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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

    ESCOLA DE ENGENHARIA

    FACULDADE DE ARQUITETURA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM DESIGN

    PGDESIGN

    ESTUDO DE ROTOR PARA TURBINA ELICA DE EIXO HORIZONTAL DE

    PEQUENO PORTE COM APLICAO DE MODELAGEM E SIMULAO VIRTUAL

    JULIO CESAR PINHEIRO PIRES

    Porto Alegre

    2010

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    P667e Pires, Jlio Cesar Pinheiro

    Estudo de rotor para turbina elica de eixo horizontal de pequeno porte com aplicaode modelagem e simulao virtual / Jlio Cesar Pinheiro Pires. 2011.

    Dissertao (mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escola deEngenharia. Faculdade de Arquitetura. Programa de Ps-Graduao em Design.Porto Alegre, BR-RS, 2010.

    Orientadora: Prof. Dr. Branca Freitas de Oliveira

    1. Energia elica. 2. Elementos finitos. 3. Simulao computacional. 4. Modelagemgeomtrica. 5. Design industrial. I. Oliveira, Branca Freitas de, orient. II. Ttulo.

    CDU-744(043)

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    JULIO CESAR PINHEIRO PIRES

    ESTUDO DE ROTOR PARA TURBINA ELICA DE EIXO HORIZONTAL DE

    PEQUENO PORTE COM APLICAO DE MODELAGEM E SIMULAO VIRTUAL

    Dissertao apresentada ao Programa Ps-graduao em Design PgDesign daUniversidade Federal do Rio Grande do Sulcomo requisito parcial obteno do ttulo

    de Mestre em Design, modalidadeacadmica, na rea de Design Virtual.

    ORIENTADORA: Prof. Dra. Branca Freitas

    de Oliveira

    Porto alegre

    2010

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    JULIO CESAR PINHEIRO PIRES

    ESTUDO DE ROTOR PARA TURBINA ELICA DE EIXO HORIZONTAL DEPEQUENO PORTE COM APLICAO DE MODELAGEM E SIMULAO VIRTUAL

    Esta dissertao de foi julgada adequada para obteno do ttulo de Mestre em Design namodalidade acadmica e aprovada em sua forma final pela Orientadora e pela banca examinadoradesignada pelo programa de Ps-Graduao em Design - PgDesign da Universidade Federal do

    Rio Grande do Sul.

    _________________________________Prof. Branca Freitas de Oliveira, Dra.

    Orientadora PgDesign/UFRGS

    _______________________________Prof. Wilson Kindlein Junior, Dr.

    Coordenador PgDesign/UFRGS

    Banca examinadora:

    ________________________________________Professora Adriane Prisco Petry, Dra. em engenharia mecnica / UFRGS. Professora nagraduao e ps-graduao UFRGS (DEMEC/UFRGS).

    ________________________________________Professor Fabio Gonalves Teixeira, Dr. em engenharia mecnica com nfase emcomputao grfica e modelagem geomtrica / UFRGS. Professora na graduao e ps-graduao UFRGS (PgDesign/UFRGS).

    ________________________________________Professor Jos Luis Farinatti Aymone, Dr. em engenharia civil / UFRGS. Professor nagraduao e ps-graduao UFRGS (PgDesign/UFRGS).

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    Aos meus filhotes Dot e Meg. minha

    Esposa Mrcia pelo apoio e pacincia em

    Todos os momentos

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo minha professora orientadora Branca Freitas de Oliveira, no apenas por este

    trabalho, mas por orientar minha carreira acadmica na UFRGS com dedicao e

    profissionalismo. Quando colocado seu conhecimento a disposio do aluno, torna-se possvel ir

    mais longe.

    Ao professor Fbio Gonalves Teixeira pelo apoio desde meu ingresso na UFRGS.

    Ao professor Jos Luis Farinatti Aymone tambm pelo apoio e por aceitar participar da

    banca examinadora.

    professora Adriane Prisco Petry pelos assessoramentos que ajudaram a construir este

    trabalho.

    Aos demais integrantes do VID Virtual Design UFRGS por colaborarem de alguma

    forma com esta pesquisa.

    Aos demais professores e funcionrios do PgDesign Ps-graduao em Design e

    Tecnologia, representados pelo coordenador professor Wilson Kindlein Jnior.Aos Bolsistas em iniciao cientfica Gabriel Birck e Anderson Peccin da Silva por sua

    colaborao nas anlises numricas.

    Aos meus pais Ricardo e Cleonice e s minhas irms.

    Ao CNPq, a CAPES e a PROPESQ/UFRGS pelo suporte financeiro para realizao dessa

    pesquisa.

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    SUMRIO

    1. INTRODUO ................................................................................................................... 17

    1.1. CONTEXTUALIZAO ..................................................................................................... 17

    1.2. PROBLEMA ......................................................................................................................... 20

    1.3. OBJETIVOS GERAL E ESPECFICOS .............................................................................. 20

    1.4. JUSTIFICATIVA.................................................................................................................. 22

    1.5. ESTRUTURA DA DISSERTAO .................................................................................... 23

    2. FUNDAMENTAO TERICA...................................................................................... 24

    2.1. HISTRICO SOBRE TRANSFORMAO DE ENERGIA .............................................. 24

    2.1.1. Energia da biomassa..................................................................................................................................25

    2.1.2. Energia de combustveis fsseis................................................................................................................26

    2.1.3. Energia nuclear..........................................................................................................................................27

    2.1.4. Energia de fontes alternativas....................................................................................................................27

    2.2. ENERGIA ELICA.............................................................................................................. 282.2.1. Incio do uso da energia elica..................................................................................................................28

    2.2.2. Tipos de turbinas elicas...........................................................................................................................32

    2.2.3. Legislao brasileira para o setor de energia elica ..................................................................................38

    2.3. AEROGERADORES ............................................................................................................ 39

    2.3.1. Partes do aerogerador ................................................................................................................................40

    2.3.1.1. Rotor ................................................................................................................................................40

    2.3.1.2. Sistema de transmisso....................................................................................................................41

    2.3.1.3. Gerador eltrico ...............................................................................................................................42

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    2.3.1.4. Mecanismo de controle e orientao................................................................................................42

    2.3.1.5. Torre ................................................................................................................................................43

    2.3.2. Modelos comerciais de aerogeradores de pequeno porte .......... ........... ........... ......... ............ ........... .......... 44

    2.4. MATERIAIS COMPSITOS ............................................................................................... 46

    2.4.1. Matrizes de materiais compsitos .............................................................................................................49

    2.4.2. Reforos de materiais compsitos.............................................................................................................50

    2.4.3. Processos de fabricao de materiais compsitos .....................................................................................52

    3. METODOLOGIA................................................................................................................ 56

    4. ANTEPROJETO E SIMULAES.................................................................................. 58

    4.1. DETERMINAO DE VARIVEIS DE PROJETO.......................................................... 59

    4.1.1. Foras contidas nos ventos........................................................................................................................59

    4.1.2. Potncia elica...........................................................................................................................................61

    4.2. DIMENSIONAMENTO E MODELAGEM ......................................................................... 66

    4.2.1. Perfil aerodinmico ...................................................................................................................................67

    4.2.2.

    Modelagem geomtrica em trs dimenses...............................................................................................77

    4.3. SIMULAES PELO MTODO DOS ELEMENTOS FINITOS ...................................... 80

    5. CONSIDERAES FINAIS.............................................................................................. 95

    6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .............................................................................. 97

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    LISTA DE SMBOLOS E ABREVIAES

    TEEH Turbina Elica de Eixo Horizontal

    CAD Computer Aided Design Projeto/Desenho Assistido por Computador

    3D Tridimensional

    MH110 Perfil aerodinmico criado por Martin Hepperle

    GWEC Global Wind Energy Council (Conselho Global de Energia Elica)MW Megawatt

    GW Gigawatt

    kW kilowatt

    CAE Computer Aided Engineering Engenharia Auxiliada por Computador

    CEEE Companhia Estadual de Energia Eltrica

    ICMS Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios

    PIS Programa de Integrao SocialCofins Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social

    ANP Agncia Nacional do Petrleo

    a.C. Antes de Cristo

    NASA National Aeronautics and Space Administration - Agencia Aeroespacial Norte

    Americana

    IDER Instituto de Desenvolvimento Sustentvel e Energias Renovveis

    TEEV Turbinas Elicas de Eixo Vertical

    ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica

    PIE Produo Independente de Energia

    SP Servio Pblico

    APECOM Autoproduo de Energia / Consumidor

    APE Autoproduo de Energia

    rpm Rotaes por Minuto

    W Watt

    EVR Elementos de Volume Representativo

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    PRFV Polmero Reforado com Fibra de Vidro

    MEKP Metil-etil-cetonaGPa Gigapascal

    E Energia Cintica

    m Massa

    v Velocidade do vento

    disP Potncia disponvel

    Densidade do ar

    A rea varrida pelas ps de rotor elicoretP Potncia retirada do vento

    1v Velocidade do vento anterior s ps

    3v Velocidade do vento posterior s ps

    2v Velocidade do vento no nvel das ps

    Velocidade especfica (= D )

    uv Velocidade de rotao das ps

    Velocidade angular

    R Raio

    Cp Coeficiente de potncia

    ngulo de passo

    rv Velocidade resultante

    ngulo de ataque

    lF Fora de sustentao

    lC Coeficiente de sustentao

    dC Coeficiente de arrasto

    L Sustentao

    D Arrasto

    NACA National Advisory Committee for Aeronautics - Comit Nacional para

    Aconselhamentos sobre Aeronutica

    c Corda da p

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    PI (3,14159)

    n Nmero de psr Raio local

    Toro da p (twist)

    ngulo entre rv e uv

    arctan Arco tangente = 1/tangente

    NURBS Non-Uniform Rational Bzier Spline Superficie B-Spline no Uniforme e

    Racional

    2D BidimensionalMEF Mtodo dos Elementos Finitos

    1E Mdulo de elasticidade na direo das fibras

    2E Mdulo de elasticidade na direo transversal as fibras

    12v Coeficiente de Poisson

    12G Mdulo de cisalhamento no plano 1-2

    13G Mdulo de cisalhamento no plano 1-3

    23G Mdulo de cisalhamento no plano 2-3

    dr Componente que representa a espessura infinitesimal do anel considerado para o

    clculo da rea de varredura da p

    dT Fora de empuxo

    dU Fora rotacional

    N Newton

    ij Componentes do tensor de tenses

    tX Resistncia a trao na direo 1

    AS Resistncia ao cisalhamento nos planos 1-2 e 1-3

    cX Resistncia a compresso na direo 1

    tY Resistncia a trao na direo 2

    tS Resistncia ao cisalhamento no plano 2-3

    cY Resistncia a compresso na direo 2

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Diagrama Ennio - fontes de energia ............................................................................. 25

    Figura 2 - Moinho de vento persa.................................................................................................. 29

    Figura 3 - Moinho de vento ingls ................................................................................................ 30

    Figura 4 Pequena turbina elica dinamarquesa .......................................................................... 31

    Figura 5 - Modelos de rotor com eixo vertical .............................................................................. 32

    Figura 6 - Rotor tipo Savonius ...................................................................................................... 33

    Figura 7 - Rotor tipo Darrieus ....................................................................................................... 34

    Figura 8 - Aerogerador de eixo horizontal instalados em Osrio/RS............................................ 35

    Figura 9 - Evoluo do tamanho e potncia de aerogeradores ...................................................... 36

    Figura 10 Maior fazenda elica offshore do mundo, Inglaterra ................................................. 37

    Figura 11 - Simulao de uma turbina da empresa Magenn Power .............................................. 37

    Figura 12 - Turbina TEEV de levitao da empresa Maglev........................................................ 38

    Figura 13 Possveis usos de energia elica................................................................................. 46

    Figura 14 Custo em funo do desempenho para componentes compsitos ............................. 47Figura 15 - Tipo de vento em funo da altitude........................................................................... 60

    Figura 16 - Relao entre coeficiente de potncia e velocidade especfica................................... 63

    Figura 17 - Aproximao matemtica do coeficiente de potncia em funo de e do ngulo de

    passo .............................................................................................................................................. 64

    Figura 18 - Relao entre ngulos, fora e velocidades em um perfil aerodinmico.................... 65

    Figura 19 Projeto gerador elico de pequeno porte.................................................................... 66

    Figura 20 - Sustentao (L) e arrasto (D) em funo do coeficiente de potncia e da velocidadeespecfica .................................................................................................................................. 69

    Figura 21 Forma do perfil aerodinmico MH 110 ..................................................................... 71

    Figura 22 Anlise do perfil MH110 no JavaFoil........................................................................ 72

    Figura 23- Dimenses da corda cda p para as sees definidas ................................................. 75

    Figura 24 Suavizao da p ........................................................................................................ 75

    Figura 25- ngulos de passo calculados para cada seo da p.................................................... 76

    Figura 26- Primeiro e ltimo ngulos de passo da p.................................................................... 77

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    Figura 27- Modelo 2D da p.......................................................................................................... 78

    Figura 28- Modelo com perfil aerodinmico e twist..................................................................... 79Figura 29- P com superfcie......................................................................................................... 79

    Figura 30 - Toro do perfil .......................................................................................................... 80

    Figura 31 Diagrama para anlise da p ...................................................................................... 82

    Figura 32 - Planos principais de uma lmina de material compsito............................................ 84

    Figura 33 P modelada e com e condio de engaste na raiz..................................................... 84

    Figura 34 P com atribuio das foras aerodinmicas.............................................................. 86

    Figura 35: Deslocamento na p em m ........................................................................................... 89

    Figura 36: tenses11 (direo do eixo longitudinal da p).......................................................... 89

    Figura 37: Resultados do critrio de falha de Hashin para trao na matriz................................. 92

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Capacidade de energia instalada no mundo [MW]...................................................... 18

    Tabela 2 Usinas elicas em operao no Brasil ......................................................................... 19

    Tabela 3 Modelos comerciais de aerogeradores de pequeno porte ............................................ 45

    Tabela 4 Composio de fibras de vidro tipo E, C e S em %..................................................... 51

    Tabela 5 Propriedades dos tipos de fibra de vidro...................................................................... 51

    Tabela 6 Custo de fibras utilizadas em compsitos.................................................................... 52

    Tabela 7 - Composio de uma placa tpica em compsito de fibra de vidro............................... 54

    Tabela 8 Altura de rugosidade em funo do tipo de terreno..................................................... 61

    Tabela 9 pontos de coordenadas do perfil MH110..................................................................... 70

    Tabela 10 Parmetros em funo do ngulo de ataque .............................................................. 73

    Tabela 11 especificaes para modelagem da p ....................................................................... 78

    Tabela 12 - Propriedades dos compsitos reforados por fibras unidirecionais ........................... 83

    Tabela 13 Dados do teste de validao da malha....................................................................... 88Tabela 14 - Dados obtidos nas simulaes com diferentes espessuras para velocidade de vento

    10m/s ............................................................................................................................................. 92

    Tabela 15 - Dados de deslocamento e foras atuantes na p para diferentes velocidades de vento e

    espessura de 0,007m...................................................................................................................... 93

    Tabela 16 - Dados de falha de Hashin para espessura total 0,007m e diferentes velocidades de

    vento .............................................................................................................................................. 93

    Tabela 17 dados de falha de Hashin para velocidade de vento 40m/s ....................................... 94

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    RESUMO

    PIRES, Julio Cesar Pinheiro. Estudo de Rotor para Turbina Elica de Eixo Horizontal dePequeno Porte com Aplicao de Modelagem e Simulao Virtual. Porto Alegre, 2010.Dissertao (Mestrado em Design), Programa de Ps-Graduao em Design, UFRGS, 2010.

    Este trabalho apresenta um estudo para aerogerador de pequeno porte projetado inicialmente parauso residencial. A nfase est na modelagem e simulao virtual da estrutura das ps emcompsito de fibra de vidro. A modelagem geomtrica foi feita com software para desenhoassistido por computador (CAD 3D). Para o projeto, foi escolhido o perfil MH110 que apresenta

    boa relao entre coeficiente de sustentao e coeficiente de arrasto e facilidade de fabricao. Osparmetros como o dimetro do rotor, a corda e a toro da p, as relaes entre velocidades e aaplicao de cargas na estrutura do material utilizado foram definidos segundo bibliografiaespecfica, softwarepara anlise de perfil aerodinmico e simulaes pelo mtodo dos elementosfinitos. Procurou-se buscar sempre a maior eficincia, segurana e economia. O materialconsiderado para o projeto das ps foi projetado para resistir s tenses decorrentes de operaoem condies consideradas normais e para rajadas de vento. A simulao pelo mtodo doselementos finitos foi conduzida com ferramenta computacional e levou em conta os limites defalha do material utilizado. A geometria foi simulada sem reforo interno e apresentou baixodeslocamento quando submetida s cargas aerodinmicas de empuxo e rotacional. Ao realizarsimulao com critrio de falha, foi possvel determinar a espessura mais adequada para o

    material compsito e verificar seu comportamento de acordo com diferentes velocidades devento.

    Palavras-chave: Energia elica, simulao computacional, mtodo dos elementos finitos,modelagem geomtrica.

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    ABSTRACT

    PIRES, Julio Cesar Pinheiro. Study for Small Horizontal Axis Wind Turbine Rotor withapplication of modeling and virtual simulation. Porto Alegre, 2010. Dissertao (Mestradoem Design), Programa de Ps-Graduao em Design, UFRGS, 2010.

    This work presents a study for small wind generator designed for residential usage. The emphasisis modeling and virtual simulation of the blade structure made in composite material (fiberglass).Geometric modeling was performed by computer aided design (CAD 3D) software. The MH110profile was chosen for design because it presents good ratio of lift coefficient and drag

    coefficient, and manufacturing facility. Parameters such as rotor diameter, chord and blade twist,the relationship between the blade speeds, and the application of loads on the material used weredefined according to specific bibliography, software for airfoil analysis and simulations by finiteelement method. It tried to always seek most efficiency, safety and economy. The material wasdesigned to withstand the stresses arising from operation under conditions considered normal andwind gusts. The simulation by finite element method was conducted by computational tool andtook into account the material failure criterion. The geometry was simulated without internalreinforcement and presented low displacement when subjected to aerodynamic loads of thrustand rotational forces. When performing simulation with the failure criterion, it was possible todetermine the most appropriate thickness for the composite material and verify its behavior underdifferent wind speeds.

    Keywords: Wind energy, computational simulation, finite elements method, geometric modeling.

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    1. INTRODUO

    1.1.CONTEXTUALIZAO

    A energia eltrica est presente em diversos setores da atividade humana. Os setores

    residencial, comercial, industrial, entre outros, so abastecidos com eletricidade provinda de

    usinas de gerao de energia eltrica. A extrao dessa energia feita atravs de mtodos

    conhecidos por renovveis e no renovveis. O petrleo e seus derivados, por exemplo, podem

    ser considerados fontes de energia no renovvel. J a energia solar e a elica so consideradas

    renovveis, limpas e ecolgicas.

    O aproveitamento do sol, bem como a utilizao do vento para converso em energia, so

    prticas que tendem a minimizar a emisso de poluentes na atmosfera visto que no requerem

    processos de combusto.

    O vento uma massa de ar que adquire energia cintica atravs da diferena de presso de

    uma regio para outra. Pode-se dizer que o vento proveniente da energia solar, pois essa

    diferena de presso se d pela diferena de temperatura da superfcie terrestre ou aqutica.

    Para Acioli (1994), energia elica o aproveitamento da energia do vento, a maneira de se

    extrair energia do vento atravs de cata-ventos.

    A produo de energia eltrica atravs da fora elica inicia-se somente por volta do sculo

    XX (Tolmasquim, 2003). Com o crescimento da economia mundial, veio o aumento

    significativo do consumo de eletricidade. A alta no preo do petrleo, juntamente com novas

    idias de produo de energia limpa, ecolgica e renovvel, impulsionaram a proliferao de

    empresas especialistas em energia elica. Os dinamarqueses foram pioneiros nessa prtica.

    Atualmente, a produo de energia elica muito visada por tratar-se de uma fonte nopoluente e, teoricamente, inesgotvel e tambm pelo apelo ecolgico que se faz necessrio diante

    de presses impostas por tratados ou acordos internacionais para reduo de emisso de gases

    poluentes na atmosfera.

    A tecnologia permitiu o desenvolvimento dos equipamentos e, juntamente com novas

    demandas, surgem cada vez mais projetos inovadores.

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    Segundo o GWEC Global Wind Energy Council (Conselho Global de Energia Elica),

    existe atualmente mais de 30.000 turbinas elicas em operao no mundo, totalizando mais de157 mil MW de capacidade instalada cumulativamente de 1996 a 2009.

    A distribuio das chamadas fazendas elicas pelo mundo est intimamente ligada

    presena de vento nas respectivas regies. flagrante a taxa de crescimento do uso da energia

    elica nos ltimos anos. Em 2005, mais de 59 GW de potncia elica estavam instalados em mais

    de 50 pases (Dalmaz, 2007). A Tabela 1 mostra a evoluo da capacidade instalada de 2008 a

    2009.

    Tabela 1 Capacidade de energia instalada no mundo [MW]

    Pas MW em 2008 MW em 2009

    EUA 25.237 35.159Alemanha 23.903 27.777

    China 12.104 25.104Espanha 16.689 19.149

    ndia 9.655 10.926Itlia 3.736 4.850

    Frana 3.404 4.492Reino Unido 2.974 4.051

    Portugal 2.862 3.535Brasil 341 606

    Demais pases 19.645 22.250

    Fonte: GWEC Global Wind Energy Council

    Nesse contexto, os Estados Unidos esto em vantagem em relao a todos os outros pases.

    No Brasil, segundo a ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica, existem diversas

    centrais elicas em operao e mais algumas outorgadas para incio da fase de construo. Dentreelas, as com maior capacidade so as instaladas em Osrio, no Rio Grande do Sul, com potncia

    outorgada de 150.000 kW (somando-se os 50.000 kW do Parque Elico de Osrio, os 50.000 kW

    do Parque Elico Sangradouro e os 50.000 kW do Parque Elico dos ndios; todos no municpio

    de Osrio) e a RN-15 de Rio do Fogo, no Rio Grande do Norte. A Tabela 2 apresenta 17 usinas

    instaladas e em operao no Brasil em 2008, totalizando uma potncia de 272.650 kW.

    A gerao em grande escala, ou na escala do Megawatt, tem evidenciado seus benefcios.

    Porm, para a chamada gerao de energia domstica, alguns entraves como a falta de interesse

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    em executar projetos especficos so suficientes para no haver uma produo em srie, assim

    como uma grande distribuio de modelos residenciais de geradores elicos. Existem empresascapacitadas para esta produo, mas a massificao do uso de energia elica est longe de ser

    realidade.

    Tabela 2 Usinas elicas em operao no Brasil

    UsinaPotencia

    outorgada(kW)

    Potenciafiscalizada

    (kW)

    Destino daenergia

    Proprietrio Municpio

    Elica de Prainha 10.000 10.000PIE (produoindependentede energia)

    Wobben Aquiraz CE

    Elica de Taba 6.200 5.000 PIE Wobben So Gonalo doAmarante CE

    Elica-EltricaExperimental do

    Morro do Camelinho1.000 1.000

    SP (serviopblico)

    CEMIG Gouveia MG

    Elica-Eltrica dePalmas

    2.500 2.500 PIECentrais Elicas do

    Paran Ltda.Palmas PR

    Elica de Fernandode Noronha

    225 225 PIECentro Brasileiro de

    Energia ElicaFernando de

    Noronha PEParque elico de

    Beberibe25.600 25.600 PIE

    Usina Elica EconergyBeberibe S.A.

    Beberibe CE

    Mucuripe 2.400 2.400 PIE Wobben Fortaleza CE

    RN 15 Rio doFogo 49.300 49.300 PIE Energias Renovveis doBrasil S.A. Rio do Fogo RNElica de Bom

    Jardim600 600 PIE

    Parque Elico de SantaCatarina Ltda.

    Bom Jardim daSerra SC

    Elica de Olinda 225 225 PIECentro Brasileiro de

    Energia ElicaOlinda PE

    Parque Elico doHorizonte

    4.800 4.800

    APECOM(autoproduoenergia/consu

    midor)

    Central Nacional deEnergia Elica Ltda.

    gua Doce SC

    Macau 1.800 1.800APE

    (autoproduode energia)

    Petrleo Brasileiro S/A Macau RN

    Elica gua doce 9.000 9.000 PIE Central Nacional deEnergia Elica Ltda. gua Doce SCParque Elico de

    Osrio50.000 50.000 PIE

    Ventos do Sul EnergiaS/A

    Osrio - RS

    Parque ElicoSangradouro

    50.000 50.000 PIEVentos do Sul Energia

    S/AOsrio - RS

    Parque Elico dosndios

    50.000 50.000 PIEVentos do Sul Energia

    S/AOsrio - RS

    Millennium 10.200 10.200 PIESPE Millennium Central

    Geradora Elica S/AMataraca - PB

    Total: 17 Usinas Potncia Total: 272.650 kW

    Fonte: ANEEL (2008)

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    1.2.PROBLEMA

    A gerao de energia elica uma realidade vivel e em expanso em todo o mundo.

    Diante de ferramentas computacionais com expressivo apelo visual, assim como uma ampla

    gama de possibilidades projetuais como modelagem tridimensional, apresentao de modelos em

    realidade virtual e possibilidade de se fazer simulaes estruturais complexas com preciso, o

    problema de pesquisa aqui apresentado pode ser entendido da seguinte forma: Como desenvolver

    o projeto de um rotor de aerogerador de pequeno porte para uso domstico com viabilidade

    tcnica e econmica empregando conhecimentos em design virtual?

    1.3.HIPTESE

    Com o auxlio de ferramentas computacionais de apoio ao design possvel projetar um

    rotor de aerogerador de pequeno porte para ser fabricado com economia e operar com segurana.

    1.4.OBJETIVOS GERAL E ESPECFICOS

    O objetivo geral do trabalho realizar o anteprojeto de um pequeno aerogerador atravs de

    ferramentas computacionais, utilizando modelagem geomtrica e simulaes numricas para os

    modelos das ps e evidenciando a importncia da converso de energia eltrica atravs de meios

    que minimizam a emisso de poluentes no meio ambiente (no caso, a energia elica).

    Os objetivos especficos desta pesquisa referem-se a:

    a. Realizar experimentos em desenho de rotores. Analisar quanto aerodinmicaaplicada a hlices e estruturas de aeroflio. Desenhar as ps para ficar prximo ao

    coeficiente de potncia1mximo;

    b. Analisar a viabilidade de uso de alguns materiais, para fabricao do rotor, quanto aos

    aspectos de custo, facilidade de execuo, resistncia, peso especfico, deformaes

    mximas, etc;

    1 Segundo Fink, coeficiente de potncia definido como a frao da potncia do vento convertida em

    potncia mecnica no eixo do rotor.

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    c. Fazer simulaes para determinar os limites estruturais do material escolhido para as

    ps, escolher um critrio de falha e dimensionar o modelo otimizado utilizandosoftwares CAD para modelagem geomtrica e CAE para simulaes estruturais.

    Como objetivo especfico destaca-se tambm o fornecimento de materiais para consulta em

    bibliografia nacional e internacional atravs de publicaes em peridicos e participao em

    congressos sobre o tema abordado, tais como:

    Apresentao oral de artigo no ENSUS - Encontro de Sustentabilidade em Projetos

    da Universidade do Vale do Itaja, Santa Catarina, com o ttulo: Gerador elico de

    baixo custo para uso residencial, em abril de 2009. Na ocasio esse mesmo artigo foi

    selecionado para ser publicado na Revista Cientfica do Design, publicada em SantaCatarina.

    Apresentao de pster no 20th COBEM International Congress of Mechanical

    Engineering, que um evento internacional e ocorreu em Gramado/RS, em

    novembro de 2009. Titulo do trabalho: Study of a Small Eolic Generator for

    Residential Usage.

    Apresentao oral de artigo no 1st TMS-ABM - International Materials Congress,

    que aconteceu no Rio de Janeiro em julho de 2010. Titulo do trabalho: Study of

    application of composite materials for horizontal axis wind turbine blades. Artigo publicado nos anais do ENMEC2010 Encontro Nacional de Materiais e

    Estruturas Compsitas, ocorrido na Faculdade de Engenharia da Universidade do

    Porto, cidade do Porto, Portugal, em setembro de 2010. Titulo do trabalho: Estudo

    de p em fibra de vidro para turbina elica de pequeno porte com aplicao de

    modelagem 3D e simulao virtual.

    Apresentao oral de artigo no XXXI Iberian-Latin-American Congress on

    Computational Methods in Engineering, que ocorreu em Buenos Aires, Argentina,

    em novembro de 2010. Titulo do trabalho: Modelagem em Trs Dimenses (3D) e

    Simulao Computacional com Anlise de Falhas para Turbina Elica de Pequeno

    Porte Feita em Material Compsito.

    Artigo aceito para participao no ICCS 16 16th International Conference on

    Composites Structures, que ocorrer em junho de 2011 na Faculdade de Engenharia

    da Universidade do Porto, cidade do Porto, Portugal. Titulo do trabalho: Failure

    Analysis of a Horizontal Axis Wind Turbine Blade Made of Composite Material.

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    1.5.JUSTIFICATIVA

    Ao analisar a diversidade de atividades realizadas pelo homem, nota-se que o uso da

    energia se faz presente em quase sua totalidade. Mtodos para extrao e converso de energia

    foram criados ao longo da histria. Alguns fatores, como a produo em srie e a necessidade de

    alimentar (com eletricidade) novas mquinas, por exemplo, contriburam para um considervel

    crescimento no consumo da energia eltrica.

    Com as fontes tradicionais de energia tendendo ao esgotamento e com a crescente agresso

    ao meio ambiente por parte da queima de combustveis fsseis, ganharam maior expresso as

    fontes alternativas de gerao de energia. Entre elas, a energia elica.

    A gerao de eletricidade para diversos usos pela captao e converso da energiamecnica do vento requer conhecimento de uma srie de princpios cientficos.

    Um entendimento mais aprofundado sobre energia elica e a qualificao de projetos

    desenvolvidos com tecnologia computacional apresentam-se como fatores essenciais para

    otimizao de estruturas e partes das mquinas aerogeradoras. O desenho das ps de um rotor,

    por exemplo, pode ser potencializado medida que forem exploradas ferramentas adequadas para

    modelagem 3D e simulaes feitas por computador.

    Os ensaios feitos com tecnologia computacional (simulao virtual) permitem uma

    aproximao das situaes reais, principalmente do estado de tenses das estruturas que

    compem o objeto estudado, possibilitando seleo de materiais adequados e dimensionamento

    com economia e segurana.

    Ao passo que se desenvolvem pesquisas para aerogeradores de uso residencial, aumenta a

    probabilidade de estes aparelhos constiturem alternativas viveis financeiramente ao

    fornecimento de energia feito por concessionrias tradicionais, pois um fato que justifica o no

    investimento em desenvolvimento de aerogeradores de pequeno porte o preo final que se paga

    pela eletricidade.Segundo a Companhia Estadual de Energia Eltrica CEEE, que uma concessionria de

    servios de distribuio de energia eltrica na regio sul-sudeste do Rio Grande do Sul, em seu

    Simulador de Consumo, possvel calcular e verificar que atualmente 1 kWh custa para

    consumidor final residencial, na ordem de R$ 0,37 (j includo ICMS de 25% e alquota

    PIS/Cofins mdia de 5%). A mdia mensal de uma residncia considerada comum fica na ordem

    de 280 kWh, portanto com uma conta mensal de aproximadamente R$ 103,60. Esse valor ainda

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    pode ser considerado baixo se comparado ao custo de investimento em um equipamento de

    converso elica.O anteprojeto descrito neste trabalho leva em conta o baixo custo de fabricao, o alto

    desempenho e a simplicidade. Segundo Jureczko et al (2005), o custo de fabricao das ps de

    uma turbina elica est na ordem de 15 a 20% do custo total de produo da turbina.

    1.6.ESTRUTURA DA DISSERTAO

    Este um trabalho de pesquisa acadmica em Design e Tecnologia cujo tema abordadoaproxima-se da rea de engenharia.

    Apesar de contar com algumas atividades desenvolvidas normalmente por engenheiros, esta

    pesquisa est inserida na rea das cincias sociais aplicadas, abordando principalmente a

    caracterizao e o desenvolvimento de produto. Por esse motivo, busca-se tratar o tema com

    amplitude, sem um maior aprofundamento em uma nica rea. Sendo assim, esta dissertao foi

    estruturada da seguinte maneira:

    No captulo 1 destaca-se a introduo ao tema com uma contextualizao e posterior

    apresentao do problema de pesquisa, a hiptese, objetivos geral e especficos e as justificativas

    e do trabalho.

    No captulo 2 encontra-se a fundamentao terica feita atravs de uma pesquisa

    exploratria, onde apresentado um histrico sobre transformao de energia, as fontes de

    energia, o incio do uso da energia elica, desenvolvimento de aerogeradores e materiais

    utilizados na fabricao de ps para aerogeradores.

    No captulo 3 apresentada a metodologia utilizada para atingir-se os objetivos da pesquisa.

    No captulo 4 destaca-se o anteprojeto e as simulaes computacionais realizadas a partir deuma pea modelada virtualmente. So apresentados resultados das simulaes em tabelas e

    figuras.

    No captulo 5 esto as consideraes finais e indicao para futuros trabalhos.

    No captulo 6 encontram-se as referncias bibliogrficas.

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    2. FUNDAMENTAO TERICA

    2.1.HISTRICO SOBRE TRANSFORMAO DE ENERGIA

    Desde o incio das civilizaes o homem vem extraindo da natureza formas de energia para

    seu benefcio. No mbito da biologia, pode-se dizer que a necessidade mais bsica dos seres

    vivos a busca de energia para manter seus corpos em funcionamento. Segundo Rosim (2008), a

    energia fundamental para o desenvolvimento de uma nao bem como para a manuteno da

    vida.

    O desenvolvimento humano propiciou a troca do simples atendimento de suas necessidades

    fisiolgicas de subsistncia, para utilizao de fontes primrias de energia. Primeiramente com a

    descoberta e o domnio do fogo, que representou um marco do domnio do homem sobre as

    foras naturais. Logo aps, com a domesticao de animais foi possvel desenvolver meios de

    transporte e novas formas de conduzir lavouras.

    O aumento da populao mundial, juntamente com o desenvolvimento do sistema

    capitalista do sculo XVIII culminou na Revoluo Industrial. Nesse contexto, a energia, como a

    conhecemos, assumiu um papel fundamental na substituio do trabalho humano e animal pelo

    das mquinas.O processo de crescimento expandiu-se. A descoberta da eletricidade e a inveno de novas

    mquinas eltricas acabaram trazendo em suas esteiras o incio da produo em massa de

    automveis, outros meios de transporte e uma infinidade de outros aparelhos. Esses fatores

    contriburam para uma sociedade de consumo caracterizada por intensidade energtica extrema.

    Os combustveis fsseis (derivados do petrleo e do carvo mineral), bem como os

    extrados da biomassa ou ainda os nucleares, so utilizados tanto para mover sistemas e

    equipamentos como na gerao de energia eltrica. A produo de eletricidade tambm feita

    por usinas hidreltricas, termeltricas, usinas elicas, usinas geotrmicas entre outras.

    O diagrama Ennio, representado na Figura 1, separa as fontes de energia em renovveis e

    no renovveis. Para Igncio (2007) existem trs fontes primrias de energia: a solar, a

    geotrmica e a gravitacional. Todas essas so consideradas fontes renovveis. H ainda as

    chamadas fontes secundrias de energia renovvel: energia dos oceanos, energia elica, energia

    hidrulica e energia da biomassa. Igncio (2007) ainda citando o diagrama Ennio, aponta as

    fontes no renovveis de energia primrias como energia nuclear; e fontes secundrias de energia

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    no renovvel como os compostos de petrleo, o gs natural, o carvo mineral, a turfa e o xisto,

    todos os subprodutos da biomassa. desse tipo de energia que o homem est dependente. As diversas maneiras de produzir

    energia foram sucedendo-se no decorrer da histria recente, algumas mais eficientes, outras

    contendo mais riscos de acidente. Dentre as formas que se destacam, est a combusto de

    biomassa.

    Figura 1 - Diagrama Ennio - fontes de energiaFonte: http://www.eca.usp.br/njr/voxscientiae/ercio_ignacio_38.htm, acessado em 27/03/2009

    2.1.1. Energia da biomassa

    Biomassa um material de origem orgnica considerada uma fonte de energia. Os

    processos pelos quais se extrai essa energia so: combusto, gaseificao, produo de

    substncias lquidas e fermentao.

    Na combusto, a converso de biomassa em eletricidade se d pela queima de carvo

    vegetal e outros materiais vegetais. Nesse processo h gerao de calor, na qual algumas usinas j

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    fazem aproveitamento. Alguns problemas provenientes dessa prtica so bastante discutidos

    atualmente, pois o processo de combusto provoca a liberao de dixido de carbono naatmosfera.

    Chama-se de gaseificao de biomassa a converso de matria orgnica em combustvel

    gasoso por um processo de degradao biolgica de resduos, como o prprio lixo urbano ou da

    agroindstria. Entre os produtos extrados desse processo, esto o hidrognio, o monxido de

    carbono, o dixido de carbono (biogs) e o metano. Esses gases tambm so extrados para

    utilizao na indstria qumica.

    A produo de bio-leos pelo processo de pirlise2, a converso de acares da cana e da

    beterraba em etanol pela ao de bactrias, a extrao de leos da mamona e principalmente da

    soja so exemplos da utilizao da biomassa como substncias lquidas e subprodutos da

    fermentao. O lcool combustvel e o biodiesel so fontes de energia provenientes da biomassa

    largamente utilizadas no Brasil. Segundo dados da ANP (Agncia Nacional do Petrleo), a

    produo brasileira de biodiesel esteve na ordem de 176 milhes de litros em 2008.

    2.1.2. Energia de combustveis fsseis

    Os combustveis fsseis so o resultado do longo processo de decomposio de plantas e

    animais atravs da presso e altas temperaturas por milhes de anos.

    O petrleo destaca-se na lista dos combustveis fsseis mais utilizados pelo homem.

    Entretanto existem outros dois compostos de carbono que so utilizados para produo de

    energia: o gs natural e o carvo mineral.

    Combustveis fsseis esto entre os chamados no renovveis, pois apesar de

    geologicamente estarem sempre em formao pela natureza, sua extrao maior do que a

    capacidade que nosso planeta tem de gerar compostos para sua formao.A produo de energia eltrica atravs de combustveis fsseis feita principalmente por

    usinas termeltricas.Essas usinas so altamente poluentes, enviando toneladas de gases poluentes

    para atmosfera, provocando o efeito estufa e muitas vezes at chuva cida, contribuindo assim

    para o aquecimento global.

    2 Pirlise um processo de queima de biomassa, geralmente madeira, at a ruptura da estrutura molecular do

    material, geralmente na ausncia de ar. Com isso obtm-se os subprodutos gases e cidos prprios para produo de

    metanol, acetona e outros cidos.

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    2.1.3. Energia nuclear

    A energia nuclear convertida pelo processo de fisso nuclear. Segundo Burattini (2008),

    nesse processo, feita a diviso do ncleo do urnio (elemento qumico da natureza) dois ncleos

    menores. Essa diviso gera grande quantidade de calor. A energia trmica resultante do processo

    conduzida para uma turbina que gera eletricidade.

    A fisso nuclear tem algumas virtudes, entre elas a no emisso de gases na atmosfera como

    ocorre na queima de biomassa ou combustveis fsseis. No entanto, a fisso nuclear pode dar

    origem a uma reao em cadeia de quebra de ncleos atmicos, originando uma quantidade

    extremamente grande de energia. Esse o principio da bomba atmica (Burattini, 2008).

    2.1.4. Energia de fontes alternativas

    As fontes alternativas de energia podem ser consideradas como solues para possveis

    crises de escassez de combustveis convencionais.

    Entre as consideradas alternativas esto: a energia solar, a energia elica, a mar-motriz, a

    geotrmica e as clulas de hidrognio como combustvel.

    A energia solar pode ser dividida em fotovoltaica e termo solar. A energia fotovoltaica

    extrada pela converso direta da luz solar em energia eltrica. Em 1839 o fsico francs Edmond

    Becquerel descobriu que a absoro da luz solar produz uma diferena potencial nos extremos de

    uma estrutura de material semicondutor. Essa estrutura chamada clula fotovoltaica.

    A energia termo solar funciona com a coleta do sol atravs de painis solares. Apesar dessa

    forma de captar energia ser largamente utilizada para aquecimento de gua para utilizao direta

    em residncias, existem usinas solares que utilizam conjuntos de espelhos para refletir a luz solar,

    convergindo-a a um reservatrio de gua que ser aquecida dessa forma. Esse aquecimento gera

    vapor e move uma turbina de converso eltrica.

    Energia elica aquela captada por aparelhos chamados aerogeradores, que transformam a

    energia cintica dos ventos em eletricidade. Esse tipo de gerao de energia ser tratado com

    mais profundidade no decorrer desta pesquisa.

    A mar motriz consiste na gerao de energia atravs de duas maneiras: o movimento do

    fluxo das mars, utilizado para mover comportas no sentido vertical, gerando uma energia

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    potencial pela diferena de altura; e a energia cintica gerada pelas correntes devida tambm s

    mars. Em ambos os casos, a energia direcionada para turbinas que geram eletricidade. A marmotriz constitui uma excelente fonte inesgotvel de energia, contudo seu custo de implantao

    bastante elevado, o que ainda inviabiliza sua utilizao em larga escala.

    A energia geotrmica tambm constitui uma fonte abundante a ser explorada. Nosso planeta

    constitudo por camadas. Nas camadas abaixo da superfcie terrestre existe um manto formado

    por rocha em estado lquido, chamado de magma. Prximo a essas zonas existem depsitos de

    vapor dgua com temperaturas bastante elevadas. Para gerao de eletricidade so constitudas

    usinas onde haja jazidas geotrmicas. Essas usinas geralmente extraem o vapor proveniente das

    camadas inferiores crosta terrestre e fazem a converso em eletricidade atravs de turbinas

    especficas (Burattini, 2008).

    As clulas de hidrognio so utilizadas para armazenamento e transporte de energia. Para

    que o hidrognio torne-se fonte de energia, ele precisa ser isolado. Para isso necessrio mais

    energia do que ele capaz de proporcionar, portanto este se constitui em uma fonte no

    sustentvel.

    2.2. ENERGIA ELICA

    2.2.1. Incio do uso da energia elica

    Existem controvrsias no que tange a data de incio da utilizao da fora do vento pelo

    homem. Segundo Marschoff (1992), em torno de 3000 a.C. os egpcios iniciaram o uso do vento

    como forma de energia para ajudar os escravos na propulso de seus barcos. J para Tolmasquim

    (2003), pelo menos h 5000 anos eram feitas navegaes pelo Rio Nilo, no Egito, utilizando

    velas.

    Na idade antiga, os persas construam moinhos de vento de eixo verticais utilizados para

    moagem de gros. Outros moinhos foram desenvolvidos na Holanda e Inglaterra. Na Idade Mdia

    as lminas e engrenagens tiveram projetos mais avanados, melhorando muito sua tecnologia

    (Marschoff, 1992).

    O moinho de vento persa, mostrado na Figura 2, era bastante rudimentar pela pouca

    experincia daquela civilizao na prtica do uso do vento. Por certo, foi um dos primeiros povos

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    a construir cata-ventos acoplados em edificaes. Essas estruturas serviam principalmente para

    mover mecanismos com funo de moagem de gros ou elevao de gua.

    Figura 2 - Moinho de vento persaFonte: http://www.ullesthorpewindmill.org.uk/images/uploads/gulfVillage.jpg

    Na Europa, segundo Steadman (1978), at o sculo XII no se conheciam moinhos de

    vento. Entretanto, com a introduo desses dispositivos atravs das pessoas que combatiam nas

    cruzadas, primeiramente na Inglaterra, os europeus se distinguiram por fazer adaptaes e

    alteraes variando de regio para regio, de acordo com caractersticas geogrficas e culturais.

    Dessa forma, certa evoluo pode ter culminado no projeto de moinhos de eixo horizontal, como

    apresentado na Figura 3.

    A revoluo industrial acelerou o processo de substituio das formas de energia do sculo

    XIX. O crescimento das cidades levou ao despovoamento das zonas rurais. A criao de grandes

    fbricas que se utilizavam da energia a vapor e da novssima energia eltrica, bem como o

    advento do motor a combusto interna foram alguns dos fatores que contriburam para o declnio

    da atividade dos moinhos de vento.

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    Figura 3 - Moinho de vento ingls

    Fonte: http://farm3.static.flickr.com/2315/2251355154_ae91d7da53.jpg?v=0

    Atualmente as edificaes onde antes funcionavam antigos moinhos passam por processos

    de restaurao para fins de preservao de patrimnio. A principal atividade explorao

    turstica.

    Alguns fatores contriburam para o desenvolvimento da turbina de gerao de eletricidade.

    Para Carvalho (2003), o professor e cientista Poul La Cour (1846 1908) foi um dos pioneiros

    para construo de modernas turbinas elicas. Em sua poca, Poul La Cour construiu um tnel de

    vento para realizao de experimentos e j considerava um dos problemas envolvendo energia

    elica: o armazenamento de energia.

    Em 1956 o engenheiro Johannes Juul construiu, para a empresa Seas, na Dinamarca, uma

    turbina com trs ps, gerador assncrono e freios aerodinmicos nas pontas das ps. Esta turbina

    foi por diversos anos a maior do mundo, tendo posteriormente aos onze anos de vida til sem

    manuteno, seu recondicionamento em 1975 a pedido da NASA (Agencia Aeroespacial Norte

    Americana), para estudos de medies objetivando o novo programa de energia elica dos

    Estados Unidos. (Appio, 2001).

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    Aps a fase de declnio dos antigos moinhos, a dcada de 1970 trouxe consigo uma grande

    crise mundial de petrleo. Este fato despertou novamente interesse por parte de pases europeus edos Estados Unidos na busca de novas fontes de energia independentes do petrleo e do carvo.

    dessa forma que nasce, ou renasce a indstria de equipamentos especficos para converso de

    energia elica em energia eltrica.

    Por volta da dcada de 1970, os dinamarqueses investiram em projetos de aerogeradores de

    pequeno porte para gerao de energia eltrica. Algumas pequenas e medias empresas que

    fabricavam maquinrio agrcola naquele pas, comearam a desenvolver pequenos rotores

    elicos. Estes equipamentos tinham venda assegurada para fazendeiros ou proprietrios

    particulares (Hau, 2006).

    Segundo Hau (2006), os aerogeradores de pequeno porte dinamarqueses (figura 4)

    representavam uma pequena parcela no que tange converso de energia, entretanto alguns

    fazendeiros iniciaram um movimento com objetivo de formar cooperativas. Dessa forma foi

    possvel, entre outros benefcios, adquirir equipamentos com preo menor, construir plantas

    maiores, operadas em instalaes comunitrias e, ainda, obtiveram regulamentao legal por

    parte do governo.

    Figura 4 Pequena turbina elica dinamarquesaFonte: Hau (2006)

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    Segundo o IDER, Instituto de Desenvolvimento Sustentvel e Energias Renovveis, a

    primeira turbina elica comercial ligada rede eltrica pblica foi instalada na Dinamarca, em1976.

    O pioneirismo dos dinamarqueses pode representar um bom exemplo de como iniciar um

    movimento para ampliar a atividade de converso energtica em pequena escala.

    2.2.2. Tipos de turbinas elicas

    Os modelos mais comuns encontrados na literatura so as TEEV (Turbinas Elicas de Eixo

    Vertical) Darrieus, Savonius e Molinete (Figura 5) e os aerogeradores de eixo horizontal TEEH(Turbina Elica de Eixo Horizontal) com grande diversidade de desenhos.

    Figura 5 - Modelos de rotor com eixo verticalFonte: adaptado de painel de apresentao de Mafalda Antunes, Departamento de Eletrnica Industrial

    Universidade do Minho, Portugal

    Segundo Acioli (1994), os rotores de eixo vertical possuem grande torque e baixa rotao,

    sendo ideais para trabalhos pesados como puxar gua ou moer gros. Para Al et al.(2006), as

    vantagens dos modelos TEEV esto associadas a no necessidade de sistemas de controle para o

    direcionamento da turbina em relao ao escoamento principal, bem como os aspectos de

    construo e manuteno, j que os geradores esto ao nvel do solo.

    O modelo Savonius, inventado pelo engenheiro finlands Sigurd J. Savonius em 1922

    uma TEEV constituda por duas ps em formato de conchas dispostas lado a lado, em posies

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    contrrias e ligadas a um eixo vertical (Figura 6). Essas turbinas so movidas predominantemente

    por foras de arrasto.

    Figura 6 - Rotor tipo SavoniusFonte: http://www.energia0co2.com/Portals/0/images/HPIM3343.jpg

    A turbina Darrieus, desenvolvida em 1931 pelo Francs G. J. M. Darrieus um modelo que

    apresenta duas ou trs ps em formato de Catenria3mostrado na Figura 7. Segundo Al et al

    (2006), essas mquinas apresentam deficincias de arranque, sendo necessrios motores para dar

    partida.

    Uma vez que a eletricidade em geradores elicos obtida por um alternador que transforma

    movimento de rotao em energia eltrica, os equipamentos com maior velocidade de rotao so

    os mais indicados para converso de energia, pois convertero mais energia em menos tempo em

    relao a equipamentos com baixa rotao.

    3Em matemtica a catenria descreve uma curva plana semelhante s que seriam geradas por uma corda suspensa

    pelas suas extremidades e sujeita a ao da gravidade.

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    Figura 7 - Rotor tipo DarrieusFonte: http://www.molenvanbuursink.nl/fotos/tonmolen/darrieus+savonius.jpg

    As turbinas de eixo horizontal de mdio e grande porte apresentam vantagens em relao s

    TEEV. Uma dessas vantagens a velocidade de rotao mais elevada. Estes modelos so,

    atualmente, os mais usados na gerao de energia eltrica conectada a redes de transmisso.

    Segundo Appio (2001) um gerador elico TEEH formado por trs partes principais: rotor,

    gerador e torre. Cada um desses itens tem inmeras peas de montagem e a isso aplicada

    tecnologia suficiente para juno dos componentes e funcionamento adequado do sistema, como

    em qualquer mquina.

    O rotor composto pelas ps, eixo e engrenagens para transmisso do movimento de

    rotao para o gerador. As ps de um rotor de eixo horizontal so objetos de estudos de

    aerodinmica para a otimizao de seu emprego em aerogeradores. Em nmeros de uma, duas,

    trs, quatro ou diversas, as ps so elementos aerodinmicos projetados para produzir foras de

    sustentao elevadas e pequenas foras de arrasto (Appio, 2001).

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    Os modelos mais utilizados na atualidade so os TEEH de trs ps (Figura 8), geralmente

    fabricadas em fibra de vidro. Contam ainda com sistemas de freios aerodinmico, mecnico oueletrnico, acionado quando o vento torna-se demasiadamente forte.

    Figura 8 - Aerogerador de eixo horizontal instalados em Osrio/RS

    Fonte: fotografia de arquivo do autor

    A rea abrangida pelo movimento circular das ps um dos parmetros que define o quanto

    de energia o gerador ir proporcionar, conforme apresenta a Figura 9. Portanto a energia est

    ligada diretamente ao comprimento (seo longitudinal) da p.

    Um sistema de engrenagens de tamanhos distintos pode ser empregado para aumentar o

    giro e transferir movimento rotatrio ao gerador, que funciona como um dnamo ou alternador

    (Appio, 2001). Alguns aerogeradores contam com tecnologia suficiente para descartar o uso de

    engrenagens, reduzindo o nmero de peas nos componentes.Os geradores, ou equipamentos de converso eletro-mecnica, entram no sistema com duas

    possveis finalidades definidas: fornecer energia para uma rede de eletrificao, geralmente como

    uma alternativa secundria rede existente, ou carregar baterias para diversos usos.

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    Figura 9 - Evoluo do tamanho e potncia de aerogeradoresFonte: Kuik apud Tolmasquim (2003)

    A altura do rotor est diretamente relacionada com as condies de vento do local.

    Normalmente quanto mais alto estiver, mais vento ser possvel alcanar. Esse fato eleva a

    preocupao com a estruturao do equipamento. A torre de sustentao dever ser calculada no

    somente em funo da carga exercida pelas peas suspensas, mas principalmente pela fora dovento que ter de suportar (carga horizontal), e pela vibrao causada pelo movimento das ps.

    Atualmente, existem aerogeradores offshore, ou seja, fora da costa, mais precisamente

    localizados no mar, que representam grande evoluo tecnolgica. A busca por stios adequados

    para instalao de centrais elicas culminou por encontrar esse tipo de local. Centrais offshore

    encontram-se em um meio agressivo, pois o ar sobre a superfcie marinha concentra diferentes

    elementos qumicos em relao ao ambiente terrestre. Os materiais metlicos apresentam a maior

    preocupao para esse tipo de mquina. A corroso de peas pode representar grande dificuldade

    na utilizao, principalmente de materiais ferrosos de partes do gerador eltrico, entre outras

    peas do aerogerador. As partes constitudas de materiais polimricos, que o caso dos

    compsitos, podem ser projetadas para resistir a um meio qumico agressivo. O avano em

    pesquisas no campo dos materiais foi essencial para possibilitar a instalao de aerogeradores no

    mar. A figura 10 mostra instalao de um sistema elico na costa sudeste da Inglaterra. Segundo

    a empresa Vattenfall, proprietria dos equipamentos, essa fazenda elica conta com 100 turbinas

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    com capacidade total de produo de 300MW de energia (suficiente para abastecer 200 mil

    casas).

    Figura 10 Maior fazenda elica offshore do mundo, InglaterraFonte: www.vattenfall.co.uk

    Quanto ao desenho ou design de aerogeradores, existem ainda experimentos e prottipos

    que esto em fase de projeto ou desenvolvimento para a mesma funo de gerar eletricidade. A

    seguir, a Figura 11 mostra um projeto de aerogerador desenvolvido pela empresa canadense

    Magenn Power. Segundo a empresa, a turbina constituda de um balo preenchido com gs

    hlio (menos denso que o ar), possui eixo horizontal, est elevada e suspensa por cabos a uma

    altitude de cerca de 300 metros e tem capacidade de gerar at 10 KW para velocidades de vento

    entre 6 km/h e 100 km/h.

    Figura 11 - Simulao de uma turbina da empresa Magenn Power

    Fonte:http://blog.uncovering.org/archives/2007/12/uma_turbina_eol.html

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    Outro modelo de turbina TEEV, desenvolvido pela empresa Maglev (a mesma dos trens de

    levitao magntica), apresentado na figura 12. Segundo a Maglev a turbina utilizaria mspermanentes de neodmio4, no havendo contato atravs de rolamentos, reduzindo assim

    possibilidades de manutenes peridicas. A turbina pode gerar entre 400 e 5000 watts e pode

    funcionar com uma simples brisa de 1,5 metros por segundo at ventos fortes de cerca de 40

    metros por segundo, o equivalente a 144 km/h.

    Figura 12 - Turbina TEEV de levitao da empresa MaglevFonte:http://www.ecolosfera.com/2007/11/28/una-nueva-generacion-eolica-la-super-turbina-maglev/

    2.2.3. Legislao brasileira para o setor de energia elica

    Apesar da pouca disseminao de produo de energia para consumo prprio no Brasil, a

    ANEEL Agencia Nacional de Energia Eltrica dispe de legislao para estabelecimento dos

    requisitos necessrios para obteno de registro ou autorizao para a implantao, ampliao ou

    repotenciao de centrais geradoras termeltricas, elicas e de outras fontes alternativas de

    energia.

    A resoluo ANEEL n 112 de 18 de maio de 1999, em seu artigo 2 dispe sobre a

    aplicao da referida lei, listando os seguintes casos em que tero sua aplicao obrigatria:

    4Metal do grupo terras raras, reativo, encontrado na natureza em minrios. Usado em poderosos ms permanentes,geram ms mais baratos que os de samrio-cobalto. So largamente utilizados em discos rgidos de computador,

    acionadores de partida de motores entre outros produtos.

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    I pessoa jurdica ou empresas reunidas em consrcio interessadas em produzir energia

    eltrica destinada comercializao sob forma de produo independente;II pessoa fsica, pessoa jurdica ou empresas reunidas em consrcio interessadas em

    produzir energia eltrica destinada ao seu uso exclusivo;

    III registro de centrais geradoras termeltricas, elicas e de outras fontes alternativas de

    energia, de potncia at 5.000kW, destinadas execuo de servio pblico; e

    IV ampliao e repotenciao de centrais geradoras termeltricas, elicas e de outras

    fontes alternativas de energia destinadas execuo de servio pblico.

    O pargrafo 3 da resoluo descrita acima aponta que centrais geradoras elicas,

    termeltricas, entre outras, com capacidade igual ou inferior a 5.000kW, devem obter registro de

    implantao junto a ANEEL.

    Esta resoluo entrou em vigor em maio de 1999. A partir da qualquer empreendimento

    construdo para gerao de energia atravs de sistema elico, abaixo de 5.000kW deve passar por

    uma aprovao para obter autorizao ou registro da ANEEL antes de entrar em operao.

    O item II descreve que, inclusive pessoa fsica, que utilizar energia elica exclusivamente

    para si, dever atender essa resoluo. Entretanto no fica devidamente claro se pessoa fsica oujurdica, ao adquirir e instalar na prpria edificao um aerogerador de pequeno porte,

    necessrio proceder todos esses trmites.

    2.3. AEROGERADORES

    Aerogeradores so as mquinas utilizadas para capturar e converter aenergia cintica dos ventos e so constitudos, basicamente, de uma turbina ou rotorelico, de um gerador eltrico e de sistemas integrados ou auxiliares, como a caixa demultiplicao e sistemas de orientao. Tais mquinas tiveram sua origem nos antigosmoinhos de vento, que convertiam a energia cintica dos ventos em energia mecnica.Em pocas mais recentes, essas mquinas passaram a ser utilizadas para produo deenergia eltrica.

    (DALMAZ, 2007).

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    2.3.1. Partes do aerogerador

    Segundo Tolmasquim (2003) um sistema elico deve propiciar um maior rendimento final

    trabalhando em harmonia. Para tal funcionamento, a maioria dos geradores de mdio e grande

    porte conta com um rotor, uma caixa multiplicadora, um gerador eltrico, mecanismos de

    controle e orientao e uma torre de sustentao. O rotor responsvel pela transformao da

    energia cintica do vento em energia mecnica de rotao de um eixo (Tolmasquim, 2003). J a

    caixa multiplicadora ou transmisso responsvel por elevar a rotao e transmitir essa energia

    de rotao a um gerador. Geralmente essa transmisso tende a aumentar o giro, aumentando

    assim a potncia do gerador, que converte a rotao em eletricidade. Os mecanismos de controle

    e orientao direcionam o rotor e fazem o controle da velocidade das ps. A sustentao de todos

    esses componentes feita pela torre, que tem altura conveniente para cada regio em funo das

    condies de vento.

    2.3.1.1.Rotor

    Os rotores dos aerogeradores tipo TEEH atuais so compostos, geralmente, por trs ps.

    Para Dalmaz (2007) j se utilizou, ao longo da histria, materiais como madeira, ao, alumnio e

    materiais compsitos na fabricao das ps de turbinas de eixo horizontal.

    - Madeira: As ps fabricadas em madeira, geralmente com aplicao de alguma resina, possuem

    baixa densidade, tm facilidade de manuseio e baixo custo, entretanto h uma excessiva

    exposio ao tempo, logo esse material tende a apresentar fissuras e irregularidades, aumentando

    o atrito com o vento e reduzindo sua eficincia. A madeira revestida com epxi pode ser indicada

    para rotores at de 10m de dimetro.

    - Ao: as principais virtudes do emprego do ao em ps encontram-se em duas propriedades

    mecnicas: tenacidade e resistncia. Apesar de o ao ser suscetvel corroso quando exposto s

    intempries, existem tratamentos superficiais para materiais metlicos com resultados positivos.

    A principal desvantagem no uso desse material sua densidade. O peso do ao aumenta

    consideravelmente sua carga de inrcia, aumentando assim a carga de vento necessria para o

    arranque do sistema.

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    - Alumnio: esse material mais leve do que o ao e tem boa resistncia natural a corroso,

    entretanto tem baixa resistncia a fadiga. O uso contnuo do alumnio requer manutenesconstantes para avaliao sobre os ciclos de uso. Sua vida til pode ser reduzida em relao aos

    rotores de ao.

    - Fibra de carbono: conforme Krauter (2005) esse um material composto, com alta tecnologia

    aplicada, melhoram a rigidez da estrutura das ps, porm utilizado mais experimentalmente.

    Seu alto custo pode inviabilizar projetos de equipamentos de pequeno porte.

    - Fibra de vidro: so os materiais mais aplicados para as turbinas na atualidade. Tem vantagens

    em relao a preo, que so competitivos se relacionados com os da fibra de carbono, apresenta

    boa resistncia mecnica, resistncia a ataques qumicos (corroso), coeficiente de dilatao

    baixo, resistncia a fadiga, facilidade no processo de fabricao, gerando uma boa liberdade

    formal para os diversos projetos, entre outras virtudes. Outro aspecto positivo que essa fibra

    pode ser disposta de acordo com o sentido das tenses solicitadas nas ps, ou seja, as ps em

    materiais compostos possibilitam uma geometria aerodinmica lisa, contnua e precisa (Krauter

    2005).

    2.3.1.2.Sistema de transmisso

    O sistema de transmisso composto pelo sistema de engrenagens, eixos e demais partes

    que transferem torque ao gerador. A rotao de geradores sncronos comuns est entre 1200 e

    1800 rpm. A rotao dos rotores de mdio e grande porte est na faixa entre 15 a 220 rpm. Essa

    baixa rotao se explica pelo fato de a velocidade na ponta da p sofrer restries. Essa

    velocidade fica entre 50 e 110 m/s, Krauter (2005).

    A baixa velocidade de rotao das TEEH justifica o uso de sistemas que multipliquem essa

    rotao para abastecer melhor o gerador. Entretanto existem equipamentos com dimenses de

    rotor reduzidas. Segundo Krauter (2005) rotores com 1,00m de dimetro podem atingir rotao

    de at 2000 rpm. Esses aerogeradores tm caractersticas que demonstram vantagem para

    utilizao do eixo do rotor diretamente como eixo do gerador, dispensando assim o uso de

    engrenagens de multiplicao.

    Para turbinas grandes, existe tambm uma soluo que passa pelo projeto dos geradores

    eltricos. Para Dalmaz (2007), os geradores com muitos plos se tornam bastante grandes e

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    pesados. Porm j existe uma tecnologia para equilibrar o sistema. Os geradores multiplos

    ligados diretamente na rede, sem caixa multiplicadora j contam com um regulador defreqncia, que permite uma reduo no nmero de plos, gerando assim diminuio em seu

    peso, dimenses e preo.

    2.3.1.3.Gerador eltrico

    Existem dois tipos de geradores utilizados em aerogeradores: os sncronos e os assncronos.

    Geradores sncronos so usados geralmente com um conversor de freqncia, permitindo que se

    trabalhe com velocidade varivel, fazendo o controle da potncia. Esses geradores so instalados

    tanto em pequenas turbinas como nas de mdio e grande porte. Geradores sncronos geralmente

    no so conectados diretamente na rede eltrica, pois esta tende a ter freqncia constante.

    Mquinas sncronas tendem a ser utilizadas para carregar baterias.

    De acordo com Dalmaz (2007), os rotores assncronos no tm necessidade de conversores

    de freqncia e aceitam rotores com velocidades variveis. Assim as variaes da velocidade do

    vento tambm podem ser convertidas em energia eltrica.Os geradores assncronos fazem parte dos equipamentos conectados rede eltrica.

    Aerogeradores de grande porte, quando fazem parte de fazendas elicas com intuito de gerar

    energia na faixa de MW, se utilizam de mquinas assncronas.

    Equipamentos elicos de pequeno porte, com pretenses de uso residencial podem utilizar-

    se de alternadores pequenos, sncronos, que geram corrente alternada para carregar conjuntos de

    baterias e abastecer parcialmente residncias onde estejam instalados. Essa corrente eltrica

    gerada tende a aumentar conforme a potncia de rotao do eixo do gerador.

    2.3.1.4.Mecanismo de controle e orientao

    Os sistemas de controle dos rotores funcionam como freios aerodinmicos ou facilitadores

    para rotao com ventos fracos. Em turbinas de pequeno porte no so aconselhveis

    mecanismos de controle ativo por sua complexidade e custo de instalao. Para esse tipo de

    equipamento, aconselhvel o controle passivo, ou controle estol, que trabalha com ps fixas. O

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    sistema de controle passivo, ou estol, requer desenho minucioso das ps, perfil aerodinmico

    especfico e toro longitudinal da p, pois depende desses fatores a potncia a ser atingida.Normalmente as ps so executadas com ngulo de passo que provoca perdas aerodinmicas e

    reduz velocidade quando em ventos fortes (freio aerodinmico). Dessa forma torna-se mais difcil

    o arranque do sistema assim como boa rotao com ventos mais fracos.

    O mecanismo de controle ativo, tambm conhecido como controle de passo, permite alterar

    a potncia e as cargas de vento incidentes nas ps. Tais mecanismos consistem no domnio do

    ngulo de rotao das ps em relao ao seu eixo longitudinal. Controles eletrnicos mandam

    sinais para o sistema, que aciona pequenos motores hidrulicos para fazer a rotao. Dessa forma

    possvel ajustar o ngulo de passo da p e, conseqentemente, o ngulo de ataque para ventos

    leves (velocidade de partida ou de arranque), ventos com velocidade calculada para o melhor

    rendimento (potncia nominal) e ventos elevados que podero prejudicar o equipamento. O

    controle ativo pode funcionar tambm como freio aerodinmico quando em posio que tende a

    aumentar o arrasto e diminuir a sustentao, que a responsvel pela rotao das ps. Esse tipo

    de controle permite grande eficincia na captao de energia elica na faixa de velocidade entre a

    de partida e a nominal, onde as cargas de operao do aerogerador so parciais. Dalmaz (2007).

    A orientao do rotor perpendicularmente ao fluxo de vento uma necessidade constantepara captao do mesmo. Existem em turbinas de grande porte anemmetros, medidores de

    direo do vento e mecanismos de orientao direcional. Todos esses dispositivos trabalham em

    conjunto e em tempo real, executando ajustes para o resultado mais eficiente.

    Em pequenas turbinas, o sistema passivo de orientao o mais utilizado pelo baixo custo

    em relao ao controle de passo.

    2.3.1.5.Torre

    A torre de um aerogerador sustenta todo o equipamento, suscetvel a diversas solicitaes

    estruturais e pode ser um determinante da potncia de energia extrada.

    Segundo Dalmaz (2007) um aerogerador com rotor de mais de 120 metros de dimetro

    pode pesar at 100 toneladas. J a nacele, que a caixa contendo gerador, sistema multiplicador,

    equipamentos de orientao entre outros, pode ter massa de quase 300 toneladas. Somando esses

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    pesos, a torre precisa suportar cargas de compresso da ordem de 400 toneladas, fora seu peso

    prprio.Outro esforo para o qual as torres devem ser dimensionadas so as cargas horizontais de

    vento, pois aerogeradores por natureza estaro expostos a ventos durante toda sua vida til.

    Entretanto o maior problema de projeto em relao s torres a determinao do modulo de

    freqncia desse componente, pois vibraes causadas pela rotao das ps, ou carga cclica,

    podem gerar efeito de ressonncia aumentando a amplitude de carregamento. Essa amplitude

    pode ocasionar fadiga no material da torre, reduzindo sua vida til e, em casos extremos,

    ocasionando colapso da estrutura.

    Os materiais mais comuns encontrados em torres de turbinas elicas so: trelias de ao,

    ao tubular ou concreto. As primeiras turbinas instaladas para gerar eletricidade no Brasil foram

    instaladas na ilha de Fernando de Noronha e utilizaram torres metlicas treliadas; que eram

    baratas, porm ocupavam maior espao na base e dificultavam o acesso turbina. As torres

    tubulares de ao ou concreto so as que prevalecem nos equipamentos modernos. Geralmente so

    pintadas de branco em sua extenso prevalecendo, prximo a base, os tons de verde.

    A altura da turbina elica um dos fatores determinantes para captao do vento desejado

    no projeto. Como o dimetro dos rotores cada vez maior para turbinas de grande porte, as torrestendem a ser cada vez mais elevadas. Existem condicionantes na montagem das torres que podem

    influenciar na viabilidade de sua construo. Um exemplo so os guindastes capazes de erguer

    tamanha estrutura e peso a mais de cem metros do cho.

    2.3.2. Modelos comerciais de aerogeradores de pequeno porte

    Atualmente existem inmeras empresas que fabricam e comercializam aerogeradores de

    pequeno porte. A tabela 3 apresenta 7 modelos de aerogeradores de pequeno porte com potncia

    entre 1000 e 1100W, comercializados em diversos pases.

    Aerogeradores de pequeno porte podem ser utilizados para prover diversos segmentos da

    atividade humana. No inicio essa utilizao era principalmente em locais para moagem de gros

    ou bombeamento de gua. Com o desenvolvimento dessas mquinas, cresceu sua utilizao.

    A gama de usos de aerogeradores de pequeno porte passa por carregamento de baterias para

    diversos usos, eletrificao rural em conjunto com geradores a diesel e/ou outras fontes,

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    dessanilizao de gua marinha para potabilidade, ligao na rede eltrica de residncias,

    abastecimento de veculos eltricos, entre outras possibilidades. A figura 13 ilustra algumas daspossibilidades de utilizao listadas acima.

    Tabela 3 Modelos comerciais de aerogeradores de pequeno porte

    Nome -fabricante

    Potncia Dimetro NotasMaterial das

    psSite Preo (R$)

    Enersud (Brasil) Linha Gerar

    246

    1000W -12m/s

    =2,46m650 rpm a 12m/s (3

    ps)Fibra de

    vidrowww.enersud.

    com.br5.990,00

    SouthestWindpower(Australia)

    linha Whisper200

    1000W 11,6m/s

    =2,70mPeso: 40kg Vento

    limite: 55m/sFibra de

    vidrowww.windpowerenergy. com.au

    11.990,00

    Aeolos WindTurbine

    (Dinamarca) linha Aeolos

    H1kW

    1000W 12m/s

    =3,20m

    Pode ser conectadoa rede em algunspases. Vida til:

    30 anos

    Fibra devidro

    www.windturbinestar.com

    Sobconsulta

    por e-mail

    Aero Craft(Alemanha)

    linha AC 1002 H1000W 9m/s =2,40m

    600 rpm Peso45kg

    Fibra devidro

    www.aerocraft.de

    Noinformado

    Exmork NewEnergy Company(China) linha

    FD-1kW

    1000W 8m/s =2,80m 380 rpm Tempode vida til: 15anos

    Fibra devidro

    www.exmork.com

    Noinformado

    Kestrel WindTurbines (SouthAfrica) linha

    e 300i

    1000W 11m/s

    =3,00m 600 rpmFibra de

    vidrowww.kestrelwin

    d.com.zaNo

    informado

    ZephyrCorporation

    (Japo) linhaAirdolphin GTO

    1100W 12,5m/s

    =1,80mPode ser conectada

    a rede.Fibra decarbono

    www.zephyreco.co.jp

    10.523,70

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    Figura 13 Possveis usos de energia elica

    No Brasil, em residncias localizadas em centros urbanos, a utilizao de aerogeradores de

    pequeno porte quase inexistente. So escassos os pontos de venda desse tipo de equipamento.

    Salvo alguns sites da internet, onde possvel encontrar aerogeradores como produtos para

    venda, praticamente no se encontra esse produto em lojas ou outros tipos de comrcio.

    Grande quantidade de aerogeradores de pequeno porte comercializados no Brasil

    fabricada fora do pas. Atualmente h pouca demanda no mercado interno para esse tipo de

    aparelhos. Porm esse cenrio de pouca demanda pode mudar, propiciando oportunidade e

    aumentando a participao de indstrias nacionais de aerogeradores.

    2.4. MATERIAIS COMPSITOS

    Os materiais que compem o produto, seu dimensionamento, as interaes entre esses

    materiais, constituem um item importante a ser estudado.

    A seleo de materiais faz parte de uma das fase de desenvolvimento de projeto de produto.

    Alguns materiais tm caractersticas especficas como boa resistncia mecnica ou a fadiga, ao

    passo que outros contam com preo mais baixo em funo do baixo desempenho. A seleo dos

    materiais constituintes das ps do rotor poder ser feita utilizando-se softwareadequado para essa

    atividade.

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    A eficincia do aerogerador diretamente proporcional eficincia do rotor, sendo as ps

    responsveis diretas na interao com o vento. Por esses motivos, o material com que so feitasas ps tm influncia na otimizao de todo o sistema.

    Materiais compsitos apresentam uma faixa de aplicao bastante elevada. Pode-se dizer

    que esse tipo de material empregado, principalmente em funo de seu custo, desempenho

    estrutural e cadncia de produo (Neto e Pardini, 2006). Nas indstrias biomdica, aeroespacial

    e aeronutica, por exemplo, o desempenho de componentes estruturais feitos em material

    compsito deve ser mximo, independente de custo. J no caso da construo civil, no existe

    extrema necessidade de preciso em comparao com os segmentos citados acima, e muitas

    vezes o custo do material torna-se mais relevante que seu desempenho estrutural. A figura 14

    apresenta uma escala de utilizao de compsitos estruturais em funo de custo e desempenho.

    Figura 14 Custo em funo do desempenho para componentes compsitosFonte: Neto e Pardini (2006)

    Os materiais compsitos so materiais projetados para obter propriedades que no esto

    presentes nos materiais monofsicos. Segundo Oliveira (2003), os materiais podem ser definidos

    por suas propriedades mecnicas como:

    Materiais homogneos: uniformes, apresentam propriedades constantes de um

    ponto a outro do material. Propriedades no so funo da posio no corpo;

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    Materiais heterogneos: possuem fases distintas, apresentam propriedades que

    variam de um ponto a outro do material. Propriedades so funo da posio nocorpo;

    Materiais isotrpicos:propriedades em um ponto no so funo da orientao. As

    propriedades so constantes para qualquer plano que passe por um ponto do

    material. Qualquer plano um plano de simetria;

    Materiais anisotrpicos:as propriedades do material em um ponto so em funo

    da orientao e no so constantes para qualquer plano que passe por um ponto do

    material. No h planos de simetria;

    Materiais ortotrpicos: apresentam trs planos perpendiculares de simetria.

    Os materiais compsitos so anisotrpicos e apresentam propriedades que podem ser

    abordadas pela micromecnica e pela macromecnica. No estudo da macromecnica, o material

    considerado homogneo e o efeito de seus constituintes visto como propriedade mdia em cada

    direo. J para micromecnica so levadas em conta as propriedades dos materiais constituintes

    do compsito (fibra e matriz). Entretanto o estudo micromecnico dos compsitos se utiliza de

    uma reduo para poder representar este material. Este o conceito de EVR - Elementos de

    Volume Representativo, onde se destaca a menor regio do material que contm todas as

    peculiaridades do material, representando assim todo o material compsito.

    Os compsitos estruturais geralmente so utilizados como camadas para formar placas,

    cascas ou outros elementos onde prevaleam sempre duas dimenses. Dessa forma possvel

    fabricar peas em compsitos, por exemplo, empregando diferentes camadas com diferentes

    direes para as fibras. Essas direes so definidas de acordo com alguns requisitos de projeto

    tais como: dimenses das peas (espessura principalmente), direo da solicitao de trao nomaterial, direo da fora cisalhante predominante no uso da pea.

    O material mais utilizado para fabricao de ps para aerogeradores atualmente o

    polmero reforado com fibra de vidro, ou simplesmente fibra de vidro, onde sua produo

    procura aliar alto desempenho com reduzido custo no material e no processo de fabricao.

    Os polmeros reforados com fibras de vidro, ou simplesmente PRFV so materiais

    compsitos produzidos basicamente a partir da aglomerao de finssimos filamentos flexveis de

    vidro com resina polister, epxi, ou outras. Posteriormente a essa mistura aplicada uma

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    substncia catalisadora de polimerizao. Os PRFV tm alta resistncia trao, flexo e

    impacto, sendo muito empregados em peas estruturais. So leves e permitem ampla flexibilidadede projeto, possibilitando a moldagem de peas complexas, grandes ou pequenas, sem emendas e

    com grande valor funcional e esttico.

    As diferentes fraes volumtricas conferem diferentes desempenhos nos produtos

    fabricados em PRFV (volume dos componentes: Vfibras Vmatriz Vvazios). Segundo Neto e

    Pardini (2006), o volume de vazio - Vvazios deve ser menor do que 1% para no prejudicar o

    desempenho mecnico do compsito.

    2.4.1. Matrizes de materiais compsitos

    Matrizes formam a fase contnua do compsito e tm como funo aglutinar reforos e

    distribuir ou transferir carregamentos ou tenses.

    A seleo da matriz leva em conta as necessidades de projeto do compsito, tais como

    reciclabilidade, tenacidade a fratura entre outros.

    As matrizes, ou resinas, podem ser polmeros base de epxi, polister, fenis e etc.

    Existem dois grandes grupos de matrizes para PRFV: as termorrgidas e as termoplsticas.

    As matrizes termorrgidas so as mais utilizadas. Essas resinas formam um lquido viscoso

    que se solidifica por reao qumica exotrmica de polimerizao ou cura. A cura natural lenta

    por conta da pouca mobilidade das molculas de polister insaturado. Esse problema pode ser

    resolvido pela adio de catalisadores, onde radicais livres atacam as insaturaes do polister,

    iniciando a polimerizao em cadeia, formando uma rede termorrgida. O catalisador mais

    comumente utilizado o metil-etil-cetona, ou simplesmente MEKP.

    Existem quatro grupos de matrizes tipo termorrgidas:

    Hortoftlicas: uso em artesanatos, materiais simples;

    Tereftlicas: laminao em reforo de fibras;

    Isoftlicas: gel coat para exteriores, acabamentos;

    Bisfenlicas: peas em meio agressivo e elevada temperatura.

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    As resinas termoplsticas tambm servem como matrizes, porm so menos utilizados na

    fabricao de produtos de baixo custo. Esse tipo de material apresenta maior tenacidade fratura,maior resistncia ao impacto, e tem possibilidade de ser reciclado. Esse fator pode ser um forte

    indicativo para seleo desse material em relao ao que no apresenta como caracterstica a

    reciclabilidade.

    As matrizes para produtos em PRFV podem ser compostas ainda por materiais cermicos,

    materiais carbonosos ou materiais metlicos. Todos esses com utilizao em produtos com

    requisitos especficos.

    2.4.2. Reforos de materiais compsitos

    Os materiais compsitos normalmente tm fibras como reforo. As fibras de vidro para

    materiais compsitos podem variar, determinando alguns aspectos importantes para seleo desse

    material.

    Fibras de vidro tipo E (eletrical), para reforo de compsitos, so largamente utilizadas por

    apresentarem baixo custo. Segundo Matthews e Rawlings (1999), o vidro tipo C (chemical)apresenta grande resistncia a cidos. O vidro tipo T (thermal) serve para isolamento trmico. O

    vidro tipo S (strength) confere alta rigidez aos reforos. O vidro tipo AR (alkali resistant) se

    caracteriza por possuir resistncia em ambientes com alta alcalinidade.

    O vidro tipo S, por exemplo, apresenta uma quantidade de xido de alumnio que pode

    chegar quase ao dobro da encontrada no vidro tipo E; apresenta tambm cerca de trs vezes mais

    xido de magnsio do que esse mesmo vidro tipo E (tabela 4). Entretanto o custo do quilo do

    vidro tipo S chega a ser quase oito vezes maior em relao ao tipo E. (tabela 5).

    O projeto de objetos fabricados com PRFV requer no s ateno para os custos dos

    componentes fibra e matri