Subsídio Uruguaiana

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1 DIOCESE DE URUGUAIANA PASTORAL DA JUVENTUDE ENCONTROS EM PREPARAÇÃO AO ENCONTRÃO DE JOVENS 2011 PRIMEIRO ENCONTRO TEMA: O ENCONTRO COM JESUS NOS FAZ SEGUIR SEUS PASSOS Ambiente: Colocar no centro do ambiente o quadro de Jesus, a bíblia, a vela, um mapa do Brasil preenchido com colagens que retratam a realidade social, política, econômica e ambiental, um símbolo que representa o grupo. Primeiro Momento: a- Acolher os jovens com um canto de animação b- Observar o cenário organizado no centro da sala c- Conversação sobre o que cada jovem observou, relacionando-o com o tema do encontro. Segundo Momento: Leitura em grupos do texto que segue. Encontrar Jesus nos desencontros do mundo Os homens primitivos eram profundamente religiosos. A história da humanidade e as descobertas arqueológicas nos confirmam essa verdade. Diante do poder da natureza, das chuvas, dos trovões, do sol, da lua e das estrelas, o homem primitivo percebia e reverenciava uma força superior. O homem moderno perdeu esse contato com a natureza. A ausência de contato com a natureza provoca uma insensibilidade no homem contemporâneo, fazendo com que não consiga perceber e encontrar a presença de Deus nas coisas criadas. Com isso, não queremos cair no panteísmo. Queremos apenas, despertar a atenção para as belezas da criação. Embora aceitemos a evolução, afirmamos a intervenção de Deus nessa evolução. Negar a mão de Deus na criação é o mesmo que afirmar o acaso. A perfeição relativa do mundo não pode ser fruto do acaso. Se as coisas criadas são um caminho para Deus, são também um convite para a entrega total. O próprio Cristo usou da natureza para nos evangelizar. Ao apontar para as aves do céu e os lírios do campo, Ele não quis fazer poesia, mas indicar um caminho para Deus. Diante da natureza, podemos questionar nossa confiança em Deus. Nós nos abandonamos nas

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DIOCESE DE URUGUAIANA

PASTORAL DA JUVENTUDE

ENCONTROS EM PREPARAÇÃO AO ENCONTRÃO DE JOVENS – 2011

PRIMEIRO ENCONTRO

TEMA: O ENCONTRO COM JESUS NOS FAZ SEGUIR SEUS PASSOS

Ambiente: Colocar no centro do ambiente o quadro de Jesus, a bíblia, a vela, um mapa do Brasil

preenchido com colagens que retratam a realidade social, política, econômica e ambiental, um símbolo

que representa o grupo.

Primeiro Momento:

a- Acolher os jovens com um canto de animação

b- Observar o cenário organizado no centro da sala

c- Conversação sobre o que cada jovem observou, relacionando-o com o tema do encontro.

Segundo Momento: Leitura em grupos do texto que segue.

Encontrar Jesus nos desencontros do mundo

Os homens primitivos eram profundamente religiosos. A história da humanidade e as

descobertas arqueológicas nos confirmam essa verdade. Diante do poder da natureza, das chuvas,

dos trovões, do sol, da lua e das estrelas, o homem primitivo percebia e reverenciava uma força

superior.

O homem moderno perdeu esse contato com a natureza. A ausência de contato com a natureza

provoca uma insensibilidade no homem contemporâneo, fazendo com que não consiga perceber

e encontrar a presença de Deus nas coisas criadas. Com isso, não queremos cair no panteísmo.

Queremos apenas, despertar a atenção para as belezas da criação. Embora aceitemos a evolução,

afirmamos a intervenção de Deus nessa evolução. Negar a mão de Deus na criação é o mesmo

que afirmar o acaso. A perfeição relativa do mundo não pode ser fruto do acaso.

Se as coisas criadas são um caminho para Deus, são também um convite para a entrega total. O

próprio Cristo usou da natureza para nos evangelizar. Ao apontar para as aves do céu e os lírios

do campo, Ele não quis fazer poesia, mas indicar um caminho para Deus.

Diante da natureza, podemos questionar nossa confiança em Deus. Nós nos abandonamos nas

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mãos de Deus? “Olhai as aves que voam no céu; não semeiam o grão nem colhem, nem

acumulam a colheita nos celeiros; pois o vosso Pai celeste lhes dá de comer. Acaso não valeis

muito mais do que elas?” (Mt 6,26).

É claro que valemos muito mais do que as aves, porque somos filhos de Deus; só que,

infelizmente, nos deixamos levar por vãs preocupações, pelo consumismo e não percebemos esse

amor imenso.

Com tantos problemas para resolver, como parar para observar flores? Tantos homens no mundo

morrendo de fome, tantas guerras; o petróleo que está acabando; a inflação cada vez subindo

mais; o governo cada vez mais corrupto; a poluição sonora e ambiental; as doenças contagiosas;

as favelas sempre maiores... E nós ainda perdendo tempo para olhar os lírios? Não seria

alienação?

O que devemos aprender é olhar o mundo com os olhos de Deus. Jesus quando esteve entre nós,

como homem, conhecia perfeitamente os graves problemas da humanidade. No entanto, Ele quis

nos ensinar que é preciso aprender com as flores. Elas, como os pássaros, nos ensinam a confiar

em Deus. Infelizmente, não aprendemos a amar a natureza, assim como não aprendemos a amar

os homens, criados por Deus à sua imagem e semelhança.

Como encontrar Deus nos desencontros do mundo?

Aquele que faz uma experiência de Deus em sua vida, procura olhar o mundo a partir dessa ótica

divina. Percebe a mão do Pai em cada criatura, em cada acontecimento, mesmo que corriqueiro

de sua vida. É preciso escutar o Senhor que nos fala através das coisas mais simples que nos

acontecem.

Quando experimentamos Deus como um Pai que nos ama, então, torna-se fácil perceber sua ação

em nossa vida. O homem moderno não se contenta mais com uma idéia a respeito de Deus. Ele

quer tocá-lo. Como tocá-lo, senão através de cada um de nós? Quando o experimentamos, nos

tornamos canais do seu amor para os outros homens. Tornamo-nos “torneiras” de Deus para

saciar a sede de amor que os homens de hoje tanto sentem. Para isso, é preciso escutar o que Ele

tem a nos dizer através da sua Palavra, mas também através dos acontecimentos do dia-a-dia, da

natureza, das coisas criadas... É preciso experimentá-lo!

(Trecho extraído do livro "Tocar o Senhor", do saudoso padre Léo-SCJ).

Terceiro Momento:

a- Canto para acolhida da Palavra de Deus

b- Leitura Orante do texto: Lc 24, 13- 35 (Este momento poderá ser realizado em grupo em forma

de oração)

1º PASSO: Procure um lugar agradável e acomode-se. Com os olhos fechados inspire profundamente e

devagar várias vezes puxando o ar para dentro dos pulmões sentindo Deus ocupando o lugar central do seu

ser e expire soltando o ar pela boca sentido toda a tensão saindo do corpo. Faça isso várias vezes. Coloque-

se na presença de Deus, dando alguns minutos para que a "poeira" de seus pensamentos e suas ações se

assente um pouco. Inspire paz, tranquilidade, harmonia, segurança... expire, insegurança, medo, tensão...

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2º PASSO: Através de um canto, um mantra, repetição constante de um refrão musical, conhecido ou uma

oração, peça as luzes do Espírito Santo para esse tempo de oração. Sem a força e o auxilio do Espírito

Santo de Deus, nosso esforço será inútil. 3ºPASSO: Agora abra a sua Bíblia e comece a ler o texto indicado. É preciso ler nas linhas e nas

entrelinhas, pois o autor do texto Bíblico ao escrevê-lo, não estava pensando em mim, em você ou nos

problemas do nosso século. Ao escrever o texto, ele estava dando uma resposta a um problema concreto

que a comunidade dele estava enfrentando. Depois dessa primeira leitura procure descobrir qual é esse

problema. O que estava acontecendo na comunidade do autor que o levou a escrever esse texto? 4º PASSO: Esse passo, a meditação, quer atualizar o que se leu, buscando o seu sentido para a nossa vida

de hoje, aqui no Brasil, no lugar onde moramos, e portanto, vai responder a pergunta: O que diz o texto

para mim, para nós? O que esse texto tem de semelhante e de diferente com a nossa vida? Com a nossa

comunidade? O que tem a ver com o nosso país? 5º PASSO: Oração é entrar em sintonia e diálogo com Deus dando uma resposta solicitada pela Palavra

lida e meditada que nos foi dirigida por Ele. Agora é o momento de nos colocar em comunhão íntima com

Ele e expressar nossos sentimentos, angústias, apreensões, alegrias e sonhos que por ventura surgiram

durante a leitura e a meditação. Você não deve se preocupar em falar muito e em preparar palavras bonitas,

que fórmula usar. Fale com espontaneidade, simplicidade e naturalidade e conte a Deus Pai tudo o que o

seu coração sentiu e experimentou a partir das descobertas feitas até agora. 6° PASSO: A contemplação introduz-nos numa "conversa tranquila com Deus", sem outro desejo a não

ser o de permanecer ao seu lado. Olhar e sentir-se olhado por Ele, num sentimento de adoração, escuta e

silêncio. Esta presença e esta proximidade tornam-se sempre mais silenciosa, como em um "passeio entre o

amado e a amante, em que, num certo momento, após o diálogo e a alegria do reencontro, fica-se

simplesmente um perto do outro. Não se diz mais nenhuma palavra, falam apenas com os olhos e com o

coração. Assim, sempre mais próximo de Deus, conhece-se em profundidade seu pensamento, pressente se

claramente seu coração no texto e abandona-se a ele". Uma outra característica da contemplação é que,

dentro do método da leitura orante, ela é ativa, exige conversão, tomada de posição. Quando, através do

texto, lido, meditado e rezado, experimentamos o amor de Deus, algo acontece conosco. Mudamos. Não

podemos mais ficar na mesma. Esse é o desafio, realizar aqui e agora o Reino de Deus. 7º PASSO: O Método da Leitura Orante da Bíblia é como um mapa: indica o caminho, mostra o que Deus

quer de nós. O mesmo Deus que estava presente no texto lido, meditado, orado e contemplado e que

respondia ao grito do povo sofredor (Ex 3,7), está e estará sempre presente na nossa vida, falando conosco

a partir de nossa realidade e espera uma tomada de posição da nossa parte, pois sua fala é sempre um apelo

a um compromisso pessoal e comunitário com a vida, com os outros, com a transformação da história. Nós

somos convidados a tomar uma posição, assumir um compromisso concreto e um dia estaremos no céu e

escutaremos as palavras de Jesus: "Tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de bebe; era

peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim (Mt

25,35).\ 8º PASSO: Rezar um salmo. Salmos são orações poéticas, das quais cerca de cem expressam lamentação

e/ou denúncia, e cinquenta, louvor. Eles dizem que Deus é Alguém: que aparece a qualquer momento; está

em comunicação direta com os homens; intervém nos momentos críticos da vida; vence as guerras; curas

as doenças; chega a mudar as leis da natureza para realizar o seu plano com os homens.Todos eles

nasceram de Circunstâncias que nós também vivemos: alegria, gratidão, tristeza, angústia, dúvida,

desespero, frustração, abandono, derrota, luta, vitória, solidão, doença, busca de Intimidade, crise, paz,

guerra, incompreensão fidelidade, amizade, traição, doença, velhice, perseguição, injustiça, opressão,

sensação de contradição. Por exemplo, se a sua oração te levar a agradecer, reze o Salmo 100, 118; se você

estiver angustiado reze o Salmo 51; se você estiver ansioso. reze o Salmo 46; se você estiver em viagem,

reze o Salmo 121; se estiver cansado, reze o Salmo 91; se estiver contrito, reze o Salmo 4 ou o 42; se

estiver deprimido, reze o Salmo 34, 91 ou o 118,5-6; se estiver desencorajado, reze o Salmo 23 ou o 55,22;

em dificuldade, reze o Salmo 16 ou o 31; enfermo ou na dor, reze o Salmo 33; enfrentando crise, reze o

Salmo 121; Falta de fé, reze o Salmo 42,5; falta de amigos, reze o Salmo 41,9-13; necessitando orientação,

Salmo 32,8; necessitando proteção de Deus, Salmo 27,1-6; 13,1-3; 34,7; tentado, reze o Salmo 1; 139,23.

Para cada situação da vida há um Salmo correspondente. 9º PASSO: Na oração, há a necessidade de se despedir, de encerrar não com um ADEUS, mas um, ATÉ

LOGO desejoso de um novo encontro, pois, assim como a amizade arrefece se não há momentos de

encontro e intimidade, do mesmo modo a fé se debilita se não nos recolhemos em oração. A oração poderá

ser encerrada com um Pai Nosso ou um canto de sua preferência.

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10º PASSO: Não basta ler, meditar, orar e contemplar a Palavra de Deus. É preciso produzir no cotidiano

na realidade concreta do dia-a-dia, em casa e na rua frutos como paz, sorriso, decisão, caridade, entrega,

seguimento, serenidade, compreensão, bondade, e.., semeada no seu coração.

Quarto Momento:

Concluir o encontro com uma visita solidária para uma entidade carente da comunidade.

Leitura complementar para o coordenador do Encontro: A aparição de Jesus aos discípulos de Emaús. - Frei Carlos Mesters, O.Carm

O evangelho de hoje traz o episódio tão conhecido da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús. Lucas escreve nos anos 80 para as comunidades da Grécia que na sua maioria eram de pagãos convertidos. Os anos 60 e 70 tinham sido muito difíceis. Houve a grande perseguição de Nero em 64. Seis anos depois em 70, Jerusalém foi totalmente destruída pelos romanos. Em 72, em Massada no deserto de Judá, foi o massacre dos últimos judeus revoltosos. Nesses anos todos, os apóstolos, testemunhas da ressurreição, foram desaparecendo. O cansaço ia tomando conta da caminhada. Onde encontrar força e coragem para não desanimar? Como descobrir a presença de Jesus nesta situação tão difícil? A narração da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús procura ser uma resposta para estas perguntas angustiantes. Lucas quer ensinar as comunidades como interpretar a Escritura para poder redescobrir a presença de Jesus na vida.

Lc 24,13-24: 1º Passo: partir da realidade. Jesus encontra os dois amigos numa situação de medo e de descrença. As forças de morte, a cruz, tinham matado neles a esperança. Era a situação de muita gente no tempo de Lucas e continua sendo a situação de muitos hoje em dia. Jesus se aproxima e caminha com eles, escuta a conversa e pergunta: "De que estão falando?" A ideologia dominante, isto é, a propaganda do governo e da religião oficial da época, impedia-os de enxergar. "Nós esperávamos que ele fosse o libertador, mas...". Qual é hoje a conversa do povo que sofre?

O primeiro passo é este: aproximar-se das pessoas, escutar sua realidade, sentir seus problemas; ser capaz de fazer perguntas que ajudem as pessoas a olhar a realidade com um olhar mais crítico.

Lc 24,25-27: 2º Passo: usar a Bíblia para iluminar a vida. Jesus usa a Bíblia e a história do povo de Deus para iluminar o problema que fazia sofrer os dois amigos, e para esclarecer a situação que eles estavam vivendo. Usa-a também para situá-los dentro do conjunto do projeto de Deus que vinha desde Moisés e os profetas. Ele mostra assim que a história não tinha escapado da mão de Deus. Jesus usa a Bíblia não como um doutor que já sabe tudo, mas como o companheiro que vem ajudar os amigos a lembrar o que estes tinham esquecido. Jesus não provoca complexo de ignorância nos discípulos, mas procura despertar neles a memória: "Como vocês demoram para entender o que os profetas anunciaram!".

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O segundo passo é este: com a ajuda da Bíblia, ajudar as pessoas a descobrir a sabedoria que já existe dentro delas mesmas, e transformar a cruz, sinal de morte, em sinal de vida e de esperança. Aquilo que as impedia de caminhar, torna-se agora força e luz na caminhada. Como fazer isto hoje?

Lc 24,28-32: 3º Passo: partilhar na comunidade. A Bíblia, ela por si, não abre os olhos. Apenas faz arder o coração. O que abre os olhos e faz enxergar, é a fração do pão, o gesto comunitário da partilha, rezar juntos, a celebração da Ceia. No momento em que os dois reconhecem Jesus, eles renascem e Jesus desaparece. Jesus não se apropria da caminhada dos amigos. Não é paternalista. Ressuscitados, os discípulos são capazes de caminhar com seus próprios pés.

O terceiro passo é este: saber criar um ambiente de fé e de fraternidade, de celebração e de partilha, onde possa atuar o Espírito Santo. É ele que nos faz descobrir e experimentar a Palavra de Deus na vida e nos leva a entender o sentido das palavras de Jesus (Jo 14,26; 16,13).

Lc 24,33-35: O resultado: Ressuscitar e voltar para Jerusalém. Os dois criam coragem e voltam para Jerusalém, onde continuavam ativas as mesmas forças de morte que tinham matado Jesus e que tinham matado neles a esperança. Mas agora tudo mudou. Se Jesus está vivo, então nele e com ele está um poder mais forte do que o poder que o matou. Esta experiência os faz ressuscitar! Realmente tudo mudou! Coragem, em vez de medo! Retorno, em vez de fuga! Fé, em vez de descrença! Esperança, em vez de desespero! Consciência crítica, em vez de fatalismo frente ao poder! Liberdade, em vez de opressão! Numa palavra: vida, em vez de morte! Em vez da má noticia da morte de Jesus, a Boa Notícia da sua Ressurreição! Os dois experimentam a vida, e vida em abundância! (Jo 10,10). Sinal do Espírito de Jesus atuando neles!

SEGUNDO ENCONTRO

TEMA: NO ENCONTRO COM JESUS TECENDO RELAÇÕES DE VIDA

Ambiente: Dispor na sala diversos novelos de lã com cores diferentes e sobre as cores

estendidas sobre o chão colocar palavras como: FAMÍLIA. PASTORAL DA JUVENTUDE,

NATUREZA, AMIGOS, EDUCAÇÃO, SAÚDE, COMUNIDADE, ESPORTE, MULHER,

VIDA, ETC.; um poço e na boca do mesmo a Palavra de Deus.

Primeiro Momento:

Observar o cenário e questionar o grupo, provocando um debate: Quais são as situações de vida

que precisam ser tecidas em nossas comunidades e grupos? Como percebemos a participação da

mulher na vida da sociedade e em nossas comunidades? Como a mulher pode resgatar seu

protagonismo profético?

Segundo Momento:

1-Encenação ou leitura do texto: JESUS E A SAMARITANA (Jo 4,5-42)

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2- REFLEXÃO PARA O COORDENADOR DO ENCONTRO SOCIALIZAR COM O

GRUPO:

- A samaritana era 4 vezes rejeitada:

· Por ser mulher: a sociedade judaica era bem machista. Só a mulher podia ser condenada no

caso de adultério.

· Por ser pecadora: o meio-dia não é horário para buscar água.

· Por ser estrangeira: os samaritanos eram considerados como bastardos, mistura de raças.

· Por ser pobre: ela mesma foi buscar água no poço.

- Jesus: cansado, se senta na beira do poço de Jacó.

A. A saída do círculo vicioso marcado pela tradição e as forças coletivas (v. 7-9).

· “Você um judeu... eu, uma samaritana”.

Jesus disse: “Dá-me de beber!” A reação da mulher é de surpresa:

“Como sendo judeu, tu me pedes de beber, a mim que sou samaritana”.

· A mulher está insegura porque Jesus quebra um tabu. Um judeu não ia humilhar-se para pedir

uma ajuda a uma pecadora, só se este estivesse na pior.

· É o confronto com a nossa miséria que nos leva à conversão.

· A mulher estranha a atitude de Jesus porque já tinha incorporado a tradição: judeu e samaritano

não se falam;

· Ela aceita seu papel, sua “Persona” (máscara) em função do que os outros esperam dela.

· Jesus quebra o seu papel de judeu e obriga a mulher a se questionar na sua situação de

samaritana. Jesus não vê nela simplesmente uma “samaritana”.

B. O dom de Deus: “água viva” – Oferta de uma nova vida (v.10).

· Jesus propõe uma água que corre, não mais uma água parada. É isso o dom de Deus.

· O dom de Deus é o próprio Jesus.

· A intervenção de Jesus marca um salto qualitativo. Jesus quer que a mulher descubra que ele

não é simplesmente um judeu, mas o dom de Deus capaz de dar água viva.

· Isso a mulher não consegue entender.

C. Rompeu com a tradição: “Você é maior que o nosso pai Jacó” (v.11-14 c 5-6).

· Jacó é considerado o pai dos samaritanos. Ele representa a tradição. O poço indica a descida na

profundeza da origem religiosa. Por isso, a mulher pergunta se Jesus é maior do que o pai Jacó.

· O poço, a água são símbolos materiais e representam a origem.

· Em todas as culturas “os pais” significam a Lei, a Ordem, a Consciência.

· A pergunta da mulher: “Você é maior que o nosso pai Jacó”, revela a crise de valores sentida

por ela.

· Não é por acaso que o encontro se realiza no poço de Jacó que representa para a mulher a fonte

dos valores que ela tinha até agora. Ela se questiona: “Será que este judeu é uma nova fonte da

qual posso viver?”

· Por isso, os versículos 13-14 respondem bem ao que preocupa a mulher. “Aquele que bebe

desta água (Jacó) terá sede novamente; mas quem beber da água que eu lhe darei, nunca mais

terá sede. Pois a água que eu lhes der, tornar-se-á nele uma fonte de água jorrando para a vida

eterna”.

D. Desejo da nova fonte de vida (v. 15)

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· A samaritana começa a alimentar o desejo de uma água (de uma fé) capaz de satisfazer

plenamente. A água (a fé) do poço de Jacó não conseguiu satisfazê-la porque precisava tirá-la

todos os dias e necessitava de esforço.

· A mulher pede nesse versículo 15, o que Jesus tinha proposto que pedisse no versículo

10.

· Assim termina a 1ª parte. A samaritana descobre que precisava sair do seu “egocentrismo”, da

sua “persona”, do seu papel no qual estava trancada para descobrir seu verdadeiro “ego”.

· É dentro de nós, que encontramos o caminho do místico.

E. A mudança na metade da vida: a sexta-hora (v. 6,16-19).

· C.G. Jung escreve que e a primeira parte da nossa vida é orientada pela ação, enquanto a

segunda leva para a interioridade.

· Quando Jesus disse: “Vai, chama teu marido”, ele provocou a mulher para reconhecer o lado

escuro da sua vida. Ela o reconhece, no entanto, só parcialmente quando disse: “Não tenho

marido”, escondendo que já teve 5 maridos. Jesus a questiona para obrigá-la a reconhecer toda a

verdade.

· Só quem aceita reconhecer e confessar o seu lado escuro é capaz de fazer a experiência da água

viva. Não adianta esconder alguma coisa a si mesmo ou ao confessor.

· O reconhecimento do lado escuro da nossa personalidade é o inicio da cura e o primeiro passo

para a “individuação”.

· A mulher não vê mais em Jesus um judeu, mas um profeta (v. 19) e mais tarde o messias (v.25)

e finalmente o salvador (v.42).

· O segundo passo para a individuação é o reconhecimento da anima para o homem e do animus

para a mulher. O fato que a mulher reconhece Jesus como profeta e que ela aceita exercer ela

mesma este papel para com os samaritanos, prova que começa a descobrir no seu caminho para a

“individuação” seu lado masculino feito de iniciativa.

F. O encontro com Deus (v. 20-26): o símbolo unificado

· Deus se encontra no mais interior de si mesmo.

“ Deus interior íntimo” como disse S. Agostinho.

· Só pode encontrar Deus quem para de apresentar aos outros e a si mesmo uma “persona”.

· A mulher só foi capaz de fazer uma pergunta sobre Deus, após ter aceito seu lado escuro.

A descoberta de Deus se faz a partir do conhecimento do seu ego mais profundo.

· A partir do v. 20, a mulher começa a ter iniciativa do diálogo. Pela primeira vez, ela faz uma

pergunta e a resposta é no mesmo nível.

· Agora a mulher é capaz de se confrontar com sua própria tradição.

· No versículo 25, a mulher manifesta o desejo de encontrar Cristo, aquele que não somente lhe

revelou seu lado escuro, como o fez Jesus, mas aquele que é capaz de revelar “tudo”.

· A mulher ainda pensa de maneira dualista: adorar em Jerusalém ou em Garizim? Jesus fala que

precisa rezar em espírito e verdade. Ele acaba deste jeito com qualquer dualismo.

Refaz a unidade entre o humano e o divino, entre o espírito e a carne.

· Quando Jesus diz: “Sou eu, que falo contigo”, isso significa, para a mulher samaritana, o

encontro com Cristo na sua plenitude e a realização plena na sua personalidade.

G. Mensageira para o povo (v. 28-30 c 42)

· A mulher abandona sua jarra, porque descobriu uma outra “água”.

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· A água do poço (religião de Jacó) já não a satisfaz mais. Ela descobre a água viva: Jesus é o

Messias.

· A volta para a cidade, mostra uma mulher bem diferente. Agora, não é mais uma mulher que

segue um papel coletivo, mas alguém que tem sua própria personalidade.

CONCLUSÃO

· Na metade de sua vida, uma mulher experimenta uma mudança radical na qual o seu passado se

torna consciente e na qual seu futuro se orienta radicalmente para Cristo.

· O texto da samaritana é um texto de revelação (e não de moral), no qual Jesus vai se revelando.

A conversão é o resultado concreto deste encontro.

· Enquanto a religião se resume simplesmente a formas externas e a função religiosa não leva a

uma experiência íntima de Deus, não acontece nada de fundamental. Quem não compreende isso,

pode ser doutor em teologia, mas de religião não entende nada e menos ainda de educação.

Terceiro Momento:

a- Convidar as mulheres do grupo a se aproximarem do poço e buscar água (dispor de água

e copo), dizendo qual o protagonismo profético que deseja assumir em sua comunidade

ou no grupo.

b- Canto: Eu te peço dessa água que tu tens...

c- Oração do Pai Nosso...

Quarto Momento:

- As Meninas do grupo oferecem um café dialogando sobre “O PROTAGONISMO FEMININO”

para algumas mulheres líderes da comunidade para escutar seu depoimento de vida.

TERCEIRO ENCONTRO

TEMA: "JOVENS MULHERES TECENDO RELAÇÕES DE VIDA"

Ambiente: Tecidos coloridos, coração, espelho, bíblia, flores, agulhas com linhas

coloridas, tesouras, costuras incompletas, figuras de mulheres...

Primeiro Momento: Canto de acolhida

Segundo Momento: Prender uma folha de ofício nas costas das meninas e escrever uma

qualidade feminina que mais admira.

Terceiro Momento: Socializar as qualidades, comentando como posso colocá-las a serviço

da comunidade e do grupo.

Quarto Momento: Estudo em grupos do texto e após usar a criatividade para a apresentação

podendo usar retalhos de tecidos, linhas, agulhas, tesoura, papel e a música.

CADA GRUPO RECEBE A FICHA ONDE ESTÁ ESCRITO:

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a- Mulher na Política

b- Mulher na Igreja

c- Mulher na Educação

d- Mulher no Mercado de Trabalho

e- Mulher Produtora Rural

f- Mulher explorada na moda, na prostituição e na droga

g- Mulher Violentada

DESTACAR A PRESENÇA DA MULHER NAS DIFERENTES REALIDADES E

SEUS DESAFIOS.

Texto para leitura em grupos:

JUVENTUDE E PROTAGONISMO FEMININO

A juventude organizada tem um olhar perspicaz sobre a realidade, e sabe apontar para os

caminhos de esperança que nos são dados de presente, dentro de um contexto de marcha teimosa

e vigorosa, no universo poético e profético tecido pela Igreja, a partir das mãos do coração das

jovens mulheres de nosso tempo. Ao trazer o protagonismo feminino no horizonte da juventude

em seu todo, sentimos um canto novo no ar. É a ternura em doação, a beleza em curso, a

constância do sorriso nas poeirentas estradas de nossas romarias e a sintonia das bandeiras,

bordadas com as cores do coração e com as tintas da emoção bailando e tremulando nas

avenidas, praças, Redes Sociais, Campus Universitário, meio Rural, espaços públicos e políticos,

periferias, centros urbanos e templos religiosos.

O protagonismo feminino, a partir da juventude, se tornou mais arrojado, propositivo e

determinado, sem perder a ternura, o carinho, a beleza e a feminilidade própria da mulher. Não

se trata de simples tomada de decisão, mas fortaleza diante dos propósitos escritos nas páginas da

própria alma. Seu coração fala com liberdade, suas palavras arrancam aplausos com paixão e sua

coerência vivencial lhe faz tomar partido diante das diferenças ideológicas que o mundo impõe.

A mulher é líder. Até mesmo quando a mulher está "invisível", não passa despercebida. Sua

presença é notada na sutileza de seus gestos, na delicadeza das palavras e no olhar responsável,

por isso é valorizada. A beleza continua sendo importante, pois toda mulher, pelo fato de ser

mulher, traz consigo uma beleza irrenunciável, única, digna de nota e verdadeiramente

encantadora. É na canção silenciosa composta por seu coração que nós aprendemos a escutar o

som do universo que os sonhos ousam declamar.

Ao mergulhar no universo feminino encontramos a força de seu coração envolta pelo bálsamo da

Água Viva (Jesus Cristo) revelar a Fonte do amor (Espírito Santo) que fala a partir do coração do

próprio Deus (Pai). A vida é associada com a mulher, sempre pronta para ser mãe. Por causa da

comunhão entre um homem e uma mulher, é fundamental a presença do homem na vida da

mulher, mas apenas quando o amor está em destaque. Isso não significa que o homem pode dar-

se o direito de empoderar-se das questões familiares pelo simples fato de haver uma aparente

fragilidade no ser feminino. A mulher é verdadeiramente uma guerreira, sem perder a candura de

sua feminilidade ou a firmeza de suas convicções. Mais do que nunca, a mulher soube conquistar

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seu espaço e garantir a sua presença nesse lugar que lhe foi proposto a partir de seu suor, que não

vai mais ser "roubado" pela incompreensão machista de alguns ranços culturais arcaicos.

O protagonismo da mulher passa pelo diálogo e evidencia-se na escuta, transcende com a

ternura, debruça-se sobre o estudo, surpreende na dedicação, apresenta-se com o trabalho e

agiganta-se no compromisso com o outro. O princípio da alteridade (preocupação com o outro,

em especial os menos favorecidos) está desenhado em seu coração como uma realidade natural e

normal. O protagonismo, mais do que nunca, está na capacidade de manifestar o pensamento de

forma cuidadosa e inteligente, sem deixar de fora os princípios éticos. Sabemos que a mulher não

é um ser superior e nem mais importante do que o homem, mas alguém que revela capacidade de

inclusão a partir de sua própria presença feminina.

A mulher ocupa seu espaço na condição de mulher e não se incomoda com a presença de outras

pessoas. Não se trata de tirar os homens de seus postos para que as mulheres entrem, mas de

mostrar o quanto há espaço para todos em lugares onde elas tinham pouco ou nenhum acesso. A

mulher traz consigo o potencial da maternidade. A lógica do coração de mãe no contexto da

família é o amor. Vivemos momentos importantes no cenário da Igreja. As mulheres estão nas

pastorais, na Liturgia, na obras sociais, nas escolas, nas faculdades e, não poucas vezes, são

forçadas a tomarem posições radicais no contexto familiar por não se sentirem amadas. Noutros

tempos a mulher vivia no contexto familiar e "agüentava" as situações de sofrimento em silêncio.

Não obstante essas situações, nós defendemos a família sempre e incentivamos o princípio

misericórdia.

Em nossos dias a mulher tem voz e vez. Num contexto de injustiça a mulher é capaz de tomar

decisões e partir em busca de novos caminhos quando o ambiente não é mais favorável. Há

quebras de paradigmas em muitas situações. É verdade que muitas mulheres também se

precipitam em algumas decisões e depois sofrem com as consequências. Nesse sentido há muita

pressão e cobrança sobre o protagonismo que lhes é exigido. Lembremos que o protagonismo da

mulher não rompe com tudo e com todos e nem quer ocupar o lugar dos homens, mas busca

ocupar o próprio espaço a partir de seu ser feminino que traz elementos fundamentais, capazes de

agregar valores em ambientes com interatividade, que valorizam as diferenças raciais, culturais,

religiosas, sociais, políticas e econômicas.

A mulher é aquela que sabe tecer, construir e despertar o novo a partir da sua paciência histórica

e sonhadora. O fio se submete às agulhas e essas, por sua vez, se deixam conduzir pelas mãos

habilidosas da artista em suas atentas conexões. No tecido da realidade o desenho de seus sonhos

vai sendo moldado com a emoção do coração. Ao som da música que se faz mantra, a mulher

conduz com habilidade o fio do amor na dança das agulhas. Seu olhar não perde o tecido e seu

coração tem um sexto sentido. Seu corpo vive os sentimentos, acolhe os riscos que a realidade

impõe e corre ao encontro de quem lhe suplica um abraço de amor. Quem pede esse abraço de

amor é a juventude sedenta de afeto, que quer confirmação em cenários de indiferença,

fragilidade e omissão que a sociedade impôs. A mulher é vista por primeiro porque está em

nossa vida por primeiro. Foi assim desde a concepção. Com a juventude não é diferente. Com o

protagonismo das mulheres, nos damos conta das atitudes arrogantes e excludentes dos homens.

Quanto mais dialogarem com as mulheres, mais os homens serão compreendidos e mais irão

respeitar as conquistas e os espaços que elas carregam em seus corações. Sabemos que as

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mulheres não querem ficar sozinhas, sem uma atenção especial ou longe das realidades que

geram vida. Os homens querem garantir seu espaço, mas não às custas da eliminação das

mulheres dos lugares que conquistaram, mas a partir do exemplo, da dedicação, determinação e

superação que elas revelaram com suas lutas.

Tecer relações é ter a capacidade de olhar o diferente como uma presença que soma e encanta e

não apenas como uma presença que ameaça. A mulher tornou a vida mais bela e o mundo mais

esperançoso com seu protagonismo. Avancemos ainda mais. Agora é o tempo da evangelização.

Maria, mãe de Jesus, é a protagonista por excelência, pois nos ensina a estar sempre ao lado de

Jesus. Maria, a Mãe de Deus, ajuda seu próprio Filho a ser protagonista no primeiro Sinal das

Bodas de Caná: "Fazei tudo o que Ele vos disser" Jo 2, 5. Que o Encontrão da Juventude da

Diocese de Uruguaiana seja um momento único de reflexão e de partilhar do universo feminino

que está gerando vida nova a partir do seu incansável protagonismo.

Quinto Momento:

Apresentação dos grupos e construção de um símbolo que representa do PROTAGONISMO DAS

MULHERES DA SUA COMUNIDADE para levar no encontrão em Quaraí.

Sexto Momento:

Oração final e canto.