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LEITURA NAS SÉRIES INICIAIS: UMA PRÁTICA NECESSÁRIA Cleide Regina Silva de Araujo 1 Orientadora: Profa. Dra. Maria Neuma Mascarenhas Paes 2 RESUMO: Neste artigo, procura-se mostrar a importância da leitura nas séries iniciais para o desenvolvimento cognitivo da criança. Nesse sentido, defende-se que o hábito de ler é o caminho mais curto para o desenvolvimento da leitura. Dessa forma, procura-se entender de que forma o professor pode auxiliar os seus alunos no desenvolvimento do hábito da leitura? Inicia-se o estudo com uma breve apresentação da história do livro, apresentando o conceito de leitura e enfocando a contação de história como estratégia para o desenvolvimento do hábito da leitura. Aborda-se, também, a importância da utilização dos diversos gêneros textuais e a motivação como fatores indispensáveis para a aprendizagem do sujeito. Finaliza, mostrando a necessidade de a leitura ser trabalhada desde a primeira infância, porém de maneira lúdica. Palavras-chave: Aprendizagem. Desenvolvimento cognitivo. Gêneros textuais, Leitura. 1 INTRODUÇÃO Etimologicamente, ler deriva do latim “lego/legere”, que significa recolher, apanhar, escolher, captar com os olhos. Na opinião de Luckesi (2003, p. 119) “[...] a leitura, para atender o seu pleno sentido e significado, deve, intencionalmente, referir-se à realidade. Caso contrário, ela será um processo mecânico de decodificação de símbolos”. Deve estar relacionada à realidade do leitor. Atualmente, vive-se em uma época na qual as tecnologias avançam a passos largos, e a leitura acompanha o desenvolvimento tecnológico, ou seja, muitos dos livros já são disponibilizados para leitura nas telas dos computadores. Sendo assim, pode-se afirmar que a leitura varia em função das práticas sociais. Na antiguidade, a oratória era uma arte espetacular, por meio dela, o conhecimento era transmitido do mestre para os discípulos oralmente. Pode-se citar como exemplo Sócrates, que não deixou nada escrito. Barbosa (1990) diz que os textos mais antigos da humanidade foram escritos nos volumens, em rolos de papiros. Nessa forma antiga de conservar o pensamento, o texto era escrito em estreitas colunas, sem espaço em branco entre as palavras. Para ler, o leitor tinha que segurá-los com as duas mãos, desenrolando-os à proporção que fossem lendo. 1 Graduanda do curso de Pedagogia FACED/UCSAL. E-mail: [email protected] 2 Professora do curso de Pedagogia FACED/UCSAL. E-mail: [email protected]

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LEITURA NAS SÉRIES INICIAIS: UMA PRÁTICA NECESSÁRIA

Cleide Regina Silva de Araujo1

Orientadora: Profa. Dra. Maria Neuma Mascarenhas Paes2

RESUMO: Neste artigo, procura-se mostrar a importância da leitura nas séries iniciais para o

desenvolvimento cognitivo da criança. Nesse sentido, defende-se que o hábito de ler é o caminho mais

curto para o desenvolvimento da leitura. Dessa forma, procura-se entender de que forma o

professor pode auxiliar os seus alunos no desenvolvimento do hábito da leitura? Inicia-se o

estudo com uma breve apresentação da história do livro, apresentando o conceito de leitura e

enfocando a contação de história como estratégia para o desenvolvimento do hábito da leitura.

Aborda-se, também, a importância da utilização dos diversos gêneros textuais e a motivação como

fatores indispensáveis para a aprendizagem do sujeito. Finaliza, mostrando a necessidade de a leitura

ser trabalhada desde a primeira infância, porém de maneira lúdica.

Palavras-chave: Aprendizagem. Desenvolvimento cognitivo. Gêneros textuais,

Leitura.

1 INTRODUÇÃO

Etimologicamente, ler deriva do latim “lego/legere”, que significa recolher, apanhar,

escolher, captar com os olhos. Na opinião de Luckesi (2003, p. 119) “[...] a leitura, para

atender o seu pleno sentido e significado, deve, intencionalmente, referir-se à realidade. Caso

contrário, ela será um processo mecânico de decodificação de símbolos”. Deve estar

relacionada à realidade do leitor.

Atualmente, vive-se em uma época na qual as tecnologias avançam a passos largos, e

a leitura acompanha o desenvolvimento tecnológico, ou seja, muitos dos livros já são

disponibilizados para leitura nas telas dos computadores. Sendo assim, pode-se afirmar que

a leitura varia em função das práticas sociais. Na antiguidade, a oratória era uma arte

espetacular, por meio dela, o conhecimento era transmitido do mestre para os discípulos

oralmente. Pode-se citar como exemplo Sócrates, que não deixou nada escrito.

Barbosa (1990) diz que os textos mais antigos da humanidade foram escritos nos

volumens, em rolos de papiros. Nessa forma antiga de conservar o pensamento, o texto era

escrito em estreitas colunas, sem espaço em branco entre as palavras. Para ler, o leitor tinha

que segurá-los com as duas mãos, desenrolando-os à proporção que fossem lendo.

1 Graduanda do curso de Pedagogia FACED/UCSAL. E-mail: [email protected]

2 Professora do curso de Pedagogia FACED/UCSAL. E-mail: [email protected]

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No século XVIII, os livros despertavam interesse tanto pelos sentidos quanto pelos

aspectos gráficos. Os livros eram produzidos pelos artesões, que procuravam demonstrar sua

arte à medida que ia escrevendo os livros. Enfim, os livros eram considerados uma obra de

arte, afirma Barbosa (1990).

Laura (2011 apud Rego 2011) defende que a leitura, além de possibilitar viagens e

encantamentos às crianças, contribui na formação do imaginário, promove o

desenvolvimento da linguagem/oralidade e faz com que as crianças adquiram valores, que

guiarão seus passos na sociedade. A especialista afirma, ainda, que o trabalho da leitura,

quando iniciado cedo, influencia no processo de alfabetização e desenvolve a capacidade

intelectual do indivíduo, facilitando sua atuação na sociedade.

As histórias devem ser lidas ou contadas às crianças desde a primeira infância,

portanto cabe aos pais ou educadores selecionar histórias que façam referência ao mundo

infantil, ou seja, que tenham como protagonistas: crianças, lobo mal e bichinhos. Tendo em

vista que histórias com esses elementos agradam o público infantil. As crianças não devem

apenas ouvir as histórias, é importante que elas também manuseiem os livros para poder

identificar a grafia e ir estabelecendo uma relação direta com a linguagem escrita. Mesmo

não sabendo ler.

Segundo Castro (1998 apud Bamberger 2011), é na escola que identificamos e

formamos leitores. A leitura deve ser uma prática constante nas escolas, o gosto pela leitura

deve ser desenvolvido durante o processo de formação do indivíduo.

De acordo com Zilberman (1998), a sala de aula é um espaço privilegiado para o

desenvolvimento da leitura. Sendo assim, o educador deve adotar uma postura criativa que

estimule o desenvolvimento integral da criança.

Uma das maneiras de conceituar a leitura é dizer que a mesma é fonte de

conhecimento e sabedoria. Lendo, a pessoa fica informada sobre os acontecimentos, interage

com as ideias do autor e, consequentemente, desenvolve-se intelectualmente, tornando-se um

indivíduo crítico. Sendo assim, o hábito de leitura deve ser estimulado desde a primeira

infância, mas nem sempre isso acontece. Daí, procurar-se entender de que forma o professor

pode auxiliar os alunos no desenvolvimento do hábito da leitura?

Mediante o problema exposto, entende-se, a princípio, que o trabalho realizado em

classe - com a utilização de livros cujos conteúdos são de interesse das crianças - pode

contribuir para que a leitura se torne prazerosa, possibilitando a troca da obrigação pelo

prazer da leitura. É possível que as crianças desenvolvam o hábito pela leitura de maneira

tranquila, desde que seja trabalhada de maneira agradável, com naturalidade, pois o hábito da

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leitura não se adquire de uma hora para outra, ele acompanha o desenvolvimento do

indivíduo.

Neste trabalho, mostra-se a importância da leitura nas escolas para o

desenvolvimento cognitivo da criança. Além disso, procura-se identificar fatores que

contribuem para o desinteresse pela leitura nas escolas. Isso ocorre principalmente nas

escolas públicas, pois elas na maioria das vezes não possuem bibliotecas. Enfim, pretende-se

buscar caminhos que facilitem o desenvolvimento da leitura nas séries iniciais.

O Artigo intitulado Leitura nas séries iniciais: uma prática necessária justifica-se

uma vez que muitos especialistas da área defendem a escola como o melhor lugar para se

estimular a leitura. No entanto, tal prática não acontece na maioria das salas de aula

brasileiras, porque muitos dos professores não conhecem os procedimentos da leitura. Esse

despreparo pode trazer sérias consequências para o aluno, entre elas a falta de interesse pela

leitura. A criança que não é estimulada a ler em casa nem na escola, possivelmente, terá

dificuldades de aprendizagem, tendo em vista que a leitura contribui com o desenvolvimento

da oralidade, da criticidade e da autonomia da criança, só para citar alguns dos benefícios da

leitura. Quando a criança vive em um ambiente no qual a leitura faz parte do seu dia a dia,

ela desenvolve o gosto pela leitura sem dificuldades, seu processo de aprendizagem é bem

mais rápido e, por conseguinte, será uma pessoa com argumentos próprios. Como poucas são

as crianças que fazem parte de famílias que mantêm o hábito de ler com prazer, resta às

escolas desenvolverem estratégias para deixar as aulas de leitura mais interessantes para as

crianças.

A pesquisa foi desenvolvida sob uma abordagem qualitativa, que, segundo Oliveira

(1997), torna possível ao pesquisador relatar e/ou descrever o que diferentes autores ou

especialistas escrevem sobre o assunto, tornando possível ao pesquisador colocar o seu ponto

de vista sobre determinado fenômeno.

Para atender as exigências da pesquisa, trabalhou-se com um estudo bibliográfico,

por meio do qual se estabeleceu a separação entre o processo dinâmico de interpretação das

informações e os objetivos pretendidos, haja vista não se tratar de um registro de

experiências vivenciadas. Procurou-se explicar neste trabalho o porquê de trabalhar a leitura

nas séries iniciais como objeto de pesquisa, exprimindo o que vem sendo feito com dados

descritivos, propiciando a partir de uma análise crítica, o entendimento do objeto.

Diante dessas colocações, pode-se afirmar que a leitura desenvolve tanto os aspectos

cognitivos quanto as habilidades da oralidade e criatividade, ou seja, desenvolve a criança

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como um todo. Por isso, a literatura deve ser utilizada nas escolas como um recurso

pedagógico para auxiliar no desenvolvimento do processo de aprendizagem das crianças.

Izaides (1992 apud Souza 1997) defende que a leitura é basicamente o ato de

perceber e atribuir significados através da conjunção de diversos fatores, entre eles,

linguísticos, pessoais e o contexto situacional. Assim, ler não é apenas codificar e

decodificar os símbolos, mas saber interpretar e relacionar o texto ao contexto do que foi

dito. O indivíduo na condição de analfabeto funcional não pode ser considerado um sujeito

crítico, porque se não consegue identificar o contexto, logo não vai além do texto, ou seja,

não consegue interagir com o texto para interpretar os sentidos, que muitas vezes não se

encontram explícitos na superfície do texto.

Para tanto, o trabalho foi dividido em três seções, além da introdução, da conclusão e

referências. Na primeira, ressalta-se a necessidade de se resgatar a arte de contar histórias

para levar a criança ao mundo da leitura, apresentando-lhe as representações simbólicas que

se manifestam através da linguagem. Na segunda, mostra-se a importância de se trabalhar a

diversidade de gêneros textuais, que circulam no meio social e fazem parte do conhecimento

de mundo do aluno, quando se trabalhar a leitura e na terceira e última, aponta-se a motivação

como fator indispensável para a aprendizagem do sujeito.

2 CONTAR HISTÓRIAS: ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DA

LEITURA

A arte de contar histórias é uma tradição que remete à própria história da

humanidade, surgiu quando o homem começou a ter poder de fala e sentiu a necessidade de

comunicar suas experiências. Em virtude de sua grande importância, tal arte vem resistindo

até os dias atuais. No entanto, com o desenvolvimento dos recursos da comunicação e a

globalização das informações, a prática de contar histórias no ambiente familiar, não é mais

tão constante como era antigamente, daí a necessidade de se retomar esses valores

tradicionais.

No resgate da prática de contar histórias, cabe ao professor a responsabilidade de

promover um ambiente propício na escola, tendo em vista que esse ato é importante para o

desenvolvimento emocional, cognitivo e social da criança, dando-lhe inclusive a noção de

tempo e espaço por meio das representações simbólicas. Defende-se a ideia de que o ato de

ouvir histórias de maneira adequada, desde cedo, faz com que o indivíduo desenvolva o

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espírito de curiosidade para a leitura e, consequentemente, pode vir a se tornar um leitor

apaixonado. No entanto, jamais o professor deve contar uma história que os alunos não

gostem nem faça parte do seu conhecimento de mundo, porque quando se conhece ou se gosta

de algo é mais fácil demonstrar entusiasmo, facilitando assim o desenvolvimento.

Uma pessoa adulta, quando conta histórias, apresenta à criança um mundo diferente,

um mundo imaginário, que ativa sua curiosidade. Como o professor é uma pessoa muito

significativa para a criança, ele deve aproveitar essa fase para tornar a leitura uma atividade

prazerosa, ou seja, fazer do ato de contar histórias uma espécie de brincadeira com as

palavras. Assim como se canta para uma criança dormir, por que não contar histórias para

que ela adormeça ouvindo a sonoridade das palavras, viajando na história?

Defende-se que, quanto mais cedo, a criança entrar em contato com os livros, maior

será a probabilidade de ela tornar-se um adulto leitor, que lê com prazer. Não se pode perder

de vista que a criança não desenvolve o hábito de ler sozinha nem de uma hora para outra,

por isso é importante que o professor busque estratégias para a leitura se tornar um hábito.

Até porque,

O livro é um meio pelo qual se podem estabelecer vínculos emocionais

importantíssimos tanto na família como na escola: a leitura do adulto, cheia

de ânimo, de entonações, jogos de vozes e ruídos, desenhos, dramatizações,

precedida ou conjuntamente à apresentação das figuras, dos desenhos e com

uma postura física adequada com certeza criam uma aproximação prazerosa

não apenas entre as crianças e seus educadores, mas também com a leitura.

(MALUF, Revista Guia Escolar, p. 48-49)

A partir da reflexão da psicopedagoga, pode-se afirmar que contar histórias é uma

estratégia interessante, e que o professor pode utilizá-la para incentivar os alunos a criarem o

hábito de ler. Mas as histórias não devem ser trabalhadas de qualquer maneira pelo professor,

é preciso que o ambiente seja acolhedor e que o educador esteja preparado para este

momento.

A criança, quando ouve história, passa a visualizar de maneira mais clara as dúvidas

que tem em relação ao mundo. A grande maioria das histórias infantis trabalha os problemas

característicos da infância, tais como, os medos, a inveja, o carinho, a curiosidade, a dor, e a

perda. Ouvindo histórias continuamente, a criança desenvolve a autoestima, passa a entender

o seu papel na sociedade, e também desenvolve um dos melhores hábitos que o ser humano

pode desenvolver: o hábito de ler.

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Trevisan (2011, apud Hunt 2011), fazendo uma reflexão sobre a literatura infantil,

aponta que: “A missão da Literatura Infantil é expandir o universo dos pequenos”. Ou seja, é

um recurso que promove o desenvolvimento da criança como um todo.

Na contemporaneidade, fala-se que a escola é o lugar ideal para se aperfeiçoar o gosto

pela leitura, e, uma das maneiras do professor incentivar essa prática, é contando histórias que

sejam do agrado dos seus alunos, isso porque esse ato pode estabelecer a ligação entre o aluno

e o livro.

Sendo assim, a arte de contar história precisa ser mais valorizada por muitos

educadores. Concorda-se com Silva (1993 p.22) quando ele diz que: “Sem professores que

leiam que gostem de livros, que sintam prazer na leitura, muito dificilmente modificaremos a

paisagem atual da leitura escolar”.

Para incentivar os alunos a gostarem das histórias contadas, sugere-se que o professor

oriente-os para recontarem as histórias da maneira que entenderam. Esse procedimento

didático pode fazer com que as crianças fiquem ansiosas para compartilhar o que entenderam

da história. Mas é preciso considerar que nem sempre o educador vai encontrar escolas que

tenham estruturas adequadas para a leitura. Nesse caso, cabe ao professor ser criativo, ou seja,

criar um ambiente propício, preparando-o com fantoches, marionetes etc. porque um cenário

adequado estimula as crianças a terem interesse em participar da história.

Diante do exposto, entende-se que contar histórias para crianças, ainda, é uma

estratégia interessante, e deve ser valorizada pela escola, pois a mesma tem um papel

fundamental no processo de desenvolvimento do hábito de ler. Entende-se que atualmente

não há ninguém melhor do que o professor para desenvolver o gosto pela leitura das

crianças, e uma das estratégias que pode ser utilizada é a contação de história de maneira

criativa. Deve-se levar em consideração que a criança normalmente se interessa pela leitura

através de motivação e/ou exemplo.

A sociedade brasileira, de uma maneira geral, lê muito pouco, isso significa que a

criança, muitas vezes não tem o incentivo dos pais para ler. Para fazer essa afirmação,

baseou-se em dados apurados pelo IBOPE (2011 apud Umaguma 2009), que aponta a leitura

como sendo a quinta posição entre as atividades preferidas dos brasileiros. Sendo assim,

cabe aos educadores, mais do que nunca, o desafio de incentivar as crianças a desenvolverem

o gosto pela leitura.

Pode-se afirmar que, quanto mais cedo, a criança estiver em contato com a leitura,

mais chances ela terá de se tornar um adulto leitor. Em janeiro de 2010, observou-se em

Juazeiro, cidade situada no Estado da Bahia, o trabalho desenvolvido pela ONG “Fundação

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Lar Feliz” (que atende cerca de 400 crianças com idade entre zero e nove anos), no projeto

“Bebeteca”. Tal projeto instalou uma biblioteca para crianças na faixa etária entre zero e três

anos de idade, na qual os livros são adaptados para bebês, com material plástico, que permite

às crianças os manusearem sem estragá-los. De acordo com uma das fundadoras do projeto,

Ressurreição Barbosa, a educação infantil deu um salto de qualidade, depois da instalação do

projeto. Hoje, ele é visto como uma dádiva pelos educadores que usam os livros.

Outro exemplo prático de que a leitura trabalhada desde a infância pode trazer vários

benefícios para o individuo vem de Santos, cidade situada no litoral paulista. Lá, a pedagoga

Priolli (2011 apud Leão 2011) desenvolveu um projeto chamado “Leitura no Berçário”, esse

projeto consiste em trabalhar a leitura com bebês. Para atrair a paixão dos pequenos pela

leitura, a pedagoga criou livros feitos de pano e feltro, nas páginas dos livros constam

desenhos de bichos e fotos de bebês ao lado, como se eles fossem personagens da história.

De acordo com a pedagoga, esse procedimento faz com que a criança perceba que entre ela e

o livro existe uma distância mínima.

Segundo Leão, no início, os professores assustaram-se, alguns até desdenharam sua

ideia. No entanto, cinco anos depois, seu trabalho foi reconhecido e agraciado com o prêmio

do Programa Nacional de Incentivo à Leitura.

Na faixa etária que compreende de zero a três anos, é importante que os livros

tenham muitas figuras coloridas e imagens de animais para chamar a atenção da criança,

porque as imagens (as representações concretas) são mais importantes do que os textos (as

representações simbólicas), nessa fase do desenvolvimento. Embora a criança ainda não

saiba identificar os signos linguísticos, isso não impede que ela tenha contato com livros

desde muito cedo, como se fossem brinquedos. Atitudes assim poderão fazer com que a

criança cresça com o hábito de ler por prazer e não por obrigação.

Em virtude do que foi dito, pode-se afirmar que a literatura infantil é apenas um dos

gêneros textuais que pode ser trabalhado na escola para estimular o prazer pela leitura. O

estímulo à leitura na primeira infância, antes mesmo de a criança aprender a falar, pode ser o

caminho mais curto para a formação de um leitor crítico. No entanto, com o

desenvolvimento da criança, outros gêneros textuais, que fazem parte de seu mundo social,

podem ser inseridos no seu processo de aprendizagem

3 A IMPORTÂNCIA DOS GÊNEROS TEXTUAIS NA PRÁTICA DA LEITURA

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A Lingüística Textual é um ramo da ciência da linguagem que surgiu com o objetivo

de ampliar os estudos linguísticos para além da frase. É a partir daí que os textos começam a

ser caracterizados e também passam a ter classificações próprias no campo da linguística. Os

estudos do texto iniciaram-se na década de 1960, na Europa, mais especificamente na

Alemanha. A partir daí, passa-se a investigar o texto de maneira específica, a partir da

manifestação linguísitca.

A Linguística Textual define os gêneros como formas textuais baseadas na

experiência, na prática. Os gêneros estão relacionados às situações sócio-comunicativas, ou

seja, à maneira como dialogamos com o outro. Para Bakhtin (1997), os gêneros textuais são

diferentes tipos de textos orais e escritos que os sujeitos utilizam socialmente, de acordo com

as funções definidas pelo contexto vivido.

Partindo-se dos princípios postulados pela Linguística Textual, respaldando-se,

também, em Bakhtin, entende-se que os gêneros textuais devem ser trabalhados de acordo com a

faixa etária e a vivência da criança. Para adequar-se a esses procedimentos, cabe ao professor

selecionar e avaliar os textos. Até mesmo os livros didáticos deveriam ser avaliados, mas isso

nem sempre acontece, alguns professores, ainda, os têm como padrão para a leitura, mas não

devia ser assim, pois, muitas vezes, tais livros contêm textos que não condizem com o

conhecimento de mundo do aluno. Em algumas situações, os livros que são elaborados no Sul

do Brasil, não contemplam a diversidade cultural do Brasil, ficam restritos ao contexto

regional de onde são produzidos. Por isso é interessante que o professor saiba exatamente que

tipo de texto ele está trabalhando em sala de aula, e como este texto pode contribuir com a

aprendizagem dos seus alunos:

... Cabe, portanto, à escola viabilizar o acesso do aluno ao universo dos

textos que circulam socialmente, ensinar a produzi-los e a interpretá-los. Isso

inclui os textos das diferentes disciplinas, com os quais o aluno se defronta

sistematicamente no cotidiano escolar e, mesmo assim, não consegue

manejar, pois não há um trabalho planejado com essa finalidade. (PCN

1997)

A escola enquanto instituição social, responsável pela educação dos indivíduos, deve

trabalhar os gêneros textuais de uma maneira consciente, oferecendo condições aos

professores para que trabalhem os diversos gêneros textuais em sala de aula, buscando no

contexto os gêneros mais comuns aos alunos. Tendo sempre em vista que o desenvolvimento

linguístico do sujeito ocorre em um processo contínuo do uso dos gêneros textuais.

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De acordo com Kaufman e Rodríguez (1995), é importante que o professor leve em

conta, na seleção de textos, as teorias de aprendizagem e as concepções pedagógicas, os

processos de leitura e escrita que os fundamentam. Além disso, deve revisar cuidadosamente

as atividades que são propostas.

Acredita-se que ao trazer os gêneros textuais que se encontram no meio social para a

sala de aula, o professor pode promover o interesse de crianças para o hábito da leitura. O

professor precisa apenas ter cuidado com o texto a ser trabalhado em sala de aula. Ou seja,

deve promover a leitura de textos que sejam adequados à faixa etária da criança. No processo

da leitura, é interessante que o docente observe a capacidade de o aluno fazer inferências

sobre o assunto que está lendo ou ouvindo, isto é, se a criança consegue relacionar o texto

com o seu conhecimento de mundo, porque assim a leitura será muito mais proveitosa,

interessante e prazerosa. Além disso, deve considerar que o autor quando escreve procura

moldar “[...] o texto de acordo com o possível leitor, tendo em vista o tipo de conhecimento

prévio que ele possui, e sua capacidade de completar o que não está expresso claramente no

texto” (LIBERATO E FULGÊNCIO 2000, p.32).

Uma vez que o texto se enquadra no mundo social e cultural da criança, ele irá

promover a capacidade de a criança fazer inferências, ou seja, relacionar o que está sendo lido

com o mundo experienciado por ela no cotidiano. Tal procedimento significa dizer que a

criança gerou conhecimentos novos, a partir das informações presentes no texto e nos

conhecimentos já adquiridos anteriormente. A partir daí, são acrescentados mais dados além

do que já se tinha antes, ou seja, essas informações ativam uma área cognitiva ampla existente

no cérebro.

É função da escola formar sujeitos letrados e não apenas alfabetizados, como ocorre

em muitas escolas, nas quais basta o sujeito saber escrever o próprio nome para ser

considerado alfabetizado. A consequência disso é o analfabetismo funcional, por meio do qual

a pessoa sabe ler, mas não sabe interpretar aquilo que leu, interagindo com a leitura. Isso

acontece, principalmente, pela falta de incentivo à leitura nas escolas, e tem como

consequência o desinteresse da criança pelas aulas. Por isso, o trabalho realizado por meio dos

gêneros textuais pode ser uma excelente oportunidade de se introduzir a leitura na escola.

Pimenta (2005, p.35) aponta que ler não é:

... apenas uma questão de ser capaz de dizer sobre o que é o texto, uma

questão de dominar técnicas que permitem a decifração e a aquisição de

mais ou menos informação de saber como funciona o alfabeto, a que sons

correspondem os grafemas, de reconhecer as normas para as suas

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combinações. Ler, de modo a poder falar-se em conquista, descoberta,

vivência, envolve uma dimensão cultural, bem assim como uma dimensão

analítica e crítica... ver que os textos são construções sócio-históricas

complexas.

Embora se tenha condições de trabalhar alguns dos gêneros textuais de acordo com a

faixa etária da criança, a análise dos diversos gêneros textuais deve ser trabalhada com

crianças a partir dos seis anos de idade. Isso porque, é nessa fase que o indivíduo começa a

adquirir a capacidade de ler textos curtos e de compreender a leitura. Dessa forma, o professor

pode enriquecer as aulas trabalhando com várias atividades em sala, a partir dos diversos

gêneros textuais que fazem parte da realidade do aluno.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais:

Essa visão do que seja um texto adequado ao leitor iniciante transbordou os

limites da escola e influiu até na produção editorial: livros com uma ou duas

frases por página e a preocupação de evitar as chamadas “sílabas

complexas”. A possibilidade de se divertir, de se comover, de fruir

esteticamente num texto desse tipo é, no mínimo, remota. Por trás da boa

intenção de promover a aproximação entre crianças e textos há um equívoco

de origem: tenta-se aproximar os textos das crianças — simplificando-os —,

no lugar de aproximar as crianças dos textos de qualidade. (PCN, 1997)

Portanto, não é porque o texto tem poucas linhas que a criança vai se interessar por ele,

o que desperta o interesse da criança é o conteúdo abordado, ou seja, textos que estejam de

acordo com a faixa etária delas e sejam tão atrativos quanto os brinquedos.

Vale ressaltar que, no final do século XX, surgiram várias teorias sobre as

metodologias de ensino nas escolas. Uma das mais destacadas foi à teoria sócio-interacionista

de Vygotsky (1984). Na opinião desse autor, a aprendizagem acontece através da interação

entre o indivíduo e o meio social no qual ele vive. No processo de aprendizagem, o professor

assume o papel de mediador do conhecimento, levando-o até o aluno, promovendo seu

desenvolvimento. O professor não é, portanto, aquele que detém o conhecimento de forma

exclusiva, seu conhecimento é compartilhado.

Ainda de acordo com Vygostsky (1984), as influências socioculturais são muito

importantes para o desenvolvimento cognitivo da criança. O desenvolvimento não pode ser

separado do contexto social, pois a criança desenvolve as representações mentais através da

cultura e da linguagem. Vygotsky (1984) chegou a postular que a aprendizagem da criança

pode ocorrer através do jogo, da brincadeira ou da instrução formal, do trabalho entre um

aprendiz e um mediador mais experiente.

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Toma-se também o entendimento de Piaget (1988) sobre o desenvolvimento humano

para entender o procedimento de leitura, mais especificamente quando ele defende que o

desenvolvimento cognitivo do sujeito consiste em adaptações às novas observações e

experiências (a adaptação, segundo ele, tem duas formas: assimilação e acomodação). De

acordo com o que foi postulado por Piaget (1988), quando surge um conhecimento novo, o

sujeito molda as informações para poder encaixar nos esquemas já existentes, promovendo,

assim, mudanças nos esquemas que o individuo já tinha. Na sequência acontece a

equilibração, ou seja, a tendência para manter as estruturas cognitivas em equilíbrio.

Piaget (1988) postulou que o desenvolvimento cognitivo do sujeito se dá através de

um processo de mudanças na estrutura cognitiva, ou seja, por meio da construção e

reconstrução das estruturas mentais, até chegar ao equilíbrio. As estruturas, segundo ele, se

estabelecem por meio de estágios (sensório-motor, pré-operatório e operatório formal), que

ocorrem em idades mais ou menos determinadas.

Para Piaget (1988), o conhecimento se dá através de um processo de incorporação

(assimilação), por meio do qual as coisas e os fatos do meio são inseridos em um sistema de

relações e adquirem significação para o indivíduo. O funcionamento cognitivo é decorrente do

modelo biológico, ou seja, a inteligência é uma adaptação biológica. Para Vygostsky (1984),

o desenvolvimento cognitivo depende da interação do indivíduo com o meio social onde ele

vive.

Para trabalhar os gêneros textuais em sala de aula, sugere-se tomar a noção de estágios

de desenvolvimento da criança (desenvolvida por Piaget), no sentido de que se trabalhe com

os gêneros de fácil assimilação, correspondente à faixa etária da criança. Mas que se leve em

consideração também os gêneros que circulam no meio social, seguindo assim a orientação de

Vygostsky (1984) sobre o desenvolvimento cognitivo, que ocorre na interação com o meio.

Conforme afirma Raikes (2008), a busca pelo estimulo da leitura pode ser bem mais

proveitosa se o professor levar em consideração o nível de desenvolvimento da criança.

Segundo ela, se a leitura for trabalhada levando-se em consideração os estágios de

desenvolvimento da criança, os resultados serão qualitativos. Para tanto, deve-se levar em

consideração que, entre 2 a 6 anos de idade, a criança está em fase de desenvolvimento da

percepção, aprendendo a relacionar imagens e palavras. Então, a leitura recomendada para

essa fase é: livros com gravuras, com rimas infantis e cenas individualizadas. Na faixa etária

que compreende dos 6 aos 8 anos, as ilustrações dos livros ainda são muito importante para a

criança, pois facilita a associação que ela faz entre o que é lido e o pensamento que o texto

traz. Nesse caso, a leitura recomendada deve ter: aventuras, família, escola, animais e

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fantasias. No momento que compreende a faixa etária ente 8 a 11 anos, a criança já é capaz

de ler e compreender os textos curtos. Deve-se, portanto, trabalhar com: contos fantasiosos,

contos de fadas, folclore e histórias de humor etc.

Diante disso, acredita-se que o trabalho com gêneros textuais é uma estratégia de

leitura enriquecedora, da qual o professor poderá se valer em sala de aula, trabalhando com

textos ricos em sentidos, que fazem parte da realidade dos alunos. Esse tipo de abordagem

permite não só fugir do caráter dogmático, que normalmente tem as aulas, mas também ajudar

o aluno a construir o conhecimento a partir da interação com textos, sendo mediados pelo

professor.

4 MOTIVAR PARA DESENVOLVER O GOSTO PELA LEITURA

O dicionário Aurélio define motivação como um conjunto de fatores, que agem entre

si e determinam a conduta de um indivíduo. A palavra motivação deriva do latim motivus, e

movere, que significa deslocar-se, mover-se. Todas as pessoas precisam de motivação para

desenvolver qualquer atividade, e com a criança não é diferente, ela precisa ser motivada por

um adulto, para desenvolver os hábitos futuros.

Percebe-se que, na maioria das vezes, a criança não se interessa pela leitura, porque

não recebe motivação suficiente. Sendo assim, o professor não deveria iniciar nenhuma tarefa

de leitura sem antes fazer um diagnóstico da turma, para descobrir os interesses dela, e, a

partir daí, ter a segurança para selecionar os textos de acordo com o interesse dos alunos.

Quando o professor leva em conta o conhecimento prévio do aluno, a probabilidade dele se

interessar pela leitura é grande. Solé (1998) aponta que nenhuma tarefa de leitura deveria ser

iniciada sem que as meninas e meninos se encontrem motivados para ela, sem que esteja claro

que lhe encontram sentido. Atualmente, é comum os professores terem mais informações

sobre as potencialidades cognitivas da criança do que sobre o conteúdo que ensina e a maneira

como deve transmiti-lo. Assim,

O professor deixa de ser um mero transmissor de conteúdos e técnicas e

assume o papel de orientador, de facilitador da aprendizagem. Para isso, ele

necessita, de um lado, aprofundar-se no conteúdo referente às questões de

leitura e, de outro, ter um bom conhecimento das crianças que lhes são

confiadas, uma atitude positiva e atenta frente aos alunos, uma sensibilidade

pelos interesses e possibilidades de cada um. (BARBOSA, 1990, p.137)

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O professor pode motivar as crianças antes da aula de leitura, falando sobre o autor,

discutindo sobre o título do texto e trabalhando com diversos gêneros textuais. No entanto, é

preciso que tenha cuidado para não escolarizar textos importantes de circulação nacional.

Alguns professores utilizam estes textos para recortá-los ou para sublinhar adjetivos,

substantivos, entre outras categorias gramaticais. As crianças precisam aprender que esses

tipos de textos são instrumentos valiosos para o desenvolvimento do senso crítico. O mais

importante não é só a diversidade e a seleção adequada dos textos, mas principalmente como

eles são utilizados em sala de aula e o benefício que trazem para as crianças.

Para motivar os alunos a lerem por prazer é preciso que o professor dê exemplos, leia

sempre e demonstre que esta atividade é prazerosa, provoca bem-estar e é importante para a

aprendizagem. Solé (1998) afirma que é muito difícil se transmitir prazer pela leitura, quando

não se é afetado por esse sentimento. Quando o aluno vê que as pessoas importantes para ele,

como os professores, valorizam e desfruta da leitura, ele pode se interessar e passar a gostar

de ler também. Isso porque, muitos dos hábitos das crianças são conseqüências da imitação

dos adultos que estão a sua volta.

É comum a criança desenvolver o hábito de ler por motivação ou exemplo. Como

hoje em dia muitos pais não têm tempo ou não se interessam em ler para os seus filhos, resta

aos professores convocar os pais para tentarem dividir essa responsabilidade de desenvolver o

hábito da leitura nas crianças. Mas para isso é preciso que a escola disponibilize bibliotecas

com livros diversos para os alunos, para que as crianças tenham a possibilidade de

experimentar. Sabe-se que essa prática não é constante nas escolas públicas brasileiras.

Poucas delas têm uma biblioteca, talvez seja por isso que a maioria dos alunos não gosta de

ler. Para gostar de ler é preciso que a criança tenha acesso aos livros.

Muitos professores agem de maneira preconceituosa em relação aos alunos das

classes menos favorecidas, defendendo que as crianças de origem socioeconômica inferior

têm menos possibilidade de desenvolver o hábito da leitura do que as crianças da classe alta.

Uma criança cujo meio familiar não lhe forneça oportunidades de aquisição de determinados

conhecimentos como os livros, terá mais dificuldades na leitura do que uma criança que tem

hábitos de leitura na família. Por isso, cabe ao professor ao invés de ter atitudes

preconceituosas com relação aos seus alunos, ele deve fazer planejamento de acordo com a

realidade e os gostos dos alunos, para tentar ajudá-los a desenvolver o hábito de ler.

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Fala-se muito atualmente na desmotivação das crianças e jovens em relação à leitura.

Na realidade estes indivíduos não têm culpa de não gostarem de ler, a culpa é do meio social

onde a criança vive principalmente dos pais e da escola, os responsáveis diretos pela educação

dessas pessoas, que não lhes ensinaram o prazer da leitura. No entendimento de Machado

(1994, p.12):

O meio social onde a criança vive e se desenvolve é de grande importância

para o sucesso da aprendizagem e do desenvolvimento da leitura. O fato de a

criança ler, em primeiro lugar, textos que são significativos para ela, leva-

nos a considerar a motivação e o meio onde a criança se movimenta como

fatores importantes no sucesso da leitura. Os pais, a casa, a comunidade, a

biblioteca, os órgãos de comunicação social afetam o sucesso escolar da

criança e conseqüentemente o seu êxito na leitura.

Para que a criança se sinta motivada para a leitura é necessário que o ambiente seja

favorável para o desempenho de uma leitura silenciosa e individual e, além disso, é preciso

que os livros respondam as expectativas e aos interesses das crianças. A leitura é vista como

uma função chata por parte de crianças e adolescente, isso acontece porque o livro não

corresponde aos seus interesses, por isso, ler não deve restringir-se a análise obrigatória de

textos, mas a uma atividade prazerosa.

Nem sempre é fácil motivar para a leitura nos dias de hoje, porque, por um lado, os

pais, na maioria, não se interessam por este hábito, por outro, a sociedade oferece várias

outras ocupações, que dependem de bem menos esforço do que a leitura de um livro. Mas,

como nem sempre o mais fácil é melhor, enquanto o hábito da leitura desenvolve na criança a

formação da personalidade, a criatividade, e também o desenvolvimento de valores e do senso

crítico no indivíduo, as outras ocupações, como a televisão, não tem como objetivo

desenvolver a criticidade das pessoas, com raras exceções.

Diante do apresentado, é possível perceber que muitas crianças só têm acesso aos

livros na escola, partindo desse pressuposto, observa-se a importância desta instituição está

preparada para ajudar as crianças no desenvolvimento do hábito da leitura.

CONCLUSÃO

Desenvolver o hábito da leitura é uma prática que não se consegue alcançar com

algumas aulas de leitura, mas em um processo contínuo. Na atualidade, verifica-se que

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embora a leitura seja necessária às relações sociais, ela restringe-se, na maioria das vezes, às

funções comunicativas, ao intercâmbio social, sem levar em consideração a mediação

simbólica entre o indivíduo e o mundo real, fazendo com que o sujeito seja capaz de

compreender o mundo e agir para transformá-lo.

Tradicionalmente, a escola ensina a ler de uma forma mecânica, desmotivada, que não

leva o aluno a interagir com seu tempo, despertando nele o prazer pela leitura. Mas essa

prática precisa mudar, a leitura deve ser compreendida como um mecanismo de

aprendizagem, que permita a formação dos conceitos através das representações simbólicas,

desenvolvendo assim o senso crítico do aluno. Para tanto, é preciso que a leitura seja

trabalhada desde a primeira infância, considerando que nessa fase, a mesma deve ser

incrementada de maneira lúdica, com contação de histórias por exemplo. Só assim as crianças

poderão se tornar adultos apreciadores da leitura.

Apesar de muita coisa precisar melhorar com relação à leitura nas séries inicias, vale a

pena ressaltar que já existem muitas ações positivas neste sentido, como por exemplo os

projetos “Bebetecas”, que faz parte do trabalho desenvolvido pela ONG “Fundação Lar

Feliz”, em Juazeiro, cidade situada no Estado da Bahia, e “Leitura no Berçário”, esse projeto

é realizado em uma escola em Santos litoral de São Paulo. Ambos os projetos são exemplos

da importância da leitura ser trabalhada desde que a criança é bebê.

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