Temas Fundamentais Da Fe Cristã Aluno Quinze

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Temas Fundamentais da Fe CristA CriaaoLiao 15Introduao A doutrina da criao ocupa uma posio importante na f da igreja. O primeiro artigo do Credo apostlico afirma: Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do cu e da terra. E significativo que num documento to curto, a criao foi considerada claramente importante para ser includa. Tambm devemos destacar que nosso entendimento da doutrina da criao importante por causa de sua relao com outras reas da doutrina crist. Mas que afirmacoes teologicas podemos fazer acerca da criaao a luz dos dados biblicos?

Primeiro lugar a criao obra do Deus Trino, A maior parte das referncias do Antigo Testamento atribuem a obra da criao simplesmente a Deus, e no ao Pai, Filho ou Esprito, j que as distines da Trindade ainda no haviam sido plenamente reveladas (e.g. Gn 1.1; SI 96.5; Is 37.16; 44.24; 45.12; Jr 10.11,12).118 Mas, no Novo Testamento, encontramos esta diferenciao. Nas Escrituras, a obra da criao atribuda ao Pai (cf. ICo 8.6). E o Filho de Deus participou do ato criador, pois todas as coisas que Deus faz, ele as faz por meio de Cristo (Jo 1.3,10; ICo 8.6; Cl 1.16-17; Hb 1.2). E o Esprito Santo tambm estava ativo na criao, como aquele que d vida criao, colocando-a em ordem (Gn 1.2; J 26.13; 33.4; SI 104.30; Is 40.12-13). Contudo, a obra da criao no dividida em trs partes, em que cada parte corresponde a uma das pessoas. A obra da criao deve ser atribuda s trs pessoas da Trindade. Em resumo, podemos dizer que todas as coisas imediatamente provm do Pai, por intermdio do Filho e no Esprito Santo.Em segundo lugar, a criao um ato da livre vontade de Deus, cujo fim a sua prpria glria. O Deus Trino no precisava criar os cus e a terra. Ele estava satisfeito em si mesmo, tendo vida, amor e comunho na eternidade. Mas, por um ato da livre vontade de Deus, cus e terra foram criados. Deus seria o que , mesmo que no tivesse criado o mundo. Deus um ser auto-suficiente. Ele no precisa de nada. Ele se basta. Ele no precisa do mundo para ser o que . A criao do mundo, portanto, no uma necessidade de Deus. A criao um ato da vontade de Deus (Ef 1.11;Ap 4.11). E toda a criao glorifica a Deus (SI 19.1). Ainda que esta esteja submetida futilidade (Rm 8.20) por causa do pecado, o propsito de Deus redimir a criao (Rm 8.21), que dever participar da futura glria dos filhos de Deus que em si a glria de Cristo. A esperana de que a natureza ser renovada parte integrante da viso proftica do Antigo Testamento, onde a erradicao do pecado destacada (Is 65.17-25; Is 35.1-10; ls 11.6-10). Igualmente, o Novo Testamento fala de um momento no qual Deus far novas todas as coisas (Ap 21.5), para sua glria.Em terceiro lugar, devemos lembrar que a religio pag sempre confunde a criao com o Criador. Mas o livro de Gnesis coloca a f de Israel em completo antagonismo com as religies pags. Gnesis 1.1-3 destaca os seguintes pontos:Religio pagGnesis 1 .1 -3 1.

Deus tudo. 0 universo uma emanao do ser de Deus.

Deus criou o universo do nada, e no de seu prprio ser.

A terra viva e divina. Existem divindades por toda parte (animismo).A terra no viva nem divina. As coisas criadas no representam divindades e no so dignas de louvor.

Os corpos celestiais so divinos. O poder deles, manifestado na astrologia, controla e d ordem histria.

0 sol, a lua, as estrelas e os planetas existem para iluminar a terra e so criaes do Deus soberano. Eles no tm influncia alguma sobre o destino do homem.

A criao uma hierarquia, representada pela Grande Corrente do Ser que d unidade s coisas que emanaram do Um.

Embora houvesse uma progresso na criao, isso no indica a existncia de uma hierarquia na criao. Se indicasse isso, ento a mulher teria sido criada antes do homem. A ordem foi necessria para preparar cada etapa a seguir.

O bem e o mal so igualmente ltimos, sendo elesou dois aspectos iguais da realidade, ou sem distino ltima, ou seja, iluses.

No existia nada de mal na criao original. Tudofoi declarado como sendo bom. O mal no normal.

A matria fsica m, sendo um nvel de serinferior. 0 alvo da religio fugir dela.

O mundo de matria bom e no inferior aoespiritual.

Existe uma distino entre o sagrado e o profano, de modo que alguns aspectos da criao so profanos e outros no.

No existe o profano. Tudo de Deus e, portanto, santo e sagrado. Depois da queda existe uma distino entre o pecado e o santo, mas no o sagrado e o profano na criao.

Em quarto lugar, precisamos destacar que a criao um evento histrico, e o texto de Gnesis deve ser entendido como histria verdadeira, como algo que de fato aconteceu. O Salmo 136 coloca a criao no contexto de outros eventos histricos na vida de Israel e no faz a menor diferena entre eles. A verdade de vrias afirmaes de Jesus e dos apstolos depende do pressuposto de que a narrativa da criao em Gnesis seja uma histria verdadeira (Mt 19.4-6, Mt 24.37; Lc 11.51). Ado e Eva foram pessoas que realmente existiram, segundo Paulo (ICo 15.45 e 2Tm 2.13-14). Os atos criadores de Deus so eventos histricos, no sentido que, de fato, aconteceram. Em quinto lugar, precisamos destacar a distino entre o Criador e a criatura. O ponto mais importante na doutrina da criao est no primeiro verso da Bblia. Deus criou o mundo ex nihilo, ou seja, do nada. A criao a partir do nada (ex nihilo), ou sem o uso de matria preexistente significa que tudo o que existe agora comeou com o ato de Deus que o trouxe existncia ele no moldou nem adaptou nada que j existia independentemente dele.Em sexto lugar, a doutrina da criao tambm lembra que nada criado mau. Tudo veio de Deus, e o relato da criao afirma que ele a viu e a considerou boa (Gn 1.10, 12, 18,21, 25). Depois, quando completou a criao do homem, Deus viu tudo o que havia feito e considerou tudo muito bom (1.31). No havia nada de mau na criao original. Que se deve, na verdade, entender por esta frase repetida a propsito de tudo Deus viu que isso era bom [Gn 1.4,10,12,18,21,25,30], seno a aprovao da obra realizada em conformidade com a arte que a Sabedoria de Deus? Certamente que Deus no esperou acabar a sua obra para saber que ela era boa. Pelo contrrio nada teria feito se lhe fosse desconhecido. Para Ele, portanto, ver que a sua obra boa e se a no tivesse visto antes de cri-la no a teria feito no aprender, mas ensinar-nos que boa Portanto, qualquer tipo de dualismo refletir a tendncia gnstica de se fazer uma distino moral entre aspectos superiores e inferiores na criao. Uma vez que a esfera superior divina e a inferior no, a primeira considerada mais real que a outra. No final, essa diferena metafsica tende a ser tambm considerada moral o superior bom e o inferior mau. E, como no antigo gnosticismo, geralmente os aspectos superiores tero mais relao com as questes espirituais, enquanto os aspectos inferiores tero ligao com a matria. Mas se o universo todo deve sua existncia ao Deus criador, e se tudo o que ele fez era totalmente bom, no podemos pensar que a matria seja inerente ou intrinsecamente m. Em concluso, todos os aspectos da criao foram criados como algo muito bom (Gn 1.31). No h espao na teologia crist para a noo gnstica ou dualista em que o mundo um lugar inerentemente mal. Enquanto a doutrina da criao exclui todo tipo de dualismo, ela tambm exclui qualquer tipo de monismo que entende o mundo como uma emanao de Deus. Em stimo lugar, qualquer tentativa de decidir entre as vrias opes deve dar prioridade ao texto bblico e no se deixar guiar pelo que est na moda entre os cientistas. As teorias de cincia mudam, e a teoria de hoje pode ser desacreditada amanh. A linguagem do Gnesis e [da] cincia so inteiramente diferentes. O relato da criao formado em linguagem do cotidiano, terminologia no terica, em vez de terminologia matemtica e tcnica. Mais importante, Gnesis 1 se preocupa com a causa ltima, no com aproximao. O intento do relato da criao no especificar os mtodos geolgicos e genticos da criao, mas estabelecer definitivamente que a criao o resultado dos atos criativos de Deus. Aplicao prticas: Em primeiro lugar, tudo que existe tem valor, pois foi um plano sbio que deu existncia a tudo o que h na criao. Como lembra Erickson, cada parte tem seu lugar, exatamente o lugar que Deus queria que tivesse.168 Deus ama, no apenas certas partes, mas toda a sua criao. Portanto, devemos ter considerao por toda a criao, para preservar, guardar e desenvolver o que Deus criou. Em segundo lugar, a ao criadora de Deus inclui no s a atividade criadora inicial, mas tambm suas obras indiretas posteriores. A criao no impede o desenvolvimento dentro do mundo ela o inclui. Assim, o plano de Deus utiliza o melhor da capacidade e do conhecimento humano no aperfeioamento genrico da criao. Nestes empreendimentos agimos como co-criadores com Deus, na obra contnua da criao. Mas ainda assim, devemos ter em mente que os materiais e as verdades que empregamos nesses empreendimentos vm todos de Deus. Em terceiro lugar, temos uma justificativa para investigar cientificamente a criao. A cincia assume que existe algum tipo de ordem ou padro que pode ser discernido na criao. Se o universo fosse criado por acaso e, por conseguinte, todos os fatos reunidos por cientistas formassem uma mera coleo de casualidades, no seria possvel nenhuma compreenso da criao. Em quarto lugar, devemos lembrar que somente Deus auto-suficiente e eterno. Todo o restante da criao deriva sua existncia dele. Tudo existe por causa de sua vontade e para sua glria. Embora devamos respeitar a criao, por outro lado devemos lembrar que h uma distino clara e absoluta entre a criao e Deus. Em quinto lugar, a doutrina da criao deve nos levar a evitar o ascetismo. O entendimento de que a matria m tem levado alguns cristos a desvalorizarem o corpo humano e qualquer tipo de prazer fsico. No entendimento daqueles que buscam o ascetismo, as questes espirituais esto ligadas esfera do bem e da piedade. Assim, a nfase recai sobre meditao, jejum e a abstinncia do sexo sendo que estas prticas so consideradas como sinal de verdadeira espiritualidade. Mas a doutrina crist da criao afirma que Deus criou todas as coisas boas. No precisamos negar ou fugir da esfera material, para sermos redimidos e termos uma vida significativa na presena de Deus o que temos de fazer santificar a criao. At mesmo a criao inanimada ser redimida. Em sexto lugar, a leitura de Gnesis lembra que o ser humano guardio da criao, e parceiro de Deus nesta obra. A doutrina da criao afirma a importncia da responsabilidade que os seres humanos tm em relao ao meio ambiente. O conceito de sujeitar a terra (Gn 1.28) deve ser entendido no sentido positivo de controle. O Antigo Testamento v a criao como posse da humanidade; essa afirmao, no entanto, quer dizer que a criao foi confiada aos nossos cuidados. Tomamo-nos, pois, responsveis por seu cuidado e sua manuteno. Podem ser destacados quatro princpios ecolgicos na narrativa da criao: (1) O princpio da conservao da terra: assim como o criador cuida da humanidade e a mantm, a humanidade, por sua vez, deve cuidar da criao do criador e mant-la. (2) O princpio do sbado: deve-se permitir que a criao goze de perodos de recuperao em relao ao uso humano de seus recursos. (3) O princpio frutfero: a fecundidade da criao deve ser aproveitada e no destruda. (4) O princpio da realizao e dos limites: a humanidade precisa conhecer seus limites na relao com a criao e respeit-los. A explorao da criao e todos os problemas ecolgicos da decorrentes refletem a ascenso da tecnologia e a deificao da humanidade, processo originado especialmente no sculo xix. A tecnologia foi percebida como instrumento capaz de dar aos seres humanos o controle do meio ambiente, criando a possibilidade de modificar a criao, transformando-a no que no era sua inteno original. E a capacidade de dominar e controlar a criao poder desembocar na deificao da tecnologia. Por isto, dificilmente se poderia culpar o cristianismo (...) por este estado de coisas, j que os vandalismos praticados na criao representam uma agresso a Deus.Jernimo, o pai da igreja que traduziu as Escrituras para o latim no sculo v, comentou que os rabinos proibiam que qualquer pessoa com menos de trinta anos expusesse o primeiro captulo de Gnesis. Tendo isto em mente, terminemos nosso estudo da doutrina da criao com as sbias palavras de Agostinho:Portanto, o que no quiser ter em conta esta exposio na qual procuramos indagar ou entender segundo nosso modo de pensar, mas quer admitir outra, a respeito da enumerao daqueles dias, que possa explic-la melhor na criao das criaturas, no em sentido figurado, mas em sentido prprio [literal], procure-a e que a encontre com a ajuda divina.Pode acontecer que tambm eu encontre outra explicao mais adequada para estas palavras da Escritura divina, pois no confirmo esta explicao a ponto de no sustentar que se possa encontrar outra que seja melhor, como confirmo que a Escritura nos quis insinuar o descanso de Deus no como um descanso aps o cansao ou enfado por causa de preocupaes.