Tcc Jones Thiago Finalizado 25 10 2012
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Transcript of Tcc Jones Thiago Finalizado 25 10 2012
Jones Hudson Martins de Souza
Thiago Afonso Godinho Azevedo
CINEMA EM PARINTINS:UM DOCUMENTÁRIO SOBRE AS PRODUÇÕES DE CURTA-
METRAGEM DE UM E QUATRO MINUTOS
BANCA EXAMINADORA:
Professora Msc. Graciene Siqueira (Presidente)Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (ICSEZ) – Curso Comunicação Social
Professora Msc. Karliane Macedo Nunes (Membro)Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (ICSEZ) – Curso Comunicação Social
Professora Msc.Iury Carlos Bueno (Membro)Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (ICSEZ) – Curso Comunicação Social
PARINTINS - AM 2012
1
DEDICATÓRIA
Dedico esta conquista a minha mãe Ivaldete Martins, mulher de fibra que me concedeu a vida
e sempre me conduziu no caminho do amor e da justiça.
À meus irmãos Joelvis Martins e Ilçara Martins , pelo apoio e força em todos os momentos de
minha vida.
À meu pai João Júlio, por ter sempre me mostrado os dois lados da vida e ter me dado
discernimento para saber o caminho certo a trilhar meus sonhos.
E à meu grande irmão de trabalho Clemilton Santarém, por compreender minhas ausências no
trabalho por conta dos meus estudos.
Jones Hudson
2
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha genitora Maria do Carmo Ferreira Godinho, mulher que me
guiou pelo caminho da hombridade e do respeito.
À minha filha Maria Laura dos Santos Godinho, ainda pequena peça deste mundo, mas que
preencheu o meu coração com alegria e esperança.
À meus avós paternos Luis Coelho e Dulcira, e maternos Joel e Guiomar Godinho.
E à minha família, irmãos e amigos que foram presença constante nas horas de alegria e
tristeza.
Thiago Godinho
3
AGRADECIMENTOS
Antes de qualquer coisa, agradeço a Deus todo poderoso que sem Ele nada disso seria
possível. Aos colegas de curso que nos acompanharam ao longo dessa viagem pelo mundo
das noticias nesses últimos quatro anos de muito estudo e descobertas. Aos professores que
dedicaram seus esforços para nos repassar conhecimento não só acadêmico, mas também de
vida. Em especial aos professores Profº. Msc Audirene Cordeiro, Profº. Dr Heriberto Catalão,
Profº. Msc Karliane Nunes, Profº. Msc Iury Bueno, Profº. Msc Lucas Milhomens pela atenção
dispensada a minha formação acadêmica. Em particular a Profº. Msc Graciene Siqueira pelas
horas de orientação e por estar sempre solidaria com nossas dificuldades e progressos ao
longo deste projeto. Ao meu amigo de TCC Thiago Godinho pela paciência e atenção ao
longo desse trabalho e durante o período que passamos na universidade. Aos amigos da
Parintins Vídeo na pessoa do companheiro Emanoel Cardoso pelo empenho de nos ajudar a
concretizar este produto. E principalmente a meus familiares que sempre estiveram juntos de
mim nessa caminhada, em particular a minha genitora Ivaldete Martins pelos seus conselhos e
palavras de incentivo nos momentos difíceis dessa caminhada.
Jones Hudson
4
AGRADECIMENTOS
A Deus pela presença em todas os momentos. A meu pai Oris Batista de Azevedo, minha mãe
Maria do Carmo e meus seis irmãos Joelson Godinho, Regiane Godinho, Bernadeth Godinho,
Dulcimara Godinho, Oris Azevedo Jr. e Jhonathan Godinho por acreditarem que este sonho se
tornaria realidade. A Noelma Cidade dos Santos por me dar a felicidade chamada Maria
Laura, nossa filha. Aos meus colegas de faculdade que foram fieis guerreiros nessa batalha
dentro da universidade, em especial ao meu grande amigo e colega de TCC Jones Hudson,
Gai Amorin, Helen Bruce, Renata Larañaga, Evelyn Pessoa, Adana Lopes, Bryza Freire,
Rayanne Rocha, Sinei Leal, Suzan Monteverde, Ádria Barbosa, Regina Célia, Elenilson
Ramos e Mailson Costa pelas horas de diversão e estudo. Ao amigo Emanoel Cardoso, pelo
esforço em nos ajudar a concluir este produto. A todos que se dispuseram a nos ajudar na
construção desse documentário, agradeço de coração. E a todos os professores que me
agraciaram em compartilhar seus conhecimentos, da primeira professora que me ensinou a ler
e escrever até a orientadora deste trabalho Graciene Siqueira, que não mediu esforços em nos
oferecer orientação neste trabalho. Sem esquecer de todos os professores que deram início a
essa vitória, em especial: Profª. Msc. Audirene Cordeiro, Profº. Msc. Geraldo Magela, Profº.
Msc. Iury Bueno, Profª. Msc. Karliane Nunes, Profº. Msc. Alberto, Profª. Msc. Mônica Secco,
Profº. Msc. Adelson Fernando, Profª. Deise Rocha, Profº. Msc. Renan Albuquerque, Profª.
Msc. Soriany Neves, Profº. Dr. Rafael Bellan, Profº. Msc. Lucas Milhomens e ao atual diretor
do ICSEZ, Profº. Dr. Antonio Heriberto Catalão Jr.
Thiago Godinho
6
RESUMO
O estudo proposto teve como objetivo a produção de um vídeo-documentário sobre a
produção de filmes de um e quatro minutos em Parintins. Trata-se de um recorte do cinema
produzido em Parintins e busca contribuir para a preservação e registro dessa arte, sem a
pretensão de esgotar o assunto. Na realização do trabalho construiu-se primeiramente um
referencial teórico sobre a produção cinematográfica em Manaus e Parintins e sobre o filme
documentário. Em seguida, apresentamos a metodologia utilizada na realização do
documentário, como seleção de entrevistados, a construção do discurso narrativo do vídeo,
filmagens e edição. A seguir, procedemos à descrição do produto, refletindo sobre o processo
de construção do mesmo.
Palavras-chave: Cinema. Cinema em Parintins. Documentário.
7
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1: Realizadores e produções.....................................................................12
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.........................................................................................................12
CAPÍTULO I
REFERENCIAL TEORICO
1.1 Cinema em Manaus............................................................................................141.2 Cinema em Parintins...........................................................................................221.3 Documentário: conceitos....................................................................................281.4 O surgimento do Cinema Documental...............................................................321.5 Os Tipos de Documentários...............................................................................331.6 Os documentários Clássicos e Contemporâneos................................................33
CAPÍTULO II
PERCURSO METODOLÓGICO
2.1 1 O Formato........................................................................................................382.2 Pesquisa Bibliográfica........................................................................................402.3 Procedimento de Coleta......................................................................................41
CAPÍTULO III
ETAPAS DA PRODUÇÃO
3.1 Pré-produção.......................................................................................................573.2 Produção.............................................................................................................583.3 Pós-produção......................................................................................................613.4 Estrutura do documentário..................................................................................633.5 Resultados Obtidos.............................................................................................65
APÊNDICE................................................................................................................71
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................71
REFERÊNCIAS........................................................................................................74
9
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos Parintins tem se destacado no cenário regional com a produção de
filmes de um e quatro minutos, impulsionado principalmente pelas novas tecnologias, no caso
o vídeo digital, que permitiu o barateamento na produção de filmes. Soma-se a isso,
iniciativas pontuais como a realização de oficinas em Parintins com objetivo de capacitar
tecnicamente aqueles que queriam fazer filmes e a criação de festivais de um e quatro minutos
em Manaus, que reúne até hoje filmes de várias cidades do interior do Estado.
Porém, até então, o registro dessa produção cinematográfica no município se
encontrava disperso, ainda que exista uma entidade representativa dos realizadores, no caso a
Associação Parintinense de Cinema (Apincine) e pessoas que produzam com frequência há
pelo menos oito anos. Esse cenário foi o que impulsionou a proposta do vídeo-documentário
“Cinema em Parintins: um documentário sobre as produções de curta- metragem de um
e quatro minutos”, que tem como objetivo resgatar e registrar em vídeo a história da
produção em cinema em Parintins. Pretende-se ainda com o documentário refletir sobre as
dificuldades dos cineastas locais na produção de curtas e discutir sobre as perspectivas para o
cinema parintinense.
Ressaltamos que este documentário é apenas um recorte do que é o cinema
produzido no município, mas que se constitui como o primeiro trabalho no campo audiovisual
a abordar a história das produções de filmes de curta metragem em Parintins.
Para melhor compreensão do processo de criação do documentário, o relatório se
apresenta dividido em três capítulos: o primeiro consiste numa reflexão teórica sobre o
cinema em Parintins, resgatando um pouco da história do cinema em Manaus e como a capital
foi importante em impulsionar a produção na ilha Tupinambarana e a conceituação sobre o
que é documentário e sua tipificação.
No segundo capítulo, apresentamos a metodologia utilizada na construção do
documentário, justificando a escolha do formato e os procedimentos para a realização do
mesmo.
Por fim, no terceiro capítulo, fazemos uma descrição do produto, identificando cada
uma das etapas que foram importantes para a concretização da ideia.
Esperamos, assim, que este trabalho, fruto de uma pesquisa acadêmica, sirva como
objeto de consulta, tanto na universidade quanto na sociedade em geral, para os que desejam
conhecer sobre a produção de filmes de um e quatro minutos em Parintins.
10
CAPÍTULO I
REFERENCIAL TEÓRICO
1.1 Cinema em Manaus
Os primeiros filmes realizados no Amazonas são de 1907 e consistiam no registro de
eventos religiosos, sociais, de pontos turísticos, entre outros. Depois, ainda na década de 1910
e início de 1920, a produção de filmes terá como objetivo apresentar o Amazonas e suas
potencialidades, servindo como cartão postal do Estado. É nesse cenário que surge o cineasta
Silvino Santos, fotógrafo português que se apaixona pelo rio Amazonas, e será contratado
para realizar documentários sobre o Amazonas pela primeira produtora de cinema no
Amazonas, a Amazônia Cine-Film.
Posteriormente, com o fechamento da produtora, Silvino será contratado por um dos
mais importantes empresários da borracha no Amazonas, Joaquim Gonçalves de Araújo,
conhecido como J.G. Araújo. Sua primeira tarefa para o empresário será a realização do filme
“Paiz das Amazonas”, especialmente para ser exibido durante as comemorações do
Centenário da Independência no Rio de Janeiro, em 1922. No total, Silvino produziu “nove
longa-metragens, 57 documentários e uma série de 26 filmes cujo tema é o cotidiano da
família Araújo” (LOBO; SELDA, 1987 apud SIQUEIRA, 2011).
Ao deixar de realizar filmes, Silvino tornou-se o cinegrafista da família de J.G.
Araújo e o cinema amazonense viveu um período sem produções. É na década de 1960, com a
criação do Grupo de Estudos Cinematográficos (GEC) que Manaus retoma suas produções.
Do GEC surgem os primeiros pesquisadores sobre o cinema amazonense, Narciso Lobo e
Selda da Costa, e uma nova safra de realizadores. Mas os altos custos de produção (os filmes
eram feitos em sua maioria em película) limitou a produção, com alguns cineastas
experimentando suportes como o Super8 e o vídeo analógico.
É a partir do ano de 2000 que o Amazonas vivencia sua melhor fase na produção de
filmes, impulsionado pelo surgimento de câmeras digitais, o que barateou todo o processo de
realização cinematográfica. Uma figura importante nesse cenário será o cineasta Junior
Rodrigues que cria projeto com intuito de oportunizar a produção cinematográfica a jovens.
Ele vai realizar oficinas durante as quais os participantes têm a experiência de produzir um
11
filme, desde a escrita do roteiro, passando pela filmagem e edição, com equipamentos cedidos
pelo próprio Júnior.
A partir de 2001, Júnior Rodrigues expande as oficinas, até então realizadas em
Manaus, para o interior. O primeiro município a receber a oficina é o município de Barcelos,
no alto Amazonas, seguido de cidades como Coari, no médio Amazonas, e Maués, no baixo
Amazonas, até chegar, em 2004, a Parintins, distante 365 quilômetros de Manaus.
1.2 Cinema em Parintins
A breve história do cinema em Parintins a seguir foi construída a partir da narrativa
dos entrevistados para este documentário uma vez que, como destacamos anteriormente, não
havia até então um registro formal da produção cinematográfica em Parintins.
No município, Júnior Rodrigues se depara com um grupo de artistas que na época
trabalhava nos bois Garantido e Caprichoso, além de pessoas ligadas ao Centro de Estudos
Superiores de Parintins (Cesp/UEA) com os quais planeja o andamento do projeto de difusão
do cinema no interior.
A partir das oficinas realizadas, algumas dessas pessoas, como Ray Santos, Concy
Rodrigues, Armando Queiroz, Kelly Sobral, Doug Henrique, entre outros, vão iniciar um
ciclo de produção de filmes de um e quatro minutos que se estende até hoje. Durante pesquisa
para este trabalho, foi consenso entre os realizadores que o primeiro curta produzido em
Parintins é “O lamento” de Ray Santos, em 2004, de apenas um minuto. Em 1992, Ray
Santos, em parceria do amigo Reginaldo Santos, havia tentando produzir um filme, “Boto, a
lenda”, mas por dificuldades financeiras e o desgaste nas gravações o filme acabou não sendo
concluído.
A criação dos festivais de Um e Quatro minutos – a partir de 2002 para abarcar as
produções surgidas nas oficinas de cinema – também vai impulsionar o cinema nas cidades do
interior, entre elas Parintins, com produções dessas localidades concorrendo e, em alguns
anos, ganhando prêmios de melhor filme nos festivais Um Minuto e Curta 4 (para filmes de
quatro minutos).
Júnior Rodrigues retorna a Parintins para realizar novas oficinas em 2006, ano que
vai marcar um aumento de produções de filmes em Parintins, como “Vítimas carentes”, de
Doug Henrique, “Moeda nacional”, de Armando Queiroz, “A doutora”, de Harald Dinelli, e
“Pânico no vilarejo”, de Concy Rodrigues (sendo que ela não participou da oficina).
Outro fator importante para a solidificação do cinema no município é a criação da
Associação Parintinense de Cinema (Apincine) em 23 de novembro de 2007, com cerca de 60
12
associados. Dentre os objetivos da entidade está à promoção e execução de atividades e
eventos cinematográficos audiovisuais e teatrais e o aperfeiçoamento dos associados, através
de intercâmbios, cursos, debates, mostras e festivais de cinema.
O primeiro festival de cinema em Parintins ocorreu ano passado, em 23 de julho de
2011, o I Parintins Cine Fest. O evento reuniu, pela primeira vez, realizadores de cinema do
município. Antes, porém, seguindo modelo estabelecido por Júnior Rodrigues, foram
promovidas oficinas de produção de roteiro e atuação, com o empréstimo de equipamentos,
para incentivar e possibilitar que a comunidade em geral pudesse produzir seus filmes.
Além dos cineastas oriundos das oficinas realizadas por Júnior Rodrigues e de outros
ligados a movimentos artísticos no município, o Parintins Cine Fest agregou ainda filmes
produzidos na Ufam, em 2011, na disciplina Produção Cinematográfica: “Rai Vai”, “Sonhos
de Curumim” e “Alegoria da Preguiça”, que foi o primeiro filme do interior do estado a ser
selecionado para o Amazonas Film Festival, evento cinematográfico internacional realizado
anualmente em Manaus. Na edição de 2012, são dois filmes de alunos do curso de
Comunicação Social da Ufam, que representam Parintins no festival.
Percebe-se assim uma diversidade na produção em cinema em Parintins, agora
também incentivada pela Ufam, e que está ligada às atividades de ensino, pesquisa e extensão.
Porém, lembrando que o objetivo deste trabalho é resgatar a história da produção de filmes de
um e quatro minutos a partir dos primeiros realizadores, optamos por registrar a contribuição
da Ufam apenas no relatório.
1.3 Documentário: conceitos
Da-Rin (2006) explica que o documentário é um campo aberto e amarrá-lo a um
determinado conjunto de palavras ou ações não é oportuno. Haverá sempre novos filmes, com
novas ferramentas e ideias que fugirão dessas amarras. Ainda assim, “[...] Para alguns, é o
filme que aborda a realidade. Para outros, é o que lida com a verdade [...]” (p. 15), dentre
outras tentativas de definição.
Para Ramos (2008), “[...] documentário é uma narrativa com imagens-câmera que
estabelece asserções sobre o mundo, na medida em que haja um espectador que receba essa
narrativa como asserção sobre o mundo” (RAMOS, 2008, p.22). Ou seja, o documentário é
uma afirmação (asserção) da realidade do mundo e atua como “espelho” da realidade que se
propõe a representar, dando voz a personagens do mundo real, e se assim for entendido pelos
que compõe essa sociedade, essa forma de narrativa (documental) passa a existir como
representação da realidade.
13
Nichols (2005) diz que uma definição para o que é documentário é sempre relativa
ou comparativa, já que “[...] os documentários não adotam um conjunto fixo de técnicas, não
tratam de apenas um conjunto de questões, não apresentam um conjunto de formas ou estilos”
(NICHOLS, 2005, p.48). Para o autor, o documentário define-se pelo contraste com filme de
ficção ou filme experimental e de vanguarda.
1.4 O surgimento do Cinema Documental
O cinema surgiu no século XIX com a invenção dos irmãos Lumière, o
cinematógrafo1. À época, eles não imaginavam que a exibição de imagens em movimento,
designado como impressão de realidade, poderia se tornar o que entendemos na atualidade por
cinema. O cinema nesta época era visto como um mundo de fantasias que surgia na tela, já
que as imagens pareciam sair e vir em direção aos espectadores.
A representação da realidade através da narrativa ficcional aos poucos “[...] foi se
construindo e é provavelmente aos cineastas americanos que se deve a maior contribuição
para a formação desta linguagem cujas bases foram lançadas até mais ou menos 1915”
(BERNADET, 1985, p. 32).
O cinema documental, como argumenta Nichols (2005), não surgiu com um
inventor, nem como uma invenção, algo que tenha sido pensado para suprir uma necessidade.
A história do documentário não tem um começo propriamente especificado como o cinema de
ficção. É a partir de filmes já produzidos que se buscou obter um tracejado histórico dessa
narrativa a qual se denomina como documentário. Nichols coloca alguns pontos na história do
cinema que ele considera como fundamentais para o princípio dessa construção da história do
documentário, mas não os coloca como únicos ou irrefutáveis.
Os primeiros seriam os filmes produzidos por Louis Lumière: “A sensação
subjacente de fidelidade nos filmes de Louis Lumière, feitos no fim do século XIX (...),
parece estar a apenas um pequeno passo do documentário propriamente dito” (NICHOLS,
2005, p. 117). Nichols, ao dizer isto, referia-se ao estilo de como Lumière posicionava a
câmera e utilizava de cenários existentes no real, de maneira tão fidedigna que pareciam
espelhar a vida cotidiana. Características que seriam primordiais para a formatação de um dos
primeiros estilos de documentário que teve como principal influente o pesquisador inglês
John Grierson.
1 ? Equipamento do fim do séc. XIX, que constava de fotografia e de projeção, capaz de colher em rápida sequência uma
quantidade de imagens produzindo a sensação de movimento das cenas.
14
A Grierson, Nichols destina outra fundamental parcela para a construção de uma
história sobre o cinema documental. No final da década de 1920, John Grierson construiu uma
base institucional sólida, apoiado por outros cineastas que compartilhavam de suas idéias, e
“[...] impulsionou o patrocínio governamental da produção de documentários na Inglaterra
dos anos 30” (NICHOLS, 2005, p. 119). A partir de então, afirma Nichols, é que essa forma
de representação da realidade que é o documentário passou a trilhar um caminho solo, e,
juntamente com as vanguardas da época, se iniciava um período de experimentação poética,
além de outras características como o desenvolvimento da voz narrativa e uma oratória que
falava do mundo histórico, e que são atributos do documentário clássico que discutiremos
mais à frente.
Para Nichols, essas experiências permitiram que a história do documentário pudesse
ter um caminho. Visto que “[...] a continuação dessa tradição de experimentação foi o que
permitiu que o documentário permanecesse como um gênero ativo e vigoroso” (NICHOLS,
2005, p. 117).
1.5 Os tipos de documentário
Alguns autores se debruçaram na tarefa de tipificar documentário. Vamos abordar
aqui como Nichols (2005) os classificou, por estabelecer uma abordagem mais sistemática e
compreensiva. Ramos (2008) também fez esse trabalho de tipificar o documentário e utiliza
uma linguagem técnica voltada ao posicionamento do sujeito-da-câmera na tomada. Todavia,
a escolha por Nichols se dá pela abordagem histórica aplicada de uma forma mais
esclarecedora que Ramos.
Nichols (2005) elencou os tipos de documentário baseado na observação de
características recorrentes em documentários já produzidos e, na forma que todo
documentário tem uma “voz” distinta. Assim “no vídeo e no filme documentário, podemos
identificar seis modos de representação que funcionam como subgêneros do gênero
documentário propriamente dito: poético, expositivo, participativo, observativo, reflexivo e
performático” (NICHOLS, p. 135). Ele os apresenta numa ordem cronológica na forma de
uma imperfeita historia do documentário: “Até certo ponto, cada modo de representação
documental surge, em parte, da crescente insatisfação dos cineastas com um modo prévio.
Assim, os modos realmente transmitem uma certa sensação de história do documentário”
(Ibid., p. 136).
O modo poético (anos 1920) é o qual se utiliza o mundo histórico como matéria
prima para dar “[...] integridade formal e estética peculiar ao filme”. (NICHOLS: 2005, 141).
15
Em volta do modernismo da época, era uma forma de mostrar o mundo da maneira como é
visto pelo cineasta, numa configuração onde todos os objetos em cena fazem parte do filme
em igualdade de valores, assim o essencial do filme era mais a estética da linguagem do que
propriamente algum (ns) personagem (ns), por conseguinte possui o elemento retórico pouco
desenvolvido.
No modo expositivo (anos 1920), a perspectiva do filme é dada pelo comentário
feito em voz ‘off’ e as imagens limitam-se a confirmar a argumentação narrada. Neste modo o
cineasta expunha o conteúdo do filme praticamente sem deixar o espectador tirar suas
próprias conclusões, já que o uso da “voz de Deus” e as imagens como comprovação do que
se enuncia praticamente traziam as conclusões do propositor.
O modo participativo (anos 60) é onde o cineasta ‘se coloca’ dentro do
documentário, e seu ponto de vista fica mais evidente. O tema a ser tratado pelo filme é
pesquisado profundamente e o cineasta interage diretamente com as personagens e com o
ambiente do documentário. Nichols explicita: “O documentário participativo dá-nos a idéia do
que é, para o cineasta, estar numa determinada situação e como aquela situação
consequentemente se altera” (Ibid.,p. 153). A entrevista proporciona “(...) uma das formas
mais comuns de encontro entre cineasta e tema” (Ibid., p. 159), e é um dos principais pontos
desse modo.
No modo observativo (anos 1960), o cineasta busca captar os acontecimentos sem
interferir no seu processo, possibilitando que o público tire as sua próprias conclusões,
limando algumas das principais características dos modos anteriores: “Todas as formas de
controle que um cineasta poético ou expositivo poderia exercer na encenação, no arranjo ou
na composição de uma cena foram sacrificadas à observação espontânea da experiência
vivida” (Ibid., p. 146). Essa naturalidade nas filmagens e na montagem do filme rendeu traços
marcantes como ausência de “(...) comentário com voz-over, sem música ou efeitos sonoros
complementares, sem legendas, sem reconstituições históricas, sem situações repetidas para a
câmera e até sem entrevistas” (Ibid., p. 147).
O modo reflexivo (anos 1980) propõe um questionamento acerca das
responsabilidades e consequências da produção do documentário para cineastas, atores sociais
e o público. De forma diferente do modo participativo, este tipo de documentário busca
aproximar cineasta e espectador “(...) falando não só do mundo histórico como também dos
problemas e questões da representação” (Ibid, p. 162). É onde o elemento retórico encontra-se
mais desenvolvido permitindo ao espectador refletir a cerca da construção da estética do filme
e do tema em questão: “(...) o documentário reflexivo estimula no espectador uma forma mais
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elevada de consciência a respeito de sua relação com o documentário e aquilo que ele
representa” (Ibid., p. 166).
O modo performático (anos 1980) argumenta Nichols, “(...) sublinha a
complexidade de nosso conhecimento do mundo ao enfatizar suas dimensões subjetivas e
afetivas” (Ibid, p. 169). Esse tipo de documentário estimula a sensibilidade do espectador
“(...) por intermédio da carga afetiva aplicada ao filme e que o cineasta procura tornar nossa”
(Ibid., p. 171).
Cada tipo de documentário apontado por Nichols possui suas especificidades, “elas
dão estrutura ao todo do filme, mas não ditam ou determinam todos os aspectos de sua
organização. Resta uma considerável margem de liberdade” (Ibid., p. 136).
1.6 O documentário clássico e o contemporâneo
Dois momentos foram importantes para o surgimento do filme documentário como
representação social: primeiro o documentário clássico proposto por John Grierson, na década
de 1930 e 1940; e o segundo por ocasião do surgimento de novos equipamentos de filmagens,
a partir de 1950, com o documentário novo.
Principal difusor do documentário clássico, Grierson acreditava que se não houvesse
atores nativos ou cenários naturais não se tinha um documentário: “nós acreditamos que o ator
original (ou nativo), e a cena original (ou natural) são os melhores guias para uma
interpretação cinematográfica do mundo moderno” (Da-Rin apud Grierson [first principles of
documentary, em Hardy, 1946:79]). Esses traços citados por Grierson, Nichols classificou
como documentário expositivo. E dentre os principais aspectos do modo expositivo está o uso
de voz over e imagens que ilustram ou contrapõem o que é enunciado.
No começo da década de 1950, de acordo com Ramos (2008), Grierson e suas ideias
de documentário clássico perderam espaço para um novo tipo de documentário qualificado
como documentário direto/verdade. “No primeiro momento do cinema direto, acredita-se
numa posição ética centrada no recuo do cineasta em seu corpo-a-corpo com o mundo” (p.
269). O principio do documentário novo se encaixa no conceito que Nichols chamou de modo
observativo. Ou seja, tratava-se de não interferir e evitar o uso de comentários, músicas ou
entrevistas.
Mais tarde, na década de 1960, o francês Jean Rouch traz para o primeiro plano a
entrevista e o depoimento no documentário “crônica de um verão” (1960/61). A partir deste
momento, afirma Ramos (2008), cria-se um novo estilo de abordagem para os documentários:
“Ao documentário com estilo participativo no embate com o mundo na tomada, utilizando
17
entrevistas e com ação direta do cineasta, deu-se o nome de “cinema verdade” (p. 270). O
modo participativo, como já explicitado por Nichols, abarca um estilo mais ativo do cineasta
dentro do filme, onde este participa mais profundamente do contexto histórico da produção,
colocando-se em contato direto com as personagens e o ambiente.
Estes pontos na história do documentário foram fundamentais para a concepção do
entender que o documentário é um campo que não se esgota em um conceito qualitativo
(RAMOS, 2008), e que dessa forma, os novos cineastas poderiam agregar novas concepções
como o cinema direto/verdade. Assim, coloca Ramos, “(...) o documentário contemporâneo
possui uma linha evolutiva que permite enxergar a totalidade de uma tradição” (p. 21), mas
que sofreu desvios durante esse percurso.
Percebemos assim uma diversidade de modelos documentais propostos
especialmente quanto à reflexão que se pretende com o objeto de estudo. Por outro lado,
compreendemos que os elementos básicos do documentário, como a narração em off,
entrevistas, uso de imagens de arquivo (fotos e vídeos) vão estar presentes em sua maioria no
filme documental, sendo que a ausência de um ou mais elementos não compromete o
documentário como registro.
Quanto às definições de documentários clássico e moderno percebe-se que elementos
de um está presente no outro o que nos leva à conclusão que não é possível criar um modelo
único de documentário, mas sim estarmos cientes de que há uma variedade de componentes
que devem ser usados de acordo com a proposta do documentário.
A seguir, apresentamos o percurso na elaboração do documentário e que levou em
consideração as reflexões sobre cinema em Parintins e sobre o que é documentário feitas
anteriormente.
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CAPÍTULO II
PERCURSO METODOLÓGICO
2.1 O Formato
Optamos pelo formato documentário por entendermos que o mesmo proporciona
uma abordagem diferenciada do tema e agrega diversos elementos que possibilitam uma
construção mais detalhada do mundo que queremos mostrar através do audiovisual (RAMOS,
2008), em comparação à reportagem, por exemplo.
A reportagem é uma narrativa que enuncia asserções sobre o mundo, mas que,
diferentemente do documentário, é veiculada dentro de um programa televisivo que
chamamos telejornal, como explicita Ramos (2008). Assim, o documentário nos possibilita
um espaço mais denso para a expressão da composição autoral e a utilização de recursos que
consideramos importantes, como a liberdade de expor nosso ponto de vista
independentemente de visões ideológicas ou normas de um veículo de comunicação.
Destacamos ainda que não nos preocupamos em classificar o documentário como
sendo para TV ou cinema, pois entendemos que o formato proposto atende aos dois meios,
podendo o produto ser veiculado em uma TV aberta, cabendo a essa a divisão por blocos para
inserção de comercial, como também em festivais de cinema, na categoria documentário.
2.2 Pesquisa bibliográfica
Na primeira etapa de construção do documentário fizemos a pesquisa bibliográfica
sobre o tema, onde foi necessário realizar um levantamento de conteúdo sobre cinema em
Manaus e cinema documentário. Lakatos e Marconi (2008) afirmam que a pesquisa
bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em
relação ao tema de estudo, e tem por finalidade possibilitar que o pesquisador possa estar em
contato com tudo que já foi falado, escrito ou filmado sobre o que esta sendo pesquisado.
Para tratarmos da produção de filmes de um e quatro minutos em Parintins
utilizamos de pesquisa de campo, de entrevistas e de leitura de pesquisas sobre a produção de
filmes em Manaus, pois assim como Parintins, Manaus ainda está construindo o registro de
sua produção cinematográfica contemporânea. No aprofundamento do que é documentário,
dois autores foram centrais: Fernão Pessoa Ramos (2008) e Bill Nichols ( 2005).
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2.3 Procedimento de coleta
O passo seguinte foi realizar a pesquisa de campo a fim de identificarmos o cenário
cinematográfico de Parintins, com informações sobre quando iniciaram as produções de
curtas no município e como se encontram atualmente. Neste ponto, coletamos os dados
especialmente junto aos realizadores de cinema na cidade e junto à Associação Parintinense
de Cinema (Apincine). Na pré-entrevista foram ouvidas 10 pessoas, mas ao final, foram
selecionados seis pessoas.
Utilizamos como critério para a escolha dos entrevistados para o documentário a
regularidade na produção, participação no início das produções em 2004, participação direta
junto à Associação Parintinense de Cinema (Apincine), e que foram destaques nos festivais de
um e quatro minutos em Manaus. Portanto, trabalhamos com estes seis realizadores por
entender que representam a parte do universo de cineasta que melhor correspondeu ao nosso
objetivo.
QUADRO 1: Realizadores e produçõesCineasta Total de filmes produzidos Filmes citados por eles no documentário
Ray Santos 3 (três) “O Lamento” (2004) 1’
Concy Rodrigues 7 (sete) “Pânico no vilarejo” (2006) 4’
Doug Henrique 6 (seis) “O Ultimo sem terra” (2007) 4’, “Pesadelo
da Paixão” (2009) 4’ e “O capitalista
preguiçoso” (2009) 1’
Armando Queiroz 5 (cinco) “Moeda nacional” (2006) 4’ e “Coração de
anjo” (2008) 4’
Harald Dinelli 2 (dois) “A doutora” (2006) 1’ e “Ciclo mortal”
(2007)
*Kelly Sobral 6 (seis) “Não tem como escapar” (2007) 1’
Fonte: Pesquisa feita para o TCC *Não cita nenhum de seus filmes no documentário, mas vale o registro de sua primeira produção.
Feita a pré-entrevista, o próximo passo foi elaborar um questionário com perguntas
que evidenciassem o ponto de vista de cada um dos personagens sobre a produção de curtas
em Parintins.
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CAPÍTULO III
DESCRIÇÃO DO PRODUTO
3.1 Pré-produção
A etapa consistiu na pesquisa de campo para seleção dos entrevistados, coleta de
imagens de apoio de filmes dos realizadores selecionados e até mesmo para reconstituição da
história do cinema em Parintins, uma vez que os dados, como destacado anteriormente,
encontravam-se dispersos. Nessa fase, buscamos a Associação Parintinense de Cinema
(Apincine) que serviu como guia na identificação dos realizadores e o contato com os
mesmos. Antes, porém, da gravação final, tivemos uma conversa informal com dez cineastas,
fechando o grupo com seis pessoas. Essa conversa inicial serviu ainda para elaboração das
perguntas que norteariam o discurso narrativo do documentário.
Ainda nessa fase iniciamos a elaboração do relatório na construção do referencial
teórico e metodologia. No entanto, os tópicos sobre cinema em Parintins e a descrição do
produto só foram possíveis com o término das entrevistas, pois, precisamos recolher as
informações sobre cinema em Parintins da fala dos cineastas.
3.2 Produção
Nessa etapa foram feitas as entrevistas com os seis realizadores já selecionados com
o objetivo de saber como iniciaram sua trajetória na produção de filmes em Parintins, bem
como as vantagens e as dificuldades enfrentadas na realização dos mesmos e o que pensam
sobre o futuro dessa arte no município.
Logo após, preparamos a abordagem estrutural do produto. Sendo assim, escolhemos
estruturá-lo em forma de narrativas que se alternam com as vozes das personagens sem a
interferência de narrador ou voz em off e, não obedecemos a uma linearidade nas aparições
dos personagens, elas foram inseridas de acordo com o discurso estruturado para a condução
do documentário.
Com o conteúdo de pesquisa em mãos, o passo seguinte foi à captação do material
audiovisual de cada personagem. Procuramos fazer as entrevistas em um local onde o
entrevistado ficasse em perfeita harmonia com o ambiente. Assim, a residência, o local de
trabalho ou locação do filme dos cineastas serviram de cenário para a entrevista.
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A captação de áudio e imagens do documentário foi feito com uma câmera CANON
T3I, que filma em Full-HD. Cada entrevista durou entre 40 e 50 minutos, aproximadamente,
totalizando um material bruto de imagens entorno de cinco horas.
3.3 Pós-Produção
A terceira etapa do processo de produção consistiu no levantamento e organização de
todo material gravado e selecionado na produção para serem decupados na linha de montagem
do projeto e no processo de finalização (videografismo e inserção de trilha de fundo). Esse
processo durou um mês e resultou em um documentário de 26 minutos, ultrapassando o tempo
que havíamos proposto que seria entre 15 e 20 minutos.
Utilizamos como material de apoio, trechos de filmes produzidos pelos entrevistados,
imagens do primeiro festival de cinema de Parintins (Cine Fest), das oficinas de produção de
roteiro e atuação realizadas pela Apincine e dos filmes produzidos no evento e imagens do
making of do filme Uayná (2009) do cineasta Junior Rodrigues, para ilustrarmos as falas a
respeito destes eventos inseridos no documentário. Lembrando que como se trata de um
documentário de resgate histórico, mas de formato audiovisual, priorizamos imagens de
arquivo em vídeo.
Em se tratando de imagens de apoio, um problema enfrentado foi à ausência de um
filme produzido por Harald Dinelli, que o mesmo cita na entrevista. Durante a fala dos
cineastas inserimos imagens de apoio de seus filmes, mas no caso dele percebeu-se que não
há uma cópia do curta “Ciclo Mortal” (2007) e acabamos por utilizar de fotografia da peça
teatral de Concy Rodrigues que inspirou a produção.
3.4 Estrutura do documentário
Optamos por uma divisão do documentário em tópicos, da mesma forma como
ocorreu durante as entrevistas quando foram feitas perguntas relacionadas a esses temas.
Abaixo destacamos cada um dos tópicos e as informações que buscamos abordar:
- Cena de abertura e apresentação do tema
O documentário Cinema em Parintins inicia com a apresentação de um making of de
uma cena idealizada pelos cineastas entrevistados nesse trabalho. Na cena são apresentados
alguns elementos que fazem parte do mundo cinematográfico. A gravação da cena foi
realizada na Praça da Catedral de Parintins, um dos símbolos da cidade.
Em seguida há uma transição que será utilizada em todas as passagens de um tópico
para outro no decorrer do documentário, a exceção do tópico sobre o cineasta Junior
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Rodrigues, onde é apresentado por imagens de apoio. Trata-se de um trabalho de
videografismo na forma de película onde passam trechos de algumas produções dos cineastas
entrevistados, além de conter as informações sobre o tema do documentário e o tópico a ser
abordado em cada passagem de tema.
- Os cineastas
Nesse bloco os entrevistados são apresentados, contam como foi o seu primeiro
contato com o cinema, o interesse na arte de produção cinematográfica, o que eles faziam
antes de produzirem filmes.
- Júnior Rodrigues
O segundo bloco apresenta o cineasta Júnior Rodrigues, principal incentivador da
produção de filmes de um e quatro minutos no interior do estado do Amazonas. As imagens
foram extraídas do making of do filme “Uayná” (2009), de Júnior Rodrigues. Na seqüência
alguns dos entrevistados falam da importância do cineasta no desenvolvimento do cinema de
curtas metragens em Parintins.
- Produções
Nessa etapa os entrevistados falam de algumas de suas produções. Enquanto cada um
comenta um pouco o filme, trechos de sua obra aparecem na tela. Ao final de cada
depoimento um recorte do filme é exibido na integra. Ressaltamos que as imagens dos filmes
foram gravadas em fitas mini-dv e as entrevistas do documentário estão em Full-HD (alta
qualidade), portanto não foi possível dispor os filmes em toda a extensão da tela, pois
teríamos uma perda de qualidade já que as imagens de mini-dv são inferiores das capitadas
no formato Full-HD.
- Dificuldades
No quarto tópico são abordados pelos cineastas os empecilhos na produção de
cinema local. Eles comentam que a falta de apoio tanto de iniciativas públicas como privadas
influenciam na pouca quantidade e qualidade das produções de filmes no município.
-Vantagens
Nesse ponto, os cineastas parintinenses falam das vantagens de se produzir numa
região que dispõe de diversas locações naturais reunidas em um só lugar, destacando as
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especificidades da Amazônia. Eles comentam ainda a importância do reconhecimento artístico
de seus filmes pelos parintinenses.
- Apincine
A ex-presidente da Apincine Concy Rodrigues e o atual presidente Harald Dinelly
falam de quando a entidade foi fundada e dos seus objetivos para o desenvolvimento do
cinema no município. O presidente comenta ainda de como a Apincine vem trabalhando para
conseguir recursos para realizar projetos para trabalhar com seus associados e sobre a
importância da associação.
- Cine Fest
Este tópico é sobre o primeiro festival de cinema de Parintins, o Cine Fest, que
ocorreu no dia 23 de julho de 2011. As imagens de apoio utilizadas são das oficinas de
atuação e produção de roteiros, realizadas nas semanas anteriores ao festival, bem como da
abertura da festa, das premiações e alguns dos filmes produzidos pelas oficinas.
- Perspectivas
Nesse ponto, os cineastas falam de seus projetos e aspirações para o futuro do
cinema em Parintins e manifestam o desejo de transformar as produções locais em referência
de cultura fílmica no cenário estadual e até mesmo em âmbito nacional. Enfatizam que o
mundo não conhece a Amazônia pela ótica de quem é da Amazônia e que isso precisa ser
apresentado pelo cinema produzido aqui em Parintins, por pessoas genuinamente da terra.
- Cena final e créditos
O documentário encerra com a sequência das cenas exibidas no início do vídeo, o ato
de produção de uma cena de um curta em frente à igreja da Catedral.
3.5 Resultados obtidos
No projeto de pesquisa traçamos como objetivo mostrar o cinema produzido em
Parintins, o que acreditamos ter alcançado. Algumas das propostas pensadas para o trabalho
se consolidaram e outras foram se modificando ao longo da realização do documentário,
como é comum nesse processo de construção.
Como primeiro objetivo específico, propomos fazer um levantamento das produções
de curta metragem até 2011 dos filmes produzidos em Parintins, o que, durante a pré-
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produção optamos por rever uma vez que demandaria um trabalho mais extenso do que
previsto inicialmente. Concentramos assim a fala dos entrevistados sobre o processo de
produção de cinema e não nas produções em si.
O segundo objetivo específico foi discutir as dificuldades na realização de filmes de
curta metragem em Parintins, e este foi obtido através das entrevistas tanto dos personagem
utilizados no documentário, como daqueles que contribuíram para a realização dos filmes,
como Júnior Rodrigues. Neste ponto percebemos que a ausência de cursos que aconteçam
regularmente voltados ao ensino da produção cinematográfica foi uma das principais citações
dos realizadores a respeito da qualidade técnica das produções, assim como a falta de
equipamentos de captação e edição de imagens e de recursos financeiros para produção. Por
outro lado, também identificamos as vantagens de se produzir em Parintins. O que os
cineastas mais destacaram foi o cenário natural da cidade.
No terceiro objetivo específico, o de identificar o papel da Apincine no incentivo à
produção cinematográfica, concluímos que a associação vem conseguindo cumprir alguns dos
principais objetivos que são promover e executar atividades e eventos cinematográficos
audiovisuais, como foi o I Parintins Cine Fest, e organizar oficinas e palestras com o tema
produção audiovisual. No entanto, a associação necessita de recursos financeiros e incentivos
por parte do governo municipal, que, na opinião dos próprios cineastas, pouco ajudou nesses
oito anos de produção de curtas na cidade.
Uma meta para o documentário era a entrevista com o cineasta Júnior Rodrigues, que
mora em Manaus. Mantivemos contato com ele e nos deslocamos para a capital para a
entrevista, porém, por problemas técnicos com a câmera, as imagens não puderam ser
utilizadas. Ao final, a saída que encontramos para ressaltar o papel de Júnior Rodrigues no
cinema parintinense foi satisfatória, uma vez que os personagens principais do documentário
são os próprios cineastas locais.
Por fim, apesar das dificuldades apontadas pelos realizadores, a maioria acredita que
este quadro de “abandono” da produção, especialmente por falta de incentivo do segmento
cultural, possa mudar. Um exemplo é o próprio contexto da produção atual, onde surgem
novos centros de produção como a própria universidade, a exemplo deste documentário e de
outros mais realizados no âmbito acadêmico.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante o processo de realização do documentário, passando pela elaboração do
projeto de pesquisa, finalização do produto e redação do relatório final, compreendemos e nos
envolvemos com a realidade enfrentada pelos produtores de cinema em Parintins. As
dificuldades por eles apontadas provocaram uma reflexão sobre o fato de que, com incentivos
financeiros e estímulos por meio de projetos e cursos, o cinema parintinense poderia ter
alcançado maior expressividade na produção de filmes nestes oito anos.
Muito é falado da Amazônia, de suas riquezas e de suas belezas naturais e Parintins
está inserida neste contexto, principalmente, pela maior manifestação de cultura a céu aberto
que ocorre uma vez por ano, o Festival Folclórico. No entanto, outras manifestações culturais
ficam à margem, como as quadrilhas juninas, as Pastorinhas, as Festas de Santos, entre outras.
Assim como aprendemos mais sobre o universo cinematográfico que nos rodeia, ao mesmo
tempo compreendemos que a cultura de um município não se fecha em círculo, onde apenas
uma manifestação representa a cultura de uma cidade.
Esperamos com este trabalho, que a sociedade parintinense e especialmente os
órgãos responsáveis pela difusão cultural no município percebam o cinema como expressão
cultural e criem políticas para que isso se concretize. Enquanto para alguns entrevistados o
cinema em Parintins é algo distante, outros acreditam e mostram por meio da produção de
filmes, mesmo em condições desfavoráveis, que é possível fazer cinema no interior.
Percebemos isso pelo alcance dos filmes produzidos em Parintins, que nos últimos anos têm
encontrado espaço em festivais na capital.
É nosso objetivo ainda, que os produtos resultantes deste trabalho (relatório e
documentário), sejam os primeiros passos de uma grande jornada de registro da história do
cinema no município de Parintins e possam servir de fonte para novas pesquisas sobre o tema.
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APÊNDICE
Questionário de perguntas aplicado aos entrevistados.
Começo
1. O que fazia antes da sua primeira produção de curta metragem?
2. Como foi a transição do teatro para o cinema? (Pra quem fez essa transição)
3. O que o motivou a migrar para o cinema?
4. Qual o seu primeiro produto curta-metragem?
5. Quantas e quais as suas produções?
6. Você já foi premiado (a) em festivais ou afins pelo reconhecimento do seu trabalho?
7. Fale sobre a influência e a importância do cineasta Junior Rodrigues.
Dificuldades e vantagens
8. Na sua opinião, o que falta para que o município tenha uma produção regular?
9. Quais as dificuldades de se produzir em Parintins?
10. E as vantagens?
11. Quais os temas mais recorrentes em seus filmes?
12. Você tem formação na área cinematográfica ou fez algum curso na área de
audiovisual?
13. Já recebeu apoio financeiro de alguma entidade (pública ou privada) na realização de
seus filmes? Se não, como bancou as produções?
14. Qual o custo de cada uma das suas produções (se ele disser que não recebeu apoio)?
15. Com que equipamentos realiza seus filmes? (próprios, emprestados, alugados etc...).
Apincine
16. Quando foi fundada e com que objetivos?
17. A Apincine tem cumprido os seus objetivos ?
18. O que você acha que a Apincine poderia fazer para estimular a produção
cinematográfica em Parintins?
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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COSTA, Selda do Vale da; LOBO, Narciso Júlio Freire. No rastro de Silvino Santos. Manaus: SCA/Edições Governo do Estado, 1987.
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JULLIER, Laurent; MARIE, Michel. Lendo as imagens do cinema. São Paulo: Editora Senac, 2009.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia cientifica. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2008.
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RAMOS, Fernão Pessoa. Mas afinal... o que é mesmo documentário? São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2008.
SIQUEIRA, Graciene Silva de. Vídeo digital: uma alternativa à produção cinematográfica em Manaus (AM) / Dissertação de mestrado, UFAM, 2011.
DA-RIN, Silvio. Espelho Partido. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2006.