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sonetos de fumaça e temporais e outros poemas indóceis andré boniatti Primeira Edição, (do autor) 06/2011

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sonetos de fumaça

e temporais

e outros poemas indóceis

andré boniatti

Primeira Edição, (do autor) 06/2011

PREFÁCIO por Jô do Recanto das Letras

“Aplausos para André! 1”

Certos versos, sobre serem simples, honestos e bem escritos, possuem a profundidade necessária à nossa contemplação. Doces, doces, doces. Há títulos maviosíssimos. E poemas bem desenvolvidos, de real densidade semântica, eu diria "completos" de palavras --- verdadeiras noites fulgurantes! Neles, a obscuridade encanta. O simbolismo das coisas fascina. A dramática visão do Universo faz-nos tremer e temer. São joias irretocáveis, em que convivem encanto e desencanto, chão e amplidão, angústia e liberdade; verdadeiras odes ao Amor: inspirados, delicados, joviais, filosóficos, ideais... Em suma: suas imagens se tornam nossas logo que surgem; seus delírios nos arrebatam, que indefesas almas somos. Emerge desses textos tão intensos, passionais, declaratórios uma força tal que, pelo conjunto, nos inunda e arrasa. Ò alma, alma...

1 em: http://www.recantodasletras.com.br/homenagens/2122678

Porque o triunfo, a vitória do poema é fazer-nos evocar algo, mexer conosco, para o bem ou para o mal, para o terror ou a piedade, a grandeza ou o esquecimento... Deveras, sua inventividade nos surpreende, atrai, angustia, consola, harmoniza, quando atinge momentos mozartianos, mercê do tom de humanidade e indignação. Absolutos em termos de beleza; serenidades guerreiras. Eis por que tantos leem Dante Alighieri, Walt Whitman, Omar Khayyam, Florbela Espanca, Fernando Pessoa, Manuel Maria du Bocage, Antônio de Castro Alves, João da Cruz e Sousa, Augusto dos Anjos, Carlos Drummond: --- Pela surpresa, a angústia, a atração, o consolo, a harmonia, a busca da luz que justifique suas vidas sem lógica. Vale portanto o conselho: continuem relendo e trabalhando cada poema como se fosse o seu único e último; leiam mais, escrevam menos e podem sempre suas múltiplas roseiras poderosas. E, ultrapassando tais questões, finalmente criarão peças definitivas, que, do título ao verso final, se apresentem bem: com estranhas alegorias, ternos tons de nostalgia, envolvente magia verbal...

para minha mãe

(o que há de mais doce)

serei sempre este:

o mesmo antigo menino

índice dos poemas

sonetos de fumaça e temporais

PARA UM POETA SONHADOR ........................................................................ 13

AS CARPIDEIRAS DA AVE-MARIA ................................................................... 14

SONETO DE EU MORRIDO.............................................................................. 15

SONETO DE AMOR TÃO MAIS QUE O OURO .................................................. 16

SONETO CONFUSO À ALESSANDRA ESPÍNOLA POETA ................................... 17

SONETO BÊBADO DE VINHO .......................................................................... 18

SONETO DO AMOR DISTANTE ....................................................................... 19

SONETO DE ANSEIO ....................................................................................... 20

SONETO DE AMOR DA COR DO CÁQUI .......................................................... 21

SONETO D INVERNO ...................................................................................... 22

SONETO DE COMPARAÇÃO OU SONETO TÉCNICO ......................................... 23

SONETO EMACONHADO ................................................................................ 24

SONETO PLATÔNICO ..................................................................................... 25

SONETO PARA O MEU AMOR Nº 1 ................................................................ 26

SEGUNDO SONETO EMACONHADO ............................................................... 27

SONETO DE AMOR POSSÍVEL ......................................................................... 28

SONETO ALQUÍMICO ..................................................................................... 29

SONETO SERESTEIRO DE EU SEM QUEM ........................................................ 31

SONETO CONCRETO DE EU PASSADO ............................................................ 32

SONETO DE UM OLHAR ................................................................................. 33

SONETO DA AMIZADE ................................................................................... 34

SONETO PRA TI SER ....................................................................................... 35

TERCEIRO SONETO EMACONHADO ............................................................... 36

SONETO DO JUÍZO PARTIDO .......................................................................... 37

SEGUNDO SONETO DA AMIZADE ................................................................... 38

QUARTO SONETO EMACONHADO ................................................................. 39

SONETO DO SEM-SENTIDO ............................................................................ 40

SONETO DE EXASPERO LOUCO ...................................................................... 41

SONETO DE AMOR DA ESPERA ...................................................................... 42

SONETO PARA O MEU AMOR Nº 2 ................................................................ 43

SONETO ININTERRUPTO ................................................................................ 44

AOS PÉS DOS LENHOS DA CRUZ ..................................................................... 45

SONETO MEIO BLUES .................................................................................... 46

outros poemas

O CORVO ....................................................................................................... 51

CANÇÃO DE AMOR EMBALADA À LUZ DA LUA .............................................. 56

UTOPIA PARA UMA PROSTITUTA .................................................................. 57

CAFÉ .............................................................................................................. 58

ACRÓSTICO .................................................................................................... 59

A CASA ERA SILÊNCIO. ................................................................................... 60

COMPREENDA: .............................................................................................. 61

SE SOUBESSEM REZAR AS FLORES ................................................................. 62

HORA BRANCA .............................................................................................. 67

COMPARAÇÃO .............................................................................................. 70

O NEXO DO TEMPO ....................................................................................... 71

O QUE DIZER-SE A UM CORAÇÃO POR CONQUISTAR? ................................... 72

O VOO MAIS ALTO ......................................................................................... 74

QUE TE FALTA OUVIR .................................................................................... 75

RELATO .......................................................................................................... 77

O IMPERFEITO ............................................................................................... 78

...nada se apaga! Vem sempre rastejando como a vaga... Vem sempre perguntando: “o que te resta?”... Ah! não ser mais que o vago, o infinito! Ser pedaço de gelo, ser granito, Ser rugido de tigre na floresta! (“Angústia” – Florbela Espanca)

***

O rio corre; e assim viver para o rio vale não só ser corrido pelo tempo: o rio o corre; e pois que com sua água, viver vale suicidar-se, todo o tempo. (“Os Rios de Um Dia” – João Cabral de Melo Neto)

sonetos de fumaça e temporais

1ª parte

para um poeta sonhador do sonho que eu sonhava eu fiz meu tempo, do tempo que eu perdia eu fiz poemas, dos poemas mais medíocres, mi’as penas fiz eu que fossem plumas com o vento. do vento que assoprava eu fiz meu canto, do canto que eu cantava eu fiz a vida, da vida que eu vivera entontecida fiz eu entre os meus erros meu engano. do engano que eu fizera incorrigível fiz lendas entre os mitos mais antigos, fiz teias das aranhas com minh’alma. minh’alma que era eterna então morria e dela, então, mais nada eu não fazia, e fez-se, sem meu tento, o que eu sonhava.

as carpideiras da ave-maria este soneto, dedico a inspiração a Alex Ferraz desperto o coração sem norte enegrecido, no enterro do astro rei, às seis horas do dia, compradas pelo horror da doença e do martírio farão as carpideiras um’Ave-maria! contanto, elas sem fé, as suas vasilhas secas, sem leite nos seus seios, têm crias sem vida no colo ensandecido, e a implorar gritam lentas em coro as carpideiras um’Ave-maria! também seus homens, bêbados, choram, castrados, quais loucos de um hospício, entre túmulos rasos, o sonho em suas crianças sem credo ou valia... e o que há de nos restar, no fim, em choro algoz, quando irmo-nos sem paz, será também a nós as mesmas carpideiras e est’Ave-maria!

soneto de eu morrido

aqui jaz... um coração que um dia amava, coração que em ser-se só sozinho errava, e eu menino, com o mundo eu fiz promessas, com o mundo, eu fiz canções, eu fui poeta, coração descorçoado de eu exílio, de eu voado, que avoava co delírio, de eu perdido, de eu sem reza ou providência, eu mendigo, que co mundo era-se ausência, aqui jaz... meu coração desobrigado, descansado, um coração de sonho e fada, que vivera sem destino e deslocado, aqui jaz um coração de alma cansada, coração de fardo estulto e também farda, de eu menino com o mundo e sem mais nada.