Suor ou talento? É certo que esforço apenas não basta...

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Suor ou talento? É certo que só esforço não basta "Será que sou bom nisso? Estou investindo quantidade de tempo suficiente para melhorar?” Quantas vezes fazemos esse tipo de pergunta ao longo da vida nas mais variadas situações? DESCUBRA SUAS FORÇAS! Assista ao vídeo no Em nossos TALENTOS estão nossas FORÇAS !

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Suor ou talento? É certo que só esforço não basta "Será que sou bom nisso? Estou investindo quantidade de tempo suficiente para melhorar?” Quantas vezes fazemos esse tipo de pergunta ao longo da vida nas mais variadas situações? Há mais de 100 anos, a ciência tenta explicar por que algumas pessoas são excepcionais, enquanto outras, a despeito da aplicação em termos de energia e tempo, nunca passam do razoável. Quanto pode ser atribuído ao talento inato e quanto corresponde ao esforço? Brooke Macnamara, professora de psicologia na Case Western Reserve University, e mais dois colegas reuniram os 88 estudos mais renomados já realizados nessa área, analisaram todos os seus dados e lançaram em julho um estudo na publicação acadêmica Psychological Science. As conclusões do trabalho, considerado a revisão mais completa já feita até hoje, abalaram algumas certezas e trouxeram para a ordem do dia o debate sobre o que faz estudantes, atletas, músicos e profissionais ser muito acima da média. A principal contribuição: dedicar muito tempo a uma tarefa não fará ninguém virar um fora de série. A REVOLUÇÃO DO PONTOS FORTES www.revolucaopontosfortes.com

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Suor ou talento? É certo que só esforço não basta"Será que sou bom nisso? Estou investindo quantidade de tempo suficiente para melhorar?” Quantas vezes fazemos esse tipo de pergunta ao longo da vida nas mais variadas situações?

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Há mais de 100 anos, a ciência tenta explicar por que algumas pessoassão excepcionais, enquanto outras, a despeito da aplicação em termos deenergia e tempo, nunca passam do razoável. Quanto pode ser atribuídoao talento inato e quanto corresponde ao esforço?

Brooke Macnamara, professora de psicologia na Case Western ReserveUniversity, e mais dois colegas reuniram os 88 estudos mais renomados járealizados nessa área, analisaram todos os seus dados e lançaram emjulho um estudo na publicação acadêmica Psychological Science.

As conclusões do trabalho, considerado a revisão mais completa já feitaaté hoje, abalaram algumas certezas e trouxeram para a ordem do dia odebate sobre o que faz estudantes, atletas, músicos e profissionais sermuito acima da média. A principal contribuição: dedicar muito tempo auma tarefa não fará ninguém virar um fora de série.

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EXAME - As pessoas com alto desempenho nascem assim ou são treinadas para chegar àexcelência?

Brooke Macnamara - Não dá para simplificar tanto assim. Há muitos fatores envolvidos emdeterminar quem vira um “excepcional”. Também depende da área de atuação. Num jogo dexadrez, os jogadores que tiverem herdado uma inteligência maior e uma memória melhorterão vantagens. Mas há outros fatores que determinam o sucesso.Experiência é um deles. Com base em nosso estudo, porém, derrubamos a noção de que aquantidade de tempo dedicado à prática é a principal responsável pelo sucesso, como muitosandaram dizendo nos últimos tempos.

EXAME - Alguns anos atrás, o escritor Malcolm Gladwell ficou famoso ao mencionar estudosque mostram que a diferença entre violinistas e pianistas excepcionais e os bons é o tempode treino. O traço comum da genialidade seriam 10 000 horas de prática. Isso está errado?

Brooke Macnamara - Não tem nada de mágico em 10 000 horas de treino. Na verdade, aprática exigida varia de acordo com a tarefa. Algumas atividades precisam de muito maishoras. O tempo necessário também depende da pessoa. A ideia de que a dedicação é tudotem muito apelo.As pessoas querem acreditar que qualquer um pode alcançar o que quiser. É igualitário acharque, com muito empenho e treino, somos todos capazes. Mas infelizmente não é bem assim.Só o esforço não basta.

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EXAME - Por que, então, a ideia das 10 000 horas ganhou tanta força?

Brooke Macnamara - Isso é recente. Alguns trabalhos das últimas décadas deram maisênfase ao treinamento, tiveram exposição na mídia e ganharam ares de verdadeabsoluta. O debate sobre se a genética ou as influências do ambiente são maisimportantes ocorre desde o século 19.

O inglês Francis Galton, um dos primeiros a propor a discussão, foi colocado numextremo, o que dava mais peso à genética. O americano John B. Watson, criador dobehaviorismo, foi considerado, décadas mais tarde, o oposto de Galton. Na verdade,tanto um como o outro diziam que genes e ambiente são importantes.

EXAME - O que a faz ter tanta certeza de que o ambiente não é determinante?

Brooke Macnamara - Avaliamos pesquisas nas áreas de música, esportes, profissões,

educação e jogos de mesa. O treinamento parece ser mais importante em jogos como xadrez.

O tempo dedicado ao treinamento explica 26% da diferença de performance, ou seja, por quealguns jogadores são excepcionais e outros não. Em música, o percentual foi de 21%; emesporte, 18%; e em educação o número foi de 4%.

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EXAME - Apenas 4%? Então estudar não adianta muito?

Brooke Macnamara - Não é isso. Antes de mais nada, vale ressaltar que a prática é importantepara atingir a excelência. Também quero evitar uma interpretação errada desses 4%. Nãoestou dizendo que estudar vai fazer com que uma pessoa só melhore seu desempenho 4%.Não é isso.Quando quantificamos os fatores que afetam a diferença de desempenho entre os melhores eos piores alunos de uma sala de aula, o tempo dedicado ao estudo explica 4% do todo. Osdemais 96% que afetam a diferença são explicados por outros fatores. Isso não deveria sersurpreendente para ninguém. Nas escolas, são comuns os casos de alunos que aprendemrapidamente quando o professor fala em sala de aula, estudam pouco tempo em casa e vãobem nas provas; e daqueles que têm mais dificuldades, estudam muito mais e, às vezes, nãotiram notas tão boas.

EXAME - De que modo isso deve afetar a forma como pais criam seus filhos e professoresensinam aos alunos?

Brooke Macnamara - Mesmo correndo o perigo de dizer algo meio óbvio, talvez valha a penaressaltar que o aluno que tem dificuldades certamente se dará melhor se estudar mais.Olhando de forma mais ampla para outras áreas, é importante incentivar as crianças a tervárias experiências.A idade em que cada um começa a praticar uma atividade também pode ser determinante.Motivação é outra coisa crucial, e pais e educadores têm um papel a exercer aí.

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EXAME - Qual é o papel do treinamento no mundo do trabalho?

Brooke Macnamara - Os estudos que existem sobre treinamento na área profissional aindasão restritos. Há alguma coisa sobre atividades como piloto de aeronaves militares,programadores de computador e vendedores de seguro.

São profissões muito diferentes para que a gente chegue a algo conclusivo. Fora isso, há umdebate sobre a definição de treinamento — se inclui experiência profissional ou não. Ditoisso, acho difícil que o treinamento apareça como o fator mais determinante para uma pessoachegar à excelência.

EXAME - Ou seja, as empresas precisam ter melhores instrumentos para identificar o talentonas entrevistas de emprego em vez de se dedicar tanto aos treinamentos?

Brooke Macnamara - O que posso dizer é que há uma série de fatores que influenciam odesempenho no trabalho e não sabemos quais mais contribuem para o sucesso. Precisamosestudar um número maior de profissões e analisá-las a fundo.

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