma maneira para evitar o desaparecimento dos edifícios ainda remanescentes, o site visa ampliar o entendimento sobre este acervo.

A construção do site foi viabilizada a partir do material compilado pelo grupo de pesquisa nos últimos vinte anos, pelo menos. Nas bases de arquivo do grupo, encontramos informações sobre centenas de exemplares encontrados em diferentes bairros da cidade, porém alguns apresentam fichas com informações projetuais, o que nos permite entender a que circunstancia a edificação foi projetada, por exemplo, enquanto outros apenas dados imagéticos, o que inviabiliza um estudo mais aprofundado sobre essas edificações.

Embora a construção do site tenha se iniciado com o debruçar sobre todo o material disponível no grupo, três ultimas pesquisas de iniciação científica concentraram-se na construção propriamente dita do material hoje disponível na página virtual. A primeira, intitulada “Os Ícones da Arquitetura Moderna Natalense” (Oliveira, 2013), reuniu um conjunto de edificações representativas da arquitetura modernista natalense, através da consulta de referências (trabalhos acadêmicos e bibliografia), onde foram observados o grau de recorrência de aparição das edificações nas fontes examinadas, o que subsidiou elencar os 25 exemplares mais significativos do acervo modernista da cidade do Natal. Neste primeiro conjunto, estão presentes 21 edificações de variados usos e 4 moradias.

A pesquisa tratou da busca pelos edifícios cabíveis do título de “ícones modernistas”, e partiu da revisão de uma tabela incialmente apresentada por Alana Oliveira (2012), em seu trabalho final de graduação “Memória Moderna da Minha Cidade Natal, que reunia os 25 edifícios mais recorrentes na bibliografia consultada pela autora. Porém, foi verificado que as referências consultadas são escassas e redundantes, e a pesquisa propôs ampliar e aprofundar a consulta de fontes em relação àquelas examinas por Oliveira (2012). Primeiramente, foi consultado o Acervo MUsA de trabalhos disciplinares, onde foi possível examinar todos os trabalhos produzidos referentes à arquitetura moderna e protomoderna natalense. Em seguida, foram identificados os edifícios mais recorrentes nessa amostra, e então registrados em uma tabela. Seguindo na investigação, partiu-se para a consulta de dissertações e publicações sobre o assunto - MELO (2004), PEREIRA, et al (2008), TRIGUEIRO, et al (2010), TRIGUEIRO, et al (2012), a edição n˚6 da revista BROUHAHA, LIMA (2002), MIRANDA (2010), FERREIRA et al (2008), SOBRAL (2011), e o guia Momotur do 4 Docomomo Nordeste (2012) – e foi possível conceber uma tabela que reunia aproximadamente 40 exemplares, incluindo edifícios institucionais, clubes sociais e

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moradias. Cada edifício selecionado, apresenta uma ficha com informações básicas, referentes a autoria, logradouro, ano de inauguração, e material iconográfico disponível, sendo também uma maneira de identificar a potencialidade de prosseguir nos estudos sobre cada edificação. Desse modo, a partir primeiro conjunto de 40 exemplares, observou-se que alguns edifícios se destacavam, por serem citados com maior recorrência pelos autores estudados. Dessa forma, definiram-se os 25 edifícios (figura 1) que mais se destacavam na bibliografia produzida sobre assunto e que atendiam aos critérios analíticos predefinidos, sendo 21 edificações de variados usos e 4 moradias. As edificações englobam desde as já extintas, como as dilapidadas e as preservadas, e são elas: 1- Sede do DER (Departamento de Estrada de Rodagens); 2- edifício do TRE (Tribunal Regional Eleitoral); 3 - Reitoria da UFRN; 4 –IPASE; 5 – Clube Social América F.C.; 6 - Capela do Campus da UFRN; 7 – Machadão; 8 – Sede do CREA (antiga Mineração Brejuí); 9 - Centro Administrativo; 10 - Cine Nordeste; 11- Terminal Rodoviário Presidente Kenedy (Museu cultura popular Djalma Maranhão); 12 - Hotel Reis Magos; 13 - Faculdade de Odontologia da UFRN; 14 - Catedral Metropolitana; 15- ASSEN; 16 – Clube Social AABB; 17 - Museu Câmara Cascudo; 18 - Banco do Nordeste; 19 - Ministério da Saúde INSS ou INPS; 20 - Grande Hotel; 21 - Edifício sede da comissão de saneamento; 22 – Residência 744 da Av. Hermes da Fonseca; 23 - Residência família José Bezerra; 24 -Residência da Rua Joaquim Manuel, 108; e 25 - Residência família Pedro Coelho.

Figura 1: 25 ícones da arquitetura moderna natalense – produto da primeira fase de pesquisa. Fonte: Produzido pelas autoras.

Na primeira fase de pesquisa, observou-se uma dificuldade em classificar moradias. Isso, pois, embora as mais emblemáticas tenham sido citadas nas referências consultadas, observou-se uma tendência na bibliografia consultada de concentrar a representatividade da nossa arquitetura em edifícios públicos ou privados, mas de aparência mais ou menos monumental. Porém, ao debruçarmos no Acervo MUsA, observamos também, a existência de diversos trabalhos abordando edificações residenciais, mas não se tinha ainda um critério para classificá-las como ícones.

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Embora Alessandra Consulin Melo, tenha trazido à luz, em 2004, o mais extenso conjunto sobre a produção modernista residencial de Natal, 68 plantas completas de projetos residenciais, assinadas por projetistas com ou sem formação específica, 63 dos quais a serem construídos nos bairros de Petrópolis e Tirol, observava-se tais pontos: 1) Os casos abordados por Melo concentravam-sem nos bairros de Tirol e Petrópolis, e através da pesquisa no Acervo MUsA constatou-se a existência de outros casos emblemáticos distribuídos em outros bairros da cidade, como no Alecrim, Lagoa Seca e Areia Preta, por exemplo; 2) Era necessário estabelecer um critério para classificar como ícones tanto os casos apontados por Mello, quanto os outros casos existentes no Acervo.

Ao contrário dos estudos de Melo (2004), que se concentraram apenas nos bairros de Tirol e Petrópolis, Trigueiro, Cappi e Nascimento (2010) afirmam que a arquitetura moderna em Natal encontrou receptividade quase instantânea em todas áreas então ocpupadas em Natal, como apontam estudos e inventários desenvolvidos pelos alunos alunos do curso de arquitetura da UFRN desde os anos 1990. Estes estudos mostram a presença da arquitetura moderna nos bairros de Cidade Alta, Ribeira, Rocas, Praia do Meio, Areia Preta, Petrópolis e Tirol –os quais foram sistematizados em bases de informação geográfica (SIG) (figura 2) – e também, nos bairros do Alecrim, Quintas, Lagoa Seca, Lagoa Nova, Barro Vermelho, Santos Reis e Vila de Ponta Negra.

Figura 2: Edifícios modernistas em diversos bairros de Natal Fontes: MEDEIROS (2001), PRAC/Ribeira (2006), trabalhos disciplinares (2007), CARVALHO (2007), e trabalhos disciplinares

(1999).

Na segunda fase de pesquisa "Arquitetura Moderna Natalense, explorando e reestruturando o acervo iconográfico" (Rodrigues, 2014), com a necessidade de desenvolver uma matriz de critérios analíticos (Tabela 1) capaz de classificar novos ícones, e a partir da revisão bibliográfica da produção modernista da Paraíba, Pernambuco e RN, constatou-se que os critérios valorativos mais recorrentes – distintivos da boa produção modernista - circunscrevem-se ao formato de cinco categorias expressivas: (1) da relação edifício-lote-quadra-entorno; (2) da composição da caixa-mural/volumetria; (3) da natureza da estrutura/aspectos construtivos; (4) do arranjo espacial; e (5) de soluções/adaptações climáticas.

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Tabela 1: Tabela de critérios valorativos e categorias analíticas que foi base para elencar as 30 residências consideradas ícones da arquitetura moderna natalense.

Categorias analíticas

Relação

edifício-lote-quadra-entorno

Caixa-mural/volume

tria

Estrutura/ aspectos

construtivos

Arranjo espacial

Soluções/ adaptações climáticas

Outros

CR

ITE

RIO

S V

AL

OR

AT

IVO

S

Edificação de forma independente ao lote (P.: 309-316)

Transmissão da ideia de moderno através do volume prismático das fachadas (P.:236-238)

Estruturas independentes que remetem ao conceito de pilotis (N. : p. 67)

Setorização da casa, marcada pelas duas entradas distintas, uma social e uma íntima (P.: 236-238)

Panos de vidro, cobogós, brises-soleils (M.; N.:87, 97)

Azulejos, pastilhas cerâmicas, pintura lavável. (T. C.:317)

Privacidade do lote da unidade habitacional, separando os jardins por muros baixos (R.: 158)

Cobertas em asas de borboleta, empenas trapezoidais, peitoril da varanda inclinado com a laje de piso (N.: 65)

Busca de expressividade nos elementos tais como pilares, vigas, gárgulas, caixas d’água, plasticamente explorados. (N.: 2003)

Programa dividido nas funções social, serviço e íntimo (Np. 236-238)

Uso do peitoril ventilado (A. C.: 242, 243)

Utilização de elementos tradicionais e referências coloniais (P.: 309-316)

Referência urbana (A.: 56)

Jogo equilibrado de cheios e vazios por meio das aberturas nos painéis (N.:97)

Pilotis com coluna em V (N.: 75, 81);

Planta em forma de U (N.:67)

Indução de ventilação cruzada (T.; C. :317)

Adequação aos desníveis (A. ; C.: 247-267)

CR

ITE

RIO

S V

AL

OR

AT

IVO

S

Integração do meio interno com o externo (G.: 70)

Revestimento externo de azulejos em novos e modernos padrões geométricos (R.:238)

Estruturas

trapezoidas (R.:,

239)

Separação entre setores e sua relação intrínseca com a volumetria (A. ; C. 247-267)

Pátio interno circundado com varandas. (Cadernos :113)

Prédios intercalados por jardins e passeios (M.:112)

Telhado plano com grandes beirais (M.:, 93)

Cobertura visualmente plana. (T. ; C.:304,317)

Planta em L com criação de pátios (A.:56)

Vedação das paredes com tijolo aparente

(M.: 130 e

131)

Escala do edifício com a paisagem circundante (Cadernos: 106)

Volumes puros, ortogonais, destituídos de ornamentação. (T. ; C.:309)

Parte de cima sustentada por colunas chamadas de palito. (G.: 57)

Áreas de WC, serviços e cozinha em um só núcleo. (R.: 239)

Zoneamento Funcional T.; C.: 311

P.: PEREIRA, 2010; R.: ROCHA, 2004; A.: AMORIM, 1981; G.: GALVÃO, 2009; M.: MIRANDA, 2010; Cadernos

Brasileiros de Arq. – vol. II, 1982; N.: NASLAVSKY, 2012; T.C.: TARALLI; CAMPÊLO, 2007

Com a tabela de critérios valorativos deifinida (Tabela 1), foi possível classificar ícones modernistas residenciais com base nas qualidades intrínsecas ao edifício, independentemente da qualificação formal do responsável por sua concepção. As edificações analisadas eram avaliadas sobre estes critérios capazes de verificar em que medida os exemplares reúnem qualidades consideradas expressivas da boa produção de arquitetura moderna. Deste modo foi possível chegar a um conjunto de 30 edificações de uso residencial que apresentam mais ou menos estes critérios analisados. Um critério que norteou a escolha dos casos como tais foi o material disponível sobre cada edificação, pois assim, através da observação de uma maior variedade de fotos e de plantas seria possível melhor avaliar as edificações diante das categorias analíticas.

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Com isso foi possível observar a qualidade construtiva e técnica do vasto acervo modernista produzido em Natal no século XX, de modo que chegar em 30 exemplares residências não foi tarefa difícil, uma vez que o acervo do grupo de pesquisa apresenta muitos outros casos com qualidades semelhantes, mas com a limitação do material disponível sobre eles. Desde modo, no site figuram as edificações mais representativas, por aspectos construtivos, técnicos e também sociais, mas no decorrer da pesquisa fui capaz de perceber que Natal teve (pois caminha para a completa dilapidação desse patrimônio) um vasto acervo de qualidade semelhante dos exemplares considerados ícones apresentados no site.

As 30 moradias elencadas estão distribuídas nos bairros de Tirol (16), Petrópolis (8), Areia Preta(1), Alecrim(3) e Barro Vermelho (1), e predominam os edifícios construídos na década de 1950 (14 casos) e 1960 (11 casos). Foi contemplado um caso que se crê ter sido construído ainda nos anos 1930 – o que sugere ter sido este o primeiro exemplar modernista residencial de Natal – e dois casos dos anos 1970. Qualidades que permitem classificar os edifícios selecionados como ícones modernistas estão sintetizadas na figura 3, mediante um código cromático de rápida leitura representando as categorias analíticas examinadas.

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Figura 3: Qualidades indicativas de ícones modernistas conforme as categorias analíticas examinadas. Fonte: Quadro produzido pelas autoras a partir de fotos de trabalhos disciplinares

(acervo MUsA).

Para complementação dos casos identificados como ícones da arquitetura moderna natalense, a categoria analítica “relação edifício-lote-quadra-entorno” se faz presente na maioria das moradias identificadas. Estas destacam-se volumetricamente dos limites dos lotes, mesmo quando a dimensão destes não permitem grandes recuos.

Os jardins e passeios intercalam-se nas edificações, permitindo a integração entre as áreas internas e externas. Volumes prismáticos predominam, muitas vezes com dois pavimentos, que parecem saltar do solo, distinguindo-se da vizinhança, encimados por

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telhados planos, ou empenas em “asa de borboleta”. Cheios e vazios equilibram-se. O revestimento em cerâmica com padrões geométricos foi identificado em três exemplares da amostra.

Quanto à estrutura e aspectos construtivos observamos que o conceito de pilotis foi utilizado em grande parte dos apoios, presente em 12 exemplares das moradias consideradas ícones da arquitetura moderna natalense. Alguns tomam a forma das chamadas “colunas palito”, outros das colunas em V – um dos elementos mais referidos na literatura.

No que diz respeito ao arranjo espacial, a setorização das casas de acordo com as funções – social, serviço e íntima – está comumente presente, em alguns casos transparecendo na composição volumétrica das residências. Com relação às soluções e adaptações climáticas, são comuns os cobogós, pérgolas e jardins internos, encontrados em 21 dos 30 casos estudados. Constatou-se a presença de painéis com temas regionais, em 3 exemplares da amostra. A adequação dos edifícios aos desníveis, ou para acentuar a setorização foi percebida em três exemplares . Também foram encontrados elementos que parecem mais recorrentes na arquitetura potiguar do que nos demais estados do Nordeste, como é o caso dos revestimentos em pedras encontrados em 5 exemplares da amostra.

Com o conjunto de 25 ícones definidos na primeira fase de pesquisa (públicos, privados e residenciais), mais as 30 moradias elencadas nas fases posteriores de pesquisa, foi possível chegar ao grupo de 54 Ícones da Arquitetura Moderna Natalense (foi subtraído 1 edifício do somatório total, pois se trata de um caso que se repetiu nas duas pesquisas) e então partimos para estruturar o site. Este agrupa informações sobre cada uma das edificações a partir do material disponível no Acervo MUsA, que reúne: logradouro, nome/destinação, ano de construção, projetista, fonte, material existente, uma galeria com fotos e plantas, quando disponíveis, e um mapa com a localização de cada edificação.

O site foi produzido através da plataforma online Wix.com, que permite a criação de sites gratuitos, e está dividido em 6 abas: Home, o Projeto, Edifícios, Arquitetos, Momotur, E MUsA. Estas abas distribuem o conteúdo no site de modo que o usuário possa ter um melhor entendimento sobre o acervo e seus desdobramentos. Ao navegar no site, o usuário tem desde uma compreensão geral sobre o assunto ao ler o resumo sobre o conteúdo, como pode observar por exemplo, as áreas da cidade em que os edifícios modernistas se concentram, e ao pesquisar sobre determinado exemplar, é possível vislumbrar informações gerais sobre projetação e ano, como também observar através de fotos a situação atual da edificação, e refletir então sobre a situação de perigo iminente que essas edificações se encontram, quando residências modernistas seguem sendo demolidas sem que sequer se consiga lembrar de sua existência alguns dias depois.

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Figura 4: Página inicial do site. Fonte: Produzido pelas autoras.

A página inicial do site, “Home” (figura 4), direciona o usuário para as principais páginas através do clique em ícones com fotos de edificações ou de arquitetos. O background da página foi desenvolvido a partir de um elemento do pano de cobogós presente no Hotel Reis Magos- importante ícone implantado na Praia do Meio dos anos 1960, que recentemente luta no embate a favor de sua preservação diante da demolição requerida pelos seus proprietários.

A página seguinte,”O Projeto”, explica ao usuário o conteúdo presente no site, sobre o acervo construído pelo grupo de pesquisa MUsA e sobre as pesquisas que elencaram as edificações apresentadas como Ícones Modernistas, ou seja, o processo que explica como os ícones foram elcandos apresentado nesse artigo, consta nessa página de maneira sintética e linguagem acessível.

Em seguida, a página “Edifícios” apresenta o conteúdo central do site (figura 5). Nela, as 54 edificações consideradas ícones da arquitetura moderna natalense se distribuem na página que é dividida por bairros. Cada subtítulo de bairro, contém as fotos das edificações, seguidas pelo título (nome da edificação ou lograudouro, no caso das residências). As fotos são links, que com o clique sobre elas, uma página em seguida é aberta dedicada a cada ícone. Nela estão informações sobre a edificação, a partir do material disponível no acervo MUsA. A ficha de informações básicas contém informações sobre logradouro; nome/destinação; ano de construção; projetista, podendo ser arquiteto, engenheiro ou “prático”; fonte, onde se tem uma bibliografia de onde o material foi retirado; e informação sobre o material existente, que especifica qual tipo de material está disponível. Essa ficha se faz necessária também como divulgação dos trabalhos disciplinares do Acervo MusA, que por não se tratarem de obras publicadas, estão restritros muitas vezes aos limites do grupo de pesquisa, se mantendo em desconhecimento da comunidade acadêmica. Assim, como o site também disponibilizando esses títulos, a divulgação se facilita. Seguida da ficha, a página tem uma galeria com fotos e plantas - quando disponíveis, e um mapa com a localização de cada edificação. Este mapa foi introduzido na página através de um plug-in do Google Maps, ou seja, além do usuário visualizar a

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localização da edificação na cidade, ele pode também navegar nas ruas através da ferramenta Street View, observando a situação atual da fachada da edificação em questão, e dessa forma, como já foi dito, o usuário tem a possibilidade de refletir acerca dos caminhos da preservação da arquitetura moderna na cidade.

Figura 5: Aba edifícios dividida por bairros. Fonte: Produzido pelas autoras.

A aba “Arquitetos” contém uma lista de todos os profissionais envolvidos nos projetos das edificações contidas no site, e com um clique sobre o nome de cada um deles uma página é aberta (figura 6) apresentando sua foto quando disponível e as edificações de sua autoria. É possível com este acesso vislumbrar a atuação dos arquitetos, a linha plástica que mais faziam uso, os anos de maior atuação, etc.

Figura 6: Aba do arquiteto Moacyr Gomes. Fonte: Produzido pelas autoras.

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A página Momotur trata da divulgação da publicação de mesmo nome resultado do Docomomo Norte Nordeste realizado em Natal em 2012, que contém um roteiro com as principais edificações modernistas da cidade. Esta página leva o usuário a um link onde se visualiza a publicação na íntegra, através do site de leitura online Isuu, que permite ao usuário a visualização do documento como se passam páginas de um livro.

Finalmente, a ultima aba do Site, “MUsA”, apresenta o grupo de pesquisa (uma breve história de sua formação e desenvolvimento) e seus componentes.

No decorrer da construção do site objetivou-se a construção de uma página de fácil leitura ao usuário, de modo que as informações se apresentassem de maneira clara e objetiva. A ficha de informações de cada edificação foi formulada para permitir isso, mostrando ao visitante informações básicas sobre cada edificação e ainda indicando caminhos possíveis para o aprofundamento do estudo de cada uma delas.

O rápido processo de desaparecimento do acervo modernista em Natal trouxe a necessidade primeiro de documentação, e agora da divulgação deste material. Vislumbrar este acervo numa página na rede mundial de computadores é gratificante, pois embora não impeça diretamente a devastação deste patrimônio, informa a população sobre o valor desta arquitetura ainda pouco reconhecida pela sociedade. O desenvolvimento deste site foi gratificante também, pois foi possível ver parte do material documentado desde a década de 90 pelo grupo de pesquisa MUsA de maneira acessível para a população.

O site se insere também na questão de refletir acerca da situação vulnerável a qual a arquitetura modernista natalense se encontra. Das 54 edificações apresentadas, as que mantém-se preservadas são a maioria de uso institucional (15), seguidas de algumas residências (11) que por alguma sorte, ainda mantém-se tal qual seus projetos originais. Quando falamos em estado de preservação, nos referimos ao “estado original da obra”, pois no que se refere à “conservação”, ao estado físico das edificações, a situação é preocupante. Os clubes sociais, que por pelo menos duas décadas foram considerados templo maior da vida “socialite” da cidade (Trigueiro e Feijó, 2012), caíram em desuso e hoje suas arquiteturas encontram-se em situação preocupante. Nesta situação estão a ASSEN (Associação dos Subtenentes e Sargentos do Exército em Natal), que apresenta rachaduras e parte do pórtico de entrada está em perigo iminente de desabamento (figura 7), e a Sede Social do América Futebol Clube, projeto do arquiteto luso-pernambucano Delfim Amorim, que vem passando por transformações ao longo dos anos que desrespeitam a condição patrimonial da obra e em 2014, em virtude da realização do evento Casa Cor, teve sua fachada modificada, seus cobogós entaipados, e a escada helicoidal seriamente descaracterizada (figura 8), como retrata Oliveira (2015).

Figura 7: Clube social ASSEN (Associação dos Subtenentes e Sargentos do Exército de Natal) com faixa de isolamento devido ao perigo iminente de desabamento. Fonte: Google Maps (2015)

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Figura 8: Escada da Sede Social do América Futebol Clube antes e após modificações realizadas pelo evento Casa Cor 2014. Fonte: OLIVEIRA (2015)

O site por sua vez, vem com essa missão de conscientizar o visitante acerca do valor dessa produção, tanto pela qualidade técnica a qual foi concebida, pois a produção natalense é uma verdadeira representante da arquitetura moderna produzida no Brasil, quanto em alertar sobre a questão do acelerado processo de dilapidação que vem passando, o que tem colocado em risco a paisagem e as relações urbanas da cidade. Isso pois, a arquitetura que primava a relação de permeabilidade com o meio externo, que providenciava “um namoro entre o edifício e a rua” (Trigueiro e Medeiros, 2007) hoje vem sendo substituída por edifícios circundados por altos muros que matam essa relação antes existente.

Embora o primeiro objetivo do site esteja completo no que se diz respeito a divulgação do conjunto de edificações consideradas ícones da arquitetura moderna natalense, ainda se vislumbra continuar a disponibilizar na internet outras partes do acervo construído pelo grupo de pesquisa MUsA.

O acervo sobre arquitetura modernista natalense é um importante representante do trabalho realizado pelo grupo ao longo dos anos, e com a construção do site “Ícones da Arquitetura Moderna Natalense” já é possível vislumbrar a complementação do site a partir do estudo de outras edificações simbólicas, mas que ainda permanecem com pouca visibilidade. Com o modelo do site já construído, pode se vislumbrar também a possiblidade de utilizá-lo como base para a construção de próximas páginas que possam divulgar também outros acervos construídos pelo MUsA, como o da arquitetura eclética, por exemplo.

Referências Bibliográficas

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