Tecendo Redes nº 2

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tecendo REDES www.cetra.org.br/florestacao Você está recebendo o Tecendo Redes, boletim informativo do projeto Floresta- ção. O projeto Florestação, uma realização do CETRA com patrocínio Petrobras através do Programa Petrobras Socioambiental, quer alçar grandes voos. Mas para criar asas sabemos que é preciso ter raízes. E as nossas raízes foram consoli- dadas na experiência de agricultores e agricultoras do Território Vales do Curu e Aracatiaçu. O trabalho com agricultores familiares proporcionou o fortalecimen- to das raízes no Território e agora é hora de sonhar mais alto. Nosso sonho tem como semente os princípios agroecológicos e, para tornar o sonho realidade, agricultores e agricultoras, juntamente com a equipe técnica do Florestação, estão trabalhando no intuito de ampliar a sustentabilidade em agroecossistemas familiares a partir de práticas de conservação ambiental, de quintais agroecoló- gicos e sistemas agroflorestais. No Tecendo Redes você irá acompanhar ativida- des como intercâmbios de experiência, campanhas de educação ambiental, even- tos, feiras agroecológicas e receitas. Boa leitura! Agricultores e agricultoras do Florestação foram ao Agreste e Zona da Mata pernambucana visitar experiências agroecológicas, e ainda, a experiência da Feira Agroecológica do Bairro das Graças no Recife. Aprenda a fazer uma saborosa salada com broto de palma! Receita dos agricultores experimentadores Roberto e Joelma, de Pernambuco. Na seção Práticas Agroecológicas dessa edição saiba mais sobre o cuidado necessário com os resíduos sólidos que produzimos. Agroecologia em Ação Salada de Palma Resíduos Sólidos Erivan apresenta espécies da área agroflorestal de sua família localizada em Ribeirão, na Zona da Mata pernambucana Boletim informativo do projeto Florestação - nº 2 Patrocínio Realização

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Boletim Informativo do Projeto Florestação, uma realização do Cetra, com patrocínio da Petrobras através do Programa Petrobras Socioambiental e Governo Federal.

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www.cetra.org.br/florestacao

Você está recebendo o Tecendo Redes, boletim informativo do projeto Floresta-ção. O projeto Florestação, uma realização do CETRA com patrocínio Petrobras através do Programa Petrobras Socioambiental, quer alçar grandes voos. Mas para criar asas sabemos que é preciso ter raízes. E as nossas raízes foram consoli-dadas na experiência de agricultores e agricultoras do Território Vales do Curu e Aracatiaçu. O trabalho com agricultores familiares proporcionou o fortalecimen-to das raízes no Território e agora é hora de sonhar mais alto. Nosso sonho tem como semente os princípios agroecológicos e, para tornar o sonho realidade, agricultores e agricultoras, juntamente com a equipe técnica do Florestação, estão trabalhando no intuito de ampliar a sustentabilidade em agroecossistemas familiares a partir de práticas de conservação ambiental, de quintais agroecoló-gicos e sistemas agroflorestais. No Tecendo Redes você irá acompanhar ativida-des como intercâmbios de experiência, campanhas de educação ambiental, even-tos, feiras agroecológicas e receitas. Boa leitura!

Agricultores e agricultoras do Florestação foram ao Agreste e Zona da Mata pernambucana visitar experiências agroecológicas, e ainda, a experiência da Feira Agroecológica do Bairro das Graças no Recife.

Aprenda a fazer uma saborosa salada com broto de palma! Receita dos agricultores experimentadores Roberto e Joelma, de Pernambuco.

Na seção Práticas Agroecológicas dessa edição saiba mais sobre o cuidado necessário com os resíduos sólidos que produzimos.

Agroecologiaem Ação

Saladade Palma

ResíduosSólidos

Erivan apresenta espécies da área agroflorestalde sua família localizada em Ribeirão, na Zona da Mata pernambucana

Boletim informativo do projeto Florestação - nº 2

PatrocínioRealização

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A insistência e a esperança do saber agroecológico“Isso é loucura”! “Tá vendo que isso não dá certo”! “E esse monte de sujeira no chão? Isso é preguiça de trabalhar”! Essas são algumas frases que agricultores e agricultoras escutam com frequência quando se desafiam a trabalhar a partir da Agroecologia. O olhar no início é de desconfiança: será que isso dá certo mesmo? Mas com o trabalho baseado nos princípios agroecológicos os agricultores e agricultoras vão mostrando que é possível ser feliz no Semiárido, na Zona da Mata e no Agreste!No mês de março de 2014, aproximadamente 30 integrantes do projeto Florestação, entre multiplica-dores, beneficiários e equipe técnica, participaram de intercâmbio interestadual no Agreste e na Zona da Mata de Pernambuco. Os agricultores a agricultoras tiveram a oportunidade de conhecer cinco experiên-cias divididas entre os municípios de Cumaru, Rio Formoso, Ribeirão e Recife que foram ou são acompa-nhas pelo Centro Sabiá.A primeira experiência visitada foi a de Luis Eleutério e Zezilda, na comunidade Sítio Queimadas, em Cumaru. O intercâmbio começou no alpendre da casa onde os agricultores e agricultoras puderam se apresentar e falar sobre a participação no projeto. Seu Luis e dona Zezilda também deram seu depoi-mento sobre como começaram a trabalhar com agroecologia e as desconfianças que tinham em relação ao trabalho. Mas desenvolvendo o conheci-mento e as práticas a partir da agroecologia as dúvidas foram embora, e hoje seu Luis afirma ser um agricultor agroecológico com o coração cheio de orgulho e alegria.Na propriedade do casal os participantes do intercâmbio tiveram a oportunidade de conhecer as seguintes experiências: barragem subterrânea; cisterna telhadão – tecnologia social com capacidade para armazenar 52.000L de água, assim como a Cisterna Calçadão que a ASA faz no Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2). A diferença entre as cister-nas está na área de captação: na Cisterna Telhadão a área de captação é um telhado de 100m² ao invés da calçada. A intensão é que o/a agricultor/a possa usar o espaço da captação para outros fins como estocar alimentos, guardar ferramentas de trabalho e criar animais. Assim acontece com a Cisterna Telhadão construída na propriedade de Luis e Zezilda: abaixo do telhadão eles abrigam ferragens, uma máquina artesanal de fazer tela e um galinheiro além de, como lembra seu Luis, armar uma redinha de vez em quando pra aproveitar a sombra do telhadão. O grupo ainda pode conhecer o biodigestor da propriedade – que funciona a partir das fezes de gado - em funcionamen-to há cinco meses e já gerando uma economia de dois botijões de gás mensais para a família.Da casa do seu Luis e dona Zezilda, o grupo seguiu para a área de Joelma e Roberto, na comunidade Pedra Branca. Chegando na casa fomos recebidos com um delicioso almoço para saciar a fome que tinha aumentado depois da caminhada sob o sol para chegar até a área da família. Chama atenção na experiência dessa família a cumplicidade e o equilí-brio do casal: Joelma é quem dá as explicações sobre o Sistema Agroflorestal (SAF) as experiências agroe-cológicas, Roberto é pedreiro, constrói cisternas na região e cozinha para a família – o almoço que os

participantes puderam saborear foi obra de Roberto.Após o almoço, o grupo se reuniu em um grande terra-ço para se apresentar, contar sobre o projeto Floresta-ção e escutar a experiência do casal. Joelma conver-sou com os agricultores e agricultoras do Semiárido cearense sobre a importância de se adaptar a realida-de em que se vive. “A gente quer viver e não sobreviver. A gente tem que ser insistente e esperançoso”, afirmou a agricultora. Caminhar pelo Sistema Agroflo-restal de Joelma e Roberto, tirar dúvidas, comparar espécies, e aprender novas utilidades das plantas, foram momentos fundamentais para ajudar os multi-plicadores e beneficiários do projeto Florestação a pensar a implantação dos sistemas agroflorestais e das reservas em suas áreas. O técnico do Centro Sabiá, Raimundo Daldemberg, que acompanhou o primeiro dia de intercâmbio lembrou a diversidade existente nos Sistemas Agroflorestais: “A agrofloresta é uma forma de estocar alimentos vivos”.O grupo pode conhecer ainda a criação de animais da família, o biodigestor, e a experiência com apicultura. Ao fim da tarde, num momento de avaliação, o grupo se mostrou bastante contente e satisfeito com o que puderam conhecer no primeiro dia de intercâmbio. “Quero parabenizar a Joelma e sua família. Isso é um reforço para nós todos, é um grande incentivo ver uma área que parece tanto com a nossa”, afirmou Mirtes,

agricultora multiplicadora do Florestação. Já para seu Genero, agricultor precursor do trabalho com agroeco-logia no Território Vales do Curu e Aracatiaçu, a alegria era de ver que as mulheres se tornaram um grupo forte na discussão agroecológica.O grupo visitou ainda duas experiências na Zona da Mata pernambucana: as áreas agroflorestais da família de Pedro, Nena e Erivan , em Ribeirão, e da família de Maria da Guia e Ailton da Paz, em Rio Formoso. As duas experiências deixaram os agriculto-res e agricultoras encantados com a diversidade de espécies cultivadas e com a enorme diferença que a agrofloresta exerce no microclima. Quando deixamos de caminhar na estrada que só tinha canavial e nos aproximamos da área da família de Erivan, foi possível sentir os benefícios que vão desde o resfriamento climático até a melhoria da renda familiar. O último dia do intercâmbio, já em clima de despedi-da, começou às cinco da manhã na Feira Agroecológi-ca no bairro das Graças, no Recife, onde os feirantes agroecológicos cearenses e pernambucanos puderam trocar experiências e saberes sobre produção e comercialização agroecológica.

Para saber mais sobre o intercâmbio, acesse:www.cetra.org.br/florestacao

Na área de Joelma e Roberto troca de conhecimentos sobre SAF

Roda de conversa sobre comercialização na Feira Agroecológica do Bairro das Graças, em Recife

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Resíduos Sólidos

Partindo de uma problemática que atinge hoje o mundo inteiro, e também na grande dificuldade encontrada na destinação dos resíduos sólidos gerados, a forma mais eficiente que encontramos para debater o assunto dos resíduos sólidos é a conhecida expressão dos “3R’s”: Reduzir, Reutili-zar e Reciclar.Se no meio urbano, onde existe a coleta de resíduos, ainda podemos dizer sem medo que não temos uma coleta eficiente, quando partimos para o meio rural esse problema se agrava ainda mais. As comunida-des rurais, hoje invadidas pelos enlatados, conserva-dos, transgênicos, entre outros, destina seus resídu-os geralmente da seguinte forma: queima, enterra e reaproveita. O que fazer para amenizar esse proble-ma?É comum encontrar as tão famosas garrafas pet cheias de milho e feijão, latas de alumínios servindo de recipientes para guardar condimentos ou usadas para comercializar doces, entre outros. As famílias sempre encontram uma forma para reutilizar.Partindo desse olhar dos três R’s, dois já são pratica-dos, mesmo que timidamente, nas comunidades: Reduzir e Reutilizar. A partir do momento que produ-zimos nosso próprio alimento – sejam grãos (milho,

feijão, café), ou hortaliças e legumes – por consequ-ência, reduzimos a produção de lixo, pois deixamos de consumir produtos industrializados. Dessa manei-ra torna-se possível uma alimentação saudável.Além da preservação dos recursos naturais do meio ambiente, de práticas agroecológicas e de conser-vação, a conscientização é o primeiro passo para a mudança, e se ela for passada de geração para

geração, será possível que haja um mundo mais saudável. Cuidar dos resíduos sólidos que produzi-mos é uma prática agroecológica fundamental!

Práticas Agroecológicas

Embalagens reaproveitadas para guardar sementes

Compartilhando Sementes Ingredientes: - Broto de palma- Vinagre ou limão- Tempero a gosto

Modo de fazer:

Colha os brotos novos e tire todos os possíveis espinhos.Lave bem em água corrente e corte os brotos em pedacinhos pequenos.Coloque no fogo pra escaldar juntamente com uma colher de sopa de vinagre ou limão.Depois que ferver bem, escorra e lave os brotos.Refogue algumas verduras de sua preferência e tempere a gosto. Coloque a palma para refogar junto com as verdu-ras e deixe ferver bem.Agora é só saborear!

Receita de Salada de Broto de PalmaRoberto e Joelma | Agricultores experimentadores da comunidade Pedra Branca - PE

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Plante essa ideiaTer raízes é conhecer a mata nativa! Conhecer não é só saber o nome. É descobrir os benefícios que a mata nativa traz – que vão desde a manutenção do clima até a produção de alimentos e medicamentos. Conhecer é saber que a mata e a agricultu-ra familiar andam juntas e possuem as mesmas raízes.

Araticum (Annona marcgravii)

Ocorre no Ceará nas regiões de tabuleiros costeiros. É uma árvore com flores aromáticas de cor amarela e que mantém as folhas verdes mesmo no período seco. O chá das folhas é utilizado para aliviar dores em geral e dores durante a gestação, conhecimento tradicional dos índios Urubu Kaapor da Amazônia Brasileira. O fruto é comestível de tal modo que a polpa é aproveitada fresca (in natura) ou elaborada em sorvetes, sucos, doces, na preparação de bebidas refrescantes e na forma de geleia, licor, recheio para bolos e chocolates.

Receita de Geleia de Araticum

Ingredientes:800g de polpa de araticum2 copos de água500g de açúcarsuco de 1 limão1 xícara (chá) de melModo de Preparo:Retire as sementes dos favos dos frutos, junte à água e leve ao fogo por alguns minu-tos. Deixe esfriar e bata no liquidificador. Se necessário, junte mais um pouco de água para bater bem. Passe em peneira fina. Feitos os 800g de polpa, junte o açúcar, o limão e o mel e leve ao fogo médio e mexa com uma colher de pau até atingir o ponto de geleia. Acondicionar em potes de vidro.

Expediente

Fotografia: Arquivo CETRAProjeto Gráfico: Abracadabra DesignDiagramação: Giulianne Cidade

PatrocínioRealização

Texto: Amanda Sampaio Damiana Moisés

Itapipoca - Praça Perilo Teixeira

Setembro: dias 03 e 17 | Outubro: dias 01, 15 e 29 | Novembro: dias 12 e 26 Dezembro: dias 10 e 24

Trairi - Praça José Granja Ribeiro

Setembro: dias 10 e 24 | Outubro: dias 08 e 22 | Novembro: dias 05 e 19 Dezembro: dias 03, 17 e 31

Apuiarés - Praça Joaquim ParaíbaTodas as quartas-feiras

Tururu - Praça da MatrizÚltima sexta-feira do mês

Feiras Agroecológicas