SOBRE LITERATURA E CINEMA: DA REFERÊNCIA LITERÁRIA AO EMBLEMÁTICO CINEMATOGRÁFICO
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Alan Martins
SOBRE LITERATURA E CINEMA:
DA REFERÊNCIA LITERÁRIA AO EMBLEMÁTICO CINEMATOGRÁFICO
Este trabalho se propõe a refletir sobre o movimento interarte entre Literatura e
Cinema, tecendo considerações acerca da influência exercida pela primeira sobre a
segunda, dedicando atenção maior ao processo de adaptação de narrativas literárias para
narrativas cinematográficas. Em um primeiro momento, far-se-á uma breve exposição
histórica acerca do início do diálogo entre Literatura e Cinema – possivelmente início
do século XX (BERNARDET, 1993) – realçando a influência que a linguagem literária
exerceu na formação do cinema enquanto narração de estórias ficcionais. Ainda neste
primeiro tópico se inicia a reflexão sobre os domínios sígnicos em que cada
manifestação artística se insere, isto é, enquanto o fazer literário se ocupa e se vale, em
sua essência, da palavra em sua forma grafada em papel, o cinema materializa-se por
articulação da palavra, não necessariamente na forma grafada, com elementos
imagéticos (locações, cenários, encenações, etc.). No segundo momento, problematizar-
se-á sobre o procedimento de “tradução intersemiótica” (PLAZA, 2008) efetuado por
artistas, aqui especificamente cineastas, ao levar uma narrativa originária da Literatura
para uma obra fílmica, indicando assim, possíveis “choques” interartes ocasionados pela
realização de adaptações cinematográficas para obras literárias. Finalmente, tópico 3
(três), tentar-se-á elucidar a adaptação realizada a partir do romance intitulado Eu
receberia As Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios (2005), de Marçal Aquino, pelos
cineastas Beto Brant e Renato Ciasca no ano de 2011, obra fílmica de título homônimo,
buscando identificar com base na exposição e discussão ao longo do trabalho sobre a
relação Literatura/Cinema, elementos da obra literária que são apenas referidos de
forma singela na sua narrativa, mas que no filme ganham destaque, tornando-se
emblemáticos visualmente. Para este intento, utilizar-se-ão como aporte teórico os
estudos de Jean Claude Bernardet (1993), Julio Plaza (2008), Lucia Santaella (2003),
Jacques Aumont (2011) e Arnaldo Franco Junior (2003).