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SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA MESTRADO EM TERAPIA INTENSIVA MARISTELA CUCHI HUMANIZAÇÃO EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA: AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DO PROFISSIONAL DE UM HOSPITAL PÚBLICO EM MATO GROSSO

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVAMESTRADO EM TERAPIA INTENSIVA

MARISTELA CUCHI

HUMANIZAÇÃO EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA: AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DO

PROFISSIONAL DE UM HOSPITAL PÚBLICO EM MATO GROSSO

SORRISO-MT

2009.

MARISTELA CUCHI

HUMANIZAÇÃO EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA: AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DO

PROFISSIONAL DE UM HOSPITAL PÚBLICO EM MATO GROSSO

Tese de Mestrado apresentada à Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva-SOBRATI, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva.Orientação Professor: Dr. Douglas Ferrari

SORRISO-MT

2009

CUCHI, Maristela.Humanização em Unidades de Terapia Intensiva: avaliação da

percepção do profissional de um hospital público em Mato Grosso. Maristela Cuchi. Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva-SOBRATI, 2009..

72p.

Orientador Professor: Dr. Douglas Ferrari. Tese de Mestrado do Curso de Medicina Intensiva. Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva-SOBRATI, 2009.

1. HUMANIZAÇÃO; 2. UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA; 3. PROFISSIONAIS DE SAÚDE. I. Título.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVAMESTRADO EM TERAPIA INTENSIVA

MARISTELA CUCHI

HUMANIZAÇÃO EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA: AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DO

PROFISSIONAL DE UM HOSPITAL PÚBLICO EM MATO GROSSO

COMISSÃO EXAMINADORA

_________________________________________

Orientação Professor: Dr. DOUGLAS FERRARI

___________________________________

Professor

___________________________________

Professor

SORRISO-MT

2009.

DEDICATÓRIA

Dedico a felicidade deste momento a todos que amo. Aos

anjos do céu pela paz e proteção.

Em especial à toda minha família, pelo amor, carinho e

apoio.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus, pela vida e tudo de

bom que ela nos oferece.

À minha família, pelo amor.

A todo corpo docente da SOBRATI, pelos ensinamentos

indispensáveis.

Aos colegas e amigos de curso, pelo companheirismo.

A todos que colaboraram de alguma forma para mais esta

caminhada.

Muito obrigada!!

“Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele

possa ser realizado”(Roberto Shinyashiki)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Leitos de UTI credenciados no período de 2003 a 2009

.................................................................................................... 21

Tabela 2. Leitos de UTI habilitados pelo SUS .................................... 22

Tabela 3. Propostas de ação para a humanização das relações

na equipe ................................................................................. 31

Tabela 4. Diretrizes da Política Nacional de Humanização

relacionadas ao atendimento em Unidades de Terapia

Intensiva .................................................................................. 33

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Fachada do Hospital Regional de Sorriso ........................................ 38

Figura 2. Proporção dos participantes da pesquisa, em relação ao gênero

..................................................................................................................................... 40

Figura 3. Distribuição da idade dos participantes da pesquisa ................... 40

Figura 4. Distribuição do estado civil dos participantes da pesquisa .......... 41

Figura 5. Distribuição da escolaridade dos participantes da pesquisa ....... 42

Figura 6. Distribuição da renda familiar dos participantes da pesquisa .......42

Figura 7. Distribuição das atividades e funções dos participantes da

pesquisa .................................................................................................................... 43

Figura 8. Distribuição do tempo em que exerce a profissão dos

participantes da pesquisa ..................................................................................... 44

Figura 9. Distribuição da opinião dos participantes se considera o

trabalhar em UTI um fator estressante ............................................................... 44

Figura 10. Distribuição do conhecimento da existência de um Programa

de Humanização da Assistência Hospitalar no Hospital Regional de

Sorriso entre os participantes .............................................................................. 45

Figura 11. Distribuição da opinião dos participantes se recebeu formação

profissional adequada e suficiente para a atuação junto a pacientes de

UTI ............................................................................................................................. 46

Figura 12. Distribuição da opinião dos participantes referente ao que é

assistência humanizada ........................................................................................ 47

Figura 13. Distribuição da opinião dos participantes referente à

classificação como sendo mais importante na assistência dentro de uma

unidade de terapia intensiva ................................................................................ 48

Figura 14. Distribuição da opinião dos participantes referente as

dificuldades encontradas pelo profissional, em relação a permanência

dos familiares junto ao paciente em UTI ........................................................... 49

Figura 15, Distribuição da opinião dos participantes se o ambiente da

UTI do hospital pode proporcionar conforto ao paciente ............................... 50

Figura 16. Distribuição da opinião dos participantes referente aos fatores

quem possam preocupar durante o horário de visita familiar ...................... 51

LISTA DE ABREVIATURAS

% - Porcentagem

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

COFEN – Conselho Federal de Enfermagem

et al. – entre outros

EUA – Estados Unidos da América

ISS: Inventário de sintomas de estresse

MS – Ministério da Saúde

Nº - número

º - grau

p. ex. – por exemplo

PNH: Política Nacional de Humanização

PNHAH: Programa de Humanização da Assistência Hospitalar

SUS – Sistema Único de saúde

UTI: Unidade de Terapia Intensiva

RESUMO

Introdução: Humanização na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) tem sido uma grande preocupação por parte dos profissionais da saúde com intuito de oferecer uma assistência com qualidade. Objetivos: Assim, este estudo consiste de uma pesquisa que buscou explorar a humanização na Unidade de Terapia Intensiva, com o objetivo de identificar as dificuldades do profissional que trabalha neste ambiente em relação ao estresse da rotina, à permanência de familiares junto ao paciente hospitalizado, as dificuldades enfrentadas, e em especial, avaliar o grau de percepção dos funcionários sobre a assistência humanizada no atendimento de pacientes na Unidade de Terapia Intensiva de um Hospital Público na cidade de Sorriso, Estado do Mato Grosso.Método: Para a coleta e análise dos dados utilizou-se como método o estudo descritivo e qualitativo exploratório, através de questionário semi-aberto como instrumento que foi aplicado a 243 profissionais de saúde que trabalham na UTI em um hospital público do município de Sorriso em Mato Grosso, contendo 18 leitos, no período de janeiro a março de 2012. Resultado: para a maioria dos profissionais que participaram da pesquisa – 40,0% há incompreensão da equipe multiprofissional nas diferentes situações que envolvem a dinâmica da assistência prestada, porém 12,0% não vê nenhuma dificuldade, desde que bem orientado(a) e esclarecida a importância da família na recuperação do paciente. Conclusão: Considera-se relativamente satisfatório o conhecimento dos profissionais em relação à assistência humanizada dentro da UTI, pois a maioria referiu ter conhecimento e empregabilidade da assistência humanizada. Porém, sugere-se haver necessidade de uma proposta educativa e continuada que repense a formação e capacitação dos profissionais da área da saúde, sobre os limites humanos, a fim de prestar uma assistência qualificada, integral e humanizada aos pacientes em processo de internação em UTI.

Palavras-chave: Humanização; Unidade de Terapia Intensiva; Profissionais de Saúde.

ABSTRACT

Introduction: Humanizes in the Unit of Therapy Intensive (UTI) has been

a great concern on the part of the professionals of the health with intention

offering assistance with quality.

Objectives: Thus, this study it consists of a research that it searched to

explore the humanizes in the Unit of Intensive Therapy, with the objective

to identify the difficulties of the professional who works in this environment

in relation stresses to it of the routine, to the permanence of familiar next

to the hospitalized patient, the faced difficulties, and in special, to

evaluate the degree of perception of the employees on the assistance

humanized in the attendance of patients in the Unit of Intensive Therapy of

a Hospital Public in the city of Smile, State of the Mato Grosso.

Method: For the collection and analysis of the data it was used as method

the descriptive study and qualitative exploratory, through half-open

questionnaire as instrument that was applied the 243 professionals of

health whom they work in the UTI in a public hospital of the city of Smile in

Mato Grosso, contends 18 stream beds, in the period of January the

March of 2012.

Result: for the majority of the professionals who had participated of

research - 40.0%, it has incomprehension of the multi professional team in

the different situations that involve the dynamics of the given assistance,

however 12.0% do not see no difficulty, since that guided well and clarified

the importance of the family in the recovery of the patient.

Conclusion: The knowledge of the professionals in relation to the

humanized assistance of the UTI is considered inside relatively

satisfactory, therefore the majority related to have knowledge and job of

the humanized assistance. However, it is suggested to have necessity of a

proposal educative and continued that rethink the formation and

qualification of the professionals of the area of the health, on the human

limits, in order to give a qualified assistance, integral and humanized to

the patients in process of internment in UTI.

Keywords: Humanizes; Unit of Intensive Therapy; Professionals of Health.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................13

2 UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA..........................................16

2.1 Histórico da UTI...............................................................17

2.2 Alguns Números de UTIs no Brasil ...............................19

2.3 A estressante rotina em UTI..........................................21

2.4 O paciente e o Familiar..................................................23

2.5 A equipe multidisciplinar................................................24

2.5.1 A interação da equipe.......................................27

2.6 Normativas generalistas existentes em nível nacional

quanto as rotinas de UTI.......................................................30

2.7 Humanização em Terapia Intensiva.............................33

3 ANÁLISE DOS RESULTADOS.....................................................37

3.1 Dados do Local de Estudo.............................................37

3.2 Análise dos resultados....................................................38

4 DISCUSSÃO...................................................................................52

5 PROPOSTAS E SUGESTÕES.....................................................57

CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................60

REFERÊNCIAS..................................................................................62

APÊNDICE..........................................................................................69

1 INTRODUÇÃO

Humanização na unidade de terapia intensiva (UTI) tem

sido uma grande preocupação por parte dos profissionais da saúde

com intuito de oferecer uma assistência com qualidade.

A “humanização” não é apenas um conceito, é uma ação

solidária, uma mão estendida, o silêncio que comunica, a lágrima

enxugada, o sorriso que alegra, a dúvida desfeita, a confiança

restabelecida, a informação que esclarece. Segundo Ferreira

(2001), humanização é o ato ou efeito de humanizar, é dar

condições humanas, civilizar-se, é assegurar o máximo conforto

material e moral ao paciente, e respeitar os seus desejos,

inquietações e suas lembranças.

Nas ações da humanização procuramos resgatar o

respeito à vida humana, a nossa e a do paciente, criando assim um

vínculo entre quem cuida e quem é cuidado. Humanização na

unidade de terapia intensiva está além de cuidar de sinais e

sintomas físicos apresentados pelo paciente, mas é identificar os

problemas e assistir o indivíduo em sua plenitude, visando suprir

suas necessidades básicas, procurando avaliar a assistência

prestada para garantir a eficácia do trabalho e o contato mais

próximo com os familiares (RODRIGUES; CARLOS; SOUZA, 2004).

Unidade de Terapia Intensiva é um ambiente estressante,

tanto para o paciente, quanto para os familiares, bem como para os

profissionais que ali atuam. Fatores como baixa luminosidade

natural, temperatura controlada, a eminência de procedimentos de

reanimação e ainda os incessantes ruídos dos diversos aparelhos

monitores e mantenedores vitais, mesclados à rotina também

estressante de todos que compõem a equipe da unidade, podem

proporcionar ambientes de estresse (BARBOSA; SAMPAIO, 2003).

Toda alteração das rotinas normais de qualquer indivíduo

leva-o a apresentar alguma alteração emocional. Quanto maior o

número de mudanças, maior a probabilidade de o paciente e

também profissional apresentar estresse, considerando então o

imaginário coletivo das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) são

vistas por muitos como a ante-sala da morte, é esperado que desde

o paciente, ou de seus familiares apresentem alguma manifestação

de estresse (MARTINS et al., 2003).

Não obstante a isto, temos ainda os profissionais que

vivem as maçantes rotinas neste ambiente insalubre, além de não

ser possível fugir do fato de que o convívio com a morte é

relativamente constate.

Percebendo o estresse como conseqüência da resposta

dos indivíduos às alterações em suas vidas, busca-se levantar as

diferentes possibilidades de fatores estressantes ao paciente, ao

familiar e aos funcionários das salas de UTI, de forma à demonstrar

a possibilidade de convívio, e por que não, da superação.

Identificar as dificuldades do profissional que trabalha na

Unidade de Terapia Intensiva junto ao paciente hospitalizado, e

avaliar o conhecimento destes profissionais sobre assistência

humanizada e sua empregabilidade dentro deste ambiente

proporciona melhorar a qualidade do atendimento, bem como maior

conforto e confiança ao paciente.

No presente estudo delineou-se avaliar o grau de

percepção dos funcionários sobre a humanização no atendimento

de pacientes em Unidade de Terapia Intensiva de um Hospital

Público na cidade de Sorriso, Estado do Mato Grosso, bem como

investigou-se o atendimento humanizado em Unidade de Terapia

Intensiva e suas dificuldades, descrevendo as normativas

14

generalistas existentes em nível nacional quanto as rotinas de UTI,

levantando bibliografias descritoras de melhoria no quadro clínico

de pacientes a partir da presença familiar no ambiente terapêutico,

e por fim buscou-se conhecer, através da análise do questionário

aplicado, a percepção dos funcionários do hospital estudado para o

tratamento humanizado aos pacientes em UTI, apresentando os

resultados e socializando-os à comunidade interessada.

15

2 UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

A UTI é a Unidade de Terapia Intensiva existente nos

hospitais e destinada ao acolhimento de pacientes em estado grave

com chances de sobrevida, que requerem monitoramento constante

(24 horas) e cuidados muito mais complexos que o de outros

pacientes.

O percentual de leitos de UTI nos hospitais varia de 7% a

15% dependendo das características de cada hospital (por

exemplo, hospitais de grandes centros costumam ter mais leitos de

UTI por receberem pacientes de diversos lugares) e a necessidade

por mais leitos tende a crescer conforme aumenta a expectativa de

vida da população expondo-a a maiores chances de complicações e

traumas relacionados a doenças degenerativas e acidentes, além

do aumento de índices como a criminalidade (PEREIRA JUNIOR et

al., 1999).

A observação contínua dos pacientes em um local próprio

e afastado dos demais doentes, que se fazia necessária em

decorrência da gravidade da saúde dos pacientes é um dos

princípios do cuidado ao paciente crítico, estabelecido quase um

século antes por Florence Nightingale (SILVA; ARAÚJO; PUGINA,

2009).

O objetivo básico das UTI é recuperar ou dar suporte às

funções vitais dos pacientes enquanto eles se recuperam. Assim,

as Unidades de Terapia Intensiva são equipadas com aparelhos

capazes de reproduzir as funções vitais dos internados como

respiradores artificiais (por exemplo, a criação e uso destes

aparelhos reduziu de 70% para 10% a morte de recém-nascidos

(PESSINI, 2004), aparelhos de hemodiálise que substituem a

função dos rins e diversos outros. A criação das UTIs representou

um grande marco na história da medicina uma vez que possibilitou

o atendimento adequado dos pacientes garantindo-lhes melhores

condições de recuperação e reduzindo os óbitos em cerca de 70%

(ARONE; CUNHA, 2007).

2.1 Histórico da UTI

A história do surgimento das UTIs remete ao início do

século XX quando foram criadas as chamadas “salas de

recuperação” para onde os pacientes eram levados após alguma

neurocirurgia no Hospital Johns Hopkins (EUA). Já no Brasil elas

só começaram a ser implantadas na década de 70, primeiramente

no hospital Sírio Libanês em São Paulo com apenas dez leitos

(1971) (BERTHELSEN; CRONQVIST, 2003).

Em 1854, a Inglaterra, a França e a Turquia declararam

guerra à Rússia, a chamada Guerra da Criméia. Visto que muitos

soldados feridos estavam morrendo no Hospital Barrack, na

Turquia, Florence foi convocada pelo governo inglês para liderar

um grupo de voluntárias que atenderia os soldados feridos. Ao

deparar-se com as condições precárias de atendimento e higiene,

Florence institui um dos princípios básicos da moderna terapia

intensiva, separando os pacientes mais graves e colocando-os em

uma situação que favorecia o cuidado por meio da observação

constante (NIGHTINGALE, 1946; LINO; SILVA, 2003).

Embora a intervenção baseada na observação contínua do

paciente tenha iniciado com Florence, as UTIs, como são

17

conhecidas atualmente, tiveram origem na década de 1950, com a

evolução dos avanços tecnológicos na área da saúde.

Outro fator a ser destacado é a instrumentalização da

assistência: uso de raio X para o diagnóstico de injúria pulmonar,

suporte de oxigênio em concentrações elevadas, inicialmente de

modo não invasivo e em seguida, invasivo, uso de sonda gástrica

para hidratação e alimentação e antibioticoterapia. Com o

descobrimento de fármacos anestésicos e antibióticos, o

aprimoramento de técnicas cirúrgicas e o desenvolvimento de

equipamentos que permitiam oferecer um suporte ventilatório aos

pacientes com insuficiência no sistema respiratório, surgiram as

primeiras unidades de atenção aos pacientes graves, como as

unidades de choque, de queimados e neurocirúrgicas nos Estados

Unidos e as salas de observação na Dinamarca (SILVA; ARAÚJO;

PUGGINA, 2009).

No Brasil, as primeiras UTIs foram estabelecidas no início

do ano de 1960, no Rio de Janeiro e em São Paulo, que se

aprimoraram e expandiram por todo o país na década seguinte

(PESSINI, 2004).

As UTIs foram concebidas com a finalidade de oferecer

atenção contínua e suporte avançado aos pacientes críticos, com

risco de morte, lançando mão de recursos de alta tecnologia que

auxiliam ou substituem a função de órgãos vitais. Na presença de

falência pulmonar, os ventiladores substituem os pulmões; os

cardiotônicos, os antiarrítmicos e os fármacos vasoativos

conseguem manter o funcionamento cardiocirculatório; e os

dializadores fazem o trabalho renal (SILVA; ARAÚJO; PUGGINA,

2009).

Alguns dos equipamentos encontrados nas Unidades de

Terapia Intensiva: termômetro, oxímetro de pulso (mede a

oxigenação nos tecidos do paciente), eletrocardiográfico (mede a

18

frequência cardíaca e a pressão arterial), monitor de pressão

arterial, monitor cardíaco, sonda naso-enteral (para alimentar o

paciente), sonda vesical (para coletar a urina); máscara e cateter

de oxigênio (auxiliam a respiração), cateter (dispositivo que auxilia

a circulação sanguínea), tubo orotraqueal (auxilia a respiração do

paciente), ventilador mecânico (injeta e retira ar dos pulmões do

paciente quando este não consegue respirar sozinho) (PESSINI,

2004).

No entanto, os avanços tecnológicos e os aparelhos

sofisticados não são capazes de aliviar a dor dos pacientes,

identificada como o maior estressor e a pior lembrança da UTI

(JONES, 1979; STANIK-HUTT, 1998).

São inegáveis os benefícios advindos do progresso da

ciência. Sem a utilização da tecnologia na recuperação da saúde e

manutenção da vida, provavelmente a expectativa de vida não teria

crescido tanto nas últimas décadas. Os recém-nascidos em idade

gestacional precoce não sobreviveriam, as crianças ainda

morreriam em decorrência de crises asmáticas e adultos com rins

que não exercem mais suas funções também morreriam (SILVA;

ARAÚJO; PUGGINA, 2009).

2.2 Alguns Números de UTIs no Brasil

Atualmente, hospitais de médio e grande portes vêm cada

vez mais investindo na criação de leitos de Unidades de Terapia

Intensiva. O Ministério da Saúde, entre o período de 2003 e 2010

credenciou 6.399 novos leitos de UTI e reclassificou, em todo o

país, 1.668 leitos de UTI Tipo I para Tipo II e/ou III (com maior

exigência técnica) (BRASIL, 2009). A portaria GM/MS 3432 de 12

19

de agosto de 1998 possivelmente colaborou com este aumento, vez

que determina algumas situações em que os hospitais

obrigatoriamente têm de oferecer leitos de UTI.

Tabela 1. Leitos de UTI credenciados no período de 2003 a 2010.

Ano Ampliação de Leitos de UTI Total ampliado

Adulto Pediátrico Neonatal2003 822 168 312 1302

2004 519 152 270 941

2005 331 78 245 654

2006 361 85 159 605

2007 594 97 217 908

2008 483 142 193 818

2009 354 69 171 594

2010 365 62 150 577

Total ....... 3829 853 1717 6399Fonte: BRASIL, 2011.

Em consulta ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Saúde (CNES, 2011), o Brasil possui um total de 27.737 leitos de

UTI, sendo 17.357 leitos (62,57%) disponibilizados aos usuários do

Sistema Único de Saúde (SUS), assim classificados:

20

Tabela 2. Leitos de UTI habilitados pelo SUS

Tipo

de

leito

Adulto

II

Neonatal

II

Pediátrico

II

Adulto

III

Neonatal

III

Pediátrico

III

Tipo

I

geral

Total

Qtde. 7358 2912 1398 1718 635 564 2772 17357

Fonte: BRASIL, 2009.

Utilizando os parâmetros recomendados pela Portaria

GM/MS nº 1101/2002, de 12 de junho de 2002 (BRASIL, 2002),

considerando que 80% da população brasileira é usuária do

Sistema Único de Saúde, o que equivale a atualmente a

aproximadamente 155 milhões de habitantes, seriam necessários

atualmente 15.498 leitos de UTI para atender ao mínimo

preconizado pela referida portaria, que é de 4% do número de

leitos hospitalares necessários. Nesse sentido, conforme os

números apresentados, o Brasil possui atualmente uma cobertura

hospitalar, no que se refere a leitos de UTI de 4,5% (BRASIL,

2009).

No entanto, se considerarmos a população total brasileira,

que é de aproximadamente 200 milhões de habitantes, bem como

considerando o total de leitos de UTI existentes, que atualmente é

de 27.737 leitos de UTI (SUS e não SUS), a cobertura assistencial

é de 5,72% (ANVISA, 2011).

2.3 A estressante rotina em UTI

O aumento de número entre outras possíveis observações,

também nos leva a imaginar o crescente número de profissionais

21

de saúde que passam a atuar neste ambiente hospitalar com

características tão peculiares. Características essas que podem

gerar estresse em todos os envolvidos. Conforme afirmam

Stacciarini e Trócolli:

“A UTI é percebida pela equipe que nela atua, assim como por pacientes e familiares, como um dos ambientes mais agressivos, tensos e traumatizantes do hospital. Dentre os fatores, presentes no ambiente de terapia intensiva que geram estresse na equipe, encontram-se: o pouco preparo para lidar com a constante presença de mortes, as freqüentes situações de emergência, a falta de pessoal e material, o ruído constante das aparelhagens; o despreparo para lidar com as freqüentes mudanças do arsenal tecnológico, o sofrimento dos familiares, o conflito no relacionamento entre os profissionais; dentre outros. Em estudo realizado com 1.800 enfermeiros, 93% afirmaram sentirem-se estressados no trabalho.” (2001).

As características dos pacientes remetidos ao tratamento

intensivo remetem ao imaginário coletivo, a imagem de que a UTI é

uma espécie de "ante-sala da morte". Uirizzi e Corrêa (2007) assim

descreveram:

“O medo da morte no contexto da hospitalização na UTI relaciona-se ao estigma que esse local imprime. Para a família e o paciente, a UTI significa estar entre a vida e a morte, com a possibilidade de uma ida sem volta ”.

Apesar de todo esse estigma, “a finalidade da UTI é tratar

pacientes graves com chance de recuperação; pacientes que

precisam de cuidados intensivos” (ALELUIA, 2008).

Esta necessidade de cuidados intensivos unida ao

desenvolvimento tecnológico do atendimento em saúde, levam para

dentro das UTI’s, cada vez mais aparelhos tecnológicos, com

22

funções cada vez mais importantes para a manutenção da vida, e

que favorecem o aumento da permanência dos pacientes em UTI.

Em paralelo a este, o aumento dos conhecimentos

relacionados à contaminação, infecção e disseminação de doenças

e patógenos, fazem da UTI um setor isolado, onde há a

necessidade de manutenção de cuidados específicos, como uso de

vestimentas apropriadas, odores característicos, relativa constância

na realização de procedimentos de ressuscitação, e em alguns

casos com a morte, são fatores determinantes para o estresse do

funcionário de UTI (SILVA et al., 2008).

Percebendo o estresse como “uma situação tensa,

fisiológica ou psicológica; que pode afetar as pessoas em todas as

suas dimensões. A resposta ao estresse é influenciada pela

intensidade, duração e âmbito do agente estressor e pelo seu

número presente no momento” (BITTENCOURT et al., 2007).

Ainda para estes autores

“a identificação destes estressores é importante para a implementação de medidas que, atuando nesses fatores, possam facilitar a humanização do ambiente da UTI. ” (BITTENCOURT et al., 2007).

2.4 O paciente e o Familiar

Como cita Carvalho et al.:

“Apesar da UTI ser um local ideal para o atendimento aos pacientes agudos recuperáveis, é um ambiente extremamente agressivo, tenso e traumatizante e além da situação crítica em que o paciente se encontra existem outros fatores prejudiciais a sua estrutura psicológica, como falta de condições favoráveis ao sono, intercorrências terapêuticas freqüentes, isolamento da

23

família, suposição da gravidade da doença e do risco de vida.” (CARVALHO; TUERLINCKX; LUNARDI, 2008).

Alteração normalmente abrupta do ambiente natural de

convívio do paciente leva-o a apresentar algum nível de estresse. E

uma das formas de reduzir essa alteração tão severa, é a presença

do familiar. Conforme Uirizi e Corrêa (2007):

“Cabe salientar, também, que diante do enfrentamento das incertezas da vida no período de internação, a família, ao vivenciar o presente, em algumas ocasiões, vislumbra o futuro permeado também por inseguranças e incertezas expressas pelo medo da morte. ”

Desta forma:

“a restrição do horário de visitas, que impossibilita um maior contato com os familiares (…); são apontados como pontos negativos para a educação em saúde durante o período de internação na UTI ” (CARVALHO et al., 2008).

2.5 A equipe multidisciplinar

O profissional que trabalha nas UTIs é chamado de

intensivista e a equipe é sempre formada por diversos profissionais

como fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, assistentes

sociais, enfermeiros e outros, além dos médicos. Outra função dos

intensivistas, principalmente dos enfermeiros e assistentes sociais,

é dar conforto e suporte aos familiares dos pacientes uma vez que

a situação de internação de algum parente em UTI é sempre

delicada para estes (DESLANDES, 2004).

24

É fundamental no processo de humanização, entender a

equipe, de maneira interdisciplinar, atuando e potencializando as

ações entre si, respeitando o potencial de cada um. Os

profissionais da saúde que trabalham em UTI são confrontados

diariamente com questões relativas a morte; o que pode ser

relacionado as causas geradoras de estresse. Vários estudos

Chiattonne (1997), Souza et al. (1985), Sebastian (1998),

assinalam a violenta gama de estímulos emocionais nocivos aos

quais os profissionais de saúde estão intermitentemente expostos

entre eles: A atitude (muitas vezes interpretada como agressiva

e/ou invasiva) de lidar com a intimidade emocional e corporal do

paciente; Conviver com limitações técnicas, pessoais e materiais

em contraponto ao alto grau de expectativas e cobranças lançadas

sobre este profissional pelos pacientes, familiares, instituição

hospitalar e até mesmo do próprio profissional; A solicitação

intermitente de decisões rápidas e precisas, a cruel e desumana

tarefa de “selecionar” quem usa este ou aquele equipamento, pois

o número de urgências graves é quase sempre superior aos

recursos; Nos berçários de alto risco, estas equipes têm que optar

em atender uma superpopulação de bebês gravemente enfermos,

expondo-os a riscos de contaminação e infecção hospitalar e,

conseqüentemente, à morte ou dizer não a pais desesperados, que

sabem que as chances de encontrar um outro hospital com

recursos necessários é pequena.

Diante destes questionamentos espera-se que as equipes

estejam treinadas e experimentadas para lidar com essas

situações. Molter (1979) diz que lidar com o corpo do paciente,

suas excreções e dores, na prestação de cuidados de enfermagem

revela sobremaneira a quantidade de ansiedade suportável,

desencadeando nos enfermeiros defesas rigidamente estruturadas.

Hudak et al. (1994) aponta que o sofrimento psíquico da equipe

hospitalar pode ser identificada pelas jornadas prolongadas e ritmo

25

acelerado de trabalho, a quase inexistência de pausas para

descanso ao longo do dia, a intensa responsabilidade por cada

tarefa a ser executada com a pressão de ter “uma vida nas mãos”.

As intercorrências inesperadas como mudanças repentinas

no estado clínico de um paciente que estava bem, aumentam a

tensão e a ansiedade. Estas situações geram inquietude na equipe

como um todo e os faz avaliar as capacidades pessoais de conviver

no ambiente da UTI. Estes sentimentos podem levar a frustração,

raiva, depressão e falta de confiança em si próprio, diminuindo a

satisfação com o trabalho (CHIATTONE, 1997).

É importante que a equipe esteja atenta e colabore para o

trabalho interativo, contribuindo para o saber multidisciplinar,

facilitando sempre o processo comunicacional. Uma equipe coesa

facilitará o trabalho interacional, podendo estruturar grupos para

reuniões científicas, discussão de casos clínicos, buscando

aperfeiçoar o atendimento aos pacientes, através da estruturação

de condutas discutidas em equipe. Muitas vezes, há necessidade

de esclarecimentos, trocas de informações e conhecimentos, que

permitirão aos profissionais preparar melhor o paciente com

informações esclarecedoras. O trabalho em equipe como nos fala

Sebastian (1998), além de acrescentar conhecimentos e dividir

ansiedades, favorece o surgimento de soluções (PESSINI, 2004).

Vale lembrar que o cuidado emocional é de

responsabilidade de toda a equipe de saúde, que precisa estar em

condições emocionais de trabalhar com os pacientes, seus

familiares e comunidades. Ser saudável é uma conquista que deve

ser buscada não só para os pacientes, mas também para a vida

dos profissionais que atuam em UTI. Sebastian (1998) comenta

ainda que: o bom senso, as trocas de conhecimentos entre os

profissionais, o autoconhecimento, a interajuda, o apoio entre os

membros da equipe facilitarão a atuação de cada um em benefício

próprio, do paciente e da instituição. Pequenas atitudes dos

26

profissionais podem indicar o processo da humanização, e resgatar

a dignidade do ser humano, muitas vezes abalada pela situação de

internação.

2.5.1 A interação da equipe

A dificuldade em trabalhar em equipe em decorrência da

desumanização das relações é um fato comum que traz muitas

aflições aos membros que fazem parte do cuidado intensivo. A

impessoalidade e os conflitos que ocorrem nas relações entre os

profissionais na UTI estão diretamente relacionados ao cuidando do

paciente crítico. Algumas características são do próprio cotidiano

de trabalho. A sobrecarga física e emocional, as perdas e as

mortes constantes, a não liberação das emoções, a autonomia e os

limites do trabalho da equipe são, indubitavelmente, fatores que

interferem na relação interpessoal entre os membros da equipe e

entre o profissional e o paciente (SILVA; ARAÚJO, FUGGINO,

2009).

A integração do trabalho da equipe nas UTIs é marcado

por inúmeras contradições. É necessário provocar dor em

intervalos de tempo regulares para que se possa manter a vida e

cuidar de pessoas que “não dão sinais” de que continuam vivas.

Para o profissional, parece ainda não haver relação de troca na

interação com alguns pacientes, em razão da imobilidade e

impossibilidade de verbalização (PINHO; SANTOS, 2008).

Convive-se com sentimentos dicotômicos oriundos desses

paradoxos, por vezes desejando algo contrário a seus princípios,

tal como a morte de alguém a quem se dedica o cuidado. Além

desses paradoxos, há a sobrecarga física e emocional. É

fisicamente extenuante cuidar de pacientes com o dobro do seu

27

peso corpóreo e que são totalmente dependentes da equipe para a

higienização e mobilização freqüentes (VILA; ROSSI, 2002).

A sobrecarga emocional da equipe de saúde como um

todo na UTI tem sido amplamente discutida na literatura (VILA;

ROSSI, 2002; LEITE; VILA, 2005; ESSLINGER, 2004), que

identifica diversos fatores que contribuem para o esgotamento

psíquico do trabalhador.

Pela natureza de seu trabalho, o contato da equipe com o

paciente e sua família é maior e mais estreito, o que possibilita a

escuta e a identificação de necessidades. Porém, também é um

fator que causa estresse e ansiedade para o profissional, à medida

que não é possível suprir todas as demandas identificadas, seja

pelo limite de atuação profissional, seja pela sobrecarga de

atividades (SILVA; ARAÚJO, FUGGINO, 2009).

A própria equipe multidisciplinar também é um fator que

gera estresse ao profissional, sobretudo no que tange à falta de

compromisso e coleguismo de alguns membros da equipe (LEITE;

VILA, 2005). O clima de trabalho exaustivo e tenso provoca

desmotivação e conflitos, produzindo relações de trabalho

inadequadas, em um contexto que muitas vezes não possui um

bom delineamento dos limites de atuação profissional de cada um

dos envolvidos.

Outro fator agravante da sobrecarga emocional dos

trabalhadores em UTI é a instabilidade clínica e a gravidade dos

pacientes atendidos que gera uma expectativa constante de ter de

lidar com situações de emergência em que há risco de morte. Lidar

constantemente com o sofrimento do paciente e de seus familiares,

a dor física e emocional do outro, o inesperado, o limite e as

perdas e mortes freqüentes contribuem para o esgotamento

psíquico dos profissionais (PEREIRA; BUENO, 1997).

28

À medida que os profissionais são incentivados a priorizar

os aspectos técnicos de sua prática profissional, negam com

frequência, suas emoções, reprimindo-as por trás de uma aparente

frieza. Essa “neutralidade” em relação ao sofrimento causa um

distanciamento que empobrece o relacionamento com os pacientes

e familiares. Esse é o mecanismo de enfrentamento mais utilizado

pelo profissional que trabalha em UTI e paradoxalmente, também

um dos fatores que mais contribuem para a desumanização do

cuidado em um ciclo vicioso (SILVA; ARAÚJO, FUGGINO, 2009).

Diante desses fatores, os profissionais buscam,

compulsivamente, alternativas para melhorar seu estado emocional

e suas condições de trabalho. Há a necessidade de bate-papos

informais, diversas pausas para o “café” no turno de trabalho e

horários de almoço e de descanso noturno estendidos, não apenas

para o repouso, mas para ouvir música, assistir televisão e

conversar (PEREIRA; BUENO, 1997).

Para exercer a profissão com honra e dignidade,

respeitando o outro e sua condição humana, os profissionais de

saúde também precisam ser tratados com dignidade, com melhores

condições de trabalho, melhores remunerações e reconhecimento e

valorização de suas atividades e iniciativas, além do

reconhecimento de seus limites profissionais (BACKES et al.,

2006).

Para humanizar o cuidado, também é necessário cuidar do

cuidador. É importante resgatar a realização pessoal, a alegria e o

prazer no trabalho, ter espaço para falar e ser ouvido e refletir

sobre o fazer. É necessário que cada um saiba o que é esperado

de seu trabalho, encorajando a responsabilidade do profissional

pelos próprios atos. Também é necessário deixar claro o impacto

que o trabalho de um membro tem sobre o trabalho da equipe como

um todo (SILVA; ARAÚJO, FUGGINO, 2009).

29

A tabela abaixo apresenta algumas propostas concretas

de ação para a humanização das relações na equipe de

enfermagem nas UTIs.

Tabela 3. Propostas de ação para a humanização das relações na

equipe

Cuidar de si mesmo: ter uma atividade de lazer prazerosa, expor

sentimentos, chorar as perdas, vivenciar os lutos e buscar

acompanhamento psicológico, quando necessário

Utilizar, de forma adequada, técnicas de comunicação interpessoal (p.

ex., comportamento empático e escuta ativa): melhora o relacionamento

com pacientes, familiares e demais membros da equipe

Ser solidário e cooperar com os colegas no trabalho

Criar um grupo de discussão, com encontros regulares com os colegas

de trabalho, para compartilhar situações vivenciadas e criar estratégias

para ancorar os princípios bioéticos de autonomia, beneficência e

justiça

Promover atividades integradoras entre a equipe, como happy hours,

confraternizações, gincanas, entre outras

Investir na educação continuada: aprimorar as habilidades relacionais

com leituras, cursos, palestras, dinâmicas e discussões de casos.Fonte: SILVA; ARAÚJO, FUGGINO, 2009.

2.6 Normativas generalistas existentes em nível nacional quanto as rotinas de UTI

Para atender a essas necessidades, o governo federal, em

maio de 2000, regulamentou o Programa Nacional de Humanização

da Assistência Hospitalar (PNHAH), com a finalidade de criar uma

cultura de humanização. Com o objetivo de melhorar o atendimento

30

à população, essa iniciativa resgata e incentiva o bom

relacionamento entre profissionais de saúde e pacientes. O

programa destaca claramente a importância da associação entre os

aspectos tecnológicos da assistência e as habilidades de

relacionamento dos profissionais de saúde para a melhora da

qualidade assistencial. Assim, considera a comunicação adequada

como o fator estratégico para um atendimento mais humano e

solidário (BRASIL, 2000; DESLANDES, 2004; OLIVEIRA; COLLET;

VIEIRA, 2006).

As propostas do PNHAH abrangeram alguns hospitais da

rede pública, capacitando os trabalhadores e estimulando o

trabalho em equipe multiprofissional e a gestão de indivíduos como

cuidadores (SILVA; ARAÚJO; PUGGINA, 2009).

Em 2004, com o objetivo de estabelecer um caráter

transversal à cultura de humanização, para atingir todos os níveis

de atenção à saúde, o Ministério da Saúde estabeleceu a Política

Nacional de Humanização (PNH), conhecida como Humaniza SUS

(BRASIL, 2004).

A PNH complementa e aprimora o programa anterior,

agregando a necessidade de melhora dos aspectos organizacionais

do atendimento à população, além de estabelecer estratégias e

diretrizes para a implementação da cultura de humanização nas

instituições, por nível de atenção (FORTES, 2004; HENNINGTON,

2008).

Nos níveis de atenção hospitalar e especializada, em que

se incluem as UTIs, algumas diretrizes da PNH (BRASIL, 2004)

podem ser visualizadas na tabela abaixo.

31

Tabela 4. Diretrizes da Política Nacional de Humanização

relacionadas ao atendimento em Unidades de Terapia Intensiva

Garantia de visita aberta, por meio da presença do acompanhante e sua rede social, respeitando a dinâmica de cada unidade hospitalar e as peculiaridades das necessidades do acompanhanteMecanismo de recepção com acolhimento dos usuáriosMecanismos de escuta para a população e os trabalhadoresGarantia de continuidade da assistênciaDefinição de protocolos clínicos, garantindo a eliminação de intervenções desnecessárias e respeitando as diferenças e as necessidades do sujeitoEquipe multiprofissional de atenção à saúde, com horário pactuado para atendimento à família e/ou à sua rede socialExistência de Grupos de Trabalho de Humanização, com um plano de trabalho definidoFonte: BRASIL, 2004.

Vale destacar que a humanização das UTIs é um dever

moral, ético e legal dos profissionais de saúde. Além da PNH,

diversas leis federais e estaduais garantem o direito a um

atendimento à saúde mais digno (FORTES, 2004; BACKES et al.,

2006; HENNINGTON, 2008).

A própria Constituição Brasileira oferece o amparo legal à

humanização em seu art. 1º, inc. 3º, ao afirmar a dignidade da

pessoa humana como um dos fundamentos do Estado Democrático

de Direito (BRASIL, 2008).

Em relação aos enfermeiros, o Código de Ética dos

Profissionais de Enfermagem, quanto aos princípios fundamentais

da profissão, em seu art. 3º, norteia a prática profissional para o

respeito à vida, à dignidade e aos direitos do ser humano, em todas

as suas dimensões (COFEN, 2007).

32

Visto que existem um Código de Ética Profissional, um

Programa Nacional e uma Constituição Federal que asseguram e

estimulam o respeito à dignidade do ser humano, por que ainda

precisamos falar para os profissionais de todas as especialidades

em saúde acerca da humanização? Isso ocorre porque, além da

responsabilidade ética, o comportamento dos profissionais

depende, em principal, do compromisso individual de cada pessoa

(SILVA; ARAÚJO; PUGGINA, 2009).

Sem mudança de atitude na relação com o outro, é

impossível humanizar o cuidado e a assistência. Não é possível

sustentar o discurso do humanismo se não tomarmos cuidado com

as palavras que utilizamos na conversa, se nos esquecermos da

importância de prestar atenção ao outro, de ouvir o que o outro

está falando sem deixar o pensamento divagar e de cumprimentar o

outro com um sorriso ou aperto de mãos e se fingirmos não

perceber os sentimentos e as necessidades do outro.

Para humanizar a assistência em UTI, é necessário

atentar para todas as dimensões do cuidado: o ambiente, o

paciente, a família e a equipe, em seus aspectos biológico,

emocional, espiritual e social.

2.7 Humanização em Terapia Intensiva

As UTIs oferecem monitoração hemodinâmica invasiva,

mas nem sempre permitem que uma esposa visite seu marido fora

de horários preestabelecidos. Os tomógrafos permitem a

visualização de pequenas alterações morfológicas dentro do

organismo, mas os pacientes ficam sem seus óculos. Há a

preocupação em informar à família que, em decorrência da bactéria

multirresistente X, o antibiótico Y foi substituído pelo Z e que por

essa razão eles precisam usar luvas e avental ao entrar no quarto,

33

mas esquecem o nome do paciente. Contudo, de que adianta ter

ciência e tecnologia sofisticadas ao alcance se esquecem-se que o

objetivo do trabalho em saúde é assistir o ser humano, em sua

totalidade e complexidade? (SILVA; ARAÚJO; PUGGINA, 2009).

Se a assistência não for empregada levando-se em conta

os valores humanos e éticos, ela perde seu sentido de existência.

Um valor produzido pelo conhecimento deve derivar-se do valor

pela vida. Se o uso da tecnologia e dos processos de trabalho é

decorrente do conhecimento humano, mas obscurece o próprio ser

humano, pode-se concluir que o homem se perdeu em alguma

etapa do processo ou deixou-se dominar pela máquina (PESSINI,

2004).

Pode-se afirmar que, na atualidade, todo o sistema de

saúde está passando por uma crise de valores e identidade, na

qual o processo e a tecnociência parecem ser valorizados em

detrimento do indivíduo. De acordo com Pessini (2004), com

frequência, são observados ambientes tecnicamente perfeitos, mas

sem alma e ternura humana. Essa desumanização do cuidado é

ainda mais notória nas UTIs, em que, por conta do domínio

operacional dos aparelhos e a realização de procedimentos

técnicos, o cuidador e o ser cuidado parecem estar afastados.

Para Barnard (1997), os profissionais de saúde,

envolvidos na ciência do cuidar, são norteados por conceitos

humanísticos, mas de modo pouco crítico, têm adotado valores

mecanicistas, que modificaram profundamente sua prática nas

últimas décadas. Essa mudança paradigmática tem revelado

cuidadores altamente especializados e capacitados para o domínio

de equipamentos, mas pouco afetivos, com problemas de

relacionamento no trabalho em equipe e dificuldades no

atendimento às necessidades humanas básicas dos pacientes. No

contexto da terapia intensiva, a tecnologia e a humanização devem

ser indissociáveis e complementares em prol da integralidade da

34

assistência. Sem dúvida, trata-se de um grande desafio a ser

gerenciado por todos (ARONE; CUNHA, 2007).

O descontentamento com esse cenário que coisifica e

desvaloriza o ser humano, por enfocar o aspecto técnico do

cuidado, tem levado os profissionais a repensar sua prática e

resgatar os valores humanísticos que embasam a profissão. Nas

UTIs, observam-se movimentos de humanização, na tentativa de

aliar a competência técnico-científica ao humanismo, que prega a

compaixão e o respeito à dignidade humana (PESSINI, 2004).

Humanizar a assistência nas UTIs é integrar ao

conhecimento técnico-científico, a responsabilidade, a

sensibilidade, a ética e a solidariedade no cuidado ao paciente e

seus familiares e na interação com a equipe. Pressupõe aliviar a

dor e o sofrimento do outro; compaixão, ou seja, empatia traduzida

em ação solidária concreta; respeito à dignidade e autonomia do

outro; compreensão do significado da vida, em seus aspectos

éticos, culturais, econômicos, sociais e educacionais; e valorização

da dimensão humana do paciente em detrimento de sua patologia

(SILVA; ARAÚJO; PUGGINA, 2009).

O movimento de humanização não é restrito às UTIs, mas

a todo o sistema de saúde brasileiro:

“(...) Na avaliação do público, a forma de atendimento, a capacidade demonstrada pelos profissionais de saúde para compreender suas demandas e suas expectativas são fatores que chegam a ser mais valorizados que a falta de médicos, a falta de espaço nos hospitais e a falta de medicamentos. (...) As tecnologias e os dispositivos organizacionais não funcionam sozinhos – sua eficácia é fortemente influenciada pela qualidade do fator humano e do relacionamento que se estabelece entre profissionais e usuários no processo de atendimento. ” (BRASIL, 2000).

35

A experiência de estar internado em uma UTI e de passar

pelo estado de coma é um processo complexo, que pode deixar

marcas profundas nos indivíduos que vivenciam essa situação.

Muitas dessas marcas não estão somente ligadas ao coma em si,

mas às experiências de ter sido “descuidado” durante esse

processo, levando muitos doentes a precisar se recuperar não

apenas da doença, mas também do fato de terem se tornado

“pacientes”. Isso ocorre porque, apesar dos avanços teóricos

acerca do cuidado, a prática ainda está baseada, quase

exclusivamente, em ações profissionais despersonalizadas, em que

o ser se torna a doença, o objeto passivo da investigação e do

tratamento (SILVA; SCHLICKNANN; FARIA, 2002).

O cuidado do profissional de saúde, com certeza é um dos

itens mais difíceis de ser implementado. Em decorrência da rotina

diária e complexa que envolve o ambiente da UTI, os membros da

equipe esquecem de tocar e conversar com o ser humano que está

à sua frente (VILA; ROSSI, 2002). Ao realizar uma atividade

técnica, sem estar presente de corpo, mente e espírito, o

profissional não está realmente cuidando, mas tão somente

realizando um procedimento (WALDOW, 2001).

36

3 ANÁLISE DOS RESULTADOS

3.1 Dados do Local de Estudo

O Hospital Regional de Sorriso foi inaugurado em 18 de

maio de 1989 e está localizado na Av. Porto Alegre, 2984, no

Centro do município de Sorriso em Mato Grosso.

É uma unidade pública com atendimento de

procedimentos de média e alta complexidade, ambulatorial,

internação, emergencial e de acordo com a demanda da clientela

espontânea e referenciada, que atende a população de mais de 15

cidades no norte do Estado, com convênio da Secretaria Estadual

de Saúde e a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA).

Atualmente disponibiliza 120 leitos no total, distribuídos

nas mais diversas especialidades, entre eles 9 leitos de UTI adulto

e 9 de neonatal somente não tem leito de pediátrica.

Figura 1. Fachada do Hospital Regional de Sorriso.

Fonte: CUCHI, 2009..

3.2 Análise dos resultados

Participaram da pesquisa um total de 25 funcionários do

Hospital Regional de Sorriso, que voluntariamente, responderam ao

questionário proposto, sendo destes participantes 18 mulheres e 7

homens (figura 2).

Fem

Mas

72,0%

28,0%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%Gênero

38

Figura 2. Proporção dos participantes da pesquisa, em relação ao gênero.

Fonte: CUCHI, 2009..

A idade dos entrevistados ficou distribuída entre 18 e

acima de 50 anos, sendo que 24,0% estão na faixa etária entre 18

e 25 anos, 16,0% encontram-se entre 26 e 33 anos, seguidos de

28,0% entre 34 e 41 anos, 20,0% entre 42 e 49 anos e 12,0%

acima de 50 anos de idade (figura 3).

18-25 anos26-33 anos

34-41 anos42-49 anos

> 50 anos

24,0%

16,0%

28,0%

20,0%

12,0%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0% Idade

Figura 3. Distribuição da idade dos participantes da pesquisa.

Fonte: CUCHI, 2009..Entre os participantes da pesquisa, 56,0% são solteiros,

20,0% estão casados, seguidos de 16,0% que são divorciados e

8,0% amasiados (figura 4).

39

SolteiroCasado

DivorciadoAmasiado

56,0%

20,0%

16,0%

8,0%0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0% Estado civil

Figura 4. Distribuição do estado civil dos participantes da pesquisa.

Fonte: CUCHI, 2009.

A Escolaridade dos participantes ficou assim distribuída:

48,0% ensino médio, 32,0% ensino superior e 20,0% são

especialistas (figura 5).

Ensino MédioEnsio Superior

Especialista

48,0%

32,0%

20,0%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0%

50,0% Escolaridade

Figura 5. Distribuição da escolaridade dos participantes da pesquisa.

Fonte: CUCHI, 2009.

40

A renda familiar refere 48,0% entre 1-3 salários mínimos,

seguidos de 32,0% entre 7-10 SM e 20,0% com renda superior a 11

SM (figura 6).

1-3 SM7-10 SM

> 11 SM

48,0%

32,0%

20,0%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0%

50,0% Renda familiar

Figura 6. Distribuição da renda familiar dos participantes da pesquisa.

Fonte: CUCHI, 2009.

A atividade ou função exercida pelos funcionários

participantes da pesquisa, 16,0% são enfermeiros, 20,0% são

médicos, 60,0% são auxiliares técnicos e 4,0% são membros da

atividade administrativa do hospital (figura 7).

41

EnfermeiroMédico

Auxiliar técnicoAdministrativo

16,0% 20,0%

60,0%

4,0%0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0% Atividade/função

Figura 7. Distribuição das atividades e funções dos participantes da pesquisa.

Fonte: CUCHI, 2009..

Quanto ao tempo em que exerce a profissão, 8,0% está

entre 1-3 anos, 48,0% tem entre 4 e 6 anos de profissão, seguidos

de 24,0% que possui entre 7-10 anos e 20,0% possui mais de 11

anos exerce a mesma profissão (figura 8).

1-3 anos4-6 anos

7-10 anos> 11 anos

8,0%

48,0%

24,0%

20,0%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0%

50,0% Tempo que exerce a profissão

Figura 8. Distribuição do tempo em que exerce a profissão dos participantes da

pesquisa.

42

Fonte: CUCHI, 2009.

Questionados se considera o trabalhar em UTI um fator

estressante para sua vida pessoal ou profissional, obteve-se que

20,0% considera sim o trabalho em UTI um fator estressante,

seguidos de 56,0% que não considera e 24,0% referem que nem

sempre é estressante o trabalho em UTI (figura 9).

SimNão

Nem sempre

20,0%

56,0%

24,0%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0% Considera estressante trabalhar em UTI

Figura 9. Distribuição da opinião dos participantes se considera o trabalhar em

UTI um fator estressante.

Fonte: CUCHI, 2009.

Se o Hospital tem um Programa de Humanização da Assistência Hospitalar, 76,0% dos entrevistados responderam que sim, seguidos de 24,0% que refere não saber da existência do programa (figura 10).

43

Sim

Não sei

76,0%

24,0%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

O Hospital tem um Programa de Humanização da Assistência Hospitalar

Figura 10. Distribuição do conhecimento da existência de um Programa de

Humanização da Assistência Hospitalar no Hospital Regional de Sorriso entre

os participantes.

Fonte: CUCHI, 2009.

Buscou-se ainda, conhecer se o funcionário recebeu uma

formação profissional adequada e suficiente para a atuação junto a

pacientes de UTI, sendo que 76,0% informa que recebeu, seguidos

de 8,0% que afirma não ter recebido formação adequada e 16,0%

acredita que poderia ser melhor capacitado para trabalhar em UTI

(figura 11).

44

SimNão

Eu poderia sermelhor capacitado

76,0%

8,0%16,0%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0% Recebeu formação adequada para atuar em UTI

Figura 11. Distribuição da opinião dos participantes se recebeu formação

profissional adequada e suficiente para a atuação junto a pacientes de UTI.

Fonte: CUCHI, 2009.

Assistência humanizada para 60,0% é recolher o paciente

também como ser digno de amor e livre biológica e

psicologicamente, sendo capaz de determinar-se por si próprio nas

suas ações e com liberdade de escolha, de opção, além de

prestação de cuidado, e para 8,0% é ter como ponto final do seu

trabalho apenas o cuidado de atendimento/procedimentos, não a

manutenção da vida a qualquer custo e para 32,0% é Colocando-se

no lugar do próximo, utilizando palavras simples como bom-dia,

obrigada, posso ajudar? (figura 12).

45

Recolher o paciente tambémcomo ser digno de amor e livrebiológica e psicologicamente,sendo capaz de determinar-se

por si próprio nas suas ações ecom liberdade de escolha, deopção, além de prestação de

cuidado

Ter como ponto final do seutrabalho apenas o cuidado de

atendimento/procedimentos, nãoa manutenção da vida a qualquer

custo

Colocando-se no lugar dopróximo, utilizando palavras

simples como bom-dia,obrigada, posso ajudar?

60,0%

8,0%

32,0%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%Assistência humanizada é

Figura 12. Distribuição da opinião dos participantes referente ao que é

assistência humanizada.

Fonte: CUCHI, 2009.

O participante classifica como sendo mais importante na

assistência dentro de uma unidade de terapia intensiva, para 12,0%

é um cuidado tecnológico de alta complexidade, sendo que para

12,0% um cuidado voltado à patologia do paciente, para 44,0% um

cuidado com calor humano e 32,0% considera um cuidado holístico,

com calor humano e de qualidade (figura 13).

46

Um cuidadotecnológico de

altacomplexidade

Um cuidadovoltado à

patologia dopaciente

Um cuidadocom calorhumano

Um cuidadoholístico, com

calor humano ede qualidade

12,0%12,0%

44,0%

32,0%

0,0%5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0% Mais importante na assistência em UTI

Figura 13. Distribuição da opinião dos participantes referente à classificação

como sendo mais importante na assistência dentro de uma unidade de terapia

intensiva.

Fonte: CUCHI, 2009.

As dificuldades encontradas pelo profissional, em relação

à permanência dos familiares junto ao paciente em UTI. Para

32,0% ocorre a falta de espaço, área física, sendo que para 16,0%

há uma incompreensão dos familiares relacionada aos horários de

procedimentos, visitas e passagem de plantão, para 40,0% há

incompreensão da equipe multiprofissional nas diferentes situações

que envolvem a dinâmica da assistência prestada e 12,0% não vê

nenhuma dificuldade, desde que bem orientado da importância da

família na recuperação do paciente (figura 14).

47

Falta de espaço, área física Incompreensão dos

familiares relacionada aoshorários de

procedimentos, visitas epassagem de plantão

Incompreensão da equipemultiprofissional nas

diferentes situações queenvolvem a dinâmica da

assistência prestada

Nenhuma dificuldade,desde que bemorientado(a) da

importância da família narecuperação do paciente

32,0%

16,0%

40,0%

12,0%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0% Permanência de familiares junto ao paciente em UTI

Figura 14. Distribuição da opinião dos participantes referente as dificuldades

encontradas pelo profissional, em relação a permanência dos familiares junto

ao paciente em UTI.

Fonte: CUCHI, 2009.

A questão do ambiente da UTI do hospital proporcionar

conforto ao paciente é entendida por 40,0% que sim, 24,0%

acredita que não, sendo que 36,0% refere que o mais importante é

o tratamento adequado do paciente (figura 15).

48

SimNão

Mais importanteé o tratamento

40,0%

24,0%

36,0%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%O ambiente da UTI do hospital

proporciona conforto ao paciente

Figura 15. Distribuição da opinião dos participantes se o ambiente da UTI do

hospital pode proporcionar conforto ao paciente.

Fonte: CUCHI, 2009.

Determinados fatores são referidos pelos participantes

como preocupantes durante o horário de visita dos familiares,

assim para 40,0% referem ter medo de alguém da família destratar

(tratar mal) à você ou à alguém da equipe, seguido de 32,0% dizer

ter medo que o familiar visitante, por ser um desconhecedor das

normas de biossegurança, traga para dentro da unidade

contaminação externa, sendo que 16,0% tem medo que o familiar

acuse a equipe de ser culpada pelo estado de seu ente internado,

para 4,0% a visita impede que o profissional desenvolva todas as

obrigações dentro dos prazos estipulados, atrapalhando os

procedimentos e para 8,0% tem receio que aconteça imprevistos

durante a visita, tais como óbito, PCT, entre outros que levem à

quebra da rotina normal da visita.

Os participantes ainda alegam outros fatores que

preocupam, tais como: o sofrimento da família, o médico quase não

explica nada para família, não poder ajudar a família , entre outros

(figura 16).

49

Medo de alguémda família

destratar (tratarmal) à vc ou à

alguém da equipe

Medo que ofamiliar visitante,

por ser umdesconhecedordas normas debiossegurança,

traga para dentroda unidade

contaminaçãoexterna

Medo que ofamiliar acuse aequipe de serculpada pelo

estado de seuente internado

A visita impedeque eu

desenvolva todasas minhas

obrigações dentrodos prazosestipulados,

atrapalhando osprocedimentos

Receio queaconteça

imprevistosdurante a visita,tais como óbito,

PCT, entre outrosque levem à

quebra da rotinanormal da visita

40,0%

32,0%

16,0%

4,0%8,0%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0% Fatores preocupantes durante o horário de visita familiar

Figura 16. Distribuição da opinião dos participantes referente aos fatores quem

possam preocupar durante o horário de visita familiar .

Fonte: CUCHI, 2009.

Quanto às dificuldades que os profissionais encontram

para trabalhar em UTI, algo que os incomode, tais como condições

de trabalho, organização, interações socioprofissionais, ambiente,

entre outros, os participantes relatam que são necessários mais

técnicos para ajudar, tem muito barulho no ambiente, são

necessários mais médicos para dar mais atenção ao paciente, a

circulação de crianças na UTI adulto, são fatores que dificultam o

bom desenvolvimento do trabalho de toda a equipe.

Foi solicitando, ainda, que os participantes indicassem o

que precisa melhorar na UTI do hospital, sendo que, de forma

sucinta, foi sugerido: que o atendimento seja mais humano, que os

médicos devem atender e dar atenção também à família, mais

50

funcionários para ajudar nos procedimentos e rotinas da UTI,

acabar com os contratos de trabalho e fazer concurso público, mais

interesse de alguns profissionais, humanizar como, por exemplo,

em homenagem colocar o nome do Dr. Jardel que ajudou muito

para a UTI ficar 100% e morreu aqui.

51

4 DISCUSSÃO

A humanização na unidade de terapia intensiva (UTI) tem

sido uma grande preocupação por parte dos profissionais da saúde

com intuito de oferecer uma assistência com qualidade.

Segundo Ferreira (2001), humanização é o ato ou efeito

de humanizar, é dar condições humanas, civilizar-se, é assegurar o

máximo conforto material e moral ao paciente, e respeitar os seus

desejos, inquietações e suas lembranças. Nas ações da

humanização procura-se resgatar o respeito à vida humana, a do

profissional e a do paciente, criando, assim, um vínculo entre quem

cuida e quem é cuidado.

Para Carlos, Rodrigues e Souza (2005), Humanização na

unidade de terapia intensiva significa estar envolvido com o

paciente e a família, pois além de cuidar de sinais e sintomas

físicos apresentados pelo paciente, busca-se identificar os

problemas e assistir o indivíduo em sua plenitude, visando suprir

suas necessidades básicas, procurando avaliar a assistência

prestada para garantir a eficácia do trabalho e o contato mais

próximo com os familiares.

Segundo Tânia (2003), a competência do profissional que

atua em UTI, independentemente da faixa etária, ocupa espaço

social para o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a

prática das rotinas e procedimentos, possibilitando ao profissional

de agora os instrumentos simbólicos necessários à compreensão

do seu posicionamento da sociedade e assegurando a sua

identidade profissional e ética.

Martins et al. (2003) refere haver hoje um número mínimo

significativo de profissionais que se especializam cada vez mais

para atender às expectativas médico-hospitalares.

Segundo Santos (1999), para que se possa conhecer a

realidade do cuidado de UTI é necessário compreender como o

trabalho acontece neste ambiente, e o significado cultural que os

profissionais dessa área atribuem à humanização.

Segundo Santos (1999), assistência humanizada é aquela

que visa qualificar o indivíduo em sua totalidade, buscando suprir

as necessidades do paciente internado.

Sobre conhecimento da assistência humanizada, segundo

Barbosa (2003), é imprescindível a participação dos profissionais

envolvidos com educação continuada, fazendo com que

desenvolvam suas atividades de maneira eficiente, planejada e

contínua.

Neste sentido, para Caccarro (1997), é durante a

prestação dos cuidados que a arte pode emergir. A obra de arte

surge quando o profissional e o seu cliente se aproximam,

estabelecendo laços afetivos e intuitivos, concretos e imaginários,

que se reforçam a partir do cuidado do “espírito” de ambos.

Também para Watson (1985), o cuidado da enfermagem e

a ação da equipe multiprofissional são primordiais no atendimento

dos pacientes que leva à dignidade humana.

O mais importante no cuidado em UTI, segundo Martins;

Optz; Évora; Fávero e Trevizan (2003), cabe à equipe estar

construindo o trabalho passo a passo, criar novos processos de

rotinas, inovar, buscar, não ter medo de errar, vencer o

conformismo e a submissão, não esquecendo nunca que o

profissional que atua nessa área é “gente que cuida de gente”, e o

trabalho deve incessantemente buscar a humanização nos

53

aspectos éticos, dentre outros, obtendo, assim, a realização

profissional.

Em trabalho realizado por Neman e Souza (2003)

confirmam que a presença da família é importante no tratamento de

forma a investir nas possibilidades de recuperação do paciente.

Segundo Gomes (1988), não é suficiente deixar a família

entrar na UTI. É necessário “trabalhá-la” para potencializar o

trabalho do profissional; é preciso questioná-la sobre as dúvidas,

observar-lhe as reações e os comportamentos, entender-lhe as

emoções.

Para Silva (2001), o profissional que atua em UTI sente-se

preparado para lidar com os pacientes na presença dos familiares,

porém acredita que os mesmos dão trabalho devido a suas

expectativas, e por querer que alguém lhes dê alguma certeza.

Por isso, ainda para Neman e Souza (2003),

complementam que a família é uma parte da equipe de saúde,

atuando como recurso na promoção do conforto e bem-estar do

paciente.

Santos, Toledo e Silva (1999) afirmam que os profissionais

que trabalham na UTI devem criar um bom relacionamento com a

família, buscando facilitar sua participação no tratamento do

paciente, e elaborar um plano de visita que possa atender, na

medida do possível, as necessidades do paciente, da família e

equipe.

Os profissionais da saúde que trabalham em UTI são

confrontados diariamente com questões relativas a morte; o que

pode ser relacionado com as causas geradoras de estresse. Vários

estudos de Chiattonne (1997), Sebastian (1997), Salício (2006),

assinalam a violenta gama de estímulos emocionais nocivos aos

quais os profissionais de saúde estão intermitentemente expostos,

54

onde espera-se que as equipes estejam treinadas e

experimentadas para lidar com essas situações.

Gaiva (2006) diz que lidar com o corpo do paciente, suas

excreções e dores, na prestação de cuidados de UTI revela

sobremaneira a quantidade de ansiedade suportável,

desencadeando nos profissionais defesas rigidamente estruturadas.

Deslandes (2004) aponta que o sofrimento psíquico da

equipe hospitalar pode ser identificada pelas jornadas prolongadas

e ritmo acelerado de trabalho, a quase inexistência de pausas para

descanso ao longo do dia, a intensa responsabilidade por cada

tarefa a ser executada com a pressão de ter “uma vida nas mãos”.

As intercorrências inesperadas como mudanças repentinas

no estado clínico de um paciente que estava bem, aumentam a

tensão e a ansiedade. Estas situações geram inquietude na equipe

como um todo e os faz avaliar as capacidades pessoais de conviver

no ambiente da UTI. Estes sentimentos podem levar a frustração,

raiva, depressão e falta de confiança em si próprio, diminuindo a

satisfação com o trabalho (SALÍCIO, 2006).

É importante que a equipe esteja atenta e colabore para o

trabalho interativo, contribuindo para o saber multidisciplinar,

facilitando sempre o processo comunicacional. Uma equipe coesa

facilitará o trabalho interacional, podendo estruturar grupos para

reuniões científicas, discussão de casos clínicos, buscando

aperfeiçoar o atendimento aos pacientes, através da estruturação

de condutas discutidas em equipe. Muitas vezes, há necessidade

de esclarecimentos, trocas de informações e conhecimentos, que

permitirão aos profissionais preparar melhor o paciente com

informações esclarecedoras. O trabalho em equipe como nos fala

Oliveira (2006), além de acrescentar conhecimentos e dividir

ansiedades, favorece o surgimento de soluções.

55

Vale lembrar que o cuidado emocional é de

responsabilidade de toda a equipe de saúde, que precisa estar em

condições emocionais de trabalhar com os pacientes, seus

familiares e comunidades. Ser saudável é uma conquista que deve

ser buscada não só para os pacientes, mas também para a vida

dos profissionais que atuam em UTI. Oliveira (2006) comenta ainda

que o bom senso, as trocas de conhecimentos entre os

profissionais, o autoconhecimento, a interajuda, o apoio entre os

membros da equipe facilitarão a atuação de cada um em benefício

próprio, do paciente e da instituição. Pequenas atitudes dos

profissionais podem indicar o processo da humanização, e resgatar

a dignidade do ser humano, muitas vezes abalada pela situação de

internação.

56

5 PROPOSTAS E SUGESTÕES

Para a promoção de ações que visam a humanização do

paciente crítico, o grande desafio é mudar comportamentos, uma

vez que o comportamento humano é modificado apenas com

motivação própria.

Como resultado de nossa pesquisa, considera-se

relativamente satisfatório o conhecimento dos profissionais em

relação à assistência humanizada dentro da UTI, pois a maioria

referiu ter conhecimento e empregabilidade da assistência

humanizada na rotina do trabalho. Porém, sugere-se haver

necessidade de uma proposta educativa e continuada que repense

a formação e capacitação dos profissionais da área da saúde,

sobre os limites humanos, a fim de prestar uma assistência

qualificada, integral e humanizada aos pacientes em processo de

internação em UTI.

Para humanizar é preciso, antes de tudo, humanizar-se.

Assim, apresentam-se algumas propostas de ação para a

humanização do paciente de UTI, contemplando o paciente em si.

Orientar a equipe a tratar o paciente pelo nome. Nesse

sentido, é útil colocar pequenas identificações na cabeceira, no pé

da cama ou próximo à entrada do boxe/quarto;

Colocar um painel do lado do leito do paciente para que ele

possa afixar fotos de amigos e familiares, recadinhos, mensagens,

entre outros;

Explicar, com antecedência, os procedimentos que serão

realizados, independentemente do nível de consciência do

paciente;

Estar atento aos sinais não verbais emitidos pelos pacientes:

desenvolver a percepção de quando algo agrada ou incomoda.

Cuidar para não invadir seu espaço pessoal sem pedir licença;

Proporcionar orientação temporal ao paciente,

disponibilizando relógio e calendários, posicionados de forma que

sejam facilmente visualizados pelo paciente;

Oferecer jornais, revistas, livros, televisão ou música. Caso o

paciente utilize óculos, aparelhos auditivos e/ou próteses dentárias,

devolvê-los assim que possível;

Reconhecer o paciente como parte integrante de uma família,

com funções e necessidades específicas. Facilitar a aproximação;

Incluir a dor como o quinto sinal vital, promovendo avaliação

frequente e alívio adequado;

Preservar a privacidade e a confiança do paciente, evitando

comentários pessoais sobre ele ou outro paciente em voz alta na

UTI ou nos elevadores;

Usar um tom de voz adequado para questionar o paciente

sobre aspectos de sua intimidade (p. ex., evacuação);

Mexer nos pertences pessoais do paciente, por exemplo,

escova de dente, chinelos, pente, e outros, somente com a sua

autorização. Cuidar para não invadir seu território sem pedir

licença;

Olhar o paciente nos olhos antes de iniciar os procedimentos;

Informar aos familiares sobre o que acontece, mantendo a

comunicação clara, honesta e freqüente, é o elemento essencial

que permite uma vivência mais serena e tranquila, sem gerar

expectativas que não podem ser atendidas.

58

O que o paciente solicita é não ser abandonado, é ser

cuidado até o final e não sofrer sem necessidade, princípios

básicos da humanização na assistência, porque a dor e o

sofrimento são, para os pacientes críticos, piores que a própria

morte.

59

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No Brasil ainda é pequena a discussão de políticas de

intervenção considerando os aspectos de humanização, assim

como ainda não está no rol das prioridades da maioria dos

gestores. A dimensão subjetiva da qualidade da atenção, como o

conforto, o acolhimento e a satisfação dos usuários é algo que

parece ainda um discurso ideal e distante do real.

Apesar das discussões e posições teóricas sobre a

humanização em UTI, ainda hoje é impressionante a flagrante

violação dos direitos e da dignidade dos usuários desses serviços.

Ninguém questiona a importância da existência da tecnologia

porque ela em si mesma não é benéfica nem maléfica, tudo

depende do uso que fazemos dela.

Diante de fatos concretos e importantes vimos a

necessidade da equipe multiprofissional que atua em UTI que está

assistindo nas 24 horas o paciente, a responsabilidade por prestar

um cuidado que valorize a intersubjetividade dos sujeitos, os

direitos e a cidadania. Finalmente, que busque melhores condições

de trabalho, valorizando assim sua categoria e ocupando seu

espaço no contexto dos serviços de saúde.

Das considerações feitas até aqui, vale ressaltar a

necessidade de que seja dada a necessária ênfase às relações

humanas. Dessa forma, será possível a concretização de ações

primordiais: assegurar a reintegração da equipe multiprofissional,

possibilitar a discussão e a reflexão sobre os dilemas da prática

profissional e viabilizar o desenvolvimento de mecanismos de

adaptação que tornem a equipe apta para lidar com a morte e com

a família, no contexto da terapia intensiva.

Em nosso trabalho, no discurso dos entrevistados aparece

claro o que é humanização, e por outro lado, a realidade do

cotidiano das UTIs está longe de oferecer uma assistência

humanizada, tendo entre os principais elementos dificultadores a

ausência de um filosofia assistencial nas instituições e falta de

comprometimento da equipe de saúde.

Ainda como resultado de nossa pesquisa, considera-se

relativamente satisfatório o conhecimento dos profissionais em

relação à assistência humanizada dentro da UTI, pois a maioria dos

profissionais referiu ter conhecimento e empregabilidade da

assistência humanizada.

Porém, sugere-se a educação continuada e elucidativa

que repense a formação e capacitação dos profissionais da área da

saúde sobre os limites humanos, a fim de prestar uma assistência

qualificada, integral e humanizada aos pacientes em processo de

internação em UTI.

61

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68

APÊNDICE

QUESTIONÁRIO

1. Sexo

( ) fem ( ) masc

2. Idade( ) 18-25 anos ( ) 26-33 anos ( ) 34-41 anos ( ) 42-49 anos

( ) >50 anos

3. Estado Civil

( ) solteiro ( ) casado ( ) divorciado ( ) amasiado

4. Escolaridade

( ) Ensino Médio ( ) Ensino Superior ( ) Especialista

5. Renda familiar

( ) 1-3 SM ( ) 4-6 SM ( ) 7-10 SM( ) >11 SM

6. Atividade/função( ) Enfermeiro ( ) Médico ( ) auxiliar técnico

( ) Administrativo ( ) outro _______

7. Quanto tempo exerce a profissão

( ) 1-3 anos ( ) 4-6 anos ( ) 7-10 anos

( ) >11 anos

8. Considera o trabalhar em UTI um fator estressante para sua vida pessoal ou profissional?

( ) sim ( ) não ( ) Nem sempre

9. O Hospital tem um Programa de Humanização da Assistência Hospitalar?

( ) sim ( ) não ( ) não sei

10. Voce recebeu uma formação profissional adequada e suficiente para a atuação junto a pacientes de UTI?

( ) sim ( ) não ( ) eu poderia ser melhor capacitado

11. Para você assistência humanizada é :

( ) Estar preparado e atento apenas para as necessidades fisiológicas

básicas do paciente.

( ) Recolher o paciente também como ser digno de amor e livre biológica

e psicologicamente, sendo capaz de determinar-se por si próprio nas

suas ações e com liberdade de escolha, de opção, além de prestação de

cuidado.

( ) Ter como ponto final do seu trabalho apenas o cuidado de

atendimento/procedimentos, não a manutenção da vida a qualquer custo.

( ) Colocando-se no lugar do próximo, utilizando palavras simples como

bom-dia, obrigada, posso ajudar?

12. O que você classifica como sendo mais importante na assistência dentro de uma unidade de terapia intensiva?( ) Um cuidado tecnológico de alta complexidade.

( ) Um cuidado voltado à patologia do paciente.

( ) Um cuidado com calor humano.

( ) Um cuidado holístico, com calor humano e de qualidade.

13. Quais as dificuldades encontradas por você, em relação à permanência dos familiares junto ao paciente?( ) Falta de espaço, área física.

( ) Incompreensão dos familiares relacionada aos horários de

procedimentos, visitas e passagem de plantão.

( ) Incompreensão da equipe multiprofissional que nas diferentes

situações que envolvem a dinâmica da assistência prestada.

( ) Nenhuma dificuldade, desde que bem orientado(a) da importância da

família na recuperação do paciente.

14. Na sua opinião, o ambiente da UTI do hospital proporciona conforto ao paciente?

( ) sim ( ) não ( ) o mais importante é o tratamento

15. Que fatores abaixo relacionados lhe preocupa durante o horário de visita familiar?( ) Medo de alguém da família destratar (tratar mal) à vc ou à alguém

da equipe.

( ) Medo que o familiar visitante, por ser um desconhecedor das normas

de biossegurança, traga para dentro da unidade contaminação externa.

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( ) Medo que o familiar acuse a equipe de ser culpada pelo estado de

seu ente internado.

( ) A visita impede que eu desenvolva todas as minhas obrigações

dentro dos prazos estipulados, atrapalhando os procedimentos

( ) Receio que aconteça imprevistos durante a visita, tais como óbito,

PCT, entre outros que levem à quebra da rotina normal da visita.

Outro(s) fator(es): ___________________________________________

16. Cite alguma dificuldade que voce encontra ao trabalhar em UTI, algo que lhe incomode (tipo: condições de trabalho, organização do trabalho, interações socioprofissionais, ambiente, etc).

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17. O que precisa melhorar na UTI do hospital

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