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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM PSICOLOGIA DA SAÚDE
SANDRA REGINA PERES
PERCEPÇÃO DE SUCESSO NA CARREIRA E RESILIÊNCIA: UM ESTUDO COM ADMINISTRADORES
SÃO BERNARDO DO CAMPO 2014
SANDRA REGINA PERES
PERCEPÇÃO DE SUCESSO NA CARREIRA E RESILIÊNCIA: UM ESTUDO COM ADMINISTRADORES
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Metodista de São Paulo como requisito parcial para obtenção do título de Mestre de Psicologia da Saúde.
Área de concentração: Processos Psicossociais.
Orientadora: Profa Dra. Maria do Carmo Fernandes Martins
SÃO BERNARDO DO CAMPO 2014
FICHA CATALOGRÁFICA
P415p
Peres, Sandra Regina Percepção de sucesso na carreira e resiliência: um estudo com administradores / Sandra Regina Peres. 2014. 154 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia da Saúde) - Faculdade da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2014. Orientação de: Maria do Carmo Fernandes Martins.
1. Carreira 2. Sucesso profissional 3. Resiliência I. Título
CDD 157.9
Dedico este trabalho a minha mãe, que sempre me incentivou nas minhas conquistas pessoais e profissionais. Ela, mais uma vez, me fez acreditar que seria possível continuar e superar as dificuldades que surgiam a cada dia; e que – mesmo diante das adversidades que se acometiam em nossas vidas – seria possível vencer mais este desafio da minha vida profissional.
“Um encontro entre dois: olho no olho, cara a cara. E quando estiveres próximo tomarei teus olhos
e os colocarei no lugar dos meus,
e tu tomarás meus olhos e os colocarás no lugar dos teus,
então te olharei com teus olhos e tu me olharás com os meus.
Assim nosso silêncio se serve até das coisas mais comuns
e nosso encontro é meta livre:
O lugar indeterminado, em um momento indefinido, a palavra ilimitada para o homem não cerceado.”
(Jacob L. Moreno)
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida e por ter me dado sabedoria e força interior para vencer mais este desafio em minha vida, mesmo diante de todas as dificuldades e mudanças que aconteceram na minha vida pessoal e profissional nos últimos anos. A minha mãe que foi fonte inspiradora nos momentos mais dificíeis da minha vida pela sua resiliência, dedicação à família e por ser um exemplo de vida para mim. A minha professora e orientadora, Maria do Carmo Fernandes Martins, que pacientemente me acompanhou, incentivou e, por vezes, compreendeu minhas dificuldades durante a elaboração deste trabalho. Também por seus conhecimentos, competência e dedicação para realização deste trabalho. Ao Prof. Dr. Luciano Venelli Costa, diretor da faculdade de Administração e Economia da Universidade Metodista que gentilmente cedeu o banco de egresssos do curso de Administração e muito contribuiu com sua experiência e conhecimento na banca de qualificação. Ao Prof. Manoel Rezende Morgado pelas suas contribuições, conhecimentos e, em especial, pela tranqüilidade na banca de qualificação. A Profa Marília Martins Vizzotto que muito me inspirou para a realização e conclusão deste trabalho. A todos os professores pelos ensinamentos transmitidos que levarei para sempre comigo. Aos que voluntariamente participaram da pesquisa, em especial aos administradores – meus colegas de trabalho. A minha amiga e professora de Inglês, Thais Volpiano, que me incentivou e auxiliou na compreensão dos textos. Ao meu colega de curso, Marcelo Soares, que me auxiliou na preparação da pesquisa eletrônica. Agradeço a todos os colegas de curso pela convivência ao longo desses anos; e que contribuíram para o meu crescimento e enriquecimento profissional. Agradeço, em especial, a minha amiga, Maria Piedade Rosa, pelo incentivo, dedicação e força que sempre me deu nos momentos mais dificíeis e quando me faltavam forças para continuar.
A dissertação de mestrado sob o título “ Percepção de sucesso na carreira e resiliência: Um
estudo com administradores”, elaborada por Sandra Regina Peres foi apresentada e aprovada
em 28 de Janeiro de 2015, perante banca examinadora composta por Prof. Dra. Maria do
Carmo Fernandes Martins (Presidente/UMESP), Prof. Dr. Luciano Venelli Costa
(Titular/UMESP) e Prof. Dra. Elza Fátima Rosa Veloso (Titular/FMU).
_______________________________________ Profa. Dra. Maria do Carmo Fernandes Martins
Orientadora e Presidente da Banca Examinadora
_______________________________________ Profa. Dra. Maria Geralda Viana Heleno
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação
Programa: Psicologia da Saúde
Área de Concentração: Psicologia da Saúde
Linha de Pesquisa: Processos Psicossociais
PERES, SR (2014) Percepção de Sucesso na Carreira e Resiliência: um estudo com administradores. Dissertação de Mestrado. Universidade Metodista de São Paulo, UMESP, São Bernardo do Campo – SP.
RESUMO
Sucesso profissional está relacionado à satisfação do indivíduo com a sua carreira em longo prazo. Essa satisfação deriva de aspectos intrínsecos e extrínsecos, referentes a uma dimensão objetiva - aspectos mais visíveis do sucesso na carreira - que inclui: salários, progressão profissional, status e oportunidades de desenvolvimento de carreira, como promoção; e outra subjetiva, que se refere à interpretação pessoal do que seja sucesso, em especial na carreira: satisfação com o trabalho, orgulho, sentimentos de autorrealização, dentre outros. A percepção do sucesso com a carreira pode estar associada a características individuais como, por exemplo, a resiliência, que representa o processo dinâmico de adaptação positiva frente às adversidades. Na literatura, não foram localizados estudos que relacionem ambas as variáveis, isto é, sobre o quanto a resiliência pessoal pode contribuir para a percepção de sucesso na carreira. A fim de investigar essa influência, esta pesquisa tem como objetivo principal identificar se resiliência pessoal de administradores prediz sua percepção de sucesso na carreira. Participaram 137 administradores, formados em diversas instituições, sendo 56,1% do sexo feminino e 43,7% do sexo masculino, com idade média de 33 anos, divididos entre casados ou solteiros (44,5% para ambos). Os dados foram coletados por meio de um questionário sociodemográfico, baseado na Escala de Percepção de Sucesso na Carreira e da Connor-Davidson Resilience Scale (CD-RISC). As respostas compuseram um banco eletrônico de dados e foram analisados por meio do Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). Resultados de análises de regressão hierárquica revelaram que resiliência prediz 5,5% da percepção do sucesso na carreira objetiva e 9% da percepção de sucesso na carreira subjetiva. Ao acrescentar a interação entre idade e tempo de trabalho, o poder de predição de ambos os modelos, tanto para sucesso objetivo, quanto para o subjetivo, elevou-se substancialmente, chegando ao dobro. Resiliência contribui para que os participantes percebam sucesso na carreira em ambas as dimensões, objetiva e subjetiva, e a predição é potencializada pela interação entre idade e tempo de trabalho. Os achados deste estudo confirmaram a hipótese levantada. O estudo trouxe contribuições para a área, mas também foram reconhecidas limitações, em função das quais foi proposta uma agenda de pesquisa para estudos futuros.
Palavras-chave: Carreira. Percepção de sucesso na carreira. Resiliência.
PERES, SR (2014). Perceived Career Success and resilience: a study with administrators. Master's Thesis. Universidade Metodista de São Paulo, UMESP, São Bernardo do Campo -SP.
ABSTRACT
Professional success is related to the individual's satisfaction with his/her career in the long run. This satisfaction comes from intrinsic and extrinsic factors,that in one hand is based on an objective dimension – the most visible aspects of career success –that includes: salaries, career development, status and career development opportunities (for instance, job promotions); and on the other hand a subjective one, which refers to personal interpretation of what constitutes success, especially in career: job satisfaction, pride, feelings of self-realization, among others. The perception of success can be associated with individual characteristics such asresilience, which can be understood as a positive attitude during the dynamic process of adaptation in face of adversity. In the literature, there were no studies correlating both variables, that is, about how much personal resilience can contribute to the perception of career success. To investigate this influence, this research aims to identify whether personal resilience of administrators predicts their perception of career success. This study has involved 137 business personnel (56.1% female and 43.7% male), who have been graduatedin different institutions and whose average age was 33 years old by the time the study was performed; in addition, according to marital status, the population was evenly divided among married and singles (44.5% for both categories). Data has been collected through a sociodemographic questionnaire, based on the Perception Scale of Career Success and Connor-Davidson Resilience Scale (CD-RISC). The answers were processed by an electronic data bank and were analyzed using the Statistical Package for Social Sciences (SPSS). Results of hierarchical regression analyzes revealed that resilience predicts 5.5% of the objective perception of success in career and 9% of the subjective perception about the same matter. By adding the interaction between age and job experience (which is measured in years), the predictive power of both models, for both objective and subjective aspects of success perception, rose substantially, reaching twice of the previous measures. Thus, resilience helps participants realize career success in both dimensions, objective and subjective, and the prediction is enhanced by the interaction between age and experience. Our findings confirmed the hypothesis. The study brought contributions to the literature, but limitations were also recognized, under which it was proposed a researching agenda for future studies. Keywords: Career. Perception of Career Success. Resilience.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Definições de modelos de carreira......................................................................... 42
Quadro 2 – Preditores de sucesso na carreira ........................................................................... 70
Quadro 3 – Preditores de percepção de sucesso na carreira ..................................................... 71
Quadro 4 – Evolução do conceito de resiliência ...................................................................... 89
Quadro 5 - Evolução do conceito de percepção de sucesso na carreira ................................... 90
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Descrição das características pessoais dos participantes do estudo........................ 94
Tabela 2 – Características profissionais dos participantes do estudo ....................................... 95
Tabela 3 – Fidedignidade dos instrumentos utilizados ..........................................................103
Tabela 4 - Médias, desvios-padrão, moda, mediana e informação sobre distribuição das
variáveis .................................................................................................................................. 106
Tabela 5 – Frequência das respostas dos participantes em PSCO e PSCS por categoria da
escala de respostas .................................................................................................................. 106
Tabela 6 – Resiliência e percepção de sucesso objetivo e subjetivo na carreira .................... 108
Tabela 7 – Resumo do modelo de regressão - percepção de sucesso objetivo na carreira ..... 108
Tabela 8 – Resumo do modelo de regressão - percepção de sucesso subjetivo na carreira ... 109
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Modelo Hipotético de Estudo ................................................................................. 17
Figura 2- Ciclos de Carreira .................................................................................................... 25
Figura 3 – Representação gráfica dos resultados das análises de regressão ........................... 110
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 11
1- PROBLEMA E OBJETIVOS DA PESQUISA ...............................................................16
1.1 Questão da Pesquisa ........................................................................................................16
1.2 Objetivos da Pesquisa ......................................................................................................16
1.2.3 Hipótese ..........................................................................................................................16
2 REVISÃO TEÓRICA ......................................................................................................... 18
2.1 Conceitos de carreira........................................................................................................ 18
2.2 Fases da carreira ............................................................................................................... 21
2.3 Tomada de decisão, dilemas e transições na carreira ................................................... 25
2.3.1 Estratégias de mudança de carreira ................................................................................. 32
2.3.2 Mudanças de carreira e empregabilidade ........................................................................ 34
2.3.3 Mudança de carreira e o desenvolvimento de uma segunda carreira .............................. 37
2.4 Novas carreiras do século XXI ........................................................................................ 40
2.4.1 Carreiras Tradicionais versus Carreiras Contemporâneas ............................................... 43
2.4.2 Carreira Proteana ............................................................................................................. 44
2.4.3 Carreiras Sem Fronteiras ................................................................................................. 46
2.4.4 Carreira empreendedora .................................................................................................. 49
2.5 Satisfação sucesso na carreira e percepção de sucesso na carreira ............................. 59
2.5.1 Avaliação de sucesso na carreira contemporânea nas organizações ............................... 57
2.5.2 Sucesso na carreira: enfoques subjetivo e objetivo ......................................................... 60
2.5.2. 1 A interdependência entre os aspectos subjetivos e objetivos do sucesso na carreira .. 65
2.6 Preditores de sucesso e de percepção de sucesso na carreira ....................................... 69
2.7 Resiliência no contexto da psicologia positiva ................................................................ 73
2.7.1 Resiliência – origem do termo ......................................................................................... 75
2.7.2 Resiliência – conceito ...................................................................................................... 76
2.7.3 Resiliência – evolução histórica dos estudos ................................................................... 79
2.7.4 Estudos empíricos sobre resiliência importantes para a definição do construto e para a
sua evolução ............................................................................................................................. 81
2.8 Quadros resumos dos conceitos abordados na pesquisa empírica ............................... 88
3 MÉTODO ............................................................................................................................. 93
3.1 Desenho do estudo ............................................................................................................ 93
3.2 Participantes ..................................................................................................................... 93
3.3 Local de coleta dos dados ................................................................................................. 98
3.4 Instrumentos de coleta ..................................................................................................... 98
3.5 Procedimentos ................................................................................................................... 99
3.5.1 Coleta ............................................................................................................................... 99
3.5.2 Análise de dados ............................................................................................................ 101
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 102
4.1 Fidedignidade dos Instrumentos ......................................................................................102
4.2 Descrição estatística das variáveis do estudo ............................................................... 103
4.3 Teste das hipóteses: resultados das análises de regressão .......................................... 108
CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 117
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 120
ANEXO 1 – Escala de Percepção de Sucesso na Carreira ............................................... 139
ANEXO 2 – Carta de autorização ....................................................................................... 140
ANEXO 3 – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa – UMESP .................................... 141
ANEXO 4 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.............................................. 144
APÊNDICE ........................................................................................................................... 147
11
INTRODUÇÃO
A escolha deste tema decorreu da vivência de vinte e cinco anos como profissional de
Recursos Humanos e da possibilidade da constatar mudanças de perfis dos profissionais ao
longo das últimas décadas. Durante essa atuação, esta mestranda pôde perceber que as
grandes corporações tornaram-se cada vez mais exigentes com relação à contratação de
funcionários, em termos de competências técnicas e comportamentais. O interesse pelo tema
também ocorreu em virtude de a autora estar interessada em atuar como Coach, forma pela
qual objetiva aliar conhecimentos e experiências adquiridas em grandes corporações nacionais
e internacionais. Pretende-se estudar como as pessoas desenvolvem suas carreiras, tanto
dentro das corporações como fora delas; e, mais que isso, como esses profissionais percebem
o sucesso de suas carreiras.
Na administração contemporânea, o que está em discussão é o perfil dos profissionais:
competências, capacidade e eficácia no desempenho de suas funções. O desenvolvimento das
carreiras nas organizações tem sofrido transformações ao longo das três últimas décadas. No
passado era a empresa que gerenciava a carreira dos seus empregados, uma vez que era
soberana e determinava a trajetória profissional das pessoas. As empresas traçavam um
“caminho” de acordo com necessidades e objetivos organizacionais.
Atualmente, esse cenário mudou, embora as empresas continuem em busca de
profissionais, cujos interesses e conhecimentos convirjam com suas necessidades. Entretanto,
agora, elas buscam profissionais prontos, ou seja, que já tenham a bagagem profissional e
acadêmica que o cargo exige. Por isso, hoje, os profissionais são responsáveis pelo
gerenciamento das próprias carreiras: eles terminam a faculdade e já pensam em qual curso de
pós-graduação ingressar para facilitar sua inserção no mercado de trabalho.
Devido a essas novas exigências, parece que cada vez mais o jovem posterga seu
ingresso na futura profissão. Ao terminar a faculdade, há ainda muitas dúvidas sobre como
ingressar na carreira.
Atualmente, a autora atua na carreira acadêmica na qual pode constatar que um
número elevado de alunos têm dificuldade de ingressar nas futuras profissões. Na convivência
com esses alunos, pôde perceber a aflição e a ansiedade trazidas por essa dificuldade, somada
ao cenário de incertezas que se forma diante do futuro profissional desses graduados. A
12
maioria deles não têm consciência de que, uma vez formados, começam os grandes desafios,
ou seja, deverão colocar em prática o que aprenderam, caso consigam ingressar nas empresas.
A competitividade nas organizações brasileiras está cada vez mais acirrada, devido às
constantes mudanças e transformações organizacionais pelas quais as empresas tiveram de
passar para poder sobreviver nessa imensa “selva” que se tornou o mundo empresarial, com a
globalização e abertura do mercado externo.
Segundo Costa (2010), essa globalização – iniciada no século XX – teve
consequências positivas e negativas para cada país. Com o rompimento das fronteiras
econômicas e mercadológicas, a competitividade global chegou aos mais longínquos
mercados e organizações. Segundo o autor, essa competitividade melhorou os processos, além
dos avanços tecnológicos e trocas de experiências em nível global (MOTTA, 1995, apud
COSTA, 2010). Contudo houve estímulo de processos de reengenharia, dowsizing, fusões,
aquisições, que afetaram as relações de trabalho (VRIES, BALASZ, 1997).
Nas últimas décadas, as mudanças ocorreram em grande velocidade e delinearam
metamorfoses no mundo do trabalho que impuseram nova realidade, tanto para as empresas,
como para os seus empregados. Esse cenário contemporâneo exige constantes reestruturações
nas organizações, em virtude de transformações sociais, culturais e políticas que vêm
ocorrendo nos países.
Com a intensificação das exigências, as empresas buscam atrair os melhores
profissionais, ou seja, os talentos; assim, demandam que estes estejam em constante
atualização, desenvolvam novas competências, para que possam tornar-se mais empregáveis.
Nesse novo cenário, as organizações passaram a gerenciar tais talentos, pois
perceberam o valor que agregam ao ambiente profissional. Para tanto, têm incentivado o
diálogo em direção às expectativas de carreira e aspirações (AGUINIS; KRAIGER, 2009).
Desse modo, as carreiras também sofreram mudanças, evidenciando-se a tendência a
substituir a gestão da carreira, que antigamente ficava sob a responsabilidade da organização,
para os profissionais, que agora devem planejá-las e gerenciá-las.
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Assim, atualmente, o gerenciamento das carreiras não é mais apenas responsabilidade
das organizações. É a chamada Carreira Proteana, na qual os próprios indivíduos assumem o
gerenciamento de suas carreiras.
Com o aparecimento de carreiras proteanas nas organizações, pesquisadores começam
a estudá-las. Por exemplo, Maguire (2002) fez um estudo das operações dos bancos e
constatou que foram reduzidos os aspectos relacionais do contrato psicológico entre
empregados e organização. Isso demonstra, segundo o autor, que mudaram vínculos, como:
comprometimento, lealdade à empresa e confiança na gerência – antes valorizadas pelo
sentido de “pertencimento” à empresa, por representarem gratidão para com ela.
Outros estudiosos como Kilimnik, Castilho e Sant’anna (2006), em pesquisa realizada
com mestrandos em Administração, constararam que as pessoas desenvolvem várias opções
de trabalho, no contexto globalizado de negócios no novo século. Esses profissionais
revelaram um perfil mais próximo daqueles que apresentam a carreira proteana, com
indicadores de autonomia e autodeterminação, presentes em suas trajetórias profissionais,
bem como a busca de equilíbrio entre vida pessoal e trabalho. Kilimnink et al. (2006) também
identificaram, dentre esses mestrandos, a tendência de carreiras “em ziguezague”, isto é, nas
quais as pessoas passam por diversas transições de carreiras e apresentam diversas
alternativas, o que caracteriza o modelo.
A Carreira Proteana, segundo Hall (1986), é resultado de relacionamentos e
experiências da trajetória profissional de uma pessoa, o que caracteriza um processo contínuo
de aprendizagem e de sentido para a sua carreira. Os profissionais do século XXI aspiram
realizar um trabalho que proporcione sua subsistência, mas também buscam atingir
autorrealização e autoexpressão. A Carreira Proteana é capaz de integrar essas necessidades,
uma vez que estabelece como meta o sucesso psicológico, baseado em critérios e
necessidades individuais.
A Carreira Sem Fronteiras, nomeada inicialmente por Defillipi e Arthur (1994), é
aquela que atravessa as fronteiras entre as organizações e é mantida pela rede de
relacionamentos – os networkings ou informações que transpõem fronteiras da organização.
Esse modelo prevê que a carreira profissional é desenvolvida pela passagem em diversas
empresas e tem substituído a ascensão em degraus da escada corporativa, por uma série de
movimentos: laterais, verticais e espirais (CURREI, TEMPEST, SATARKEY, 2006). Esses
movimentos fornecem oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento, modo pelo qual
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ampliam a probabilidade de que as competências aumentem a empregabilidade dos indivíduos
(CLARKE, 2009).
Nesse gerenciamento de carreira, o enfrentamento de dificuldades e adversidades são
partes rotineiras da vida profissional. Ao falar em adversidades na vida profissional, pensa-se
na maneira de enfrentá-las e nos resultados disso para a carreira. Portanto enfrentar
adversidades de modo adaptativo parece benéfico para o gerenciamento da carreira. Assim,
pessoas resilientes podem ser aquelas que gerenciam suas carreiras com mais sucesso.
Resiliência é um termo que veio das ciências exatas, como Matemática e Física, nas
quais significa plasticidade do material no sentido que, depois de ser submetido às forças de
distensão, de pressão e de choque até seu limite máximo de flexibilidade, retorna ao seu
estado original ou inicial quando essas forças de distensão param de atuar (TAVARES, 2001;
GRUNSPUN, 2006).
Em Psicologia, “o enfoque da resiliência está dirigido às situações que visam ao
estudo do desenvolvimento sadio e positivo” (POLLETO, KOLLER, 2006: p.40). Nessa área
da ciência, resiliência refere-se à capacidade de o indivíduo enfrentar situações adversas sem
se desestruturar, adaptar-se positivamente a elas, aprender e crescer de modo que, quando
confrontado com situações semelhantes no futuro, sinta-se mais habilitado a lidar com elas
(GRUNSPUN, 2002). O construto resiliência, no contexto laboral, é novo e não foi
identificado estudo que envolva resiliência e carreira. Por isso se justifica o desenvolvimento
deste estudo que pretende investigar se a resilência está relacionada à percepção de sucesso na
carreira. Ressalta-se a relevância de realizar este estudo, sobretudo com profissionais que
apresentam dificuldades de ingressar no mercado de trabalho, mesmo com diploma de nível
superior. Espera-se que ele possa contribuir para a compreensão do quanto resiliência associa-
se à percepção de sucesso intrínseco e extrínseco na carreira.
O objetivo geral deste estudo é identificar se resiliência pessoal de administradores
prediz sua percepção de sucesso na carreira. Este estudo constitui-se, portanto, de revisão
teórica sobre planejamento de carreira, teorias de carreira, percepção de sucesso na carreira e
resiliência, e de uma pesquisa empírica com egressos do curso de Administração e de
profissionais formados em administração de empresas de diversas instituições educacionais.
A revisão teórica deste trabalho contemplou também o tema de carreira, embora não fosse
esse o cerne central do estudo. Contudo, essa teoria foi abordada com o objetivo de uma
melhor compreensão da teoria sobre carreira, de modo a se desenvolver um entendimento
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mais aprofundado da relação entre percepção de sucesso na carreira e resiliência. Este texto
está organizado em cinco partes: a primeira apresenta os objetivos do estudo, a segunda traz
o capítulo de revisão teórica das variáveis do estudo: carreira, percepção de sucesso na
carreira e resiliência; a terceira trata do método utilizado, participantes da pesquisa
instrumentos utilizados e procedimentos adotados. A quarta parte apresenta os resultados,
seguidos de discussão e conclusão e a quinta apresenta as referências. São ainda exibidos, ao
final, anexos que ratifiquem todo o processo investigativo.
16
1 PROBLEMA E OBJETIVOS DA PESQUISA.
1.1 Questão da pesquisa
De forma a direcionar a realização do estudo, apresenta-se a seguinte questão:
Resiliência pessoal prediz percepção de sucesso na carreira em profissionais?
1.2 Objetivos da pesquisa
1.2.1 Objetivo Geral
• Identificar se resiliência pessoal de administradores prediz sua percepção de sucesso
na carreira.
1.2.2 Objetivos Específicos
• Identificar e descrever os níveis de resiliência dos administradores;
• Identificar e descrever os níveis de percepção de sucesso na carreira entre os
administradores.
1.2.3 Hipótese
Hipóteses estabelecem relações entre as variáveis (GIL, 2008). Segundo esse autor,“o
modelo de explicação causal não é muito adequado para as ciências sociais, devido o grande
número de variáveis que interferem na produção dos fenômenos sociais” (ROSEMBERG,
1978, p. 27 apud GIL, 2008: p. 44) diz que a causação é apenas uma das muitas vias para se
chegar à explicação e à compreensão. Entretanto Bunge (1959 apud GIL, 2008), afirma que a
causalidade não é condição suficiente para compreender a realidade, embora seja, com
freqüência um componente da explicação científica.
Segundo Gil (2008) a relação entre as variáveis pode ser de natureza diversa; contudo
17
quando uma variável influencia a outra, existe uma relação. Assim, neste estudo resiliência
(VI) influencia a percepção de sucesso na carreira geral (VD), como também impacta a
percepção de sucesso na carreira objetiva (VD) e subjetiva (VD). Deste modo, o modelo
hipotético (Figura 1) explicita as relações que se pretendam testar neste estudo.
Percepção de Sucesso
Percepção de Sucesso na
Carreira Subjetiva
Figura 1 - Modelo hipotético deste estudo
Em decorrência do modelo apresentado na Figura 1, este estudo testará a seguinte
hipótese: Resiliência pessoal prediz percepção de sucesso na carreira.
Resiliência
Percepção de Sucesso na
Carreira Objetiva
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2. REVISÃO TEÓRICA
2.1 Conceitos de Carreira
O termo carreira significa carrinho, carruagem, e deste teve origem a palavra caminho
ou estrada, a qual, por sua vez resultou em trajetória ou carreira (SUPER, 1980).
Para Super (1980) carreira é uma combinação de sequência de papéis que uma pessoa
desempenha durante a trajetória de vida: criança, aluno, estudante, cidadão, trabalhador,
esposo, dona de casa, pai e tantas funções que as pessoas podem exercer em seu tempo livre
como as desempenhadas, quando estão em situações de lazer. Esses papéis podem estar
relacionados às expectativas da maioria das pessoas, bem como com outros menos comuns
que podem ser ocupados em algum momento da vida, tais como: criminoso, reformista e
amante.
Naquela época, Super (1980) argumentou que nem todas as pessoas, entretanto,
desempenham todas as funções, ou seja, alguns nunca se casam, outros morrem antes de
atingir a aposentadoria. A sequência de papéis pode diferir entre elas, como quando um
estudante casa-se antes de terminar os estudos, ou mesmo antes de se tornar um trabalhador,
mas a ordem em que esses papéis acontecem na vida das pessoas corresponde às posições que
normalmente são ocupadas em sequência na vida. Super (1980) argumenta que a constelação
da interação de papéis vivenciados constitui o papel profissional, ou seja, o conjunto dos
papéis que a pessoa tem na vida influencia os papéis que ela desempenhará em sua carreira.
Para Dutra (1996), carreira é termo difícil de ser definido e agrega vários significados,
pois pode ser utilizado em referência à mobilidade ocupacional, como a trajetória de um
executivo, a carreira de negócios ou acerca da estabilidade ocupacional, isto é, a carreira
como profissão. Para ele, uma definição que representa carreira como profissão é apresentada
por Van Maanem (1977, apud DUTRA, 1996: p. 17): “Carreira é um caminho estruturado e
organizado no tempo e espaço que pode ser seguido por alguém”.
Em consonância com essa linha de raciocínio, Hall (1976, apud DUTRA, 1996: p. 17)
apresenta a seguinte definição: “Carreira é uma sequência de atitudes e comportamentos,
associadas com experiências e atividades relacionadas ao trabalho, durante o período de vida
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de uma pessoa”.
Para London e Stumpf (1982 apud Dutra,1996, p. 17):
Carreiras são as sequências de posições ocupadas e de trabalhos realizados durante a vida de uma pessoa. A carreira envolve uma série de estágios e a ocorrência de transições que refletem necessidades, motivos, aspirações individuais, expectativas e imposições da organização e da sociedade. Da perspectiva do indivíduo, engloba o entendimento e a avaliação de sua experiência profissional, enquanto, da perspectiva da organização, engloba políticas, procedimentos e decisões ligadas a espaços ocupacionais, níveis organizacionais, compensação e movimento de pessoas. Estas perspectivas são conciliadas pela carreira dentro de um contexto de constante ajuste, desenvolvimento e mudança.
Dutra (1996) comenta que a definição de London e Stumpf (1982) apresenta conceitos
importantes, sem tratar carreira como uma sequência linear, e sim como estágios e transições
que variam em função das pressões sobre os indivíduos, originadas deles próprios ou do
ambiente organizacional.
Segundo Hall (2002, apud VELOSO; DUTRA, 2010), o termo carreira tem excesso de
significados, entre os quais pode ser utilizado com quatro conotações distintas tanto
popularmente, quanto na ciência comportamental: a) avanço – baseada na mobilidade vertical
em hierarquia organizacional com sequência de promoções; b) profissão – maneira popular
com base no fato de que certas ocupações representam carreiras e outras não. São as
ocupações regularmente submetidas a movimentos progressivos de promoção ou status;
enquanto atividades que não propiciam avanço progressivo não constituem construção de
carreira; c) sequência de trabalhos durante a vida – nessa definição, mais representativa para
os autores da ciência comportamental, não há julgamentos de valor, uma vez que a carreira de
uma pessoa é sua história ou a série de posições ocupadas, desconsiderados cargos, ocupações
ou tipo de trabalho que desenvolveu em sua trajetória profissional. De acordo com essa visão,
toda pessoa com histórias de trabalho tem carreiras; e d) sequência de experiências relativas
a funções ao longo da vida – definição também representativa para os escritores da ciência
comportamental, a carreira representa como a pessoa experimenta a sequência de trabalhos e
atividades laborais que constituirão sua história de trabalho.
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A partir dessas considerações sobre carreira, Hall (2002, apud VELOSO; DUTRA,
2010: p. 6) define-a como: “a sequência individualmente percebida de atitudes e
comportamentos associada com experiências relacionadas ao trabalho e atividades durante a
vida de uma pessoa”.
Dutra (1996) salienta que os modelos das estruturas organizacionais eram fortemente
hierarquizados e rígidos. A carreira era entendida como sucessão de posições, crescentes em
termos de hierarquia, em que o indivíduo envolvido curvava-se gratificado aos desígnios da
organização.
Arthur, Khapova, Wilderom (2005) definem carreira amplamente como o
desdobramento da sequência de trabalhos que as pessoas experimentam ao longo do tempo
ou, mais especificamente, como “a sequência de empregos relacionados a posições, funções,
atividades e experiências encontradas por uma pessoa” (ARNOLD, 2001: p. 116 apud
ARTHUR, KHAPOVA, WILDEROM, 2005)
Costa (2013) observa que vários autores definem carreira com palavras diferentes.
Entretanto, a partir de definições de London e Stumpf (1982), Dutra (2002), Le Boterf (2003)
e Motta (2006), o autor propõe a seguinte definição:
Carreira é a sequência de posições ocupadas durante a vida de uma pessoa, em função não só dos trabalhos, estudos e outras experiências de vida, mas também das suas percepções individuais, atitudes e comportamentos profissionais, que resultam em desenvolvimento de competências para lidar com situações de trabalho de maior complexidade e em constante transformação (COSTA, 2013: p. 162).
Com o objetivo de facilitar a compreensão dessa definição, Costa (2013) faz o
seguinte detalhamento: a) carreira está relacionada à ocupação, mas não só do trabalho. Para o
autor inclui-se tudo que é realizado por alguém de forma profissional. A atividade profissional
é algo que se faz com compromisso para outras pessoas, de modo que se não for feito, isto
trará impacto para outras pessoas, pois elas tem expectativas em relação a atuação de quem
realiza a atividade profissional; b) envolve percepções individuais, atitudes e comportamentos
profissionais; c) a ocupação tem de propiciar desenvolvimentos de competências (intelectual,
comportamental e outras), que preparam as pessoas para atuarem em atividades mais
complexas. Essas atividades estão em transformações constantes, devido ao progresso
tecnológico; d) as pessoas não desenvolvem suas carreiras baseadas somente em aspirações e
motivos pessoais, mas também são influenciadas pelas expectativas de: sociedade,
21
organização, família, amigos e do próprio momento de vida que poderá motivar ou impedir a
mudança de posição.
Embora cada autor tenha definição distinta de carreira, todas essas definições
enfocam-na não só nas organizações, onde se valoriza progressão e status, relacionados a
cargo e salário. As pessoas podem desenvolver carreiras dentro ou fora das organizações, o
que envolve experiências e trajetórias. Dentre os autores estudados, Super (1980) menciona
que os papéis que as pessoas desenvolvem ao longo da vida vão constituir o papel de carreira.
Entretanto todos os autores abordam a carreira como uma trajetória de vida ou profissional de
acordo com as experiências acumuladas das pessoas e dos trabalhos que elas realizaram e ou
experenciaram na vida ou no trabalho.
2.2 Fases da carreira
A escolha da carreira é uma fase muito importante, na qual as pessoas sofrem muitas
pressões. Segundo Super (1984) existem fatores que podem influenciar na escolha das
carreiras, como: relações interpessoais na família, trabalho familiar, e como as pessoas se
ajustarão em suas carreiras posteriormente. Existe algum tipo de relação interativa
permanente entre família e decisões dos filhos com relação a esse futuro.
Com o objetivo de explicar esse processo, o autor desenvolveu a Teoria dos Papéis e
sua influência na escolha e no desenvolvimento da profissão. Explica como os papéis
vivenciados pelos indivíduos, ao longo de suas vidas, podem influenciar nas escolhas e no
desenvolvimento profissional futuramente. Descreve que as pessoas ocupam vários papéis na
vida. Alguns deles começam no início, por exemplo, o da criança; outros, iniciam-se ao final
da vida, como o aposentado (pensionista). Em algumas fases, desempenham somente um
papel (criança recém-nascida), enquanto em outros momentos desempenha vários
simultaneamente, tais como cônjuge, pai, dona de casa e trabalhador (SUPER, 1980).
Sintetiza o autor que, no auge da vida, as pessoas desempenham nove papéis
principais, em quatro esferas que descrevem as fases principais da maioria das pessoas: 1)
criança (incluindo o papel de filho ou filha); 2) estudante; 3) “lazer” sem padronização,
apenas usado para descrever a disponibilidade da busca de atividades de lazer, bem como o
22
engajamento nessa atividade; 4) cidadão; 5) trabalhador (incluindo desempregados e pessoas
que não trabalham); 6) cônjuge; 7) dona de casa; 8) pai e mãe; e 9) aposentado.
Outros mais podem ser identificados: irmão, reformador, criminoso, amante entre
outros. Nem todas as pessoas desempenham todos os papéis, pois há as que nunca se casam e
outras que morrem antes de se aposentar. As sequências de papéis assumidos em detrimento
de outros pode diferir de pessoa para pessoa, ou seja, um aluno pode se casar antes de
terminar o ensino médio ou a faculdade, ou ainda, antes de começar a trabalhar.
A ordem cronológica da lista de Super (1980) não corresponde à ordem em que as
posições são ocupadas. A interação entre esses papéis é que constitui o conjunto da carreira.
Nenhum dos nove papéis está relacionado a sexo ou idade. Alguns podem ser ligados
biologicamente ao sexo, como para o homem o papel de pai; e para a mulher, o papel de mãe
(SUPER, 1980).
São quatro locais/lugares ou palcos principais nos quais as pessoas praticam esses
papéis: lar, comunidade, escola, trabalho. Existem outros nos quais os papéis podem ser
desempenhados, como: igreja, sindicato, clube, comunidades de aposentados (SUPER, 1980).
E, mais uma vez, ressalta o autor que nem todas as pessoas assumem todos os papéis,
algumas, por exemplo, nunca têm um emprego remunerado, como é o caso de mulheres que
são somente donas de casa.
Embora se espere que cada papel seja vivenciado em local específico, alguns podem
ocorrer em lugares distintos, isto é, o papel de pai – desempenhado principalmente em casa –
pode ser assumido na igreja, no trabalho ou no tribunal. Há situações de sobreposição de
papéis em diversos locais, por exemplo, quando se leva trabalho para realizar em casa, à noite
ou nos finais de semana. Para o autor, isso pode enriquecer a vida das pessoas, como acontece
quando os pais compartilham, durante as refeições, eventos ocorridos no trabalho com os
filhos e com o cônjuge e aproveita-se para refletir acerca deles.
Quando a pessoa ocupa papéis, nos diversos palcos de sua vida, cria em outras pessoas
expectativa de funções e ocupações, como é o caso de pai e trabalhador. No último caso,
existe até a descrição de cargos nas organizações (SUPER, 1980).
Para Super (1980), dois termos precisam ser definidos, quando se fala em papéis
desempenhados pela pessoa: expectativas e desempenho. As expectativas podem ser
classificadas como: expectativas dos observadores e concepções de quem “joga” com o papel,
23
ou seja, de quem o assume ou desempenha-o. O desempenho também tem duas definições: a
promulgação e a formação do papel. O papel, ao ser desempenhado, gera expectivas tanto
para quem o exerce quanto para quem compartilha desse desempenho. A formação do papel,
portanto, é determinada pelas posições em que os papéis são vivenciados (por exemplo,
professor e aluno).
Alguns dos papéis específicos podem mudar no decorrer da vida, ao passar de
estágios: crianças, jovens, adultos ou idosos. Cabe destacar o papel de filhos em relação aos
pais que mudará substancialmente nas várias idades citadas; bem como a definição específica
dos papéis pode mudar (SUPER, 1980).
Dutra (2002), para discutir o processo de escolha de decisão de carreira, argumenta
que é importante compreender esse processo e também para entender as pressões que ela sofre
ao planejar e decidir. Para o autor são fundamentais as contribuições de Super (1957), Super e
Bohn (1972) e Schein (1978) sobre os estágios da vida e sua influência sobre os processos de
escolha e desenvolvimento de carreira.
A psicologia vocacional estudou as expectativas das pessoas sobre a carreira em
diferentes estágios da vida (SUPER; BOHN, 1972, apud DUTRA, 2002). Ao estudá-los,
aponta os cinco estágios na vida de uma pessoa: infância, adolescência, idade adulta,
maturidade e velhice. No que se refere à carreira:
a infância (até 14 anos) é uma fase de fantasia, enquanto a adolescência (15 a 24 anos) é caracterizada pela exploração, na qual a triagem de oportunidades de carreira é muito hesitante porque a pessoa não utiliza plenamente suas aptidões e seus interesses. (DUTRA, 2002: p. 107)
É na idade adulta (25 a 44 anos) que as pessoas se estabilizam profissionalmente em
decorrência dos compromissos sociais que são assumidos nessa fase da vida (DUTRA, 2002).
O estágio da maturidade (45 a 64 anos) é apontado como a fase de permanência,
embora Super (1957 apud DUTRA, 2002) tenha estudado uma série de pessoas que viveram
processos de mudanças nessa fase. Para Dutra (2002) os ambientes profissionais têm
apresentado mudanças, o que estimula as pessoas a reciclarem conhecimentos. Nessa fase
também ocorrem mudanças familiares, que é quando os filhos deixam o convívio dos pais – a
esposa revê seu papel; e o casal, a sua relação.
O estágio da velhice (após os 64 anos) é considerada a fase de declínio de capacidades
físicas e mentais, por isso as pessoas retiram-se gradativamente da atividade que
24
desenvolveram durante as fases anteriores. Embora os estágios não ocorram, assim, de forma
tão linear e uniforme, provocam alterações na relação das pessoas com suas carreiras ao longo
do tempo (DUTRA, 2002).
Costa (2013) argumenta que as categorias de carreiras são tipificadas por trajetórias,
nas quais os indivíduos, em diferentes momentos da vida, priorizam aspectos distintos da
carreira, como: renda, status, segurança no emprego, empregabilidade, aprendizagem,
competências, satisfação pessoal, reconhecimento, bem como o equilíbrio entre a carreira e as
áreas da vida.
Ao estudar Schein (1978) faz outra interpretação dos ciclos de vida, relacionando-os
aos ciclos de carreira. Para Costa (2013), o ciclo biossocial é relativo à idade e aos momentos
de alta e de baixa tensão pelos quais todos passam, ao enfrentar certos desafios próprios de
cada fase de vida da adolescência, da meia idade e da velhice. Já o ciclo familiar está
relacionado às responsabilidades sobre a família, que aumentam com o casamento e o
nascimento dos filhos; e depois diminuem, com a saída deles para viverem independentes.
Esses momentos são de muita tensão para os pais, pois devem aceitar que os filhos cresceram
e sentem a necessidade de uma vida independente e autônoma. O autor argumenta que o ciclo
da carreira ocorre no meio de todos os outros ciclos conturbados da vida e envolvem a entrada
na carreira, a consolidação e a saída dela.
Costa (2013) argumenta ainda que, em decorrência das grandes mudanças ocorridas na
década de 70, abordadas por Schein (1978), o tema de carreira sobrepôs-se a outros aspectos
da vida e passou a ser amplamente discutido. Para o autor, é provável que, atualmente, a crise
dos 30 anos ocorra agora aos 40 anos. Hoje, o nascimento dos filhos pode acontecer após a
consolidação das carreiras, uma vez que as decisões de carreira aspirações, sonhos e valores
mudam em função do ciclo familiar e biossocial (COSTA, 2013).
Dutra (2002) também argumenta que essas fases têm sofrido alterações nos últimos
anos, por dois fatores: aumento da longevidade das pessoas e redução da oferta de empregos.
O aumento da longividade é decorrente dos avanços da medicina, do aumento da preocupação
das pessoas com o meio ambiente e da busca por mais qualidade de vida; bem como mais
consciência em manter integridade física, psíquica e social. Essa longividade influi
decisivamente na construção de expectativas e projetos dos indivíduos. O ápice da carreira
profissional, que era aos 40 anos, agora é aos 50 anos.
25
Segundo Dutra (2002), isso também ocorre no Brasil com as pessoas de classe média e
alta; os planos de aposentadoria que estabeleciam como data limite 55 anos até a década de
80, passaram a ser revistos pelas próprias pessoas. Isso se deu em decorrência de as pessoas
com 55 anos, hoje, estarem cheias de vitalidade. Em contrapartida, as empresas estão com
processos cada vez mais complexos e necessitam de profissionais mais experientes.
Atualmente, as pessoas aos 40 anos cultivam projetos de ascenção e de investimento
profissional e pessoal (DUTRA, 2002). Os ciclos de vida delas e a correlação com as fases da
carreira podem ser observados na Figura 2.
2.3 Tomada de decisão, dilemas e transições na carreira
Nesta seção, será abordado como as pessoas ingressam em suas carreiras, tomam as
decisões para realizar as transições e as mudanças que ocorrem em suas carreiras.
A evolução o desenvolvimento da carreira têm sido estudados por pesquisadores na
contemporaneidade. Para entender melhor as carreiras no mundo moderno, há que se contar
com o auxílio das teorias de aconselhamento, tratadas por Chope (2011). Essas teorias têm
evoluído na sociedade capitalista em função do grande desenvolvimento tecnológico que
26
também impacta outras culturas e/ou sistemas políticos. Por isso, o autor recomenda que se
tenha maior grau de compreensão ao desenvolvimento de interesse de carreira em crianças, as
quais estão mais expostas a estímulos ambientais do que gerações anteriores.
A evolução tecnológica influencia crianças e adolescentes na escolha da profissão e no
desenvolvimento futuro da carreira. O aumento crescente da globalização econômica, a era
dos computadores, os impactos de sites e o fato de todo o mundo estar conectado na web e nas
redes sociais, todo esse contexto atual influencia a tomada de decisões dessas crianças sobre a
carreira, bem como o futuro profissional delas (CHOPE, 2011).
As mudanças históricas e socioeconômicas pelas quais o mundo contemporâneo está
passando provocaram marcante mudança nos estudos sobre carreiras, uma vez que atualmente
as pessoas vivem mais, trabalham mais tempo e por isso precisam planejar suas carreiras. A
diversidade cultural, o gênero, as deficiências, assim como a economia global e as economias
locais afetam a progressão de carreiras dos adolescentes (CHOPE, 2011; PATTON;
MACLLEN, 2009).
A maioria das decisões de carreira é complexa e internamente variável nos indivíduos
ao lidarem com elas, posto que alguns podem ser mais propensos a sentir ansiedade, confusão
e indecisão (NOTA; SORESI, 2004; SAKA, GATI; KELLY, 2008). Outros autores, como
Gati, Krausz, Osipow (1996) sugerem uma taxonomia de tomada de decisão de carreira, com
base na teoria da decisão. Essa taxonomia distingue problemas, que podem ocorrer antes da
decisão, por exemplo falta de prontidão, devido à baixa motivação ou crenças disfuncionais; e
aqueles que podem emergir durante o processo decisório, como a falta de informações sobre o
processo e as profissões, ou informações inconsistentes ou não confiáveis, devido a conflitos
internos.
Saka, Gati e Kelly (2008) exploraram as possíveis fontes emocionais e de
personalidade que podem contribuir para a indecisão. Os autores sugerem três grupos de
fatores que podem dificultar o processo decisório da carreira: a) visões pessimistas sobre o
processo de tomada de decisão; b) ansiedade e incerterzas envolvidas no processo de fazer
uma escolha e resultados possíveis; e c) autoestima associada à ansiedade generalizada e à
autoidentidade profissional não cristalizada, bem como conflitos interpessoais.
Pesquisas anteriores descobriram que jovens indecisos prolongam a tomada de decisão
sobre suas carreiras (AMIR, GATTI, 2006; GERMEIJS, VERSCHUEREN; SOENES, 2006;
27
NOTA; SORESI, 2004; SAUNDERS et al., 2000). Ginevra et al. (2012) constatou que o
gênero também pode contribuir no processo de decisão, de modo que meninas prolongam
mais o tempo de decisão, ou seja, dedicam mais tempo e esforços na tarefa da escolha
(COSTA JR; TERRACCIANO, MCCRAE, 2001; GATI et al., 2010). Além disso, elas são
mais influenciadas pelos outros para tomar decisão (GATI et al., 2010) e, talvez, como
consequência, são mais lentas do que os meninos nesse sentido (GATI et al., 2010; RASSUN,
MURIS, 2005). Assim, o estudo de Ginevra et al. (2012) verificou as diferenças entre os
perfis de meninos e meninas que estavam decididos ou indecisos com relação ao futuro. Para
a maioria das pessoas, fazer uma escolha sobre o futuro é uma situação desafiadora da vida
real que necessita de resposta eficaz e precisa, que não está disponível e clara de imediato,
porém é importante para que o indivíduo se adapte à escolha. (D’ZURILLA, NEZU,
MAYDEU-OLIVARES, 1995).
Os problemas de carreira são caracterizados por uma lacuna entre a percepção do
estado atual de indecisão a um estado desejado de decisão (REARDON, LENZ, SAMPSON,
PETERSON, 2012). Podem ser associados a ansiedade, confusão, atitudes indecisas e
depressão. Desse modo, a escolha da carreira pode ser vista como um problema, que exige
habilidades para encontrar uma solução eficaz. Esse processo requer informações relevantes,
descoberta das possíveis soluções e a análise das vantagens e desvantagens de cada uma
delas. A gestão de situações problemáticas exige habilidades eficazes para a resolução dos
problemas (HEPPNER, 2008). Os jovens necessitam ser orientados de forma positiva a pensar
sobre esses problemas, descobrir que são capazes de lidar com eles, usando estratégias
definidas para verificar com precisão uma série de opções para resolvê-los. O objetivo desse
processo é identificar várias opções e qual possibilitará melhor resultado (NOTA et al., 2009).
Deniz (2004) constatou que os indivíduos com boas habilidades na resolução de problemas
têm boa autoestima e alta capacidade de decisão. Morera et al. (2006) observaram que a
tomada de decisão exige correlação analítica positiva, entre a orientação em relação ao
problema e a resolução racional dele; enquanto as pessoas associam a questão a padrões
disfuncionais negativos, como impulsividade e descuido, esquivam-se e não conseguem tomar
a decisão, a fim de resolvê-lo.
Diante de todo esse cenário em que o adolescente tem de decidir sobre a futura
profissão, ocorre, muitas vezes, a influência das famílias na escolha das carreiras. As famílias
também podem influenciar as mudanças do estilo de vida dos adolescentes (CHOPE, 2011).
Atualmente, as pessoas preocupam-se com a vida pessoal na escolha da profissão, ou seja,
28
elas se preocupam com os papéis que irão desempenhar ao longo de suas vidas, e não somente
com o papel profissional, buscando um equilíbrio entre a vida pessoal e a carreira. Isso tem
despertado a consciência e a sensibilidade dos conselheiros de carreira. Chope (2009, apud
CHOPE, 2011) argumenta que esses conselheiros têm-se preocupado com a importância de
levar em consideração o equilíbrio pessoal e a carreira nos trabalhos de aconselhamento. O
autor ressalta que houve aumento das avaliações de carreira via on-line e na web, o que tornou
esse assunto bastante popular; entretanto essa popularização contraria o cunho científico,
porque não é realizado um exame detalhado das respostas obtidas via on-line e na web.
Outro aspecto importante, a ser considerado na escolha da carreira na época da
adolescência, é a vocação, sobre a qual surgiram várias definições na literatura psicológica.
Elangovan, Pinder, Mclean (2010) definem vocação como a motivação das pessoas que
proporcionam ação individual clara, com propósitos claros e dimensões pró-sociais. Essa
definição foi construída a partir de informações coletadas de adultos que se definiram como
tendo uma vocação (ELLIOTT, 1992, apud DOMENE, 2012).
Dik e Duffy (2009) tentam unificar conceitos de “vocação” para verificar como ela se
relaciona com a própria experiência de trabalho, no contexto atual e futuro, e identificam três
características importantes: 1) motivação para o trabalho vem de uma fonte externa ou
transcendente, por exemplo, de necessidades sociais; 2) consonância entre o sentido geral do
significado e propósito da vida com o significado e propósito no papel do trabalho; e 3) foco
em como o próprio trabalho pode contribuir para a sociedade de uma forma positiva.
French e Domene (2010) argumentam que a vocação é como uma paixão, na qual as
pessoas sacrificam outras áreas da vida para perseguir a própria vocação, como buscam
também despertar essa vocação em outras pessoas.
Cabe destacar que o tema vocação é abordado neste estudo para esclarecer a
importância de as pessoas seguirem suas vocações profissionalmente, as quais poderão
influenciar nas percepções de sucesso na carreira, aspectos que podem ser observados
conforme apresentação dos teóricos a seguir.
Os adolescentes que identificam a carreira como vocação tendem a decidir com mais
clareza e são mais conscientes dos seus interesses vocacionais (DUFFY, SEDLACEK, 2007;
DUFFY, BLAKE, DIK, 2011). Os indivíduos com forte sentido de vocação tendem a ganhar
mais dinheiro, buscam obter mais escolaridade e, consequentemente, têm ocupações de status
29
e de prestígio mais elevadas do que aqueles que veem a profissão como um trabalho ou como
fonte de obtenção de dinheiro (DUFFY, SEDLACEK, 2007). Além disso, indivíduos com
vocações são mais propensos a procurar trabalhos desafiadores e sentem mais segurança no
emprego (STEGER et al., 2010). Esses teóricos demonstram que as pessoas que atuam em
profissões nas quais têm vocação, desempenham seus trabalhos com mais confiança e têm
autoconsciência das responsabilidades sociais da profissão (DUFFY; BLAKE; DIK, 2011).
Duffy, Blake e Dik (2011) argumentam que a presença de uma vocação, o
comprometimento organizacional 1 e o significado da carreira estão relacionados ao
comprometimento com a organização; são, então, pessoas menos propensas a demitir-se.
Esses autores também constataram que, se for baixo o nível de comprometimento com a
carreira, mesmo aquelas com vocação para a profissão tendem a ser mais propensas a sair da
organização. Segundo os autores, apesar da vocação, os resultados no trabalho, tanto positivo
como negativo, dependem do nível de comprometimento que os trabalhadores têm com a
carreira. Esses autores desenvolveram os primeiros estudos para explicar a ligação entre
vocação, comprometimento e satisfação com o trabalho. Constataram que os indivíduos com
vocação têm constante vivência satisfatória no trabalho e, consequentemente, são mais
comprometidos com ele.
Gottfredson (1996) argumenta que a carreira implica muitos episódios de
compromisso, os quais ocorrem antes de se pensar na carreira. Os jovens, por sua vez, são
atraídos por muitos caminhos de carreira, entretanto, devido às barreiras que encontram,
poderão desistir ou modificar seus planos e compromissos.
Já os adultos têm de desenvolver outros papéis na vida e outros compromissos que
podem exigir atenção. Embora existam normas culturalmente associadas com “não desistir”,
há uma crescente literatura que sugere que a desistência de objetivos individuais pode ser
benéfica, quando os objetivos traçados são inatingíveis; nesses casos, as pessoas podem
retomar outros objetivos (WROSCH et al., 2003a). Essa angústia de carreira e de
comportamento são operacionalizadas através da exploração e do planejamento no domínio
da carreira.
1 Comprometimento Organizacional na abordagem comportamental é definida como estado de ser em que o indivíduo é levado por suas ações e por meio delas acredita sustentar as atividades de seu próprio envolvimento. O indivíduo se sente responsável pela ação e por suas consequências e tende a enfatizar o comportamento passado em escolhas futuras (SALANCIK, 1977, apud COSTA, 2010).
30
O estudo de Creed e Hood (2014) testou os efeitos moderadores de duas variáveis:
autoeficácia2 na carreira e percepção de barreiras na carreira. A autoeficácia na carreira é
avaliada ou julgada como a capacidade de apresentar comportamentos que estão associados à
escolha da carreira. A autoeficácia é um preditor importante para explicar muitos
comportamentos de carreira, tais como: objetivos, planejamento e resultados da carreira. Já as
barreiras na carreira são eventos ou condições que dificultam a progressão das carreiras.
Essas condições podem ser internas, impostas pelas próprias pessoas; ou externas,
impostas pelo ambiente dos quais elas fazem parte (SWANSON; WOITTKE, 1997). Creed e
Hood (2014) argumentam que alunos com níveis mais elevados de autoeficácia e menos
percepção de barreiras nas carreiras (comparados a alunos com níveis baixos de autoeficácia e
que percebem mais barreiras no desenvolvimento de suas carreiras) apresentam melhor
gerenciamento profissional e também têm mais facilidade de desengajar-se de um objetivo
inatingível e engajar-se em outro, sem passar por angústias. E concluem: primeiro, que o
compromisso com a carreira deve ser diário e os jovens devem constantemente estar
comprometidos para lidar com ajustes em suas carreiras; segundo, os jovens agem
diferentemente, quando devem se desengajar de uma meta inatíngivel e buscar outra. Para os
autores, alguns jovens possuem a tendência de permanecer mais tempo do que deveriam em
uma meta, enquanto outros terão tendência a desistir prematuramente. Finalmente, o estudo
demonstrou que apresentar autoeficácia e uma visão otimista do futuro pode auxiliar os
jovens nos ajustes dos objetivos da carreira. Outros autores, como Carver e Scheier (1998),
ressaltam que o compromisso pode ser considerado um processo de ajustamento da meta ou
desistência dela, quando é inviável; ou seja, substitui-se por outra, mesmo que os objetivos
sejam bem diferentes.
A desistência de um objetivo inatingível envolve empenho e esforço, enquanto o
engajamento em outro objetivo envolve a identificação com os objetivos alternativos. Todo
esse processo depende da valorização e da orientação para a concretização dos objetivos por
parte da pessoa envolvida na carreira (WROSCH et al., 2003a). Esses dois processos podem
ocorrer sequencialmente, ainda que de forma independente, ou seja, os indivíduos podem se
envolver em novas metas sem desvincular-se dos objetivos antigos (WROSCH et al., 2003b).
2 Autoeficácia refere-se a crença ou expectativa de que é possível, com esforço pessoal, realizar com sucesso determinada tarefa e alcançar resultado desejado (BANDURA, 1977, 1997, 2006 apud NEVES; FARIA, 2009)
31
Outros estudiosos defendem a ideia da importância de comprometer-se com um
objetivo, desenvolver habilidades, confiança e persistência no alcance dele, mesmo frente a
adversidades e contratempos (LORD et al., 2010).
Comprometer-se diariamente pode ser considerado processo normal de realizações dos
indivíduos em direção aos objetivos na vida. Contudo os indivíduos podem ajustar
comportamentos em torno do objetivo. Isso pode ocorrer, quando há discrepância entre as
metas traçadas e as estratégias usadas para o alcance dos objetivos (WROSCH et al., 2003b).
Locke e Latham (2002) e Lord et al. (2010) afirmam que os ajustes de objetivos podem
ocorrer ao: aumentar ou reduzir, alterar e até descartar objetivos, bem como ajustar-se a eles.
Devido a diferenças nos processos cognitivos, autoavaliações e características de
personalidade, que afetam os indivíduos no processo de gerenciamento de ajuste da meta nas
diferentes situações, algumas pessoas acham que é mais fácil ajustar seus objetivos do que
outras (WROSCH et al., 2003b).
O compromisso reflete-se na maioria das teorias da carreira. Na Teoria de Ajuste da
pessoa ao ambiente, Holland (1997) propõe que o desenvolvimento da carreira é um processo
que combina habilidades, valores e interesses nas ocupações que pode atender pessoalmente
qualidades e necessidades individuais, enquanto outras pessoas podem ser atraídas por muitas
carreiras. O sucesso e a satisfação estão relacionados à determinação e com um bom ajuste.
As teorias sociais cognitivas de carreira são aquelas que relacionam as metas com uma
luta que ocorre através do desenvolvimento da eficácia e da capacidade nas relações
contingenciais, ou seja, acreditar no êxito e dominar a carreira é garantia de que os esforços
serão recompensados (LENT, BROWN, HACKETT, 2000). Entretanto esses indivíduos
devem moderar compromisso e objetivos de carreira contextual, quando confrontados com
barreiras, tais como incapacidade de entrar em um programa de educação (LENT, BROWN,
HACKETT, 2000). A Teoria de Circunscrição de Gottfredson (1996) refere-se ao
procedimento das propostas de compromissos, baseadas em limitações e no tempo exigido
nas etapas para o alcance deles (as opções são reduzidas com base em gênero, valores e
conceitos da própria pessoa). O compromisso culmina no decorrer dessas etapas, conforme o
indivíduo descarte opções desejáveis em favor daquelas mais viáveis. Os compromissos da
carreira podem ocorrer nos níveis: abstrato (ter um trabalho influente); específico (matricular-
se em um Programa de Doutorado); e concreto (entrevista de emprego).
Creed e Hood (2014) avaliaram os compromissos relacionados às primeiras opções de
32
preferências nos cursos de nível superior, às universidades e à transição de carreira. Na
Austrália, os alunos levam em consideração suas preferências, a ordem de classificação para a
universidade e o curso realizado no ensino médio, para iniciar o curso superior. Existem
muitas oportunidades de compromisso, antes do início dos estudos, como candidatar-se em
universidades que os pais aceitam ou ser rejeitado na primeira opção do curso preferido, bem
como depois de começar seus estudos, descobrir que o curso não é o que esperava ou que as
oportunidades de emprego são mais limitadas do que se pensava (ALBION, 2000).
O comprometimento com a trajetória de uma carreira não pode ser considerado
questão insignificante, e sim um compromisso em nível mais amplo e específico. Nesse
momento, deve-se refletir sobre objetivos e metas mais importantes, que devem estar
alinhados e ser suscetíveis aos valores centrais dos alunos, descartando ou modificando os
objetivos que são potenciais psicológicos únicos. (WROSCH et al., 2003a)
As oportunidades de mudança de carreira dentro das organizações geralmente é,
segundo Ibarra (2002: p.46):
um movimento para uma posição de maior responsabilidade gerencial e no estatuto da organização, uma transferência para um trabalho semelhante em uma nova empresa ou indústria, ou na mesma empresa mudar de função de trabalho tendo uma movimentação lateral.
A mudança de carreira pode ser organizacionalmente induzida (fusões, redução) ou também
pode ser autogerida, de acordo com orientação, capacidade, necessidades e motivos do
próprio profissional (QUIGLEY; TYMON, 2006). Temas que serão tratados na próxima
seção.
2.3.1 Estratégias de Mudança de Carreira
O ritmo atual de mudanças e reestruturações organizacionais destruíram muitas
carreiras dentro das organizações e, frequentemente, tornaram inoperantes os princípios de
planejamento de carreira (INKSON; ARTHUR, 2001). As organizações começam a perceber
que os empregados devem buscar autodesenvolvimento e aprendizado nas carreiras, e que o
papel da empresa é o de apoiar esse autodesenvolvimento.
Nessa dinâmica imprevisível da economia, essa abordagem visa aumentar a
empregabilidade e a adaptabilidade pessoal na empresa.
33
Essa nova perspectiva da empresa sobre o desenvolvimento de carreira deve levar em
consideração a valorização dos funcionários em termos de conhecimentos e competências;
apesar de eles serem mais empregáveis, as organizações preferem estes àqueles que lhe são
fiéis. Na atualidade as pessoas têm, no mínimo, oito empregadores em muitos trabalhos
diferentes durante sua carreira nas organizações. Nesses trabalhos, as pessoas acumulam
experiências e aprendizagens; assim, sua carreira torna-se repositório de conhecimentos
(INKSON; ARTHUR, 2001).
Diante desse cenário, de modo a alinhar a estratégia de carreira e a fim de atingir um
alvo em período específico, é necessário ter visão e avaliação realistas sobre ameaças
demandas e oportunidades. Os cargos gerenciais exigem graus avançados de certificados,
vários anos de treinamento, com o objetivo de desenvolver habilidades e conhecimentos
profundos sobre o departamento e as habilidades de liderança. No entanto, as mudanças
rápidas de condições financeiras podem ter impacto nas estratégias das pessoas para alcançar
as metas pretendidas. As oportunidades de crescimento e desenvolvimento pessoal podem
emergir das condições econômicas que mudam ao longo da carreira de um indivíduo (MUJA;
APPELBAUM, 2012). Os autores apontam que, por outro lado, as mudanças graduais ou
bruscas na área socioeconômica podem colocar os indivíduos em situações difíceis, apesar do
planejamento em longo prazo (APPELBAUM; DONIA, 2000; 2001).
Em casos mais extremos, os profissionais e seus familiares vão investir esforços para
mudar o ambiente, a fim de oferecer nova oportunidade de avanço pessoal na carreira –
calculado em termos financeiros – para propiciar a avaliação realista e justificar as decisões
(MUJA; APPELBAUM, 2012). Esse investimento é fundamental, uma vez que cada pessoa
investe tempo, energia, relacionamentos em cada trabalho no qual atua, além do aporte
financeiro, para ter um salário maior, mais reconhecimento e senso de realização. Os
profissionais estão interessados em melhorar para desenvolver seu trabalho na empresa, como
também para obter sucesso em suas carreiras. Contudo a maioria das pessoas sabe que, a
longo prazo, a carreira é sua propriedade, e que isso importa mais do que crescimento,
participação no mercado e reputação da empresa para a qual trabalha (INKSON; ARTHUR,
2001).
Um investimento contemporâneo nas carreiras de profissionais de nível superior são
os cursos de MBA, considerados decisão racional, cognitiva e afetiva, igualmente importantes
no processo de mudança de carreira. Porém, enquanto os elementos relacionados com o
34
acesso e/ou entrada em um curso de MBA são bem definidos, as circunstâncias individuais de
carreira são altamente variáveis, exceto pelo desejo comum de mudança e por um forte senso
de autoeficácia. Tão desafiador quanto prever o futuro, é a previsão das respostas das partes
externas interessadas na decisão de um indivíduo submeter-se à mudança de carreira (MUJA,
APPELBAUM, 2012).
2.3.2 Mudanças de carreira e empregabilidade
O atual ambiente econômico, caracterizado por crescentes pressões do mercado, leva
as organizações a se tornarem mais flexíveis, a fim de se manterem competitivas
(LAZAROVA, TAYLOR, 2009) e isso tem implicações para o atual desenvolvimento da
carreira dos indivíduos.
Diante desse cenário econômico e da necessidade de as organizações tornarem-se mais
competitivas, as carreiras tradicionais dão lugar a novos padrões de carreira que refletem
ambientes incertos que atingem tanto as organizações como os indivíduos (ARTHUR;
KAPHOVA; WILDEROM, 2005; BARUCH, 2006). As carreiras contemporâneas são mais
propensas a incluir períodos de presença e ausência de trabalho, uma vez que as mudanças de
carreira podem ocorrer inter ou intra-organizacionalmente.
Os indivíduos não podem contar mais com o emprego vitalício ou com a ideia de
gerenciarem o desenvolvimento de suas carreiras em uma única organização. O conceito de
segurança no emprego foi substituído pelo conceito de empregabilidade (BARUCH, 2004;
FUGATE; KINICKI, 2008; HALLIER, 2009; INKSON, KING, 2010).
Thijssen et al. (2008: p. 167) definem a empregabilidade muito amplamente como “a
possibilidade de sobreviver no mercado interno ou externo de trabalho”. Desse modo, é
considerada “construção psicossocial” que incorpora características individuais para facilitar
comportamentos adaptativos necessários para permanecer empregável (FUGATE, KINICKI,
ASHFORT, 2004).
Empregabiliade também pode ser vista em termos de contexto de trabalho, seja interno
ou externo (FORRIER; SELS, 2003). Bernston, Sverke, Marklund (2006: p. 225) definem-na
como percepção individual que “reflete a possibilidade de percepção de aquisição de um novo
35
emprego”, enquanto McQuaid (2006) menciona que a ela é altamente dependente das
circunstâncias pessoais e da capacidade de um indivíduo para flexibilidade e mobilidade do
trabalho.
Em novo contexto, a empregabilidade pode ser a condição fundamental para o sucesso
na carreira (FUGATE, KINICKI, ASHFORT, 2004; VAN DER HEIJDE, VAN DER
HEIJDEN, 2006), por ser obtida mediante a aquisição de conhecimentos, aptidões,
habilidades e outras características valorizadas por empregadores atuais e potenciais e,
portanto, engloba potencial de carreira de um indivíduo (FUGATE, KINICKI, 2008;
FUGATE, KINICKI, ASHFORT, 2004; VAN DER HEIJDE, VAN DER HEIJDEN, 2006) e
pode, assim, ser importante fator para entender o sucesso da carreira contemporânea (HALL,
2002).
Van Dam (2004) salienta a importância de a empregabilidade ser orientada, ou seja,
que a organização faça intervenções para que o funcionário demonstre flexibilidade para
manter a empregabilidade, tanto individual como organizacional. A responsabilidade do
gerenciamento da empregabilidade deve ser tanto dos empregadores como dos empregados.
As organizações ofertam uma gama de atividades e processos, a fim de desenvolver seus
funcionários para o próximo trabalho (O’DONOGHUE; MAGUIRE, 2005). Entretanto parece
que a responsabilidade pela empregabilidade foi transferida da organização para o empregado
(MCQUAID; LINDSAY, 2005).
As condições do mercado de trabalho, assim como as medidas econômicas afetam a
produção, ou seja, quando as organizações enfrentam crises econômicas, elas reduzem a
produção e os gastos arbitrários e, consequentemente, as contratações. O efeito disso, sobre os
jovens profissionais, é: menos oportunidades de carreira, mais possibilidades de desemprego,
menos aumentos salariais e mais lentidão nas promoções (BRISCOE et al., 2012). Ou seja, na
recessão econômica, espera-se que haja menos promoções e alterações salariais (STEPHEN;
TYMON JR, 2012).
Entretanto a empregabilidade tem sido estudada do ponto de vista organizacional
(NAUTA et al., 2009) e a partir de uma perspectiva individual (FORRIER; SELS, 2003;
FUGATE; KINICKI, 2008; VAN DER HEIJDEN et al., 2009). A perspectiva profissional
está relacionada com as práticas de Recursos Humanos que buscam o destaque pessoal dos
funcionários, objetivando aumentar a flexibilidade e a vantagem competitiva da organização
(NAUTA et al., 2009), enquanto a perspectiva individual está centrada em comportamentos e
36
disposições das necessidades de cada pessoa (FORRIER, SELS, 2003; FUGATE, KINICKI,
ASHFORT, 2004; FUGATE, KINICK, 2008).
O estudo de Vos, Haum, Van Der Heijden (2011) contribui para a literatura sobre
carreira por procurar desvendar a relação entre desenvolvimento de competências,
autopercepção de empregabilidade e sucesso na carreira. Os resultados desse estudo
evidenciaram que a autopercepção da empregabilidade é mediadora na relação entre o
desenvolvimento de competências e dois indicadores de carreira que são: satisfação na
carreira e como os profissionais percebem a comercialização do seu trabalho. Os resultados
desse estudo revelam que a participação dos funcionários em iniciativas de desenvolvimento
de competências está associada a um aumento dos níveis de autopercepção de
empregabilidade. Os resultados demonstram que o desenvolvimento de competências não se
refere apenas ao conhecimento ou ao domínio das habilidades específicas, mas também à
percepção de desenvolver mais “expertise” e flexibilidade para desenvolver trabalhos.
As organizações devem procurar a participação real do empregado em suas iniciativas
de desenvolvimento das competências organizacionais. Contudo não é suficiente que elas
forneçam formações (treinamentos), aprendizagem “on the job” e desenvolvimento de
carreira, se não criarem ambiente de aprendizagem que estimule a participação efetiva no
desenvolvimento das competências dos colaboradores, incentivada e apoiada por gestores e
colegas da organização (VOS; HAUM; VAN DER HEIJDEN, 2011).
Outra conclusão importante no estudo de Vos, Haum e Van Der Heijden (2011) é que
existe relação positiva entre autopercepção de empregabilidade e satisfação com a carreira,
sendo que empregabilidade é um preditor de sucesso na carreira e facilita a mobilidade na
carreira. Os autores também ampliam o conhecimento sobre sucesso na carreira ao discutirem,
no resultado da pesquisa, que as carreiras podem ser mutáveis. Finalmente, os resultados
desse estudo demonstram que a autopercepção da empregabilidade está relacionada ao
desenvolvimento de competências e sucesso na carreira. A construção da empregabilidade é
estudada sob a perspectiva de nível individual e é interpretada a partir de elementos
cognitivos, comportamentos e atitudes das pessoas (FUGATE; KINICK; ASHFORT, 2008).
Por outro lado, o estudo da empregabilidade, por uma perspectiva organizacional, implica um
contexto favorável, incentivando a empregabilidade dos funcionários. As organizações podem
afetar o sucesso na carreira de seus funcionários de diferentes maneiras, ou seja, focalizar o
desenvolvimento de competências e perspectivas de carreira, segurança e oportunidades para
37
a obtenção da vantagem competitiva (VOS; HAUM; VAN DER HEIJDEN, 2011).
2.3.3 Mudanças de carreira e o desenvolvimento de uma segunda carreira
As mudanças que ocorrem na vida de uma pessoa podem levá-la a desenvolver uma
segunda carreira. Essas mudanças podem ser com relação ao padrão de vida, ou mesmo
mudanças que ocorrem no trabalho que ela desenvolve ou até na própria organização
(MITCHELL, LEVIN, KRUMBOLTZ, 1999). O desenvolvimento dessa segunda carreira
pode ocorrer principalmente com aquelas pessoas que, por trabalharem muito, apenas
“fantasiaram ou sonharam” com outras possibilidades. Essas pessoas podem propiciar
movimentos em suas carreiras, a fim de atingir os objetivos que tinham imaginado. Os
interesses e os valores podem ser mais flexíveis e abrangem mais trabalho e possibilidades de
um novo caminho na vida adulta (CHOPE, 2011).
Chope (2011) argumenta que, como as pessoas trabalham até os 70 anos em média
atualmente, é comum que os interesses sofram alterações mais tarde na vida. Na mesma
medida em que se estuda o interesse da população de idosos, deve-se mostrar maior grau de
compreensão do desenvolvimento de interesses de carreira, em crianças que são expostas
mais frequentemente a estímulos ambientais do que as gerações anteriores. Essas exposições
às informações, especialmente sobre carreiras e trabalho poderão afetar o desenvolvimento de
seus interesses. O autor argumenta que, pelo fato de as pessoas estarem vivendo mais tempo,
é comum terem uma segunda profissão na idade madura e obterem sucesso nelas, como é o
caso de pessoas que seguem carreiras políticas ou tornam-se empresários na idade madura
(CHOPE, 2000, apud CHOPE, 2011). Chope (2011) menciona que os estudos longitudinais
dos interesses individuais testam as pessoas na adolescência – fase em que se verifica como
os jovens aprendem e vivenciam várias experiências de vida – e na idade adulta. Contudo não
é demonstrado como os interesses mudam ou estabilizam-se, no decorrer da vida das pessoas.
Para tanto o autor faz uma crítica a esses estudos longitudinais de carreira, citando como
exemplo o estudo de Harrington (2006), que testa as pessoas na adolescência e depois na
idade adulta. Chope (2011) afirma que, com esses dois testes, os resultados de interesses
individuais podem não ser precisos. Por isso sugere estudos longitudinais e a continuidade de
avaliação do interesse dessas pessoas, aos 40 e aos 70 anos, uma vez que tais interesses
38
podem mudar em suas vidas posteriormente, como já mencionado nos ciclos de vida de
Schein (1978).
Tracey (2007) afirma que as mudanças de interesses ao longo da vida podem ocorrer e
que é muito importante considerá-las no campo de aconselhamento de carreira. O autor
menciona que a congruência entre interesses e ocupações são determinantes para as pessoas
obterem melhores resultados, estabilidade, capacidade de realização e satisfação no trabalho.
Já se observou, na Teoria de papéis de Super (1980), que alguns papéis específicos
podem mudar no decorrer da vida. Da mesma forma, a definição específica dos papéis pode
mudar. No trabalho, quando as funções das atribuições de um cargo mudam, as pessoas têm
de mudar para conseguir executar as tarefas. Para ele as pessoas podem mudar até onze vezes
de ocupações ou cargos no curso de suas vidas. São as chamadas carreiras “em série” ou
carreiras multiocupacionais (várias ocupações).
Trabalhadores manuais sem qualificação tendem a ocupar várias posições, durante a
vida profissional, porque geralmente são contratados quando há necessidade da mão de obra
e, depois, dispensados quando não há mais trabalho. Existem também os trabalhadores que
atuam em áreas sazonais: estes mudam várias vezes de emprego na mesma função (por
exemplo, porteiro) ou mudam de emprego e de ocupação (de porteiro para trabalhador em
fábrica). Um trabalhador pode ocupar ainda duas posições, por exemplo, durante o dia atua
como professor, e à noite como garçom. Em termos de carreira, essas posições são realizadas
simultaneamente em horários diferentes do dia (SUPER, 1980).
Dutra (2010) define carreiras paralelas, que têm sua essência nas carreiras
ocupacionais estudadas por Super (1980).
A carreira paralela:
é uma sequência de posições que uma pessoa pode assumir no interior de uma organização, orientada em duas direções, uma de natureza técnica e/ou funcional e outra de natureza gerencial, sendo garantido em ambas as direções o acesso aos maiores níveis de remuneração e de reconhecimento oferecidos pela empresa. (DUTRA, 2010: p.118).
Entretanto o conceito de carreira paralela foi construído na perspectiva da empresa,
nos anos 1990, quando a progressão profissional tornou-se importante para as pessoas. Nessa
época ocorreram limitações, nas organizações e no mercado de trabalho, em decorrência da
complexidade dos trabalhos exigidos pelas empresas. A partir de então as organizações
39
brasileiras tiveram de competir em ambiente globalizado, gerando necessidade por parte das
empresas de ter produções mais modernas e com mais valor agregado. Com isso, aumentou a
necessidade no mercado de trabalho de profissionais qualificados que pudessem contribuir
com essa nova realidade, bem mais exigente que nas décadas de 1970 e 1980 (DUTRA,
2010).
Dutra (2010) ressalta que, quando a pessoa assume duas carreiras ao mesmo tempo,
por exemplo, profissional que – durante o dia – exerce atividade profissional em determinada
organização e, à noite, atua como docente; ou aquele profissional que, além de ter um trabalho
na empresa, resolve montar negócio próprio, no qual se dedica em tempo restrito ou
acompanha esse negócio à distância, compreende a segunda carreira sempre como
complementar. Nesses casos, as complementares seriam as de docente e empresário.
Na carreira paralela, na organização, a pessoa tem de optar ou pelo braço técnico/
funcional ou pelo braço gerencial. Essa modalidade normalmente é associada à carreira em
“Y”, segundo Dutra (2010). Isso ocorre em todo mundo, porque dificilmente um profissional
técnico ou funcional aceita a gestão de alguém que não venha da mesma base de formação.
Em decorrência disso, é muito difícil ver num hospital médico que não seja subordinado a
alguém que não tenha a mesma formação (DUTRA, 2010).
40
2.4 Novas carreiras do século XXI
No século XXI, surgiram estudiosos que argumentam que os indivíduos passam mais
tempo trabalhando do que em qualquer outra atividade de vigília e acrescentam que as
identidades intrínsecas das pessoas estão ligadas ao trabalho (MUJA; APPELBAUM, 2012).
No entanto, as identidades de carreiras do século XXI são definidas com menos objetivos e
tornam-se cada vez mais profissões multidisciplinares e geracionais, o que contribui para
diminuir o compromisso dos funcionários com o empregador (BRISCOE, HALL,
FRAUTSCHY, 2006), principalmente aquelas pessoas com diversas redes de contatos, o que
facilita a troca de emprego (HIGGINS, 2001, apud MUJA; APPELBAUM, 2012).
Além disso, recentes gerações colocam menos peso sobre transitar nas “carreiras
lineares”3 ou pelas “escadas corporativas4” dentro das organizações. Segundo Baruch (2004),
essa nova geração está inserida em um mercado de trabalho no qual existem novos domínios
econômicos, tecnológicos e sociais que transcendem os limites das organizações. As carreiras
dos sistemas organizacionais tornaram-se mais abertas e diversificadas, menos estruturadas e
controladas pelos empregadores.
A gestão de carreiras, atualmente, exige dessa nova geração qualidades individuais
diferentes das que foram consideradas suficientes no passado, como a inteligência. Autores
como Arthur, Claman e DeFillipi (1995) sugeriram o termo “Carreiras Inteligentes”, para
argumentar sobre os elementos que se revelem necessários para a eficaz gestão individual de
carreira. A “inteligência” significa o “Knowwhy” (valores, atitudes, necessidades internas,
identidade e estilo de vida), “Knowhow” (competências de carreira: habilidades,
conhecimentos, capacidades, conhecimento tácito e explícito) e “Knowwhom” (redes de
relacionamentos, como encontrar as pessoas certas). Jones e Defillipi (1996) acrescentam
“Knowwhat” (oportunidades, ameaças e exigências),“Knowwhere” (entrada, treinamento e
desenvolvimento) e “Knowwhen” (momento de escolher as atividades).
3 Carreiras tradicionais, nas quais as estruturas são mais rígidas e a maioria das pessoas serve à empresa a vida toda. 4 Expressão utilizada para as organizações que estão baseadas em burocracias e têm estruturas que permitem a mobilidade hierárquica dos funcionários, ou seja, uma escalada corporativa.
41
Essas novas exigências de melhores qualidades, numa era em que as pessoas são
responsáveis pela gestão das próprias carreiras e com várias opções de escolha, não se
limitam a um único empregador.
Outros autores, como Quigley e Tymon (2006), sugerem a importância de estudar a
motivação intrínseca5 em modelo de autogestão de carreira. Essa motivação baseia-se em
experiências positivas e gratificantes que uma pessoa vivencia em seu trabalho. Para esses
autores, os processos motivacionais estão relacionados ao que as pessoas desenham como
trajetória dos próprios planos de carreira e esforçam-se para alcançar a percepção de sucesso
geral em suas carreiras.
Com as mudanças no mundo do trabalho, os estudiosos de carreiras têm tentado
explicar diferentes novas trajetórias, denominando-as em relação às diferentes características
entre as carreiras. Essa denominação, segundo Costa (2010), são: carreira tradicional, sem
fronteiras, portfólio, empreendedora, proteana, caleidoscópio e customizada. No Quadro 1,
são apresentados os modelos de carreiras e as respectivas definições.
5 Motivação intrínseca refere-se à execução de atividades no qual o prazer é inerente a elas (DECI, 1975). O indivíduo busca, naturalmente, novidades e desafios, sem pressões externas ou prêmios pelo cumprimento da tarefa, uma vez que a participação já é a recompensa principal.
42
Quadro 1 – Definições de modelos de carreira
Modelos Definição Ano Autor
Tradicional É uma estrutura de trabalho, onde o profissional deve estar comprometido com a organização, e a dedicação deve ser intensa. O vínculo trabalhista é contínuo e de preferência que o profissional trabalhe a sua vida toda para um único empregador
1961 Wilensky, apud Costa, 2010
Sem Fronteiras Essa carreira refere-se a uma série de oportunidades de emprego que vão além do local de um simples emprego. Definição relacionada com a motivação para o exercício do trabalho, a informação para execução do trabalho e a rede de relacionamentos para sustentar a carreira.
1994 2010
Defillippi; Arthur Costa
Portfólio É um tipo de carreira sem fronteiras, na qual o indivíduo trabalha em diversas organizações e forma carteira de clientes e fornecedores.
1998 Mallon
Empreendedora É desenvolvida pela pessoa que considera importante fazer algo empreendedor em um ponto presente ou futuro de sua carreira.
2010 King, 2003, apud Costa, 2010..
Proteana É processo em que a pessoa gerencia a carreira e não a organização. Ela consiste de toda a experiência variada da pessoa em educação, treinamento, mudanças no campo profissional e trabalhos executados em várias organizações, etc. As escolhas da carreira proteana são da própria pessoa que busca autorrealização e são os elementos integradores na própria vida.
1976 Hall (1976, p.201, apud BARUCH, 2004)
Caleidoscópio A premissa dessa carreira é baseada em que a pessoa, durante a vida profissional, alterna prioridades e buscando autenticidade naquilo que faz. Quanto maior o desafio, a pessoa buscará equilíbrio entre o trabalho e a família.
2006 Mainiero; Sullivan
Customizada A sua trajetória difere da carreira tradicional. O próprio profissional é que customiza a carreira solicitando voluntariamente à organização uma das três mudanças na relação de trabalho: 1) redução do regime de trabalho de tempo integral para parcial, 2) descontinuidade na participação na organização, com solicitação de licença não remunerada, 3) alteração do vínculo empregatício para ter possibilidades transacionais e mais dinamisno na carreira.
2010 Costa
Arco Iris O modelo de carreira do Arco-Íris da Vida e da Carreira foi desenvolvido por Super em 1974. Organiza os conceitos de estágios do desenvolvimento de carreira e da teoria de papéis sociais, que inclui conceitos de maturidade e/ou adaptabilidade de carreira. Baseia-se nas relações psicossociais para analisar os papéis que a pessoa assume na vida e no mundo do trabalho.
1980
2009
2012
Super;
Ribeiro;
Oliveira; Silva; Coleta
Fonte: adaptado de BENDASSOLI (2009); COSTA (2010) ; OLIVEIRA (2012); ROCHA (2013)
43
Por uma questão de enfoque deste estudo, nele serão abordadas mais profundamente
as carreiras tradicionais, proteana, sem fronteiras e empreendedora. A seguir será apresentada
a evolução dessas carreiras, sob as novas perspectivas de mudanças.
2.4.1 Carreiras Tradicionais versus Carreiras Contemporâneas
As carreiras tradicionais são baseadas na noção de emprego, herdada da sociedade
industrial (BENDASSOLI, 2009) à qual o empregado se dedicava, era fiel à empresa e em
troca, como recompensa, recebia segurança e estabilidade. As carreiras tradicionais eram
lineares, dependentes da estrutura e da cultura da organização, que oferecia trajetória
ascendente dentro da organização (BENDASSOLI, 2009).
O fator segurança, porém, mudou em relação ao passado. Atualmente a carreira não se
restringe somente às possibilidades do empregador. As qualificações pessoais e as atitudes
dos profissionais sobre a própria carreira estão mais relacionadas ao desenvolvimento
profissional de cada indivíduo (VELOSO, DUTRA, 2010).
As carreiras tradicionais são consideradas do século passado, enquanto outros modelos
são mais atuais. Os modelos de carreira sem fronteiras (ARTHUR, ROUSSEAU, 1996) e de
carreira proteana (BRISCOE, HALL, FRAUTSCHY, 2006; HALL, 1996; SULLIVAN,
ARTHUR, 2006) têm sido apresentados como modelos para um futuro em que as carreiras
são mais propensas a ser caracterizadas por contratos de emprego flexível, quando as pessoas
têm vários empregadores, com movimentos laterais e várias mudanças na carreira (CLARKE,
2009). Ambos os modelos vinculam o sucesso de carreira de forma flexível, com abordagem
adaptativa, e enfatizam a manutenção da empregabilidade por movimentos inter-
organizacionais, de aprendizagem ao longo da vida e de contrato psicológico na autogestão
das carreiras (INKSON, 2006).
Embora a ideia de carreiras multiformes ou sem fronteiras seja atraente, por
corresponder às necessidades da força de trabalho nas organizações, ainda não está claro até
que ponto os indivíduos têm se adaptado às relações de trabalho contemporâneas ou como
gerenciam suas carreiras para garantir a empregabilidade no futuro (CLARKE, 2009).
44
A partir dos anos 1970, o modelo moderno emerge de mudanças sociais, como mais
participação da mulher no mercado de trabalho, a elevação dos graus de instrução, a
globalização da economia e a flexibilização do trabalho (CHANLAT, 1995). Para o autor, a
introdução em massa da mulher no mercado de trabalho, as mudanças tecnológicas e a
reestruturação da economia introduziram novos comportamentos sobre a carreira. Dessa
forma, as pessoas conscientizaram-se da importância de estudar; algumas paravam de
trabalhar para fazê-lo; ou realizavam as duas atividades simultaneamente; as famílias
começaram a educar as crianças para vislumbrarem o mercado de trabalho e os estudos; e a
reorientação de carreira passou a ser uma constante. Todos esses comportamentos foram
causadores de uma ruptura no modelo de carreira tradicional e aproximam-se do modelo
proteano. Entretanto, apesar das mudanças comprovadas nas características da carreira
tradicional, existem estudos, como o de McDonald, Brown e Bradley (2004), que demonstra
que a carreira tradicional ainda é modelo dominante de algumas organizações. Segundo
MacDonald et al. (2004) ela é baseada no tempo de serviço, na mobilidade geográfica e em
uma escalada constante na escada corporativa, como acontece no setor público.
2.4.2 Carreira Proteana
Hall (1996, apud VELOSO; DUTRA, 2010) criou o conceito de carreira proteana em
1976. Essa denominação é derivada do deus grego Proteu que, segundo a mitologia, possuía a
capacidade de mudar de forma de acordo com sua vontade. Para Hall (1986, apud
ANDRADE; KILIMNIK; PARDINI, 2011) “o mito de Proteu, apresenta elementos que
podem ser metaforicamente observados no profissional contemporâneo que possui a
habilidade de gerenciar a sua própria carreira, de acordo com suas necessidades” (ANDRADE
et. al., 2011: p. 59)
A carreira proteana para Hall (1996, apud VELOSO; DUTRA, 2010) está relacionado
a um processo em que a própria pessoa gerencia a carreira e não mais a organização. Na
definição do autor, a carreira proteana:
[...] consiste de todas as variadas experiências das pessoas em educação, treinamento, trabalho em várias organizações, mudanças no campo ocupacional, etc. As próprias escolhas pessoais de carreira e a busca por auto-realização da pessoa proteana são os elementos integrativos e unificadores em sua vida. O critério de
45
sucesso é interno (sucesso psicológico), não externo. (VELOSO; DUTRA, 2010: p. 17)
Assim, carreira proteana é, resumidamente, aquela gerenciada pelo próprio indivíduo e
não pela empresa que o emprega, segundo Hall (2002), que introduziu o termo para dar ênfase
a uma carreira moderna e atual.
Nas últimas décadas do século XX, imperava a estabilidade econômica, quando os
empregos eram relativamente seguros, principalmente para os níveis mais altos da hierarquia
organizacional, entretanto isso mudou. Como afirma Hall (2002, apud VELOSO; DUTRA,
2010), hoje o tradicional contrato de carreira, com promessas de segurança e emprego de
longo prazo, é substituído por contratos de curto prazo, renovados diariamente com base em
necessidades correntes e em desempenho.
Hall (2002, apud VELOSO; DUTRA, 2010) considera que, na carreira proteana, o
contrato psicológico6 assume a forma transacional, baseado em trocas utilitárias, de curto
prazo, de benefícios e contribuições entre indivíduos. Ela ocorre em múltiplas organizações,
caracterizada por atitude voltada para valores individuais, em vez valores organizacionais e
por uma atitude autodirigida para a gestão de carreira (BRISCOE; HALL; FRAUTSCHY,
2006). A pessoa que adota uma orientação proteana para a carreira busca a oportunidade de
explorar novas possibilidades e sucesso psicológico por meio de movimentos laterais da
carreira ou em espiral7.
O indivíduo continuamente busca oportunidades para aprender coisas novas e vê sua
carreira como vários ciclos de aprendizagem (HALL; MIRVIS, 1996, apud DUTRA, 2010).
Duas metas de competências foram identificadas como pilares desse modelo de sucesso:
adaptabilidade e autoconhecimento (HALL, 2004). Na visão da carreira proteana, um
indivíduo irá desenvolver essas metas-competências que facilitarão as respostas adaptativas.
Essa capacidade de adaptação auxilia o indivíduo a sobreviver e prosperar em ambientes
turbulentos, preservando seus valores pessoais (HALL, 2004).
6Existem dois tipos de contrato psicológico (MACNEIL, 1980; 1985): relacional, baseado no compromisso mútuo de longo prazo e na relação de confiança entre indivíduo e organização; e o transacional, baseado em trocas utilitárias, de curto prazo, de benefícios e contribuições entre indivíduos. 7 Evans (1996) menciona que as carreiras têm adotado configuração em espiral, em ziguezague, aquela na qual mudanças constantes possibilitam a realização de atividades novas e diferentes; e a progressão não é linear nem sequencial. O ziguezague significa que os profissionais podem direcionar a sua carreira para outras atividades novas e diferentes. Esses profissionais podem desenvolver duas, três ou até quatro carreiras diferentes durante as suas vidas e até simultaneamente.
46
2.4.3 Carreira Sem Fronteiras
A carreira sem fronteiras é definida como “sequência de oportunidades de trabalho que
vão além do cenário de um simples emprego” (DEFILLIPPI, ARTHUR, 1994: p. 309).
O foco da carreira sem fronteiras são as mudanças, posto que a subida em escada
corporativa é substituída por uma carreira que apresenta série de movimentos laterais,
verticais e espirais (CURREI; TEMPEST; SATARKEY, 2006). Esses movimentos fornecem
oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento; aumentando, assim, a probabilidade de
que as competências e as experiências de trabalho atuais aumentem a empregabilidade do
indivíduo (CLARKE, 2009).
A carreira sem fronteiras é descrita como aquela em que o indivíduo se move de tarefa
para tarefa ou de organização para organização, transcendendo os limites da empresa (GUNZ;
EVANS; JALLAND, 2000). Recentemente o enfoque maior desse tipo de carreira está na
mobilidade física, ou nos movimentos reais entre empregos, organizações, ocupações e países
e na mobilidade psicológica, ou da capacidade de se mover através da mente do autor de
carreira (SULLIVAN; ARTHUR, 2006).
As fronteiras psicológicas podem manifestar-se como a crença de que seria
relativamente fácil mover-se entre as organizações, ou de que as redes extraorganizacionais
criam relações de trabalho que suportam apoiar o emprego atual ou um emprego futuro. Para
Briscoe, Hall e Frautschy (2006) a ausência de fronteiras psicológicas nas corporações leva
em conta que a pessoa pode fazer escolhas mentais de carreiras sem fronteiras, ainda que
dependam de uma organização para desenvolver e promover sua carreira, ou seja, os
indivíduos podem permanecer fisicamente em uma organização, até perceberem que sua
carreira pode ser sem fronteiras, se houver muitas oportunidades a serem exploradas na
carreira, ou se a organização incentivar a movimentação horizontal ou vertical, ou ainda, se o
indivíduo for apoiado pelas fortes redes internas e externas (CLARKE, 2009).
Para Veloso e Dutra (2010), a construção de uma carreira requer decisões e atitudes
que normalmente se refletem em outras esferas da vida das pessoas. O desenvolvimento
profissional exige adaptações sociais que envolvem não só o trabalhador, mas também sua
família. O autor afirma que trabalhar, atualmente, não significa ter emprego fixo em
organização estruturada.
47
As carreiras sem fronteiras surgem no cenário ligado a mudanças de comportamentos
dos funcionários, bem como emergem da necessidade de as organizações manterem-se
competitivas, com quadros funcionais enxutos e flexíveis. Os trabalhadores têm mudado seus
comportamentos, ao sentirem a necessidade de equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal.
Segundo o autor, tratar desse tema é um desafio que requer cautela, entretanto o
estudo da carreira sem fronteiras é relevante pela forma que o trabalho assumiu atualmente,
tanto para as pessoas como para as organizações.
Segundo Veloso e Dutra (2010), para Arthur e Rosseau (1996), as carreiras
organizacionais foram predominantes nos anos 1980; e, a partir dos anos 90, quando as
grandes hierarquias empresariais continuaram a influenciar o raciocínio das pessoas sobre
emprego e as carreiras, ocorreram as grandes transformações nas carreiras dentro das
organizações, ou seja, as carreiras deixaram de ser tradicionais, estruturadas e vitalícias, e as
empresas não poderiam continuar oferecendo carreiras a longo prazo para seus empregadores.
Em virtude dessas mudanças as pessoas não puderam mais ter perspectivas a longo prazo
dentro das organizações; dessa forma, os empregados tiveram de buscar outras carreiras, além
das fronteiras da organização. Diante desse novo cenário aparecem as carreiras sem fronteiras
para confrontar as carreiras organizacionais, como uma proposta de exploração de um novo
significado de organização e uma nova visão sobre a carreira.
Para Arthur e Rosseau (1996), era desafiadora a visão de carreira que as organizações
incutiram naquela época nos trabalhadores, tanto para elas como para os profissionais. As
organizações precisavam preparar o profissional para ser um prestador de serviços, mantendo
a mesma competência e dedicação na execução do seu trabalho; nesse caso, por não terem
garantia de trabalho o mês todo, apenas solicitariam os serviços, quando houvesse demanda.
Assim, pondera-se que a problemática com relação a essa forma de trabalho já era
difícil para os trabalhadores seniores, que desenvolveram suas carreira durante anos nas
organizações, em uma zona de conforto, torna-se ainda mais para os jovens que ingressaram
na profissão, com muita força de vontade, entusiasmo e ousadia, entretanto sem maturidade
profissional e perspicácia diante das adversidades.
Diante desse cenário, Arthur e Rousseau (1996) afirmam a existência de formas
diferentes de carreiras sem fronteiras. A primeira delas é a forma de carreira em que os
profissionais podem ser autônomos, nas quais eles vendem sua força de trabalho por meio de
prestação de serviços, sustentada por networkings, ou seja, o profissional deve estar sempre
48
ampliando a sua rede de contatos para conseguir realizar seus negócios. Existem também
carreiras que são sustentadas somente por networkings ou informações externas. Outra forma
é quando se quebram as fronteiras organizacionais de carreira envolvendo hierarquia e
princípios. São os casos de profissionais técnicos de alto nível que ampliam a sua rede de
relacionamentos com outros especialistas da comunidade científica, objetivando aprimorar
seus conhecimentos e serem estratégicos.
Na visão de Arthur e Rousseau (1996), as pessoas podem rejeitar oportunidades de
carreira por razões pessoais ou familiares. Um último significado de carreira depende da
interpretação do próprio profissional que pode perceber um futuro sem fronteiras, sem levar
em consideração obstáculos estruturais (ARTHUR; RUSSEAU, 1996 apud VELOSO;
DUTRA, 2010).
Segundo Hoekstra (2011), os indivíduos são gerenciadores da própria carreira, eles
estabelecem objetivos e metas e, a partir desse ponto, é que determinam a trajetória de suas
carreiras em direção ao “alvo”. Atualmente, os profissionais visam à autorrealização,
independentemente de qual seja a forma de trabalho estabelecida com os empregadores ou
clientes, nos casos em que os profissionais optem por trabalhar como empresários ou
microempresários.
Diante desse cenário contemporâneo, as organizações não são mais responsáveis pelo
desenvolvimento da carreira de seus funcionários, responsabilidade que agora recai sobre os
profissionais que atuam direta e efetivamente no planejamento de suas carreiras.
De acordo com Arthur (1994, apud ZHOU et al., 2012), as carreiras dos empregados
contemporâneos estão cada vez mais “sem fronteiras”, o que significa que o planejamento de
carreira não é limitado especificamente dentro das organizações, mas sim que os profissionais
podem crescer, tanto no desenvolvimento de projetos de suas carreiras, bem como nas
competências em diferentes organizações. Isso torna os funcionários mais preocupados com o
cumprimento das próprias necessidades do que com mudanças e objetivos organizacionais
(EBY, BUTTS, LOCKWOOD, 2003).
Para Colakoglu (2011) a carreira sem fronteiras fornece mais autonomia para as
pessoas, que se sentem livres para alcançar o sucesso subjetivo. Os efeitos positivos e
negativos para alcançar o sucesso subjetivo em uma carreira sem fronteiras têm sido
afirmados pelos estudiosos de carreira, embora a literatura necessite de avaliação empírica
que comprove as consequências de ter uma carreira sem fronteiras e compreender por que a
49
ausência de fronteiras pode afetar a avaliação subjetiva dos indivíduos referente à
empregabilidade. As pessoas precisam adquirir um conjunto de diferentes competências para
navegar com sucesso em suas carreiras sem fronteiras.
2.4.4. Carreira empreendedora
O termo empreendedorismo popularizou-se, na segunda metade do século XX.
Inicialmente, ele foi denominado como “espírito empreendedor” (DRUCKER, 1985). A
definição é complexa, utilizada para a geração de riquezas, criação de empresas, inovação,
mudança, criação de empregos, crescimento de negócio (DORNELLAS, 2004). Todos esses
aspectos, segundo Dornellas (2004), aplicam-se a todos os tipos de empresas e organizações
em qualquer momento da empresa. Ou seja, no início, aquelas que já passaram pela fase
inicial de crescimento e buscam crescer mais. O empreendedorismo deve ser considerado,
além do movimento para a criação da empresa (BARLACH, 2011).
O empreendedorismo pode surgir por dois motivos: necessidade devido à escassez de
emprego, mas também pode ser entendido como oportunidade para a criação de ideias,
projetos, geração de autoemprego e/ou crescimento pessoal (BARLACH, 2011). Essa análise
é realizada com base em dados obtidos em pesquisa de 2007, no Brasil, que revelou que 56%
das pessoas partem para um negócio próprio, motivadas por uma oportunidade, enquanto 42%
delas pela necessidade (WRIGHT, SILVA; SPERS, 2010).
Em Barlach (2011) Schein (1993) descreve âncora da criatividade empreendedora
como aquela que tem: “foco na criação e no desenvolvimento de novos negócios, na busca de
desafios criativos constantes, necessidade de poder e liberdade de ação e de reconhecimento
pelos resultados” (SCHEIN, 1993, apud BARLACH, 2011: p. 122). Segundo a autora, a
maior satisfação das pessoas com essa âncora seria terem um empreendimento. Entretanto,
Barlach (2011) argumenta que, para autores como McClelland; Atkinson; Clark; Lowell
(1953), o que leva essas pessoas a sentirem satisfação seriam as seguintes características,
relacionadas a pessoas empreendedoras motivadas para a realização:
a) capacidade de ambição nos objetivos, porém que possam ser alcançaveis; b) a busca de uma realização pessoal ao invés de recompensas extrínsecas de sucesso; c) o desejo de receber “feedback” positivo sobre o trabalho (como estou me saindo?), ao invés de “feedback” atitudinal (quanto você gosta de mim?). Para McClelland et. al (1953) os traços da personalidade empreendedora: a) correr risco
50
(moderadamente); b) ser desviante (com relação aos padrões sociais convencionais); c) ter alta necessidade de realização; d) possuir lócus de controle interno; e) ser tolerante à ambiguidade e f) apresentar extremos de competitividade, agressividade, impaciência, luta pela realização e a sensação permanente de estar sob pressão. (BARLACH, 2011, p. 122)
Assim, define-se um conjunto de características psicossociais que explicariam por que
alguns indivíduos têm preferência por uma vida “sem patrão”, algo associado ao
comportamento empreendedor, que também é verificado em profissionais autônomos e
prestadores de serviços. Segundo Barlach (2011), Chanlat (1995, 1996) argumenta que –
diante das metamorfoses que o trabalho humano tem enfrentado nos últimos “tempos”, a
carreira empreendedora, ligada a criação e inovação, é um imperativo social numa sociedade
que valoriza a iniciativa social.
Para King (2003) a carreira empreendedora é aquela na qual o profissional deseja fazer
algo empreendedor, no presente ou no futuro, ou seja, o profissional é responsável pela
autogestão da carreira objetivando aumentar sua empregabilidade. As pessoas adotam esse
modelo com o objetivo de progredir mais rapidamente dentro das organizações.
King (2003) aponta que os defensores dessa nova carreira argumentam que a
autogestão da carreira é algo que todas as pessoas deveriam adotar para conseguir sobreviver
em contexto organizacional mais turbulento.
A empregabilidade também pode ser considerada importante no desenvolvimento da
autogestão de carreira, bem como do desenvolvimento empreendedor, mas não a ponto de
mudar frequentemente de emprego (KING, 2003). Os profissionais que esperam desenvolver
uma carreira empreendedora, e que ainda trabalham em empresas, tentam progredir na
empresa atual, com objetivo de adquirir a credibilidade com os potenciais investidores ou
parceiros de negócios (KING, 2003).
King (2003) ainda argumenta que algumas pessoas valorizam a carreira mais
tradicional, na qual a progressão dentro da empresa pode ser valiosa, uma vez que desejam
uma carreira estruturada, o que também interessa para aquelas que estão preocupadas com o
desenvolvimento da carreira externa. King (2003) defende que o profissional, com carreira
interna em organizações marcadas por promoções e desenvolvimento, torna-se atraente para
outros empregadores. Assim, como o profissional, que autogerencia a carreira com foco
externo à organização na qual trabalha, acaba por auxiliar sua empregabilidade também
dentro da própria organização. Os empregadores valorizam aqueles profissionais com boa
51
rede de contatos externos e uma boa imagem externa com relação às suas competências e aos
conhecimentos profissionais.
King (2003) concluiu que, mesmo pessoas com carreiras empreendedoras ou que têm
atitudes empreendedoras, preferem trabalhar em empresas estruturadas e com carreiras
tradicionais. Essas empresas auxiliam na gestão através de treinamentos, orientação e
acompanhamento das carreiras. Os profissionais sabem da importância de desenvolver essa
empregabilidade, contudo esperam consegui-la em uma carreira tradicional.
52
2.5 Satisfação, sucesso na carreira e percepção de sucesso na carreira
O sucesso na carreira é definido por Seibert, Kraimer e Crant (2001) como um
trabalho positivo que acumula bons resultados psicológicos, como realização, alto salário
entre outro, resultantes das experiências individuais de trabalho. Os autores afirmam que o
sucesso na carreira melhora a qualidade de vida das pessoas, pois elas percebem que suas
conquistas e satisfações vêm dos resultados das experiências individuais no trabalho.
Para os indivíduos, o sucesso na carreira não é somente uma fonte de poder, felicidade
e satisfação, mas também a aquisição de avanço material (GATTIKER, LARWORD, 1990;
JUDGE et al., 1995). Assim, os empregados que têm sucesso na carreira sentem-se mais
felizes e mais bem sucedidos (YU, 2012).
Segundo Yu (2012), carreira é diferente de trabalho e cita exemplo de alguns
estudantes universitários que têm emprego, em tempo parcial, e trabalham para ter dinheiro,
mas não têm nenhuma carreira nesse momento – eles estudam para obter uma boa carreira.
Sucesso na carreira é definido como satisfação de um indivíduo com sua carreira em
longo prazo. Uma carreira de sucesso pode ser também a satisfação dos indivíduos que
derivam de aspectos intrínsecos e extrínsecos de suas carreiras, inclusive salários, progressão
profissional, status e oportunidades de desenvolvimento de carreira (JUDGE et al., 1995).
Por tratar-se de um conceito valorativo, a avaliação do sucesso na carreira requer um
método julgado pelo critério de uma carreira individual de sucesso que pode ser interno como
aspirações e sentimentos que não são visíveis para as outras pessoas. Os resultados de tais
julgamentos são estados internos subjetivos que as pessoas vivenciam como os sentimentos
que têm com relação à sua carreira (YU, 2012).
Para Yu (2012) o sucesso na carreira de um indivíduo são realizações, resultados
psicológicos positivos a partir das experiências de trabalho, durante o período de vida da
carreira. O autor fez estudo empírico de sucesso na carreira, entre canadenses e chineses. Para
os canadenses, fazer o que gosta é considerado sucesso na carreira, o que para os chineses é
representado por altos salários. Conhecer os fatores que afetam o sucesso na carreira pode
ajudar as pessoas a projetarem boas estratégias para crescimento na carreira.
Há também a definição de sucesso na carreira, segundo Ng et al. (2005), como
elementos objetivos e subjetivos de realizações individuais que progridem através de todo o
53
ciclo de vida profissional. O sucesso na carreira tem dois aspectos: extrínsecos e intrínsecos.
O sucesso extrínseco é objetivo e tangível e consiste em resultados visíveis como
salário, status, promoções e/ou posições. O sucesso intrínseco é a percepção do indivíduo com
a própria carreira, mais investigado como satisfação com a carreira (JUDGE et al., 1995). As
organizações devem prestar mais atenção ao sucesso subjetivo da carreira, expressas pelas
realizações de um indivíduo em termos de salário, posição, promoções e desempenho no
emprego; já os indivíduos devem se preocupar com o sucesso subjetivo da carreira como a
percepção positiva da carreira (YU, 2012).
Os fatores que ganharam destaque na literatura sobre sucesso de carreira subjetiva são:
capital humano, personalidade, percepção do local de trabalho e fatores demográficos (YU,
2012). A teoria do capital humano argumenta que os funcionários com mais formação
educacional e experiência profissional terão salários maiores do que aqueles com menos
formação educacional e menos experiência no trabalho. Portanto formação educacional e
experiência profissional devem estar relacionadas positivamente com sucesso na carreira
(YU, 2012).
O estudo de Yu (2012) abordou 12 preditores de carreira de sucesso: personalidade
amistosa, idade, suporte familiar, experiência profissional, formação educacional, pró-
atividade dos colegas, número de crianças, sexo, suporte organizacional, fluência no idioma
(inglês e francês), salário dos pais e sucesso na carreira dos pais. O autor solicitou que os
pesquisados classificassem por ordem de importância esses preditores. Como resultado,
formação educacional, personalidade amistosa e suporte organizacional foram apontados
como os preditores mais importantes. Segundo Yu (2012) esse resultado fora identificado
anteriormente por Barnett e Bradley (2007) que relacionaram suporte organizacional para o
desenvolvimento da carreira com satisfação profissional dos colaboradores. As organizações
contemporâneas enfrentam o aumento da concorrência. Nesse ambiente desafiador, elas
devem atrair e reter os melhores funcionários, ou seja, aqueles que apresentam melhores
desempenhos e que estão mais engajados em seu trabalho e comprometidos com a
organização, pois esses funcionários provavelmente terão mais satisfação e sucesso na
carreira.
54
Yu (2012) fez um estudo empírico com 121 empregados canadenses e chineses de
diversos ramos de organizações. Os cargos estudados foram: gerentes (82%), empregados de
tecnologia (2%), empregados operacionais (4%), empregados da área de serviços (12%). Do
total da amostra, 48,8% eram do sexo masculino e 51,2% do feminino. A faixa etária
compreendia indivíduos de 25 a 46 anos, cuja formação acadêmica era ensino médio (8,2%),
universitários (59,5%), pós-graduados (22,3%). Quanto ao estado civil havia: solteiros (43%);
casados (52,9%) e divorciados (4,1%).
O autor mediu as variáveis de satisfação na carreira, intrínsecas e extrínsecas, que
incluíram salários, progressão de status e oportunidades de desenvolvimento de carreira; já as
variáveis intrínsecas de sucesso na carreira foram medidas pelas aspirações internas e
sentimentos que não são visíveis para as outras pessoas, mas que para os avaliados são os seus
sentimentos subjetivos com relação a satisfação e sucesso na carreira. A satisfação com a
carreira foi medida com a escala de oito itens elaborada por Judge, Higgins, Thoresen e
Barrick (1999), que segundo Yu (2012) era a melhor medida disponível na literatura. Os oito
itens são: a) estou satisfeito com os interesses envolvidos no meu trabalho; b) estou satisfeito
com meus colegas de trabalho; c) estou satisfeito porque eu posso usar minhas habilidades no
meu trabalho; d) estou satisfeito com a supervisão; e) estou satisfeito com o respeito que os
outros dão ao meu trabalho; f) estou satisfeito com a capacidade de desenvolver ideias sobre o
meu trabalho; g) estou satisfeito com a segurança do emprego; e h) estou satisfeito com os
rendimentos provenientes do meu trabalho.
Judge et al. (1999) relatam que o nível de consistência dessa escala é de alpha (α) igual
a 0,92. Já no estudo de Yu (2012), a confiabilidade do coeficiente de alpha (α) foi 0,89. Para o
sucesso na carreira foi usada uma escala do tipo Likert que varia de 1 (discordo totalmente) a
5 (concordo totalmente). A questão era: o que você acha que é sucesso na carreira? a) Ter
reações subjetivas ou sentimentos dos indivíduos a respeito da própria carreira; b) Realizar
seu trabalho sem nenhum problema ou dificuldade; c) Manter bom relacionamento
interpessoal com colegas e supervisor; d) Alcançar objetivos; e) Fazer o trabalho que você
gosta e está interessado; f) Receber alto salário e promoções adequadas; g) Obter realizações
acumuladas e percebidas pelos indivíduos como resultado de suas experiências de trabalho; h)
Ter poder e autoridade fornecida pelo trabalho. Os resultados dessa pesquisa empírica
confirmam que o sucesso na carreira está relacionado com a percepção individual de
realização ou uma sensação de satisfação com o trabalho e têm implicações práticas e
benéficas no sucesso da carreira.
55
Desse modo, quando as organizações atraem os candidatos com maiores níveis de
valores de carreira, eles poderão ser mais comprometidos e satisfeitos com seu trabalho e,
consequentemente, com a sua carreira. Segundo Yu (2012), a contribuição mais importante
desse estudo foi identificar a diferença entre canadenses e chineses.
Converse et al. (2012) enfatizam o sucesso na carreira por outra óptica. Para esses
autores, o mundo do trabalho é um ambiente complexo e em constante mudança, e os
indivíduos são responsáveis por transitar nesse ambiente. Como as organizações estão cada
vez menos propensas a ter carreiras claramente identificáveis para os seus funcionários
seguirem, as pessoas devem confiar em suas próprias capacidades. Essas capacidades serão
utilizadas para influenciar eficazmente o ambiente organizacional e regular o comportamento
das pessoas, a fim de obterem sucesso em seu ambiente de trabalho (CONVERSE et al.,
2012).
As pessoas também tendem a controlar ativamente os fatores externos (características
de seu ambiente) e os fatores internos (pensamentos próprios, sentimentos e
comportamentos), o que é benéfico para o desenvolvimento de uma carreira moderna de
sucesso (CONVERSE et al., 2012).
Os autores perceberam que poucas pesquisas investigavam personalidade proativa
como preditora de sucesso na carreira e que um número muito menor delas estudava os
aspectos envolvidos nessa relação. Observaram, ainda, que um número ínfimo voltava-se para
o estudo do autocontrole no contexto do sucesso na carreira. Os autores, então, realizaram
dois estudos. O estudo I foi de corte transversal e dele participaram 249 empregados que
responderam a medidas de personalidade e de carreira. O estudo II foi longitudinal e envolveu
1.568 indivíduos, os quais foram classificados como grupo de autocontrole ainda na infância e
completaram medidas relacionadas à carreira 20 anos mais tarde. O estudo I indicou que
personalidade proativa e autocontrole relacionavam-se com o sucesso extrínseco na carreira
(salário e prestígio ocupacional). Os resultados do estudo II indicaram que autocontrole está
relacionado a sucesso, mediado por oportunidade de realização ocupacional.
Converse et al. (2012) concluíram que os ambientes modernos de trabalhos são
complexos e de constantes mudanças, de forma que exigem dos profissionais iniciativa
pessoal e autodisciplina. Diante disso, os indivíduos que têm controle de seus
comportamentos e são ativos em seus ambientes, tendem a experimentar mais sucesso na
carreira. Os resultados do estudo de Converse et al. (2012) demonstraram também que
56
personalidade proativa é um preditor de sucesso na carreira extrínseca, enquanto o
autocontrole é preditor de sucesso intrínseco na carreira. Os resultados do estudo sugeriram
que o autoaperfeiçoamento na forma de escolaridade e personalidade proativa são
características que facilitam a identificação de oportunidades e conquista.
Em meta-análise da literatura, Ng e Feldman (2010) tiveram como objetivo verificar
estudos realizados sobre a contribuição do capital humano (educação acadêmica e experiência
profissional) para os indicadores objetivos de sucesso na carreira (salários e promoções).
Especificamente, interessaram-se em identificar, nos estudos revisados, como a capacidade
cognitiva e a consciência explicavam o fato de o capital humano conseguir traduzir o
desempenho eficaz nas realizações das carreiras. Os autores realizaram a meta-análise8 e o
resultado revelou que a habilidade e a consciência cognitiva dos indivíduos mediam os
efeitos, tanto da educação acadêmica como do poder organizacional nos desempenhos dos
papéis no trabalho, bem como nos papéis extras que o empregado possa desempenhar na sua
função. Em última análise, tanto os papéis desempenhados no trabalho, como também os
papéis extras, influenciarão positivamente os salários e as promoções dos empregados. A
percepção de sucesso resulta em mais tempo de permanência dentro das organizações.
Converse, Piccone e Tocci (2014) investigaram se autocontrole na infância e
comportamentos positivos dos adolescentes (estudar) em contrapartida a um comportamento
negativo (roubar) influenciavam os resultados de carreira. Participaram desse estudo 4.932
indivíduos que tinham pelo menos 20 anos, em 2010.
Segundo Converse, Piccone e Tocci (2014), os estudos sobre como a falta de
autocontrole pode influenciar na carreira são limitados. Entretanto, os autores argumentam
que um estudo, realizado por Moffitt, Caspi, Harrington, Milne (2002), demonstrou que a
falta de autocontrole na infância (com início aos três anos de idade) prediz comportamentos
adolescentes negativos (de 13 a 21 anos: fumar e abandonar a escola), que afetaram o
rendimento posterior (por volta dos 32 anos). Converse et al. (2012) verificaram que o
autocontrole na infância estava relacionado com a obtenção de um nível de escolaridade
maior e uma posição de trabalho de prestígio que resultou em satisfação com a carreira.
8Meta-análise: é uma técnica estatística que integra resultados de dois ou mais estudos, sobre uma mesma questão de pesquisa. O termo meta-análise foi usado pela primeira vez, em 1976, e num artigo do psicológo Gene Glass, mas em contexto filosófico e não estatístico. A meta-análise é uma ferramenta aceita e utilizada em várias áreas do conhecimento, como pesquisa social, educação e enfermagem.
57
Segundo os autores, esses estudos demonstram a importância do autocontrole na
previsão dos resultados das carreiras. Contudo são limitadas as informações sobre os
caminhos específicos que relacionam o autocontrole com os resultados obtidos nesses
estudos. Segundo eles, estudos anteriores demonstram que existem dois aspectos de
autocontrole: um, que pode iniciar o autocontrole; e outro, que pode provocar sua parada.
O estudo de Converse, Piccone e Tocci (2014) baseou-se na ideia de interação
contínua e cumulativa para desenvolver o início ou a parada do autocontrole na infância ou na
adolescência, por meio dos comportamentos positivos ou negativos, os quais influenciaram a
relação dos resultados na carreira na vida adulta. Os conceitos de continuidade, cumulativo e
interacional, sugerem que as diferenças individuais e as características de autocontrole –
presentes no desenvolvimento das pessoas – podem, desde cedo, produzir diferentes caminhos
na vida e, consequentemente, em diferentes resultados de carreiras. Por exemplo, o
autocontrole pode influenciar os tipos de ambientes selecionados pelos indivíduos, ou seja,
aqueles que têm mais autocontrole podem escolher situações nas quais as recompensas
acontecem a longo prazo, em vez de curto prazo (CONVERSE, PICCONE, TOCCI, 2014).
Da mesma forma, essa característica também pode afetar as interações recíprocas dos
indivíduos com o meio ambiente, isto é, aqueles com autocontrole mais elevado podem
apresentar comportamentos em longo prazo que são reforçados pelo ambiente, incluindo os
pais e os professores. Para os autores, como esses processos desenvolvem-se, ao longo do
tempo, as pessoas podem criar diferentes caminhos na vida que resultam em diferentes
carreiras. Segundo Infante (2005), os estudos de resiliência, na década de 1970, revelaram a
relação com autocontrole e autonomia. Assim, supõe-se que indivíduos com mais níveis de
resiliência sejam aqueles que, por possuírem mais capacidade de autocontrole, são mais
capazes de planejar suas carreiras, a médio e longo prazos.
Os resultados da pesquisa de Converse, Piccone e Tocci (2014) confirmaram as
hipóteses levantadas pelos autores de que comportamentos, positivos ou negativos, predizem
o comportamento dos adolescentes: os que se engajaram em comportamentos positivos foram
mais propensos a alcançar níveis mais elevados de escolaridade do que os engajados em
comportamentos negativos. O nível de instrução, seguido de complexidade do trabalho
predizem que educação e complexidade do trabalho estavam diretamente relacionados a
salários, o que leva a mais satisfação no trabalho.
58
As práticas de comportamentos mais positivos do que negativos, em relação às metas
de longo prazo, têm mais probabilidade de levar ao sucesso acadêmico. Esse maior
desempenho acadêmico leva à continuação dos estudos com mais chances de ingresso no
ensino superior e de cursar a pós-graduação. Quando mais positivas, podem influenciar a
motivação do adolescente de continuar na escola, o que influencia o nível de escolaridade.
Lleras (2008) estudou e comprovou que os comportamentos positivos podem facilitar a parte
educacional, e Moffitt et al. (2002) verificaram que comportamentos negativos podem
impedir realização educacional. De acordo com as perspectivas do capital humano, níveis de
ensino superior podem sinalizar que os indivíduos têm atributos desejáveis como bons níveis
de inteligência e de automotivação (NG et al., 2005).
As organizações buscam atrair e reter os indivíduos com esses atributos desejáveis,
oferecendo salários mais altos e melhores oportunidades de trabalho (NG et al., 2005). Os
trabalhos que envolvem alto grau de dificuldade provavelmente terão salários mais altos; ou,
quanto mais complexos forem os trabalhos, maior será a renda (JUDGE, KLINGER, SIMON,
2010).
A carreira de sucesso é definida, muitas vezes, através dos resultados psicológicos
positivos acumulados nas experiências no trabalho. O sucesso na carreira, por um lado,
reflete-se de forma objetiva, podendo ser observável por meio do alcance de níveis gerenciais,
número de promoções, progressão salarial entre outros (DRIES, PEPERMANS, HOFMANS,
RYPENS, 2009); por outro, também pode ser definido como sucesso subjetivo, alcançado por
avaliações subjetivas dos indivíduos em vários aspectos de suas carreiras (GREENHAUS,
PARASURAMAN, WORMLEY, 1990). Este estudo centra-se nas dimensões, objetiva e
subjetiva, do sucesso na carreira – variável importante no resultado da pesquisa, cuja
identificação dos preditores é foco de muitos trabalhos (GREENHAUS, PARASURAMAN,
WORMLEY, 1990; NG et al., 2005)
O estudo de Zhou et al. (2012) focalizou a dimensão subjetiva do sucesso da carreira.
Contudo, existe inconsistência na conceituação do sucesso subjetivo da carreira através dos
raciocínios teóricos e dos resultados das medidas quantitativas e análises qualitativas.
Muitas vezes são usadas abordagens multidimensionais para discutir o sucesso
subjetivo da carreira (DRIES, PEPERMANS, CARLIER, 2008). Os estudos quantitativos do
sucesso de carreira subjetivo foram medidos frequentemente por uma escala unidimensional
(ZHOU et al., 2012). Entretanto, para Arthur, Khapova e Wilderon (2005), restringir as
59
múltiplas facetas de uma carreira de sucesso subjetivo a uma medida unidimensional limita a
compreensão desse conceito complicado e pode levar à obtenção somente de resultados
parciais.
2.5.1 Avaliação do sucesso na carreira contemporânea nas organizações
Na contemporaneidade, para avaliar o sucesso na carreira, os profissionais levam em
consideração o equilíbrio entre progressão de carreira, as exigências dos cargos ocupados em
relação às cargas de trabalho, bem como os cuidados dos interesses da vida pessoal
(HERMAN, LEWIS, 2012; KAILASAPHY, METZ, 2012). Isso ocorre porque as
corporações incluíram muitas mulheres, pessoas com dois empregos e/ou famílias
monoparentais (BLAIR-LOY, WHARTON, 2002). Muitos desses profissionais fazem
malabarismos para cuidar de crianças, da geração de idosos da família e, também, para
atender às exigências das carreiras (NEAL, HAMMER, 2007).
Apesar dessa mudança, na força de trabalho profissional, ainda se espera que as
pessoas trabalhem longas horas na semana, como forma de demonstrar sua devoção à
empresa, apesar de terem de dividir tempo e energia com suas famílias (BLAIR-LOY, 2003).
Os países industrializados têm se preocupado com esses fatores e reduzem cargas de trabalho,
o que é referido como tempo de trabalho parcial (BRISCOE et al., 2012).
Hall et al. (2012), em estudo longitudinal, constataram que, embora as pessoas
busquem equilíbrio entre vida pessoal e carreira profissional, a maioria das que resolveram
trabalhar em tempo parcial e reduzir salário, eram mulheres que tinham pessoas com
problemas de saúde na família. Essas variáveis foram responsáveis pela redução da carga
horária no trabalho. Contudo a maioria dessas mulheres trabalhava em tempo integral e era
gestora com a responsabilidade de acompanhar grupos de trabalho. A maior parte delas,
considerada de extremo sucesso em suas carreiras, apontou que seu objetivo era alcançar o
sucesso profissional, mas dentro de certos limites, ou seja, desde que elas pudessem ter uma
vida pessoal fora do trabalho e uma convivência familiar satisfatória.
Em outro momento desse estudo verificou-se que, para essas mulheres, era muito
importante o reconhecimento e a valorização dos seus superiores organizacionais para que
60
elas tivessem uma percepção de sucesso na carreira. Os resultados desse estudo sugerem que
alguns indivíduos, envolvidos com suas carreiras conseguem obter sucesso objetivo e
subjetivo e ainda são capazes de conduzir suas carreiras com alto comprometimento, tanto
profissional como familiar.
Entretanto, Hall et al. (2012) constataram que alguns indivíduos envolvidos
desafiavam suas carreiras e buscavam sustentar a redução da carga horária, por meio de um
empregador ou de um autoemprego que propiciam alto sucesso subjetivo na carreira, em
detrimento do sucesso objetivo. Essas pessoas mostraram-se felizes em trabalhar em regime
de tempo parcial e em demonstrar sucesso na carreira, durante longo período de tempo. Elas
haviam definido sucesso de acordo com seus próprios conceitos e, muitas vezes, conseguiram
alcançá-lo fora dos limites organizacionais (HALL et al., 2012). Entretanto as pessoas que
obtiveram mais sucesso profissional foram aquelas que ocupavam cargos de gestão e que
tinham tendência a trabalhar mais horas. Embora tivessem maior carga de trabalho, obtinham
mais experiência. Também foi comprovado que elas eram menos propensas a tirar licenças ou
ausentar-se do trabalho.
As pessoas que obtiveram baixo sucesso na carreira foram aquelas que
experimentaram mais turbulência em seus postos de trabalho, incluindo demissão, e talvez,
um período de autoemprego. Esse grupo de baixo sucesso profissional apresentou mais crises
de saúde e problemas familiares, nos seis anos de duração da pesquisa (HALL et al., 2012).
Muitos exemplos de pessoas que se recuperaram de vários tipos de contratempos (no
trabalho, na família e na vida pessoal), parecem ser um caso de resiliência. A maioria dos
participantes do estudo foram capazes de enfrentar as adversidades e depois buscar em suas
vidas seus propósitos de realização (HALL et al., 2012).
Os autores também constataram que as pessoas com alto sucesso subjetivo tendiam a
ser mais autodirigidas e proativas em suas escolhas. Aquelas com baixo sucesso de carreira
subjetivo e alto sucesso objetivo faziam as próprias escolhas, por exemplo, quando reduzir a
carga horária e quando sair da empresa. Observou-se, ainda, que muitas pessoas com sucesso
objetivo e subjetivo altos decidiram limitar a mobilidade ascendente na carreira por razões
familiares.
2.5.2 Sucesso na carreira: enfoques subjetivo e objetivo
61
Existem duas formas de significados de sucesso de carreira: uma relacionada a sucesso
pessoal, isto é, subjetiva; e uma, objetiva, que relaciona o sucesso com a prosperidade – fator
que depende de comparações sociais (ARTHUR, KHAPOVA, WINDERON, 2005).
Entretanto, as pessoas têm diferentes aspirações de carreira e colocam valores diferentes em
diversos fatores, como: renda, emprego, segurança, local de trabalho, status, progressão por
meio de diferentes postos de trabalho, acesso à aprendizagem, importância do trabalho em
função do tempo pessoal e familiar (BAILYN, 1989, apud ARTHUR, KHAPOVA,
WINDEROM, 2005).
O sucesso subjetivo na carreira reflete julgamentos dos indivíduos sobre as realizações
de carreira incluídas avaliações como o valor do seu capital humano (STUMPF, 2007, 2010);
avaliações de autoestima e capacidades (CHANG et al., 2012); e satisfação com a carreira.
(BURKE, 2001; JUDGE et al., 1995).
A empresa percebe o valor do capital humano como fundamental para a perspectiva de
crescimento profissional e para a mobilidade de cargos e funções. As avaliações que os
gerentes fazem das competências dos subordinados diretos são medidas de capital humano.
Outras avaliações do capital humano podem incluir: anos de trabalho, experiência profissional
e estabilidade no emprego, nível educacional, conhecimentos e habilidades (NG et al., 2005).
Outra forma de medir o sucesso subjetivo na carreira é a maneira como se avalia o valor dela.
Para tanto, segundo Stumpf e Tymon Jr. (2012), Judge, Locke e Durham (1997)
desenvolveram o conceito de núcleo de autoavaliação (CSE) para capturar a essência de
autoavaliação, autoestima e capacidades dos próprios indivíduos. O CSE é derivado do que
Stumpf e Tymon Jr. (2012: p. 346) classificam como “quatro traços da personalidade”:
autoestima, autoeficácia, neuroticismo e locus de controle (JUDGE et al., 2003; JUDGE,
KAMMEYER, 2011). Para esses autores, o CSE é considerada uma característica estável e,
portanto, não se espera alteração ao longo do tempo. Os indivíduos autopositivos acumulam
vantagens em suas carreiras. Eles começam em uma situação melhor, porque eles gostam das
carreiras que escolheram buscando crescer e desenvolver-se nelas (JUDGE, HURST, 2008).
A satisfação com a carreira também é uma medida subjetiva de sucesso na carreira
(HESLIN, 2003). A satisfação no trabalho – mais associada ao próprio trabalho atual – pode
ser vista como componente de satisfação com a carreira (ERDOGAN, BAUER, 2005;
LOUNSBURY et al., 2004).
Super (1962), em pesquisa sobre valores, também identificou diversos objetivos
62
(autoexpressão, altruísmo, criatividade, independência, segurança, prestígio e relações) que
orientam o comportamento das pessoas, no desenvolvimento de carreira profissional. No
campo da psicologia vocacional, o sucesso profissional concentra-se na experiência pessoal
dos indivíduos, em vez de concentrar-se em fatores organizacionais (SAVICKAS, 1995).
O moldelo de “âncora de carreira” (SCHEIN, 1996) propõe que as metas de carreira
dos indivíduos estejam relacionadas a valores e necessidades que dizem respeito à carreira,
tais como: competência gerencial, competência técnica funcional, segurança e estabilidade,
criatividade, autonomia e independência, senso de serviço e dedicação à causa, desafio
constante e estilo de vida integrado (DUTRA, 1996).
Com o contexto de emprego mudando rapidamente, ocorre influência na compreensão
sobre desenvolvimento e sucesso na carreira. Na contemporaneidade, algumas pessoas são
demitidas devido a downsizing 9 que ocorre nas organizações. Então, elas devem fazer planos
para suas carreiras, pois algumas têm flexibilidade para trabalhar em projetos com várias
organizações (ZHOU et al., 2012)
Dries, Pepermans, Carlier (2008) realizaram estudo qualitativo em que utilizaram
estrutura multidimensional de critérios para o sucesso da carreira, com vinte e dois gestores
de cinco organizações belgas: 78% homens e 22% mulheres. A idade dos participantes variou
de 28 a 59 anos, com média de 40,05. Todos foram convidados a contar as histórias de suas
carreiras, por meio de escalonamento multimensional – modelo que incorpora os diferentes
significados de cada entrevistado ligados à construção de sucesso na carreira. Os autores
argumentam que as realizações intra e interpessoal afetaram nove áreas: desempenho, avanço,
autodesenvolvimento, criatividade, segurança, satisfação, reconhecimento, cooperação e
contribuição. A partir dos resultados obtidos foram construídas 69 escalas de sucesso de
carreira durante as entrevistas.
Na análise de conteúdo do processo, realizada individualmente pelos três autores, para
estabelecer certo grau de confiabilidade entre os avaliadores, não foram encontradas
diferenças relevantes entre os conteúdos das escalas de homens e mulheres e nem entre os
gestores com idades diferentes. Os autores chegaram à conclusão de que um modelo de quatro
quadrantes era relevante para categorizar os diferentes significados atribuídos ao sucesso na
9 O termo downsing pode ser traduzido como “redução de tamanho” ou “achatamento” da estrutura organizacional. Dessa forma, esse conceito sempre foi associado a cortes de custos e à redução de postos de trabalho (MORAES, 2012).
63
carreira.
O primeiro quadrante foi denominado de realização interpessoal. Nele, as construções
de sucesso de carreira são referentes às realizações dos fatos que caracterizam uma carreira, o
mundo externo. Esse quadrante contém três áreas de significados distintos: desempenho
(sucesso no sentido de obtenção de resultados verificáveis com relação ao atingimento das
metas estabelecidas); avanço (sucesso em termos de progressão e crescimento tanto em
experiência como em níveis hierárquicos); e contribuição (sucesso em termos de contribuir
com algo tangível para o coletivo).
O segundo quadrante foi denominado de realização intrapessoal, no qual as
construções de sucesso na carreira referem-se às realizações, de fato, que caracterizam uma
carreira. Esse quadrante possui duas áreas distintas de significado: o autodesenvolvimento
(sucesso em termos de atingir seu potencial pleno através dos desafios da autogestão e das
experiências da aprendizagem); e criatividade (sucesso em termos de criar algo inovador e
extraordinário).
O terceiro quadrante foi denominado de afeto intra-pessoal. Nele, as construções de
sucesso na carreira referem-se a sentimentos e percepções com relação à carreira. O quadrante
também contém duas áreas distintas de significado: segurança (sucesso em termos de ser
capaz de ter um emprego e atender às necessidades financeiras); e satisfação (sucesso em
termos de alcançar satisfação pessoal e felicidade, tanto na família como no domínio do seu
trabalho).
Finalmente, o quarto quadrante, chamado afeto interpessoal, é aquele no qual as
construções de sucesso na carreira referem-se a sentimentos e percepções que caracterizam a
carreira e o mundo externo. Esse quadrante contém três áreas distintas de significado:
reconhecimento (sucesso em termos de ser devidamente recompensado e apreciado pelos
esforços e talentos); cooperação (sucesso no sentido de trabalhar bem em conjunto com seus
pares, superiores, subordinados e clientes); e contribuição percebida (sucesso em termos de
servir a sociedade por meio do trabalho e com ética).
O sucesso na carreira vem sendo estudado há vários anos por outros autores, dentre os
quais podem ser destacados Childs e Klimoski (1986), que realizaram estudo para verificar se
história de vida era um bom preditor de sucesso geral, entre 555 pessoas – empregadas em
diversas profissões e matriculadas em curso introdutório de Princípios de Vendas, em várias
64
escolas de negócios. Depois de dois anos, os participantes relataram ocupações distintas e
graus variados de sucesso profissional. Os dados de sucesso foram fatorados e revelaram
composição fatorial tríplice: sucesso no trabalho, sucesso pessoal e sucesso na carreira. Os
itens do inventário biográfico também foram fatorados e revelaram composição de cinco
fatores: orientação social, estabilidade econômica, orientação ética para o trabalho, realização
educacional e confiança interpessoal. Os autores identificaram que a história de vida não
prediz o que o sucesso gera na carreira, mas apontaram medidas válidas para ambos os
construtos.
Eby et al. (2003) argumentam que o sucesso subjetivo na carreira dos funcionários é
medido a partir de três aspectos: satisfação, negociabilidade da percepção intrínseca (se as
organizações em que atuam visualizam-nos como valor agregado e propiciam oportunidades
de crescimento) e percepção de empregabilidade pelos funcionários (se eles percebem as
muitas possibilidades de empregos, em decorrência de experiências e habilidades).
No modelo de carreiras sem fronteiras a consideração de sucesso subjetivo tornou-se
importante, pois se acredita que, na busca de caminhos de carreira altamente heterogêneos e
únicos, só os próprios indivíduos podem definir e avaliar sua carreira em termos de sucesso,
tendo como referência valores e autopadrões definidos no sentido de atingir aspirações
profissionais (ARTHUR, ROSSEAU, 1996).
Tradicionalmente, a carreira muitas vezes foi definida como sucessão de postos de
trabalho relacionados à hierarquia das organizações, na qual as pessoas se movem em
sequência ordenada (WILENSKY, 1961). Complementando essa definição, o sucesso na
carreira deve ser medido pela sua dimensão objetiva, conforme já mencionado, como: nível
gerencial, salário e outros (DRIES et al., 2009; NG et al., 2005; NG, FELDMAN, 2010).
O sucesso objetivo de carreira pode ser definido como perspectiva externa que é
representada por indicadores menos tangíveis da situação de carreira do indivíduo, tais como:
nível socioeconômico da família, mobilidade do indivíduo na carreira, atributos da tarefa,
renda e nível de emprego (MAANEN, 1977, apud ARTHUR, KHAPOVA, WILDEROM,
2005).
O sucesso objetivo da carreira é acessível às pessoas que se preocupam com o status
do seu papel social. O sucesso de carreira é visto em termos estruturais (WILENSKY, 1961),
e os autores enfatizam que as pessoas têm propensão a organizar a carreira em torno desse
65
status (NICHOLSON, 1998), refletindo o entendimento social compartilhado, em vez de uma
compreensão individual. Atualmente, o papel da pessoa na gestão da carreira é enfatizado
constantemente. Peiperl e Arthur (2000) afirmam que, na era contemporânea, a imagem de
segurança aparece atrelada à empregabilidade, em vez de estar garantida por um emprego.
2.5.2.1 A interdependência entre os aspectos subjetivos e objetivos do sucesso da carreira
Os aspectos, objetivo e subjetivo, de sucesso na carreira são interdependentes
(ARTHUR; KHAPOVA; WILDERON, 2005), e ainda outras variáveis influenciam o sucesso
da carreira, como oportunidades de emprego; assim como as contextuais, como a política do
governo e a posição social de uma pessoa. Tais variáveis influenciam o sucesso subjetivo das
carreiras, por exemplo. Para os autores, é difícil vislumbrar oportunidades de emprego ou
quaisquer outras variáveis relacionadas ao trabalho, como independentes tanto do sucesso
subjetivo, quanto do sucesso objetivo da carreira.
Na contemporaneidade, os indivíduos são encorajados a seguir a autogestão da
carreira (CLARKE; PATRICKSON, 2008; STURGES, CONWAY, LEIFOOGHE, 2008) e
adotar medidas de sucesso na carreira, relacionadas ao sucesso psicológico individual
(sentimentos de orgulho pelas realizações) em lugar de medidas pessoais mais objetivas
(progressão da carreira por meio de hierarquias da organização, marcadas pelo status das
posições ocupadas pelos profissionais) (ARTHUR; KHAPOVA; WILDERON, 2005).
Outro fator que parece importante para a percepção de sucesso na carreira é o gênero,
pois experiências profissionais das mulheres diferem das dos homens. São essas diferenças
que afetam o sucesso objetivo e subjetivo da carreira das mulheres em relação aos homens
(LYNESS, THOMPSON, 1997; 2000). Ng et al. (2005) baseados em estudo de meta-análise,
revisaram quatro categorias de preditores de sucesso objetivo e subjetivo da carreira:
a) o capital humano, que se refere a: escolaridade dos indivíduos, experiências
pessoais e profissionais;
b) patrocínio organizacional, que se refere à assistência especial que as organizações
oferecem aos empregados para facilitar o sucesso na carreira, isto é, auxílio de
outros profissionais mais experientes, apoio dos supervisores e treinamentos;
66
c) status sociodemográfico, relacionado a gênero, raça, estado civil e idade; e
d) diferenças individuais estáveis, que são os traços de personalidade como
neuroticismo, consciência, extroversão, socialização e abertura à experência,
proatividade e locus de controle.
NG et al. (2005) argumentam que o nível salarial e a promoção foram medidas de
sucesso objetivo na carreira, e o sucesso subjetivo foi medido por satisfação na carreira. Os
resultados demonstraram que tanto um quanto o outro foram relacionados a uma ampla gama
de indicadores. Para o sucesso objetivo de carreira, os preditores capital humano e status
sociodemográfico estão mais fortemente relacionados a ele. Já para o sucesso subjetivo, os
preditores mais relevantes foram patrocínio organizacional e diferenças individuais estáveis.
Nesse estudo, Ng et al. (2005) pesquisaram sobre a mobilidade ascendente que, na opinião
dos autores, é um aspecto importante para o sucesso na carreira daqueles empregados capazes
de elevar-se na hierarquia social ou organizacional considerados indivíduos bem-sucedidos.
Os resultados de Ng et al. (2005) revelam que capital humano, patrocínio organizacional,
variáveis sociodemográficas e variáveis das diferenças individuais estáveis são importantes
para compreender o sucesso na carreira dos trabalhadores.
À medida que os estereótipos de gênero ou discriminação existem, as avaliações do
capital humano pelos gestores podem ser mais fortemente relacionadas com medidas
profissionais objetivas de sucesso masculino do que uma carreira de sucesso feminino. O
resultado dessa crença é que os gestores valorizam mais o trabalho dos homens do que o das
mulheres, reafirmando a ideia de que os estereótipos de discriminação entre gêneros
continuam a existir ainda na atualidade. Embora as classificações de desempenho de trabalho
tenham favorecido as mulheres, as promoções foram maiores para os homens do que para
elas. Stumpf e Tymon Jr. (2012) argumentam que, em decorrência desses fatores, os homens
apresentam um grau maior de sucesso do que as mulheres. Homens e mulheres percebem o
sucesso de forma diferente e têm ambições diferentes (ORSER, LECK, 2010; POWELL,
EDDLESTON, 2008).
As mulheres podem ficar mais facilmente satisfeitas com suas oportunidades e
conquistas, são mais propensas a internalizá-las, o que pode ser a causa de seu sucesso.
(DYKE, MURPHY, 2006; O’NEIL, HOPPKINS, BILIMORIA, 2008; STUMPF, TYMON,
JR., 2012).
67
Os resultados dos estudos de Stumpf e Tymon Jr. (2012) revelaram que, nos períodos
de desemprego, os homens têm autoavaliação menor do que as mulheres. A recessão
econômica é mais internalizada por eles do que por elas, no entanto, essa relação é
significativa para ambos. Os resultados também demonstraram que as mulheres podem ficar
mais facilmente satisfeitas com sua carreira e oportunidades e realizações profissionais do que
os homens. Os homens veem as promoções como uma medida de sucesso mais do que as
mulheres (STUMPF, TYMON JR., 2012).
Em relação à satisfação subjetiva com a própria carreira, promoções podem
proporcionar benefícios socioemocionais, como mais trabalho desafiador e mais prestígio
(VANDEBERGHE, PANACCIO, 2012). Os resultados da pesquisa de Stumpf e Tymon Jr.
(2012) fornecem suporte para a influência positiva das promoções na satisfação com a
carreira. As promoções organizacionais aumentam a percepção de sucesso subjetivo nas
pessoas por meio de seus efeitos positivos sobre as recompensas intrínsecas, além da obtenção
de mais recompensa extrínseca (salário). As promoções anteriores foram relacionadas com a
própria avaliação dos gestores dos capitais humanos dos seus subordinados e foram
determinantes para um resultado melhor das avaliações de desempenho das competências dos
colaboradores (RESTUBOG, BORDIA, P., BORDIA, S., 2011). No entanto, os autores
realizaram um estudo com 140 funcionários e seus supervisores diretos de uma instituição
financeira nas Filipinas, usando dados de arquivos para verificar os indicadores que
influenciam, de fato, nas promoções dos empregados e, consequentemente, no sucesso da
carreira. A escolha de utilizar os dados dos arquivos deve-se ao fato de os autores
considerarem-nos menos vulneráveis às preferências e aos possíveis vieses nessa avaliação
dos supervisores, pois esses resultados são representados por dados observáveis e contáveis.
A partir da análise dos resultados, Restubog, Bordia, P. e Bordia, S. (2011) verificaram que a
qualidade da relação entre supervisor e subordinado importa mais do que o próprio
desempenho do subordinado para a concretização das promoções.
Os resultados de Stumpf e Tymon Jr. (2012) corroboram os de Restubog, Bordia, P. e
Bordia, S. (2011). Argumentam os primeiros que o funcionário pode ter mobilidade na
carreira proporcionada pelo líder, o qual pode alavancar ou estacionar a carreira de um
subordinado. Os gerentes também podem basear-se nas realizações e nas promoções recebidas
anteriormente pelos subordinados, bem como naquelas em que as promoções aconteceram
rapidamente na carreira desses subordinados, revelando ascensão profissional rápida. Isso
leva os gerentes a acharem que as promoções anteriores de seus subordinados ocorreram por
68
“alto potencial” e pelas realizações dos subordinados, podendo influenciar suas avaliações
futuras com relação ao desempenho dos subordinados. Contudo, para Stumpf e Tymon Jr.
(2012), na medida em que as avaliações dos gerentes são influenciadas pelas promoções
recebidas pelo empregado no passado, a organização corre o risco de os indivíduos que
avançam não serem os melhores candidatos para os cargos superiores.
Stumpf e Tymon Jr. (2012) constataram que a mudança salarial foi mais fortemente
associada à avaliação do capital humano por parte dos gestores para os homens do que para as
mulheres. Embora as avaliações de desempenho de trabalho tenham favorecido ligeiramente
as mulheres, as avaliações de potencial para promoção foram maiores para os homens
(ROTH, PURVIS, BOBKP, 2012).
Para Stumpf e Tymon Jr. (2012) apesar de o aumento de salário, na literatura sobre
carreira, ser medida comum para avaliar o sucesso objetivo da carreira, pode ou não ser
percebido como medida de mérito na organização, entretanto, em períodos de elevado
desemprego, os homens demonstraram ter mais satisfação com a carreira do que as mulheres.
Eles, por terem internalizado o sucesso objetivo da carreira e terem salários superiores, podem
experimentar mais capacidade de resistência psicológica ao desfavorecimento econômico do
que elas. Embora no estudo de Stumpf e Tymon Jr. (2012) a satisfação com a carreira não
tenha sido associada à mobilidade profissional ou ao aumento salarial, os resultados desse
estudo demonstram que fatores, como salário e experiência de recompensas intrínsecas, têm
fortes efeitos sobre a satisfação na carreira (TYMON, STUMPF, DOH, 2010). Apesar de as
recompensas extrínsecas continuarem como variável importante na pesquisa de carreira, os
pesquisadores devem ser cautelosos ao analisar, em suas hipóteses, que os funcionários são
motivados principalmente por recompensas extrínsecas, deixando de analisar o papel das
recompensas intrínsecas na motivação deles (STUMPF, TYMON JR., 2012).
Na próxima sessão, a fim de tornar a leitura mais clara e objetiva, apresentamos
quadros de Preditores de Sucesso na Carreira (Quadro 2) e Preditores de Percepção de
Sucesso na carreira (Quadro 3), encontrados na Literatura pesquisada.
69
2.6 Preditores de sucesso e de percepção de sucesso na carreira
Com o objetivo de facilitar a compreensão dos leitores sobre os preditores de sucesso
na carreira e de percepção de sucesso na carreira, foram elaborados dois quadros, que
relacionam preditores e seus significados, com base em autores que pesquisaram e
aprofundaram-se sobre eles. O Quadro 2 apresenta os preditores de sucesso na carreira e o
Quadro 3 exibe os preditores de percepção de sucesso na carreira.
70
Quadro 2 - Preditores de sucesso na carreira
Preditores Significado Autores Ano
Personalidade A Personalidade é que leva as pessoas a conquistarem empregos, influenciando sua forma de interação e seu desempenho individual no trabalho.
Judge; Kammeyer-Mueller
2007
Adaptabilidade “Adaptabilidade à carreira é um construto psicossocial que denota a prontidão do indivíduo e recursos para arcar com as iminentes, intermediárias e distantes tarefas de desenvolvimento vocacional e transições de carreira” (SAVICKAS, 2007: p. 90). A adaptabilidade visa a focar as competências do indivíduo em relação à carreira como fator de sucesso na carreira.
Savickas 2007
Formação Educacional
A formação educacional está relacionada de forma positiva com salário, promoção e satisfação com a carreira.
Ng, Eby, So-rensen, Feld-man
2005
Expectativas Para avaliar o sucesso na carreira, as expectativas do indivíduo precisam ser consideradas, porque influenciam no esforço do trabalho, nos resultados esperados e na satisfação ou não da expectativa do indivíduo, que pode ser avaliado na carreira subjetiva.
Van Dam 2008
Autoeficácia Organizacional
A autoeficácia organizacional é definida pela crença do indivíduo sobre sua capacidade de desenvolver um determinado comportamento ou atingir certo padrão. A autoeficácia organizacional no início da carreira tem impacto positivo nos resultados subjetivos (satisfação com a carreira) quanto nos resultados objetivos (carreira e salário).
Abele, Spurk 2009
Redes de Networking
Redes de contatos formadas na carreira profissional para conseguir realizar negócios e/ou aprimorar conhecimentos o para atuar de maneira estratégica.
Arthur; Rosseau
1996
Capital Humano Expectativas pessoais, educacionais e profissionais que tenham poder de impulsionar a carreira. Ou seja, os investimentos que as pessoas fazem em suas competências.
Ng, Eby, So-rensen, Feld-man
2005
Patrocínio Organizacional
Representado pelo fornecimento de apoio especial da organização para os empregados para facilitar o alcance do sucesso na carreira. Ou seja, é o quanto a empresa propicia condições para o funcionário obter sucesso na carreira.
Ng, Eby, So-rensen, Feld-man
2005
Status Sociodemográfi-
cos
Representados por antecedentes sociais e demográficos das pessoas (por ex.: gênero, raça, estado civil e idade).
Ng, Eby, So-rensen, Feld-man
2005
Autocontrole Capacidade de os indivíduos controlarem comportamentos. Esse é um preditor de sucesso na carreira intrínseco.
Converse, Pathak, Haddock, Gotlib, Merbedone
2012
Fonte: Elaborado pela autora.
71
Quadro 3 – Preditores de percepção de sucesso na carreira
Preditores de Percepção
Significado Autor Ano
Satisfação com a Carreira
Associada ao próprio trabalho que a pessoa exerce na atualidade.
Erdogan, Bau-er, Lounsbury, Gibson, Steel, Lundstrom, Lo-veland
2005 2004
Realização Intrapessoal
Realizações que de fato caracterizam o sucesso na carreira. O sucesso que faz a pessoa atingir seu potencial pleno através da aprendizagem e das experiências. A criatividade também é determinante para o sucesso no sentido de criar algo inovador e extraordinário.
Dries, Pepermans, Carlier
2008
Afeto Intrapessoal O sucesso da carreira é referente aos sentimentos e percepções do indivíduo com relação à carreira. O sucesso pode ser percebido a partir da segurança e da satisfação pessoal, ou seja, a capacidade de atingir felicidade, tanto na família como no trabalho.
Dries, Pepermans, Carlier
2008
Negociabilidade da Percepção Intrínseca
É se as pessoas sentem que nas organizações em que atuam são consideradas como um valor agregado e se percebem que tem possibilidades de crescimento dentro dessas organizações.
Eby, Butts, Lockwood
2003
Empregabilidade Percepções da pessoa sobre a existência das muitas oportunidades de empregos devido suas habilidades e experiências.
Eby, Butts, Lockwood
2003
Fonte: Elaborado pela autora.
A seguir objetivando clarear o sucesso na carreira à partir da literatura verificada a
autora fará uma conexão da carreira proteana com os quadros elaborados sobre os preditores
de sucesso e dos preditores de percepção de sucesso.
O quadro 2 que abordou os preditores de sucesso estão relacionados com o modelo de
carreira proteana, que segundo Hall (1976; 2002) estão fundamentados na obtenção de
sucesso na carreira subjetiva, através de um comportamento profissional auto-dirigido.
Segundo Hall (1976; 1996; 2002) a carreira proteana enfatiza o sucesso psicológico que
resulta da gestão da carreira individual, em oposição ao desenvolvimento da carreira
organizacional. A carreira proteana tem como característica uma maior mobilidade,
desenvolvimento e progressão para a vida toda. O modelo da carreira proteana em
interpretações mais recentes argumentam uma característica que envolve tanto uma atitude
72
voltada para os valores, como uma atitude auto-dirigida para a gestão da carreira. Os
indivíduos que seguem o modelo da carreira proteana, apresentam decisões e atitudes mais
voltadas para os seus próprios valores e autogerenciam suas carreiras independentemente da
gestão da carreira na organização. Portanto, os sucessos extrínseco e intrínseco estão
diretamente ligados ao modelo da carreira proteana.
Hall (2002, apud VELOSO; DUTRA, 2010) argumenta que as pessoas sedimentam os
contratos psicológicos em seus valores pessoais ao invés de valores organizacionais. Estas
características do modelo de carreira proteana estão diretamente relacionados com os
preditores de sucesso citados no quadro 2 (personalidade, adaptabilidade, formação
educacional, expectativas, autoeficácia organizacional, redes de networking, capital humano,
status sociodemográficos e autocontrole).
O quadro 3 aborda os preditores de percepção de sucesso na carreira que também foi
abordado por Hall et al (2012) em estudo empírico já citado anteriormente, onde os autores
argumentam que não se tem conhecimento suficiente sobre como os indivíduos se adaptam a
novas experiências em suas carreiras e em suas vidas pessoais para criarem uma
sustentabilidade de sucesso psicológico ao longo do tempo. As carreiras estão cada vez mais
personalizadas e não seguem uma linearidade (BENKO, WEISBERG, 2007; CASCIO, 2007;
VALCOUR, BAILYN; QUIJADA, 2007 apud HALL et. al. 2012). As pessoas no mundo,
especialmente os profissionais, estão buscando um equilíbrio entre cargas de trabalho,
progressão de carreira e os outros interesses de vida pessoal (BRISCOE; HALL;
MAYRHOFER, 2012). Contudo, as corporações esperam que as pessoas trabalhem longas
horas. Hall et. al. (2012) argumentam que, apesar de existirem muitos estudos nessa área
poucos realizaram investigações empíricas longitudinais para verificar ao longo do tempo a
relação de equilibrio entre bem estar pessoal, familiar e o sucesso na carreira.
Segundo Hall et. al (2012) os estudos empíricos longitudinais de sucesso na carreira
e equilibrio entre vida pessoal e profissional, somente investigaram o sucesso objetivo, mas
poucas pesquisas demonstraram como o indivíduo define sucesso objetivo e subjetivo na
carreira (ARTHUR et al. 2005). No estudo de Hall et. al (2012), eles verificaram relações
entre o sucesso objetivo e subjetivo (bem-estar psicológico), como uma forma de analisar
mais profundamente a sustentabilidade entre bem-estar pessoal, familiar e a vida profissional,
pelo fato de este ter sido um estudo longitudinal que durou seis anos.
73
O estudo de Hall et. al. (2012) revelaram que não tem modelo de trabalho padrão. No
geral os autores concluíram que sucesso na carreira objetivo e subjetivo não estão diretamente
correlacionados, mas eles se relacionam de maneira mais complexa. Entretanto, Hall et al.
(2012) encontraram grande diferenças entre as vidas dos indíviduos que alcançaram alto
sucesso subjetivo na carreira, daqueles que alcançaram alto sucesso objetivo na carreira. As
pessoas com alto sucesso subjetivo tendem a ser mais proativas e focadas em suas escolhas e
essas pessoas tem uma tendência a seguirem os modelos de carreiras proteanas e sem
fronteiras, porque elas são mais auto-dirigidas e são motivadas mais pelos seus valores
pessoais, o que vem de encontro com os preditores de percepção de sucesso na carreira, ou
seja, como as pessoas percebem o seu sucesso tanto objetivo como subjetivo.
Por outro lado, Hall et al. (2012) constataram também que as pessoas que parecem
mais motivadas a lutarem pelo sucesso objetivo da carreira, quer seja por motivos pessoais ou
necessidade econômica, têm maior sucesso na carreira proporcionadas pelas organizações nas
quais elas estão empregadas (HALL, et. al. 2012) .
Enfim, o sucesso na carreira proteana se refere a realização psicológica exclusiva do
indivíduo. Este sucesso está relacionado com sentimentos de orgulho, realização pessoal ou
felicidade familiar (HALL, 1996). Segundo Hall (1996, 2004) o sucesso psicológico depende
do processo de autoconhecimento. Na carreira proteana, os empregados estabelecem
contratos psicológicos com seus empregadores, ou seja, o contrato psicológico na visão
proteana, deixa de ser aquele realizado com a organização, mas sim, aquele que o indívíduo
realiza consigo mesmo, de modo que o critério de sucesso é interno (HALL, 1996; 2004). O
objetivo final da carreira proteana é o aprendizado, o sucesso psicológico e a expansão da
identidade (BALASSIANO; VENTURA; FONTES FILHO, 2004). Para Hall (1996) as
carreiras do século XXI, será predominantemente a carreira proteana, que é dirigida pelas
pessoas e não pelas organizações.
2.7 Resiliência no contexto da psicologia positiva
Yunes (2003: p. 75) argumenta que “a psicologia positiva é um movimento de
investigação de aspectos potencialmente saudáveis dos seres humanos, em oposição à
psicologia tradicional e sua ênfase nos aspectos patológicos.” Para tanto, faz referência a
74
Seligman (2008) que, durante 1998, quando foi presidente da American Psychological
Association, começou a escrever artigos mensais, cujo objetivo era provocar mudanças no
foco das contribuições da Psicologia.
Para Seligman (2008) essa ciência era centrada historicamente em prática orientada
para o tratamento das patologias. Segundo o autor, revendo os estudos do último século sobre
psicologia e psiquiatria, ambas tinham se preocupado com transtornos mentais, sofrimento,
depressão, raiva e ansiedade. Contudo, esqueceram-se da saúde mental que é evidenciada
através de emoções positivas, engajamento, propósito, relações positivas e de realizações
positivas. Para Seligman e Csikszentmihalyi (2000), antes da II Guerra Mundial, a psicologia
tinha três missões distintas: curar a doença mental, tornando a vida de todas as pessoas mais
produtiva e gratificante, bem como identificar e desenvolver os talentos delas.
Após a Guerra, os autores começam a estudar os aspectos positivos da psicologia, pois
as doenças mentais e suas causas patológicas já haviam evoluído muito, o que contribuiu para
a cura de muitas delas ou para o alívio dos seus sintomas. A partir dessa visão do ser humano
com ênfase em aspectos positivos foi que, em 2001, na edição especial do periódico American
Psychologist, tentou-se levar aos psicólogos contemporâneos uma visão das potencialidades,
motivações e capacidades humanas dos indivíduos (SHELDON, KING, 2001).
Segundo Sheldon e King (2001), a Psicologia Positiva veio para mostrar aos
psicólogos contemporâneos que não devem ver tudo com negativismo e que o comportamento
do ser humano não deve ser analisado somente pelo lado negativo ou como problema; além
disso, propunham que a maioria da raça humana busca alcançar um estado para prosperar e
tornar-se feliz e satisfeita com suas vidas (MEYERS, 2000, apud SHELDON, KING, 2001).
Tendo em vista essa perspectiva, a ciência psicológica busca transformar velhas
questões em novas possibilidades de compreensão de fenômenos psicológicos como
felicidade, otimismo, altruísmo, esperança, alegria e satisfação (YUNES, 2003). Segundo
Snyder e Lopez (2009), a Psicologia Positiva tem como objetivo estudar e desenvolver as
aplicações terapêuticas que estão preocupadas com as virtudes, qualidades psicológicas e
emoções positivas dos indivíduos (amor, felicidade e capacidade de bons relacionamentos).
A Psicologia Positiva propõe reavaliar possibilidades e virtudes humanas a partir de
estudos e pesquisas empíricas, com o objetivo de verificar os processos que contribuem para o
desenvolvimento saudável de indivíduos, grupos e instituições. Paludo e Koller (2006)
75
mencionam que indivíduos com vivências de emoções positivas poderão fortalecer sua
resiliência individual, vivências essas que são fator importante para que a resiliência
individual funcione como fator de proteção em situações de risco e promova resultados
saudáveis.
Trata-se, portanto, de uma psicologia que almeja romper com o viés negativo e
reducionista de algumas tradições epistemológicas que têm adotado o ceticismo diante de
expressões salutares relacionadas a indivíduos, grupos ou comunidades. Pretende-se, agora,
dar atenção às potencialidades e às qualidades humanas.
2.7.1 Resiliência: origem do termo
A palavra resiliência é derivada do verbo latino resilio (re + salio) que, segundo
Tavares (2001), significa “saltar para trás”, “voltar saltando”, “retirar-se sobre si mesmo”,
“encolher”, “reduzir-se”, “recuar”, “desdizer-se”.
Segundo Martins et al. (2012: p.97) a palavra resiliência é derivada do termo latino
resiliens que significa “pular de volta”. Klein, Nicholls e Thomalla, (2003, apud MANYENA,
2006) definem o termo como volta, recuo, voltar para o estado anterior, saltar para trás, voltar,
recuar (PINHEIRO, 2004; OLIVEIRA, REIS, ZANELATO, NEME, 2008).
O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (FERREIRA, 2009: p.1743) traz as
seguintes definições para a palavra “resiliência”: “Resiliência [do ingl. resilience] S.f. 1. Fís.
Propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando
cessa a tensão causadora de uma deformação elástica. 2. Fig. Resistência ao choque”.
Nas ciências exatas, como Matemática e Física, resiliência significa que um material
submetido às forças de distensão, de pressão e de choque, até seu limite máximo de
flexibilidade, retorna ao seu estado original ou inicial, quando essas forças de distensão param
de atuar (TAVARES, 2001; GRUNSPUN, 2006). Na Física, o módulo ou nível de resiliência
de um determinado material pode ser obtido em laboratório, por meio de medidas sucessivas,
ou através da utilização de fórmulas matemáticas que relacionam tensão e deformação para
indicar, com precisão, a capacidade de resiliência de determinado material. (YUNES, 2003;
2006)
76
Resiliência tem sido definida como a capacidade de sucesso, de “recuperação” de
estresse e trauma, e reflete a capacidade de manter o equilíbrio (BARNAHART, 1988). Essas
definições ilustram o potencial de mudança ou plasticidade na presença de adversidade
(TUSAIE, DYER, 2004).
Yunes (2001; 2003; 2006) e Yunes e Szymanski (2005) publicaram artigos, nos quais
sugerem que a palavra resiliência, adotada em Psicologia, viria da Física, embora não o façam
categoricamente. As autoras abordam o tema em relação à ciência exata, de sua origem e
significado nesse campo do conhecimento e das conceituações para a Física trazidas em
dicionários. Em alguns textos, Yunes (2001), Yunes e Szymasnki (2005) alertam para o risco
na transposição do conceito da Física para as Ciências Humanas (YUNES, 2001; YUNES,
ZMANSKI, 2005).
O conceito de resiliência é antigo, com uso comum para profissionais de Física,
Engenharia, Ecologia e Odontologia para caracterizar resistência de materiais (Yunes, 2003).
Segundo Timoshenko (1983), o termo resiliência é empregado para referir-se à capacidade de
um material absorver energia sem sofrer deformação, termo empregado em 1807 por Thomas
Young (YUNES, 2003). Os materiais que possuem essa propriedade são as bolas de borrachas
e os elásticos, já que – após serem esticados ou comprimidos – retornam à forma original,
segundo Barlach, Limongi-França e Malvezi (2008).
A partir das publicações de Yunes (2001) os autores brasileiros, interessados no tema,
passaram a reproduzir essas informações relacionadas ao campo das Ciências Exatas, tendo
Yunes como referência e afirmando mais explicitamente que a palavra resiliência, utilizada na
Psicologia, tem sua origem no termo utilizado pela Física (DESLANDES, 2003; ASSIS,
PESCE, AVANCI, 2006; BALANCIERI, 2007; COUTO-OLIVEIRA, 2007; JUNQUEIRA,
POLETTO, 2007; POLETTO, KOLLER, 2006; 2008; SOUZA, CERVENY, 2006).
2.7.2 Resiliência: conceito
Para Polleto e Koller (2006: p.40) o “enfoque da resiliência está dirigido às situações
que visam ao estudo do desenvolvimento humano sadio e positivo”. As autoras relatam que se
deve analisar o indivíduo como um ser atuante frente ao ambiente, pressupondo-se que,
77
quanto mais ele deparar com situações desfavoráveis e estressantes, mais ativamente
desenvolverá estratégias que o beneficiarão, possibilitando compreender as situações de
estresse. Os estudos de resiliência permitem investigação dos aspectos das situações
estressantes que podem minimizar os seus efeitos nos indivíduos, rompendo com a ideia de
que eles estão presos a ciclos sem saída.
Já para Grotberg (1995: p. 7): “Resiliência é uma capacidade universal que permite
que uma pessoa, grupo ou comunidade previna, minimize ou supere os efeitos nocivos das
adversidades”. Muitos pesquisadores do desenvolvimento humano estudam os padrões de
adaptações individuais das crianças, associadas à sua adaptação à vida adulta, ou seja,
procuram compreender se as adaptações às quais as crianças se submetem podem ou não
deixá-las protegidas ou sem defesa, quando expostas a situações de estresse (HAWLWEY,
DEHANN, 1996) e investigam também como os “padrões particulares de adaptação, em
diferentes fases de desenvolvimento, interagem com mudanças ambientais externas”
(SROUFER, RUTTER, 1984, p.27).
Gillespie, Chaboyer e Wallis (2007: p. 127-8), em revista de literatura, identificaram
quatro antecedentes de resiliência:
1) Adversidade ou trauma que exige algum tipo de resposta (DEVESON, 2003; HUMPHGREYS, 2001; TURNER, 2001) 2) Situação interpretada como trauma físico ou psicológico (HOLADAY; MACPERARSON, 1997; SIGAL; WEINFELD, 2001)
3) Capacidade intelectual para interpretar a adversidade tanto cognitiva quanto socialmente (MASTEM 1994; WERNER, 1993)
4) Visão realística de mundo, em vez de falso otimismo ou atitude depressiva (DEVESON 2003; HOLADAY; MCPHEARSON, 1997)
Luthar, Cicchetti e Becker (2000: p.543) definem resiliência como “um processo
dinâmico que abrange adaptação positiva dentro de contextos de adversidade”. Essa definição
distingue dois componentes essenciais que devem compor o conceito de resiliência:
1) adversidade, trauma, risco ou ameaça ao desenvolvimento humano; e 2) o alcance de
adaptação positiva ou superação da adversidade dentro dos processos de situações de risco.
78
Em 2012, com o objetivo de revisar criticamente o conceito de resiliência, Martins et
al. (2012) localizaram, no construto na área das Ciências Humanas, 67 diferentes definições10,
as quais classificaram em cinco categorias:
1) Adaptação positiva – um exemplo de definição dessa categoria é a definição de Werner
e Smith (1982): “capacidade de resistência diante do estresse; refere-se ao processo
dinâmico envolvendo adaptação positiva no contexto de adversidade significativa”. Os
autores cujas definições fazem parte dessa categoria são: Werner e Smith (1982; 1992);
Rutter (1987; 1990; 1991); Garmezy (1989); Masten et al.(1990); Flach (1991); Luthar e
Zigler (1991); Wolin e Wolin (1993); Broffen-Brener (1993); Bandeira et al. (1996);
Garmezy (1996); Hoppe e Koller (1997); Masten e Coatsworth (1998); Rutter (1999);
Luthar et al. (2000); Masten (2001); Waller (2001); Luthans (2002); Connor e Davidson
(2003); Moraes e Koller ( 2004); Infante (2005); Paludo e Koller (2005); Campbell, Sills
e Stein (2007); Curtis e Cicchetti (2007); Mastem e Powell (2007); Poletto e Koller
(2008); Ungar et al.(2008); e Batista e Oliveira (2008).
2) Adaptação – definição defendida por Bowlby (1984) para quem resiliência é a
resistência ante adversidades, encontrada na segurança promovida pelos pais, na
adaptação evolutiva do homem. Os autores cujas definições fazem parte dessa categoria
são: Bowlby (1984); Jacelon (1997); Blum (1997); Steinhauer (2001); Tavares (2001);
Lindstrom (2001); Richardson (2002); Bonanno (2004); e Tussaie e Dyer (2004).
3) Resistência – definição de Anthony e Cohler (1987): “Resiliência é a capacidade
individual de resistência diante das dificuldades”. Outros na mesma categoria: Pereira
(2001); Tudage, Fredrickson e Barret (2004).
4) Recuperação - conforme Blum (1997): resiliência é a capacidade de recuperar-se e
adaptar-se após um dano. Bem como para: Flach (1991); Broffen-Brenner (1993); Walsh
(1998; 2005); e Grotberg (2005).
5) Superação – segundo Martineau (1999): processo dinâmico em que as pessoas em
situações de risco superam as adversidades; ocorre, eventualmente, é imprevisível e dinâmica.
Os autores com a mesma definição são: Cowan, Cowan e Schulz (1996); Haynal (1999);
Cyrulnik (1999); Ralha-Simões (2001); Yunes e Szymansky (2001); Trombeta e Guzzo
10 Cf. Martins et al. (2012: p. 104-8).
79
(2002); Galende (2004); Vanistendael e Lecomte (2004); Melillo (2004); Pesce et al. (2005);
Walsh (2005); Barlach (2005); Assis, Pesce e Avanci (2006); e Barbosa (2006).
Essas cinco categorias organizam as definições do construto, facilitando sua
compreensão e por isso são apresentadas neste texto.
2.7.3 Resiliência: evolução histórica dos estudos
Desde o final da década de 1970, o conceito de resiliência começou a ser estudado
com mais interesse pela psiquiatria e pela psicologia do desenvolvimento, que se
interessavam pela compreensão dos processos que permitem a determinadas pessoas passarem
por situações totalmente adversas e conseguir superá-las com relativa competência
(LIBÓRIO, CASTRO, COELHO, 2006). Ainda naquela década, pesquisadores descobriram
que pacientes, portadores de esquizofrenia em níveis baixos, foram caracterizados com o
histórico pré-morbido e demonstravam relativa competência para: trabalho, relações sociais,
casamento, bem como para assumir responsabilidades sociais (GARMEZY, 1970; ZIGLER;
GLICK, 2001).
Os estudos de pesquisa de resiliência, inicialmente nos anos 1970, eram focados nas
qualidades pessoais que permitiam superar a adversidade, como autoestima e autonomia. A
evolução desses estudos intensificou o interesse dos estudiosos da época em conhecer mais a
fundo fatores externos ao indivíduo, tais como: nível socioeconômico, estrutura familiar,
presença de um adulto próximo (INFANTE, 2005).
Outra frente de estudos com papel fundamental no desenvolvimento da investigação
sobre resiliência deu-se na área dos estudos sobre crianças, filhas de mães esquizofrênicas,
ainda nos anos 1970. Segundo Luthar et al. (2000) os estudos com mães esquizofrênicas
tiveram papel importante no surgimento da resiliência na infância como teoria de origem
empírica (GARMEZY, 1974; GARMEZY, STREITMAN, 1974). Muitas dessas crianças
prosperaram, embora tivessem grande probabilidade de sofrer de esquizofrenia ou outras
doenças, devido à situação de alto risco em que viviam e por serem filhas de mães
esquizofrênicas. Contudo essas crianças, mesmo sob essa situação de adversidade,
conseguiram apresentar resiliência.
80
Luthar et al. (2000) mencionam que Mastem e Garmezy (1985) estudaram as
qualidades pessoais em crianças resilientes, como autonomia e autoestima. Passaram, então, a
reconhecer que resiliência pode ser derivada de fatores externos às crianças. Alguns estudos
utilizaram o modelo triádico de resiliência, que organiza os fatores resilientes e de risco em
três grupos: os atributos individuais, os aspectos da família e as características dos ambientes
sociais aos quais as crianças pertencem (WERNER, SMITH, 1982; 1992).
Outros preocuparam-se em identificar os fatores de risco e de resiliência que exercem
influência no desenvolvimento de crianças que se adaptam positivamente, apesar de viverem
em condições de adversidade (KAPLAN, 1999). Esses estudiosos utilizaram o modelo
triádico de resiliência, que organiza os fatores resilientes e de risco em três grupos: os
atributos individuais, os aspectos da família e as características dos ambientes sociais aos
quais as crianças pertencem.
De acordo com Infante (2005), autores como Rutter (1991) e Grotberg (1995) são
pioneiros na noção de dinâmica de resiliência, enquanto Luthar e Cushing (1999), Masten
(1999) e Kaplan (1999) são considerados autores mais recentes no estudo de resiliência que a
defendem como processo dinâmico no qual as influências do ambiente e do indivíduo
interagem em uma relação recíproca que, apesar da adversidade, permite à pessoa adaptar-se.
Luthar, Ciccheti e Becker (2000) fazem breve histórico do construto de resiliência
sobre o qual afirmam existir quatro categorias de preocupações gerais: 1) ambiguidades nas
definições e terminologia; 2) variações entre domínios e funções de risco em experiências
entre crianças ostensivamente resilientes; 3) instabilidade nos fenômenos de resiliência; e 4)
preocupações teóricas, incluindo questões sobre sua utilidade como construto científico.
Os autores também sugerem a concepção de resiliência como atributo pessoal que
procede da ego-resiliência – conceito desenvolvido por Jeannee e Jack Block (1980) para
referir-se às características pessoais. A ego-resiliência engloba diversos traços gerais
demonstrados no caráter e na flexibilidade das variações de respostas ambientais.
A partir da concepção de que resiliência é atributo pessoal, precedente da ego-
resiliência, Luthar, Ciccheti e Becker (2000) explicam a adaptação positiva do indivíduo a
partir de seus recursos internos que permitem que ele se relacione de forma positiva com as
circunstâncias que o rodeiam e com as adversidades. Como mencionam os autores, são duas
as diferenças entre a resiliência para compreendê-la como processo ou atributo de
81
personalidade – neste último caso, a ego-resiliência. Uma é que a ego-resiliência não se
desenvolve, já que é um traço pessoal inerente a alguns seres humanos; outra, é que ela não
requer a presença da adversidade, pois está latente no indivíduo. A ego-resiliência pode ser
caracterizada como processo de resiliência, quando o indivíduo (portador do traço ego-
resiliente) depara com situação adversa, podendo, neste caso, adaptar-se de modo positivo a
ela, ou seja, de modo resiliente.
2.7.4 Estudos empíricos sobre resiliência importantes para a definição do construto e para a sua evolução
Uma pesquisa considerada pioneira, que contribuiu para o estudo do fenômeno da
resiliência humana, foi iniciada por Emmy Werner, em 1955, e perdura até hoje. Essa é uma
pesquisa longitudinal com crianças na ilha Kauai, no Havaí.
Werner menciona em entrevista a Bendtro (2012) para o periódico Reclaiming
Children and Youth, que estudou crianças em situações de risco. O termo “risco”, segundo
ele, começou com o seguro marítimo na Inglaterra no século 19, quando os navios estavam
sendo segurados. Era uma característica do ambiente que poderia ser: capitão que bebe muito,
equipe que não está feliz com a programação ou navio vazando. Para o autor esses são três
fatores de alto risco. Esse termo também foi usado em saúde pública para se referir a um
ambiente de risco, mas na atualidade as crianças são consideradas como alto risco, por terem
experimentado tantas situações de alto risco durante a sua infância. Werner comenta na
entrevista que existe a probabilidade de o fator de risco estar dentro do indivíduo, ou fora
dele, contudo isso é uma probabilidade e não uma certeza.
Esse estudo, inicialmente, ocorreu nos dez primeiros anos de vida das crianças, e
Werner percebeu que elas passavam por situações de alto risco no núcleo familiar (pais
alcoólatras, mães que tinham tido estresse no período perinatal, psicopatologias de familiares)
e outras situações negativas em vigência. Werner esperava que todas as crianças
apresentassem problemas no seu desenvolvimento futuro, o que não ocorreu pelo menos até
os dezoito anos de idade desses sujeitos da pesquisa.
Werner ainda menciona na entrevista que a resiliência é um processo que as pessoas
desenvolvem ao longo de suas vidas, com a possibilidade de obterem êxito frente às
82
adversidades, quando jovens, mas isso não significa que as pessoas serão resilientes aos 100
anos, porque existem alterações, embora, na maioria das vezes, positivas (BRENDTRO,
2012).
O estudo de Luthar e Barkin (2012) baseou-se em descobertas de elevados problemas
entre a juventude suburbana da Costa Leste americana que cursava o 11o ano. Esse estudo
encontra incidência desproporcionalmente alta de desajustamento que perpassa três amostras
distintas: na Costa Leste - juventude suburbana no fim de seu último ano na escola; e nas
séries 11 e 12, tanto no subúrbio Noroeste, quanto na Costa Lesta da cidade. Ambas as
amostras da Costa Leste revelaram elevações acentuadas no uso de substâncias, enquanto a
amostra do subúrbio Noroeste revelou vulnerabilidade acentuada em graves sintomas de
internalização e de externalização. Em todas as amostras, os pais perceberam possuir pouca
capacidade para conter o uso de substâncias e – o maior fator de vulnerabilidade, seguido pela
atividade que eles chamaram de “conhecimento de seus filhos adolescentes". De modo geral,
os níveis de sintomas dos adolescentes foram mais fortemente relacionados com suas relações
com as mães do que com os pais. Uma exceção foi a aparente vulnerabilidade dos meninos
aos sintomas depressivos percebidos nos pais, mas não nas mães. Tal como acontece com
alunos da oitava série, os autores descobriram que a sobrecarga de atividades
extracurriculares não é um fator crítico de vulnerabilidade entre esses estudantes do ensino
médio. Por fim, os relatos dos jovens sugeriram que a maioria dos pais abastados não
socorrem indiscriminadamente seus filhos para tirá-los de todas as situações-problema,
embora um pequeno subconjunto, aparentemente, o faça.
Um estudo conhecido como New England of Study Youth (NESSY) revelou que os
participantes apresentaram problemas elevados desde a 7ª série, crescendo até o 10º e 11º
grau, mesmo quando já tinham passado pelo estresse de entrar na faculdade, como já
especificado anteriormente. Luthar e Barkin (2012) concluíram que a juventude no subúrbio
pode ser mais propensa ao tédio e, portanto, pode apresentar mais problemas de
comportamento incluindo o uso de drogas, do que aqueles das grandes cidades, onde há muita
atividade de lazer, como teatro, música ou esportes (LUTHAR, LATENDRENSE, 2005). Os
estudos de Luthar e Barkin (2012) focalizaram a juventude rica que, para eles, é mais
suscetível e vulnerável, abusa de substâncias psicoativas, de álcool, de maconha e cigarros,
bem como revela comportamentos rebeldes que infringem as regras.
83
Os autores desse estudo perceberam através das investigações que, na última década,
mesmo famílias com alto poder aquisitivo poderiam oferecer riscos para o ajustamento dos
adolescentes (LUTHAR; BARKIN, 2012). Dessa constatação os autores concluem que,
independentemente do risco de uma classe socioeconômica, algumas crianças superam as
dificuldades e prosperam, enquanto outras podem vacilar e não conseguir. Alertam que, nos
estudos de resiliência, deve-se manter o foco no que pode ser modificado. Nesse estudo
longitudinal, que durou dez anos, foram percebidos aspectos do funcionamento das famílias –
relacionados ao desajuste da juventude e passíveis de serem alterados preventivamente por
intervenções. Os autores mencionam que, dentre os riscos modificadores, estão as atitudes
altamente críticas dos pais em relação ao uso de substâncias (drogas, cigarros e bebidas) pelos
adolescentes, a baixa expectativa de vida das crianças, a qualidade de relações com as mães e
a percepção dos filhos sobre problemas de depressão em seus pais (LUTHAR; BARKIN,
2012).
A pesquisa de Williams e Bryan (2013) investigou a superação de jovens africanos
que moram em território americano. Nessa pesquisa qualitativa, os autores buscaram
identificar em casa, na escola e na comunidade, processos e fatores que contribuíram para o
sucesso acadêmico de estudantes do ensino médio afroamericanos de baixa renda, filhos de
pai ou mãe solteiros, ou seja, de famílias formadas por uma única figura parental.
Os temas investigados foram as práticas parentais relacionadas com escola, histórias
pessoais de sofrimento, relações positivas mãe e filho, redes familiares ampliadas, relações de
apoio recebidas pelos alunos na escola, bom ensino da escola, atividades extracurriculares,
redes de apoio social e atividades desenvolvidas fora da escola.
Nos Estados Unidos, milhões de estudantes das escolas públicas, de baixa renda e de
comunidades urbanas, suburbanas e rurais, superam circunstâncias terríveis como a pobreza,
habitação inadequada, instabilidade alimentar, insegurança financeira e acadêmica (WYNER,
BRIDGELAND, DILULIO JR., 2007). Esses alunos desafiam o estereótipo de que a pobreza
e a baixa renda impedem o sucesso do desempenho acadêmico.
O estudo de Wyner, Bridgeland e Dilulio Jr. (2007) demonstrou que as crianças e a
maioria dos adolescentes podem ter sucesso na escola, mesmo diante de circunstâncias
desafiadoras. Esses alunos são referidos, muitas vezes, como educacionalmente resilientes,
isto é, os alunos têm sucesso na escola, apesar da presença de condições adversas, e
constituem segmento importante da população da escola pública (WAXMAN, GRAY,
84
PADRÓN, 2003). Entretanto, muitas vezes, passam despercebidos, a menos que já
apresentem resultado com progresso acadêmico satisfatório (WANG, HAERTEL,
WALBERG, 1997).
Os estudantes de baixa renda têm menos probabilidade de formar-se no ensino médio,
frequentar faculdades de primeira linha, conseguir formar-se na faculdade e realizar cursos de
pós-graduação, quando comparados com outros pares de famílias com renda mais alta
(WYNER, BRIDGELAND, DILULIO JR., 2007). Essas situações ocorrem com estudantes de
baixa renda de áreas urbanas, onde os recursos são pouco e distantes. As crianças que vivem
em áreas urbanas têm mais probabilidade de enfrentar barreiras financeiras, sociais e outros
problemas que os colocam em risco de insucesso escolar e de outros problemas, quando
comparados aos seus pares (CHAU, THAMP, WIGHT, 2010). No entanto, apesar desses
obstáculos, muitos estudantes da área urbana de escola pública de baixa renda apresentam
sucesso acadêmico (WYNER, BRIDGELAND, DILULIO JR., 2007). Os funcionários das
escolas e os conselheiros devem tentar entender por que alguns alunos são bem-sucedidos,
apesar das situações difícieis, enquanto outros não conseguem o mesmo. Para Willians e
Bryan (2013) faltam políticas escolares voltadas para esse foco, e os programas de
aconselhamento que poderão elevar os resultados dos alunos de baixa renda devem ser
melhorados (FRASER, 2004).
De modo semelhante, pouca atenção tem sido dirigida para a resiliência da juventude
afroamericana, grande parte da pesquisa sobre o desempenho acadêmico dessa juventude foca
as causas e as consequências do insucesso (OBIDAH, CHRISTIE, MCDONOUGH, 2004).
Para Willians e Bryan (2013) poucas pesquisas têm sido realizadas para verificar a
probabilidade de a população afroamericana ter sucesso na escola; consequentemente, pouco
se sabe sobre os fatores de proteção ou processos que acontecem na vida diária dessa
juventude, bem como pouco estudos existem sobre resiliência em crianças e adolescentes
dessa população.
O estudo de Willians e Bryan (2013) colaborou para essa literatura investigando os
fatores contextuais que contribuem para o sucesso educacional e resiliência da juventude
afroamericana urbana. Os fatores individuais (afeto, autoeficácia e autorregulação) não são
menos importantes. Contudo o estudo focaliza casa, escola e comunidade, fatores de proteção
que podem atenuar o insucesso escolar, especialmente entre os estudantes afroamericanos de
baixa renda, de famílias de pais e mães solteiros.
85
Foram oito os participantes desse estudo qualitativo: quatro homens e quatro
mulheres, com idade entre 18 e 21 anos, todos identificados como descendência
afroamericana. Os participantes viviam com as mães, exceto um que viveu com a avó. Eram
estudantes do segundo ano da faculdade, com exceção de um, que era calouro. Nasceram e
cursaram o ensino médio no sul de Chicago, com exceção de um, que nasceu e cursou o
ensino médio no leste de St. Louis. A seleção desses estudantes se deu em decorrência de
serem do mesmo lugar e por terem crescido em ambiente de pobreza, crime, desemprego
crônico e maiores taxas do país envolvendo homicídio com a juventude afroamericana,
segundo o Departamento de Justiça Federal e de Investigação dos EUA (2009) (WILLIANS;
BRYAN, 2013). Os fatores de risco dos participantes eram: a) criado em família de baixa
renda; b) família monoparental (pais sem cônjuges e que nunca se casaram); c) criados em
bairro urbano de baixa renda; e d) estudantes de alta pobreza no ensino médio. Foram
utilizadas várias técnicas para garantir as respostas da pesquisa e a confiabilidade desse
estudo, como: entrevistas, documentação e notas dos estudantes.
A análise dos dados ocorreu após a coleta; todas as entrevistas foram transcritas na
íntegra e analisadas de acordo com o método comparativo constante. Os principais temas e
respostas foram identificados e categorizados de acordo com o tema principal da pesquisa,
depois foram distribuídos aos colegas com experiência na condução de pesquisa quantitativa
para exame e comparação dos dados brutos (WILLIANS, BRYAN, 2013).
Os resultados desse estudo demonstraram que casa, escola e comunidade
desempenham papel fundamental para a promoção da resiliência e sucesso acadêmico dos
estudantes afroamericanos urbanos e de baixa renda.
As famílias monoparentais que participaram das práticas escolares também foram
identificadas pelos participantes como fator essencial para o sucesso acadêmico, mesmo
diante das adversidades que enfrentavam diariamente. Parece que a possibilidade dessa
prática serviu como proteção para muitas das barreiras ambientais, como discórdia familiar,
habitação inadequada e insegurança financeira. Os autores verificaram que o envolvimento
com os pais tem impacto mais significativo sobre o desempenho do aluno do que outros
fatores, como estrutura familiar ou condição socioeconômica (WILLIANS, BRYAN, 2013).
O estudo de Rozemberg, Avanci, Schenker e Pires (2014) buscou identificar fatores
familiares que influenciam o potencial de resiliência de adolescentes, meninos e meninas.
86
Trata-se de estudo transversal cujos dados – obtidos a partir de inquérito epidemiológico
desenvolvido em 2010, no município de São Gonçalo, Rio de Janeiro.
Os participantes do estudo foram 889 adolescentes, entre 13 e 19 anos de idade,
estudantes do 9° ano de escolas públicas (municipais e estaduais) e particulares do município
de São Gonçalo. Participaram desse estudo 44 escolas públicas e 28 particulares, duas turmas
por escola. Segundo os autores, nessa amostragem, 63% eram do sexo feminino que
pertenciam a estratos sociais A e B; e 60,1% de maior poder aquisitivo têm entre 13 e 14 anos
e informou ter a cor da pele negra/parda (56,5%).
As medidas adotadas para esse estudo foram: questionário muldimensional, anônimo e
autopreenchível, com duração média de 60 minutos, aplicado coletivamente nas turmas pelos
pesquisadores. Segundo Rozemberg et al. (2014), no estudo, as variáveis estudadas foram
apresentadas segundo as características sociodemográficas, familiares e individuais do
adolescente. As características sociodemográficas referem-se a: sexo, idade, cor da pele e
estrato social da família.
Nas questões das famílias foram investigadas as variáveis: 1) estrutura familiar; 2)
relacionamento do adolescente com pai/padrasto, mãe/madrasta, com irmãos e outros
parentes; 3) supervisão familiar no que se relaciona a frequência com que os pais ou
responsáveis sabem aonde o adolescente vai e com quem está; 4) familiar com problemas de
álcool ou drogas; 5) violência cometida contra o adolescente por pais/responsáveis; 6)
violência entre pais/irmãos; 7) violência psicológica.
Segundo Rozemberg et al. (2014), as avaliações individuais foram investigadas pelas
estratégias de coping, através da escala de HICUPS (How I Coped Under Presure Scale –
Program for Prevention Research, 1999), e para sintomatologia depressiva foi utilizado o
Inventário de Depressão Infantil (CDI), cujo objetivo é verificar a presença e a severidade de
sintomas de depressão em crianças e adolescentes. “A resiliência foi avaliada a partir da
escala proposta por Wagnild e Young e adaptada para o Brasil por Pesce, Assis, Avanci,
Malaquias e Carvalhaes” (ROZEMBERG et al., 2014: p.678). Essa escala foi usada pelos
autores para medir níveis de adaptação psicossocial positiva frente a acontecimentos
importantes da vida (ROZEMBERG et al., 2014).
Os resultados de todas as variáveis sociodemográficas investigadas (sexo, idade, cor
da pele e estrato social) apenas “morar amontoado” apresentou associação com o potencial de
87
resiliência. No que se refere às questões familiares, Rozemberg et al. (2014) confirmam
estatisticamente que o baixo potencial de resiliência está associado a relacionamentos dificíeis
com outros parentes. Os autores confirmaram que as ausências de supervisão familar e a
presença de violência psicológica estão associadas a baixa resiliência. Quanto às variáveis
individuais, investigadas nesse estudo, constatou-se que existe tendência de baixa resiliência
em adolescentes que utilizam menos estratégias de distração ativa e de suporte. Os autores,
pelos resultados estatísticos, verificaram que se elevam essas estratégias de coping à medida
que se eleva o potencial de resiliência nos adolescentes; e ocorre o inverso naqueles que
apresentam mais baixa capacidade de resiliência.
Rozemberg et al. (2014), sobre sintomas depressivos, observam que adolescentes com
esse sintoma clínico tiveram resultados relacionados à baixa resiliência. No estudo também
foi confirmado que as meninas têm mais probabilidade de ter baixa resiliência, quanto ao
aspecto de lidar com os irmãos e de morar amontoado, quando comparadas aos meninos
(ROZEMBERG et al., 2014).
Rozemberg et al. (2014) argumentam que, apesar de ser consenso que a pobreza é
nociva à saúde, no desenvolvimento de crianças e adolescentes, quando o assunto é
resiliência, aspectos de relacionamentos e de comunicação parecem ter mais peso e influência.
Outros fatores que impactam a resiliência são aspectos familiares, como: relacionamento
difícil com mãe e parentes; ausência de supervisão da família à criança e ao adolescente; o
esvaziamento da autoridade dos pais; violência de comunicação na família. Um bom vínculo
familiar protege a autoestima do indivíduo, conferindo-lhe segurança na aceitação de sua
autoimagem.
Os autores, em seu estudo, também concluem que há outras variáveis familiares que
não se mostraram relacionadas à resiliência; pode-se hipoteticamente afirmar que os valores
socioculturais (características pessoais e o contexto social onde ele vive) podem ser fatores de
proteção que mantêm equilibrio, entre os efeitos nocivos das situações investigadas (por
exemplo, os efeitos de álcool e drogas na família).
Com relação às questões de coping e de depressão, com fatores de resiliência, foi
observado pelos autores que os adolescentes com pouca resiliência tendem a utilizar pouco as
estratégias de coping ativo (distração e de suporte). Todavia à medida que essas estratégias
são mais utilizadas, a resiliência também é elevada, confirmando que a capacidade de superar
88
as adversidades está relacionada à maneira como elas são enfrentadas (ROZEMBERG, el al.,
2014).
Os autores perceberam nesse estudo a relação direta entre as formas de enfrentamento
das adversidades e o potencial de resiliência, bem como a aproximação dos conceitos de
coping e resiliência, possibilitando a criação de estratégias de atuação na promoção da saúde
dos adolescentes, que se constituem nas experiências de história de vida deles
(ROZEMBERG et al., 2014). No que se refere ao sexo, com efeito modificador em ambientes
familiares, os autores concluíram que meninas em comparação a meninos demonstraram ter
potencial de resiliência mais rebaixado, ao morar em ambientes com muitas pessoas e
apresentar dificuldade de relacionamento com os irmãos. Os autores afirmam que morar
amontoado pode ter efeito mais negativo na resiliência das meninas, por elas permanecerem
mais tempo dentro de casa, serem mais introjetivas, passivas, dependentes e frágeis, enquanto
os meninos assumem postura independente mais ativa, ficam mais fora de casa, buscam
pertencer a mais grupos e comunidades fora do lar. Nesse sentido, os autores acrescentam que
o difícil relacionamento entre irmãos é mais nocivo à saúde das meninas e ao
desenvolvimento da resiliência do que a dos meninos talvez porque elas sejam mais afetadas
pela falta de proteção, apoio e segurança dos irmãos.
Rozemberg et al. (2014) argumentam que a principal limitação do estudo foi o
desenho transversal, uma vez que permite associações entre as variáveis, com caráter
descritivo exploratório de análise dos dados. Também comentam que são escassos os textos
sobre resiliência, relacionados ao gênero em adolescentes. Para os autores, essa falta de textos
sobre o assunto impõe desafio maior que é a produção de conhecimentos que possam
subsidiar programas e políticas públicas de saúde distintas para meninos e meninas
(ROZEMBERG et al., 2014).
Na próxima sessão apresentamos dois quadros resumos sobre conceitos abordados
neste estudo.
2.8 Quadros resumos dos conceitos abordados na pesquisa empírica
89
Esta seção apresenta os quadros resumos. O Quadro 4 da evolução do conceito de
resiliência, e o Quadro 5 da evolução do conceito de sucesso na carreira e evolução do
conceito de percepção de sucesso na carreira.
Quadro 4 - Evolução do conceito de resiliência
Período Característica Foco da Pesquisa Classificação Autores
1992 a 2000
Resiliência como processo. Modelo triádico de Resiliên-cia, no qual os fatores resilientes e de risco são organi-zados em três grupos: atributos in-dividuais, familia-res e as caracterís-ticas dos ambientes sociais em que as pessoas estão inse-ridas. A resiliência é processo psicológi-co que se desen-volve ao longo da vida a partir dos fatores de risco versus fatores de proteção.
Estudar fatores exter-nos ao indivíduo, co-mo: nível socioeconô-mico, estrutura fami-liar, presença de um adulto próximo. Nas interações com a fa-mília, rede de apoio social bem definida.
Adaptação Positiva,
Superação
Rutter, 1987; Michael; Rutter, 1991; Smith, 1992; Grotberg, 1996; Cushing, 1999; Kaplan, 1999; Werner, Bernard, 1999; Masten, 1999; Martinau, 1999; Luthar, Cicchetti, Becker, 2000; Yunes, 2002; Luthar, Trombetta, Guzzo, 2002; Silva, Elsen, Lacharité, 2003; Deslandes, Junqueira, 2003; Pinheiro, 2004; Pesce et al., 2005.
1988 a 2003
Resiliência como traço de personali-dade ou tempera-mento.
Capacidades e habili-dades de um sujeito de forma descontex-tualizada, que buscam identificar os fatores no processo de resiliência.
Resistência, Superação
Work, 1988; Cowan; Garmezy, 1993; Beardsslee, Podorefsky, 1998; Miller, 1998; Pereira, 2001; Ralha-Simões, 2001; Brooks, 2001; Janas, 2002; Thompson, 2003; Antunes, 2003; Hippie, 2004.
2004 a 2007
Resiliência como um estado é um conjunto de ações momentaneas que são movidas pelos pensamentos e atitu-des. A resiliência é um estado específi-co do desenvolvi-mento e muda com as etapas da vida.
Maleabilidade, aberta à mudança e ao desenvolvimento de como o indivíduo se encontra no momen-to. O estado se situa no meio do continu-um do traço e processo.
Adaptação Tusie; Dyer, 2004; Luthans, Youseff, 2007; Masten, Powel, 2007.
90
Fonte: elaborado pela autora com adaptação a partir de Pinheiro, 2004; Infante, 2005; Taboada; Legal; Machado, 2006; Martins, Onça; Emilio, Siqueira, 2012.
Quadro 5 - Evolução do conceito de sucesso e percepção de sucesso na carreira
Período Definição Abordagem conceitual
Fatores Objetivos de PSC
Fatores Subjetivos de PSC
Autor
1995, 2005 e 2012
Sucesso na carrei-ra reúne elementos objetivos e subjeti-vos de realizações individuais que progridem através de todo o ciclo da vida profissional. Sucesso na Carrei-ra deve ser cons-truído a partir da confiança das pes-soas em suas próprias capaci-dades. Para esse autor essas capa-cidades serão utili-zadas para influen-ciar eficazmente o ambiente organi-zacional e regular comportamento das pessoas, para obterem sucesso no ambiente de trabalho.
Sucesso extrínseco e intrínseco
Sucesso objetivo é tangível com re-sultados visíveis. Como salário, sta-tus, promoções e/ ou posições ocu-padas na carreira. Esse autor con-cluiu que a perso-nalidade proativa está relacionada ao sucesso extrín-seco, representado por salário e prestígio ocupa-cional.
Sucesso intrín-seco é a percep-ção do indivíduo com a própria carreira, ou seja, percepções positi-vas da carreira, investigado tam-bém como na carreira. O auto-controle auxilia no sucesso extrín-seco.
Judge, Cable; Bourdreau, Bretz, 1995; Ng, Eby, So-rensen, Feld-man, 2005; Yu, 2012; Converse, Pathak, Haddock, Gotlib, Merbedone, 2012.
1990 e 2009
Sucesso na carrei-ra é definida pelos resultados psicoló-gicos positivos acumulados das nossas experiên-cias no trabalho.
Sucesso objetivo
(extrínseco) e subjetivo
(intrínseco)
É observável pelo alcance de níveis gerenciais, número de promo-ções, progressão salarial.
É alcançado por avaliações subje-tivas dos indiví-duos em vários aspectos de suas carreiras
Greenhaus; Parasuraman, Wormley, 1990; Dries, Perpermans, Hofmans, Rypens, 2009.
1995; 2001; 2007; 2010; 2012
Sucesso Subjetivo são os julgamentos dos indivíduos sobre as suas realizações de carreira
Sucesso subjetivo
Avaliações do valor do capital humano e avalia-ções de autoes-tima, capacidades e satisfação com a carreira.
Stumpf, 2007, 2010; Chang, Ferris, Johnson, Rosen, Tan, 2012; Burke, 2001; Judge, Cable,
(cont.)
91
Período Definição Abordagem conceitual
Fatores Objetivos de PSC
Fatores Subjetivos de PSC
Autor
Bourdreau, Bretz, 1995
2004 O sucesso na carreira é avalia-do também a partir da progres-são e pela ampli-ação do espaço ocupacional e pela capacidade de entregar resul-tados em níveis maiores de com-plexidade. Se-gundo modelo de gestão de pes-soas que é com-posto por três dimensões: mo-vimentação, de-senvolvimento e valorização, a carreira faz parte da dimensão do desenvolvimento
Sucesso objetivo, subjetivo
Progressão vertical e aumentos salariais.
Satisfação com a carreira.
Dutra, 2002; Dutra, 2004 apud Costa, 2010.
2003 2008 2010
Sucesso subje-tivo nos funcio-nários podem ser medidos a partir de três aspectos: satisfação com a carreira, negocia-bilidade da per-cepção intrínseca e percepção da empregabilidade pelos funcioná-rios.
Sucesso Subjetivo
Satisfação com a carreira, realização pessoal, sentimento de orgulho, nego-ciabilidade da per-cepção intrínseca é medida a partir da percepção de que as organizações visualizam os fun-cionários como valor agregado e se eles têm muitas oportunidades de crescimento nessas organizações. A percepção de em-pregabilidade pelos funcionários, medi-da a partir da per-cepção deles sobre
Eby, Butts, Lockwood, 2003; Zaccarelli et al., 2008 apud Costa, 2010; Eby, Butts, Lockwood, 2003; Zaccarelli et al., 2008 apud Costa, 2010.
(cont.)
92
Período Definição Abordagem conceitual
Fatores Objetivos de PSC
Fatores Subjetivos de PSC
Autor
as muitas possibi-lidades de empre-gos disponíveis em decorrência das ex-periências e habili-dades.
1977 Sucesso objetivo é definido como perspectiva externa representada por indicadores menos tangíveis da situação de carreira do indivíduo.
Nível socioeco-nômico da família, mobi-lidade do indi-víduo na carreira, atributos da tare-fa, renda e nível de emprego.
Maanem, 1977, apud Arthur, Khapova, Wilderom, 2005.
Fonte: elaborado pela autora.
93
3 MÉTODO
3.1 Desenho do estudo
Este foi um estudo de campo quantitativo-indutivo de corte transversal correlacional e
do tipo survey (GIL, 2008).
3.2 Participantes
Os participantes da pesquisa foram 137 profissionais com formação superior completa
em Administração de Empresas, provenientes de diversos cursos de Pós-Graduação, Mestrado
em Administração de Empresas de universidades do grande ABC paulista e de São Paulo, e
profissionais de várias empresas de diferentes ramos.
Dado o caráter voluntário da participação, a amostra não foi aleatória. Esse tamanho
da amostra foi determinado por meio do software gratuito G*Power, tendo-se em vista o
poder do teste, visando a otimizar os tamanhos dos erros Tipo I e Tipo II, considerando-se um
nível de significância de 0,05 e um poder do teste de 0,95 para a correlação de Pearson em
teste bicaudal.
A Tabela 1 mostra que a maioria dos participantes é do sexo feminino, embora o sexo
masculino tenha representado 43% do total. Os estados civis predominantes são de solteiros
(45%) e casados (44%) e , como se previa, por ter-se definido trabalhar com pessoas com
mais de 5 anos de formadas, a média de idade foi de 33 anos.
A escolaridade variou entre ensino superior completo e doutorado incompleto e todos
os participantes possuem superior completo, que era uma condição para participar do estudo.
Somente 12% dos participantes possuem outro curso superior, além de administração. Eles
trabalhavam em média, há cerca de 12 anos, e os detentores de cargos de chefia estavam
nesses postos há cerca de 5 anos e meio, mas há grande variabilibilidade entre os participantes
quanto a esses dois últimos indicadores, conforme revelam os desvios-padrão (Tabela 1).
94
Tabela 1 – Descrição das características pessoais dos participantes do estudo (n=137)
Dados de Identificação
Classificações N Porcentagem Média Mediana Moda DP
Sexo Feminino 78 56,1
Masculino 59 43,1
Idade 134 97,9 33,6 31,0 27 8,8
Não responderam 3 2,2
Tempo total de trabalho
136 99,3 15,2 12 8 9,4
Não responderam 1 0,7
Tempo de chefia 34 24,8 5,7 3,50 1a 5,14
Não responderam 103 75,2
Estado Civil Solteiro 61 44,5
Casado 61 44,5
Separado 1 0,7
Divorciado 11 8,0
Amasiado 1 0,7
Viúvo 1 0,7
Não responderam 1 0,7
Grau de Escolaridade
Ensino Superior Completo
51 37,2
Pós- Graduação cursando
27 19,7
Pós Graduação Completa
16 11,7
Mestrado Interrompido
1 0,7
Mestrado Cursando
13 9,5
Mestrado Completo
13 9,5
Doutorado Interrompido
2 1,5
Doutorado cursando
14 10,2
Formação Superior
Administração 137 100
Outra Formação Superior
17 12,4
95
a: existem múltiplas modas.
A Tabela 2 mostra que a maioria dos participantes são trabalhadores empregados em
empresas de grande porte do setor privado de comércio e serviços e possuem vínculo efetivo
(CLT) com os empregadores. Somente um quarto possui cargo de chefia, e mais de 80%
exercem atividades relacionadas com sua área de formação superior, ou seja, na área
administrativa.
Tabela 2 – Características profissionais dos participantes do estudo (n = 137).
Dados de Identificação
Classificações N Porcentagem Média Mediana Moda DP
Empregado
Sim 125 91,2
Não 12 8,8
Cargos Área Administra- tiva
Não responderam
59 43,1
Administrador 1 0,7
Auxiliar Administrativo
5 3,6
Assistente administrativo
8 5,8
Analista Administrativo
14 10,2
Coordenador/ Supervisor
11 8,0
Gerente 3 2,2
Diretor 1 0,7
Área Comercial/ Vendas
Auxiliar Comercial/ Vendas
1 0,7
Assistente Comercial/ Vendas
3 2,2
(cont)
96
Dados de Identificação
Classificações N Porcentagem Média Mediana Moda DP
Analista Comercial/ Vendas
1 0,7
Coordenador/ Supervisor
2 1,4
Gerente 1 0,7
Representante Comercial/ Vendas
1 0,7
Vendedor 2 1,5
Caixa 2 1,5
Área Educacional Professor 12 8,8
Coordenador 2 1,5
Diretor de Ensino 1 0,7
Área de Consultoria
Consultor 2 1,5
Empreendedor Empresário 2 1,5
Área do setor público
Funcionário público
1 0,7
Escrevente Extra Oficial
1 0,7
Oficial de Promotoria
1 0,7
Ocupação de Cargo de Chefia
Sim 35 25,5
Não 101 73,7
Não informaram 1 0,7
Organização Pública 18 13,1
Privada 111 81,0
Terceiro Setor 2 1,5
Não informaram 6 4,4
Segmento da Empresa
Comércio e serviços
106 77,4
Indústria 25 18,2
(cont)
97
Dados de Identificação
Classificações N Porcentagem Média Mediana Moda DP
Não Informaram 6 4,4
Porte da Empresa
Comércio e Serviços
Microempresa 12 8,8
Pequeno Porte 8 5,8
Médio Porte 14 10,2
Grande Porte 68 49,6
Indústria Microempresa 1 0,7
Pequeno Porte 1 0,7
Médio Porte 6 4,4
Grande Porte 15 10,9
Não informaram 12 8,8
Tipo de Vínculo Proprietário da Empresa
7 5,1
Temporário 1 0,7
Efetivo CLT 107 78,1
Estatutário concursado
12 8,8
Cargo público por indicação
1 0,7
Autônomo ou Profissional Liberal
5 3,6
Não informaram 4 2,9
Os respondentes informaram os cargos ocupados. Dada a grande diversidade de
denominação, eles foram agregados, para fins desta análise, por áreas: administrativa,
comercial e vendas, educacional, consultoria e funcionalismo público. Quanto ao cargo atual,
78 participantes responderam a essa questão, e 58 deixaram de responder. Dos respondentes,
31% informaram trabalhar na área administrativa, enquanto na área comercial e de vendas,
apenas cerca de 9%. Na área educacional, atuam somente 11% deles. A minoria atua como
consultor, empresário e funcionário público.
98
3.3 Local de coleta dos dados
Os administradores foram contatados por e-mails e pessoalmente. Portanto, a coleta
aconteceu em ambiente eletrônico e através do preenchimento do questionário em papel.
3.4 Instrumentos de coleta
Na coleta foram utilizados três instrumentos de autopreenchimento: um questionário
que visou colher informações sociodemográficas sobre os participantes e duas escalas válidas
e fidedignas: uma para avaliar percepção de sucesso na carreira e a outra para avaliar
resiliência, descritas a seguir.
• Questionário de dados sociodemográficos (Anexo 2) com perguntas fechadas claras e
objetivas que pudessem ser respondidas sem mais dificuldades e necessárias para atender
aos objetivos da pesquisa (GIL, 2008).
• Escala de Percepção de Sucesso na Carreira Reduzida (EPSCR) – avalia a percepção de
sucesso na carreira de uma pessoa que trabalha há pelo menos cinco anos (COSTA, 2014),
com indíce de precisão 0,83. A escala é respondida em escala tipo Likert de concordância
de cinco pontos (de discordo totalmente a concordo totalmente). Essa escala foi utilizada
em sua versão reduzida, composta de 10 itens distribuídos em 2 fatores de percepção do
sucesso na carreira que são:
1-Percepção de sucesso objetivo na carreira, composto pelos itens 1, 2, 4, 9 e 10,
com índice de precisão 0,81.
2-Percepção de sucesso subjetivo na carreira, composto pelos itens 3, 5, 6, 7 e 8, com
índice de precisão 0,80.
• Escala de Resiliência de Connor-Davidson (CD-Risc-10) para brasileiros adaptada e
validada para a cultura brasileira por Lopes e Martins (2011), composta de 10 itens, com
alpha de Cronbach de 0,82. A escala é respondida em escala tipo Likert de frequência,
variando de nunca é verdade a sempre é verdade.
99
3.5 Procedimentos
3.5.1 Coleta
A proposta inicial era pesquisar somente os egressos de uma universidade particular
do município de São Bernardo do Campo. Esses egressos foram contatados inicialmente via
e-mails, dos quais muitos foram devolvidos. Então, a pequisadora começou a fazer contato
com os egressos por telefone. Nesse contato comprovou que muitos deles já moravam em
outras residências, pois haviam se casado e/ou moravam sozinhos, portanto os telefones não
eram mais os mesmos. Em decorrência do pequeno número de questionários que foram
devidamente preenchidos e da dificuldade de acesso aos egressos, optou-se por contatar
outras universidades e também enviar o questionário para pessoas da rede de contatos da
pesquisadora.
O prazo para a coleta de dados foi ampliado, entre agosto e setembro de 2014, o que
permitiu o alcance do número mínimo esperado de respondentes, conforme o especificado em
sessão apropriada neste estudo.
Para os egressos desta universidade, a coleta foi realizada via ambiente eletrônico,
bem como para a rede de contatos da pesquisadora. Outras formas de divulgação também
foram utilizadas, como coleta por meio de grupos de discussão, vinculados a redes sociais
(Facebook, Linkedin e o grupo de administradores Admin do Linkedin). A pesquisadora,
objetivando atingir rapidamente a quantidade de questionários necessários, fez pesquisa de
campo (in loco) em cursos de pós-graduação e em palestras para administradores, realizadas
em universidades, a fim de atingir possíveis sujeitos de pesquisa que atendessem aos critérios
de inclusão do estudo.
Para a coleta eletrônica, uma correspondência padronizada foi elaborada e enviada
para todos, em forma de convite a participarem do estudo, com explicação dos objetivos
estritamente acadêmicos e a solicitação de sua participação, por meio do preenchimento e
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
A correspondência enviada aos egressos foi aprovada pelo diretor da Faculdade de
Administração de Empresas e Economia da universidade que, inicialmente, autorizara a
100
realização do estudo e fornecera os contatos dos ex-alunos (Anexo 2), bem como pelo Comitê
de Ética, como se pode observar no Anexo 3. Dado que os outros participantes foram
contatados por iniciativa da pesquisadora e em locais de livre acesso, não foi necessária
autorização de novos locais. A pesquisadora apenas utilizou a carta-convite e o TCLE
aprovados pelo CEP. Quando os convidados declaravam concordância na participação,
seguia-se com a coleta.
A página eletrônica da pesquisa era hospedada no Google Docs no link
https://docs.google.com/forms/d/1Eq4OmNi_LZ64U3HrTHNqWaOrszNxKpxqwWYz3ClM
4DQ/viewform?c=0&w=1&usp=mail_form_link. O prosseguimento era enviar aos egressos
do curso de Administração e para outros administradores e-mail com o link do Google docs.
Ao abrir a página, eles deparavam com a carta de apresentação e com o TCLE. Os que
concordaram em responder assinalaram um X no TCLE e preencheram os instrumentos. Os
questionários da pesquisa foram preenchidos pelos próprios participantes.
Para os questionários preenchidos em papel, o seguinte procedimento foi adotado pela
pesquisadora: a carta de apresentação era entregue em mãos com o TCLE em duas vias,
esclarecendo a todos os respondentes sobre o preenchimento, com intuito de ter o mínimo de
perda dos questionários. Aos que concordavam, eram entregues os instrumentos. O tempo
médio utilizado pelos respondentes para o preenchimento dos três instrumentos de pesquisa
mencionados foram de 15 minutos, contando-se o preenchimento do TCLE.
Para a pesquisa eletrônica, a devolução dos questionários e do TCLE também foi
realizada eletronicamente, o que assegurou o total sigilo acerca da identificação dos
respondentes. Já para as pesquisas in loco, o TCLE foi entregue para os pesquisados que, após
a leitura, preenchimento e assinatura, depositaram em uma caixa que estava de posse do
pesquisador. Posteriormente, o pesquisador entregou as escalas com os questionários
sociodemográficos que, após preenchidos, eram depositados em outra caixa que também se
encontrava de posse do pesquisador.
O TCLE abordou todas as informações acerca do pequeno incômodo para o
preenchimento e do tempo gasto para responder aos instrumentos. Foi-lhes esclarecido que
um pequeno incômodo lhes poderia ocorrer, dado o tempo gasto para responder, mas que não
haveria riscos para a integridade física, emocional, social e financeira dos participantes.
Adicionalmente, o TCLE esclareceu riscos mínimos possibilitavam ao pesquisador estimar
que nenhum ressarcimento fosse previsto para os participantes.
101
Assim as escalas foram disponibilizadas de duas formas: a primeira em formato
eletrônico, on-line (internet), encaminhada por link, por meio do aplicativo Google Docs; e a
segunda forma, desenvolvida manualmente por meio do aplicativo Word (Office), com
impressão e distribuição direta ao público alvo.
Com o objetivo de evitar a perda das respostas e dos questionários sociodemográficos,
a pesquisadora colocou no formato eletrônico, como obrigatórias as respostas de ambas as
escalas e de algumas perguntas do questionário sociodemográfico, de modo que, caso o
respondente não preenchesse todas essas questões, o documento eletrônico não era finalizado.
3.5.2 Análise de dados
Os dados do estudo foram todos apresentados por indicadores numéricos, compondo
um banco de dados eletrônico tratado por diversos subprogramas do Statistical Package for
the Social Science (SPSS) versão 20.0.
Os dados coletados, referentes ao cargo atual, foram nominais e diversificados,
necessitando uma classificação pós-coleta, de modo a possiblitar seu tratamento. Os cargos
foram agrupados nas seguintes áreas: administrativa, comercial/vendas, educacional,
consultoria, empreendedor e do setor público.
Foram realizadas análises estatísticas descritivas (frequências, percentuais, médias e
desvios-padrão) e correlacionais (correlação bivariada – r de Pearson), a fim de obter os
resultados necessários às discussões dos objetivos da pesquisa e às conclusões.
Foram realizadas análises de regressão, a fim de verificar se e quanto a variável
independente (resiliência) mudaria, ocasionaria mudanças nas variáveis dependentes
(percepção de sucesso na carreira objetiva e percepção de sucesso na carreira subjetiva),
segundo Dancey e Reidy (2013).
Esses resultados foram analisados a fim de atingir os objetivos do estudo e possibilitar
a discussão e as conclusões.
102
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para identicar possíveis erros de digitação, no comando Frequencies do pacote
estatístico SPSS, analisou-se a frequência das respostas a todos os itens das escalas, bem
como as informações do questionário sociodemográfico.
As respostas da escala CD-RISC 10 foram recodificadas para corresponder ao
intervalo de 1 a 5, porque variavam de 0 a 4, evitando assim que, nos cálculos que seriam
realizados em etapa seguinte (como nas análises de regressão), o valor zero anulasse as
multiplicações.
Na análise da planilha inicial dos dados, foram retirados do banco de dados alguns
respondentes que não atendiam aos critérios mínimos de inclusão no estudo por: trabalhar no
mínimo há cinco anos e ter formação superior em administração.
Análises de valores máximos e mínimos revelaram a exatidão do banco, pois todos os
valores estavam nos limites dos valores das escalas de respostas. A partir desse ponto,
iniciaram-se as análises descritivas.
4.1 A Fidedgnidade dos Instrumentos
A fidedignidade das escalas para a amostra deste estudo foi verificada através do
cálculo de Alpha de Cronbach, um indicador adequado para a análise da confiabilidade,
segundo informam Hair, Anderson, Tatham e Black (2008). Seus resultados podem ser
verficados na Tabela 3.
103
Tabela 3 Fidedignidade dos instrumentos utilizados.
Segundo Murphy e Davidsholder (1988), a consistência interna dos fatores é baixa
quando varia entre 0,60 e 0,70. Para Hair et. al (2008) é satisfatória se possui valores
superiores a 0,80. Apenas o fator Percepção de Sucesso Subjetivo na carreira obteve alpha
menor do que 0,80 (0,78), ainda assim, em faixa classificada como admissível para
investigação segundo classificam Nunnally e Bernstein (1995).
4.2 Descrição Estatística das variáveis do estudo.
A Tabela 4 revela as médias e os desvios-padrão obtidos pelos participantes nas
variáveis do estudo. Os resultados mostram que a média da resiliência é de 3,89, muito
próxima da mediana (3,90) (Mo= 4,10).
Esses resultados demonstram que existe assimetria positiva de resiliência entre os
participantes deste estudo. O desvio padrão de resiliência (DP = 0,54) é o mais baixo, quando
comparado a outras variáveis que são percepção de sucesso na carreira objetiva e percepção
de sucesso na carreira subjetiva. Esse resultado demonstra que os participantes possuem alto
nível de resiliência, dado que o tamanho da escala de respostas é de cinco pontos.
Pode-se observar, na Tabela 4, que os administradores revelaram tendência geral de
apresentarem na escala de resposta mais resiliência frente às adversidades da vida de um
Escala Fator Itens componentes Alpha de Cronbach original
Alpha de Cronbach este estudo
CD-Risc Resiliência 1,2,3,4,5,6,7,8,9 e 10 0,82 0,83
PSC PSCO
PSCS
1, 2, 4, 9 e 10
3, 5, 6, 7 e 8
0,81
0.80
0,81
0,78
104
modo geral. Isso significa que, diante de dificuldades, esses participantes tendem a reagir a
elas de modo positivo, encarando-as como oportunidades de crescimento, persistindo na
busca de solução e, já que não podem evitá-las, aprendem com elas. Os achados deste estudo
são semelhantes aos achados de Onça (2011) que encontrou a média de 3,7 de resiliência
entre trabalhadores da região do grande ABC. Emílio (2011), estudando policiais militares
identificou nas quatro dimensões que compõem a variável resiliência, médias que variavam
de 3,71 , no fator competência pessoal a 4,39 no fator persistência diante das dificuldades; no
fator espiritualidade a média foi 4,10 e para o fator adaptação ou aceitação positiva de
mudanças a média foi 4,06. Assim parece ser uma tendência as pessoas apresentarem média
em resiliência superior ao ponto médio da escala, respresentando que elas possuem boa
capacidade de lidar com problemas da vida, reagindo a eles de modo positivo.
Quanto à percepção de sucesso na carreira geral, a média é 3,54, acima do ponto
médio da escala de respostas, o que demonstra que os participantes deste estudo concordam
em que, nos trabalhos que desenvolvem atualmente, têm sucesso na carreira, ou seja, eles
veem seus trabalhos como algo positivo e julgam que acumulam bons resultados psicológicos
como: realização, alto salário, entre outros e acreditam que esses são resultados de suas
experiências individuais de trabalho (SEIBERT, KRAIMER, CRANT, 2001). Os resultados
deste estudo são semelhantes aos resultados do estudo sobre percepção de sucesso na carreira
da mulher executiva de Rocha (2013) cuja a média final da dimensão subjetiva foi 4,05, e a na
dimensão objetiva foi de 3,49. O fator equilíbrio vida-trabalho que segundo Costa (2010) não
compartilha as dimensões objetiva ou subjetiva, no estudo de Rocha (2013) apresentou média
final de 3,58. O estudo de Lima, T. C. B; Lima, A. P. A.; Arraes e Paiva (2014) sobre
percepção de sucesso na carreira do docente de educação profissional no setor industrial,
identificou como resultado da média da dimensão subjetiva de sucesso na carreira 4,4 e da
dimensão objetiva, 3,4, ambas também acima do ponto médio da escala de respostas, o que se
assemelha a este estudo. No que se refere à moda e à mediana são um pouco mais elevadas
que a média. A moda e a mediana nesse estudo são ambas de 3,60 para a percepção de
sucesso geral na carreira, também revelando que os participantes da pesquisa percebem o
sucesso na carreira e a satisfação com ela de uma forma geral. O desvio padrão da variável
percepção de sucesso na carreira geral (DP = 0,67) revela que os participantes possuem pouca
variabilidade nessa percepção, por isso a proximidade dos valores de média, mediana e moda.
Quando se analisam as dimensões de percepção de sucesso na carreira, objetiva e
subjetiva separadamente, tem-se que a percepção de sucesso na carreira objetiva, possui
105
média 3,07, que está levemente acima da média da escala de respostas (que é o valor 3),
porém esse resultado é o menor com relação a todas as outras variáveis estudadas. Isso revela
que os participantes tendem a demonstrar que percebem um pouco de sucesso na carreira
através de promoções e status do cargo ocupado. Esse resultado confirma que a percepção de
sucesso na carreira é sentida pelos participantes, quando os resultados em suas carreiras são
visíveis, como por meio de salário, prestígio do cargo, que são fatores importantes para os
participantes deste estudo. O desvio padrão de percepção de sucesso na carreira objetiva (DP=
0,88) demonstra que existe mais variabilidade entre as percepções dos participantes do estudo,
revelando que alguns podem perceber mais sucesso objetivo; e outros, menos.
Para a percepção subjetiva de sucesso na carreira, pode-se perceber que a média (4,04)
(Mo=4,00 e Me= 3,60), quando comparada à percepção de sucesso na carreira subjetiva,
demontra que os participantes percebem mais sucesso subjetivo em suas carreiras do que
objetivo. Os participantes percebem sucesso na carreira de acordo com seus referenciais
internos, independentemente do que é definido por sucesso na carreira extrínseca que são os
aspectos visíveis do sucesso na carreira, tais como: promoções, status do cargo, como já
especificado anteriormente.
A partir desses resultados, pode-se concluir que os participantes deste estudo estão
mais preocupados com o seu bem-estar no trabalho, com a satisfação na carreira que
desempenha, com os resultados obtidos com um alto desempenho, mas não relacionados com
premiações em dinheiro e sim com autorrealização pessoal, que envolve felicidade e orgulho
de trabalhar na profissão que escolheram. O desvio padrão da dimensão subjetiva de
percepção de sucesso na carreira é de 0,67, revelando menor desacordo entre as percepções
dos respondentes. Os resultados sinalizam, assim, que eles percebem mais sucesso subjetivo
na carreira do que objetivo.
Concluindo, os participantes revelaram bom nível de resiliência pessoal e percebem
igualmente sucesso em suas carreiras, em ambos os aspectos, objetivo e subjetivo, embora
percebam sucesso subjetivo bem mais alto do que sucesso objetivo.
106
Tabela 4- Médias, desvios-padrão, moda, mediana e informações sobre distribuição das variáveis
Resiliência
* EPSCRO EPSCRS EPSCR
Média 3,89 3,07 4,04 3,54
Mediana 3,90 3,20 4,20 3,60
Moda 4,10 3,60 4,00a 3,60
Desvio-padrão 0,54 0,88 0,67 0,67
Coeficiente de variação
0,14 0,29 0,17 0,19
* Escala recodificada de 0 a 4 para 1 a 5
Os coeficientes de variação revelam que houve variabilidade considerável entre as
respostas dos participantes, pelo menos no que se refere às variáveis que compõem o
construto de percepção de sucesso na carreira os coeficientes de variação foram superiores
a 0,15 (LEVIN, 1987). Por isso, apresentam-se as tabelas de frequência em cada categoria
da escala de respostas que podem ser individualizados na Tabela 5.
Tabela 5 – Frequência das respostas dos participantes em PSCO e PSCS por
categoria da escala de respostas.
PSCO PSCS
Frequência Porcentual Frequência Porcentual
Válido
Total
7
31
50
45
4
137
5,1
27,7
64,2
97,1
10
0
6
17
77
36
136
0
4,4
16,9
73,5
100
Fonte: elaborado pela autora, com base nos resultados obtidos.
107
No entanto um ponto de discusão, particularmente importante, encontra-se na
análise do percentual de participantes que percebeu sucesso objetivo na carreira acima do
ponto médio da escala, que foi 64,2% do total de participantes. Com relação à percepção
de sucesso subjetivo na carreira, o total que percebeu sucesso acima do ponto médio da
escala de respostas foi de 73,5%, o que confirma que muito mais pessoas participantes
percebem-se como tendo sucesso subjetivo na carreira do que sucesso objetivo.
Os resultados de cálculos de correlação de Pearson (Tabela 6) revelaram índices de
correlação significativos entre resiliência e percepção objetiva de sucesso na carreira, contudo
essa correlação é fraca.
Quando se correlaciona resiliência com percepção de sucesso subjetivo na carreira,
denota-se que essa correlação é também significativa e, embora um pouco maior, ainda
permanece fraca segundo Dancey e Reidy (2013).
Esse resultado demonstra que, quanto mais resilientes são os administradores, mais
eles percebem sucesso objetivo na carreira. Contudo, os administradores têm uma maior
percepção de sucesso na carreira subjetiva, que se refere a sentimentos, emoções e formas de
sentirem e perceberem intrinsecamente o sucesso subjetivo da carreira, ou seja, como eles
sentem internamente o sucesso na sua carreira. Já o valor da correlação entre resiliência e
percepção de sucesso na carreira objetiva que é demonstrada através de fatores extrínsecos
como promoções e/ou posições ocupadas na carreira, salários, status, capacidade de satisfação
com a carreira, responsabilidade financeira, capacidade de entregar resultados em níveis
maiores dentre outros (EBY, BUTTS, LOCKWOOD, 2003; ZACARRELLI et al.; 2008 apud
COSTA, 2010; MAANEM, 1977, apud ARTHUR, KAHAPOVA, WILDEROM, 2005;
DUTRA, 2002, 2004 apud COSTA, 2010) é também positiva, porém levemente menor que o
da percepção de sucesso na carreira subjetiva.
Esse resultado revela que, quanto mais os participantes sabem enfrentar as
adversidades na vida, quanto mais sabem lidar com crises e situações difíceis, mais percebem
sucesso na carreira tanto objetivo, indicado por maiores salários, status de cargos mais altos
ocupado, quanto sucesso subjetivo, indicado pelo modo como se sentem e vivenciam
internamente o sucesso em sua carreira e pelo quanto se sentem satisfeitos com elas.
108
Tabela 6- Resiliência e percepção de sucesso objetivo e subjetivo na carreira. (n=137)
Variáveis EPSCRO EPSCRS
Resiliência 0,22** 0,29**
** p< 0,01
4.3 Testes das hipóteses: resultados das análises de regressão
Para explorar a hipótese principal, verificou-se se havia relação de predição entre
resiliência e percepção de sucesso na carreira, desdobrada nos seus aspectos objetivo e
subjetivo. Como idade e tempo de trabalho parecem variáveis importantes para a
compreensão dessa relação, decidiu-se incluir essas variáveis nesse modelo exploratório.
Assim, primeiramente, foi investigado o papel da resiliência, da idade e o tempo total de
trabalho na percepção de sucesso objetivo na carreira por meio de análise de regressão linear
múltipla padrão; da mesma forma, em um segundo momento, testou-se o papel desses
preditores na percepção de sucesso na carreira subjetiva.
A seguir descrevem-se os resultados de regressões hierárquicas em cujo modelo a
variável dependente foi percepção de sucesso na carreira objetiva. No primeiro modelo
incluiu-se resiliência como única variável independente. O modelo predisse 5,5% da variância
da variável dependente (R² = 0,055; F= 7,62; gl =1; p<0,01) (Tabela 7)
Tabela 7 - Resumo do modelo de regressão - percepção de sucesso objetivo na carreira
ModeloC R R2 R2 ajustado Erro Padrão Estimado
1 0,235a 0,550 0,480 0,85
2 0,340b 0,115 0,102 0,83 a. Preditores: (Constante). Resiliência b. Preditores: (constante), Resiliência, Idade X Tempo Total de Trabalho c. Variável Dependente: Média de Percepção De Sucesso na Carreira Objetiva
109
O segundo modelo que incluiu a interação idade e tempo total de trabalho com a
resiliência predisse 11,5% da variância total da VD (R²= 0,115; F = 8,47; gl = 2; p <0,01).
Ambos os preditores colaboraram significativamente para predição da VD, sendo que
resiliência colaborou com Beta = 0,22 (t = 2,70; p < 0,01) e a interação entre idade e tempo
total de trabalho com Beta = 0,25 (t = 2,98; p < 0,01) (Tabela 8).
O termo de interação foi criado, porque a colaboração isolada de idade perdia a
importância estatística, quando se acrescentava ao modelo a variável tempo total de trabalho,
o que sinaliza, segundo Abbad e Torres (2002), que essas variáveis possuem papel de
moderação na relação entre resiliência e a VD (percepção de sucesso na carreira objetiva).
Isso significa que pessoas resilientes, embora mais velhas e com mais tempo de trabalho,
apresentam mais alta percepção de sucesso objetiva na carreira.
A seguir, iniciaram-se as regressões para verificar se resiliência predizia percepção de
sucesso subjetivo na carreira. No primeiro modelo incluiu-se resiliência como única variável
independente e o modelo predisse 8,5% da variância da VD (R2 = 0,085; F= 12,11; gl =1; p <
0,01).
O segundo modelo, que incluiu a interação entre idade e tempo total de trabalho,
predisse 17,7% da variância da percepção subjetiva de sucesso na carreira (R2 = 0,177; F =
14, 02; gl = 2; p < 0,01); sendo os dois preditores significantes; dessa feita, a interação entre
idade e tempo total de trabalho teve peso levemente maior na explicação da VD (Beta = 0,31;
t = 3,83; p < 0,01) do que resiliência (Beta = 0,28; t = 3,48; p < 0,01) (Tabela 8).
Tabela 8 - Resumo do Modelo de regressão - percepção de sucesso subjetivo na carreira
ModeloC R R 2 R2 ajustado Erro Padrão Estimado
1 0,30a 0,850 0,08 0,65
2 0,40b 0,177 0,16 0,62 a. Preditores: (Constante). Resiliência b. Preditores: (constante), Resiliência, Idade X Tempo Total de Trabalho c. Variável Dependente: Média de Percepção de Sucesso na Carreira Subjetiva
110
O termo de interação foi criado com o objetivo e pela mesma justificativa de sua
criação, quando do modelo da explicação de percepção objetiva de sucesso na carreira. Como
essas variáveis possuem papel de moderação na relação entre resiliência e a VD (percepção de
sucesso subjetivo na carreira), isso significa que pessoas resilientes, mas que são mais velhas
e que possuem mais tempo de trabalho, apresentam uma percepção de sucesso subjetivo na
carreira mais alta.
Resumidamente, este estudo confirmou o modelo que pode ser visualizado na Figura
abaixo:
FIGURA 3 – Representação gráfica dos resultados das análises de regressão
Idade X tempo total
V
Percepção de Sucesso na
Carreira Subjetiva
5 - DISCUSSÃO
De acordo com o modelo hipotetizado neste estudo, buscou-se investigar o poder
preditivo da resiliência (nível do indivíduo) sobre percepção de sucesso na carreira objetiva e
subjetiva dos administradores, ou seja, o quanto a resiliência prediz percepção de sucesso na
carreira tanto objetiva como subjetiva. Resiliência foi definida como capacidade dos invíduos
adaptarem-se às situações adversas de forma sadia e positiva (POLLETO, KOLLER, 2006 ) e
como capacidade de prevenir, minimizar ou superar os efeitos nocivos das adversidades
(GROTBERG, 1995). Outros autores como Luthar, Cicchetti e Becker (2000: p.543) definem
resiliência como “um processo dinâmico que abrange adaptação positiva dentro de contextos
de adversidade”.
Percepção de Sucesso na
Carreira Objetiva
Resiliência
Idade X tempo total
de trabalho
Resiliência= 5,5%
Resiliência= 9%
Idade X tempo total de trabalho = 6%
Idade X tempo total de trabalho = 8,7%
111
Neste estudo, resiliência foi focada como processo no qual os fatores resilientes e de
risco são organizados em três grupos: atributos individuais, familiares e características do
ambiente social no qual as pessoas estão inseridas (RUTTER, 1987; MICHAEL, RUTTER,
1991; SMITH, 1992; GROTBERG, 1996; CUSHING, 1999; KAPLAN, 1999; WERNER;
BERNARD, 1999; MASTEN, 1999; MARTINAU, 1999; LUTHAR, CICHETTI, BECKER,
2000; YUNES, 2002; LUTHAR, TROMBETTA, GUZZO, 2002; SILVA, ELSEN,
LACHARITIÉ, 2003; DESLANDES, JUNQUEIRA, 2003; PINHEIRO, 2004; PESCE et al.,
2005).
Neste estudo também se considera resiliência como estado específico de
desenvolvimento que muda com as etapas da vida (TUSIE, DYER, 2004; LUTHANS;
YOUSEFF, 2007; MASTEN, POWEL, 2007).
Os resultados deste estudo confirmaram a hipótese de que resiliência prediz percepção
de sucesso na carreira de administradores, tanto sucesso objetivo, quanto sucesso subjetivo.
Testes correlacionais iniciais revelaram que resiliência tem correlação significativa com
percepção de sucesso na carreira objetiva e percepção de sucesso na carreira subjetiva;
entretanto essas correlações são fracas (DANCEY, REIDY, 2013). Resultados das análises de
regressão revelaram que resiliência explicou 5% da percepção de sucesso na carreira objetiva
e 9% da percepção da carreira subjetiva. Embora prediga pouco, pessoas resilientes são as que
mais se percebem com sucesso na carreira.
As pessoas resilientes são aquelas que conseguem adaptar-se mais facilmente diante
das mudanças, conseguem enfrentar melhor os problemas e ver o lado humorístico deles,
sentem-se mais fortes, quando enfrentam situações estressantes, recuperando-se bem quando
enfrentam as dificuldades do cotidiano e diante de doenças que possam ocorrer com elas
(CONNOR-DAVIDSON, 2014).
A partir dos resultados desta pesquisa pode-se constatar que os participantes, por
possuírem média bem superior ao ponto médio da escala (valor 4), acreditam que podem
atingir seus objetivos mesmo diante dos obstáculos e adversidades e conseguem manter a
clareza do seu pensamento mesmo sob pressão. Demonstram, ainda, fortaleza interior quando
lidam com os desafios e as possíveis dificuldades da vida, bem como não desanimam diante
dos fracassos que possam vir a enfrentar em suas vidas, conseguindo lidar com sentimentos
desagradáveis ou mesmo dolorosos como tristeza, raiva e medo (CONNOR-DAVIDSON,
2014).
112
Em suma, pessoas resilientes são mais maduras pessoal, emocional e
profissionalmente. Resultados da correlação positiva e significante, embora fraca, permitem
afirmar que os participantes mais resilientes revelam mais percepção de sucesso na carreira,
tanto objetivo quanto subjetivo.
Resultados das análises de regressão revelam que resiliência é preditora de percepção
de sucesso na carreira, tanto em sua dimensão objetiva, quanto na dimensão subjetiva.
Objetivando facilitar a compreensão e análises referenciadas nesta discussão, a autora decidiu
abordar as definições de percepção de sucesso na carreira.
O sucesso na carreira tem dois aspectos: extrínseco e intrínseco. O sucesso extrínseco
é objetivo, tangível e consiste em resultados visíveis (percepção de sucesso na carreira
objetiva) e o sucesso intrínseco é a percepção do indivíduo com a própria carreira (percepção
de sucesso na carreira subjetiva), sendo mais investigado como satisfação com a carreira
(JUDGE et al., 1995).
Para vários autores o sucesso objetivo é tangível com resultados visíveis (JUDGE;
CABLE, BOURDREAU, BRETZ, 1995; NG, EBY, SORENSEN, FELDMAN, 2005; YU,
2012), está relacionado a personalidade proativa (HADDOCK, GOTLIB, MERBEDONE,
2012) pode ser observável pelo alcance das pessoas de cargos gerenciais (GREENHAUS,
PARASURAMAN, WORMLEY, 1990; DRIES, PERPERMANS, HOFMANS, RYPENS,
2009), por exemplo: salário, status, promoções e/ou posições ocupadas na carreira,
mobilidade do indivíduo na carreira, autoestima, capacidade de satisfação com a carreira,
recompensas como aumento de status, responsabilidade financeira (EBY, BUTTS,
LOCKWOOD, 2003; ZACARRELLI et al., 2008 apud COSTA, 2010; MAANEM, 1977,
apud ARTHUR, KAHAPOVA, WILDEROM, 2005). Para Dutra (2002; 2004 apud COSTA,
2010), o sucesso objetivo é avaliado também a partir da progressão e pela ampliação do
espaço ocupacional e capacidade de entregar resultados em níveis maiores de complexidade.
Maanem (1977, apud ARTHUR, KHAPOVA, WILDEROM, 2005) argumenta que
nível socioeconômico da família e atributos como nível de emprego são fatores extrínsecos da
carreira e, portanto, classificam-se como fatores da percepção de sucesso na carreira objetiva.
A percepção de sucesso na carreira subjetiva refere-se a elementos subjetivos de
realizações individuais que progridem através de todo o ciclo de vida profissional (NG et al.,
2005). Os autores argumentam que os fatores de sucesso subjetivo relacionam-se à percepção
113
do indivíduo com a própria carreira, ou seja, são percepções positivas que podem ser
investigadas como satisfação na carreira (JUDGE, CABLE, BOURDREAU, BRETZ, 1995;
NG, EBY, SORENSEN, 2005; FELDMAN, 2005; YU, 2012; DUTRA, 2002; DUTRA, 2004
apud COSTA, 2010; EBY, BUTTS, LOCKWOOD, 2003; ZACARELLI et al., 2008 apud
COSTA, 2010). O sucesso intrínseco é alcançado por avaliações subjetivas dos indivíduos em
vários aspectos de suas carreiras (GREENHAUS, PARASURAMAN, WORMLEY, 1990;
DRIES, PERPERMANS, HOFMANS, RYPENS, 2009).
Para outros autores o sucesso intrínseco está relacionado também a sentimento de
orgulho, negociabilidade da percepção intrínseca que é medido a partir da percepção que as
organizações têm de seus funcionários como valor agregado; e se eles, por sua vez,
visualizam as muitas oportunidades de crescimento nessas organizações. A percepção da
empregabilidade pelos funcionários que é medida a partir da existência de muitas
possibilidades de empregos disponíveis em decorrência das suas experiências e habilidades
(EBY, BUTTS, LOCKWOOD, 2003; ZACARELLI et al., 2008 apud COSTA, 2010 ).
As análises de correlação revelaram relações diretas entre resiliência e percepção de
sucesso na carreira objetiva e subjetiva. Os resultados das regressões apontam no mesmo
sentido, ou seja: resiliência prediz percepção de sucesso na carreira, mas é preditor mais forte
de sucesso subjetivo do que objetivo. Constatou-se que a relação entre resiliência e percepção
de sucesso subjetivo é um pouco maior, ou seja, indivíduos mais resilientes, apresentam uma
percepção de sucesso na carreira subjetiva maior, talvez por se tratarem ambas de
características individuais, ou seja, tanto resiliência quanto percepção subjetiva de sucesso na
carreira dizem respeito a aspectos da vida subjetiva do sujeito, estando menos relacionadas a
indicadores objetivos, palpáveis.
Quando se acrescenta ao modelo de predição a interação entre idade e tempo total de
trabalho, a capacidade preditiva do modelo aumenta consideravelmente em ambos os
modelos, em mais de cem por cento, o que significa que administradores mais resilientes, mas
mais velhos e mais experientes no trabalho, percebiam-se como tendo mais sucesso na
carreira, principalmente, mais sucesso subjetivo.
Esse resultado é confirmado em parte pelo estudo de Werner (1955, apud BENDTRO,
2012) que encontrou que resiliência é alterada positivamente no decorrer da vida das pessoas.
Esse argumento de Werner (1955, apud BENDTRO, 2012) pode ser referenciado na
explicação que quanto mais experiência o administrador tem, mais resiliência terá
114
desenvolvido para lidar com as adversidades que possam surgir em sua vida e na rotina de
trabalho, o que foi corroborado neste estudo quando se acrescentou ao modelo a interação
entre idade e tempo total de trabalho.
O resultado obtido neste estudo com relação à percepção de sucesso na carreira
subjetiva confirmou a afirmação de Yu (2012), quando ele argumenta, baseado na teoria do
capital humano, que a formação educacional e experiência profissional devem estar
relacionadas positivamente com sucesso na carreira.
Os resultados revelam que pessoas resilientes, mais velhas e que possuem mais tempo
de trabalho têm percepção objetiva e subjetiva na carreira mais altas. Luthar, Cichetti e
Becker (2000) argumentam que a adaptação positiva do indivíduo ocorre a partir de seus
recursos internos que permitem que eles e relacionem de forma positiva com as circunstâncias
ao seu redor e com as adversidades. Yu (2012), em seu estudo empírico, afirma que fazer o
que gosta para os trabalhadores canadenses é considerado sucesso na carreira e que isto está
mais relacionado a características internas de cada indivíduo e com a satisfação no trabalho.
Os achados deste estudo corroboram esta afirmativa de Yu (2012) com relação à percepção de
sucesso na carreira em sua dimensão subjetiva, que envolve os aspectos intrínsecos da
percepção carreira do indivíduo. Para o grupo de administradores participantes deste estudo, é
mais importante se sentirem satisfeitos internamente em suas carreiras, apresentarem elevada
autoestima e capacidade de realização (BURKE, 2001; JUDGE et.al., 1995), do que terem
ascenção profissional, econômica e status que os cargos ocupados por eles podem lhes
proporcionar.
Os resultados revelaram que para os administradores é importante sentir orgulho do
que fazem profissionalmente, bem como aprenderem e desenvolverem constantemente em
suas carreiras (COSTA, 2013). Entretanto, resiliência tem poder preditor menor do que a
interação entre idade e tempo de trabalho, sobre ambas as percepções de sucesso na carreira,
mas mais forte sobre percepção subjetiva, o que demonstra que, para os administradores
participantes deste estudo, receber uma remuneração justa em comparação com outros
profissionais e com o investimento realizado por eles na carreira, é de menor prioridade neste
momento de suas vidas do que sentirem-se realizados e satisfeitos com suas carreiras
(COSTA, 2013).
Eles também não demonstram tanta preocupação quanto aos seus futuros financeiros e
com o prestígio da posição hierárquica dos seus cargos. Esses resultados talvez sejam
115
decorrentes da juventude dos participantes (média de idade é de 33 anos); uma maioria de
jovens que podem não estar pensando na carreira à longo prazo, uma vez que nesta fase da
vida eles tem outras conquistas profissionais a serem alcançadas.
O resultado deste estudo também evidencia que, a medida que os administradores são
mais resilientes tendem a demontrar mais satisfação com o trabalho, mais poder e maior nível
de felicidade, e visualizarem-nas como possibilidade de adquirir mais bens materiais; dessa
forma os adminstradores que têm sucesso na carreira sentem-se mais felizes e mais bem
sucedidos (YU, 2012).
Os resultados deste estudo demonstraram a capacidade preditiva de resiliência sobre
percepção de sucesso na carreira objetiva e subjetiva. Os administradores revelaram possuir
resiliência pessoal e que quanto mais eles são capazes de enfrentar situações estressantes de
modo positivo, mais desenvolverão estratégias que os beneficiarão, possibilitando-lhes
compreender dificuldades e o estresse (POLLETO, KOLLER, 2006). Parece que este
benefício inclui perceber sucesso na carreira como algo que se conquista em prazo mais
amplo e que depende mais de aspectos subjetivos do que de indicadores objetivos.
Entretanto, quando se analisam as dimensões de percepção de sucesso na carreira
objetiva e subjetiva separadamente, constatou-se que a percepção de sucesso objetivo teve a
menor média de todas as outras variáveis estudadas, o que se leva a concluir que os
participantes deste estudo percebem menos sucesso objetivo na carreira indicado por meio de
reconhecimento, valorização, promoções, aumentos salariais, status com referência à posição
que ocupam na empresa, família e sociedade. Note-se que a mediana (3,20) revela que a
maioria dos participantes aloca suas respostas acima do ponto médio da escala de respostas,
revelando que alguns percebem mais que outros o sucesso objetivo.
Quanto à dimensão subjetiva de percepção de sucesso na carreira, os resultados foram
maiores (mais de 70% emitiu respostas maiores do que o ponto quatro da escala de respostas)
em comparação com a dimensão objetiva, o que leva à conclusão que, para os participantes é
mais importante a sensação de estarem desenvolvendo um bom trabalho, estarem satisfeitos
com as conquistas pessoais em suas carreiras, de estarem realizando atividades que gostam e
que, de certa forma, lhe tragam prazer pessoal e profissional, de terem desafios constantes
para serem ultrapassados, proporcionando-lhe satisfação, bem-estar e orgulho de suas
realizações profissionais, que lhes trazem aprendizagem, crescimento e desenvolvimento
profissional e a percepção de um bom nível de empregabilidade entre os participantes, como
116
argumentaram Eby et al. (2003), do que as conquistas objetivas e mais facilmente verificáveis
pela sociedade. Para esses administradores, parece mais importante se sentirem valorizados
em suas carreiras (tendo como parâmetros suas próprias referências e valores de sucesso na
carreira), conseguindo atingir suas aspirações profissionais.
Constatou-se ainda que resiliência contribuiu para que os participantes apresentassem
significativa percepção de sucesso na carreira objetiva e subjetiva. Entretanto, as pessoas têm
aspirações diferentes de carreiras e colocam valores diferentes em diversos fatores, como por
exemplo: renda, segurança, local de trabalho, status, acesso à aprendizagem, importância do
trabalho com relação ao tempo pessoal e familiar, dentre outros (BAILYN, 1998, apud
ARTHUR, KHAPOVA, WILDEROM, 2005).
Os resultados dos níveis de resiliência dos participantes deste estudo indicam ainda,
que eles enfrentam as dificuldades do seu cotidiano com determinação, persistência e as
encaram como uma possibilidade de crescimento pessoal e profissional, que tendem a
aprender com essas dificuldades e a transformá-las em oportunidades de desenvolvimento
pessoal. Os participantes percebem bons resultados nos trabalhos que desenvolvem
independentemente do vínculo empregatício que possuem em suas atividades profissionais.
Eles acumulam bons resultados psicológicos, o que está relacionado à autorrealização pessoal
e que diz respeito a seus aspectos internos como satisfação com o trabalho, sentimentos de
prazer, de orgulho pessoal e autoestima elevada, que poderão causar-lhes sensações
agradáveis quanto às conquistas profissionais que eles conseguiram acumular ao longo de
suas carreiras, o que faz com que as percebam como sucesso de modo geral.
Os resultados deste estudo apontam que as pessoas resilientes, que são mais velhas e
que possuem mais tempo de trabalho, apresentam percepção de sucesso na carreira, tanto
objetiva como subjetiva. Esse resultado pode ter se dado em decorrência de os participantes,
mais velhos e com mais tempo de trabalho, já terem conquistado resultados mais vísiveis em
suas carreiras nos aspectos extrínsecos que podem resultar em boa percepção de sucesso na
carreira.
Diante dos resultados deste estudo, percebeu-se que os administradores mesmo a
maioria atuando em empresas privadas, contam com sua resiliência pessoal para fortalecerem-
se e para enfrentarem as adversidades e os ambientes cada vez mais competitivos do mundo
do trabalho de uma forma saudável e positiva.
117
CONCLUSÃO
Este estudo teve como objetivo principal avaliar a capacidade preditiva da resiliência
pessoal sobre percepção de sucesso na carreira em suas dimensões objetiva e subjetiva. O
estudo atingiu seu objetivo e seus resultados confirmaram a capacidade de predição de
resiliência sobre a percepção de sucesso na carreira de administradores participantes do
estudo. Os administradores revelaram tendência geral de apresentarem mais resiliência frente
às situações adversas que enfrentam, o que facilita sua adaptação ao meio no qual está
inserido, de forma positiva e saudável, o que é um indicador de saúde, bem-estar psicológico
e físico. Por outro lado, os resultados revelaram ainda que os participantes percebem-se com
razoável sucesso objetivo na carreira. Mas, quando se trata de percepção de sucesso subjetivo,
ou seja, da interpretação pessoal do que seja o seu sucesso na carreira, essa percepção foi mais
elevada, revelando-se bastante favorável. Uma característica importante deste estudo foi ter
avaliado os níveis de resiliência de administradores, algo não localizado nas bases
pesquisadas: SCIELO, EBESCO HOST WEB, Periódicos Do Portal CAPES, PROQUEST E
GOOGLE ACADÊMICO, em revistas nacionais classificadas com Qualis A1, A2, e B1 e
revistas internacionais com Fator de Impacto maior que 1 nos últimos cinco anos. As
palavras usadas na busca foram resiliência e sucesso na carreira, bem como resiliência e
percepção de sucesso na carreira.
Além disso, o estudo revelou que administradores participantes deste estudo
percebem suas carreiras com maior nível de sucesso subjetivo do que objetivo, o que revela
que, talvez, os pesquisados não percebem os indicadores objetivos como positivos, por
exemplo salário, eles podem considerar que os salários não são altos ou que eles não
obtiveram reconhecimento do seu trabalho no que se refere a indicadores objetivos. Os
profissionais estudados podem estar buscando sentimento de realização subjetiva por meio
de orgulho da profissão, autorrealização, satisfação e outros indicadores mais intrínsecos.
Estudos que relacionem resiliência e sucesso na carreira não foram identificados na
revisão de literatura realizada para este estudo, o que de certa forma, empobreceu sua
discussão. Por outro lado, esta investigação teve o mérito de ser inovadora nesse aspecto,
embora tenha se localizado o estudo de Stumpf e Tymon Jr. (2012) com foco em
118
características individuais. Mais especificamente, esses autores investigaram relações entre
traços de personalidade e percepção de sucesso subjetivo na carreira, tendo identificado
associações positivas entre eles. De todo modo, esse filão de investigação permanece
promissor.
Uma limitação deste estudo foi não ter atingido tamanho suficiente para comparar
grupos de administradores formados por diferentes instituições de ensino e sequer de ter
indentificado sua faculdade de formação. Isto teria tornado os resultados mais ricos e
interessantes. Sugere-se que, estudos futuros atentem para isto.
O fato de o estudo ter tido delineamento transversal implicou limitações: a) o fato de a
amostra ser não-probabilística (participação livre e voluntária), favorecendo que outros
administradores com bons níveis de percepção de sucesso na carreira objetiva e subjetiva não
terem participado do estudo; b) restrições inerentes ao uso dos instrumentos de autorrelato, o
que pode ocasionar algum viés em decorrência de algumas questões abordarem os desejos
sociais dos participantes; c) dificuldade de pesquisar todos os administradores, devido à
limitação encontrada pelas disponibilidade de os administradores participarem das pesquisas e
da mesma ter sido realizada em vários locais diferentes, mas alguns com pouca
representatividade, o que dificulta a generalização dos resultados.
Além disso, os percentuais de variância oscilaram de 11,5% a 17,7% para as duas
dimensões de percepção de sucesso na carreira objetiva e subjetiva, ainda que esses valores
sejam significativos para estudos na área de ciências humanas, revelam que existe uma grande
parcela do fenômeno que não foi predita pelo conjunto de variáveis abordados no modelo
deste estudo.
Os resultados da regressão revelaram que as pessoas resilientes, mais velhas e que
possuem maior tempo de trabalho apresentam maior percepção de sucesso na carreira, mas
neste estudo não se pode investigar os motivos deste resultado, visto que não era esse o
objetivo. Sugere-se que novos estudos busquem esclarecer essas causas.
Outro ponto que pode ter sido limitador e que deve ser explorado por outros estudos é
a ampliação da população a ser estudada, ou seja, sugere-se que este modelo seja testado para
outras profissões, como também em trabalhadores que não possuam formação superior
completa.
119
A partir dos resultados deste estudo, sugere-se ainda, e complementarmente, a
realização de novos estudos que contemplem dentre outros a seguinte agenda:
• investigar a relação entre resiliência no contexto organizacional e percepção de
sucesso na carreira, por meio de estudos de caso;
• investigar se existe relação entre resiliência, percepção de sucesso na carreira e
desempenho dos profissionais;
• propor estudos de natureza qualitativa que permitam que os resultados deste
estudo possam ser aprofundados, aumentando a compreensão da influência da
resiliência sobre a percepção de sucesso na carreira;
• realizar estudos longitudinais sobre resiliência no âmbito profissional e
percepção de sucesso na carreira para, desta forma, verificar a evolução de
ambas as variáveis quando comparadas a aspectos sociodemográficos como:
idade, gênero, estado civil, tempo de experiência profissional.
120
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139
ANEXO 111 – ESCALA DE PERCEPÇÃO DE SUCESSO NA CARREIRA - EPSC Todas as questões devem ser respondidas levando em consideração a SUA interpretação sobre SUAS realizações em realização à carreira, ou seja, à sequência de posições ocupadas e de trabalhos realizados até este momento em sua vida profissional. Portanto, responda levando em consideração: - todo o seu progresso profissional e todos os trabalhos em que você desenvolveu até hoje; - incluindo trabalhos voluntários; - sem se prender a um tipo de trabalho específico em que você desenvolva hoje; - ou a uma organização específica para quem você trabalha hoje. A seguir estão listadas várias frases com percepções que você pode ter em relação à sua carreira, seu trabalho e sua vida pessoal ligada ao trabalho. Para cada item, você deve escolher e escrever, entre os parênteses, um grau entre 1 e 5 conforme você discorda totalmente (1) ou concorda totalmente (5).
Discordo Totalmente
Discordo Nem discordo Nem concordo
Concordo Concordo totalmente
1 2 3 4 5
1. ( ) Tenho recebido recompensas justas comparadas com as outras pessoas que conheço (não só na minha área)®.
2. ( ) A remuneração que recebo por minhas atividades profissionais é justa, pelo que já investi na carreira®.
3. ( ) Tenho orgulho do que faço profissionalmente®.
4. ( ) Estou tranquilo sobre meu futuro quanto as minhas necessidades financeiras e materiais®.
5. ( ) Os trabalhos que executo compreendem grande variedade de tarefas®.
6. ( ) Estou constantemente aprendendo e me desenvolvendo em minha carreira®.
7. ( )Tenho criado inovações importantes durante minha carreira profissional®.
8. ( ) Os trabalhos que desenvolvo atualmente em minha carreira exigem um alto nível de competência®.
9. ( ) O prestígio (ou status) profissional da minha posição hierárquica está de acordo com meus interesses®.
10 ( ) Minha renda supre as necessidades minhas e de meus dependentes®.
11 Escala elaborada por Costa (2014, p. 294-295). Nesta pesquisa utilizamos os itens da versão reduzida.
140
ANEXO 2 - CARTA DE AUTORIZAÇÃO
141
ANEXO 3 – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – UMESP
142
143
144
ANEXO 4 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado a participar da pesquisa “Percepção de Sucesso na Carreira
e Resiliência: Um Estudo Com Administradores” do município de São Bernardo do Campo –
SP, sob a responsabilidade da pesquisadora Sandra Regina Peres.
Nesta pesquisa pretende-se verificar como jovens enfrentam as dificuldades da vida e
como percebem suas carreiras.
Para participar, você deverá responder a um questionário que contém questões para
avaliar sua resiliência, sua percepção de sucesso na carreira e alguns dados pessoais. Para
responder você assinalará suas respostas em escalas numéricas que variarão de 0 a 4 e de 1 a
5, conforme está explicado antes de cada conjunto de perguntas. Você algumas vezes vai
informar se concorda com as afirmações descritas e outras, a frequência com que acontece
com você o que está descrito nas frases.
Sua identidade será preservada, mesmo com a publicação dos resultados da pesquisa.
Esta publicação acontecerá em revistas científicas e apresentará resultados do grupo de
participantes como um TODO.
Além disso, você deverá assinalar se permite a utilização de suas respostas em estudos
futuros, todos SEM identificação de sua identidade, sem que precisemos consultá-lo para
obter nova autorização. Sua decisão é totalmente voluntária e você não terá nenhum prejuízo
pessoal ou financeiro e nenhum benefício direto por participar desta pesquisa. Você estará
apenas colaborando para o aumento dos conhecimentos sobre os assuntos envolvidos.
Caso você tenha algum tipo de prejuízo, dano ou custo em decorrência deste estudo,
ele será indenizado e/ou ressarcido nas formas garantidas pela legislação vigente. Você é livre
para se recusar a participar deste estudo ou para desistir dele a qualquer momento, sem que
isto lhe traga qualquer prejuízo pessoal. A sua decisão em participar ou não desta pesquisa
não implicará em nenhuma discriminação ou represália por parte dos pesquisadores ou da
Universidade Metodista de São Paulo que não terá acesso às respostas de nenhum participante
individualmente.
145
Estamos solicitando seu consentimento para participar deste estudo. Ele deverá ser
dado abaixo, no termo de Consentimento Livre e Esclarecido, o que chamamos de TCLE. Ao
assinalar com um X o TCLE, você concorda em colaborar com a pesquisa, ciente de que não
está sujeito a nenhum prejuízo ou risco, a não ser o incômodo de usar seu tempo para
responder às perguntas. Se você concordar em participar, deve marcar um X na opção
“concordo em participar” e depois responder ao questionário. Se você não concordar, marque
um X no “não concordo em participar” e sua participação estará encerrada. Se, a qualquer
momento, você desistir de participar, basta que você deixe as respostas em branco. Isto não
lhe trará nenhum prejuízo. Para sua garantia, você deve imprimir uma via deste TCLE e
guardá-la com você.
Existe um Comitê de Ética em Pesquisa que fiscaliza o cumprimento de tudo que está
aqui esclarecido e a quem você pode e deve recorrer em caso de qualquer dúvida a respeito da
pesquisa, no seguinte endereço e telefone: Av. Alfeu Tavares, 149, Ed. Capa, sala 419, fone:
4366-5814, Rudge Ramos, SBC, SP.
Eu, Sandra Regina Peres, Av. Dom Jaime de Barros Câmara, 1000, São Bernardo do
Campo - fone (011) 4366-5351, pesquisadora responsável pelo estudo, me comprometo a
zelar pelo cumprimento de todos os esclarecimentos prestados nesse documento.
SBC, 23 de junho de 2014.
____________________________________
Sandra Regina Peres- pesquisadora
146
TERMO DE CONSENTIMENTO
Eu, ____________________________________________________________, documento de
identidade _________________________, declaro ter recebido informações e
esclarecimentos sobre o estudo “Percepção de Sucesso na Carreira e Resiliência: Um Estudo
Com Administradores”, voluntariamente, ciente de todas as condições descritas neste Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido.
____ SIM ______NÃO
Autorizo a utilização de minhas respostas em estudos futuros, todos SEM identificação de
minha identidade, sem necessidade de me consultar novamente sobre isto ou de assinar nova
autorização.
___ SIM ____NÃO
147
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO
Questionário de pesquisa dos fatores sociodemográficos *Obrigatório
Sexo:* ( ) Feminino ( ) Masculino Idade:*_____________ Estado Civil:* ( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Separado ( ) Divorciado ( ) Amasiado ( ) Viúvo Grau de Escolaridade*: ( ) Ensino Superior Completo ( ) Pós Graduação Interrompida ( ) Pós Graduação Cursando ( ) Pós Graduação Completa ( ) Mestrado Interrompido ( ) Mestrado Cursando ( ) Mestrado Completo ( ) Doutorado Interrompido ( ) Doutorado Cursando ( ) Doutorado Completo Além do curso de Administração, você tem outras graduações? Caso positivo, escreva abaixo separando por ponto e vírgula se necessário. _______________________________________________________________________ Caso esteja estudando no momento, escreva abaixo o nome do Curso. ________________________________________________________ Você trabalha atualmente?* ( ) Sim ( ) Não Caso trabalhe atualmente, escreva abaixo qual cargo você ocupa? ______________________________________
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As atividades que desenvolve atualmente estão relacionadas com a sua área de formação? ( ) Sim ( ) Não Caso suas atividades estejam relacionadas com sua área de atuação, descreva-as brevemente _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Escreva abaixo em qual ano você começou a trabalhar?* _______________ Você ocupa cargo de chefia atualmente? ( ) Sim ( ) Não Caso ocupe cargo de chefia, digite abaixo há quantos anos ocupa esse cargo. (Apenas anos) _________________ Indique o tipo de organização que trabalha. ( ) Pública ( ) Privada ( ) 3º Setor ( ) ONG ( ) Cooperativa Indique o segmento da empresa que trabalha? Caso esteja desempregado, indique o segmento da última empresa. ( ) Comércio e Serviços ( ) Indústria Indique o porte da empresa que trabalha. Caso esteja desempregado, indique o porte da última empresa. Comércio e Serviços ( ) Microempresa (até 9 empregados) ( ) Empresa de Pequeno Porte (de 10 a 49 empregados) ( ) Empresa de Médio Porte (de 50 a 99 empregados) ( ) Empresa de Grande Porte (mais de 100 empregados) Indústria ( ) Microempresa ( com até 19 empregados)
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( ) Empresa de Pequeno Porte (de 20 a 99 empregados) ( ) Empresa de Médio Porte (de 100 a 499 empregados) ( ) Empresa de Grande Porte (mais de 500 empregados) Qual o tipo de vínculo com a empresa atual? Caso esteja desempregado, indique o vínculo com a última empresa. ( ) Proprietário da empresa ( ) Temporário ( ) Efetivo (CLT) ( ) Estatutário (concursado) ( ) Cargo público por indicação ( ) Autônomo ou profissional liberal Descreva sua trajetória profissional nos três últimos trabalhos, começando da última empresa ou atual, até a mais antiga. Empresa atual ou última Cargo Inicial: ______________________ Cargo Atual ou final: ____________________________ Tempo de permanência na empresa ( ) de 1 a 12 meses ( ) de 13 a 24 meses ( ) de 25 a 36 meses ( ) de 37 a 48 meses ( ) de 49 a 60 meses ( ) Acima de 60 meses Empresa 2 Cargo Inicial da Empresa 2:__________________________ Cargo Final empresa 2: ___________________ Tempo de permanência ( ) de 1 a 12 meses ( ) de 13 a 24 meses ( ) de 25 a 36 meses ( ) de 37 a 48 meses ( ) de 49 a 60 meses ( ) Acima de 60 meses Empresa 3 Cargo Inicial da empresa 3: ______________________ Cargo Final da empresa 3: _______________________ Tempo de permanência ( ) de 1 a 12 meses ( ) de 13 a 24 meses ( ) de 25 a 36 meses
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( ) de 37 a 48 meses ( ) de 49 a 60 meses ( ) Acima de 60 meses