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Fabio Caramuru e Marco Bernardo: Brasil em Dois Pianos ARP ODYSSEY O renascimento do clássico Cesar Camargo Mariano O ícone da música brasileira em entrevista exclusiva Angela Hewitt As técnicas e a visão de uma das maiores especialistas em Bach E mais: Melodia em acordes e Ragtime O órgão na música gospel Harmonia da bossa nova & AFINS Ano 2 - Número 13 - Maio 2015 www.teclaseafins.com.br

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  • Fabio Caramuru e Marco Bernardo: Brasil em Dois Pianos

    ARP ODYSSEY O renascimento do clssico

    CesarCamargoMarianoO cone da msica brasileira em entrevista exclusiva

    Angela HewittAs tcnicas e a viso de uma das maiores especialistas em Bach

    E mais: Melodia em acordes e Ragtime O rgo na msica gospel Harmonia da bossa nova

    & A

    FINS

    Ano 2 - Nmero 13 - Maio 2015www.teclaseafins.com.br

  • 4 / DEZembro 2014 teclas & afins

    H exatamente um ano no dia 1 de maio de 2014 foi publicada a primeira edio de Teclas & Afins. Os desafios foram muitos. Desde a escolha por uma plataforma segura e estvel que proporcionasse leitura confortvel definio pelo projeto grfico, tudo foi planejado para oferecer a voc uma experincia enriquecedora, diferente e, principalmente, agradvel. Nosso objetivo era o de produzir e apresentar ao mercado uma publicao sria, diferente, que tivesse como foco temas pertinentes ao riqussimo mundo das teclas, sem a necessidade de derivar para outros assuntos. Compor uma equipe de colaboradores experientes dispostos a compartilhar o conhecimento que tm e a assumir o compromisso de fazer isso dentro de um projeto editorial consistente talvez tenha sido mais fcil. Afinal, no de hoje que grande parte desse time acompanha os projetos deste editor: alguns so companheiros h mais de 15 anos em outras publicaes similares. Outros, que chegaram mais recentemente, entenderam profundamente o conceito que rege esta publicao: disseminar informao pertinente, de forma democrtica, tendo como objetivo indicar referncias e fortalecer a comunidade dos aficionados por instrumentos de teclas, sejam eles msicos ou no. Por falar em referncias, esta edio especial traz uma entre-vista exclusiva com Cesar Camargo Mariano, cone de msica de qualidade. Alm dele, conversamos com Angela Hewitt e o duo formado por Fabio Caramuru e Marco Bernardo que, em diferentes abordagens, apresentam todas as possibilidades do piano acstico. Em termos de instrumentos, a Pride Music confiou nossa redao o primeiro KORG ARP ODYSSEY a chegar ao Brasil. Tudo isso e muito mais foi preparado para voc, comemorando um ano de publicaes e planejando os prximos. Boa leitura e bom estudo!

    Nilton CorazzaPublisher

    EDITORIALAno 2 - N 13 - Maio 2015

    PublisherNilton Corazza

    [email protected]

    Gerente FinanceiroRegina Sobral

    [email protected]

    Editor e jornalista responsvelNilton Corazza (MTb 43.958)

    Colaboraram nesta edio:Alexandre Porto, Alex Saba, Cristiano Ribeiro, Eloy Fritsch, Ivan Teixeira, Jackson Jofre, Jos Osrio de Souza, Rosana Giosa, Turi Collura,

    Wagner Cappia

    DiagramaoSergio Coletti

    [email protected]

    Foto da capaDivulgao

    Publicidade/[email protected]

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    Sugestes de [email protected]

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    Os artigos e materiais assinados so de responsabilidade de seus autores. permitida a reproduao dos contedos

    publicados aqui desde que fonte e autores sejam citados e o material seja enviado para nossos arquivos. A revista no se

    responsabiliza pelo contedo dos anncios publicados.

    & A

    FINS

    Rua Nossa Senhora da Sade, 287/34Jardim Previdncia - So Paulo - SP

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  • DEZembro 2014 / 5 teclas & afins

    VOCE EM TECLAS E AFINS 6O espao exclusivo dos leitores

    ESPECIAL 8Angela Hewitt

    Uma das maiores intrpretes de Bach

    INTERFACE 14As notcias mais quentes do

    universo das teclas

    retrato 20Fabio Caramuru e Marco Bernardo

    Brasil em Dois Pianos

    Vitrine 26Novidades do mercado

    review 28ARP ODYSSEY

    Sintetizador puro-sangue

    materia de capa 32Cesar Camargo Mariano

    Preferncia nacional

    42 livre pensarOVOpor Alex Saba

    46 palcoRobs no palcoPor Wagner Cappia

    48 puxando foleAs marcas mais famosasPor Jackson Jofre Rodrigues

    50 vida de musicoMuita informao ajuda ou atrapalha? Por Ivan Teixeira

    53 cultura hammondDe volta igreja, com emooPor Jos Osrio de Souza

    56 arranjo comentadoMelodia com acordes, estilo ragtimepor Rosana Giosa

    61 harmonia e improvisacaoA harmonia da bossa nova - parte 4por Turi Collura

    NESTA EDIO

  • 6 / maio 2015 teclas & afins

    vOCE em teclas & afins

    Vamos nos conectar? Caro Sr. Nilton, muito obrigada! A matria sobre o Concurso Osvaldo Lacerda est notvel! Parabns! Cordial abrao. (Eudxia de Barros, por e-mail).

    R.: nosso papel divulgar toda e qualquer iniciativa no sentido de valorizar instrumentos de teclas, compositores e seus intrpretes.

    Conte conosco!

    Parabns pela revista. um prazer acompanhar o material que vocs fornecem, de forma altrusta. (Diego Coutinho, por e-mail)

    R.: Caro Diego, se no fosse o apoio de nossos anunciantes e colaboradores, isso no seria possvel. Aproveitamos

    para agradecer a todos eles, que realmente acreditam na disseminao da cultura, na formao de pblico, na divulgao de

    referncias, na educao e no mercado dos instrumentos de teclas.

    Parabns, sucesso (Wilson Curia, pelo Facebook)

    Parabns a Revista est melhor a cada edio. (Zaqueu Banks De Lima, pelo Facebook)

    Muito boa , muita informao (Frank Lane Furtado Santos, pelo Facebook)

    Muito boa essa revista. (Gustavo Cabral, pelo Facebook)

    Excelente revista! (Ricardo Pacheco, pelo Facebook)

    Top! Eu leio a Revista desde a primeira edio! (Ernane Borges, pelo Facebook)

    R.: Agradecemos a todos que apreciam nossa publicao e percebem o cuidado, o carinho e a seriedade com que produzida.

    Parabns, Rosana Giosa, pela interpretao (Fora da Lei Edio 12). Muito interessante a abordagem! (Luciana e Sidney Franco, pelo nosso canal no Youtube)

    R.: A equipe de colaboradores de Teclas & Afins a mais qualificada de todo o cenrio musical. Temos a certeza de que, a cada edio, muitas novidades interessantes sero apresentadas.

    Como adquiro as revistas? (Marco Junior Gama de Andrade, pelo Facebook)

    Vocs possuem verso impressa tambm ou somente online? (Fabricio Dutra, pelo Facebook)

    R.: Teclas & Afins distribuda gratuitamente por meio digital. Mas uma edio impressa no est fora de nossos projetos. Aguardem por novidades!

  • maio 2015 / 7 teclas & afins

    Este espao seu!vOCE em teclas & afins

    Teclas & Afins quer divulgar trabalhos, iniciativas, msicos e bandas que apresentem qualidade e sejam diferenciados.

    No importa o instrumento: piano, rgo, teclado, sintetizadores, acordeon, cravo e todos os outros tm espao garantido em nossa revista. Mas tem que ser de teclas!

    Veja abaixo como participar:

    1. Grave um vdeo de sua performance. A qualidade noimporta. Pode ser at mesmo de celular, mas o som precisa estar audvel.

    2. Faa o upload desse vdeo para um canal no Youtube ou paraum servidor de transferncia de arquivos como Sendspace.com, WeTransfer.com ou WeSend.pt.

    3. Envie o link, acompanhado de um release e uma foto para oendereo [email protected]

    4. A cada edio, escolheremos um ou dois artistas parafigurarem nas pginas de Teclas & Afins, com direito a entrevista e publicao de release e contato.

    No fique fora dessa! Mostre todo seu talento!

    Teclas & Afins quer conhecer melhor voc, saber sua opinio e manter comunicao constante, trocando experincias e informaes. E suas mensagens podem ser publicadas aqui! Para isso, acesse, curta, compartilhe e siga nossas pginas nas redes sociais clicando nos cones acima. Se preferir, envie crticas, comentrios e sugestes para o e-mail [email protected]

  • 8 / MAIO 2015 teclas & afins

    Nilton Corazzaespecial

    Angela Hewitt: disciplina e dedicao

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  • MAIO 2015 / 9 teclas & afins

    A arte do trabalhoespecial

    A Arte da Fuga, de Johann Sebastian Bach, uma pea inacabada escrita pelo compositor alemo por volta de 1740. Composta por 14 fugas e quatro cnones, se situa entre os pontos mais altos a que chegou a msica erudita europeia por conta da complexidade nica de sua forma e estrutura, baseada em contrapontos. Alm disso, no certo se a destinao da obra seria para instrumentos de teclas ou apenas um exerccio de composio a ser dedicado, posteriormente, a um ou vrios instrumentos. Interpret-la tarefa para poucos, principalmente ao piano. Pois foi essa a pea escolhida pela canadense Angela Hewitt para finalizar o ciclo de gravaes de toda a obra de Bach para teclado e fazer parte de seu repertrio. Acostumada a grande desafios, a pianista no se deixa acovardar pelo tamanho das empreitadas a que se lana, tendo j gravado, alm da obra de Bach ( qual dedicou 11 anos), as 16 sonatas para cravo de Scarlatti, quatro volumes de sonatas para piano de Beethoven, trs volumes de concertos para piano de Mozart e peas de Debussy, Schumann, Faur e Messian, entre outros. Apresentando-se na Sala So Paulo no incio do ms de abril, a pianista respondeu reportagem de Teclas & Afins e falou sobre estudo, carreira e msica.

    Voc realizadora de grandes proezas, como a gravao da obra de Bach para

    teclado e a interpretao de A Arte da Fuga em recitais. E est gravando os concertos de Mozart e as sonatas de Beethoven... Considera que esses grandes projetos so uma espcie de alimento para sua manifestao artstica?S se conhece realmente um compositor conhecendo muitas de suas obras - no apenas uma sute de Bach ou um concerto de Mozart. preciso tempo para desenvolver o estilo de cada um e encontrar sua prpria maneira de interpretar as obras. Ento, sim, eles so, naturalmente, alimento. Quando voc toca todas as obras de Bach, voc entende como ele mesmo devia tocar. O mesmo com Mozart, Beethoven ou qualquer grande compositor-pianista. Quando se interpreta um grande concerto de Mozart, a prxima coisa que se quer fazer tocar outro! Ento, vamos em frente. Infelizmente a vida no longa o suficiente para aprender as obras completas de todos!

    Considerada uma das maiores intrpretes vivas de Bach, Angela Hewitt encara a maratona de gravaes e concertos com a nsia de produzir cada vez mais

    Agenda cheia: concertos, gravaes e estudo

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  • 10 / MAIO 2015 teclas & afins

    especial

    Em 11 anos de trabalho, qual foi o momento mais difcil ou a pea mais trabalhosa durante as gravaes da obra de Bach?De longe, a Arte da Fuga. a mais complexa das obras, embora, naturalmente, no tenha sido intitulada como uma obra para teclado. E foi a que levou mais tempo para aprender, um ano, no total. Quando eu tinha 16 anos, aprendi as Variaes Goldberg em poucos meses. Mas cada pea de Bach requer uma quantidade enorme de trabalho - mesmo as chamadas fceis, como as invenes - especialmente se voc as est aprendendo de memria, o que uma tarefa muito difcil.

    Como conciliou a preparao das obras de Bach para as gravaes com turns e concertos com orquestra? No foi fcil. Trabalhei como uma louca! preciso muita paz, tranquilidade e concentrao para preparar e aprender tudo o que Bach comps e, em seguida, interpretar. Alm disso, eu estava fazendo outro repertrio, ao mesmo tempo.

    Como foi a preparao para a interpretao de A Arte da Fuga? Foi um trabalho meticuloso. O dedilhado a

    chave para isso. Executar todas as vozes clara-mente, frasear, articular cada uma, fazer que respirassem no lugar certo incrivelmente difcil. Peguei uma voz por vez, escrevendo seus pontos de articulao e respirao. Tive que encontrar um dedilhado que tornou isso possvel. Naturalmente, alterei esse dedilha-do muitas vezes para algumas passagens. H muito trabalho a ser feito antes de poder to-car cada Contrapunctus. preciso encontrar a forma da pea, saber para onde est indo, o que est dizendo. claro que a anlise tem de ser feita medida que se avana. No para os fracos de corao!

    Alguns pianistas tentam aproximar a sonoridade do piano do cravo ou do rgo para interpretar a obra de Bach. H outros que se afastam da sobriedade e aproximam a obra de Bach do perodo romntico. Qual sua opinio sobre isso?Realmente no penso sobre tocar piano quando toco Bach. Tento imitar a voz, o rgo, uma cantora, uma orquestra barroca, obo e, especialmente, instrumentos de cordas. Tudo isso surge em como eu toco as peas no piano. O som muito importante, sua clareza, seu foco. Voc no pode afogar isso com um pedal qualquer. Estudo primeiramente sem o pedal, apenas me concentrando no dedilhado. No penso muito sobre o cravo, com exceo de sua clareza e, claro, a ornamentao, que muito importante. A msica de Bach no to relacionada instrumentao como o caso com outros compositores.

    Quais dificuldades um pianista que se envolve demais com um determinado perodo musical sente ao interpretar peas de outros perodos? Um pianista deve ser capaz de interpretar todos os diferentes tipos de msica. Mas

    Puro prazer: piano prprio em gravaes

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  • MAIO 2015 / 11 teclas & afins

    Ecletismo: de Bach a Messian

    especial

    estudar Bach uma obrigao, e a disciplina, a inteligncia, a musicalidade e tudo mais que se aprende tocando Bach ir ajud-lo com todos os outros repertrios.

    No Brasil, h muitos pianistas formados pela chamada Escola Francesa, trazida para c por Magdalena Tagliaferro. Sua tcnica foi sedimentada por alguma escola pianstica?Uma vez assisti a uma masterclass em Paris dada por Madame Tagliaferro e me lembro muito bem! Isso deve ter sido em 1978 ou 1979. Meu professor, Jean-Paul Sevilla, era de sangue espanhol mas era francs, nascido na Arglia, e era maravilhoso. Ele me deu o treinamento que eu teria tido no Conservatrio de Paris. Sou muito grata a ele por tudo que me ensinou, especialmente por repassar seu conhecimento de msica francesa.

    Quais exerccios tcnicos voc considera essenciais para manter sua tcnica?Tocar tanto Bach possvel! Este o melhor exerccio para os dedos, a mente e o corao! E sempre ouvir o som que est sendo produzido. Nunca produza um som feio!

    Qual sua rotina de estudos? No tenho rotina, exceto praticar as mos separadamente, com muito cuidado, lenta-mente, todas essas coisas. No se pode nem ser negligente nem perder tempo!

    Qual sua rotina antes de um recital ou concerto? E depois? O desgaste fsico ocasionado pelo recital e o estudo de alguma forma compensado?Eu como antes de tocar para me certificar de que no perderei a concentrao. Tambm tento dormir o mximo possvel. E tento ter

    Lo

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    o Dog

    ana

  • 12 / MAIO 2015 teclas & afins

    certeza que estou aquecida. Nada pior do que entrar fria no palco! Se um concerto vai bem, voc est feliz e isso faz tudo valer a pena!

    Em sua preparao, h a apreciao e o estudo da obra com algum colega? Trabalhar com grandes maestros uma enorme inspirao, assim como quando fao msica de cmara e recitais de canes (e fao muitos). Meu produtor de gravaes um crtico agudo, e ns sempre discutimos ideias diferentes durante as sesses. Tambm aprendo muito apenas ouvindo outros pianistas. muito importante estar em contato com os colegas e ter algum com quem voc pode discutir as coisas.

    Voc continua utilizando seu prprio piano em gravaes? Por qu?Para gravaes, sim. simplesmente o melhor piano que conheo. Uso um Fazioli F278 que comprei em 2003. um piano

    maravilhoso com uma enorme gama de cores e a ao tima. Responde a tudo o que fao, e me permite produzir tudo o que ouo na minha imaginao. Tocar este piano em um grande palco - como o Jesus-Christus-Kirche, em Berlim, onde gravo a maioria dos meus CDs - puro prazer.

    Voc j conhecia a Sala So Paulo? O que achou da acstica? excelente. Vocs tm muita sorte em poder contar com uma sala como essa.

    Quais seus prximos projetos?Tenho um lbum de Scarlatti sendo lanado antes do final de 2015 e tambm o quinto volume das sonatas de Beethoven. Tambm estou executando trs novos concertos pela primeira vez em minha vida: o Concerto em R menor, de Brahms, o Concerto para a Mo Esquerda, de Ravel e Noites nos jardins de Espanha, de de Falla. muito trabalho!

    especial

    Pausa: pequenos momentos

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  • 14 / maio 2015 teclas & afins

    INTERFACE

    MADE IN BRAZILA pianista brasileira Eliane Elias, radicada nos Estados Unidos h mais de 30 anos, acaba de lanar seu mais recente lbum, chamado Made In Brazil. Multitalentosa, Eliane atuou no projeto como produtora, compositora, letrista, arranjadora, pianista e vocalista explorando a sua voz sensual e atraente com seu virtuoso jazz instrumental e clssico. Ao lado dos coprodutores Steve Rodby e Marc Johnson, seu baixista e parceiro musical, Elias recrutou um elenco esplndido de msicos brasileiros que incluem o baixista Marcelo Mariano, os violonistas Marcus Teixeira e Roberto Menescal, os bateristas Edu Ribeiro e Rafael Barata, e os percussionistas Mauro Refosco e Marivaldo dos Santos. Alm deles, o lbum conta com as participaes especiais de Mark Kibble (vocalista do Take 6); Amanda Brecker e Ed Motta. Com arranjos de Rob Mathes para orquestra gravados nos estdios Abbey Road, em Londres o repertrio traz seis faixas inditas compostas por Elias, alm de clssicos da msica brasileira: Aquarela do Brasil e No Tabuleiro da Baiana, de Ary Barroso; Voc, O Barquinho e Rio, de Roberto Menescal; e guas de Maro, Este Seu Olhar e Promessas, de Tom Jobim.

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  • maio 2015 / 15 teclas & afins

    INTERFACE

    O virtuose pianista Rogerio Tutti estar em So Paulo durante o ms de maio gravando o DVD Crossover Performance. No espetculo, o tambm

    compositor e arranjador transita entre o clssico e o pop-rock, intercalando peas de Beethoven e Tchaikovsky com sucessos de AC/DC e Queen, alm de composies prprias. Com participaes especiais, intervenes de danarinos e cenrio com projeo de vdeo, o show que ocorrer em

    24 de maio, tem promoo Teclas & Afins. Para assisti-lo, visite nossa pgina no Facebook e concorra a cinco pares de ingressos.

    Crossover Performance

    Maurizio Pollini, um dos mais admirados pianistas de todos os tempos, vem suspendendo seus concertos pela Europa por conta de um problema que atinge muitos msicos: a tendinite. A boa notcia que a enfermidade no acometeu as mos ou os braos do italiano, mas o p direito. Impossibilitado de usar os pedais como necessrio, a soluo foi adiar as apresentaes at que os tratamentos a que o msico se submete surtam efeito. Pollini considerado um dos maiores intrpretes de Chopin e dedica grande parte de sua carreira a compositores modernos e contemporneos como Claude Debussy, Bla Bartk, Igor Stravinsky Arnold Schoenberg, Alban Berg, Anton Webern, Pierre Boulez e at mesmo Karlheinz Stockhausen e Luigi Nono.

    IMPEDIMENTO

  • 16 / maio 2015 teclas & afins

    interface

    Vrias vertentes com qualidade!Programas ao vivo - Humor - Esportes - Entrevistas - Entretenimento - Participao do ouvinte

    24 horas no ar

    Uma das mais ouvidas no Mundo!

    NA MODADepois de Neymar, foi a vez de Tat Werneck viralizar se divertindo ao piano. Durante a coletiva de imprensa do lanamento de uma nova novela, a atriz dedilhou trechos da msica The Scientist, do Coldplay. Ao embalar a cano no instrumento, que faz parte do cenrio do folhetim, Tat foi cercada por fotgrafos, e se divertiu com a imprensa no local, comprovando que o domnio das teclas continua sendo uma grande aspirao.

  • maio 2015 / 17 teclas & afins

    INTERFACE

    A banda de hard rock britnica Whitesnake anunciou a entrada de Michele Luppi, de 41 anos, como tecladista. O tambm baixista est atualmente trabalhando em seu lbum-solo e em excurso com a Michele Luppi Band. O italiano se junta a David Coverdale e banda para a turn do The Purple Album, que comea no segundo semestre. O dcimo-segundo lbum de estdio do Whitesnake ser lanado na Europa em 15 de maio e na Amrica do Norte no dia 19. O novo trabalho uma recriao de canes clssicas da poca de David Coverdale como vocalista do Deep Purple.

    NOVA DIRETORIA

    ITALIANA

  • 18 / maio 2015 teclas & afins

    INTERFACEConhea as publicaes da

    www.editorasomearte.com.brContato: [email protected]

    Visite nosso site para conhecer melhor os 3 Mtodos e os 3 Repertrios

    SOM & ARTEE D I T O R A

    INICIAO AO PIANO POPULAR Volumes 1 e 2

    Inditos na rea do piano popular, so livros dirigidos a adultos ou crianas que queiram iniciar seus estudos de piano de forma agradvel e consistente.

    MTODO DE ARRANJO PARA PIANO POPULAR

    Volumes 1, 2 e 3

    Ensinam o aluno a criar seus prprios arranjos.

    Trazem 14 arranjos prontos em cada volume para desenvolvimento da leitura das duas claves (Sol e F) e anlise dos arranjos.

    REPERTRIO PARA PIANO POPULAR

    Volumes 1, 2 e 3

    LANAMENTO

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    Laurent Assoulen trouxe ao mundo musical um conceito inovador, surpreendendo a todos com o "Concert Parfum". A proposta faz uma correspondncia entre a intimidade de dois mundos sensveis - do olfato e da audio - ao relacionar as vibraes musicais com a perfumaria. A convergncia, mediada pelo compositor, pianista de jazz e especialista em perfume, revela o dilogo entre sons e cheiro, proporcionando ao pblico uma experincia multissensorial e uma atmosfera de mistrio, entre notas musicais e olfativas. Para cada composio interpretada, o pblico recebe um leno com uma fragrncia, que corresponde a uma das famlias essenciais da perfumaria (amadeirado, floral, ctrico, frutal e oriental), e descobrir a melodia que a inspirou. Nas palavras de Assoulen, preciso fechar os olhos, deixar a imaginao nos levar, concentrar-se nos perfumes e sentir os acordes musicais.

    PIANO E PERFUMES

  • maio 2015 / 19 teclas & afins

    INTERFACE

    Durante o ms de maio comemora-se o aniversrio de vrias personalidades ligadas ao mundo das teclas.PARABNS!

    11

    Shirley Horn (1934)

    4

    Oleta Adams (1962)

    Johannes Brahms (1833)

    7

    8

    Mary Lou Williams (1910)

    8

    Keith Jarrett (1945)

    9

    Billy Joel (1949)

    9

    13

    18

    18181818

    Stevie Wonder (1950)

    13

    Red Garland (1923)

    Brian Eno (1948)

    15

    15

    151515151515

    Johnny Alf (1929)

    19

    26

    Fats Waller (1904)

    21 26

    Gonzalo Rubalcaba (1963)

    27

    Rick Wakeman (1949)

    Ruben Gonzalez (1919)Sivuca (1930)

    Liberace (1919)

    Tania Maria (1948)

  • 20 / maio 2015 teclas & afins

    Nilton Corazza

    Brasil em Dois Pianos

    RETRATO

  • maio 2015 / 21 teclas & afins

    RETRATO

    Utilizando uma formao incomum para a msica brasileira, Fabio Caramuru e Marco Bernardo levam

    o popular sala de concertos

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  • 22 / maio 2015 teclas & afins

    RETRATO

    Fabio Caramuru: estudos com Magda Tagliaferro e Jobim como ideal

    Formado pelos pianistas Fbio Caramuru e Marco Bernardo, o duo Brasil em Dois Pianos tem se apresentado em diversas cidades do Pas, divulgando a msica brasileira por meio de uma formao, se no inusitada, incomum para o repertrio. Contando com msicas de compositores do calibre de Radams Gnatalli, Tom Jobim, Egberto Gismonti, Gilberto Gil e Cesar Camargo Mariano - em arranjos elaborados especificamente para essa formao - alm de um flerte com Chopin, o projeto aproxima o pblico da sala de concertos, ao mesmo tempo em que quebra a rigidez desses ambientes ao oferecer msica popular. Fbio Caramuru um dos maiores especialistas do Brasil em Tom Jobim, tendo lanado, em 2007, o CD duplo Piano - Tom Jobim por Fbio Caramuru. Marco Bernardo, por sua vez, nome de referncia no pas quando se trata do legado de Radams Gnattali. Em 2012, lanou o CD duplo Radams Gnattali: Integral dos Choros para Piano Solo.

    Logo aps uma das apresentaes do duo, realizada na Sala So Paulo, conversamos com os pianistas para conhecer melhor a proposta e a concepo do projeto.

    Como foi a escolha e qual foi o objetivo de vocs ao escolherem esse repertrio especificamente?Fabio Caramuru: Em primeiro lugar, houve uma identificao nossa com o repertrio. Cada um de ns tem uma realidade artstica. O Marco trabalha muito a questo de arranjos h algum tempo, regente, cantor, e tem uma intimidade muito grande com o repertrio brasileiro, erudito e popular. Tive essa proximidade com a msica brasileira mais recentemente, na dcada de 1990, quando desenvolvi certo enjoo de tocar sempre as mesmas peas. Eu achava muito intil ficar reproduzindo o repertrio erudito, que todo mundo faz e muito bem feito, ad nauseam. No via muito sentido. J me identificava muito com a msica brasileira e comecei a brincar com chorinhos, Nazareth, Chiquinha, outras coisas. At que estudei um songbook do Tom Jobim, o que me abriu um novo panorama, em que estou h duas dcadas. Me considero um pianista erudito, mas mudei de rumo porque me interessei por outro repertrio e cansei daquela questo da carreira tradicional. A outra razo para a escolha do repertrio de mercado. Acreditamos que muito importante ampliar o pblico, no ficar com os mesmos ouvintes de concertos. E supomos que o repertrio popular, sendo mais palatvel, atrairia uma plateia maior e seria mais fcil comunicar nossa arte. O concerto em si foi motivado pelas homenagens aos 20 anos de falecimento de Tom Jobim. Ento criamos uma espinha dorsal Jobim-Radams. E fomos incluindo

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  • maio 2015 / 23 teclas & afins

    RETRATO

    Brasil em Dois Pianos: interesse musical e cnico

    outros compositores de acordo com a relao que pudessem ter com esses dois.

    Como surgiu a ideia do duo?Marco Bernado: Isso j vem de alguns anos. Eu e o Fbio elaboramos juntos vrios projetos muito interessantes. E das nossas conversas surgiu essa ideia. uma formao bastante estimulante. Oferece uma sonoridade robusta, que lembra algo orquestral e, ao mesmo tempo, mais recursos timbrsticos. Em 2011, comeamos a fazer as primeiras experincias. Escrevi o primeiro arranjo - Samambaia, de Csar Camargo Mariano - e fomos descobrindo a afinidade, no s de repertrio, mas de interesse em msica popular. No existem muitas referncias de dois pianos nesse segmento. Existiram duos especficos, pontuais. Radams Gnatalli, por exemplo, mantinha um duo com a irm. Chegaram a gravar algumas coisas. Com a segunda esposa, ele tambm fez um duo para

    gravar um disco. No Brasil, nunca existiu de maneira efetiva essa formao, tocando msica popular. Comeamos a experincia e fomos descobrindo como agradvel e aprazvel, no s para ns porque a gente se diverte muito , mas tambm para o pblico. FC: Isso fcil de perceber, porque pblico no finge. A gente percebe essa empatia. Isso muito estimulante. muito legal ouvir que a plateia est at cantando junto com voc.

    A formao em dois pianos exige do arranjador uma viso diferente do que um piano a quatro mos?MB: O piano a 4 mos muito limitado. As possibilidades so limitadas porque h um pianista solista abordando uma regio muito aguda que, s vezes, se torna cansativa. Para cruzar timbres ou mos, muito desconfortvel. Ento, essa formao muito amarrada. J em dois pianos, temos

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  • 24 / maio 2015 teclas & afins

    RETRATO

    Marco Bernardo: proximidade com o popular e Gnatalli na bagagem

    a possibilidade de, efetivamente, dialogar. No existe uma hierarquia, isto , no h aquilo de um dos pianistas ficar o tempo todo no solo e o outro no acompanhamento. Ns, inclusive, fazemos essa estereofonia, como costumo brincar, de passar o solo de um para o outro, inspirados no que fez o Francisco Mignone com os arranjos de Nazareth, por exemplo, em que o primeiro pianista toca a msica como o compositor escreveu e o segundo faz os reforos rtmicos e timbrsticos. Ele consegue reforar as texturas do original, o que fazemos, por exemplo, em Cristal, de Cesar Camargo Mariano. O Fabio toca a msica original e eu insinuo umas texturas extras.FC: Essa formao em dois pianos tambm muito cnica. O fato de ter dois msicos, um de frente para o outro, cria algo interessante, em primeiro lugar, no palco, com a disposio dos pianos, um sem tampa e outro com a tampa aberta por causa da acstica. E o fato de nos comunicarmos com olhares, gestos etc, cria algo cnico.

    A sonoridade de vocs similar?MB: Temos personalidades artsticas bem

    diferentes, mas a partir do momento em que estamos tocando juntos, necessrio timbrar. Lutamos com grandes dificuldades, em termos de instrumentos. Na Sala So Paulo, por exemplo, foi maravilhoso, porque contamos com dois pianos perfeitos. FC: muito difcil conseguir dois pianos que combinem. s vezes, dependendo do lugar, tocamos em condies precrias, com pianos desiguais, porque no h disponibilidade de outros. Mas isso faz parte do projeto, temos que nos adaptar. MB: E msica de cmara, ento temos que soar juntos (risos). Um influenciado pelo outro. Eu sou mais rtmico, gosto de suingar mais. O Fabio mais voltado sonoridade, ao fraseado, a uma coisa mais erudita. FC: Mas isso que legal. A diversidade que traz interesse. Veja as irms Labque, por exemplo, que so completamente diferentes e, juntas, criam uma unidade interessante.

    Os arranjos foram feitos pensando no Fabio?MB: Sim. No havia nada pronto. A nica msica que tinha um arranjo para piano-solo pronto era Samba do Avio. A partir dele, abri para um segundo piano. Cada arranjo tem uma estrutura prpria. Em Samba do Avio, o arranjo para piano foi encorpado! Os outros foram pensados no decorrer do trabalho. Foram elaborados, de forma geral, muito em funo dos originais, como as msicas apareceram pela primeira vez. Para guas de Maro, por exemplo, a referncia foi a gravao de Elis e Tom. Em alguns momentos, pode ter havido uma conciliao, porque tenho uma tendncia a encher as coisas de notas, de modo exuberante. O Fbio j o contrrio: vai aos detalhes. Na medida em que os arranjos foram escritos, eles foram se adaptando em como o parceiro aborda o piano. Mas sempre houve essa busca pela roupagem

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  • maio 2015 / 25 teclas & afins

    RETRATO

    Duo: preservar a qualidade e divertir-se

    que as pessoas tm como referncia. FC: A ideia ampliar o repertrio. Queremos ter realmente o Brasil em dois pianos, agregando o mximo possvel em compositores, tendncias e gneros. Estamos comeando. Hoje o concerto assim, mas daqui a dois anos ser outra coisa. Vamos ampliar isso. algo aberto. Queremos abarcar um repertrio grande, que dar fora ao conceito de nosso projeto. MB: E dar a ele autonomia para uma vida inteira, se for o caso, porque a msica popular brasileira indiscutivelmente muito rica. Repertrio no falta. E a formao em dois pianos um meio de expresso que tem condies de abordar qualquer msica.

    Como funcionam os ensaios?FC: Quando ensaiamos mais descontrai-damente, a organicidade vai acontecendo. Se ensaiamos muito racionalmente, com compromissos marcados, parece que tudo

    demora mais para ficar orgnico. A parte racional no pode prevalecer no momento de tocar para o pblico. Tem que ser algo orgnico, de corao, natural!MB: E tambm fazemos ensaios sem muitas exigncias. Por vezes, elegemos um dia para tocar as msicas todas mais lentas, para destrinchar algumas coisas. No ensaio, tocamos de costas um para o outro. Com isso, sentimos mais a msica que o outro faz. Estamos bem entrosados, em um ponto em que j precisamos nos comunicar menos, apenas de maneira pontual: alguma entrada ou sada, uma inteno, uma risada por conta do que um fez ou tocou. Esse o desafio: se divertir com o que voc est fazendo. FC: Preservamos a qualidade sonora como msica de concerto e, ao mesmo tempo, temos uma coisa mais relaxada, mais tranquila, que gostosa para ns e para o pblico.

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  • 26 / maio 2015 teclas & afins

    VITRINE Toque nos produtos para acessar vdeos, informaes e muito mais!

    KAWAI CN35Pianofatura Paulista www.piano.com.br

    Alm da exclusiva tecnologia de gerao de sons Progressive Harmonic Imaging - caracterstica da linha de pianos digitais da Kawai - com 324 excepcionais timbres de instrumentos diversos e 12 kits de bateria, o modelo CN35 tem instalado o mecanismo Responsive Hammer Action III (RHIII), com let-off (escape), teclas com textura similar ao do marfim natural (Ivory touch) e sensor triplo, resultando em realismo e timo controle para o pianista. Os martelos so graduados, com variao de peso dos agudos aos baixos, alm de teclas balanceadas. Tudo isso para reproduzir a verdadeira experincia de tocar um piano acstico. O modelo ainda oferece 256 notas de polifonia, diferentes curvas de toque, Reverbs e efeitos de ltima gerao, tcnico-afinador virtual, gravador digital para trs msicas em duas pistas, msicas para estudo, conexo USB e muitos outros recursos

    WALDMAN UltimateKeys 610 USBWaldman Music www.waldman-music.com.br

    O arranjador UK-610 USB, da Waldman, traz como diferenciais 128 timbres, 128 ritmos (com controle de viradas de bateria, metrnomo, ajuste de tempo e ajuste de volume de acompanhamento), oito sons de percusses independentes, de acesso direto no painel e tambm no teclado e 30 msicas de demonstrao, alm de controles de Sustain, Vibrato, transposio e afinao e possibilidade de diviso do teclado (Split, Double Keyboard). Conexo USB/MIDI e sada para L/R para amplificao externa completam o equipamento.

  • O KROSS a ferramenta ideal para criao musical e performance, e ir acompanh-lo em todos as situaes, seja no palco ou em estdio.

    Assista ao vdeo do KORG KROSS Apresentado por Jean Carllos (Oficina G3)

    Bag Original (opcional) Disponvel para as duas verses

    Verso 61 teclas

    Verso 88 teclas

    KORG.COM.BR

  • 28 / MAIO 2015 teclas & afins

    REVIEW Por cristiano ribeiro

    Em plena era digital, a Korg volta seus olhares para instrumentos analgicos e relana o ARP ODYSSEY, disponibilizado em primeira-mo e com exclusividade para os testes de Teclas & Afins

    O puro-sangue

    Em certo momento no desenvolvimento dos instrumentos musicais de teclas, os sintetizadores digitais comearam a proliferar. Foi uma febre instantnea. Lembro-me de que todos queriam saber apenas dos novos teclados que ofereciam excelentes timbres (para a poca) de pianos, orquestrais, sopros, bells, tiro, trovo, chuva, risada etc, e j vinham com efeitos embutidos, cheios de splits, layers e tudo mais. Foi entusiasmante. E

    os velhos teclados - grandes, pesados que s faziam pzoooins, com pouca polifonia e poucos recursos foram, em grande parte, esquecidos nos pores e lojas de instrumentos usados na periferia.Os digitais realmente so muito prticos, cheios de recursos, esto sempre em evoluo. Enfim, resolvem tudo. Atualmente, um tecladista com uma dessas poderosas workstations consegue fazer mais do que um msico de 40 anos atrs

  • MAIO 2015 / 29 teclas & afins

    REVIEW

    fazia com o palco lotado de instrumentos pesados e caros. Imagine colocar um piano acstico, um piano eltrico, um rgo transistorizado e pelo menos uns trs sintetizadores no palco! Por esse ngulo se pode notar o quanto um equipamento digital barateia e facilita a vida.

    PanoramaMas, da vem a pergunta: ele tem alma? Na hora de ouvir o resultado, que puramente o som, este digital - por maior que seja sua memria ROM com gigabytes de amostras sampler - consegue mesmo substituir um piano? O clonewheel reproduz todas as nuances de um Hammond original? E um virtual analogic chega onde vai um sintetizador analgico? A resposta um veemente no!Pois exatamente essa comparao que o bom e velho sintetizador merece. Assim como a supermegablaster workstation nunca vai substituir o piano em todos os seus detalhes, o sintetizador tambm no tem substituto. Por mais que o sintetista use uma mera onda senoidal pura, sem nenhuma modulao, no vai conseguir o mesmo resultado no digital.Pode parecer papo de conservador, de careta, mas precisamos manter o bom discernimento das coisas. Isso implica em trabalhar para que se mantenha o bom nvel de qualidade musical no mercado. Sim, os instrumentos reais fazem toda diferena e os fabricantes parecem estar acordando para isso. E olha que demorou! Por incrvel que possa parecer, esse fenmeno se deve ao fator modernidade. Com o crescimento do uso da internet, as pessoas esto, cada vez mais, adquirindo conhecimento, pesquisando e redescobrindo valores. As vendas de instrumentos como rgos transistorizados Painel: controles mo e em tempo real

    reais voltaram a crescer, a tradicional fbrica de pianos eltricos Rhodes retomou sua linha de produo e por a vai. No estou desdenhando os digitais, muito pelo contrrio. Me nego hoje a ter que carregar tudo que gostaria, e minha workstation atende muito bem minhas necessidades.De olho em todo este panorama, a Korg vem investindo em instrumentos analgicos. Assim a marca fez com o MS20 Mini, os Monotrons, os Volcas. Agora, relana o ARP ODYSSEY. Bingo! um mercado promissor. Alm da atual tendncia vintage que est durando - e crescendo -, tais lanamentos proporcionam maior visibilidade e mais credibilidade no mercado musical.

    O equipamentoO ODYSSEY um relanamento. Originalmente, no foi um projeto da Korg. O sintetizador foi fabricado pela empresa americana ARP de 1972 at 1981. Durante essa dcada, foram lanadas trs verses, basicamente do mesmo teclado com verses diferentes de filtros. Tcnicos da Korg e da ARP trabalharam em conjunto para recriar o ODDYSEY. Ao projeto original foram acrescentadas entrada MIDI, porta USB-MIDI e sada de fones com regulagem de volume. A sada de udio

  • 30 / MAIO 2015 teclas & afins

    REVIEW

    XLR - que no era balanceada, portanto suscetvel a rudos - foi substituda por uma balanceada. Entre os vrios modelos lanados originalmente, que diferiam de acordo com a data de produo, o novo KORG ARP Odyssey traz o design do Rev3, com painel preto e legendas em laranja. As verses Rev1 - de painel branco - e Rev2 - de painel preto com legendas em dourado - tambm foram revividas como modelos de edio limitada, ainda sem confirmao de chegada ao Brasil. Um prtico e muito til case est includo, garantindo segurana no transporte e armazenamento. O ODYSSEY um synth duofnico puro-sangue. A Korg reduziu o instrumento a 80% das propores originais, mas no se deve menosprez-lo por causa do tamanho. As 37 teclas leves no so sensveis velocidade ou aftertouch, mantendo as caractersticas do original. O recurso de transposio (2 oitavas para baixo ou para cima) garantem a tessitura ideal para qualquer solo. Um grande trabalho de engenharia foi realizado para que se pudesse reproduzir fielmente o circuito original, bem como a resposta dos osciladores, LFO, sliders e todo o conjunto. O recurso de Portamento, to utilizado poca do lanamento do sintetizador, apresenta tanto as caractersticas da verso REV1 quanto das REV2 e 3, um pouco diferentes, selecionadas por meio de uma chave no painel.

    O testeFizemos os testes para ver o comportamento desse teclado e isso j nos bastou. Foi uma volta ao passado mexer em todos os sliders, chaves e cabos de patch e ouvir o som cortante das ondas. sentir a energia rolando dentro do teclado e saindo pelo udio. Um bom rompler reproduz uma onda gravada em looping, um bom VA (virtual analogic) simula o comportamento de um synth real. Ele consegue, por algoritmos, criar uma onda infinita e gerada por toda a extenso das teclas. Um processo matemtico, gerando som por meio de processadores. Mas o analgico, esse o verdadeiro, o original. Trabalhando diretamente com a voltagem, gera um som contnuo, rico em harmnicos, por meio da clssica conformao VCO (Voltage Controlled Oscilator), VCA(Voltage Controlled Amplifier) e VCF(voltage controlled filter). Uma chave DRIVE foi incorporada e, quando acionada, cria distoro no VCA, para sonoridades ainda mais encorpadas e agressivas. O prazer de colocar as mos em um equipamento desses no tem preo.Entre as ondas disponveis dente-de-serra, quadrada, pulso (onda pulso dinmica) -, comecei escolhendo pelos VCOs duas dente-de-serra. Levantei o volume das duas ao mximo no udio mixer. Os valores de VCF e VCA esto logo ao lado.Ergui a

    Painel traseiro: sada balanceada e conexo USB

  • MAIO 2015 / 31 teclas & afins

    REVIEW

    frequncia e Ressonance do VCF. O HPF CUTOFF FREQ segue o mesmo padro do teclado original, isto , um pouco mais direita, diferentemente do costumeiro , ao lado do RESSONANCE. Selecionei a chave Type VCF na posio III - TYPE I (Rev1) 12 dB / Oct que produz um som agudo; TYPE II (Rev2)24 dB / Oct com tima sonoridade para baixos; e TYPE III (Rev3) excelente estabilidade mesmo quando a ressonncia levantada, recriando as trs verses lanadas originalmente. Em seguida, levantei o valor de VCA, ajustei attack, decay, sustain e release e, tocando a tecla, a nota comeou soar. Precisei ento afinar a nota em Frequency. O SYNC estava off, com os dois VCOs soltos. A afinao do VCO2 fica totalmente independente, o que d mais trabalho em acertar a afinao, porm torna mais fcil ajustar o VCO2 em uma tera, quinta ou outro intervalo ao gosto do msico. Com o SYNC desligado tambm se pode fazer bicordes: esse o modo

    duofnico. Pela afinao fina, tambm se consegue um detune. Quando se liga o SYNC, os VCOs trabalham em conjunto e, no lugar de intervalo, se consegue detune. Os PULSEs dos VCOs geram mais harmnicos, enriquecendo o timbre. Este um uso bsico para criar sonoridades. Poderamos nos debruar por muitas pginas para falar sobre ajustes, afinal so muitos que o teclado permite. Mas preciso relatarcomo o teclado responde a cada novo ajuste: muito preciso. As frequncias - do subgrave at o agudo - alcanam altos nveis sem serem agressivas. O som vivo e cortante. E a sensao de estar ali, deslizando sliders e alterando posies das chaves, sentindo o som mudar em tempo real muito gratificante.Realmente no se consegue entender como certos modismos vm, dominam e fazem que coisas boas sejam deixadas de lado. Espero que essa onda analgica perdure, para o bem dos tecladistas.

    ARP ODYSSEYPreo sugerido: R$ 5.490,00 *Importador: Pride Music (www.korg.com.br)

    CONTRAS A recriao do projeto de 1971 fiel,

    mas novos recursos poderiam ter sidoincorporados

    PRS Recriao fiel Sonoridade encorpada Chave TYPE VCF Acabamento e construo slida Case includo

    Informaes tcnicasDimenses: 502 x 380 x 120 mmPeso: 5 kgOpcionais: VP-10 Volume Pedal, PS-1/PS-3 Pedal Switch

    * Preo sujeito a alterao sem aviso prvio

  • 32 / MAiO 2015 teclas & afins

    Referncia Nacional

    Dono de estilo nico, que tem influenciado pianistas ao redor do mundo, Cesar Camargo Mariano sinnimo de msica de qualidade

    materia de capa NILTON CORAZZA

    Informao, ambiente e ouvidos atentos. Talvez essa seja a frmula para a formao de um msico de qualidade. Falta apenas um ingrediente: talento. E esse, Cesar Camargo Mariano tem de sobra. Autodidata ou detentor de um dom inigualvel comeou a tocar piano no exato momento em que se sentou frente de um. Seu estilo nato foi influenciado por grandes nomes da poca, como Nat King Cole, Erroll Garner e Tommy Flanagan, e lapidado pelos msicos com quem teve contato em sua carreira profissional, iniciada aos dezesseis anos. Johnny Alf morou na casa de sua famlia por um bom tempo. O ambiente ali, inclusive, era completamente aberto msica.

  • MAio 2015 / 33 teclas & afins

    Cesar Camargo Mariano:estilo nico Anit

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  • 34 / MAiO 2015 teclas & afins

    materia de capa

    Piano e teclado: instrumentos de expresso

    Com os ingredientes certos, o paulistano Cesar tornou-se um dos principais msicos brasileiros, atuando em uma infinidade de projetos, desde o Quarteto Sab que na A Baica fortaleceu o movimento da bossa nova em So Paulo - passando pelo Sambalano Trio at chegar ao Octeto Cesar Camargo Mariano, considerado um marco na fuso jazz-bossa. Formando ainda outros grupos, como o Som Trs, acompanhou e dirigiu espetculos de Claudete Soares, Marisa Gata Mansa, Wilson Simonal e Elizeth Cardoso at ser convidado por Elis Regina para dirigir, produzir e fazer os arranjos do lbum Elis, parceria que perdurou por anos e resultou, alm de lbuns histricos, em dois filhos, os cantores Pedro Camargo Mariano e Maria Rita. Cesar especializou-se em msica para publicidade, cinema e teatro, no se afastando do cenrio artstico. Ao lado do violonista Helio Delmiro, gravou o

    icnico Samambaia. Com Wagner Tiso, registrou o lbum Todas as Teclas, primeira experincia somente com teclados eletrnicos, levada adiante com o espetculo Prisma, realizado com Nelson Ayres. Da para o trabalho na televiso, foi apenas um passo. Seja produzindo, arranjando, acompanhando ou compondo, Cesar mantm sua carreira mais que slida, imprimindo um toque de classe a todos os projetos a que se dedica, de Leny Andrade e Leila Pinheiro a Sadao Watanabe e Ivete Sangalo, entre muitos outros. Cesar Camargo Mariano nos recebeu em sua mais recente visita ao Brasil est radicado em Nova York -, entre a apresentao no SESC Pinheiros e a ltima sesso de gravao do lbum que est produzindo com o quarteto formado por ele, Thiago Rabelo na bateria, Sidiel Vieira no baixo e Conrado Goys no violo.

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  • MAio 2015 / 35 teclas & afins

    materia de capa

    Juventude: de menino-prodgio a msico requisitado

    Como ser citado por dez entre dez pianistas como referncia? um imenso prazer e uma surpresa. Sempre recebemos e-mails e contatos em concertos, h msicos que falam que gostam do trabalho. Isso normal. Mas esse nmero surpreendente Fico muito contente. Sinal de que valeu a pena. Ou melhor, est valendo a pena, pois estou vivo ainda e trabalhando (risos). Eu tambm tenho meus preferidos, meus dolos. preciso ter um parmetro. Todos ns temos. Mas existe um risco nisso: o de voc assimilar tanto o estilo de seu dolo que acaba se esquecendo do seu. Isso algo que se deve prestar muita ateno.

    H falta de originalidade na msica brasileira hoje?H um lado criativo muito legal nos jovens brasileiros, especialmente na rea rtmica: contrabaixo, bateria, violo-base. As informaes so muito variadas e h muitos msicos profissionais que esto assimilando esse mix de gneros, o que considero saudvel. Na rea de teclados, vejo menos isso. Tudo est padronizado. Mas eu no saberia dizer o porqu. Tanto na rea pop, quanto no jazz ou mesmo no segmento autoral, usa-se muito pouco o piano. algo que noto e fico triste. E isso em termos de timbres. Mesmo sintetizadores, de modo geral, usa-se pouco. E quando se faz, de forma estranha, falta intimidade. No est havendo ateno por parte dos msicos, principalmente no cuidado com a escolha de timbres. Falta um pouco de tino, de perder um pouquinho mais de tempo. Ah, mas estou dentro do estdio, no d tempo... D! Procura usar o corao, a alma naquilo que est fazendo. Ah, estou fazendo mas no gosto do gnero.

    No tem importncia! preciso prestar ateno nisso independentemente do gnero, da msica, do ritmo. importante, bonito e da alma! Temos que ter essa sensibilidade, principalmente para acompanhar algum. Acompanhar uma arte bem parte, outro papo.

    Voc no teve formao musical clssica, erudita. Quem te influenciou?No tive formao musical, nunca estudei msica, mas tive muita informao. E principalmente, bem no comeo, na rea erudita, por causa do meu pai. Ele tocava piano clssico, mas no era profissional. Minha me gostava muito de jazz, trilhas de filmes, standards americanos. Eu e meus irmos crescemos nesse ambiente, ouvindo msica o dia inteiro. Dentre os eruditos, tinham os brasileiros: Zequinha de Abreu, Radams Gnatalli, pianistas como o prprio Ernesto Nazareth. Meu pai era alucinado por ele. No sei se feliz ou infelizmente, nunca estudei msica. Estudei com os msicos. Acho muito importante usar um instrumento por isso que se chama instrumento - para expressar a arte. Um pincel pode ter trs fiozinhos apenas e o artista consegue

  • 36 / MAiO 2015 teclas & afins

    materia de capa

    pintar um quadro com ele. s vezes at com barbante molhado em tinta. O instrumento para isso. Quanto mais intimidade um msico tem com seu instrumento, mais a criao aumenta, independentemente da tcnica ou da ctedra, que acho importantssima, culturalmente falando. Mas em primeiro lugar vem o dom. Deveria haver um meio termo.

    Apesar disso voc tem trabalhado com msica erudita.Tenho uma oportunidade muito boa em Trancoso. H quatro anos fazemos um festival de msica erudita internacional e popular brasileira, com vrias orquestras sinfnicas e msicos estrangeiros que vem especialmente para participar. So solistas da Berliner Philharmoniker, da Royal Philharmonic, grandes orquestras. muito gratificante porque acabo me envolvendo com eles e fazemos muitas

    coisas juntos. Ento, tenho escrito para orquestra sinfnica.

    Quais foram suas influncias? De que fontes voc bebeu para formar seu estilo?Para entender o que meu dolo estava fazendo, tive que entender o que veio antes. O que isso que ele est tocando? jazz? O que jazz? Como que toca, Por que faz assim? Por que piano, baixo e bateria? E por que est harmnico e tudo organizadinho? Fiz essa pesquisa. Um primo de minha me, pouca coisa mais velho que eu, gostava de jazz. Eu no sabia o que era isso. Estava ouvindo Waldir Azevedo, Jacob do Bandolim, Pixinguinha. Esses caras viviam na casa do meu pai. Eu ouvia s isso e msica erudita. Ele me viu tocando, com 12 ou 13 anos, e achou parecido com alguma coisa. Foi at a casa dele e me trouxe um disco para ouvir, de Erroll Garner. Fiquei apaixonado. Como que ele faz isso? Em uma orquestra sinfnica, so peas seculares, escritas. Mas um combo pequenininho, piano-baixo-bateria, faz isso? Esse foi meu primeiro dolo: Erroll Garner. O seguinte foi Oscar Peterson, pelo mesmo motivo. E quase ao mesmo tempo, Tommy Flanagan, no solando, mas acompanhando Ella Fitzgerald com um quarteto piano-baixo-bateria-guitarra. Fiquei alucinado com aquilo. E sou at hoje!

    Voc tem certa predileo por trabalhar com guitarra. Mas isso muito complicado...Muitssimo complicado! Porque so dois instrumentos de harmonia e de base. O timbre complicado. Para timbrar e ficar algo audvel, delicado. E os dois trabalham

    Cesar Camargo Mariano: referncia nacional

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  • MAio 2015 / 37 teclas & afins

    materia de capa

    praticamente na mesma regio. H a parte rtmica tambm. Um tem que entender muito bem o que o outro faz ou conversar e ensaiar muito. Sabe quanto tempo ensaiei com Hlio Delmiro? Nada! Sabe quanto tempo ensaiei com Romero Lubambo? Cinco anos. So coisas diferentes. Nunca tinha tocado com nenhum dos dois. Com o Hlio Delmiro, ele chegou e aconteceu! No precisei falar nada para ele nem ele para mim. Nunca! Com o Romero, at por questes de agenda, a gente s entendeu que estava pronto depois de cinco anos. O trabalho de piano e guitarra delicado. Entre mim e o Chico Pinheiro ou o Conrado Goys, h uma grande identificao. Falamos a mesma lngua, embora sejamos de idades e gneros diferentes. Quando vamos fazer algo juntos, surge uma terceira coisa. Antes de tudo, existe essa identificao,

    at mesmo de inverses de acordes. Um acorde pode ter mil maneiras de ser feito, mas h aquela inverso que vai soar bem naquele especfico momento.

    Esse quarteto com que voc trabalha hoje de msicos mais jovens...Menos da metade da minha idade (risos)

    Como trabalhar com eles?Maravilhoso! O Sidiel um msico que no tem vivncia para saber e tocar o que ele toca! Falei isso para ele. Se o Oscar Peterson estivesse aqui e o chamasse para tocar, ele iria fazer isso perfeitamente bem, at sem conhecer o tema. Ficamos brincando, s vezes depois do ensaio ou da gravao. Me encosto no piano para esfriar e ele pega o baixo. O que vier, ele toca, maravilhosamente bem. um dom absurdo.

    Novo quarteto: apresentaes e gravao de lbum

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  • 38 / MAiO 2015 teclas & afins

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    As possibilidades infinitas dos teclados me fascinaram

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  • MAio 2015 / 39 teclas & afins

    materia de capa

    O quarteto j excursionou e agora vocs esto em estdio gravando o CD. mais fcil assim?No mais fcil, mais lucrativo! (risos) O resultado muito melhor e muito mais produtivo! Estou falando por mim. Fiz isso a vida inteira. Com a Elis, por exemplo. Gravvamos os discos em novembro. Em janeiro, estava pronto. Esperavam passar o carnaval e em maro lanavam o disco. Excursionvamos com o disco gravado, at o meio do ano. A, Elis e eu comevamos a mudar o repertrio, pensando no prximo lbum. E amos tocando na estrada! Quase todo dia! Quando chegava outubro, o disco novo estava mais do que testado e tocado, todo redondinho, pronto. Em novembro, entrvamos em estdio e gravvamos. A riqueza de ideias, os sonhos pretendidos, voc adquire tocando junto, convivendo. Quando voc faz uma turn, que seja de 15 concertos, por exemplo, e depois entra em estdio para tocar aquele repertrio, no h nada melhor. J est tudo testado em todos os sentidos: o gosto, o prazer, a escolha do repertrio, os timbres. muito mais legal assim. Mas o laboratrio dentro do estdio tambm legal.

    Voc teve uma fase em que usou apenas piano, depois muitos teclados. Por que isso? Voc est voltando a usar teclados? Nunca deixei de tocar teclados. Na poca, percebi que tudo que gostaria de fazer em termos sonoros, de timbres, poderia fazer ilimitadamente com eles. Foi aquele boom! Paralelamente a tudo isso, eu fazia publicidade, at para financiar os shows. Mesmo os da Elis, que a gente bancava. No havia Lei Rouanet. Principalmente naquela poca, a publicidade era muito aberta em termos de produo e criao

    de udio, msica, trilha. Voc podia fazer o que quisesse. O importante era o texto ou a imagem do produto ou de algum falando dele. Havia at um termo que a agncia falava pra gente: Faz bosta que o cliente gosta!. No havia cuidado algum. Ento, fazamos aquele arranjo atrs, mil sons, teclados, vocais maravilhosos. Isso foi mudando a cara da publicidade no Brasil. Tanto que recebi oito Clio Awards l fora. As possibilidades infinitas dos teclados me fascinaram, graas ao sistema MIDI. Eu podia fazer o que quisesse. Da surgiu a ideia de fazer um espetculo, o Prisma. Nelson Ayres tambm adorava aquilo. E tinha o Dino Vicente, que me ensinou muita coisa sobre MIDI e computadores. Levava tudo isso para os estdios. Era teclado pra caramba. Passei a usar o teclado como demo para orquestra. Fazia tudo primeiramente nele, por causa do volume de produo. Era mais rpido! Minha prpria velocidade de raciocnio aumentava muito. Gravava no computador e chamava produtor, diretor de novela, cantor, mostrava e mexia na hora no que precisasse. Depois, fazia as partituras, chamava a orquestra e gravava. Isso minimizava custos. Entendi que isso seria muito mais vivel e eu

    Talento: Sidiel Vieira, Conrado Goys, Thiago Rabelo e Cesar Camargo Mariano

  • 40 / MAiO 2015 teclas & afins

    poderia aproveitar muito mais se tudo estivesse dentro do meu estdio, onde trabalho. Isso aconteceu at antes de eu ir morar fora. Eventualmente, pino algum teclado, um piano eltrico, alguma coisa, para fazer concertos. Mas nunca deixei o piano.

    Como foram gravados os pianos do disco?Usei o Motif. Mexi nos timbres e consegui um piano extremamente prximo a um acstico.

    Voc v diversidade nos timbres dos teclados hoje?Nenhuma! tudo padro! A diferena de uma mquina para outra so as funes e os recursos, que te atendem ou no.

    Em termos de timbres, at onde sei, 80% das novas mquinas trabalham com samplers. No meu caso, a primeira coisa que fao quando adquiro um teclado fazer backup e apagar tudo. Comeo a construir tudo do zero a partir de alguma coisa que existe l. Assim consigo um pouco de exclusividade e diferenciao de timbres. Existem tambm diferenas de mecnica de teclado, ao gosto do fregus! O legal saber a respeito das funes do equipamento - se atende bem, se oferece funes MIDI e de sincronismo de todos os tipos, se tem capacidade de armazenamento e slots de expanso, se trabalha com sampler ou no, se tem sadas e entradas de udio etc -, ir loja e botar a mo na massa. assim que fao!

    A riqueza de ideias, os sonhos pretendidos, voc adquire tocando junto, convivendo.

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  • 42 / junho 2014 teclas & afins42 / maio 2015 teclas & afins

    livre pensar POR ALEX SABA

    OVOO lbum de Peter Gabriel mais que bom, daqueles que merecem muito cuidado na audio, para que no se perca nenhum detalhe. E a cada nova audio, mais detalhes surgem

    Achei estranho quando encontrei o caderno cultural de um jornal velho com a seguinte manchete: Peter Gabriel joga o seu OVO. E o texto no se referia ao produto de uma granja e nem sua careca. Por sinal, conta a lenda que ele um dia se olhou no espelho e percebeu que via atravs dos seus cabelos. Ento desistiu de disfar-la e radicalizou para um corte prximo do zero. Mas l estava ele com cara de bobo (desculpe Peter!), talvez porque no tenha entendido a sutileza do trocadilho do ttulo ou porque no se importe com essas bobagens.OVO mais um lbum de Peter Gabriel fora

    da discografia para tocar nas rdios, discos que no so trilha sonora, por exemplo. Comprei o meu direto no site dele, como bom f de carteirinha de toda sua trupe (aguardem a trilogia do baixista Tony Levin!), aproveitei e comprei outros dois discos com msicas do oriente. Sou to suspeito para falar de Peter Gabriel, que poucas vezes o mencionei aqui neste ano que passou. O disco bom. Mais que bom. daqueles que merecem muito cuidado na audio, para no perdermos nenhum detalhe. E a cada nova audio mais detalhes surgem. OVO a trilha sonora do

    Peter Gabriel: o indeciso timoneiro

  • junho 2014 / 43 teclas & afins maio 2015 / 43 teclas & afins

    livre pensar

    espetculo que foi encenado em Londres, no Domo do Milnio, em comemorao chegada do ano 2000, que apenas uma referncia mesmo - j que no houve um ano zero, as dcadas terminam nos anos de final 0 e comeam nos de final 1, portanto o milnio s comeou um ano depois, mas o planeta todo comemorou. Fazer o qu?Esse lbum est mais para Long Walk Home ou Passion do que qualquer outro, trilhas para dois filmes. O primeiro, sobre a cerca do ttulo original do filme (Rabbit-Proof Fence), que serve de indicao para dois irmos que tentam chegar a seu povo, e o segundo, sobre a paixo de Cristo. Entretanto, ao contrrio desses, ele possui algumas canes mais fceis de serem digeridas e, no final, no se parece tanto com uma trilha sonora.Aqui esto vrias das misturas que Gabriel tanto gosta de colocar nos seus trabalhos solo: povos Galicos, conotaes tribais, paisagens sonoras tecno-futuristas e baladas suaves. Tudo a servio do conceito de procurar abordar a evoluo humana por meio da saga de uma famlia. O msico foi a escolha acertada para encarar no s esse conceito, mas o prprio desafio.

    Sev e RayVoltando ao tabloide, no gostei da comparao que fizeram de Peter Gabriel a um capito. O autor comentava que ele era o firme capito comandando sua nau etc. Comentei minha indignao com Sev, que o nosso Faz Tudo (FT) aqui no estdio. Ele esticou o pescoo para ver o motivo das minhas queixas e perguntou se eu queria falar com Gabriel. Antes que eu dissesse que a piada era sem graa, ele explicou que tinha um primo que era FT nos estdios da Real World, a gravadora de Gabriel. Continuei sem acreditar e ele no se fez de rogado, tirou o telefone celular do bolso do

    macaco e ligou. Cinco minutos depois, eu estava falando (a cobrar, ainda por cima) com Raymundo, com Y mesmo, primo de Sev e FT de Peter Gabriel.Segundo Ray (ele disse que eu podia cham-lo assim), Gabriel um cara muito legal, mas no tem nada de capito. Ele fica trancado l no que eles chamam de Raitim Rum (depois de alguma pesquisa descobri que Ray referia-se a Writing Room, que a sala de composio de Gabriel dentro dos estdios Real World) e vez por outra vem pro Meim Istdio (nova pesquisa: de Main Studio ou estdio principal) com os amigos para gravar umas coisas. S que ele grava muitas vezes com muita gente diferente e as msicas parecem diferentes o tempo todo. O resto da conversa foi mais ou menos assim: Sabe seu Alex, ele muito indeciso. Pro senhor v, ele estava com aquele tal do lbum UP h no sei quantos anos pra lanar, mas no acabava nunca. A chamaram pra fazer esse tal de OVO, que foi encenado l em Londres dentro de um troo que chamam de DOMO, mas que pelas fotos que me mostraram parecia mais um circo. T certo que bem maior que o da minha

  • 44 / junho 2014 teclas & afins44 / maio 2015 teclas & afins

    cidadezinha, mas igualzinho a um treco que eu vi quando faxinei l no Rio pro seu Perfeito (Fortuna) no (Circo) Voador dele. Tinha at uns caras pendurados, girando de um lado pro outro (acho aqui que Ray referia-se Intrpida Trupe). Pelo que entendi, depois que eles usam o Meim Rum, eles vo pra Micsim Rum (haja pesquisa: leia-se Mixing Room ou Sala de Mixagem) onde colocam os instrumentos nos volumes certos ou ento tiram alguns que no ficaram bons. Quando fazem isso mudam tudo. J ouvi muito gringo dizer, que nem reconhecia a msica que ele mesmo tinha tocado, pra no falar nos que reclamam que no so ouvid.... E acabou-se a bateria do celular de Sev. Olhei para ele, que pegou o aparelho da minha mo e sem me dar ateno, foi coloc-lo para recarregar.Fiquei pensando no que Ray me falara. Primeiro, pensando se era possvel um primo de Sev estar por l e, depois, no que ele me dissera. Com certeza h um tanto de fantasia nisso tudo, mas como diz o velho ditado: Onde h fogo h um incendirio.

    Resolvi dar algum crdito a Ray. Algumas coisas que ele me contou eu j havia lido, meses atrs, no prprio site de Peter Gabriel.

    O lbumOVO muito bom. To bom que no pode ser comentado simplesmente. No pode ser reduzido a palavras. D um crdito sua delicada histria. Ela no conta a trajetria da humanidade, mas da Inglaterra, por meio de uma famlia. As culturas que permeiam todo o disco, so as das antigas Colnias do Imprio Britnico. Quando decidiu sair do grupo Genesis, no auge da carreira nos anos 70, Peter Gabriel no tinha um trabalho solo, apesar das ms lnguas dizerem que The Lamb Lies Down On Broadway, do Genesis, seria seu primeiro disco solo. Ele saiu sabe-se l porque (na poca corria o boato de que seu guru havia recomendado), cercou-se dos melhores msicos por toda sua carreira e acabou recompensado. Sledgehammer (do lbum SO) foi o megassucesso que possibilitou, ou por outra, pagou as contas do complexo Real World. Outro dia mostrava para uma amiga, como a capa de SO diferente de todas as outras de Gabriel. de longe a mais popular ou mais convencional, ou mais burocrtica, enfim, a mais insossa. Mas alm de pagar as contas, possvel descobrir grandes prolas no meio das faixas mais comerciais e que pouco tocaram no rdio.Peter Gabriel no foi o capito de nenhum barco, mas sim um indeciso timoneiro, que acabou por descobrir um novo continente. Embarquemos, ento, nessa viagem musical que tantos grandes artistas nos proporcionam e vamos seguir para onde quer que a vida nos leve para mais outro ano de bons sons, boas msicas e grandes descobertas.

    livre pensar

    Peter Gabriel: sempre cercado dos melhores msicos

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  • 46 / MAIO 2015 teclas & afins

    PALCO POR WAGNER CAPPIA

    Robs no palcoAt que ponto a tecnologia pode ser utilizada de forma a manter a diferena entre o msico e as mquinas que executam sequncias pr-definidas de notas e acordes?

    No passado, o acesso a recursos tecnolgicos na msica era um privilgio de poucos artistas e, ainda assim, restrito a uma camada com recursos financeiros suficientes ou mesmo release suficiente. Com o passar do tempo, a evoluo tecnolgica impulsionada pela exploso do mercado musical, fez que tais recursos se tornassem acessveis a um nmero infinitamente maior de pessoas,

    msicos e produtores, profissionais ou no. Sabemos que, atualmente, em um notebook mediano, consegue-se com investimento relativamente baixo gerar registros e tratamento de udio de forma muito satisfatria. Samplers, MIDI, sntese, tudo dentro da mquina, disposio de msicos e aventureiros musicais, de forma totalmente globalizada graas s facilidades oferecidas pela internet e

    COMPRESSORHEAD: banda de robs que tocam ao vivo

  • MAIO 2015 / 47 teclas & afins

    Wagner CappiaIniciou seus estudos em piano clssico em 1982, com formao pelo Conservatrio Dramtico Musical de So Paulo. scio-diretor do Conservatrio Ever Dream (Instituto Musical Ever Dream), tecladista, compositor e arranjador da banda Eve Desire e scio-proprietrio e responsvel tcnico do estdio YourTrack. Msico envolvido na cena metal, procura misturas de estilos que vo desde sua origem natural na msica erudita at a msica contempornea, mesclando elementos clssicos e de ambiente em suas composies. Especialista em tecnologia musical, performance ao vivo para tecladistas, coaching para bandas, professor de piano, teclado e udio. www.cappia.com.br - www.evedesire.com - www.institutomusicaleverdream.com

    os padres de software gratuito que se alastraram pelo mercado.Com todo esse aparato disposio, muito comum o msico ser seduzido por essa overdose de recursos e mergulhar de cabea nesse universo, principalmente tecladistas e produtores. exatamente nesse momento que o tiro pode no atingir o alvo, esbarrando no erro cada vez mais comum: o abuso do uso da tecnologia musical nas obras.Essa facilidade, em estdio, explorada ao mximo por alguns artistas e produtores de todos os portes. Orquestras, efeitos especiais, distores vocais, infinitas camadas de sons e texturas que tornam o udio final uma obra digna de ser exposta ao lado das pirmides do Egito.

    O msico ao dispor da mquinaA questo : como levar isso para o palco? E nesse cenrio, a resposta bvia disparar toda essa informao via samplers acompanhada de clicks nos msicos para que todos acompanhem a mquina. J estive presente em grandes shows em que o tecladista executava apenas e literalmente algumas bases e frases, enquanto toda a sonoridade era controlada por um tcnico escondido por um tapume muito bem decorado em cima do palco. Pirotecnia e massacre sonoro que me fizeram entender que havia pagado o ingresso, como todos ali, para ouvir o CD em caixas de som muito mais potentes

    PALCO

    do que as de meu estdio e, claro, ver de perto os artistas que admiro. Ou admirava.Como tecladista, uso e abuso da tecnologia musical em meus trabalhos, e em nenhum momento sou contra o seu uso, mas, quando subo no palco, tenho a preocupao em ser eu a enviar a mensagem musical ao pblico. Deixo para os recursos tecnolgicos alguns complementos que possam ser interessantes ao desempenho como um todo. claro que esse trabalho comea muito antes do show e consome muitas horas no musicais para ficar pronto e tudo funcionar.Pretendo apresentar e discutir sobre esse tema nos prximos artigos, dando dicas sobre tcnicas, equipamentos, softwares e tudo relacionado ao msico das teclas no palco, sem tirar o brilho do talento humano na execuo de qualquer pea.

    BONES: baixista eletrnico

  • 48 / MAIO 2015 teclas & afins

    pUXANDO FOLE POR Jackson Jofre Rodrigues

    As marcas mais famosasSo tantas as marcas e modelos de acordeons existentes atualmente que realmente difcil escolher qual o melhor

    Principalmente dos anos 50 at os dias atuais, uma grande evoluo tecnolgica - alm de novas marcas - invadiu o mercado mundial. No Brasil, os acordeons mais usados, desde Luiz Gonzaga at Sivuca, com certeza so os das marcas Todeschini, Giulietti e Scandalli. Mas tambm existem por aqui novas fbricas e timos modelos, semelhantes ou, dependendo do gosto do acordeonista, at melhores que muitos j renomados e consolidados no meio acordeonstico. Alguns exemplos so Leticce e Pampiana, entre outros.

    Fora daquiPelo mundo so muitas as marcas que nascem, renovam-se e evoluem. Por toda a Europa comum ver acordeonistas, com timos instrumentos, tocando na rua ou em trens e metrs. No Brasil existe um pensamento de que, fora de nosso Pas, o acordeon mais popular o Scandalli. Mas atualmente comum ver marcas como Menguini, Hohner (o acordeon dos campees do mundo), Victria (usado por Richard Galliano) e Piccini, entre muitas outras. O mais renomado, no entanto, o Dallap.

    V-Accordion FR-8x Dallap: edio limitada do instrumento digital da Roland com assinatura da fbrica italiana

  • MAIO 2015 / 49 teclas & afins

    pUXANDO FOLE

    Jackson Jofre RodriguesAcordeonista e produtor musical, atuando no cenrio nacional com nomes como Gilbert Stein, Marlon e Maicon, Joo Neto e Frederico, Fernando e Sorocaba, Teodoro e Sampaio, Cristiano Arajo, Chitozinho e Xoror, Zez di Camargo e Luciano, Guilherme e Santiago, Banda Nanquin, Grupo Candieiro, Grupo Garotos de Ouro, Banda Moog e Banda Aurora Tocaia, entre outros. Tem mais de 40 discos gravados, 7 DVDs, indicao ao Prmio Tim 2003, considerado oito vezes o melhor acordeonista do Rio Grande do Sul. Foi Campeo Brasileiro de Acordeon Digital Roland, 4 lugar na final mundial de Acordeon Roland em Roma, 3 lugar na Copa do Mundo de Acordeon na Crocia realizando trs turns pela Europa, Oceania e EUA.

    Eu mesmo me surpreendi quando pesquisei e conclui sobre isso vendo em algumas viagens e tours pelo mundo afora.Existem os acordeons diatnicos tocados no Texas, por exemplo, chamados de Cajun Accordions, populares em escolas, festas e shows. Trata-se de um acordeon leve, pequeno e de som caracterstico, uma espcie da aqui popularizada gaita ponto, mas com timbres e afinao diferentes.H tambm os acordeons eletrnicos digitais que simulam perfeitamente os acsticos. Roland e Musitech so marcas que apostam na tecnologia digital.Se ns, acordeonistas, pudssemos ter um modelo de cada seria bom demais! Mas so todos instrumentos de custo elevado e, quanto melhor o instrumento, mais caro ele . O acordeon sim um instrumento muito caro, mas o nosso instrumento, nico e completo.

  • 50 / MAIO 2015 teclas & afins

    Quando iniciei meus estudos de msica, aos 8 anos, tive o privilgio de poder conviver com amigos e parentes bem mais velhos do que eu, fs de jazz, msica clssica e MPB. Essa convivncia e tima influncia me proporcionaram acesso a informaes que, provavelmente, a maioria dos msicos tm apenas depois de uma dcada do incio das atividades e, s vezes, at em menor quantidade.O primeiro disco que pude chamar de meu, foi o de Haendel. De um lado trazia Msica para os Reais Fogos de Artifcio, e, do outro, Msica Aqutica. Ouvi durante muito tempo

    Muita informao ajuda ou atrapalha?Tudo est disponvel na internet, mas existe o risco de perder-se no mar de conhecimento

    e logo decorei toda aquela obra. Podia cantar as madeiras, os metais e as cordas de todas as peas. Era a nica fonte para meus ouvidos. Durante essa pr-adolescncia, penso na quantidade de informao que obtive por meio de 20 LPs, 30 fitas cassetes e 15 fitas de VHS. Como isso foi precioso!Nesse meu grande acervo, havia o show de Chick Corea no Free Jazz Festival no Brasil. Encantava-me com o show comemorativo de 50 anos da gravadora americana de jazz Verve. Por l passeavam Herbie Hancock, Freddie Hubard, Stanley Jordan. O lbum do George Benson, Collaboration, com Earl

    vida de musico por ivan teixeira

  • MAIO 2015 / 51 teclas & afins

    Klugh, foi um choque. Greg Philliganes, nos teclados, era simplesmente o que eu queria ser. E as fitas cassete que eram gravadas e regravadas incessantemente ? Trocadas, tocadas e compartilhadas at ficarem com o som do chiado maior que o som da msica. Mas eu usava as fitas de cromo da BASF, que duravam mais, e o disco do Take 6 foi ouvido e duplicado pelo menos um milho de vezes. Todo esse material, foi absorvido durante 4 ou 5 anos. Ento o CD chegou e a coleo s aumentava. No final de minha adolescncia, entrei na faculdade. Os CDs passavam dos 200, as fitas VHS j no cabiam nas prateleiras e, logo depois, a internet multiplicou a oferta de udio em mp3, os estudos em PDF e os vdeos de shows no YouTube.No me lamento disso nem um pouco, antes de qualquer coisa. Na verdade, acho tudo timo. Tenho certeza absoluta de que, atualmente, para quem quer estudar qualquer assunto (mesmo que no seja msica), est muito melhor. Temos acesso a muito mais informao, de forma muito mais barata e muito mais abrangente. A internet, sem dvida, nossa grande aliada.

    Mas...A escassez do passado nos dava condio de estudar mais uma determinada msica. O livro era esmiuado at seu esgotamento. Por outro lado, fazamos isso porque no existiam tantos outros mtodos, e at mesmo discos para ouvir. A produo cultural h 25 anos era bem menor. Eram menos artistas a conseguirem gravar um disco, poucos mestres conseguiam editar um mtodo. Os equipamentos eram mais escassos, caros e o processo mais demorado. A revoluo da produo musical digital tambm facilitou registrar composies de forma barata e com qualidade.Atualmente, enxergo um grupo de msicos vidos por novidades sem se aprofundarem muito na riqueza do contedo disponvel. No existe outra forma: para absorver conhecimento ouvindo um disco, necessrio tempo. preciso se concentrar, focar, ouvir com outros ouvidos que no esto disponveis quando estudamos com displicncia. No d para entender a msica ouvindo o mp3 player do carro ou o smartphone em um nibus lotado, muito menos durante a caminhada (aquela que

    vida de musico

  • 52 / MAIO 2015 teclas & afins

    Ivan TeixeiraPianista de formao erudita, tecladista por sua prpria escolha, Ivan Teixeira proprietrio da produtora de udio IMUSI, produzindo, compondo e arranjando diversos projetos para cantores, cinema, publicidade e games. Trabalha com nomes importantes da msica brasileira e tem sua prpria carreira e seus discos gravados. Adora histria da msica, sintetizadores digitais, analgicos e virtuais.

    muita gente faz ouvindo s um lado do fone). E, se no dia seguinte, se fizer tudo de novo, do mesmo jeito, com outras msicas, tudo o que se ouviu no dia anterior ser esquecido completamente. Uma srie de erros que vai consumir tempo, sem nenhum resultado.Muita gente acessa o YouTube e passa horas assistindo a uma poro de vdeos de gente tocando cover, frases pirotcnicas ou qualquer papagaida acrobtica-musical. Mas no tem pacincia para assistir uma vdeo-aula inteira, ficar perto do teclado para tocar os exerccios com determinao. E no dia seguinte? Novos vdeos, novas acrobacias. Nada do dia anterior interessa mais. coisa velha.Nesse mar de informao, voc pode estar com o seu barquinho musical deriva. E o pior, achando que est no caminho certo. Tudo que obtive de informao durante a minha primeira fase de desenvolvimento musical caberia (com folga) em um pen drive de 4Gb! Isso muito pouco se comparado ao que muita gente tem em seus HDs de 1Tb. No estou abordando este assunto como quem olha um problema de longe, atravs de um binculo, mas porque tambm cometi esse erro: o de ter mais informao do que poderia absorver e ficar perdido com tantas opes. O que adianta ter a discografia do Herbie Hancock, se voc nunca a escutou? E aquela coleo completa do Aebersold que voc nunca mexeu?Sem contar que muitas vezes os msicos se frustram estudando contedos bem mais difceis do que o nvel que ele deveria encarar. Ter acesso ao contedo mais complexo e profundo antes da hora certa pode criar um

    abismo no processo de aprendizagem. E pode haver um colapso na motivao.

    AtitudeQual o lado bom de termos tanta informao? Sem dvida, existe. Se voc pretende se dedicar estudando um pianista como Bill Evans, por exemplo, encontrar sua vida e obra praticamente decifrada. Transcries de improvisos, gravaes raras e comentrios de estudiosos pesquisando sobre as diferentes fases de suas composies. Se voc quiser estudar Ernesto Nazareth, vai encontrar todas as suas obras, gratuitamente, em PDF em um site que tem o nome dele. Esse material existe disposio, mas o que vai fazer? Vai baixar todas as partituras de Nazareth e no estudar nenhuma? Vai olhar aquela pasta com mais de 40 PDFs no seu HD e no vai dar uma olhadinha pra ver se tem uma fcil para comear a estudar imediatamente? Muito contedo est mesmo disponvel na internet. E isso muito bom. Exera uma anlise crtica do que voc est procurando, coletando, estudando e aplicando em sua msica. Perceba que sem foco, voc se perder no caminho. Mas se voc se organizar, poder andar muito mais rpido, ser muito mais aplicado e descobrir conexes com sua msica nos mais diversos trabalhos existentes no mundo, porque ele agora bem acessvel, ao alcance do seu click. Clique consciente. Navegue com objetividade!

    vida de musico

  • MAIO 2015 / 53 teclas & afins

    cultura hammond

    De volta igreja, com emoo

    por Jose Osorio de Souza

    A ideia inicial de Laurens Hammond era criar um instrumento musical verstil para uso nas igrejas, mas o blues, o jazz e o rock paganizaram seu instrumento, at que o tonewheel voltou ao meio sacro com estilo e mais vivo, servindo ainda melhor aos organistas das igrejas do sculo XXI

    A palavra rgo vem do grego rganon e significa instrumento. Esse instrumento musical, tambm chamado de aerofone de teclas, gera som por meio da passagem de ar comprimido, acumulado em foles, para tubos de metal e de madeira, controlados por teclados (manuais) e pedaleira. Diferentemente do piano e do cravo, ele gera sons que permanecem soando enquanto as teclas estiverem pressionadas,

    o que, por suas caractersticas, massa sonora, riqueza de timbres etc, cria uma assembleia musical com ndole essencialmente sacra. Por tudo isso, o rgo foi utilizado pela primeira vez nas igrejas catlicas no sculo VII, uso atribudo tradicionalmente ao Papa Vitaliano. O rgo continua servindo liturgia crist tanto da igreja romanista quanto da evanglica at os dias de hoje.O compositor italiano renascentista Giovanni Pierluigi da Palestrina (sculo XVI) teve grande influncia sobre o desenvolvimento da msica sacra na Igreja Catlica Apostlica Romana. At Bach, no houve um compositor to prestigiado quanto ele. Suas obras foram classificadas como a perfeio absoluta do estilo eclesistico. Melhor que qualquer outro, Palestrina captou a essncia do aspecto sbrio e conservador que a Contra- Reforma Catlica exigia, em uma polifonia de extrema pureza, apartada de qualquer interferncia da msica secular (a profana). Com exceo do rgo, sua msica no adotou o uso de instrumentos, e suas influncias continuam at hoje nos hinos tradicionais cristos.Contudo, conhecimento que alguns no tm, muitos hinos consagrados por aqueles que no admitem qualquer influncia da msica chamada secular (a msica popular contempornea, com Eddie Howard Jr.: vertente Hammond-gospel

  • 54 / MAIO 2015 teclas & afins

    cultura hammond

    temtica no religiosa) na liturgia, foram compostos usando melodias e harmonias seculares, cujas letras foram trocadas para serem usados nos cultos. Por que estamos falando nisso? Porque a partir do sculo XX, se nota com maior presteza, j que o tempo parece andar mais rpido nesse sculo, uma troca de estticas musicais, entre a msica chamada sacra e a secular. O Hammond foi testemunha e protagonista desse movimento, principalmente no meio protestante norte-americano, com forte influncia da msica dos afrodescendentes. Muitos msicos, instrumentistas e cantores criados no meio evanglico foram fazer msica que no era sacra e, obviamente, levaram consigo seus estilos de formao religiosa e os agregaram aos mais mundanos. O spiritual e o gospel viraram soul e blues, que misturados ao country e outros ritmos folclricos deram luz ao rock e ao pop.

    O rgo gospel afro-norte-americanoO Hammond foi criado para substituir o rgo de tubos, para dar s igrejas uma opo mais barata e prtica do som do acstico original. Por tudo que a cultura do rgo fez para a msica sacra, esse tonewheel no poderia ter ficado perdido no mundo. Ele foi pra l, mas retornou. E melhor. No se pode falar em tcnica organstica de rgo popular (diferenciando aqui da tcnica erudita de

    Bach, Haendel etc), sem falar em blues. E esse elemento, que na msica secular pode ser, s vezes, sombrio e pago, no meio religioso ficou vibrante e cheio de luz. A registrao mais usada no gospel a full drawbars, com todos os drawbars puxados ao mximo e com a Leslie em fast. O estilo gospel do Hammond, abusando da regio mais aguda das notas, cria uma tenso que resolvida rapidamente para que outra seja criada, produzindo assim um clima emocional de constante euforia. No existe estilo organstico com mais adrenalina: parece que as questes existencialistas e terrenas esto sendo levantadas para que uma resposta espiritual seja dada dos cus, tirando da congregao gritos de aleluias e frases de louvor ao altssimo. O andamento pode ser de marcha rpida ou de blues lento, mas os glissandos, o levantar e abaixar do volume pelo pedal de expresso e a mudana da velocidade da Leslie so executados o tempo todo, fazendo o rgo cantar e articular palavras de adorao e splica. No Hammond-gospel, a emoo fala mais alto que as sofisticadas modulaes do jazz e representa o contrrio da msica sacra mais antiga e tradicional. Essa msica celebra um Deus vivo e, por isso, viva, influenciada diretamente pela msica de improviso que nasceu em Nova Orleans, executada com alegria pelas ruas, mesmo quando seguindo um fretro. preciso dizer que muitos organistas litrgicos, principalmente no Brasil, ainda esto por descobrir esse rgo gospel, mas seja como for, o meio evanglico brasileiro tem o mrito de manter uma tradio musical importante, no s para a religio, mas para a cultura, de maneira geral. E esse mercado tem sustentado muitas fbricas de instrumentos musicais. Emoo no se explica, se sente. Mesmo Moses Tyson Jr: louvor

  • MAIO 2015 / 55 teclas & afins

    Cory Henry: tecladista do Snarky Puppy e hammondista precoce

    cultura hammond

    que, como msicos, entendamos certas tcnicas, escalas, acordes, cadncias e timbragens, s ouvindo para se apropriar com a mente e com a alma da emoo que existe no estilo gospel. Usamos aqui esse termo para definir o estilo de msica crist protestante vinda principalmente dos afrodescendentes que moram nos Estados Unidos, portanto um estilo fundamentado, como j dissemos, no jazz e no blues. Trs nomes podem nos ajudar a sentir o Hammond-gospel - e so apreciaes

    Jose Osorio de SouzaPianista de formao erudita, analista de sistemas de formao acadmica, foi proprietrio de estdio e escola de msica e Suporte Tcnico da Roland Brasil. tecladista da noite, compositor e escritor. Ama histria e tecnologia dos sintetizadores e samplers, mas apaixonado por teclados vintages, blues, rock progressivo e msica de cinema. Atualmente toca piano no Grande Hotel Senac em guas de So Pedro (SP) e atua como msico gospel na cidade de Itu (SP).

    fundamentais para quem quer conhecer essa vertente do tonewheel: Moses Tyson Jr., Eddie Howard Jr. e Cory A. Henry. Para Cory A. Henry preciso uma informao adicional, ele j era genial no Hammond desde muito pequeno. possvel encontrar vdeos dele ainda criana tocando rgo.

  • 56 / MAIO 2015 teclas & afins

    arranjo comentado por rosana giosa

    Melodia com acordes, estilo ragtime

    Estilo muito utilizado no final do sculo XIX e no incio do XX, o ragtime tornou-se muito caracterstico da msica americana, tendo como resultado uma instrumentao cheia, alegre e dinmica

    Tocar a melodia com acordes foi um recurso bastante usado pelos pianistas americanos na poca do ragtime enquanto a mo esquerda tocava a nota grave do acorde como base no primeiro e no terceiro tempos, alternando com o acorde no 2 e no 4 tempos do compasso. Alm disso, a melodia sempre tocada com jazz-feeling, com subdiviso ternria nas colcheias, o que imprime uma sensao muito suingada e gostosa na interpretao desse estilo. O arranjo de Every Time We Say Good Bye foi inspirado nesse estilo. A melodia quase sempre harmonizada e a mo esquerda, na maior parte do tempo, trabalha como no ragtime. Ela muito prpria para esse recurso, pois as notas caminham horizontalmente, sem muitos saltos, o que facilita bastante a execuo e resulta em um som bem agradvel. Repare que - apesar de a mo direita aparentar uma digitao difcil pelo nmero de notas - tudo fica bem confortvel e anatmico para tocar.

    HarmonizaoPara harmonizar a melodia, primeiramente deve-se analisar se ela parte da cifra que a acompanha. Se assim for, coloca-se de forma aproximada as trs notas restantes desse acorde, abaixo dela. Se a nota da melodia no pertencer ao acorde, coloca-se abaixo dela todas as quatro notas do acorde mas, ao tocar, omite-se a que estiver prxima da melodia. Vale lembrar que, na harmonizao da melodia deste arranjo, muitas vezes a nota fundamental do acorde foi substituda por sua 9 para enriquecer o som.Mais detalhes e exerccios sobre essa tcnica voc poder encontrar no Mtodo de Arranjo para Piano Volume 3.

    Every Time We Say Good ByeIntroduo: foi criada uma melodia de quatro compassos harmonizada conforme a tcnica acima, porm com a mo esquerda fazendo uma repetio oitava abaixo, ao que chamamos de bloco fechado (voc tambm pode encontrar orientaes sobre essa tcnica no Mtodo de Arranjo para Piano Volume 3).

    3

  • MAIO 2015 / 57 teclas & afins

    Every Time We Say Good Bye

    A1: a melodia segue sempre harmonizada ao passo que a mo esquerda faz um desenho leve com notas do acorde na regio mdia do teclado. J a partir do compasso 13, passa a acompanhar como no ragtime.A2: igual ao A1A1: um solo foi criado para introduzir uma variao meldica, arranjado com a mesma tcnicaA2: repetio do A2 anteriorCoda: quatro compassos foram criados para finalizar o arranjo.

    arranjo comentado

  • 58 / MAIO 2015 teclas & afins

    arranjo comentado

  • MAIO 2015 / 59 teclas & afins

    arranjo comentado

  • 60 / MAIO 2015 teclas & afins

    arranjo comentado

    Rosana GiosaPianista de formao popular e erudita, vive uma intensa relao com a msica dividindo seu trabalho entre apresentaes, composies, aulas e publicaes para piano popular. Pela sua Editora Som&Arte lanou trs segmentos de livros: Iniciao para piano 1, 2 e 3; Mtodo de Arranjo para Piano Popular 1, 2 e 3; e Repertrio para Piano Popular 1, 2 e 3. Com seu TriOficial e outros msicos convidados lanou o CD Casa Amarela, com composies autorais. professora de piano h vrios anos e desse trabalho resultou a gravao de nove CDs com seus alunos: trs CDs coletivos com a participao de msicos profissionais e seis CDs-solo. Contato: [email protected]

  • MAIO 2015 / 61 teclas & afins

    HARMONIA E IMPROVISACAO

    A harmonia da bossa nova Parte 4Nas trs edies anteriores de Teclas & Afins, nos dedicamos ao estudo das caractersticas harmnicas da bossa nova. Nesta, falamos sobre acordes de dominante e voicings caractersticos e, aps o estudo proposto, realizaremos um acompanhamento aplicvel msica Insensatez, de Tom Jobim

    por turi collura

    Temos dividido o estudo das caractersticas harmnicas da bossa nova em trs camadas:1) Estudo por tipologias de acordes: cada tipo de acorde possui sonoridades e tratamentos caractersticos; 2) Estudo de clichs rtmico-h