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PORTUGUÊS Materiais Didáticos REORIENTAÇÃO CURRICULAR Ensino Fundamental - Volume II

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PORTUGUÊS

Materiais Didáticos

REORIENTAÇÃO CURRICULAR

Ensino Fundamental - Volume II

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REORIENTAÇÃO CURRICULAR - EQUIPE UFRJ

Direção GeralProfª. Ângela Rocha Doutora em Matemática – Instituto de Matemática da UFRJ

Coordenação GeralProfª. Maria Cristina Rigoni CostaDoutora em Língua Portuguesa – Faculdade de Letras da UFRJ

Coordenação de Língua PortuguesaProfª. Maria Cristina Rigoni Costa Doutora em Língua Portuguesa – Profª Faculdade de Letras da UFRJ

Professores orientadores

Profª Cilene da Cunha PereiraDoutora em Língua Portuguesa – Profª Faculdade de Letras da UFRJ

Profª Maria da Aparecida Meireles de PinillaMestre em Língua Portuguesa – Profª Faculdade de Letras da UFRJ

Profª Maria Christina de Motta MaiaMestre em Língua Portuguesa – Profª Faculdade de Letras da UFRJ

Profª Maria Emília Barcellos da SilvaDoutora em Língua Portuguesa – Profª Faculdade de Letras da UFRJ

Profª Maria Teresa Tedesco Vilardo AbreuDoutora em Língua Portuguesa – Profª Instituto de Letras da UERJ

Profª Maria Thereza Indiani de OliveiraDoutora em Língua Portuguesa – Profª Faculdade de Letras da UFRJ

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Profª Mariângela Rios de OliveiraDoutora em Língua Portuguesa – Profª Instituto de Letras da UFF

Profª Regina Célia AngelimDoutora em Língua Portuguesa – Profª Faculdade de Letras da UFRJ

Profª Sigrid Castro GavazziDoutora em Língua Portuguesa – Profª Instituto de Letras da UFF

Professores AutoresAbel Adonato da Fonseca CIEP 286 – Murilo Portugal, Barra do Piraí.Adriana Lima Valladao C.E. Luiz ReidAdriana Maria Rabha Lima C. E. Conde Pereira Carneiro, Angra dos ReisAdriana Oliveira Nascimento CIEP 336 – Jornalista Octávio Malta, Campo GrandeAdriana Ramos da Cunha CIEP 355 – Roquete Pinto, QueimadosAdriana S. Miranda CIEP 031 Lírio do LagunaAdriane R. Almeida C. E. Rio Grande do Sul, Volta RedondaAilton José Maria C. E. Antônio Dias Lima, Angra dos ReisAinda dos Santos C.E. José VeríssimoAlciene Ferreira Avelino E.E. Dr. Newton AlvesAlda Regina de Azevedo Nova Iguaçu / MesquitaAlessandra Avila de Oliveira C.E. Jose FonsecaAlessandra Serrado Neves C. E. Canadá, Nova FriburgoAlexandra da Silva Caldas C.E. Frei TomasAlexandre Carvalho da Hora E.E. de Ensino Supletivo Roberto Burle-Marx, R.J.Aline Barcellos Lopes Placido C.E. Euclydes da CunhaAline CrespoAline Simão da CostaAlmir José da Silva C. E. Iracema Leite Nader, Barra Mansa.Ambrosina Gomes da Conceicao C.E. Antonio HouaissAna Alice Maciel C. E. Des. José Augusto Coelho da Rocha Júnior, Rio BonitoAna Cristina B. Brasil Soares C.E. Republica ItalianaAna Cristina de Matos Marinho Ciep 308 Pascoal Carlos Magno, ItaboraiAna Cristina J de Almeida Ciep 119 AustinAna Ligia Marinho da Silva C.E. Americo PimentaAna Lúcia da Silva Pereira C.E. André Maurois, LeblonAna Maria da Silva M. Baptista Nova Iguaçu / Mesquita

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Ana Maria Lavinas Pereira C.E. Barao do Rio BonitoAna Maria Rocha Silveira C.E. Baltazar CarneiroAna Nery Nascimento Santos C.E. Presidente Costa e SilvaAna Patrícia de Paula Matos CIEP 295 – Professora Glória Roussin Guedes Pinto, Ana Paula da Silva Araujo E.E. São PauloAna Paula da Silva C.E. Fagundes VarelaAna Paula dos Santos Ciep 128 Magepe Mirim, MagéAndre de Oliveira Nogueira Ciep 451 Elisa Antonia Rainho Dias, ItaboraiAndre Luis Soeiro Pinto Nova Iguaçu / MesquitaAndréa Cristina Costa de Freitas CIEP 388 – Lasar Segall, Belford RoxoAndreza Ferreira Porto Rodrigues Angela Maria de Morais C.E. André Maurois, LeblonAngelica Ornellas Do Nascimento C.E. Dr. Luciano Pestre, NiteróiAntonio Lopes de Oliveira Filho C. E. Prof. Aurélio Duarte, CarmoAparecida Moreira de Melo Nova Iguaçu / MesquitaAquiles Afonso da Silveira C. E. Célio Barbosa Anchite, PinheiralArcilene Aguiar dos Santos C.E. 20 de Julho, Arraial do CaboArithana Cardoso Ribeiro de Assis C.E. 20 de Julho e Ciep 147, Arraial do CaboArlene Deise Cruz Freitas C.E. Jose Matoso Maia Forte, Rio BonitoArquimedes de Oliveira Nova Iguaçu / MesquitaAugusta Soares Fontes C.E. Profª Dalila de Oliveira CostaAugusta Soares Fontes C.E. Profª Dalila de Oliveira Costa, São GonçaloAurea Regina dos Santos CIEP 117 – Carlos Drumond de Andrade, Nova IguaçuBeatriz Regina de Castro Melo Ciep 308 Pascoal Carlos Magno, ItaboraiBianca Cardoso Soares C.E. Elisiário Matta, MaricáCarla Andrea de Souza Pereira C.E. Celio Barbosa AnchiteCarla Botelho de Souza C.E. Augusto Cezário Diaz AndreCarla Botelho de Souza C.E. Augusto Cezario Diaz Andre, São GonçaloCarla Matias Fraga Duarte C.E. Lions ClubeCarlos Cezar do Nascimento E. E. Francisco José do NascimentoCarmem Valéria de Souza S. Dutra C.E. 20 de Julho, Arraial do CaboCarmen Carrera Jardineiro Filha C.E. Walter Orlandine, São GonçaloCarmen Lucia de Paula E.E. Vila Guarani, São GonçaloCecilia de Azevedo da Silva E.E. Mal Floriano PeixotoCelia Regina da Mota C.E. Sargento Wolff

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Celma Regina de Souza Oliveira C.E. Profº Dyrceu Rodrigues da Costa, Rio BonitoCésar Augusto Gomes de Morais Coutinho CIEP 089 – Graciliano RamosCharles de Oliveira Soares Ciep 258 Astrogildo Pereira, SaquaremaChristianny Matos Garibaldi Pires C.E. Lions ClubeCileymar Pimentel Borges C.E. Romualdo Monteiro BarrosCinthia Molerinho Silva Cintia Cecília Barreto C.E.André MauroisCíntia Diel Souza Santos Ciria da Silva Lima Reis C.E. Antonio Figueira AlmeidaClaudia Bastos Areas C.E. Edmundo Peralta BernardesClaudia Marcia Elias Natividade C.E. Temistocles de AlmeidaClaudia Marcia Soares da Silva E.E. Des. Alvaro Ferreira PintoClaudia Maria T Ferreira Teixeira E.E. Sebastiao Pimentel MarquesClaudia Regli Porto Eees Alfredo de Paula FreitasClaudia Valeria Goncalves Loroza C.E. Joao KopkeCláudio Antonio Portilho C. E. Prof. Aurélio Duarte, CarmoCláudio Henrique da Costa Pereira Ciep 258 – Astrogildo Pereira, SaquaremaClaudio Jose Bernardo C.E. Elisiario Matta, MaricáCremilda Goncalves Santiago I.E. Eber Teixeira de FigueiredoCreuza Ribeiro da Silva C.E. Adlai StevensonCristiane Valéria Martins Cabral C.E. Mal. Alcides EtchegoyenCristiane Vieira da Silva E.E. Liddy MignoneCristina dos Santos Brandao Sym Ciep 287 Angelina Teixeira NettoCristina Maria Sodré C.E. Quinze de NovembroCristina Varandas Rubim C.E. Baltazar Bernardino, NiteróiDaisy Furtado Marcial G De Azevedo C.E. Servulo Mello, Silva JardimDalva Helena Rangel Lima C. E. Elvídio CostaDarisa Leonora de Matos Gravina C.E. Dorval Ferreira da Cunha, São GonçaloDarla Cristian dos Santos Sambonha Nova Iguaçu / MesquitaDeise Vivas da Silva Magalhaes C.E. Alcindo Guanabara, GuapimirimDenise Gonçalves Rodrigues C.E Círculo OperárioDenise Palmeira Muniz Pereira C.E. Dom WalmorDeonilsa Ribeiro S Mesquita Pereira E.E. Rotary IiDeyse Cristina de Moura CIEP 344 – Adoniran Barbosa, QueimadosDilma P. Jorge E.E. José Patrocínio

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Dilma Seixas Menezes C. E. Barão de MacaúbasDolores de Oliveira Passos Nova Iguaçu / MesquitaDorcas da Rocha Oliveira C. E. Guanabara, Volta RedondaDulcinea Vieira Gama, Durlan Andrade Gonçalves C. E. Barão do Rio Branco – Rio BonitoDylza Gonçalves de Freitas C.E. Antônio QuirinoEdilaine Aguiar Lemos C.E. Etelvina Alves da Silva, ItaperunaEdina Barbara Costa I.E. Rangel PestanaEdméa Campista Machado E.E. Alcinda Lopes Pereira PintoEdna Lucia F. de Andrade C.E. Jardim MeritiEduardo Jose Paz F Barreto C.E. Santa AmeliaElaine Cardoso da Silva C.E. Santo Antonio de PaduaElaine de Abreu De Lorenzo E.E. Domicio da Gama, MaricáElaine de Abreu de Lourenzo Ciep 259 Prof. Mª do Amparo Rangel Souza, MaricáElane de Azevedo C Silva C.E. Joao GuimaraesEliana Barbosa de Freitas Soraggi C. E. José de Lannes Dantas BrandãoEliana dos Santos C.E. Dr. Joao Gomes de Mattos Sobrinho, MaricáEliana Goncalves Coimbra Flexa C.E. Republica do PeruEliane Campos da Silva C.E. Nilo Peçanha, São GonçaloEliane Cristina da Cunha Oliveira C. E. Prof. Antônio Maria Teixeira Filho, Rio de JaneiroEliane Decotthgnies Machado C.E. Ary ParreirasEliane Diniz Soares Peixoto C.E. Romualdo Monteiro BarrosEliane Freitas de Azevedo C.E. 20 de Julho, Arraial do CaboEliane Marques da Silva Souza C.E. Senador Sá TinocoEliane Nogueira dos Santos Oliveira CIEP 199Elisabete Barbosa da Silva Nova Iguaçu / MesquitaElisabeth Emmerick Rangel C.E. Pref. Luiz GuimaraesEliséa ConstantinoElizabeth de O. Soares Machado Nova Iguaçu / MesquitaElizabeth de Oliveira Torres Lima C. E. Des. José Augusto Coelho da Rocha Jr., Rio BonitoElizabeth Maria da Silva Carvalho Ciep 148 Profº Carlos Elio Vogas da Silva, AraruamaElizabeth Orofino Lucio E.E. Dr. João MaiaElizângela Narcizo Silva de Araújo Ciep390 Chão de EstrelasEloísa de Oliveira BragaElza Gimenes Pereira C.E. Ministro Jose de Moura E Silva, São Gonçalo

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Erica do Vale Gomes Da Silva E.E. Dr. João MaiaErika Alvarenga Braga Serra C.E. Eunice Weaver NunesErmany Salles Aguiar dos SantoS E.E. Severino Pereira da SilvaErnani Iodalgiro da Costa Lima C. E. Lia Márcia Gonçalves Panaro, Duque de CaxiasEveline Soledade Silva E.E. Dr. Humberto Soeiro de Carvalho, São GonçaloEzilma Salles Aguiar dos Santos Ciep 464 BrizolãoFábia do Nascimento Melo CIEP 277 João Nicolao Filho - JanjãoFabiana Fagundes Ciep 259 Prof. Mª do Amparo Rangel Souza, MaricáFábio Alexandre Santos da Silva Escola Estadual Presidente Costa e SilvaFabio Goulart Coelho C.E. Santos Dias, São GonçaloFatima Cristina Ayrola de Carvalho C. E. Prof.ª Zélia dos Santos Côrtes, Nova FriburgoFatima Lucia Candida Moreira C.E. Irene MeirellesFátima Regina Machado Salles C.E. Cristóvão ColomboFernanda Barbosa Da Silva C. E. Vila PeçanhaFernanda Lopes Tenreiro C.E. Cizinio Soares Pinto, NiteróiFernando Rocha Fernando Tenório de Araújo Ciep. 24062852Flavia Diniz dos Santos Ciep 246 Profª Adalgisa Cabral de Faria, São GonçaloFlávia Lima de Souza C. E. Barão do Rio Bonito, Barra do Piraí e CIEP Brizolão 298Flavia Maria Ferreira de Oliveira Nova Iguaçu / MesquitaFlavia Tebaldi H. de Queiroz E.E. Visconde de Sepetiba, MagéFlavia Valeria F de Magalhaes C.E. Profº Dyrceu Rodrigues da Costa, Rio BonitoFrancisca Maria C Coelho C.E. Temistocles de AlmeidaFrancisca Therezinha P Marcato C.E. Rio Grande do SulGeny de Paula Pinheiro E.E.Professora Norma Toop UruguayGeovania Viana Neris CIEP 336 – Jornalista Otávio Malta, Campo GrandeGeridiana Alves da Silva E.E. Nobu Yamagata, São Pedro da AldeiaGerusa Elena Fort Pinheiro C.E.Barão do Rio Bonito, Barra do Piraí Giselle Maria Sarti Leal E.E. Profª. Norma Toop UrurayGuiomar Rodrigues Camargo Eees Golda MeierHelena Cristina Santos Lopes Nova Iguaçu / MesquitaHelena de Luna Araujo Filha C.E. Profª Diuma Madeira S. de SouzaHelena Espínola de Guzzi Zaú C.E Cel. Antônio Peçanha e C.E. Prof. Kopke, Três RiosHellem Toledo Barcelos E.E. Nobu Yamagata, São Pedro da AldeiaHenrique Cláudio dos Reis

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Hilda Braga da Costa CIEP 336 – Jornalista Otávio Malta, Campo GrandeHissako Hiroce Satoh E.E. Dr. Galdino do Valle FilhoIara da Silva de Oliveira E Souza Ciep 390 Chao de EstrelasIeda Andrade Trajano Ciep 147 Cecilio Barros Pessoa, Arraial Do CaboInez de Lemos Carvalho Nova Iguaçu / MesquitaIrineu Vieira do Nascimento E.E. Hilton GamaIvanir dos Santos Colégio Santo AntonioIvete Moraes de Souza E.E. Vital BrasilIvone Gravina Fialho C.E. Cuba e CIEP 241 Nação MangueirenseIvone Souza Mathias C.E. Profª Alvina Valerio da Silva, GuapimirimIvonea Limeira de Souza C.E. Elisiario Matta, MaricáIzabel Cristina Tavares Coelho CIEP Lírio do LagunaIzaeth Fragoso C.E. Prof. Aurélio DuarteJanete da Silva Reis Ciep 390 Chao de EstrelasJanete Pereira Bastos Cardoso C.E. Profª Alvina Valerio da Silva, GuapimirimJani Torres Janice da Costa Rocha Paixao Ciep 289 Cecilio BarbosaJanice Marçal da Conceição Janilce Guimarães da Silva Alvarenga CIEP 117 – Carlos Drumond de Andrade, Nova IguaçuJefferson Deivis Jorge Nova Iguaçu / MesquitaJefferson Santoro Instituto de Educação Rangel Pestana, Nova IguaçuJoão Alvez Bastos C.E. Theodorico FonsecaJoao Ildefonso C.E. Profº Horacio MacedoJocenilce Manhães de Oliveira C.E. Quinze de NovembroJocilene Aparecida Machareth Reguine C. E. Prof. Aurélio Duarte, CarmoJoelson Conceição da Silva C. E. Januário de Toledo Pizza, São Sebastião do AltoJorge Claudio Ribeiro Martins C. E. Presidente Castelo Branco, MesquitaJorge José da Silveira C. E. Sem Francisco Gallotti, Rio de JaneiroJorge Luiz Lourenço Nova Iguaçu / MesquitaJorgineth Maria de Oliveira CIEP Frei Agostinho FínciasJosiane Oliveira de Souza E.E. Alfredo PujolJuberte Andrade C. E. Santos Dumont, Volta RedondaJulia Maria Rozario de Oliveira C.E. Rui Guimaraes de AlmeidaJupiciara dos Santos Mattos Nova Iguaçu / MesquitaKarla da Silva Dunham Gava C.E. Alcindo Guanabara, Guapimirim

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Katia Regina M dos Santos C.E. Sao Francisco de PaulaKatiuscia Rangel de Paula CIEP 495 – Guignard, Angra dos ReisKedma Silva de Melo Ciep 390 Chao de EstrelasKenia Costa Gregório C.E. Lions Clube, ItaperunaLadejane Regina de Souza Ramalho RibeiroLaudiméia de S. Possidonio Colégio Estadual Sargento WolffLaura V. de Alcântara C.E. Prof. Alda B. dos Santos TavaresLea Maria Vieira de Souza E.E. Quintino Bocaiuva, Cachoeiras de MacacuLeandro Mendonça do Nascimento CIEP 320 – Ercília Antônia da Silva, Duque de CaxiasLeila Pires Muniz C. E. Barão do Rio Branco, Rio BonitoLeir Pires Muniz C. E. Barão do Rio Branco, Rio BonitoLenilson Duarte C. E. Professor José Medeiros de Camargo, ResendeLilia Rute Costa Cardoso C.E. Visconde de CairuLilian Gasparini C.E.André MauroisLílian Rodrigues CIEP 318Liliane Souza da Silva Tavares I.E. Thiago CostaLinete Guimaraes dos Santos Almeida Ciep 275 Lenine Cortes FalanteLivia Ramos Pimenta E.E. Aspino Rocha, Cabo FrioLúcia Helena Ferreira da Silva C. E. Profº Aragão Gomes, MendesLúcia Maria dos Santos C.E.Paulino BatistaLucia Maria dos Santos C.E. Paulino P Baptista, São GonçaloLúcia Maria Gomes Rosa Ciep BrizolãoLucia Maria Nunes da Silva Nova Iguaçu / MesquitaLucia Regina Barbosa dos Reis E.E. Lions ClubLucia Regina Junior Goncalves Ciep 394 Cândido Augusto Ribeiro NetoLuciana Gondim Pinheiro C.E. Mullulo da Veiga, NiteróiLuciana Nunes Viter I.E. Profª Ismar Gomes de Azevedo, Cabo FrioLuciane Semedo Henrique Nova Iguaçu / MesquitaLuciane Souza de Jesus C.E. Ivan VillonLuciene Gomes Martins Nova Iguaçu / MesquitaLuciene Monteiro Rosa E.E. Alcinda Lopes Pereira PintoLuciete Pinheiro Rodrigues Eugenio C.E. Romualdo Monteiro BarrosLucimar Neves C. E. Prof. Aragão Gomes, MendesLucineia do Nascimento Quintino E.E. Roberto SilveiraLucineia Ramos do Vale E.E. Alfredo Pujol

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Lucineide de Lima de Paulo Escola Estadual Vital BrasilLudmar de M. Lameirinhas Longo C.E.Maria Zulmira TorresLudmila Galindo Heidenfelder Scharts C.E.Almirante ProtógenesLuis da Silva Conceicao Ciep 048 Djalma MaranhaoLuiza Helena de Almeida CIEP 336 – Jornalista Otávio Malta, Campo GrandeLuzia Almeida Goulart Ciep 021 General OsorioLuzia de Cássia Espindola Machado C. E. Presidente Roosevelt, Volta RedondaLuzia Ribeiro S. Longobuco CIEP 099 Dr. Boulevard Gomes de Assumpção, Nova IguaçuLuzilaine Aguiar Lemos CIEP 467 Henriett Amado, Itaperuna-RJLydia Maria Tavares CEE Ubaldo de OliveiraMaelí Vieira Rosa de Souza C. E. Capitão Oswaldo Ornellas, São GonçaloMagali Alves Martins CES – Casa do Marinheiro, Rio de JaneiroMagda de Oliveira Bittencourt Azeredo C. E. José Carlos Boaretto, MacucoMagna Almeida de Souza C. E. Rio Grande do Norte, Volta RedondaMárcia Cristina Garin Borges E.E. Prof. Alfredo Balthazar da SilveiraMarcia Guimaraes da Silva Rocha C.E. Profª. Maria Terezinha de C. MachadoMarcia Milena Soares de Souza NiteróiMarcia Nunes Duarte C.E. Irmã ZéliaMarcia Regina Pacheco C.E. Aurelino Leal, NiteróiMarcia Regina R Belieny de Padua Ciep 150 Profª Amelia Ferreira S. Gabina, Cabo FrioMarcia Silva dos Santos Nova Iguaçu / MesquitaMarcilio Parreira dos Reis C.E. Almte. Barao de TeffeMárcio da Silva de Lima Ciep-418 Antônio Carlos Bernardes – MussumMarco Antonio Paulini Lopes E.E.Stella MatutinaMarcos Tomazine Ribeiro Ciep 391 Profº Robson Mendonça Lôu, MaricáMargareth Goncalves Mataruna C.E. Elisiario Matta, MaricáMaria Amelia Silva de A Serrazine C.E. Johenir Henriques ViegasMaria Angelica F M de Oliveira C.E. Prudente de MoraesMaria Angelica Vieira Lannes Ciep 122 Prof. Ermezinda Dionizio Necco, São GonçaloMaria Aparecida dos Reis Oliveira C.E. Rio Grande do SulMaria Aparecida M. dos Santos Nova Iguaçu / MesquitaMaria Armanda P. da Costa C.E. Visconde de CairuMaria Conceição Barroso C. E. Barão do Rio Branco, Rio BonitoMaria Cristina Sanches da Silva C.E. Prof. Alda B. dos Santos TavaresMaria Cristina Sartori C.E. Jose Matoso Maia Forte, Rio Bonito

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Maria da Conceição Alves Maria da Conceição C.de Oliveira C.E. Freire AllemãoMaria da Conceição de Lima Maria da Conceição Machado de Carvalho C. E. Chile, Rio de JaneiroMaria da Gloria De Castro Netto C.E. Brigadeiro Castrioto, NiteróiMaria da Gloria de Castro Netto NiteróiMaria das Graças João Ferreira C.E. Prof. Alda B. dos Santos TavaresMaria da Penha Silva Ornellas E.E.Corregio de CastroMaria de Fatima Alves Ferreira Nova Iguaçu / MesquitaMaria de Fátima dos Santos Guedes CIEP Brizolão 286 – Murilo Portugal, Barra do PiraíMaria de Fátima Portella E. E. Maurício de Abreu, SapucaiaMaria de Fátima Riguete CIEP 087Maria de Lourdes Souza Teixeira C.E. Mullulo da Veiga, NiteróiMaria de Lourdes Souza Teixeira NiteróiMaria de Lourdes Vaz S Dias Eees Edgard WerneckMaria Fernanda R.M.da Luz Maria Goreti Scott Pimenta C.E. Rui Guimaraes de AlmeidaMaria Goreth de Oliveira Barros CIEP 274 Maria Amélia Daflon FerroMaria Helena dos S Costa I.E. Clelia Nanci, São GonçaloMaria Helena Marques Henriques Eees Conde Afonso CelsoMaria Inês C. de Barros C.E. Rubens FarrullaMaria Ines Mexias Rodrigues I.E. Thiago CostaMaria Ines Rezende de Oliveira C.E. Guilherme Briggs, NiteróiMaria Jeanne da Silva CIEP 328 Marie CurieMaria José de Souza Santos CândidoMaria Jose de Souza Santos Candido C.E. Capitao Oswaldo Ornellas, São GonçaloMaria Lucia Martins Nunes Camargo C.E. Profº Jose MedeirosMaria Madalena Esteves Bastos C.E.Capitão Oswaldo OrnellasMaria Madalena Esteves Bastos C.E. Capitao Oswaldo Ornellas, São GonçaloMaria Rosangela Da Silva C.E. Servulo Mello, Silva JardimMaria Salete Lopes Paulo Eees Dr Cocio BarcellosMariléa A.Lucu C.E.Pedro Jacintho TeixeiraMarilene Neves Braga Novis NiteróiMarilia Silveira de Oliveira C.E. Antonio Lopes de Campos Filho, Rio BonitoMarilin Martins Ramada Eees Alcide de Gasperi

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Marilza Eduardo da Silva CIEP 336 – Jornalista Octávio Malta, Campo GrandeMarinez Sant Anna Luccesi C.E. Santa RitaMarinezia Fingolo Turques Ciep 500 Antonio BotelhoMarisa Albuquerque Mahon E.E. Pinto Lima, NiteróiMarise Rosalino do Couto E.E. Dep. Jose SallyMarisi Azevedo Ferreira C.E. Prof. Aurélio DuarteMaristela Silva da Paz Vieira Gomes C.E. Paulino P Baptista, São GonçaloMariza Rosa de Araujo Nova Iguaçu / MesquitaMarize Castilho Portal C.E. Aurelino Leal, NiteróiMarli Jane S. Araújo Ciep 390 Chao de Estrelas (Biblioteca)Marli Teresinha do Patrocinio Silva C.E. Cap de Fragata Didier B ViannaMarluci Nunes Pinheiro C.E. Santos DumontMarta de Freitas C.E. Celio Barbosa AnchiteMarta Janete Firmino A da Cruz C.E. Sargento WolffMarta Regina L. Ribeiro Nova Iguaçu / MesquitaMary Helen R L da Rosa Ciep 458 Hermes Barcelos, Cabo FrioMauricio Rodrigues Leal C.E. Frederico Azevedo, São GonçaloMiriã Rezende do Amaral Ciep 275 Lenine Cortes FalanteMírian de Mendonça Costa Pereira Mônica Luzia da Cunha Araújo CIEP 988 São José de SumidouroNadia Amara de Souza Santos C.E. Presidente BernardesNadirlei Ferreira Santos E.E.Maria Rosa TeixeiraNazare de Lourdes M Abreu C.E. Jose Matoso Maia Forte, Rio BonitoNeide da Conceição Evangelista Nova Iguaçu / MesquitaNeide da Costa Anchieta C.E. Walter Orlandine, São GonçaloNeiva Ribeiro Pereira Fraga E.E. Des. Alvaro Ferreira PintoNeli da Silva Santos Eees Ubaldo de OliveiraNelma Rosa de Souza C.E. Lions ClubeNelson Santa Rosa de Carvalho Jr C.E. Madre Teresa de CalcutáNely Guimaraes da Cruz C.E. Jose FonsecaNeusa Mosqueira Pinheiro C.E. Irene MeirellesNeuza Maria de Freitas Nova Iguaçu / MesquitaNilce Vânia da Silva Lopes CIEP 409 Alaíde de Figueiredo SantosNilce Vania da Silva Lopes Ciep 409 Alaide de Figueredo Santos, São GonçaloNilzeth M da S de M R De Mendonca C.E. Josué de Castro

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Patricia Luísa N. Rangel Nova Iguaçu / MesquitaPatrícia Souza E.E.ChilePatrícia Faustino da Silva C.E. Prof. Aurélio DuartePriscila Freitas de Souza C.E. Profº Jose de Souza MarquesRaquel Elisa de Latone Lopes I.E. Inocêncio de AndradeRaquel Martins de Souza universitária estagiáriaRegina Simões AlvesRejane Siqueira Paiva Nova Iguaçu / MesquitaRenata da Silva De Barcellos C.E. Tenente Otavio PinheiroRenata Sanches Gil Ciep 275 Lenine Cortes FalanteRenato Jose da Mata C.E. Gov Roberto SilveiraRicardo Gomes C.E. Carmem de Luca AndreioloRita de Fatima Pinto Vinhosa C.E. Temistocles de AlmeidaRita Maria da Silva C. De Sena Nova Iguaçu / MesquitaRoberta Enir Faria Neves Camoes E.E. Profº Oswaldo da RochaRosa Maria Ferreira Correa C.E. Prof. Aurélio DuarteRosa Maria Magalhaes C.E. Temistocles de AlmeidaRosa Maria Moreira Califfa E.E. Quintino BocaiuvaRosa Maria Ribeiro de Oliveira E.E. Praça da BandeiraRosane C. de Albuquerque Ciep 127 Frei Acursio A Gonzaga Bolwer, MagéRosangela Barbosa C.E. Pref. Luiz GuimaraesRosangela Coelho Barbosa C.E. Miguel Couto, Cabo FrioRosangela de Moraes Da Silva C.E. Sargento Antonio ErnestoRosangela Pereira Rocha Valeriano C.E. Temistocles de AlmeidaRosângela Vaterlor Monteiro Ciep 390 Chão de EstrelasRosani Santos Rosa Moreira C.E. Antonio HouaissRosânia Carvalho Piedade Santana E.E. Baltazar CarneiroRoseane Torres da Silva Carvalho Torres C.E. Pref. Francisco FontesRoselane da Rocha E.E. Oliveira BotelhoRoseli Leite da Silva C.E. MonteseRosicleia E.E. Dr. Christovam Berberéia-SJMTSandra Cristina Rodrigues Leite Nova Iguaçu / MesquitaSandra Regina Brito Curvelo C.E. Dr. Luciano Pestre, NiteróiSandra Regina Corrêa Guerra Delgado Silva C. E. Barão de MauáScheila Brasil Rodrigues S. Bullus C.E. Gov. Roberto Silveira

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Selma do Carmo Ribeiro Nova Iguaçu / MesquitaSelma Mouta Vasconcelos Nova Iguaçu / MesquitaSergio Luis Machado Nacif C.E. Johenir Henriques ViegasSergio Luiz Ferreira E.E. Etelvina Alves da SilvaSheila de Souza Pereira Araujo E.E. Quinze de NovembroSheila Santos Viana Ciep 412 Dr Zerbini, São GonçaloShirlei Duarte da Silva C.E. Pandia Calogeras, São GonçaloSilani Rangel de Azeredo Nova Iguaçu / MesquitaSilma Clea Salles de Sousa E.E. Quinze de NovembroSilvana Aparecida Ramos Assed C.E. Romualdo Monteiro BarrosSilvana Cantarino F da Silva E.E. Quintino Bocaiuva, Cachoeiras de MacacuSilvana Guimaraes Correa C.E. Pandia Calogeras, São GonçaloSilvania da Silva Guimarães Nova Iguaçu / MesquitaSilvia de Fátima Martins Ramos Ciep 467 Henriett AmadoSilvia Nascimento dos Santos CIEP 031 Lírio do LagunaSilvia Rosane Neves Wanderley Fuly C.E. Celio Barbosa AnchiteSimone Cristina Azeredo Amaral Ciep 259 Prof. Mª do Amparo Rangel Souza, MaricáSimone de Souza Raposo Carneiro C.E. Frei TomasSimone e Silva Medeiros Nova Iguaçu / MesquitaSimone Pralon de Oliveira CIEP Oswaldo AranhaSimone Regina Nogueira de Oliveira Nova Iguaçu / MesquitaSimone Soares Solange dos Santos Nova Iguaçu / MesquitaSonia Alves Cunha dos Santos C.E. Jaime Queiroz de SouzaSonia Baptista Ciep 458 Hermes Barcelos, Cabo FrioSonia Mara Ferreira Dos Santos Ciep 165 Brig Sergio CarvalhoSonia Mara Ferreira dos Santos Eees Prof. Clementino FragaSonia Maria Passos Ferreira C.E. André Maurois, LeblonSonia Maria Pereira Rosa E.E. Pracinha João da SilvaSonia Regina Paulucci Simoes C.E. CentenarioSonia Regina Sota Quintan C.E. Elvidio CostaSonja Heine Pereira da Silva (não inscrita) Stela Luiza Gomes Ferreira Ciep 365 Asa BrancaSueli Gardenia de Souza Ribeiro C.E. Antonina Ramos FreireSueli Carvalho de Souza CIEP 988 São Jose de Sumidouro

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Suely Magalhães StoschTania Cristina Silva Pacheco C.E. Montebello BondimTania Mara F. de Mendonça C.E.Casemiro MeirellesTania Mara Monteiro de Queiroz E.E. Quintino Bocaiuva, Cachoeiras de MacacuTânia Maria Fonseca de Freitas C.E. Profº Jamil El JaickTania Regina da Costa Araujo Nova Iguaçu / MesquitaTeresa Cristina Meire L. Neves Nova Iguaçu / MesquitaTerezinha de Castro Valeria Conceicao Souza Tardivor E.E. Coronel Jose Antonio TeixeiraValéria Marques Valéria Rolão Ribeiro C.E. Ubaldo de OliveiraVelma Leila de Freitas Simen C.E. Deodato LinharesVera Alice V de Carvalho E.E. Profª Alda Bernardo dos S. Tavares, MagéVera Alice Vieira Carvalho C.E. Prof. Alda B. dos Santos TavaresVera Lucia Andrade Abreu E.E. Rachel Reid Pereira de SouzaVera Lucia da Silva C.E. Joao de Oliveira Botas, Armação De BúziosVera Lucia Gomes da Silva, Nova Iguaçu / MesquitaVera Lúcia Oliveira de Siqueira CIEP 336 – Jornalista Octávio Malta, Campo GrandeVirginia Viceconte de A Teixeira E.E. Alcinda Lopes Pereira PintoWania Alves Nova Iguaçu / MesquitaWilma Pacheco dos Santos C.E. Santa RitaZuleida Soliva dos Santos C.E. de Mage, Magé

CapaDuplo Design www.duplodesign.com.br

DiagramaçãoAline Santiago Ferreira Duplo Design - www.duplodesign.com.brMarcelo Mazzini Coelho Teixeira Duplo Design - www.duplodesign.com.brThomás Baptista Oliveira Cavalcanti Tipostudio - www.tipostudio.com.br

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Prezados (as) Professores (as)

Visando promover a melhoria da qualidade do ensino, a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro realizou, ao longo de 2005, em parceria com a UFRJ, curso para os professores docentes de diferentes disciplinas onde foram apropriados os conceitos e diretrizes propostos na Reorientação Curricular. A partir de subsídios teóricos, os professores produziram materiais de práticas pedagógicas para utilização em sala de aula que integram este fascículo.

O produto elaborado pelos próprios professores da Rede consiste em materiais orientadores para que cada disciplina possa trabalhar a nova proposta curricular, no dia a dia da sala de aula. Pode ser considerado um roteiro com sugestões para que os professores regentes, de todas as escolas, possam trabalhar a sua disciplina com os diferentes recursos disponibilizados na escola. O material produzido representa a consolidação da proposta de Reorientação Curricular, amadurecida durante dois anos (2004-2005), na perspectiva da relação teoria-prática.

Cabe ressaltar que a Reorientação Curricular é uma proposta que ganha contornos diferentes face à contextualização de cada escola. Assim apresentamos, nestes volumes, sugestões que serão redimensionadas de acordo com os valores e práticas de cada docente.

Esta ação objetiva propiciar a implementação de um currículo que, em sintonia com as novas demandas sociais, busque o enfrentamento da complexidade que caracteriza este novo século. Nesta perspectiva, é necessário envolver toda escola no importante trabalho de construção de práticas pedagógicas voltadas para a formação de alunos cidadãos, compromissados com a ordem democrática.

Certos de que cada um imprimirá a sua marca pessoal, esperamos estar contribuindo para que os docentes busquem novos horizontes e consolidem novos saberes e expressamos os agradecimentos da SEE/RJ aos professores da rede pública estadual de ensino do Rio de Janeiro e a todo corpo docente da UFRJ envolvidos neste projeto.

Claudio Mendonça

Secretário de Estado de Educação

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SUMÁRIO

25 Apresentação

29 Que TV você vê? Fotografia, gráfico, crônica, tira em quadrinhos, ensaio Giselle Maria Sarti Leal, Maria de Fátima Riguete, Eliane Nogueira dos Santos Oliveira

46 A mulher e as mudanças sociais Crônica, propaganda e artigo de opinião Célia Regina da Mota, Eduardo José Paz Ferreira Barreto, Laudiméia da Silva Possidônio, Marta Janete Firmino Alves da Cruz

61 Futebol: uma linguagem universal Texto didático, crônica jornalística, crônica literária, conto. Ana Cristina Bonetti Brasil Soares, Tania Cristina Silva Pacheco

81 O trabalho empobrece o homem? Pintura, poema, canção, artigo de opinião, carta de leitor, charge, trecho de romance Izabel Cristina Tavares Coelho, Denise Gonçalves Rodrigues, Ivani dos Santos, Maria Armanda Pereira da Costa

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97 Por falar em namorar... Canção, divulgação científica, romance, crônica, quadrinhos, poema, notícia Ana Maria Lavinas Pereira, Ana Paula da Silva Araújo, Francisca Therezinha pereira Marcato, Lucinéia Ramos do Vale, Marta de Freitas, Sandra Regina C.G. D. da Silva, Sílvia Rosane Neves Wanderley Fuly

119 Anexo: Proposta de seriação da disciplina Língua Portuguesa

136 Bibliografia

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Apresentação 25

Português - Volume II

APRESENTAÇÃO

É com satisfação que apresentamos aos professores da Rede de Ensino do Estado do Rio de Janeiro estes quatro volumes, com sugestões de atividades didáticas para subsidiarem o trabalho da sala de aula de Língua Portuguesa, frutos da parceria entre professores das universidades federais e professores da rede pública de ensino básico do Rio de Janeiro.

Os trabalhos aqui reunidos – produzidos durante o curso de formação continuada, promovido pela UFRJ e pela SEE/RJ no segundo semestre de 2005, que reuniu cerca de 350 professores em pólos próximos às suas localidades de trabalho (Cabo Frio, Campos, Caxias, Niterói, Nova Friburgo, Nova Iguaçu, Rio de Janeiro e Volta Redonda) – são o resultado de uma profunda refl exão sobre questões relacionadas ao ensino da língua materna, da troca de experiências entre os professores e do debate sobre as diretrizes do documento de reorientação curricular elaborado no fi nal do ano de 2004, no âmbito dessa parceria.

Em todos os volumes, evidencia-se a preocupação em priorizar as atividades de leitura e produção textual, com base na concepção de que a escola deve incorporar em suas atividades os diferentes textos que circulam na sociedade, adequados aos diferentes contextos de produção. Assim, cada grupo escolheu um tema e selecionou textos de gêneros variados, para criar atividades didáticas que permitam ao aluno ampliar sua capacidade de leitura de mundo e interferência nas inúmeras situações sociais que exigem um cidadão consciente e atuante.

Cada unidade apresenta, inicialmente, informações gerais sobre o tema e os textos escolhidos (gênero textual, objetivo comunicativo predominante, contexto de produção, modo de organização discursiva predominante, recursos lingüísticos utilizados), compondo uma “fi cha técnica” da proposta didática, para facilitar ao professor a inserção no seu planejamento pedagógico. A seguir, apresentam-se as “atividades didáticas”, que podem ser xerografadas para utilização em sala de aula. Por último, uma “conversa com o professor”, que tem como objetivo comentar alguns aspectos relevantes para a aplicação das atividades.

Para apoiar o professor na utilização destes volumes, sugere-se a (re)leitura do documento de Reorientação Curricular de Língua Portuguesa, disponível nas escolas da rede estadual. Como instrumento de apoio para consulta cotidiana, incorporamos, ao fi nal de cada volume, a matriz curricular das séries correspondentes, relembrando que a refl exão sobre as questões gramaticais esteja sempre vinculada aos objetivos de leitura e produção de textos orais e escritos, e não

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26 Ensino Fundamental

se confi gure como um momento à parte na dinâmica da sala de aula, desvinculada dos reais objetivos do ensino da língua materna.

Agradecemos a dedicação dos professores cursistas e informamos que todos os trabalhos (selecionados ou não para impressão) serão disponibilizados no site da SEE/RJ e da UFRJ. Esperamos que os professores de Língua Portuguesa da rede estadual, que participaram ou não do processo de elaboração deste material didático, possam utilizar as sugestões propostas por seus colegas, enriquecendo-as com sua própria prática.

Somente com esse pensar (e essa prática coletiva) poderemos verifi car a real extensão de nosso Projeto, que sabemos ter sido amplo em sua estrutura e ousado em sua proposta – e visualizaremos nossos acertos e a necessidade de eventuais ajustes e desdobramentos. Afi nal, nosso objetivo é único: o fortalecimento do ensino de língua materna, sempre em prol de nossos alunos, vetores de nossos passos e de nossas preocupações como docentes. Todas as sugestões serão evidentemente muito bem-vindas.

Maria Cristina Rigoni CostaCilene da Cunha Pereira

Maria da Aparecida Meireles de PinillaMaria Christina de Motta MaiaMaria Emília Barcellos da Silva

Maria Thereza Indiani de OliveiraMariângela Rios de Oliveira

Regina Célia AngelimSigrid Castro Gavazzi

Maria Teresa Tedesco Vilardo Abreu

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PORTUGUÊS

Janeiro de 2006

PORTUGUÊS

Ensino Fundamental - Volume II

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Que TV você vê? 29

Português - Volume II

QUE TV VOCÊ VÊ?

APRESENTAÇÃO

Este trabalho propõe uma refl exão acerca da televisão enquanto um útil veículo de informação, mas, ao mesmo tempo, um nocivo instrumento cristalizador de modelos e papéis, que se sugere que sejam seguidos e desempenhados de maneira não refl etida. Pretende-se que, ao fi m desta unidade, os alunos sejam capazes de reconhecer as intenções e interesses veiculados pelo discurso midiático televisivo, e que se tenha iniciado um processo de conscientização acerca de sua atitude crítica diante da tv que ele vê.

Reunimos diversos textos de diferentes gêneros – desde textos não verbais e tirinhas, até crônicas e artigos de revistas – para que os alunos tenham recursos diversifi cados para refl etir acerca do papel social da programação televisiva no curso da história. Os textos que compõem esta proposta de material didático apresentam as seguintes características, de acordo com seus objetivos discursivos.

Dividimos a presente unidade em 3 seções, a saber: (1) A TV que todo mundo vê; (2) O que dizem na TV; e (3) O que dizem da TV. Em cada uma, propomos atividades de compreensão oral e escrita dos textos selecionados. Ao lado dos textos e atividades, criamos o “Psiu?!” e “A língua em uso”, que são sugestões de formas para você pode trabalhar os textos e temas relacionados a eles, bem como lembretes dos assuntos que podem ser abordados de acordo com o gênero textual e com as construções lingüísticas presentes.

Objetivos principais • Ampliar a competência discursiva dos alunos por meio de atividades de leitura e produção de textos orais e escritos, adequando-se às diferentes situações de interlocução.

• Desenvolver o domínio de aspectos discursivos e gramaticais da língua em uso como suporte para o desenvolvimento das habilidades de leitura e produção.

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30 Ensino Fundamental

Gêneros textuais trabalhadosFotografi a, gráfi co, crônica, tira em quadrinhos, ensaio, artigo de opinião

Detalhamento das características dos textos trabalhadosOs textos que compõem esta proposta de material didático apresentam as seguintes características, de acordo com seus objetivos discursivos:

Texto 1

Gênero

Fotografi a

Objetivo comunicativo predominante

Registro de um dado momento

Contexto de produção

Foto produzida para a revista Época, maio/ 98, concernente à venda de produtos em lojas.

Modo de organização discursiva predominante Linguagem não-verbal

Recursos utilizados pelo autor Recursos visuais

Texto 2 – Gráfico sobre audiência televisiva na região do Grande Rio ( www.almanaqueibope.com.br)

Gênero

Gráfi co

Objetivo comunicativo predominante

Organização de informações estatísticas

Contexto de produção Gráfi co estatístico referente a cinco programas de maior existência na região do Grande Rio de Janeiro. Programação diária com audiência domiciliar de 3.430.600.

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Que TV você vê? 31

Português - Volume II

Modo de organização discursiva predominante Linguagem não-verbal

Recursos utilizados pelo autor Recursos visuais e numéricos

Texto 3 - “O mundo da televisão” ((POLIZZI, Valéria. Papo de Garota. Ed. Símbolo e Ed. Nome da Rosa. SP, 2001. pp. 25-27)

Gênero

Crônica

Objetivo comunicativo predominante Relatar situação vivida e os sentimentos que envolvem o protagonista

Contexto de produção Narrativa que impinge crítica ao uso excessivo da televisão pelo jovem

Modo de organização discursiva predominante Narrativa

Recursos lingüísticos utilizadosVerbos no pretérito perfeito/ imperfeito.

Advérbios que marcam a seqüência de ações. Adjetivos que caracterizam os sentimentos dos personagens.

Texto 4 – Mafalda (Quino – Toda a Mafalda – 1978, 4ª edição, Publicações D.Quixote)

Gênero Tira em quadrinho

Objetivo comunicativo predominante

Crítica a uma dada situação: Uso excessivo da televisão

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32 Ensino Fundamental

Contexto de ProduçãoCriado por Quino, chargista argentino, tendo a personagem Mafalda se tornado popular pelo senso altamente crítico de suas abordagens dos aspectos sociais.

Modo de organização discursiva predominante

Diálogo

Recursos utilizados Recursos não –verbais e verbais: vocativo, marcas de interlocução, procedimentos de perguntas e respostas, frases interrogativas; verbos no gerúndio.

Texto 5 – “Querida TV” (PIRES, Marcelo. Revista Quem. Agosto de 1999. p. 116)

Gênero

Crônica

Objetivo comunicativo predominante Indicar opinião acerca de dado assunto, demonstrando proximidade com o interlocutor.

Contexto de ProduçãoTexto retirado da Revista QUEM, dirigida a jovens, visa a mostrar o texto despojado, indicando a crítica a assuntos importantes para a informação do público a que se destina a revista. .

Modo de organização discursiva predominanteNarrativa

Recursos lingüísticos utilizados

Traços marcantes da oralidade: como, por exemplo, o uso de gírias.

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Que TV você vê? 33

Português - Volume II

Texto 6 - “Televisão: A Vida Pelo Vídeo” (FILHO, Ciro Marcondes. São Paulo: Moderna. 1988)

Gênero

Ensaio

Objetivo comunicativo predominante

Exposição de ponto de vista com apresentação de diferentes aspectos

Contexto de Produção Ensaio publicado no livro A vida pelo Vídeo, de Ciro Marcondes Filho, importante autor da área de comunicação.

Modo de organização discursiva predominante

Expositivo- argumentativo

Recursos lingüísticos utilizados pelo autor Argumentação, contra-argumentação, orações subordinadas

Texto 7 – “A publicidade na TV” ((FILHO, Ciro Marcondes. Televisão: A Vida Pelo Vídeo. São Paulo: Moderna. 1988. p. 77-80)

Gênero Ensaio

Objetivo comunicativo predominante

Expor ponto de vista a cerca do tema Televisão

Contexto de ProduçãoTexto crítico publicado por Ciro Marcondes Filho no livro A publicidade na TV, em que o autor apresenta uma acurada análise crítica da veiculação da publicidade na TV.

Modo de organização discursiva predominanteExpositivo- argumentativo

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34 Ensino Fundamental

Recursos Lingüísticos utilizados

Argumentação, exemplifi cação, através de casos.

Uso de comparações, orações subordinadas, conclusivas e causais.

Texto 8 - Mafalda (Quino – Toda a Mafalda – 1978, 4ª edição, Publicações D.Quixote)

Gênero

Tira em quadrinhos

Objetivo comunicativo predominanteCrítica a uma dada situação: Uso excessivo da televisão

Contexto de ProduçãoCriado por Quino, chargista argentino, tendo a personagem Mafalda se tornado popular pelo senso altamente crítico de suas abordagens dos aspectos sociais.

Modo de organização discursiva predominante

Diálogo

Recursos utilizados Recursos não–verbais e verbais: vocativo, marcas de interlocução, procedimentos de perguntas e respostas, frases interrogativas; verbos no gerúndio.

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Que TV você vê? 35

Português - Volume II

ATIVIDADES DIDÁTICAS

A TV que todo mundo vê

Pra começo de conversa...

Leitura

1. O que vem à sua mente ao olhar esta imagem?

2. Por que as televisões fi cam normalmente ligadas dentro das lojas?

3. Que papel a televisão está exercendo nesta imagem?

4. Podemos afi rmar que a televisão infl uencia opiniões e comportamentos nas diferentes camadas de nossa sociedade. Que tipo de infl uência ela exerce sobre as pessoas economicamente desfavorecidas?

5. E sobre você, que tipo de infl uência a televisão tem exercido?

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36 Ensino Fundamental

1. O que andam vendo por aí,

de acordo com o gráfi co?

2. Podemos ver que as telenovelas

são as líderes de audiência.

Na sua opinião, por que isso acontece?

3. Qual o seu programa preferido? Por quê?

Fonte: www.almanaqueibope.com.brReferente aos 5 programas de maior audiência na região do

Grande Rio de Janeiro – programação diária de 06h às 05h59Audiência domiciliar (3.430.600 domicílios)

Leitura

O Mundo da Televisão

“Depois de passar horas em frente à televisão, pulando de canal em canal, de programa de auditório para novela, de novela para telejornal, de telejornal para videoclipe, de videoclipe para propaganda, a garota deu um clique final no controle remoto e a tela escureceu. Em uma fração de segundo, aquele mundo de cubo animado, colorido e fascinante, havia desaparecido.

Silêncio.

Uma sensação de vazio tomou conta da sala. E a garota teve a nítida

impressão de que o mundo em que estava era menos real do que dentro da tevê. Lembrou-se de quando era criança e achava que televisão era isso mesmo: um mundo real com minúsculas pessoas vivendo dentro do aparelho. Por que agora quem se sentia minúscula era ela?

Solidão.

Clique, ligou a tevê de novo. Som, música, pessoas alegres e sorridentes, palmas, folia. Até a desgraça parecia um show. Isso deveria ser triste, muito triste. Mas parece que a gente vai se acostumando, se acostumando.. Não! Clique, desligou novamente.

A sala vazia, o chiado do silêncio. O ato de desligar abria um espaço em sua cabeça e era em si mesma que começava a pensar. Seus problemas, sua rotina mecânica e sem

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Que TV você vê? 37

Português - Volume II

graça, sua vida sem sabor, era isso! A vida na tela tinha sabor. Clique, ligou outra vez. (...)

Nossa, suas costas já estavam doendo de tanto sofá. Clique, desligou. Além do mais, ela não era a única. Conhecia muita gente que ligava a tevê assim que chegava em casa.

Clique. Ligou a televisão e ficou pensando que daria tudo para entrar naquele aparelho e pertencer àquele mundo, ainda que só por um dia. E de lá de dentro olharia para a menina aqui fora, sentada no sofá. Quem sabe assim gostaria mais dela, se sentiria um pouquinho especial...”

(POLIZZI, Valéria. Papo de Garota. Ed. Símbolo e Ed. Nome da Rosa. SP, 2001. pp. 25-27)

Leitura e língua em uso

1. A autora desta narrativa – O Mundo da Televisão – faz uma crítica à programação televisiva. Trata-se de uma crítica positiva ou negativa? Transcreva o trecho em que esta crítica está evidente.

2. Sabemos que o conto é um gênero textual construído em torno de um confl ito da(s) personagem(s). Aponte-o e caracterize-o no trecho acima.

3. Releia o primeiro parágrafo do texto:

“Depois de passar horas em frente à televisão, pulando de canal em canal, de programa de auditório para novela, de novela para telejornal, de telejornal para videoclipe, de videoclipe para propaganda, a garota deu um clique final no controle remoto e a tela escureceu. Em uma fração de segundo, aquele mundo de cubo animado, colorido e fascinante, havia desaparecido.”

O que é possível inferir sobre a repetida mudança de canal da garota?

4. Observe a expressão utilizada pela autora: “A sala vazia. O chiado do silêncio”.

Vemos aí a junção de vocábulos que expressam idéias contrárias. Desenvolva esta afi rmação, incluindo em sua resposta, a possível intenção comunicativa da autora.

O que andam vendo por aí...

O gráfi co a seguir nos apresenta dados referentes à média percentual de audiência domiciliar de sete tipos de programas televisivos das emissoras de tv: Bandeirantes, Corcovado (CNT), Globo, Record, Rede TV!, SBT e TVE Brasil. O período dessa pesquisa do Ibope compreende a semana de 31/10 a 06/11/2005.

Observe-o e analise-o com atenção.

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38 Ensino Fundamental

Laboratório de textos

Nas atividades de leitura, você conheceu um pouco mais sobre esta nossa ilustre companheira: a TV.

Agora, com a orientação do professor, descubra o que andam vendo por aqui, em sua escola.

• Reúna-se a um grupo de colegas para realizar a tarefa.

• Juntos, vocês realizarão uma enquête sobre a preferência de programação televisiva dos membros da escola.

• Cada grupo da sua turma pode se encarregar de entrevistar um grupo. Pessoas com diferentes funções podem ser ouvidas: pessoal do grupo de apoio, professores, diretores, alunos de diferentes séries e/ou faixas etárias.

• Após a coleta de dados, cada grupo produzirá um gráfi co apresentando os resultados da pesquisa para futura exposição na escola.

Sugestão: peça a ajuda de seu professor de matemática para a elaboração do gráfi co.

O que dizem da TV?

Veja o que Mafalda diz da TV...

Quino – Toda a Mafalda – 1978, 4ª edição, Publicações D.Quixote

(QUINO,Toda a Mafalda-Lisboa,Publicações D.Quixote, 1987- )

Leitura, língua em uso e produção de texto

1. Na tira acima, observamos a posição de Mafalda em frente à televisão. Existe alguma relação entre sua posição e sua fala? Justifi que.

2. Nas expressões: “Que estás a fazer” e “Estou a pensar”, verifi ca-se a presença da contribuição verbal: verbo estar mais infi nitivo, característica do português usado em Portugal, diferente do

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Português - Volume II

usado no Brasil. Há uma escolha predominante dos brasileiros por uma outra forma? Que forma é essa?

3. Levando em conta o sentido global da tira acima, o que se pode concluir acerca da opinião da personagem Mafalda sobre a televisão?

4. E você, o que você diz da TV?

Leia o que Marcelo Pires escreveu sobre a TV

“Querida TV”

Seguinte: nem sei como falar, é chato pra burro, tô um pouco sem jeito, mas preciso dizer que, sei lá, acho que nossa relação se desgastou recentemente. Ando meio desligado de você, confesso. Hoje em dia prefiro passar meu tempo livre com o aparelho de som, um velho amigo, do que com você. Sei lá, você pode dizer que sou eu que ando numa fase chata, penta demais, mas, convenhamos, você tem abusado da minha paciência, sempre os mesmos papos, fico até sem jeito de comentar.

O que você pensa? Que eu vou fazer de conta que essas xuxélicas, essas angélisteus, essas xuxilianas já não cansaram a beleza da gente? Por você ter ficado tão careta, tão mesquinha, é que eu cansei (...)

Por isso, TV, acho que é legal a gente dar um tempo. Nós tivemos bons momentos. Noites bacanas, um na frente do outro. Mas agora deu. Vou saltar fora. Tchau. A gente se vê. Ou não.

(PIRES, Marcelo. Revista Quem. Agosto de 1999. p. 116)

Leitura, língua em uso e produção de texto1. Observando a tipologia do texto acima, a que gênero podemos associá-lo? Cite exemplos contidos nele que comprovem sua resposta.

2. O escritor caracteriza sua relação com a TV semelhante a de um namoro. Retire do texto expressões usadas por ele que confi rmam isso.

3. A relação do escritor com a TV se tornou cansativa por quê?

4. Podemos observar ao longo do texto uma certa informalidade muito comum nesse gênero textual. Qual a intenção do autor ao optar por escrever assim?

5. Há elementos no texto que caracterizam o discurso como pertencente a determinado grupo social.

a) Identifi que que grupo é esse.

b) Dê exemplos desses elementos.

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40 Ensino Fundamental

6. Observe o uso do verbo DAR nas seguintes expressões:

“...acho que é legal a gente dar um tempo.”

“Mas acho que agora deu.”

Sabemos que o verbo DAR é um verbo BITRANSITIVO, ou seja, seleciona um objeto direto e um objeto indireto em seu predicado (quem DÁ, DÁ algo a alguém). No entanto, nos dois extratos do texto, essa bitransitividade não ocorre. Observa-se, portanto, uma modifi cação no uso ou no sentido do verbo em questão. Em que sentido(s) ele foi usado nos exemplos acima?

FIQUE ANTENADO!!!Música: Televisão, de Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Tony Belloto.Livro: Televisão: A Vida pelo Vídeo, de Ciro Marcondes Filho.Site: www.tudosobretv.com.br

Observe esse títuloFASCÍNIO, MODELOS E LINGUAGEM DA TV

No texto abaixo, o autor discorrerá sobre três aspectos da TV, seus fascínios, seus modelos e sua linguagem. O que esse título sugere?

Agora, vamos ler o textoTodas as noites, às oito horas, a casa de vovó ficava cheia. Uns chegavam em cima da hora, outros já estavam lá esperando desde cedo. Conversavam sobre muitos assuntos, mas o motivo mesmo de tão freqüente visita era a televisão.

Vovó era a única da rua que possuía televisão. Eu me lembro que, nos domingos à tarde, toda a molecada da rua vinha à casa da vovó assistir à televisão. Ficavam empoleirados na escada, e não havia espetáculo mais atraente do que aquele cineminha de graça.

Talvez por já estar acostumado, eu conseguisse entender o porquê de tamanha curiosidade quanto aos desenhos animados: o aparelho era uma grande novidade.

À noite, mudava o público. Antes, a casa da vovó não ficava tão cheia, com tanta freqüência. Com a chegada do aparelho, as pessoas vinham, cumprimentavam-se, sentavam-se e logo começavam a ver televisão. Eram os “televizinhos”, como se dizia na época.

Hoje isso já não existe porque todo mundo tem televisão. O aparelho tornou-se presença obrigatória nos lares.

A televisão daquela época era mágica. Embora transmitisse em branco e preto programas feitos sem profissionalismo, com imagens tecnicamente ruins, ela possuía um fascínio único.

As pessoas falavam com os apresentadores, achando que estavam sendo vistas, paravam de conversar a cada momento, ficavam magnetizadas pelo novo aparelho e

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Que TV você vê? 41

Português - Volume II

só voltavam ao normal quando o desligavam. Mas sua sedução permanecia. Desligar o aparelho parecia um retorno ao ambiente de casa, ao cotidiano, à mesmice das estórias de rua, dos parentes, dos amigos. Ligá-lo, ao contrário, abria um espaço para se entrar em outros mundos.

Muito se falou – e ainda se fala – que a televisão veio suprimir o diálogo doméstico, a conversa das pessoas. Pode ser. Em alguns casos. Em outros, ela veio introduzir diálogos e discussões.

Por ser um meio totalizante, ela inova, apresentando exemplos de vida, de ambientes, de situações que acabam funcionando como modelos. Se as conversas domiciliares giravam em torno do conhecido ( a rua, a família, os parentes)ou da vida pública ( a política, a religião, o futebol), a televisão traz agora “novos momentos”, novas realidades, que mostram mundos desconhecidos e inovadores para o público. Nesse sentido, ela amplia os antigos horizontes de discussão e o diálogo das pessoas,

Dilatando sua vivência com esses novos dados. O rádio executava essa função deforma menos marcante e, sendo um veículo parcial, a imaginação do ouvinte completava o quadro, imaginando a cena. A mensagem, portanto, restringia-se ao previamente conhecido.

A televisão fascina por outros meios e de maneira mais perspicaz que as demais formas de comunicação: ela introduz uma linguagem diferente, que primeiro atrai o receptor, para depois ser incorporada por ele. Nessa medida, ela muda completamente – através de um fato técnico, de sua linguagem – os hábitos de recepção e de percepção da sociedade e da cultura.

(FILHO, Ciro Marcondes. Televisão : A Vida Pelo Vídeo. São Paulo: Moderna. 1988)

Leitura

1. Releia esta sentença: “A televisão daquela época era mágica”. A que época ela se refere? E por que “ela era mágica”?

2. Você concorda com a afi rmação: “O aparelho tornou-se presença obrigatória nos lares”? Justifi que.

3. Em que sentido, de acordo com o texto, a televisão introduz diálogos e discussões?

4. Busque no texto passagens que descrevem fascínios da TV.

5. O texto afi rma que a televisão, “por ser um meio totalizante,[...] inova, apresentando exemplos de vida, de ambientes, de situações que acabam funcionando como modelos”. Isso ocorre porque a imagem nos agrada e nós desejamos viver daquela maneira. Por exemplo, a “loira-magra” é o padrão de beleza; a fi gura da empregada, em geral, é negra; “não é assim uma Brastemp” é sinônimo de má qualidade.

Além desses exemplos, existem muitos outros. Discuta com seus colegas e aponte outros tipos de modelos que atraem os telespectadores e são incorporados por eles.

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42 Ensino Fundamental

Agora é sua vez

Produção de texto

Nesta secção você conheceu e analisou opiniões diversas a respeito da TV. Alguns são a favor, outros contra. Outros manifestaram certa neutralidade. E você mesmo já teve oportunidade de expressar sua opinião.

E agora? Após a leitura desses textos, seu posicionamento ainda é mesmo? Ou será que mudou? Ou você está ainda refl etindo um pouco mais?

Que tal, então, colocar suas refl exões no papel?

Redija um texto que expresse sua opinião sobre a TV. Mas lembre-se de que você deve basear-se em argumentos que reafi rmem o que você defende.

Antes de redigir seu texto...

a) Defi na qual é a sua posição:·

• A TV contribui para introduzir novos diálogos e discussões acerca de diferentes realidades.·

• A TV tem o poder nocivo de fi xar e /ou alterar padrões de comportamento.

b) Reúna os argumentos que favorecem sua posição.

c) Reúna os argumentos que favorecem a posição contrária à sua.

Intervalo Comercial

Você sabia?

• Que a publicidade existe há muito tempo?

• Que ela exerce uma ação psicológica sobre o público, com fi ns políticos e/ou comerciais?

• Que a televisão funciona como uma vitrine?

• Que a publicidade pode, também, prestar serviços à população, divulgando informações úteis como campanhas de educação, saúde e transporte?

• Que a emissora precisa vender o seu intervalo comercial para ter dinheiro para fazer os programas?

• E que o anunciante precisa de um meio de comunicação efi ciente para mostrar seu produto ao maior número possível de pessoas?

• Que é você quem faz a audiência – como telespectador – e é você quem paga a publicidade – como consumidor?

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Que TV você vê? 43

Português - Volume II

• Que a infl ência da publicidade faz parecer indispensáveis produtos novos que nunca fi zeram parte de nossas vidas?

EntãoFique alerta para não se deixar enganar com as técnicas e truques da publicidade e suas falsas promessas!!!!

Para saber mais a respeito da publicidade, leia com bastante atenção o texto a seguir

Em meio a homens altos e mulheres bonitas que tomam cerveja, surge um baixinho de boné. Em pé, diante de um balcão alto, ele toma um copo enorme de cerveja, ao som de uma canção que diz ser aquela uma “graaaaaande cerveja”. A desproporção entre a altura desse homem e a dos demais elementos do cenário é mero acaso? De forma implícita, o que pretende o anunciante?

A Publicidade na TV

O pesquisador Jesús Martín Barbero diz que, através da publicidade, nossa sociedade constrói dia a dia a imagem que cada um tem de si. Para ele, a publicidade é um espelho, apesar de bem deformado, pois a imagem do lado de lá é muito mais bela que a imagem do lado real.

A publicidade, no passado, teve a função de vender produtos. Era sua razão de ser. Hoje, ela tem outra função muito especial: a de demonstração de modelos a serem seguidos, isto é, a apresentação de padrões físicos, estéticos, sensuais, comportamentais, aos quais as pessoas devem se amoldar. A publicidade dita as regras de reconhecimento e valorização social. [...]

Se no passado ela funcionava como a TV, as revistas, o cinema, apresentando indiretamente esses modelos estéticos, hoje a venda de mercadorias – sua aparente razão de ser – tornou-se secundária. Em primeiro lugar, ela vende, define, idealiza os modelos estéticos, sexuais e comportamentais.

Além disso, a publicidade na sociedade industrial capitalista funciona como um reforço diário das ideologias, do princípio da valorização das aparências, da promoção de símbolos de status (carros, roupas, ambientes, bebidas, jóias, objetos luxuosos de uso pessoal). De certa maneira, como no humor, a publicidade reforça também as tendências negativas, encobertas ou disfarçadas da cultura. Ela confirma diferenças, segregações, distinções, trabalhando em concordância com os preconceitos sociais e com as discriminações de toda espécie [...]. Em suma, ela é produzida para estar de acordo e, portanto, para reforçar as desigualdades e os problemas sociais, culturais, étnicos ou políticos. Essa função reforçadora é seu suporte para a venda de mercadorias, pois, ao mesmo tempo que incita o consumo, é o próprio veículo, o transporte dos valores e dos desejos que estão ancorados na cultura que as consome. As mercadorias trazem em si, incorporado, tudo aquilo que a sociedade deseja, e por isso são consumidas.

[...]

A publicidade, especialmente a de TV, veicula valores: a raça branca (dominante) é transmitida, por exemplo, como a única bela, modelar, válida. No Peru, na África, no Nordeste brasileiro, a criança branca de olhos azuis, docemente cuidada por sua mãe loira, de cabelos sedosos e aveludados, é o tipo ideal de publicidade.

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44 Ensino Fundamental

A pesquisadora alemã Karin Buselmeler realizou uma interessante pesquisa sobra a imagem da mulher na televisão. Ela constatou, em primeiro lugar, que a mistificação do trabalho doméstico ocorre de forma mais clara na publicidade, colocando os afazeres de casa como um “trabalho nobre” de mulher. A mulher aparece nesses quadros como a responsável pela felicidade da família, felicidade só atingível pela aquisição de produtos oferecidos pela publicidade. O filho teria poucas chances de brincar no parque infantil se não cuidasse atentamente de seus cabelos; o marido, se não possuir a camisa branca, brilhante, será olhado de modo atravessado pelos colegas. De tudo isso a mulher tem que cuidar.

[...]

Em resumo, concluímos então que a publicidade trabalha através da promoção de puras aparências: não se compram mercadorias por suas qualidades inerentes nem pelo seu valor de uso, mas pela imagem que o produto veicula no ambiente da vida do consumidor. Nenhuma dessas mercadorias realiza de fato o que promete, isto é, nenhum cigarro propicia aventuras, nenhum carro traz vida luxuosa, nenhum uísque conquista mulheres. Em todos esses casos, o produto é inteiramente secundário: as pessoas são seduzidas por alguma coisa que está fora e muito além dele.

(FILHO, Ciro Marcondes. Televisão: A Vida Pelo Vídeo. São Paulo: Moderna. 1988. p. 77-80)

Leitura e língua em uso1. O autor afi rma em seu texto que a publicidade tinha uma função no passado, que era a de vender produtos. Hoje, porém, ela tem outra função muito especial: a de demonstração.

a) Que demonstração é esta?

b) E o que ela pretende vender?

2. O pesquisador Jesús Martín Barbero compara a publicidade a um espelho. Qual a relação entre eles?

3. Sabemos que existem palavras que têm a função de estabelecer uma relação de sentido entre duas ou mais orações, como por exemplo nas linhas 2 e 3 do texto lido:

“(...)Para ele, a publicidade é um espelho, apesar de bem deformado,(...)”

a) Identifi que essa(s) palavra(s) e transcreva-a(s) abaixo, indicando o sentido que ela(s) estabelece(m).

b) Como são chamadas essas palavras?

4. No sexto parágrafo, a expressão “trabalho nobre” aparece entre aspas.

a) Qual o efeito causado pelas aspas no texto?

b) Qual o sentido da expressão trabalho nobre?

5. Ao introduzir o último parágrafo, o autor utiliza a expressão “em resumo”.

a. Qual a função deste parágrafo em relação ao texto?

b. Quais as principais informações contidas nesse parágrafo?

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Que TV você vê? 45

Português - Volume II

c. Qual a relação que se pode estabelecer entre as informações contidas nesse parágrafo e as informações contidas nos parágrafos anteriores?

d. De acordo com a pesquisa desenvolvida pela alemã, como a mulher é vista na publicidade?

Observe a tirinha abaixo

(QUINO, Toda a Mafalda. Lisboa, Publicações D. Quixote, 1987)

Leitura

1. Por que a personagem da tirinha, Mafalda, fi cou tão revoltada com a propaganda?

2. Qual a intenção do produtor da propaganda ao afi rmar que até uma criança poderia manusear a máquina de lavar anunciada?

3. Que relação é estabelecida com o telespectador ao ser usado o termo “minha senhora”?

Laboratório de textos

Depois de termos trabalhado com os textos sobre a publicidade na TV, obtivemos informações que nos permitiram perceber que ela faz um apelo à nossa fantasia.

Chegou a sua vez, então, de analisar as mensagens, identifi cando os apelos usados por ela, como: sucesso, conforto, liberdade, conquista, riqueza, etc.

Sua tarefa é• Observar diferentes propagandas na TV, identifi cando as mensagens transmitidas ao telespectador;

• Escolher, ou criar um produto e elaborar um comercial para convencer seus colegas de classe a comprá-lo.

Assistir à televisão não é apenas sentar e ver.É necessário...

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46 Ensino Fundamental

A MULHER E AS MUDANÇAS SOCIAIS

APRESENTAÇÃO

Provocação “Uma mulher já é bastante instruída quando lê corretamente as suas orações e sabe

escrever a receita de goiabada. Mais do que isso seria um perigo para o lar”

(Charles Expilly) 1

Ou, pelo menos, era assim que se pensava no início do século passado. Na verdade, assim se pensou durante muitos e muitos anos. Hoje em dia, no entanto, as coisas são bem diferentes, não é verdade? Cada vez mais, as mulheres conquistam seu espaço e mostram que são capazes de atuar competentemente em todas as áreas da sociedade.

Objetivo principal • Ampliar a competência discursiva dos alunos por meio de atividades de leitura e produção de textos orais e escritos, adequando-se às diferentes situações de interlocução.

• Desenvolver o domínio de aspectos discursivos e gramaticais da língua em uso como suporte para o desenvolvimento das habilidades de leitura e produção.

Gêneros textuais trabalhadosCrônica, propaganda e artigo de opinião

1 EXPILLY, Charles. Mulheres e costumes do Brasil. Trad. Gastão Penalva. São Paulo: Nacional; Brasília: INL, 1977.

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A mulher e as mudanças sociais 47

Português - Volume II

Detalhamento das características dos textos trabalhadosOs textos que compõem esta proposta de material didático apresentam as seguintes características, de acordo com seus objetivos discursivos:

Texto 1 - “Na escola” (ANDRADE, Carlos Drummond de. In: Para gostar de ler. v. 1 - crônicas. São Paulo: Ática, 1980.)

Gênero

Crônica

Objetivo comunicativo predominante

Contar acontecimentos, fatos ou episódios a partir de uma situação do cotidiano, neste caso, episódio (verídico) ocorrido em sala de aula; registrar e questionar hábitos e costumes de uma determinada época (no contexto, a professora usar ou não calças compridas); questionar o uso de uniforme escolar; expor a atitude contraditória da professora ‘democrática’.

Contexto de produção

A crônica foi publicada no fi nal dos anos 602, momento que marca mudanças nas relações sociais e na vida doméstica, devido aos movimentos de liberação da mulher. Ao relatar episódio ocorrido em sala de aula, o cronista questiona costumes relativos ao vestuário feminino e escolar e questiona o conceito de atitude democrática, através de uma posição contraditória da professora.

Modo de organização discursiva

Narrativo

Recursos lingüísticos utilizados

• Predominância de verbos no pretérito (narração) e do presente do indicativo.

• Presença do discurso direto

• Ocorrência de palavras e expressões da linguagem coloquial, registro informal, gírias etc.

2 Não conseguimos localizar a data de publicação dessa crônica. Entretanto, pelo vocabulário e pelas expressões nela presentes, talvez se possa dizer tratar-se de um texto de fi ns dos anos 60 ou do início da década de 70. Cf. o que consigna o Novo Aurélio sob o verbete mídi: “diz-se da roupa feminina (vestido, saia ou casaco) que atinge a altura da canela. [O t. data do fi m da década de 60]”. (FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio século XXI: o dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999) [grifo nosso]

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48 Ensino Fundamental

Texto 2 - “Mulher viva usa camisinha” (“Mulher Viva” – ONGs e vários órgãos governamentais. Rio de Janeiro, 2005.)

Gênero

Propaganda/cartaz publicitário

Objetivo comunicativo predominante

Divulgação da importância do uso de preservativos para proteção de DSTs; persuasão.

Contexto de produção

Publicado em janeiro/2005, este texto publicitário tem a cara do século 21, já que se dirige à mulher para persuadi-la a exigir do parceiro o uso de preservativo para proteger-se das DSTs, doenças também tipicamente atuais.

Modo de organização discursiva

Narrativo

Recursos lingüísticos + não-lingüísticos

• Linguagem verbal aliada à linguagem não-verbal (imagem: preservativo - quase uma “auréola” sobre o laço de fi ta).

• Frase concisa constituída de substantivo + adjetivo + verbo + substantivo

• Ambigüidade do adjetivo.

• Emprego do verbo no presente do indicativo no sentido de “indicar ação habitual ou ainda ação permanente, ou assim considerada, como uma verdade científi ca, um dogma, um artigo de lei” 3.

• Uso de nome popular ‘camisinha’ por ‘preservativo’; presença de nomes próprios e siglas como registro dos patrocinadores da campanha.

3 CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985, p. 437

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A mulher e as mudanças sociais 49

Português - Volume II

Texto 3 - “A mulher num mercado de trabalho em mutação” (Sílvia Gattai – In:http://www.wmulher.com.br/ template.asp?canal= trabalho&id_mater=732 - acesso em 01/12/2005)

Gênero

Artigo de opinião

Objetivo comunicativo predominante

Traçar o perfi l do mercado de trabalho em mutação; descrever as exigências que ele requer do profi ssional e situar, analisar a função da mulher nesse novo mercado.

Contexto de produção

Publicado em 1999, em um espaço on-line, “O ponto da mulher na internet”, o texto refl ete as suas condições de produção, pois discute um tema que atrai o público refl exivo que circula na rede. A formação da autora – psicóloga – lhe confere autoridade para traçar o perfi l do mercado de trabalho atual, bem como o dos profi ssionais, expor e opinar sobre o papel da mulher nesse mercado, opondo o velho estereótipo à mulher moderna e atuante.

Modo de organização discursiva

Expositivo/argumentativo

Recursos lingüísticos utilizados

• Verbos no presente do indicativo, em consonância com um discurso expositivo e argumentativo.

• Substantivos indicadores do atual mercado de trabalho (mutação, mudança, globalização, informática, tecnologia, internet; empresa).

• Associações: competência, competitividade, agilidade, capacidade, decisão, ações; beleza, idéias.

• Adjetivos: profi ssional, competitivo, exigente, bilíngüe, jovens, bonita (x vulgar)

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50 Ensino Fundamental

ATIVIDADES DIDÁTICAS

Provocação “Uma mulher já é bastante instruída quando lê corretamente as suas orações e sabe

escrever a receita de goiabada. Mais do que isso seria um perigo para o lar”

(Charles Expilly)4

Ou, pelo menos, era assim que se pensava no início do século passado. Na verdade, assim se pensou durante muitos e muitos anos. Hoje em dia, no entanto, as coisas são bem diferentes, não é verdade? Cada vez mais, as mulheres conquistam seu espaço e mostram que são capazes de atuar competentemente em todas as áreas da sociedade.

Você já refl etiu sobre essa questão? Vamos discuti-la a partir da leitura dos textos a seguir:

Texto 1: “Na escola” (Carlos Drummond de Andrade)Democrata é Dona Amarílis, professora na escola pública de uma rua que não vou contar, e mesmo o nome de Dona Amarílis é inventado, mas o caso aconteceu.

Ela se virou para os alunos, no começo da aula, e falou assim:

- Hoje eu preciso que vocês resolvam uma coisa muito importante. Pode ser?

- Pode – a garotada respondeu em coro.

- Muito bem. Será uma espécie de plebiscito. A palavra é complicada, mas a coisa é simples. Cada um dá sua opinião, a gente soma as opiniões e a maioria é que decide. Na hora de dar opinião, não falem todos de uma vez só, porque senão vai ser muito difícil eu saber o que é que cada um pensa. Está bem?

- Está – respondeu o coro, interessadíssimo.

- Ótimo. Então, vamos ao assunto. Surgiu um movimento para as professoras poderem usar calça comprida nas escolas. O governo disse que deixa, a diretora também, mas no meu caso eu não quero decidir por mim. O que se faz na sala de aula deve ser de acordo com os alunos. Para todos ficarem satisfeitos e um não dizer que não gostou. Assim não tem problema. Bem, vou começar pelo Renato Carlos. Renato Carlos, você acha que sua professora deve ou não deve usar calça comprida na escola?

- Acho que não deve – respondeu, baixando os olhos.

- Por quê?

- Porque é melhor não usar.

- E por que é melhor não usar?

4 EXPILLY, Charles. Mulheres e costumes do Brasil. Trad. Gastão Penalva. São Paulo: Nacional; Brasília: INL, 1977.

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Português - Volume II

- Porque minissaia é muito mais bacana.

- Perfeito. Um voto contra. Marilena, me faz um favor, anote aí no seu caderno os votos contra. E você, Leonardo, por obséquio, anote os votos a favor, se houver. Agora quem vai responder é Inesita.

- Claro que deve, professora. Lá fora a senhora usa, por que vai deixar de usar aqui dentro?

- Mas aqui dentro é outro lugar.

-É a mesma coisa. A senhora tem uma roxo-cardeal que eu vi outro dia na rua, aquela é bárbara.

- Um a favor. E você, Aparecida?

- Posso ser sincera, professora?

- Pode, não. Deve.

- Eu, se fosse a senhora, não usava.

- Por quê?

- O quadril, sabe? Fica meio saliente...

- Obrigada, Aparecida. Você anotou, Marilena? Agora você, Edmundo.

- Eu acho que Aparecida não tem razão, professora. A senhora deve ficar muito bacana de calça comprida. O seu quadril é certinho.

- Meu quadril não está em votação, Edmundo. A calça sim. Você é contra ou a favor da calça?

- A favor 100%.

- Você, Peter?

- Pra mim tanto faz.

- Não tem preferência?

- Sei lá. Negócio de mulher eu não me meto, professora.

- Uma abstenção. Mônica, você fica encarregada de tomar nota dos votos iguais ao de Peter: nem contra nem a favor, antes pelo contrário.

Assim iam todos, votando, como se escolhessem o Presidente da República, tarefa que talvez, quem sabe? No futuro sejam chamados a desempenhar. Com a maior circunspeção. A vez de Rinalda:

- Ah, cada um na sua.

- Na sua, como?

- Eu na minha, a senhora na sua, cada um na dele, entende?

- Explique melhor.

- Negócio seguinte. Se a senhora quer vir de pantalona, venha. Eu quero vir de midi, de máxi, de short, venho. Uniforme é papo furado.

- Você foi além da pergunta, Rinalda. Então é a favor?

- Evidente. Cada um curtindo à vontade.

- Legal! – exclamou Jorgito. – Uniforme está superado, professora. A senhora vem de calça comprida, e a gente aparecemos de qualquer jeito.

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52 Ensino Fundamental

- Não pode – refutou Gilberto. – Vira bagunça. Lá em casa ninguém anda de pijama ou de camisa aberta na sala. A gente tem de respeitar o uniforme.

Respeita, não respeita, a discussão esquentou, Dona Amarílis pedia ordem, ordem, assim não é possível, mas os grupos se haviam extremado, falavam todos ao mesmo tempo, ninguém se fazia ouvir, pelo que, com quatro votos a favor de calça comprida, dois contra, e um tanto-faz, e antes que fosse decretada por maioria absoluta a abolição do uniforme escolar, a professora achou prudente declarar encerrado o plebiscito, e passou à lição de História do Brasil.

Leitura

1) A crônica “Na Escola” se organiza a partir de uma discussão. Esse debate seria cabível nos dias de hoje?

Explique com suas palavras. Retire do texto um trecho que evidencie o assunto.

2) Sabendo-se que o narrador é quem “conta a história”, diga:

a) Nesse texto, o narrador é um personagem da história?

b) Como você chegou a essa conclusão?

3) Procure deduzir, com base no texto e na sua experiência de vida, o signifi cado das seguintes palavras:

a) plebiscito; b) democrata; c) obséquio; d) abstenção; e) circunspecção;

f) pantalona; g) extremado; h) refutar.

4) Observando a signifi cação das palavras plebiscito e democrata, responda:

a) Qual foi a intenção da professora ao organizar o plebiscito?

b) Em determinado ponto do texto, a discussão se desvia para um ponto diferente do inicial, ponto esse que acabou por revelar o real interesse dos alunos. Localize o momento em que isso ocorreu e diga em que eles estavam, de fato, interessados.

c) Como a professora reagiu à mudança de interesse da turma? Você acha que ela agiu democraticamente?

5) Ao ler todo o texto, pode-se concordar com a afi rmação contida no primeiro parágrafo? Justifi que sua resposta.

Língua em uso

1) Faça um levantamento das gírias (palavras e expressões) presentes no texto. Sem usar gíria, explique a signifi cação de cada uma delas.

2) Agora, substitua cada uma das gírias que você encontrou por outra, utilizada nos dias de hoje, com sentido semelhante.

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A mulher e as mudanças sociais 53

Português - Volume II

3) O que Dona Amarílis quis realmente dizer com a expressão “nem contra nem a favor, antes pelo contrário”?

4) Leia atentamente os trechos abaixo. Depois, faça o que se pede:

“- Legal! – exclamou Jorgito... a gente aparecemos de qualquer jeito.”

“- (...) A gente tem de respeitar o uniforme.” [fala de Gilberto]

a) Em algumas situações informais, as pessoas falam de um jeito que se entende, mas essa maneira de falar deve ser evitada numa linguagem mais cuidada. Em qual dos dois diálogos acima isso ocorre? Justifi que a resposta e reescreva a fala escolhida, observando a concordância entre a expressão que exerce a função de sujeito (“a gente”) e o verbo.

b) O emprego de “a gente” para indicar “eu + outras pessoas” é muito comum e o seu uso é perfeitamente aceitável na linguagem coloquial falada ou mesmo na língua escrita informal. No entanto, na língua escrita no registro formal (por exemplo, numa carta dirigida a autoridades, numa conferência etc.), é preferível empregar-se um outro pronome que tem a mesma idéia de “a gente”. Procure em jornais, livros didáticos e revistas textos que contenham esse tipo de pronome mais formal.

5) Observe o uso das reticências na frase retirada do trecho (1) e compare com a frase modifi cada (2).

(1) “Fica meio saliente...” (2) “Fica meio saliente!”

Na linguagem oral, Aparecida não pronunciaria do mesmo jeito as duas frases. Leia em voz alta os dois trechos, prestando atenção na diferença de entoação quando você usa reticências (...) ou ponto de exclamação (!). Agora, responda:

a) em qual das duas frases a aluna parece estar mais segura de sua afi rmação?

b) Em qual delas a sentença parece estar incompleta? Complete-a.

c) Formule três outras frases empregando reticências.

6) Algumas frases interrogativas podem ser convertidas em afi rmativas com uma simples mudança do verbo e da pontuação. Observe:

(1) “Posso fazer uma pergunta, professora?”

(2)“Vou fazer uma pergunta, professora.”

a) O sentido da frase muda? No caso de a sua resposta ser afi rmativa, identifi que os elementos responsáveis pela mudança. No caso de a resposta ser negativa, justifi que.

b) Seguindo o exemplo dado acima, faça o mesmo com a frase abaixo.

“- Posso ser sincera, professora?”

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54 Ensino Fundamental

7) No trecho: “Marilena, me faz um favor, anote aí no seu caderno os votos contra”, quais são os traços lingüísticos que indicam estar a professora empregando uma linguagem coloquial, informal? Reescreva a frase no registro formal.

8) Observe: “Negócio de mulher eu não me meto, professora.”

Agora, reescreva a frase substituindo a palavra “negócio” por outra menos coloquial.

Laboratório de textos

- Pesquise com pessoas de outras gerações (pais, avós, tios etc.) as gírias que elas usavam quando eram jovens.

- Resuma o texto com as suas palavras, como se você fosse um dos alunos da Dona Amarílis contando para um colega de outra classe o que aconteceu na sala de aula.

Texto 2: Cartaz da campanha “Mulher Viva”

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A mulher e as mudanças sociais 55

Português - Volume II

Leitura

1) A que tipo de campanha se refere o cartaz?

2) Que elementos presentes no cartaz o levaram a perceber a que tipo de campanha ele se refere?

3) A campanha alia a linguagem verbal à linguagem não-verbal. Como os símbolos não-verbais complementam o tema da campanha: “Mulher viva usa camisinha”?

4) Quando se trata de campanhas, geralmente, o cartaz traz também os nomes dos patrocinadores. Identifi que-os.

5) Normalmente, além da imagem, a publicidade necessita de frases concisas, chamativas para veicular o tema de que trata. Comente essas propriedades na frase do cartaz.

6) Observe mais uma vez o tema da campanha: “Mulher viva usa camisinha”. A campanha trabalha com apenas um ou com mais de um sentido da palavra “viva”? Explique sua resposta.

Agora, leia este outro texto, para ampliar a sua visão sobre o assunto “mulher”.

Texto 3: “A mulher num mercado de trabalho em mutação” (Sílvia Gattai)

Vivemos uma época de profundas mudanças no mercado. Observamos, principalmente, mudanças econômicas (a globalização dos mercados) e tecnológicas (a informática encurtando distâncias e diminuindo os tempos). Estas mudanças provocam uma série de outras. Vemos, como conseqüência, transformações nas relações formais entre profissionais e empresas (outros tipos de relação além do vínculo empregatício) e no perfil de profissional valorizado pelas empresas (mais jovens, bilíngües, conhecedores da informática).

Neste universo exigente e competitivo, a mulher que se sobressai e consegue boas colocações, respeito e reconhecimento, é aquela que está junto com os homens em termos de competência técnica, agilidade, liberdade, articulação e capacidade para tomar decisões rápidas.

O velho estereótipo da mulher que consegue sobressair-se no mercado de trabalho porque é “bonita e gostosa” e faz questão de mostrar os seus dotes naturais fica cada vez mais restrito ao mundo do show business (vide Carla Perez). Aquela imagem da secretária que mostra os seios e coxas e depois chora porque foi assediada sexualmente tende, cada vez mais, a fazer parte do passado.

A mulher tem que ser bonita, sem ser vulgar, tem que impor-se e chamar a atenção, no seu papel profissional pela beleza das suas idéias e ações de trabalho. A mulher tem que aprender um segundo idioma, a navegar na Internet, a desempenhar sua profissão tão bem ou melhor que seus colegas homens, só assim ela conquista seu lugar ao sol.

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56 Ensino Fundamental

Leitura

1) a) Observe o título do texto. Você acha que ele é adequado ao tema? Justifi que.

b) Por que se pode dizer que o mercado de trabalho está “em mutação”?

2) Que infl uência a globalização e o desenvolvimento tecnológico exercem sobre o mercado de trabalho?

3) Transcreva do dicionário o signifi cado da palavra estereótipo e comente algumas das diferenças existentes entre a “mulher inserida no mercado de trabalho atual” e o tradicional “estereótipo feminino” apresentado no terceiro parágrafo do texto.

4) Segundo o artigo de Sílvia Gattai, a mulher “tem que ser bonita, sem ser vulgar, tem que impor-se e chamar a atenção, no seu papel profi ssional pela beleza das suas idéias e ações de trabalho”. O que a autora quis dizer com isso?

Agora, comparando os textos

1) Observe os textos 1 e 3:

a) Em qual dos dois textos se pode verifi car o início das conquistas femininas? Justifi que.

b) Em qual dos dois se mostra o avanço de conquistas já alcançadas? Justifi que.

2) Em que a campanha “Mulher viva” contribui efetivamente para a proteção, o bem-estar e a qualidade de vida tanto da mulher trabalhadora quanto da mulher “bonita e gostosa” (do show business)?

Laboratório de textos

1) Após observar a mensagem do cartaz (Texto 2), escreva um pequeno texto com os argumentos que você utilizaria para convencer alguém da importância de se usar preservativo (“camisinha”).

2) Confeccione um cartaz, criando uma frase curta e chamativa, para divulgar uma campanha contra o tabagismo (o vício de fumar).

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A mulher e as mudanças sociais 57

Português - Volume II

CONVERSA COM O PROFESSOR

Professor, organize atividades de debate partindo da citação de Charles Expilly como provocação. Lembre-se de informar aos alunos que essa não era a opinião do autor. Ele apenas recolheu um ditado muito comum no início do século XX, tanto no Brasil quanto em Portugal.

Tema geral: Mulher

Texto 1 – Na escola

Tema

Mulher, uso de calças compridas, de uniforme escolar e postura “democrática”.

Sobre o gênero textual

Professor, lembrar aos alunos que a crônica é um gênero textual geralmente publicado em jornais (muitas vezes, porém, o conjunto de crônicas de um autor é publicado em livro). Geralmente, ela aborda assuntos e acontecimentos do cotidiano, captados pela sensibilidade do cronista e desenvolvidos por ele de maneira pessoal. Pode conter ironia e humor, pois a crítica social ou política é uma de suas características mais freqüentes e representativas. Quando o texto está organizado em seqüência narrativa, a crônica possui os traços típicos desse modo de organização discursiva (personagem, enredo, tempo, espaço, foco narrativo etc.).

Leitura

Discutir com os alunos as mudanças de hábitos e costumes. Hoje em dia é comum vermos mulheres usando calças compridas na maioria dos lugares. O trecho evidencia o assunto em “(...) surgiu um movimento para as professoras poderem usar calça comprida nas escolas”.

Evidenciar que narrador não é um personagem. Ele não participa ativamente da história. Os alunos devem perceber que a história é contada de forma impessoal, por alguém que não faz parte dos acontecimentos narrados. Apontar as falas do narrador, mostrando o ponto de vista “externo”.

A intenção é saber se, na opinião dos alunos de sua turma, ela deveria ou não usar calças compridas, mas o objetivo implícito é querer ser reconhecida como uma professora “democrática”. O real interesse dos alunos era acabar com o uso do uniforme escolar, mas a professora resolveu interromper a discussão porque, ao se desviar do assunto central, houve grande polêmica. Professor, é interessante que os alunos percebam como a posição fi nal da professora é contraditória em relação ao fato de ela, no início do texto, ser caracterizada pelo narrador como “democrata”.

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58 Ensino Fundamental

Língua em uso

“Cada um na sua” – cada um faz o que deseja, o que quer; “legal” – ótimo, excelente, bom; “bárbara” – muito bonita; linda (ou outras palavras e expressões que denotem atributos positivos); “bacana” – bom, belo, excelente (ou outras palavras e expressões que denotem atributos positivos); “papo furado” – conversa sem importância, conversa em que não se pode acreditar; “cada um curtindo à vontade” – cada um tendo prazer à vontade; cada um desfrutando à vontade. Professor, note que podem existir outros sentidos para as palavras e expressões.

Convém introduzir aqui noções de variação lingüística, de registro (formal, semiformal, informal), de adequação às diversas situações de uso das formas e das expressões lingüísticas. Aproveite os diálogos do texto para elaborar exercícios em que o aluno reescreva as palavras, expressões ou frases mudando o “registro” – do informal para o formal e vice-versa.

Questão 5: a) Professor, é interessante pedir a vários alunos que façam a leitura das duas frases em voz alta, perante a classe; b) Normalmente, na frase (2), pela presença do ponto de exclamação; c) O importante é o aluno entender que as reticências, neste caso, indicam insinuação, incompletude. Das acepções registradas no dicionário, a mais adequada parece ser: “omissão intencional de coisa que se devia ou podia dizer, mas apenas se sugere, ou que, em certos casos, indica insinuação.”5; d) Professor, é interessante pedir que os alunos leiam seus exemplos em voz alta, atentando para a entonação e comentando o uso das reticências.

Questão 6: Levar o aluno a perceber que o sentido muda. A aluna não pede mais a permissão da professora; ela declara que irá perguntar: “Vou ser sincera, professora.” – Ao realizar a mudança, os alunos devem notar a mudança do verbo, da pontuação e do sentido da frase.

5 Segundo o dicionário já citado, as reticências são ”sinal de pontuação: série de três ou mais pontos que, num texto, indicam interrupção do pensamento (por fi car, em regra, facilmente subentendido o que não foi dito), ou omissão intencional de coisa que se devia ou podia dizer, mas apenas se sugere, ou que, em certos casos, indica insinuação, segunda intenção, emoção” . Comparar com o uso das reticências em uma gramática (sugerem-se a do Prof. E. Bechara, a dos Prof. Celso Cunha & Lindley Cintra ou a do Prof. C. H. da Rocha Lima)

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A mulher e as mudanças sociais 59

Português - Volume II

Texto 2: “Mulher viva usa camisinha”

Tema

Campanha contra DSTs, especialmente a AIDS

Leitura

Professor, levar os alunos a “ler” a imagem associada à frase. Eles devem perceber que a fi gura da camisinha remete ao uso de preservativos, associados à proteção, e que o laço de fi ta remete à fi gura feminina. Unindo os dois em um mesmo conjunto gráfi co, a campanha reúne os seus dois principais focos temáticos, atraindo atenção para os mesmos logo à primeira vista. É importante examinar outras informações do cartaz: nomes e logotipos dos patrocinadores (as várias ONGS e órgãos governamentais envolvidas na campanha) e ainda informações relativas à agência (endereço, telefone etc.).

Observar o caráter chamativo da frase “Mulher viva usa camisinha”.

Professor, é interessante pedir que os alunos vejam no dicionário os possíveis signifi cados/sentidos para a palavra “viva”. Oriente-os para a percepção de que, em uma mesma frase, determinada palavra pode remeter a dois ou mais sentidos diferentes.

Língua em uso

Após perceber que a campanha lida com dois sentidos diferentes do adjetivo “viva”, deve-se notar que o uso do preservativo é uma opção de gente “que vive” ou, no contexto, “que quer preservar a vida, proteger-se” (1º sentido) e “inteligente”, “esperta”. (2º sentido).

Texto 3: “A mulher num mercado de trabalho em mutação”

Tema

Atual mercado de trabalho em mutação; atuação de homens x mulheres; exigências de competência e habilidades.

Professor, que tal promover um debate sobre este tema? Cuidar da casa e dos fi lhos é trabalho apenas da mulher? Perguntar à turma quantas mulheres eles conhecem que trabalham fora? Além disso, vale a pena saber a opinião deles sobre o assunto. Concordam? Não concordam? Por que a mulher deve / não deve ter um emprego?

Como leitura complementar, seria interessante ler e analisar com os alunos o trabalho monográfi co: “Secretária executiva, a profi ssão que ainda encanta” (Orientanda: Shirley Regina Feijon Prata; orientador: Felipe Ignácio dos Santos), disponível no mesmo endereço eletrônico.

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60 Ensino Fundamental

Trecho: “(...) Mostraremos que a secretária ainda enfrenta alguns tabus, como o machismo que ainda é percebido em nosso país, ou pela deturpação da imagem da secretária, mostrando a profi ssional como uma pessoa fútil e imatura nas propagandas de televisão. Falaremos também da dupla executivo e secretária, que há muitos anos vem se destacando dentro das empresas. A profi ssional se adaptou às mudanças e deve continuar se adaptando às que ainda estão por vir, pois a carreira de secretariado está em ascensão e, ao contrário do que pensam alguns, a profi ssão não está se extinguindo e sim passando por uma transformação.(...)” .

Leitura

Professor, é importante que os alunos percebam que as condições de trabalho estão mudando, além dos conhecimentos e da postura necessários para ser bem-sucedido na carreira profi ssional. É interessante notar que o mercado está “em mutação” tanto para os homens quanto para as mulheres.

Que tal motivar os alunos para uma pesquisa sobre esses assuntos tão atuais? A internet e os jornais impressos estão povoados de informações sobre globalização e tecnologia. Os alunos devem perceber que a globalização e o desenvolvimento tecnológico trazem a necessidade de o trabalhador possuir novas habilidades, como falar outros idiomas e lidar com a informática. Quaisquer outras contribuições e idéias trazidas pelos alunos devem ser discutidas e tratadas com a devida importância.

Os alunos devem perceber que a “mulher inserida no mercado de trabalho atual”, apesar de não precisar descuidar da aparência e da feminilidade, deve ser competente, empenhar-se em aprofundar seus conhecimentos sobre a sua área de trabalho e mostrar bom desempenho para conseguir sucesso profi ssional. Já o “estereótipo feminino” utiliza apenas sua aparência e seus dotes atrativos para conseguir um emprego e nele tentar manter-se.

O professor pode organizar uma discussão sobre valores morais e percepção do que signifi ca “ser vulgar” na comunidade.

Agora, comparando os textos

Professor, é importante que os alunos percebam que o texto 1 indica o início das conquistas femininas. Eles devem perceber que houve uma época em que o código de comportamento das mulheres, incluindo o de vestuário, era muito mais rígido, e que as mulheres nem sempre tiveram a liberdade que possuem nos dias de hoje. O texto 3 mostra o avanço dessas conquistas. Entre outros fatores, os alunos devem indicar que o texto em questão já mostra a mulher integrada no mercado de trabalho, competindo em pé de igualdade com os homens.

Os alunos devem perceber, também, que a AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis representam um perigo sério para todas as pessoas, independentemente de classe social ou estilo de vida.

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Futebol: uma linguagem universal 61

Português - Volume II

FUTEBOL: UMA LINGUAGEM UNIVERSAL

APRESENTAÇÃO

O tema proposto neste projeto é “Futebol: uma linguagem universal”. Vivemos em uma época em que o esporte é mais do que mera atividade recreativa: para muitos representa uma carreira, um projeto de vida e até mesmo uma paixão indissociável do próprio ser. O futebol é reconhecidamente o esporte mais popular do mundo e, no Brasil, ele ganha um colorido especial.

O futebol tem despertado o interesse de várias gerações e tem estado a cada dia mais presente na vida de nossas crianças, jovens e adolescentes. É sabido que no Brasil muitas atividades cotidianas são interrompidas durante o período de realização da Copa do Mundo de Futebol. Mas, embora seja um interesse ainda mais evidente neste período, pode ser fácil e agradavelmente trabalhado em qualquer tempo.

ObjetivosA presente proposta busca auxiliar os professores responsáveis diretamente pelo ensino da Língua Portuguesa a realizar a prática de leitura em sala de aula de forma signifi cativa, aliando a ela as habilidades de produção textual e uso da língua oral e escrita, traçando estratégias de leitura que permitam uma compreensão global do texto, bem como o entendimento de passagens ou expressões específi cas e contribuindo para a formação de leitores críticos e autônomos que sejam capazes de:

• Depreender, a partir dos textos propostos, os elementos característicos de diversos gêneros textuais, em especial sua estrutura e fi nalidade.

• Reconhecer recursos de coesão e coerência textuais presentes em cada gênero, compreendendo a forma como se dá a articulação entre as partes do texto.

• Inferir informações presentes nos textos a partir de marcas lingüísticas, sugestões implícitas e elementos externos.

• Conhecer e respeitar as variedades lingüísticas existentes no Português falado no Brasil.

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62 Ensino Fundamental

• Atribuir sentido aos elementos expressivos e organizadores do texto: denotação, conotação, sonoridade, seleção vocabular, pontuação, estruturas coordenativas e subordinativas etc.

• Produzir textos de diferentes gêneros adequados ao contexto de produção.

Série a que se destinaSegundo segmento do Ensino Fundamental, preferencialmente a 7a e 8a séries.

Gêneros textuais trabalhadosTexto didático, crônica jornalística, crônica literária, conto.

Detalhamento das características dos textos trabalhadosOs textos que compõem esta proposta de material didático apresentam as seguintes características, de acordo com seus objetivos discursivos:

Texto 1 – A historinha do nosso futebol. (Biblioteca do escoteiro mirim. v. 1. São Paulo: Abril, 1985. p. 115-118.)

Gênero textual

Texto didático

Objetivo comunicativo predominante

Divulgar informações científi cas sobre determinado assunto.

Contexto de produção

Texto produzido para uma coleção infanto-juvenil denominada “Biblioteca do Escoteiro Mirim”.

Modo de organização discursiva predominante

Seqüência narrativa, com frases claras e vocabulário simples e preciso.

Recursos lingüísticos utilizados pelo autor• Variedades lingüísticas.

• Conectivos marcadores de seqüências de eventos determinantes de anterioridade, simultaneidade ou posterioridade.

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Futebol: uma linguagem universal 63

Português - Volume II

• Siglas.

• Expressões de valor adjetivo ou explicativo.

• Produção de texto: continuidade e recriação do fi nal do texto, com acréscimo de informações.

Texto 2 – As palavras e as coisas. (COUTO, José Geraldo. Folha de S. Paulo, 17/07/02.)

Gênero textual

Crônica jornalística

Objetivo comunicativo predominante

Realizar crítica social ou política, tratando de assuntos cotidianos, captados pela sensibilidade do cronista e desenvolvidos de maneira humorística ou irônica.

Contexto de produção

Texto publicado no jornal Folha de S. Paulo, abordando um assunto cotidiano: a linguagem dos jogadores de futebol.

Modo de organização discursiva predominante

Seqüência expositiva

Recursos lingüísticos utilizados pelo autor• Variedades lingüísticas.

• Origem das palavras.

• Estrangeirismos.

• Expressões que exercem função anafórica ou apositiva.

Texto 3 – Aí, galera (VERÍSSIMO, Luís Fernando. Correio Braziliense, 13/05/98)

Gênero do texto

Crônica literária

Objetivo comunicativo predominante

Texto que se assemelha a um registro poético de fatos do cotidiano, com o objetivo de realizar uma releitura crítica de acontecimentos do dia-a-dia.

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64 Ensino Fundamental

Contexto de produção

Texto publicado no jornal Correio Braziliense.

Modo de organização discursiva predominante

Seqüência dialogal

Recursos lingüísticos utilizados pelo autor• Variedades lingüísticas.

• Adequação lingüística ao contexto de produção.

• Uso da pontuação como recurso de expressão.

Texto 4: Troféu e sonho (SCLIAR, Moacyr. Folha de S. Paulo, 13/10/03)

Gênero do texto

Conto

Objetivo comunicativo deste gênero

Narrar brevemente uma história

Contexto de produção

Texto publicado no jornal Folha de São Paulo, abordando um assunto cotidiano: a crise fi nanceira dos clubes de futebol.

Modo de organização discursiva predominante

Seqüência narrativa

Recursos lingüísticos utilizados pelo autor • Elementos da prosa de fi cção.

• Foco narrativo.

• Discurso direto e indireto.

• Processo de construção de um período composto por subordinação.

• Produção de conto a partir de notícia.

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Futebol: uma linguagem universal 65

Português - Volume II

Texto 5: O torcedor (ANDRADE, Carlos Drummond de. De conto em conto, v. 2. São Paulo: Ática, 2001.)

Gênero do texto

Conto

Objetivo comunicativo deste gênero

Narrar brevemente uma história

Modo de organização discursiva predominante

Seqüência narrativa

Recursos lingüísticos utilizados pelo autor• Elementos da prosa de fi cção.

• Figuras de linguagem: hipérbole e gradação.

• Sinais de pontuação em seqüências dialogais.

• Marcas diferenciais entre crônica literária e conto.

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66 Ensino Fundamental

ATIVIDADES DIDÁTICAS

Futebol:

Uma linguagem universal

E a partida vai começar!

“Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?” – disse o poeta.

Talvez nem todos nós tenhamos sonhado em ser jogador de futebol, mas certamente nossos corações sempre disparam ao ver nosso time em campo e a seleção brasileira defendendo a camisa do nosso país.

Muito mais do que apenas um esporte, o futebol é para os brasileiros uma paixão nacional, uma parte de nossa cultura. Pensando nisso, organizamos para você este trabalho para estudarmos a nossa língua de uma forma especial: livre, gostosa, interessante.

Vamos viajar pela história do futebol, descobrir como falam os jogadores (e nós também...) e torcer junto com alguns apaixonados pelo esporte.

Então...Vamos entrar em campo para ganhar!

Texto 1

A historinha do nosso futebol

Eram uns homens muito sérios, de bigodes enormes e calções largos. Embora morassem no Brasil – mais exatamente em São Paulo – só falavam inglês. Chamavam o goleiro de goal keeper , a bola de ball e o novo jogo que haviam acabado de importar da Inglaterra tinha o nome de football.

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Português - Volume II

Foi com eles, no final do século passado, que o futebol começou em nosso país. Atualmente, essa não é apenas a maior paixão dos brasileiros como também o esporte mais popular no mundo inteiro.

Naquela época, porém, o futebol não passava de um estranho passatempo de pessoas ricas e elegantes.

Quem visse os jogadores correndo no campo de Várzea do Carmo, na capital paulista, onde em abril de 1895 (faz muito tempo, não?) disputaram a histórica partida inaugural (São Paulo Railway 4 X 2 Companhia de Gás), sem dúvida acharia graça.

- Olha aí! – exclamaria um espectador, sem entender nada. – Vê se tem cabimento... 22 marmanjos brigando por uma bola!

- Por que não dão uma bola para cada um? – talvez sugerisse outro. – Assim eles parariam de brigar!

Exatamente um ano antes dessa cena, Charles Miller desembarcava no porto de Santos (SP). Estudante paulista, filho de ingleses, ele voltava da terra de seus pais, onde fora estudar.

Na sua bagagem, Charles trazia duas bolas de futebol e também as regras do jogo que aprendera na Inglaterra. Ele chegara a praticá-lo na equipe do Southampton – que por sinal existe até hoje – e achou interessante divulgá-lo por aqui.

Charles Miller teve um papel tão importante para a criação do futebol brasileiro que a praça em frente ao estádio do Pacaembu, em São Paulo, foi batizada com o seu nome. Graças a ele, o jogo em que 22 marmanjos brigavam por uma bola acabou virando um sucesso.

E logo surgiam os primeiros clubes. Em São Paulo, a Associação Atlética Mackenzie, o Internacional, o Germânia e o São Paulo Athletic. No Rio de Janeiro, o Fluminense.

Só que no começo esses times, ligados a colônias estrangeiras (inglesa e alemã, principalmente), só aceitavam jogadores da chamada sociedade. Isto é: rapazes de boas famílias, brancos, cheios de dinheiro, alunos dos melhores colégios. Se vivesse naquela época, Pelé, por ser preto e pobre, não conseguiria vaga em nenhuma equipe e seu talento jamais despontaria.

Mas aí aconteceu uma coisa interessante. Meninos e marmanjos de todas as classes sociais não demoraram a se entusiasmar com o futebol. Como não podiam jogá-lo nos clubes fechados, improvisaram campinhos nas várzeas que rodeavam as cidades (daí a expressão “futebol de várzea”). E justamente nesses campinhos surgiram ótimos jogadores, cuja fama foi se espalhando.

Enquanto isso, os clubes das colônias estrangeiras já estavam organizando seus primeiros campeonatos, que se tornavam cada vez mais disputados. E, quando perceberam a necessidade de se reforçarem, trataram de convidar alguns jogadores daqueles campinhos de várzea.

Dessa maneira, o povo foi pouco a pouco se integrando ao futebol.

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68 Ensino Fundamental

Apesar disso, não se eliminava o preconceito de cor. Quer dizer: pobre podia jogar, desde que fosse branco. A história foi mudando lá por 1910, com o aparecimento de um moço cujo pai era alemão e a mãe uma lavadeira preta. Estamos falando do fantástico mulato Arthur Friedenreich considerado o rei Pelé de sua época.

Ele foi o primeiro craque de verdade do Brasil. Graças ao seu gol contra o Uruguai, a Seleção Brasileira conquistou o Campeonato Sul-Americano de 1919, realizado no Rio de Janeiro.

Com nossa vitória – e com as proezas de Fried, como os torcedores o tratavam – o futebol foi virando uma mania nacional. Ele se organizou com o aparecimento de federações (que reuniam os clubes do mesmo Estado) e da CBD (Confederação Brasileira de Desportos), atual CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

Como os torcedores já pagavam ingresso e os jogadores queriam ganhar dinheiro, em 1933 é instituído o profissionalismo. O futebol então torna-se um bom negócio, embora nem sempre bem administrado pelos dirigentes. Em conseqüência disso, são construídos grandes estádios: o São Januário, de propriedade do Vasco da Gama, no Rio; o Pacaembu, em São Paulo; e finalmente o gigantesco Maracanã, também no Rio, para a realização da Copa do Mundo de 1950.

O futebol brasileiro não parou mais de crescer, até chegar a ser o que é hoje em dia: melhor de todos, um fato até reconhecido pelos nossos adversários dos cinco continentes.

Como se pode ver, ele mudou muito. Os craques já não são homens de cara séria, não usam bigodões – e jogam e falam na língua que todos nós entendemos.

(Biblioteca do escoteiro mirim. v. 1. São Paulo: Abril, 1985. p. 115-118.)

Leitura e língua em uso1) Indique o tema central do texto.

2) Observe a linguagem utilizada no texto. Ela é mais formal ou informal? Selecione trechos que justifi quem sua resposta.

3) De acordo com o que você pôde observar no texto, ele deve ter sido escrito para que tipo de público: crianças, jovens ou adultos? Por quê?

4) A partir do 4o parágrafo podemos ler o seguinte:

“Quem visse os jogadores correndo no campo da Várzea do Carmo (...) sem dúvida acharia graça”.

– Olha aí! – exclamaria um espectador (...)

– Por que não dão uma bola para cada um? – talvez sugerisse outro. (...)”

Pense, discuta com seus colegas e professor e responda: por que o autor optou por utilizar os verbos em destaque nesse tempo, em vez de viu, achou, exclamou, sugeriu?

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Futebol: uma linguagem universal 69

Português - Volume II

5) No trecho em destaque, além dos verbos, há uma outra palavra que indica hipótese, suposição, dúvida. Que palavra é essa?

6) Apesar de o futebol ser conhecido como uma paixão brasileira, o texto mostra que a sua profi ssionalização descaracterizou esse esporte como mero divertimento. Quais as conseqüências advindas da profi ssionalização apontadas no texto?

Pesquise e produza

O texto informa que a prática do futebol tem provocado conseqüências negativas devido à má administração por parte dos dirigentes esportivos. Pesquise em jornais, revistas e mesmo em outras fontes alguns confl itos existentes hoje na administração e organização do futebol. Escreva um pequeno comentário sobre o texto que você encontrou. Organize em sala um mural com os textos encontrados por sua turma e os respectivos comentários.

7) O texto registra que, quando o futebol começou a ser praticado no Brasil, havia ainda a presença de atitudes preconceituosas, próprias da sociedade da época. Que atitudes eram essas? Como elas começaram a ser superadas?

8) Ao se relatar uma história, é bastante comum que se use uma seqüência cronológica linear, isto é, que se relatem os fatos na ordem em que aconteceram. Entretanto, em alguns momentos desse texto, o narrador quebra tal seqüência. Identifi que e comente alguns desses momentos.

9) Por ser um texto que apresenta um relato histórico, há diversos termos e expressões indicativas do tempo em que os eventos acontecem. Localize alguns deles e registre-os, no seu caderno, em um quadro semelhante ao apresentado a seguir:

ANTERIORIDADE (EVENTOS

ANTERIORES)

SIMULTANEIDADE (EVENTOS

CONCOMITANTES)

POSTERIORIDADE (EVENTOS

POSTERIORES)

10) Muitas informações adicionais estão presentes no texto para torná-lo mais compreensível para o leitor. Tais informações podem estar destacadas por vírgulas, travessões ou parênteses. Analise algumas delas, releia o contexto em que estão inseridas e comente suas fi nalidades:

a) “mais exatamente em São Paulo” (1o parágrafo)

b) “faz muito tempo, não?” (4o parágrafo)

c) “São Paulo Railway 4 X 2 Companhia de Gás” (4o parágrafo)

d) “fi lho de ingleses” (7o parágrafo)

e) “que por sinal existe até hoje” (8o parágrafo)

f) “daí a expressão ‘futebol de várzea’ “ (12o parágrafo)

g) “Confederação Brasileira de Futebol” (17o parágrafo)

11) No texto há a presença das siglas CBD e CBF. Pesquise outras siglas que você conheça ou já tenha ouvido falar ou visto e indique o seu signifi cado.

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70 Ensino Fundamental

12) Este texto foi produzido numa época em que o Brasil ainda era apenas tricampeão mundial de futebol. Se você fosse acrescentar informações mais recentes, o que ressaltaria? Reescreva os dois últimos parágrafos, aproveitando as idéias que julgar apropriadas e adicionando novos elementos, adequando o desfecho do texto à realidade do futebol brasileiro de hoje.

Texto 2

As palavras e as coisas

Guimarães Rosa, possivelmente o maior escritor brasileiro depois de Machado de Assis, dizia que seu sonho era escrever um dicionário.

Ignoro se Rosa gostava de futebol (até onde eu sei, nunca escreveu nada a respeito), mas certamente ele se encantaria com a riqueza vocabular associada ao esporte mais popular do mundo.

Poliglota, cultor dos neologismos formados a partir de diversos idiomas, o autor de “Sagarana” devia se deliciar com as palavras de origem inglesa aclimatadas ao português do Brasil por obra e graça do jogo da bola.

É certo que alguns desses termos ingleses caíram em desuso. É o caso de “offside” (substituído por “impedimento”), “hands” (“toque” ou “mão”), “center forward” (centroavante) etc.

Outros, entretanto, foram devidamente abrasileirados e incorporados de tal maneira ao nosso idioma que raramente lembramos de sua origem: “chute” (versão de “shoot”), “beque” (de “back”), “pênalti” (de “penalty”) etc., sem falar no próprio “futebol” (“football”).

Há ainda as palavras inglesas que mantiveram uma vigência praticamente apenas regional, como “córner”, ainda muito usada no Rio de Janeiro, mas substituída no resto do Brasil por “escanteio”, “tiro de canto” ou somente “canto”.

Rosa se acompanhasse o futebol, se deliciaria com a variedade de metáforas produzidas para dar conta do que acontece dentro das quatro linhas.

Há, por exemplo, o recurso a uma infinidade de objetos cujo formato ou movimento lembra o de certas jogadas: carrinho, chapéu, bicicleta, janelinha (expressão gaúcha para bola entre as pernas), ponte.

Mas o ramo mais bonito, do ponto de vista de um escritor, deve ser o das metáforas extraídas da natureza: meia-lua, frango, peixinho, folha seca.

Ao criar uma jogada dessas – como Didi, que “inventou” a folha seca – , ou executá-la com perfeição, um craque faz poesia pura, rivalizando com Deus e nomeando as coisas como se estivesse no primeiro dia da Criação.

Guimarães Rosa, infelizmente, não produziu seu sonhado dicionário.

Nunca saberemos, portanto, se o homem que criou a saga fantástica de Riobaldo e Diadorim sabia o significado, dentro do campo de futebol, de uma chaleira, um lençol, um chuveirinho ou um corta-luz.

(...)

(COUTO, José Geraldo. Folha de S. Paulo, 17/07/02.)

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Português - Volume II

José Geraldo Couto, paulista de Jaú, é formado em história e jornalismo pela USP. Trabalha no jornal Folha de S. Paulo desde 1984. Atualmente escreve a coluna Futebol, do caderno Esporte.

1) O texto lido traz um assunto bastante interessante: o vocabulário relacionado ao futebol. Qual é a idéia desenvolvida pelo autor sobre esse tema?

2) Por que o autor citou Guimarães Rosa nesse texto? Qual a relação estabelecida entre Guimarães Rosa e o vocabulário utilizado no meio futebolístico?

3) O texto mostra que algumas expressões de origem inglesa foram substituídas por equivalentes em português, enquanto outras tiveram sua pronúncia “abrasileirada”. Há ainda palavras que receberam novo signifi cado ao nomear jogadas realizadas pelos desportistas. Destaque do texto exemplos de palavras que sofreram esses processos: substituição por equivalente, pronúncia abrasileirada ou ressignifi cação.

4) O dicionário traz a seguinte explicação para o verbete “neologismo”: “1. Palavra formada no seio da língua ou importada de língua estrangeira. 2. Palavra antiga com sentido novo.” (AMORA, Soares. Minidicionário da Língua Portuguesa. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 484). Os neologismos são bastante comuns em nossa língua. Pesquise outros termos das mais diversas áreas (informática, medicina, artes, esporte, culinária...) que foram incorporados à nossa língua.

5) Alguns estudiosos da língua consideram de grande importância valorizar a cultura local e preservar as raízes culturais de determinado povo. Por isso, apontam os estrangeirismos (empréstimos de vocabulário de outro idioma) como uma violência à língua nativa, em que um povo está impondo sua cultura a outro. Uma outra corrente de estudiosos acredita que a miscigenação dos povos e de culturas produz um enriquecimento de ambos os lados e, assim, consideram os estrangeirismos como fruto de uma contribuição recíproca entre as culturas. Discuta esse tema com seus colegas e professor e responda a seguinte pergunta, apoiando a sua opinião em argumentos. Você acha que os estrangeirismos empobrecem ou enriquecem a língua?

6) Ao longo do texto, o autor faz uso de diversos recursos expressivos da língua. Explique o sentido das seguintes expressões:a) “palavras de origem inglesa aclimatadas ao português do Brasil”

b) “metáforas produzidas para dar conta do que acontece dentro das quatro linhas”c) “um craque faz poesia pura”

7) Selecione do texto seis termos e expressões diferentes utilizados para se referir ou caracterizar Guimarães Rosa..

8) Compare o último parágrafo do texto 1 à idéia apresentada no texto 2. Aponte elementos de concordância e discordância entre eles.

9) O texto defende a tese de que as pessoas envolvidas com o futebol possuem uma linguagem com expressões e vocabulário próprios dessa atividade. Em equipes, pesquise marcas lingüísticas próprias de outros grupos, como, por exemplo, policiais, advogados, funkeiros, artistas, automobilistas, políticos, religiosos, desportistas etc.

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72 Ensino Fundamental

Texto 3

Aí, galera

Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol dizendo “estereotipação”? E, no entanto, por que não?

- Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.

- Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou no recesso de seus lares.

- Como é?

- Aí, galera.

- Quais são as instruções do técnico?

- Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, aumentam as possibilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos da desestruturação momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação.

- Ahn?

- É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegar eles sem calça.

- Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?

- Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas?

- Pode.

- Uma saudação para a minha progenitora.

- Como é?

- Alô, mamãe!

- Estou vendo que você é um, um...

- Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação?

- Estereoquê?

- Um chato?

- Isso.

(VERÍSSIMO, Luís Fernando. Correio Braziliense, 13/05/98)

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Futebol: uma linguagem universal 73

Português - Volume II

Luís Fernando Veríssimo nasceu em Porto Alegre, RS, em 26/09/36. Filho do escritor Érico Veríssimo, iniciou sua carreira no jornalismo escrito e na televisão, escrevendo também crônicas e textos de fi cção. Sua obra é sempre marcada pelo humor.

1) A construção desse texto evidencia uma intenção humorística. Que artifício foi utilizado para garantir o efeito cômico?

2) O texto fala da estereotipação da linguagem de um jogador de futebol. Procure no dicionário o verbete “estereotipação, estereótipo, estereotipar” e encontre outras expressões que poderiam substituir o termo utilizado.

3) O texto pretende desestruturar o conceito de “estereotipação” da linguagem dos jogadores de futebol. Assim sendo, acaba por apresentar marcas da linguagem escrita na fala de um jogador. O discurso estava adequado à situação? Por quê?

4) Em alguns momentos do texto, o autor sugere a existência de um preconceito em relação às características da linguagem de cada grupo. Selecione um trecho em que sutilmente se denuncie tal preconceito.

5) O conceito de certo e errado na língua está sendo substituído pelo conceito de adequação. Assim, o que é adequado em determinada situação pode não ser adequado em outra. Por isso, “Aí, galera” é uma saudação mais adequada ao contexto mostrado pelo texto do que “Uma saudação aos afi cionados do clube...”. Exemplifi que que saudações poderiam ser utilizadas nestas situações:

a) Encontro com seu amigo na praça.

b) Cumprimento a seu patrão no local de trabalho.

c) Reunião com o(a) governador(a) do estado.

6) Os sinais de pontuação utilizados são recursos imprescindíveis para a compreensão do texto. Observe os trechos destacados a seguir, bem como o contexto em que eles se inserem, e explique o sentido que se pode atribuir a eles, considerando o uso da pontuação.a) – Ahn?b) – Alô, mamãe!c) – Estou vendo que você é um, um...d) – Estereoquê?e) – Um chato?f) – Isso.

7) Além da variação lingüística que podemos observar quando consideramos diferentes interlocutores de nossa mensagem e a situação, há ainda outras decorrentes do local onde nos encontramos ou das mudanças ocorridas na língua ao longo do tempo. Organizem-se em grupos e dividam entre as equipes os seguintes temas para pesquisa:

a) características regionais da Língua Portuguesa (a diferença entre a língua falada em diversas regiões do país e mesmo em outros países de Língua Portuguesa)

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74 Ensino Fundamental

b) características da Língua Portuguesa falada em diferentes momentos históricos (gírias e expressões de cada época)

Organizem uma pequena enquete utilizando os dados encontrados em sua pesquisa e apresente-a para sua turma.

Texto 4

Troféu e sonho

“Endividados, clubes penhoram até taça. A crise financeira por que passa o futebol brasileiro leva os principais clubes do país a ter parte dos seus bens penhorados. O Flamengo disponibilizou troféus ganhos nos últimos anos para diversos credores.” (Folha Esporte, 05/10/03)

A mansão, ainda que luxuosa, é de mau gosto extremo. Não há muito o que ver, mas o dono faz questão de levar os visitantes a uma sala que chama de “meu templo”; ali, em uma espécie de vitrine, iluminada por fortes lâmpadas, está um troféu, uma taça destas que os clubes ganham em campeonatos. E, sem que lhe peçam, ele conta a história dessa taça.

Tudo começou quando era um rapaz pobre, morando em uma pequena cidade do interior. Lugar modorrendo, onde nada acontecia. Assim, foi grande a surpresa quando se anunciou a chegada, ali, de um grande time de futebol: nada menos que o Flamengo, do Rio de Janeiro. Notícia que o deixou excitadíssimo porque, em primeiro lugar, era fã de futebol – jogava razoavelmente bem – e, mais importante, era um ardoroso torcedor do rubro-negro, que viria ali para disputar um torneio regional, no qual participavam o time da cidade e mais alguns outros clubes de localidades vizinhas.

Na véspera do grande jogo, nem conseguiu dormir, tão ansioso que estava. No dia seguinte, foi o primeiro a chegar ao pequeno e precário estádio. Aos poucos as arquibancadas foram se enchendo. Todos o miravam com irritação. Explicável: ele vestia uma camisa do Flamengo e agitava uma bandeira do clube; decidira assumir a sua condição de torcedor e o fazia com orgulho. Aplaudiu com entusiasmo o rubro-negro, quando este entrou em campo.

A partida começou e logo duas coisas ficaram claras; primeiro, que os donos da casa não eram adversários para o Flamengo; segundo, que o time carioca estava com muito azar. Jogador após jogador se lesionava e tinha de ser substituído. Lá pelas tantas, o insólito; mais um lesionado – e já não havia reservas no banco. O que gerou um impasse. A partida foi paralisada, enquanto juiz e dirigentes deliberavam.

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Futebol: uma linguagem universal 75

Português - Volume II

- Foi aí – conta ele – que eu tive uma inspiração. Levantei-me e, da arquibancada, gritei que jogaria pelo Flamengo. Os dirigentes olharam-me com espanto, mas decidiram aceitar a proposta. Rapidamente assinei um contrato e no instante seguinte estava no campo. Num instante, apossei-me da bola, driblei um, driblei o segundo, chutei forte no canto esquerdo – gol! Gol da vitória! O Flamengo ganhou a taça. Que os dirigentes, em sinal de gratidão, me ofereceram.

Esta é a história que o homem conta. Na qual ninguém acredita: todos sabem que comprou a taça por bom dinheiro, de um credor do Flamengo. Mas também ninguém o desmente. Afinal, quem compra um troféu compra junto o sonho que esse troféu representa.

Moacyr Scliar escreve às segundas-feiras, nesta coluna, um texto de ficção baseado em matérias publicadas no jornal.

(SCLIAR, Moacyr. Folha de S. Paulo, 13/10/03)

Moacyr Scliar nasceu em Porto Alegre, RS, em 25/03/37. Cursou Medicina e seu primeiro livro foi publicado em 1962, “Histórias de um médico em formação”. A partir daí não parou mais de escrever e produzir crônicas, contos, literatura infantil e ensaios. Sua obra possui características do imaginário fantástico. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 2003.

1) Neste texto, Moacyr Scliar inspira-se em uma notícia de jornal para escrever seu conto. Aponte alguns elementos reais do texto, ou seja, informações verídicas, e outros elementos fi ccionais, criados pela imaginação do autor.

2) Releia o que aprendemos anteriormente sobre seqüências narrativas cronológicas nos textos. A seqüência do texto lido é linear ou não-linear? Justifi que com elementos do texto.

3) No conto “Troféu e sonho”, ocorre em determinado momento do texto a mudança do foco narrativo, isto é, há diferentes pessoas narrando acontecimentos. Caracterize tal mudança e identifi que os diferentes pontos de vista das seqüências narrativas.

4) O texto apresenta trechos narrados em discurso indireto, quando o narrador relata os acontecimentos, e trechos em discurso direto, marcado pela fala do próprio personagem. O terceiro parágrafo do texto é um exemplo de uso do discurso indireto: “Na véspera do grande jogo, nem conseguiu dormir...”. Imagine como ele fi caria se fosse narrado em discurso direto, pelo próprio personagem. Reescreva-o a seguir.

5) Agora faça o contrário: transforme o penúltimo parágrafo em discurso indireto.

6) Explique o sentido da afi rmação contida no último parágrafo: “(...) quem compra um troféu compra junto o sonho que esse troféu representa.”

7) Há determinados momentos no texto em que parece haver uma quebra abrupta da cadência de idéias, havendo a interrupção de um período composto por subordinação devido a um uso não muito comum de pontuação. Observe um destes momentos:

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76 Ensino Fundamental

“(...) era um ardoroso torcedor do rubro-negro. Que viria ali para disputar um torneio regional, no qual participavam o time da cidade e mais alguns outros clubes de localidades vizinhas.”

O termo “que viria ali” introduz uma informação acerca do “rubro-negro” (o time do Flamengo). Uma vez que o termo “rubro-negro” atua como sujeito da oração seguinte (“viria ali para disputar um torneio regional...”), o uso da pontuação não se faria necessário na interrupção do período, mas Scliar o faz com a licença poética que é concedida aos escritores.

Identifi que no texto outras situações em que ocorra esse mesmo recurso, explicitando a relação entre as orações separadas que poderiam constituir um único período.

8) Faça o mesmo que Moacyr Scliar tem feito para encontrar temas para seus contos. Pesquise reportagens em jornais e revistas que possam ser curiosas, interessantes ou que tenham chamado sua atenção. Crie seu próprio conto a partir de uma delas. Não se esqueça de defi nir quem serão os personagens de sua história, onde e quando ela ocorreu e procure apresentá-la de uma forma bastante atrativa. Use sua imaginação!

Texto 5

O torcedor

No jogo de decisão do campeonato, Eváglio torceu pelo Atlético Mineiro, não porque fosse atleticano ou mineiro, mas porque receava o carnaval nas ruas se o Flamengo vencesse. Visitava um amigo em bairro distante, nenhum dos dois tem carro, e ele previa que a volta seria problema.

O Flamengo triunfou, e Eváglio deixou de ser atleticano para detestar todos os clubes de futebol, que perturbam a vida urbana com suas vitórias. Saindo em busca de táxi inexistente, acabou se metendo num ônibus em que não cabia mais ninguém, e havia duas bandeiras rubro-negras para cada passageiro. E não eram bandeiras pequenas nem torcedores exaustos: estes pareciam terem guardado a capacidade de grito para depois da vitória.

Eváglio sentiu-se dentro do Maracanã, até mesmo dentro da bola chutada por 44 pés. A bola era ele, embora ninguém reparasse naquela esfera humana que ansiava por tornar a ser gente a caminho de casa.

Lembrando-se de que torcera pelo vencido, teve medo, para não dizer terror. Se lessem em seu íntimo o segredo, estava perdido. Mas todos cantavam, sambavam com alegria tão pura que ele próprio começou a sentir um pouco de flamengo dentro de si. Era o canto? Eram braços e pernas falando além da boca? A emanação de entusiasmo o contagiava e transformava. Marcou com a cabeça o acompanhamento da música. Abriu os lábios, simulando cantar. Cantou. Ao dar fé de si, disputava à morena frenética a posse de uma bandeira. Queria enrolar-se no pano para exteriorizar o ser partidário

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Futebol: uma linguagem universal 77

Português - Volume II

que pulava em suas entranhas. A moça, em vez de ceder o troféu, abraçou-se com Eváglio e beijou-o na boca. Estava batizado, crismado e ungido: uma vez flamengo, sempre flamengo.

O pessoal desceu na Gávea, empurrando Eváglio para descer também e continuar a festa, mas Eváglio mora em Ipanema, e já com o pé no estribo se lembrou. Loucura continuar flamengo a noite inteira à base de chope, caipirinha, batucada e o mais. Segurou firme na porta, gritou: “Eu volto, gente! Vou só trocar de roupa” e, não se sabe como, chegou intacto ao lar, já sem compromisso clubista.

(ANDRADE, Carlos Drummond. De conto em conto, v. 2. São Paulo: Ática, 2001.)

Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, MG, em 31/10/1902 e faleceu em 17/08/1987. Colaborou com artigos para vários jornais. Escreveu poemas, contos e dedicou-se também à literatura infantil. Possui uma rica e vasta obra que nos faz indagar sobre nossa existência e o mundo que nos cerca.

1) Neste conto, Drummond questiona, de certa forma, as convicções humanas e os motivos que nos levam à aderir a determinada idéia. Observando os ditados populares abaixo, justifi que se eles estão ou não diretamente ligados à história narrada.

a) “Diga-me com quem andas e eu te direi quem és.”

b) “Não há mal que sempre dure nem há bem que não se acabe.”

c) “A ocasião faz o ladrão.”

Você se lembra de algum outro ditado que possua relação com o texto? Qual e por quê?

2) Localize no texto a ocorrência de uma expressão denotativa de exagero utilizada pelo autor para expressar o grande número de pessoas que torciam pelo Flamengo.

3) Encontre no texto um momento em que é possível perceber um fenômeno de gradação, ou seja, fatos e/ou sentimentos são apresentados de forma progressiva, aumentando gradativamente sua intensidade. Explique de que forma isso se dá.

4) Nesse texto observamos uma forma diferente de se introduzir a fala da personagem. Identifi que-a.

5) É possível estabelecer alguma relação entre o evento ocorrido com o personagem Eváglio e o último parágrafo do texto de Moacyr Scliar: “(...) quem compra um troféu compra junto o sonho que esse troféu representa.”? Qual?

6) Você leu a crônica de Luís Fernando Veríssimo “Aí, galera” e dois contos: “Troféu e sonho”, de Moacyr Scliar e “O torcedor”, de Carlos Drummond de Andrade. Reúna-se com seus colegas e discutam: a partir do que vocês puderam observar nesses textos, caracterizem as diferenças existentes entre uma crônica e um conto. Analisem os seguintes aspectos: a abordagem do tema, a fi nalidade e a estrutura de cada texto. Registrem então as conclusões a que vocês chegaram.

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78 Ensino Fundamental

CONVERSA COM O PROFESSOR

Desenvolver um trabalho de leitura, análise e produção com base em textos que tenham por tema o futebol, esporte tão apreciado pelos brasileiros, particularmente pelos jovens, permitirá uma abordagem mais atrativa do estudo da língua.

As atividades propostas baseiam-se no desenvolvimento de habilidades lingüísticas dos alunos integrando as seguintes áreas: habilidades de leitura, de produção textual e de análise da língua em uso. A intertextualidade apresentada nesta proposta pressupõe o reconhecimento da existência de variados gêneros textuais, cada qual com características e fi nalidades próprias.

O estudo da língua a partir dos gêneros textuais que permeiam a vivência cotidiana no mundo social propiciará aos alunos a instrumentalização necessária para uma efetiva participação na sociedade, por meio da compreensão e expressão adequada nas diversas situações comunicativas das quais participam.

Encaminhamento e motivação inicial

Apresentamos a seguir algumas sugestões de como introduzir o projeto, propondo atividades motivadoras que poderão despertar o interesse dos alunos para o tema.

Sugestão 1

Iniciar a apresentação do projeto com a música “É uma partida de futebol”, interpretada pelo grupo Skank. A partir disso, discutir a afi rmação da canção de que todos sonham ou sonharam um dia em ser jogador de futebol, bem como o gosto pelo esporte e preferências que possuam referentes a ele.

Canção: É uma partida de futebol Bola na trave não altera o placarBola na área sem ninguém pra cabecear Bola na rede pra fazer o gol Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?

A bandeira no estádio é um estandarte A flâmula pendurada na parede do quarto O distintivo na camisa do uniforme Que coisa linda é uma partida de futebol

Posso morrer pelo meu time Se ele perder, que dor, imenso crime Eu posso chorar se ele não ganhar Mas se ele ganha não adianta Não há garganta que não pare de berrar

A chuteira veste o pé descalço O tapete da realeza é verde Olhando pra bola eu vejo o Sol Está rolando agora é uma partida de futebol

O meio campo é o lugar dos craques Que vão levando o time todo pro ataque O centroavante, o mais importanteQue emocionante é uma partida de futebol

O meu goleiro é um homem de elástico Os dois zagueiros têm a chave do cadeado Os laterais fecham a defesa Mas que beleza é uma partida de futebol

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Futebol: uma linguagem universal 79

Português - Volume II

Proposta de questões orais:

- O futebol é uma paixão nacional, universal?

- Todos já tiveram esse sonho de ser jogador de futebol?

- Qual o signifi cado das expressões:

a) “o tapete da realeza é verde”

b) “olhando pra bola eu vejo o sol”

c) “o meu goleiro é um homem de elástico”

d) “os dois zagueiros têm a chave do cadeado”

- Como o autor demonstra ser um torcedor fanático?

- Quais são alguns elementos objetivos e outros subjetivos de que o autor faz uso no texto, ou seja, quais trechos estão em linguagem literal e quais estão em linguagem fi gurada?

Sugestão 2

Realizar atividades lúdicas utilizando bolas. Uma delas é a “batata-quente” em que se passa a bola pelos alunos sentados em círculo até que um líder peça para que ela pare. O aluno com quem a bola estiver deverá citar o nome de um time de futebol.

Outra atividade sugerida é aquela em que os alunos, divididos em grupos, devem citar nomes de times de futebol seguindo a ordem alfabética. Assim, o primeiro grupo diz o nome de um time iniciado pela letra A, o grupo seguinte com a letra B e assim sucessivamente.

Sugestão 3

Ler a entrevista a seguir e propor à turma um júri simulado sobre a presença de estrangeirismos na nossa língua.

Estrangeirismos

Devemos reprimir o uso de palavras estrangeiras?

O deputado federal Aldo Rebelo (PC do B-SP) criou um projeto de lei que limita o uso de palavras estrangeiras. A proposta foi aprovada na Câmara e aguarda votação no Senado. Se virar lei, passaremos a ter um glossário oficial de aportuguesamento e todo vocábulo estrangeiro, quando publicado na imprensa ou em anúncios publicitários, terá de vir acompanhado de um correspondente em português. Os estrangeirismos devem mesmo ser coibidos?

Sim. A História nos ensina que a imposição da língua é uma firma de dominação de um povo sobre outro. O estrangeirismo abusivo é lesivo ao patrimônio cultural e está promovendo uma verdadeira descaracterização da língua portuguesa. Nosso idioma oficial passa por uma transformação que não se ajusta aos processos aceitos de evolução das línguas Que obrigação tem um brasileiro de entender que uma mercadoria on sale

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80 Ensino Fundamental

está em liquidação? Aldo Rabelo, deputado federal (PC do B -SP) e autor do projeto de 1ei que restringe o uso de estrangeirismos.

Não. As pessoas que pensam que a língua brasileira está ameaçada com a entrada de palavras estrangeiras — como ocorre com o vocabulário da informática, das finanças e dos esportes - não observam a aplicação dos estrangeirismos. Quase sempre o importado aparece em co-ocorrência com um equivalente nacional, sinal de que os falantes estão experimentando para ver se ficam com a palavra de fora ou se vão simplesmente descartá-la Carlos Faraco, da Univ. Federal do Paraná, organizou o livro Estrangeirismos: Guerras em Torno da Língua

Não. O estrangeirismo é essencial. Negar a influência de um idioma sobre outro é negar a natureza de todas as línguas. Cerca de 70% das palavras do português vêm do latim e o restante, de outros idiomas. Apesar da luta dos puristas de todas as épocas, as línguas vivem em constante aprimoramento. Ainda assim, acredito que uma eventual estratégia de defesa do idioma não deveria ser feita por decreto, mas pela melhoria do sistema educacional. Francisco Marto de Moura, autor de livros didáticos de Língua Portuguesa

Revista NOVA ESCOLA, março de 2003. São Paulo, Abril. Disponível em: www.portrasdasletras.

com.br. Acesso em 05/12/2005

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Português - Volume II

O TRABALHO EMPOBRECE O HOMEM1

APRESENTAÇÃO

O tema que norteia esse material didático é o trabalho. Discute-se que o trabalho não é nem um bem nem um mal. Ou se quisermos, o trabalho é um bem e um mal: ao mesmo tempo que escraviza, ele liberta ou vice-versa. Na realidade, o trabalho é uma atividade humana e, como tal, refl ete a contradição existente no próprio ser humano e no conjunto da sociedade.

Não podemos deixar de acentuar, entretanto, que o trabalho é uma atividade importante para a criação e a recriação da vida e da sociedade. Assim, saber mais sobre as formas de realização e organização do trabalho é importante para que tenhamos uma visão apurada, crítica, e possamos intervir em busca do equilíbrio entre os aspectos positivos e negativos dele.

Objetivo Principal • Ampliar a competência discursiva do aluno em diferentes gêneros discursivos.

• Desenvolver o domínio de aspectos discursivos e gramaticais da língua em uso como suporte para os diferentes usos lingüísticos.

Gêneros textuais trabalhados Pintura, poema, canção

Detalhamento das características dos textos Os textos que compõem esta proposta de material didático apresentam as seguintes características, de acordo com seus objetivos discursivos:

1 Este trabalho será publicado na íntegra em versão digitalizada, disponível no site da SEE/RJ.

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82 Ensino Fundamental

Texto 1 – “Café” (Portinari, Cândido, 1935 - óleo sobre tela, 130x195. Coleção Museu Nacional de Belas Artes/MNBA, Rio de Janeiro, RJ).

Gênero

Óleo sobre tela

Objetivo comunicativo predominante

Mostrar, através da pintura, trabalhadores executando suas tarefas numa comunidade rural.

Contexto de produção

Cândido Portinari produziu esta obra em 1935, retratando na época os problemas sociais do Brasil.

Modo de organização discursiva e traços lingüísticos

Embora seja uma obra pictórica, percebe-se um texto argumentativo, questionador e que emociona o leitor através das imagens.

Texto 2 - A cigarra e a formiga (Versão Poética - Esopo. “A cigarra e a formiga”. http//terravista.pt)

Gênero

Poema narrativo

Objetivo comunicativo predominante

Contar a história da cigarra e da formiga destacando o preconceito em relação às diferentes formas de trabalho.

Contexto de produção

É uma versão poética da fábula de Esopo para enfatizar o preconceito do trabalho da formiga em detrimento ao trabalho da cigarra.

Modo de organização discursiva e traços lingüísticos

História contada em versos rimados, recursos gráfi cos do dialogo, inversões etc.

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O trabalho enobrece o homem 83

Português - Volume II

Texto 3 – “O açúcar” (Ferreira Gullar - In: Bosi, Alfredo (org) – Os melhores poemas de Ferreira Gullar. São Paulo: Global)

Gênero

Poema

Objetivo comunicativo predominante

A importância fundamental do trabalhador, que para muitos, passa despercebido.

Contexto de produção

Poema publicado entre 1960 e 1970, período em que o poeta rompe com a poesia concreta e passa a se interessar por temas sociais, guerra fria, corrida atômica e neocapitalismo.

Modo de organização discursiva e traços lingüísticos

Através de recursos expressivos, como as fi guras de linguagem, o eu-lírico emociona o leitor e o leva a refl etir sobre a realidade social do trabalhador comum.

Texto 4 – “Morte e Vida severina” (João Cabral de Melo Neto – Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.)

Gênero

Poema

Objetivo comunicativo predominante

Prazer estético e crítica social.

Contexto de produção

Texto escrito por João Cabral de Melo Neto em que o retirante e a mulher dialogam a respeito das oportunidades de trabalho.

Modo de organização discursiva e traços lingüísticos

Organizado em versos rimados em redondilha, com presença de recursos expressivos como a rima, o ritmo aos moldes dos autos de natal medieval. Enfatiza a substantivação.

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84 Ensino Fundamental

Texto 5 - “Fábrica” (Renato Russo, In: CD. Legião Urbana, 1996)

Gênero

Canção

Objetivo comunicativo predominante

Prazer estético e crítica social.

Contexto de produção

Canção escrita por Renato Russo nos anos 80, década do rock nacional, expressou em sua letra, um dos dilemas dessa geração: busca por justiça social.

Modo de organização discursiva e traços lingüísticos

O uso de recursos expressivos, rimas, ritmo e inversões. Identifi car diferentes recursos prosódicos freqüentes em textos poéticos.

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Português - Volume II

ATIVIDADES DIDÁTICAS

Texto 1 – Óleo sobre tela de Portinari

Leitura

Observe com bastante atenção o quadro acima e responda oralmente.

1)O que você está vendo?

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86 Ensino Fundamental

2)O quadro retrata um ambiente rural ou urbano? Justifi que.

3) O que as pessoas estão fazendo?

4) Elas executam a mesma tarefa? Em caso negativo, relacione todas as tarefas visualizadas por você.

5) É possível identifi car um tema? Que tema é esse?

6) Em que contexto social esse tema é abordado? Justifi que sua resposta com base no título do quadro Café.

7) Leia o que Paulo Freire disse a respeito do trabalho: “É trabalhando que os homens e as mulheres transformam o mundo. E, transformando o mundo, se transformam também”.

Tanto Paulo Freire quanto Cândido Portinari constroem o conceito de trabalho.

a) Em que se assemelham?

b) Em que se diferenciam?

Laboratório de textos

Faça uma pesquisa ou pergunte ao seu professor a história sobre O Ciclo do Café, e construa um texto narrativo com base na cena do quadro Café, de Cândido Portinari. Não se esqueça de informações como: tempo, ambiente, personagens, enredo (acontecimento).

Texto 2

A cigarra e a formiga

A cigarra, sem pensarem guardar, a cantar passou o verão.Eis que chega o inverno, e então,sem provisão na despensa,como saída, ela pensaem recorrer a uma amiga:sua vizinha , a formiga,pedindo a ela , emprestado,algum grão, qualquer bocado,

( Esopo. “ A cigarra e a formiga”. http://.terra vista.pt)

Leitura 1) É possível associar essa história a algum texto que você conheça? Se resposta positiva, qual? Como chegou a esta conclusão? Justifi que com elemento (s) do texto.

2) Eles pertencem ao mesmo gênero textual? Se a resposta negativa, justifi que.

até o bom tempo voltar.‘Antes de agosto chegar pode estar certa a senhora: pago com juros, sem mora.”Obsequiosa, certamente,a formiga não seria.” Que fizeste até outro dia?” perguntou à imprevidente.“ Eu cantava, sim, senhora,noite e dia, sem tristeza.”“Tu cantavas? Que beleza!Muito bem: pois dança agora...”

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Português - Volume II

a) Indique o gênero a que cada um pertence.

b) Possuem o mesmo objetivo comunicativo? Justifi que.

3) Como você já deve ter percebido, a partir das respostas, os textos se apresentam sob gêneros diferentes, mas com uma mesma temática.a) Que tema é esse?b) É possível estabelecer uma relação de sentido entre o assunto tratado no poema e o tema estabelecido na unidade? Por quê?

4) No texto ocorrem seqüências textuais da vários tipos. Classifi que as seqüências abaixo de acordo com a tipologia. Justifi que cada classifi cação.a) ”A cigarra , sem pensar em guardar, a cantar passou o verão”.b) ”eis que chega o inverno, e então, sem provisão na dispensa...”c) “Que fi zeste até outro dia”?

5) A presença da seqüência dialogal se manifesta a partir da 2º estrofe.A) Que marca predominantes da oralidade é facilmente reconhecida nesta estrofe que justifi que o tipo de seqüência?B) Quantas vezes se fazem ouvir? Direta ou indiretamente?C) Qual o tema da conversa?

6) A cigarra faz uma promessa à formiga com relação ao pagamento da dívida.

a) Que palavra empregada neste fragmento confi rma que a cigarra irá pagar a sua dívida sem atrasos?

b) Qual a função sintática estabelecida por este termo?

7) Antes de ser apresentada a resposta da Formiga à Cigarra, há uma antecipação desta resposta por parte do narrador.Observe: “Obsequiosa, certamente, a formiga não seria”.a) Que palavra é essa?b) Com que intenção o narrador a emprega?

8) Retire do texto a fala que justifi ca que a personagem formiga não sente arrependimento algum por ter passado o verão cantando e se divertindo.

9) A fábula descreve a formiga trabalhando e a cigarra cantando. Não seria preconceituoso considerarmos apenas a tarefa exercida pela formiga como trabalho? E o cantar, enquanto arte, não pode ser uma forma de trabalho?

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88 Ensino Fundamental

Texto 3

AçúcarFerreira Gullar

O branco açúcar que adoçará meu café Nesta manhã de Ipanema Não foi produzido por mim Nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puro E afável ao paladar Como beijo de moça, água Na pele, florQue se dissolve na boca. Mas este açúcarNão foi feito por mm.Este açúcar veioDa mercearia da esquia e tampouco o fez o Oliveira

Dono da merceariaEste açúcar veioDe uma usina de açúcar de PernambucoOu no Estado do RioE tampouco o fez o dono da usina

Este açúcar era canaE veio dos canaviais extensosQue não nascem por acasoNo regaço do vale.

Em lugares distantes, onde não há hospitalNem escolaHomens que não sabem ler e morrer de fomeAos 27 anosPlantaram e colheram a canaQue viraria açúcar.

Em usinas escuras,Homens de vida amargaE duraProduziram este açúcarBranco e puroCom que adoço meu café esta manhã em Ipanema.

Leitura1) O texto 3 é essencialmente subjetivo, emotivo. A partir do entendimento do tema proposto, qual é seu verdadeiro objetivo?

2) Releia a segunda estrofe do poema: “ Vejo-o puro....usina.”

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Português - Volume II

3) Que relação o segundo período desta estrofe estabelece com o primeiro?

4) Releia a segunda estrofe do poema, observando as seguintes relações:

“Nas usinas escuras” estão os homens de vida amarga e dura X“Em Ipanema” o eu lírico adoça seu café produzido por aqueles homens

Qual a relação semântica entre “amarga/dura? X “adoça”?

Laboratório de textos

1) A paródia é a mudança do signifi cado do texto, com a inclusão de outras idéias a partir da idéia original. Sendo assim, crie uma paródia sobre o tema do texto 3. Tome também como base este pensamento de Bertold Brecht.

O vosso tanque General, é um carro forte Derruba uma floresta esmaga cem HomensMas tem um defeito-Precisa de um motoristaO vosso bombardeiro, generalÉ poderosoVoa mais depressa que a tempestadeE transporta mais carga que um elefanteMas tem um defeito-Precisa de um pilotoO homem, meu general, é muito útilSabe voar, e sabe matarMas tem um defeito-Sabe pensar( dicionário enciclopédico ilustrado, 11° editora Formar, 1968.p.701.vol. II)

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90 Ensino Fundamental

Texto 4 Morte e vida severina

(fragmento)

João Cabral de Melo Neto

Vejo uma mulher na janela, ali, que se não é rica parece remedidaou dona de sua vida:vou saber se de trabalho poderá me dar notícia.DIRIGE-SE À MULHER NA JANELA QUE DEPOIS DESCOBRE TRATAR-SE DE QUEM SE SABERÁ-Muito bom dia, senhora,que nessa janela está;sabe dizer se é possível algum trabalho encontrar?-Trabalho aqui nunca faltaa quem sabe trabalhar;o que fazia o compadrena sua terra de lá?-Pois fui sempre lavrador,lavrador de terra má; não há espécies de terraque eu não possa cultivar.-Isso aqui de nada adianta,pouco existe o que lavrar;mas diga-me, retirante,que mais fazia por lá?- Também lá na minha terra de terra mesmo pouco há; mas até a calva da pedrasinto-me capaz de arar .-Também de pouco adianta,nem pedra há aqui que amassar; diga-me ainda, compadre que mais fazia por lá?-Conheço todas as roçasque neste chã podem dar:o algodão, a mamonaa pita, o milho , o caroá.-Esses roçados o bancojá não quer financiar;

mas diga-me, retirante,o que mais fazia lá?-Melhor do que eu ninguémsabe combater, quiçá,tanta planta de rapina que tenho visto por cá.-Essa plantas de rapinasão tudo o que a terra dá;diga-me ainda, compadre, que mais fazia por lá?-Tirei mandioca de chãsque o vento vive a esfolare de outras escalavradaspela seca faca solar.-Isto aqui não é Vitórianem é Glória do Goitá; e além da terra, me diga,que mais sabe trabalhar?-Sei também tratar de gado, entre urtigas pastorear:gado de comer do chão ou de comer ramas no ar.-Aqui não é Surubimnem Limoeiro, oxalá!mas diga-me, retirante, que mais fazia por lá?-Em qualquer das cinco tachas de um bangüê sei cozinhar; sei cuidar de uma moenda, de uma casa de purgar.-Com a vinda das usinashá poucos engenhos já; nada mais o retiranteaprendeu a fazer lá?-Ali ninguém aprendeuoutro ofício ou aprenderá:mas o sol, de sol a sol,bem se aprende a suportar.-Mas isso então será tudoem que sabe trabalhar? vamos, diga, retirante, outras coisas saberá.-Deseja mesmo saber o que eu fazia por lá?

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Morte e vida severina, auto de Natal pernambucano, é uma das obras mais conhecidas de João Cabral de Melo Neto.

Cena: O encontro do retirante com uma mulher “que não é rica/ parece remediada/ou dona da sua vida” que está na janela.” Há um diálogo entre eles.

1) O retirante não consegue trabalho naquele local, apesar de ter experiência variada.

Retire do texto os versos que contradizem essa situação.

comer quando havia o quêe, havendo ou não, trabalhar.-Essa vida por aquié coisa familiar;mas diga-me retirante,sabe benditos rezar?sabe cantar excelências,defuntos encomendar?sabe tirar ladainhas,sabe mortos enterrar?-Já velei muitos defuntos, na serra é coisa vulgar;mas nunca aprendi as rezas,se somente acompanhar.-Pois se o compadre soubesse rezar ou mesmo cantar, trabalhávamos a meias,que a freguesia bem dá.-Agora se me permiteminha vez de perguntar: como a senhora, comadre,pode manter o seu lar?-Vou explicar rapidamente,logo compreenderá:como aqui a morte é tanta,vivo de a morte ajudar.-E ainda se me permite que lhe volte a perguntar:é aqui uma profissãotrabalho tão singular?-É, sim, uma profissão,e a melhor de quantas há:sou de toda a regiãorezadora titular.-E ainda se me permiteoutra vez indagar:é boa essa profissão

em que a comadre ora está?-De um raio de muitas léguasvem gente aqui me chamar; a verdade é que não pudequeixar-me ainda de azar.-E se pela ultima vezme permitir perguntar:não existir outro trabalhopara mim neste lugar?-Como aqui a morte é tanta, só é possível trabalharnessas profissões que fazemda morte ofício ou bazar.Imagine que outra gentede profissão similar,farmacêuticos, coveiros,doutor de anel no anular,remando contra a correnteda gente que baixa ao mar, retirantes às avessas,sobem do mar para cá. Só os roçados da morte compensam aqui cultivar, e cultiva-los é fácil:simples questão de plantar; não se precisa de limpa, de adubar nem regar; as estiagens e as pragasfazem-nos mais prosperar; e dão lucro imediato; nem é preciso esperarpela colheita:recebe-se na hora mesma de semear.

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92 Ensino Fundamental

2) Para a Senhora, o retirante listou poucas profi ssões. Retire do texto os versos que reiteram essa opinião.

3) Durante o diálogo, a Senhora não fi ca satisfeita com as aptidões apresentadas pelo retirante. Que verso (s) mostra( m) essa insatisfação?

4) Leia os dois trechos e responda à questão:

a) “Conheço todas as roças

que neste chã podem dar

o algodão , a mamona,

a pita, o milho, o caroá”.

b) “ Só os roçadores da morte

compensam aqui cultivar.”

Comente, quanto à linguagem, a diferença entre os dois trechos.

5) Observe a repetição destes versos:

“ diga-me ainda, compadre,

que mais fazia por lá?”

“ mas diga-me, retirante

que mais fazia por lá?”

6) Qual a intenção da senhora ao repetir sete vezes o mesmo verso?

7) Qual o trabalho que o retirante precisava saber para conseguir seu objetivo de encontrar um trabalho?

8) No início do poema, a mulher afi rma não faltar trabalho a quem sabe trabalhar. A que trabalho ela se refere?

9) O homem afi rma, no decorrer do poema, saber lidar com agricultura, gado e engenho. Essas experiências poderiam dar a ele a certeza de um trabalho naquela localidade. Por que não consegue trabalho ali?

10) O poema apresenta a peregrinação do retirante (Severino) em busca de trabalho. Usando um substantivo abstrato, responda o que signifi ca o trabalho para o retirante. Justifi que sua resposta.

11) Contudo, o retirante não encontra trabalho que possa realizar. O que signifi ca a ausência de trabalho para ele? Utilize um substantivo para resposta. Justifi que.

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Português - Volume II

12) A mulher, que aparece na janela, em meio a tanta miséria parece ter uma vida próspera e remediada:

“...trabalhamos a meias,

que a freguesia bem dá”

“...a verdade é que não pude

queixar-me ainda do azar.

Como se explica o fato de ser bem sucedida na profi ssão?

13) A natureza que tanto bem faz ao homem pode, algumas vezes, prejudicá-lo. As condições climáticas interferem positiva ou negativamente na vida e no trabalho das pessoas e das cidades.

Comente a afi rmação relacionando-a ao texto “Morte e vida severina”.

14) Sabendo que “Morte e vida severina” é um texto modernista da geração de 45, poesia com senso do compromisso entre a arte e a realidade, é o engajamento com os problemas sociais, associando compromisso social com a arte. Pode-se dizer que o texto aborda um tema social. Releia o poema justifi cando essa afi rmativa. Comprove sua resposta com passagem do texto.

15) Paradoxo é o recurso lingüístico que consiste em apresentar idéias que se contradizem.

Qual o paradoxo encontrado no decorrer da leitura do trecho?

Questões para debate1) De que maneira a literatura e a arte refl etem as diferenças regionais e culturais de nosso país?

2) A arte e a literatura precisam ter uma função social ou não?

3) Que semelhanças e diferenças existem entre os modos de vida dos moradores de diferentes regiões?

4) Considerando os textos apresentados nesta unidade, discuta a afi rmativa abaixo, retirada do texto “Os Sertões”, de Euclides da Cunha: “ O sertanejo é antes de tudo um forte.”?

Laboratório de textos

1) Considerando o segmento do poema de J.C.M.N. apresentado, redija um texto em prosa, contando o dia de um retirante à procura de trabalho na cidade grande.

2) O texto de J.C.M.N. apresenta o retirante à procura de trabalho.

Refl ita sobre o tema da nossa unidade “ O trabalho” e faça um texto argumentativo, apresentando as razões que não permitem o acesso ao emprego.

Utilize, como argumentos, as idéias decorrentes dos debates feitos ao longo das aulas e da leitura dos textos da unidade.

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94 Ensino Fundamental

Se quiser, oriente-se por este roteiro:

Introdução: Principais problemas observados no mundo atual sobre este trabalho.• Faça uma afi rmação; seguindo a essa afi rmação, apresente três argumentos. Use elementos de coesão( porque, embora, pois, entretanto etc.)(Exemplo: o trabalho constrói a dignidade do homem (afi rmação) porque..., embora..., pois...)Desenvolvimento:• Desenvolvimento dos argumentos da introdução.• Causas desses problemas, possíveis soluções, exemplifi cações.Conclusão:• Expectativas em relação a um mundo melhor, com mais oportunidades de trabalho, salário mais justo etc...Não se esqueça do título e do uso dos conectores para ligar as idéias.

Texto 5

Fábrica

Renato Russo

Nosso dia vai chegarTeremos nossa vez.Não é pedir demais:Quero justiça,Quero trabalhar em paz.Não é muito o que lhe peçoEu quero trabalho honestoEm vez de escravidão.Deve haver algum lugarOnde o mais forteNão consegue escravizarQuem não tem chance.De onde vem a indiferençaTemperada a ferro e fogo?Quem guarda os portões da fábrica?O céu já foi azul, mas agora é cinzaE o que era verde aqui já não existe mais.Quem me dera acreditarQue não acontece nada de tanto brincar com fogo.Que venha o fogo então.Esse ar deixou minha vista cansada.Nada demais.

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Português - Volume II

Releia a letra da música e responda às questões:

1) Há relação do título da música de Renato Russo com o tema desenvolvido na Unidade? Justifi que sua resposta com base no texto.

2) O eu-lírico faz algumas reivindicações no decorrer do texto. Quais são elas?

3) Quais os recursos lingüísticos marcados no texto que demonstram a emotividade do autor?

4) As cores conotam uma plurissignifi cação. Qual o valor semântico estabelecido em cada uma delas?

5) O poema faz uso das interrogações. Responda as perguntas feitas na terceira estrofe.

Qual a intenção do eu-lírico ao fazer certas indagações?

6) O texto pode ser dividido em dois momentos. Identifi que os versos que se referem ao primeiro momento. O que o eu-lírico deseja nesse primeiro momento?

7) Identifi que agora os versos do segundo momento. O que o eu lírico deseja nesse momento?

8) Qual a estrofe que une os dois momentos? Qual o seu objetivo?

9) Não podemos impedir o progresso, pois é inevitável para a humanidade. Então, o que devemos fazer para reverter a situação relatada na quarta e quinta estrofe?

10) Na terceira estrofe Renato Russo faz referência a um provérbio popular. Que provérbio é esse? Com que intenção ele foi utilizado?

11) Podemos dizer que, na última estrofe, a voz que se manifesta na canção desistiu de lutar? Por quê?

12) Em relação à organização do trabalho, a passagem do sistema feudal para o sistema capitalista se caracterizou, fundamentalmente, pela separação do ser humano de seus meios de produção ( terras ou ferramentas).a) O que essa mudança signifi cou para a classe trabalhadora?b) E para a classe burguesa?

13) Leia este poema de Carlos Drummond de Andrade:“Calo-me, espero, decifro.As coisas talvez melhorem.São tão fortes as coisas!Mas eu não sou as coisas e me revolto.”

Podemos fazer alguma relação entre a canção de Renato Russo e este poema de Drummond? Justifi que.

14) Redigir um texto dissertativo a partir da temática da canção, partindo da temática social abordada, assumindo uma posição em relação às suas causas e possíveis soluções.

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96 Ensino Fundamental

CONVERSA COM O PROFESSOR

A Preparação para leitura da pintura

È importante a visualização da paisagem através de uma pesquisa prévia dos elementos que a constituem, levantando hipóteses que levem à construção do contexto histórico. Além disso, é necessária a identifi cação do tema através do título da obra e seu autor, Cândido Portinari, que representa em seus quadros muitos problemas sociais do Brasil de sua época. Neste sentido, a leitura do gênero pintura, a obra de arte, funciona como elemento motivador para refl exão sobre o trabalho, considerando três aspectos: por que (causa) e para que (fi nalidade) o homem trabalha; os diferentes tipos de trabalho; o trabalho como exploração do ser humano ( trabalho=meu mal).

È fundamental priorizar, no texto 2, a leitura com entoação, bem como o reconhecimento da possível inter-relação entre gêneros, reconhecendo, assim, as diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratem do mesmo tema.

È fundamental o exercício do debate para a ampliação e correlação das idéias. Especifi camente, a fábula é uma forma que propicia de forma bastante intensa o uso do argumento. Nesse caso específi co, será uma forma de refl exão sobre a importância da valorização de todos os tipos de trabalho.

O comentário sobre a obra “Morte e vida severina” deve ser feito, destacando-se o aspecto social do Modernismo. É uma obra engajada na discussão social, relatando problemas do sertão pernambucano. Destacar o tema do texto, relacionando-o com o titulo do poema. É sempre importante verifi car se há dúvidas de vocabulário e compreensão. A leitura do poema encaminha a refl exão sobre a ausência do trabalho: por que (causa) e para que (fi nalidade) o homem trabalha; e os diferentes tipos de trabalho.)

Para trabalhar o texto 4, o professor poderá sugerir o debate em pequenos grupos, nomeando um relator para apresentar as conclusões ao grupão. Sugerir que consultem revistas, jornais e livros para a fundamentação das idéias. É importante anotar as idéias no caderno, assim os alunos estarão se preparando para a atividade seguinte, que é a produção textual. Lembre-se que ninguém escreve sobre o que não sabe. Logo, é necessário debater, refl etir e concluir.

Relembrar que o texto literário de J. Cabral de Melo Neto é uma forte crítica social. Professor, é imprescindível destacar as questões relacionadas à intertextualidade, para isso peça ao professor de Geografi a que desenvolva com os alunos o tema da seca.

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E por falar em namorar 97

Português - Volume II

E POR FALAR EM NAMORAR

APRESENTAÇÃO:Levar aos alunos textos cuja temática seja de seu real interesse, certamente, provocará neles motivação para o trabalho com textos.

Os alunos das últimas séries do Ensino Fundamental encontram-se numa fase de vida em que os relacionamentos amorosos assumem grande importância.

Todavia, vivemos um tempo em que as relações humanas estão prejudicadas por uma crise de valores. Importa-nos ajudar os adolescentes na construção de um relacionamento afetivo maduro e coerente com valores que os encaminhem para uma vida adulta realizada, determinada pela vivência plena da sua adolescência.

Para oportunizar aos adolescentes refl etirem, interpretarem textos e se expressarem a partir da temática “namoro”, no exercício de nossa função de professoras de língua portuguesa, selecionamos textos de diferentes gêneros para trabalharmos no 2º bimestre do ano letivo. Escolhemos o 2º bimestre em função de o Dia dos Namorados ser comemorado em 12 de junho.

Objetivos1. Desencadear discussão sobre a temática “namoro” para que se questionem atitudes e valores.

2. Interpretar textos de gêneros e tipologias diferentes para desenvolver no aluno as competências necessárias a uma interação autônoma e ativa nas situações de interlocução e leitura.

3. Produzir textos a partir do estímulo dos textos interpretados para o desenvolvimento da competência lingüística na forma escrita.

4. Questionar elementos da língua em uso para desenvolver as capacidades necessárias ao leitor crítico e as habilidades para a expressão escrita.

5. Contribuir na formação do cidadão crítico, participativo e criativo para a construção de uma sociedade solidária.

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98 Ensino Fundamental

Séries a que se destina7ª e 8ª séries do Ensino Fundamental

Duração da atividade: 2º bimestre, em função de o Dia dos Namorados ser comemorado em 12 de junho.

Gêneros textuais trabalhadosCanção, divulgação científi ca, fragmento de romance, crônica, história em quadrinhos, poema, notícia.

Detalhamento das características dos textos trabalhadosOs textos que compõem esta proposta de material didático apresentam as seguintes características, de acordo com seus objetivos discursivos:

Texto 1: “Já sei namorar” (Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown - www.tribalistas.letras.terra.com.br)

Gênero textual

Canção

Objetivo comunicativo predominante

Refl etir sobre o namoro como espaço de encontro, de conhecimento do outro, de vivência a dois. Trabalhar várias linguagens: a dança e o canto. A interpretação oral antecedendo a interpretação escrita é uma das possibilidades de melhor compreensão do texto.

Modo de organização discursiva predominante

Descritivo/ argumentativo

Recursos lingüísticos utilizados pelo autor

• Marcas que identifi cam o eu-lírico: verbos e pronomes.

• Escolha vocabular.

• Recursos sonoros.

• Presença de anáfora e aliteração.

Page 94: Televisão-livro

E por falar em namorar 99

Português - Volume II

Texto 2: “Namoro, ensaio para o futuro” (Onofre Guilherme S. Filho, Jornal Mundo Jovem, junho de 92)

Gênero textual

Divulgação científi ca

Objetivo comunicativo predominante

Dia 12 de junho é o dia dos namorados. Essa data é bem explorada pelo comércio. Logo, poderá ser uma data para pensarmos e promovermos discussões sobre o sentido do namoro, a afetividade e o relacionamento entre as pessoas em nossos dias.

Modo de organização discursiva predominante

Texto dissertativo argumentativo.

Recursos lingüísticos utilizados pelo autor

• Uso do adv. (já) como recurso argumentativo.

• Emprego da 1a pessoa para a auto-descrição, como recurso argumentativo.

• Estrutura subordinada, reforçando o caráter opinativo do discurso do entrevistado.

Texto 3: “Inscrição de Machado de Assis” (ASSIS, Machado de. D. Casmurro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília: INL, 1975.)

Gênero textual

Fragmento de romance.

Objetivo comunicativo predominante

A utilização desse texto literário de alto valor estético prende-se à necessidade de trabalharmos textos literários em sala de aula. Difi cilmente os alunos tomarão conhecimento de textos assim, se não forem apresentados na escola. A emoção e o entusiasmo do professor são fundamentais para despertar e desenvolver no aluno o prazer estético.

Modo de organização discursiva predominante

Narração.

Page 95: Televisão-livro

100 Ensino Fundamental

Recursos lingüísticos utilizados pelo autor• Estudo do vocabulário: inferir o sentido de palavras e expressões.

• Elementos da narrativa: foco narrativo.

• Informações implícitas.

• Presença de referência temporal na seqüência narrativa.

• As pessoas do discurso: narrativa em 1a pessoa.

• Emprego de substantivos e adjetivos na seqüência narrativa.

Texto 4: “Ter ou não ter namorado” (Artur da Távola - Amor a si mesmo. Coletânea de crônicas de Artur da Távola Ed. Círculo do livro (www.npd.ufes.br/textos/texto3.htm)

Gênero textual

Crônica

Objetivo comunicativo predominante

Estamos diante de um texto que explicita, através de negativas, o que é necessário para ter ou não namorado. A expressividade se dá pela sucessão de inúmeras metáforas inusitadas e que em alguns momentos tornam o texto hermético.

Modo de organização discursiva predominante

Texto em prosa poética. O autor apresenta o conceito de quem não tem namorado e os quesitos necessários para o namorado de verdade. Presença de seqüência enumerativa, sempre em linguagem metafórica, e de seqüência injuntiva.

Recursos lingüísticos utilizados pelo autor

• Estudo do vocabulário: inferir o sentido de palavras e expressões.

• Uso de metáforas e de neologismos.

• Valor dos tempos verbais: presente, pretérito perfeito, imperativo e infi nitivo.

• Estrutura subordinada, reforçando o caráter opinativo do texto.

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E por falar em namorar 101

Português - Volume II

Texto 5: “Gatão de Meia-Idade” (Miguel Paiva, jornal O Globo)

Gênero textual

História em quadrinhos.

Objetivo comunicativo predominante

A história em quadrinhos, construída pela conjugação da linguagem verbal e não-verbal, apresenta, com humor e ironia, fatos da vida cotidiana em texto crítico cada vez mais presente nos meios de comunicação. Ler uma tira é compreender a sociedade nela retratada, bem como a crítica por ela apresentada. A articulação da imagem com o texto atrai o interesse do leitor, sobretudo numa sociedade, como a contemporânea, em que o ver é mais importante que o ler. Daí tal gênero textual ser importante no processo de ensino-aprendizagem da leitura na escola.

Modo de organização discursiva predominante

Por ser uma seqüência dialogal, o texto é construído com base em turnos conversacionais, conjugando o verbal e o não-verbal.

Recursos lingüísticos utilizados pelo autor

• Seqüência dialogal.

•Variação lingüística: marcas da oralidade e de faixas etárias.

• Uso de sinais de pontuação.

• Estudo do vocabulário: inferir o sentido de palavras e expressões.

Texto 6: “Soneto do amor total” (Vinicius de Moraes. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1987. p. 336)

Gênero textual

Poema.

Objetivo comunicativo predominante

Embora deva ser atribuída aos outros tipos de textos (jornalístico, científi co, propaganda e histórias em quadrinho) a mesma importância para o trabalho com a língua, o literário, tanto em prosa quanto em verso, destaca-se por suas particulares condições de produção. Usando o real como ponto de partida ou referência, o texto literário não o reproduz e sim o recria, reordena os elementos constitutivos da realidade, reconstituindo experiências coletivas ou individuais.

Page 97: Televisão-livro

102 Ensino Fundamental

Levar a poesia para a sala de aula é um exercício fundamental e cabe aos professores e à escola despertar o gosto estético dos alunos.

Recursos lingüísticos utilizados pelo autor• Efeitos de sentido decorrente da escolha de determinada palavra ou expressão.

• Efeitos de sentido obtidos a partir do tratamento da sonoridade ou da linguagem fi gurada.

• O papel dos sinais de pontuação na construção do texto.

• Marcadores temporais.

• Emprego dos pronomes.

Texto 7: “Como surgiu o Dia dos Namorados” (Informe publicitário na Revista Veja)

Gênero textual

Notícia.

Objetivo comunicativo predominante

É sempre interessante conhecer como surgiram as comemorações com as quais nos envolvemos. É interessante incluí-lo neste conjunto de texto por ser informativo, que utiliza seqüência narrativa ligada à temática a que se propôs trabalhar.

Modo de organização discursiva predominante

Narrativo / argumentativo

Recursos lingüísticos utilizados pelo autor

• Uso de recursos tipicamente narrativos, respondendo as perguntas: quem? fez o quê? onde? quando? porquê?

• Vocabulário laudatório e persuasivo.

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E por falar em namorar 103

Português - Volume II

ATIVIDADES DIDÁTICAS

Texto 1

Já sei namorar (Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, Marisa Monte)

Já sei namorarJá sei beijar de línguaAgora, só me resta sonharJá sei onde irJá sei onde ficarAgora, só me falta sair

Não tenho paciência pra televisãoEu não sou audiência para a solidão

Eu sou de ninguémEu sou de todo mundoE todo mundo me quer bemEu sou de ninguémEu sou de todo mundoE todo mundo é meu também

Já sei namorarJá sei chutar a bolaAgora, só me falta ganharNão tenho juizSe você quer a vida em jogoEu quero é ser feliz

Arnaldo Antunes nasceu no dia 2 de setembro de 1960. Compositor, cantor, poeta. Arnaldo é um dos principais representantes da nova geração de músicos brasileiros. Na década de 80, foi um dos fundadores do grupo de rock Titãs. Arnaldo fez parte dos Titãs entre 1982 e 1992. No entanto, ele continua compondo com os músicos do grupo ( Nando Reis e Paulo Miklos), bem como com Marisa Monte, Carlinhos Brown, Gilberto Gil, João Donato, Jorge Ben Jor, Marina Lima, Arto Lindsay e outros. Arnaldo lançou os discos-solo “Nome” (1995), “Ninguém” (1996), “Silêncio” (1997) e “Um Som” (1998).

Carlinhos Brown nasceu em 23 de novembro de 1962. Percussionista, compositor, produtor e agitador cultural baiano, criado na periferia de Salvador, seu nome artístico é uma homenagem a James Brown, ídolo do funk e da soul music. Dominando vários instrumentos de percussão, Brown se tornou um dos instrumentistas mais requisitados da Bahia desde o início dos anos 80.

Não tenho paciência pra televisãoEu não sou audiência para a solidão

Eu sou de ninguémEu sou de todo mundoE todo mundo me quer bemEu sou de ninguémEu sou de todo mundoE todo mundo é meu também

Tô te querendo como ninguémTô te querendo como Deus quiserTô te querendo como eu te queroTô te querendo como se quer (www.tribalistas.letras.terra.com.br)

Page 99: Televisão-livro

104 Ensino Fundamental

Marisa de Azevedo Monte nasceu em 01 de julho de 1967 no Rio de Janeiro. Estudou piano na infância, aos nove anos ganhou de aniversário uma bateria, e aprendeu violão. Na adolescência, estudou canto lírico e participou de uma montagem do musical Rocky Horror Show, encenada por alunos de teatro do Colégio Andrews, com direção de Miguel Falabella. Em 1985 permaneceu dez meses na Itália para estudar canto, mas desistiu do gênero lírico e passou a cantar música brasileira na noite, acompanhada de amigos. Nessa época, em Veneza, foi ouvida por Nelson Mota, que seria o diretor de Tudo veludo, seu show de estréia no JazzMania, no Rio de Janeiro, em 1987. O sucesso foi imediato, de público e de crítica. Antes mesmo de gravar seu primeiro disco, foi considerada uma das mais promissoras vozes da música popular brasileira.

Leitura

1) O eu-lírico afi rma: “Já sei namorar”. O que é namorar?

EU LÍRICO é a voz que se expressa no poema.

2) Que versos indicam que o eu-lírico tem um projeto de vida?

3) Que signifi cado você atribui ao verso “Eu não sou audiência para a solidão”?

4) Na 3ª estrofe, o poeta faz declarações sobre si mesmo. O que declara o eu-lírico nessa estrofe?

5) Explique os versos:

a)“ Já sei chutar a bola”

b)“ Não tenho juiz”

c) “ Se você quer a vida em jogo”

6) A respeito de seu querer, o eu-lírico afi rma que é

a) universal (igual a todos os amores)

b) subjetivo (próprio dele mesmo)

c) ímpar (diferente, único)

d) fatalista (de uma maneira que não depende dele)

Indique em que verso está cada uma dessas declarações.

7) O poeta utiliza rimas para dar sonoridade ao texto. Indique as rimas que você percebe no texto.

8) O poeta utiliza outros recursos para tornar o texto mais sonoro. Que recursos são esses?

Page 100: Televisão-livro

E por falar em namorar 105

Português - Volume II

Texto 2Namoro, ensaio para o futuro (fragmento)Estamos acostumados a encarar a experiência do namoro entre os jovens muitas vezes sem a devida seriedade que ela traz consigo. E, por ausência de uma orientação adequada e realista, muitos jovens acabam por fazer dessa experiência tão rica uma brincadeira de “faz-de-conta” que a gente se dá bem; “ faz-de-conta” que eu gosto de você e você gosta de mim; “ faz-de-conta” que a gente está junto enquanto der... e vai por aí.

Troca-se de parceria como se troca de roupa. No grupo de amigos o líder é aquele que possui um certo status e pelo qual as meninas do bairro batem o coração e se “derretem”

O que escondem esses comportamentos tão comuns entre os jovens? Que tipo de projeto de vida essas experiências vão construir? Em que o namoro contribui ou atrapalha para o crescimento afetivo e o amadurecimento do jovem?

A fisionomia do namoro – Na juventude leva-se muito em consideração os aspectos externos da pessoa, aquilo que ela apresenta exteriormente: curvas do corpo, sensualidade, traços do rosto, olhares, boca, sorrisos etc. Não digo que essas coisas não sejam importantes. Mas uma questão a gente fica martelando: com que, afinal, se namora – com os traços físicos da pessoa, ou principalmente, com sua vontade e necessidade de crescer e tornar-se pessoa? E olha que tem muitos casais com anos de casamento e que até hoje estão no primeiro tipo de relação, que envolve mais os aspectos físicos, materialidade, genitalidade. Levam menos em consideração o amor da pessoa, seu interior, o que ela tem de melhor.

Por esse e por tantos outros motivos dizemos que o namoro é o ensaio por excelência do modo de se relacionar no casamento. Se desejamos uma relação moderna, carregada de amor e de afetividade entre o casal, precisamos começar a investir e a ensaiar desde já. O ensaio constitui a fisionomia, a característica essencial do namoro.

O melhor caminho – Nunca é demais gastar o tempo juntos para um papo. Conversar sobre o filme a que assistiram, sobre as notas da escola... é muito bom e até indispensável. Melhor ainda seria a conversa franca e aberta dobre cada um, seus gostos, seus grilos, seus momentos principais, seu futuro pessoal e profissional, seus sentimentos, suas frustrações, seus desejos etc. Ouvir atentamente, com carinho, sem fazer juízo, interferir de vez em quando, dizer o que pensa, questionar juntos com o mesmo carinho, sem precisar machucar o outro.

Esta atitude de diálogo é diferente da bisbilhotagem e da curiosidade extrema, detalhista e desnecessária. Se ainda no namoro somos capazes de dizer a uma outra pessoa que a amamos, supõe que estejamos dispostos a participar de suas coisas, inclusive de suas crises. E ouvir e ser ouvido também. Conhecê-la e deixar-se conhecer em profundidade.

Quando o diálogo existe, até os momentos de silêncio são melhor suportados, pois os detalhes, o olhar afetuoso, o carinho sutil, a maneira silenciosa de tratar já diz muito. Já vi muitos namoros irem por água-a-baixo por ausência desta perspectiva e desses detalhes.

FILHO, Onofre Guilherme dos Santos. Namoro, ensaio para o futuro. In: Jornal Mundo Jovem. RS. Junho de 1992.

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106 Ensino Fundamental

Onofre Guilherme S. Filho. Goiana (GO). É mestre em Ciências da Religião, professor da Universidade Católica de Goiânia e Secretário Geral da Sociedade Goiânia de Cultura. Escreve para o Jornal Mundo Jovem - seção de Psicologia.

1) No 1º parágrafo, o autor afi rma que a experiência do namoro traz consigo seriedade. Que signifi ca essa afi rmação?

2) Que dados da realidade o texto apresenta para convencer o leitor da falta de seriedade com que o namoro é encarado?

3) O autor faz ao leitor um convite para que aproveitem o dia dos namorados e refl itam sobre esse relacionamento. Por que, de acordo com o texto, seria importante promover-se discussão sobre o sentido do namoro?

4) Explique a frase do texto: “O ensaio constitui a fi sionomia, a característica essencial do namoro”.

5) De que forma o namoro ajuda no amadurecimento do jovem?

6) Que relação pode-se estabelecer entre o título e o desenvolvimento do texto?

7) Como o namoro pode auxiliar na superação do individualismo que a nossa sociedade apresenta?

8) Informe o tema do texto.

9) Indique a tese apresentada no texto.

10) Retire do texto os argumentos utilizados pelo autor para defender a sua tese.

Texto 3

O texto que leremos é o capítulo 14 do livro Dom Casmurro, de Machado de Assis, que aborda o relacionamento de Capitu (Capitulina) e Bentinho (Bento). É um romance com empecilhos, uma vez que Bentinho estava destinado ao sacerdócio, por sua mãe que fi zera uma promessa de torná-lo padre, depois de ter perdido o primeiro fi lho. O texto é um momento do relacionamento dos dois.

Capítulo XIV / A Inscrição

Tudo o que contei no fim do outro Capítulo foi obra de um instante. O que se lhe seguiu foi ainda mais rápido. Dei um pulo, e antes que ela raspasse o muro, li estes dois nomes, abertos ao prego, e assim dispostos:

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E por falar em namorar 107

Português - Volume II

BENTO CAPITOLINA

Voltei-me para ela; Capitu tinha os olhos no chão. Ergueu-os logo, devagar, e ficamos a olhar um para o outro... Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três páginas, mas quero ser poupado. Em verdade, não falamos nada; o muro falou por nós. Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se. Não marquei a hora exata daquele gesto. Devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum, tal era a diferença entre o estudante e o adolescente. Conhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar; tinha orgias de latim e era virgem de mulheres.

Não soltamos as mãos, nem elas se deixaram cair de cansadas ou de esquecidas. Os olhos fitavam-se e desfitavam-se, e depois de vagarem ao perto, tornavam a meter-se uns pelos outros... Padre futuro, estava assim diante dela como de um altar, sendo uma das faces a Epístola e a outra o Evangelho. A boca podia ser o cálix, os lábios a patena. Faltava dizer a missa nova, por um latim que ninguém aprende e é a língua católica dos homens. Não me tenhas por sacrílego, leitora minha devota; a limpeza da intenção lava o que puder haver menos curial no estilo. Estávamos ali com o céu em nossas mãos, unindo os nervos, faziam das duas criaturas uma só, uma só criatura seráfica. Os olhos continuaram a dizer cousas infinitas, as palavras de boca é que nem tentavam sair, tornavam ao coração caladas como vinham...

Assis, Joaquim Maria Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Moderna, 1983. p. 32.

VocabulárioOrgias – festas excessivas, exageradas

Vagarem ao perto – olharem ao redor

Epístola – Cartas que fazem parte do Novo Testamento

Evangelho – texto sagrado – novo Testamento

Cálix – cálice usado durante a missa para a consagração do vinho.

Patena – pequeno prato usado durante a celebração

Sacrílego - profanador

Curial – adequado, conveniente, próprio

Seráfi ca – angelical.

Joaquim Maria Machado de Assis, jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839, e faleceu também no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1908. É o fundador da Cadeira nº. 23 da Academia Brasileira de Letras. Ocupou por mais de dez anos a presidência da Academia, que passou a ser chamada também de Casa de Machado de Assis.

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108 Ensino Fundamental

Leitura

1) A que o autor se refere em “ Confi ssões de crianças, tu valias bem duas ou três páginas...”?

2) Explique o título “A Inscrição”?

3) Qual o signifi cado da expressão “o muro falou por nós”?

4) No romance, o narrador é o próprio Bentinho, personagem principal. Em que pessoa é narrado este capítulo?

5) Identifi que os personagens que participam deste capítulo.

6) O texto de Machado de Assis expressa uma preocupação com observação e análise de um acontecimento que provocou profundas refl exões no narrador personagem. Sobre o que refl ete Bentinho?

7) Estamos diante de um texto constituído por uma seqüência de fatos. Que tipo de texto é esse?

8) Há uma seqüência lógica na apresentação dos fatos. Enumere essa seqüência.

9) O autor se preocupa com minúcias que conferem ao personagem uma linguagem natural, sem rebuscamento. Qual poderia ser a intenção do autor com esse procedimento?

10) Em “tal era a diferença entre o estudante e o adolescente”, o estudante e o adolescente são o mesmo personagem: Bento, narrador personagem. Coloque ( 1 ) para o perfi l do adolescente e ( 2 ) para o do estudante:

( ) conhecia as regras do escrever. ( )virgem de mulheres.

( ) sem suspeitar as do amar. ( ) tinha orgias de latim.

11) Por que o narrador personagem afi rma que se houvesse uma nota escrita nela não haveria erro algum?

12) Católica signifi ca universal. No texto, a qual língua católica o narrador alude?

13) Qual o signifi cado no texto das expressões: a) missa nova; b) um latim que ninguém aprende?

14) O texto registra um momento de enamoramento. O narrador pretende registrá-lo como algo santo. Alguma coisa de Deus. Que expressão do texto melhor retrata essa situação?

15) Esse momento é marcado por um profundo silêncio. Que passagem do texto comprova esse silêncio?

16) A quem se refere a expressão “padre futuro”?

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E por falar em namorar 109

Português - Volume II

17) Retire do texto uma frase que comprove que o narrador é um narrador personagem.

18) No 2º parágrafo, o autor descreve lentamente um gesto e lamenta não tê-lo registrado. Qual a causa desse lamento?

19) Podemos afi rmar que o silêncio que se estabeleceu entre Bento e Capitolina é resultado de

a) medo profundo.

b) intensa emoção.

c) receio de serem vistos.

d) sensualidade intensa.

e) domínio da escrita.

20) Em “... uma só criatura seráfi ca”, a palavra sublinhada é um adjetivo, pois qualifi ca o substantivo criatura. Retire do texto outros três adjetivos, relacionando-os com os substantivos a que se referem.

Texto 4

Ter ou não ter Namorado

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias de si mesmo.

Namorado é a mais difícil das conquistas.

Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrimas, nuvens, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabiru, flerte, transa, envolvimento, até paixão, é fácil.

Mas namorado, namorado mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção não precisa ser parruda, decidida, ou bandoleira; basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.

Quem não tem namorado não é quem não tem um amor, é quem não sabe o gosto de namorar.

Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes, mesmo assim não tem nenhum namorado.

Não tem namorado quem não sabe o gosto de chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria e drible no trabalho.

Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria.

Não tem namorado quem faz pactos com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar.

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110 Ensino Fundamental

Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas; de carinho escondido na hora em que passa o filme; de flor catada no muro e entregue de repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinicius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar; de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada; da ânsia enorme de viajar para a Escócia de avião ou mesmo de metrô, 30 bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.

Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, fazer sesta abraçado, fazer compra junto.

Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor.

Não tem namorado quem não descobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira d’água, show de Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonho ou musical da Metro.

Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar.

Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente o fim de semana, na madrugada ou meio dia de sol em plena praia cheia de rivais.

Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.

Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz.

Não tem namorado quem não fala sozinho,

não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.

Se não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com as margaridas ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim.

Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo da sua janela.

Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada.

Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria.

Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido. ENLOU-CRESÇA!!!

Távola, Artur. Amor a si mesmo – Coletânea de crônicas. Círculo do livro. In: www.npd.ufes.

br/textos/texto3.ttm

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E por falar em namorar 111

Português - Volume II

Artur da Távola é o pseudônimo de Paulo Alberto Monteiro de Barros. Carioca, nascido em 3 de janeiro de 1936, o advogado, jornalista, radialista, escritor e professor Artur da Távola tem também uma longa trajetória política, tendo sido deputado, senador e líder do PSDB. Destaca-se como articulista e cronista em diversos órgãos de imprensa no Brasil. Tem vários livros publicados.

Leitura

Estamos diante de um texto que explicita através de negativas o que é necessário para ter ou não namorado. A expressividade se dá pela sucessão de inúmeras metáforas inusitadas e que em alguns momentos tornam o texto hermético.

Hermético-fechado, de difícil interpretação.

O texto apresenta três partes distintas.

Na 1ª parte, parágrafos 1, 2, e 3, o autor apresenta o conceito de quem não tem namorado e os quesitos necessários para o namorado de verdade.

Na 2ª parte, parágrafos 4 a 17, surge uma seqüência enumerativa (sempre em linguagem metafórica) das características dos que não têm namorados.

Uma seqüência injuntiva constitui a 3ª parte, parágrafos 18, 19 e 20, do texto(dá uma receita) para ter namorado.

SEQÜÊNCIA INJUNTIVA-ensina os passos de um procedimento.

Língua em uso

Vamos fazer um estudo detalhado do texto para uma melhor compreensão do mesmo.

1) No texto de Artur da Távola, as palavras estão empregadas, em sua maioria, em sentido fi gurado. O título do texto ― ter ou não ter namorado ― é elucidativo. Ele aponta para a idéia desenvolvida no poema? Por quê?

2) Tirar férias é afastar-se de todo compromisso. É desligar-se de tudo. Que signifi ca no texto “...alguém que tirou férias de si mesmo”?

3) De acordo com a sua resposta à questão anterior, como você relaciona a frase “namorado é a mais difícil das conquistas” com a 1ª frase do texto?

4) O autor apresenta no 3º parágrafo, com palavras em sentido metafórico, uma série de exigências para um namorado de verdade. Explique o sentido de cada uma delas.

5) O autor contrapõe diferentes tipos de relacionamentos amorosos ao namoro. O que falta nessas relações para não ser namoro?

6) O texto fala da necessidade de proteção e diz que não precisa ser parruda, decidida, bandoleira. Qual o sentido dessas palavras no texto?

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112 Ensino Fundamental

7) De acordo com o 4º parágrafo, como deve ser essa proteção?

8) “ Namorar é fazer pactos com a felicidade...” Que signifi ca essa expressão sublinhada?

9) No 9º parágrafo, o autor refere-se a três poetas da língua portuguesa. Responda as perguntas:

a) Poesia faz parte do namoro?

b) Você conhece esses poetas?

c) Há alguma poesia que você levaria para participar de um namoro seu? Qual?

10) No mesmo parágrafo, fala em desejo de viajar para a Escócia.

a) Por que os namorados teriam o desejo de viajar especifi camente para a Escócia?

b) Por que o autor coloca meios de comunicação tão diferentes nessa mesma enumeração?

11) No parágrafo 18, há uma interessante expressão empregada no sentido fi gurado “... e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos...”. Explique o seu signifi cado

12) A seguir damos uma possibilidade de explicação de algumas metáforas do texto. Veja se você concorda tentando numerar a 2ª coluna pela 1ª.

( 1 )”Acorde com gosto de caqui” ( ) Otimismo

( 2 )”Ande como se o chão estivesse repleto ( )Bom humorde sons de fl auta

( 3 ) “... e sorria lírios” ( )Desejo

( 4 ) “... intenções de quermesse” ( )Vontade de ajudar

( 5 ) “... beba licor de contos de fadas” ( )Desejo de comunicação

13) O texto termina com um neologismo : ENLOU-CRESÇA. Explique o signifi cado dessa palavra.

NEOLOGISMO é uma palavra nova, criada na língua.

14) O 1º parágrafo apresenta a situação daquele que não tem namorado como algo concluído: “ ...é alguém que tirou férias de si mesmo.” Retire o verbo desse segmento e indique o tempo verbal empregado pelo autor para expressar a ação concluída.

15) Os verbos usados na 3ª parte, os últimos três parágrafos, estão empregados, predominantemente, no imperativo. Reescreva o parágrafo 18, substituindo o imperativo pelo infi nitivo.

Para o texto fi car coeso e coerente, insira a expressão você deve. Assim:

“ Se não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre

E você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, você deve ...

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E por falar em namorar 113

Português - Volume II

Texto 5

Observe com atenção os quadrinhos que se seguem para responder as questões.

Miguel Paiva é cartunista, diretor de arte, escritor, ilustrador, publicitário e jornalista. Nasceu em 1950 na cidade do Rio de Janeiro. Iniciou a carreira aos dezesseis anos, escrevendo para o Jornal dos Sports. Residiu em São Paulo durante nove anos, voltando para o Rio de Janeiro em 1992, onde vive até hoje. Suas conhecidas criações, a Radical Chic e o Gatão de Meia Idade, têm circulado nos últimos anos em diversos veículos de comunicação.

Leitura

1) O que nos causa riso nos quadrinhos “Gatão da Meia-Idade”?

2) Observe a tira e assinale o que for pertinente aos sentimentos e posturas do Gatão da Meia – Idade:

( ) impulsividade ( )falta de comunicação

( ) raiva ( ) preocupação com o fi lho

( ) despreocupação ( ) abertura ao diálogo

( ) inconsistência de raciocínio

3) Qual o signifi cado das reticências usadas no 2º balão do Gatão da Meia-Idade?

4) Qual seria a idéia do Gatão da Meia-Idade sobre uma família desequilibrada?

5) No 2º quadrinho, que relação há entre o gesto do pai e a sua fala?

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114 Ensino Fundamental

6) A adolescente dos quadrinhos mostra ter diálogo com seu pai.

O diálogo entre pais e fi lhos é freqüente? Produza um texto expondo sua opinião sobre o assunto.

Texto 6

Soneto do Amor Total

Amo-te tanto, meu amor... não cante,O humano coração com mais verdade...Amo-te como amigo e como amante,Numa sempre diversa realidade.Amo-te afim, de um calmo amor prestante,E te amo além, presente na saudade.Amo-te, enfim, com grande liberdade,Dentro da eternidade e a cada instante.Amo-te como um bicho, simplesmente,De um amor sem mistério e sem virtude,Com um desejo maciço e permanente.E de te amar assim, muito e amiúde,É que um dia em teu corpo de repente,Hei de morrer de amar mais do que pude.

(Moraes, Marcus Vinicius de Melo. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1987.

p. 336.)

Marcus Vinicius de Melo Moraes, poeta e compositor brasileiro, nasceu no Rio de Janeiro, em 19/10/1913 e faleceu no Rio de Janeiro em 9/7/1980. Formou-se em Direito em 1933. Juntamente com o compositor Antônio Carlos Jobim e o cantor João Gilberto, Vinicius tem um papel importante no movimento de renovação da música popular brasileira, a que se deu o nome de Bossa Nova.

Leitura e língua em uso

1) O poema revela os sentimentos do eu-lírico. Que nos sugere o título do poema?

2) O texto poético de uma beleza tão grande como o que estamos apreciando é veículo de expressão de sentimentos e emoções do eu-lírico e elemento de identifi cação e catarse para o leitor. A sonoridade é uma das causas dessa beleza. De que recursos o autor lança mão para produzir esse efeito?

Catarse – efeito psicológico da expressão de emoções.

3) O que signifi ca as reticências usadas no 1º verso?

4) Indique o verso que declara a continuidade do amor, a sua eternidade.

Vocabulárioprestante = prestimoso, prestativo, útil.maciço = sólidoamiúde = freqüentemente, repetidamenteafi m = próximo

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E por falar em namorar 115

Português - Volume II

5) Por que o autor aproxima as expressões temporais “Dentro da eternidade e a cada instante”?

6)) O 1º terceto focaliza a sensualidade do amor. Que palavras nos levam a essa conclusão?

7) Destaque o verso em que o eu-lírico declara que seu amor está além do bem e do mal.

8) Como você entende o verso “ Hei de morrer de amar mais do que pude”?

9) O “Soneto do Amor Total” é mais um poema sobre o amor. O que há de particular nele?

10) A quem se refere o pronome te no 1º verso da 2ª estrofe?

Texto 7

O texto que apresentamos a seguir foi usado como informe publicitário na Revista Veja. Narra a origem do Dia dos Namorados. É sempre interessante conhecer como surgiram as comemorações com as quais nos envolvemos.

Como surgiu o Dia dos Namorados

O Dia dos Namorados, que no Brasil é comemorado em 12 de junho, costuma ser conhecido mundo afora como o Dia de Valentine. É a data dos apaixonados. Namorados, noivos, casados, todos comemoram a paixão com um presente, acompanhado de palavras românticas. Em vários países do mundo, a frase que encerra o discurso amoroso no cartão é “de seu Valentine”. Essa assinatura esconde a origem da comemoração e uma triste, mas bela, história de amor. No segundo século da era cristã, o imperador romano Claudius resolveu impedir o casamento de seus soldados. Insano, Claudius acreditava que soldados solteiros envolviam-se muito mais nas batalhas do que os casados, que deixavam para trás suas amadas.

Foi então que o bispo católico Valentine tomou a decisão corajosa de enfrentar a determinação imperial e, secretamente, celebrar o casamento de jovens apaixonados. Impressionado com a valentia e popularidade de Valentine, Claudius convocou o bispo ao seu palácio. Valentine seria perdoado da punição por contrariar a norma se renunciasse ao cristianismo. O bispo selou sua sentença de morte ao recusar a renúncia e, imprudentemente, tentar converter o imperador à sua religião. Aguardando a execução, o próprio Valentine se apaixonou por uma jovem cega, filha do carcereiro.

Diz a lenda que a paixão foi tão pura e intensa que, nos poucos dias em que conviveram, os enamorados experimentaram o milagre do amor: a jovem recuperou a visão. Para selar as juras que trocava por escrito, o bispo assinava o cartão que deu origem aos que conhecemos hoje, sempre da mesma forma: “do seu Valentine”.

O costume sobreviveu ao bispo, que acabou sendo apedrejado e decapitado. O primeiro cartão de amor que se tem notícia depois da triste história de Valentine foi enviado por Charles, duque de Orleans, para sua esposa, no período em que ele esteve preso na Torre de Londres, mais de cinco séculos atrás. A partir daí, o hábito de presentear a

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116 Ensino Fundamental

amada com palavras de amor se popularizou e, aos poucos, ganhou o mundo. Hoje, o Dia dos Namorados é mais do que uma homenagem à persistência do bispo: ele se transformou na celebração do amor.

(Informe Publicitário — Revista Veja)

Interpretação

1) Na origem do Dia dos Namorados há um fato contrário ao amor. Que fato é esse?

2) Decisão estranha a do imperador. Aposto que você concorda que a decisão do imperador foi, realmente, estranha. Por que o imperador tomou essa decisão?

3)No texto há uma palavra que mostra que o seu autor faz um juízo negativo da atitude do imperador. Que palavra é essa?

4) Por que o bispo Valentine tomou a decisão de enfrentar a determinação do imperador romano?

5) O bispo sabia que sua atitude de contrariar o imperdaor era arriscada? Que palavra evidencia isso

6) O texto alude a um milagre do amor. Que milagre foi esse?

7) O que provocou tal milagre?

8) A frase fi nal dos cartões utilizados no Dia dos Namorados, em várias partes do mundo – “ de seu Valentine” – evidencia um processo de identifi cação. Explique esse processo.

9) Qual a fi nalidade do Dia dos Namorados, segundo o texto?

10) O Dia dos Namorados é muito explorado pelo comércio. Você considera importante o gesto de presentear no Dia dos Namorados?

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E por falar em namorar 117

Português - Volume II

CONVERSA COM O PROFESSOR

Texto 1

Sugerimos que o professor utilize CD com a música para trabalhar o texto “Já sei namorar”. Os alunos ouviriam e cantariam a música. É também um texto adequado para ser ilustrado. Atividades de expressão corporal ou dança seriam interessantes com a utilização desta música. Enfi m, poderíamos pensar em trabalhar várias linguagens. A interpretação oral antecedendo a interpretação escrita é sempre mais uma possibilidade de melhor compreensão do texto.

Texto 2

Sugerimos que o professor faça a primeira leitura do texto. A seguir, estabeleça discussão do texto com os alunos, tentando explicitar a tese do autor e os argumentos apresentados. A interpretação oral é importante para que os alunos possam contar com a ajuda do professor e dos colegas para a compreensão do texto. Após o trabalho de interpretação escrita, o professor poderá realizar uma atividade de pesquisa de opinião a partir da questão “Namoro é coisa séria?” A pergunta seria dirigida a cada aluno, oralmente ou por escrito, e a avaliação do resultado, feita no coletivo da turma, apresentada à escola em forma de cartaz ou similar.

Texto 3

A utilização desse texto literário de alto valor estético prende-se à necessidade de trabalharmos textos literários em sala de aula. Difi cilmente os alunos tomarão conhecimento de textos assim, se não forem apresentados na escola. A emoção e o entusiasmo do professor são fundamentais para despertar e desenvolver no aluno o prazer estético. Ainda que Dom Casmurro seja uma obra que exige um leitor amadurecido, falar sobre a obra tentando seduzir o aluno para sua leitura, apresentar o livro, que provavelmente consta do acervo da biblioteca da escola, trabalhar trechos em momentos adequados são atitudes que colaborarão na formação do leitor. O professor fará a primeira leitura e promoverá uma interpretação oral antes da interpretação escrita que, no primeiro momento poderá ser individual, seguida de trabalho de grupo para discussão das respostas. Sugerimos que, após todo o trabalho com texto, o professor peça aos alunos a narração de um episódio de namoro que ele tenha vivido ou que seja produto de sua imaginação em que o encantamento esteja presente.

Texto 4O texto “Ter ou não ter namorado”, de Artur da Távola, é um texto poético, em prosa, bastante longo. Nossa primeira intenção foi trabalhar apenas fragmentos, todavia a beleza das imagens levou-nos a agir diferente: utilizamos o texto inteiro.

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118 Ensino Fundamental

Texto 5

As histórias em quadrinhos constituem um texto em que o verbal e o não-verbal se conjugam de diferentes formas, representando, com humor e ironia, o dinamismo da vida cotidiana num suporte estático. Na tira a fala do personagem é apresentada em balão. Esse gênero literário de entretenimento conquistou uma posição invejável na cultura contemporânea. Cada vez mais presente na mídia, hoje a história em quadrinho adentra a sala de aula como mais uma linguagem para reforçar o ensino/aprendizagem.

Texto 6

Sugerimos que a primeira leitura seja feita pelo professor e que se realize, em seguida, a interpretação oral, acompanhando uma nova leitura. Só depois, seria solicitada a interpretação escrita. Após a interpretação escrita, poder-se-ia pedir aos alunos que ilustrassem o poema. Solicitar aos alunos que façam a recitação do poema, pode ser mais um recurso para desenvolver o gosto pela poesia.

Texto 7

O texto que apresentamos a seguir foi usado como informe publicitário na Revista Veja. Narra a origem do Dia dos Namorados. É sempre interessante conhecer como surgiram as comemorações com as quais nos envolvemos. Consideramos interessante incluí-lo neste conjunto de texto por ser um texto informativo, que utiliza também seqüência narrativa ligada à temática a que nos propusemos trabalhar.

Sugerimos que a primeira leitura seja feita pelo professor, seguida de uma interpretação oral para que os alunos compreendam bem o texto. A interpretação escrita viria a seguir.

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Anexo 119

Português - Volume II

ANEXO: PROPOSTA DE SERIAÇÃO DA DISCIPLINA LÍNGUA PORTUGUESA

A proposta de seriação para a disciplina Língua Portuguesa, apresentada a seguir, considera o texto como o foco do processo de ensino-aprendizagem do idioma. Com base no agrupamento de textos de diferentes gêneros (adequados a cada série), são indicadas habilidades específi cas de leitura e produção textual, bem como aspectos discursivos e gramaticais da língua em uso a serem abordados como suporte para o desenvolvimento das referidas habilidades.

A refl exão sobre os aspectos gramaticais deixa de ser o fi o condutor da programação anual. De acordo com os objetivos a serem atingidos em cada série (desenvolvimento de habilidades de leitura e produção textual), o professor organiza seu planejamento escolhendo textos de diferentes gêneros que atendam às exigências do uso público da linguagem, em inúmeras condições e fi nalidades da comunicação: tempo e lugar, relação entre os interlocutores, características e papel social do enunciador e do receptor, objetivos da interação, canal / veículo, grau de formalidade da situação.

Além desses aspectos, o professor deve levar em conta, na seleção dos textos, o grau de complexidade do conteúdo e da organização gramatical e discursiva, para garantir melhor adequação à faixa etária do aluno.

Construir e desmontar textos, observando os efeitos de tais alterações, observar procedimentos que garantam a coesão e a coerência, exercitar o vocabulário de forma criativa e dinâmica, relacionar classe e função dos vocábulos na unidade maior que é a frase, ampliar frases por meio de processos de subordinação e coordenação, todos são procedimentos que subsidiam o desenvolvimento das habilidades de leitura e produção, objetivo principal do ensino de língua portuguesa.

Para isso, o professor precisa ter consciência da diferença entre saber usar uma língua, adequando-a convenientemente a contextos, situações, interlocutores, e saber analisá-la, dominando conceitos sobre sua estrutura e funcionamento e a nomenclatura gramatical pertinente. Essa proposta alinha-se, portanto, com o que preconizam os Parâmetros Curriculares Nacionais em relação à necessidade de alterar a prioridade atribuída às atividades de descrição e análise das estruturas gramaticais no ensino do idioma materno.

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120 Ensino Fundamental

Essas indicações não pretendem esgotar todas as possibilidades de organização das práticas educativas relativas ao uso da língua materna. Cada escola, ao defi nir coletivamente seu projeto pedagógico, deve avaliar a seqüenciação proposta, efetuando os acréscimos que julgar oportunos, sempre com o objetivo principal de desenvolver em cada um de nossos alunos a profi ciência de leitura e a capacidade de análise crítica da realidade que o cerca.

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Anexo 121

Português - Volume II

ENSINO FUNDAMENTAL – 5ª SÉRIEGênero Leitura

(Habilidades)

Produção Textual

(Habilidades)

A Língua Em Uso

Conto de Fada

Fábula

Lenda

Reconhecer pistas que levem à identifi cação do gênero.Relacionar o texto verbal com o não-verbal, valendo-se de ilustrações, fotos etc. como apoio para a compreensão do texto.Perceber o encadeamento lógico do texto.Estabelecer relações de causa / conseqüência entre partes e elementos do texto.Reconhecer os elementos da narrativa: personagens, narrador, enredo, tempo, espaço.Identifi car o efeito de sentido decorrente do uso dos sinais gráfi cos.Identifi car a moral da história.Identifi car características das personagens.Relacionar o texto a outros textos, verbais ou não-verbais, de diferentes autores e diferentes momentos históricos.

Reproduzir a história oralmente ou por escrito.Comentar e reorganizar oralmente histórias lidas ou ouvidas (expandir, diminuir ou alterar o enredo, incluir e retirar personagens etc.).Criar diálogos entre personagens, entre personagem e autor, entre aluno e narrador etc.Usar tempos verbais para marcar as relações de temporalidade em diferentes tipos de texto.Explicitar oralmente expectativas quanto à forma e conteúdo do texto, em função das características do gênero.

Reconhecer a construção do enunciado a partir de unidades distintas.Reconhecer o verbo como marca da seqüência narrativa.Reconhecer a diferença de sentido entre os verbos nos tempos pretérito perfeito e imperfeito na construção da narrativa.Identifi car e empregar os recursos gráfi cos usados para marcar o diálogo: travessão, dois pontos, interrogação, exclamação, aspas.Identifi car a função do substantivo na nomeação de personagens e lugares. Reconhecer o valor expressivo do adjetivo em descrições de cenários e caracterizações de personagens.

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122 Ensino Fundamental

ENSINO FUNDAMENTAL – 5ª SÉRIEGênero Leitura

(Habilidades)

Produção Textual

(Habilidades)

A Língua Em Uso

Tira

HQ

Reconhecer pistas que levem à identifi cação do gênero.Relacionar o texto verbal com o não verbal, valendo-se dos desenhos como apoio para a compreensão do texto. Perceber o encadeamento lógico do texto. Reconhecer os elementos da narrativa: narrador, enredo, tempo, espaço, personagens. Distinguir o signifi cado dos diferentes formatos de balão (fala, pensamento, grito, frieza etc.)Reconhecer efeitos de sentido pretendidos pelo tipo de letra empregado.Atribuir signifi cado às onomatopéias e à pontuação expressiva.

Criar legenda ou diálogos para quadrinhos sem texto.Transformar quadrinho em narrativa verbal ou vice-versa.Comentar características de personagens evidenciadas pelos traços do desenho (fi gura, expressão).Elaborar tiras a partir de ditos populares.

Contrastar fatos lingüísticos observados na fala e na escrita, nas diferentes variedades.Usar os sinais de pontuação como indicadores de sentido: exclamação, interrogação e reticências.Reconhecer a relação entre o sujeito e o verbo.Modifi car o tipo de sujeito: simples para composto.Relacionar o verbo com seu referente, observando a concordância entre eles.

Poema

Canção

Identifi car diferentes recursos expressivos de caráter sintático: paralelismos, inversões semântico-pragmáticas: inferências, efeitos de humor, eufemismos, pressuposição etc.Reconhecer efeitos de sentido produzidos por recorrências sonoras. Inferir o signifi cado de uma palavra ou expressão a partir do contexto. (expressões fi guradas).

Utilizar as convenções ortográfi cas da língua portuguesa.Reproduzir idéias do texto utilizando os recursos do humor e eufemismo.Criar texto com rimas.Criar em prosa paráfrase do texto.

Reconhecer recorrências sonoras: rimas e ritmo.Relacionar o uso da linguagem fi gurada no texto literário com a linguagem cotidiana.Reconhecer a tonicidade padrão da língua portuguesa (predominância de vocábulos paroxítonos)Relacionar sílaba tônica e acentuação.

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Anexo 123

Português - Volume II

ENSINO FUNDAMENTAL – 5ª SÉRIEGênero Leitura

(Habilidades)

Produção Textual

(Habilidades)

A Língua Em Uso

Notícia Identifi car informações contidas no texto, distinguindo idéias principais de secundárias.Articular informações textuais e conhecimentos prévios.Observar a importância do título como incentivo à leitura.Identifi car o efeito de recursos gráfi cos (diagramação, tipo e formato de letra etc).

Participar de debates expressando opiniões e ouvindo as idéias contrárias às suas.Produzir notícia relacionada ao cotidiano escolar ou familiar.Redigir notícias ligadas às atividades esportivas e/ou culturais da comunidade escolar, defi nindo título e subtítulo adequados.

Reconhecer diferenças entre padrões da língua oral e padrões da escrita.Incorporar vocabulário adquirido na prática de leitura.Identifi car advérbios como indicadores de circunstâncias – tempo, modo, lugar, intensidade.

Propa-

ganda

Reconhecer características do gênero: intenções ou fi nalidades, valores e / ou preconceitos veiculados.Perceber a importância da imagem na construção do sentido do texto.Reconhecer a intenção de convencimento desse gênero textual.Desenvolver capacidade crítica frente à linguagem da mídia.

Elaborar textos publicitários dos eventos da comunidadeProduzir material de divulgação para campanhas – cartazes, panfl etos etc.

Identifi car as expressões de apelo ao interlocutor.Reconhecer o valor interativo dos verbos no imperativo, diferenciando o uso padrão do coloquial.Perceber os mecanismos de construção da linguagem fi gurada.

Receita

Regra de Jogo

Identifi car a fi nalidade e a funcionalidade do gênero – ler para orientar-se.Reconhecer a estruturação do texto em partes distintas (componentes e instruções)Reconhecer os passos necessários para realizar uma ação.

Organizar um livro de receitas culinárias e/ou medicinais da turma, com base em pesquisa realizada na comunidade.Registrar acordos de convivência social: comportamento em classe.

Utilizar verbos de procedimento (verbos do fazer).Utilizar verbo no imperativo de acordo com o padrão coloquial.Usar o verbo no infi nitivoEmpregar expressões temporais.

Carta

Bilhete

Agenda

Reconhecer a forma específi ca de cada gênero textual e seus elementos constituintes.Identifi car a fi nalidade e a funcionalidade da agenda – ler para organizar-se, apoio à memória.

Organizar a agenda escolar.Produzir cartas e bilhetes relativos à vida cotidiana familiar e escolar.Utilizar fórmulas adequadas a textos de correspondência (data, invocação, fechamento).

Usar a vírgula nos locativos.Empregar adequadamente diferentes formas de tratamento.

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124 Ensino Fundamental

ENSINO FUNDAMENTAL – 5ª SÉRIEGênero Leitura

(Habilidades)

Produção Textual

(Habilidades)

A Língua Em Uso

Texto de Divulgação Científi ca

Textos Didáticos

Identifi car o tema do texto. Inferir o signifi cado de uma palavra ou expressão a partir do contexto. Identifi car informações implícitas.Estabelecer relações de causa/conseqüência entre partes e elementos do texto.Estabelecer relações entre as informações verbais e os recursos gráfi cos (tabelas, gráfi cos, ilustrações).

Elaborar uma síntese das idéias centrais do textoDebater um tema polêmico com os colegas, posicionando-se criticamente.

Selecionar e empregar palavras adequadas em função do tipo de produção, da fi nalidade social do texto e do nível de formalidade desejado.

Ensino Fundamental – 6ª SérieGênero Leitura

(Habilidades)

Produção Textual

(Habilidades)

A Língua Em Uso

Conto de Fada

Fábula

Lenda

Identifi car informações no texto.Identifi car o tema do textoReconhecer características típicas de uma narrativa fi ccional (confl ito e desenlace, tempo, cenário, personagens, narrador).Reconhecer em um texto marcas decorrentes de ideologias do agente de produção.Extrair informações não explicitadas, apoiando-se em deduções.Estabelecer relação de causa e conseqüência entre partes e elementos do texto.Identifi car semelhanças e diferenças entre as personagens.Estabelecer relações entre o mundo fi ccional e o real: perceber a ideologia subjacente à história.

Comentar o desfecho, o ensinamento ou a moral da história, posicionando-se favorável ou contrariamente.Criar paráfrase escrita adequando a situação narrativa aos dias atuais.Descrever verbalmente personagens ou cenários de ilustrações.Fazer desenhos para representar personagens ou cenários descritos verbalmente.Criar fábula com mesmo tópico central.Relacionar a moral da história a provérbios e ditos populares.

Identifi car a relação entre os tempos: presente e futuro.Perceber a relação entre o substantivo e o adjetivo. Reconhecer o adjetivo e a locução adjetiva como elementos modifi cadores/determinantes do substantivo.Reconhecer famílias de palavras – substantivos e adjetivos (derivação).Estabelecer relação entre nome e pronome.Identifi car a relação anafórica dos pronomes na estruturação do texto (coesão/coerência).

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Anexo 125

Português - Volume II

Ensino Fundamental – 6ª SérieGênero Leitura

(Habilidades)

Produção Textual

(Habilidades)

A Língua Em Uso

Crônica

Narrativa

Identifi car o ponto de vista do enunciador.Perceber as diferenças de sentido conseqüentes do lugar social do enunciador (homem/mulher, pai/fi lho).

Trocar impressões com os outros leitores a respeito do texto lido.Produzir crônicas relacionadas ao cotidiano da cidade.

Reconhecer as marcas diferenciadoras do sujeito: simples e compostoUsar os casos simples de concordância verbal.Distinguir os verbos signifi cativos dos de ligação.

Tira

HQ

Relacionar linguagem verbal à não-verbalIdentifi car os interlocutores no interior do texto.Perceber, nos diálogos, a importância de considerar a palavra do outro.Distinguir marcas visuais na construção de personagens.Identifi car efeitos de sentido criados pela pontuação, reconhecendo as diferentes funções do ponto de exclamação, do de interrogação e das reticências.

Criar novos traços identifi cadores das personagens através de recursos visuais.Traduzir essas características para a linguagem verbal.Criar tiras e quadrinhos a partir de narrativa em prosa.

Observar o registro gráfi co de variações de pronúncia, indicando características regionais, sociais ou individuais de personagens.Reconhecer características da língua coloquial.

Poema

Canção

Identifi car diferentes recursos expressivos, efeitos de humor, eufemismos, pressuposição etc.Reconhecer efeitos de sentido produzidos por recorrências sonoras. Inferir o signifi cado de uma palavra ou expressão a partir do contexto. (expressões fi guradas). Identifi car recursos expressivos.Perceber/atribuir sentido à linguagem conotativa.

Criar textos em versos, explorando ou não recursos sonoros.Reescrever textos: modifi car trechos em linguagem conotativa para denotativa e vice-versa.Selecionar melodia para acompanhamento de poema.Produzir texto poético a partir da audição de melodia.

Distinguir prosa e verso.Reconhecer o verso como unidade formal.Reconhecer a estruturação do poema em estrofe.Identifi car diferentes recursos expressivos de caráter lexical: processos gerais de analogia, gírias etc.

Verbete Identifi car as situações que exigem uso do dicionário.Localizar verbetes em dicionários ou enciclopédias.Identifi car entre várias acepções a que é mais apropriada ao contextoSelecionar no dicionário as defi nições em sentido fi gurado.

Sintetizar informações obtidas em enciclopédias, expressando-as na sua própria linguagem. Elaborar glossários.Redigir texto de humor valendo-se do modo de composição do verbete de enciclopédia ou dicionário (paródia).

Empregar palavras apropriadas ao que se quer dizer ou em relação sinonímica.Reconhecer a remissão a outros verbetes e consultá-los, se necessário. Transpor a palavra em uso para a forma dicionarizada.

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126 Ensino Fundamental

Ensino Fundamental – 6ª SérieGênero Leitura

(Habilidades)

Produção Textual

(Habilidades)

A Língua Em Uso

Notícia Identifi car informações contidas no texto, distinguindo idéias principais de secundárias.Articular informações textuais e conhecimentos prévios.Observar a importância do título como incentivo à leitura.Identifi car o efeito de recursos gráfi cos (diagramação, tipo e formato de letra etc).Identifi car recursos expressivos.Relacionar, na análise e compreensão do texto, informações verbais com informações de ilustrações ou fotos.Estabelecer relações entre o texto verbal e outros textos e/ou recursos suplementares (fotos, gráfi cos, tabelas, mapas etc.)

Comentar notícia sobre assunto relativo à localidade.Selecionar e reescrever a idéia principal de uma notícia.Participar de debate dirigido sobre o assunto noticiado.Registrar as diferentes opiniões.Redigir notícias, garantindo a continuidade temáticaParticipar da confecção de jornal mural na sala, com notícias relacionadas ao grupo.

Reconhecer e usar letras maiúsculas no início de frases, de nomes próprios e de títulos. Observar as situações de uso de palavras em negrito, uso de aspas e parênteses.Observar a recorrência de acento gráfi co nas palavras proparoxítonas.Averiguar informações contidas nos textos, consultando outras fontes, de modo a verifi car sua legitimidade.

Propa-

ganda

Reconhecer características do gênero: intenções ou fi nalidades, valores e/ou preconceitos veiculados.Relacionar, na análise e compreensão do texto, informações verbais às não verbais.Perceber a importância da imagem na construção do sentido do texto.Reconhecer a intenção de convencimento desse gênero textual.Desenvolver capacidade crítica frente à linguagem da mídia.

Elaborar textos publicitários dos eventos da comunidade.Produzir material de divulgação para campanhas – cartazes, panfl etos etc.Elaborar textos publicitários anunciando aspectos positivos do bairro, da comunidade, da escola.

Identifi car as relações pragmáticas entre texto e contexto.Identifi car as expressões de apelo ao interlocutor.Reconhecer o valor interativo dos verbos no imperativo, diferenciando o uso padrão do coloquial.Perceber os mecanismos de construção da linguagem fi gurada.Reconhecer o caráter conciso da linguagem publicitária.

Page 122: Televisão-livro

Anexo 127

Português - Volume II

Ensino Fundamental – 6ª SérieGênero Leitura

(Habilidades)

Produção Textual

(Habilidades)

A Língua Em Uso

Regras Identifi car a fi nalidade e a funcionalidade do gênero – ler para orientar-se.Reconhecer a estruturação de texto normativo.

Registrar acordos de convivência social: como participar de trabalho em grupo.Registrar regras de gincana ou torneio esportivo.

Utilizar verbos de procedimento (verbos do fazer)Utilizar verbo no imperativo de acordo com o padrão coloquial.Usar o verbo no infi nitivo.

Carta

Bilhete

Agenda

Reconhecer a forma específi ca de cada gênero textual e seus elementos constituintes. Identifi car a fi nalidade e a funcionalidade de textos de correspondência, inclusive a digital.

Produzir convites e/ou cartões relativos a eventos da comunidade escolar.Organizar a agenda escolarProduzir cartas e bilhetes relativos à vida cotidiana familiar e escolar.Utilizar fórmulas adequadas a textos de correspondência (data, invocação, fechamento).

Utilizar elementos constituintes do gênero: local, data, endereçamento etc.

Texto de Divulgação Científi ca

Textos Didáticos

Identifi car o tema do texto. Identifi car as idéias centrais do texto. Identifi car a funcionalidade e a fi nalidade do texto – ler para informar-se. Inferir o signifi cado de uma palavra ou expressão a partir do contexto. Identifi car informações implícitas.Estabelecer relações de causa/conseqüência entre partes e elementos do texto.Estabelecer relações entre as informações verbais e os recursos gráfi cos (tabelas, gráfi cos, ilustrações).

Elaborar uma síntese das idéias centrais do texto.Debater um tema polêmico com os colegas, posicionando-se criticamente.Defender ou refutar, oralmente, um determinado ponto de vista.

Selecionar e empregar palavras adequadas em função do tipo de produção, da fi nalidade social do texto e do nível de formalidade desejado.Identifi car as marcas lingüísticas de impessoalidade e de expressão de opinião.

Page 123: Televisão-livro

128 Ensino Fundamental

Ensino Fundamental – 7ª SérieGênero Leitura

(Habilidades)

Produção Textual

(Habilidades)

A Língua Em Uso

Conto Identifi car as idéias principais do texto.Analisar a titulação do conto como uma pista para a decodifi cação da mensagemReconhecer aspectos da narrativa: personagens, enredo, tempo, espaço.Observar o encadeamento lógico do texto.Relacionar o conto lido com outros textos, envolvendo, ou não, a mesma temática.Avaliar a propriedade de incorporação de dados da realidade na construção do universo fi ccional.

Elaborar um novo fi nal para o conto de acordo com as expectativas de cada aluno-leitorTecer um comentário oral sobre a história lida.Preencher fi chas (a serem lidas por todos os colegas da turma), com apreciações sobre o texto.Produzir um conto em equipe.Reescrever o conto mudando o foco narrativo.Criar um conto, individualmente, com situações do cotidiano escolar.

Identifi car a estrutura do enunciado.Expandir o enunciado com elementos caracterizadores do substantivo (adjetivos, locuções adjetivas e orações adjetivas).Expandir o enunciado com elementos circunstanciais (advérbios, expressões adverbiais e orações adverbiais), usando, quando necessário, conectivos.Observar a concordância entre sujeito e verbo.

Crônica Identifi car o tema da crônicaObservar os aspectos característicos de uma crônica.Reconhecer aspectos fi ccionais e não-fi ccionaisComparar a crônica com o conto.Relacionar a crônica lida com outras, de diferentes autores, sobre a mesma temática.

Escrever uma crônica sobre o mesmo tema abordado. Recortar trechos de crônicas de diferentes autores e montar, a partir deles, um texto.

Observar a transitividade de nomes e verbos.Substituir os complementos de nomes e de verbos por outros similares. texto apresentado.Identifi car os elementos responsáveis pela coesão textual.

Romance Relacionar o título do romance com a história narradaReconhecer aspectos da narrativa: personagens, enredo, tempo, espaço.Observar o encadeamento lógico do texto.Relacionar o romance lido com outras histórias, com o mesmo tema.Avaliar a propriedade de incorporação de dados da realidade na construção do universo fi ccional.

Elaborar um novo fi nal para o romance de acordo com as expectativas de cada aluno-leitor.Tecer um comentário oral sobre a história lida.Preencher fi chas com apreciações sobre o livro a serem lidas e discutidas por todos os colegas da turmaRepresentar, em forma de esquetes, alguns episódios narrados.

Diferenciar o discurso direto do indireto.Reconhecer as marcas gráfi cas do discurso direto: travessão, aspas etc.Transformar discursos indiretos em diretos e vice-versa.Identifi car as mudanças estruturais e semânticas decorrentes das transformações do discurso direto em indireto.

Page 124: Televisão-livro

Anexo 129

Português - Volume II

Ensino Fundamental – 7ª SérieGênero Leitura

(Habilidades)

Produção Textual

(Habilidades)

A Língua Em Uso

Poema

Cordel

Canção

Identifi car a temática do texto. Identifi car a fi nalidade e a funcionalidade do gênero – ler/ouvir para fruição.Estabelecer relações entre os aspectos formais: verso, estrofe, exploração gráfi ca de espaços.Identifi car o efeito de sentido gerado pela repetição de sons e palavras.Inferir o sentido de palavras e/ou expressões a partir do contexto.Reconhecer os recursos expressivos sonoros ligados à musicalidade.

Promover debate considerando as preferências musicais do grupo.Criar duelos verbais semelhantes aos dos repentistas (“batalhas” do hip hop).Apresentar um jogral.Criar paródiasModifi car o gênero: usar a temática para criar uma crônica, um conto ou HQ.Ilustrar o poema, mantendo uma relação de coerência entre texto e ilustração.

Organizar grupos de palavras com base na observação do campo semântico.Observar regularidades de ordem fonológica.Reconhecer a estruturação do poema em estrofe.Perceber a ocorrência de variação na língua devido a fatores geográfi cos e históricos.Conhecer e valorizar diferentes variedades de português.Reconhecer, em textos, dialetos característicos de uma região ou classe social.

Notícia

Entrevista

Identifi car informações contidas no texto, distinguindo idéias principais de secundárias.Articular informações textuais e conhecimentos prévios.Observar a importância do título como incentivo à leitura.Identifi car o efeito de recursos gráfi cos (diagramação, tipo e formato de letra etc).Estabelecer as relações de causa e conseqüência.Identifi car os recursos próprios da entrevista face a face.Valorizar as diferentes opiniões e informações veiculadas nos textos, mostrando interesse em trocar impressões e partilhar conhecimentos com os outros.

Resumir notícias selecionadas pela turma.Produzir textos jornalísticos adequados à composição: textos e imagens dos acontecimentos e dos fatos (coleta de depoimentos)Elaborar roteiro de entrevista.Entrevistar profi ssionais da comunidadeReescrever parágrafos, transformando, reagrupando e estabelecendo conexões entre os enunciados do texto, com coesão e coerência.

Selecionar registros conforme a situação interlocutiva seja mais formal ou informal (escolhas lexicais adequadas em função da propriedade ou precisão, por exemplo).Reconhecer o valor semântico dos conectivos analisados nos textos.

Page 125: Televisão-livro

130 Ensino Fundamental

Ensino Fundamental – 7ª SérieGênero Leitura

(Habilidades)

Produção Textual

(Habilidades)

A Língua Em Uso

Propa-

ganda

Inferir uma informação implícita em texto verbal / não-verbal

Transformar textos publicitários: contraponto à intenção original.

Identifi car a função dos conectores em textos publicitários e notíciasPerceber os mecanismos de construção da linguagem fi gurada.

Regras

Texto

normativo

Reconhecer a língua como meio para estabelecimento e legitimação de acordos e condutas sociais.Identifi car a fi nalidade e a funcionalidade do gênero – ler para orientar-se.Reconhecer a estruturação do texto em partes distintas (componentes e instruções).Reconhecer os passos necessários para realizar uma ação.

Analisar oralmente manuais de diferentes tipos: jogos, aparelhos, bulas.Criar manuais para experimentos imaginados pela turma: indicar para que serviriam, como seriam utilizados etc.Elaborar um estatuto do Grêmio estudantil.

Empregar mecanismos discursivos para a manutenção da continuidade de instruções.

Tira

HQ

Charge

Relacionar linguagem verbal à não verbal.Identifi car os interlocutores no interior do textoPerceber, nos diálogos, a importância de considerar a palavra do outro.Distinguir marcas visuais na construção das personagensIdentifi car efeitos de sentido criados pela pontuação, reconhecendo as diferentes funções do ponto de exclamação, do de interrogação e das reticências.Inferir o sentido de palavras e/ou expressões a partir do contexto.Inferir as informações implícitas no texto. Identifi car os efeitos de ironia e/ou humor nas charges.Selecionar textos verbais e não-verbais sobre um mesmo assunto.

Criar novos traços identifi cadores das personagens através de recursos visuais.Traduzir essas características para a linguagem verbal.Criar tiras e quadrinhos a partir da narrativa em prosa.Produzir texto verbal a partir da idéia apresentada pelo chargista.Criar novas legendas e/ou diálogos para tiras e H Q.Criar uma história a partir de uma charge escolhida pelos alunos.Produzir um texto a partir da coletânea de textos selecionados.

Observar o registro gráfi co de variações de pronúncia, indicando características regionais, sociais ou individuais de personagensReconhecer características da língua coloquial.Analisar os recursos expressivos do gênero (marcas lingüísticas da informalidade)Identifi car as marcas lingüísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto.Reconhecer recursos que exploram a ironia e o humor em textos.Compreender o sentido das palavras e ampliar o vocabulário ativo, por meio da relação entre os diferentes usos da língua.

Page 126: Televisão-livro

Anexo 131

Português - Volume II

Ensino Fundamental – 7ª SérieGênero Leitura

(Habilidades)

Produção Textual

(Habilidades)

A Língua Em Uso

Texto de Divulgação Científi ca

Textos Didáticos

Identifi car o tema do textoIdentifi car as idéias centrais e secundárias do texto.Identifi car a funcionalidade e a fi nalidade do texto – ler para informar-se.Inferir o signifi cado de uma palavra ou expressão a partir do contexto. (expressões fi guradas). Identifi car informações implícitas.Analisar as fontes de informação para avaliar a confi abilidade do texto.Estabelecer relações de causa / conseqüência entre partes e elementos do texto.Estabelecer relações entre as informações verbais e os recursos gráfi cos (tabelas, gráfi cos, ilustrações).

Elaborar uma síntese das idéias centrais do texto.Debater um tema polêmico com os colegas, posicionando-se criticamente.Defender ou refutar, oralmente, um determinado ponto de vista.

Selecionar e empregar palavras adequadas em função do tipo de produção, da fi nalidade social do texto e do nível de formalidade desejado.Identifi car as marcas lingüísticas de impessoalidade e de expressão de opinião.

Page 127: Televisão-livro

132 Ensino Fundamental

Ensino Fundamental – 8ª SérieGênero Leitura

(Habilidades)

Produção Textual

(Habilidades)

A Língua Em Uso

Conto

Crônica

Romance

Distinguir texto fi ccional e não fi ccional.Identifi car foco narrativo (ponto de vista do narrador), espaço, tempo, personagens, confl ito, desfecho.Utilizar pistas do texto para fazer antecipações e inferências do conteúdo (relacionar título de capítulo à sucessão de acontecimentos).Distinguir fato e opinião: diferenciar ações relatadas e comentários (do narrador, de personagens)Avaliar a propriedade de incorporação de dados da realidade na construção do universo fi ccional.Reconhecer a pontuação como recurso funcional e expressivo.Estabelecer relações temáticas entre dois textos de diferentes épocas.

Produzir, a partir de tema proposto ou livre, em grupos ou individualmente, conto curto para compor uma antologia.Planejar a elaboração do texto, rascunhando a defi nição do tema, do foco narrativo, da época, do cenário, dos personagens, do confl ito que os faz agir e do desenlace.Produzir texto respeitando a seqüência temporal e observando a relação causal.Usar o discurso direto, valendo-se também das falas para caracterizar personagens.Demonstrar atitude crítica diante do próprio texto para revisá-lo.Aprimorar progressivamente a qualidade dos textos quanto ao conteúdo, à estruturação e à apresentação.

Reconhecer e usar a paragrafação adequadamente.Observar nexos lógicos, empregando adequadamente os tempos e modos verbais, para expressar probabilidade, anterioridade, simultaneidade e posterioridade. Distinguir variações nas formas de introduzir as falas dos personagens.Reconhecer o discurso direto como meio de presentifi car /atualizar as falas de personagens.Identifi car o ponto de vista do narrador evidenciado na seleção dos verbos dicendi.Utilizar adequadamente recursos do sistema de pontuação (maiúscula inicial, ponto fi nal, exclamação, interrogação, reticências).

Tira

HQ

Charge

Interpretar texto com auxílio de material gráfi co diverso.Identifi car efeitos de sentido criados pela pontuação, reconhecendo diversas funções do ponto de interrogação, exclamação, reticências.Relacionar a temática da charge aos conhecimentos prévios de mundo.Reconhecer em um texto estereótipos e clichês sociais, distinguindo se os autores os reproduzem ou questionam.

Criar novos traços identifi cadores das personagens através de recursos visuais.Traduzir essas características para a linguagem verbal.Criar tiras e quadrinhos a partir da narrativa em prosa.Produzir texto verbal a partir da idéia apresentada pelo chargista.

Reconhecer as marcas de variedades lingüísticas expressas no texto.Identifi car relações semânticas estabelecidas por meio da coordenação.Substituir, incluir, retirar conjunções coordenativas sem alterar o sentido das seqüências.Ampliar frases, utilizando classes gramaticais pré-estabelecidas e observando a concordância verbal e nominal.

Page 128: Televisão-livro

Anexo 133

Português - Volume II

Ensino Fundamental – 8ª SérieGênero Leitura

(Habilidades)

Produção Textual

(Habilidades)

A Língua Em Uso

Poema

Canção

Identifi car diferentes recursos expressivos de caráter sintático ou semântico-pragmático.Reconhecer efeitos de sentido produzidos por recorrências sonoras.Inferir o signifi cado de uma palavra ou expressão a partir do contexto. (expressões fi guradas). Identifi car recursos expressivos.Perceber o uso de e atribuir sentido a linguagem conotativa.Identifi car a funcionalidade e a fi nalidade do texto - fruição estética.Observar relações entre as linguagens: ritmo da melodia, forma e signifi cado da letra.

Comparar diferentes estilos musicais.Promover debate considerando as preferências musicais do grupo.Apresentar um jogral.Criar paródias.Modifi car o gênero: usar a temática para criar uma crônica, um conto ou HQ.Ilustrar o poema, mantendo uma relação de coerência entre texto e ilustração.Produzir novo texto a partir de um verso selecionado.Expressar opinião sobre canção, analisando relações entre linguagens.

Distinguir características específi cas de textos literários:- lírico-poéticos – recorrências fonológicas e semânticas.- narrativo – elementos de estruturação da narrativa.- dramáticos – personagens e cena, estrutura dialógica.Reconhecer estrofe e parágrafo.Estabelecer relações entre os aspectos formais e temáticos de um texto poético.Reconhecer e empregar a acentuação gráfi ca nas palavras paroxítonas.Legitimar manifestações culturais da tradição popular e da erudita como possibilidades de refl exão sobre a realidade.

Notícia

Entrevista

Identifi car tema e tese.Identifi car a funcionalidade e a fi nalidade do texto – ler para informar-se acerca de acontecimentos.Perceber diferenças entre pontos de vista relacionados ao mesmo fato.Inferir o signifi cado de palavras com base em sua estrutura morfológica.

Expor oralmente opinião acerca do conteúdo de notícia, selecionando argumentos pertinentes para defender ponto de vista.Planejar e registrar entrevistas orientadas.Sintetizar notícias e entrevistas a partir da idéia principal.Reescrever parágrafos, transformando, reagrupando e estabelecendo conexões entre as orações para garantir coerência e coesão.

Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.Identifi car relações semânticas estabelecidas por meio da coordenação.Substituir, incluir, retirar conjunções coordenativas sem alterar o sentido das seqüências.Reconhecer a diferença de signifi cado na escolha do sujeito como agente ou paciente.Identifi car a estrutura interna da palavra, atribuindo signifi cado a cada parte constituinte (morfema), de modo a ser capaz de reconhecer processos de fl exão e derivação.

Page 129: Televisão-livro

134 Ensino Fundamental

Ensino Fundamental – 8ª SérieGênero Leitura

(Habilidades)

Produção Textual

(Habilidades)

A Língua Em Uso

Propa-

ganda

Reconhecer características do gênero: intenções ou fi nalidades, valores e/ou preconceitos veiculados.Relacionar, na análise e compreensão do texto, informações verbais às não verbais.Perceber a importância da imagem na construção do sentido do texto.Reconhecer a intenção de convencimento desse gênero textual.Reconhecer o caráter conciso da linguagem publicitária.Desenvolver autonomia frente à linguagem da mídia, posicionando-se criticamente diante de textos persuasivos.

Elaborar textos publicitários dos eventos da comunidade.Produzir material de divulgação para campanhas – cartazes, panfl etos etc.Elaborar textos publicitários anunciando aspectos positivos do bairro, da comunidade, da escola.

Identifi car as expressões de apelo ao interlocutor.Reconhecer o valor interativo dos verbos no imperativo, diferenciando o uso padrão do coloquial.Reconhecer marcas de valores e intenções dos produtores em função de seus interesses políticos, ideológicos e econômicos.

Carta Formal

Texto Ofi cial

Reconhecer marcas lingüísticas que evidenciam a adequação da linguagem à situação comunicativa.Identifi car a funcionalidade e a fi nalidade do texto – ler para informar-se acerca de normas (regimento da escola, estatutos de grêmios ou outros).

Redigir texto para interlocutor predeterminado (requerimento ou solicitação relativos à vida escolar).Redigir carta formal ou comercial, respeitando os padrões de forma e diagramação.Revisar carta com o objetivo de aprimorá-la.Estabelecer critérios para verifi car se está satisfatória, considerando o destinatário e reescrever caso seja observada impropriedade, ambigüidade, redundância.

Conhecer pronomes de tratamento e utilizá-los apropriadamente, observando a concordância.Utilizar fórmulas de interpelação e fechamento da carta.Selecionar e empregar palavras adequadas em função do tipo de produção, da fi nalidade social do texto e do nível de formalidade desejado.

Page 130: Televisão-livro

Anexo 135

Português - Volume II

Ensino Fundamental – 8ª SérieGênero Leitura

(Habilidades)

Produção Textual

(Habilidades)

A Língua Em Uso

Carta de Leitor

Artigo de Opinião

Identifi car o tema do texto. Reconhecer as características de textos opinativos (tese, argumento, contra-argumento, refutação).Comparar as diferenças de uma mesma informação, divulgada por fontes diversas.Identifi car as posições defendidas em diferentes textos.

Apresentar uma opinião, utilizando estratégias argumentativas (um ou mais argumentos de apoio). Hierarquizar uma seqüência de argumentos em função de uma tese.Utilizar estratégias argumentativas Produzir uma conclusão coerente com os argumentos apresentados.Escrever uma carta para a editoria de um jornal, expondo uma opinião sobre determinado assunto.Elaborar um jornal escolar, explorando, inclusive, recursos da linguagem digital.

Utilizar organizadores discursivos.Apropriar-se de verbos de opiniãoIdentifi car o papel argumentativo das conjunções causais, consecutivas e condicionais.Utilizar modalizadores discursivos, tais como: geralmente, muitas vezes etc.

Texto deDivulgação Científi ca

Textos Didáticos

Identifi car o tema do texto. Identifi car as idéias centrais e secundárias do texto. Identifi car a funcionalidade e a fi nalidade do texto – ler para informar-se. Inferir o signifi cado de uma palavra ou expressão a partir do contexto. (expressões fi guradas). Identifi car informações implícitas.Analisar as fontes de informação para avaliar a confi abilidade do texto.Estabelecer relações de causa/conseqüência entre partes e elementos do texto.Estabelecer relações entre as informações verbais e os recursos gráfi cos (tabelas, gráfi cos, ilustrações).

Elaborar uma síntese das idéias centrais do texto. Produzir fi chamentos, esquemas, quadros que reproduzam as informações principais do texto.Produzir texto sobre o mesmo tema da leitura, a partir de pesquisa em outras fontes.Debater o tema com os colegas, posicionando-se criticamente.Defender ou refutar, oralmente, um determinado ponto de vista.

Identifi car palavras adequadas em função do tipo de produção, da fi nalidade social do texto e do nível de formalidade desejado.Identifi car as marcas lingüísticas de impessoalidade e de expressão de opinião. Estabelecer relações lógico-discursivas marcadas por conectores.

Page 131: Televisão-livro

136 Ensino Fundamental

BIBLIOGRAFIABRANDÃO, Helena M. Gêneros do discurso na escola. São Paulo. Cortez, 2000.

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BAKHTIN, Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

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–––––– Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília: MEC/SEMTEC, 1999.

–––––– PCN+ ensino médio. Orientações educacionais complementares aos Parâmetros curriculares nacionais. [Linguagens, códigos e suas tecnologias] Brasília: MEC/SEMTEC, 2002.

–––––– Matrizes de referência do SAEB – Língua portuguesa e Matemática. Brasília: MEC/INEP, 2001. [Versão preliminar]

–––––– Educação: um tesouro a descobrir – Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre educação para o século XXI. São Paulo: Cortez / Brasília: MEC/ UNESCO, 2003. [relator: Jacques Delors]

BRONCKART, J.P. Atividade de linguagem, textos e discursos. São Paulo: EDUC, 1999.

CHIAPPINI, Lígia (coord.) Aprender a ensinar com textos. Coletânea de 5 volumes. São Paulo. Ed. Cortez, 1997.

CHIAPPINI, Lígia. Invasão da catedral. Literatura e ensino em debate. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1983.

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DIONÍSIO, A. P. et alii. O livro didático de português. Rio de Janeiro: Ed. Lucerna, 2001.

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Page 132: Televisão-livro

Bibliografia 137

Português - Volume II

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––––––. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

––––––. Linguagem e ensino. Exercícios de militância e divulgação. Campinas: Mercado de Letras, 1996.

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––––––. A gramática e o ensino de língua no contexto da investigação lingüística. In: BASTOS, Neusa (org.). Discutindo a prática docente. São Paulo: IP-PUC, 2000.

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MATTOS E SILVA, Rosa V. Contradições no ensino de português. São Paulo: Contexto, 1995.

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NEVES, Iara Conceição Bitencourt et alii (org.) Ler e escrever : compromisso de todas as áreas. Porto Alegre: Ed. da Universidade/UFRGS, 1999. 2ªed.

Page 133: Televisão-livro

138 Ensino Fundamental

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RIGONI, Maria Cristina, PINILLA, Maria Aparecida M., INDIANI, Maria Thereza, FERREIRA, Neide Duarte. CICLO DE ESTUDOS 2004 – Formação continuada para professores de escolas na busca do horário integral. Caderno de textos – Ensino fundamental e ensino médio – Área de Linguagens e Códigos e suas tecnologias – volumes 01 a 05. Rio de Janeiro: Fundação Darcy Ribeiro, 2004.

RIGONI, Maria Cristina, PINILLA, Maria Aparecida M., INDIANI, Maria Thereza. http://www.pead.letras.ufrj.br. Rio de Janeiro. UFRJ, 1998.

SOARES, Magda Becker.“As condições sociais da leitura: uma refl exão em contraponto” In: ZILBERMAN, R. & SILVA Ezequiel T. da. Leitura: perspectivas interdisciplinares. São Paulo, Ática, 1991.

––––––. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

––––––. Português: uma proposta para o letramento. São Paulo: Moderna, 2002. Manual do professor.

SOARES, M. B. e CAMPOS, E.N. Técnica de redação. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1978.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. São Paulo: Cortez, 1996.

––––––. Gramática: ensino plural. São Paulo: Cortez, 2003.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

––––––. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991, 3ª ed.

WEISZ, Telma. “Quando corrigir, quando não corrigir” In: O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Editora Ática, 2000. [Série Palavra de professor]

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