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LINHA DE PESQUISA REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E PRÁTICAS EDUCATIVAS PROFª ALDA JUDITH ALVES MAZZOTTI Artigos em Periódicos ALVESMAZZOTTI, Alda Judith. Representações sociais: aspectos teóricos e aplicações à Educação. Múltiplas Leituras, UMESP, São Bernardo do Campo, 1° sem. 2008. Disponível em http://www.metodista.br/ppc/multiplasleituras/multiplasleituras01/representacoes sociaisaspectosteoricoseaplicacoesaeducacao/ Resumo O estudo das representações sociais investiga como se formam e como funcionam os sistemas de referência que utilizamos para classificar pessoas e grupos e para interpretar os acontecimentos da realidade cotidiana. Por suas relações com a linguagem, com a ideologia, com o imaginário social e, principalmente, por seu papel na orientação de condutas e das práticas sociais, as representações sociais constituem elementos essenciais à análise dos mecanismos que interferem na eficácia do processo educativo. Há muitas formas de conceber e de abordar as representações sociais, relacionandoas ou não ao imaginário social. Elas são associadas ao imaginário quando a ênfase recai sobre o caráter simbólico da atividade representativa de sujeitos que partilham uma mesma condição ou experiência social, e é esta a perspectiva adotada pela autora no artigo, buscando seus fundamentos na Psicologia Social. Palavraschave: Teoria das Representações Sociais. Imaginário social. Processo educativo. ALVESMAZZOTTI, Alda Judith. Representações da identidade docente: uma contribuição para a formulação de políticas. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, Rio de Janeiro, v.15, n.57, p.579594, out./dez. 2007. ISSN 01044036. Resumo Este artigo focaliza uma pesquisa que teve por objetivo identificar as representações da identidade docente construídas por professores da rede pública de ensino fundamental do Rio de Janeiro frente aos desafios postos à escola na contemporaneidade. Optouse pela abordagem estrutural das representações proposta por Abric. Os dados foram coletados por meio de um teste de associação de palavras com justificativa e tratados utilizando o software EVOC. Participaram do estudo 248 professores, 123 de 1ª a 4ª série e 125 de 5ª a 8ª. Os resultados indicaram diferenças significativas entre as representações dos dois grupos, refletidas nas configurações de seus núcleos centrais: no 1º grupo (1ª a 4ª série) o núcleo é constituído por um único elemento dedicação, embora na periferia próxima apareça o termo cansativo; e no 2º (5ª a 8ª série), são destacados os termos dificuldades e luta . Concluiuse que os professores de 1ª a 4ª série parecem atribuir à sua identidade um sentido tradicionalmente associado à função docente, enquanto para os de 5ª a 8ª, ser

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LINHA DE PESQUISA

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E PRÁTICAS EDUCATIVAS

PROFª ALDA JUDITH ALVES MAZZOTTI

Artigos em Periódicos

Ø ALVES­MAZZOTTI, Alda Judith. Representações sociais: aspectos teóricos e aplicações à Educação. Múltiplas Leituras, UMESP, São Bernardo do Campo, 1° sem. 2008. Disponível em

http://www.metodista.br/ppc/multiplas­leituras/multiplas­leituras­01/representacoes­ sociais­aspectos­teoricos­e­aplicacoes­a­educacao/

Resumo O estudo das representações sociais investiga como se formam e como funcionam os sistemas de referência que utilizamos para classificar pessoas e grupos e para interpretar os acontecimentos da realidade cotidiana. Por suas relações com a linguagem, com a ideologia, com o imaginário social e, principalmente, por seu papel na orientação de condutas e das práticas sociais, as representações sociais constituem elementos essenciais à análise dos mecanismos que interferem na eficácia do processo educativo. Há muitas formas de conceber e de abordar as representações sociais, relacionando­as ou não ao imaginário social. Elas são associadas ao imaginário quando a ênfase recai sobre o caráter simbólico da atividade representativa de sujeitos que partilham uma mesma condição ou experiência social, e é esta a perspectiva adotada pela autora no artigo, buscando seus fundamentos na Psicologia Social. Palavras­chave: Teoria das Representações Sociais. Imaginário social. Processo educativo.

Ø ALVES­MAZZOTTI, Alda Judith. Representações da identidade docente: uma contribuição para a formulação de políticas. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, Rio de Janeiro, v.15, n.57, p.579­594, out./dez. 2007. ISSN 0104­4036.

Resumo Este artigo focaliza uma pesquisa que teve por objetivo identificar as representações da identidade docente construídas por professores da rede pública de ensino fundamental do Rio de Janeiro frente aos desafios postos à escola na contemporaneidade. Optou­se pela abordagem estrutural das representações proposta por Abric. Os dados foram coletados por meio de um teste de associação de palavras com justificativa e tratados utilizando o software EVOC. Participaram do estudo 248 professores, 123 de 1ª a 4ª série e 125 de 5ª a 8ª. Os resultados indicaram diferenças significativas entre as representações dos dois grupos, refletidas nas configurações de seus núcleos centrais: no 1º grupo (1ª a 4ª série) o núcleo é constituído por um único elemento ­dedicação­, embora na periferia próxima apareça o termo cansativo; e no 2º (5ª a 8ª série), são destacados os termos dificuldades e luta. Concluiu­se que os professores de 1ª a 4ª série parecem atribuir à sua identidade um sentido tradicionalmente associado à função docente, enquanto para os de 5ª a 8ª, ser

professor hoje é lutar cotidianamente contra as inúmeras dificuldades que se interpõem entre ele e seus alunos. Palavras­chave: Representações sociais. Identidade do professor. Trabalho docente.

Ø ALVES­MAZZOTTI, Alda Judith. Usos e abusos dos estudos de caso. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, Fundação Carlos Chagas/Cortez, n. 129, p. 637­651, set./dez. 2006.

Resumo O artigo questiona duas tendências presentes em grande parte das pesquisas qualitativas rotuladas como “estudos de caso” no campo da educação: a primeira considera que qualquer investigação que focalize apenas uma unidade é um estudo de caso; a segunda supõe que, uma vez que o interesse pelo “caso” se deve ao que ele tem de singular, não há como ou por que vinculá­lo à discussão corrente na área. Com o objetivo de contribuir para o enfrentamento desses problemas, o artigo busca examinar, na literatura sobre o tema, dois aspectos fundamentais para a discussão proposta: a natureza dos estudos de caso e a questão da generalização ou da aplicabilidade, a outros contextos, do conhecimento gerado por esse tipo de pesquisa. Com base nas posições de dois dos mais reconhecidos especialistas em estudos de caso –Robert Yin e Robert Stake– são discutidos os critérios para avaliar se uma dada investigação pode ou não ser classificada como um estudo de caso, bem como as alternativas à generalização de tipo estatístico oferecidas por aqueles autores. Palavras­chave: Estudos de caso. Generalização. Avaliação por pares.

Ø ALVES­MAZZOTTI, Alda Judith. O “aluno da escola pública”: o que dizem as professoras. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, DF, INEP, v. 87, n. 217, p. 349­359, set./dez. 2006.

Resumo O artigo apresenta resultados de uma pesquisa que investigou as representações de “aluno da escola pública” construídas por professores da rede pública de ensino fundamental do Rio de Janeiro. Utilizando a abordagem estrutural de Abric, concluiu­se que o núcleo da representação é constituído pelos elementos pobre e aprende a se virar sozinho. Cotejando­se estes resultados com os obtidos nas etapas anteriores da pesquisa, observa­ se que, para os professores, o aluno tem que aprender a se virar sozinho porque é pobre, uma vez que, a pobreza está relacionada à desagregação familiar e à luta pela sobrevivência, o que impediria os pais de oferecerem aos filhos a atenção de que necessitam. Dadas todas estas características, esse aluno representa um desafio que os professores se sentem impotentes para enfrentar. Palavras­chave: Representações sociais. Aluno da escola pública. Família e escola. Fracasso escolar.

Ø DAVI, Maria do Socorro; ALVES­MAZZOTTI, Alda Judith. Representações de creche e de educador de creche por profissionais pioneiros da educação infantil. Educação e Cultura Contemporânea, Rio de Janeiro, v.1, n.1, p. 69­80, jul./dez. 2005.

Resumo

Este trabalho teve por objetivos: a) resgatar a história da creche “Vila do Céu”, uma das primeiras creches comunitárias do Rio de Janeiro, por meio da memória de seus fundadores; e b) identificar os sentidos atribuídos à creche e ao educador de creche por esses profissionais. O referencial teórico adotado foi a abordagem das representações sociais desenvolvido por Serge Moscovici e Denise Jodelet, e complementado por outros pesquisadores que atuam nesse campo. Trata­se de um estudo de caso que adotou a abordagem processual das representações proposta por Moscovici, utilizando como instrumentos para a coleta de dados, um teste de associação livre, entrevistas narrativas e análise de documentos. Foram entrevistados sete dos dez membros fundadores da creche e a técnica da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, que supervisionava esse grupo inicial. Os resultados indicaram que a história da creche “Vila do Céu” foi marcada por lutas e conquistas. Eram “tempos heróicos” em que a o acesso à educação infantil em áreas carentes exigia mais a garra de “minorias ativas” na luta pelos direitos da população dessas áreas do que a competência de profissionais titulados. O compromisso e o empenho do grupo pioneiro lhe garantiram o respeito da comunidade, o que muito contribuiu para o estreitamento das relações escola/família e para uma visão positiva da profissão. Quanto à representação de creche, esta se objetiva no cuidar, o que é coerente com dedicação, elemento que se destaca entre os sentidos atribuídos ao educador de creche. Tais sentidos estão claramente ancorados às práticas históricas do grupo. Palavras­chave: Representações sociais. Educação Infantil. Memória.

Ø ALVES­MAZZOTTI, Alda Judith; MIGLIARI, Maria de Fátima B. M. Representações sociais do trabalho infantil: encontros e desencontros entre agentes educativos. Revista de Educação Pública, Cuiabá, v.13, n. 23, p.149­166, jan./jun. 2004.

Resumo A pesquisa teve por objetivo investigar a representação de “trabalho infantil” apresentada por crianças e adolescentes que trabalham, seus professores, pais e empregadores. O referencial teórico­metodológico utilizado foi o das representações sociais em sua perspectiva estrutural, que propõe uma abordagem desenvolvida em três fases: (a) investigação dos elementos da representação por meio de entrevistas em profundidade e de um teste de associação livre; (b) identificação das relações entre os elementos destacados e da hierarquia estabelecida entre eles; e (c) testagem dos elementos do núcleo central. Participaram do estudo 36 crianças e adolescentes trabalhadores, 34 professores, 29 pais e 28 empregadores. Os resultados indicaram que, ao contrário dos demais grupos, os professores têm uma visão muito negativa do trabalho infantil. Os seguintes elementos foram identificados como componentes do núcleo central: (a) responsabilidade, força de vontade e futuro melhor (crianças e adolescentes); (b) responsabilidade, ajuda à família e proteção contra os perigos da rua (famílias); (c) responsabilidade, ajuda à família e aprendizagem profissional (empregadores); e (d) perda da infância e ajuda à família (professores). Concluiu­se que os sentidos do trabalho infantil para esses alunos e suas famílias não podem ser ignorados pelos professores, uma vez que representam um aspecto importante de sua identidade. Palavras­chave: Trabalho infantil. Representações sociais. Classes trabalhadoras

Ø WILSON, Tânia; ALVES­MAZZOTTI, Alda Judith. Relações entre representações sociais de “fracasso escolar” de professores de ensino fundamental e sua prática docente. Educação e Cultura Contemporânea, Rio de Janeiro, v.1, n.1, p. 69­ 80, jan./jun. 2004.

Resumo O estudo investigou as representações de fracasso escolar de professores do Ensino Fundamental que trabalham com alunos multirrepetentes, bem como as relações entre estas representações e as práticas docentes. Trata­se de uma pesquisa qualitativa que teve como suporte teórico o enfoque das representações sociais em sua perspectiva processual. Os dados foram coletados por meio de observação, durante um ano letivo, do cotidiano escolar de três turmas de 6ª série com alto índice de alunos multirrepetentes e de entrevistas conversacionais com todos os seus professores, em número de nove. Os resultados indicaram que, dentre os elementos que compõem o campo da representação de fracasso escolar, destaca­se o “mau aluno” caracterizado por suas faltas: de interesse, de capacidade para aprender, de conhecimentos, de apoio da família, de perspectivas em uma sociedade desigual. O fracasso escolar passa a ser objetivado como uma conseqüência natural dessas faltas. Foi observado ainda, o isolamento espacial e acadêmico desses alunos. Os professores, além de não os estimularem a participar, freqüentemente os desencorajavam, fazendo comentários jocosos quando eles erravam e até mesmo quando acertavam a resposta. Indagados sobre o isolamento desses alunos, os professores o consideraram “natural”, sendo que alguns expressaram o receio de que, se fossem reagrupados, os bons alunos pudessem ser “contaminados” por eles. Indícios de que o sentido da representação de “fracasso escolar” estaria ancorado à metáfora “uma doença contagiosa” foram observados em diversas situações. Palavras­chave: Fracasso escolar. Representações sociais. Práticas docentes.

Ø ALVES­MAZZOTTI, Alda Judith; MADEIRA, Margot Campos, et al. Os sentidos do ser professor. Educação e Cultura Contemporânea, Rio de Janeiro, v.1, n.1, p. 59­68, jan./jun. 2004.

Resumo O estudo focalizado neste artigo teve por objetivo identificar as representações da identidade docente de professores da rede pública de ensino fundamental do Rio de Janeiro frente aos desafios postos à escola na contemporaneidade. Como referencial teórico­metodológico, optou­se pela abordagem estrutural da representação social proposta por Abric. Participaram do estudo 248 professores, 123 regentes de turmas do 1º e 125 do 2º segmento do ensino fundamental. A análise dos resultados indicou diferenças significativas entre as representações dos dois grupos, refletida nas configurações de seus núcleos centrais. No 1º segmento (1ª a 4ª séries) aparece um único elemento no núcleo central —dedicação—, embora na periferia próxima, com forte tendência à centralidade, apareça o termo cansativo. Quando, porém, se analisa o 2º segmento (5ª a 8ª), destacam­ se, em clara associação como componentes do núcleo central, os termos dificuldades e luta. Assim, parece válido concluir que os professores do 1º segmento constróem o sentido do ser professor hoje em torno da idéia de dedicação, defendendo o núcleo tradicionalmente atribuído à função docente, enquanto para os do 2º segmento, ser professor hoje é lutar cotidianamente contra as inúmeras dificuldades que se interpõem entre ele e seus alunos.

Palavras­chave: Representações sociais. Identidade do professor. Mal estar docente.

Livro

Ø ALVES­MAZZOTTI, Alda Judith; GEWANDSZNAJDER, Fernando. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisas quantitativas e qualitativas. São Paulo: Pioneira, 1998 (1ª edição); 1999 (2ª edição); 2000 (1ª reimpressão), 2001 (2ª reimpressão), 2002 (3ª reimpressão), 2004 (4ª reimpressão).

Resumo O livro é constituído por duas partes. A primeira apresenta um panorama da discussão atual no campo da Filosofia da Ciência, bem como a natureza do método científico, seus fundamentos, conceitos básicos e aplicação às ciências naturais. A segunda discute a questão do método nas ciências sociais, e em especial as abordagens qualitativas, focalizando seus três principais paradigmas de pesquisa, suas características, princípios e pressupostos. Aborda, ainda, o processo de investigação: seleção de sujeitos, técnicas de coleta e de análise de dados, elaboração de instrumentos e critérios de rigor/qualidade. Palavras­chave: Filosofia da Ciência. Metodologias qualitativas. Metodologias quantitativas. Elaboração de projetos de pesquisa.

Capítulos de Livros

Ø ALVES­MAZZOTTI, Alda Judith. Being a school teacher in Brazil. In: CHAIB, Mohamed; DANERMARK, Bert; SELANDER, Staffan. (Eds.). Social Representations and Transformation of Knowledge. A ser editado pela Jönköping University em 2008.

Abstract School inefficacy for providing the students with a formation that able them to cope with the challenges of contemporary culture has led educational specialists to suggest several changes in teacher practices. Although is not our purpose to analyze those suggestions, we have to admit they represent a considerable impact on the tasks required from the teacher. On the other hand, research shows that teachers already feel overwhelmed by the new responsibilities transferred to them by both the families and the school system, leading to what has been characterized as a “teacher’s identity crisis”. Considering this situation the present study tried to identify how teachers of elementary schools of Rio de Janeiro represent their professional identity today. The participants were 248 teachers, (123 of 1 st to 4 th grade and 125 of 5 th to 8 th grade). We adopted the structural approach of social representations proposed by Abric. Data were collected using a free association test and in depth interviews, which were analyzed using, respectively, the software Evoc and a content analysis technique. Results indicated significant differences between the representations of the two groups. In the first group a single element —dedication—, appears in the central nucleus, although in the close periphery, with strong tendency to centrality, is the term tiresome, and the second group, the terms difficulties and struggle, clearly associated, seem to be the components of the central nucleus. The analysis of the interviews corroborated the conclusion that teachers of the first grades construct the meaning of being a teacher today around the idea of dedication, defending a nucleus traditionally attributed to the teaching role, while, for the 2°group, being a teacher today

is to struggle daily against the several difficulties that lie between them and their students. Key words: Social representations. Teacher professional identity. Teacher identity crisis.

Ø ALVES­MAZZOTTI, Alda Judith. Nível de formação e representações de professores das séries iniciais do ensino fundamental sobre o trabalho docente. In: PRADO, Clarilza; PARDAL, Luiz. (Org.). A ser publicado pela Fundação Carlos Chagas e Universidade de Aveiro em 2008.

Resumo A expressão “desprofissionalização do professor” tem sido usada para designar o retrocesso que muitos autores consideram ter havido com a passagem da formação dos professores das séries iniciais para a Universidade e a supressão gradativa das Escolas Normais. Os cursos universitários tenderiam a privilegiar a discussão teórica em detrimento dos aspectos relativos à prática docente, deixando aos futuros professores a responsabilidade de construir suas próprias práticas, tarefa para a qual eles não se sentem preparados. Procurando elucidar essa questão, este estudo comparou as representações de trabalho docente construídas por professores das 4 primeiras séries do ensino fundamental com formação em Escolas Normais (nível médio) e em Cursos de Pedagogia. Um teste de livre associação, com justificativa, foi aplicado a 106 professores das (sendo 56 com Curso Normal e 50 com Pedagogia). Os resultados indicaram que o núcleo da representação de trabalho do professor dos dois grupos é distinto, embora bastante semelhante: enquanto o dos docentes com formação em Curso Normal apresenta os elementos amor e dedicação, o de professores com Pedagogia tem apenas o elemento dedicação. A análise de das justificativas desvela o sentido destes resultados e sugere que os docentes que têm apenas o Curso Normal apresentam maiores indícios de desprofissionalização.

Ø ALVES­MAZZOTTI, Alda Judith. A revisão da bibliografia em teses e dissertações: meus tipos inesquecíveis. In: LIMA, Jorge A.; PACHECO, José A. (Org.). Fazer investigação: contributos para a elaboração de dissertações e teses. Porto (Portugal): Porto Ed., 2006.

Resumo Este artigo —publicado pela primeira vez em 1992 nos Cadernos de Pesquisa da Fundação Carlos Chagas–– analisa o papel da revisão da bibliografia em trabalhos de pesquisa e aponta as principais deficiências observadas em teses de mestrado e doutorado, no que se refere a esse aspecto. Ao ser procurada pelo editor desta coletânea para autorizar a republicação do artigo, fui reler o que havia escrito em 1992, chegando à conclusão de que, infelizmente, os problemas continuam os mesmos. Por essa razão, optei por manter o texto original, reduzindo ao mínimo as alterações. Palavras­chave: Revisão da bibliografia. Teses e dissertações. Referencial teórico.

Ø ALVES­MAZZOTTI, Alda Judith. Representações sociais e educação: a qualidade da pesquisa como meta política. In: OLIVEIRA, D. C.; CAMPOS, P. H. (Org.). Representações sociais: uma teoria sem fronteiras. Rio de Janeiro: Ed. Museu da República, 2005. p. 141­150.

Resumo

O trabalho reflete a preocupação com certas inadequações, observadas na literatura de pesquisa, no que se refere à apropriação do referencial teórico­metodológico das representações sociais. Parte­se do principio de o rigor conceitual e o cuidado com a metodologia, não devem ser como uma “camisa de força”, e sim como uma espécie de memória de erros passados que nos ajuda a evitá­los. Assim, alguns equívocos recorrentes nas pesquisas no campo das representações sociais são apontados e confrontados o que diz a literatura pertinente.

Ø ALVES­MAZZOTTI, Alda Judith. Fracasso escolar e suas relações com o trabalho infantil: representações de alunos repetentes, trabalhadores e não­ trabalhadores e de seus professores. In: MENIN, Suzana; SHIMIZU, A.M. (Org.). Experiência e representação social. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. p.213­246.

Resumo O artigo apresenta um estudo que investigou como alunos de escolas públicas de ensino fundamental, trabalhadores (N=30) e não trabalhadores (N=30), e seus professores (N=30) representam o “fracasso escolar”, bem como suas relações com o trabalho infanto­juvenil. A pesquisa foi desenvolvida em três etapas: (a) investigação do conteúdo das representações, através de entrevistas e de um teste de associação livre; (b) pesquisa da estrutura, buscando identificar as relações e a hierarquia entre os elementos da representação; e (c) verificação da centralidade. Os resultados indicaram que os professores representam o “fracasso escolar” como um processo claramente esquematizado: o desinteresse do aluno e a falta de apoio familiar levam à repetência; esta, por sua vez, aliada ao excesso de faltas e à ausência de perspectivas, leva à evasão. Curiosamente, porém, o trabalho infantil é fortemente associado à evasão, mas não à repetência. As representações dos alunos de ambos os grupos indicam que eles assumem responsabilidade pela própria reprovação, uma vez que consideram que foram reprovados porque não prestaram atenção às aulas, fizeram bagunça e não estudaram. Mas todos repelem a idéia de deixar a escola, pois sem ela não teriam futuro e não conseguiriam “ser alguém”. Palavras­chave: Fracasso escolar. Trabalho infantil. Representações sociais de professores. Repetência e evasão.

PROFª HELENICE MAIA GONÇALVES

Artigos em Periódicos

Ø MAIA, Helenice. Os professores e o tema transversal ética. Revista de Educação, PUC­Campinas, n. 22, p. 57­66, 2007.

Resumo O artigo mostra o conceito de ética implícito/explícito no texto produzido por diversos especialistas sobre o tema e que compõe o primeiro volume dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o primeiro segmento do Ensino Fundamental, 1 ª à 4 ª séries ou 1 º e 2 º ciclos, e o oitavo volume, Temas Transversais e Ética. Nesses documentos, o corpo docente é apontado, principalmente, como elemento difusor dos valores éticos e morais vigentes, tendo os professores que abordar assuntos relacionados à ética e aos valores morais a qualquer momento, em todas as aulas de todas as disciplinas que compõem o

currículo escolar. Como professores são profissionais essenciais na construção do conhecimento dos alunos, na mediação pedagógica entre conteúdos e formas de expressão, na elaboração e condução da experiência educativa, na vivência de situações didáticas e na construção da escola, contribuindo, para isso, com seus valores, saberes e competências, suas noções de ética estão contaminadas por suas ideologias, valores e contradições e impregnarão, por sua vez, as noções de ética construídas pelas crianças e pelos adolescentes, pois são também difundidas através de sua prática escolar. Palavras­chave: Ética. Temas transversais. Professores.

Ø MAIA, Helenice. Ética na mídia impressa: um estudo de notícias publicadas entre 1997 e 2003. Aprender ­ Caderno de Filosofia e Psicologia da Educação, Universidade do Sudoeste da Bahia (UNESB), Vitória da Conquista, ano 5, n. 8, p. 205­234, jan./jun. 2007.

Resumo Este artigo mostra que a mídia impressa veicula avaliações e juízos de aprovação ou reprovação de atos e situações do cotidiano justificados por meio de argumentos ancorados em alguma opção ética: superior (atemporais) ou polissêmica (situacionais). As reflexões que os autores fazem sobre temas da atualidade despertam o interesse dos leitores pela questão da ética e contribuem tanto para a formação de suas opiniões quanto influenciam suas tomadas de decisão. Palavras­chave: Crise ética. Ética superior. Ética polissêmica.

Ø MAIA, Helenice; MAZZOTTI, Tarso. É possível ensinar ética nas escolas? In Revista da FACED, Universidade Federal da Bahia, n. 10, p.113­124, out. 2006.

Resumo O artigo aponta que os posicionamentos ético e moral das pessoas têm sido um dos assuntos mais debatidos nos dias de hoje, principalmente quando se fala de novas tecnologias e de conquistas científicas, o que possibilita discussões sobre as relações entre ética e aspectos da vida em sociedade e incita novos estudos sobre princípios éticos, desenvolvimento moral e construção de valores, inclusive no Brasil, corroborando a necessidade de se produzir pesquisas que focalizem o “ensino” de ética efetuado em nossas escolas. Palavras­chave: Ética. Ética superior. Ética polissêmica.

Capítulos de Livros

Ø MAIA, Helenice. Práticas Escolares e o Tema Transversal Ética. In: CONFORTO, Simone. (Org.). Prática escolar e diferença. Rio de Janeiro: Arquimedes, 2007. p.65­92.

Resumo Por entendermos que o conceito de ética é construído pelas crianças e adolescentes sob a chancela de adultos, consideramos ser relevante analisar o texto produzido por diversos especialistas sobre o tema e que compõe o primeiro volume dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o primeiro segmento do Ensino Fundamental, 1ª à 4ª séries ou 1° e 2° ciclos, e o oitavo volume, Temas Transversais e Ética. Nossa intenção é verificar que noção de ética está sendo enfatizada nesses documentos, uma vez que esses parâmetros são os orientadores das atividades a serem desenvolvidas nas escolas, cuja tarefa é, de

acordo com o próprio documento, lidar com conteúdos para, por seu intermédio, contribuir para a formação de valores e atitudes do indivíduo. Mais ainda, no texto dos PCN (1997a, 1997b, 1998a, 1998b, 1998c, 1999), o corpo docente é apontado, principalmente, como elemento difusor dos valores éticos e morais vigentes, tendo os professores que abordar assuntos relacionados à ética e aos valores morais a qualquer momento, em todas as aulas de todas as disciplinas que compõem o currículo escolar. Professores são profissionais essenciais na construção do conhecimento dos alunos, na mediação pedagógica entre conteúdos e formas de expressão, na elaboração e condução da experiência educativa, na vivência de situações didáticas e na construção da escola, contribuindo, para isso, com seus valores, saberes e competências. Suas noções de ética estão contaminadas por suas ideologias, valores e contradições e impregnarão, por sua vez, as noções de ética construídas pelas crianças e pelos adolescentes, pois são também difundidas através de sua prática escolar. Palavras­chave: Ética. Professores. Prática escolar.

Resenha

Ø MAIA, Helenice. Psicopedagogía: teoria, clínica, investigación, de Jorge Visca. In PATACO, Vera; VENTURA, Magda; RESENDE, Érica. Metodologia para trabalhos acadêmicos e normas de apresentação gráfica. 3. ed. Rio de Janeiro: Ed. Rio, 2006. p. 20­21.

Resumo Em sua obra “Psicopedagogía: teoria, clínica, investigación”, Jorge Visca apresenta as dimensões cognitiva e afetiva da aprendizagem como constituintes de um sistema único em constante interjogo, o que é de fundamental importância para a Psicopedagogia, pois fornece subsídios para compreensão da singularidade dos processos de aprendizagem de cada sujeito. As variáveis inteligência, afetividade e aprendizagem foram selecionadas pelo autor devido a pressupostos teóricos e questões práticas, que são apresentados ao longo do texto. Palavras­chave: Inteligência. Afetividade. Aprendizagem.

PROFª LÚCIA VELLOSO MAURÍCIO

Artigos em Periódicos

Ø MAURÍCIO, Lúcia Velloso. Escola pública de horário integral e inclusão social. Espaço, Rio de Janeiro, n. 27, jan./jun. 2007.

Resumo Nossa história de sistema de ensino público anti­popular é responsável pela pequena experiência brasileira com escola pública de horário integral. Este artigo expõe as concepções desta modalidade de escola, assentadas em Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro, que deram origem ao projeto dos Cieps, para discutir a pertinência da inclusão social através da função ampliada de escola. Além de contextualizar a experiência dos CIEPs no Estado do Rio de Janeiro no período de redemocratização brasileira, na década de 80, relata como os acertos e desacertos da implantação desta escola geraram uma

representação de escola de tempo integral que dificulta o reconhecimento de sua viabilidade como instrumento de inclusão social. Palavras­chave: Escola pública de horário integral. Inclusão social. CIEP. Darcy Ribeiro. Anísio Teixeira.

Ø MAURÍCIO, Lúcia Velloso. Representações de professores sobre cotidiano escolar. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, DF, INEP, v. 87, n. 217, p. 198­209, 2006.

Resumo O objetivo deste trabalho foi compreender a resistência dos professores a um processo de mudança. A pesquisa, realizada em escola estadual de ensino fundamental num município de periferia do Rio de Janeiro, desenvolveu­se em período em que um projeto de democratização de ensino imprimiu uma série de transformações. As observações etnográficas e a análise de 48 entrevistas na perspectiva de Bardin permitiram desmembrar em dois grupos a categoria de Nildecoff, “professor­professor”. A análise da representação dos professores a respeito do próprio professor, do aluno, da disciplina, de reuniões, de diretor e de escola/educação possibilitou construir perfil das categorias professores “outros” e “próprios”. A distinção foi feita através da pergunta “quem é o sujeito do processo educacional?”. De um lado os “próprios” que reconheciam, no coletivo de professores e alunos, a possibilidade de determinarem o rumo do processo escolar; de outro lado estavam os “outros” que não reconheciam a possibilidade de serem agentes do processo educacional, atribuindo essa qualidade a outros: diretor, governo, políticos. Dos 48 entrevistados, 30 ficaram na categoria “outros” e 18, na categoria “próprios”, iluminando motivação para a resistência. Distribuídos pelos fatores objetivos, os “outros” encontravam­se entre os mais antigos, com nível médio, no 3 o turno e residentes no município. Os “próprios” predominaram entre os de fora, recentes na escola, no 2 o turno e tinham grau universitário. As categorias foram adequadas para explicar eleições de diretores da escola. Palavras­chave: Representações. Cotidiano escolar. Democratização da escola. Relação de poder. Ensino fundamental.

Ø MAURÍCIO, Lúcia Velloso. O que se diz sobre a escola pública de horário integral. Cadernos Cenpec, São Paulo: Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária, n. 2, p. 57­67, 2° semestre 2006.

Resumo Este artigo sintetiza as críticas e os acertos da escola pública de horário integral. Evidencia a existência de duas óticas a respeito da função social desta escola e dos fatores que levam à sua demanda: a representação dos professores, centrada na necessidade do aluno e a representação dos pais e alunos, centrada na satisfação. Palavras­chave: Escola pública de horário integral. Representação. Ensino fundamental. CIEP.

Ø MAURÍCIO, Lúcia Velloso. Literatura e representações da escola pública de horário integral. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 27, p.40­56, set./out./nov./dez.2004.

Resumo

Este artigo faz um confronto entre o que se depreende da literatura produzida entre 1983 e 2001 sobre a escola pública de horário integral e a representação social que usuários e trabalhadores construíram. Após análise temática da literatura pertinente, realizou­se pesquisa de campo em quatro Centros Integrados de Educação Pública (CIEP) de 1 ª a 4 ª séries, localizados em bairros populares, para identificar a representação social construída por alunos, pais, professores e funcionários. Nem todas as questões colocadas pela literatura foram contempladas no campo. Entretanto ficou evidenciada a existência de duas óticas distintas a respeito da função social desta escola e dos fatores mobilizadores para sua demanda. De um lado, a representação dos professores, centrada na necessidade do aluno como justificativa para essa escola, assemelha­se aos argumentos encontrados na literatura. De outro lado, a representação dos pais e alunos, centrada na satisfação, contempla a idéia de lazer, futuro e educação. Palavras­chave: Escola pública de horário integral. Representação social. Ensino fundamental. CIEP.

PROFª LUCELENA FERREIRA FOURNEAU

Artigos em Periódicos

Ø FERREIRA, Lucelena. O reino líquido de Marco Polo. Leitura: Teoria e Prática, Campinas, n. 50, jun. 2008.

Resumo O texto apresenta uma análise do livro “As cidades invisíveis”, de Italo Calvino, a partir do conceito de modernidade líquida, de Zygmunt Bauman. A relação entre o imperador Kublai Khan e o viajante Marco Polo é pensada com base nas categorias de sólido e líquido propostas por Bauman. Palavras­chave: Modernidade líquida. Narrador. Ficção.

Ø FERREIRA, Lucelena; SERPA, Daniela A.F. Responsabilidade social: uma investigação sobre a percepção do consumidor. RAC – Revista de Administração Contemporânea, ANPAD, Rio de Janeiro, v.11, série 1, p. 83­103, jan./abr. 2007.

Resumo O artigo procura contribuir para ampliar o nível de conhecimento a respeito das reações do consumidor brasileiro à postura de responsabilidade social das empresas. A pesquisa gira em torno de duas questões centrais, a saber: qual a concepção do consumidor a respeito do tema responsabilidade social corporativa? De que forma a percepção de que a empresa é socialmente responsável influencia suas decisões de compra? Palavras­chave: Responsabilidade social corporativa. Comportamento do consumidor.

Ø FERREIRA, Lucelena. Educação pela leitura: conversas entre Balzac e Chartier. Cadernos Camilliani, Cachoeiro do Itapemirim, v.7 n.2, p.87­93, jul./dez. 2006.

Resumo O artigo apresenta uma leitura do filme “Balzac e a costureirinha chinesa”, tomando por base conceitos de representações e práticas desenvolvidos na obra de Roger Chartier. Analisa­se a relação de jovens chineses com a leitura de livros proibidos, durante o processo de reeducação que o governo maoísta os obriga a enfrentar.

Palavras­chave: Leitura. Oralidade. Formação do leitor.

Ø FERREIRA, Lucelena. Sem perder a poesia. Arqueiro, INES/ Ministério da Educação, Rio de Janeiro, v. 12, p.27­30, jun./dez. 2005.

Resumo O texto promove uma reflexão acerca da importância da criação de práticas pedagógicas que valorizem o núcleo poético do aluno, para além dos moldes ainda predominantemente racional­positivistas da escola. Palavras­chave: Ensino. Poesia. Núcleo poético.

Livro Organizado

Ø FERREIRA, Lucelena. (Org.). Corrente do bem: uma experiência de leitura na universidade. Rio de Janeiro: Publit, 2006.

Resumo O livro narra uma experiência de leitura realizada na disciplina O Ensino da Leitura, Escrita e Produção de Textos, do curso de Pedagogia da UEFS (Universidade Federal de Feira de Santana). O texto apresenta relatos elaborados pelos alunos a partir da vivência no curso. Palavras­chave: Leitura. Ensino. Pedagogia.

PROFª RITA DE CÁSSIA PEREIRA LIMA

Artigos em Periódicos

Ø PETRENAS, Rita C; LIMA, Rita C. P. Representações sociais de professores sobre Ciclos de Aprendizagem e a Progressão Continuada. Múltiplas Leituras – Revista Eletrônica da Facel – UMESP, n. 1, 1º semestre 2008. Disponível em:

http://www.metodista.br/ppc/multiplas­leituras/multiplas­leituras­01/representacoes­ sociais­de­professores­sobre­ciclos­de­aprendizagem­e­a­progressao­continuada/ Resumo O artigo analisa as representações sociais de professores do Ensino Fundamental sobre os Ciclos de Aprendizagem, destacando sua relação com a Progressão Continuada. A pesquisa tem como referencial a Teoria das Representações Sociais (TRS) e foi realizada com onze participantes. Utilizaram­se entrevistas semi­estruturadas, analisadas por meio de: análise de conteúdo temática, análise pelo software ALCESTE e associação de palavras com classificação espontânea. Com base na perspectiva processual da TRS, observou­se que o núcleo figurativo das representações é a reprovação. Os Ciclos aparecem como caminho para a transformação (objetivação), porém emergem valores, normas e modelos da escola seriada, freqüentemente associada à Progressão Continuada (ancoragem). Percebe­se que transformações demandam tempo, envolvimento e, sobretudo, mudança de representações. Palavras­chave: Ciclos de aprendizagem. Progressão continuada. Representações sociais. Políticas educacionais.

Ø PETRENAS, Rita C.; LIMA, Rita C.P. Ciclos de Aprendizagem e reprovação escolar: reflexões sobre representações sociais de professores. Práxis Educativa, Ponta Grossa/PR, v.2, n.2, p.161­168, jul./dez. 2007.

Versão on­line: http://www.uepg.br/praxiseducativa/v2n2Artigo7.pdf Resumo Este artigo aborda aspectos da organização da escola em ciclos e sua relação com a reprovação escolar, com base na teoria das Representações Sociais e em estudos referentes aos ciclos. Foram realizadas entrevistas semi­estruturadas com 11 docentes de uma escola pública. A análise dos dados se apoiou na análise de conteúdo temática, análise lexical de conteúdo (software ALCESTE) e classificação espontânea de palavras. Os resultados apontam a reprovação como elemento central das relações de ensino­ aprendizagem. Assim, as representações sociais dos professores mostram que fatores culturais se sobrepõem a fatores estruturais, sendo fundamental compreendê­las para o sucesso da escola organizada em ciclos. Palavras­chave: Ciclos de aprendizagem. Reprovação escolar. Representações sociais.

Ø COLUS, Fátima A. M.; LIMA, Rita C. P. A família do educando com dificuldade de aprendizagem: um estudo de representações sociais. Olhar de Professor, Ponta Grossa /PR, v.10, n. 1, p. 195­208, 2007.

Disponível em: http://www.uepg.br/olhardeprofessor/pdf/revista101_artigo10.pdf Resumo A idéia de desenvolver este trabalho surgiu em decorrência da necessidade de se compreender como e por que a família vem sendo apontada nos últimos anos como responsável pelo desempenho insatisfatório de alunos com dificuldades de aprendizagem no âmbito escolar. Supõe­se que estudar a família neste ângulo, apreender as interações sociais, conflitivas ou harmoniosas, entre a instituição escolar e a familiar, é relevante, pois ambas coexistem numa relação de interdependência que interferirá, mesmo indiretamente, na aprendizagem do educando. Realiza­se o presente estudo com o objetivo de analisar as representações sociais de professores sobre a família de alunos com dificuldades de aprendizagem. A pesquisa fundamentou­se no referencial da Teoria das Representações Sociais (TRS), inaugurada por Serge Moscovici, em 1961. Os participantes foram 13 professores de Ribeirão Preto (SP) do Ensino Fundamental (1ª a 4ª série), cursistas do Programa Letra e Vida, curso de formação de professores alfabetizadores promovido pela Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (SEE/SP). Para a coleta de dados utilizaram­se questionários e entrevistas semi­estruturadas, que foram transcritas e submetidas a análise de conteúdo. Os resultados apontaram uma representação da família “ideal”, não condizente com a “real”, aquela que interage com o cotidiano escolar. Para os participantes, a família “real” não tem condições de dar apoio, atenção e afeto a esses educandos. As representações sociais dos professores sobre a família de alunos com dificuldades de aprendizagem revelam que o desempenho escolar insatisfatório do educando é causado pela família, que não acompanha as tarefas escolares. A escola é eximida da responsabilidade. Palavras­chave: Família. Dificuldades de aprendizagem. Representação social.

Ø LIMA, Rita C. P. Mudança das práticas sócio­educativas na FEBEM­SP: as representações sociais de funcionários. Psicologia e Sociedade, Porto Alegre, v. 18, n.1, p. 56­62, jan./abr. 2006.

Base Scielo: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102­ 71822006000100008&lng=en&nrm=iso&tlng=pt Resumo O objetivo da pesquisa é analisar as representações sociais da mudança de práticas sócio­ educativas entre funcionários da Fundação Estadual do Bem­Estar do Menor de São Paulo (FEBEM­SP). Fundamenta­se na teoria moscoviciana das representações sociais. A "mudança" foi contextualizada com base na Psicologia das Minorias Ativas. Foram realizadas entrevistas semi­estruturadas com 15 funcionários de uma unidade que se propunha a erradicar qualquer tipo de violência física contra o adolescente ator de ato infracional. A Análise de Conteúdo Temática identificou três temas­chave: "A proposta", "FEBEM­SP" e "Mudança". O núcleo figurativo da representação social da mudança situa­se em torno da violência física. Se compactuarem com esse tipo de violência, os profissionais contribuem para a consolidação dos métodos tradicionais da instituição. Negá­la significa romper e buscar práticas sócio­educativas mais humanistas, nem sempre vistas como possíveis. Representações sociais arcaicas veiculadas na instituição, fundadas na punição e na violência, dificultam a mudança de suas práticas sócio­ educativas. Palavras­chave: Representações sociais. FEBEM. Mudança.

Livros

Ø LIMA, Rita C.P.; GONÇALVES, Marlene F.C. (Org.). Sujeito, escola, representações. Florianópolis: Insular, 2006.

Resumo O livro aborda a abrangência do sujeito nos diferentes espaços que o constituem, principalmente na escola, que tem relevante participação nesse processo de construção de sujeitos. Imagens, opiniões, crenças, afetos, cognições, moral, símbolos, valores, normas, estereótipos são aspectos que perpassam as reflexões dos autores. Nesse contexto, o sujeito se forma como alguém que, ao mesmo tempo se apropria da cultura, se constrói como pessoa, construindo e reconstruindo a realidade em que vive. Dentro de uma perspectiva multidimensional, aberta a diferentes concepções teóricas, o livro busca incitar reflexões e discussões sobre o tema “constituição do sujeito no contexto escolar”. Palavras­chave: Sujeito. Escola. Representações.

Capítulos de Livros

Ø LIMA, Rita C. P.; PARRILLA, Marlene B. Escola, bio­poder e representações sociais: um enfoque multidimensional da saúde nos discursos de alunos da 5ª série do Ensino Fundamental. In: Natalina A. L. Sicca. (Org.). Cultura e práticas escolares. Florianópolis: Insular, 2006. p. 91­107.

Resumo O objetivo do trabalho é analisar as representações sociais de saúde expressas por alunos da 5ª série do Ensino Fundamental em uma escola municipal de Ribeirão Preto­SP.

Abordagens utilizadas em Educação para a Saúde ­ higienista, preventiva, e promotora – são mencionadas criticamente, com base no conceito de “bio­poder” (Foucault, 1998, 2002). A Teoria das Representações (Moscovici, 1961) fundamenta o trabalho. A pesquisa foi realizada em uma classe com 15 alunos e utilizou procedimentos metodológicos variados: expressão gráfica, fotos/figuras, entrevistas semi­estruturadas. A análise dos dados baseia­se na análise de conteúdo temática (Bardin, 1986). Foram identificados três modelos discursivos: onze alunos enfatizam a dimensão biológica­ preventiva, dois priorizam a dimensão afetiva, e dois privilegiam a dimensão sócio­ ambiental. O enfoque multidimensional da saúde é observado em todos os discursos, embora a dimensão biológico­preventiva tenha prevalecido. Palavras­chave: Representações sociais. Bio­poder. Saúde.

Ø LIMA, Rita C. P.; COLUS, Fátima A. M.; LUCIANO, Eliana A. S.; PETRENAS, Rita C. Representações sociais e identidade social da escola. In: LIMA, Rita C.P.; GONÇALVES, Marlene F.C. (Org.). Sujeito, escola, representações. Florianópolis: Insular, 2006. p. 113­138.

Resumo O trabalho apresenta resultados de pesquisa desenvolvida no âmbito do Projeto Interinstitucional Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC­SP)/ Centro Universitário Moura Lacerda (CUML), tendo como ponto de partida o estudo Imaginário e Representação Social de Jovens universitários sobre o Brasil e a Escola Brasileira, coordenado por Clarilza Prado de Sousa (PUC­SP/FCC). Neste capítulo buscou­se analisar as representações sociais de universitários do 1º ano do curso de Pedagogia acerca da escola e como estas se relacionam com sua identidade social, ou seja, como a escola é almejada, sentida e vista por estes futuros professores. A identidade destes alunos, assim como a identidade social atribuída por eles à escola, é entendida aqui como uma construção diária que se realiza, não somente no período de formação acadêmica, mas no decorrer da trajetória profissional. O suporte teórico utilizado foi a Teoria das Representações Sociais (TRS) elaborada por Serge Moscovici. As representações sociais construídas sobre a escola, dentro deste grupo pesquisado, constituem­se em diferentes leituras de mundo, pois os resultados obtidos mostraram uma polissemia em relação à escola: escola detentora de saber; escola socializadora; escola com infra­estrutura; escola local de mudança, escola prisão, entre outros. Neste contexto, pode­se dizer que a identidade dos alunos com a escola real está se construindo e que a representação social da escola “idealizada” foi a forma encontrada por eles para explicarem a realidade que os cerca. Palavras­chave: Escola. Representações sociais. Identidade social. Pedagogia.

Ø LIMA, Rita C. P.; SILVA, Roseli A. M.; CÔRTES, Micael C.G.; MIGLIATO, Maria Amélia C. G. Representações sociais sobre escola construídas por um grupo de estudantes de Pedagogia. In: LIMA, Rita C.P.; GONÇALVES, Marlene F.C. (Org.). Sujeito, escola, representações. Florianópolis: Insular, 2006. p. 139­159.

Resumo O capítulo apresenta resultados de pesquisa desenvolvida no âmbito do Projeto Interinstitucional Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC­SP)/ Centro Universitário Moura Lacerda (CUML), tendo como ponto de partida o estudo Imaginário

e Representação Social de Jovens universitários sobre o Brasil e a Escola Brasileira, coordenado por Clarilza Prado de Sousa (PUC­SP/FCC). Com o objetivo de investigar as representações sociais de alunos de Pedagogia sobre “escola”, em Ribeirão Preto/SP foram aplicados questionários a 72 alunos de três classes deste curso, duas de uma Instituição de Ensino Superior Privada (períodos diurno e noturno) e outra em instituição pública (período noturno). Para aprofundar os dados obtidos nos questionários, foi realizada entrevista com alunas de uma das classes participantes, optando­se pelo grupo focal. O material foi transcrito e submetido à análise de conteúdo temática. Constatou­se, na fala do Grupo, que as futuras pedagogas vêem na escola muitos entraves, para o aluno e o professor, mas apontam o sistema educacional como resolução dos problemas envolvendo ambos. Acreditam que basta mudar a estrutura da escola de forma a melhor receber o aluno e apoiar o professor para se chegar a escola “ideal”. Parecem não perceber a necessidade de se repensar, num plano microssocial, as interações escola/professor/aluno como essencial no processo pedagógico. Entender como as representações sobre a escola são construídas pode contribuir para questionamentos referentes à formação de professores, possibilitando discussões que ofereçam elementos para se repensar e ressignificar o papel da escola enquanto instituição formadora. Palavras­chave: Escola. Representações sociais. Pedagogia.

PROF. TARSO BONILHA MAZZOTTI

Artigos em Periódicos

Ø MAZZOTTI, Tarso Bonilha. Confluências teóricas: Representações sociais, sociolingüística, pragmática e retórica.

http://www.metodista.br/ppc/ppc/multiplas­leituras, p, 1­15, 2008. Resumo Não há como deixar de considerar a linguagem em uma teoria do conhecimento, menos ainda na das representações sociais. Não se trata apenas de palavras cujos referentes en­ contram­se no mundo, pois a linguagem opera os sentimentos, as emoções, por meio de regras de composição, que no dizer de Plantin (2005), constituem frases coordenadas ou uma gramática dos “nomes de sentimentos” aprovados pelas pessoas. Os significados são aprovados ou não pelos interlocutores, donde a eficácia dos atos de fala depender do que se sabe a respeito dos outros, possibilitando move­los ou emocioná­los por meio da palavra. Por isso, proponho o exame dos instrumentos conceituais desenvolvidos não apenas pela lingüística e pragmática, mas também pela retórica e poética. Ainda que o tema deste trabalho não seja a comparação entre a epistemologia genética e as demais, cabe recordar que Piaget efetivou uma forte revisão em sua proposta ao afirmar “ser preciso partir da significação dos predicados: pode­se defini­los como o conjunto de semelhanças e diferenças entre uma propriedade observada acerca de um objeto e os outros predicados simultaneamente registrados ou já conhecidos” (Piaget, 1987, p. 143). Esse conjunto de semelhanças e diferenças é instituído pelo processo de comparação que resulta em metáforas e metonímias, ainda que Piaget delas não trate. Antes de se estabelecer uma “física de qualquer objeto” são instituídos conjuntos de semelhanças e diferenças que se apresentam como esquemas de pensamento usuais: as metáforas, as metonímias, nestas incluídas as sinédoques. Parece­me se esse significado mais

pertinente ao figurativo do núcleo das representações sociais. É o que proponha analisar neste trabalho.

Ø MAZZOTTI, Tarso Bonilha. A virada retórica. Educação e Cultura Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 4, n. 8, p. 77­104, 2007.

Resumo A virada retórica, que tem início na década de 1950, decorre de uma constatação: a lógica, por ser um cálculo, não é suficiente para estabelecer as premissas dos silogismos com os quais opera. As proposições que constituem as premissas dos silogismos originam­se de uma negociação de significados que requer, dentre outras regras, a ausência da petição de princípio. Este artigo mostra que o problema da constituição de conhecimentos confiáveis requer a compreensão das razões sustentadas pelos que julgam ser preciso que os juízos categóricos tenham por premissas proposições indiscutíveis, claras e distintas, pelo que renegam a condição retórica. Além disso, o artigo mostra a necessidade de ultrapassar aquela perspectiva para garantir a racionalidade dos discursos em que os agentes são humanos, não os operadores lógicos e próprios dos cálculos, recuperando a noção de que o propriamente filosófico é a problematicidade, a qual, por sua vez parecer ser a posição de J. Dewey. Palavras­chave: Retórica. Racionalidade. Premissas dos silogismos. Significado.

Ø MAZZOTTI, Tarso Bonilha. Ciências da Educação em questão. Educação e Pesquisa, v.32, n.3, p.539­550, set./dez. 2006.

Resumo As Ciências da Educação encontram­se em uma 'dispersão epistemológica' (Tardy, 1989), o que não é sua exclusividade, pois isso também ocorre com as Ciências do Homem, uma vez que ambas estão atadas ao programa de cientificidade que retira as pessoas do lugar de produção do conhecimento, tanto no paradigma moderno quanto no pós­moderno. Propõe­se, aqui, uma teoria humanista do conhecimento, na qual as três espécies de silogismo ­ entimema, dialético e demonstrativo ­ são consideradas complementares no processo de instituição dos conhecimentos, com base em critérios próprios das metodologias ou regras do fazer ou algoritmos reconhecidos pelos grupos sociais que as sustentam. Tais regras do fazer ou algoritmos não constituem uma lógica natural, uma vez que qualquer lógica é um cálculo. Os algoritmos para a produção de conhecimentos encontram­se na relação inseparável entre o orador (ethos), o auditório (pathos) e o discurso (lógos), na qual são validados os argumentos. Donde, uma teoria humanista do conhecimento permite a sublimação da referida 'dispersão epistemológica', isso porque deixa explícita as situações nas quais um conhecimento é validado. Assim sendo, as metodologias são garantias razoáveis, não determinantes dos conhecimentos confiáveis, pois seus fiadores são os grupos sociais que os admitem e sustentam. Palavras­chave: Ciências do homem. Ciências da Educação. Teoria humanista do conhecimento. Retórica [Dialética]. Retórica [Lógica].

Ø MAZZOTTI, Tarso Bonilha; MAIA, Helenice. É possível ensinar ética nas escolas? Revista da Faced, n. 10, p. 113­124, 2006.

Resumo

Os posicionamentos ético e moral das pessoas têm sido um dos assuntos mais debatidos nos dias de hoje, principalmente quando se fala de novas tecnologias e de conquistas científicas, possibilitando discussões sobre as relações entre ética e a aspectos da vida em sociedade e incitando novos estudos sobre princípios éticos, desenvolvimento moral e construção de valores, inclusive no Brasil, corroborando a necessidade de se produzir pesquisas que focalizem o “ensino” de ética efetuado em nossas escolas. Palavras­chave: Ética. Ética superior. Ética polissêmica.

Ø DUARTE, Mônica; MAZZOTTI, Tarso Bonilha. Representações sociais da música: aliadas ou limites do desenvolvimento das práticas pedagógicas em música? Educação e Sociedade, v.27, n.97, p.1283­1295, set./dez. 2006.

Resumo O presente trabalho tem como objetivo abordar os fenômenos perceptivos presentes nos processos de negociação de significados de música. Esses processos de negociação são mediados por processos simbólicos e representacionais, tal como apresenta Moscovici na teoria das representações sociais. Nesta perspectiva, afirmamos que as diversas práticas pedagógicas em música são produtos de representações sociais de música e podem aproximar ou mesmo afastar professores e alunos. Palavras­chave: Representação social. Pedagogia da música. Percepção.

Ø DUARTE, Mônica; MAZZOTTI, Tarso Bonilha. Professores de música falando sobre música; análise retórica dos discursos. Revista da ABEM — Associação Brasileira de Ensino de Música, Porto Alegre, n. 15, p. 59­66, 2006.

Resumo Neste artigo, apresentamos o resultado de análise retórica dos discursos sobre música, recolhidos por meio de entrevistas aplicadas a vinte professores de música, atuantes em escolas do município do Rio de Janeiro. Explicitaremos as figuras de linguagem presentes nesses discursos, entendidos como epítomes de linhas de raciocínio ou de processos de significação. Por meio dessa análise, apreendemos a representação de ‘música’ construída pelos professores entrevistados. Depreendemos um forte consenso entre todos os professores entrevistados: o caráter romântico da definição de música, convergindo para a metáfora /música é VIDA/. A concepção romântica na constituição do sentido de música como expressão das emoções não deixa espaço para a interação entre os homens no processo de significação, apenas para algo transcendente que opera através dos homens. Esta maneira de ver nega a negociação presente em qualquer trabalho de produção de conhecimento e nega, também, as situações argumentativas próprias deste trabalho. Palavras­chave: Música. Representação social. Ensino fundamental.

Ø DUARTE, Mônica; MAZZOTTI, Tarso Bonilha. Sobre os processos de negociação dos sentidos da música na escola. Revista da ABEM — Associação Brasileira de Ensino de Música, Porto Alegre, v. 7, p. 11­40, 2005.

Resumo Este estudo, de natureza teórica, tem como objeto a racionalidade retórica como base para a discussão dos sentidos da música na escola, de ensino regular ou vocacional. A recuperação da retórica permite tratar o problema como uma negociação, logo uma

pragmática, a qual põe o que tem valor no e para os diversos grupos sociais. Para demonstrar esta idéia, buscamos dialogar com alguns especialistas contemporâneos em Aristóteles, contrapondo­os à semiologia de Nattiez. Ao reconhecer que toda e qualquer atividade humana tem por referente o próprio do humano, é no humano, em sua história de negociações de sentido, que encontramos a razão de ser da música. No caso da escola, esta estabelece uma finalidade educativa, logo os critérios adotados para afirmar que tal ou qual prática ou produto musical são adequados, sempre marcados pela finalidade atribuída, provavelmente levarão aos princípios e finalidades da música na formação dos sujeitos.

Ø MAZZOTTI, Tarso Bonilha. Lógica natural ou algoritmo? Educação e Cultura Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, p. 61­79, 2004.

Resumo As mais diversas teorias que tratam do senso comum postulam a necessidade de explicitar a lógica envolvida no “pensamento natural”, dentre elas a das representações sociais estabelecida por Moscovici (1976 [1961]). Este artigo propõe substituir os estudos que visam estabelecer uma lógica natural pela busca dos procedimentos que estabelecem o “ser de algo”, em qualquer contexto, pois, é desses procedimentos que são retiradas as premissas dos silogismos, segundo as finalidades próprias das situações argumentativas. Estas situações são: a) as do ensino, no qual o silogismo demonstrativo requer a não contradição entre os enunciados; b) a dialética, que envolve um debate que permite a escolha entre enunciados contraditórios; e c) a situação retórica, na qual se busca persuadir. A diferença entre estas situações encontra­se nas premissas admissíveis, não na forma dos silogismos. Entre estes silogismos há uma circularidade que revela o modo de operar dos locutores e auditores, mas não uma lógica, pois se trata de procedimentos ou algoritmos ou “receitas” que visam efetivar o desejado em contextos determinados. A explicitação destes procedimentos é realizável pela exposição das linhas de argumentação, que se conformam às metáforas utilizadas para instituírem o “real”, das quais são retiradas as premissas predicativas dos silogismos.

Ø DUARTE, Mônica; MAZZOTTI, Tarso Bonilha. Análise retórica do discurso como proposta metodológica para as pesquisas em representação social. Educação e Cultura Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, p. 81­108, 2004.

Resumo O artigo expõe como a racionalidade retórica pode ser utilizada como metodologia para identificação do núcleo de representações sociais com base na análise do corpus do material discursivo coletado pela pesquisa. Esta metodologia enfatiza o caráter argumentativo dos discursos pelos quais as representações são veiculadas, considerando a intencionalidade do orador na construção da figuras de linguagem, especialmente a metáfora, como epítomes de representações sociais. A título de ilustração, descreve um estudo no qual as representações sociais de música e de seu ensino, construídas por professores de música que atuam em escolas públicas de ensino básico do Rio de Janeiro, foram apreendidas por meio dessa metodologia.

Livros

Ø MAZZOTTI, Tarso Bonilha. Doutrinas pedagógicas, máquinas produtoras de litígios. Marília, SP: Poiësis, 2008. 128p.

Resumo Mostra que as querelas ou litígios em torno das doutrinas pedagógicas têm por fonte os significados da metáfora PERCURSO defendidas por seus antagonistas. Muitos sustentam que o percurso escolar é determinado e determinista, uns poucos o oposto. Entre eles também há divergências a respeito do referente ou tema metafórico, de onde retiram os significados para suas proposições, o que aumenta ainda mais os litígios. Assume a posição dos que, como os Sofistas, sustenta que a linguagem, sempre argumentativa, condensa e coordena as práticas humanas. Donde as doutrinas ou teorias serem modos de dizer que orientam as práticas, podendo produzir querelas insuperáveis por meios de alguma verificação empírica. Pois, não há a essência das coisas, mas algo que estabelecemos em nossas conversações, um conhecimento que expressa uma gradação de qualidades admitidas por aqueles que consideramos especialistas e por nós mesmos. Categorizamos e classificamos as coisas por seus predicados ou atributos que já se encontram na língua natural, o que, no geral, não questionamos, porque os admitimos como óbvios, inquestionáveis, até que alguém questione. Nesse caso, o questionador apresentará as razões pelas quais não pode admitir a categorização ou a classificação usual, comum, admitida pela maioria ou por todos. Começa­se, então, um processo de discussão, de debates, que permitirá novos acordos, como não haja algum veto autocrático. Apenas em sociedades autoritárias o questionamento é banido do espaço público. A condição para a negociação de significados é a situação democrática, em que todos estão autorizados a tomar a palavra, sob certas restrições consensuadas, as da democracia.

Capítulos de Livros

Ø MAZZOTTI, Tarso Bonilha. The rhetoric turn. TAYLOR, M.; SCHREIER, H.; GHIRALDELLI Jr.; P. (Ed.). Pragmatism, education and children international philosophical perspectives. Amsterdam­New York: Edition Rodopi B. V., 2008. p. 205­225. ISBN 1397890420234

Ø MAZZOTTI, Tarso Bonilha. A verdade como consenso determinado pelas técnicas argumentativas. In: VIDAL, Vera; CASTRO, Susan. (Org.). A questão da verdade: da física moderna ao pragmatismo. Rio de Janeiro: 7 Letras / FAPERJ, 2006. p. 144­153.

Ø MAZZOTTI, Tarso Bonilha. História das ciências: uma contribuição à discussão da interdisciplinaridade na educação (Apresentação). In: LEAHY­DIOS, Cyana. (Org.). Espaços e tempos de Educação – Ensaios, 2004. p. 227­230.

Resumo Os trabalhos apresentados nessa sessão inauguram uma linha de pesquisa promissora, uma vez que recuperam, cada um à sua maneira, a situação retórica, na qual ethos­pathos­logos ou orador­auditório­discurso são examinados em conjunto, evitando as aporias do estruturalismo ou do chamado pós­estruturalismo.

Ø DUARTE, Mônica; MAZZOTTI, Tarso Bonilha. O pulso musical como pulso da vida. In: LEAHY­DIOS, Cyana. (Coord.) Espaços e tempos de Educação ­ Ensaios. Niterói, C.l.L. Ed., 2004. p. 239­251. ISBN 85­90228­6­1

Resumo Este trabalho aborda as representações sociais de música e de seu ensino por professores de música no ensino básico, a partir da perspectiva epistemológica da virada retórica de filosofia. Analisamos o discurso dos professores por meio de entrevistas e da técnica de grupo focal, aplicada na forma de um painel de especialistas. As representações foram apreendidas pela análise retórica dos discursos, evidenciando seu caráter argumentativo e considerando a intencionalidade do orador na construção das figuras de linguagem, notadamente a metáfora. A metáfora mais ampla e centralizadora das representações apresentadas pelos professores foi a música como VIDA, inscrita no quadro conceitual do romantismo, metáfora essa que agencia a música e o ensino de música como sendo o CAMINHO/CURA para a escola.