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INTRODUÇÃO (Conceituação do lazer) Apostando na liberdade, restrita à livre escolha, Dumazedier (2004, p. 34) define lazer assim: Um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode se entregar de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou ainda para desenvolver sua formação desinteressada, sua participação voluntária ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais. (Prática do lazer) “a vivência de inúmeras práticas culturais, como o jogo, a brincadeira, a festa, o passeio, a viagem, o esporte e também as formas de arte (...) dentre várias outras possibilidades” (GOMES, 2003). (Importância do lazer) Maria Rosário de Fátima Viana (1999) “O lazer enquanto vivência lúdica, é capaz de provocar alterações de valores pessoais e sociais. Só através da satisfação pessoal é possível vivenciar experiências que se opõem à imobilidade e valorizam a identidade”.

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Lazer na terceira idade

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INTRODUÇÃO

(Conceituação do lazer)

Apostando na liberdade, restrita à livre escolha, Dumazedier (2004,

p. 34) define lazer assim:

Um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode se entregar de

livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se

ou ainda para desenvolver sua formação desinteressada, sua participação

voluntária ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se

das obrigações profissionais, familiares e sociais.

(Prática do lazer)

“a vivência de inúmeras práticas culturais, como o jogo, a brincadeira, a festa, o

passeio, a viagem, o esporte e também as formas de arte (...) dentre várias

outras possibilidades” (GOMES, 2003).

(Importância do lazer)

Maria Rosário de Fátima Viana (1999) “O lazer enquanto vivência lúdica, é

capaz de provocar alterações de valores pessoais e sociais. Só através da

satisfação pessoal é possível vivenciar experiências que se opõem à

imobilidade e valorizam a identidade”.

“o lazer é reparador das deteriorações físicas e nervosas provocadas pelas

tensões resultantes das obrigações cotidianas e, particularmente, do trabalho”

Dumazedier (2004, p. 34).

(Perspectiva 1: Lazer como uma atitude comportamental, disposição da

personalidade)

Gaelzer (1986) trabalha com a dimensão atitude. “Costuma-se pensar que

lazer e tempo livre são a mesma coisa, mas todo mundo pode ter tempo livre e

nem todos podem ter lazer. [...] o tempo livre é uma idéia de democracia

realizável. O lazer não é por todos realizável por tratar-se de uma atitude e não

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só de uma idéia. [...] lazer é a harmonia individual entre a atitude,

disponibilidade de si mesmo e o desenvolvimento integral” (p. 49).

o verdadeiro lazer é aquele que é produzido segundo interesses do indivíduo,

resultado de repouso, diversão, crescimento do relacionamento social, é

realizado no seu tempo livre, descomprometido de outros compromissos

(Salgado, 1982b, p. 61)

(Perspectiva 2: Lazer como “tempo livre” para escolher atividade desprendida

de compromissos)

Bacal (1988) trabalha com a variável tempo. Ela denomina “tempo necessário”

o tempo despendido para a execução das tarefas de trabalho; “tempo liberado”

o tempo de que o homem dispõe após o tempo necessário e “tempo livre”

como uma parcela do tempo liberado pressupondo a liberdade de escolha do

que fazer ou não fazer, compreendendo tanto o lazer como o ócio.

tempo de trabalho, tempo liberado e tempo livre, sendo este último

aquele que possibilita a real prática do lazer. [...] O tempo livre seria,

exatamente, o tempo que resta para ser utilizado em razão de quaisquer

interesses, menos daqueles aos quais o indivíduo, por sua função social, tem a

obrigatoriedade de atender.

(Sintese)

o lazer é o tempo e a ação autodestinadas às mais íntimas formas de

enriquecimento ou de satisfação pessoal, abordando-o não apenas na sua

dimensão compensatória ou complementar às atividades profissionais ou

obrigações sociais, mas, eminentemente, como uma necessidade das

sociedades modernas, dos indivíduos, relacionadas ao desenvolvimento de sua

personalidade; como espaço gerador de novos valores, sociabilidades,

convivência social e enriquecimento dos fenômenos culturais; como tempo de

livre escolha de atividades que proporciona felicidade, alegria, divertimento,

entretenimento; uma nova moral de boa vida ou de qualidade de vida

(Dumazedier).

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(Diferenciar lazer do ócio)

o lazer é lúdico, tem tempo certo, é realizado fora do trabalho, em tempo livre

ou tempo disponível, tem caráter desinteressado, seu objetivo primário é a

satisfação pessoal, ligada à qualidade das ocupações desenvolvidas, lazer não

é ócio. (BACHA; STREHLAU, 2010 Apud Marcellino,1990)

(Constituição)

Constituição Federal do Brasil conceder o lazer no Brasil como direito social e

nos artigos 6º e 217 parágrafos 3º “O Poder Público incentivará o lazer como

forma de promoção social”, o que se percebe na atualidade é um grande

descaso e falta de iniciativa desta esfera no que tange as políticas de lazer e

turismo seja para as crianças, jovens, adultos mas, principalmente, no que

tange a terceira idade.

O lazer é ainda um direito social, presente na Declaração Universal dos

Direitos Humanos e também no estatuto do idoso. O idoso “tem direito a um

lazer que o constitua, a atividades que o enriqueçam e que oportunizem a

organização da experiência cultural de seu tempo (...)” (BARRETO, 1997). Daí

a importância destas políticas “para resgatar a dignidade do idoso, reduzir os

problemas de solidão, quebrar os preconceitos e estereótipos que os indivíduos

tendem a internalizar. Trata-se de valorizar o cidadão de mais idade, criando

espaços para o lazer, mas também para o “treinamento do exercício da

cidadania” (...)”

(DEBERT, 1999).

(Crítica do laser como mero bem de consumo, mas como um direito

constitucional inalienável, que vá além de um meio de satisfação pessoal,

fetichista e individualista, mas como um bem comum que deve ser garantido a

todos)

Segundo Dumazedier (1994), o lazer tem como função importante a tentativa

de fazer com que o indivíduo se desligue temporariamente de suas obrigações.

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Assim houve pretensão que os sujeitos experimentassem essa sensação, na

tentativa de libertá-los de suas rotinas – obrigações, para expor seus

sentimentos e emoções.

CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO DO IDOSO E PROGRAMAS SOCIAIS PARA ESSE PÚBLICO

http://www.scielo.br/pdf/rsp/v39n5/26303.pdf

http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/viewFile/20802/

pdf

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento_ativo.pdf

http://www.revistas.usp.br/rto/article/viewFile/46383/50140

http://www.onu.org.br/a-onu-em-acao/a-onu-em-acao/a-onu-e-as-pessoas-

idosas/

Em um censo realizado no ano 2000, o Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística

(IBGE) concluiu que as pessoas viverão o maior período de suas vidas na

chamada terceira idade, e não mais como crianças, jovens ou adultas. A ONU

(Organização das Nações Unidas) prevê para o ano de 2050 um percentual

maior de idosos na população mundial do que de crianças abaixo de 14 anos.

O Brasil se encontra atualmente entre os dez países com maior volume de

população

idosa do mundo e, conforme as projeções estatísticas da Organização Mundial

da Saúde

(OMS), entre 1950 e 2025 sua população de idosos irá crescer

aproximadamente dezesseis vezes3. Ainda segundo dados da OMS, no nao de

2050 estaremos com mais de 1 bilhão e 500 mil idosos4.

Esta transição demográfica está promovendo grandes transformações e

impactos nos

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moldes atuais da sociedade. Algumas de suas conseqüências positivas,

segundo Antônio

Jordão Netto (1997), são “um aumento da vida pós-trabalho, que permite que

os aposentados possam desfrutar de forma mais extensa e intensa o seu

tempo livre” e “uma valorização do idoso e da fase determinada terceira idade,

um tempo no qual torna-se cada vez mais possível viver melhor do que no

passado e participar mais de atividades sociais e culturais”.

A PROBLEMÁTICA DA APOSENTADORIA E AS CLASSES SOCIAIS

Com o envelhecimento há a chegada de uma nova fase de vida, que mesmo se

considerando as diferenças socioculturais, são marcadas por preconceitos,

estigmas e desvalorização familiar e social, dado o decréscimo da vida

produtiva, ligada ao trabalho. Assim, os idosos se não tiverem uma aceitação

em relação à chegada da aposentadoria e problemas decorrentes da idade,

poderão viver uma fase de dificuldades de ordem física, social e psíquica

(PONT GEIS, 2003).

Ao tratar da fase da aposentadoria Bruhns (1997) cita como sendo uma faixa

etária desprivilegiada, por ter um decréscimo no salário, pelo fato dessa renda

para os aposentados, no Brasil, ser insuficiente para manter as famílias com o

mesmo nível/patamar que tinham quando em fase produtiva.

Assim, muitas pessoas ainda desempenham algum tipo de atividade que gere

renda por necessidade de sobrevivência (DUMAZEDIER, 1994).

Socialmente decorre do modo vigente, se valorizar a atividade produtiva –

trabalho, enquanto rendimento, geração de riquezas e lucro. Assim, segundo

Dumazedier (1994), muitos aposentados preferem ou necessitam continuar

trabalhando, como forma de se manterem financeiramente independentes.

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Quando não mais trabalham não sabem atribuir valor ao tempo-livre e ao que

nele podem vivenciar de positivo para as suas vidas.

Essa falta de aceitação se dá pelo fato da aposentadoria para a maior parte da

população brasileira ter se revelado insuficiente para prover necessidades

básicas dos idosos, não lhes dando a segurança suficiente para viverem de

forma mais estável.

Assim, as políticas públicas podem representar uma saída para sanar esse

déficit.

Bruhns (1997) cita como dificuldade ao acesso do lazer, pelas camadas

desfavorecidas, a necessidade de cumprir horas-extras no trabalho, preços

inacessíveis dos ingressos para apreciação de eventos de caráter cultural,

além de dependência de transportes coletivos e a longa distância do lar para os

centros de lazer.

(BACHA; STREHLAU, 2010 Apud Zaitune et al.,2007) conduziram pesquisa

para avaliar barreiras pessoais quanto às atividades físicas de lazer,

enfatizando que falta de dinheiro e cansaço seriam as variáveis mais

significativas e apresentariam proporção mais elevada em países com renda

mais baixa.

Marcellino (1990) destaca as contradições encontradas com relação ao tempo,

considerando a existência do tempo disponível em função de um tempo fixo

obrigatório – tempo de trabalho –, que recorta as demais ações do indivíduo.

No Brasil, para o autor, o acesso e usufruto de lazer por parte dos que se

encontram nos níveis inferiores da pirâmide social é uma das problemáticas

sociais fundamentais da sociedade moderna.

Aquino (2005, p. 2)

Acessível – enquanto mercadoria consumível – na esfera da circulação

mercantil e tendo como pressuposto o assalariamento, no lazer todos são

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iguais – ilusoriamente iguais – enquanto consumidores, e enquanto tais já não

se reconhecem com o que são em sua vida real. O lazer, assim, é a inversão

da vida; a vida de um mundo investido. Situado na aparência do sistema, na

esfera das trocas iguais, o lazer compõe a “autonomização da aparência”.

Todavia, como destaca Heller (1986, p. 58), no:

[...] universo da manipulação das necessidades, a liberdade

individual é só aparente: a particular elege os objetos de suas necessidades e

plasma essas necessidades individuais não em conformidade com sua

personalidade, mas, sobretudo, em conformidade com o lugar que ocupa na

divisão do trabalho [...] dado que o fim não é o desenvolvimento múltiplo do

indivíduo, o particular se converte em escravo desse conjunto de

necessidades.

A manipulação do “tempo livre” mediante indução comportamental,

planejamento externo da vida e das atividades consideradas legítimas para a

idade, entre elas o lazer, culpabiliza os idosos que não têm motivação e

dinheiro para adotar esse novo estilo de vida ativo, participativo e produtivo,

assim como os auto-responsabiliza pelo controle dos efeitos do envelhecimento

e por seu bem-estar físico e emocional (SOLANGE).

são estratégias que engendram associativismos e consciência social

aclassistas, de solidariedade entre capital e trabalho, de trabalhos voluntários,

comunitários, que legitimam “novas” formas de trato das refrações da questão

social, no campo da ajuda, e não do Estado e dos direitos, mantendo, num

âmbito inquestionável, o fundamento das desigualdades sociais, a sociedade

do trabalho abstrato, aviltante, alienado e assalariado.

A mistificação da escolha individual cristalizada no consumo material ou

simbólico e direcionada ao extremo do individualismo e auto-satisfação acaba

ofuscando os problemas das desigualdades entre as classes sociais que

limitam o acesso aos recursos e a disponibilidade de tempo livre diante

distribuição assimétrica da divisão social do trabalho, marcada fortemente pelo

pratonato e monopólio de riquezas.

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Portanto resalta-se a importância de tratar a ideia do lazer na terceira idade,

assim como para a criança, o adolescente, o jovem e o adulto, como uma

necessidade social para além de qualquer bem de consumo, entretanto como

um direito que deve ser garantido pelas políticas públicas e como uma questão

de saúde, inclusão e qualidade de vida.

O LAZER E O IDOSO: POR POLÍTICAS PÚBLICAS QUE PROPICIEM A ACESSO AMPLO E GRATUITO AO LAZER PARA A TERCEIRA IDADE

A reconstrução da imagem do idoso como forma de reintegração social e

combate ao preconceito

Como destaca Dumazedier (2004), a atitude ativa implica, ao menos

periodicamente, uma participação consciente e voluntária na vida social e

cultural, opondo-se ao isolamento e ao recolhimento social, à “anomia”, que

são tomados como a problemática que atinge a velhice, genericamente, para a

qual o lazer e a educação permanente são apontados como o modo mais

eficiente e barato de enfrentamento.

(SESC)

http://www.sescalagoas.com.br/assistencia/trabalho_social_com_idoso/

O Trabalho Social com Idosos – TSI tem como referência o Módulo Político da

atividade Trabalho com Grupos, proposto pelo DN – Departamento Nacional do

SESC, cujo objetivo é oferecer atividades que promovam o envelhecimento

ativo em todas as suas dimensões, seguindo as diretrizes voltadas para o

estímulo às relações intergeracionais, ao envelhecimento ativo, ao

protagonismo do idoso e tendo a gerontologia como tema transversal.

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O SESC Alagoas desenvolve desde 1984 o Trabalho Social com Idosos

através de ações voltadas a esse segmento. As atividades desenvolvidas

consideram os interesses do grupo, o reconhecimento de seus direitos

enquanto cidadãos, estimulando a reflexão sobre as possibilidades de

construção de novos papéis sociais e políticos.

O trabalho é realizado nas Unidades SESC/Poço e Arapiraca, contemplando

atualmente 1100 idosos inscritos na atividade. As ações se caracterizam pelo

trabalho interdisciplinar com as coordenações dos Programas de Saúde,

Educação,Cultura, Assistência e Lazer.

(Limitações do sesc alagoas)

É necessário ser associado ao sesc para poder ter acesso às atividades

destinadas ao idoso realizadas neste local, sem mencionar ainda os problemas

relacionados à distância das comunidades e à mobilidade urbana.

“As inscrição no TSI contempla as categorias Comerciário aposentado,

Dependente de comerciário ou Usuário”

“Os projetos sistemáticos são restritos aos idosos inscritos no Grupo de

Convivência do SESC” (sesc alagoas)

Assim enfatiza-se a necessidade de implementação de projetos que forneçam

opções de lazer ao idoso distribuidos nos diversos bairros do estado e de livre

acesso dos cidadãos beneficiários.

(Necessidade da mobilização comunitária para a promoção de atividades de

lazer para o idoso e para a cobrança por políticas públicas com profissionais

capacitados e qualidade)

http://www.assistenciasocial.al.gov.br/programas-projetos/protecao-social-

basica-1/idoso

http://www.revistas.usp.br/rto/article/viewFile/46383/50140

Page 10: TCC THACY

De acordo com Marcellino (2008 a) o lazer deve ser levado em conta, por ter

um duplo aspecto educativo, como forma de desenvolvimento pessoal e social,

além do descanso e divertimento, de forma que se tenham mais ações em

relação às políticas de Lazer, ou seja, tentar observar as relações entre este e

a Educação, Saúde, e a Promoção Social.

As políticas sociais no Brasil não têm sido alvo importante para as

administrações públicas, mas tem havido mudanças no sentido que Pinto

(2008, p. 43) aponta “...quando falamos em políticas sociais, tratamos de ações

que garantam os direitos dos cidadãos...”. Ainda Pinto (2008, p. 08) expõe: “...o

Estado tem algumas de suas leis ligadas ao exercício da cidadania das

pessoas...”, que são inovações na gestão das políticas sociais brasileiras,

considerando o lazer como direito de todos (PINTO, 2008).

Para Marcellino (2008 a), para que se faça do Lazer um instrumento de

participação cultural, é preciso ter incentivo do poder público nos diferentes

grupos sociais para manifestações culturais, para que haja envolvimento

destes e, conseqüentemente uma superação de visões superadas, para

formação de pessoas críticas e criativas.

Como a aposentadoria se constitui em fator que influencia a vida do indivíduo e

a vida social, esta se torna um tema importante também para as políticas

públicas (SALZEDAS e BRUNS, 2007).

Sendo assim, as políticas de lazer devem superar barreiras que possam

dificultar ou impedir o acesso dos usuários. Para isso é preciso construir e

manter os espaços e equipamentos, propiciando infra- estrutura adequada,

profissionais para o planejamento e a gestão capacitados e também que se

preserve a natureza, para ampliar a acessibilidade ao lazer (PINTO, 2008).

Quanto à lógica de tomadas de decisões, refere-se a uma sociedade que se

regula a partir do mercado, impõe um padrão de sociabilidade individualista,

privatista, competitivista, deixando os valores da democracia e cidadania com

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espaços restritos. Assim, para a tomada de decisões, há participação ativa dos

próprios usuários dos sistemas de forma que seja restrita ou ampliada. A

participação restrita caracteriza-se pelo envolvimento da comunidade

diretamente beneficiada em um projeto político local, enquanto que a

participação ampliada refere-se à capacidade dos grupos organizados de

influenciar, direta e indiretamente, nas políticas de forma a reestruturar ou

implementar seus programas. (MORI; SILVA, 2010)

Para Marcellino (2008b), uma alternativa válida é a ação comunitária, que se

assemelha com a “participação restrita” citada acima. Mas para isso, é preciso

um desenvolvimento no setor, como as características e interesses das

pessoas do local, conjuntamente buscar apoio dos poderes públicos e privados

locais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

o lazer segundo as idéias de tempo livre, de liberação não só do trabalho, mas

também das obrigações cotidianas, sociais, familiares ou políticas. Enfim, um

tempo verdadeiramente livre, em que o lazer representa um campo de livre

escolha pessoal, conforme defende o sociólogo Dumazedier.

Essas associações de lazer (esportivas, turísticas, musicais e intelectuais) [...]

não se formam devido à divisão das classes sociais, mas apesar delas; não se

relacionam com o futuro, mas com o presente; tendem a desviar uma parte do

potencial social do campo da produção e também das tensões suscitadas pelas

relações sociais, orientando-as na direção de um universo, semi-real, semi-

imaginário, onde o homem poderá subtrair-se de suas relações com a

humanidade e docemente entregar-se a si próprio. (Dumazedier, 2004, p. 49)

Todavia, os programas para a “terceira idade” buscam, através do lazer, as

atitudes ativas, capazes de proporcionar um envelhecimento ativo,

participativo, autônomo. Assim, as atividades de lazer desses programas não

Page 12: TCC THACY

apenas enfatizam sua dimensão compensatória do trabalho, de evasão do

cotidiano, mas também podem gerar espaços de aprendizagem e de reflexão.

Essa atitude, para esse autor, opõe-se à submissão às práticas rotineiras, às

imagens estereotipadas e às idéias preconcebidas de determinado meio social.

Portanto, são dessas potencialidades do lazer que derivam, pelo menos na

aparência, as iniciativas de reconstrução de imagem dos idosos, da luta contra

os preconceitos, de ressignificar a velhice. É com ela que se visa contrapor a

desvalorização social dos trabalhadores idosos. (Dumazedier, 2004)

O tempo de lazer, enquanto um tempo de fruição, torna-se também um tempo

de aprendizagem, aquisição e integração, diversos sentimentos,

conhecimentos, modelos e valores da cultura, no conjunto das atividades nas

quais o indivíduo está enquadrado. O lazer poderá vir a ser uma ruptura, num

duplo sentido: a cessação de atividades impostas pelas obrigações

profissionais, familiares e sociais, e, ao mesmo tempo, o reexame das rotinas,

estereótipos e idéias já prontas que concorrem para a repetição e

especialização das obrigações cotidianas. (Dumazedier, 2004, p. 265)

(Reforçar a importância do lazer para o idoso)

Dessa forma, o lazer tem um papel importante, proporcionando que os idosos

tenham uma vida mais descontraída, com mais socialização, podendo interagir

com outras pessoas e culturas, participando da vida social, assumindo

compromissos de modo enriquecedor e criativo com conseqüente inserção no

meio sociocultural, já que segundo Pont Geis (2003) com o passar dos anos, a

tendência é que os idosos se afastem de seus familiares, fiquem longe de seus

entes queridos.

(Reforçar os direitos constitucionais)

“direitos ao bem-estar econômico, à saúde, educação, aposentadoria, ao lazer,

ou seja, bem-estar social previsto pela Constituição” (PINTO, 2008, p. 44).

Page 13: TCC THACY

(Reforça a necessidade da participação popular para a cobrança de políticas

públicas)

As políticas públicas devem então ser construídas e implantadas de maneira

participativa e reivindicatória, de forma a possibilitar a superação da visão

fragmentada e estreita que conduz a população a experiências alienadoras. O

próprio idoso deve ser consultado durante o planejamento destes projetos, para

que seus interesses sejam devidamente alcançados. Este também precisa

intensificar seu interesse e participação na política para que possa assim ter

maior influência nas decisões públicas, especialmente naquelas que se referem

ao apoio social aos idosos. (Souza, 2006)

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