Tema2 Pessoa Jose

download Tema2 Pessoa Jose

of 32

description

Imagens e slides.

Transcript of Tema2 Pessoa Jose

  • A CASA SENHORIAL em Lisboa e no Rio de Janeiro:

    Anatomia dos Interiores

    Isabel Mendona . Hlder Carita . Marize Malta Coordenao

    Instituto de Histria da ArteFaculdade de Cincias Sociais e Humanas Universidade Nova de Lisboa

    Escola de Belas ArtesUniversidade Federal do Rio de Janeiro

  • A CASA SENHORIAL em Lisboa e no Rio de Janeiro:

    Anatomia dos Interiores

  • CoordenaoIsabel Mendona . Hlder Carita . Marize Malta

    FCT (PTDC/EAT-HAT/112229/2009)

    Instituto de Histria da ArteFaculdade de Cincias Sociais e Humanas Universidade Nova de Lisboa

    Escola de Belas ArtesUniversidade Federal do Rio de Janeiro

    2014

    A CASA SENHORIAL em Lisboa e no Rio de Janeiro:

    Anatomia dos Interiores

  • CoordenaoIsabel M. G. MendonaHlder CaritaMarize Malta

    Edio conjuntaInstituto de Histria da Arte (IHA) Faculdade de Cincias Sociais e Humanas da Universidade Nova de LisboaISBN: 978-989-99192-0-4

    Escola de Belas Artes (EBA) Universidade Federal do Rio de JaneiroISBN:

    Autores e IHAOs artigos e as imagens reproduzidas nos textos so da inteira responsabilidade dos seus autores.

    ISBN: 978-989-99192-0-4(Universidade Nova de Lisboa) ISBN: 978-85-87145-60-4(Universidade Federal do Rio de Janeiro)

    A Casa Senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro: Anatomia dos Interiores

    Design grfico: Atelier Hlder Carita

    Secretariado: Lina OliveiraTiago Antunes

    Depsito legal:383142 / 14

    Tipografia:Norprint

    Tiragem:300 exemplares

    LISBOA RIO DE JANEIRO 2014

    Este trabalho financiado por Fundos Nacionais atravs da FCT Fundao para a Cincia e a Tecnologia, no mbito do projecto com a referncia EAT-HAT.112229.2009.

  • 7NDICE

    NDICEMECENAS E ARTISTAS. VIVNCIAS E RITUAIS

    Ctia Teles e MarquesOs paos episcopais nos modelos de representao protagonizados por bispos da nobreza no perodo ps-tridentino em Portugal

    Daniela ViggianiL Abecedario Pittorico de Pellegrino Antonio Orlandi

    Celina Borges LemosAndr Guilherme Dornelles DangeloSolar Casa Padre Toledo: o bem cultural como uma conjuno ritualstica de espaos e tempos limiares

    Miguel Metelo de SeixasO uso da herldica no interior da casa senhorial portuguesa do Antigo Regime: propostas de sistematizao e entendimento

    ARQUITECTURA, ESTRUTURAS E PROGRAMAS DISTRIBUTIVOS

    Isabel Soares de AlbergariaO Palcio dos Cmara aos Mrtires um caso excecional da opulncia seiscentista

    Joo Vieira CaldasMaria Joo Pereira CoutinhoO Nome e a Funo: Terminologia e Uso dos Compartimentos na Casa Nobre Urbana da Primeira Metade do Sculo XVIII

    Hlder CaritaO Palcio Ramalhete, nas Janelas Verdes: uma tipologia de palacete pombalino

    Ana Lcia Vieira dos SantosFormas de morar no Rio de Janeiro do sculo XIX: espao interior e representao social

    18

    44

    64

    86

    112

    134

    190

    208

  • A CASA SENHORIAL EM LISBOA E NO RIO DE JANEIRO8

    Mariana Pinto da Rocha Jorge FerreiraTiago Molarinho AntunesO Palcio dos Condes da Ribeira Grande, na Junqueira: anlise do conjunto edificado

    Jos PessaPadres distributivos das casas senhoriais no Rio de Janeiro do primeiro quartel do sculo XIX

    Jos Marques Morgado NetoAs Casas Senhoriais da Belm colonial entre os sculos XVIII e XIX: sob a pers-pectiva dos relatos de viajantes, da iconografia da poca e da remanescncia no centro histrico da cidade

    Gustavo Reinaldo Alves do CarmoO Palcio das Laranjeiras e a Belle poque no Rio de Janeiro (1909-1914)

    Patrcia Thom Junqueira SchettinoCelina Borges LemosO Palacete Carioca. Estudo sobre a relao entre as transformaes da arquite-tura residencial da elite e a evoluo do papel social feminino no final do sculo XIX e incio do sculo XX no Rio de Janeiro

    Felipe Azevedo BosiPalcio Isabel: o Palcio do Conde e Condessa dEu no Segundo Reinado brasileiro

    Paulo Manta PereiraA arquitetura domstica de Raul Lino (1900-1918). Expresso meridional do Arts and Crafts, ou sntese local de um movimento artstico universal do ltimo tero de oitocentos

    A ORNAMENTAO FIXA

    Ana Paula CorreiaMemrias de casas senhoriais patrimnios esquecidos

    Sofia BragaSobre a Sala Pompeia do Antigo Palcio da Ega

    224

    248

    272

    292

    318

    338

    346

    366

    382

  • 9NDICE

    Cristina Costa GomesIsabel Murta PinaPapis de parede da China em Casas Senhoriais Portuguesas

    Ana PessoaAs Artes Decorativas no Rio de Janeiro do sculo XIX: um panorama

    Isabel MendonaEstuques de Paris e parquets de Bruxelas num palcio oitocentista de Lisboa

    Isabel Sanson PortellaAnlise Tipolgica dos Padres dos Pisos de Parquet dos Sales do Palcio Nova Friburgo / Palcio do Catete

    Alexandre MascarenhasCristina RoziskyFbio GalliA Casa Senhorial em Pelotas no sculo XIX: famlia Antunes Maciel

    Miguel LealA Pintura Decorativa do Palacete Alves Machado: um estudo de caso

    Rosa ArraesA funo social das decoraes e seus ornatos dos palacetes na Belle-poque da Amaznia

    EQUIPAMENTO MVEL

    Maria Joo FerreiraEcos de hbitos e usos nos inventrios: os adereos txteis nos interiores das residncias senhoriais lisboetas seiscentistas e setecentistas

    Marize MaltaSumptuoso leilo de ricos mveis... Um estudo sobre o mobilirio das casas senhoriais oitocentistas no Rio de Janeiro por meio de leiles

    404

    424

    444

    472

    482

    502

    516

    536

    562

  • Jos Simes de Belmont Pessa. Professor-doutor da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Univer-sidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, Brasil. Pesquisador do CNPq, autor de livros, ensaios e ar-tigos sobre histria da arquitetura e do urbanismo, restauro e conservao do Patrimnio. Conselheiro da Fundao Oscar Niemeyer e Membro do Conselho Executivo e Cientfico do portal interativo piHip-portuguese influenced Heritage, que integra o projeto Patrimonio de Origem Portuguesa no Mundo - Arquitetura e Urbanismo da Fundao Calouste Gulbenkian. [email protected]

    Padres distributivos das casas senhoriais no Rio de Janeiro do primeiro quartel do sculo XIX

    Queremos aqui verificar a possibilidade de construo de um quadro tipolgico, da disposio dos espaos internos das casas senhoriais no Rio de Janeiro da segunda metade do sculo XVIII at o primeiro quartel do XIX. O perodo abrange desde a transferncia dos Vice-reis de Salva-dor de Bahia para o Rio de Janeiro, passando pela instalao da corte portuguesa, at o reinado do Imperador Dom Pedro I que consolida as transformaes na sociabilidade e nas estruturas arquitetnicas da cidade iniciadas com a vinda do Prncipe Regente Dom Joo. Tendo como base as plantas histricas, bem como o levantamento das casas ainda existentes: casas dos Viscondes de So Loureno e do Rio Seco, Palcio da Marquesa dos Santos. O trabalho identifica as invariantes na organizao dos espaos internos, caracterizando padres de plantas das casas senhoriais cariocas no Rio de Janeiro do incio do sculo XIX. Distributional patterns of stately homes in Rio de Janeiro in the first quarter of the nineteenth century

    This paper aims to verify the possibility of building a typological framework of the stately homes in-ternal spaces arrangements in Rio de Janeiro in the second half of the eighteenth century, through the first quarter of the nineteenth century. The period cover the Viceroys transfer of Salvador de Bahia to Rio de Janeiro, through the installation of the Portuguese court, until the reign of Emperor Dom Pedro I, who consolidates the transformations in sociability and architectural structures of the city which has began with the Prince Regent - Dom Joao - arrival. Based on historic plans, as well as the assessment of remaining houses, like The Viscounts of So Loureno and Rio Seco houses and the Marquise of Santos Palace, the research identifies invariants in the internal spaces organization, featuring plan patterns typical of Rio de Janeiro stately homes on early nineteenth century.

    Resumo/Abstract

    Palavras-chave casas senhoriais;

    disposio dos espaos

    internos; Rio de Janeiro;

    sculo XIX.

    Keywordsstately homes; internal spaces arrangements; Rio de Janeiro;

    eighteenth century.

  • ARQUITECTURA, ESTRUTURASE PROGRAMAS DISTRIBUTIVOS 249

    Padres distributivos das casas senhoriais no Rio de Janeiro do primeiro quartel do sculo XIX

    Jos Simes de Belmont Pessa

    CASAS SENHORIAIS E CHCARAS NO RIO DE JANEIRO DO SCULO XVIII

    A regio do Rio de Janeiro, em torno da Baa de Guanabara, viu surgir no sculo XVIII um tipo caracterstico de construes rurais, marcadas pela presena de alpendres com colunas toscanas na sua fachada principal, e que serviam como casas de moradia nos engenhos de acar ou simplesmente casas de arrabalde. Eram construes muito difundidas, como atesta a iconografia carioca da primeira metade do sculo XIX. Destas grandes casas senhoriais restaram poucos exemplares, mas que permitem identificar um mesmo padro tanto na disposio em planta, como na repetio de determinadas solues construtivas, tornando-as uma experincia singular no universo da arquitetura luso--brasileira. Elas so o principal testemunho, remanescente, da grande moradia setecentista em terras cariocas.

    Pior sorte tiveram as casas senhoriais setecentistas que poderamos denominar de urbanas. Infelizmente, inexistem registros de suas plantas originais e algumas das que permanecem de p, como as casas do Marqus de Lavradio, Dom Lus de Almeida Portugal Soares dEa Alarco Silva e Melo Mascarenhas, o Palcio Episcopal no Morro da Conceio e a chamada Chcara do Rozo em Laranjeiras. Estes edifcios, embora ainda existentes, encontram-se de tal maneira transformados e descaracterizados que no nos permitem avaliar como seriam as primitivas disposies internas.

    Deste grupo de casas urbanas senhoriais, na cidade do Rio de Janeiro do sculo XVIII, a mais antiga o Palcio Episcopal, hoje sede do Servio Geogrfico do Exrcito, no morro da Conceio. A origem da sua construo um hospcio de capuchos franceses que se instalaram no Rio de Janeiro, na segunda metade do sculo XVII. Por ordem da Coroa portuguesa, estes seriam expulsos em 1701, um ano antes da chegada na cidade de D. Francisco de So Jernimo para assumir o bispado. D. Francisco resolve ocupar o hospcio

  • A CASA SENHORIAL EM LISBOA E NO RIO DE JANEIRO250

    empreendendo obras para transform-lo em residncia episcopal. Ao longo do sculo XVIII, outros bispos iriam promover melhorias e ampliaes na casa.

    No s pela sua posio em uma colina a cavaleiro da cidade, mas tambm por ser provavelmente a mais ampla residncia carioca em 1711, que o corsrio francs Duguay--Trouin ficaria ali instalado naquele ano durante o perodo em que tomou de assalto o Rio de Janeiro. Da iconografia e do prdio remanescente verificamos que se tratava de um sobrado desenvolvido em planta quadrada em torno de um ptio central. O volume correspondente a capela interna mais elevado que o restante da construo.

    No temos condies de avaliar como seria a distribuio espacial interna da residncia dos bispos do Rio de Janeiro, pois esta teve o seu interior completamente destrudo por um incndio na dcada de 1940. Era uma construo de propores incomuns para a cidade no sculo XVIII, apresentando onze janelas rasgadas com respectivos balces na fachada frontal. Um nmero superior aos cinco, sete ou nove vos que caracterizavam as fachadas das casas abastadas setecentistas da cidade. significativo registrar aqui, que todos os exemplos analisados do sculo XVIII usam a lgica compositiva de um nmero impar de vos, organizando a simetria dos alados sempre a partir de um vo central.

    Outro aspecto interessante em relao ao Palcio Episcopal do Rio de Janeiro como os documentos de poca, no caso as plantas e prospectos da cidade, denominam a construo. A primeira em que o antigo hospcio dos capuchos identificado como moradia do Bispo da cidade a Planta da Cidade de So Sebastio do Rio de Janeiro, de 1714, atribuda ao engenheiro militar Jean Mass: na legenda vemos Cazas do Bispo com suas platteformas por diante. J em meados do sculo XVIII uma planta a nanquim da cidade, conservada na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e identificada como tendo sido levantada entre 1758 e 1760, tem no sobrado do morro da Conceio a designao Pallacio do Bispo. interessante que nessa mesma planta h a identificao nos arrabaldes da cidade, de algumas casas abastadas pelo nome de seus proprietrios, Mestre de Campo Pedro Diaz, Manuel Pinto da Cunha e Dona Antonia Viana, sem mais nenhum outro qualificativo.

    No Prospecto da Cidade do Rio de Janeiro, de 1775, possvel constatar a importncia da casa na paisagem da cidade, identificada pela designao Palacio da residencia dos Bispos. de se assinalar que no se trata de uma representao fiel da construo, pois o desenho apresenta apenas nove janelas e no as onze realmente existentes. No se trata de um alado anterior a uma ampliao, pois as dimenses da construo na planta que acompanha o Prospecto correspondem as atuais. O termo Palacio do Sr Bispo, seria usado na legenda do Plano da cidade do Rio de Janeiro elevado em 1791.

    Em todas as plantas citadas a nica outra residncia a receber a denominao de palcio,

  • ARQUITECTURA, ESTRUTURASE PROGRAMAS DISTRIBUTIVOS 251

    o dos Vice-Reis, antiga casa dos Governadores, instalada por cima da Casa da Moeda e dos Armazns Reais, segundo risco do engenheiro militar o brigadeiro Jos Fernandes Pinto Alpoim, em 1743.

    A designao de palcio nas plantas e prospectos da cidade no sculo XVIII esteve sempre restrita apenas a essas duas construes. Isso talvez nos faa pensar uma associao institucional do termo palcio na cidade do Rio de Janeiro, as residncias oficiais do Vice-rei e do Bispo.

    O outro palcio nas plantas da cidade o dos Vice-reis. O alado voltado para o mar, de nove vos, organizada pelo Brigadeiro Alpoim em trs tramos, de trs vos cada, com seus respectivos telhados independentes, a maneira algarvia. o nico exemplar no Rio de Janeiro do sculo XVIII, de escada real barroca. Alpoim, originrio de Viana do Castelo, iria projetar uma escada monumental, no tramo central da composio. Precedida de um amplo vestbulo e de um pequeno ptio para o qual abre a portada de acesso a escada. Seguindo o modelo das escadas reais portuguesas, identificado por Helder Carita, um primeiro lance central que se desdobra em outros dois laterais, dentro de uma caixa de p direito duplo. O

    Ilustrao 1Chacra, Maison de Campagne. Jean Baptiste Debret, 1817-29.

  • A CASA SENHORIAL EM LISBOA E NO RIO DE JANEIRO252

    risco de Alpoim criava uma dinmica espacial desconhecida pela arquitetura da cidade no sculo XVIII. Esta soluo restar como uma experincia isolada em terras cariocas, por mais de oitenta anos. Escadas monumentais de trs lances s se difundiram nas casas senhoriais da cidade a partir do segundo quartel do sculo XIX, graas a presena de um nmero maior de engenheiros e arquitetos portugueses e franceses, atrados pela instalao da corte real e imperial na cidade.

    Afora esses dois palcios, as outras grandes moradias da cidade eram as chamadas chcaras. So essas residncias de arrabalde, a moradia por excelncia dos abastados comerciantes e senhores de engenho no Rio de Janeiro setecentista. Chcara utilizado no Rio de Janeiro substituindo o termo Quinta. Origina-se da palavra quchua chacra, propriedade rural, e que demonstra as estreitas relaes da cidade nos sculos XVII e XVIII com o Rio da Prata.

    A tipologia predominante adotada nessas chcaras do Rio de Janeiro setecentista era a das casas com varanda de colunas toscanas ocupando um dos alados, telhados de quatro guas no corpo principal e ptio interno tambm circundado por galeria de colunas toscanas. Tinham essas caractersticas, as casas identificadas com o nome dos seus proprietrios, referidas anteriormente na planta da cidade de 1758/60. Em todas as que permanecem de p ainda na atualidade, vemos a distribuio em planta organizada a partir da varanda de entrada da qual se acessa a um salo central ladeado por duas salas menores. Por detrs do salo galerias em torno de um ptio para o qual so voltados os outros cmodos. Na chegada da corte portuguesa em 1808 eram essas construes que predominavam nos arrabaldes

    Ilustrao 2 A Casa do Bispo no Rio

    Comprido, P. Bertichem, meados do sculo XIX.

    Ilustrao 3Planta do trreo da

    Casa do Bispo, direita planta do sobrado, em

    baixo desenho executa-do por Debret do trreo

    da mesma casa.

  • ARQUITECTURA, ESTRUTURASE PROGRAMAS DISTRIBUTIVOS 253

    da cidade e muitas delas seriam ocupadas pelos nobres portugueses do squito do Principe Regente, como o Conde da Barca que teve a sua nos arredores do Catumbi.

    O pintor de histria Jean Baptiste Debret, que aportou no Rio de Janeiro em 1816 com um grupo de artistas franceses que ficaram denominados como Misso Artstica Francesa, fez um precioso registro da organizao dos interiores dessa tpica casa de arrabalde carioca. Debret, alm de retratar o quotidiano da cidade, iria executar alguns levantamentos arquitetnicos. Os desenhos das pranchas 42 e 43 do volume terceiro do seu livro Voyage Pittoresque et Historique au Brsil, publicado em Paris a partir de 1834, correspondem a estes levantamentos. A prancha 42 contm o Plano de duas pequenas casas brasileiras, uma da cidade e outra do campo. A casa da cidade a primeira morada de Debret no Rio de Janeiro, na regio do Catumbi, arrabaldes da cidade. A outra uma Chacra ou Maison de Campagne. Ele no situa exatamente aonde, mas era uma dentre as diversas espalhadas pelas terras da Guanabara. A gravura foi realizada a partir de um primeiro desenho, uma aquarela dos anos em que esteve no Brasil e que hoje faz parte do acervo do Museu Castro Maia no Rio de Janeiro. Na publicao do seu livro ele acrescenta informaes legenda da aquarela e passa a relacionar a disposio das chcaras cariocas com as casas dos mouros no norte da frica, bem como com as casas romanas da antiga Pompeia. As informaes das legendas so uma notvel descrio da ocupao dessas casas. A entrada se processava pela varanda ou galeria (A), desta passava-se para sala ou salo de recepo (B) local que segundo Debret os ancios se reuniam em crculo para conversar e as senhoras sentam-se com as pernas a maneira dos rabes em esteiras espalhadas pelo cho, havendo na casa dos mais ricos canaps chamados marquezas, nos quais as senhoras mantm a mesma postura oriental. Os cmodos laterais ao salo so identificados como alcovas ou quartos de dormir (C). O trecho da galeria entre o ptio e o salo identificado na aquarela original como corredor, mas na gravura posterior como sala de jantar parcialmente coberta e fresca (E). Em torno ao ptio mais alguns quartos, denominados de hspedes na aquarela (D). Na gravura publicada posteriormente, estes quartos de hspedes seriam denominados alcovas, sem especificar a finalidade e relacionando o nome dado a ausncia de janelas nos comodos. No fundo a cozinha (G e H) e a galeria junto a esta era segundo Debret o local onde se encontravam os negros. O exemplo desenhado pelo pintor francs apresenta um soto onde ficava o quarto das crianas e que era acessado pela escada de dentro de um dos quartos (J). O soto era uma soluo mais rara, pouco vista nas gravuras e desenhos de poca e apenas encontrada em uma das casas dessa tipologia ainda existentes.

    Embora tendo enorme difuso nos arrabaldes do Rio de Janeiro setecentista, esta tipologia no foi nica e temos duas casas de arrabalde remanescentes que constituem um

  • A CASA SENHORIAL EM LISBOA E NO RIO DE JANEIRO254

    Ilustrao 4 Antiga Fazenda Juru-

    juba, foto do incio do sculo XX, Arquivo Geral

    do IPHAN. Em baixo planta do

    trreo e sobrado.

  • ARQUITECTURA, ESTRUTURASE PROGRAMAS DISTRIBUTIVOS 255

    grupo distinto, apresentando algumas solues caractersticas do arranjo interno das casas senhoriais urbanas registradas por Debret no incio do sculo XIX, especialmente em relao a disposio das escadas.

    A Casa de Campo do Bispo foi edificada pelo sexto bispo do Rio de Janeiro, D. Antnio do Desterro, na regio denominada Rio Comprido. Alguns autores atribuem o risco ao Brigadeiro Jos Fernandes Pinto Alpoim que atuava na cidade naquele perodo. Era uma das mais nobres residncias da cidade naquele perodo. O edifcio constitudo de um sobrado sobre prtico em arcos desenhados na fachada, sendo os trs centrais abertos. O acesso ao prtico central feito atravs de escada monumental externa de cinco lances. a nica residncia conhecida no Rio de Janeiro setecentista com esta soluo de escada monumental externa, difundida no Norte de Portugal1, mas no Brasil ocorrendo mais comumente nas Casas de Cmara e Cadeia do perodo2.

    A casa hoje apresenta soluo em planta em U, mas originalmente o ptio era fechado. A ala posterior teria sido demolida no mesmo perodo que a capela externa e a galeria coberta de ligao da casa a esta, retratadas por Debret na prancha 43 do seu Voyage Pittoresque et Historique au Brsil. A prancha apresenta plantas de duas grandes casas, uma na cidade e

    Ilustrao 5Vestbulo de entrada de uma casa abastada segundo Debret.

  • A CASA SENHORIAL EM LISBOA E NO RIO DE JANEIRO256

    outra no campo. A dita grande casa do campo a Casa do Bispo no Rio Comprido, alis situada prxima da casa do artista no Catumbi. O desenho feito por Debret no um registro fiel da casa existente. Provavelmente feito aps uma visita apressada, alm de reduzir as dimenses da casa, omitindo todas as alas em torno do ptio central, dispe a escada na parte intermediria do vestbulo e no no final deste. Apesar disto o desenho permite--nos compreender que o grande vestbulo central e as salas a este contguas serviam para as atividades oficiais do Bispo do Rio de Janeiro: secretaria, recepo, gabinete, etc.

    A fachada desenvolve-se em sete vos, estruturando-se em planta em trs partes, o vestbulo no trreo e o grande salo do sobrado no centro correspondendo a trs vos, e o correr de cmodos nas laterais a esse salo, contando dois vos cada. A escada repete o modelo caracterstico das casas senhoriais do Rio de Janeiro no sculo XVIII, isto , uma escada entalada com um patamar inicial e alguns degraus de convite visveis do vestbulo. No caso da Casa de Campo do Bispo essa soluo se duplica em dois lances entalados em direes opostas partindo do mesmo patamar.

    Alis, o melhor exemplo ainda remanescente desse tipo de soluo de escada a casa que o irmo do Bispo, Joo Malheiro Reimo Pereira, construiu do outro lado da Baa de Guanabara, no lugar chamado Saco, na freguesia de So Joo do Cara. A antiga Fazenda Jurujuba casa solarenga de alvenaria de tijolo e cal, tendo o pavimento superior cinco vos sobre prtico, com correspondentes cinco arcadas. O alado frontal, obra evidente do risco de um engenheiro militar portugus, muito mais elaborado que os laterais executados provavelmente por mestres locais. O vestbulo com escada paralela semi-entalada, patamar baixo e degraus de convite o ltimo remanescente desse tipo de soluo na regio da Guanabara e que foi retratada numa aquarela de Debret3. Aqui tambm repete-se a soluo do salo central correspondendo a trs vos e dois cmodos menores laterais correspondendo a um vo cada. Igualmente como na soluo original da casa do Bispo, o sobrado desenvolve--se em torno de um ptio central fechado.

    A CORTE PORTUGUESA NO RIO DE JANEIRO E A TRANSFORMAO DAS RESIDNCIAS SENHORIAISA chegada da corte portuguesa em 1808 acompanhando o Prncipe Regente Dom Joo

    foi responsvel pelo impulso construtivo na cidade, com um nmero maior de grandes casas urbanas de variadas tipologias, resultado da presena de engenheiros militares e arquitetos portugueses, bem como de ingleses e franceses.

    Os portugueses atuantes no Rio de Janeiro, empregavam um estilo clssico, ainda muito prximo da tradio ch e da simplificao pombalina do rococ como Manuel da Costa

  • ARQUITECTURA, ESTRUTURASE PROGRAMAS DISTRIBUTIVOS 257

    na Quinta da Boa Vista, na Real Fazenda de Santa Cruz, no Tesouro Real e no Quartel do 2 Regimento de Infantaria; Joo da Silva Moniz, na varanda da Aclamao de D. Joo, e nas igrejas de So Jos e do Santssimo Sacramento; Joo Manoel da Silva, responsvel pelo Real Teatro de So Joo. Um caso a parte o de Jos da Costa e Silva, arquiteto de slida formao italianizante, o mais culto e importante arquiteto portugus da poca, responsvel pelo desenho do Palcio da Ajuda e do Teatro So Carlos em Lisboa. Em sua permanncia no Brasil de 1812 at sua morte, em 1819, realizaria uma srie de projetos, mas com apenas um nico reconhecidamente executado que foi o neoclssico tmulo do Infante D. Pedro Carlos de Bourbon e Bragana, que se conserva na primitiva capela da Ordem Terceira da Igreja Conventual Franciscana de Santo Antonio.

    O neoclssico ingls chegou ao Rio de Janeiro em 1816, com o presente do Duque de Northunberland ao Prncipe Regente, uma cpia do porto em cantaria e ferro da Sion House, obra original de Robert Adam em 1769, no enfeitado estilo que leva o seu nome. A cpia foi montada na Quinta da Boa Vista pelo ingls John Johnston. Pouco se sabe de Johnston, alguns autores o identificam como pedreiro, outros como arquiteto. O que parece certo que aps a montagem do porto, o ingls deve ter cado nas graas de Dom Joo, pois foi encarregado de projetar a ampliao da Quinta da Boa Vista, principal residncia do rei no Rio de Janeiro, dotando-a no exterior de escadas monumentais curvas de acesso ao palcio e um curioso torreo, de gosto otomano, primeira construo deste estilo no Brasil. Johnston tambm projetaria a Igreja Anglicana, como um palacete em estilo neoclssico, de acordo com o tratado estabelecido entre Dom Joo e os ingleses, que poderiam ter lugar de culto na cidade desde que o templo no tivesse torre sineira, nem aspecto de igreja. No se conhecem registros da presena de outros arquitetos ingleses no primeiro quartel do sculo XIX no Rio de Janeiro. O certo que a presena inglesa seria responsvel pela difuso na cidade das janelas de guilhotina com caixilharia de madeira e vidro e de vos em arco ogival.

    O neoclssico francs foi introduzido pela misso artstica, patrocinada pelo Conde da Barca, que desembarcou no Rio de Janeiro em 1816. Dela fazia parte Auguste Henri Victor Grandjean de Montigny, que projetou a Real Academia de Belas Artes, e foi responsvel pelo ensino de arquitetura na Academia, tornando-se a principal influncia da gerao de arquitetos disseminadores do neoclssico no Brasil. Grandjean introduziu um estilo mais depurado, em formas simples e com referncias antiguidade clssica grega e romana, de acordo com seu aprendizado na Frana revolucionria e bonapartista. Seu projeto para a Real Praa do Comrcio do Rio de Janeiro, de 1819, uma releitura do tema da baslica romana.

    A arquitetura residencial manteve, no entanto, boa parte das caractersticas dos solares coloniais do final do Setecentos. Dos palcios reais, s a Quinta da Boa Vista seria objeto de

  • A CASA SENHORIAL EM LISBOA E NO RIO DE JANEIRO258

    permanente obra de ampliao e modernizao. O Palcio dos Vice-reis, transformado em Pao Real, ganharia um torreo voltado para o mar a fim de nobilitar o prdio na viso de quem chegava cidade e passadios ligando-o aos prdios vizinhos do Convento do Carmo e do Tribunal da Relao, que passaram a hospedar parte da corte.

    Duas casas, ambas de portugueses vindos com a corte e que ganham os respectivos ttulos de nobreza durante o perodo brasileiro, refletem bem a transio estilstica das casas senhoriais no Rio de Janeiro nesses anos, que as aproxima do neoclssico mas ainda com uma linguagem arquitetnica de forte matriz setecentista. So elas a casa do Visconde de So Loureno na Rua de Matacavalos, atual Rua do Riachuelo, com um soto criando um volume central em todas os seus alados e a casa do Visconde do Rio Seco, com seu duplo torreo no Rocio Pequeno, atual Praa Tiradentes.

    A CASA DO VISCONDE DE SO LOURENOO portugus Francisco Bento Maria Targini veio para o Rio de Janeiro em 1808 junto

    com o Principe Regente. Foi Conselheiro da Casa Real e Tesoureiro-mor do Errio durante a permanncia de Dom Joo no Brasil. Em 1811 recebeu o ttulo de Baro de So Loureno, sendo posteriormente, em 1819, agraciado com o de Visconde.

    Em 1809 compra terrenos rua de Matacavalos, onde j existiam vrias casas trreas, conforme consta das inscries dos livros da dcima urbana. Seria nestes terrenos que ele edificou a sua residncia entre 1818 e 1819, pois a partir de 1820 a dcima urbana registra o nome do Visconde de So Loureno como proprietrio de uma casa com loja, sobrado e soto na esquina da rua de Matacavalos com rua dos Invlidos. Pouco viveu nesta casa o Visconde, pois no ano seguinte regressou a Portugal acompanhando o rei. Entre 1824 e 1825 o imvel teve um outro morador ilustre, quando foi arrendado ao Conde de Palma, Dom Francisco de Assis Mascarenhas, antigo Governador da Bahia.

    No h informaes de quem teria sido o autor do risco da casa. Seguramente tratava--se de um arquiteto ou mestre de obra portugus. Baseamos esta afirmao no uso de arco abatido no desenho de portas e janelas, soluo muito empregada pelos arquitetos e mestres portugueses atuantes na poca, mas principalmente no desenho de gosto pombalino das molduras dos vos da entrada e do andar nobre, com uma quebra na linha para o alargamento destas na parte superior. Esta soluo decorativa encontrvel em algumas igrejas da segunda metade do sculo XVIII, mas incomum na arquitetura civil do Rio de Janeiro. A casa nitidamente faz uma transio entre a arquitetura da segunda metade do sculo XVIII, influenciada pela reconstruo pombalina, e o neoclssico que comeava a se difundir no incio do sculo XIX na cidade.

  • ARQUITECTURA, ESTRUTURASE PROGRAMAS DISTRIBUTIVOS 259

    O denominado sto da dcima urbana o conjunto de quatro camarinhas, das quais trs so incorporados ao plano dos alados criando um elemento de destaque na composio. Esta soluo est filiada a um tipo de residncia rural e urbana setecentista cujo o aproveitamento de espaos acima do ultimo piso, dava origem a pequenos torrees e mirantes, as chamadas camarinhas, que com o correr do sculo vo gradativamente se aproximando do plano dos fachadas, primeiro sem romper o beiral, como na casa do Visconde do Rio Seco, para depois se incorporar centralizada no alado com uma clara preocupao de nobreza e imponncia da edificao. Este o caso da casa do Visconde de So Loureno, cuja simetria do corpo central em algumas dos alados obtida custa de falso beiral.

    Com o advento do neoclssico esse sto mais estreito e centralizado ganhar fronto e ser uma tipologia difundida em meados do sculo XIX de palacete urbano carioca.

    No foi encontrada, at o momento, nenhuma referncia dos cronistas da poca casa do Visconde de So Loureno. Lus Joaquim dos Santos Marrocos, bibliotecrio do rei, iria referir-se a Francisco Bento Maria Targine, em carta de 29 de fevereiro de 1812, apenas sobre

    Ilustrao 6Casa do Visconde de So Loureno, Fotos Eric Hess, 1941, Arquivo Central IPHAN. Plantas do andar nobre e do soto.

  • A CASA SENHORIAL EM LISBOA E NO RIO DE JANEIRO260

    as acusaes de improbidade que circulavam nos jornais da cidade a respeito do ento Baro4, mas nenhuma das suas cartas fazem meno casa que este construiu.

    O alado voltado para a Rua de Matacavalos tem no andar nobre sete janelas rasgadas separadas em trs tramos por pilastras. As trs centrais em arco abatido com um nico balco corrido, de linha ondulante, e as laterais em verga reta com balces isolados. No alado voltado para a rua dos Invlidos, temos nove vos todos em arco abatido com balces isolados e divididos tambm em trs tramos, neste caso, iguais. Nos stos centralizados, trs janelas de peitoril em arco abatido.

    A entrada se dava pelos vos do tramo central da fachada da Rua de Matacavalos. Trs portas, uma mais larga central para entrada de carros e cadeiras de arruar, apresentando uma incomum cartela na chave do seu arco abatido, e ladeada de duas mais estreitas. Como d a entender Marrocos em uma de suas cartas, o Visconde de So Loureno era muito cioso do ttulo recm-adquirido, o que pode explicar a presena de um braso na fachada da casa, caso nico no Rio de Janeiro da corte de Dom Joo VI. As outras portas voltadas Rua de Matacavalos serviriam seguramente para as lojas, uma nica larga esquerda e duas mais estreitas direita. Estas portas apresentam molduras simples, sem o detalhe do alargamento na parte superior das trs portas centrais. H claramente uma hierarquia na composio deste alado, distinguindo no trreo, o tramo central como parte da residncia.

    O edifcio encontra-se hoje arruinado, mas um levantamento realizado no seu interior na dcada de 1980, permite identificar algumas caractersticas da sua disposio interna. Na ocasio, o imvel encontrava-se completamente subdividido mas ainda era possvel identificar, pelos grandes forros de madeira entabeirada, os sales primitivos. No sobrado, que corresponderia ao andar nobre tnhamos a clssica diviso de um salo central maior correspondendo aos trs vos do tramo central, ladeado por dois sales menores laterais, correspondendo a dois vos cada. No sto, os alados voltados para as ruas de Matacavalos e dos Invlidos correspondem cada um a um salo com forro em gamela. A escada original no mais existia, mas pelos espaos remanescentes, tudo leva a crer que seria uma escada entalada como as da casa do Bispo no Rio Comprido e do seu irmo em Jurujuba.

    A CASA DO VISCONDE DO RIO SECOJoaquim Jos de Azevedo era portugus e tambm veio para o Rio de Janeiro em 1808

    acompanhando a comitiva da Famlia Real. Era Conselheiro Real, alcaide-mor de Santos e Tesoureiro Real. Em 1813, Azevedo recebe o ttulo de Baro do Rio Seco, posteriormente elevado a Visconde do Rio Seco em 18185.

    Em 1812 ele iria comprar um sobrado no Largo dos Ciganos com a Rua do Conde do

  • ARQUITECTURA, ESTRUTURASE PROGRAMAS DISTRIBUTIVOS 261

    Ilustrao 7O Palcio do Visconde do Rio Seco, no alto, gravura de Bertichem, meados sculo XIX. Embaixo foto Vedani, terceiro quartel sculo XIX.

  • A CASA SENHORIAL EM LISBOA E NO RIO DE JANEIRO262

    Juiz de Fora Petra Bittencourt. Conforme escreve Lus Joaquim dos Santos Marrocos, em novembro de 1812, o futuro Visconde do Rio Seco estaria, edificando um soberbo palcio na esquina do Largo dos Ciganos, e que ficou pronto no ano seguinte, pois o bibliotecrio real escreveu em agosto de 1813 que o dito Baro cuida agora em ir residir para o seu novo Palcio no Campo dos Ciganos, para onde h dias se tem transportado a sua preciosa moblia, museu, etc.6

    O texto de Marrocos no esclarecedor se o palcio do Visconde era uma casa nova construda naquele ano ou apenas uma reforma e ampliao do sobrado pr-existente do Juiz de Fora Petra Bittencourt. importante registrar que ele utiliza palcio para referir-se a futura morada do Visconde, demonstrando que a presena da corte portuguesa estava levando a uma maior difuso do termo, indo alm dos palcios institucionais do bispo e dos vice-reis no sculo anterior.

    A imagem mais antiga que temos do imvel uma aquarela de Thomas Ender feita em 1817, data em que o Visconde j estava instalado no seu palcio. O edifcio permaneceu com

    Ilustrao 8 A Casa do Comendador

    Oliveira Barboza. No alto, alado posterior na viso de Adrien Taunay, a esquerda, e Pallire, a

    direita. Em baixo foto da Rua do Passeio Pblico,

    incio do sculo XX e planta do andar nobre.

  • ARQUITECTURA, ESTRUTURASE PROGRAMAS DISTRIBUTIVOS 263

    a fisionomia que lhe deu o Visconde, com seus dois pavimentos e presena de torrees, at o ltimo quartel do sculo XIX, quando foi modernizado num prdio neoclssico para sediar a Secretaria de Justia do Imprio.

    A casa tinha, no alado voltado para a antiga Rua do Conde, um total de nove janelas rasgadas com os respectivos balces no andar nobre, acima deste uma camarinha levemente recuada com cinco janelas rasgadas, sobre esta um ltimo torreo com trs janelas rasgadas. No alado voltado para o Largo do Rossio, um sobrado com seis janelas rasgadas e seus respectivos balces tendo no trecho final uma porta cocheira em arco abatido com um culo de cada lado, provavelmente para cadeirinhas e seges. Esta entrada coroada por um guarda-corpo, evidenciando a presena de um terrao que serviria ao andar nobre do corpo principal. No fundo deste terrao possvel ver pela iconografia a existncia de uma construo com duas portas em arco ogival e uma alta platibanda. Esse tratamento romntico dos vos em arco ogival s ir surgir no Rio de Janeiro com a chegada da corte e a presena de ingleses na cidade naquele perodo. Esse pavilho neogtico do palcio do Visconde do Rio Seco levou alguns historiadores a atribuir a autoria do risco John Johnston7. H porm um detalhe que contradiz essa hiptese. Segundo Marrocos, o palacete j se encontrava em obras em novembro de 1812, mas Johnston s embarcaria da Inglaterra para o Brasil em dezembro daquele ano, o que torna pouco provvel a participao dele no canteiro de obras do palcio do Visconde8. Quem quer que tenha sido o autor, seguramente era um arquiteto estrangeiro, pois no s pensou o anexo com vos ogivais como tambm projetou neste uma alta platibanda escondendo o telhado, soluo absolutamente incomum no Rio de Janeiro do incio do sculo XIX.

    Numa analise da iconografia do Rio de Janeiro no incio do sculo XIX, podemos verificar que os vos em arco ogival no eram uma soluo exclusiva do palcio do Visconde do Rio Seco. Eles aparecem na aquarela de Debret, Enterro de uma negra catlica chegando Igreja da Lampadosa que retrata a casa de outro morador ilustre do Largo do Rossio, Jos Bonifcio de Andrade e Silva. No se limita presena de arcos ogivais, as solues comuns ao Palacete do Visconde do Rio Seco e a Casa de Jos Bonifcio de Andrade e Silva. H tambm o terrao sobre o grande porto de acesso de cadeirinhas e seges. Estes terraos debruados sobre as ruas evidenciam uma nova sociabilidade que deve ter surgido no ambiente que se instala na cidade com a corte de Dom Joo. sintomtico que, nas casas dos dois moradores mais ilustres do Largo do Rossio, seja adotada essa mesma soluo. importante lembrar que o Largo abrigava tambm o Teatro So Joo, local de encontro da corte no Rio de Janeiro.

    Um elemento a ser destacado no alado do palcio do Visconde pela Rua do Conde uma marquise, provavelmente de ferro, representada na imagem de Bertichem. Situada

  • A CASA SENHORIAL EM LISBOA E NO RIO DE JANEIRO264

    acima da porta no quarto vo do trreo. A marquise representada na imagem de Bertichem se assemelha que existiu na Quinta

    da Boa Vista e ainda existente no Palacete da Marquesa de Santos e que, a partir do seu uso no Palcio Real, deve ter passado a ser um elemento de distino das principais casas senhoriais da cidade.

    No palcio do Visconde do Rio Seco, o torreo principal, situado no centro da fachada da Rua do Conde, desenvolve-se em dois pavimentos, mas ainda com um pequeno recuo em relao ao alinhamento ao alado. Esse recuo ainda uma transio para a soluo neoclssica de incorporar o torreo. O desenvolvimento em dois pavimentos do torreo do palacete do Visconde torna este um exemplo bastante especial no Rio de Janeiro do incio do sculo XIX, aproximando-o da ideia das casas-torres da nobreza portuguesa.

    Com relao disposio interna do edifcio, a anlise do imvel em sua configurao original foi feita a partir da sua diviso atual. Supondo que os ambientes separados por paredes de espessa grossura sejam remanescentes da configurao original, sua disposio interna similar a de outras grandes residncias setecentistas do Rio de Janeiro, com o ptio interno localizado ao centro do edifcio e a fachada principal dividida em 3 grandes compartimentos. importante ressaltar que a fachada principal no caso do palacete do Visconde do Rio Seco era aquela voltada para a Rua do Conde. Portanto, pode-se supor que o salo principal da antiga residncia tenha sido a sala de formato retangular disposta entre a antiga Rua do Conde e o ptio interno.

    Apesar de seguir a lgica da diviso em trs compartimentos, o Palcio do Visconde do Rio Seco apresenta propores muito distintas da tipologia difundida em outros imveis contemporneos a ele.

    A CASA SENHORIAL SEGUNDO GRANDJEAN DE MONTIGNYO arquiteto francs Grandjean de Montigny foi o responsvel pelo projeto de uma das

    mais notveis casas senhoriais da cidade do Rio de Janeiro no primeiro quartel do sculo XIX. Trata-se de uma casa na rua do Passeio Pblico para o Comendador Jos de Oliveira Barboza, militar brasileiro, natural do Rio de Janeiro, que foi Governador e Capito General de Angola entre 1810 e 1815. A casa foi demolida na dcada de 1940, mas a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro conserva o desenho da planta do seu andar nobre, que com uma srie de imagens que retratam a casa, permite-nos analisar a distribuio dos seus espaos internos e as caractersticas compositivas dos seus alados.

    Grandjean reformou e ampliou um sobrado existente, o que explica a ausncia de simetria absoluta da planta. O alado da Rua do Passeio Publico traduz bem a linguagem

    Ilustrao 9A casa de Grandjean

    de Montigny na Gvea, acima planta do sobrado

    e abaixo do trreo.

  • ARQUITECTURA, ESTRUTURASE PROGRAMAS DISTRIBUTIVOS 265

    sbria do neoclssico revolucionrio e bonapartista. No andar nobre nove janelas, divididas em trs tramos, sendo as centrais, janelas rasgadas com balco corrido e as demais janelas de peitoril. O corpo central tem mais um andar, uma espcie de soto, coroado por fronto clssico. O alado posterior voltado para o quintal mais elaborado, tendo com destaque no andar nobre uma galeria em hemiciclo com colunata, que terminava em dois volumes com pilastras, nichos e fronto, tratados como se fossem pequenos pavilhes clssicos.

    A planta do piso nobre obedece a uma lgica compositiva bastante distinta dos exemplos anteriormente analisados. Os trs tramos do alado correspondem a cinco cmodos na planta. H sempre o salo central quadrado, mas, nesse caso, est ligado a dois cmodos de cada lado, no exatamente simtricos nas suas dimenses. Por detrs do salo, uma sala menor quadrada que deveria funcionar como vestbulo. As escadas esto posicionadas numa das laterais desta sala, a maior desenvolvendo-se por dois semicrculos e uma outra, menor, helicoidal que deveria dar acesso ao sto. Simetricamente e com o mesmo desenho da projeo da escada, um cmodo aberto para um terrao elevado ligando a provvel rea dos aposentos privados. Infelizmente no temos a legenda correspondente s letras marcadas na planta. As conjecturas aqui levantadas so resultado da anlise da planta de outra casa que o arquiteto francs vai projetar para si mesmo. Uma casa fora da cidade, construda nos arrabaldes da Gvea, em poca prxima ao projeto feito para o Comendador Oliveira Barboza.

    A casa de Grandjean uma construo concentrada, combinando um corpo quadrado intersecado por uma rotunda na parte detrs. Claramente filiada a tradio francesa de meados do sculo XVIII das chamadas bagatelles ou follies, pavilhes concentrados que a nobreza e os ricos burgueses constroem para si e suas amantes. Uma pequena villa, muito semelhante no seu volume ao pavilho que o prprio Grandjean havia projetado para o irmo de Napoleo Bonaparte na Vestflia. Neste pavilho tambm verificamos a soluo de uma base quadrada com um semicrculo saindo dos fundos e que, no interior correspondia nos dois pisos a um grande salo redondo. O elemento inovador da casa do Rio de Janeiro o largo avarandado com colunas toscanas filiado na tradio regional das chcaras do sculo XVIII, e reinterpretado por Grandjean em desenho mais erudito. Aqui a disposio da escada semelhante casa do Comendador Oliveira Barboza, helicoidal e localizando-se numa lateral do cmodo de ligao entre o salo quadrado da entrada e a sala redonda dos fundos. Nesta casa tambm temos os aposentos privados de um lado e do outro deste vestbulo de ligao.

    Ilustrao 10Vista da Casa de Grandjean de Montigny segundo desenho de Debret (c. 1820-1830)

  • A CASA SENHORIAL EM LISBOA E NO RIO DE JANEIRO266

    O PALACETE DA MARQUESA DE SANTOSUma casa senhorial construda na terceira dcada do sculo XIX ter um papel

    importante na definio das tipologias oitocentistas dos palacetes cariocas e fluminenses. Trata-se do palacete da Marquesa Santos, Dona Domitila de Castro Canto e Melo, favorita do imperador Pedro I. Foi construdo a partir de um sobrado pr-existente como no caso da casa do Comendador Oliveira Barboza e do palcio do Visconde do Rio Seco. O nome de Dona Domitila aparece pela primeira vez nos registros de cobrana do imposto da dcima urbana associado a casa na rua da Boavista nmero 4 em 1825. Em 1826, a mesma casa j aparece registrada em nome da Viscondessa de Santos. De 1827 at 1832, o registro do imvel passa a ser feito em nome da Marquesa de Santos, porm, na realidade, Dom Pedro I havia comprado da casa da Marquesa, pouco antes da chegada da futura Imperatriz Amlia de Leuchtemberg em 1829, como atesta escritura de venda conservada na Seo de Manuscritos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Dessa mesma poca tambm se conserva um precioso documento denominado Inventario geral e circunstanciado dos Movens ricos e outros q guarnessem o Imperial Palacete do Caminho Novo em S. Christovo. Aqui, como tambm nos jornais deste perodo, a denominao ser sempre de palacete, para referir a casa da Marquesa dos Santos.

    O palacete seria ocupado em fins de 1829 pela rainha de Portugal, Dona Maria da Glria, quando do seu retorno ao Brasil, at 1831 com a abdicao do Imperador e sua partida junto com a filha para Portugal.

    Um ponto controverso a autoria do projeto. Alguns historiadores atribuem o risco ao francs Pedro Jos Pezerat9, e outros ao portugus de origem francesa Pedro Alexandre Cravo10. Para a primeira hiptese ser verdadeira, as obras teriam que ter comeado no inicio de 1827 poca em que o Imperador o nomeia como seu engenheiro particular11, ou mesmo s a partir de 1828, quando Pezerat passa a ser tambm o arquiteto particular de Dom Pedro I. O mais provvel seria admitirmos a autoria de Pedro Alexandre Cravo, lisboeta, filho de francs que chegou ao Rio em 1824, sendo nomeado em 1825 arquiteto da Casa Imperial, cargo que manteve at 1830. Outra hiptese seria considerarmos que as obras iniciadas por Cravo tiveram a sua finalizao sob o comando de Pezerat. Esperamos que estudos futuros tragam luz documentos que possam esclarecer melhor a questo da autoria do Palacete da Marquesa de Santos.

    O palacete ostenta na sua composio decorativa a linguagem do neoclssico que se difundia na cidade, sendo um dos melhores exemplos de residncia neoclssica no primeiro Imprio Brasileiro. Nove janelas na fachada para a Rua da Boa Vista, sendo cinco janelas rasgadas, trs centrais e uma em cada extremo. Todos os vos so em arco abatido, seguramente do sobrado original que foi comprado para a Marquesa. O andar nobre foi

  • ARQUITECTURA, ESTRUTURASE PROGRAMAS DISTRIBUTIVOS 267

    alteado para a construo das sancas decoradas dos seus sales. Os nove vos correspondem em planta aos sales de dana e recebimento. Em meados do sculo XIX novas obras foram feitas no palacete e das quais testemunha a data de 1852 dos frisos em estuque do exterior. Provavelmente, estes no fariam parte da decorao original da residncia da Marquesa de Santos.

    Sem sombra de dvida, a grande sala oval do fundo tambm obra dessa primeira transformao da casa. uma soluo semelhante casa de Grandjean de Montigny na Gvea na interseco de um volume cbico com outro cilndrico. Esta soluo vai se repetir em diversos palcios cariocas de meados do sculo XIX. No caso do palacete da Marquesa dos extremos da sala oval partem duas escadas externas que comunicam esta com os jardins. As escadas monumentais ligando o andar nobre com o exterior sero tambm um motivo recorrendo no neoclssico brasileiro. No caso do palacete da Marquesa havia o precedente da Quinta da Boa Vista, que tinha uma monumental escada dupla curva de acesso projetada por John Johnston no final da dcada de 1810.

    Pelo inventrio dos mveis, podemos concluir que os sales ovais funcionavam como

    Ilustrao 11O palacete da Marquesa de Santos, fotos dos alados frontal e posterior e plantas do trreo e andar nobre.

  • A CASA SENHORIAL EM LISBOA E NO RIO DE JANEIRO268

    sala de jantar no trreo e, possivelmente, uma sala de recebimento no andar nobre.No centro da composio do palacete da Marquesa fica a escadaria real de trs lances,

    iluminada por uma claraboia e contornada no andar nobre por arcadas. uma escada que faz uma espcie de transio entre a escada fechada numa caixa quadrada do Palcio dos Vice-reis para as escadas completamente livres de paredes das residncias neoclssicas de meados do sculo XIX. Seguramente a importncia deste palacete no contexto da arquitetura carioca teve uma influncia na difuso das escadas reais no neoclssico brasileiro de meados do sculo XIX.

    O CONFRONTO ENTRE FRANCESES E PORTUGUESES NOS JORNAIS DO RIO DE JANEIROA disputa dos diversos arquitetos e construtores atuantes no Rio de Janeiro vai repercutir-

    -se num curioso debate nos jornais da poca envolvendo os franceses da Academia Imperial das Belas Artes e os portugueses atuantes na cidade.

    O debate inicia com um artigo publicado em 1827 no Espelho Diamantino, peridico de poltica, literatura, belas artes, teatro e modas, dedicado s senhoras brasileiras, que faz um panorama das Belas Artes no Brasil, afirmando que,

    no meio de tantas obras que se edifico nesta Capital; e que insulto o bom gosto, fica sem ter que fazer Mr. Grand-jean home de talento transcendente, e autor dos unicos monumentos que hum curioso possa encarar com prazer, e entre os quais apontaremos o Palacio das bellas Artes na travessa do Thesouro, como elegantissimo monumento, ao qual s falta hum largo para de distancia conveniente se poder abranger lensemble, e disfrutar a perspectiva.12

    A resposta critica das construes da Capital e do desperdcio do talento de Grandjean viria numa carta publicada no Dirio Fluminense em janeiro de 1828:

    Mr Grand-jean no ficou sem ter o que fazer; foi chamado para arquitecto da Caza da Praa (Bourse); no que no deo de certo provas desse transcendente talento, dando lhe a configurao de huma Igreja; naturalmente lembrou-se que na Revoluo Franceza a Igreja des Petis Peres servio de caza de Praa dos Commerciantes em Paris, por concomitancia julgou dever fazer semelhante a do Rio de Janeiro (...)Mr. Grand-Jean no ficou sem ter que fazer; foi o Arquitecto das cazas do Escellentissimo Jos de Oliveira Barboza, e do Senhor Luiz de Souza Dias; comeou a construco do curro dos touros no Campo dAclamao, que no sabendo concluir, o Him.o Senado lhe tirou a direco,

  • ARQUITECTURA, ESTRUTURASE PROGRAMAS DISTRIBUTIVOS 269

    e a entregou ao Arquitecto Manoel da Costa, que o terminou, e o decorou (...)Falta dizer duas palavras sobre as obras desta Capital que insulto o bom gosto: he desgraa que alm de nos quererem fazer tolos, nos considerem tambm cegos! Pois insulta o bom gosto o frontespicio da Igreja da Candelaria, o da Igreja da Cruz, e o de S. Francisco de Paula? E que me diz ao Palacete da Serenissima Duqueza de Goyaz?13

    O referido Palacete da Serenissima Duquesa de Gois, apresentado com exemplo de boa arquitetura, a casa da Marquesa de Santos. A Duquesa de Gois era uma das filhas que ela havia tido com o Imperador e que este reconheceu dando o referido ttulo de nobreza. Depois da morte da Imperatriz Leopoldina em dezembro de 1826, a corte passa a associar ao nome da filha da Marquesa, a casa da Rua da Boa Vista.

    Diante do acalorado debate, o prprio Grandjean tambm se manifestaria atravs do Jornal LEcho de lAmerique du Sud, atacando o diretor da Academia, o portugus Jos Henrique da Silva e o arquiteto Pedro Alexandre Cavro, que estava disputando com ele, a cadeira de Arquitetura. Na sua carta, Grandjean diz que Cravo, filho de um marceneiro, havia aprendido sua arte numa loja de comerciantes de cadeira em Lisboa14.

    A resposta viria, tambm em carta e tambm no Echo. Cravo afirmava que Grandjean era bom desenhista de arquitetura, mas no bom arquiteto. Na casa Oliveira Barbosa chove e na Bolsa as paredes caem15. O debate em questo ilustra bem a disputa entre portugueses e franceses pelas obras de arquitetura que se construam na cidade e pelo controle do ensino de arquitetura da Academia Imperial, que havia comeado efetivamente a funcionar no mesmo ano do artigo do Espelho Diamantino. Serve tambm para confirmar a importncia que o Palacete da Marquesa de Santos e a Casa do Comendador Oliveira Barboza tinham com exemplos de casa senhorial para os seus contemporneos.

    NOTAS

    1 Cabe registrar que Alpoim era natural de Viana do Castelo2 Mariana e Ouro Preto em Minas Gerais, So Joo da Barra no Rio de Janeiro, So Sebastio em So Paulo, Laguna em Santa Catarina, Quixeramobim no Cear.3 DeBret J.B. - Le dessous de la porte cochre dune maison riche. Rio de Janeiro, 1827.4 MARROCOS, 2008, p. 111.5 Alm do ttulo de Visconde do Rio Seco pela casa portuguesa, Joaquim Jos de Azevedo recebeu o ttulo de Marqus de Jundia, em 1826, como parte da nobreza brasileira.6 MARROCOS, 2008, pp 158 e 208.7 PEREIRA, 2001, p.222.8 RIBEIRO e CALDAS, 2002, p. 103.9 Silva Telles 1975, Gomes 2001, Valadares 1978.

  • A CASA SENHORIAL EM LISBOA E NO RIO DE JANEIRO270

    BIBLIOGRAFIA

    BANDEIRA Julio e LAGO Pedro Correa do - Debret e o Brasil: obra completa. Rio de Janeiro: Capivara, 2007.DU GUAY-TROUIN Ren - O corsrio: uma invaso francesa no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2002.MOREIRA DE AZEVEDO - O Rio de Janeiro: sua histria, monumentos, homens notveis, uso e curiosidades. Rio de Janeiro: Livraria Brasiliana Editora, 1969.MARROCOS Lus Joaquim dos Santos - Cartas do Rio de Janeiro: 1811-1821. Lisboa: Biblioteca Nacional de Portugal, 2008.PEREIRA Sonia Gomes - Arquitetos e engenheiros atuantes no Rio de Janeiro no incio do sculo XIX. In LAMEIRA Francisco - Actas do V Colquio Luso-Brasleiro de Histria da Arte. Faro: Universidade do Algarve, 2001, p. 209-229.RIBEIRO Nelson Porto e CALDAS Wallace - As transformaes sofridas pelo Prtico de Northumberland e a sua restaurao. In Anais do XI Congresso da ABRACOR. Rio de Janeiro: ABRACOR, 2002, pp 103-108.SANTOS Luis Gonalves dos - Memrias para servir histria do reino do Brasil. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1981.SANTOS Paulo F. - Quatro sculos de arquitetura. Rio de Janeiro: IAB. 1981.SILVA TELLES Augusto C. - Atlas dos Monumentos Histricos e Artsticos do Brasil. Rio de Janeiro: MEC/FENAME, 1975.SILVA Raquel Henriques da - Lisboa Romntica, Urbanismo e Arquitectura, 1777-1874. Lisboa, 1997. Dissertao de doutoramento em Histria da Arte apresentada a Universidade Nova de Lisboa.VALLADARES Clarival do Prado - Rio Neoclassico. Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1978.Uma cidade em questo I: Grandjean de Montigny e o Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: PUC/FUNARTE/Fundao Roberto Marinho, 1978.

    10 Moreira de Azevedo 1969.11 Em carta a Camara de Lisboa, Pezerat afirma que s chegou ao Brasil em 1826, tendo durante esse ano se ocupado de atividades de levantamento cartogrfico na Provncia do Rio de Janeiro, parti para Rio de Janeiro com a graduao de Capito de Engenharia, servindo um anno na Academia Militar; encarregado dos trabalhos geodesicos da Provincia de Rio de Janeiro, levantando a planta da Cidade, da sua bahia e de seus arredores. No fim deste anno; fui escolhido por S M o Imperador D. Pedro 1 de Saudoza memoria como seu Engenheiro Particular . documento 96 anexo da Tese de Raquel Henriques da Silva - Lisboa Romantica, Urbanismo e Arquitectura, 1777-1874, vol I pp 722, 1997.12 Uma cidade em questo: Grandjean de Montigny e o Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:PUC/FUNARTE/Fundao Roberto Marinho, 1979, p. 4113 Idem, pp. 42 e 43.14 ibidem, p. 56.15 ibidem, p. 58.

  • capaLivro_Actas_Intro+ndiceTema2- Jo Pessoa