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Série REALIDADE RURAL A Cultura do P essegueiro no R io Grande do Sul no P rocesso de I ntegração do MERCOSUL por: Engº Agrº Henrique Roni Borne EMATER/RS VOLUME 13 Porto Alegre, 1994.

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Série REALIDADE RURAL

A Cultura do Pessegueiro noRio Grande do Sul no Processo

de Integração do MERCOSUL

por: Engº Agrº Henrique Roni BorneEMATER/RS

VOLUME 13

Porto Alegre, 1994.

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Governador do Estado do Rio Grande do SulALCEU COLLARES

Secretário da Agricultura e AbastecimentoFLORIANO BARBOSA ISOLAN

Diretoria da EMATER-RS

Presidente : CELSO FENOY BINSDiretor Administrativo: CEZAR HENRIQUE FERREIRADiretor Técnico: RICARDO CAPELLI

GRUPO DE TRABALHO MERCOSUL - EMATER/RS

Henrique Roni Borne - Coordenador do Setor PêssegoJosé Ivan da Rosa - Coordenador do Setor TomateCelso Freitas - Coordenador do Setor MaçãLuis Ataídes Jacobsen - Coordenador do Setor TrigoAurelino Dutra de Farias - Coordenador do Setor SojaEniltur Anes Viola - Coordenador do Setor MilhoGesner Nunes Oyarzábal - Coordenador do Setor Mandioca/FeijãoJosé Mauro Cachapuz - Coordenador do Setor Bovinos de CorteHenrique Augusto Bartels - Coordenador do Setor de SuínosFernando Ripalda de Freitas - Coordenador do Setor de OvinosAluízio Terra de Oliveira - Coordenador do Setor de LeiteDarci Barros Coelho - Apoio em Administração RuralNarciso G. de Castro - Apoio em Administração RuralRenan Corá de Lima - Revisor TécnicoNaira de Azambuja Costa - Digitação e Sistematização de Dados

Marcos Newton Pereira - Coordenador do GT MERCOSUL

Paulo Ebling RodriguesChefe do Departamento de Planejamento

Dante da Silva FragaChefe do Departamento de Operações

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SÉRIEREALIDADE RURAL - VOLUME 13

A Cultura do Pessegueiro noRio Grande do Sul no Processo

de Integração do Mercosul

por: Engº Agrº Henrique Roni BorneEMATER/RS

Porto Alegre, 1994.

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SÉRIE REALIDADE RURAL, v.13

Esta série contém trabalhos elaborados portécnicos do Grupo de Trabalho MERCOSUL daEMATER/RS para subsídio dos EscritóriosRegionais e Municipais.

EMATER/RS-ASCARRua Botafogo, 1051 - CEP 90150-053 - Porto Alegre - RS - BrasilFone: (051)233 31 44 - Fax: (051)233 95 98

1994

B736c BORNE, H. R.A Cultura do Pessegueiro no Rio Grande do

Sul, no Processo de Integração do MERCOSUL.Porto Alegre: EMATER/RS, 1994.

86p. (EMATER/RS. Realidade Rural, 13)

CDU 339.92:634.25(816.5)

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O Panorama Setorial Pêssego/EMATER foisubmetido à apreciação do Sindicato dos TrabalhadoresRurais, Escritório Municipal da EMATER/RS, Sindicato dasIndústrias de Doces e Conservas e EMBRAPA-CNPFT,todos de Pelotas.

Agradecemos ao Chefe da EMBRAPA, bem comoaos seus técnicos, as sugestões apresentadas, a fim detorná-lo mais próximo da realidade.

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S U M Á R I O

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 91.1 Situação.......................................................................................................................... 91.2 Histórico da Cultura no Rio Grande do Sul................................................................... 10

2 PRODUÇÃO.................................................................................................................... 112.1 Produção Mundial ......................................................................................................... 112.1.1 Produção dos Países Integrantes do MERCOSUL................................................... 112.1.2 Produção e Área Brasileira de Pêssego ................................................................... 122.1.3 Evolução da Produção Estadual ............................................................................... 122.1.4 Principais Municípios Produtores do Estado............................................................. 142.1.5 Origem e Comercialização de Pêssego de Mesa dos Principais Municípios

Produtores no Mercado CEASA-RS......................................................................... 162.1.5.1 Período de Oferta de Pêssego de Mesa no Mercado CEASA-RS......................... 172.1.5.2 Período de Oferta de Pêssego da Microrregião Homogênea da Grande Porto

Alegre...................................................................................................................... 182.1.5.3 Período de Oferta de Pêssego de Mesa da Microrregião Homogênea Vitivinicultora

de Caxias do Sul..................................................................................................... 182.1.6 Destino da Produção de Pêssego de Mesa para Outros Estados ........................... 192.2 Produção dos Países do MERCOSUL......................................................................... 242.3 Produção dos Principais Estados Produtores no Brasil.............................................. 26

3 CARACTERÍSTICAS ...................................................................................................... 353.1 Clima, Solo e Zoneamento Agroclimático .................................................................... 353.1.1 Clima.......................................................................................................................... 353.1.2 Solo ............................................................................................................................ 353.1.3 Zoneamento Agrícola ................................................................................................. 363.2 Parque de Máquinas Agrícolas ..................................................................................... 363.2.1 Preparo do Solo ......................................................................................................... 373.2.2 Utilização de Insumos................................................................................................ 373.2.3 Tratos Culturais ......................................................................................................... 383.2.4 Colheita, Cura Natural ou Artificial ............................................................................. 383.3 Pêssego de Mesa......................................................................................................... 383.3.1 Parque de Máquinas Agrícolas .................................................................................. 383.3.2 Preparo do Solo ......................................................................................................... 393.3.3 Utilização de Insumos................................................................................................ 393.3.4 Tratos Culturais ......................................................................................................... 40

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3.3.5 Colheita, Cura Natural ou Artificial ............................................................................. 403.4 Número de Estabelecimentos e Respectivas Áreas em Estratos .............................. 403.4.1 Pêssego de Indústria ................................................................................................. 403.4.2 Pêssego de Mesa...................................................................................................... 413.5 Número de Produtores de Pêssego que têm na Cultura uma Dependência

Econômica ................................................................................................................... 413.6 Organização dos Produtores Rurais............................................................................ 42

4 PLANILHAS DE CUSTOS.............................................................................................. 434.1 Cotejo entre o Custo Estadual de Produção com outras Regiões do País e dos

demais Países que Integram o MERCOSUL.............................................................. 43

5 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA.......................................................... 515.1 Incentivos à Cultura do Pessegueiro............................................................................ 515.2 Assistência Técnica...................................................................................................... 515.3 Pesquisa Agrícola ......................................................................................................... 515.4 Tributação..................................................................................................................... 52

6 ARMAZENAGEM E INFRA-ESTRUTURA DE ESTRADAS E TRANSPORTE........... 536.1 Tipos e Características da Armazenagem................................................................... 536.1.1 A Armazenagem em Nível de Câmara Fria Estadual ............................................... 546.2 Armazenagem em Nível de Intermediário .................................................................... 546.3 Malha Rodoviária, Ferroviária e Hidroviária nas Zonas de Produção........................... 546.4 Programas de Transporte ............................................................................................ 55

7 COMERCIALIZAÇÃO...................................................................................................... 577.1 Perdas Físicas no Segmento Primário da Produção................................................... 577.2 Normas de Padronização e Classificação do Pêssego .............................................. 577.3 Embalagens Oficiais..................................................................................................... 587.4 Canais de Comercialização Formais e Informais ........................................................ 597.5 Custos de Comercialização ......................................................................................... 597.6 Escoamento Mensal da Produção ............................................................................... 627.7 Preços Médios Mensais ou Anuais do Pêssego Recebidos pelos Produtores ........... 627.8 Mercados: Locais, Regionais, Nacionais e Internacionais ........................................... 63

8 INDUSTRIALIZAÇÃO / AGROINDÚSTRIA................................................................... 678.1 Tipos de Agroindústrias de Beneficiamento................................................................. 678.2 Percentual de Produção Absorvida pela Indústria........................................................ 678.3 Afinidade com os Mercados Interno e Externo............................................................. 688.4 Adaptação da Maquinaria às Finalidades Desejadas................................................... 698.5 Produção e Produtividade das Indústrias ..................................................................... 708.6 Mão-de-Obra Especializada......................................................................................... 708.7 Embalagens.................................................................................................................. 728.8 Armazenagem .............................................................................................................. 738.9 Fluxo de Comercialização ............................................................................................ 738.10 Custo de Produção..................................................................................................... 73

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8.11 Órgãos Representativos e Participação do Produtor ................................................ 768.12 Monopólios/Oligopólios ............................................................................................... 768.13 Relação das Indústrias que se Dedicam ao Processamento do Pêssego............... 76

9 ABASTECIMENTO ESTADUAL .................................................................................... 799.1 Balanço da Oferta e da Demanda Estadual................................................................. 799.1.1 Pêssego de Indústria ................................................................................................. 799.1.2 Pêssego de Mesa...................................................................................................... 799.2 Consumo Estadual no Meio Rural................................................................................ 799.3 Demanda Interna Estadual ........................................................................................... 79

10 RESTRIÇÕES AO MERCOSUL.................................................................................. 81

11 VANTAGENS QUE O SETOR APRESENTA EM RELAÇÃO AO MERCOSUL....... 83

12 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.................................................................................. 85

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Situação

A cultura do pessegueiro no Brasil, segundo dados do IBGE, 1989, atinge uma área de18.870ha, sendo que, conforme dados fornecidos pelas EMATERs dos Estados Produtores e doInstituto de Economia Agrícola de São Paulo, a área plantada em 1992 atingiu uma superfície de18.748,1ha.

Devido à diversidade climática em nosso País e com o auxílio de cultivares mais precocese mais tardias, desde que adaptadas a estas diversidades, pode-se proporcionar uma oferta a nívelde País, no mínimo, de 6 meses. Com o auxílio de câmaras frias, este período poderá ser dilatado, oque oferecerá condições muito favoráveis ao cultivo do pessegueiro.

Isto poderá conferir excelentes vantagens quanto à exportação de pêssego "in natura" ouprocessado.

Apesar disto, são poucas as regiões no Brasil que apresentam condições de cultivo para opessegueiro, que reúnam condições climáticas e edáficas para torná-lo uma cultura econômica.

Até a década de 50, somente 20% do pêssego consumido no País era proveniente daprodução nacional. O restante era importado fresco ou industrializado. Com as medidas restritivas àimportação, conseguiu-se que a cultura se desenvolvesse a contento e alcançasse a expressão quehoje tem.

Atualmente, o pêssego de mesa, para consumo "in natura", ocupa uma área no Estado decerca de 3.009,1ha, que abastecem o Rio Grande do Sul e, ainda, os mercados de São Paulo, Rio deJaneiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.

O pêssego para conserva ocupa uma área de cerca de 10.000ha, sendo que o parqueconserveiro do RS industrializou, em 1992, 20.000t a 25.000t.

A indústria de conserva de pêssego no País se localiza no município de Pelotas, sendo queindustrializa mais de 90% da produção brasileira.

O setor conserveiro, há 32 anos atrás, contava com 60 indústrias, sendo que hoje, contacom apenas 20, em funcionamento. Hoje, 70% das indústrias tem capacidade ociosa de 50%.

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1.2 Histórico da Cultura no Rio Grande do Sul

No início deste século, com a imigração francesa para o Rio Grande do Sul, se iniciou acultura do pêssego no Brasil, no município de Pelotas.

As famílias Capdebosq, Crochemore, Jouglart foram as que plantaram as primeiras mudasde pessegueiro no interior do município.

Posteriormente, o Sr. Ambrósio Perret fez a difusão da cultura, iniciando em sua "QuintaBom Retiro" a produção de mudas e comercialização dos enxertos que deram início à produçãocomercial de pessegueiros no Estado.

A adaptação do pessegueiro ao solo e clima de Pelotas e a expansão da culturaproporcionaram o aparecimento das primeiras fabriquetas coloniais, há mais de 5 décadas, numatípica industrialização familiar.

Com o passar do tempo, apoiadas por uma complexa infra-estrutura industrial, novastecnologias foram sendo incorporadas ao setor a partir da década de 60, absorvendoprogressivamente as indústrias caseiras. Na década de 70, com a concessão de incentivos fiscaispara a implantação de pomares comerciais, a expansão do pêssego para a indústria teve suaposição consolidada, notadamente com a criação da área Industrial de Pelotas, instalando-se aígrandes empresas.

Na região da Serra, a introdução da cultura do pessegueiro é atribuída ao médico Dr.Bruger, que, na década de 40, introduziu o pêssego chamado Margarida, de polpa amarela.

Nesta época, o pessegueiro era plantado em fundo de quintal, sendo que ninguém davaimportância para seu cultivo comercial, pois não tinha mercado para venda.

Os produtores Americano Boff e Rodolfo Balardin foram os que se iniciaram num plantiocomercial.

Em 1945, começaram os trabalhos de melhoramento do pessegueiro na EstaçãoExperimental de Farroupilha.

No município de Porto Alegre, atribuiu-se ao Sr. Nicola de Leone o plantio das primeirasmudas de pessegueiros na Vila Nova, sem fins comerciais, no início da década de 20.

Nesta mesma década, as famílias Bertaco, Moresco e Betio, entre outras, se iniciaram noplantio comercial de pêssego para mesa.

A cultivar plantada era a Precoce Rosado e o Delicioso. O primeiro viveirista foi o Sr.João Batista Magalhães, que produzia as mudas de pessegueiro.

Os japoneses, Srs. Nakamura e Watanabe, tinham um pêssego chamado "15 denovembro". Sua propriedade era cercada, sendo que se recusavam a dar ramos deste pessegueiro,para a enxertia. O Sr. Balestrin, durante a noite, roubou alguns ramos daquele pessegueiro, sendoque se espalhou, posteriormente, na Vila Nova.

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2 PRODUÇÃO

2.1 Produção Mundial

A produção mundial de pêssego, segundo dados da FAO, apresenta-se na Tabela 1, comos principais Países produtores de pêssego em toneladas.

Verifica-se que a produção mundial está num crescente, sendo que os Estados Unidos e aItália detêm a supremacia em termos de produção. De 1975 a 1990, teve-se um crescimento de51,2%.

Tabela 1 - Produção dos principais países produtores de pêssego, no mundo, em miltoneladas

Ano 1975 1980 1985 1990

Estados Unidos 1.377 1.569 1.166 1.190Itália 1.139 1.320 1.450 1.721França 587 452 489 498China 322 381 447 780Grécia 300 407 540 776Espanha 284 390 531 585Japão 289 284 205 -Argentina 288 234 270 250Brasil 147 120 120 135Outros 1.488 2.044 2.294 2.754Total 5.933 7.201 7.512 8.689

Fonte: FAO.

2.1.1 Produção dos Países Integrantes do MERCOSUL

A produção de pêssego nos Países que integram o MERCOSUL, conforme dados daFAO, retrata na Tabela 2 a participação na produção de pêssego para este futuro mercado, emtoneladas.

Por uma análise dos dados desta Tabela, verifica-se que a Argentina é quem detém maiorprodução de pêssego. O Chile ocupa a 2ª posição em relação aos países latino-americanos. OBrasil, que era o 2º produtor em 1975 e 1980, foi superado pelo Chile em 1985 e 1990, ficando em 3ºlugar.

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Em 1990, a Argentina produziu cerca de 40%, o Chile 27% e o Brasil 18% do pêssego produzido.

Tabela 2 - Produção de pêssego nos países integrantes do MERCOSUL em mil toneladas

Ano 1975 1980 1985

Produção América Latina 573 571 626Argentina 288 234 270Brasil 147 120 120Chile 68 114 158Uruguai 40 28 22Paraguai 0 4 4

Fonte: FAO.

2.1.2 Produção e Área Brasileira de Pêssego

A Tabela 3 apresenta a área de pêssego nos estados brasileiros.Pelo exame dos dados da Tabela 3, conforme fonte IBGE, o Rio Grande do Sul detém a

maior área cultivada no Brasil.

2.1.3 Evolução da Produção Estadual

A produção de pêssego indústria no Estado evoluiu conforme os dados das safras naTabela 4, Evolução da área e produção no Rio Grande do Sul, fonte EMATER/RS Pelotas eSindicato de Trabalhadores de Pelotas.

Pela interpretação dos dados apresentados na Tabela 4, verifica-se que houve umadiminuição de área plantada, bem como da produção colhida, igualmente diminuindo o número deprodutores.

Esta diminuição em área se deve ao corte de pessegueiros e ao abandono de cultivo.Informa, também, que a diminuição da produção, além das causas acima, se deve ao baixo uso detecnologia por parte dos produtores, em virtude dos altos custos de produção e baixa remuneraçãoda indústria pela fruta entregue.

Quanto ao pêssego de mesa, conforme levantamento efetuado pela EMATER/RS em1991, o Rio Grande do Sul tinha uma área cultivada de 3.009,1ha, sendo difícil de se precisar aevolução da área plantada, em função da inexistência de registros.

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Tabela 3 - Área e produção de pêssego dos principais estados produtores de Brasil

Ano 1985 1986 1987 1988 1989

Estados (ha) (Frutos) (ha) (Frutos) (ha) (Frutos) (ha) (Frutos) (ha) (Frutos)

RS 17.085 691.850 17.326 691.850 16.082 691.850 15.939 778.972 15.485 778.972

SP 1.317 146.016 1.350 145.527 1.367 148.384 1.460 159.807 1.458 158.588

PR 790 58.229 801 60.726 787 58.229 788 55.996 713 46.224

MG 762 43.902 609 40.128 659 42.326 711 56.757 670 57.147

SC 592 48.594 407 38.306 697 53.276 590 49.111 510 14.498

Brasil 20.553 991.220 20.527 1.064.051 19.626 1.078.933 19.518 1.103.074 18.870 871.508

Fonte: IBGE.

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Tabela 4 - Evolução da produção estadual de pêssego indústria

Safra (ha) Produção (t) Nº Produtores

91/92 10.000 25.000 2.00090/91 11.000 20.000 2.00089/90 11.000 30.000 2.15088/89 11.200 27.000 2.15087/88 11.000 37.000 2.15086/87 9.500 30.000 2.10085/86 9.000 22.000 2.00084/85 9.000 25.000 2.50083/84 10.000 35.000 3.00082/83 11.000 40.000 4.000

Fonte: EMATER/RS, Pelotas - STR/Pelotas.

2.1.4 Principais Municípios Produtores do Estado

Conforme levantamento feito em 1991, pela EMATER/RS, a área cultivada com pêssego,em suas regiões administrativas, está distribuída conforme a Tabela 5.

Destacam-se como regiões produtoras de pêssego a COREG da Zona Sul, para indústria,e as COREGs Metropolitana e Litoral Norte e da Serra, para pêssego de mesa.

Tabela 5 - Área cultivada com pêssego de mesa nas regiões administrativas da EMATER/RS

COREG (ha)

Metropolitana 922,0Serra 1.311,0Campanha 116,3Alto Uruguai 62,5Noroeste 115,0Vale Taquari 88,5Depressão Central 318,1Planalto 75,7Zona Sul 10.217,0Total 13.226,1

Fonte: EMATER/RS.

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Nestas Coordenadorias, os municípios com maior importância em área estão na Tabela 6,área plantada por município nas COREGs.

Tabela 6 - Área plantada com pêssego de mesa nas ESREGs

COREG Municípios área em hectare

Metropolitana Porto Alegre 800 - Viamão 20 - Charqueadas 130 - Butiá 20

SerraBento Gonçalves 450 - Farroupilha 170 - Vacaria 150 -Flores da Cunha 120 - Caxias do Sul 120

Campanha Livramento 65 - Alegrete 35

Alto Uruguai Erechim 10 - Getúlio Vargas 8 - Gaurama 8

NoroesteAugusto Pestana 20 - Três Passos 20 -Doutor Maurício Cardoso 12 - Catuípe 10

Vale do Taquari Bom Retiro 20 - Roca Sales 15 - Vera Cruz 10 - Guaporé 10

Depressão Central Cruz Alta 240 - Paraíso - Silveira Martins 8

PlanaltoPasso Fundo 50 - Marau 25 - Palmeira das Missões 24 -Liberato Salzano 20

Zona Sul Pelotas 5.500 - Canguçu 2.500 - Piratini 410

Fonte: EMATER/RS.

No Rio Grande do Sul, a Região da Serra apresenta maior área de cultivo, com destaquepara o município de Bento Gonçalves, sendo que a Região Metropolitana e Litoral Norte se colocaem segundo lugar, destacando-se Porto Alegre para pêssego de mesa.

Verifica-se que a cultura de pêssego está bastante distribuída no Estado, sendo que emtodos os municípios produtores o destino é o abastecimento da população.

Para pêssego de indústria, a Região da Zona Sul, destacando-se o município de Pelotas, éa que tem a maior área plantada com pêssego no RS.

Os municípios que comercializam pêssego na CEASA-RS oscilam em torno de 30,conforme os dados da Tabela 7.

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Tabela 7 - Número de municípios que comercializaram pêssego de mesa na CEASA/RS

Ano 1991 1990 1989 1988 1987 1986 1984 1983 1982 1981 1980

Número deMunicípios

39 39 33 30 29 24 32 32 32 33 25

Fonte: CEASA-RS.

Conforme os dados estatísticos do IBGE, Tabela 8, na evolução da área dos principaismunicípios produtores, pode-se verificar que Pelotas tem a maior área plantada no Rio Grande doSul, para a indústria.

Tabela 8 - Evolução da área dos principais municípios produtores de pêssego de mesa epara indústria

Área (ha)Municípios

1975 1980 1985 1990

Pelotas 12.375 8.500 8.000 6.000Canguçu 1.800 3.000 3.000 3.500Piratini 268 0 1.560 560Porto Alegre 160 390 400 616Caxias do Sul 208 208 79 80Guaíba 0 52 110 110Total 14.811 12.150 13.039 10.866Total RS 18.427 17.769 17.058 16.890

Fonte: IBGE.

2.1.5 Origem e Comercialização de Pêssego de Mesa dos PrincipaisMunicípios Produtores no Mercado CEASA-RS

A Tabela 9 apresenta os oito principais municípios produtores de pêssego de mesa do RioGrande do Sul, conforme as safras de 1987/88 a 1991/92, comercializadas na CEASA/RS, emtoneladas.

Pelo exame destes dados, verifica-se que o município de Porto Alegre é o que maiscomercializou pêssego de mesa, sendo que o município de Farroupilha ocupa o segundo lugar.

Estes 8 municípios comercializaram mais de 90% do total de cada safra.

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Tabela 9 - Principais municípios produtores de pêssego de mesa, safra 87/88 - 91/92, quecomercializaram na CEASA/RS em toneladas

Municípios 91/92 90/91 89/90 88/89 87/88

Porto Alegre 559,1 721,4 1.220,3 1.212,0 1.045,6Farroupilha 414,2 335,5 540,0 644,6 382,8Bento Gonçalves 215,8 193,8 260,6 221,8 280,7Caxias do Sul 279,1 175,2 239,3 334,0 191,3Flores da Cunha 359,4 172,0 321,2 261,2 70,1Guaíba 132,6 129,0 235,5 162,8 69,4Charqueadas 97,7 58,2 122,4 171,5 92,7Pelotas 60,4 75,7 70,3 40,8 0,0Total 2.118,3 1.860,8 3.009,6 3.048,7 2.132,6Total RS 2.285,1 2.006,0 3.304,6 3.198,5 2.324,7

Fonte: CEASA-RS.

2.1.5.1 Período de Oferta de Pêssego de Mesa no Mercado CEASA-RS

A safra de pêssego de mesa no Rio Grande do Sul se estende, conforme os dados queconstam na Tabela 10, Período de oferta de pêssego de mesa no mercado na CEASA/RS, emtoneladas.

Pelo exame da média das safras, o pico de entrada de pêssego no mercado ocorreu emdezembro, sendo que em 3 meses se comercializou 86,7% do pêssego que passou pela CEASA/RS, do restante do período de comercialização.

A maior safra foi em 89/90, sendo que houve redução de 44,6% para a safra 91/92.

Tabela 10 - Período de oferta de pêssego de mesa no mercado da CEASA/RS emtoneladas

Safra Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Total

85/86 119,6 286,6 119,2 250,7 53,5 829,686/87 126,9 315,8 647,0 490,2 256,8 1.836,787/88 324,2 713,2 748,8 438,5 97,4 2.324,788/89 127,1 944,5 1.116,2 691,9 317,1 3.198,589/90 52,3 753,0 1.225,7 1.271,6 0,0 3.304,690/91 136,2 589,3 731,7 373,0 173,7 2.006,091/92 123,5 540,9 778,2 638,9 200,0 2.285,1Média 144,2 591,9 766,7 593,5 156,9 2.255,0

Fonte: CEASA-RS.

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O Gráfico 1 mostra a curva de comercialização de pêssego de mesa, média do períododas safras 1985/86 a 1991/92, na CEASA-RS, em toneladas. Verifica-se que o pico decomercialização ocorreu em dezembro, como mostra a Tabela 10.

2.1.5.2 Período de Oferta de Pêssego da Microrregião Homogênea da GrandePorto Alegre

Na microrregião homogênea da Grande Porto Alegre, conforme a Tabela 11,comercialização de pêssego de mesa por safra originária da microrregião homogênea da grandePorto Alegre, na CEASA/RS, em toneladas, verifica-se que a maior oferta ocorreu nos meses denovembro e dezembro, sendo em novembro o pico de maior comercialização.

Verifica-se que os produtores comercializaram 81,8% de sua safra em apenas 2 meses decolheita, em termos médios de safra. Houve uma diminuição da safra 90/91 para a de 91/ 92, decerca de 40,3%.

Tabela 11 - Período de oferta de pêssego de mesa proveniente da microrregiãohomogênea da Grande Porto Alegre, em toneladas, na CEASA-RS

Safra Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Total

91/92 120,2 398,8 290,0 30,6 0,0 842,790/91 125,5 511,8 333,8 20,3 0,0 992,589/90 51,7 639,0 749,3 174,2 0,0 1.616,088/89 121,8 805,4 598,0 45,1 17,5 1.587,887/88 311,1 536,0 344,8 23,9 5,0 1.220,886/86 118,6 227,0 352,8 75,5 3,2 781,685/86 116,3 361,0 139,0 25,2 2,8 650,6Média 137,9 497,0 401,1 56,4 4,1 1.098,9

O Gráfico 2 mostra a curva de comercialização de pêssego de mesa, média do período desafras 1985/86 a 1991/92, proveniente da microrregião homogênea da Grande Porto Alegre,CEASA-RS, em toneladas. Observa-se que houve um pico de comercialização em novembro.

2.1.5.3 Período de Oferta de Pêssego de Mesa da Microrregião HomogêneaVitivinicultora de Caxias do Sul

O comportamento da oferta de pêssego de mesa desta microrregião homogênea estáestampado na Tabela 12, Comercialização de pêssego de mesa por safra, originário da microrregiãovitivinicultora Caxias do Sul, na CEASA/RS, em toneladas.

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O pico de comercialização de pêssego ocorreu em janeiro, sendo que em dois meses,dezembro e janeiro, comercializaram os produtores 77,7% do total colhido, em termos médios desafra.

O Gráfico 3 mostra a curva de comercialização do pêssego de mesa, média do período desafras 1985/86 a 1991/92, proveniente da microrregião homogênea vitivinicultora, na CEASA/RS,em toneladas. Verifica-se que o pico de comercialização ocorreu em janeiro.

Tabela 12 - Período de oferta de pêssego de mesa proveniente da microrregiãohomogênea vitivinicultora de Caxias do Sul, em toneladas na CEASA-RS

Safra Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Total

91/92 1,5 136,2 450,0 590,0 189,6 1.367,390/91 1,0 64,0 345,9 337,6 146,8 895,389/90 0,0 82,0 389,6 994,8 0,0 1.466,488/89 0,0 101,4 494,0 628,6 277,0 1.501,087/88 3,4 155,8 328,5 406,4 84,9 979,086/87 3,2 118,1 232,8 401,1 246,6 1.001,885/86 3,3 36,5 64,3 213,5 36,5 354,1Média 1,8 99,1 329,3 510,3 140,2 1.080,7Fonte: CEASA-RS.

2.1.6 Destino da Produção de Pêssego de Mesa para Outros Estados

A exportação de pêssego de mesa para outros Estados está mostrada na Tabela 13,destino do pêssego de mesa para outros Estados, entrada anual em toneladas nas CEASAS eCEAGESP.

Tabela 13 - Destino da produção de pêssego de mesa para outros estados, em toneladas

Mercado 1987 1988 1989 1990 1991(1)

CEASA-PR 13,8 3,6 3,8 130,7 62,2CEASA-MG 0,0 35,5 78,5 74,9 0,0CEASA-RJ 559,7 969,2 1.042,9 1.411,0 388,5(1)CEASA - Campinas 0,0 0,0 1,6 0,0 0,0CEAGESP-SP 346,5 523,7 596,5 1.114,9 170,7(1)CEASA-SC 97,7 60,6 74,9 44,3 70,7Total 1.017,7 1.592,6 1.798,2 2.775,8 697,1

(1) Comercialização de pêssego dos meses de janeiro e fevereiro de 1991.Fonte: CEASA-PR/MG/RJ/SC/Campinas/GEAGESP-SP.

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GRÁFICO 1 - Curva de comercialização de pêssego de mesa, média doperíodo de safras 1985/86 a 1991/92, na CEASA/RS, emtoneladas

0

100

200

300

400

500

600

700

800

Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro

Fonte: CEASA/RS.

Toneladas

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GRÁFICO 2 - Curva de comercialização de pêssego de mesa, no período desafras 1985/86 a 1991/92 proveniente da microrregiãohomogênea da Grande Porto Alegre, na CEASA/RS, emtoneladas

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro

Fonte: CEASA/RS.

Toneladas

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GRÁFICO 3 - Curva de comercialização de pêssego de mesa, média doperíodo de safras 1985/96 a 1991/92, proveniente damicrorregião homogênea vitivinicultora de Caxias do Sul, naCEASA/RS, em toneladas

0

100

200

300

400

500

600

Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro

Fonte: CEASA/RS.

Toneladas

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Observa-se que há uma crescente exportação de pêssego de mesa, e, também, deindústria, para mesa.

O maior mercado é da CEASA/RJ, sendo que a CEAGESP, em São Paulo, é a outraalternativa para a produção gaúcha.

A Tabela 14 apresenta a comercialização do pêssego produzido nas microrregiõeshomogêneas da Grande Porto Alegre e Vitivinicultora de Caxias do Sul que deu entrada naCEASA/RJ e CEAGESP/SP, por safra, em toneladas.

Tabela 14 - Comercialização de pêssego de mesa produzido nas microrregiõeshomogêneas da Grande Porto Alegre e Vitivinicultora de Caxias do Sul,com entradas na CEASA-RJ e CEAGESP, São Paulo, em toneladas

Safra Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Total

87/88 169,9 252,7 314,5 280,4 18,4 1.035,4

88/89 172,4 347,2 670,6 285,5 171,9 1.647,6

89/90 9,5 221,3 822,7 1.412,2 269,4 2.735,1

91/92 22,4 144,8 518,6 419,8 171,1 1.276,7

Média 93,5 241,5 581,6 599,6 157,7 1.673,7

Fonte: CEASA-RS - CEAGESP-SP.

Verifica-se que os meses de dezembro e janeiro foram os de maiores ofertas, sendocomercializados em termos médios 70,6% da safra. A safra 89/90 foi a de maior oferta no período.

Tomando-se os dados da Tabela 10, safras 1987/88 a 1991/92 e da Tabela 14, mesmoperíodo de safras, teremos a Tabela 15, que representa a oferta de pêssego de mesa que foi aomercado CEASA-RS e de outros Estados, em toneladas.

Tabela 15 - Oferta de pêssego de mesa no mercado do RJ e SP e CEASA-RS, emtoneladas

Safra Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Total

87/88 494,1 965,9 1.062,9 719,9 115,8 3.358,6

88/89 299,5 1.291,7 1.786,8 977,4 489,0 4.844,4

89/90 61,8 974,3 2.048,4 2.635,7 269,3 5.989,5

90/91 158,6 734,1 1.220,6 759,8 344,8 3.217,9

91/92 145,9 685,7 1.296,8 1.058,7 371,1 3.558,2

Média 232,0 930,3 1.483,1 1.203,3 318,0 4.193,7

Fonte: CEASA-RS/PR/MG/RJ/Campinas/CEAGESP-SP.

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Verifica-se que a maior safra foi a de 89/90, sendo que as duas safras seguintes jámostram queda na oferta. Os meses de grande oferta são dezembro e janeiro, sendo que osprodutores comercializaram nestes meses 64,4% do total da safra, em termos médios.

O período de oferta se estende por 5 meses.O que seria desejável é que a distribuição da oferta pelos 5 meses fosse mais uniforme,

aumentando nos meses de outubro e de fevereiro.Isto somente será alcançado quando a pesquisa lançar cultivares de pêssegos mais

precoces e mais tardios, plantando-as em microclimas com invernos mais amenos para as precocese mais frios para as tardias.

Com a combinação de cultivares e plantio em microclimas, poderá o Rio Grande do Sul termais presença nos mercados de outros Estados, bem como ter maior oferta no mercado do RioGrande do Sul.

Para os pêssegos precoces se abrem boas perspectivas no MERCOSUL, pois no Uruguaie na Argentina, a colheita tem seu pico de comercialização em janeiro. A produção da MRH daGrande Porto Alegre terá um mercado francamente comprador.

2.2 Produção dos Países do MERCOSUL

A cultura do pêssego na Argentina está localizada a nordeste da Grande Buenos Aires emais para o norte do País, na província de Mendoza, onde se concentra o parque industrialconserveiro.

Obviamente que em Mendoza está a maior área plantada com pêssego que abastece osetor industrial de conservas.

A produção de pêssego anda ao redor de 250.000t, sendo que para consumo de mesa sãodestinadas 60.000t. Não existe cultivo para mesa e indústria, sendo de duplo propósito.

A produtividade média é de 10t/ha.A colheita se inicia em dezembro indo até março, sendo que o pico de maior oferta é em

janeiro.A concentração do parque industrial de frutas e de hortaliças está naquela província,

sendo que representa 80% da industrialização argentina.Em Mendoza, a indústria conserveira ocupa a terceira posição em importância na

atividade industrial, sendo superada pela de processamento de petróleo e vinho, respectivamente.A exportação de conservas de Mendoza representa 24,6% do total das exportações

mendocinas.A Tabela 16 apresenta a distribuição da capacidade de industrialização de hortícolas, em

1990, em Mendoza.Pela interpretação dos dados que nela constam, 17% das indústrias detém 45% da

capacidade total de processamento de pêssego e de tomate, sendo que o pêssego representa 36,7%.Deduz-se, ainda, que 16 indústrias têm capacidade superior a 5 milhões de quilogramas

anuais, sendo que isso representa 73% da capacidade total. Destes, 69,7% é a industrialização dopêssego.

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Tabela 16 - Distribuição da capacidade de industrialização de hortaliças em Mendoza,1990, Argentina

Total de empresascom capacidade

em milhões de kgCapacidade total Pêssego Tomate

Participaçãorelativa deestabelec.

Número deestabelec.

- Menos de 1 1 0,3 1 10 4

- de 1 a 5 26 30,0 23 51 21

- de 5,1 a 10 28 33,0 25 22 9

- mais de 10 45 36,7 51 17 7

Total 100 100 100 100 41

Fonte: Direción de Estatisticas e Investigaciones de Mendoza - DEIE.

A quantidade de matéria-prima que as indústrias processam está retratada na Tabela 17.

Tabela 17 - Quantidade de matéria-prima que as indústrias processam em Mendoza,Argentina, em 1990

Capacidade emmilhões de kg

Pêssego e outrasfrutas

Tomate TotalNúmero deestabelec.

- Menos de 1 0 0 0 4

- De 1 a 5 22 18 19 21

- De 5,1 a 10 34 23 27 9

- Mais de 10 44 59 54 7

Total 100 100 100 41

Fonte: Direción de Estatistica e Investigaciones de Mendoza - DEIE.

Verifica-se que 7 indústrias processam 54% da matéria-prima que chega ao parqueindustrial de Mendoza. O pêssego e outros frutos representam 44% deste total processado pelasindústrias.

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As 16 indústrias são responsáveis pelo processamento de 81% da matéria-prima quechega ao parque industrial mendocino.

A industrialização em Mendoza, quanto à matéria-prima que é consumida pelo seu parqueindustrial, está retratada na Tabela 18.

No que se refere ao pêssego, verifica-se que, a partir da safra 1982/83, houve umcrescente na industrialização, ligeira queda em 1985/86, voltando a crescer em 1987/88, sendo queexperimentou nova queda em 1988/89, voltando a crescer até 1990/91, onde teve uma elevação naindustrialização, em relação a 1989/90 de cerca de 30%. Neste quadro de matéria-prima empregadapela indústria mendocina, o pêssego representou 76,5% do total das demais frutas na safra 1990/91.

Com relação à quantidade de pêssego em conserva, está apresentada na Tabela 19, onderessalta o processamento da safra 1990/91 em relação a 1989/90, havendo um acréscimo de 53,5%.

A conserva de pêssego na safra 1990/91 representou 93,9% do total de frutosindustrializados no parque industrial de Mendoza.

Quanto a polpa e doces de pêssego, as quantias industrializadas estão na Tabela 20, ondese verifica um decréscimo na ordem de 30% da safra 1990/91, em relação a 1989/90.

Quanto a polpa e doces, o pêssego tem menor representatividade, caindo para 37,9% dototal processado.

As exportações da Argentina em frutas secas, legumes, frutas e hortaliças, em 1990,estão na Tabela 21.

Pelo exame desta tabela, verifica-se que as exportações para os Países da AméricaLatina são poucas, representando 25,9% do total exportado em legumes, frutas e hortaliças emconserva.

O destino das exportações da indústria conserveira da Argentina em 1990 está retratadona Tabela 22. Verifica-se que a maior exportação é para os USA, com 51,2% do total exportado.As exportações para o Brasil significaram 15%, sendo que para os Países Baixos foram da ordemde 14,2%. Estes três Países constituem o mercado consumidor de frutas e hortaliças processadas eexportadas pela Argentina, representando 80,4% do total exportado.

As frutas e hortaliças exportadas por Mendoza em 1990, de janeiro a maio, estão naTabela 23, onde o pêssego em conserva representa 18% do total exportado.

2.3 Produção dos Principais Estados Produtores no Brasil

A área plantada dos principais Estados produtores está na Tabela 3.Observa-se que o Rio Grande do Sul é o maior produtor de pêssego do Brasil, sendo

secundado pelo Estado de São Paulo.Segundo informações das EMATERs de cada Estado e do IEA, Instituto de Economia

Agrícola de São Paulo, a área cultivada nos Estados produtores consta no Quadro 1, a seguir.

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Quadro 1 - Área de pêssego dos Estados produtores - Ano 1992

Estados Área

Rio Grande do Sul 13.226,1

São Paulo 3.400,0

Santa Catarina 1.200,0

Paraná 700,0

Minas Gerais 172,0

Espírito Santo 40,0

Rio de Janeiro 10,0

Fonte: EMATER/RS-SC-PR-MG-ES-RJ.IEA-SP.

A evolução Estadual da produção de pêssego de indústria, ocorrente na região dacoordenadoria da Zona Sul, está estampada na Tabela 4, onde se pode verificar a diminuição daprodução, bem como uma diminuição da área cultivada.

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Tabela 18 - Industrialização em Mendoza, Argentina quanto a matéria-prima que é consumida pelo parque industrial em toneladas

Frutas 1982/83 1983/84 1984/85 1985/86 1986/87 1987/88 1988/89 1989/90 1990/91 (%)

Cerejas 221,00 487,00 492,00 442,00 503,00 564,00 587,00 981,00 532,00 0,5

Ameixas 3.068,00 2.740,00 3.792,00 2.701,00 2.770,00 3.989,00 3.205,00 3.287,00 2.526,00 2,6

Damascos 17.801,00 25.330,00 19.937,00 5.307,00 8.122,00 10.044,00 9.972,00 11.358,00 8.690,00 8,8

Pêssegos 53.943,00 58.583,00 63.568,00 62.772,00 66.785,00 68.585,00 52.741,00 58.403,00 75.598,00 76,5

Marmelos 9.763,00 10.485,00 7.953,00 8.537,00 6.175,00 6.712,00 7.582,00 8.369,00 7.957,00 8,0

Peras 1.325,00 1.736,00 1.578,00 7.908,00 3.790,00 2.235,00 3.333,00 4.041,00 3.548,00 9,6

Fonte: Camara de la fruta em Mendoza.

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Tabela 19 - Quantidade de frutas em conservas processada pela indústria em Mendoza, Argentina, por safra, em toneladas

Frutas 1982/83 1983/84 1984/85 1985/86 1986/87 1987/88 1988/89 1989/90 1990/91 (%)

Cerejas 228,00 528,00 682,00 367,00 507,00 401,00 313,00 839,00 799,00 1,3

Ameixas 985,00 1.018,00 1.015,00 948,00 851,00 1.123,00 1.112,00 971,00 1.061,00 1,7

Damascos 1.426,00 1.584,00 1.176,00 366,00 782,00 839,00 1.194,00 1.589,00 943,00 1,5

Pêssegos 38.366,00 41.190,00 44.402,00 45.146,00 46.975,00 4.948.695,00 36.097,00 38.777,00 58.614,00 93,9

Peras 703,00 712,00 648,00 857,00 963,00 821,00 774,00 861,00 971,00 1,6

Fonte: Camara de la fruta em Mendoza.

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Tabela 20 - Quantias industrializadas quanto a polpa e doces de frutas processadas pela indústria de Mendoza, Argentina, por safra, emtoneladas

Frutas 1982/83 1983/84 1984/85 1985/86 1986/87 1987/88 1988/89 1989/90 1990/91 (%)

Cerejas 104,00 202,00 56,00 306,00 248,00 445,00 567,00 632,00 - -

Ameixas 3.617,00 3.092,00 4.674,00 3.104,00 3.304,00 4.861,00 3.695,00 3.960,00 2.728,00 7,8

Damascos 11.035,00 16.147,00 12.780,00 3.349,00 4.904,00 6.192,00 5.787,00 6.362,00 5.140,00 14,7

Pêssegos 12.880,00 14.464,00 15.988,00 13.887,00 16.471,00 15.461,00 14.007,00 17.206,00 13.205,00 37,9

Marmelos 14.645,00 15.728,00 11.930,00 12.806,00 9.263,00 10.069,00 11.374,00 12.553,00 11.935,00 34,2

Peras 357,00 677,00 614,00 5.470,00 2.069,00 967,00 1.013,00 2.372,00 1.867,00 5,4

Fonte: Camara de la fruta em Mendoza.

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Tabela 21 - Exportações da Argentina em frutas secas, legumes, frutas e hortaliças em1990

A.L.A.D.I. Extrazona

ProdutosTotal Milhões

(US$) (US$) (%) (US$) (%)

− Frutas secas 20,38 10,99 20,44 9,39 6,10

− Legumes, frutashortaliças emconserva

187,36 42,77 79,56 144,59 93,90

Total em (US$) 207,74 53,76 100 153,98 100

Total em (%) 100 100 25,88 74,12 100

Fonte: Direción de Estatistica e Investigaciones de Mendoza - DEIE.

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Tabela 22 - Destino das exportações da indústria conserveira da Argentina em 1990

Países de Destino Frutas secasmilhões (US$)

Legumes e hortaliças frutasem conserva milhões (US$)

Países Baixos 0,60 25,81

Estados Unidos 2,47 92,87

Alemanha Ocidental 1,27 1,59

Brasil 10,40 27,32

URSS 0,00 0,07

Itália 0,61 0,38

México 0,36 9,98

França 0,19 2,75

Chile 0,01 0,69

Espanha 1,26 3,98

Inglaterra 0,24 1,06

Venezuela 0,03 0,64

Japão 0,12 5,44

Cuba 0,00 0,34

Peru 0,10 0,31

Uruguai 0,05 2,89

Israel 0,10 1,16

Canadá 0,02 3,03

Polônia 0,00 0,16

Portugal 0,10 0,00

Coréia do Sul 0,00 0,03

Austrália 0,00 0,66

Checoslováquia 0,07 0,00

Colômbia 0,00 0,38

Total 18,00 181,54

Fonte: Instituto Nacional de Estatisticas y Censos - INDEC.

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Tabela 23 - Representatividade das frutas e hortaliças exportadas por Mendoza em 1990de janeiro a maio, Argentina

ExportaçõesProdutos

(t) (US$)

Pêssegos processados 10.435,00 6.148.151,00

Damascos processados 268,00 178.055,00

Peras processadas 395,00 228.922,00

Cerejas processadas 0,00 0,00

Saladas de frutas 1.141,00 742.064,00

Suco de frutas 709,00 511.408,00

Chimíers 1.744,00 1.240.815,00

Mostos 28.099,00 8.665.848,00

Tomates 3.704,00 1.986.322,00

Extratos 10.281,00 10.235.994,00

Outros legumes 1.127,00 1.449.457,00

Total 57.903,00 31.424.036,00

Fonte: Instituto Nacional de Estatisticas y Censos - INDEC.

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3 CARACTERÍSTICAS

3.1 Clima, Solo e Zoneamento Agroclimático

3.1.1 Clima

O pessegueiro é basicamente uma planta de clima temperado. Os mais importantescentros de produção comercial situam-se, por esta razão, entre as latitudes de 30 graus a 45 grausN e S. As latitudes maiores, a temperatura mínima de inverno e as geadas de primavera são fatoreslimitantes.

Para completar uma floração e entrar em brotação, as gemas floríferas e vegetativasdevem atravessar um período de repouso a temperaturas relativamente baixas. Essa exigênciafisiológica é convencionalmente medida pelo número de horas de frio inferiores a 7,2 graus,necessários para superar a fase de repouso. É muito importante que no transcurso do inverno hajafrio suficiente para que a planta repouse bem. Sendo o pessegueiro uma planta de folhas caducas,esse processo se inicia com a queda das folhas, no fim do outono, e se prolonga pelo inverno, até oinício de brotação.

As geadas pouco antes, durante e depois do florescimento, e nas primeiras fases dedesenvolvimento dos frutos, constituem um dos mais sérios problemas da cultura.

O pessegueiro naturalmente requer uma queda considerável de chuva durante o períododa primavera e do verão, suportando períodos breves de seca. Deficiência hídrica prolongadaocasiona perdas na colheita.

Chuvas excessivas durante a floração, período vegetativo e, especialmente, próximo edurante a colheita, multiplicam as perdas, devido aos ataques de doenças.

Ventos fortes e frios são prejudiciais ao pessegueiro.

3.1.2 Solo

O pessegueiro prospera bem em solos profundos, permeáveis e bem drenados. As raízesnecessitam de uma boa aeração para terem bom desenvolvimento. Por isto, o requisito básico éuma perfeita drenagem. Solos duros e impermeáveis, argilosos ou rochosos não proporcionam bomdesenvolvimento das plantas, tornando-as fracas e decadentes. Terras que acumulam água daschuvas e com lençol freático alto, ou 25 - 30cm da superfície, são impróprias para o cultivo.

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O pessegueiro adapta-se a diferentes tipos de solo, sendo que os melhores são osarenosos, com argila de até 40% e permeáveis.

O pH mais favorável está entre 6 - 6,5, onde se obtêm maiores produtividades.A matéria orgânica no solo é também de valor, pois os nutrientes estão mais disponíveis,

melhora a estrutura de solo e aumenta a penetração da água.Quanto a topografia, preferir terras onduladas ou encostas não muito dobradas. Terras

muito dobradas podem ter um diferencial em temperatura da parte mais baixa para a mais alta, que,com geadas, pode comprometer a produção. Preferir topografias de solo que drenem o ar frio noperíodo de inverno e terrenos bem ensolarados.

3.1.3 Zoneamento Agrícola

A grande maioria das cultivares de pêssego plantadas no Brasil requerem 200 a 500 horasde frio abaixo de 7,2 graus centígrados, para florescerem, enfolharem e produzirem normalmente.

Em determinadas regiões do País, Sul e Sudeste, são encontradas condições climáticasfavoráveis à cultura do pessegueiro. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, algumas regiões,com elevações de 1.000 metros, apresentam um número médio de horas de frio acima de 600horas. Na região de cultivo de pessegueiro em Pelotas, a uma altitude de 100 - 300m, a quantidadede horas de frio é ao redor de 400 horas. Próximo à capital, a média alcança 200 horas.

3.2 Parque de Máquinas Agrícolas

Na cultura do pêssego para a indústria, há mecanização nas lavouras dos pequenosprodutores; 50% utilizam a mecanização de seus cultivos, sendo que os demais empregam amecanização de tração animal e trabalho braçal.

Os médios e os grandes produtores de pêssego, em quase sua totalidade, usam amecanização agrícola em seus cultivos.

Como maquinaria agrícola de tração mecânica, são usados tratores, microtratores etratores pequenos, arados, grades e discos laterais, enxadas rotativas, pulverizadores acopladosturbinados e com tanques com mangueiras e pistolas, pulverizadores costais manuais, pulverizadoresmanuais tipo capeta, roçadeiras mecânicas, carretas agrícolas tracionadas por trator, entre outrosequipamentos.

Entre os pequenos produtores que mecanizam seus cultivos, 50% tem microtratores epequenos tratores.

Os microtratores estão equipados com enxadas rotativas, roçadeiras frontais e comtanque acoplado para pulverizações, com mangueiras e pistolas. Os tratores pequenos estãoequipados com pulverizadores turbinados e com tanques com mangueiras e pistolas para fazer ostratos fitossanitários, além de grades laterais e roçadeiras.

A idade média das máquinas agrícolas é de 15 anos, em média.

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Os restantes 50%, que não usam maquinaria agrícola motorizada, fazem seus tratosculturais com tração animal e manual. Fazem lavração, gradeação e capinas com tração animal,capinam a mão as linhas dos pessegueiros, pulverizam manualmente seus plantios, sendo que hápulverização com motobombas com mangueiras e pistolas.

Quase todos os pequenos produtores, no período do inverno, lavram seus pomares nasentrelinhas, capinam manualmente na linha, fazem capina de tração animal ou gradeiam o solo porocasião do raleio, a fim de facilitar a colheita.

Os médios e grandes produtores têm tratores pequenos e médios, com todos osequipamentos necessários para os tratos culturais pertinentes ao cultivo.

Os produtores médios e grandes, conforme o tempo que ocorre na época das capinas, sechuvoso, ou conforme a disponibilidade de mão-de-obra e a quantia de inços, empregam a capinaquímica, através de herbicidas.

Estes produtores não dispensam a maquinaria agrícola, sob o risco de tornar inviável seuempreendimento.

3.2.1 Preparo do Solo

Todos os produtores, para implantarem seus plantios, lavram com trator a terra.Como já foi acima referido, os pequenos produtores fazem 50% dos tratos culturais com

tração mecânica e 50% fazem com tração animal e tratos braçais.Os médios e grandes produtores fazem todos os tratos culturais com equipamentos de

tração mecânica.

3.2.2 Utilização de Insumos

O plantio de pessegueiro é feito através de enxertos de boa qualidade, havendo umadiversificação de cultivares. As cultivares plantadas, tanto por pequenos, como por médios egrandes, são o Diamante, o Cerrito, Capdebosq, Magnum, Aldrigue, Esmeralda, BR-2, BR-3, entreoutros.

Os pequenos produtores cultivam pêssegos mais precoces, predominando o Diamante,também apresentando diversificação de cultivares.

No que diz respeito a adubação, quase todos os pequenos produtores de pêssego fazemadubação de inverno com uma fórmula de adubo. Destes, 50% fazem adubação de cobertura,sendo que somente 10% fazem adubação após a colheita. As adubações feitas pelos produtores, deum modo geral, não seguem um resultado de análise de solo prescrita por um técnico, sendo que aquantia de adubo empregada não é a recomendada.

Os médios e grandes produtores fazem as adubações químicas com mais critérios, o quelhes proporciona melhores produtividades.

Os tratamentos fitossanitários que são feitos pelos produtores são contra doenças epragas. Poucos fazem o tratamento de inverno, sendo mais executados os tratamentos de primavera

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e de verão. Estes tratamentos são contra a podridão parda e a antracnose, como doenças principais,bem como o controle das pragas, como a mosca-das-frutas e da grafolita.

Pode-se dizer, de um modo geral, que os pequenos produtores estão deixando de fazer umadequado tratamento fitossanitário em seus pomares, em virtude do alto custo dos agrotóxicos e dabaixa remuneração pelo seu produto pelas indústrias.

3.2.3 Tratos Culturais

Todos os produtores fazem a poda de inverno, sendo que o desbrote é feito por quase atotalidade dos produtores de pêsssego indústria.

O raleio ou desbaste de frutos é outro trato cultural que os produtores efetuam, em virtudeda comercialização pagar pela classificação do pêssego.

A irrigação não é feita pelos pequenos produtores sendo que os grandes já a efetuam emseus cultivos.

3.2.4 Colheita, Cura Natural ou Artificial

O ponto de colheita para o pêssego varia de acordo com a sua preferência da indústria.Umas preferem a fruta bem amarela, sendo que outras preferem a fruta pintão, isto é, a

tonalidade na transição do verde para o amarelo, apresentando partes esverdeadas e amareladas.O tempo ideal que transcorre, da colheita até o início da industrialização do pêssego, é de

4 horas, a fim de dar um melhor rendimento e qualidade ao produto processado.No entanto, o pêssego chega a levar até 48 horas para ser industrializado. O tempo

normal, que uma carga leva para vir do interior e ser processada, tem sido de 24 horas.Observe-se que leva 6 vezes mais tempo que o ideal.Portanto, muitas perdas ocorrem até ser processado. E exige muitos retoques na fruta

durante a industrialização.Outra situação que ocorre é a falta de cuidado na colheita e no transporte, ocasião em que

sofre muitas batidas, que provocam danos fisiológicos e mecânicos, diminuindo o rendimento naindustrialização.

3 .3 Pêssego de Mesa

3.3.1 Parque de Máquinas Agrícolas

Na cultura do pêssego de mesa, todos os produtores utilizam a mecanização agrícola.Esta maquinaria agrícola é composta por microtratores e tratores pequenos, arados,

grades de discos, pulverizadores acoplados, turbinados e com tanques com mangueiras e pistolas,carreta agrícola tracionada por trator, carretas agrícolas motorizadas, motobombas parapulverização, entre outros equipamentos agrícolas.

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Os microtratores estão equipados com enxadas rotativas, roçadeiras frontais e comtanques acoplados para pulverizações, com mangueiras e pistolas. Os tratores pequenos estãoequipados com pulverizadores turbinados e acoplados e com tanques para fazerem os tratamentosfitossanitários.

A idade média da maquinaria agrícola é de 15 anos.

3.3.2 Preparo do Solo

Todos os produtores, para implantarem seus pomares, lavram o solo com tratores. Naregião da Serra, os produtores fazem a subsolagem na implantação do pomar, prática que os dePorto Alegre não efetuam.

Quase todos os produtores de Porto Alegre lavram ou gradeiam o solo no período deinverno, sendo que muito poucos fazem a roçada. Na região da Serra, o solo é mantido roçado enão é mobilizado durante o cultivo.

3.3.3 Utilização de Insumos

O plantio de pessegueiros é feito através de enxertos de boa qualidade, havendo umadiversidade de cultivares.

As mais plantadas são o Fla, Premier, Marli, Peach, o Sulina, Sentinela, Coral, entre outrasde menor expressão, cultivadas na MRH da Grande Porto Alegre. Na MRH vitivinicultora deCaxias do Sul, a cultivar mais plantada é o Chiripá, que tem produção tardia, necessitando de maisfrio para produzir.

No que diz respeito à adubação, todos os produtores a fazem nos seus cultivos. Fazem aadubação química de inverno ou substituem a química pela adubação orgânica. Poucos produtoresfazem as adubações de cobertura nos pessegueiros.

As adubações feitas pelos produtores, de um modo geral, não seguem uma recomendaçãode análise de solo e uma prescrição de um técnico.

Quanto aos tratamentos fitossanitários de inverno, alguns produtores os fazem no períodode repouso vegetativo dos pessegueiros. Na MRH vitivinicultora de Caxias do Sul, os tratamentosde inverno já são mais empregados pelos produtores.

Os tratamentos fitossanitários mais usados são no período de florescimento e frutificação,para controlar a podridão parda e a antracnose, doenças mais comuns na cultura do pêssego.

A praga que mais ocorre e que ocasiona prejuízos é a mosca-das-frutas, podendo ocorrera broca dos ponteiros. Todos fazem seu controle.

Todos os produtores fazem tratamentos fitossanitários para combater as doenças e aspragas.

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3.3.4 Tratos Culturais

Todos os produtores fazem a poda de inverno, sendo que a poda verde é feita pelamaioria.

O desbaste ou raleio de frutos não é feito pelos produtores de pêssego de mesa, sendoque realizam uma poda mais curta e uma retirada maior de ramos de ano na poda de inverno,conforme a cultivar.

A irrigação não é feita pelos produtores de pêssego, sendo que algumas iniciativas derambons resultados.

Na MRH Vitivinicultora de Caxias do Sul, os produtores não fazem o consórcio comoutras culturas.

Não mobilizam o solo no período de cultivo, deixando a vegetação nativa ocupar o terreno,mantendo-o roçado, quando for necessário, na época de competição em água e alimentos com opessegueiro.

Na MRH da Grande Porto Alegre, muitos produtores fazem um consórcio de hortaliçasde porte baixo com o pessegueiro. Este plantio é feito no período de repouso vegetativo, que vai demarço-abril até setembro, quando começa o enfolhamento e sombreamento para as hortaliças.

Existem produtores que não fazem nenhum tipo de consórcio, plantando somente pêssegoou ameixa ou somente hortaliças.

3.3.5 Colheita, Cura Natural ou Artificial

Todas as cultivares têm um ponto adequado de colheita.Para o pêssego de mesa, conforme o seu destino, se vai para a CEASA/RS ou para

outros Estados, o ponto de colheita variará. Se o pêssego vai à CEASA/RS, e ainda viajará, nãopode ser maduro, necessitando ser colhido antes. Caso se destine a outros Estados, como viajarápor várias horas e quilômetros, necessita ser apanhado mais verde do que o ponto para o mercadoCEASA/RS.

Para o pêssego maduro, que não poderá suportar longas viagens, resta a venda para asinúmeras bancas espalhadas pelo centro da cidade de Porto Alegre, cuja venda será direta aoconsumidor. Há necessidade de agilidade nesta comercialização.

Como o pêssego de mesa viaja às vezes quilômetros e por horas, o ponto de colheitadepende do destino e tempo de transporte.

3.4 Número de Estabelecimentos e Respectivas Áreas em Estratos

3.4.1 Pêssego de Indústria

Devido à inexistência de dados estatísticos oficiais, a presente estratificação das áreasplantadas com pêssego foi obtida através de um consenso com o Sindicato dos TrabalhadoresRurais, Associação Gaúcha de Produtores de Pêssego e da EMATER/RS, de Pelotas, queestimaram a estratificação das áreas cultivadas com pêssego para a indústria conforme a Tabela24.

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Tabela 24 - Estratificação das áreas cultivadas com pêssego para a indústria

Propriedades (%)

Menos de 10ha 80

Entre 10 a 30ha 15

Com mais de 30ha 5

Fonte: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pelotas - STR.

Verifica-se que áreas com menos de 10ha representam 80% do total de produtores queplantam pêssego para indústria na Zona Sul do Estado.

Segundo estas mesmas fontes, os grandes produtores são responsáveis por mais de 50%da produção total, os médios produtores contribuem com 35% da produção e os pequenos produzem15% do total.

Estimam estas fontes que devem existir cerca de 2.000 produtores de pêssego de indústriaem toda a Zona Sul do Estado.

3 .4 .2 Pêssego de Mesa

Como não existem dados estatísticos oficiais sobre a estratificação de áreas plantadascom pêssego de mesa, os dados foram obtidos com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de PortoAlegre, estimados conforme a Tabela 25.

Tabela 25 - Estratificação de áreas plantadas com pêssego de mesa

Propriedades (%)

Menos de 10ha 70

Entre 10 a 30ha 25

Com mais de 30ha 5

Fonte: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pelotas - STR.

Pelo exame dos dados desta tabela, verifica-se que 70% dos plantios têm uma área menorque 10ha.

3.5 Número de Produtores de Pêssego que têm na Cultura uma DependênciaEconômica

Os pequenos e médios produtores de pêssego para indústria dependem em maior oumenor grau da cultura.

Segundo informações colhidas, 70% não têm uma dependência econômica da cultura, aopasso que dos médios, 90% têm dependência econômica na cultura.

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Os pequenos produtores, por terem uma área menor plantada com pêssego, têmcondições de se dedicarem a outras atividades, sendo comum a batata e o gado de leite, cultivandoainda cenoura. Plantam para seu sustento, bem como para alguma venda.

Já os médios, como seus cultivos são maiores, têm que se dedicar à cultura, tendo menostempo para cuidar de outras culturas e criações, possuem, portanto, maior dependência da culturado pêssego de indústria.

Os grandes produtores não dependem economicamente da cultura, sendo que ainda criamgado de corte e ovelhas num consórcio bem sucedido.

Os produtores de Pêssego de mesa não dependem economicamente da cultura. Estadependência existe em maior ou menor grau, sendo bastante difícil de quantificar valores. Isto sedeve em função de haver uma gama de alternativas para outros cultivos.

Na MRH Vitivinicultora de Caxias do Sul, os produtores não dependem economicamenteda cultura, tendo como outros cultivos a maçã, a videira e hortaliças em geral. Têm seus cultivos depêssego solteiro, sem qualquer tipo de consórcio.

Na MRH da Grande Porto Alegre, os produtores de pêssego se dedicam ao cultivo deameixa, pêra e de hortaliças.É comum o consórcio com algumas hortaliças, no período após a quedadas folhas até o início de brotação dos pessegueiros.

3.6 Organização dos Produtores Rurais

Existe, em Pelotas, a Associação Gaúcha dos Produtores de Pêssego, cujo presidente é oSr. Izidro Luiz Schiavon, com mais de 30 anos de fundação, constando que tem mais de 2.000sócios.

No município de Farroupilha, existem 3 associações de produtores de pêssego, que são:

− Associação dos Produtores de Pêssego de Linha Jacinto nº 1, com um número de 16produtores.

− Associação dos Produtores de Pêssego de Linha Jacinto nº 2, com um número de 9produtores.

− Associação dos Produtores de Pêssego da Linha 80, com 7 produtores.

Está em formação mais uma associação de produtores de pêssego naquele município.

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4 PLANILHAS DE CUSTOS

Das planilhas de custos de produção para o pêssego de indústria, abaixo desenvolvidas,uma representa o desembolso que o pequeno produtor tem para cultivar 1 hectare, plantado com500 pés e com uma produtividade de 5 toneladas por hectare. A outra planilha apresenta odesembolso de um grande produtor, para custear 1 hectare em plena produção, plantado com 500pés, uma produtividade de 18 toneladas e uma vida útil de 15 anos.

A planilha de custo para o pêssego de mesa representa o desembolso que o produtor tempara cultivar 1ha de pêssego, com 600 pés, uma produtividade de 14 toneladas por hectare e umavida útil de 12 anos.

4.1 Cotejo entre o Custo Estadual de Produção com outras Regiões do País edos demais Países que Integram o MERCOSUL

Segundo informações de técnicos da Argentina, o custo de 1 hectare de pêssego, naregião da Província de Buenos Aires, é de US$ 5.300,00 e na Província de Mendoza, é de US$4.800,00 por hectare.

O custo de produção de 1 hectare dos pequenos produtores de pêssego de indústria estána ordem de US$ 661,17, sendo que o custo de 1 hectare dos grandes produtores é de US$2.184,75.

O custo de produção de 1 hectare de pêssego de mesa é de US$ 2.559,03.

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CUSTO DE PRODUÇÃO DE 1 HECTARE DE PÊSSEGO INDÚSTRIAPARA OS PEQUENOS PRODUTORES RURAIS

1º ANO - IMPLANTAÇÃO DO POMAR

1. Mão-de-Obra

- limpeza do terreno - manual 3,5 d/h Cr$ 70.000,00- limpeza mecânica terreno 1,6 h/M Cr$ 64.000,00- lavração mecânica 4,0 h/M Cr$ 160.000,00- gradeação mecânica 2,0 h/M Cr$ 80.000,00- calagem manual 1,5 d/h Cr$ 30.000,00- marcação curvas de nível 0,7 d/h Cr$ 14.000,00- transporte calcário animal 0,8 d/A Cr$ 32.000,00- transporte adubo animal 0,8 d/A Cr$ 32.000,00- adubação na cova 2,0 d/h Cr$ 40.000,00- plantio 4,0 d/h Cr$ 80.000,00- capina animal 3,5 d/A Cr$ 140.000,00- capina mecânica 2,0 h/M Cr$ 80.000,00- capina manual 10,5 d/h Cr$ 210.000,00- tratamento fitossanitário 3,0 d/h Cr$ 60.000,00- pulverizador costal 3,0 d/M Cr$ 60.000,00- combate à formiga 1,5 d/h Cr$ 30.000,00- desbrote 3,5 d/h Cr$ 70.000,00

TOTAL Cr$ 1.252.000,00

2. Material de Consumo

- mudas 500 Cr$ 1.617.000,00- calcário 1,50 t Cr$ 300.000,00- adubo 50 kg Cr$ 40.000,00- uréia 25 kg Cr$ 34.000,00- inseticida Malatol 50 ml Cr$ 1.865,00- formicida 1 kg Cr$ 6.500,00

TOTAL Cr$ 1.999.575,00

continua...

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...continuação

2º ANO - IMPLANTAÇÃO DO POMAR

1. Mão-de-Obra

- lavração mecânica 1,5 h/M Cr$ 60.000,00- lavração tração animal 2,0 h/A Cr$ 80.000,00- poda 4,0 d/h Cr$ 80.000,00- adubação de cobertura 1,5 d/h Cr$ 30.000,00- desbrote e retirada frutos 2,5 d/h Cr$ 50.000,00- capina mecânica 5,0 h/M Cr$ 200.000,00- capina manual 9,5 d/h Cr$ 190.000,00- tratamento fitossanitário 6,0 d/M Cr$ 240.000,00- combate à formiga 1,0 d/h Cr$ 20.000,00

TOTAL Cr$ 1.020.000,00

2. Material de Consumo

- adubo 50 kg Cr$ 40.000,00- uréia 50 kg Cr$ 68.000,00- fungicidas Dithane e Benlate 0,84 kg Cr$ 49.596,00- inseticidas Malatol-Perfection 0,90 ml Cr$ 32.812,00- formicida 1 kg Cr$ 6.500,00

TOTAL Cr$ 196.908,00

continua...

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...continuação

3º ANO - MANUTENÇÃO DO POMAR

1. Mão-de-Obra

- roçada manual 2,5 d/h Cr$ 50.000,00- roçada mecânica 1,0 h/M Cr$ 40.000,00- poda e retirada ramos 17,5 d/h Cr$ 350.000,00- lavração mecânica 1,5 h/M Cr$ 60.000,00- lavração animal 1,5 d/A Cr$ 60.000,00- adubação cobertura 2,0 d/h Cr$ 40.000,00- raleio de frutos 18,0 d/h Cr$ 360.000,00- capina mecânica 1,5 h/M Cr$ 60.000,00- capina animal 1,5 d/A Cr$ 60.000,00- capina manual 12,0 d/h Cr$ 240.000,00- tratamento fitossanitário 10,0 h/M Cr$ 400.000,00- pulverização mecânica 2,5 d/M Cr$ 100.000,00- combate à formiga 1,5 d/h Cr$ 30.000,00- colheita, classificação 30,0 d/h Cr$ 600.000,00

TOTAL Cr$ 2.450.000,00

2. Material de Consumo

- adubo 175 kg Cr$ 140.000,00- uréia 50 kg Cr$ 68.000,00- formicida 1 kg Cr$ 6.500,00- fungicidas Dithane-Benlate 0,84 kg Cr$ 49.596,00- inseticidas Malatol-Perfection 0,9 ml Cr$ 37.285,00

TOTAL Cr$ 301.381,00

Custo implantação do 1º ano ......... Cr$ 3.251.575,00 ou US$ 703,71Custo implantação do 2º ano ......... Cr$ 1.216.908,00 ou US$ 263,36Custo de manutenção do 3º ano .... Cr$ 2.751.381,00 ou US$ 595,45

Custo Total:

- vida útil 15 anos ..... US$ 703,71:15 = US$ 46,91- custo 2º ano ........... US$ 263,36:15 = US$ 18,81- custo 3º ano ........... = US$ 595,45

US$ 661,17

Fonte: EMBRAPA-CNPFT - Pelotas.

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CUSTO DE PRODUÇÃO DE 1 HECTARE DE PÊSSEGO INDÚSTRIAPARA GRANDE PRODUTOR RURAL MANUTENÇÃO DO POMAR

1º PERÍODO DE INVERNO - MESES DE JUNHO A JULHO

Materiais

- fertilizantes US$ 57,00- calcário US$ 34,00- defensivos agrícolas US$ 66,50 US$ 157,50

Mão-de-Obra

- aplicação fertilizantes US$ 25,20- aplicação defensivos agrícolas US$ 25,20- subsolagem US$ 13,00- poda US$ 199,50- remoção restos poda US$ 52,00 US$ 314,90

2 PERÍODO DE PRIMAVERA - MESES DE AGOSTO A NOVEMBRO

Materiais

- fertilizantes US$ 54,00- defensivos agrícolas US$ 237,00 US$ 291,00

Mão-de-Obra

- aplicação fertilizantes US$ 18,70- aplicação defensivos agrícolas US$ 36,60- aplicação de formicida US$ 11,20- capinas US$ 128,60- anelagem US$ 28,50- raleio de frutos US$ 85,50- poda verde US$ 34,20- irrigação US$ 51,00- transporte interno US$ 52,00 US$ 457,30

continua...

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...continuação

3 PERÍODO DE VERÃO - DEZEMBRO A JANEIRO

Materiais

- defensivos agrícolas US$ 108,80 US$ 108,80

Mão-de-Obra

- aplicação defensivos US$ 25,20- irrigação US$ 61,80- colheita US$ 370,50- transporte interno US$ 156,00 613,50

4º PERÍODO DE OUTONO - FEVEREIRO A MAIO

Materiais

- fertilizantes US$ 27,00- defensivos agrícolas US$ 32,30 US$ 59,30

Mão-de-Obra

- aplicação defensivos US$ 25,20- aplicação fertilizantes US$ 9,35- aplicação formicidas US$ 11,40- poda de limpeza US$ 85,50- transporte interno 52,00 183,45

(ha)Períodos

(US$) (Cr$)Outono 243,75 72.296,00

Inverno 472,40 140.114,00

Primavera 748,30 221.946,00

Verão 720,30 213.641,00

Total 2.104,75 647.997,00

Fonte: ISAGRO - Pelotas.

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CUSTO DE 1 HECTARE DE PÊSSEGO DE MESA

1º ANO - IMPLANTAÇÃO DO POMAR

1. Insumos

- calcário 4 t Cr$ 160.000,00 US$ 118,52- fertilizantes 300 kg Cr$ 102.000,00 US$ 13,72- mudas 600 Cr$ 480.000,00 US$ 355,55- defensivo agrícola 8 kg Cr$ 59.700,00 US$ 5,33- combustível 21l Cr$ 11.400,00 US$ 8,44

TOTAL Cr$ 813.100,00 US$ 602,29

2. Mão-de-Obra

- subsolagem 8 h/M Cr$ 640.000,00 US$ 474,07- lavração 4 h/M Cr$ 120.000,00 US$ 88,89- abertura estrada 1 h/M Cr$ 80.000,00 US$ 59,26- correção solo 5 d/h Cr$ 50.000,00 US$ 37,04- plantio 8 d/h Cr$ 80.000,00 US$ 59,26- poda de formação 8 d/h Cr$ 80.000,00 US$ 59,26- adubação cobertura 1 d/h Cr$ 10.000,00 US$ 7,41- capina manual 45 d/h Cr$ 450.000,00 US$ 333,33- tratamento fitossanitário 3 d/h Cr$ 30.000,00 US$ 22,22- combate à formiga 6 d/h Cr$ 60.000,00 US$ 44,44

TOTAL Cr$ 2.413.100,00 US$ 1.787,47

2º ANO - IMPLANTAÇÃO DO POMAR

1. Insumos

- adubo cobertura 200 kg Cr$ 48.000,00 US$ 35,56- defensivo agrícola 15 l Cr$ 134.950,00 US$ 122,63- combustível 63 l Cr$ 34.200,00 US$ 25,33

TOTAL Cr$ 247.750,00 US$ 183,52

2. Mão-de-Obra

- adubação 1 d/h Cr$ 10.000,00 US$ 7,41- poda seca 6 d/h Cr$ 60.000,00 US$ 44,44- poda verde 6 d/h Cr$ 60.000,00 US$ 44,44- capina manual 15 d/h Cr$ 150.000,00 US$ 111,11- aplicação herbicida 2 d/h Cr$ 20.000,00 US$ 14,82- tratamento fitossanitário 10 d/h Cr$ 100.000,00 US$ 74,08- combate à formiga 6 d/h Cr$ 60.000,00 US$ 44,44

TOTAL Cr$ 707.750,00 US$ 524,26

continua...

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...continuação

3º ANO - MANUTENÇÃO POMAR EM PRODUÇÃO

1. Insumos

- adubação 400 kg Cr$ 112.000,00 US$ 82,96- fungicidas 80 kg Cr$ 431.770,00 US$ 319,83- inseticidas 8 kg Cr$ 121.450,00 US$ 89,96- herbicidas 41 Cr$ 68.000,00 US$ 50,37- combustível 147 l Cr$ 79.800,00 US$ 59,11- embalagens 2.350 Cr$ 822.500,00 US$ 609,26- equip. prot. individual Cr$ 59.100,00 US$ 43,78

TOTAL Cr$ 1.694,620,00 US$ 1.255,28

2. Mão-de-Obra

- adubação capina 9 d/h Cr$ 90.000,00 US$ 66,67- poda seca 25 d/h Cr$ 250.000,00 US$ 185,19- poda verde 10 d/h Cr$ 100.000,00 US$ 74,07- raleio frutos 12 d/h Cr$ 120.000,00 US$ 88,89- aplicação herbicida 3 d/h Cr$ 30.000,00 US$ 22,22- tratamento fitossanitário 23 d/h Cr$ 230.000,00 US$ 170,37- combate à formiga 5 d/h Cr$ 50.000,00 US$ 37,04- colheita, classificação 45 630.000,00 466,66

TOTAL Cr$ 1.500.000,00 US$ 1.111,11

Custo implantação do 1º ano ......... Cr$ 2.413.100,00 ou US$ 1.787,47Custo implantação do 2º ano ......... Cr$ 707.750,00 ou US$ 524,26Custo de manutenção do pomar .... Cr$ 3.194.620,00 ou US$ 2.366,39

Custo Total:

- 1º ano vida útil 12 anos ................ US$ 1.787,47 : 12 = US$ 148,95- 2º ano vida útil 11 anos ................ US$ 524,26 - 11 = US$ 23,11- 3º ano manutenção do pomar ....... = US$ 2.366,39

US$ 2.538,45

Fonte: CEPA - Secretaria da Agricultura e Abastecimento - RS.

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5 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA

5.1 Incentivos à Cultura do Pessegueiro

No presente momento, não existem incentivos para a cultura. Os estabelecimentosbancários, quando têm recursos para financiamento, somente repassam recursos de custeio.

5.2 Assistência Técnica

A Assistência Técnica é prestada aos produtores de pêssego através da EMATER/RS.É realizada através dos métodos de extensão rural durante toda a fase da cultura.Os técnicos no planejamento de suas atividades programam ações a serem desenvolvidas

na cultura, de acordo com sua importância sócio-econômica para o município.Segundo informação de sindicatos e lideranças rurais, é insuficiente, devendo haver mais

técnicos para atingir mais produtores.Além disto, queixam-se os profissionais da pouca capacitação técnica recebida para poder

bem orientar seus assistidos.

5.3 Pesquisa Agrícola

A pesquisa na cultura do pessegueiro é feita através da EMBRAPA, no Centro Nacionalde Pesquisa de Fruteiras de Clima Temperado - CNPFT, no município de Pelotas, que desenvolvepesquisa científica em pêssego para indústria e para mesa.

A Estação Fitotécnica de Veranópolis, município de Veranópolis, órgão de pesquisaagrícola estadual, também desenvolve pesquisa em pessegueiro.

A pesquisa desenvolvida em Pelotas no cultivo de pessegueiro proporcionou que a culturaatingisse os atuais níveis de produtividade, bem como o desenvolvimento do parque conserveiro noRio Grande do Sul, que é o responsável pelo abastecimento nacional de compotas de pêssego. Coma criação e lançamento de cultivares de pêssegos precoces e tardios para indústria, proporcionou-seque diminuísse sua ociosidade, operando por um período maior. A criação de cultivares de pêssegopara mesa proporcionou que se dilatasse o período da colheita e conseqüente oferta ao mercado.

Conforme informações dos pesquisadores, lutam com dificuldades financeiras para bemexecutarem suas pesquisas científicas.

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A pesquisa na cultura do pessegueiro tem dado respostas a muitos anseios de produtorese técnicos, mas tem deixado a desejar na resolução de alguns problemas.

5.4 Tributação

O tributo que incide diretamente sobre a fruta, a nível de propriedade, é o FUNRURAL,2,5% do valor da mercadoria pago ao produtor.

Indiretamente incidindo na cultura, está o ITR, imposto territorial rural, pago também peloprodutor.

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6 ARMAZENAGEM E INFRA-ESTRUTURA DE ESTRADAS ETRANSPORTE

A armazenagem para o pêssego, tanto industrial como para mesa, é insuficiente. Háinteresse por parte dos produtores para armazenar sua produção, mesmo que temporariamente,principalmente para mesa.

A infra-estrutura, estrada e transporte são satisfatórios. As estradas do interior dosmunicípios são de terra, sendo que as intermunicipais, as que dão acesso à CEASA/RS, sãoasfaltadas. O transporte de pêssego de indústria é feito por caminhões contratados pela própriaindústria, sendo que o de mesa é feito pelo próprio produtor, arcando com as despesas de frete.

6.1 Tipos e Características da Armazenagem

A armazenagem em câmaras frias no Rio Grande do Sul tem uma capacidade estática decerca de 88.228t, somente pela iniciativa privada, com 89 câmaras.

Entre os municípios que têm câmara fria estão:

− Antônio Prado, Bom Jesus, Caxias do Sul, Cambará, Canela, Carlos Barbosa, Floresda Cunha, Lagoa Vermelha, Nova Prata, Soledade, São Francisco de Paula,Veranópolis e Vacaria.

Destas câmaras frias, 90% são de frio convencional e somente 10% têm atmosferacontrolada. Além disto, têm todo o equipamento para lavagem e classificação do produto. Sãousadas para armazenar maçã, servindo para pêssego.

Além destes municípios, Bento Gonçalves e Farroupilha também possuem câmaras frias.O primeiro tem 4 câmaras com capacidade para 3.000t e o segundo, 5 câmaras, com capacidadepara 2.170t. Neste último, por iniciativa do Governo Municipal, foi construída uma câmara comcapacidade para 1.450t, somente para ser usada pelos associados das associações de produtores depêssego de Farroupilha.

No município de Porto Alegre, existem 6 câmaras frias com capacidade de armazenagempara 300t, e na CEASA/RS, 25 câmaras para 800t.

Em Charqueadas, existe uma câmara fria com capacidade para armazenar 95 toneladas.As câmaras frias que são construídas no Rio Grande do Sul são por iniciativa de

produtores para armazenar sua produção ou para prestar serviços. Poucas possuem frio comatmosfera controlada e sem pré-resfriamento. Isto deixa de conferir um período maior dearmazenagem e melhor conservação do produto.

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6.1.1 A Armazenagem em Nível de Câmara Fria Estadual

As indústrias de pêssego armazenaram na CESA, município de Capão do Leão, o quesegue:

− Safra 88/89 - 5.704 toneladas− Safra 89/90 - 5.037 toneladas− Safra 90/91 - 2.854 toneladas

Nas safras anteriores, sempre as indústrias armazenavam pêssego nas câmaras frias.Os produtores de pêsssego de mesa armazenaram nas câmaras frias da CESA, em

Caxias do Sul, as seguintes quantias:

− Safra 89/90 - 3.525 toneladas− Safra 90/91 - 2.117 toneladas− Safra 91/92 - 1.720 toneladas

Conforme informações da CESA, de Caxias do Sul, 70% do pêssego armazenado nassuas câmaras foram para fora do Estado na safra 91/92, sendo transportado em caminhõesfrigoríficos. O pêssego que foi conservado era das cultivares Marli e Chiripá, este em maiorquantidade.

As duas câmaras frias da CESA têm uma capacidade estática de 12.000t, sendo quepodem, em casos especiais, armazenar o dobro desta quantia.

6.2 Armazenagem em Nível de Intermediário

A rede de armazenagem a nível de intermediário tem câmaras frias na CEASA/RS, sendoque são comerciantes que compram e estocam frutas, tendo como capacidade 800t. Não háarmazenagem a nível terminal para pêssego.

6.3 Malha Rodoviária, Ferroviária e Hidroviária nas Zonas de Produção

Na zona de produção de pêssego, o transporte rodoviário é que transporta a produção.Na região de pêssego para indústria, a malha rodoviária é de estrada de terra e de asfalto,

parte do trecho percorrido pavimentado, para chegar ao parque industrial de Pelotas e de MorroRedondo.

O transporte do produto processado, para chegar ao atacado e ao varejo, percorreestradas asfaltadas.

Na região de pêssego de mesa, a malha rodoviária nos municípios é de terra, sendo que asestradas estaduais são asfaltadas, por onde alcançam o mercado CEASA-RS.

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6.4 Programas de Transporte

No pêssego de indústria, as fábricas é que contratam o frete para levar a produção dointerior até as fábricas, acertando com os produtores a época de colheita para a chegada do produtoà indústria, havendo, portanto, uma programação de transporte.

Para o pêssego de mesa, conforme transcorre a colheita das cultivares, o produtor temque levar quase que diariamente para o mercado sua produção, dependendo da quantia plantada emsua propriedade, e de como transcorre o clima durante a colheita.

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7 COMERCIALIZAÇÃO

7.1 Perdas Físicas no Segmento Primário da Produção

De um modo geral, estima-se que as perdas de pêssego, tanto de mesa como de indústria,andam na ordem de 20%.

Estas perdas poderão ser maiores ou menores conforme o agente causador e o momentoem que ocorrer.

Estas perdas poderão ser causadas por pragas ou doenças e ação dos agentesatmosféricos, como geada, chuva na floração, etc.

As pragas e as doenças, conforme o momento em que ocorrerem e conforme aintensidade, podem causar danos severos ou não, sendo que podem ser controladas de acordo coma tecnologia que o produtor empregar em seu cultivo.

As perdas causadas pelos agentes atmosféricos, como a chuva de granizo, geadas tardias,temperaturas altas na época da colheita, chuvas excessivas no florescimento e maturação,deficiência hídrica na formação dos frutos, conforme seu grau de ação, podem ocasionar prejuízosirreparáveis ao produtor, sendo que, em alguns destes, seu controle independe da vontade doprodutor.

7.2 Normas de Padronização e Classificação do Pêssego

Para o pêssego de indústria, existe a Portaria nº 274 do Ministério da Agricultura, de 2 dedezembro de 1983, que estabelece o padrão para esta fruta.

Segundo esta portaria, no pêssego para a indústria, o critério tamanho, segundo medida deseu diâmetro equatorial, é o que prevalece para a classificação. Quanto à qualidade da fruta, nãotem muito peso neste critério.

A portaria estabelece os padrões conforme consta a Tabela 26, classificação do pêssegopara indústria.

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Tabela 26 - Classificação do pêssego para indústria

Classificação Medidas

Primeira Mais de 57mm

Segunda Menos de 57 até 47mm

Terceira Menos de 47 até 44mm

Refugo Menos de 44mm

Fonte: MARA.

A portaria que determina o padrão não estabelece o tamanho da caixa para o pêssego. Aindústria é quem recolhe o produto na casa dos produtores, usando caixa plástica de colheita, compeso entre 18 a 19kg.

Conforme a abundância da produção, em determinados anos, compram o pêssego semclassificação, misturado.

Ocorre, ainda, que, em determinadas safras com bastante oferta, as indústrias nãocompram o terceirinha, voltando a comprá-lo quando a safra for menor.

Para o pêssego de mesa, não existe uma portaria que estabeleça o padrão para aclassificação.

Há um consenso geral entre os produtores de fazerem uma classificação pelo tamanho equalidade da fruta, em primeira, segunda e terceira, conforme a cultivar.

Como não há uma portaria para o pêssego de mesa, há uma grande desuniformidade decritérios de classificação entre os produtores. Como existem muitas cultivares de pêssego de mesa,haveria a necessidade de se ter um padrão para cada cultivar ou seus grupos.

7.3 Embalagens Oficiais

Para o pêssego de indústria, a portaria sobre o padrão não especifica as medidas oficiaispara as caixas, sendo que as indústrias usam as caixas plásticas de colheita.

A Portaria que define as medidas das caixas para o pêssego de mesa é a nº 127, de 4 deoutubro de 1991, do Ministério da Agricultura e Reforma Agrária, que estabelece como medidasinternas as que seguem:

1. Serrano Madeira, cujas dimensões internas são as seguintes:

− Comprimento: .... 430mm− Largura: ............. 260mm− Altura: ................ 90mm

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2. Madeira Papelão/Ondulado I, pode ser de madeira ou papelão ondulado e tem comodimensões internas:

− Comprimento: ..... 230mm− Largura: .............. 210mm− Altura: ................. 70mm

3. Madeira Papelão/Ondulado II, também pode ser de madeira ou papelão ondulado, comas dimensões internas:

− Comprimento: ..... 480mm− Largura: .............. 300mm− Altura: ................. 100mm

7.4 Canais de Comercialização Formais e Informais

O canal de comercialização formal para o pêssego de indústria é através das empresasque processam a fruta.

Há ainda um pequeno canal informal em que o pêssego de indústria é vendido parafabriquetas artesanais e algum vai para mesa, sendo ofertado à população por meio de bancas,fruteiras, etc.

Para o pêssego de mesa, cerca de 30% é comercializado através de mercados formais noEstado, na CEASA/RS, em Porto Alegre e Caxias do Sul, com destino para mercados formais deoutros Estados, como CEASAs de Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Campinas,São Paulo e na CEAGESP, São Paulo.

O mercado informal também existe para o pêssego de mesa que vai para as bancas defrutas, nas fruteiras, carrinhos, supermercados, entre outros.

7.5 Custos de Comercialização

O custo de comercialização no mercado formal, no mês de abril, CEASA/RS em PortoAlegre, tem a seguinte composição:

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− Cadastramento do produtor, 1ª vez .......................... Cr$ 20.000,00− Recadastramento por semestre ............................... Cr$ 10.000,00− Taxa de uso de 1 módulo com 5m²:

· Mensal: TPRU - Aluguel do módulo ................. Cr$ 72.285,00· Água .............................................................. Cr$ 15.879,00· Luz ................................................................ Cr$ 18.985,00· Telefone ......................................................... Cr$· Vigilância ....................................................... Cr$ 5.265,58· Limpeza ......................................................... Cr$ 46.701,00· Associação ..................................................... Cr$

Cr$ 166.115,56· Diário: Aluguel diário módulo ........................... Cr$ 12.000,00· Pernoite de mercadoria .................................... Cr$ 12.000,00· Carga e descarga de mercadoria ...................... Cr$ 50.000,00

O custo da comercialização na CEASA/RS vai depender de o produtor optar em alugar omódulo diário ou mensal, sendo que o aluguel mensal é a preferência dos produtores.

Ao valor de Cr$ 166.115,56, acresce ainda o valor do telefone, se tiver, e da Associaçãodos Usuários da CEASA/RS, se pertencer à associação. Acresce a este custo a despesa de cargae descarga da mercadoria que tem o produtor para tirar o produto de seu veículo, bem como, delevá-lo ao veículo do comprador. Caso sobre produto da comercialização do dia, pode deixá-lo parao outro, pagando um pernoite para o mesmo.

O valor do frete por caixa anda na ordem de Cr$ 700,00 se vier da Vila Nova e se opêssego vier de Caxias do Sul, o frete é de Cr$ 1.000,00 por caixa no mês de abril.

Para o pêssego de indústria, segundo estudo efetuado pelo Sindicato da Indústria deDoces e Conservas Alimentícias de Pelotas, as despesas decorrentes da comercialização estãorepresentadas no Gráfico 4, abertura do preço de venda com custo financeiro.

Observa-se neste gráfico que o maior custo são os altos juros, 39,8%, sobre a estocagemdo produto pronto.

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GRÁFICO 4 - Abertura do preço de venda com custo financeiro deestocagem

Tributos23%

Margem5%

Despesas11%Juros

39%

Custo Industrial

22%

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7.6 Escoamento Mensal da Produção

Para o pêssego de indústria, o escoamento da produção se dá no período abaixomencionado:

Início Pico Fim

15 de novembro 10 - 30 de dezembro 30 - 15 de janeiro/fevereiro

15% 50% 35%

Pode-se dizer que 50% da oferta de pêssego se concentra no mês de dezembro, devido àoferta da cultivar Diamante e com maior origem dos pequenos produtores. Em janeiro, entra opêssego originário dos médios e grandes produtores, que têm uma maior diversificação decultivares.

Para o pêssego de mesa, a oferta mensal do produto ao mercado está mostrada na Tabela10, período de oferta de pêssego de mesa por safra ao mercado CEASA/RS, em toneladas.

Observa-se que, em 3 meses, segundo a média por safra, se comercializou 86,7% da safragaúcha.

Pela Tabela 11, para a MRH da Grande Porto Alegre, o seu momento de maior oferta depêssego ocorre durante os meses de novembro e dezembro, sendo novembro o mês de maioroferta. Na Tabela 12, a MRH vitivinicultora de Caxias do Sul tem sua maior oferta de pêssego emdezembro e janeiro, sendo dezembro o pico de maior oferta.

7.7 Preços Médios Mensais ou Anuais do Pêssego Recebidos pelosProdutores

Os preços médios praticados pelas indústrias para o pêssego em Pelotas estão na Tabela27.

Tabela 27 - Preços médios praticados pelas indústrias para o pêssego em Pelotas

Safras

Classificação Cr$/kg88/90

Cr$/kg90/91

Cr$/kg91/92

Primeira 2,70 55,00 300,00 360,00

Segunda 2,30 40,00 250,00 300,00

Terceira 0,90 15,00 80,00 96,00

Fonte: SINPEL.

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Na safra 91/92, a indústria de conservas começou a pagar mais pelo pêssego de maiorqualidade, sendo que os valores na coluna bem à direita eram os preços pagos aos grandesprodutores, e os valores da coluna à esquerda eram os preços pagos aos pequenos produtores, queempregavam menos tecnologia, por conseguinte, apresentavam um produto de menor qualidade.

Como as indústrias não forneceram as épocas em que praticavam estes preços, torna-sedifícil fazer a conversão em dólar.

Segundo informações do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pelotas e da AssociaçãoGaúcha dos Produtores de Pêssego, e do Sindicato das Indústrias de Conservas e Doces dePelotas, o percentual das classes de pêssego de indústria recebido está retratado na Tabela 28.

Tabela 28 - Percentual das classes de pêssego de indústria recebido

Classificação Primeira Segunda Terceira

Percentual 30 60 10

Fonte: SINPEL.

Verifica-se que o pêssego de segunda é o que mais é recebido pelas indústrias.Os preços praticados a nível de mercado CEASA/RS, em Porto Alegre, para pêssego de

mesa, de acordo com a oferta mensal no mercado, estão na Tabela 29.

Tabela 29 - Preços praticados a nível de mercado CEASA-RS para pêssego de mesa

Cr$ / haSafra

Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro

89/90 5,89 4,29 3,98 4,99 0,00

90/91 200,00 120,00 140,00 191,42 280,90

91/92 720,58 683,86 748,43 742,47 1.396,04

Fonte: CEASA-RS.

7.8 Mercados: Locais, Regionais, Nacionais e Internacionais

O mercado para pêssego de indústria da Zona Sul tem como destino os municípios dePelotas e de Morro Redondo, onde está instalado o parque conserveiro nacional paraprocessamento desta fruta.

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O pêssego de indústria, através do mercado formal, pode atingir Porto Alegre, por meio daCEASA/RS, ganhando o mercado de atacado e de varejo do Estado. Além disto, pode atingir osmercados formais do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Por meio dos mercados informais, as vendas das associações e dos intermediários podematingir todo o Rio Grande do Sul, alcançando o varejo mais rapidamente. Devido à poucaestruturação, os produtores, que estão acostumados a que a indústria venha buscar sua produção napropriedade, não buscando o mercado para venda, não conquistam outros mercados informais nointerior do Estado. Há pouca participação do pêssego de indústria no mercado de mesa.

O mercado de pêssego de mesa das MRH da Grande Porto Alegre e da Vitivinicultora deCaxias do Sul, as duas regiões mais importantes na produção do Estado, alcança o mercadovarejista das cidades gaúchas.

Além deste mercado, esta produção se faz presente nos mercados formais do Rio deJaneiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

Não se têm informações sobre exportações de pêssego de mesa para outros Países.Como fluxo de comercialização do pêssego de mesa, estima-se que tenha o seguinte

caminho:

− Área plantada com pêssego de mesa no RS· MRH Grande Porto Alegre ............................. 800ha· MRH Vitivinicultora Caxias do Sul .................. 1.000ha

1.800ha· Restante do Estado ........................................ 1.200ha

3.000ha

− Produtividade média 6t/ha− Perda de produção 20%

Portanto, na produção, seu fluxo será:

− Produção ........ 1.800ha x 6t/ha = 10.800t− Perda ............. 10.800t x 20% = 2.160 = 8.640t

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O fluxo destas 8.640t é o que segue:

− 30% CEASA/RS ............... 2.592t− 35% Outros Estados .......... 3.024t− 20% Vai ao Interior ........... 1.728t− 15% Direto ao Varejo ........ 1.296t

A produção dos 1.200ha restantes cultivados com pêssego é absorvida pela populaçãointeriorana.

Quanto aos fluxos de comercialização do pêssego de mesa, estima-se que se distribuemassim:

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FLUXOS DE COMERCIALIZAÇÃO DO PÊSSEGO DE MESA

- INTERIOR DO ESTADO / VAREJO

- ATACADO / VAREJO

- VAREJO

1 - PRODUTOR

2 - PRODUTOR

INTERMEDIÁRIO

CEASA/RS

- CEASA/RS

- ATACADO / VAREJO

- VAREJO

ATACADO OUTROS ESTADOS / VAREJO

VAREJO

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8 INDUSTRIALIZAÇÃO / AGROINDÚSTRIA

O parque industrial para pêssego no Rio Grande do Sul localiza-se, na sua quasetotalidade, na Zona Sul do Estado, mais especificamente em Pelotas e Morro Redondo.

Este parque industrializa mais de 90% da produção nacional de pêssego para estafinalidade.

O conjunto industrial processa, além do pêssego, o moranguinho, o figo, a pêra, o abacaxi,o aspargo, o milho verde, o pepino, entre outras, sendo o maior parque conserveiro do País. Pode-sedizer que é um grande oligopólio de conservas do Brasil.

Existem outras indústrias que processam o pêssego no Estado, ABASTECENDO-SE defruta "in natura" na região produtora de pêssego indústria.

8.1 Tipos de Agroindústrias de Beneficiamento

As primeiras indústrias de conservas instaladas em Pelotas datam do início do século,sendo que ainda estão em funcionamento.

A partir deste dado, pode-se afirmar que a conserva é um produto tradicional da região,principalmente a de frutas, e, entre estas, sobressai o pêssego.

Representa, em média, 62% do produto total que é comercializado pelo setor, seguido doabacaxi e do morango.

Esta pouca diversificação de produtos traz vários problemas como, por exemplo, asazonalidade, pois o pêssego tem apenas uma safra por ano. Isto dificulta muito a dinâmicaprodutiva do setor, a alocação de mão-de-obra, os equipamentos, o capital de giro, etc.

A agroindústria, que processa o pêssego em toda a região produtora, mais de 90% sededica à industrialização de pêssego em calda e polpa congelada, em lata ou em tambor.

Este tipo de processamento está em mãos de grandes indústrias de conserva.Há, ainda, as pequenas fabriquetas familiares que trabalham artesanalmente, produzindo

chimíers, passas de pêssego e outros derivados.Uma única indústria se dedica a produzir suco de pêssego.

8.2 Percentual de Produção Absorvida pela Indústria

As percentagens ou as quantias de pêssego que foram absorvidas e transformadas emconserva pela indústria estão na Tabela 30.

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Verifica-se que quase sempre houve excedentes de produção que não puderam serabsorvidos pelas indústrias, ocasionando um decréscimo na produção de pêssego, bem como emvolume industrializado e em número de latas produzidas.

Tabela 30 - Percentual de produção absorvida pela indústria

AnoÁrea(ha)

Produção(t)

VolumeProcessado (t)

(%)Milhões(latas)

1981 13.500 53.000 50.000 94,3 48.000

1982 12.000 49.000 43.000 87,7 40.460

1983 11.000 45.000 38.000 84,4 35.000

1984 10.000 42.000 40.000 95,2 37.500

1985 9.000 35.000 28.000 80,0 25.000

1986 9.000 30.000 28.000 93,3 28.000

1987 9.500 35.000 35.000 100,0 33.000

1988 11.000 37.000 32.000 86,4 30.000

1989 12.000 27.000 - - -

1990 11.000 30.000 - - -

1991 11.000 20.000 - - -

1992 10.000 35.000 35.000 100,0 32.000

Fonte: EMATER/RS - STR Pelotas - SINPEL.

8.3 Afinidade com os Mercados Interno e Externo

Como a industrialização do pêssego no Brasil se processa em Pelotas, em quase suatotalidade, o mercado brasileiro é abastecido pela produção do Rio Grande do Sul, de pêssego emconserva em calda.

As tradicionais marcas de conservas de pêssego em calda estão presentes nos atacados evarejos das melhores casas do ramo no País inteiro.

A indústria de pêssego gaúcha e brasileira não tem muita tradição nos mercados externos,sendo esporádica a participação nestes mercados.

A média da produção de pêssego em conserva que fica no Rio Grande do Sul é de 14%,sendo que 50% da safra se destina a São Paulo. Observa-se que para o Norte, Nordeste e CentroOeste o pêssego em conserva não participa da alimentação daqueles brasileiros. As exportaçõestêm pouca expressão no contexto geral da comercialização, participando com 5% do total, tendopresença no Uruguai, Argentina, Portugal e Alemanha.

O Quadro 2 apresenta o destino da produção de conservas do Rio Grande do Sul para oBrasil e exterior.

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Quadro 2 - Destino da produção de conservas do RS

Localidade (%)Rio Grande do Sul 14São Paulo 50Paraná 6Minas Gerais 3Rio de Janeiro 2Santa Catarina 1Exterior 5Outros 16

Fonte: SINPEL.

8.4 Adaptação da Maquinaria às Finalidades Desejadas

O atual parque de máquinas e equipamentos, no processo produtivo, está adaptado àindústria conserveira do Estado.

Nas grandes e médias indústrias, 56% é automatizado e nas pequenas e micros, aautomatização é de 49%.

A vida média da maquinaria é de 10 a 15 anos, sendo que nos equipamentos quetrabalham com salmoura reduz-se para 3 anos.

Nas indústrias, o único equipamento que não possuem dentro de uma modernidade é o quefaz o envasamento asséptico

Os principais problemas da produção da conserva, segundo informação dos empresáriosdo setor conserveiro, estão apresentados, no Quadro 3, e de todas as citações feitas pelosempresários foi a qualidade da matéria-prima o principal problema no processo produtivo. Ela éfundamental na definição da produtividade do setor, independente do fato de a empresa estar ou nãobem equipada tecnologicamente.

É um grande problema para a indústria, pois está quase que fora do alcance dosindustriais.

Quadro 3 - Problema enfrentado pela indústria conserveira

Variável Nº Estações (%)Qualidade matéria-prima 14 47Qualificação mão-de-obra 8 27Máquinas e equipamentos 4 13Outros 4 13

Total de Citações 30 100

Fonte: SINPEL.

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8.5 Produção e Produtividade das Indústrias

Os industriais do pêssego possuem dois parâmetros para medir seu desempenho naquelasafra.

Um, tem como indicador da produtividade o rendimento de uma lata para cada 4 minutos epor empregado, e o outro, o rendimento de 100 latas por empregado e por dia.

Um parâmetro que a indústria usa para medir se o pêssego daquela safra foi bom, diz queo rendimento de 1kg de pêssego "in natura" deve produzir 850 gramas por lata. Significa que todo ogasto, além de 1kg de pêssego, mostra pior rendimento, sendo que o contrário é melhor rendimento.

Em 1992, foram industrializados 32.000.000 de latas de pêssego em conserva pelo parqueconserveiro da Zona Sul.

Em Pelotas, existem, atualmente, 20 indústrias em atividade, com uma capacidade deindustrialização aproximada de 70.000.000 de latas de pêssego por ano.

A Tabela 31 mostra o número de indústrias do setor de conservas de pêssego com acapacidade instalada e volume produzido em 1992, fonte do Sindicato das Indústrias de Doces eConservas Alimentícias de Pelotas. Apresenta também a situação de ociosidade das indústriasconserveiras na Zona Sul. Observa-se que estão com uma capacidade ociosa de mais de 50%.

Tabela 31 - Número de indústrias do setor de conservas de pêssego

Nº UnidadesProdutivas

(Latas)

Nº deIndústr.

CapacidadeInstalada(Latas)

VolumesIndustrial.(92) (Latas)

Ociosidade(%)

Particip.Relativa

(%)

Até 1 milhão 6 5.000.000 2.600.000 48 7

De 1 a 5 milhões 10 26.000.000 14.000.000 43 42

Acima de 5 milhões 4 39.000.000 17.700.000 55 51

Total 20 70.000.000 35.000.000 50 100

Fonte: SINPEL.

8.6 Mão-de-Obra Especializada

A mão-de-obra na indústria conserveira está distribuída nos setores de administração,produção e safrista.

A mão-de-obra administrativa que opera neste setor é considerada de qualificaçãorazoável.

A mão-de-obra produtiva ou fixa é bem qualificada e é a que permanece na indústria oano todo.

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A mão-de-obra safrista é aquela que é contratada para o período da safra, sendo apósdispensada. A utilização do pessoal safrista é a que garante a flexibilidade do setor para enfrentar asazonalidade de sua produção. A contratação destes trabalhadores varia com o correr do ano, deacordo com o volume da safra e com o produto a ser trabalhado.

Na Tabela 32, número de empregados distribuídos entre a administração, produção esafrista, está demonstrada sua distribuição nas empresas.

Tabela 32 - Número de empregados distribuídos entre administração, produção e safristana indústria conserveira

Porte Administração Produção Total Safrista

Grande 130 870 1.000 900

Médio 170 940 1.110 720

Pequeno 44 190 234 1.895

Micro 25 51 76 2.210

Total 369 2.051 2.420 5.725

Fonte: SINPEL.

Observa-se, pelos dados nesta Tabela, que quanto menor a empresa, mais safristacontrata em relação ao pessoal fixo.

Verifica-se, também, que a relação entre a mão-de-obra produtiva fixa e a safrista, para agrande empresa, é de quase 1:1, e na pequena indústria é de 1:10.

Estão em atividades 20 empresas no setor.Em relação ao perfil destas empresas, verifica-se que cerca de 30% são de porte médio e

grande, 30% são de porte pequeno e 40% são microempresas, conforme se constata, no Quadro 4,número de empregados fixos por porte empresarial, que se refere ao número de empregados fixosdurante o decorrer do ano.

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Quadro 4 - Número de empregados fixos por porte empresarial

PorteNúmeros

Empregados(%) Números Empresas (%)

Grande 1.000 41,3 1 6Médio 1.100 45,9 4 22Pequeno 234 9,7 5 28Micro 76 3,1 8 44Total 2.420 100,0 18 100

Fonte: SINPEL.

No caso de plena safra do pêssego, a mão-de-obra já é melhor distribuída, ficando 45% damão-de-obra em 28% das empresas grandes e médias, 28% da mão-de-obra em 28% das empresaspequenas e 27% em 44% das microempresas, conforme está apresentado no Quadro 5, número deempregados no auge da safra de pêssego por porte empresarial.

Quadro 5 - Número de empregados no auge da safra de pêssego nas indústrias

PorteNúmeros

Empregados(%) Números Empresas (%)

Grande 1.900 21,6 1 6Médio 1.830 21,7 4 22Pequeno 2.404 28,5 5 28Micro 2.286 27,2 8 44Total 8.420 100,0 18 100

Fonte: SINPEL.

Verifica-se, nestas duas tabelas, que o total da mão-de-obra que era de 2.420 passa para8.420, representando 3,48 vezes no período de plena safra, que ocorre somente uma vez por ano.

8.7 Embalagens

O pêssego em conserva é acondicionado em latas de 1kg e em vidros com peso de 1,3kg.No mercado, mais de 95% do pêssego em conserva é comercializado em latas.Por sua vez, as indústrias acondicionam as latas em caixas de papelão com 24 unidades.O pêssego em conserva é comercializado em metades e sem caroço, inteiro e com caroço

ou em fatias.

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8.8 Armazenagem

Os industriais do pêssego se valem das câmaras frias da CESA, no município de Capãodo Leão, para armazenar temporariamente a safra comprada.

Segundo informações da CESA, no município de Capão do Leão, conforme dados abaixo,foram armazenadas as seguintes quantias de pêssego:

− Safra 90/91 - 2.854t− Safra 89/90 - 5.037t− Safra 88/89 - 5.704t

As indústrias de pêssego têm uma capacidade estática de armazenagem de cerca de3.200 toneladas, para o congelamento da polpa, podendo também ser armazenada a fruta "innatura".

8.9 Fluxo de Comercialização

As indústrias, para colocarem sua produção de pêssego em conserva, têm o seguinte fluxonormal de comercialização:

− Fábricas, representantes comerciais, atacadistas, varejistas e consumidor final.

Pode ocorrer ainda a venda pelas indústrias aos atacadistas e varejistas, com menorintensidade.

8.10 Custo de Produção

O Sindicato das Indústrias de Doces e Conservas Alimentícias de Pelotas fez, conforme aTabela 33, o custo comparativo entre o Brasil e a Argentina de uma lata de conserva FOB fábrica.

Pelo exame deste comparativo, verifica-se que o custo de uma lata no Brasil é menor doque o da Argentina.

O Gráfico 4 apresenta a composição do custo de produção e a composição do preço paravenda. O Gráfico 5 apresenta comparativo do custo financeiro entre Brasil e Argentina, namanutenção dos estoques.

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Tabela 33 - Comparativo custo Brasil x Argentina - FOB - Fábrica

Valores sem Impostos

Custo Brasil Custo ArgentinoDiscriminação

de Insumos(US$) (%) (%) (US$) (%) (%)

Fruta 0,214 18,21 36,90 0,225 16,18 29,53

Açúcar 0,050 4,25 8,62 0,038 2,73 4,98

Lata 0,190 16,17 32,76 0,229 16,47 30,05

Caixa/Rótulo 0,038 3,23 6,55 0,035 2,52 4,60

Mão-de-Obra Direta 0,054 4,60 9,31 0,095 6,83 12,47

Total do Custo Direto 0,546 - 46,46 0,622 44,72 81,62

Mão-de-Obra Indireta - - - 0,043 3,10 -

Energia/Combustível 0,014 1,20 2,41 0,025 1,80 -

Gastos Industriais 0,020 1,70 3,44 0,071 5,18 -

Total Custo Industrial 0,580 49,35 100 0,762 54,71 -

Gastos Adm./Com. 0,1412 12,00 - 0,125 9,00 -

Lucro 0,1761 15,00 - 0,101 7,26 -

Preço de Venda Líquido 0,8973 76,35 - 0,988 71,03 -

Preços de Venda CIF-SP com Impostos

Despesas com impostos 0,1721 14,65 0,200 14,38

Despesas c/frete SP 0,0587 5,00 - -

Despesas financ. (US$) 0,0470 4,00 0,026 1,88

Frete Mendoza - - 0,125 9,00

Seguros desp. admin. - - 0,022 1,58

Com. s/exp. - - 0,030 2,16

1,175 100,00 1,391 100,00

Fonte: SINPEL.

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GRÁFICO 5 - Apresenta o comparativo de custo financeiro entre oBrasil e a Argentina, na manutenção de estoques

Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set.

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

1,1

1,2

BRASIL

ARGENTINA

(US$)

Custo Financeiro Real: - Argentina: 2,5%

- Brasil: 7,8%

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8.11 Órgãos Representativos e Participação do Produtor

Os órgãos representativos da indústria de conservas no Rio Grande do Sul são:

− Sindicato das Indústrias de Doces e Conservas Alimentícias de Pelotas, cujopresidente atual é o Sr. Hugo Poetch, tendo 19 indústrias filiadas.

− Centro das Indústrias de Pelotas, cujo presidente atualmente é o Sr. Roberto Ferreira.

8.12 Monopólios/Oligopólios

Na indústria de pêssego em conserva, pode-se dizer que a Zona Sul tem um grandeoligopólio no Brasil.

8.13 Relação das Indústrias que se Dedicam ao Processamento do Pêssego

§ No município de Pelotas estão sediadas as seguintes:

− AGAPÊ S/A - Indústria da Alimentação, Av. Salgado Filho, nº 641, CEP 96.100.

− Arthur Schiller, Filho + Cia Ltda., ponte Cordeiro de Farias, 5º Distrito, CEP96.150.

− Extrafruta Indústria da Alimentação Ltda., Av. Fernando Osório, nº 3.904, TrêsVendas, CEP 96.150.

− Enfripeter Comércio Armaz. Ind. Produtos Alimentícios Ltda., Av. FernandoOsório, nº 4.942, Três Vendas, CEP 96.060.

− Firpo Indústria de Conservas Ltda., BR 392, km 68, Distrito Industrial, CEP96.045.

− Indústria de Conservas Alimentícias Leon Ltda., Rua 2, nº 307, Distrito Industrial,CEP 96.045.

− Indústria de Conservas Minuano Ltda., Rua Major Cícero, nº 454, CEP 96.015.

− J. Alves Veríssimo S/A Indústria e Comércio e Importação, Rua Lauro Ribeiro, nº106, Distrito Industrial, CEP 96.015.

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− Legrand do Brasil Indústria Comércio de Alimentos Ltda., Av. Salgado Filho, nº641, CEP 96.060.

− Manoel Pereira de Almeida S/A, Av. Duque de Caxias, nº 1.124, Fragata, CEP96.030.

− Pomar Casa Verde Indústria de Alimentos Ltda., Rua 15 de Novembro, nº 563,sala 201, CEP 96.015.

− 3 R Doces e Conservas Ltda., Av. Duque de Caxias, nº 1.028, CEP 96.030.

− Red. Indian Indústria e Comércio Ltda., ponte Cordeiro de Farias, 5º Distrito,CEP 96.100.

− Sória Indústria de Conservas Alimentícias Ltda., Rua Mal. Floriano, nº 178,Centro, CEP 96.015.

− Shelby Indústria de Conservas Ltda., Rua Pinto Martins, nº 232, CEP 96.020.

− Frutasul Indústria e Comércio de Conservas e Doces Ltda., Rua Voluntários daPátria, nº 1.428, CEP 96.015.

− Doma Indústria da Alimentação Ltda., Av. Fernando Ferrari, nº 3.904, CEP96.060.

− Indústria de Conservas Schramm Ltda., Rua Barão de Santa Tecla, nº 357 A,CEP 96.060.

§ No município de Morro Redondo estão sediadas as seguintes:

− Albino Neumann + Cia Ltda., Av. Jacarandá, s/nº, CEP 96.150.

− Geraldo Bertoldo Indústria de Conservas Ltda., Rua dos Pinhais, s/nº, CEP96.150.

§ No município de Gramado:

− Masotti Cia Ltda., Linha Bonita, Cx.P. 94, CEP 95670-000.

§ Em Nova Petrópolis:

− Cooperativa Agropecuária Petrópolis Ltda., COAPEL, Cx.P. 111.

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§ Em Três Forquilhas:

− BREHN e Cia. Ltda.

§ Em Serafina Corrêa:

− Indústria de Frutas e Legumes Miriam Ltda.

§ Em Cachoeirinha:

− Indústria de Doces e Conservas Ritter.

§ Em Porto Alegre:

− Vontobel S/A, Produtos MUMU, Av. Ipiranga, nº 5.812.

− Doces Piratini Ltda., Rua Laurindo nº 350, Bairro Anchieta.

Todas estas indústrias processam pêssego originário da Zona Sul.

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9 ABASTECIMENTO ESTADUAL

9.1 Balanço da Oferta e da Demanda Estadual

O balanço da oferta e da demanda estadual será dividido em dois subitens, um, para opêssego de indústria e, outro, para o pêssego de mesa, por haver bastante diferença entre eles.

9.1.1 Pêssego de Indústria

Conforme informações do Sindicato das Indústrias de Doces e Conservas de Pelotas, daoferta de 21.975.000 latas produzidas em 1991, 20% foram consumidos no Estado.

9 .1 .2 Pêssego de Mesa

Da área plantada com pêssego de mesa no Rio Grande do Sul (cerca de 3.000ha), se temconhecimento através da entrada desta fruta em outros Estados, nas suas CEASAs, que teve comoorigem as MRH da Grande Porto Alegre e da MRH Vitivinicultora de Caxias do Sul.

Estas MRHs totalizam uma área de cerca de 1.800ha, que comercializaram, para fora do RS,35% da sua produção comercializável, isto é, 3.042t, de um total de 8.640t.

Ficaram, portanto, para consumo no RS 5.616t destas duas MRHs, as quais devem seracrescidas à produção comercializável dos 1.200ha, que é de 5.760 toneladas.

Portanto, o mercado interno consumiu 11.376t de pêssego de mesa, 79% da produção totalcomercializável da safra 91/92.

9.2 Consumo Estadual no Meio Rural

É pouco ou quase irrelevante o consumo em nível de produtor rural, em vista de serempoucos os produtores que se dedicam à cultura do pêssego.

9.3 Demanda Interna Estadual

A demanda interna em latas de pêssego em conserva é de 4.395.000 latas.A demanda interna de pêssego de mesa é de 11.376 toneladas de frutas frescas.

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10 RESTRIÇÕES AO MERCOSUL

Uma vez que as alíquotas de importação estejam zeradas, sendo seguidas e respeitadas asregras comuns, se houver transparência em todas as ações no MERCOSUL, não haverá maioresrestrições quanto ao pêssego em conserva ou de mesa.

Será necessário que a alfândega seja rápida e desburocratizada para liberar as cargas quepor ali passarão.

Que haja um certificado de origem do produto pelos órgãos governamentais competentes,tanto de qualidade como de sanidade vegetal. Deverá realmente conferir com o que consta naembalagem.

Que o comprador de qualquer País saiba o que está comprando e que aquele produtocorresponda a sua expectativa.

A restrição maior ao mercado MERCOSUL é o tamanho da oportunidade de negóciosque o Brasil poderá fazer com a Argentina, o Uruguai e o Paraguai, quanto ao pêssego.

Somando-se a população dos três Países signatários, atinge ao redor de 40 milhões dehabitantes, que é quase 25% da população brasileira.

Como há produção de pêssego em conserva e de pêssego para mesa naqueles Países, nãose vislumbra um grande mercado consumidor para estes produtos, mesmo que nossos custos deprodução sejam menores que os demais.

Toda e qualquer política expansionista, na cultura no Brasil, deverá ser muito bemdelineada e estar dentro da capacidade de consumo da população dos Países envolvidos.

Com a integração entre os Países participantes do tratado de Assuncion, a Argentina queimporta pêssego processado da Grécia, que subsidia seus produtores, está exportando pêssego emlata para o Brasil, com preços por lata muito inferiores aos praticados no nosso mercado. Istoprovoca uma dificuldade de comercialização para a produção brasileira.

Há necessidade, portanto, de se evitar esta prática de dumping entre os países queintegram o MERCOSUL.

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11 VANTAGENS QUE O SETOR APRESENTA EM RELAÇÃO AOMERCOSUL

Conforme os propósitos de livre comércio entre os Países integrantes do MERCOSUL ehavendo uma transparência de mercado, o pêssego em conserva brasileiro leva vantagens emrelação ao argentino, devido ao custo de uma lata ser menor do que o deste País.

Quanto ao pêssego de mesa, a produção do Rio Grande do Sul também leva vantagem emrelação ao do Uruguai e da Argentina, em vista da colheita ser antecipada em quase dois meses.

Isto é verdadeiro em relação ao pêssego produzido em locais menos frios, como na MRHda Grande Porto Alegre, que tem seu pico de oferta em novembro-dezembro. Para as regiões maisfrias, como o caso da MRH Vitivinicultora de Caxias do Sul, cujo pico de oferta é em dezembro-janeiro, poderá haver problemas de comercialização, pois coincide com as dos dois Países.

Um problema a ser superado é a questão de preferência de cor de polpa do pêssego.A preferência da cor da polpa do pêssego de mesa no Rio Grande do Sul é branca, sendo

que mais de 90% do comercializado é de cultivares que têm polpa branca. Existem cultivares depolpa amarela.

A preferência do mercado de pêssego de mesa, na Argentina e no Uruguai, é parapêssego de polpa amarela, pois as cultivares são de duplo propósito.

Quanto ao custo de produção de pêssego de mesa, é menor do que o da Argentina e doUruguai, o que vem a favorecer a produção do RS.

Outra questão importante é o período de oferta de pêssego que pode ter a duração de 6meses, podendo ainda ser prolongado pela frigo-armazenagem.

No que diz respeito à distância dos pólos produtores de conservas de Pelotas e Mendozaaos mercados consumidores, o quadro abaixo apresenta as distâncias comparativas. Observa-seque Pelotas está mais perto destes mercados do que Mendoza.

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Quadro 6 - Distâncias que separam os pólos conserveiros do Brasil e Argentina, em km

Diversos Pelotas Mendoza

Buenos Aires 1.050 1.100

Montevidéu 600 1.230

Porto Alegre 250 2.000

Curitiba 1.000 2.700

São Paulo 1.400 3.100

Rio de Janeiro 1.800 3.600

Belo Horizonte 1.950 3.600

Fonte: SINPEL

Quanto aos custos de fretes dos pólos produtores de conservas de Pelotas e Mendoza aosmercados consumidores, o quadro abaixo apresenta o custo comparativo em US$ por tonelada,verificando-se que os custos de fretes são menores de Pelotas aos centros consumidores da tabela,do que os de Mendoza a estes mesmos centros.

Quadro 7 - Comparativo do custo do frete US$/t

Diversos Pelotas Mendoza

Buenos Aires 70 26

Montevidéu 50 50

Porto Alegre 10 100

Curitiba 37 110

São Paulo 51 120

Rio de Janeiro 71 130

Belo Horizonte 71 140

Fonte: SINPEL

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12 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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ALMEIDA, P. R. (Coord.) MERCOSUL: textos básicos. Brasília: Alexandre de Gusmão, 1992.166p. (MRE Coleção Integração Regional, 1)

ASSOCIAÇÃO DOS ENGENHEIROS AGRÔNOMOS DE PELOTAS. Perspectivas eAlternativas da Agropecuária e Agroindústria no Município de Pelotas. Pelotas, 1986.610p.

BALDONO, N. B. La Industria Conservera en la Republica Argentina. Porto Alegre:SEBRAE, 1992. 74f.

BAST, J. C. Relatório a Respeito de Levantamento de Dados e Desenvolvimento de Estudocom Vistas a Inclusão do Pêssego Industrial na Política de Garantia de Preços Mínimos.São Paulo, 1988.

BOLETIM COMERCIAL MENSAL. Campinas: CEASA, 1985-1992.

BOLETIM COMERCIAL MENSAL. Curitiba: CEASA-PR, 1985-1992.

BOLETIM DE COMERCIALIZAÇÃO MENSAL. Florianópolis: CEASA-SC, 1985-1992.

BOLETIM MENSAL DE COMERCIALIZAÇÃO. Porto Alegre: CEASA-RS, 1985-1992.

BORDIN, L. C. V.; LAGEMANN, E. Tributação nos Países do MERCOSUL. Porto Alegre:Secretaria da Fazenda, 1992. 25p.

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CROCE, C. et al. Estudios sobre Competitividad de Productos Agropecuários en elMERCOSUR: sistemas de producción, coeficientes tecnológicos, margenes y resultadosagropecuários. Montevideo: Ministério Agricultura; GTZ, 1992. 223p.

EMBRAPA. CNPFT. Cartilha do Produtor de Pêssego. Pelotas, 1990. 16p. (EMBRAPA-CNPFT, 36)

EMBRAPA. CNPFT. A Cultura do Pessegueiro. Pelotas, 1984. (EMBRAPA-CNPFT. CircularTécnica, 10).

MERCOSUL. Ata do Seminário do Setor Privado: Reunião Nacional do Pêssego. São Paulo,1992.

OCESP; DENACOOP. Modernização do Setor Rural: Convênio OCESP/DENACOOP.

PROPOSTA do Setor Persícola para a Integração do MERCOSUL. Pelotas, 1991.

SIMPEL. Indústria Conserveira e sua Potencialidade. Pelotas, s.d.

SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DE DOCES E CONSERVAS ALIMENTÍCIAS.Repercussão do Custo Financeiro na Manutenção dos Estoques. Pelotas, s.d.

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PUBLICAÇÕES DA SÉRIE REALIDADE RURAL

Volume 1 - O setor Primário do Rio Grande do Sul - Diagnóstico e Perspectivas Sócio-Econômicas(Resumo Geral).

Volume 2 - O Setor Primário do Rio Grande do Sul - Diagnóstico e Perspectivas Sócio-Econômicas(Análises Setoriais).

Volume 3 - O Setor Primário do Rio Grande do Sul - Diagnóstico e Perspectivas Sócio-Econômicas(Análises por Atividades).

Volume 4 - A Incorporação de Pequenos e Médios Produtores no Processo de Integração doMERCOSUL.

Volume 5 - Lã e Carne Ovina: O MERCOSUL, Frente aos Maiores Produtores Mundiais.

Volume 6 - Sojicultura Rio-Grandense - Panorama Setorial/MERCOSUL.

Volume 7 - O Panorama Setorial da Bovinocultura de Corte Gaúcha no Processo de Integração doMERCOSUL. 2ª edição.

Volume 8 - O Panorama Setorial da Triticultura Gaúcha no Processo de Integração do MERCOSUL.

Volume 9 - A Suinocultura Rio-Grandense: um Panorama Setorial no MERCOSUL.

Volume 10 - O Panorama Setorial do Feijão no Processo do MERCOSUL.

Volume 11 - Acompanhamento Técnico das Lavouras de Soja Assistidas pela EMATER/RS - 1992/93.

Volume 12 - O Panorama Setorial da Cultura da Maçã no Processo de Integração do MERCOSUL.

Volume 13 - A Cultura do Pessegueiro no Rio Grande do Sul, no Processo de Integração doMERCOSUL.