SOCIOLOGIA_02

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Tecnologia em Processos gerenciais Sociologia daS organizaçõeS o indivíduo e as organizações

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Tecnologia em Processos gerenciaisSociologia daS organizaçõeS

o indivíduo e as organizações

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2Sociologia daS organizaçõeSo indivíduo e as organizações

ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Definir indivíduo e as instituições sociais e ter a com-preensão da importância destes conceitos para a Ges-tão Empresarial.

COmpetênCias Explicar o que é e qual a importância de estudar sobre as instituições sociais das quais o indivíduo participa.

Habilidades Identificar as tipologias, características e finalidades da Sociologia das Organizações e suas influências na Gestão Empresarial.

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ApresentAção

Nesta Unidade de Aprendizagem (UA) você verá as definições das instituições sociais e a importância desse conceito para a Gestão Empresarial. Também entenderá a importância de estudar sobre as institui-ções sociais das quais o indivíduo participa. Identificar as tipologias, características e finalidades da Socio-logia das Organizações e suas influências na Gestão Empresarial. Conhecer o conceito e a importância dos indivíduos nas organizações sociais ajudará o futuro profissional a lidar melhor com os processos organi-zacionais, valorizando o que realmente importa em todas as organizações sociais: o indivíduo, a pessoa, o ser humano.

pArA ComeçAr

Quantas organizações participam de sua vida?Já parou para pensar nisso e relacioná-las?Vamos imaginar o seguinte: você é acordado por um

despertador, que foi fabricado por alguma empresa. Levanta-se e vai até o banheiro se arrumar. Provavel-mente fará uso da água, que é fornecida por outra empresa. Se pensarmos em tudo que há no banheiro, ficaremos horas descrevendo coisas…

Vamos para o lanche matinal: você beberá e comerá algo. Vamos supor que seja apenas café e torrada. O café foi feito usando uma cafeteira, que foi produzida por alguma empresa. O pó de café que você usará foi beneficiado por alguma empresa, que moeu e embalou a mercadoria para que você pudesse tê-lo. Se estendermos esse raciocínio para tudo que é usado nesse processo, teremos de citar as empresas que fornecem a água, o gás para acender o fogo do fogão ou a eletricidade para o caso de cafe-teira elétrica, as xícaras ou os copos etc. Ufa! Ainda

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bem que é só café purinho e torrada… Ops! Acho que nem citamos as torradas ainda…

Tá, vamos pular o lanche matinal e imaginar que você irá ao traba-lho. E vamos pular a parte que você se vestiu e tudo o mais, combi-nado? Para ir ao trabalho, você usará um meio de transporte, como um carro, um ônibus, um trem ou uma bicicleta. Qualquer um deles foi fabricado por uma empresa e, se for de transporte público, ainda há a empresa prestadora de serviço de transporte! Você trabalhará em uma empresa. Vamos pular essa parte também, pois ainda tem o prédio, as máquinas como os elevadores, os computadores etc.

Você estuda em uma organização educacional!Se ficar doente, irá a uma organização hospitalar!Nas horas em que não estiver se dedicando às atividades profissio-

nais, frequentará uma organização religiosa, ou uma organização de lazer e entretenimento. Talvez participe de alguma organização filan-trópica, ou simplesmente assista aos programas da televisão, que foi produzida por uma empresa, programas gerados por organizações que criam filmes, seriados, telejornais…

Ah! Não podemos esquecer que você paga impostos para uma orga-nização pública, dirigida por políticos que você elegeu a partir da pro-paganda de organizações políticas partidárias.

É… Se for levar a risca esse procedimento, sua lista será tão extensa, que talvez precise de muitos dias para relacionar todas as organiza-ções que participam diretamente de sua vida. E se estender para as organizações que influenciam sua vida indiretamente, talvez levasse a vida toda para finalizar essa lista…

Nesta Unidade de Aprendizagem (UA) você terá a oportunidade de entender esta relação tão próxima, tão íntima, de sua vida com as orga-nizações. Não será possível esgotar o tema, abordá-lo por completo… Afinal, isso seria muita presunção…

dicaVocê já pensou sobre quando esta relação entre indivíduo e organização começou e para quais tipos evolui? Prepare-se para fazer uma viagem diferenciada pela História!

Como ficou explícita na introdução desta UA, nossa vida está tão entre-laçada e tão dependente de tantas organizações que toda uma vida

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seria necessária para entender esta relação e todos os desdobramen-tos possíveis disso.

Vamos tentar contextualizá-lo historicamente e apresentar algumas definições, características, tipologias e, principalmente, questionamen-tos que possam ajudá-lo a refletir sobre o tema.

Então, está a fim de discutir a relação?Sim, que ótimo! Então, vamos nessa!

FundAmentos

1. indivÍdUOÉ possível afirmar que indivíduo e sociedade são inseparáveis, ou seja, a sociedade é formada por indivíduos e estes, sem a sociedade em que vive, perdem sua caracterização. Vamos pensar sobre o desen-volvimento do homem, pensar no ser humano e na vida em grupos. Conseguimos analisar o indivíduo baseado no grupo em que ele vive ou no grupo do qual ele faz parte.

Quando analisados isoladamente, cada um de nós é classificado como indivíduo. A definição existente no dicionário para o vocábulo indivíduo é a de qualquer ser concreto, qualquer ser conhecido por meio de sua experiência, o ser que possui uma unidade de caracteres e forma um todo reconhecível.

A sociedade é formada por indivíduos e, sem eles, perde sua razão de existir. Como definição de sociedade, encontramos no dicionário como sendo o agrupamento de seres que convivem em colaboração mútua, em estado gregário. Encontramos ainda a definição de socie-dade como sendo o conjunto de pessoas que vivem em certa faixa de tempo e de espaço, seguindo normas comuns e que são unidas pelo sentimento de grupo. É como um corpo social, como coletividade.

2. vida em grUpOOs seres humanos começaram a superar as dificuldades pré-históricas de sobrevivência a partir do momento que faziam as coisas em grupo. Caçar em grupo, plantar em grupo, viver em grupo não foi uma opção deliberada… Podemos afirmar que foi uma questão de sobrevivência para a espécie humana no passado remoto. Com o passar do tempo, não foi apenas a espécie humana que evoluiu. O trabalho em grupo também foi evoluindo, aumentando a capacidade de intervir na natu-reza a favor do ser humano.

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Provavelmente, os primeiros agrupamentos humanos que assu-miram uma condição mais complexa foram as organizações militares e as religiosas. Ambas surgiram para atender necessidades que iam além da obtenção de alimento. O primeiro tipo, as organizações mili-tares, era necessário para enfrentar um novo desafio à sobrevivência do agrupamento humano: outros agrupamentos humanos que desa-fiassem tomar recursos e pessoas por meio da violência. O segundo tipo, as organizações religiosas, era necessário para, em um primeiro momento, explicar os fenômenos desconhecidos e, depois, justificar as ações empreendidas pela camada dirigente das comunidades. Essas primeiras organizações possuíam normas e regras muito rígidas, a divi-são de tarefas e funções era muito específica e a obediência era deter-minante para a permanência na comunidade.

Muitas organizações foram surgindo ao longo dos tempos… E as comunidades foram se tornando cada vez mais complexas, transfor-mando-se em sociedades com população numerosa, com maior divisão de classes sociais etc. Essa complexidade social exigiu a constituição de instituições que pudessem atender as diversas necessidades humanas.

As Instituições Sociais consistem numa estrutura relativamente per-manente de padrões, papéis e relações que os indivíduos realizam segundo determinadas formas sancionadas e unificadas, com o obje-tivo de satisfazer às necessidades sociais básicas.

conceitoAs Instituições Sociais consistem numa estrutura relativamente permanente de padrões, papéis e relações que os indivíduos rea-lizam segundo determinadas formas sancionadas e unificadas.

As características das instituições têm finalidade e conteúdo relativa-mente permanentes, são estruturadas de maneira unificada e baseada em valores. Devem ter uma função, uma meta ou um propósito cole-tivo, cujo objetivo seria regular suas necessidades.

Sua estrutura composta de pessoal (elementos humanos), equipa-mentos, organização (atende a hierarquia – autoridade e subordina-ção), comportamento (normas que regulam a conduta e as atitudes dos indivíduos).

Assim, podemos definir instituição como o que está instituído, cons-tituído, sedimentado na sociedade. São os modos preestabelecidos de

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pensar, de sentir e de agir que a pessoa encontra e cuja mudança se faz lentamente. Algumas mudanças ocorrem com dificuldades.

Portanto, as Instituições Sociais servem principalmente como um meio para satisfazer as necessidades da sociedade. Ao longo da Histó-ria, diversas Instituições Sociais se formaram: exércitos, comunidades eclesiásticas, impérios, reinos, associações profissionais, companhias de comércio, associações aristocráticas, escolas, universidades etc. Cada uma delas possuía um objetivo bem definido e que atendia aos anseios ou as necessidades de seus membros.

Destas primeiras organizações até as fábricas, muitos fatos e trans-formações aconteceram na História da Humanidade. Provavelmente você deve se lembrar destas aulas do ensino básico, lembra-se? Está tudo aí na memória, não é mesmo? Como não está?! Que história é essa de que não se lembra? De que já faz muito tempo? Sugestão: pegue um livro de História e recorde alguns desses fatos e algumas dessas transformações, principalmente aqueles que antecederam e favoreceram a Revolução Industrial, a partir do final do século XVIII.

A partir da Revolução Industrial, uma nova forma organizacional sur-giu e transformou a sociedade: a fábrica! A fábrica é uma organização muito complexa que determinará o modo de produção e o modo de vida da sociedade contemporânea. As fábricas também evoluíram e atualmente chamamos essas organizações simplesmente de empre-sas, apesar de que atualmente elas não realizam necessariamente uma atividade fabril, como era originalmente.

3. a OrganizaÇÃOA origem da palavra organização vem da palavra grega organon. A tra-dução literal de organon é ferramenta ou instrumento. A organização é definida por sua atividade, ou seja, ela é um agente social que rea-liza uma determinada tarefa (objetivo) para atender a sociedade por tempo indeterminado. Ela é composta por indivíduos que trabalham em conjunto em prol desta finalidade e que estão agrupados de acordo com uma estrutura formal e impessoal. Esse agrupamento, apesar de ter prazo indeterminado, desfar-se-á quando a atividade não for mais necessária, ou quando não for mais adequada, ou ainda quando não atender a sociedade a contento.

Essa estrutura impessoal determina a divisão das tarefas, a quanti-dade de membros, a distribuição e a relação de autoridade, de respon-sabilidade e de poder decisório e o trajeto da comunicação entre os membros. Ela é considerada impessoal, pois as tarefas devem ser rea-lizadas, independentemente de quem seja o responsável, podendo-se

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trocar o indivíduo responsável por outra pessoa, de acordo com a exi-gência requisitada para cada tarefa na estrutura.

conceitoA organização é um agente social que realiza uma atividade espe-cializada para atender a sociedade e é composta por indivíduos que trabalham em conjunto em prol desta finalidade e que estão agru-pados de acordo com uma estrutura formal e impessoal.

As organizações apresentam as seguintes características, resumidas na Tabela 1:

Sistemas SociaisAs organizações reproduzem a sociedade, estabelecendo relacionamentos e regras de convivência entre seus membros.

Associação de pessoas As organizações formalizam relações entre indivíduos que buscam objetivos comuns.

Duração indeterminada

As organizações são criadas para durarem mais tempo do que as pessoas e duram tanto quanto sua atividade é satisfatória.

UniversaisAs organizações existem onde houver necessidade de atingir um objetivo comum por meio de atividade coletiva.

Identidade própria A organização possui características próprias, tornando-se uma entidade autônoma e constituinte da sociedade.

ComunicaçãoAs organizações possuem um sistema de fluxo de informações, que determina o trabalho e as relações entre os membros.

Divisão do TrabalhoPor meio da divisão do trabalho, as organizações multiplicam a capacidade de realização individual, obtendo sinergia.

4. a OrganizaÇÃO Cada vez mais empresarialA empresa é uma instituição social que produzirá alguma mercadoria ou proverá algum serviço que satisfará uma necessidade ou desejo humano. Esse produto estará ao alcance de alguma parcela da socie-dade, sendo o tamanho dessa parcela variável dependente de condi-ções técnicas e econômicas.

Tabela 1. 

Características

comuns das

organizações.

Fonte:  Adaptado de

Dias, 2008, p. 25.

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atençãoE as comunidades ficaram mais complexas, tornando-se socie-dades com população mais numerosa, com maior divisão de classes sociais etc. Isso exigiu a constituição de instituições que pudessem atender diversas necessidades humanas!

Quando as fábricas surgiram, era comum que elas pertencessem a um ou a poucos proprietários. Estes detinham muito capital (dinheiro, máquinas, terreno etc.) e por essa razão eram também chamados de capitalistas. Os capitalistas pertencem à Classe Burguesa. Eles contra-tavam aqueles que não possuíam bens (capital) e vendiam sua força de trabalho para sobreviver, os trabalhadores. Os trabalhadores per-tencem a Classe Operária, ou ao Proletariado. Eles manipulavam as máquinas para produzir as mercadorias e eram controlados por capa-tazes, que garantiam a produção esperada pelo capitalista.

Essas organizações assumiram o controle das atividades econômi-cas a partir do século XIX. E a partir de sua forte presença econômica, as fábricas impuseram seu modelo de estrutura e de funcionamento à sociedade, tornando-se referências às outras unidades sociais. As formas empresariais se tornaram modelos para outras instituições sociais, para outras organizações.

Atualmente, as organizações modificam o ambiente do qual fazem parte. E dependendo do seu grau de influência, chegam a determinar e controlar essas alterações. Elas detêm a propriedade dos recursos, criam novas relações, atuam como agentes sociais tanto quanto as pessoas, influenciando a cultura, a economia, a legislação, a política e a vida em sociedade.

Lembram-se da parte inicial do texto da seção Para Começar…? Hoje em dia as organizações estão presentes em quase todas as coisas da vida humana. Não é possível conceber a revolução científica e tecnoló-gica que a Humanidade testemunhou ao longo do século XX sem rela-cionar contextos organizacionais. Até questões abstratas são influen-ciadas pelas organizações, como liberdade, democracia, poder, justiça, entre outras abstrações! As grandes transformações sociais foram impulsionadas pelas organizações, como o capitalismo, a globalização, a massificação da informação etc.

A importância que uma organização assume para determinada sociedade pode variar em função da cultura, do desenvolvimento econômico, das relações políticas etc. De modo geral, existem alguns tipos organizacionais que são importantes ou, pelo menos, influentes:

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econômicos, educacionais, políticos e religiosos. Esses tipos foram rela-cionados em ordem alfabética, pois sua relativa importância em com-parações entre si também variam. Há países que são fundamentalistas e darão grande importância às organizações religiosas. Há países nos quais as organizações políticas se sobrepõem às organizações econô-micas. Enfim, apesar de serem tipos comuns, presentes e muito impor-tantes em qualquer nação, não há uma hierarquia geral válida destes tipos para todas as sociedades.

5. tipOs OrganizaCiOnaisSob o ponto de vista sociológico, é importante perceber que as orga-nizações podem ser divididas por setor. Há o setor público, o setor privado e o terceiro setor. Em todos esses setores, as organizações assumiram estruturas e características empresariais. Seus sistemas e subsistemas foram se adaptando ou foram criados a partir de refe-rências empresariais. E é por essa razão que algumas organizações começam a ser questionadas pelas pessoas. É o caso, por exemplo, das organizações governamentais, que pertencem ao setor público. Há evi-dências de ineficiência, justificadas pelo aumento da complexidade das relações humanas e do aumento explosivo dos problemas decorren-tes dessa complexidade. Nota-se que as organizações governamentais são tratadas de modo semelhante às das fábricas. O serviço público, ao ser classificado de ineficiente ou de ineficaz, está sendo analisado como qualquer processo produtivo o é. Alguns indicadores utilizados por essas organizações governamentais são inspirados em indicado-res de desempenho das empresas. E do mesmo modo que a insatisfa-ção com alguma mercadoria incentiva a formação de outra empresa para concorrer oferecendo alternativa melhor, já é possível identificar fenômeno semelhante para os serviços públicos… Quantas Organiza-ções Não Governamentais (ONGs) foram criadas para complementar ou suprir funções pertencentes tradicionalmente ao setor público em todos os países?

No setor público, a principal finalidade é a prestação de serviços básicos aos cidadãos, como atendimento médico, ou o provimento de produtos estratégicos que promovam o bem comum, como a produ-ção de petróleo. Nesse setor, a estrutura, além de formal e impessoal, costuma ser muito rígida. A participação das pessoas nestas organiza-ções costuma ser obrigatória, pois está fundamentada na cidadania. No mínimo, votam para eleger os dirigentes majoritários. Podem ocor-rer filiações secundárias, que estão baseadas no vínculo trabalhista por meio de concurso público e da ocupação de cargos específicos. A

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estrutura de poder no setor público está baseada nas relações políticas e, muitas vezes, ela é influenciada pela força dos partidos políticos.

No terceiro setor, a principal finalidade é a prestação de serviços de caráter solidário, geralmente benéficos a muitas pessoas da sociedade. A participação das pessoas costuma ser voluntária, normalmente moti-vada por altruísmo. Também pode ocorrer filiação secundária na forma de emprego: quando se faz necessário o atendimento de tarefas muito específicas, pode se contratar profissionais que não são tão facilmente encontrados entre os voluntários. A estrutura de poder no terceiro setor está baseada na participação dos voluntários e costuma ser mais flexível e menos hierarquizada.No setor privado, a principal finalidade é a obtenção de benefício econômico. O fundamento primário de parti-cipação é a propriedade. Assim como nos outros, a filiação secundária se dá na forma de vínculo trabalhista. Mas nesse caso, essa costuma ser a forma predominante para as mais diversas tarefas necessárias para a realização das atividades organizacionais. A estrutura de poder no setor privado está baseada na propriedade, ou seja, o proprietário detém toda autoridade e poder de decisão, podendo, sob sua vontade, descentralizá-lo ou delegá-lo, de acordo com sua conveniência.

Nesse último setor, temos a grande maioria das organizações. Aliás, são as empresas que estão mais presentes e influentes na sociedade contemporânea… As empresas (organizações privadas) também são classificadas. Há inúmeras formas de classificá-las ou agrupá-las. A seguir, serão apresentadas algumas tipologias.

Produtiva Empresas que geram capital ou produtos.

Manutenção Empresas que preparam (escolas) ou reabilitam (hospitais, presídios) as pessoas para a sociedade.

Adaptação Empresas que criam ou desenvolvem ciência ou tecnologia, como centros de pesquisa ou universidades.

AdministrativaEmpresas que coordenam ou controlam subsistemas sociais ou pessoas, como sindicatos, partidos políticos, conselhos profissionais etc.

Na Tabela 2, está descrita uma tipologia organizacional que classifica as empresas de acordo com sua atividade produtiva e como esta ati-vidade afeta a sociedade. Na Tabela 3 e na Tabela 4, estão descritas tipologias organizacionais que classificam as empresas segundo seus objetivos produtivos, ou seja, como os produtos que oferecem à socie-dade podem distinguir uma empresa da outra.

Tabela 2.  Tipologia

de empresas

de Katz e Kahn,

classificadas segundo

suas atividades.

Fonte:  Adaptado de

Dias, 2008, p. 32.

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Voluntária Empresas que proporcionam interação entre seus membros, como clube recreativos.

Atuante sobre perfilEmpresas que atuam sobre um grupo de pessoas para incorporá-las na sociedade, como escolas, igrejas, penitenciárias etc.

Busca resultadoEmpresas que objetivam determinado resultado, como as que buscam lucro, as que buscam o bem de seus associados, as que buscam o poder etc.

Mista Empresas que misturam algumas características listadas nos outros tipos.

Sociedade Empresas cujo objetivo é beneficiar a sociedade, como um museu (ex.: MAM).

Produção Empresas cujo objetivo é oferecer produtos de consumo em geral, como a produção de arroz.

SistemaEmpresas cujo objetivo é proporcionar o funcionamento das empresas, como uma agência reguladora do setor de telecomunicações (ex.: ANATEL).

Produto Empresas cujo objetivo é agregar atributos aos produtos oferecidos (ex.: Ferrari).

Derivado Empresas cujo objetivo é usar o poder oriundo da oferta de serviços (ex.: MST).

Na Tabela 5, está descrita uma tipologia organizacional que classifica as empresas de acordo com suas metas na sociedade, de como as empresas influenciam a constituição da sociedade.

ProduçãoEmpresas cuja meta é oferecer produtos para serem consumidos pela sociedade, como as fábricas de eletrodomésticos etc.

Política Empresas cuja meta é gerar e distribuir poder na sociedade, como os sindicatos, os partidos políticos etc.

Integradora Empresas cuja meta é evitar que as partes constitutivas da sociedade se destruam, como os tribunais de arbitragem etc.

Manutenção dos padrões

Empresas cuja meta é assegurar a continuidade da sociedade, como as escolas, as igrejas etc.

Todas as tipologias são válidas e ajudam a estudar as empresas. Conhe-cer essas formas de classificar as organizações privadas é fundamental para estudá-las e compreendê-las.

Tabela 4.  Tipologia de

empresas de Perrow,

classificadas segundo

seus objetivos

organizacionais.

Fonte:  Adaptado de

Dias, 2008, p. 34.

Tabela 3.  Tipologia

de empresas de

Maintz, classificadas

segundo seus

objetivos funcionais.

Fonte:  Adaptado de

Dias, 2008, p. 33.

Tabela 5.  Tipologia de

empresas de Parsons,

classificadas segundo

suas metas funcionais.

Fonte:  Adaptado de

Dias, 2008, p. 35.

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antena pArAbóliCA

O reconhecimento do indivíduo pelo Estado é algo importante e, quando isso não ocorre, há dificulda-des até em arranjar emprego ou dar educação para as pessoas.

Leia a notícia a seguir. Note que nem mesmo se pode ser um indivíduo sem que uma organização social (o Estado) ateste esta condição. É como se a pes-soa não existisse, porque uma organização social não a reconheceu formalmente na época certa…

IBGE: 5% da população não têm certidão de nascimento1

Dados extraoficiais foram divulgados pelo Instituto nesta quarta-feira, 10/novembro/2010.

Apesar de ser um direito, o registro civil continua inacessí-vel para muitas pessoas no Brasil. Segundo o Instituto Bra-sileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mesmo sem dados oficiais, a estimativa é que 5% dos brasileiros não têm cer-tidão de nascimento. No estado do Rio, apenas em 2008, 18 mil recém-nascidos não foram registrados.

Para a juíza da 1ª Vara da Família de São João de Meriti (RJ), Raquel Chrispino, “existe uma perpetuação dessa difi-culdade social porque, se o pai não tem [registro civil] e o filho não tem, eles têm dificuldade de se alimentar bem, de articular a própria fala, têm muita timidez, não conseguem chegar aos órgãos públicos e, diante da primeira dificul-dade, tendem a desistir. A gente pode afirmar que o pro-blema é muito mais grave do que se imagina”.

A juíza faz parte da Comissão para Erradicação do Sub--Registro Civil, criada em 2009 pela Corregedoria do Tribu-nal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) para redu-zir o número de pessoas sem identificação civil no estado.

Raquel Chrispino ressaltou que os responsáveis pelas crianças sem identificação podem se dirigir aos cartórios de registro de nascimento e resolver o problema. Para os mais velhos, a dificuldade é maior, pois é necessária a presença

1.  Agência Brasil -

http://www.nf10.com.

br/informacao/5058

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de duas testemunhas para obter a certidão. Como o pro-cesso é moroso, os dados acabam se extraviando, a Justiça é acionada e, até que se comprove a situação do reque-rente, muito tempo se perde. “A proposta da corregedoria é ter uma secretaria que possa apoiar o juiz a fazer esse trabalho com rapidez”, disse a magistrada.

O problema foi abordado no 1º Debate sobre o Sub--Registro Civil, que ocorreu hoje (dia 10 de novembro) no Rio de Janeiro com representantes da Justiça, do governo estadual e do IBGE.

e AgorA, José?

Nesta Unidade, você obteve os conceitos sobre o indi-víduo, a vida que o indivíduo desenvolve em grupo, a organização com suas características e uma visão mais empresarial de organização além dos tipos organiza-cionais e suas metas e objetivos funcionais.

Esta UA procurou mostrar como as organizações estão inseridas no nosso cotidiano e qual é a dinâmica que ela apresenta às empresas, relembrando, inclu-sive, aspectos históricos. Além de explicar o que é e qual a importância de estudar sobre as instituições sociais das quais o indivíduo (inclusive cada um de nós!) participa. Agora que você já tem uma visão geral sobre os Indivíduos e as Organizações, você verá na próxima unidade o Significado do Trabalho na Revolu-ção Industrial.

Bons estudos!

AtividAdes

Agora que você já percebeu como a Sociologia das Organizações é importante e suas influências na Ges-tão Empresarial, que tal começar a praticar? Para isso, tente resolver todos os exercícios desta UA para iden-tificar e aprender mais ainda.

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glossárioAltruísmo: é a dedicação de quem se preocupa e

se dedica aos outros desinteressada e espon-

taneamente. Ato daquele que faz benefício

de maneira desprendida, sem esperar por

nada em troca.

Filantropia: é a generosidade para com outrem,

caridade, ato de desprendimento em favor

de terceiro.

Gregário: é a característica de quem tende a

viver em sociedade, sociável.

Presunção: é o ato de presumir, de julgar base-

ado em indícios, aparências, suposição que se

tem por verdadeira.

reFerênCiAsDIAS, R. Sociologia das Organizações. São Paulo:

Atlas, 2008. 278 p.

HOUAISS, A.; VILLAR, M. S.; FRANCO, F. M. M. Dicio-

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Janeiro: Objetiva, 2009. 1986 p. Disponível

em: <http://houaiss.uol.com.br>. Acesso em:

3 jun. 2010.

SROUR, R. Poder, Cultura e Ética nas Organi-

zações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 408 p.