Sustentação 21 / Revista do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará

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SUSTENTAÇÃO n.21.jan.fev.mar.abri. de 2008.venda proibida Saúde Mental: O que muda com a Reforma Psiquiátrica Sobral: Os passos que constroem uma Rede COSSEMS: Gestão 2007 - 2008 1 Ano de Conquistas

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Sobral: Os passos que constroem uma Rede; COSSEMS: Gestão 2007 - 2008 1 Ano de Conquistas; Saúde Mental: O que muda com a Reforma Psiquiátrica. Ao longo desses meses, durante todo o processo de produção desta revista, nos deparamos com situações muito diferenciadas. Visitamos vários CAPS e conhecemos diversos profissionais muito comprometidos com a saúde mental da comunidade, fomos a um hospital psiquiátrico, acompanhamos visitas domiciliares, entrevistamos muitos atores da Reforma Psiquiátrica.

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SUSTENTAÇÃOn.21.jan.fev.mar.abri. de 2008.venda proibida

Saúde Mental: O que muda com a

Reforma Psiquiátrica

Sobral:Os passos que constroem uma Rede

COSSEMS:Gestão 2007 - 2008 1 Ano de Conquistas

04 editorial

05 galeria

06 entrevista

13 especial

48 opinião

27 cobertura

46 notícia

49 vivências municipais

67 notas

68 cultura

70 outras palavras

Hildebrando Montenegro

Saúde Mental:O que muda com a Reforma Psiquiátrica

Dr. José Jackson Coelho Sampaio

Sobral: Os passos que constroem uma rede

COSSEMS e SESA em parceria no SIOPS

Cruz BarbalhaAcopiaraIguatuFortalezaItapipocaTamborilBrejo SantoQuixadáSenador PompeuQuixeramubim

11 opinião Maria Sônia Lima Nogueira

24 notíciaTerapia Comunitária: Redescobrir o sentido da palavra

26 opinião Dr. Adalberto Barreto

33 opinião José Roberto Pereira de Sousa

35 notíciaCOSSEMS: Gestão 2007-20081 ano de conquistas

44 notíciaVII Congresso das Secretarias e Secretários Municipais de Saúde do Ceará

45 notíciaTerapia do Riso alegra crianças no Cariri

Saúde Mental:O que muda com a Reforma Psiquiátrica

13 especial

Sobral: Os passos que constroem uma rede

35 notíciaCOSSEMS: Gestão 2007-20081 ano de conquistas

COSSEMSConselho de Secretarias e SecretáriosMunicipais de Saúde do Ceará

DIRETORIA EXECUTIVAPresidente: José Policarpo de Araújo Barbosa (Umirim)Vice-presidente: Willames Freire Bezerra (Aurora)Diretor Financeiro: Francisco Pedro da Silva Filho (Cruz)Sec. De articulação: Marilza Lima dos Santos Galvão (Morada Nova)

CONSELHO FISCALTitular: Manuel Lopes Martins (Pentecoste)Suplente: Valéria Viana (Mulungu)Titular: Carlos Roberto Mota Almeida (Quixeramobim)Titular: Olímpia Maria Freire de Azevedo (Aratuba)

COMISSÃO INTERGESTORES BIPARTITE - CIBMembro NatoTitular: Luis Odorico Monteiro de Andrade (Fortaleza)Suplente: Alexandre Mont´Alverne (Fortaleza)

Grande PorteTitular: Nizete Tavares Alves (Crato)Suplente: Calos Wilton (Sobral)

Médio PorteTitular: Rogério Texeira Cunha (Trairi)Suplente: Manuel Lopes Martins (Pentecoste)Titular: Maria Ivonete Dutra Fernandes (Quixadá)Suplente: Ítalo Ney Bezerra Paulino (Barbalha)

Pequeno PorteTitular: Josete Malheiro Tavares (Guaiúba)Suplente: Luiza Lucélia Saraiva Ribeiro (Senador Pompeu)Titular: Valéria Viana (Mulungu)Suplente: Rodrigo Carvalho Nogueira (Dep. Irapuan Pinheiro)

CONSELHO ESTADUAL DE SAÚDE - CESAUTitular: José Policarpo de Araújo Barbosa (Umirim)Suplente: Willames Freire Bezerra (Aurora)

PRODUÇÃODiretora de arte, Fotógrafa e Designer: Janaína Teles Editora, Redatora e Repórter: Clarisse Cavalcante MTB 1765/CERevisão: Alessandra PimentelFotografia capa: Janaína Teles (Arte Terapia no Caps Geral I de Fortaleza)

Impressão: Expressão GráficaTiragem: 2.000 exemplares

Revista Sustentaçãojaneiro.fevereiro.março.abril de 2008.ano10.n.21ISSN 1676-4218

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DO COSSEMSRua Travessa dos Pocinhos,33

Ed. Palácio do Progresso, sl 804Fortaleza-CE CEP 60055-903

Fone/Fax: (85)32191498

SEDE DO COSSEMSRua dos Tabajaras, 268 Praia de Iracema

Fortaleza-CE CEP 60060-440Fones/Fax: (85)31015444 /

31015436 / 32199099

e-mail: [email protected] site: www.conasems.org.br/cosems/ce

EDITORIAL Ao longo desses meses, durante todo o processo de produção desta revista, nos deparamos com situações muito diferenciadas. Visitamos vários CAPS e conhecemos diversos profissionais muito comprometidos com a saúde mental da co-munidade, fomos a um hospital psiquiátrico, acompanhamos visitas domiciliares, entrevistamos muitos atores da Reforma Psiquiátrica. Vivemos enfim um processo de apuração de uma realidade que ainda carrega um certo teor de estranheza, e foi grande o aprendizado. Fomos constantemente sensibilizadas pelo contato direto com pessoas portadoras de todos os tipos de sofrimento psíquico, como mães de dependentes químicos, e pessoas com transtornos mentais graves, com grande com-prometimento da autonomia. Queríamos descobrir mais sobre o universo do transtorno mental, sobre o histórico e as pers-pectivas de tratamento. E as subjetividades que circundam esse universo. Num desses encontros que gerariam uma entrevista, fui questionada sobre minhas perspectivas diante desse tema: saú-de mental. Respondi que gostaria de construir uma matéria que acabasse com estigma do transtorno mental, que humanizasse a abordagem do tema, que ajudasse a dirimir o preconceito, todos esses sonhos. Fui respondida da seguinte forma: “a úni-ca maneira de acabar com o estigma é não querendo acabar com ele”. De imediato percebi duas coisas: que estava diante de uma grande pessoa, Dr. Jackson Sampaio, e que nosso desafio para construir essa revista seria muito maior que nosso desejo inicial. No território da saúde mental, talvez como na vida, é melhor observar mais e julgar menos. Agradecemos a todos os municípios que nos encami-nharam experiências de saúde mental e aos gestores com os quais estivemos em contato durante grande parte do processo de produção da revista. Além da matéria especial sobre saúde mental, estive-mos em Sobral conhecendo a Rede de Atenção Integral à Saú-de Mental do município, de onde trouxemos boas histórias de um modelo referencial de tratamento. E de Barbalha trouxemos a experiência da ONG Anjos da Enfermagem, usando o riso como terapia para crianças portadoras de câncer. Pedimos atenção também às informações sobre o SIOPS e sobre a realização do VIII Congresso das Secretarias e Secretários Municipais de Saúde, que vai se realizar em Guaiú-ba, de 13 a 15 de março. O tema será: 20 anos de SUS: Atenção Básica como Prioridade e as inscrições para apresentação de trabalhos já estão abertas. Reforçamos nosso desejo de ampliar nosso potencial de comunicação e aguardamos o envio de notícias sobre os mu-nicípios para os próximos jornais.

Um grande abraço!

Clarisse Cavalcante e Janaína TelesAssessoria de Comunicação do COSSEMS

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Hildebrando Montenegro é médico desde o começo dos anos 70 e testemunhou todo o processo de Refor-ma Psiquiátrica ainda em curso no país. Depois de aposentado, resolveu dedi-car seu trabalho aos CAPS, primeiro no município de Marco, agora em Cruz. Polêmico no que se refere às questões de classe, dono de uma subjetividade pertinente ao ofício e de uma memória invejável, nos contempla com algumas horas de conversa sobre o passado, o presente e o futuro do modelo de aten-ção à saúde mental na sua opinião.

Sustentação: Podemos começar com sua apresentação. Conte-nos um pouco de sua experiência profissional.Hildebrando Montenegro: Eu fui for-mado pela UFC em 1971 e recebi um presente logo que me formei, de dirigir o Manicômio Judiciário do Estado do Ceará. Recém-formado eu era neófito na profissão, neófito em política e em

administração. Tudo era inédito pra mim. Naquele tempo as coisas eram muito difíceis. Só as pessoas que ti-nham alguma condição viajavam para o sul do país para fazer uma residên-cia médica, uma especialização logo após formadas, o que não foi o meu caso. Digamos que eu comecei pelas portas dos fundos. O manicômio foi uma experiência gigante pra mim por-que eu lidava com criminosos doentes mentais, que cometiam delitos nos seus transtornos e eram levados pra lá, hoje chamado de Instituto Psiquiátrico Go-vernador Stênio Gomes. O paciente era indiciado no processo e o juiz aplicava uma pena e uma medida de segurança, que era detentiva ou não detentiva, de acordo com a periculosidade da pessoa. Então ele ficava lá cumprindo a medi-da e através de um laudo médico ela-borado por uma equipe ele recebia ou não um alvará de soltura. Muitas vezes a pessoa era esquecida, era jogada ali

dentro e era difícil sair de lá. Muitos deles diziam assim: “Dr., meu alvará só quando Deus me der né?” Era uma ins-tituição penal acima de tudo. Foi muito enriquecedor pra mim. Quando termi-nou o mandato, na época do governa-dor César Calls, coloquei meu cargo à disposição do novo governador.

Sustentação: E como é a realidade num manicômio? Como funciona o trata-mento?H.M: Aquele manicômio funcionava como um hospital comum, a diferença é que o paciente não recebia alta. Ele tinha as crises e recebia um tratamen-to, com várias opções na época. Uma alternativa era colocar o paciente numa ponte pencil e soltá-lo na água gelada, tratamento de choque. Havia também a insulino-terapia, onde se dava a insuli-na em doses crescentes até o paciente entrar em pré-coma, quando se cortava o efeito com açúcar, com glicose. Tinha

“Afinal, o que é ser normal?”O entrevistado dessa edição tem vontade de escrever um livro sobre as muitas histó-rias vividas em sua profissão. Experiências desde o Amapá, onde instituiu a primeira enfermaria psiquiátrica em Hospital Geral, ao Rio de Janeiro, onde conheceu pessoal-mente o grande artista Bispo do Rosário.

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a cardiazol-terapia, com aplicação de cardiazol, que provocava convulsões, tinha o choque elétrico... todos meios de tratamento. A gente tentava inserir a terapia ocupacional como um modelo alternativo de tratamento ao modelo vi-gente, o MOBRAL. O Serviço Social já era muito atuante naquela época. Mas depois de quatro anos dirigindo esse hospital eu recebi um convite para ir à região amazônica, território do Amapá. E naquele território não existia psiquia-tra. Eu era o melhor e o pior, porque só tinha eu (risos). Os pacientes eram levados de barco, navegavam entre 24 e 36 horas amarrados no porão e eram internados na Colônia Juliano Moreira, em Belém do Pará. Chegando lá, ao me perguntarem o que eu queria fazer, eu respondi que queria criar uma clínica psiquiátrica dentro do Hospital Geral. Era uma maluquice na época, mas era meu propósito porque eu sabia que o hospital psiquiátrico tinha que ser mo-dificado, não podia continuar um de-pósito de doentes mentais. Depois de muita briga conseguimos concretizar esse desejo. Fizemos uma enfermaria com 14 leitos, nos mesmos padrões de um micro-hospital. Mas depois co-meçamos a questionar até que ponto aquela enfermaria estava se tornando válida, por localizar-se dentro do hos-pital acabava por transformar-se num micro-asilo. E eu me perguntava que proposta era aquela, já que acabava por fazer o que os outros hospitais faziam.

Sustentação: Mas havia no país uma abertura para fazer uma proposta di-ferente?H.M: Naquela época o Brasil passava por uma abertura política e eu, com o espírito inquieto que sempre tive, aca-bei fazendo uma coisa interessante. Comecei a delegar poderes, ficamos com a coordenação do setor de saúde mental e participamos na Amazônia de uma mesa redonda de psiquiatria num encontro de medicina. Nessa oportu-nidade o professor Durvalino Braga,

catedrático da Universidade Federal de Belém do Pará, pediu que eu expusesse a questão do navio que transportava os doentes mentais para a Colônia, ques-tão que eu havia solucionado com a implantação da enfermaria. Ele queria saber como eu havia feito aquilo. Por-que é muito difícil mudar um hospital geral para que ele aceite o doente psi-quiátrico lá, mas era preciso integrar o paciente como um todo, numa concep-ção mais holística e não especializada.

Sustentação: Mas o senhor é especialis-ta em psiquiatria?H.M: Sou, mas sempre questionei o poder do psiquiatra. Que poder é esse que ele tem para determinar sozinho o destino de uma pessoa com proble-ma mental? Eu acho que isso hoje está mudando, graças a Deus! Essa prepo-tência, essa vaidade profissional inci-tava um distanciamento do psiquiatra. Existia, aliás, uma linguagem que es-timulava isso: o que não se resolvia na clínica bastava mandar ao psiquiatra que ele resolvia. Essas coisas no país foram mudando desde o surgimento de uma série de movimentos: psiquiatria

de setor, análise institucional, a comu-nidade terapêutica, a antipsiquiatria, a psiquiatria preventiva e comunitária e a psiquiatria democrática. Eram mo-vimentos que vinham de outros países e também conseqüências de eventos históricos. Por exemplo, a Segunda Guerra mundial. O que ela trouxe de bom? Com os bombardeios, bombar-dearam também os asilos e diagnosti-caram quem estava lá dentro, que eram os albergados: leprosos, tuberculosos, doentes mentais, mendigos, os páreas da sociedade. Aqui em Fortaleza acon-tecia esse mesmo isolamento. Onde fi-cava o asilo da Parangaba? Distante de

“...era preciso integrar o paciente como um todo, numa concepção mais holística e não

especializada.”

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maior dinamicidade, menor média de internação, com o máximo de sete dias de permanência. E que o apoio às famí-lias continuasse depois que o paciente voltasse para casa.

Sustentação: Foram muitos os movi-mentos até a reforma psiquiátrica? H.M: Muitos. Nas décadas de 50 e 60 houve fortes movimentos, espe-cialmente o da Psiquiatria Comunitá-ria, mais baseada na Inglaterra, e da Psiquiatria Democrática, cuja matriz é o Marxismo. Aqui em Fortaleza te-mos o exemplo de uma Comunidade Terapêutica, o Projeto Quatro Varas, que é uma coisa fantástica. Cada um na sua linha. Depois veio a história da Antipsiquiatria, que já era a contesta-ção ao modelo hospitalar, asilar, das terapias de choque. Eu vivenciei o iní-cio da Reforma Psiquiátrica, quando fui selecionado para a Residência em Psiquiatria Social, em 1982, realizada pelo Ministério da Saúde em convê-

tudo. Era um dos esteios da psiquiatria, que mantinha a doença mental longe do convívio com as pessoas. Mas a cida-de cresceu e incorporou o hospital. As mudanças são frutos de uma dinâmica. Depois da Psiquiatria de Setor, na déca-da de 40, surgiu a análise institucional, na década de 50, e uma base teórica era justamente a Psicanálise... o pressupos-to é o inconsciente.

Sustentação: O que o senhor queria quando resolveu criar a enfermeria lá no hospital no Amapá?H.M: Eu queria criar a possibilidade de integrar o doente mental dentro de um contexto da medicina em que ele pudesse ser visto como um doente co-mum. Antes havia um estigma grande em torno da lepra, e hoje já se sabe que tem cura, desde que seja diagnosticada cedo, como a tuberculose... todas do-enças estigmatizantes, como a doença mental. E consegui plantar uma se-mente, já que a enfermaria que a gente criou permanece até hoje. Eu queria

que muito grande com esses processos. Houve várias Conferências até o Proje-to de Lei do Deputado Paulo Delgado e a Lei Estadual do Deputado Mário Mamede. Aqui começou um processo interessante de questionamento sobre saúde mental e doença mental. O que significava mesmo isso? Qual é o limi-te dessa fronteira? Esse questionamen-to conduzia uma busca por modelos alternativos de tratamento. Na minha concepção o modelo hospitalocêntrico se tornou falido porque o paciente era um mero cheque ao portador.

Sustentação: Por que?H.M: Porque o paciente entrava no Hos-pital Psiquiátrico e tinha o que? Ele era assegurado do INPS na época, estava ganhando benefício, tinha seis refei-ções diárias... uma pessoa nessas con-dições tinha algum estímulo para vol-tar a trabalhar? Quanto mais pessoas se internassem, maiores eram os custos do Estado, pelo SUS. E o que o SUS custeia também era questionado, ain-

“Os pacientes eram levados de barco, navegavam entre

24 e 36 horas amarrados no porão e eram internados na Colônia Juliano Moreira, em

Belém do Pará.”

nio com a OPAS e a Fiocruz, no Rio de Janeiro, uma Colônia em Jacarepa-guá com cinco macro-hospitais, sendo três para albergar os doentes mentais. Aquele foi um processo fantástico! Os profissionais começaram a procurar coisas dentro desses hospitais, espe-cialmente uma terapeuta ocupacional chamada Nise da Silveira, que come-çou a catalogar os quadros produzidos pelos doentes mentais, que gerou uma exposição muito bonita. Daí em dian-te foram várias reformas até o projeto maior, reformista, de conotação social-democrata. O país que começava a ter a uma abertura política levou um cho-

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da é, como insuficiente para cobrir as internações. Então foi uma falência do modelo. Fez-se o que? Começaram a fechar os hospitais psiquiátricos, mui-tas vezes sem que o paciente tivesse para onde ir. O início foi muito difícil. Hoje eu penso que nós não podemos prescindir dos hospitais como referen-cial. O que é preciso mudar é o modelo de assistência hospitalar e não simples-mente fechar o hospital. Nós vivemos num país com os mais diversos níveis sociais, eclético em todos os sentidos, há uma necessidade desse aporte. Pen-so que nós devemos humanizar esse modelo, mudar a formação profissional numa abordagem social.

Sustentação: O CAPS é um caminho para a mudança?H.M: O CAPS é um modelo alternativo muito interessante, digo que veio para ficar, embora haja questionamento so-bre isso. Antes dele os doentes saiam dos hospitais e eram encaminhados às suas casas e não havia uma continuida-de no tratamento. Internava-se diante de uma nova crise. O CAPS veio suprir isso, e junto à família fazer sua inserção social, não alienar-se. A filosofia inicial era tratar essas pessoas egressas de hos-pitais. Quando iniciou-se a Reforma Psiquiátrica percebeu-se que muitos pacientes tinham perdido seu vínculo familiar. Na Colônia Osvaldo Morei-ra tem exemplos de pacientes com 40 anos de internação. Nós descobrimos que esses pacientes com vinte, trinta,

“...sempre questionei o poder do psiquiatra. Que poder é esse que ele tem para determinar sozinho

o destino de uma pessoa com problema mental? Eu acho que isso hoje está mudando, graças

a Deus!”

quarenta anos de internação eram em sua maioria nordestinos que migravam para o sul em busca de trabalho e fica-vam muito saudosos de casa. Bebiam, às vezes brigavam, às vezes ficavam desorientados e eram albergados. Por que Colônia? Porque o nosso pessoal era muito mais agricultor. Esse era o objetivo.

Sustentação: Como o senhor percebe esse processo de transição de um mo-delo de atendimento a outro? H.M: Eu passei pela fase inicial de im-plantação dos CAPS. O Pedro Delga-do, coordenador do MS, irmão do Pau-lo Delgado, foi um dos professores do curso de Psiquiatria Social do qual fui aluno, e um dos mentores, junto com

outros profissionais, que tinham uma posição bem de esquerda à época. A Lei Paulo Delgado gerou muitas mu-danças na área de Psiquiatria. Hoje não existe mais a facilidade de internação, como havia antes, isso foi regulamen-tado. É preciso justificar o porquê das coisas, a Promotoria Pública quer sa-ber o motivo. O modelo hospitalar foi caindo porque houve a resolução sobre o fechamento dos leitos. Paralelamen-te os CAPS foram crescendo. Eles vi-savam resgatar o doente e inseri-lo na sociedade. O nosso objetivo no CAPS é fazer com que a família se respon-sabilize. Quando a família não quer a gente aciona o Ministério da Justiça. O promotor público convoca audiência para saber porque ela não quer receber aquela pessoa. Eu também acho formi-dável a oportunidade de angariar mais profissionais, realizar um atendimento multiprofissional. O poder do médico foi se diluindo nesse processo. Ô coisa boa! Porque nós não sabemos trabalhar em equipe. Não sabemos responder essa pergunta: até onde vai a sua atribuição e até onde vai a minha? Há uma certa mistura. Talvez pela vontade de querer acertar se erra muito. Eu faço alusão ao Dr. Moura Fé, que é referência nacio-nal e é um dos maiores batalhadores e incentivadores dos CAPS aqui no Ce-ará, bem como o Dr. Jackson Sampaio e o Dr. Carlos Magno, entre outros. Há na coordenação do CAPS uma vontade muito grande de acertar. Há as diver-gências entre opiniões, mas se há a dis-ponibilidade de ouvir, dá certo.

Sustentação: Que tipo de divergências? H.M: O que está havendo é uma con-testação desse modelo de atendimento. Existe um grupo na Associação Brasi-leira de Psiquiatria, uma entidade bas-tante atuante, que entende que a Lei Nacional que rege a política de saúde mental foi mal interpretada. Na verda-de algumas pessoas discordam dessa conotação social, acham que ela não funciona, que estão combatendo o mo-

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delo “hospitalocêntrico” com um mo-delo “capslocêntrico”. Mas o modelo social dá certo. Eu tenho uma paciente que se enfeita toda para ir à consulta. Ela não tem nenhum transtorno grave, ela só quer ser ouvida, receber algu-ma atenção, orientação. Toda a minha clientela é de baixa renda, toda a minha vida trabalhei com esse público. E eles nos questionam, expõem suas necessi-dades, reivindicam as coisas. O CAPS possibilita isso.

Sustentação: Por que existe tanto estig-ma em torno do transtorno mental? Ele nos diferencia tanto assim dos outros? H.M: O que é um transtorno mental? Todos nós somos portadores de trans-tornos mentais, mais ou menos. Não existe uma ‘normalidade’. Afinal o que é ser normal? O que existe é uma faixa, com oscilações e dentro da faixa é que existem os padrões. Agora essa oscila-ção é muito sutil. Existem as neuroses e as psicoses. As neuroses acompanham as pessoas, elas adquirem e levam pro resto da vida. E na psicose há uma completa eliminação da pessoa. Um

transtorno como a depressão é tão co-mum que já é a segunda maior causa de afastamento do trabalho, só perdendo para problemas cardíacos.

Sustentação: Alguma história vivencia-da na psiquiatria lhe emocionou? H.M: Se eu fosse lhe contar quantas a gente não sairia daqui hoje. Mas tem uma especial, da época de minha Re-

sidência em Psiquiatria Social. Nós descobrimos lá um cidadão chamado Antônio Bispo do Rosário, há quarenta anos interno. Era um mestre de obras da Paraíba. Ele começou a criar roupas, paramentos, com pedaços de panos, que pareciam vestimentas de pessoas muito importantes. Eu perguntava a ele: “Quem iluminou sua inteligência

pra você ter tanto talento para fazer essas coisas?” Ele dizia: “Só pode ter sido Deus não é doutor?” E eu insti-gava: “Como é que você se comunica com ele?” Então ele respondia: “Você está vendo ele aqui na sua frente!” Isso é genial! Ele se sentia o próprio Deus e de fato ele o era, porque nas condições que ele vivia produzir o que ele produ-zia era milagroso! Era um artista que só foi reconhecido depois de morto. Nise da Silveira falava muito a respeito dele. É um exemplo das coisas que aconte-cem com alguns pacientes psiquiátri-cos.

Sustentação: Com tantas histórias o senhor ainda se surpreende com seu trabalho? H.M: Sempre! O que eu gostaria que você entendesse é que a Psiquiatria que eu faço em Cruz é diferente da que eu fiz no Mar-co, e é tão perto! São os costumes locais e costume a gente não tira. Eu não tenho verdades fixas. Deixo todas as questões abertas. Eu sempre digo que o neurótico constrói castelos, o psicótico mora neles e o psiquiatra paga o aluguel.(Risos)

“Na minha concepção o modelo hospitalocêntrico se tornou falido

porque o paciente era um mero cheque ao portador.”

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Este artigo objetiva fazer uma refl exão a respeito da política pública de saúde men-tal brasileira, partindo do paradigma da desinstitucionalização enquanto princípio funda-mental da Reforma Psiquiátrica. Estudos (FOUCAULT, M. História da Loucura na idade clássica; NICÁCIO, F. (org.). Desinstitucionalização) comprovam os prejuízos causados pela incapacidade dos manicômios quanto a assistência psiquiátrica e, que a resposta ao paradigma manicomial está nas experiências alternativas como estratégias para a aplicação dos princípios da Reforma Psiquiátrica. A proposta da Reforma Psiquiátrica brasileira, embasada na experiência italiana, busca discutir a atenção à saúde mental, ultrapassando o internamento em hospícios, pois o verdadeiro sentido da Reforma indica a necessidade de ocupar-se não mais da doença, mas do sujeito. Desta forma, a partir de 1987 surgem os Centros de Atenção Psicossocial – CAPS, serviço de estruturas terapêuticas intermediárias entre a hospitalização integral e a vida em comunidade. Propõem-se cuidar de portadores de transtornos psíquicos dentro do sistema de políticas públicas de saúde. Para o CAPS, o eixo das políticas de saúde mental é extra-hospitalar e interdisci-plinar, e revolucionaram a atitude dos profi ssionais e da sociedade frente às concepções de natureza humana, natureza da doença mental e natureza dos direitos de cidadania. Desse modo, é visível o avanço da política de saúde mental no País. Contudo, ainda há muitas in-dagações a serem respondidas: até que ponto a Reforma desinstitucionalizou o portador de transtorno mental? O CAPS é realmente um avanço quanto a valorização da subjetividade e empoderamento do usuário ou é apenas uma política de desospitalização da “loucura”? Para uma melhor compreensão destas questões procuramos ouvir usuários pro-fi ssionais, através de uma pesquisa realizada no CAPS – SER III. Para tanto seguimos a orientação de Rosa (ROSA, L.C.S. Transtorno Mental e o Cuidado na Família), segundo a qual, mesmo que estejam partilhando o mesmo contexto e situações homogêneas, os sujeitos se diferenciam em sua singularidade e em sua subjetividade na construção da iden-tidade. Ainda que se identifi cando como iguais nas condições gerais de vida, se apropriam e interpretam diferentemente suas vivências. Assim, constatamos nas falas, tanto de usuários quanto de profi ssionais, uma va-lorização do serviço, embora os últimos teçam críticas ao modelo local pela ausência de uma rede de saúde que responda às necessidades e anseios da população. O usuário enten-de desinstitucionalização e desospitalização como sinônimos, sua valorização ao serviço parte do dissabor da internação psiquiátrica, pois simbolizam o CAPS como um espaço “de portas abertas”, que veio dar-lhe a atenção que não tinha, sentia-se sem opção de tra-tamento além do hospício. Vale afi rmar que os CAPS surgiram com a orientação de atender e acompanhar terapeuticamente usuários com transtornos mentais graves, as psicoses e suas determina-ções de marginalização e cronifi cação e não de ser um ambulatório com demandas que estrangulam o serviço pela ausência de uma rede sócio-assistencial que deve dar respostas às necessidades da população. Nesse sentido, é fundamental o compromisso do Poder Público para o fortalecimento do usuário, enquanto sujeito, do seu poder contratual para que se possam estabelecer espaços concretos de convivência e inclusão social para além do CAPS. Entendendo a desinstitucionalização como um processo, percebemos sua evolu-ção, ainda que lentamente. O Ceará conta com um acervo de instituições abertas de cuida-do e Fortaleza tem expandido o número de CAPS, todavia, ainda não é o ideal, há muito que se fazer para concretizar os princípios da Reforma Psiquiátrica, os desafi os são gran-des, mas as possibilidades existem.

Maria Sônia Lima NogueiraAssistente Social

Liduína Farias Almeida da Costa Doutora em Sociologia/Profa. da UFC

[email protected]

CAPS e desinstitucionalização: o que pensam usuários e profissionais?

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A revista Sustentação tem como objetivo contribuir para a construção de

um sistema público de saúde de qualidade no estado do Ceará.É uma revista quadrimestral com

distribuição por todo o território nacional.

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Saúde Mental:O que muda com a Reforma Psiquiátrica

Durante quatro meses mergulhamos no universo da saúde mental, e buscamos compreender como se confi gura o cenário da reforma psiquiátrica no estado e como estão sendo reconstruídas as perspectivas de cura e tratamento na reversão dos modelos de atendimento. O movimento antimanicomial comemora duas décadas de luta e o Brasil comemora uma nova maneira de perceber a normalidade e a diferença. Dos asilos aos CAPS e terapias coletivas: caminhos e possibilidades.

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Um senhor dirige o carro que vai conduzir o jovem de vinte e poucos anos a um manicômio. Os personagens são pai e filho vivenciando uma situação comum até as décadas de 70 e 80: o que fazer diante de um comportamento dife-renciado? O jovem, um rapaz de classe média, teve seu consumo de maconha descoberto pelo pai, militar aposentado. Sem outras perspectivas de enfrenta-mento da situação, o pai resolve internar o filho num hospício. E a partir daí toda a vida do rapaz se deteriora por com-pleto, com os tratamentos de choque, a violência, a segregação e o abandono característicos da cultura psiquiátrica hospitalar vigente por muito tempo no país, e não erradicada por completo. Tudo transportado às telas em 2000 no longa-metragem O Bicho de Sete Cabe-ças. Baseado em história verídica trans-crita em obra não homônima. O filme, seguido de outras produções, lançou ao público de massa uma discussão so-bre um tema tabu: a melhor maneira de tratar um doente mental ou alguém de comportamento diferenciado.

Certamente a resposta não resi-de na política asilar inaugurada no país desde o século XIX. Em 1850 o gover-no imperial instituiu os locais de isola-mento e morte. Eram a senzala para os escravos, os sanatórios para portadores de lepra e tuberculosos, os hospícios para os loucos e os cemitérios para os mortos. Na década de 40 do século XX o Brasil inaugurou a ‘era de ouro’ dos Hospitais Estatais. O Estado, que tinha o poder de determinar quem podia ou não ser considerado portador de algum direito, cria campos agrícolas para es-cravizar os desertores oriundos dos grandes fluxos migratórios, que não se adaptavam de imediato às condições urbanas de vida. E na época da Ditadu-ra Militar, enquanto a América do Nor-te e vários países da Europa realizavam movimentos de reflexão a respeito da saúde mental, o Brasil inaugurava uma série de hospitais psiquiátricos priva-dos para asilar os comportamentos di-ferenciados, bem característicos dessa época. Comportamentos de rebeldia, de contestação.

Tanto esses quanto quaisquer outros comportamentos diferentes dos convencionais, sendo esses estipulados pelas estruturas de poder que determi-navam os moldes para as vivências hu-manas em todos os tempos da história, eram dignos de isolamento. Para ser internado num asilo não era necessário ser flagrado com maconha, como o per-sonagem do drama supracitado. Podia somente ser uma pessoa triste ou alegre demais, feia ou bonita em excesso, sã ou portadora de alguma deficiência que impedisse uma completa produtivida-de. De acordo com o psiquiatra Jackson Sampaio, na década de 80 o país atinge o auge do modelo hospitalocêntrico e da intolerância diante da diversidade, de um leito psiquiátrico para cada de-zesseis pessoas. Uma cultura herdada de outros tempos e lugares. Na Europa, os por-tadores de transtorno mental e trans-viados eram isolados em embarcações e delas só saíam mortos por doenças ou maus tratos. É que a loucura talvez fosse uma manifestação satânica e era

“...o princípio da Reforma é oferecer projetos terapêuticos individualizados,

respeitando a presença das pessoas em suas vidas sociais...”

(Dr. Jackson Sampaio,diretor do CCS da UECE)

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“...a palavra CAPS está associada à ca-

beça, ao capital, parte que tem vontade, que cria e transforma...”

preciso erradicar isso. Foram muitas as torturas até a compreensão de que as neuroses e psicoses são doenças que precisam ser tratadas com a perspec-tiva de cura e de que existe um limite para a não-aceitação da diferença, para a intolerância diante da alteridade. Hoje o preconceito e a discriminação com qualquer ser humano são crimes, bem como o abuso de poder, inclusive sobre portadores de deficiências men-tais. A legislação avançou de maneira extraordinária, por exemplo quando determina uma Comissão de Revisão de Internação Psiquiátrica Involuntá-ria, para analisar as reais necessidades de hospita-lização. Já existe uma po-lítica pública que procura compreender o sujeito e não focar a sua doença e algumas formas de tra-tamento que servem de inspiração à países muito mais desenvolvidos que o Brasil, como por exemplo a Terapia Comunitária. Mudanças conseqüentes de uma dinâmica histórica mundial, sobretudo pela instituição da Reforma Psiquiátrica como política oficial e do Movimento Antimanicomial. Profis-sionais de saúde e de outras áreas se unem para reagir às formas vigentes de tratamento. O Brasil ainda não chegou na situação ideal. Mas influenciado pelas perspectivas da Psiquiatria

Democrática e Comunitária (Itália e Estados Unidos), entre outros movi-mentos, o país dá curso à Reforma Psiquiátrica desde a década de 70, com impulso definitivo na Lei Fede-ral “Deputado Paulo Delgado”, que tramitou no Congresso Nacional de 1993 a 2001. Antes disso, vários esta-dos, entre eles o Ceará, já executavam políticas locais de outros modelos de tratamentos, entre eles a progressiva criação dos CAPS – Centro de Aten-ção Psicossocial. A Lei Estadual, de

autoria do Deputado Má-rio Mamede, havia sido aprovada nove anos antes da Lei Federal. E o pri-meiro CAPS do estado foi instituído no municí-pio de Iguatu, em 1991.

O coordenador de saúde mental da Secretaria Estadual de Saúde Dr. Nil-son de Moura Fé explica que quando fundados os CAPS eram chamados apenas de Unidade de Saúde Mental. Como além de realizar a assistência aos portadores de transtornos men-tais, a nova política se propõe a criar uma outra identidade para as formas de tratamento, de cunho mais huma-nizado, e o cerne no resgate à auto-nomia, o nome acaba carregando al-guma simbologia nesse processo: a palavra CAPS está associada à cabe-ça, ao capital, parte que tem vontade, que cria e transforma.

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Reforma Psiquiátrica no Ceará: experi-mentando novas estruturas.

A história da Reforma Psi-quiátrica no Brasil data da década de 70. Em 1978 iniciou-se o movimento social pelos direitos dos pacientes psi-quiátricos, MTSM – Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental. Con-temporâneo do Movimento Sanitário, o Movimento Antimanicomial tem como lema a máxima: “Por uma sociedade sem manicômios”. Em 1989 foi cria-do em Santos o NAPS – Núcleo de Atenção Psicossocial, logo depois da Constituição que determinava o SUS como política de saúde pública do país. Nessa época o Ceará já tinha instituído 12 CAPS, sob orientação da Secretaria Estadual de Saúde e do Ministério da Saúde. Embora a metodologia para a efetivação da Reforma Psiquiátrica seja composta de diretrizes bem definidas, como a diminuição progressiva dos lei-

tos de psiquiatria, se pos-sível com o fechamento dos hospitais psiquiátri-cos, e a substituição desse modelo por alternativas mais humanizadas de tra-tamento, o maior desafio consiste na reformulação dos conceitos básicos so-bre saúde mental. Profun-damente marcadas pelo obscurantismo e pelo preconceito, as situações que envolvem portado-res de transtorno mental ainda precisam ser mais amplamente desmistifi-cadas e naturalizadas. As resistências nesse sentido ainda estão presentes em todos os âmbitos, embo-ra a cada dia com menos força: familiar, econô-mico, social e cultural. Para o psiquiatra, diretor do Centro de Ciências da Saúde da UECE Dr. Ja-ckson Sampaio, “o prin-

cípio da Reforma é oferecer projetos terapêuticos individualizados, respei-tando a presença das pessoas em suas vidas sociais. Se fizer um CAPS e não tiver a maneira de tratar diferente, não resolveu o problema. Muda também de atitude, de compreensão sobre o pro-cesso terapêutico”. A década de 90 foi marcada pela realização de uma série de even-tos que propunham discussões sobre a questão, entre eles a II Conferência Na-cional de Saúde Mental, com foco para a questão do financiamento. Ao final dessa década existiam no Brasil 208 CAPS, mas 93% dos recursos ainda eram destinados aos hospitais psiquiá-tricos. Hoje, no Ceará, essa proporção

mudou violentamente: 52% dos inves-timentos em saúde mental são desti-nados às iniciativas extra-hospitalares e 48% aos hospitais. O Ministério da Saúde libera um incentivo que varia entre 15 e 50 mil reais para a instalação de um CAPS, além da ajuda mensal de quase 35 mil reais. Dos 184 municípios do Ceará, quase oitenta já têm alguma modalidade de CAPS implementada. Só em Fortaleza existem 14, entre Ge-ral, Álcool e outras Drogas e Infantil. Além dos Centros de Atenção Psicossocial nas modalidades I, II e III, CAPSi e CAPSad, por contingente po-pulacional e para crianças, adolescentes e usuários de álcool e outras drogas, a política de saúde mental precisava criar equipamentos de reparação dos preju-ízos criados pelo modelo asilar. Entre esses prejuízos estão a segregação so-cial e desconstrução completa da auto-nomia do sujeito. Quando os hospitais começaram a ser fechados, percebeu-se que grande parte dos internos não tinha mais para onde ir e nem como retomar suas vidas. Quando não foi possível restituir o vínculo familiar, o governo teve que criar alternativas de vida para esses portadores de transtorno mental. Uma dessas iniciativas foi a constru-ção de Residências Terapêuticas. Esses locais são destinados a pacientes que encontram-se em total estado de aban-dono e com baixa autonomia. Nele são desenvolvidas várias atividades, mas as ações estão prioritariamente dirigi-das às AVDs – Atividades da Vida Diá-ria, que vão de um simples arrumar de quarto à realização das próprias com-pras em lojas e supermercados. Outra estratégia, criada em 2003, foi o Programa Federal De Vol-ta Para Casa. Através dele os doentes mentais com alguma autonomia, egres-sos de hospitais psiquiátricos, recebem um incentivo no valor de R$ 240,00. Busca-se com isso uma recuperação da emancipação e da autonomia compro-metidas pelo tempo de internação. “A Residência Terapêutica e o Programa De Volta pra Casa são incentivos para ressocialização. Não foram feitos para

“Os mais novos aliados da Reforma Psiquiátrica enquanto política pública são as diversas formas de terapia comunitária e os espaços para construção de

novos saberes...”

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durar infi nitamente. A Residência tem inclusive um caráter provisório, porque a idéia é que o paciente possa recupe-rar, quando possível, sua inserção fa-miliar. Residência Terapêutica é para o cliente de baixa autonomia e abandona-do social e o De Volta Pra Casa é para o cliente que tem alguma autonomia e algum tipo de família”, diz Jackson Sampaio. Alguns desses egressos se-quer possuem documentos. Em várias situações os trabalhos de recuperação da cidadania começam do zero. Os mais novos aliados da Re-forma Psiquiátrica enquanto política pública são as diversas formas de tera-pia comunitária e os espaços para cons-trução de novos saberes. Esses espaços, denominados Centros de Convivência e Cultura, de existência ainda bastante tímida, não têm caráter assistencial e tampouco realizam atendimento médi-co ou terapêutico. São dispositivos pú-blicos que oferecem espaços de articu-lação com a vida cotidiana e a cultura. Além disso, muito tem se pensado no que se refere à economia solidária. Ela consiste numa parceria entre o Ministé-rio da Saúde e o Ministério do Trabalho e do Emprego em resposta à exclusão por gênero, raça, idade, estilo de vida, nível de instrução e também situação mental. Em Fortaleza, alguns CAPS já

desenvolvem parcerias com outras po-líticas municipais no sentido de apro-veitar os produtos desenvolvidos pelos pacientes em ofi cinas de arte, como ca-misas, bijuterias, ilustrações. Existe na capital o Feirão da Economia Solidária, já na quinta edição em 2007. É preciso deixar claro, no en-tanto, que a Reforma não prescinde do hospital, tampouco do trabalho do Psiquiatra. O que ela propõe é que ao invés da internação ser realizada num hospital especializado, portanto estig-matizado, ela seja feita com maior con-

ou pessoa muito próxima, não é jogado numa ambulância e trazido para Forta-leza”, declara Moura Fé. Para Jackson Sampaio, o que a Reforma prescin-de é de um novo tipo de profi ssional: “Agora o profi ssional tem que fi car aberto também a entender as técnicas de Psicoterapia, individual e coletiva, aprender as técnicas de atenção comu-nitária. É claro que é preciso um novo psiquiatra, mas a Reforma não prescin-de dele. O que a Reforma pede é que o psiquiatra se modernize”. Para mon-tar um CAPS, inclusive, é necessária uma equipe mínima composta por um médico psiquiatra ou com formação em saúde mental, um enfermeiro, três profi ssionais de saúde de outras áreas como psicologia e terapia ocupacional e alguns profi ssionais de nível médio. Os hospitais psiquiátricos que restaram, seis no total, procuram adap-tar-se às exigências da Reforma Psiqui-átrica. Ao menos um já está bastante transformado, o São Vicente de Paulo, antigo “Asilo dos Alienados”. Sobre sua importância hoje, o diretor do hos-pital, Francisco Bonfi m, esclarece: “O que faz um hospital? Nós tratamos o paciente com crise. Nós não competi-mos com os CAPS, complementamos um ao outro. Quando o paciente está em crise, ele vem pra cá”.

trole e em leitos de Hospitais Gerais. “Acabar com os hospitais psiquiátricos é o que eu chamo de objetivo ideal. O bom seria que ninguém adoecesse, mas não é possível. Então podemos reduzir as internações psiquiátricas, diminuir o seu tempo de permanência. Nos hospi-tais gerais esse tempo já é menor. Além disso, o paciente não sai de dentro da sua comunidade, e tem a possibilidade de ser acompanhado por um familiar

“É claro que é preciso um novo psiquiatra, mas a Reforma não

prescinde dele. O que a Reforma pede é que o psiquiatra se

modernize...” (Dr. Jackson Sampaio)

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Hospital: das grades ao acompanha-mento com terapia ocupacional

Dia de rotina normal no trân-sito de Fortaleza. Os passageiros que voltavam do centro da cidade à Pa-rangaba testemunharam o motorista descer do veículo, chamar o porteiro do imóvel e pedir para falar com o administrador do lugar. A situação foi ainda mais peculiar porque o imóvel referido era o Hospital São Vicente de Paulo, antigo Asilo da Parangaba, de onde se ouviam histórias terríveis sobre os loucos, e de onde se proli-ferou a expressão “pulo do doido”, referente à fuga esporádica e quase heróica dos internos, pelo imenso muro que tinham que transpor. Fran-cisco Bonfi m, diretor da instituição há exatos seis anos, assumiu o hos-pital e fi cou dias sem sair de dentro dele. “Quando vim conhecer o Hos-pital fi quei preocupadíssimo com as condições em que ele se encontrava.

Era um estado de completo abando-no. Não conseguia dormir pensando no que poderia ser feito”, recorda. Dentre esses pensamentos estava um que só foi concretizado anos depois do início de sua administração: a re-dução do muro de frente do Hospital Psiquiátrico. Por causa disso tornou-se possível admirar a arborizada en-trada do local. E também por isso o motorista desceu do ônibus em ple-no horário de trabalho. E só voltou quando declarou pessoalmente sua admiração ao feito do diretor. Duran-te toda a vida imaginara que o que havia do outro lado do muro imenso pelo qual passava todos os dias era tão assustador que era proibido de ver. De uma certa maneira, nin-guém, nem o diretor do Hospital, tira a razão do motorista. Antes da Reforma Psiquiátrica os asilos não eram locais muito indicados a serem apreciados. As marcas dos tempos

dos asilados estão em todas as par-tes, especialmente porque o admi-nistrador resolveu instituir no lugar o Museu da Loucura, onde estão aglomeradas peças que eram utiliza-das nos tratamentos dos loucos, hoje denominados portadores de trans-tornos mentais. “No passado nós fomos péssimos. Nós acorrentamos, nós prendemos as pessoas, porque esse era o pensamento da época. Não adianta condenar o passado. O nos-so passado também é nosso”, diz o administrador que se cercou de peças impregnadas de uma história de dor e sofrimento. Segundo ele, mania de historiador. O Hospital São Vicente do Paulo integra o maior complexo hos-pitalar do Ceará, da Santa Casa de Misericórdia. Juntos os Hospitais so-mam mais de 500 leitos. Só no São Vicente são 120, todos ocupados, sendo 80 masculinos e 40 femininos. Os pacientes internos são indicados

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através de uma Central de Regula-ção, que por sua vez recebe a deman-da dos CAPS e demais instituições de saúde mental. Não é o único hospital psiquiátrico da cidade, mas é o maior e mais antigo de todos. Sua inaugu-ração data de 1886, com 550 leitos que foram progressivamente reduzi-dos ao número atual. Mas o hospi-tal já abrigou mais de 3000 pessoas, amontoadas em redes presas em car-naúbas. Para lá ia todo tipo de gen-te, já que foi construído exatamente para asilar todas as pessoas que apre-sentassem uma diferença mínima de um comportamento considerado normal. “Os loucos eram todos os diferentes. Os homossexuais, os bo-êmios, os calados, os felizes demais. Isso vinha da Europa, foram eles que criaram a Nau dos Insensatos. Era um navio onde se prendiam todos os loucos e ficava dando voltas ao redor da Bota Italiana. Só deportava para despejar os mortos, receber mais lou-cos ou reabastecer. E a sociedade se sentia feliz com isso”. Eram tempos ingratos esses em que não se sabia que o transtorno mental era uma do-ença passível de tratamento e onde os parâmetros de normalidade eram

importados de outras culturas e civi-lizações. O migrante da seca fulmi-nado pela fome e o abandono tinha destino certo na capital, transtornado como os outros. A maior parte dos internos hoje é oriunda de dois problemas: alcoolismo e drogas. Quando ido-sos ou crianças podem ser acompa-

administrador não esconde que tratar o transtorno mental em situação de crise é bastante complicado. Muitos ainda querem fugir, ainda destroem as estruturas e ainda precisam ficar imobilizados. “A gente procura se aproximar o máximo possível do tratamento humanizado. Ainda não conseguiu, mas tenta”, diz Bonfim. Os pacientes permanecem no hospital entre 20 e 30 dias. A Terapia Ocupacional ajuda a fazer o tempo passar de maneira proveitosa. As pacientes cortam, costuram, colam, criam. Pintam azulejos e oferecem bijuterias. Antes da administração atual os leitos eram misturados. Ago-ra o lado rosa é delas e o azul deles. Um hospital arrumado para um mo-mento histórico que se arruma, se re-desenha, se reconstrói. Nessa reconstrução cabem todas as iniciativas que reforcem a perspectiva altruísta da Reforma, não no sentido filan-trópico, mas no sentido de aproximação do outro como ser vivo, portador de transtorno, mas também dono de um desejo, de uma identidade. Se antes existia um conceito de normalidade pré-determinado, hoje existe a certeza de uma faixa com infinitas variações, dde neuroses a psicoses mais diversas.

nhadas de um responsável. Existe a possibilidade de visitas diárias, mas isso varia de quadro a quadro. Desde a diminuição dos leitos, restaram dez moradores, seis muito antigos e qua-tro em processo de reinserção fami-liar. Embora a maior parte das peças do tempo de terror, como as grades, cadeados e eletrochoques tenham se transformado em peças de museus, o

“O que faz um hospital? Nós tratamos o paciente com crise.

Nós não competimos com os CAPS, complementamos um ao outro. Quando o paciente

está em crise, ele vem pra cá” (Francisco Bonfim, diretor do

Hospital São Vicente de Paulo)

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Início do processo colonial no Ceará.

A maior seca do século VXIII. Forta-leza, tinha 30.372 habitantes.Durante a seca,a população supera a marca de 100 mil pessoas.

Inaugurações de Asilo de São Vicente de Paulo – ASVP. Até então, nenhuma iniciativa formal de assistência havia no estado. O lugar do louco era a rua, a cadeia e nos movi-mentos messiânicos.

Criação do hospital particular, a Casa de Saúde São Gerardo.

Inauguração do Hospital de Saúde Mental de Messejana primeiro hospital psiquiátrico público do ceará.

A Ditadura Militar desenvolveu uma política de criação de hospitais privados e o Ceará acompanhou o processo. Foram inaugurados o Manicômio Judiciário e seis hospitais psiquiátricos privados, conveniados com a Previdência Pública, inclusive e hospital Guararapes de Sobral.

Criação do C CAPS da cidade de Iguatu (a 400 km de Fortaleza) e inÍcio da tramitação da Lei Estadual de Reforma Psiquiátrica, aprovada em 2003.

Começa implantação do SUS, iniciado em 1986, com pioneirismo cearense.

O Ceará antecipa o Programa de Agentes Comunitários de Saú-de -PACS, o Programa de Saúde da Família-PSF e o Planejamento Estratégico com Programação Pac-tuada Integrada-PPI e criação de três mi-crorregiões de saúde contendo 21 microrre-giões de saúde.

Morre Damião Ximenes, na Casa de Saúde Mental Guarara-pes, em Sobral. A partir daí, ace-lera-se a adoção dos CAPS nos Estados, com o governo induzido o crescimento da rede de CAPS.

Entra em vigor a Lei da Reforma Psiquiátrica Brasileira

A Rede Assis-tencial à Saúde Mental de For-taleza começa a ser construída. Até então, a cidade possuía apenas três CAPS Geral.

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O Ceará se caracteri-za como referên-cia na promoção da Reforma Psiquiá-trica com 71 CAPS no estado, sendo 14 na capital.

Desafi os: que luzes a Reforma ainda precisa acender.

A política nacional de saúde mental, bem como a estadual, esti-mulam a criação de todos esses ser-viços substitutivos do modelo asilar. No Ceará, Dr. Moura Fé, com a auto-ridade de quem participou da gênese das primeiras mudanças oriundas da Reforma, até questiona a instituição de CAPS de acordo com o contin-gente populacional. Para ele é obri-gação do estado atender à população que necessita de uma nova política implementada: “Para um CAPS ser implantado o município tem que ter pelo menos 50 mil habitantes. E eu pergunto: por que esse número? Se nunca teve, como vai saber se precisa desse número pra implantar um? Por que não trinta, quinze? Isso cria di-fi culdades. Não podia ter um CAPS em Jardins porque tem 15 mil habi-tantes. O próprio Ministério chegou à conclusão de que eu estava errado em credenciar aquele CAPS. Ora, a

Prefeitura monta uma equipe, paga, fornece a estrutura e o Ministério vai dizer que não pode? O Estado vai dizer que não pode? O município é autônomo e tem obrigação de dar as-sistência aos seus munícipes. Quem é que vai proibir, eu?”, diz o coorde-nador. Apesar desse incentivo, a própria imaturidade temporal da política precisa se embasar melhor sobre uma série de questões. Isso porque a saúde mental lida com si-tuações muito delicadas, sobre as quais existem infl uências das mais diversas áreas. Um exemplo disso é o suicídio, que também tornou-se uma questão de política pública. É como lutar no escuro. Raríssimas famílias que passaram por essa situação con-seguem conversar sobre isso. Porque ainda existe um estigma social mui-to forte em torno do tema. Durante muito tempo o suicídio foi conside-rado crime, assunto de polícia. Hoje os CAPS procuram subsídios para diagnosticar questões dessa ordem e

orientar os traumatizados, nem que seja através do acolhimento. Outra questão de extrema delicadeza é do uso de álcool e ou-tras drogas. Os CAPSad prestam as-sistência hoje às duas maiores causas de desintegração social. A maior par-te dos usuários são homens, jovens, quase sempre desempregados. Nes-se sentido o que os profi ssionais do CAPS buscam realizar é uma orien-tação a respeito do universo do qual fazem parte os dependentes quími-cos. A informação é a maior aliada, já que nessa modalidade a demanda é espontânea e a maior parte dos usu-ários e das famílias não entendem a internação como viabilidade de cura. Mas nem sobre o uso de álcool e ou-tras drogas, nem sobre os transtornos mentais, é salutar julgar o procedi-mento das famílias no convívio com esses problemas. Porque nem para elas, nem para a política de saúde mental havia um parâmetro com-portamental sugerido como correto. Mudar os conceitos leva tempo por-

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que é uma construção cultural, e não se muda uma cultura da noite para o dia. Um outro desafi o que a po-lítica de saúde mental enfrenta hoje é um congestionamento nos atendi-mentos realizados nos CAPS, sobre-tudo nas grandes cidades. É que com a implementação desses serviços a sociedade e os demais serviços de saúde tenderam a creditar como res-ponsabilidade dos Centros todos os assuntos relativos à saúde mental. Nesse sentido busca-se uma maior interação dos CAPS com profi ssio-nais de Atenção Básica, no senti-do de dividir responsabilidades. A orientação do Ministério da Saúde é de que o serviço tenha uma priorida-de de público, que são os distúrbios mais graves e permanentes. Casos mais simples podem e devem ser acompanhados pelos profi ssionais da Estratégia de Saúde da Família. Para a coordenadora do CAPS Geral da Regional I de For-taleza Ana Lúcia Tavares, o serviço

não deve ser o centro onde residem todas as soluções dos problemas de saúde mental. “O CAPS é uma parte de uma política que deve ser muito mais ampla”, diz. Para ela os servi-ços são de extrema importância e de grande positividade, mas não são sufi cientes para garantir a completa reinserção das pessoas na sociedade. Os transtornos psíquicos são também conseqüências da contemporaneida-de, de uma série de questões que pre-cisam ser resolvidas de maneira pa-ralela, como a negação dos direitos

à saúde, moradia, alimentação, tra-balho. O conceito de saúde mental é diretamente relacionado ao contexto social. O que se transforma em um, refl ete no outro. Todas essas questões são parte do processo de maturação da Reforma. A partir dos erros e das fal-tas vão se criando dispositivos que auxiliam o encontro de estratégias a cada dia mais contextualizadas e humanizadas. “Atualmente nós esta-mos aumentando os serviços e esta-mos elaborando um projeto para re-alizar a supervisão desses serviços. Como tudo isso é muito novo, existe a necessidade de um trabalho tam-bém do ponto de vista fi losófi co para não se tornar um corpo estranho na saúde do Estado. Nós estamos crian-do os institutos de sustentação des-sas estruturas. Ao mesmo tempo que criamos os CAPS, criamos a Comis-são de Saúde Mental nas respectivas cidades e a associação de familiares de usuários dos CAPS”, diz o coor-denador estadual de saúde mental.

“Para um CAPS ser implantado o município tem que ter pelo menos 50 mil habitantes. E eu pergunto: por que esse

número? Se nunca teve, como vai saber se pre-cisa desse número pra

implantar um?” (Dr. Nilson de Moura Fé)

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voltar a ser sujeito e atuar nos con-textos sociais. Uma epidemiologia bastante sutil. Caetano Veloso, na música intitulada “Terra”, composta em estado de isolamento pelo exílio que despatriou muitos artistas e pes-soas de comportamento diferente, pode exemplifi car essa mudança de percepção: “E de nada valeria acon-tecer de eu ser gente, e gente é outra alegria, diferente das estrelas”. Dife-rente de qualquer generalização, de qualquer uniformidade. Talvez nisso

“E gente é outra alegria, diferente das estrelas”

Quando questionados sobre as mudanças que a política de saúde mental sob esses moldes realizou, to-dos os coordenadores e profi ssionais envolvidos nesse trabalho respondem unânimes: a única estatística é a di-minuição do número de internações e do tempo de permanência nos lei-tos. Numa análise mais aprofundada das questões onde as estatísticas não chegam, a resposta está na subjetivi-dade. O que muda é a qualidade de vida das pessoas, a possibilidade de

consista a força de uma política que só pode funcionar bem se estiver centrada no ser humano. Em 2007 o I Encontro de Trabalhadores em Saúde Mental, ocorrido em Bauru, completou 20 anos. São muitos os mosaicos a se-rem preenchidos na busca de um atendimento ideal, mas a Nau dos Insensatos há muito tempo mudou de rota.*Os nomes citados são fi ctícios, com o obje-tivo de preservar suas identidades.

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Inscrição de Trabalhos: até dia 15 de Abril

Informações: Coordenação de Saúde Mental de IguatuFone/Fax: 0xx88 3581-9233E-Mail: [email protected]

I Congresso Cearense de Saúde Mental

“Saúde Mental e Liberdade”

Data: 4 a 7 de Junho de 2008Local: Teatro Municipal Pedro Lima Verde

Apresentações dos CAPS do Ceará Mini Cursos

Conferências Mesas Temáticas

Ofi cinas Exposição de Pôsteres

Secretaria de Saúde

REALIZAÇÃO:

Num primeiro contato o lu-gar já se apresenta acolhedor. Qua-se toda a estrutura foi construída na perspectiva circular: a pousada, a horta, a Casa da Cura, a oca maior. Não é possível fugir do círculo que se fecha. A roda proporciona o en-contro dos olhares, das expectati-vas, das histórias de vida. Há redes espalhadas por todo lugar, inclusive sob as árvores. Com 20 anos de exis-tência o Projeto Quatro Varas, que nasceu de um projeto de extensão da Universidade Federal do Ceará e posteriormente se transformou em ONG, ecoa no mundo, e ainda é só o começo. Ao menos o começo de um amplo reconhecimento por parte dos países da Europa e das políticas pú-blicas do Brasil, que descobriram na iniciativa um importante aliado para tratar o comprometimento da saúde mental nos níveis mais primários, do estresse e da ansiedade. “Como é que um projeto nascido numa favela ser-

ve em Genebra, na Suíça? É porque a miséria que vivemos materialmen-te eles vivem afetivamente”, diz Dr. Adalberto Barreto, o progenitor da idéia que gerou uma rede de 30 pólos formadores, 11500 terapeutas e qua-se novecentos mil atendimentos. É a Terapia Comunitária usando a troca verbal de experiências como possibi-lidade de cura. No Quatro Varas cada dia é dedicado a uma atividade diferente. Os focos são auto-estima, anti-es-tresse, resgate da sabedoria popular e dos vínculos afetivos, entre outros. Nas quintas-feiras o movimento é mais intenso. É o dia da roda de con-versa. Na oca é interessante que cada pessoa sente no círculo já formado de cadeiras. Quando começa a ses-são, os participantes se apresentam e dizem o que desejam do encontro. A partir daí são dadas as primeiras pistas, até que alguns se disponham a aprofundar suas questões e um me-

diador eleja junto à roda uma priori-dade por vez. Numa dessas quintas-feiras, João* achou por bem eleger prioritário o problema de Silvana*, que sofria de depressão, em detri-mento de Augusta*, que tinha insônia preocupada com o futuro das fi lhas. Explicou-se da seguinte maneira: “Acho que é bom a gente conversar com a dona Silvana porque ela tá so-frendo é agora. E a dona Augusta tá querendo é saber do futuro. Quem é que sabe disso meu Deus?” Num universo de milhares de pessoas que precisam ser ouvidas, pois este é o cenário da Terapia Comunitária, re-almente se torna difícil pensar além do presente. Essa demanda imensa de sofrimento foi fonte de inspiração para Dr. Adalberto, que conheceu a realidade do Pirambu enquanto mi-nistrava aulas de Psiquiatria Prática para estudantes da Faculdade de Me-dicina da Universidade Federal do

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O Projeto Quatro Varas existe há 20 anos cultivando e solidifi cando a Terapia Comunitária como uma alternativa à medicalização do sofrimento psíquico. Reconhecido nacionalmente, inclusive pelo Ministério da Saúde e agora tam-bém internacionalmente, o Projeto criado pelo psiquiatra Adalberto Barreto forma multiplicadores que propõem a cura através da palavra compartilhada. E agora a Terapia Comunitária virou política pública de saúde mental.

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Ceará. “Na época das aulas, o Centro dos Direitos Humanos do Pirambu me mandava os casos bem específi -cos de sofrimento psíquico. Quando eram dois, três, eu consultava e co-locava no meio dos outros. Até que um dia vieram oito e eu achei que era demais. Mandei avisar ao Centro que não me mandasse mais, que juntas-se as pessoas na própria favela que eu ia lá com meus alunos para ver as doenças in locu, no próprio contexto. E quando eu cheguei lá tinha trinta pessoas!”. De lá pra cá o número não parou de crescer. Além de quem chega há também quem permanece e juntos vão respondendo à pergunta chave da Terapia: ‘Quem aqui teve ou tem um problema parecido e o que fez para se curar?’ Surpreende a capacidade que a comunidade tem, muitas vezes sem nenhum psicotró-pico, de encontrar o equilíbrio do seu sofrimento. Mas Dr. Adalberto deixa claro que não faz nenhuma campa-nha contra medicamentos, tampouco contra a psiquiatria. Quando questio-nado sobre o sentido da Terapia Co-munitária, ele explica: “Dois garotos estavam tomando banho na lagoa e apareceram duas outras crianças morrendo afogadas. Eles salvaram as duas, apareceram quatro, salvaram as quatro, apareceram sete. Até que um deles disse assim: você fi ca aí salvan-

mento do abandono e da troca até ter o marido de volta e comemorar cole-tivamente o desfecho do processo. Diante de tamanha aceitabi-lidade, surge a dúvida: num modelo de desenvolvimento onde a maior parte das estruturas que asseguram os direitos básicos das pessoas, como saúde, segurança, alimentação, estão centradas nas possibilidades de lucros e geração de uma identifi cação com o consumo, houve resistência quanto à implementação da Terapia Comuni-tária? Dr. Adalberto responde: “Usa-mos a estratégia da complementari-dade. Eu teria sofrido resistências se tivesse apresentado isso como uma bandeira inovadora. Já me pergunta-ram se eu era um anti-psiquiátrica e eu não sou. Sou pró-psiquiatra, sou por uma psiquiatria mais humanitá-ria. Nós precisamos do hospital em determinados momentos, precisamos de psicotrópicos, mas precisamos en-tender as questões sociais. Todos os atores sociais são convidados para agir em diferentes níveis, não vão competir com a psiquiatria”. Na exposição do sofrimento existe a possibilidade do auto-conhe-cimento e da partilha. Da disposição para a compreensão de si mesmo e do outro. Da humanização. Princí-pios comuns aos paradigmas busca-dos na Reforma Psiquiátrica.

para a compreensão de si mesmo e do outro. Da humanização. Princí-do outro. Da humanização. Princí-pios comuns aos paradigmas busca-dos na Reforma Psiquiátrica.

do as que você pode que eu vou ver quem é que está jogando esses me-ninos na água. Então aí tem as duas perspectivas. Tem aquele que está lá no hospital resolvendo a crise, e que às vezes acha que esse é o verdadeiro e único trabalho sério, que o resto é só conversa. Ora, o outro garoto foi fazer a prevenção, foi ver onde come-çava o problema. Então nós precisa-mos das duas perspectivas”. As duas perspectivas são partes da política de saúde mental da Prefeitura Munici-pal de Fortaleza. Em dezembro de 2007, depois de construir uma oca maior em substituição à oca original e passar a realizar o pagamento dos massoterapeutas que tratam os pa-cientes encaminhados pelos CAPS, já havia o compromisso de implantar mais seis ocas em seis outras áreas de risco da capital. Além de Fortale-za e de várias outras cidades do Bra-sil e do mundo, a perspectiva é sobre a ofi cialização do método enquanto política pública nacional, por decisão do Ministério da Saúde. Mas por que a Terapia Comunitária faz tanto su-cesso? Parte dessa resposta reside em sua fórmula simples e, ao mesmo tempo, complexa. Simples porque o mediador precisa somente de uma formação básica, uma preparação muito mais voltada para um escla-recimento de sua atividade enquanto pessoa apta a ouvir e acolher do que uma formação técnica, científi ca. E complexa porque na contemporanei-dade perdeu-se o hábito de dar ouvi-do aos outros e a si mesmo. As urgên-cias que estruturam a modernidade tendem a afastar o ser humano das coisas mais subjetivas, intrínsecas ao processo de escuta. Além disso, no círculo cabem muitas formas de ex-pressão, de modo que toda a comu-nidade pode sentir-se contemplada: massoterapia, reza com curandeira, confecção de medicamentos naturais com plantas adquiridas na própria horta, entre outros. Atividades com aplicabilidade de baixo custo e gran-de efi ciência. Dona Luiza* dividiu com os partícipes da Terapia Comu-nitária grande parte da sua vida: foi largada pelo marido, viu sua casa se desestruturar, experimentou o sofri-

A saúde é a síntese de uma multiplicidade de processos decorrentes dos determinantes sociais da saúde, como as desigualdades sociais, a exclusão social, o desemprego, a dependência, a pequena infância, o estresse e o apoio social. Es-tes dois últimos são os principais motivos de intervenção da Terapia Comunitária. O estresse faz com que o sistema imunitário fi que comprometido, ocasionando problemas de saúde como infecções, problemas cardiovasculares, diabetes, de-pressão e agressividade. Pertencer a uma rede de apoio, ter acesso a recursos afetivos e de ajuda mútua na comunidade gera um sentimento de ser reconhecido, amado e apreciado, o que produz um efeito particularmente protetor sobre a saú-de. A promoção da saúde e a cura da doença são duas faces da mesma moeda da vida. A doença é um ato reservado aos profi ssionais de saúde. Já o sofrimento e suas ações preventivas são prerrogativas de todos nós. A Terapia Comunitária (TC) centra sua atenção na promoção da vida, no sofrimento, na dor da alma. Por isso, o terapeuta comunitário não precisa de uma faculdade. Ele não vai fazer ne-nhuma análise, interpretação ou julgamento. Ele vai aprender a escutar e acolher a pessoa que sofre. Fica claro que não estamos concorrendo com os profi ssionais de saúde e sim procurando somar esforços, unir as duas forças: promover a saúde e cuidar da doença. A Terapia Comunitária é um instrumento de promoção da vida e mobili-za os recursos e as competências dos indivíduos das famílias e das comunidades. Procura-se suscitar a dimensão terapêutica do próprio grupo, valorizando a he-rança cultural dos nossos antepassados indígenas, africanos, europeus e orien-tais, bem como o saber produzido pela experiência de vida de cada um. É essa diversidade cultural que faz a grandeza deste país. Possibilitar a cada ser agregar novos valores é uma riqueza inestimável no processo de “empoderamento” e na construção da cidadania. Enquanto muitos modelos centram suas atenções na patologia, nas re-lações individuais, privadas, a TC se propõe cuidar da saúde comunitária em espaços públicos. Propõe ainda acolher e refl etir o sofrimento causado pelas situ-ações estressantes do cotidiano. A educação dos fi lhos, as relações familiares, o desemprego, a violência dentro de casa ou na sociedade são os temas abordados. Na TC, a palavra é o remédio. É da partilha de experiência entre as pessoas que se alivia o sofrimento das dores e se vislumbram novas pistas de superação de seus problemas. A TC nos convida a uma mudança de olhar, de enfoque: Vejamos: 1 Ir além do unitário para atingir o comunitário; 2 Sair da dependência para a autono-mia e a co-responsabilidade; 3 Ver além da carência para ressaltar a competên-cia; 4 Sair da verticalidade das relações para a horizontalidade; 5 Da descrença na capacidade do outro para acreditar no potencial de cada um; 6 Ir além do pri-vado para o público; 7 Romper com o clientelismo para chegarmos à cidadania; 8 Romper com o isolamento entre o “saber científi co” e o “saber popular”. A TC nasceu no Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da UFC, há 20 anos. Dois momentos foram marcantes no ano de 2007: a visita da diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan ao projeto onde nasceu a Terapia Comunitária e o convite do ministro da saúde, José Gomes Temporão, para a implantação da TC como estratégia de po-lítica pública

Dr. Adalberto BarretoCriador da Terapia Comunitária Sistêmica Integrativa

[email protected]/ www.projeto4varas.com.br/ www.abratecom.org.br

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A Revista Sustentação realizou a cobertura do cotidiano da Rede de Atenção Integral à Saúde Mental de Sobral e testemunhou com alegria

um bom exemplo de efetivação da Reforma Psiquiátrica.

Sobral: Os passos que constroem uma rede

Quando interrogada sobre a coisa mais feliz que tinha acon-tecido em sua vida no ano de 2007, Dona Maria* respondeu com uma voz meio embargada já pelos de-sabafos anteriores: “A coisa boa é essa família do CAPS. Eu não te-nho pai, não tenho mãe, vivo aqui pendurada no CAPS igual cordão de ouro”. O depoimento foi regis-trado em uma das várias conversas semanais com familiares de usuá-rios do CAPSad de Sobral. Essas reuniões envolvem profi ssionais, familiares, pessoas da comunidade e curiosos que chegam para teste-munhar as relações estabelecidas entre as pessoas que direta ou in-diretamente convivem com trans-tornos mentais, desde a implan-tação da Reforma Psiquiátrica no município, em 2000. Dona Maria é uma das muitas sobralenses que adquirem dia a dia a confi ança e a liberdade para conversar sobre fa-tos comuns aos cotidianos de fami-liares, amigos, namorados de pes-soas com transtornos mentais. Eles começam a adquirir a consciência de que são parte fundamental do processo de recuperação daqueles com quem possuem laços afetivos. Nem sempre foi assim. Sobral é um dos muni-cípios cearenses que podem ser tomados como exemplo quando o assunto é Reforma Psiquiátri-ca. Seu nome consta inclusive em alguns manuais de Saúde Mental do Ministério da Saúde. Mas isso é resultado de um gerenciamento de crise, cuja ausência poderia ter originado um efeito contrário à

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realidade clara que hoje se compõe na saúde mental do município. Durante a Ditadura Militar, o Brasil desenvolveu uma política de criação de hospitais privados na área de psiquiatria, entre eles a Casa de Repouso Guararapes. Como em todo o país, o que havia era a cultura do alienado, daquele que preci-sava ser afastado da sociedade porque destoava da organização social estabe-lecida. E foi nesse hospital que o usu-ário Damião Ximendes Lopes morreu vítima de maus-tratos e negligência em 1999. Depois de denúncias, apura-ções, demissões e interferência de enti-dades internacionais, o governo brasi-leiro soube como agir. Talvez porque já estivesse em gestação um outro sentido para o tratamento psiquiátrico. Talvez porque o fato tenha despertado a aten-ção necessária para o limite em que se encontrava a saúde mental no país, em dissonância com os movimentos demo-cráticos que já aconteciam na Europa. O depoimento do psiquiatra Jackson Sampaio, presença fundamental no pro-cesso de gerenciamento dessa crise, já que escreveu a carta que o Brasil apre-sentou em sua defesa na Corte Interna-cional, mostra a atmosfera que viveu a cidade na época da morte de Damião: “A comoção social, na cidade e no es-tado, foi intensa. Resistências foram reduzidas ao silêncio, as emissoras de rádio, da cidade de Sobral, passaram a tratar o assunto com mais senso crítico, e a Prefeitura de Sobral, através da Se-cretaria Municipal de Saúde, assumiu o protagonismo das ações necessárias:

apurar as responsabilidades pela mor-te, extinguir o hospício e radicalizar/acelerar o processo de implantação dos dispositivos da Reforma Psiquiátrica no município”. Ao governo municipal coube fechar o Hospital Guararapes e provi-denciar um novo modelo de assistên-cia psiquiátrica, e o CAPS Geral II foi denominado Damião Ximendes Lopes. O CAPS Geral é um dos equipamentos da Rede de Atenção Integral à Saúde Mental de Sobral. Além dele existem o Centro de Atenção Psicossocial Ál-cool e Drogas- CAPSad, o Serviço Re-sidencial Terapêutico-SRT, o Ambula-tório de Psiquiatria Macrorregional, a Unidade de Internação Psiquiátrica em Hospital Geral- UIPHG, com 17 leitos, e a Saúde Mental Comunitária, serviços que mantêm interface com a Estratégia Saúde da Família-ESF. Para dar conta do serviço, a rede mobiliza uma média de 50 profi ssionais, entre médicos, en-fermeiros, auxiliares de enfermagem, pedagogo, psicólogos, terapeutas ocu-pacionais, assistentes sociais, motoris-tas, vigilantes etc. A Rede de Saúde Mental de Sobral conta com ação matricial em 100% da Es-tratégia de Saúde da Família, com cobertura de 96% da população adstrita. Para a coor-denadora municipal de saúde mental Ro-berta Rocha a ação matricial “propicia um trabalho articulado da saúde mental com a atenção básica, gestando uma rede assisten-cial comunitária oportunizando às pessoas com trastorno mental o tratamento na sua comunidade, fomentando transformações culturais e subjetivas.”

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CAPS Geral II Damião Ximendes Lopes

A estrutura é uma casa antiga, ampla, bem próxima ao Arco de Nossa Senhora de Fátima, com uma escadaria que convida à subir e entender porque o município consegue desenvolver um trabalho tão positivo numa esfera que é culturalmente compreendida de manei-ra negativa. As paredes são enfeitadas com quadros pintados pelos próprios usuários. Vários, multicoloridos. As consultas são feitas com agendamento e são várias as atividades desenvolvidas por terapeutas, psicólogos, assistentes sociais, educadores físicos, entre outros profissionais. Se o usuário ainda não adquiriu o hábito de procurar sozinho o tratamento, a equipe do CAPS vai até a casa dele e estimula, quando necessá-rio, sua presença no Centro, garantindo muitas vezes o transporte quando a dis-tância se interpõe como barreira para a continuidade do tratamento. Ou o mo-torista vai buscar em casa ou o pacien-te utiliza o convênio da prefeitura com empresas locais de transporte urbano. Foi nesse CAPS que conhece-mos Raimundo*. Ele é presença cons-tante do local. Tem uma história de vida tão intrigante quanto a maior parte dos quase 800 usuários atendidos numa mé-

dia de 2000 consultas/mês. Com mais de 60 anos e muita simpatia ele nos pede que o fotografe várias vezes, sempre que nos vê passar. A família vive da renda que ele ganha como aposentado e embora quase nunca es-teja presente nas atividades das quais Raimundo participa, demonstrando completo desinteresse por seu acom-panhamento, situação que está sendo inclusive mediada pelos profissionais da saúde e do ministério público, ele diz que não pode e não quer deixar sua casa porque todos não sabem vi-ver sem ele. Foi lá também que conhece-mos a produção realizada na área de comunicação, o informativo “Consci-ência Coletiva”. Produzido com a co-ordenação da terapeuta ocupacional Márcia Mont´Alverne, o impresso tem o intuito de usar a comunicação como aliada na construção de uma nova percepção acerca dos transtor-nos mentais. Nele são veiculados ar-tigos de profissionais e manifestações dos próprios usuários dos CAPS. Além do informativo, que circula em todas as unidades de saúde do mu-nicípio, a equipe desenvolve ainda uma outra ponte de comunicação, a da participação na mídia. Uma vez

por semana algum profissional da área de saúde mental participa de programas de rádio diferentes em entrevistas ao vivo, propondo a interatividade comu-nitária. “As pessoas quando começam a freqüentar o CAPS temem as opiniões dos outros. Eles ficam se perguntando: o que as pessoas vão pensar me vendo entrar aqui? E se intimidam. A gente precisa usar todos os instrumentos para mudar esse estigma de quem procura ajuda”, disse Márcia. A terapeuta ocupacional, que é também coordenadora clínica do CAPS Geral II, apresentou a “Política Muni-cipal de Prevenção ao Suicídio”, com foco na educação, justiça e saúde. Con-versar sobre o suicídio de maneira cla-ra e esclarecedora, propor um diálogo aberto com os usuários do CAPS, com a comunidade e com as entidades civis e públicas são objetivos do documento. “Existe um preconceito muito grande, os casos ficam escondidos. É aquela cul-tura: quem se mata vai para o inferno, não pode se enterrar em solo santo. Isso constrange as pessoas. Por isso a idéia é capacitar os profissionais para identifi-car e notificar os casos prováveis, para que os CAPS possam realizar o acom-panhamento deles”, declarou a coorde-nadora clínica.

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“A droga é como a fome. Você às vezes não tem fome, mas tem von-tade de comer”, disse Dona Maria na roda de conversa citada anteriormente. Seu fi lho é dependente químico e ela faz tudo o que lhe é possível para ajudá-lo. Procura emprego para ele, acompanha suas idas ao CAPS, participa das tera-pias comunitárias. Pessoas como Dona Maria são muito caras ao tratamento de álcool e drogas porque diferentemente dos outros CAPS, onde a porta de en-trada do usuário deve ser a Estratégia de Saúde da Família, no CAPSad a pes-soa procura tratamento sozinha. Isso porque ela precisa compreender que a cura para a sua dependência é a ajuda especializada. Ou seja, é uma demanda espontânea. E a efi ciência do tratamen-to depende do aparato emocional. Coi-sa que mães como Dona Maria dão de forma vigilante.

No CAPSad de Sobral são atendidos em média 350 usuários, nos mais diversos níveis de dependência. A estrutura foi inaugurada em 2002 e reformada no fi nal de 2007. Além dos aparatos terapêuticos como as rodas de conversa, as atividades físicas, a utili-zação de arte-terapia, comuns à rede de saúde mental, no CAPSad são forneci-das orientações específi cas aos usuá-rios de álcool e drogas. Trabalha-se na perspectiva da redução de danos e não está voltado somente para a abstinência total . Consiste em um trabalho de pre-venção ao uso de substâncias psicoati-vas, junto às escolas e comunidades em geral, incluindo também a assistência e a reinserção social das pessoas com transtornos decorrentes do uso e de-pendência dessas substâncias. João* é fumante. Enquanto Ro-selane Lomeo, educadora física da rede,

se ocupava em organizar o translado dos usuários da praça ao ginásio de es-portes, onde praticariam futsal depois da caminhada e alongamento, João sen-tou na calçada e sem nenhuma inibição acendeu um cigarro enquanto o auxiliar abria a porta da quadra. O primeiro cole-ga que percebeu o fato enredou ao outro, que enredou ao outro e a situação virou um grande burburinho. Roselane chegou com o piso forte e não titubeou. Pediu que João jogasse fora o cigarro e deixou claro que não existia nenhuma abertura para atitudes parecidas com aquela, já que o grupo acordou que não era permi-tido fumar durante o futebol. Quando um usuário procura ajuda, também precisa se disponibilizar a abandonar certos hábitos, nem que para isso precise de uma inter-ferência corajosa como a da educadora. João entendeu e participou sem queixa do futebol.

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Residência Terapêutica

- Ouvi dizer que você gosta de escrever...- Gostei.- Gosta mais não?- Acabou a inspiração.- E o que era que lhe inspirava?- (Silêncio. Em seguida aponta o dedo pra cima)- Deus?- Sim.- E onde está ele?- Está lá. Ninguém melhor que Antônio* para responder sozinho porque não es-creve mais poemas que preenchem alguns cadernos guardados pelos cui-dadores da Residência Terapêutica de Sobral. Alguns acham que ele escrevia porque era perdidamente apaixonado por alguém. Mas sua história é feita de pedaços, como são as histórias dos oito moradores que dividem com ele os espaços e as atividades de vida diária realizadas sob a coordenação do enfer-meiro Sérgio Rodrigues e da terapeuta ocupacional Renata Diniz. É ele que nos recebe na visita à casa com varan-da, jardim e quintal, uma bem cuidada casa de interior. Lá eles são orientados a reconstruir sua autonomia. Como diz a coordenadora municipal de saúde men-tal, Roberta, “a apropriação pessoal de todas as dimensões que constituem a vida é um processo engrandecedor de autonomia e poder de constratualida-de, pois antes essas pessoas estavam submetidas a instituições manicomiais com seus sonhos ceifados e relações de troca zero”.

A Residência existe desde a criação do CAPS Geral, com o objetivo de receber as pessoas com transtornos mentais que não foram acolhidas pelas famílias quando foi fechado o hospital psiquiátrico. Com o tempo, alguns fo-ram reinseridos em seus ambientes fa-miliares, depois de um trabalho de in-vestigação e divulgação realizado pela Rede de Saúde Mental, e foram incor-porados outros, oriundos de novas si-tuações. Como Lúcia*, que foi encon-trada grávida na beira de uma estrada, desnorteada. O pessoal do CAPS foi acionado e durante o parto perceberam que ela talvez já tivesse um outro fi lho, porque havia marca de cesariana. Por se tratar de uma pessoa com transtorno mental grave, ela não teve condições de cuidar da criança, que foi adotada atra-vés de processo do Juizado da Infân-cia e da Juventude. Embora lembre de poucas coisas, Lúcia é simpática, fala bastante e gosta de segurar em nossa mão quando caminha. Quando questionado sobre a importância do trabalho que realiza, Sérgio diz que o fundamento está na inclusão social. “A gente precisa cui-dar deles com respeito. Não focalizar as doenças, mas os seres com suas li-mitações e possibilidades. É um tra-balho arriscado porque requer muito da gente psicologicamente”. O coor-denador, chamado de padrinho por um dos moradores da casa, já teve muitas angústias no período de adaptação ao perfi l do trabalho. “No começo eu tinha medo deles fugirem, de acontecer algu-ma coisa com eles. Mas eu pensava: isso aqui é uma casa, não é um asilo,

uma prisão”. Alguns dos residentes já têm autonomia para saírem sozinhos, como e o caso de Francisca*. Ela faz cursos na Apae e vez ou outra viaja para visitar a família. Não tem vonta-de de voltar a morar com a avó. Nem poderia, já que ela também depende de outras pessoas. Francisca já viajou também para eventos fora do Ceará, na companhia de Roberta, como o lança-mento do Programa de Volta Para Casa em Recife, como exemplo de reinser-ção social. Outros residentes têm um nível de autonomia muito comprometi-do e precisam de orientação para as ati-vidades mais simples, como fechar um zíper ou pentear o cabelo. Para que não se comprometam mais, os cuidadores procuram realizar um número maior de atividades externas, na busca de apon-tá-los a cada dia um número maior de possibilidades. Nós acompanhamos as com-pras de Natal de alguns deles. Fo-ram junto aos cuidadores escolher suas roupas para a confraternização de final de ano. O pagamento foi feito com o Benefício de Prestação Continuada da Lei Orgânica de As-sistência Social ou do Auxílio Rea-bilitação Psicossocial. Nesses mo-mentos procura-se fazer com que eles acompanhem suas próprias despesas, um controle que também auxilia no processo de organização pessoal. Tudo o que é realizado nesse sentido, é bem-vindo para a reabilitação social de quem havia perdido um direito fundamental, muitas vezes sem consciência so-bre isso, o de ter um lar.

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A universidade

Um dos grandes aliados da es-truturação da rede de saúde mental de Sobral é a Universidade. Em 2008 será ofertada a primeira Residência Médica em Psiquiatria do país realizada numa rede de atenção integral à saúde mental. Já houve turmas de Especialização em Saúde Mental e o curso de especializa-ção com caráter de Residência em Saú-de da Família, voltado para a formação de equipes multiprofi ssionais, já vai iniciar a quinta turma. A idéia é fazer da educação permanente um estímulo para o comprometimento profi ssional.

O horizonte

Depois da implantação da Rede de Saúde Mental já foi possível perceber uma signifi cativa redução no número de internações e do tempo de permanência nas mesmas. Ampliou-se o acesso à medicação de alto custo. E cumprindo com seus objetivos socia-lizantes, houve uma intervenção nos determinantes sociais, como o desem-prego. Mas as mudanças mais profun-das são muito mais subjetivas do que quantitativas. “Penso que a principal mudança encontra-se na qualidade de vida das pessoas, que antes viviam se-gregadas em hospitais, sem auto-esti-ma, sem autonomia e hoje permeiam os espaços da cidade e desfrutam de uma atenção extra-hospitalar de base comu-nitária, propiciando a inclusão social”, diz Roberta. A julgar pelo tamanho e dimen-são da Rede, é possível acreditar que a cada nova semente lançada, há um es-paço no solo de Sobral para recebê-la.

*Os nomes verdadeiros dos usuários foram pre-servados para evitar danos;*Agradecemos o apoio de Dr. Arnaldo Ribeiro de Costa Lima, então secretário municipal da saúde e ação social de Sobral.

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Ao falarmos da Universalização da Atenção à Saúde não pode-mos deixar de lembrar que estamos comemorando neste ano de 2008 os 30 anos de Alma Ata, Conferência Internacional sobre Cuidados Primá-rios de Saúde, marco histórico do pacto de “Saúde para Todos no ano 2000”; nela, a Atenção Primária à Saúde passa a fi gurar como estratégia maior para a garantia desta meta mundial. No Brasil, a Universalidade da Atenção, bandeira do Movimento de Reforma Sanitária dos anos 70, conquista seu lugar de destaque com a promulgação da “Constituição Cidadã”, quando Saúde passa a ser um “Direito de Todos”, surgindo o Sistema Único de Saúde (SUS). Outro Movimento de suma importância na luta por direito à saúde e que tam-bém eclodiu na mesma época no Brasil, foi o da Reforma Psiquiátrica. Esse último, por sua vez, irá dá mais ênfase à desconstrução dos mani-cômios e à defesa da proteção e dos direitos das pessoas com transtornos mentais. Concretamente, para a grande maioria dos municípios brasileiros, foi apenas no fi nal do século passado, com a implantação do Programa Saúde da Família (PSF) que se estabelece um real processo de expansão do acesso aos serviços de saúde: a “Universalidade chega à periferia”. Muito se avançou na ampliação da assistência, não se admite mais um município ou distrito de qualquer local que ainda não tenha, por exemplo, uma equipe de profi ssionais (pelo menos com médico e enfer-meiro) para atendê-la. Contudo, a população quer mais, não se satisfaz com uma Universalidade capenga, dissociada de uma Atenção Integral, seja em suas doenças físicas ou mentais. Nesse sentido, a Saúde Mental precisa muito de implementação. Mesmo os estudos apontando que, em algumas localidades do país com equipes do PSF, cerca de 50% dos pacientes atendidos pelo médico têm sofrimento mental signifi cativo, nos últimos anos, pouquíssimo se têm feito para enfrentar tal problemática. Diante desta realidade, fi ca evidente a exigência de uma qualifi -cação específi ca para os profi ssionais do PSF. Haja vista que trabalhos de grande magnitude já comprovaram que Médicos de Família (da Atenção Primária) podem efetivamente diagnosticar e tratar as doenças mentais mais freqüentes na clínica geral e que já existe uma versão para Cuidados Primários da Classifi cação de Transtornos Mentais (CID 10 CP Capítulo V). Para nossa alegria, no 9° Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade, que acontecerá em maio desse na cidade de For-taleza, a Saúde Mental ganhará um destaque; médicos do PSF de todo país entrarão em contato com cursos e conferências sobre Saúde Men-tal. Embora tardiamente, mas os médicos da Atenção Primária, res-sucitando o espírito de Alma Ata, começam a ser qualifi cados no tocante ao diagnóstico, tratamento e acompanhamento das pessoas com trans-tornos mentais. Nesse novo “movimento” esperamos que em um futuro próximo possamos dizer que “a Saúde Mental também chegou na perife-ria”.

José Roberto Pereira de SousaSecretário Geral do 9° Congresso Brasileiro

de Medicina de Família e [email protected]

Saúde Mental e Universalidade da Atenção à Saúde: mobilizando os médi-cos do PSF Ilu

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Esta publicação é uma realização da assessoria de comunicação do COSSEMS. É uma revista que mescla cientifi ci-dade e jornalismo, com espaços para publicações de artigos com experiências positivas no SUS, artigos de opinião, além de várias sessões para divulgação de notícias, eventos, entrevistas etc. Seu intuito é proporcionar uma verdadei-ra troca de informações entre os municípios, na área de saúde, além de gerar visibilidade para as ações desenvolvidas no âmbito da municipalização, tão fortalecida pelo Pacto pela Saúde. Para que essa troca seja de fato efetivada, pedimos a colaboração dos municípios no sentido de se associarem ao COSSEMS e permanecerem adimplentes com a instituição. Com isso, poderão ter disponíveis além da assessoria de comunicação, com esta revista, site e jornal, uma assessoria técnica construída para orientar os gestores na luta pela melhoria do SUS.

Faça parte do COSSEMS e comunique-se!

Convidamos todos a associarem-se e participarem!Anunciem! Divulguem suas ações!

Ganha o SUS, e ganhamos todos nós!

Mudanças estruturais, como a ampliação da equipe e a inauguração de uma sede que corresponde às expectativas dos gestores municipais de saú-de, são algumas das realizações que solidifi cam uma identidade ainda mais forte para a entidade. Um Conselho que segue as diretrizes do CONASEMS e que conseguiu reservar para si a condição de importante centro de troca de experiências e tomada de decisões, em parceria com a Secretaria de Saúde do Estado, com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde, entre outros. A diretoria, composta por Policarpo Araújo (presidente), Willames Freire (vice-presidente), Marilza Lima (secretária de articulação), Alessandra Pimentel (ex-secretária geral) e Pedro Filho (diretor fi nanceiro), convida a todos a re-memorar os passos que fi zeram de 2007 um ano essencial para a história do COSSEMS.

No dia 2 de fevereiro de 2008 a atual diretoria do COSSEMS comemorou um ano de gestão. O verbo comemorar é bastante apropriado porque nesse pouco tempo foram realizadas mudanças muito concretas e signifi cativas, que certamente fi carão marcadas por todo o futuro da instituição.

A posse

A diretoria eleita no dia 19 e janeiro de 2007, na Escola de Saúde Pública, tomou posse na noite de dois de fevereiro, no Hotel Oásis Atlânti-co. As 150 pessoas presentes ouviram o discurso empolgado, bem caracte-rístico do perfi l do atual presidente e as idéias que prometiam “acelerar” e “movimentar” o COSSEMS. “Onde eu passei, a gente implantou um ritmo muito acelerado. A minha tendência é movimentar a entidade”, disse Po-licarpo em entrevista concedida pos-teriormente. Dentro dessa perspectiva

está uma escolha estratégica: descen-tralizar. Desde o início da gestão tor-nou-se muito claro uma disponibi-lização de levar o COSSEMS até os municípios, onde de fato precisa es-tar a entidade. Quando o COSSEMS ganhou o outro “s”, deixando de ser COSEMS – Conselho dos Secretários Municipais de Saúde, assumiu o com-promisso de atender aos interesses dos municípios e não personifi cá-los, concentrá-los nos gestores, embora sejam eles de fundamental importân-cia para todas as ações da entidade.

COSSEMS: Gestão 2007-20081 Ano de Conquistas

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Reuniões Ampliadas

As Reuniões Ampliadas do COSSEMS têm se tornado referên-cia enquanto espaço de negociação e pactuação. Não raras vezes algum representante de outro estado ou ou-tra entidade participa desses eventos como observador, a fi m de verifi car a funcionabilidade da estratégia. “Quando um gestor não participa dessas reuniões ele deixa de perce-ber muitas coisas, de angariar muitas conquistas para os municípios, de es-tabelecer muitos convênios. Porque a gente trabalha com informação, pro-cura fi car por dentro das oportunida-des e repassá-las aos secretários”, diz Policarpo. Geralmente as Reuniões Ampliadas acontecem na manhã do mesmo dia da CIB – Comissão In-tergestora Bipartite, que acontece durante as tardes. Como a sede do COSSEMS não tem espaço sufi cien-te para a média de setenta secretários que sempre comparecem aos encon-tros, as Reuniões quase sempre acon-tecem em hotéis na orla marítima.

Espera-se com isso aproveitar a pre-sença dos gestores para participarem dos dois encontros, estabelecendo compromissos, decidindo estraté-gias, trocando experiências e infor-mações. O fl uxo é de duplo sentido: sempre chegam informações de ou-tras entidades e sempre saem muitas discussões dos auditórios das Reuni-ões para outros espaços. “Eu consi-dero que nesse um ano de Cossems nós tivemos um grande avanço com relação à organização da atenção à saúde, nos municípios principalmen-te. Os gestores estando mais inteira-dos dos acontecimentos, das mudan-ças, das novidades, dos avanços no próprio sistema de saúde ele pode pleitear novas conquistas para o mu-nicípio, se atualizar, trazer essas con-quistas para perto dos munícipes”, disse Dra. Valéria Viana, secretária municipal de saúde de Mulungu. A primeira reunião ampliada dessa ges-tão realizou-se no dia dois de março, e foram treze neste primeiro ano da gestão 2007/2008.

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CIB/ CIT/ Conares / Conasems

Muitas coisas que são de-cididas na CIB e na CIT são antes consensuadas no COSSEMS. Como entidade representativa, é esse o seu papel, especialmente no que se refere à municipalização. Para Dra. Valéria Viana, atual representante dos muni-cípios de pequeno porte na CIB, hou-ve “uma intensifi cação muito grande da presença do gestor nas reuniões da bipartite, graças às Reuniões Amplia-das que antecedem essas reuniões. O próprio secretário está presente se integrando com outros colegas secre-tários e discutindo com antecedência toda a pauta da bipartite. Então isso está nos dando mais respaldo, mais segurança na nossa posição de repre-sentantes num colegiado tão impor-tante”. Durante todo o ano o presi-dente do COSSEMS se fez presente nas reuniões da CIT, acompanhando as decisões da Tripartite: “As reuniões da CIT ocorrem mensalmente, geral-mente em Brasília e lá se reúnem os três entes da federação: os municípios representados pelo CONASEMS, os Estados representados pelo CONASS e o governo federal representado pelo Ministério da Saúde. Então as gran-des questões nacionais, no campo da saúde, são decididas na tripartite. A presença do COSSEMS é fundamen-

tal porque leva para Brasília, leva para o nível das grandes decisões as nossas opiniões, as nossas demandas enquan-to municípios”,disse Policarpo. Com essas participações nas discussões, inclusive a nível nacio-nal a credibilidade e visibilidade do COSSEMS aumentaram conside-ravelmente. Sobre sua presença nas reuniões do CONARES – Conselho Nacional de Representantes Estadu-ais, a secretária geral do COSSEMS Dra. Alessandra Pimentel fornece suas impressões: “O COSSEMS Ceará, fortalecendo sua imagem no cenário nacional, buscou fazer mui-tos contatos, desenvolver projetos de parceria, conhecer pessoas de outros estados, inclusive com a proposta de reunir os presidentes dos COSE-MS do Nordeste aqui antes do nosso Congresso. Estas são estratégias para fazer com que o COSSEMS tenha uma visibilidade”. A nova diretoria do CONA-SEMS tomou posse em agosto de 2007 e o nosso estado possui dois representantes: Dr. Willames Freire, vice-presidente do COSSEMS-CE, como secretário extraordinário de Participação e Controle Social e na Diretoria de Comunicação Social, com Dr. Luís Odorico, secretário municipal de saúde de Fortaleza.

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Ofi cinas, Cursos e Eventos

Uma das políticas do COS-SEMS é de subsidiar os municípios de treinamento necessário para aqui-sição de quaisquer melhorias relati-vas à gestão de seus territórios. Nes-se sentido, a entidade promoveu, ao longo desse ano, ofi cinas como a de Internação Domiciliar, Ouvidoria em Saúde, Estruturação dos Fundos Mu-nicipais de Saúde e Novas Tabelas de Procedimentos do SUS. A primeira foi ministrada em abril por Dr. Mar-cos Queiroz. A última foi ministrada por Dr. Nicanor Gurgel. A procura foi tão intensa que o Cossems teve que organizar duas turmas, somando um total de quase 70 pessoas, técnicos que operam as tabelas. E em feverei-ro a entidade vai promover a Ofi ci-na de Policlínicas, com Dr. Arnaldo Ribeiro, ex-secretário de saúde de Sobral: “Existem no Ceará 23 Poli-

clínicas atendendo média complexi-dade. Então nós do Núcleo de Saúde Coletiva da UFC, em parceria com o COSSEMS, achamos importante orientar questões como demanda, perfi l assistencial, quadro de pessoal, entre outras”, disse. Além de promover, o COS-SEMS também participa e sugere participantes para as ofi cinas e cur-sos promovidos por outras entidades. Como o Curso de Planejamento do SUS, promovido pela Universidade Federal da Bahia, em parceria com o

ofi cina, o diretor fi nanceiro do COS-SEMS Dr. Pedro Filho explica: “A Ofi cina que foi promovida pelo CO-NASS teve como objetivo dotar o gestor de conhecimento demonstran-do as formas de captação de recurso junto ao Ministério da Saúde através de convênios com ênfase na Norma de Cooperação Técnica, que norteia na elaboração do convênio no Fundo Nacional de Saúde. O FNS disponi-biliza duas ferramentas importantes na internet: O SOMASUS, que auxi-lia técnicos e gestores na elaboração do projeto e o Módulo de Projetos, onde é possível digitar os pré-pro-jetos para o pleito no Ministério da Saúde”. Ocorreram ainda os treina-mentos para administração de alguns sistemas como o SISREG, SIOPS, entre outros. Dessa maneira os mem-bros do COSSEMS podem tornar-se

multiplicadores das orientações ne-cessárias para a alimentação dos sis-temas de dados do SUS. Quando não promove ou par-ticipa, o COSSEMS dá apoio a todas as iniciativas que objetivam melhorar o Sistema Único de Saúde. É o caso do Programa de Telessaúde, cujo lança-mento foi registrado pela Sustentação, em agosto. O programa está em fase de implantação em vários municípios do interior, em parceria com a Universida-de Federal do Ceará e o apoio do Nú-cleo de Telessaúde de Minas Gerais.

Ministério da Saúde e com a OPAS, com trinta participantes, na Esco-la de Saúde Pública, em dezembro de 2007. Manoel de Carvalho, téc-nico do COSSEMS, diz que o cur-so ensinou sobre a importância do Planejamento: “Entre as condições necessárias para que o PlanejaSUS tenha sustentação é necessário que os gestores incorporem o planejamento como instrumento estratégico para a gestão do SUS. Esse apoio deverá ser buscado principalmente junto às Co-missões Intergestoras (CIB e CIT), aos Conselhos Nacionais de Secretá-rios Estaduais e Municipais de Saú-de (CONASS e CONASEMS) e aos Conselhos das Secretarias e Secre-tários Municipais de Saúde (COS-SEMS). A nossa participação foi de uma importância bastante signifi ca-tiva, tendo em vista o conhecimento

adquirido, as experiências de vários municípios apresentadas e discutidas durante todo o curso. Quanto a am-pliação dos conhecimentos que con-seguimos capitalizar, serão de gran-de valia no desempenho de nossa função que desenvolvemos junto ao COSSEMS, em apoio aos secretários municipais de saúde”. Outra ofi cina igualmente im-portante da qual o COSSEMS parti-cipou foi Trabalho e Investimentos no SUS com ênfase em Convênios, em Brasília, entre outras. Sobre essa M

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dicina, em abril de 2007, e do I Con-gresso Estadual de Atenção Básica, em novembro. Na ocasião o repre-sentantes do COSSEMS proferiram a palestra “Fortalecimeto da Capaci-dade Técnica dos Secretários Muni-cipais de Sáude em Monitoramento e Gestão”. Aproveitando a ocasião, o COSSEMS realizou no município uma Reunião Ampliada, onde pres-tou contas de todas as despesas dos primeiros meses dessa gestão. Como não poderia ser dife-rente, o Conselho das Secretarias e Secretários Municipais de Saúde este-ve presente não somente na realização das Conferências Estadual e Nacional de Saúde, como em todo seu proces-so de preparação, articulando junto as municípios os temas que lhes fossem prioritários. “Policarpo foi uma pes-soa muito importante neste incentivo no estado do Ceará, eu me encontrei com ele em mais de uma Conferência Municipal de Saúde, tratando do tema com os secretários municipais, orien-tando para que eles fi zessem as confe-rências e defendessem os seus pontos de vista, porque os Conselhos de Saú-de têm que ouvir e compreender todos os seguimentos”, disse o presidente do Conselho Estadual de Saúde Dr. Haroldo Pontes. Sobre a Conferência Nacional de Saúde, Policarpo assim se manifestou: “Foi um evento muito difícil para os secretários municipais de saúde porque alguns seguimentos políticos querem solidifi car a cultura da culpa por todos os erros do SUS ser dos gestores. Nós não admitimos isso”.

para a realização de eventos dessa ordem”, confi rmando a constante parceria existente entre COSSEMS e SESA. Os Congressos se confi gu-ram hoje como eventos de grande amplitude, que já fazem parte da agenda dos secretários municipais de saúde e técnicos da área, especial-mente o Congresso promovido anu-almente pelo COSSEMS. Este ano o evento será realizado em Guaiúba, em março, com cobertura completa pela Sustentação (veja informações nesta edição). O primeiro congresso promovido por essa gestão foi o de Barbalha, em maio de 2007. Muito elogiado pela iniciativa de levar o evento de Fortaleza ao interior, Po-licarpo assim se manifestou: “Levar o Congresso à Barbalha foi uma ma-neira de descentralizar a atuação do COSSEMS, de levar a discussão a um cenário alternativo à capital, de democratizar o evento”. Foram cerca de 200 participantes. Este ano espe-ra-se mais. Representantes do COSSE-MS participaram ainda do Congresso Nacional das Secretarias e Secretá-rios Municipais de Saúde, realizado anualmente pelo CONASEMS. Em Barbalha o Conselho se fez representar ainda no XIII Encon-tro Regional dos Estudantes de Me-

Seminários, Congressos e Conferências

O CCOSSEMS participou de Seminários em quase todo o Nor-deste, com o objetivo de atualizar-se sobre o que os estados estão priori-zando enquanto políticas públicas de saúde. Ou para acompanhar as questões que o próprio Ministério da Saúde ou órgãos como a Anvisa propõem como sendo de interesse público. Nesse sentido, representan-tes do Conselho estiveram presentes nos eventos: Seminário de Vigilância Sanitária, em Salvador; Seminário Conhecer o Sistema de Saúde, em São Luís; Seminário Internacional sobre os Desafi os do Ensino da Aten-ção Básica, em Brasília. “Nós ob-servamos que em países de primeiro mundo existe um investimento muito grande na formação desses especia-listas: médicos de saúde da família. Toda a base dos sistemas de saúde desses países é a medicina familiar”, disse Policarpo Araújo sobre o even-to. No Seminário sobre Prevenção da Transmissão Vertical do HIV e Sífi lis, em novembro, o representante do se-cretário estadual de saúde Raimundo José Arruda disse: “Nós, juntos com o COSSEMS, com a Aprece e com outras entidades, estamos em cons-tante discussão e sempre disponíveis

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Grandes lutas e vitórias

Durante todo o ano de 2007 a diretoria do COSSEMS assumiu uma série de lutas, alcançando vitórias na maior parte delas. Lutas relativas es-pecialmente às questões de fi nancia-mento, caso dos Hospitais Pólos, que perderam grande parte de seus incen-tivos por medida da SESA-CE, e o COSSEMS teve êxito na recompo-sição dos tetos. Nesse sentido houve também a luta por recursos para as Especifi cidades Regionais. Apenas oito estados do Brasil conseguiram aprovar o investimento que garan-tiu um milhão de reais para Atenção Básica, por mês, já agora em 2008. Também foi aprovado o aumento de recursos para todos os municípios cearenses de média complexidade, numa média de 110 milhões de reais/ano para o setor. Outra grande conquista foi na campanha pelo Pacto da Saúde junto aos municípios, com adesão de 100%. O Pacto se confi gura hoje como um compromisso e uma dire-triz fundamental para as questões re-lativas à saúde, e adesão em massa representa uma consonância de inte-resses pelo crescimento do SUS.

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A nova sede

Dentre todas as realizações da atual gestão do COSSEMS, a mais impactante foi, com toda cer-teza, a inauguração da nova sede. Primeiro porque se fazia urgente uma mudança estrutural na entidade, que garantisse um maior conforto e disponibilidade de apoio aos secre-tários municipais de saúde. Depois porque ao inaugurar a nova sede a diretoria mostrou ousadia e coragem de investir alto no maior objetivo da entidade: assessorar bem os gestores de saúde. Hoje a estrutura conta com sala de reuniões climatizada, auditó-rio para trinta pessoas, computadores com internet, acervo de comunicação etc. Em se tratando de comunicação, por iniciativa dessa gestão foi imple-mentada a assessoria de comunicação, com sede própria, responsável por toda a comunicação interna e externa da ins-tituição. Para Dr. Mário Mamede, su-perintendente da Escola de Saúde Pú-blica, a inauguração foi um “momento histórico, embora singelo”, porque o Conselho tem “um conceito de serieda-de construído ao longo de sua história de compromisso com o SUS, com a ci-dadania demonstrada em várias ações, na sua capacidade de se articular com o poder público, seja na esfera municipal, estadual ou federal”. Com 18 anos de existência a entidade está estruturada para lutar por novas conquistas para os gestores e usuários do SUS. Além da inauguração da nova estrutura, a atual gestão investiu na aquisição de uma sede destinada à Assessoria de Comunicação, no centro da cidade. Lá são produzidos todos os veículos de comunicação da entidade, entre eles a Sustentação. O objetivo dessa ação é ampliar as possibilidades de comunicação interna e externa do COSSEMS.

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14:00h às 17:00h Acolhimento e credenciamento no Hotel oficial19:00h Abertura Solene com a entrega da Medalha Dower Cavalcante 20:00h Conferência MagnaO papel da Atenção Básica como prioridade do SUSDr. João Ananias Vasconcelos Neto - Secretário Estadual de Saúde do Ceará e Diretor Extraordinário de Atenção Primária do CONASS

08:30h Lançamento do Manual “Nascer com Cidadania, 10 passos para o registro civil de nascimento na maternidade”(Parceria SESA, UNICEF, COSSEMS e ARPEN)09:00h às 17:00h Exposição de Experiências Municipais no SUS09:00h às 12:00h Mesa RedondaResponsabilidade Sanitária e Financiamento do SUSGeraldo Resende - Deputado Federal do PMDB/MSHelvécio Miranda Magalhães Júnior - Presidente do CONASEMSJurandi Frutuoso Silva - Secretário Executivo do CONASSNorberto Fabri Júnior - Secretário Municipal de Saúde de Nova Diamantina/MSJosé Policarpo de Araújo Barbosa - Presidente do COSSEMS/CE 12:00h Almoço14:00h às 17:00h Mesa RedondaPacto pela Saúde e Atenção Básica: avanços na garantia dos princípios de equidade, integralidade e universalidade Luis Fernando Rolim Sampaio - Diretor do Departamento da Aten-ção Básica/MSSilvana Leite Pereira - Coordenadora de Área de Apoio à Gestão Descentralizada/MSLuciano Von Saltiel - Assessor do CONASEMSRogério Carvalho - Secretário Estadual de Saúde de SergipeLuis Odorico Monteiro de Andrade - Secretário Municipal de Saúde de FortalezaJosete Malheiros Tavares - Secretário Municipal de Saúde de Guaiúba17:00h às 18:00h PalestraGestão da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do TrabalhadorMarco Antônio Gomes Pérez - Coordenador Nacional da Saúde do Trabalhador/MS18:00h Programação Cultural

08:00h Acolhimento 09:00h às 10:30h PalestraClínica Ampliada: Um novo modelo de Atenção BásicaGustavo Tenório Cunha (Minas Gerais)10:30h Assembléia Geral e Aprovação da Carta de Guaiúba12:30h Almoço de encerramento

Quem desejar participar poderá inscrever-se até a data do evento. O valor da inscrição é R$120,00. As Secretarias Municipais de Saúde que estiverem adimplentes com o Cossems terão direito à duas inscri-ções gratuitas no evento, sendo uma para o secretário e a outra para um técnico em saúde.

No VIII Congresso os trabalhos serão na forma de pôsteres, que deverão ser inscritos até o dia 22 de fevereiro deste ano, com experiên-cias municipais exitosas no SUS. O regulamento está disponível no site: www.conasems.org.br/cosems/ce

O Cossems disponibilizará gratuitamen-te translado saindo da sede, em Fortaleza no dia 13/03, quinta-feira às 14:00h para o hotel oficial do evento. Diariamente será disponibilizado translado Hotel oficial/local do evento/hotel oficial. O retorno à Fortaleza será no dia 15/03, sábado, ao final das atividades científicas. Os interessados deverão estar inscritos no congresso e solicitar sua vaga atra-vés dos telefones: 31015444/5436/ 8837.4208 (Rafaela).

O hotel oficial será Hotel Fazenda Vale do Juá. Pacote: R$ 170,00 por pessoa. Inclui: café da manhã e jantar (o almoço será ser-vido no local do evento). Os interessados deverão solicitar sua reserva através dos telefones: 31015444/5436/ 8837.4208 (Rafaela).

Dia 13 de março, de 14:00h às 17:00 h no Hotel Vale do Juá

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Seguindo a linha de descentra-lização que vem marcando a atual ges-tão do Cossems, o VIII Congresso das Secretarias e Secretários Municipais de Saúde será realizado no município de Guaiúba, a 40 quilômetros de Fortaleza. Em comemoração aos 20 anos de SUS e em sintonia com as expectativas do Ministério da Saúde e da Secretaria Es-tadual de Saúde, o tema do Congresso será “20 anos de SUS: Aten-ção Básica como Priorida-de”. Durante os dias 13, 14 e 15 de março, centenas de gestores e técnicos de saúde deverão compartilhar suas experiências de êxito, con-vergindo na troca necessária para o crescimento da saúde pública de forma qualitativa. De acordo com o presidente do Cossems Dr. Policarpo Araújo, “é um Congresso enxuto, curto, mas que nem por isso vai deixar de ser organizado e grandioso”. Será também uma prepa-ração para o Congresso Nacional das Secretarias e Secretários Municipais de Saúde, que acontecerá no mês seguinte em Belém do Pará. Dessa vez o Congresso vai agregar mais um valor na dimensão das discussões sobre saúde no estado: a cultura. O evento será realizado no CEARC - Centro Educacional de Arte e Cultura Portal da Serras, espaço que tem se tornado referência na melhoria dos indicativos de saúde, educação, cul-tura e lazer do município de Guaiúba. O Centro existe há três anos e com a sua criação, a partir da restauração de uma casa antiga e de um terreno baldio aban-donados, a cidade ganhou uma progra-mação gerida pela secretaria de cultura que tem causado impacto na dinâmica

da cidade. As ofi cinas de música, can-to, teatro, entre outras, geram uma nova formação baseada em valores como au-to-estima e auto-reconhecimento para os moradores de Guaiúba, especial-mente crianças e adolescentes. Desde sua fundação, mais de 3000 pessoas já visitaram ou usufruíram do equipamen-to cultural, localizado na CE 040, rodo-via estadual por onde circulam milhares de veículos que se dirigem à região do maciço de Baturité e das serras de Gua-ramiranga e Pacoti. Para o secretário municipal de saúde Dr. Josete Malheiros, presiden-te do Congresso, a escolha do tema e do local foram bastante signifi cativos: “Para nós é um motivo de muita vibra-ção podermos sediar este evento que vai comemorar os 20 anos de implan-tação do SUS. Se a gente pudesse de-

senhar uma fotografi a deste momento histórico, poderíamos citar o exemplo da nossa cidade, a pequena Guaiúba, de pouco mais de 21 mil habitantes, que há seis anos atrás só tinha uma equipe da saúde da família estruturada, e hoje nós contamos com sete equipes, com a meta de ampliar para nove equipes de saúde da família. E isso não é uma coi-sa isolada do município de Guaiúba, é um processo sem volta que está em cur-so em todo o país e principalmente no Ceará, de uma forma mais consolidada. Então nós entendemos que a escolha da temática para esse Congresso, tendo a Atenção Básica como prioridade na or-ganização do sistema é muito feliz”. De acordo com Dra. Alessandra Pimentel, coordenadora da Comissão Científi ca do evento, a maior expecta-tiva é sobre o público e a quantidade de

trabalhos apresentados: “A expectativa é de um número maior de participantes que nos anos anteriores, pela proximi-dade de Fortaleza, uma média de 300 pessoas. E também em relação às expe-riências exitosas. No ano passado nós tivemos em torno de 40 experiências e este ano esperamos um crescimento de até 80% do volume de trabalhos apre-sentados, até pela excelente repercussão das experiências apresentadas no con-gresso anterior”, disse. As experiências inscritas que forem selecionadas para apresentação no XVIII Congresso terão os horários de apresentação indicados pelo Cossems aos seus respectivos au-tores. Além da premiação destinada ao trabalho vencedor, concedida pelo Co-nasems, o Cossems realizará o sorteio de brindes para os municípios. Uma grande novidade da pro-

gramação deste ano é a Me-dalha Dower Cavalcante. A homenagem foi aprovada no VII Congresso, ocorrido em maio de 2007, em Barbalha, e tem o objetivo de homenage-ar pessoas ou instituições que contribuem de maneira rele-vante com a saúde pública do estado do Ceará. Os Congressos do Cos-sems têm se caracterizado, ao longo do tempo, como um importante espaço de compar-

tilhamento de experiências e de discus-sões vanguardistas sobre as questões mais pertinentes da gestão do Sistema Único de Saúde. A partir desses encon-tros são geradas diretrizes encaminha-das às comissões intergestoras bipartite e tripartite, representativas dos anseios e necessidades de quem realiza a gestão nos municípios: os secretários munici-pais de saúde. “É muito importante que o maior número possível de secretários participem, porque nesses encontros são tomadas decisões muito importantes, são consensuadas muitas estratégias, e a posição do gestor se fortalece com sua participação nessa construção”, declara o presidente do Cossems Dr. Policarpo Araújo.

Maiores informações pelos telefones: (85)31015444/5436

Guaiúba sediará o VIII Congresso das Secretarias e Secretários Municipais de SaúdeO VIII Congresso acontece entre os dias 13 e 15 de março de 2008 e apresenta uma série de novidades em relação aos anos anteriores. As inscrições de pôs-teres serão realizadas até o dia 22 de fevereiro. Os municípios adimplentes concorrerão a brindes e os que paga-ram a anuidade já em janeiro concorre-rão duas vezes.

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Terapia do Riso alegra crianças no CaririTerapia do Riso alegra

Dr. Hunter Adams e sua Terapia do Riso devem ter infl uenciado milhões de pessoas mundo afora. O fi lme divertido e comovente do médico palhaço, ins-pirado no livro do autor (Patch Adams – O amor é contagioso), que acreditou no sonho de levar alegria como antídoto à dor das crianças com câncer, gerou inspiração para uma ONG paulista chamada Doutores da Alegria, cujo traba-lho também virou um belíssimo documentário.

No Cariri, bem longe do sudeste deste trópico, uma aluna de Enfermagem da Faculdade de Barbalha também se viu convocada a atuar na direção proposta pelo livro. Fez um projeto e esperou a hora certa de executar. O momento oportuno acon-teceu em 2004, quando a moça e alguns colegas resolveram criar a ONG Anjos da Enfermagem. Jakeline Duarte, presidente da ONG, espalhou a semente pelo Cariri e hoje a ONG caminha com o respaldo de quem teve que, além de executar o proje-to terapêutico, lutar por uma mudança na mentalidade das pessoas. É o que explica Viviane Brito, coordenadora da Organiza-ção: “A região ainda não está preparada para esse tipo de trabalho, porque muita gente não acredita na atuação das ONGs, e isso gerou muito sacrifício porque ajudar essas crianças não signifi ca só aplicar a Te-rapia do Riso. Essa cultura ainda precisa amadurecer na região, porque as pessoas acham que o dinheiro doado é desviado, não é investido no trabalho e não é isso que acontece”. Com três anos de existência são vários os planos da ONG para o futuro, entre eles a construção do Instituto An-jos da Enfermagem. “Aqui a gente tem o Hospital São Vicente de Paulo, que tem um Centro de Oncologia, sendo o único da região que trata do câncer. São aten-didas muitas crianças da região do Cariri, de Missão Velha, de Farias Brito, a grande maioria de famílias de agricultores. Eles sentem difi culdade de se transportar, de se alimentar. Por observar essas carências é que estamos criando o Instituto Anjos da Enfermagem, que vai ser um centro de apoio para essas famílias, perto do Hos-

pital São Vicente, onde eles vão poder se hospedar, se alimentar, serem transporta-dos”, disse Viviane. O que o Instituto tem de concreto é o terreno doado pela Prefei-tura de Barbalha. Além disso, o sonho de dar início às obras em 2008. Mantida por doações, a ONG está atraindo olhares de todos os lugares. O Conselho Federal de Enfermagem cedeu inclusive um espaço em seu site ofi cial para que os Anjos pu-dessem divulgar o seu trabalho. O que diferencia a ONG de ou-tros trabalhos de mesma inspiração é o fato de ser originária da en-fermagem, embora hoje atuem pontu-almente profi ssio-nais colaboradores de diversas outras áreas, especialmente Odontologia. “A gente nunca ouviu falar de um projeto grande da enferma-gem. Existe hoje mais de um bilhão de profi ssionais da área. Então por que não paralisar a en-fermagem? A profi ssão em si tem um signifi cado de amor, de atenção, de cuidados. E o trabalho dos Anjos é exatamente esse, do amor, do cari-nho, além de ser um ensinamento”, explicou a coordenadora. Cerca de 40 crianças são atendidas atualmente no Hospital assistido pela ONG. Crian-ças que recebem paulatinamente o direito de voltar a brincar, a rir, e a transformar o riso num aliado para a cura da doença. Brincar de ser fe-liz, mesmo em meio à dor.

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O evento foi também uma oportunidade de trocar experiências, avaliar o desempenho do ano de 2007, traçar metas para 2008 e visualizar es-tratégias. Entre essas metas está a de fazer com que cada um dos 184 mu-nicípios cearenses e o próprio Estado entendam a importância de sistemati-zar e disponibilizar os dados sobre seus investimentos em saúde. Em 2000, o SIOPS foi imple-mentado e formalizado no âmbito do Ministério da Saúde, através da Por-taria 1.163, incluindo a criação da Câ-mara Técnica e dos Núcleos Estaduais, embora desde 1998 já existisse uma

organização mínima do orçamento estruturada em relatórios e disquetes. Os Núcleos Estaduais são formados por um Grupo Executivo e um Grupo Consultivo, instituído por Portaria do Secretário Estadual da Saúde. No Ce-ará, o primeiro é composto por repre-sentantes da SESA, do Cossems e do DataSUS, e tem o objetivo de sensibi-lizar, treinar, divulgar e analisar dados do Estado e municípios. O segundo dá suporte às discussões e decisões do Executivo, sendo composto pela Sefaz, Escola de Saúde Pública e Ministério Público. A necessidade de implementar o Sistema nasceu de um questionamen-

to do Conass quando da instalação de um inquérito civil público sobre o fun-cionamento e financiamento do SUS. Hoje, com o SIOPS é possível visua-lizar quanto cada município e Estado investem saúde. O Sistema deve ser alimentado semestralmente e todas as orientações necessárias estão disponíveis no site do SIOPS (www.siops.datasus.gov.br). É um instrumento de acompanhamen-to do percentual de recursos próprios aplicados em ações e serviços públicos de saúde, conforme o estabelecido pela Emenda Constitucional 29 e vem tor-nando-se referência quando o assunto é

Cossems e Sesa em Parceria no SIOPS

Cossems, Sesa e DataSUS participaram em Brasília de treinamento do SIOPS – Sistema de Informações sobre Orçamento Público em Saúde, entre os dias 11 e 14 de dezembro de 2007, com o objetivo de orientar e capacitar os mem-bros dos Núcleos Estaduais quanto às mudanças geradas pelo Pacto pela Saúde, como o financiamento em bloco, renivelamento das contas, entre ou-tros.

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investimento. Desde 2004 a Secretaria do Tesouro Nacional utiliza a consulta ao SIOPS como determinante na hora de fi rmar convênio e de negociar trans-ferências voluntárias. Em 2007, tam-bém a Caixa Econômica Federal passa a consultar o SIOPS em suas transa-ções com os municípios. “O município não é obrigado, porém é necessário alimentar o Sistema; não-alimentando pode perder muitos benefícios”, diz a coordenadora do Núcleo Estadual do SIOPS Maria Alrenice de Oliveira. No evento realizado em Bra-sília, o Ceará, Pernambuco e Mato Grosso foram homenageados pelo de-sempenho na sistematização e adesão dos municípios ao Sistema. A homena-gem se deveu ao fato dos municípios cearenses terem o SIOPS alimentado

100% de 2000 a 2006 anual. Em 2007 semestre, apenas 30 municípios ainda precisam alimentar seus dados. Vale ressaltar que os municípios de Madale-na, Quixeré, Jati e Penaforte precisam regularizar a alimentação do Sistema, referente ao semestre de 2004. “O Nú-cleo está disponível para orientar esses municípios, treinar e capacitar para a utilização da pasta do SIOPS”, disse a coordenadora. Para alimentar o Sistema é preciso estar atento a todo o processo. Muitos municípios realizam todo o pro-cedimento on-line, mas não fi nalizam corretamente a sistematização. Isso porque ao enviar os dados é preciso en-caminhar o recibo de autenticação ao Ministério da Saúde, disponibilizado após o procedimento virtual. O municí-

pio só é autenticado após o envio do re-cibo, assinado pelo prefeito e contador, validando os dados e reconhecendo as pessoas ou entidades responsáveis por cada alimentação, a fi m de garantir a segurança do procedimento. Autenticar é tão importante quanto alimentar. Municípios que ainda precisam alimentar o SIOPS de 2007: Abaia-ra, Acaraú, Apuiarés, Aurora, Barrei-ra, Camocim, Canindé, Cariré, Ererê, Farias Brito, Granjeiro, Groaíras, Hi-drolândia, Ibaretama, Icó, Ipaporanga, Itarema, Jijoca de Jericoacoara, Mada-lena, Milagres, Miraíma, Monsenhor Tabosa, Moraújo, Orós, Pentecoste, Poranga, Quiterianópolis, Senador Sá, Tarrafas, Umari.Maiores informações: (85)31015444/5436 e (85)31015188/5187.

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Em matéria de política pública de saúde mental, superando os limites da reforma psiquiátrica, e de sua integração com política pública de saúde, su-perando os limites da reforma sanitária, o Ceará tem grandes contribuições a oferecer ao Brasil. Instalamos o nosso primeiro Centro de Atenção Psicossocial-CAPS, o de Iguatu, em 1991, apenas dois anos após a instalação do CAPS Luiz Cerquei-ra, em São Paulo, o primeiro do Brasil. Aprovamos Lei Estadual de Reforma Psiquiátrica, a Lei Mário Mamede, em 1993, nove anos antes da Lei Federal Paulo Delgado. E já podemos apresentar três grandes experiências paradigmá-ticas de reforma psiquiátrica e constituição de política municipal de saúde men-tal, em graus diferentes de implantação, devido às diferentes complexidades e tempos de experiência, em Quixadá, Sobral e Fortaleza. Em Quixadá, município de médio porte, a partir de 1993, experimenta-se a construção de uma política capaz de mobilizar poder público e sociedade civil. Em 14 anos de funcionamento, foram prontuarizados 2100 clientes e rea-lizada a média mensal de 850 procedimentos. São 700 atendimentos domicilia-res/ano, 60 internações no hospital geral regional/ano e encaminhamento, para hospitais psiquiátricos especializados de Fortaleza, de apenas cinco internações/ano. A atuação prevê a profi ssionalização da habilitação psicossocial, por meio da Ação Social, e a supervisão da Secretaria de Educação no manejo dos trans-tornos de aprendizagem. O sistema está montado para a Atenção Primária, em íntima associação com o Estratégia de Saúde da Família-PSF, e a Habilitação Social, associando cuidado integral e produção de cidadania. Em Sobral, município de grande porte, a partir de 1999, experimenta-se a construção de um sistema mais complexo e hierarquizado de cuidados, so-bretudo depois do fechamento de velho hospital psiquiátrico de natureza asilar, propiciador de violências inauditas aos direitos humanos de pessoas portadoras de transtorno mental. O sistema tensiona sua organização como rede horizontal, articulando Ambulatório de Saúde Mental em Centro de Especialidades Médi-cas, para atenção dos demais municípios da micro e da macrorregião de saúde; Residência Terapêutica, para os egressos do hospital especializado que foi fe-chado, que apresentavam pouca autonomia e ausência de suporte social; Emer-gência e Internação em unidades psiquiátricas de Hospital Geral, preparado e treinado para estes fi ns; CAPS Geral (CAPSg) e CAPS para Álcool e Outras Drogas (CAPSad). A lógica do cuidado apóia-se no modelo da atenção psicos-social comunitária desenvolvida em Quixadá, mas incrementa uma nova escala de organização, visando maior magnitude de território e população. Em Fortaleza, grande região metropolitana, 4ª capital brasileira em po-pulação, a partir de 2003, pratica-se, com grande radicalidade, a implantação qualifi cada simultânea de uma Rede de PSF, fortalecendo a Atenção Primária, e de uma Rede de Atenção Integrada à Saúde Mental, composta por CAPS g, CAPS ad e CAPS destinado a crianças (CAPS i), ambas baseadas na responsa-bilidade por territórios vivos, compreendidos em suas histórias sócio-econômi-cas e culturais. O SUS que se implanta em Fortaleza, orienta-se por uma Política Municipal de Humanização da Atenção e Gestão em Saúde, que tem por obje-tivos incluir indivíduos e coletivos, na perspectiva da qualidade do cuidado, da qualidade de vida, da cultura de paz e da democracia. A História dirá se nossas intenções e esforços se encarnarão em práticas coerentes, efetivamente transformadoras de nossas realidades sócio-sanitárias.

Dr. José Jackson Coelho SampaioDiretor do Centro de Ciências da Saúde da UECE

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Saúde Mental e Política de Saúde: O caso Ceará

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CAPS I : Uma experiência de sucesso

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Em meados da década de 70, inicia-se no Brasil, mais precisamente na região sudeste, um movimento que já agitava diversas regiões do mundo – a Reforma Psi-quiátrica. Período em que reemergem os principais mo-vimentos sociais e que os profissionais de saúde mental passam a questionar as políticas de assistência existen-tes na época. Nesse contexto, os familiares das pessoas portadoras de transtornos mentais também cumprem um papel importante, organizando-se e exigindo melhores condições de tratamento. Aos poucos, o modelo hospitalocêntrico e mani-comial foi sendo substituído por tratamentos mais huma-nizados. As pessoas portadoras de transtornos mentais deixam de ser apenas objetos da intervenção profissional para serem percebidas como sujeitos de direitos. A exclu-são e o isolamento foram sendo substituídos por novos modelos abertos. Dentre estes novos modelos, destacam-se os Centros de Atenção Psicossocial – CAPS, onde equipes multiprofissionais intervêm junto com pacientes, familiares e comunidade, buscando uma melhor integra-ção do paciente. No Ceará, a Reforma Psiquiátrica iniciou-se há 16 anos com a Lei Estadual Deputado Mario Mamede. Dando prosseguimento ao processo de expansão e con-solidação dessa Reforma Psiquiátrica no Ceará, o muni-cípio de Cruz traz à tona o reconhecimento do direito às

diferenças iniciando em maio de 2006, mudanças impor-tantes na área da saúde mental na cidade, implantando o Centro de Atenção Psicossocial – CAPS I, o terceiro desta região. O objetivo deste modelo de atenção é oferecer assistência em saúde mental para pessoas portadoras de transtorno mental e/ou sofrimento psíquico que exijam um tratamento especializado, articulando políticas públi-cas intersetoriais, adotando as medidas necessárias para garantir os cuidados com os 1.035 usuários do serviço nas três modalidades: intensivos, semi-intensivos, não-intensivos. A Unidade cujo slogan é “Aqui somos todos lou-cos, uns pelos outros” visa um diferencial no serviço pú-blico prestado à comunidade, com a missão de cuidar em liberdade e buscar a autonomia das pessoas portadoras de transtornos mentais. Trabalhando de forma consoante com os princípios da Reforma Psiquiátrica e da Reforma Sanitária em curso no país, o CAPS de Cruz almeja uma integração com os demais serviços do Sistema Único de Saúde. A equipe composta por um médico psiquiatra, uma terapeuta ocupacional, uma enfermeira, uma psi-cóloga e uma assistente social, promove diversas ações como: educação em saúde, orientações de autocuidado, uso correto de medicamentos e/ou continuidade da psi-coterapia e outros recursos indicados para que sejam mi-nimizados os riscos de reagudização do transtorno e o de exclusão social. Os familiares dos pacientes também recebem

orientação e suporte, tendo em vista o re-conhecimento das condições psicosso-ciais (familiares, de trabalho e comu-nitárias, entre outras) das pessoas em risco de recidivas, favorecendo a qua-lidade de vida e utilizando-se da inter-setorialidade para este atendimento. Realizam-se visitas domiciliares, para verificar as condições de autocuidado, de moradia, dinâmica familiar, etc, conforme necessidade ou quando há indícios de falha na adesão e/ou negli-gência no tratamento. Após a inauguração do CAPS, a equipe participou de julho a setembro de 2006 do “Curso de Formação Bá-sica em Saúde Mental” oferecido pela Escola de Saúde Pública Visconde de

Sabóia, em convênio com a Universi-

dade Federal do Ceará – UFC, e Ministério da Saúde, para treinamento e capacitação das equipes da rede de atenção básica, atual Estratégia de Saúde da Família, ministrados em módulos com duração total de quarenta e oito horas/aulas. Desta forma, oportunizou-se capaci-tação para os profissionais e, sobretudo, sensibilizou-se quanto à importância da atenção primária no contexto da saúde mental. Tal evento motivou uma experiência exitosa im-plantada em seguida no município de Cruz, na localida-de do Preá. A comunidade de Vila Preá é localizada na região praiana no município de Cruz-Ce. Com uma po-pulação estimada em 2.000 habitantes, o que representa 551 famílias, aproximadamente, que vivem da pesca, da agricultura e do turismo. A iniciativa consistiu de um l e v a n t a m e n t o junto à comu-nidade, através dos Agentes Co-munitários de Saúde – ACS’s, na identificação, casa a casa, das possíveis pes-soas portadoras de transtornos mentais a serem examinadas pelo médico de saúde da família local a fim de garantir assistência pro-gramada e continu-ada em saúde mental, encaminhados posteriormente ao CAPS os casos mais complexos. Efetivando a proposta de realizar ações coletivas em saúde mental na atenção básica, no ano de 2006, a secretaria municipal de saúde juntamente com a equipe técnica, realizou diversos eventos, como o “I Encontro Municipal da Saúde Mental”, cujo tema abordou o aten-dimento humanizado CAPS x PSF. O encontro propôs a participação ativa dos profissionais de saúde do municí-pio no tratamento humanizado ao paciente psiquiátrico e de seus familiares no processo terapêutico e na forma-ção da rede assistencial à pessoa portadora de transtornos mentais do município. O evento contou com a participação de setenta e

cinco profissionais da saúde e de diversas áreas do muni-cípio como: médicos, enfermeiros, odontólogos, auxilia-res de enfermagem, técnica de dentista, agentes comuni-tários de saúde, fisioterapeuta, fonoaudióloga, assistentes sociais, psicóloga, nutricionista, bioquímico, farmacêu-tica, secretários municipais, vereadores e convidados. Teve como objetivo geral viabilizar o treinamento sis-temático e continuado das equipes de PSF do município de Cruz, dentro dos parâmetros da Reforma Psiquiátrica, através de uma abordagem interdisciplinar, efetivando a proposta de promover a aúde mental na atenção básica local e dentro da visão de intersetorialidade. Dando continuidade a programação de eventos de sensibilização profissional e comunitária no município

neste mais de um ano e meio de funciona-

mento do CAPS I, em maio de 2007, na come-moração de ani-versário de um ano da Unidade, foi realizado no município uma mesa redonda. O objetivo deste encontro foi de debater o tema: “A atenção psi-cossocial e a in-tegralidade no atendimento: o papel da famí-

lia, comunidade e entidades”, contando

com a participação do Dr. Nilson de Moura Fé, psiquia-tra membro da Coordenação de Saúde Mental do Estado, Dra. Tricia Feitosa, psiquiatra docente da UFC, regional de Sobral-Ce, além da participação de usuários, membros dos vários setores e representações do município. O evento suscitou vários debates pertinentes ao atendimento do público em questão e das responsabilida-des das várias entidades, setores locais e usuários do ser-viço. Além da Mesa Redonda, foi realizada também, uma caminhada com os usuários, familiares e comunidade nas principais ruas da cidade, animada com muita música, panfletagem, faixas e cartazes na tentativa de chamar a atenção da população para a questão da discriminação e do preconceito, além da falta de informação, ainda pre-

sentes entre a população local. Em seguida, em comemoração ao Dia Mundial da Saúde Mental, 10 de outubro, realizou-se a Semana Mu-nicipal de Saúde Mental, com o lema: “Pare de Excluir, coragem para Cuidar”, com o objetivo de aderir maior participação da sociedade cruzense no cenário psiquiá-trico. Durante essa semana foram realizadas várias mo-bilizações nas diversas localidades com “blitz” da equipe nas unidades básicas de saúde, hospital municipal, Cen-tro de Especialidades Odontológicas - CEO, centro de fisioterapia, biblioteca e escolas municipais, integrando os diversos setores locais. Durante a “blitz” foram realizadas panfletagens, testes psicométricos de depressão, de qualidade de vida e de nível de estresse trazendo informações à sociedade civil sobre o serviço. Além disso, foram promovidas ati-vidades socioculturais com a exibição do documentário “Estamira”, em duas praças do município contemplando as zonas urbana e rural. A partir daí iniciou-se a construção de vínculos e o estabelecimento de reuniões com as equipes da Es-tratégia Saúde da Família, com um treinamento básico sobre saúde mental envolvendo os agentes comunitários de saúde das seis equipes da ESF do município, para acompanhar continuamente o usuário ao longo do seu tratamento, facilitando sua integração na família e na co-munidade. Seguindo o mesmo contexto e raciocínio da experiên-cia com a localidade do Preá, foi a vez da localidade do Cajueirinho, localizada, aproximadamente, a 18 km da sede Cruz-Ce, com atividade econômica focada na agri-cultura, principalmente no cultivo de cajus. A partir dos levantamentos realizados pelos agentes comunitários de saúde local e com apoio da equipe da unidade de saúde da família, dada a complexidade do problema, sessenta e oito usuários foram encaminhamentos ao CAPS para prosseguimento de atendimento. O objetivo maior deste trabalho é atingir as de-mais localidades. Para tanto, na programação das ativi-dades do CAPS I – Cruz do ano de 2008 insere-se um levantamento epidemiológico, a fim de obter um perfil das pessoas portadoras de transtornos mentais do muni-cípio de Cruz. Diante do que já foi exposto, o Centro de Aten-ção Psicossocial – CAPS I – Cruz, vem tentando, a partir de várias ações extramuros, sensibilizar profissionais e comunidade quanto a disponibilização de uma atenção em saúde mental que perceba o paciente mental na sua integralidade de necessidades enquanto ser humano e

cidadão. Tal mobilização vem rendendo ao CAPS I – Cruz visibilidade e reconhecimento locais, além de uma população e de um corpo de profissionais sensíveis às questões das pessoas portadoras de transtornos mentais que por sua vez, podem se inserir socialmente com mais liberdade. Além das ações ampliadas já referidas, o CAPS I – Cruz, desenvolve várias atividades junto aos seus usuários e familiares, incluindo participa-ção mensal em programa de rádio de saúde local. Adiante, destacam-se algumas atividades, dentro dos programas desenvolvidos:. Datas Comemorativas: com o objetivo de ofere-cer lazer, cultura e integração entre pacientes, fami-liares, profissionais e comunidade.. Visitas Domiciliares: com o intuito de observar as variáveis referentes ao autocuidado, condições de moradia, dinâmica familiar, etc.. Oficinas Terapêuticas: grupo de adolescentes por-tadores de retardo mental, grupo de psicofármacos, grupo de autocuidado, grupo com idosos, grupo de depressão, grupo de famílias, grupo de redução de danos, grupo de roda de conversa com mulheres, grupo de relaxamento, grupo de promoção de saúde mental, grupo de pacientes com transtornos psicó-ticos, grupo de psicoterapia, oficina de música e oficina de artes e reciclagem.. Projeto Sala de Espera: com o objetivo de aco-lher, prestar orientações, informações relevantes a familiares e pacientes e agenda de atividades e como espaço de participação (sugestões, reclama-ções etc). Há dois aspectos fundamentais que vem sen-do considerados no aprimoramento desse trabalho. O primeiro se refere à promoção de saúde mental nos diferentes níveis de convivência dos cidadãos nos diversos espaços sociais. O segundo diz respei-to à importância da comunicação e referência entre os diferentes profissionais e serviços envolvidos no atendimento à clientela em questão.

Raquel Soares DutraCoordenadora da Unidade

José Hildebrando G. MontenegroPsiquiatra

Grayce Kelly C. GonçalvesAssistente Social

Ana Klébia A. PaivaEnfermeira

Maria Lucidia MunizPsicóloga

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A década de 90 ficou marcada para a psiquiatria bra-sileira por ser o período de nascimento da Reforma Psiquiá-trica. A partir de então foi iniciado um movimento na direção de formar uma rede de cuidados de saúde mental, incluindo Núcleos e Centros de Atenção Psicossocial – NAPS e CAPS –, ambulatórios em saúde mental, centros de convivência, leitos de curta permanência em hospitais gerais, emergên-cias em pronto-socorro geral, residências terapêuticas entre outros (Paiva et al, 2007). Este processo de reforma contribui para o aperfei-çoamento do atendimento ao paciente na medida em que garante um conjunto de direitos sociais e de saúde aos pa-cientes psiquiátricos. Muito provavelmente fatores que cola-boraram para o êxito da reforma psiquiátrica no Brasil foi o desenvolvimento da democracia e a legalização do Sistema Único de Saúde através da Lei 8080 (Gastal et al, 2007). Em Barbalha, o panorama da saúde mental aconte-ceu em 17 de Agosto de 1999, quando foi criado o CAPS Dr.Paulo Duartes Sampaio. O serviço trouxe uma nova alter-nativa no campo da Psiquiatria onde foram traçadas formas de atendimento humanizado, de inclusão e a formalização de uma estratégia para devolver a cidadania ao paciente. A criação do serviço começou a transformar o olhar precon-ceituoso dirigido ao paciente com sofrimento mental. Antes do CAPS, as pessoas acometidas de algum tipo de transtor-no mental eram encaminhadas diretamente ao Hospital Psi-quiátrico mais próximo, localizado no município do Crato, onde obtinham um tratamento fragmentado, que acarretava a perda do vínculo familiar e social, tendo constantemente regressão do quadro e a instalação de um processo de croni-ficação. A experiência de mais de oito anos de atividade tes-temunha a importância do meio familiar para o êxito do tra-tamento. O paciente que freqüenta o CAPS, de forma assí-dua e correta de acordo com o seu tratamento, estará sempre estável dependendo muito de uma vida familiar tranqüila. A equipe do CAPS em Barbalha é formada pelo ní-vel médio: recepcionista, faturista, auxiliar de serviço geral, três agentes de apoio, cozinheira, auxiliar de enfermagem, costureira e vigilante. O nível superior é formado por: dois médicos psiquiatras, médico clínico, enfermeiro, assisten-te social, pedagogo, terapeuta ocupacional e psicólogo. O CAPS atende 1870 pessoas, dos quais 1660 em nível ambu-latorial, 100 não-intensivos, 65 intensivos e 45 intensivos. O CAPS tem como objetivo tornar o usuário mais habilitado para a vida social. A ênfase do tratamento passa a ser a ressocialização e não mais a mera redução dos sin-tomas psiquiátricos. Para o alcance deste objetivo algumas

atividades desenvolvidas são: atendimento médico, con-sultas ambulatoriais, atendimentos e visitas domiciliares, atendimento psicológico ((individual e grupo), atividades manuais (pintura em tela, pintura em tecido, costura, cro-chê, vagonite, fuxico, ponto cruz, etc), grupo de teatro (Cuca Legal), atividades de educação ambiental e reflorestamento, grupo sobre plantas medicinais, passeios terapêuticos, etc. Uma outra atividade destaque para o CAPS é a realização da terapia comunitária. A terapia é uma dinâmica grupo que propicia um ambiente de compartilhamento de dificuldades para sua superação. A atividade é realizada duas vezes por semana e em várias sessões conta com a participação de alu-nos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. O CAPS II em Barbalha foi recentemente promo-vido para a condição III; funcionará os três turnos, finais de semana e feriados, com 04 leitos, 02 femininos e 02 mas-

Saúde Mental em Barbalha

Barbalha

culinos. Devido ao êxito do trabalho da equipe, a Prefeitura de Barbalha através da Secretaria Municipal da Saúde está empreendendo iniciativas para formar uma Rede de Saúde Mental. Além do CAPS III a Rede terá o CAPS infantil (úni-co serviço da região, recentemente inaugurado), o CAPS AD voltado para atender pessoas que adquiriram algum tipo de transtorno mental, devido ao uso de álcool e droga e a re-sidência terapêutica, um lar para aquelas pessoas acometidas de algum tipo de transtorno mental, que não possui nenhum vínculo familiar e social. Importante citar que esta rede está se formando com o apoio do Ministério da Saúde.

Elaine Cristina Lucena Rodrigues MacedoCoordenadora do CAPS

Alberto Malta JúniorAssessor Técnico – SMS

Ítalo Ney Bezerra PaulinoSecretário Municipal da Saúde

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O mito da intervenção

Acopiara

Práticas realizadas no CAPS - Acopiara mostram que as internações psiquiátricas, na maioria dos casos, po-dem ser evitadas. Quebrar um Tabu que há anos foi estabelecido é muito difícil, mas não é impossível. O problema maior é que há certa desconfi ança de quase toda sociedade, de que o do-ente mental não pode ir e vir como todo cidadão comum. O preconceito, medo ou a própria ignorância deixam as pes-soas insensíveis quando se trata de pessoas com transtorno mental.. Contudo esta realidade está mudando no município de Acopiara. Em apenas um ano de serviço, há a redução de praticamente 100% das transferências de cidadãos acopia-renses para hospitais psiquiátricos. Antes da implantação do CAPS eram transferidos para hospitais psiquiátricos (Crato e Fortaleza) cerca de 60 pacientes ao ano. Orgulhamo-nos de informar que nos últimos 12 meses transferimos apenas seis pacientes. No ano de 2007 dez pacientes com várias hospi-talizações prévias, que estavam em crise, foram atendidos e acompanhados no CAPS – Acopiara e somente um foi transferido para hospital psiquiátrico. De acordo com dados apresentados, concluímos que a sensibilização e integração da equipe do CAPS juntamen-te com a equipe do PSF e Hospitais Gerais, e a pedagogia da comunidade mostram que as internações psiquiátricas na maioria dos casos poderão ser evitadas. Citamos Hospitais Gerais devido ao horário de fun-cionamento do CAPS (7:30 às 17:30). Após este período fi ca difícil a observação do paciente em crise, pois na maioria das vezes são necessárias de 24 à 48 horas ou mais para es-tabilização da crise psicótica.. Alguns itens importantes para prevenção à Interna-ção:. Mostrar para a família do paciente interesse em resolver a crise no próprio CAPS ou na residência do paciente com calma, confi ança e responsabilidade;

. Ter disponibilidade de tempo para acompanhar a evolução do paciente;. Ter um hospital geral municipal ou conveniado para su-porte; . Ter medicação disponível; . Ter a certeza da estabilidade do paciente antes da alta (não aceitar pressão da família); Citaremos agora alguns critérios para prevenção à crise de acordo com o nosso pouco tempo de observação, já que nosso serviço tem apenas um ano: . Acolhimento do paciente e dos familiares de forma com-prometida e humanizada;. Inclusão do paciente nos grupos de apoio existentes;. Aconselhamento psicossocial;. Agendamento do retorno a todas as atividades e consultas; . Visita domiciliar para busca ativa dos faltosos e pacientes em crise;. Fornecimento de medicamentos na quantidade exata para que não haja falhas;. Atitude de orientação e apoio aos familiares;. Incentivo à inclusão do paciente na sociedade. . Atenção às atividades lúdicas (datas comemorativas - ani-versário, folclore etc);. Promoção de ofi cinas para geração de renda e integração social. Muito temos ainda que caminhar, como nos fala o Dr. Carlos Magno, “nesse universo de enigmas e construção de novas certezas, que é a Atenção Psico-social”. Apesar de novos, nos sentimos companheiros desse construto de saúde e cidadania que se apresenta desde muito em nosso estado e agora no nosso município de Acopiara.

Maria Idê VidaEnfermeira do CAPS

Lúcia Alves de Almeida CabralMédica do CAPS

Carlos Magno C. BarrosoMédico do CAPS

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O mito da intervenção

Acopiara

O município de Iguatu sempre esteve à frente nas ações voltadas à saúde mental, sendo o CAPS III de Iguatu o único Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do estado do Ceará que dispõe do serviço de acompanhamento 24 Horas para pacientes em crise. Este CAPS, que passou a funcionar na modalidade CAPS III em janeiro de 2006, foi o primeiro a funcionar na região nordeste do país, tendo iniciado suas atividades em novembro de 1991. Os usuários que antes tinham que ser encaminhados para o hospital psiquiátrico Santa Teresa, no Crato, agora podem ser acompanhados pela equipe do CAPS III nos leitos da própria unidade. Este acompanhamento é feito por toda a equipe da unidade no horário de funcionamento nor-mal e por enfermeiro e auxiliares de enfermagem, com as psiquiatras de sobre-aviso, 24 horas, inclusive finais de semana e feriados. Dentre as diferenças de uma internação em hospi-tal psiquiátrico, temos a presença do acompanhante, que passa a fazer parte de todo o processo de recuperação do usuário, firmando neste período de acompanhamento sua responsabilidade para com o usuário. Outra diferença de uma internação em hospital é a possibilidade de a equipe interdisciplinar do CAPS III elaborar o projeto terapêu-tico individual, durante este período de acompanhamento 24 horas. Temos também a grande vantagem de evitar o deslocamento e o isolamento da família, que tornam cada vez mais difícil seu retorno para casa. Temos constatado que a grande maioria dos usuários em crise que são acom-panhados no CAPS III de Iguatu conseguem sair da crise antes de completarem os sete dias, que é a permanência máxima permitida na unidade, sendo encaminhados para o hospital psiquiátrico somente a minoria que não con-segue sair se restabelecer nesse período. Prevenção com educação. Dentre os usuários do CAPSad de Iguatu – Centro de Atenção Psicossocial Ál-cool e outras Drogas, a grande maioria faz uso abusivo de álcool, representando 66% do total de pacientes atendidos no CAPSad. Já os que fazem uso abusivo de Crack são 101 usuários, representando 13,5% dos usuários em acompan-hamento. A equipe do CAPSad, através de suas pedago-gas, desenvolve o “Projeto Iguatuzinho” de prevenção às drogas nas escolas, passando a ter como maiores aliados os professores e os pais de alunos. Infância e Adolescência. A Casa Azul foi o primeiro Centro de Atenção Psicossocial para a Infância e a Adolescência (CAPSi) do estado do Ceará, tendo ini-ciado seu funcionamento em setembro de 2005. O CAPSi

de Iguatu-Ce é um serviço especializado de atenção diária destinado ao atendimento de saúde mental à crianças e adolescentes portadores de transtornos mentais (autismo, psicoses, episódios depressivos, ansiedade, hiperativi-dade, transtorno de conduta, transtorno de habilidades es-colares, neuroses graves, dentre outros), impossibilitados de manter ou estabelecer laços sociais por sua condição

Pioneirismo em Saúde Mental

Iguatu

psíquica. A grande maioria (72%) dos usuários da Casa Azul é de crianças (até 12 anos), enquanto os adoles-centes entre 13 e 18 anos, representam um total de 28%. A equipe interdisciplinar da Casa Azul tem como maiores aliados na detecção e prevenção de patologias, assim como no acompanhamento destas crianças, os professores e os pais. As instalações foram totalmente adaptadas ao tema da infância, servindo como atrativo e permitindo que as crianças e adolescentes com sofrimento psíquico

possam ser atendidas em clima de brincadeira, tanto nos consultórios como na brinquedoteca, sala de aula e parque infantil nos jardins da unidade. Mas, embora as instala-ções sejam apropriadas para o atendimento, os membros da equipe têm como prioridade a realização de atividades fora da unidade, possibilitando o convívio social com out-ras crianças e evitando que o tratamento promova a segre-gação.Inaugurado em 27 de outubro de 2005, passou a ser a uni-dade de referência para tratamento de crianças e adoles-centes de Iguatu e Microrregião (Acopiara, Cariús, Catar-ina, Irapuã Pinheiro, Jucás, Mombaça, Piquet Carneiro, Quixelô e Saboeiro). A Casa Azul garante um serviço especializado e de referência através da sua equipe in-terdisciplinar composta por psiquiatra, pediatra, neurolo-gista, enfermeira, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, psicólogas, pedagogas e monitora de arte; funciona de segunda à sexta-feira das 7:30 às 21:00 horas. De acordo com dados da Or-ganização Mundial de Saúde (OMS), estudos feitos na década de 1990 demonstraram a prevalência de doen-ças psiquiátricas na infância entre 14% a 20%. Do total, 2% são considerados casos graves, 8% são moderados e o restante, casos leves. Uma em cada cinco crianças apresenta algum tipo de transtorno mental. Estima-se que metade receba tratamento. A doença mental atinge 10 % da população geral. Diante desta realidade, a Equipe Casa Azul, busca desmistificar a doença mental, trabalhando a família e a sociedade, abrangendo temas como o medo, o preconceito e a vergonha que envolvem o portador de transtorno mental. Após primeiro atendimento (triagem), se o caso for compatível ao perfil da clientela assistida pela instituição, é elaborado um programa terapêutico de

acordo com as necessidades de cada um; portanto, a as-sistência oferecida varia de acordo com a intensidade e o tipo de distúrbio mental que o paciente apresenta. Parale-lo ao atendimento infantil, são realizados atendimentos de familiares (grupal e individual). Tratando da Cidadania. O grande diferencial da Residência Terapêutica de Iguatu – Nossa Casa é que a mesma está localizada na praça da Matriz, ou seja, no bair-ro mais tradicional de toda cidade do interior, local onde a maioria das coisas acontece: eventos culturais, missas, sorveterias etc. A Nossa Casa possibilita assim uma in-serção dos seus moradores na sociedade, possibilitando o exercício da cidadania de uma forma efetiva e mobilizan-do os demais cidadãos de Iguatu para uma convivência que, mais do que possível, é necessária à reabilitação dos portadores de sofrimento psíquico. As atividades de vida

diária – AVDs que são feitas com as cui-dadoras, dando suporte aos moradores, permitem que coisas simples como comprar o pão na padaria ou conversar na calçada, tenham um efeito extrema-mente significativo para os moradores da residência terapêutica de Iguatu. Um dado importante é que depois que passaram a morar na Nossa Casa, em maio de 2006, nenhum dos moradores, que antes eram frequentemente inter-nados, necessitou retornar ao hospital psiquiátrico, mostrando que exercer a cidadania é fundamental para a reabili-

tação dos mesmos. A cidade comemora todas essas conquis-

tas pleiteando a realização do I Congresso Estadual de Saúde Mental, em maio deste ano.

Erinton AraújoResponsável pela área de Saúde Mental

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Substituir a internação em hospital psiquiátrico e promover a reinserção das pessoas com transtornos psíquicos ou que fazem uso abusivo de álcool e drogas na sociedade. Este é o principal objetivo da Rede Assistencial de Saúde Mental, que começou a ser implantada pela Secretaria Mu-nicipal de Saúde de Fortaleza (SMS) em agosto de 2005. A ampliação do número de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) é apenas um dos avanços observados no que se ref-ere aos serviços previstos pela Rede. Em 2004, Fortaleza dispunha de apenas três CAPS Geral. Com a gestão da prefeita Luizianne Lins, o número de equipamentos foi ampliado para 14. No final de 2006, já se encontravam em funcionamento seis CAPS Geral, seis CAPS Álcool e Drogas e dois CAPS Infantil, distribuídos nas seis Secretarias Executivas Regionais (SERs) do Mu-nicípio. Com a ampliação do serviço, 279 profissionais foram contratados, somando-se aos 54 já existentes. Também visando a desospitalização, a Secre-taria Municipal de Saúde de Fortaleza criou a Residência Terapêutica, que abriga pacientes que moravam em hospi-tais psiquiátricos há um longo período e que não possuíam famílias para acolhê-los. A primeira começou a funcionar este ano, no bairro Álvaro Weyne, na SER I. A inten-ção da SMS é abrir mais cinco Residên-cias Terapêuticas, nas demais Secretarias Executivas Regionais. A Rede Assistencial em Saúde Mental prevê ainda, como uma de suas prioridades, a ampliação de leitos de in-ternação nos hospitais gerais. Com isso, as pessoas poderão optar pelo não atendi-mento em hospital psiquiátrico. “O hos-pital geral tem toda uma estrutura clínica que o hospital psiquiátrico não oferece”, destaca Rane Félix, que juntamente com Evelyne Bastos e Marcelo Brandt compõe a Coordenação Colegiada de Saúde Mental da SMS. Um dos resultados já percebidos foi a redução de 12% nas internações devido a transtornos mentais e compor-tamentais no Município de Fortaleza, além da diminuição em 34% das internações psiquiátricas relacionadas ao uso de álcool e outras drogas. Arte como instrumento de promoção da saúde. Foi a partir deste princípio que 22 artistas cearenses foram lotados pela Secretaria Municipal de Saúde nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) de Fortaleza. Estes e outros profission-ais da Rede Assistencial de Saúde Mental fazem parte do Projeto Arte e Intervenção Psicossocial na Rede Pública de

Saúde do Município, desenvolvido em parceria com o In-stituto Aquilae. Cerca de três profissionais de cada CAPS foram capacitados pelo Instituto. O objetivo da formação em arte-terapia é estimular a construção de novas abordagens e formas de atenção à saúde das pessoas assistidas na rede básica do SUS. “Queremos despertar o potencial criativo das pessoas com algum tipo de sofrimento psíquico, desde os mais graves até os mais leves, contribuindo para sua reinserção social”, destaca Rane Fé-lix, da Coordenação Colegiada de Saúde Mental. Para isto, os artistas da rede assistencial de saúde mental utilizam variadas linguagens, como as expressões plásticas (pintura, escultura, modelagem), dramáticas (te-atro, dança, expressão corporal), musicais, dentre outras. Além de humanizar os serviços, a arte-terapia contribui

para o fortalecimento da atenção à saúde in-tegral dos indivíduos assistidos, buscando promover a expressão, a sociabilidade, a autonomia, a auto-estima, a construção da identidade, o auto-cuidado, o cuidado am-biental e a vida comunitária. No Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPSad) da Regional III, no bairro Rodolfo Teófilo, usuários de drogas buscam na arte-terapia a chance de recuperar a saúde mental e retornar ao convívio da sociedade. O grupo foi for-mado há seis meses pelo educador Franzé Chaves, mais conhecido como Barrinha.

Ele, que também é especialista em metod-ologia do ensino da arte, foi capacitado em

Arte-Terapia pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para desenvolver este trabalho. “Começamos com a pintura so-bre tecido e o próximo passo é a pintura envelhecida sobre vidro”, afirma Barrinha. Ele explica que o principal objetivo é a reinserção familiar e social dos usuários. Para isto, são trabalhados valores como a auto-estima e o respeito para con-sigo e com os outros. Mas o aprendizado também virou fonte de renda. “Cada camisa é vendida a R$ 15,00. Uma parte é para reposição de material e a outra é para o autor da pintura, como incentivo”, explica. Os trabalhos são exclusivos e têm boa aceitação.

Patrícia GuabirabaAcessora de Comunicação da SMS Fortaleza

[email protected]

Fortaleza consolida Rede Assistencial de Saúde Mental

Fortaleza

O avanço da reforma psiquiátrica no Brasil teve as primeiras ações na década de setenta. Antes centrado, principalmente, nas internações psiquiátricas, nas quais as práticas de violência e exclusão tornaram-se evidentes, o modelo de atendimento cedeu lugar aos serviços substi-tutivos de atenção psicossocial (PELISOLI; MOREIRA, 2005). Este processo passou a ser chamado de desinsti-tucionalização e deu ênfase aos atendimentos mais hu-manizados e à reinserção social a partir da construção de uma rede social, abrangendo aspectos socioeconômicos e tendo a participação conjunta do poder público, da socie-dade e da família.

Como conseqüência desta política, a instituição familiar passou a absorver uma grande responsabilidade, transformando-se no alvo de sustentação dos programas de saúde mental e passando a ser o principal agente de assistência ao portador de transtorno mental, assumindo um papel que, até então, era tarefa exclusiva do Estado (JORGE; FRANÇA, 2001). Para Mello (1997), as repercussões da desinstitu-

cionalização sobre a família são ainda pouco estudadas. Ainda partindo da idéia do autor, muitos dos problemas gerados pelos profissionais de saúde ocorrem em razão do uso de metodologias equivocadas, visto que tendem a culpar as famílias por tudo de ruim que acomete o famil-iar com transtorno mental. Corroborando as colocações acima descritas, com base em argumentações similares, Silva (1998), enfatiza tam-bém que, infelizmente, as intervenções relacionadas aos familiares de portadores de transtorno mental vêm sendo construídas, implementadas e definidas pelo viés da nor-malização ou desvio, pela culpabilização ou indiferença institucional. Importa pontuar que além das pressões que sofre quando cupabilizada pelas mazelas que acometem o familiar doente, a família ainda enfrenta uma série de dificuldades, tendendo a transformar o acometimento de transtorno mental em uma realidade permeada por sofri-mentos.

Mesmo diante desse fato, con-forme ressalva Mello (1998), as famílias foram alijadas do processo terapêutico por um bom tempo. En-tretanto, segundo o mesmo autor, graças à perspectiva multifatorial/ interacional - que olha não apenas o portador de sofrimento psíquico, mas este e o meio no qual está inseri-do - só mais recentemente é que se preconizou a orientação e apoio aos familiares, o que foi um avanço con-siderável. E, nessa linha de ação, vêm à tona os Centros de Atenção Psicos-social. Seguindo a proposta de oferec-er um tratamento medicamentoso e terapêutico, em uma perspectiva hu-manista e de socialização, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) pro-

curam empreender uma terapêutica in-tegralizadora, não desvinculando o porta-

dor de transtorno mental da família e dos demais espaços sociais. Este é o campo psicossocial, que, segundo Sara-ceno (2001), incorpora a dimensão social às dimensões biológica e psicológica do processo saúde-doença. No caso específico do Centro Psicossocial de Itapipoca, a despeito das limitações burocráticas, há um empenho no sentido de estabelecer uma conexão entre a equipe multidisciplinar, o cliente, a família e a comuni-

O centro de atençãopsicossocial e o processo de valori-zação da família no tratamento ao portador de transtorno mental

Itapipoca

dade em geral. Na atuação junto ao segmento familiar, por exemplo, o Serviço Social da instituição em questão, vem desenvolvendo, desde 2004, um grupo de apoio aos familiares, intitulado de “grupo de apoio à família: conversando é que a gente aprende”. A intervenção na família, através deste grupo, dá-se de modo diferenciado às práticas anteriores de disseminação de culpa e de “ex-orcismos”. Nessa perspectiva, acredita-se que o familiar, tal qual o integrante doente psiquicamente, precisa de acolhimento e deve ser incluído no projeto terapêutico. Assim, ocorre uma transposição do olhar diagnóstico de sintomas e de culpa para um olhar mais solidário e de compreensão. O grupo de apoio à família: conversando é que a gente aprende, em termos metodológicos, está estrutura-do em duas ações estratégicas: um grupo intraCAPS (re-uniões mensais na própria instituição) no turno da man-hã, que alcança os familiares e cuidadores advindos da zona rural; e outro extraCAPS (reuniões quinzenais nas residências dos familiares e/ou associações de moradores nas comunidades atendidas), destinado aos familiares, cuidadores e comunidade da zona urbana, conforme di-visão da demanda organizada pela CAPS de Itapipoca. Como estratégia de intervenção pautado na visão integralizadora, o grupo familiar do CAPS de Itapipoca tem trazido excelentes resultados, visto que o diálogo e a troca de informações entre atores da atenção na saúde mental (profissionais, usuários, familiares e comunidade), constituem-se fontes inesgotáveis de aprendizagem e de alternativas para solução dos conflitos identificados. As-sim, este grupo tem como objetivo prioritário atuar na família e na comunidade do usuário do CAPS, procuran-do resgatar o equilíbrio dos relacionamentos nos espaços micro e macro (família e comunidade), que por vezes se

encontram desgastados em razão de questões internas e/ou externas à família.Indubitável afirmar que a desinstitucionalização, tendo como alvo os serviços substitutivos de acolhimento co-munitário e familiar, com destaque para os Centros de Atenção Psicossocial, constitui-se em um movimento de revolução na saúde mental, visto que o objeto do trabalho terapêutico não é mais a doença em si, mas a pessoa, sua cultura e vida cotidiana. E, dentro desse processo, a parceria entre a famí-lia e o Centro de Atenção Psicossocial, através do envol-vimento do segmento familiar no tratamento do portador de transtorno mental, traz resultados satisfatórios. Os êxitos obtidos no grupo de apoio à família do CAPS de Itapipoca, observados na família nuclear, na comunidade, na quebra do estigma e na melhoria da qualidade de vida dos portadores de transtorno mental, só evidenciam que qualquer tentativa de tratar o doente mental isoladamente de sua família e do meio social é inútil, pois os primeiros passos para promoção da saúde mental e seu tratamento devem ser planejados dentro do contexto familiar e co-munitário.Espera-se que os resultados favoráveis dos trabalhos de intervenção junto à família, também registrados em out-ros estudos, impulsionem um progressivo movimento de transformação da práxis dos profissionais de saúde, es-pecialmente o Assistente Social, para que se alie à insti-tuição familiar, dando-lhe ainda mais apoio e segurança na construção conjunta pela dignidade dos portadores de saúde mental.

Tarcisa Bezerra GomesAssistente Social do CAPS

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Relato de uma experiência com grupo de ansiosos no CAPS Regional II de Tamboril-Ce. A minha experiência refere a pacientes com distúrbios de ansiedade. O grupo era fechado. Participaram deste grupo oito pacientes, terapeuta e co-dirigente assistente social. A finalidade do grupo é for-necer um ambiente aconchegante e seguro, no qual as pes-soas se sintam à vontade para revelar assuntos pessoais. O cuidado e o respeito pelos outros, por seus sentimentos e pontos de vista são prioritários. Conduzindo grupo: há vários pontos a considerar em relação a conduzir um grupo, e a lista seguinte é útil: Organizando o grupo; Fatores externos que afetam o grupo; Intenções e metas; Limites grupais e regras básicas; Grupo aberto e fechado; Papeis de liderança; Padrão visual de uma sessão; Apresentação e aquecimento; Escolhendo uma ativi-dade ou um tema; A atividade; Discussão; Interpretação; Finalizando a sessão; Documentação e avaliação; Padrão alternativos de sessão; O processo do grupo ao longo do tempo. Relatando as sessões em grupo. O grupo iniciou com oito membros. A sessão foi iniciada com algum tipo de aquecimento para fazer as pessoas entrarem no espírito do trabalho. O aquecimento pode ser uma atividade física/verbal ou uma simples atividade de pintura. Houve informa-ção sobre as regras básicas de um grupo, como o sigilo, a

Psicoterapia em grupo: Experiência com grupo de ansiosos

Tamboril

ética, respeito mútuo. Queixa principal: pacientes relataram suas queixas, sofrimento psíquico, físico e em seguida eram aplicadas as intervenções ou atividades. Foram as técnicas, métodos fenomenológicos, ativi-dades do tipo pintura, relaxamento. As técnicas foram ex-pressão livre, projetiva, auto-expressão. O método utilizado foi a abordagem humanista existencial, gestual + terapia; após a atividade ou técnica os pacientes tinham insight, auto percepção, segurança no aprendizado visando lidar melhor com seus conteúdos internos ou conflitos existenciais. O tratamento é realizado com a associação de medi-camentos (antidepressivos e/ou tranqüilizantes) e psicotera-pia. Foram oito sessões em grupo, a partir da quinta sessão houve a avaliação individual com o grupo. As sessões eram realizadas uma vez por semana, com aplicações de técnicas e atividades. O processo do grupo em torno das sessões foi de confiança mútua, segurança, crescimento. Após a oitava ses-são houve a devolutiva, a alta. Quatro pacientes revelaram crescimento, resposta para lidar com a doença. Os pacientes durante as sessões receberam informações sobre distúrbios de ansiedade, se auto- perceberam e revelaram segurança. “Inventando sua própria saída, inventa-se a si próprio.” (J. P. Sartre).

Clêmia Lúcia Peres AbreuPsicóloga do CAPS Regional II

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A Reforma Psiquiátrica brasileira tem conseguido avanços expressivos no atendimento aos pacientes com problemas mentais (Ribas et al, 2007). Os Centros de Aten-ção Psicossocial (CAPS) foram criados com o objetivo de prestar atendimento de cuidados intermediários entre o re-gime ambulatorial e a internação hospitalar, sendo a porta de entrada da rede de serviços (Ministério da Saúde, 1992). O Governo de Brejo Santo através da Secretaria Municipal da Saúde, sensível à necessidade de resgatar a ci-dadania e propiciar melhor qualidade de vida ao in-divíduo em sofrimento psíquico, implantou em Brejo Santo um CAPS. Este serviço foi inaugu-rado em 29 de dezembro de 2006, e desde então vem desenvolvendo um relevante trabalho na atenção aos pacientes no município. As atividades vêm sendo desempen-hadas por uma equipe multiprofi ssional for-mada por: dois médicos, um enfermeiro, um tera-peuta ocupacional, uma psicóloga e uma peda-goga. Para dar suporte a esta equipe há duas re-cepcionistas, um motor-ista e uma profi ssional de serviços gerais. O CAPS possui 382 pacientes cadastra-dos e atende atualmente 200 pessoas por mês, disponibilizando ativi-dades voltadas para a reinserção social do pa-ciente na comunidade. São desenvolvidos tra-balhos de grupo, ofi cina de artes (pintura, artesanato, etc), terapia de grupo, dança, con-sultas médicas, de psicologia, de enfermagem e desenvol-

Um ano de Atenção à saúde mental em Brejo Santo

Brejo Santo

vimento da aprendizagem. Estas atividades estão voltadas para pacientes em regime não intensivo, semi-intensivo e in-tensivo. Como estratégia de aperfeiçoamento do trabalho, a equipe faz semanalmente reunião para avaliação das ações. Uma das metas do trabalho da equipe é buscar a cidadania para os pacientes. O primeiro passo para isso é o envolvimento da família. Esta deve estar envolvida no trata-mento, participar de reuniões quando solicitada, ser infor-mada a respeito do transtorno, das necessidades do paciente

e das formas de lidar com a situação em casa. O CAPS também trouxe ao município uma organização para a demanda da atenção à saúde mental na cidade, articulando com a rede assistencial, particular-mente com as unidades da Estratégia Saúde da Família (ESF). Atual-mente há uma comuni-cação ativa das unidades com o serviço e depois de um ano de trabalho,

estará se realizando no início de 2008 ofi cinas de trabalho com os médicos

do CAPS e médicos da ESF para aperfeiçoar a atenção aos pacientes e estabelecer protocolos de atendimento. A perspectiva da equipe é de sempre aperfeiçoar os serviços para contribuir com a qualidade do Sistema Único de Saúde na área da Saúde Mental.

Arônio Lucena Salviano Prefeito de Brejo Santo

Gislayne Gomes BezerraSecretária Municipal da Saúde

Márcia Úrsula de Castro MenezesCoordenadora do CAPS

Pedrina Siane Araújo de FigueiredoPedagoga do CAPS

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Substituir a internação em hospital psiquiátrico e promover a reinserção das pessoas com transtornos psíquicos ou que fazem uso abusivo de álcool e drogas na sociedade. Este é o principal objetivo da Rede Assistencial de Saúde Mental, que começou a ser implantada pela Sec-retaria Municipal de Saúde de Fortaleza (SMS) em agosto de 2005. A ampliação do número de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) é apenas um dos avanços observados no que se refere aos serviços previstos pela Rede. Em 2004, Fortaleza dispunha de apenas três CAPS Geral. Com a gestão da prefeita Luizianne Lins, o número de equipamentos foi ampliado para 14. No final de 2006, já se encontravam em funcionamento seis CAPS Geral, seis CAPS Álcool e Drogas e dois CAPS Infantil, dis-tribuídos nas seis Sec-retarias Executivas Regionais (SERs) do Município. Com a amplia-ção do serviço, 279 profissionais foram contrata-dos, somando-se aos 54 já exis-tentes. Também visando a des-ospitalização, a Secretaria Mu-nicipal de Saúde de Fortaleza cri-ou a Residência Terapêutica, que abriga pacientes que moravam em hospitais psiquiátri-cos há um longo período e que não possuíam famílias para acolhê-los. A primeira começou a funcionar este ano, no bairro Álvaro Weyne, na SER I. A intenção da SMS é abrir mais cinco Residências Terapêuticas, nas demais Secretar-ias Executivas Regionais. A Rede Assistencial em Saúde Mental prevê ain-da, como uma de suas prioridades, a ampliação de leitos de internação nos hospitais gerais. Com isso, as pessoas poderão optar pelo não atendimento em hospital psiquiátri-co. “O hospital geral tem toda uma estrutura clínica que o hospital psiquiátrico não oferece”, destaca Rane Félix, que juntamente com Evelyne Bastos e Marcelo Brandt compõe a Coordenação Colegiada de Saúde Mental da SMS.

Um dos resultados já percebidos foi a redução de 12% nas internações devido a transtornos mentais e com-portamentais no Município de Fortaleza, além da diminu-ição em 34% das internações psiquiátricas relacionadas ao uso de álcool e outras drogas. Arte como instrumento de promoção da saúde. Foi a partir deste princípio que 22 artistas cearenses foram lotados pela Secretaria Municipal de Saúde nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) de Fortaleza. Estes e outros profissionais da Rede Assistencial de Saúde Mental fazem parte do Projeto Arte e Intervenção Psicossocial na Rede Pública de Saúde do Município, desenvolvido em parce-ria com o Instituto Aquilae. Cerca de três profissionais de cada CAPS foram capacitados pelo Instituto.

O objetivo da formação em arte-terapia é estimu-lar a construção de novas abor-dagens e formas de atenção à saúde das pes-soas assistidas na rede básica do SUS. “Quer-emos despertar o potencial cria-tivo das pessoas com algum tipo de sofrimento psíquico, desde os mais graves até os mais leves, c o n t r i b u i n d o

para sua reinser-ção social”, destaca

Rane Félix, da Coordenação Colegiada de Saúde Mental. Para isto, os artistas da rede assistencial de saúde mental utilizam variadas linguagens, como as expressões plásticas (pintura, escultura, modelagem), dramáticas (te-atro, dança, expressão corporal), musicais, dentre outras. Além de humanizar os serviços, a arte-terapia contribui para o fortalecimento da atenção à saúde integral dos in-divíduos assistidos, buscando promover a expressão, a so-ciabilidade, a autonomia, a auto-estima, a construção da identidade, o auto-cuidado, o cuidado ambiental e a vida comunitária. No Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Dro-gas (CAPSad) da Regional III, no bairro Rodolfo Teófilo, usuários de drogas buscam na arte-terapia a chance de re-

14 anos e 15 jornadas de Saúde Mental

Quixadá

Antes de completar um ano de funcionamento, o CAPS/Quixadá realizou sua I Jornada Quixadaense de Saúde Mental e Cidadania. Por isso são 14 anos e 15 jornadas, ou seja, o serviço foi inaugurado já com uma jornada, uma ati-tude que demonstra o valor dado à construção coletiva e à discussão crítico-científica. Eis aí o que poderíamos pinçar, entre tantas características deste serviço, como uma de suas marcas: primar radicalmente pela interdisciplinaridade e a intersetorialidade como medidas imprescindíveis para a construção de um serviço científico e politizado. Queremos dizer que a realização de tantos debates científicos neces-sitam obrigatoriamente que se tenha conteúdo, mobilização e presença nos diversos espaços sociais. Se não fosse assim, não seria possível realizar tantos eventos e com uma presença tão sig-nificativa. Nossa última jornada, além da presença de pessoas ilus-tres como Jackson Sampaio, Pedro Gabriel Delgado e Ana Pitta, conta-mos com a partici-pação de trezentos e cinqüenta inscri-tos dentre os repre-sentantes de vinte e quatro CAPS de todo o Estado. Isto re-flete o que queremos definir como um serviço que tem como marca a politização e a criticidade. A equipe de Quixadá é uma equipe que planeja, ava-lia, realiza e reavalia suas ações de modo sistemático e co-letivo. Rejeitamos a idéia de um plano terapêutico a priori. Nós temos as diversas tecnologias da atenção psicossocial, mas que serão usadas de acordo com a demanda da clientela em um determinado momento. Assim é que em um momen-to poderemos ter quatro ou cinco grupos de queixas difusas funcionando ao mesmo tempo, e às vezes apenas um; em algum mês faremos setenta ou mais visitas domiciliares, outros meses cinco a dez. Um cliente poderá participar de uma atividade uma vez por mês, enquanto em outro mo-mento poderá estar recebendo visita domiciliar diariamente.

Alguns projetos inovadores surgem com uma grande força e depois dão lugares a outros. Como exemplo o cinema no CAPS, uma atividade que perdurou por vários meses, tam-bém com uma presença massiva. Descobrimos até uma produção quixadaense e tivemos oportunidade de expor em nosso cine. A partir da análise dessa dinâmica do serviço vê-se que é necessário estar constantemente traçando e retraçando projetos individuais e coletivos. Isso impõe uma intensa in-teratividade da equipe e um grande poder individual e cole-tivo de harmonização, no conflito de idéias, e capacidade de consensos. Ninguém pode estar agarrado a uma verdade a priori e todos devem ser capazes de ouvir, acatar e conviver com as diversas opiniões na busca do único discurso que será o de todos.

Para isto é necessária a manutenção de es-paços de fala, onde todos possam se expressar e con-frontar suas idéias com as dos outros. Cabe salientar o compromisso que cada um deve ter com esse espaço, ou seja, oferecer a sua fala, dar a si mesmo como pertença ao outro para também poder apropriar-se dignamente do co-letivo. Com este objetivo o serviço mantém por todos

esses anos com entu-siasmo as reuniões se-

manais e a supervisão mensal, esta última conduzida agora pela Dra. Marluce Oliveira, e a cada ano uma Jornada Científica. Durante todos esses anos de produção na atenção psi-cossocial tivemos a oportunidade de discutir com vários nomes nacionais. Já estiveram presentes aos nossos encontros científicos personalidades como Alfredo Schetman, que foi convidado pelo nosso psicólogo Júlio Ischiara, inaugurando esta ponte Quixadá-Brasília e outros lugares; Willians Valetin, Gisele Bahia, Paulo Amarante, João Ferreira, Manuel Desviat (Espanha) e por último nossa dama da saúde mental Ana Pitta e o coordenador de saúde mental do Ministério da Saúde Pedro Gabriel. Quero salientar aqui a contribuição valiosa de nossas personalidades estaduais, como Ivan Moura Fé, Eugênio Campos, Nazaré Fraga, Cleide Carneiro e nosso coordenador de saúde mental Nilson de Moura

Fé, que esteve presente a todas as jornadas mesmo quando não era coordenador, mas pela consciência de estar ajudando a plan-tar essa semente, que agora como coordenador fez frutificar com uma potência extraordinária. Contamos também com a asses-soria de nosso sempre supervisor e mentor Dr. Jackson Sam-paio, que topou o desafio de nos atualizar Canguilhem, como veremos mais a frente. No decorrer desses encontros tivemos a honra de sediar o I Encontro Nordestino de CAPS, em 1996, e o I Colóquio Internacional de Saúde Mental do Sertão, em 2003. Valiosos eventos que confirmam a capacidade de interlocução deste serviço com as mais diversas experiências nacionais e in-ternacionais. Além do piano tocando clássicos e populares que recebiam os participantes pelas mãos do pianista Dudu Vi-ana, tivemos como conferência de abertura a exposição do tema Direitos de Cidadania e Saúde Mental, conduzida pela Dra. Gabriela Godoy. No dia seguinte Dr. Jackson Sam-paio nos presenteou com uma adaptação do pensamento de Georges Canguilhem aos dias atuais, discutindo e elu-cidando o tema O Normal e o Patológico. Depois uma espécie de continuação das tentativas de definir/aprofun-dar este desafiante enigma-guia que é a atenção psicosso-cial na mesa com a Dra. Marluce Oliveira, Dra. Arminda Guimarães, que nos brindou com uma análise da reforma italiana, e o Dr. Carlos Magno. Por fim o segundo dia ter-mina com a mesa sobre atualização da reforma brasileira com Dr Nilson, Dra. Ana Pitta e Dr. Pedro Gabriel. Estes nos trouxeram notícias de mudança de financiamento, bem como a inclusão do Programa de Saúde Mental no Pacto pela Saúde, nova modalidade de financiamento do MS, que garante a saúde mental como prioridade, ao contrário de antes, quando não gozava deste status. Aconteceu no último dia uma iniciativa de nossa colega multifacetária Dra. Francimeiry Amorim e de nossa secretária humanista/humanitária Ivonete Dutra. Frisamos aqui a participação dos conferencistas Dra. Fernanda Lú-cia Fonseca, do Instituto Palas Atenas, e nosso colega Dr. Ernani Vieira Vasconcelos. Por toda a manhã se discutiu a necessidade de cultivar a solidariedade, o contato afetivo entre as pessoas, a importância de educar e transformar, com idéias, exemplos e ações, inspirados nos valores de uma cultura de paz. Agradecemos a todos que vêm ao longo desses anos construindo conosco estes espaços de reflexão e atu-alização da Política de Saúde Mental.

Carlos Magno Cordeiro BarrosoPsiquiatra e diretor do Instituto Episteme

Luísa Nara da SilvaAssist. Social e coord. do CAPS de Quixadá

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Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são unidades de atendimento intensivo e diário aos por-tadores de sofrimento psíquico grave, constituindo uma alternativa ao modelo centrado no hospital psiquiátrico, caracterizado por internações de longa permanência e regime asilar. Os Centros de Atenção, ao contrário, per-mitem que os usuários permaneçam junto às suas famí-lias e comunidades. O primeiro CAPS de Senador Pompeu surgiu em abril de 2006 a partir do apoio integral do gestor local, e representa a efetiva implementação de um novo modelo de atenção em saúde mental para expressiva fração dos doentes mentais (psicóticos e neuróticos graves) atendi-dos na rede pública, sendo seu ideário constituído de pro-postas dirigidas à superação das limitações evidenciadas pelo binômio ambulatório-hospital psiquiátrico no trata-mento e reabilitação de sua clientela. O CAPS representa também uma oportunidade de acesso ao tratamento mais humanizado aos portadores de transtornos mentais e do comportamento; que eram vitimas da impossibilidade de serem assistidos clinicamente por uma equipe interdisci-plinar em Saúde Mental. Até então, eram obrigados a ser-em atendidos em situação de urgência/emergência num CAPS mais próximo do município, enfrentando a dificul-dade de obter uma vaga para a consulta psiquiátrica ou na capital, sem a garantia de uma assistência sistematizada em reabilitação psicossocial. O CAPS de Senador Pompeu realiza serviços comunitários ambulatoriais e regionalizados nos quais os pacientes recebem consultas médicas, atendimentos terapêuticos individuais e/ou grupais, participando de ofi-cinas terapêuticas, de atividades lúdicas e recreativas pro-movidas pelos profissionais do serviço, de maneira mais ou menos intensiva e articuladas em torno de um pro-jeto terapêutico individualizado, voltado para o tratamento e re-abilitação psicos-social, havendo também iniciati-vas extensivas aos familiares e às questões de ordem social presentes no cotidiano dos usuários. De acordo

com o Ministério da Saúde, “um CAPS (...) é um serviço de saúde aberto e comunitário do Sistema Único de Saúde (SUS). Ele é um lugar de referência e tratamento para pessoas que sofrem com transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e demais quadros, cuja severidade ou persistência justifiquem sua permanência num disposi-tivo de cuidado intensivo, comunitário, personalizado e promotor de vida (...), realizando acompanhamento clíni-co e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao tra-balho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários”. Atividades desenvolvidas:. Triagem: entrevista realizada pela assistente social e pela psicóloga, em que é oferecido acolhimento aos usuários e são dadas as informações necessárias ao início do tratamento;. Atendimento de Urgência/Emergência: é realizado atendimento de emergência tanto pela enfermeira quanto pelo médico psiquiatra aos usuários que encontram-se em crise;. Atendimento individual: medicamentoso, psicoterápi-co, de orientação entre outros; Psicoterapia individual, oferecida aos usuários com necessidades de uma aborda-gem individual, realizada pelo psiquiatra e pela psicóloga (previsão de uma consulta semanal);Grupoterapia: os usuários são agrupados por faixa etária e características do funcionamento global; os grupos ocorrem com freqüência semanal. Têm como finalidade tratar questões de relacionamento, troca de experiências emocionais, possibilitando o desenvolvimento da com-preensão, crítica e melhora da auto-estima. Terapia de família: abordagem sistêmica dos problemas familiares do usuário, com o objetivo de utilizar recursos

internos da família e da própria comu-nidade. Freqüên-cia semanal.. Atendimento em oficinas terapêu-ticas: atividades onde a terapeuta ocupacional e a pedagoga pro-curam possibili-tar aos usuários um sentimento de produtividade;Visitas domicili-ares na sede e nos sítios: com a par-

Caps de Senador Pompeu

Senador Pompeu

ceria do CAPS e o Programa Saúde da família, as visitas objetivam promover a facilidade de acesso aos usuári-os que ainda não tiveram oportunidade de se dirigir ao CAPS, como também visam a formação de uma Rede de Apoio para as famílias em atendimento. Essas visi-tas são agendadas previamente, conforme solici-tação das Agentes Comunitárias de Saúde, e são realizadas semanalmente. Participam das visitas domiciliares o médico psiquiatra, psicóloga, as-sistente social, enfermeira, terapeuta ocupacio-nal e pedagoga; Atividades comunitárias:. Programa semanal de radio AM – FM com a finalidade especial de encurtar distâncias na in-teração CAPS e comunidade da zona rural e ur-bana;. Atividades Comunitárias: São realizadas pal-estras/ atividades educativas nas comunidades com a participação dos usuários em aconteci-mentos da comunidade;. Parcerias do CAPS com o PSF – rede munici-pal de ensino na educação em Saúde Mental - o resgate dos valores sadios do cotidiano, enfocando a integração do paciente na comunidade e sua inser-ção familiar e social. No CAPS de Senador Pompeu os usuários são assistidos em regime de atenção diária, de segunda a sexta feira, de 7 ás 17 hs, em que toda e qualquer pessoa com transtorno mental e do comportamento e/ou sofrimento psíqui-co, que tenha de 6 (seis) anos acima, e esteja necessitando de cuidados, recebe atendimen-to especializado. A família e/ou responsável deve encaminhá-lo ao CAPS para assim ser assistido por um dos profissionais capacita-dos para esse atendimento, e traçar um plano terapêutico individual. Realizamos um trabalho com uma equipe multidisciplinar composto por: Psiqui-atra, Assistente Social, Terapeuta Ocupacio-nal, Enfermeira, Psicóloga, Pedagoga, Agente Administrativo, Auxiliares de Enfermagem e Agentes de Saúde Mental.

Antonio Teixeira de OliveiraPrefeito de Senador PompeuLuzia Lucélia Saraiva Ribeiro

Secretaria de Saúde Dr. Arão Zvi Pliacekos

Coordenador de Saúde [email protected]

Nestes 5 anos do CAPS de Quixeramobim temos protagonizado todo um processo de cidadania em relação ao tratamento das pessoas com transtornos graves. Como ex-emplo o acesso às especialidades, ao atendimento do hospi-tal geral, o vínculo com PSF e vínculo com clubes de serviço como AABB, onde vários pacientes praticam hidroginástica e outras modalidades em outros serviços. Além disso, o serviço está atento para todo e qualquer fenômeno percebido pelo cidadão, como sofrimento psíquico. Estes dois aspec-tos: abertura para a comunidade e a abertura para o sofri-mento psíquico em geral têm sido uma marca de modelo ou modo inaugurado pelos CAPS do Ceará. Queríamos ressaltar aqui, porém, um aspecto rel-evante no tocante ao avanço das discussões sobre organiza-ções de serviços e sobre o paradigma da atenção psicosso-cial, que foi a realização dos Simpósios de Quixeramobim. Nas quatro jornadas que realizamos, produzimos em cada uma delas um SIMPÓSIO direcionado ao aprofundamento dessas temáticas. Na 1ª Jornada de Saúde Mental de Quixeramobim, em 2003, realizamos o 1º Simpósio Cearense sobre Finan-ciamento dos CAPS. Estiveram presentes todos os CAPS do estado além de autoridades estaduais e municipais. Por proposição do Dr. Eugênio de Moura Campos, as discussões do tema foram organizadas em um documento denomina-do de CARTA DE QUIXERAMOBIM, redigida pelo Dr. Jackson Sampaio, Dr. Tófole e Dr. Carlos Magno, e pos-teriormente a Dra. Ana Cláudia Pimenta Felício Saldanha encaminhou o documento à Coordenação Estadual de Saúde Mental, que enviou ao Ministério da Saúde. É importante que todos tomem conhecimento deste documento, que anal-isa com rigor a forma de financiamento dos CAPS e propõe alternativas, como uma avaliação de resultados e não de produtividade. A Carta foi reconhecida pela Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde como um importante documento na revisão do procedimento APAC. O II Simpósio em 2004 discutiu a Situação Profis-sional dos Trabalhadores da Saúde Mental. Estiveram pre-

sentes os conselhos das diversas áreas, bem como os re-spectivos sindicatos. Neste simpósio se indicou o maior compromisso das entidades no sentido de melhor valoriza-ção dos profissionais, orientando-se a luta por um piso salar-ial compatível, bem como melhores condições de trabalho. Em 2006 realizamos o III Simpósio onde conclamá-vamos e estimulávamos os serviços a organizarem seus ban-cos de dados de maneira informatizada, a exemplo do que temos em Quixeramobim, onde todos os prontuários com os diversos dados epidemiológicos dos pacientes, bem como a produção diária, estão digitados no sistema Epi-Info. Neste simpósio contamos com a participação da Dra. Ana Pitta, que nos expôs um projeto de avaliação dos serviços de for-ma brilhante, e também a presença de Austregésilo Carrano, que nos atualizou sobre a luta antimanicomial no país. Neste ano de 2007 realizamos o IV Simpósio dis-cutindo a Formação Acadêmica e a inserção dos profissionais na Atenção Psicossocial. Prestigiaram-nos com sua presença a Dra. Ana Cristina Figueiredo da UFRJ e vários professores das diversas instituições formadoras de nosso estado. Neste momento em que os setores contrários à Re-forma de Saúde Mental tendem a se organizar, acreditamos estar contribuindo para o fortalecimento de nossas con-vicções diante da atenção psicossocial, ou seja, a busca de um trabalho interdisciplinar com base nos recursos interseto-riais presentes no município e a participação ativa da comu-nidade. Queríamos frisar aqui o estímulo e o apoio de nosso secretário de saúde Dr. Carlos Roberto Martins e de nosso prefeito Edimilson Jr. para a realização de nossos encontros, e o seu compromisso com a realização dos próximos, cientes de estarem viabilizando importantes espaços de debate e for-talecimento do projeto de cidadania para aqueles cujas redes sociais de apoio ainda são frágeis, necessitando, portanto, de administradores comprometidos e humanizados.

Ana Cláudia Pimenta F. Saldanha Coordenadora do CAPS

Carlos Magno C.BarrosoDiretor do Instituto Episteme

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Caps Quixeramobim: Em apoio ao processo de re-forma de saúde mental no Estado

Quixeramobim

II SEMINÁRIO BRASILEIRO DE EFETIVIDADE DA PROMOÇÃO DA SAÚDE

O II Seminário Brasileiro de Efetividade da Promoção da Saúde vai acontecer no Rio de Janeiro nos dias 13 a 16 de maio de 2008, no Centro de Eventos Fecomércio. O evento tem o objetivo de discutir abordagens avaliativas que te-nham como preocupação a efetividade das ações e o uso/utilidade dos resultados para processos decisórios. Voltado para o aprofundamento das discussões, o Seminário pre-tende fomentar o debate e renovar compromissos entre os diversos atores e instituições em torno das políticas e pro-jetos de Promoção da Saúde. Serão 250 participantes indi-cados pelas entidades envolvidas no evento. O Seminário abordará os seguintes eixos temáticos: Política Nacional de Promoção da Saúde, determinantes sociais e/ou estilos de vida saudáveis; Metodologias de Avaliação; Avaliação de Programas e Práticas de Ensino de OS; e Efetividade das práticas de OS. Maiores informações: [email protected]

9º CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA DA FAMÍLIA E COMUNIDADE

A Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade vai realizar em maio, em Fortaleza, o 9º Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade. Com o tema “A impor-tância de Medicina da Família e Comunidade e da Saúde da Família para a Saúde do Brasil: trinta anos após Alma-Ata”, o Congresso recebe inscrições de trabalhos científi cos até o dia dez de março pelo site: www.sbmfc.org.br/congresso2008. Maiores informações no mesmo site.

ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA

A Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP-CE) retifi ca informações contidas no Edital N° 31/2007, que trata do processo de seleção para o curso de Especialização em Vigilância Epidemiológica. Com as alterações, o perío-do de inscrição foi prorrogado até o dia 15 de fevereiro de 2008 e as vagas, por sua vez, poderão ser ocupadas por técnicos de Vigilância em Saúde de todos os mu-nicípios do Estado, conforme autorização da Secretaria de Vigilância em Saúde.O curso de pós-graduação em Vigilância Epidemiológica das Doenças Transmissíveis tem como objetivo instrumentalizar os profi ssionais de saúde com conhecimentos para o controle das doenças transmissíveis, modernização das atividades da vigilân-cia epidemiológica em doenças transmissíveis e ope-racionalização do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde. Estão sendo ofertadas 30 vagas, possui carga horária total de 548 horas. Maiores informações: www.esp.ce.gov.br

OPAS–ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE

De 2 a 7 de março de 2008 será realizado o 1º Fórum Global de Recursos Humanos para a Saúde, em Kam-pala-Uganda. Promovido pela Aliança Global para a Força de Trabalho em Saúde (GHWA), o evento tem por objetivo debater os problemas e compartilhar so-luções para a crise na área dos recursos humanos em saúde. Maiores informações: www.opas.org.br.

TREINAMENTO SISREG

No período de 10 a 14 de novembro de 2007 foi realizado em Bra-sília – DF um treinamento de aplicativo SISREG, promovido pelo Ministério da Saúde. A delegação cearense foi coordenada pelo COSSEMS e composta por: Mônica Sueli, de Guaiúba; Jackson Valvernac e Ádina de Araújo, de Morada Nova; Pedro da Silva Filho, de Cruz; Alana Cecília Vieira, de Juazeiro do Norte; Ales-sandra Pimentel, representando São Gonçalo do Amarante e Ita-pajé; e Verônica Sales, representando a SESA. Gostaríamos de ressaltar o interesse dos gestores dos respectivos municípios e estado que subsidiaram as condições de participação dos mesmos no treinamento. É assim que se fortalece o sistema local de saúde!

I CONGRESSO CEARENSE DE SAÚDE MENTAL

Com o objetivo de discutir acerca das políticas públi-cas de saúde mental no estado e no país, o municí-pio de Iguatu vai realizar o I Congresso Cearense de Saúde Mental, de 4 a 7 de junho de 2008. O tema do Congresso será “Saúde Mental e Liberdade”. De acordo com o secretário adjunto de saúde de Iguatu, Dr. Eriton Araújo, “o evento pretende ainda ser um espaço para a apresentação de trabalhos sobre as ex-periências dos CAPS do Ceará, além de oferecer aos profi ssionais da área opções de mini-cursos, confer-ências, mesas temáticas e exposição de painéis”. Maiores informações na Coordenação de Saúde Mental de Iguatu, pelo telefone (88)3581-9233, email:[email protected].

LIVROO AlienistaAutor: Machado de Assis

Louco seria aquele que não gozasse do perfeito equilíbrio das faculdades mentais, ou aquele cujo equilíbrio é perfeito, ou, finalmente, louco seria o próprio alienista que pontifica sobre a sanidade mental dos outros? Do Alienista, primeira novela da fase madura de Machado de Assis, não basta dizer que faz sátira do cientificismo aplicado ao estudo da loucura. É verdade que, sendo a partilha entre a razão e a “desrazão” o cerne da trama, a história toma o ar divertido de uma comédia de erros, sobre a qual paira sempre a suges-tão de ser o alienista o único alienado. Embora essa história de loucos toma uma outra dimensão, que ultrapassa a caricatu-ra do perfeito alienista. Porque há nela um desenho claro de uma situação de força. O prestígio de Bacamarte, transforma-o em ditador da pobre vila de Itaguaí. O eixo da novela é portanto o arbítrio do poder, antes de ser o capricho de um cientista.

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LIVROElogio Da LoucuraAutor: Erasmo de Rotterdam

Neste libelo do teólogo Erasmo de Rotter-dam (1469-1536), quem fala é a Loucura. Sempre vista apenas como uma doença ou como uma característica negativa e indesejada, aqui ela é personificada na for-ma mais encantadora. E, já que ninguém mais lhe dá crédito por tudo o que faz pela humanidade, ela tece elogios a si mesma. O que seria da raça dos homens se a insa-nidade não os impulsionasse na direção do casamento? Seria suportável a vida, com suas desilusões e desventuras, se a Loucu-ra não suprisse as pessoas de um ímpeto vital irracional e incoerente? Não é mérito da Loucura haver no mundo laços de ami-zade que nos liguem a seres perfeitamente imperfeitos e defeituosos? Nas entrelinhas de Elogio da Loucura, o humanista Eras-mo critica todos os racionalistas e esco-lásticos ortodoxos que punham o homem ao serviço da razão (e não o contrário) e estende um véu de compaixão por sobre a natureza humana.

LIVROA criança e a Saúde MentalAutor: Tânia Ferreira(org.)

A criança e a saúde mentalEste livro apresenta o encontro da crianças com as políticas da saúde. No nó desse en-lace surge a clínica, por meio de fragmen-tos, no relato de uma convivência delicada que se recusa a ceder às demandas de ajustamento social. Nesse movimento de basta aos modelos exclusivamente adaptativos é criado um fora de ordem que não podem ser silenciado, nem mesmo quando o sujeito, como no caso do bebê, é corpo mais do que fala. Enfim, em seus diversos textos encontramos um convite, conduzido pela psicanálise, a todos que estão inseridos nas práticas, nos serviços e nos dispositivos de atenção à saúde para o envolvimento em relação conseqüente com a criança.

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FILMEEstamiraDiretor: Marcos Prado(Brasil,2006,121 min)

Estamira conta a história de uma mulher de 63 anos que sofre de distúrbios mentais e trabalha há mais de vinte anos no aterro sanitário do Jardim Gramacho, um local renegado pela sociedade, que recebe diariamente mais de oito mil toneladas de lixo produzido no Rio de Janeiro. Com um discurso eloqüente, filosófico e poético, a personagem central do documentário le-vanta de forma íntima questões de interes-se global, como o destino do lixo produzi-do pelos habitantes de uma metrópole e os subterfúgios que a mente humana encontra para superar uma realidade insuportável de ser vivida.

FILMEUm estranho no ninhoDiretor: Milos Forman(Estados Unidos, 1975, 133 min)

McMurphy não cumpriu a lei. Mais velho, ele namora uma menina de 15 anos. Por isso, e obrigado a cumprir pena de alguns meses numa detenção. Não igual àquelas de pena máxima. E uma prisão-fazenda. Com uma boa lábia e uma grande astú-cia, McMurphy consegue convencer os guardas de que não é uma pessoa normal e de que tem problemas mentais. Quando McMurphy, primeiramente aliviado de estar livre da prisão, chega ao manicômio, percebe que os pacientes não são “neces-sariamente” loucos, mas marginais sociais. Com o tempo, aprenderam a ser e a agir como tais. E McMurphy decide assumir a missão de provar que os pacientes estão normais e podem ser aceitos novamente na sociedade.

FILMEBicho de Sete CabeçasDiretora: Láis Bodanzky(Brasil,2000,74 min)

Neto (Rodrigo Santoro), um jovem estudante que não consegue se entender com os pais (Othon Bastos e Cássia Kiss), acaba vivenciando a violência do sistema de saúde mental brasileiro. Uma tragédia doméstica sobre a intolerância e incomu-nicabilidade dentro de uma família e sobre o uso do sistema manicomial para vigiar e punir os pequenos desvios de conduta que não são infrações legais mas não se encai-xam nos valores da sociedade. Inspirado no livro Canto dos Malditos, de Austregé-silo Carrano Bueno. Premiado no Festival de Brasília de 2000.

Enquanto vocêSe esforça pra serUm sujeito normalE fazer tudo igual...

Eu do meu ladoAprendendo a ser loucoMaluco totalNa loucura real...

ControlandoA minha maluquezMisturadaCom minha lucidez...

Vou fi carFicar com certezaMaluco belezaEu vou fi carFicar com certezaMaluco beleza...

E esse caminhoQue eu mesmo escolhiÉ tão fácil seguirPor não ter onde ir...

ControlandoA minha maluquezMisturadaCom minha lucidezVou fi carFicar com certezaMaluco belezaEu vou fi carFicar com certezaMaluco belezaEu vou fi carFicar com toda certezaMaluco, maluco beleza...

Maluco BelezaRaul Seixas

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