TELENOVELA E CINEMA

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TECNOLOGIA ONTEM E HOJE TELENOVELAS E CINEMAS 50 anos de telenovela diária: o início de uma história cultural Há 50 anos, a telenovela brasileira ainda não era o fenômeno que o mundo inteiro conhece. Na nossa televisão, tampouco, tinha o mesmo prestígio na programação. O carro chefe de qualquer emissora que se prezasse era sedimentado em programas de auditório e em teleteatros. Antes, exibidas duas a três vezes por semana, a telenovela só ganhou uma versão diária em 22 de julho de 1963 e esta semana o Tele Dossiê celebra essa mania nacional que se dependesse de alguns mais entusiastas teria exibição até aos domingos. Há 60 anos, a TV Tupi levava ao ar a primeira telenovela brasileira, “Sua Vida Me Pertence” (Walter Foster), a antológica história protagonizada por Vida Alves e pelo próprio autor e diretor Walter Foster. Tratava-se de uma experiência que durou apenas 15 capítulos apresentados duas vezes por semana. Naquela época ninguém poderia imaginar que a telenovela se apresentaria como um dos principais produtos da televisão brasileira e hoje é possível afirmar que o gênero conquistou seu espaço no campo cultural e ganhou debate em torno da cultura brasileira.

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TECNOLOGIA ONTEM E HOJETELENOVELAS E CINEMAS

50 anos de telenovela diária: o início de uma história cultural

Há 50 anos, a telenovela brasileira ainda não era o fenômeno que o mundo inteiro conhece. Na nossa televisão, tampouco, tinha o mesmo prestígio na programação. O carro chefe de qualquer emissora que se prezasse era sedimentado em programas de auditório e em teleteatros. Antes,

exibidas duas a três vezes por semana, a telenovela só ganhou uma versão diária em 22 de julho de 1963 e esta semana o Tele Dossiê celebra essa mania nacional que se dependesse de alguns mais

entusiastas teria exibição até aos domingos.

Há 60 anos, a TV Tupi levava ao ar a primeira telenovela brasileira, “Sua Vida Me Pertence” (Walter Foster), a antológica história protagonizada por Vida Alves e pelo próprio autor e diretor Walter

Foster. Tratava-se de uma experiência que durou apenas 15 capítulos apresentados duas vezes por semana. Naquela época ninguém poderia imaginar que a telenovela se apresentaria como um dos principais produtos da televisão brasileira e hoje é possível afirmar que o gênero conquistou seu

espaço no campo cultural e ganhou debate em torno da cultura brasileira.

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Com suas origens no romance folhetim, narrativa seriada, de origem francesa, publicada em jornais e revistas ao longo do século XIX, que se caracterizava pelo ritmo ágil, produção de

eventos e ganchos para prender a atenção dos leitores, a telenovela encontrou forte amparo em outra forma

expressiva: o melodrama.

Entre o final do século XIX e o surgimento da radionovela do Brasil em 1941, muitas transformações aconteceram no gênero. Oduvaldo Viana, diretor artístico da Rádio São Paulo, é

seduzido por esta forma de contar uma história ao ouvir uma radionovela na Argentina.

Quando as telenovelas começam a ser produzidas, a partir de 1951, os textos possuíam uma forte influência do roteiro de rádio e os atores oriundos do veículo também não sabiam se portar em

frente à câmera. Questões que foram entraves para a popularização da telenovela no Brasil.

A precariedade da televisão comercial em seus primórdios possibilitou um espaço de experimentação no interior das emissoras e se por um lado havia os programas herdados do

rádio, por outro, havia espaço para produtos mais “culturais”. Assim, em São Paulo, “O Grande Teatro Tupi” e no Rio de Janeiro o “Teatro Cássio Muniz” apresentavam peças consagradas

internacionalmente, encenando Shakespeare, Eugene O’Neil, Tennessee Williams, fazendo com que os teleteatros se afirmassem como o tipo de programa de maior prestígio produzido pela

televisão brasileira. E este prestígio traz à televisão uma lógica que contrasta com o intuito puro e simples de divertimento.

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Em 1963, mais especificamente no dia 22 de julho, a TV Excelsior estrou a novela “2-5499 Ocupado” (Dulce Santucci). O texto era argentino e foi comprado à revelia do diretor de

programação na ocasião, o mestre Boni. Considerada uma história inferior, a novela inicialmente era exibida duas vezes por semana, mas posteriormente ganhou uma grade diária na emissora e assim, a fórceps, iniciou a história do maior produto de entretenimento brasileiro. A produção de uma telenovela diária só foi possível por conta do video tape, ou seja, a possibilidade de gravar

um programa para exibição posterior, já que heroicamente, os primeiros anos da televisão brasileira foram ao vivo.

Somente no ano seguinte é que uma novela conquistou de fato o público foi “O Direito de

Nascer”, um original do cubano Félix Caignet comprada pela TV Tupi em parceria com a TV Rio, onde Boni agora trabalhava. A história havia sindo um estrondoso sucesso no rádio e o faro

sempre certeiro do publicitário foi o estopim para o êxito da história também na TV. A partir do momento que as desventuras de Albertinho Limonta e seu avô desalmado conquistou o coração das donas de casa brasileiras, a telenovela se transformou de fato num investimento de sucesso.

Esta história já foi bem contada aqui no Tele Dossiê.

Mas o interesse dos investidores e anunciantes veio um pouco antes com outra novela da TV Excelsior, “A Moça que veio de longe” (Ivani Ribeiro, 1964), baseada num original de Abel Santa

Cruz, o mesmo escritor de “Carrossel”, contava a história de um empregada doméstica vivida por Rosamarinha Murtinho que se apaixona pelo filho de seu patrão vivido pelo galã Hélio Souto. A

popularidade da novela garantiu ao casal protagonista a fama antes oferecida somente aos artistas de rádio.

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• Nos 60 anos da telenovela diária, há muito a se comemorar, relembrar e discutir, afinal muitas transformações aconteceram ao gênero durante estas décadas que vive atualmente um período de forte transição e questionamentos.

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