Tempo Livre Maio 2011

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TempoLivre www.inatel.pt Caminhar com a Inatel Trilhos de Verão Entrevista José Fernandes Fafe Portfólio Rio Grande do Sul Cultura Os novos caminhos da etnografia

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TempoLivrewww.inatel.pt

Caminharcom a Inatel

Trilhosde Verão

EntrevistaJosé Fernandes Fafe

PortfólioRio Grande do Sul

CulturaOs novos caminhosda etnografia

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Sumário

Revista Mensal e-mail: [email protected] | Propriedade da Fundação INATEL Presidente do Conselho de Administração: Vítor Ramalho Vice-Presidente: CarlosMamede Vogais: Cristina Baptista, José Moreira Marques e Rogério Fernandes Sede da Fundação: Calçada de Sant’Ana, 180, 1169-062 LISBOA, Tel. 210027000Nº Pessoa Colectiva: 500122237 Director: Vítor Ramalho Editor: Eugénio Alves Grafismo: José Souto Fotografia: José Frade Coordenação: Glória Lambelho Colaboradores: António Costa Santos, António Sérgio Azenha, Carlos Barbosa de Oliveira, Carlos Blanco, Gil Montalverne, Humberto Lopes, JoaquimDiabinho, Joaquim Magalhães de Castro, José Jorge Letria, José Luís Jorge, Lurdes Féria, Manuela Garcia, Maria Augusta Drago, Maria João Duarte, MariaMesquita, Pedro Barrocas, Rodrigues Vaz, Sérgio Alves, Suzana Neves, Vítor Ribeiro. Cronistas: Alice Vieira, Álvaro Belo Marques, Artur Queirós, BaptistaBastos, Fernando Dacosta, Joaquim Letria, Maria Alice Vila Fabião, Mário Zambujal. Redacção: Calçada de Sant’Ana, 180 – 1169-062 LISBOA, Telef.210027000 Fax: 210027061 Publicidade: Direcção de Marketing (DMRI) Telef. 210027189; Impressão: Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA -Rua Consiglieri Pedroso, n.º 90, Casal de Sta. Leopoldina, 2730-053 Barcarena, Tel. 214345400 Dep. Legal: 41725/90. Registo de propriedade naD.G.C.S. nº 114484. Registo de Empresas Jornalísticas na D.G.C.S. nº 214483. Preço: 2,00 euros Tiragem deste número: 157.963 exemplares

Na capaFoto: Humberto Lopes

40CAMINHAR COM A INATEL

Trilhos de VerãoAo longo dos próximosmeses, entre Junho eSetembro, a FundaçãoInatel propõe um programade descoberta de algunspreciosos recantos rurais dopaís, desde as faldasserranas da Estrela até àzona dunar da Lagoa deÓbidos, com apoio nasunidades hoteleiras dePiódão, Vila Ruiva,Linhares da Beira, Luso,Castelo de Vide, Gavião eFoz do Arelho.

5 EDITORIAL

6 CARTAS E COLUNA

DO PROVEDOR

8 NOTÍCIAS

20 CONCURSO

DE FOTOGRAFIA

29 PORTFÓLIO

Rio Grande do Sul,Um Brasil europeu

50 MEMÓRIA

Isabel de Castro, uma actriz para todas as estações

52 OLHO VIVO

54 A CASA NA ÁRVORE

67 O TEMPO E AS PALAVRAS

Maria Alice Vila Fabião

80 OS CONTOS

DO ZAMBUJAL

82 CRÓNICA

António Costa Santos

57 BOA VIDA

74 CLUBE TEMPO LIVRE

Passatempos, Novos livros e Cartaz

22ENTREVISTA

José Fernandes Fafe Já retirado da actividade diplomática,o escritor José Fernandes Fafepublicou o ensaio "A ColonizaçãoPortuguesa e a Emergência do Brasil",uma lúcida reflexão sobre as virtudese defeitos da secular presença lusa naque é, hoje, a nona potênciaeconómica do planeta. O nosso antigoembaixador em Cuba. Argentina,Cabo Verde e México analisa ascríticas de historiadores eeconomistas norte-americanos a umacolonização de cuja paternidadePortugal deve orgulhar-se.

36PAIXÕES

Rita Teixeira, 20 valoresPrémio Alexandre Herculano daAcademia Portuguesa de Ciências, ajovem estudante do Barreiro fala-nosda importância da História naformação individual.

46INATEL CULTURA

os Novos Caminhos da EtnografiaPromover e valorizar o conhecimentode práticas e manifestaçõestradicionais portuguesas, apoiando econsagrando o trabalho de cerca deum milhar de associaçõesetnográficas, ligadas aos 2800 CCD'sda Fundação, é uma das maisrelevantes funções culturais da Inatel.

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Editorial

Vítor Ramalho

Brasil no Coração

Adimensão da concepção universalistade Portugal tem neste número daTempo Livre um testemunho elo-quente na entrevista a José Fernandes

Fafe que foi nosso embaixador em Cuba,Argentina, México e Cabo Verde.

Profundo conhecedor da América Latina,homem de cultura, historiador, romancista epoeta, publicou muito recentemente o livro "AColonização Portuguesa e a Emergência doBrasil" que está a ter nos meios intelectuais bra-sileiros uma grande projecção.

Face à grave crise que atravessamos é muitoimportante revermo-nos nas relações com ospovos da nossa fala comum como é o caso darelação com o povo brasileiro porque ela trans-porta-nos para uma outra e muito mais alargadadimensão. A dimensão do que verdadeiramentesomos no mundo.

Por todas estas razões, a Inatel associar-se-áno período de 18 a 22 de Maio ao XIIIº EncontroLuso Brasileiro do Turismo Sénior que coincidirácom o XIVº Congresso Brasileiro dos Clubes daMelhor Idade a ter lugar na cidade de Cuiabá -Mato Grosso. Será outra boa oportunidade para abusca de novas vias de cooperação e intercâmbioentre a Associação Brasileira dos Clubes daMelhor Idade, promotora destes congressos, e aFundação Inatel.

Ter presente o Brasil é ter também presente opulmão do mundo que é a Amazónia o que nosencoraja à prática do turismo da natureza e àbeleza da terra, único planeta conhecido paravivermos. Com os olhos postos nessa prática, anossa Fundação criou um conjunto de programasde aproximação à Natureza, como é o caso de"Caminhar com a Inatel", a decorrer nas zonasenvolventes às unidades hoteleiras de Piódão,Linhares da Beira, Foz do Arelho, Luso, Castelo

de Vide e Alamal, e a que a Tempo Livre dá, nestaedição, o justo destaque.

Este novo domínio de acção da Inatel com-plementa outras destacadas iniciativas, algumasdelas decorrentes dos programas governamen-tais, criados há mais de uma década e geridospela Inatel, como é o caso do Turismo Sénior,cujos despachos para o biénio 2011/2012 jáforam objecto de publicação no Diário daRepública.

A crise que se vive como é sabido não é apenasfinanceira e económica. Ele é também de valores epor isso a Fundação Inatel associou-se, com orgu -lho, à homenagem póstuma, no Teatro daTrindade, a três destacadas personalidades dasociedade portuguesa, três exemplos de cidadaniae dedicação à causa pública. Refiro-me aos drs.João Ribas, Artur Maurício e António Maximiano,ex-director geral das Actividades Económicas, ex-presidente do Tribunal Constitucional e ex-ins-pector geral da Administração Interna,

São figuras desta grandeza que servem deexemplo a uma juventude que, enfrentandosituações de grande dificuldade, não desiste deter esperança e procura valorizar-se. É o caso dajovem Rita Teixeira, um estudante recentementepremiada pela classificação máxima na discipli-na de História, cujo perfil integra, também, aspáginas da TL de Maio.

Por fim, e certo de que a justiça tarde ou cedoprevalece, não poderia deixar de assinalar o factode o processo-crime movido a antigos responsá-veis do ex-Instituto Inatel, entre os quais o presi-dente Eduardo Graça (1996- 2002), ter sido arqui-vado por não se terem provado os factos cons-tantes da acusação. Expresso, assim, a minhasatisfação pelo ocorrido, com uma saudaçãoespecial ao dr. Eduardo Graça que teve no Inateluma acção muito meritória. n

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Cartas

Coluna do Provedor

Hidroginástica

Os alunos das classes de Hidroginástica da profªHelena Pedro manifestam público reconheci-mento pela dedicação e profissionalismo destamonitora no desempenho das suas funções noParque de Jogos “1º de Maio”, em Lisboa (…).

Artur Madeira, Lisboa

Campismo na Caparica

Sou utente do parque de campismo da Caparicadesde 1963 e nunca vi tão degradado comoagora. É de lastimar que no Hotel se tenham

efectuado obras de renovação e o parque de cam-pismo tenha sido esquecido, estando nós, uten-tes, a pagar uma mensalidade elevadíssima.

Casas de banho com falta de higiene, camin-hos cheios de buracos e ervas e lixo nas ruas dãouma imagem triste da Inatel. Falei há temposcom o Gestor do Parque sobre estas situaçõesmas não vi, até agora, sinais de melhoramentos.Será que se pretende fechar o parque para o pró-ximo ano?

Há uns anos, ainda havia pessoas e detergen-tes para limpar as casas de banho 2 e 3 vezes aodia, especialmente aos fins de semana, pois énesta altura que há mais movimento de pessoas.Para quando a resolução destes problemas?

Aurora Pinto, Setúbal

50 anos na INATEL

Completaram, este mês, 50 anos de ligação àFundação Inatel os associados:

José Ruy Pinto, da Amadora; FernandoMendes, de Almada; Henrique Ferreira, deLisboa; Manuel Melaneo, de Mealhada, e JoãoAssis, de Santarém.

VÃO-NOS CHEGANDO vozes do desespero, àmedida em que os noticiários, ainda que cominformação de factos verdadeiros, abusam a car-regá-los de tons negros que em nada ajudam aultrapassar a crise que realmente o país atraves-sa, contribuindo para a depressão social

Embora essas vozes impregnadas de desâni-mo não tenham, objectivamente, nada a ver como funcionamento da nossa Fundação Inatel, éevidente que os efeitos da crise envolvem todosos portugueses que a vão sentindo.

Há porém que olhar em frente, não deixarcair os braços e enfrentar a realidade, mas nuncacom desânimo!

Portugal, na sua longa história de vários sécu-los, já atravessou muitas crises financeiras esuperou-as: na monarquia, na 1ª república, naditadura e depois no 25 de Abril!

Ora isto não sendo utopia é um factor deesperança.

É pois a hora para unirmos os nossos esforçose demonstrarmos a nossa capacidade organizati-va que se transforma em capacidade produtiva.E sem produção é difícil criar-se riqueza.

No caso da Inatel, como observava um asso-ciado, temos uma série de factores competitivosa nosso favor: património, experiência adminis-trativa, profissionais executivos competentes,chefias conhecedoras do terreno em todas asáreas, coesão.

Concluindo, temos armas para nos tornarmosauto-suficientes e ainda mais competitivos nomercado.

É por isso que se admite estudarem-se, comrealismo, mais alguns estímulos para os asso-ciados e para os que trabalham com orgulhoem servir a Inatel. Um mercantilismo necessá-rio não pode esquecer a nossa vocação huma-nista; Saúdo pois essa intenção da Admi nis -tração. n

A correspondênciapara estas secções

deve ser enviadapara a Redacção de

“Tempo Livre”,Calçada de Sant’Ana,

nº. 180, 1169-062Lisboa, ou por e-mail:

[email protected]

Kalidá[email protected]

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Homenagemno Trindade

l O Teatro da Trindade foi

palco, a 2 de Abril, de uma

comovente homenagem,

promovida pelos

familiares, a António

Maximiano, ex-inspector

geral da administração

interna, a João Ribas, ex-

director geral das

Actividades Económicas e

a Artur Maurício, ex-

presidente do Tribunal

Constitucional, falecidos

há pouco mais de um ano,

com curtos intervalos.

O acto, a que a Fundação

Inatel se associou pelo

valor e exemplo das

personalidades

homenageadas, teve início

cerca das 21h00 e

prolongou-se até cerca da

01h00 do dia seguinte.

Estiveram presentes largas

dezenas de amigos das

figuras homenageadas

além de, entre outras

individualidades, o

Procurador - Geral da

República, o Presidente do

Tribunal da Relação de

Lisboa e um representante

do Presidente do Supremo

Tribunal de Justiça.

Notícias

l A Ministra do Trabalhoe da Solidariedade Social,Helena André, presidiu,no passado dia 4 de Abril,à inauguração da AgênciaInatel em Aveiro, asegunda delegaçãodistrital da Fundaçãoreaberta no âmbito dapolitica de uniformizaçãoda imagem entretantoadoptada.

No acto inaugural da renovadaagência - situada na zona central deAveiro, na avenida principal, e comacesso directo à rua - estiveram aindapresentes Vítor Ramalho, presidenteda Inatel, os responsáveis dadelegação do Centro, a directora daAgência, o Secretário-Geral, o directorde Marketing e diversas

individualidades, entreoutras, o GovernadorCivil, o presidente daCâmara, o Bispo deAveiro, os Comandantesda GNR e da PSP locais, odirector regional deEconomia e a directoraregional da SegurançaSocial.

Após o descerramentoda lápide comemorativa,

Vítor Ramalho deu conta do processoglobal de modernização da FundaçãoInatel e a razão de ser da novaimagem das Agências. Helena Andréusou também da palavra, paramanifestar a satisfação pessoal e doseu ministério pela acção solidáriaque a Inatel desenvolve na sociedadeportuguesa.

Helena André inaugurouAgência Inatel de Aveiro

l Anualmente, no Mês de Maio -

Mês do Coração, a Fundação

Portuguesa de Cardiologia, leva a

cabo o seu Peditório Nacional de

recolha de fundos que se destinam a

custear os programas de alerta às

populações para os riscos que

derivam das doenças

cardiovasculares. Este ano, o

Peditório irá realizar-se nos dias 3, 4,

7, 8, 14, 15 e 21 de Maio de 2011, e

só será possível realizá-lo com a

ajuda de voluntários. Qualquer um

pode ser voluntário! Inscreva-se. Seja

um Voluntário pelo Coração dos

Portugueses. Junte-se a esta causa.

Fundação Portuguesa de Cardiologia:

Tel: 213815000

Peditório Nacional FP Cardiologia

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l Durante o mês de Maio e Junho aFundação INATEL associa-se à AoNorte (Viana do Castelo,) aoCineclube da Universidade de Évorae ao Cineclube de Tavira naorganização de um ciclo de cinemaque é uma oportunidade de dar aconhecer algum do melhor cinemadocumental que se produz emPortugal e, simultaneamente, outrasrealidades, mesmo quando essasrealidades moram na casa ao lado,no bairro que percorremos todas asmanhãs, nas ruas que atravessamose nas pessoas com que noscruzamos.

O Ciclo inclui filmes como

"Cinema de Bairro", uma realizaçãocolectiva de jovens habitantes debairros sociais de todo o país quepretende dar a conhecer histórias epontos de vista destes locaisdesconhecidos de tantosportugueses. Do realizador RuiSimões exibem-se as "Ruas daAmargura", que retrata não só avida de pessoas que habitam as ruasda cidade de Lisboa, mas tambémdaqueles que oferecem o seu tempoe carinho pela causa dos sem-abrigo, "Teatro de Sonhos " e "Ilhada Cova da Moura". Enquanto oprimeiro aborda o grupo de teatrocomposto por doentes-actores do

Hospital Júlio de Matos, o segundodá-nos a conhecer mais a fundo arealidade de viver num dos bairrosmais conhecidos e polémicos donosso pais. Por fim exibiremos"Lisboa Domiciliária", de MartaPessoa, que nos leva ao interior dascasas de alguns idosos para quem oexterior, a rua e o passado setornam quase uma miragem.

Os bilhetes têm um custo de 3,00€para o público em geral e de 1,00€para beneficiários da Inatel. Gruposde Escolas, IPSS e CCD tambémusufruem deste valor.

A programação pode serconsultada em www.inatel.pt

Inatel leva Cinema Documentala Viana do Castelo, Évora e Tavira

l A Agência Inatel do Porto foipalco, a 6 de Abril, de mais umaconferência do Ciclo deConferências organizado pelaDirecção Desportiva da Fundação nopassado dia 6 de Abril. Perante umavasta plateia, incluindo alunosuniversitários de Faculdades deDesporto (ISMAI e FADEUP),treinadores e responsáveis de CCD'sInatel, os oradores convidados,Carlos Resende, professor e ex-profissional de Andebol, e JoãoBrenha, ex-atleta olímpico deVoleibol de praia (actualmente acompetir na equipa "Os Mochos",campeã da Liga de Voleibol daInatel) abordaram os temas GestãoDesportiva e Gestão de Carreiras,apoiados nas suas experiências epercurso profissional.

O debate que se seguiu, moderadopelo prof. Abel Pereira, treinador de

Andebol, teve uma forte participaçãodos presentes, interessados naabordagem dos temas em discussão,de indiscutível interesse eactualidade para quem está prestes aingressar no mundo profissional oupara quem já desenvolve actividadesna área desportiva.

A próxima conferência realiza-seno dia 16 de Maio de 2011, a partirdas 19h30, no auditório do HotelVipExecutive, em Ponta Delgada -Açores.

Os interessados em participardevem enviar um e-mail [email protected]."

"Gestão Desportiva e Gestão de Carreiras"

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Notícias

l Cerca de uma centena emeia de pessoas de váriasidades participou nolançamento do trilho "Arribasdo Tejo", um belíssimopercurso circular, de cerca de14 km, pelas duas margens dorio Tejo, com início e fim emBelver, por veredas ecaminhos ancestrais, rasgadopor pastores, agricultores egente simples que semprerespeitou a natureza.

O trilho, uma iniciativa daautarquia do Gavião, com apoio daFundação Inatel, registou no actoinaugural, a presença do autarca locale de responsáveis da Inatel e não

ignorou outros encantos e prazeres,designadamente a gastronomia daregião - desde o arroz de lampreia, aenguias, sável, lebre e outrosmanjares - "uma verdadeira tentação

e que ajudam a retemperarforças", como assinalouAntónio Vilela, coordenadordos projectos especiais daInatel, fascinado tambémpelo enquadramentomaravilhoso do percurso, quepermite "apreciar a paisagemdo açude, a barragem deBelver, o Alamal, o Castelomedieval de Belver e todo oenquadramento do rio".

Os interessados naexperiência de "Arribas do Tejo"podem solicitar um GPS, com o trilhoprogramado, na unidade hoteleira daInatel, no Alamal, e partir à aventuracom total autonomia.

Inatel e Gavião lançam "Arribas do Tejo"

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l Os cidadãos portugueses residentesno estrangeiro ficam, a partir da agora,isentos do pagamento de taxa deinscrição na Inatel e os seus CCD´s(Centros de Cultura e Desporto) serãoadmitidos como filiados em condiçõesidênticas aos do território nacional.Esta modalidade resulta do protocolofirmado entre a Inatel e o Conselhodas Comunidades Portuguesas (CCP),em Março Último, e que visa oestreitamento das relações entre aFundação e as comunidadesportuguesas residentes no estrangeiro.

O acordo prevê, ainda, a criação na"TL" da rubrica "Rota da Lusofonia",dedicada à problemática da diásporaportuguesa e da luso-descendência.

Assinaram o acordo pelo CCP o

presidente do seu ConselhoPermanente, Fernando Gomes, e Luisdos Santos, responsável pelo pelourodo Associativismo e ComunicaçãoSocial. A Inatel esteve representadapelos presidente e vice-presidente daFundação Inatel, Vítor Ramalho eCarlos Mamede.

Rota de S. Jacinto

Integrado na iniciativa "À

Descoberta das Origens", a

Inatel de Leiria levou 55

associados a S. Jacinto, nas

proximidades de Aveiro, no

passado dia 10 de Abril último.

Um passeio para apreciar a

extraordinária beleza natural

de S. Jacinto, que incluiu

viagem de autocarro,

passagem em lancha pela Ria

e uma caminhada de 7 km

para conhecer a fauna e flora

do vastíssimo património

ambiental de S. Jacinto e

almoço volante no parque de

merendas da Reserva Natural.

Acordo Inatel/Comunidades Portuguesas

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Notícias

l A Inatel celebrou um protocolo com oISCET - Instituto Superior de CiênciasEmpresariais e do Turismo, sediado noPorto, que facultará aos estudantes,docentes e funcionários desteestabelecimento de ensino o acesso, emcondições preferenciais, às actividadese espaços da Fundação nas áreas deturismo, desporto e cultura. Osfuncionários e beneficiários associadosda Inatel terão, por sua vez, umdesconto de 10% no valor das propinasrelativas aos curso ou acçõespromovidas pelo ISCET. A parceriainclui outros mecanismos decooperação relativamente a estudos,colóquios, seminários, conferências,

estágios de alunos e formandospromovidos pelo ISCET.

Na imagem, Moreira Marques,

administrador da Inatel, e IsabelRodrigues Pereira, administradora doISCET, no acto de assinatura do acordo.

Acordo Inatel/ISCET

l Os municipios de Oeiras,Montemor-o-Novo, Bragança,Santarém, Moita, Cuba e as freguesiasde S. Sebastião (Setúbal), Alto doSeixalinho (Barreiro) e Samouco(Alcochete) serão palco, durante todoo mês de Maio, das Jornadas Luso-Cubanas, comemorativas dos 92 anosdas relações bilaterais e o 500ºaniversário da fundação da Baracoa, apovoação mais antiga de Cuba e ondepermanece o mais antigo vínculohistórico e cultural entre os doispaíses.

"Nuestra Señora de la Asunción deBaracoa", nome oficial de Baracoa, em1511, é, hoje, uma cidade de gentehospitaleira e muito apreciada pelasua riqueza histórica, cultural epaisagística. Aí se conserva o nomede Porto Santo, dado por CristovãoColombo na sua chegada à maior dasilhas caribenhas como recordação dasua estadia na portuguesa Porto

Santo, onde gozou a lua de mel com aesposa portuguesa, Filipa MonizPerestrelo.

As jornadas luso-cubanas incluemum atractivo programa deintercâmbio cultural, e festa popular,com a participação de uma delegaçãode Baracoa que integra músicos,bailarinos, pintores, historiadores,urbanistas, economistas, médicos eprofesores.

Do lado português, as Jornadas têmo apoio da Casa da América Latina,da Fundação Inatel, do IPDAL(Instituto para a Promoção eDesenvolvimento da América Latina),da OIKOS - organização nãogovernamental com tradições decooperação com Cuba e do Centro deCultura e Desporto da SegurançaSocial de Lisboa e Vale do Tejo.

Da parte cubana, os principiasapoios vêm da sua embaixada emLisboa, do município de Baracoa, da

Linhas Aéreas Cubanas, do canal detv Cubavision e da agência noticiosaPrensa Latina, os media que cobrirãoas Jornadas, cuja cerimónia inauguralterá lugar no dia 30 de Abril no SalãoNobre do palácio Marquês de Pombal,em Oeiras.

Nos dias 4 e 5 de Maio, oembaixador de Cuba em Lisboa,Eduardo Lerner, e o historiadorcubano Elexis Fernández-Rubiovisitarlo Porto Santo e Funchal,onde terá lugar a conferência"Colombo e Porto Santo na Históriade Baracoa".

O programa das Jornadas Luso-Cubanas prossegue em Montemor-o-Novo (dia 7), Bragança (dia 14), Moita(dia 19), S. Sebatsião-Setúbal, Alto doSeixalinho-Barreiro e Samouco-Alcochete (dia 26), Cuba-Alentejo (dia29) e visita e programa cultural emLisboa organizado pelo CCD daSegurança Social (dia 31).

Jornadas Luso-Cubanas

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l Em cerimónia realizada na Galeriade Arte do Casino Estoril, a FundaçãoChampalimaud, representada porLeonor Beleza, recebeu das mãos daMinistra da Saúde, Ana Jorge, oPrémio de "Personalidade do Ano -Martha de la Cal", atribuído pela AIEP- Associação de Imprensa Estrangeiraem Portugal.

"Para a Fundação Champalimaud -sublinhou Leonor Beleza, honradacom a distinção - este momento temum significado especial. É comorgulho e satisfação que recebemosesta distinção da AIEP. A área daciência não tem nacionalidades nemfronteiras pelo que o nosso trabalho sófaz sentido no âmbito universal".

A edição deste ano ficou, ainda,marcada por a AIEP ter decididoatribuir o nome de Martha de la Cal aoPrémio Personalidade do Ano. Trata-sede uma homenagem à jornalista esócia fundadora que dedicou mais de35 anos de sua actividade jornalística ainformar sobre Portugal. "Conheci eapreciei a jornalista Martha de la Calque teve, ainda, tempo de visitar o

centro de InvestigaçãoChampalimaud", recordou a suapresidente.

A ministra Ana Jorge considerou serde "toda a justiça a atribuição destePrémio à Fundação Champalimaud. Éum orgulho ter em Portugal este Centrode Investigação Cientifico emultidisciplinar que privilegia ainovação, como é o caso da área deoncologia. Esse projecto contribuirápara a saúde de todos os portugueses".

Adriana Niemeyer, Presidente daAIEP, disse que "A inauguração doCentro de Investigação Champalimaudconstituiu um marco na ciência emPortugal, contribuindo para adivulgação do País no mundo".

Prémio "Personalidade do Ano para Fundação Champalimaud

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Notícias

l A 27ª edição do FESTROIA -Festival Internacional de Cinema deSetúbal, que tem lugar de 3 a 12 deJunho, é marcada pelo regresso doevento a Lisboa, comuma extensão noCinema City ClassicAlvalade, de 5 a 12 deJunho, onde seráexibido grande parte doprograma do Festival.Conhecido por umambiente renascentistae pela selecção rigorosadas películas queprojecta, o ClassicAlvalade apresentaráfilmes do Festroia em quatro sessõesdiárias, a realizar em duas das quatrosalas do complexo. Em Setúbal, ofestival contará com as salas de 2010:

o Auditório da Anunciada e orenovado Auditório MunicipalCharlot, que integra a rede EuropaCinemas, e em Almada com a

habitual extensão noAuditório FernandoLopes Graça. Em relaçãoà programação, que jáestá em preparação,incluirá cerca de 200filmes, destaque para asecção especial "O Amore a Cozinha", compostapor longas-metragens degrandes nomes docinema europeu. No querespeita ao país

homenageado, este ano, a escolharecaiu sobre a cinematografia Turca,estando prevista a exibição de maisde 20 películas deste país.

Cinema turco no Festroia

Zygmunt Zaradikiewicz, da Polónia, foi o

vencedor do Grande Prémio do XIII

PortoCartoon-World Festival, organizado

pelo Museu Nacional da Imprensa,

subordinado ao tema "Comunicação e

Tecnologias". O segundo Prémio foi

atribuído a Plantu (do jornal Le Monde),

grande figura do desenho de humor a

nível mundial. O terceiro - uma escultura

em bronze denominada "Homem Digital"

-foi conquistado pelo artista

Fernando Saraiva, de Portugal.

A elevada qualidade dos

trabalhos, levou o júri

internacional a atribuir ainda 19

Menções Honrosas a artistas

de diferentes países, entre os

quais a Bélgica, Brasil,

Espanha, Finlandia, França,

Holanda, Irão, México, Polónia,

Portugal, Roménia, Russia e

Turquia.

Em apreciação estiveram cerca de 2.200

obras, de mais de 600 artistas, oriundos

de 80 países. Trata-se da maior

participação de sempre, batendo em

todos os indicadores o VI PortoCartoon

(2004) que teve como tema o Desporto.

O Irão é o país com mais participantes

(70) e trabalhos: 258. Seguem-se o

Brasil, a Turquia, a Roménia e Portugal.

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"Seguindo o traço"

l Teresa Gonçalves Lobo expõe

"Seguindo o traço" no Centro

Cultural de Cascais, até 26 de Junho.

São cerca de 40 desenhos realizados

entre 2005 e 2011. O traço é, no

percurso de Teresa

Gonçalves Lobo,

absolutamente

basilar. Este facto é

bem visível em cada

quadro, na

contenção cromática

e utilização

espartana de

materiais. Um traço que na realidade

é um criptograma que encerra o seu

itinerário espiritual. Não são apenas

traços, estão carregados de

significado quer na sua intensidade

ou suavidade, quer na sua

simplicidade ou no capricho das

suas formas.

Teresa Gonçalves Lobo convida-nos a

atravessar o espelho.

Teatro Novos Textos

l Decorre, durante o mês de Junho

próximo, o prazo para a entrega de

originais para o concurso "Inatel /

Teatro Novos Textos", uma iniciativa

da Fundação destinada a fomentar o

aparecimento de novos dramaturgos

de língua portuguesa.

O concurso inclui um prémio

especial dedicado aos jovens com

idade até aos 25 anos, que tem

como patrono o malogrado

dramaturgo Miguel Rovisco. O

Grande Prémio, recorde-se, tem o

valor de cinco mil euros, e Prémio

Miguel Rovisco é de 2.500 euros

Informações: Fundação INATEL -

Sede / Agências; Calçada de

Sant'Ana, 180, 1169-062 Lisboa; Telf-

210 027151 / 210027 150 / Fax - 210

027140; www.inatel.pt

Cartunista da Polónia vence o XIII PortoCartoon

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Notícias

l De 19 de Maio a 15 de Junho,Alfredo Luz e Jorge Pé-Curto expõem,em mostras individuais, o primeiro dePintura e o segundo de Escultura, naGaleria de Arte do Casino Estoril.

Alfredo Luz é titular de umacarreira de grande qualidade, comuma escrita em que sempre seencontra uma subtil mensagem desentido humanista. Outra das suascaracterísticas é o perfeccionismo,que vai desde a escolha dosmateriais à qualidade da execuçãoplástica.

Jorge Pé-Curto é um autorpolifacetado, nas áreas da cerâmica,da pintura, do cartaz e da gravura,sendo, porém, na escultura que agoracentra a sua actividade artística,utilizando a pedra como materialpreferido, em trabalhos de formatonormal, mas também em obras

públicas de grande dimensão equalidade.

"Artistas de Angola"A Galeria de Arte do Casino do Estorilapresente até 17 de Maio a exposição"Artistas de Angola" com obras depintores, escultores e fotógrafosnaturais de Angola ou que tenhamresidido durante grande parte da suavida naquele país africano. Estãorepresentados nesta mostra - queinclui uma homenagem ao pintorAlbano Neves de Sousa, figura cimeirada arte angolana - os artistas AdãoMarcelino, Abílio Victor, Amílcar Vazde Carvalho, António Magina, DíliaSamarth, Domingos Laurindo, Dora IvaRita, Edgardo Xavier, FilomenaCoquenão, Grácia Ferreira, João Inglês,José Zan Andrade, Júlio Quaresma,Toia Neuparth, Viteix e Vítor Ramalho.

Alfredo Luz e Jorge Pé-Curtona Galeria de Arte do Casino Estoril

l Apresentado por José Carlos de

Vasconcelos, director do "Jornal de

Letras", o lançamento do livro "Jardim, a

Grande Fraude" (Ed. Caminho/Leya) do

jornalista Ribeiro Cardoso, levou à Sala

Artur Portela, da Casa de Imprensa,

dezenas de pessoas, incluindo

jornalistas, escritores, políticos, militares

e numerosos madeirenses

radicados na capital.

Produto de dois anos de

intensa investigação, a obra

do antigo jornalista do

"Diário de Lisboa" e da RTP,

é uma documentada

radiografia dos 35 anos da

liderança de João Jardim, 25

dos quais com avultadas

transferências orçamentais

e comunitárias, mas que

não impediram o facto de a região

continuar a ser uma das mais atrasadas

do país - maior número de pobres, mais

emigração, maiores desigualdades

sociais e maior percentagem de

analfabetos, de desemprego, de

funcionalismo público e de défice

público.

A outra face da Madeira

16 TempoLivre | MAIO 2011

D. Carlos I,Fotógrafo amador

l Está patente, na Torre do Tombo, até

2 de Julho, a

exposição "D. Carlos

I, Fotógrafo amador".

Além de fotografias,

a mostra inclui a

projecção do filme

que utiliza um

conjunto muito

significativo de imagens expostas: "D.

Carlos, Oceanógrafo", documentário de

Jorge Marecos Duarte e Sérgio Tréfaut

e Documentos do Arquivo Nacional da

Torre do Tombo, Arquivo da Casa Real.

O ANTT, registe-se, está a colaborar com

a INATEL na recuperação e organização

da documentação e espólio da Fundação

que integrará o Arquivo Histórico e

Centro de Documentação a instalar no

Palácio do Barrocal em Évora, em fase

de reabilitação.

"A Terra Toda"

l Completado o ciclo de três romances

históricos - um deles, "Rosa Brava",

vendeu mais de 50 mil exemplares -

José Manuel Saraiva lançou,

recentemente, "A Terra Toda", com a

chancela da Porto Editora, obra

inspirada nos encontros e desencontros

amorosos de um antigo combatente na

guerra colonial, apaixonado aos 60 anos

pela sua psicanalista, mulher bem mais

jovem…Apresentado por Manuel Dias

Loureiro, seu conterrâneo e amigo, o

novo livro de JMS parte - como

sublinhou o autor - da observação

atenta de um quotidiano onde a

comunicação entre as pessoas parece

facilitada mas as relações são cada vez

mais efémeras. "Homens e mulheres

investem muito pouco, nos tempos que

correm, nas ligações afectivas", refere o

autor, dando o exemplo das redes

sociais: "Impelem-nos para o encontro,

mas também para o desencontro."

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XV Concurso “Tempo Livre” Fotografia

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[ a ] Joaquim Faria, MatosinhosSócio n.º 65387

[ b ] Diogo Margarido, ParedeSócio n.º 204589

[ c ] Sérgio Guerra, S. João do EstorilSócio n.º 204212

Menções honrosas

Regulamento

1. Concurso Nacional de Fotografia darevista Tempo Livre. Periodicidademensal. Podem participar todos osassociados da Fundação Inatel,excluindo os seus funcionários ecolaboradores da revista Tempo Livre.

2. Enviar as fotos para: Revista TempoLivre - Concurso de Fotografia, Calçadade Sant’Ana, 180 - 1169-062 Lisboa.

3. A data limite para a recepção dostrabalhos é o dia 10 de cada mês.

4. O tema é livre e cada concorrentepode enviar, mensalmente, ummáximo de 3 fotografias de formatomínimo de 10x15 cm e máximo de18x24 cm., em papel, cor ou preto ebranco.5. Não são aceites diapositivos e asfotos concorrentes não serãodevolvidas.

6. O concurso é limitado aosassociados da Inatel. Todas as fotosdevem ser assina ladas no verso com onome do autor, morada, telefone enúmero de associado da Inatel.

7. A «TL» publicará, em cada mês, asseis melhores fotos (três premia das etrês menções honrosas),seleccionadas entre as enviadas noprazo previsto.

8. Não serão seleccionadas, nomesmo ano, as fotos de umconcorrente premiado nesse ano

9. Prémios: cada uma das três fotosse lec cio nadas terá como prémio duasnoi tes para duas pessoas numa dasunidades hoteleiras da Inatel, durantea época baixa, em regime APA(alojamento e pequeno almoço). Oprémio tem a validade de um ano. Opre miado(a) deve contactar a redacçãoda «TL».

10. Grande Prémio Anual: umaviagem a esco lher na Brochura InatelTurismo Social até ao montante de1750 Euros.A este prémio, a publicar na «TL» deSetembro de 2011, concorrem todasas fotos premiadas e publicadas nosmeses em que decorre o concurso.

11. O júri será composto por doisresponsáveis da revista T. Livre e porum fotógrafo de reconhecido prestígio.

[ b ]

[ a ]

[ c ]

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[ 1 ] Reinaldo Viegas, LagosSócio n.º 370482

[ 2 ] António Andrade, AlmadaSócio n.º 8046

[ 3 ] Paulo Correia, LisboaSócio n.º 323465

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Entrevista

Foi embaixador no México, em Cuba, naArgentina, em Cabo Verde, mas não no Brasil…e, no entanto, publicou, recentemente, "A colo-nização portuguesa e a emergência do Brasil"?Fui também embaixador para as relações cultu-rais e grande parte do meu trabalho foi feito noBrasil, preparando um acordo linguístico luso-brasileiro. O ministro dos Negócios Estrangeirosde então, Jaime Gama, encarregou-me liderar adelegação portuguesa nesse trabalho prévio.Como não sou linguista ou filólogo, pus comocondição escolher consultores e indiquei osprofs. Celso Cunha e Lindley Cintra. Esse traba -lho incluiu um circuito pelas principais universi-dades brasileiras. Nessa altura, fui acompanhadopela profª Maria Helena Mira Mateus, para a

parte técnica, cabendo-me a parte política. Játinha estado no Brasil, mas, desta vez percorri opaís de Sul a Norte.A razão imediata para a publicação do livro foi,como sugere no início do livro, a entrevista donorte-americano David Landes à revistabrasileira Veja, onde se responsabila a coloniza-ção portuguesa pelo atraso económico do Brasil.Como sabe, eu fui durante cerca de 20 anosembaixador, com uma agenda diária atomizada.Audiências e encontros com outros embaixado-res, com empresários, com ministros. Tive queme adaptar a esse emprego do tempo e arranjeiuns truques, quando via algo susceptível de inte-resse, recortava e metia numa pasta. Já reforma-do, vi essa entrevista de David Landes à Veja.

José Fernandes Fafe

Brasil emergentetem ADN portuguêsMais disponível para a actividade literária, depois de uma intensae destacada carreira diplomática, o embaixador José FernandesFafe (Porto, 1927) publicou, recentemente, o ensaio "AColonização Portuguesa e a Emergência do Brasil", uma notável ecorajosa reflexão sobre as virtudes e defeitos da nossa longapresença na que é, hoje, a nona potência económica do planeta.Com dezenas de obras publicadas (poesia, teatro, romance eensaio) o autor de "Fidel"(2008) - um extenso e bem documentadoperfil de histórico líder cubano - analisa as críticas dehistoriadores e economistas norte-americanos a uma colonizaçãode cuja paternidade nós, portugueses, temos suficientes razões deorgulho.

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Entrevista

Tempos mais tarde, leio outra entrevista na Veja,de Douglas North, prémio Nobel de Economiaem 1993, que vai no mesmo sentido de Landes,de crítica à colonização portuguesa. Interroguei-me: isto será verdade? E estava disposto a aceitá-lo. Nacionalista sou, patriota sou, mas prezo,acima de tudo, a verdade. Resolvi, então, investi-gar e estudar melhor o assunto. Aí está porqueavancei para este trabalho.Entretanto, o Brasil cresce, torna-se um símboloentre os países emergentes…Esta nova reali-dade do país também o ajudou…Ajudou, claro, mas minha geração não era com-pletamente ignorante a respeito do Brasil, sobre-tudo por influência dos seus grandes escritores,como Jorge Amado, Lins do Rego, ManuelBandeira, Graciliano Ramos e de outra gente,como os sociólogos Gilberto Freire e Florestan

Fernandes.Cita, no seu livro, uma frase deRoger Bastide - "O português con-quistou o mundo não pela cruzou pela espada, mas pelo sexo…"- e lembra, no mesmo contexto,as palavras do nosso vice-rei daíndia, Afonso Albuquerque:"façam filhos, façam filhos…"Bastide é um sociólogo muitoimportante e a sua afirmação tempeso. Não é o mesmo que contar-

mos uma anedota sobre as qualidades dos portu-gueses…Tem igualmente alguma importânciaum livro de Charles Boxer, "A mulher na coloni-zação ibérica", onde há comparações, sobretudocom os espanhóis, que também se misturarambastante. Boxer mostra que era raríssimo os por-tugueses de maior poder, incluindo os governa-dores e os vice-reis, levarem as esposas. Na colo-nização que nos é oposta, a dos ingleses, eleslevavam as famílias. Os portugueses iam, emregra, sozinhos. A mestiçagem, como resultado da invulgaradaptação do português ao meio indígena é,aliás, um dos aspectos salientes na sua obra. …Há um autor brasileiro, Abdias do Nascimento,que ataca fortemente a mestiçagem resultanteda nossa colonização. Ele fala de exploraçãosexual, prostituição, concubinagem, estupro,proxenetismo…mas esquece que uma boa partedos portugueses não abandonou os seus filhos

mestiços, criando-os e educando-os. Certo quea mestiçagem traduz necessidade sexual edominação social do colono. Mas, como obser-vou uma vez Marx "os homens fazem aHistória, mas não sabem a História que fazem".Os portugueses e as índias, caboclas, negras emulatas fizeram filhos mestiços, sem a cons-ciência de que estavam a fazer a mestiçagem.Mas, a mestiçagem, além de um valor biológicoe social, tende a tornar-se um valor civilizacio-nal, global e moral.Revela, no seu livro, que, ao contrário do norte-americano, o povo brasileiro tem 33% sangueíndio, além de que 50% dos cromossomas sãoportugueses. Ou seja, metade da populaçãobrasileira é portuguesa pelo lado do pai…São números de um estudo da Universidade deMinas Gerais. Isso tem implicações comporta-mentais, que eu não explorei porque não sei oque no comportamento é epigenético ou cro-mossómico. Não sou biólogo, não seria sério irpor aí…mas alguma coisa poderá haver.A língua e a religião são outros factores diferen-ciadores que assinala no contexto da coloniza-ção portuguesa…O puritanismo norte-americano, na fase de acu-mulação do capital, ajudou. Se o único prazerque posso ter é o trabalho bem feito - desvalori-zando, inclusivamente, o prazer sexual narelação marital – isso tem efeitos no investimen-to reprodutivo. O católico age de outra forma.Isso vê-se na estética barroca, na exuberância dasformas, num certo prazer visual, na sensualida-de, na ostentação. O puritano não é ostentatório.O católico quer impressionar, com se viu com osjesuítas, que procuravam impressionar as massasatravés dos sentidos. Ou seja, não se concebe oBrasil com os puritanos. Não se pode fazer acu-mulação de capital e carnaval. Curiosamente, aofensiva actual no Brasil de religiões evangelistastraduz-se num 'american way of life". E por umdesses paradoxos em que a História é, por vezes,pródiga, o Itamarati é hoje, talvez, um aliado doVaticano… (risos)Mas a língua e a unidade territorial, garantidaspela nossa colonização, pesarão decisivamenteno potencial do Brasil…A língua que deixámos no Brasil é hoje global.Fala-se nos diversos continentes, na Europa, naAmérica, em África, na Ásia. O Brasil tem, aliás,

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“Na colonizaçãoque nos é oposta,como a dos ingleses,eles levavam asfamílias. Osportugueses iamsozinhos.”

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uma geoestratégia linguísti-ca e está condenado a tor-nar-se uma potência noAtlântico Sul, onde sobres-sai Angola, sem esquecer-mos S. Tomé e Príncipe,Cabo Verde e Guiné-Bissau.A propósito, Gilberto Freyre("Casa-Grande e Senzala")quando afirma que os portu-gueses não trouxeram para oBrasil os separatismos polí-ticos como os espanhóis.

Manter a unidade doterritório, da Amazónia ao Rio Grande do Sul, foi,na verdade, um feito extraordinário. Mas não só,como o admitiu, recentemente, FernandoHenrique Cardoso, no diálogo com Mário Soares,ao sublinhar a matriz portuguesa na estruturabásica da sociedade e do Estado brasileiro. Naverdade, as instituições que conformam a socie-dade brasileira - judiciais, administrativas,pedagógicas…- têm origem portuguesa.Evidencia, ainda, na sua obra, o factor humanoda "expansão portuguesa" como marca diferen-ciadora de outras expansões/colonizações…É sabido que descobrimos terras, mares e gentesque a Europa ignorava, mas sabe-se menos dasterras da alma que exploramos. Quando foi pre-ciso viver com os negros ou com os índios, osportugueses aprenderam a fazer como eles, apensar como eles, a sentir como eles…Adaptaram-se, no Brasil, bem melhor que osholandeses calvinistas que desistiram e abando-naram o território mais por essa razão do que adas derrotas militares. O grande historiador bra-sileiro Sérgio Buarque de Holanda chamou-lhe"plasticidade". Fernando Pessoa sintetizou isso deforma admirável: "Nunca um verdadeiro portu-guês foi português. Foi sempre tudo." É a nossa“personalidade de base”. Mas haveria que explo-rar este ponto, sociológica e historicamente, maisdo que eu o fiz.Refere também que o método brasileiro da "dis-solução e conciliação" de resolver os problemas,de que costuma falar o ex-presidente FernandoHenrique Cardoso, vem-lhe da nascença…Isso vê-se na tradição da política externa doBrasil. O princípio do recurso à arbitragem comomeio de evitar a guerra, o próprio compromisso

tomado pelo Brasil dedesenvolver a energia ató-mica apenas para fins pací-ficos, a preferência peloItamaraty pelo softpower…éum estilo inaugurado naexperiência feliz do Brasilde se haver independentiza-do por "dissolução, conci-liação" e sem ruptura.A tese de Landes de que,com uma imigração protes-tante, o Brasil teria outrodesenvolvimento é, pois,

desmentida pela realidade actual..Segundo a interpretação de Landes, o Brasil esta-ria bloqueado no seu desenvolvimento pelamatriz católica e absolutista da colonização por-tuguesa. Ora o Brasil desenvol-veu-se com atitudes e valoresmodernos interiorizados sem quetenham desaparecido completa-mente as atitudes e os valores dacolonização portuguesa.Este crescimento económico doBrasil, que é já uma das potên-cias emergentes, vai criar umaclasse média forte…Já são cerca de 30 milhões que apolítica de Lula trouxe da pobreza para a classemédia. Será uma classe média baixa, mas vai aosuper ou a inframercado e compra. É um factorimportante de robustecimento do Brasil. O paísfaz grandes negócios com o mercado externo,mas se tem um grande mercado interno defende-se melhor em situação de crise.E que pensa dos que acusaram Lula de desen-volver uma política social meramente assisten-cialista?Tal como saliento no meu livro, melhor do quedar peixe a um pobre é ensiná-lo a pescar. Masenquanto ele não aprende, temos de lhe dar opeixe. E acabará, certamente, por aprender, se oprojecto de Lula for continuado pelos seus suces-sores. Retirar, por exemplo, como ele projectou,boa parte dos lucros com o petróleo para investirno combate à pobreza, um combate que englobaa educação, a investigação e o desenvolvimento,fará com que os pobres aprendam a pescar. n

Eugénio Alves (texto) José Frade (fotos)

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“Manter a unidadedo território, daAmazónia ao RioGrande do Sul, foi,na verdade, um feitoextraordinário.”

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EM TERMOS geográficos e antropológicos, é umaespécie de Europa o que podemos encontrar nessevértice agrícola de fértil terra vermelha, bem nofundo do Brasil, inicialmente desbravado por por-tugueses e para onde muito mais tarde emigrariamalemães, polacos e italianos, conhecido como RioGrande do Sul. Foi esse o espaço geográfico de umaexperiência única e inovadora de convivênciasocial sem par em toda a história da humanidade:as reduções que os jesuítas construíram no início

do século XVII, com a ajuda dos índios guaranis. O legado deixado pelos índios enriqueceu

também – e muito – a cultura local. O churrasco eo chimarrão (o chá mate), tão populares na serracomo na pampa, não passam de adaptações euro-peias de hábitos seus. E o gaúcho, na verdadeiraacepção da palavra, é o resultado da mestiçagementre o branco e o índio, guarani ou de outra qual-quer tribo.n

Joaquim Magalhães de Castro (texto e fotos)

Rio Grande do SulUm Brasil europeu

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“Rio Grande do Sulfoi desbravado porportugueses e para ondemuito mais tardeemigrariam alemães,polacos e italianos”

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“O gaúcho, naverdadeira acepção dapalavra, é o resultado damestiçagem entre o brancoe o índio”

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Paixões

Há cerca de um mês, a Academiadas Ciências de Lisboa premiouquatro alunos que no ano lectivode 2009/10 se distinguiram pelaselevadas classificações nas áreas

de Português, História e Matemática. O prémioAlexandre Herculano, da área de História, foiatribuído ex - aequo a Rita Teixeira, da EscolaSecundária Alfredo da Silva, do Barreiro e aTiago Magalhães, da Escola Secundária de Fafe.Ambos terminaram o ensino secundário commédia de 20.

Quisemos saber junto de Rita Teixeira por quetrilhos andou até chegar a este reconhecimento.

Do alto dos seus 18 anos, afirmaque há alturas em que lhe apete-cia fazer outra coisa em vez deestudar, mas "esta é a nossa opçãoe se estamos dispostos a ter aque-les resultados finais, temos defazer sacrifícios pelo caminho".

Até agora, a chave do sucessotem sido o estar focada, "estudar omáximo que posso, dar sempre o

meu melhor em tudo". A isto acrescenta-se umaboa dose de organização do estudo por discipli-nas. "Programo muito as matérias que quero estu-dar durante o fim-de-semana", já que durante asemana a correria das aulas deixa-lhe poucotempo de sobra e, confessa, há que ter tempo parafazer outras coisas. Mais, "é importante termosum objectivo maior para almejar" que pode ser"um futuro profissional, uma vida agradável emque nos realizemos".

Quando soube que era uma das premiadas

"ficou contente". Para lá das notas elevadas, estefoi o primeiro reconhecimento, "uma recompen-sa pelo esforço - e nós esforçamo-nos muito",admite. E perante a época conturbada que o paísatravessa - que ela segue pelos jornais, pelos noti-ciários e que debate diariamente com os profes-sores de Direito, licenciatura que agora frequentana Universidade Nova de Lisboa - Rita vê nesteprémio um sinal de que "o mérito ainda é recon-hecido".

Mas o facto de há muito trabalhar e conseguirter notas elevadas não lhe traz facilidades, antespelo contrário, "cria muita pressão à volta, daminha parte e dos professores e colegas, queesperam que eu mantenha o nível". E Rita é umaperfeccionista assumida, "uma qualidade quetambém é um defeito, nunca estou verdadeira-mente satisfeita, acho sempre que sabia maisqualquer coisa", revela entre risos.

Para descomprimir, o melhor que lhe podemoferecer é uma sessão de cinema com os amigosou romances históricos, de que é uma ávida lei-tora - e que agora só lê nas férias "depois dos exa-mes", já que as leituras para a faculdade não lhedeixam qualquer tempo livre. De momento oautor preferido é Ken Follet, "adoro todos os li -vros dele". Mais, "a leitura destes romances histó-ricos fiéis permitem-nos de alguma forma conhe-cer outras pessoas, realidades e por vezes acaba-mos por adoptar para nós algumas característicasdesses personagens", confessa.

Mas a paixão pela História não é de agora, é desempre. Os 20 valores de média final do secundá-rio a esta disciplina, a que se juntou um ensaio,dissiparam as dúvidas do júri da Academia de

Rita Teixeira,20 valoresNo princípio é um pouco inconsciente, o fazer parte do lote de alunos commelhor classificação. Mas depois passa a ser uma escolha, o querer fazersempre melhor: Quem o revela é Rita Teixeira, a vencedora do prémioAlexandre Herculano, que distingue todos os anos os melhores alunos do país.

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“Programo muitoas matérias quequero estudardurante o fim-de-semana…”

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Paixões

Ciências de Lisboa que lhe atribuiu este prémioAlexandre Herculano.

Entristece-a o facto de esta disciplina estar a termenor relevo nos curricula. E reconhece que uma

parte dos colegas tem a ideia deque História é "algo maçador, emque tem de se decorar muitas coi-sas". Para Rita Teixeira "não setransmite bem a ideia do papel for-mativo da História para o presente:ajuda à reflectir, a traçar objectivos,a ver como as acções se desenro-lam; e permite perspectivar muito:o que já foi feito, o que não pode-mos fazer e o que está a acontecer".

Mas a própria sociedade actualsobrevaloriza o presente em des-

favor do passado. "Vivemos nesta época em que onovo é fantástico e então só temos coisas novas;e tenho pena porque a História é muito impor-tante na formação do indivíduo".

De momento, a agora aluna do primeiro anode Direito, está ainda a saborear os resultadosdo primeiro semestre e a preparar-se para osexames de Junho. Já conseguiu por três vezesver o 19 na pauta. Adora a disciplina deDireito, que "tal como a História, ajuda-nos acompreender o que se passa", e muito especial-mente interessa-lhe a área do Direito Inter -nacional.

Quanto aos 2.500 Euros do prémio, pretendeaplicá-los num mestrado que gostaria de fazer noestrangeiro, na área do Direito Internacional. Mastambém gostaria de gastar parte numa viagem"porque é realmente das coisas que mais gosto defazer".

Enquanto isso, Rita Teixeira promete conti-nuar a estudar para trabalhar numa instituiçãoeuropeia ou num organismo ligado à defesa dosdireitos humanos, causa que abraça, acima detodas as outras. n

Manuela Garcia (texto) José Frade (fotos)

38 TempoLivre | MAIO 2011

“…É importantetermos um objectivomaior para almejarum futuroprofissional, umavida agradável emque nosrealizemos”

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São cerca de uma dezena de caminha-das, com graus variáveis de dificul-dade, mas genericamente acessíveis acaminhantes amadores. Todas soma-das não andarão longe de uma cente-

na de quilómetros de percursos, traçados entrecenários paisagísticos plurais e natureza variada:caminhos a subir e a descer, entre penedias e flo-resta, ou a discorrer em terreno plano, em várze-as de panoramas abertos. Também os há dese -nhados entre ravinas, com riachos a cantarolar láao fundo, ou os que conservam, a toda a largurado horizonte, o recorte da maior serrania lusita-na. Ou, ainda, os que serpenteiam por entre arvo-redos, idosos caminhos abraçados por sombrasmaternais, a içarem-se até miradouros com vistasde cortar o fôlego.

As jornadas partem de algumas das unidadeshoteleiras da Fundação Inatel e fazem-se com oauxílio de um GPS, disponível nas respectivasrecepções, a par de folhetos e mapas explicativos(que podem, também, ser descarregados no site

Trilhosde Verão Ao longo dos próximos meses,entre Junho e Setembro, aFundação Inatel propõe umprograma de descoberta dealguns preciosos recantos ruraisdo país, desde as faldasserranas da Estrela até à zonadunar da Lagoa de Óbidos.

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Caminhar com a Inatel

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Caminhar com a Inatel

da Inatel). Salvo o caso do Gavião, os caminhei-ros têm sempre um par de opções - dois trilhoscom distâncias, tempos de realização e dificulda-de variáveis.

Castelo de Vide e GaviãoDe Castelo de Vide partem dois trilhos, um delesmais fácil, o outro a requerer alguma forma físicae a exigir à volta de cinco horas de caminhar.

O primeiro é um passeio circular de umas trêshoras, até à Senhora da Penha, capela que enci-ma um outeiro fronteiriço à povoação e que seavista cá de baixo. A caminhada começa na imo-desta Igreja de Santa Maria da Devesa, emCastelo de Vide. Seguimos por uma breve secçãourbana intramuros e, logo a seguir, atravessamos

a velha muralha e começamos a descer até aosopé da Serra de Castelo de Vide. É aí que teminício a subida para a capela, vencendo-se umdesnível de cerca de trezentos metros. Parte dasubida é feita por uma calçada medieval e a ima-gem de Castelo de Vide que se vai adiantando aoolhar, lá em baixo, dá já uma ideia do soberbopanorama que se alcança a partir da capela daSenhora da Penha.

O segundo trilho, que se enceta nas insta-lações da Inatel, vai até ao Marvão, num percur-so que tem cerca de onze quilómetros (com umtrecho adicional de sete) e pode tomar entrecinco a sete horas, no máximo. Uma boa parteleva-nos a passar por zonas arborizadas, entrequintas, e a calcorrear algumas passagens decalçada medieval. O desnível a superar é umpouco maior que o do trilho anterior, mas vale a

pena pelo magnífico panorama que se reserva aoscaminheiros. E pela bela vila do Marvão, eviden-temente, cujas ruelas se integram, à la carte,neste percurso. O trecho adicional começa nasPortas da Vila; desce-se por uma calçada até aoConvento de Nossa Senhora da Estrela, e daí lávai ziguezagueando o caminho por entre casta -nheiros, declinando até à ponte da Portagem.

A não muita distância, para norte, fica o Tejoe o Gavião, onde a Fundação Inatel possui umapequena unidade hoteleira. O trilho disponível éempresa fácil, sem dificuldades de monta paraqualquer caminhante, e atravessa duas fregue-sias, Belver e Gavião. Herança de antigas sendasrurais, corre à vista de olivais equilibrados nosterraços esculpidos nas margens do Tejo e do cas-telo de Belver. No final, a praia fluvial do Alamalé um oásis incontornável para repouso doscaminheiros.

Das encostas do Piódão a Linhares da BeiraEstamos agora ainda mais para norte, no flancopoente da Estrela, no coração da Serra do Açor.As duas propostas diferem bastante em termosde dificuldade. O trilho que vai até à Foz de Éguaé um passeio simples, sem maior exigência que ade dar corda aos pés. Parte do largo da Igreja doPiódão e acompanha o ribeiro homónimo, a umacota alta, avistando-se na outra margem, sucessi-vamente, uma série de socalcos, alguns cultiva-dos. Pelo acentuado declive, lembram um poucoos socalcos incas. Depois de se contornar aEncosta da Eirinha, com os pés a pisar, amiúde,chão de xisto, chega-se a Foz de Égua e às suaspitorescas pontes de pedra, que de há uns tempospara cá tem a companhia de uma congénere sus-pensa. O regresso ao Piódão faz-se contornando aEncosta da Eirinha pelo lado oposto. São seisquilómetros e duas horas e meia de andamento.

O outro trilho tem contornos mais exigentes: odesnível é de mais de 900 metros e requer seishoras de caminhada para completar os onzequilómetros, que nos "obrigam" a transitar porcaminhos que têm o condão de serem, ao mesmotempo, fantásticos miradouros, e pela área prote-gida da Mata da Margaraça.

Para os percursos que envolvem a aldeia histó-rica de Linhares da Beira, os pontos de largadatanto podem ser a unidade de Vila Ruiva como ade Linhares. Se partirmos de Vila Ruiva, começa-

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Igreja em Marvão.Página da direita:vista de Castelo deVide e trilho na Serrado Buçaco.Páginas anteriores,paisagem de Piódão

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Caminhar com a Inatel

se por cruzar algum casario, em sítio que é deabundante cantaria de galos, e continuamos, jádepois de abandonar a aldeia, por carreiros deterra batida, sempre com a Serra da Estrela nohorizonte. Os cenários não surpreendem - cam-pos cultivados e belos mantos de flores braviasaqui e acolá. No regresso, o percurso toma umdesvio pela Carrapichana e vale bem uma pausapara admirar a fachada da igreja local.

À volta de Linhares há vários itinerários. Oescolhido para estas andanças começa no cen-tro da aldeia, atravessa meia-dúzia de ruelasconvenientemente autenticadas e desce até àRibeira de Linhares. É uma excursão de domin-go, dir-se-ia. Uns nove quilómetros para percor -rer aprazivelmente em três horas, com a secçãofinal, no regresso à aldeia, a fazer-se calcorre-ando uma calçada romana. Que sobe, mas demodo suave.

Florestas no Luso, areais no Arelho Estas últimas propostas são um tanto contrastan-tes, entre trilhos de floresta e caminhos de pala-dar marítimo. Entre a Serra do Buçaco e os hori-

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Boa andança, melhor pousada

Para os trilhos relacionados com estas

caminhadas, as instalações da

Fundação Inatel constituem

convenientes bases de apoio logístico,

quer em termos de localização, quer em

termos de conforto para renovar fôlegos.

Em Castelo de Vide, a Fundação conta

com um edifício localizado no centro

histórico da povoação, com uma nota

rústica no mobiliário de feição

alentejana. Um sossego semelhante,

desta feita rodeado por cénica natureza,

espera-nos em Gavião: as instalações da

Inatel beneficiam de uma bela vista para

o Tejo e a praia fluvial do Alamal está a

dois passos. Os desportos náuticos são

uma das opções de lazer para os

hóspedes.

No Piódão, o ambiente é, obviamente

rural, acentuado pela moderna, mas

bem integrada, arquitectura de xisto da

unidade. A vista panorâmica sobre a

povoação e as serranias à volta é

memorável. A unidade conta, entre

outros equipamentos, com uma piscina

coberta aquecida.

Em Vila Ruiva, os hóspedes têm

instalações de raiz, contíguas a um

velho solar, em plena aldeia. Situadas no

flanco nordeste da Serra da Estrela, são

ideais para partir à descoberta de uma

significativa parte da Beira interior e do

património natural da montanha vizinha.

A unidade de Linhares da Beira,

localizada à entrada da aldeia histórica,

conjuga dois antigos solares e alia

conforto moderno e pergaminhos

arquitectónicos com as suas quatro

estrelas.

No Luso, as águas termais são,

naturalmente, uma referência e uma

mais-valia para a unidade do Inatel. Mas

deve sublinhar-se, também, a

centralidade e a vista panorâmica para a

Mata do Buçaco, assim como todos as

características de conforto que partilha

com as suas congéneres da rede da

Fundação.

Na Foz do Arelho, a inserção no espaço

natural da Lagoa de Óbidos é uma

referência, mas não a única. O antigo

palacete de Francisco Almeida

Grandella, situado no Monte do Facho,

de onde se descortina toda a lagoa e

uma larga faixa atlântica, acolheu

Afonso Costa nos tempos inaugurais da

República e reúne uma variedade de

equipamentos caros a um hotel

moderno, incluindo ginásio e parque

infantil.

Calçada romana emLinhares da Beira

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zontes azuis e descerrados da Foz do Arelho.No Luso, os percursos coleccionam algumas e

significativas semelhanças: mergulham ambospela Tapada do Buçaco e chegam-se, a passos tan-tos, até ao ponto mais alto, ao miradouro da CruzAlta. Atravessam zonas de vegetação luxuriante,com a flora paradigmática da mata, que incluiexuberantes áreas de fetos. Pisamos trilhos deterra e de calçada e, no correr da marcha, vão-serevelando símbolos patrimoniais, de evocaçãoreligiosa ou da cultura popular: as Portas deCoimbra, a Ermida do Calvário, o Passo de Caifás,a Fonte Fria, a Porta dos Degraus. Por ordensdiversas, ou inversas, e ao sabor dos trilhos,ambos circulares. Um deles conta oito quilóme-tros e toma três horas e meia; o outro é maismoroso e estendido: treze quilómetros e cincohoras.

E eis-nos, finalmente, à beira do Atlântico. Ocenário marítimo, as maresias e os gritos das gai-votas não esgotam os atributos destas últimas jor-nadas. Um dos percursos é, a bem da verdade,marcado por estes elementos, mas não só: umaparcela da caminhada faz-se por zonas de cultivo

e por floresta de pinheiro e eucalipto, seguindo-se por vezes por caminhos traçados e batidospelos pescadores à roda das arribas. A Lagoa deÓbidos e o Atlântico são protagonistas, evidente-mente, dos cenários deste trilho, que começa eacaba nas instalações da Fundação Inatel.

O segundo trilho combina percurso urbano,variável consoante as inclinações do andarilho,com tramos rurais, na companhia de estufas epomares, e dá a sua volta, também, pelas mar-gens da quase marítima Lagoa de Óbidos - ondea observação de aves é uma opção sempre emaberto. Separada do mar por um cordão dunar, alagoa acolhe grande variedade de espécies, comoa garça-vermelha, o flamingo, o mergulhão-de-pescoço-preto, o ostraceiro, diferentes borreiros epeneireiros - e até algumas raridades, como ocisne-mudo ou a gaivota-de-bico-riscado. Esteandarilhar começa na Porta da Vila de Óbidos eno regresso vai-se direito à Igreja de Santo Antão.E não ficaria a andança composta, claro, sem umpasseio pelas ruas do velho povoado de feiçãomedieval. n

Humberto Lopes (texto e fotos)

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Unidade hoteleirada Inatel em Piódão

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Inatel Cultura

Estas associações, muitas delas deâmbito multidisciplinar – com traba -lhos que envolvem tanto o folclorecomo a música e a representaçãocénica - são a alma do trabalho na

Etnografia, uma área decisiva da a Fundação,especialmente os projectos que a Inatel desenvol-ve, sempre na perspectiva de valorizar e apoiar acultura amadora.

Velhos e novos tocadoresOs Cursos de Instrumentos Tradicionais, direc-cionados particularmente para os nossos associa-dos colectivos e individuais, são dos projectosmais relevantes dos apoios culturais daFundação. Estas acções formativas visam a trans-missão de técnicas de execução de instrumentos

musicais tradicionais portugueses (concertina,cavaquinho, bandolim, guitarra portuguesa, violae gaita-de-foles), na perspectiva da preservação erenovação do património musical tradicional edo aperfeiçoamento das prestações dos gruposque intervêm directamente na área da etnografiae folclore.

Uma das características que distingue os nos-sos cursos é a diversidade de motivações e deexperiências musicais. Em cada turma reúnem-seelementos das tocatas de ranchos folclóricos egrupos etnográficos, músicos de bandas filarmó-nicas e alunos sem qualquer formação ou práticamusical anterior, permitindo incorporar nosmétodos de aprendizagem, e até nos repertórios,o saber empírico dos velhos tocadores e a trocade conhecimentos com os novos tocadores.

Em 2010, tivemos mais de uma centena dealunos a frequentar os Cursos de InstrumentosTradicionais e contamos nas sedes da Casa doConcelho de Castro Daire e da Casa do Concelhode Cinfães.

Para André Silva, 19 anos, um dos alunos pre-sentes em Castro Daire, “a realização deste cursodeve prolongar-se durante muitos anos para queos apaixonados pela concertina possam ter aoportunidade de aprender.”

“Gostei imenso do curso e espero poder parti-cipar no seguinte para progredir ainda mais naaprendizagem da concertina”, reconheceu EvaRocha, 31 anos, outra das alunas do curso,sublinhando o facto de, a par da formação ins-trumental e do agradecimento pela disponibili-zação da própria concertina, ter ficado a “conhe-

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Os novos caminhosda etnografiaPromover e valorizar o conhecimento de práticas e manifestaçõestradicionais portuguesas, apoiando e consagrando o trabalho de cerca de ummilhar de associações etnográficas, ligadas aos 2800 CCD’s (Centros deCultura e Desporto) da Fundação, é uma das mais relevantes funçõesculturais da Inatel.

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cer melhor e apreciar mais o nosso patrimóniomusical de cariz tradicional.”

O mesmo entusiasmo revelou EsmeraldaChamusca, 72 anos, surpreendida pelos resulta-dos do curso: “É extraordinário que em tão poucotempo se consiga tocar como a maioria de nós ofaz.”

Para outro dos instruendos, Miguel Valente,62 anos, os três meses do curso de concertinas“excederam as melhores expectativas”. “Há osque ensinam por obrigação e os que ensinam porvocação…”, frisou, elogiando o trabalho dos for-madores (“excepcionais”), e apelando à Inatelpara que “continue a dinamizar e apoiar a for-mação e o movimento Associativo. Método exce-lente, professores excelentes. Aprendi muito.”

Contacto DirectoAs visitas às sedes das nossas associações, nosentido claro de reforçar relações de proximidadecom os CCD Inatel e de actualizar conhecimentossobre as práticas dos grupos etnográficos e folcló-ricos, são particularmente acarinhadas. Trata-se,em concreto, de pequenas acções formativas,localizadas e individualizadas. Em 2010, as visi-tas centraram-se nas especificidades locais emtermos de repertório musical, coral e instrumen-

tal, no sentido de valorizar a componente dastocatas dos ranchos. Em 2009, foram aprofunda-dos aspectos relacionados com os trajes tradicio-nais.

Momentos únicos de partilha de experiências,as visitas técnicas permitem-nos conhecer pesso-almente os elementos de cada associação, de per-ceber as funções que exercem, as suas condiçõese rotinas de trabalho bem como a sua integraçãolocal, de reconhecer sensibilidades, saberes,dinâmicas. Permitem, em suma, obter dadosimprescindíveis por meio de observação directa ede conversas informais.

Desejadas e acarinhadas pelos CCD’s, tais visi-tas e contactos, ao trazerem a Fundação para oterreno, contribuem ainda para uma melhordivulgação dos projectos culturais que desenvol-vemos, em articulação com a nossa rede de agên-cias distritais, de uma forma eficaz, clara e cons-ciente. Ou seja, a transmissão de informações deforma recíproca, personalizada e presencial. Asinformações reunidas in loco, complementadascom outras fornecidas posteriormente (através daaplicação de um questionário) são fundamentaispara a manutenção de uma base de dados comregistos datados da história da actividade e dosprojectos actuais de cada associação, e consti-

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Cantadeiras do Neiva

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Inatel Cultura

tuem um instrumento de trabalho valioso para aFundação.

Refira-se, a este propósito, que se encontrafinalmente em fase de sistematização, nesta basede dados, uma boa parte do património materiale imaterial das nossas associações, constituídopor instrumentos tradicionais, trajes regionais,arquivos documentais, registos (escritos, fonográ-ficos, fotográficos e videográficos), publicações(discográficas, videográficas e bibliográficas) enúcleos museológicos.

DedicaçãoEntre 2009 e 2010 foram visitadas 72 associadoscolectivos, dos distritos de Beja, Bragança,Castelo Branco, Évora, Faro, Lisboa, Setúbal,Viana do Castelo e Região Autónoma da Madeira-

Funchal – um universo heterogéneo de gruposcorais alentejanos, grupos de cantares polifónicos(Minho), grupos de cantares tradicionais/popula-res, grupos de música tradicional/popular, gruposde pauliteiros, pauliteiras, pauliteiricos e pauli-teiricas, grupos etnográficos, ranchos folclóricos,grupos de danças e cantares e orquestras típicas.

Apesar das diversidades regionais e locais,muito marcantes, há um factor comum a todoseles: é que embora a actividade destas asso-ciações se paute por dinâmicas e modos de fun-cionamento por vezes instáveis e irregulares(várias mudanças de direcção, rivalidadeslocais, falta de elementos, ausência de sedespróprias, parcos meios), a sua continuidadeestá relacionada com o facto de se constituíremcomo estruturas familiares e de serem orienta-das e dirigidas por pessoas muito empenhadase dedicadas que, “por amor ao folclore”, desen-volvem este trabalho em regime amador ousemi-profissional.

Criatividade e MemóriaA Inatel, recorde-se, promove, desde 2005, oConcurso Nacional de Etnografia procurando amobilização das associações etnográficas e folcló-ricas para conceberem, encenarem e interpreta-rem espectáculos criativos baseados em repertó-rio tradicional português. O CNE tem comoobjectivo contribuir para o enriquecimento daactividade, dos métodos de recolha, de registo, depreservação, de transmissão e de escolha derepertórios (música e dança tradicional, cantigas

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Coral de Ervidel e, embaixo, elementos dogrupo da Casa doPovo Aveiras de Cima

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e cantos de trabalho, trajes regionais, romarias ebailes, actos religiosos e rituais, artes e ofícios)dos nossos associados colectivos.

Em 2010, o Concurso Nacional de Etnografiadisputou-se em duas vertentes de espectáculo -Quadros Etnográficos e Música Tradicional/Popular– tendo sido apresentados, nos vários palcos e salasdo país, 30 trabalhos que representaram o culminarde muitos meses de preparação, de estudo e deensaios, envolvendo largas centenas de pessoas,todos elementos pertencentes aos CCD.

Apoios Outro dos projectos que envolve grande investi-mento da Inatel é o Programa de Apoio à CulturaAmadora, através da atribuição de equipamen-tos, instrumentos e outros materiais específicosindispensáveis ao trabalho dos nossos CCD’s nasáreas da etnografia, da música e do teatro.

No caso particular das associações etnográficase folclóricas, este programa permite aos responsá-veis pela escolha de repertórios o acesso a cancio-neiros e bibliografia temática; novos equipamen-tos de som e luz para as sedes das colectividades;a aquisição de instrumentos musicais tradicionaisde qualidade; e a remodelação e diversificação dosseus trajes tradicionais. A aquisição destes artigos,comprados a artesãos especializados, traduz-setambém no estímulo à produção artesanal ajudan-do a preservar estes ofícios.

ParceirosA formalização de parcerias é, cada vez mais,

uma forma de actuação preferencial na procu-ra de uma conjugação do aproveitamento daspotencialidades humanas e logísticas bemcomo do desenvolvimento cultural quer dosnossos associados quer dos nossos parceiros.Na prática, as parcerias resultam na reali-zação de iniciativas conjuntas tendo em vistaa melhor convergência de recursos, e na per-muta de informação, promoção e divulgaçãocultural.

Em 2010 iniciámos relações de colaboraçãocom quatro entidades que desenvolvem traba -lho centrado no estudo, recuperação e pro-moção de manifestações tradicionais: aAssociação Pé de Xumbo (Tocar de Ouvido); aAssociação Gaita-de-foles (Curso de gaita-de-foles); o GEFAC – Grupo de Etnografia e Folcloreda Academia de Coimbra (XIII Jornadas deCultura Popular: uma homenagem a ErnestoVeiga de Oliveira), o INET-MD; Instituto deEtno musicologia - Centro de Estudos em Músicae Dança (Congresso Internacional Músicas eSaberes em Trânsito).

Verdadeiros agentes culturais, com um papelfundamental de promoção da cultura tradicional,os nossos CCD’s merecem bem o reconhecimen-to público pela sua notável actividade. Do seuempenhamento, na continuidade e desenvolvi-mento de relações próximas, duradoiras e sólidascom a nossa Fundação, também se valoriza e dig-nifica o indiscutível contributo da Inatel para acultura popular e tradicional. n

Sofia Tomaz (texto) José Frade (fotos)

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Grupo Etnográficode Ilhavo

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Memória

"Avida tem fases", costumava dizer a actriz. Equando morreu no dia 23 de Novembro de2005, Isabel estava na fase da "nostalgia docampo" que, dizia, lhe dava segurança etranquilidade. Morreu, pois, em Borba,

nesse Alentejo que amava, numa casa chamada "Casa doAnjo da Guarda".

Era uma vez uma menina…Isabel tinha 14 anos quando, por con-curso da revista feminina "Eva", foiescolhida para um pequeno papel nofilme de Jorge Brun do Canto, "Ladrão,precisa-se". Era o cinema que entravana vida de Isabel para nunca mais alargar.

Neta de escritora (Ana de CastroOsório), filha de jornalista e de cantora(José Osório de Oliveira e RaquelBastos), Isabel nasceu em Lisboa, em 1de Agosto de 1931. A infância foi passa-da no Largo do Contador-Mor, aoCastelo. O Largo seria para ela o sítio, olugar, a aldeia onde conviveu com ascrianças pobres de uma certa Lisboa de miséria, onde comcerteza saltou à corda, jogou aos cinco cantinhos e ao trapoqueimado.

A família de Isabel nunca lhe escondeu nada, deu-lheasas e deixou-a à solta tanto para conviver com os compa -nheiros pobres como para assistir às longas conversas quena casa do Largo os pais mantinham com escritores, músi-cos, pintores que os visitavam. Por lá passavam, noites a fio,Almada Negreiros, Jorge de Sena, Rui Cinatti, Abel Manta,Jorge Amado e tantos outros. Não se estranhe, por isso, queIsabel, criança, escrevesse poemas e se apaixonasse pelos

olhos bonitos de Cecília Meireles e, já adolescente, se tives-se saído com um romance, "Antes da vida começar", que sóviria a publicar anos mais tarde.

Isabel e o actor bonitoUm dia, Isabel conheceu um actor bonito chamado Carlos

Otero, apaixonou-se e fugiu com ele paraEspanha. Ela tinha 18 anos, ele 33.Ambos sem dinheiro e Isabel, grávida doprimeiro filho, (uma menina, AnaMargarida). Cerca de sete anos durou avida da actriz em Espanha. Filme atrásde filme (17 no total) a maioria verdadei-ras "xaropadas" mas grandes êxitos debilheteira.

Quando regressa, Isabel volta paracasa dos pais. Ela e mais cinco filhos."Nasci para ser mãe e filha", dizia e, tal-vez por isso mesmo, nunca se confor-mou com a morte prematura da filhamais velha, Ana Margarida.

A actriz que, por esse tempo, bebiaimenso, parou completamente com abebida para acompanhar a doença de

Ana. "É o maior desgosto que alguém pode ter. Não hánada, nada, nada maior do que a perda de um filho, nadaque substitua um filho. A minha filha vive comigo diaria-mente. Preciso de falar dela, de outro modo sinto-me só."

De volta a Lisboa e depois de ter recusado um bom con-trato para a Rank Filmes porque não queria afastar-se dosfilhos, começou a ser convidada para o cinema português,tendo trabalhado com quase todos os realizadores da época,Artur Semedo, António de Macedo, Seixas Santos, JorgeSilva Melo, Manoel de Oliveira, Perdigão Queiroga, JoãoBotelho, Fonseca e Costa.

Isabel de CastroUma actriz para todas as estaçõesDezenas de filmes e peças de teatro, séries para TV, telenovelas, mais de 50 anos de trabalho,três casamentos, cinco filhos, cinco netos, uma vida tanto ou quanto atribulada, eis, emsíntese, o que poderia ser mais um filme ou uma novela cuja protagonista seria Isabel deCastro, ela própria.

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Capaz do melhor e do pior, o crítico de cinema, JorgeLeitão Ramos disse dela: "Em cinema ela passou por quasetudo. Não incólume, que a vida dá tombos, mas sempre sal-tou para a vaga seguinte. Não creio que haja outra actriz norecente cinema português que tenha sido vedeta e quasefigurante, jovem apaixonada, mulher lasciva, senhorasolitária e avó, que tenha sabido encontrar em cada momen-to não só papéis de subsistência mas filmes em que a gentea recorda. Rodou muito, aprendeu bastante, é um verdadei-ro animal de cena."

Isabel e o TeatroA actriz não renegou nada do trabalho que fez no cinema eno teatro porque o fez com generosidade e empenho. Noteatro, quase sempre ligada a companhias independentes,trabalhou com os principais encenadores mas foi deRibeirinho que ela um dia disse: "Aprendi muito com elesobretudo a técnica que foi coisa que nunca aprendi noConservatório." E quando as "luminárias" do teatro despre-zavam o empresário Vasco Morgado, Isabel de Castro defen-deu-o: "Era um belíssimo empresário, muito generoso, queconseguia equilibrar as suas contas contratando obrasmenores que eram êxitos populares e outras de qualidadeque eram rotundos fracassos.

Esteve durante anos ligada ao Teatro da Graça, companhiaonde se sentia em família. "Neste momento sou feliz, tenhoos meus filhos, os meus netos, os meus amigos, o meu tra-

balho. Estou na melhor fase da minha carreira". O encenadorJorge Silva Melo, em belíssimo retrato que fez dela para arevista Epicur, recordou esse tempo do Teatro da Graça e doseu Carlos Fernando que morreu muito novo: "Foi um tempoem que brilhou nos Cocteau, nos Tennesse Williams, ondeamou e foi amada como nunca mais teria sido."

Isabel e a TelevisãoDepois de muito cinema, muito teatro, muitas rugas, saiu-lhe ao caminho a telenovela que, como ela própria disse, lhetrouxeram dinheiro e mais nada. "É decorar o texto, repre-sentar, tornarmo-nos na personagem e mais nada."

Se bem se lembram, a ultima novela em que Isabelentrou chamava-se "Anjo Selvagem" e ficou muito popularporque a protagonista era uma rapariga meio selvagem,sempre com um boné vermelho enfiado na cabeça, pala vol-tada para trás e com uma avó um bocado extravagante egentil, para sempre sentadinha num sofá… Essa avó era aIsabel de Castro. E foi, parece-me, a última vez que a vi.

Por esse tempo já Isabel de Castro se tinha refugiado emBorba. "Tive sempre uma grande nostalgia do campo, aplanície alentejana tranquiliza-me. A terra dá-me segu-rança, tem raízes, tem árvores."

A casa que escolheu em Borba tinha escrito na porta:Casa do Anjo da Guarda. "Senti que era esta a casa".

E lá morreu num dia triste de Novembro. Tinha 74 anos. n

Maria João Duarte

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Vedeta do cinemaespanhol, fez 17filmes em quatroanos. Na página daesquerda, aprimeira foto depromoção, já emEspanha

Isabel e Carlos Otero

A avó do filme “SemSombra de Pecado”

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Olho Vivo

Macacos vaidosos

Macacos de diversas espécies urinam nas mãos edepois esfregam-nas por todo o corpo. Oscientistas julgam que se trata de uma manobrapara se tornarem irresistíveis para asparceiras, uma espécie de perfume fatalpara acasalamento. Analisando imagensda actividade cerebral de macacas,cientistas da Universidade de Trinity, noTexas, descobriram que o cheiro da urinamasculina excita as fêmeas. Vão agora estudar osmachos, colocando a hipótese de o nível de testosterona naurina contribuir também para estabelecer hierarquias entre os machos.

Dentes paraque te quero

O mundo tem mais umdinossauro, descobertorecentemente no Brasil. É oTiarajudens eccentricus,excêntrico porque tinha unsgrandes dentes de sabre,apesar de ser herbívoro. Oscientistas não conseguemexplicar para que serviam osdentes longos e afiadoscomo sabres, quando oTiarajudens era muito maispresa que predador. Ahipótese é ser um ensaio daNatureza, que daria lugar aferas como o tigre dentes-de-sabre.

Novo ritualde morte

Foi descoberto nos Himalaiasum novo ritual de mortecom 1500 anos. Em grutassituadas a grande altitude,no Nepal, arqueólogos-alpinistas deram com umasérie de esqueletos queforam descarnados com umafaca de metal após a morte.Não se conhece o povo quepraticou este rito. Oscientistas descartam ahipótese de a carne ter sidocomida pelos assassinos,porque em todos os ritos queenvolvem canibalismoaparecem ossos partidospara extrair o tutano ecrânios desfeitos para secomerem os miolos, o quenão acontece no casonepalês.

Estamos mais parecidos

Antropólogos da universidade norte-americana da Carolina do Norteestudaram 200 crânios espanhóis e 50portugueses dos séculos XVI e XX econstataram que as diferenças entrehomens e mulheres diminuíram muito em 400 anos. Estamos maisparecidos, eles com elas e elas com eles, não só em termos de estatura,como em traços faciais. A aproximação é feita do lado feminino. A estruturafacial das mulheres é hoje muito maior do que era nos anos dasDescobertas, o que pode dever-se a uma melhoria na alimentação. Osresultados são comuns a Portugal e Espanha.

Línguas contra Alzheimer

Cientistas canadianos provaram que ser bilingue protege da doença deAlzheimer e sugerem que, mesmo em idade avançada, aprender línguaspode ser uma boa "vacina" contra este tipo de demência. Osinvestigadores estudaram vários doentes de Alzheimer e constataramque os bilingues tinham sido diagnosticados com a enfermidade emmédia quatro anos mais tarde do que os que não falavam senão a línguamaterna. O trabalho mental necessário para separar os idiomas podecriar nos indivíduos uma "couraça", um cérebro mais "musculado" eresistente.

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António Costa Santos ( textos) André Letria ( i lustrações)

Mexer os olhos à chinesa

Cientistas de Liverpool estudaram os movimentos dos olhos de chinesese caucasianos a viver na Grã - Bretanha e constataram que os cidadãosnascidos e criados na China mexem os olhos de forma diferente, muitomais rápida do que os nativos das Ilhas Britânicas. Pode parecer umainvestigação parva, mas não é. Os movimentos dos olhos, estandoligados a mecanismos cerebrais, são utilizados para diagnosticar lesõesnaquele órgão e doenças como a esquizofrenia. Os diagnósticos podemassim ser afinados.

Clássico dos clássicos

Uma pequena placa de argilaencontrada num olival de Iklaina, naGrécia, em Março último, contém omais antigo texto europeu decifrávelde que há conhecimento. Data daguerra de Tróia, uns 1450 anos antes deCristo, embora não seja parte daIlíada.Tem 4 por 3 centímetros e registadados contabilísticos, sinal de que osgregos já andavam à volta com as contas emtempos micénicos.

A descobertada erva

Fósseis de dentes de animaisafricanos provam que há 10milhões de anos, osprimeiros animais acomerem erva e não folhasde árvores, foram umaespécie de zebra; seguiu-se-lhes um rinoceronte, há 9,6milhões de anos. Adescoberta é de cientistas deUtah e foi feita no Quénia. Amaioria dos herbívorosafricanos escolheu estadieta. O elefante ficou acomer a meias, do solo e dasárvores, e a girafa nunca sehabituou a pastar.

Pobrese doentes

Baixos níveis de rendimentoaparecem associados adiversas doenças mentais etentativas de suicídio,segundo um relatóriopublicado em Abril nosArquivos de PsiquiatriaGeral dos Estados Unidos.Os cientistas entrevistaram34653 indivíduos por duasvezes, com três anos deintervalo, e concluíram quedesemprego e pobrezaaumentam os casos deconsumo de drogas, osdistúrbios ligados àansiedade e as tendênciassuicidas.

Múmias em série

Cientistas estudam cerca de oito milhões de múmias de animais deestimação em Saqqara, no Egipto, em catacumbas dedicadas ao Deus

Anubis, o da cabeça de chacal. As múmias de animais sãomaioritariamente de cães, mas há também gatos e chacais. As múmias

estão empilhadas em corredores até um metro de altura. Trata-se mais deum tributo ao deus de há 2500 anos do que uma homenagem dos donosaos seus bichos domésticos, porque foram encontradas múmias de cãescom poucas horas de vida, o que indica que eram criados para o efeito.

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Elguns sabugueiros têm orelhas. São as"orelhas de Judas" ("Hirneola auricula-Judae"), pequenos fungos castanhos,comestíveis e medicinais, que preferem

esta espécie a qualquer outra. Tendo em conta a grande beleza e benignida-

de do sabugueiro ("Sambucus nigra L."), a quenem o fungo escapa, resulta estranho a evocaçãoa Judas. Mas ela vigora desde a Idade Média,quando se difundiu a crença do apóstolo terescolhido esta árvore (da família das"Caprifoliaceae") para nela se enforcar, além de seter pensado que a cruz de Cristo era feita com asua madeira.

Não existindo qualquer fundamento que ocomprove, tratar-se-á de mais uma "heresia botâ-nica", usada para diluir o simbolismo de umaárvore associada às fadas que vivem no seu inte-rior ("Frau Holle", na Alemanha), à música ("sam-bucus" provém do grego "sambuke" que designa

Sambuque antes que trambuque!

Em Maio, Tarouca, celebra a "Festado Sabugueiro em Flor". Quem gostada árvore, não lhe falta o bago.

A Casa na árvore

Susana Neves

uma espécie de harpa triangular) e a vários cultosde fertilidade, das culturas pré-cristãs europeias,em particular, os celebrados pelos druidas celtas,no dia 1 de Maio.

O receio de cortar um sabugueiro, a necessi-dade de obter previamente a sua autorização paralhe retirar um ramo, sob pena de vir a ser casti-gado pelo espírito que o habita ("Hamadríade" ouninfa dos bosques), deriva de uma necessidadeem preservar uma "espécie do Paraíso", porquemusical (dos ramos fazem-se flautas), belíssima(a floração perfumada é uma explosão de "estre-las") e medicinal: todas as partes da árvore sãobenéficas, tendo sido usadas, em alguns países,como antídoto contra a Peste Negra (meados doséc. XIV) e a Pneumónica (1818-19).

A interdição de matar um sabugueiro derivado conhecimento face ao seu poder curativo e porisso sagrado, de forma que poderíamos postularuma nova máxima: "sambuque antes que tram-buque!", ou seja, aproxime-se, usufrua, colhadesta árvore tudo de bom que ela oferece e viverámais e melhor. E em Portugal, nada mais fácil decumprir, e já este mês, basta ao leitor dirigir-se à"Meca do Sabugueiro", no Vale do Varosa, um dosafluentes do Rio Douro.

Flor de Sabugueiro

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No Município de Tarouca, realiza-se, de 19 a29 de Maio, a "Festa do Sabugueiro em Flor", oca-sião para celebrar o privilégio de ver a árvore flo-rir um pouco por toda a parte, mas também desaber que na terra duriense produz-se anualmen-te toneladas de baga de exceção, "a que tem umgrau de açúcar de melhor qualidade" face aoutras concorrentes na Europa e nos EstadosUnidos.

Em conversa com Duarte Morais, fundador eprimeiro presidente de "Flor do Sabugueiro -Associação Recreativa, Cultural e Desportiva deDalvares", cujo 25º aniversário se celebra duran-te a semana festiva, apuramos a importância docrescente aproveitamento do sabugueiro,enquanto árvore espontânea ou facilmente plan-tada de estaca, por parte dos agricultores doDouro Sul: "Antigamente, o sabugueiro era plan-tado como sebe protetora dos terrenos, mas a suacultura foi evoluindo a ponto de em Dalvares tersido criada a RegieFrutas, unidade que recebe abaga de vários agricultores, e tem um sistema derefrigeração que permite congelá-la, exportando-a posteriormente para a Alemanha [indústria desumos, corantes alimentares e cosmética]".

"Quantos agricultores se dedicam à cultura dosabugueiro, em Tarouca?", perguntamos a MiguelNogueira, atual presidente da "Flor doSabugueiro": "Mais de 200 agricultores", disse-nos, salientando "a sustentabilidade" de uma pro-

dução que praticamente não exige cus-tos de manutenção: "basta fazer umapoda, deitar algum adubo e fazer umbocadinho de rega, não há necessidadede gastar dinheiro para tratar pragas,como acontece, por exemplo, com asmacieiras".

De fato, o sabugueiro é conhecidopor repelir alguns insetos indesejáveis,mas não os polinizadores, como asabelhas, e menos ainda as muitas avesque adoram os seus frutos, cuja colo-ração roxa ajudava a pigmentar o vinhoproduzido na região. Recordemos que aeste propósito, uma Lei Pombalina, "Alvará de 30de Agosto de 1753", proibiu "o uso de baga desabugueiro na preparação do vinho", interditando"tal planta a menos de 5 léguas de cada uma dasmargens do rio Douro..."

Era também usada "no vinho a martelo", expli-ca Duarte Morais, para quem a utilização em"pequenas quantidades para dar cor ao vinho nãoé prejudicial".

Prejudicial é vivermos sem o sabugueiro, aárvore que faz suar até já não haver doença.Diz-se que de noite, o sabugueiro desenraiza-see persegue o viajante solitário, mas quem sabe,já antes lhe forneceu a sola dos sapatos, e lhe dáassim a oportunidade de praticar algum des-porto. n

Fotos: Susana Neves

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Sabugueiros junto àTorre e Ponte deUcanha, Tarouca.

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l CONSUMO A crise e uma melhor informação disponível estão a

contribuir para uma maior adesão dos consumidors a esses produtos… Pág.

58 l LIVRO ABERTO Em destaque a "Autobiografia de Fidel Castro", do

escritor e jornalista Norberto Fuentes,um histórico da revolução cubana,

exilado nos Estados Unidos. Pág. 60 l ARTES Atenção aos desenhos e

esculturas de Manuel Baptista, em Lisboa, respectivamente, na Fundação

Carmona e Costa e no Museu da Electricidade. Pág. 62 l MÚSICAS O CD

"Seven Seas" é uma viagem de sons a não perder do músico e compositor

de jazz Avishai Cohen. Pág. 64 l NO PALCO "Maria, Cavakov e tudo mais! é

uma divertida comédia política, em cena no Teatro Estúdio Mário Viegas,

em Lisboa. Pág. 66 l CINEMA EM CASA Quatro

novidades DVD, quatro histórias de família nas suas

múltiplas dimensões, são as sugestões de Maio para

desfrutar em casa. Pág. 68 l GRANDE ECRÃ "A Árvore

da Vida", uma reflexão notável sobre a procura do

sentido da vida, assinala o regresso de Terrence Malick, um dos grandes

mestres do cinema contemporâneo. Pág. 69 l TEMPO INFORMÁTICO Desde

quando é que se tinha um portátil por 199 Euros? Pois existem.

Encontram-se nas grandes superfícies, agregados a pacotes de ligação à

Net. Pág. 70 l SAÚDE Muitas pessoas referem, com sinais de incomodidade,

que se levantam frequentemente de noite para urinar. O problema existe.

E tem um nome: noctúria. Pág. 72 l PALAVRAS DA LEI Quem determina o

número de horas semanais da porteira? Podem as mesmas serem alteradas

por decisão unilateral do Administrador? Pág. 73

BOAVIDA

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Boavida|Consumo

ProdutosBrancos

Inicialmente,

os consumidores portugueses

ofereceram resistência à compra de

"produtos brancos".

Hoje em dia, a crise e uma melhor

informação disponível estão a contribuir

para uma maior adesão dos

consumidores a esses produtos.

Mas será uma boa

escolha?

58 TempoLivre | MAIO 2011 ANDRÉ LETRIA

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Carlos Barbosa de Oliveira

Catarina convidou um grupo de amigos para jan-tar na sua nova casa. Na véspera foi ao super-mercado fazer as compras. Durante o percursosinuoso a que o marketing das grandes superfí-

cies sujeita qualquer consumidor, ficou hesitante emfrente a um escaparate, sem saber se devia optar por com-prar o produto de marca branca, ou com marca de fábrica.

Estes produtos marca branca serão de boa qualidade? -perguntou a Luísa, amiga que a acompanhava na árduatarefa das compras. Luísa confessou que raras vezes com-prava produtos de marca branca. Gastava um pouco maisde dinheiro, mas ficava mais tranquila. Até que um dia,enquanto esperava no consultório a vez de ser atendida,leu um artigo sobre o assunto e decidiu experimentar.

"Pensava que os produtos com nome dos supermercados,apesar de em alguns casos serem muito mais baratos, nãoseriam tão bons, por isso comecei por experimentar osdetergentes e os sabonetes. Dei-me bem e comecei a pouparalgum dinheiro. Com os produtos alimentares fui mais re -nitente. Comecei por experimentar uns iogurtes, depois leitee agora, sempre que vou ao supermercado há já muitos pro-dutos que procuro imediatamente a marca própria".

"Agora que falas nisso, lembro-me de ter lido há temposum artigo da Maria Filomena Mónica onde ela dizia queser chic era comprar produtos sem marca. Olha, vouexperimentar. Já estive a fazer comparação de preços epercebi que se comprar produtos linha branca vou pouparum dinheirinho que me faz jeito para outras coisas".

Apesar de os primeiros "produtos brancos" terem aparecidona década de 80 do século passado, só recentemente os con-sumidores começaram a ser mais receptivos à sua compra.

No início, apesar de constatarem que eram maisbaratos, (um estudo realizado pela Universidade de Aveiroem 1997, concluía que os preços dos produtos brancoseram 26,2 por cento inferiores aos de marca dos fabri-cantes), os consumidores desconfiavam da sua qualidade.Curiosamente, um outro estudo realizado pela AIP, nomesmo ano, junto de 2500 consumidores, chegava à con-clusão que eram os consumidores mais endinheirados ecom estatuto social mais elevado os que ofereciam menosresistência à compra dos "produtos brancos".

A explicação para este resultado reside, fundamental-mente, na informação deturpada fornecida aos consumi-dores pelo marketing, que os levava a acreditar que caroera sinónimo de boa qualidade e barato não prestava.

Com o tempo a distribuição passou a promover melhoros seus "produtos brancos" e a diversificar a oferta,alargando-a a uma gama mais vasta de produtos

(nomeadamente alimentares). Os consumidores, por suavez, começaram a procurar mais informação- que lhes per-mitiu adquirir uma nova consciência- a ponderar melhoras suas opções, deixaram de ter uma atitude de desconfi-ança e estabeleceram novos critérios na relação qualidadepreço, que a crise actual exponenciou.

Hoje em dia, diversos estudos de qualidade revelam que,na maioria dos casos, os produtos "brancos" nada ficam adever aos de marca de fabricante.Aliás, nem podia ser deoutra forma porque, em muitos produtos, a única coisa quemuda é o rótulo… Ou seja: uma grande parte dos "brancos" àvenda nas diferentes superfícies comerciais, vêm da mesmalinha de produção que os produtos de marca, porque existemempresas que fabricam produtos de marca e, em simultâneo,os da marca do distribuidor com quem têm contratos.

Um estudo promovido este ano pela agência BBZ erealizado pela Magma Research seguiu um grupo de con-sumidores durante 10 visitas às compras, tendo concluídoque um produto de marca branca chega a ser até 50%mais barato do que um de marca, mesmo se o fabricantefor o mesmo..

Um outro estudo, divulgado em Fevereiro pela DECO,avança por sua vez, que em matéria de produtos alimenta-res os "brancos" são em média 30% mais baratos do que osdas marcas dos fabricantes, sendo também perceptível umamaior adesão dos consumidores portugueses a este tipo deprodutos, embora ainda distante dos congéneres europeus.

Com efeito, a média europeia de penetração das marcasdos distribuidores na área alimentar é de 35%, enquantoem Portugal estaremos próximos dos 25%. Essa diferença,porém, não se restringe a uma resistência dos consumi-dores portugueses. Acontece é que na generalidade dospaíses europeus o cabaz de produtos brancos é muito maisalargado do que o oferecido às famílias portuguesas.

Claro que, mesmo nos produtos brancos, nem todos sãoiguais em qualidade, ou oferecem as mesmas vantagensaos consumidores. Assim, continua a ser importante com-parar preços e ter em consideração a qualidade. EmOutubro de 2010 a revista "Proteste" publicava os resulta-dos de um teste a dez dentífricos, tendo concluído que osprodutos mais eficazes contra as cáries, a placa bacterianae o tártaro e mais protectores das gengivas estavam entreos mais baratos e eram marcas próprias de supermercados.

Em relação ao preço a Catarina constatou, quandochegou à caixa registadora para pagar, que a sua opçãopelos produtos brancos lhe permitira poupar mais de 30euros numa despesa que ultrapassou ligeiramente os 100euros. E os seus convidados para o jantar, não notaram adiferença…a Catarina é que ficou a lamentar-se pelo factode a oferta de produtos brancos não ser mais alargada… n

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Boavida|Livro Aberto

Fidel autobiografado, a almae o direito à preguiça

ensaísta convoca-nos para uma reflexão cientificamenterigorosa e de grande profundidade filosófica, que nãodeixa o leitor indiferente, seja qual for a sua perspectiva oufiliação no plano da crença religiosa. Uma obra monumen-tal que merece a maior atenção dos leitores e da crítica.

O AUTOR deste livro é um teólogo com responsabilidadesno Vaticano, mas também um académico de prestígio. Em“Breve História da Alma” (D. Quixote) familiariza o leitor,numa linguagem acessível e rigorosa, mas também teo-logicamente comprometida, com o conceito de “alma”ecom a forma como evoluiu ao longo dos séculos. É, nofundo, um livro sobre a espiritualidade e sobre o modocomo o Homem lida com ela ao tentar superar a suadimensão puramente física e material.

JORNALISTA e realizador de documentários, AntoineVitkine, nascido em 1977, escreveu “Mein Kampf”-a

José Jorge Letria

Especialista na obra de Hemingway, e sobretudonos anos que o escritor norte-americano passouem Cuba, na Quinta Vigia, Norberto Fuentesexilou-se nos Estados Unidos, onde se tornou

um prestigiado jornalista.Mistura de realidade fortemente documentada e de

ficção, esta “autobiografia” baseia-se no conhecimento pes-soal e presencial que o escritor teve do seu ex-camaradade revolução e no acesso que teve a documentos da CIA eoutros, revelando aspectos menos conhecidos do lídercubano, afastado do poder activo mas sempre na liderançaideológica do regime, e assume-se como um retratopoderoso e heterodoxo de uma das mais controversas fi -guras da segunda metade do século XX e do início doséculo XXI. Um livro justamente aplaudido pela críticainternacional, que vale mesmo a pena ler.

ARQUITECTO, cineasta, dramaturgo, ensaís-ta, autor de livros de ficção científica eprofessor universitário, António deMacedo é um dos maiores especialistasportugueses na disciplina deEsoteriologia, entretanto reconhecida econsagrada no meio académico interna-cional. A sua tese de doutoramento, apre-sentada na Universidade Nova de Lisboa,esteve na origem do fascinante livro“Cristianismo Iniciático” (Ésquilo), queacaba de ser editado. Nesta densa obra demais de 650 páginas, António de Macedolança uma nova e inesperada luz sobre agénese do cristianismo, como correnteespiritual e projecto religioso triunfante euniversalizado que viria a mudar parasempre a história e o rumo dahumanidade. Acompanhando a origemdesse pensamento desde a Suméria, o

Figura histórica da Revolução Cubana, que viria a afastar-se de Fidel Castro e do seu regime no final dosanos 80 e a ser perseguido pelas suas posições críticas, Norberto Fuentes é o autor da notável“Autobiografia de Fidel Castro” (Casa das Letras), que agora chegou ao mercado editorial português.

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História de um Livro”. Estamos perante uma investigaçãorigorosa e exaustiva que nos revela de que forma o livroque Hitler escreveu durante os meses em que estevepreso, após a tentativa de golpe em Munique, o catapul-tou para a liderança do projecto nazi, o tornou umhomem muito rico e forneceu as bases para o projecto degenocídio levado à prática pelo Terceiro Reich. Numaaltura em que tanto se escreve sobre Hitler, uma das maissinistras figuras da história da humanidade, este livrodemonstra até que ponto um livro, com toda a sua cargaideológica e programática, pode contribuir para mudar ahistória do mundo. Uma obra que é também um alerta emtempo de vazio de valores e de confusão de princípios eregras.

EM MATÉRIA de ficção narrativa de qualidade, o primeirodestaque vai para o novo romance de Lídia Jorge -“A Noitedas Mulheres Cantoras”(D. Quixote)-, uma ficção cujaacção decorre nos anos oitenta do século passado, no seiode um grupo musical feminino.

Uma narrativa pujante e cativante que, como sempreacontece na obra da escritora, nos revela o domínio per-feito das técnicas da narrativa e um conhecimento profun-do da natureza humana. Destaque também para aprimeira edição em Portugal de “E Agora Zé-Ninguém?”,um clássico da literatura alemã do século XX, publicadoem 1932, cerca de um ano antes da chegada dos nazis aopoder. O autor morreu em Berlim em 1947, após ter sidoperseguido pelos nazis durante anos, tendo visto a publi-

cação da sua obra proibida. A não perder.“Urbano Tavares Rodrigues, um dos nomes mais mar-

cantes da literatura portuguesa de sempre, está de volta àslivrarias com a colectânea de contos “Terraços deJunho”(D.Quixote), onde evidencia, como sempre, aexcelência do seu processo narrativo marcado por umagrande densidade poética e pela presença do elementoonírico, de resto detectável em muitas das suas obras.Um livro breve mas de grande profundidade e encanto.

Nascido em Lisboa em 1978, David Machado é autorpremiado de livros para a infância, de um romance, deum livro de contos e de várias traduções. “Deixem asPedras Falar”(D.Quixote) é a sua obra mais recente.Estamos perante uma das vozes da mais recente literaturaportuguesa que vale a pena seguir com atenção.

Uma referência ainda às oportunas reedições pelasPublicações Europa-América dos clássicos “A Paixão deJane Eyre”, de Charlotte Bronte, e de “Farhenreit 451”, deRay Bradbury”. Duas leituras a fazer ou a refazer sempre.

POR ÚLTIMO, realce para a reedição em Portugal, agoracom a chancela da Teorema, com nova direcção literária,numa colecção de cuidado grafismo dos títulos “O Prazerda Leitura”, de Marcel Proust, e “O Direito à Preguiça”, dePaul Lafargue, genro de Karl Marx, fundador do PartidoSocialista francês, que viria a suicidar-se com a mulheraos 69 anos. Dois livros pequenos com muito para dizer e,ainda e sempre, para fazer pensar. n

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Boavida|Artes

Rodrigues Vaz

Organizadas a propósito dos seus 75 anos devida e mais de cinquenta anos de actividadeartística ininterrupta, trata-se de duasexposições fundamentais não só para a com-

preensão da obra deste artista plástico que é uma das fi -guras principais da nossa contemporaneidade, mas tam-bém para perceber a evolução dos últimos anos da arteem Portugal.

Como acentua no catálogo o filósofo José Gil, "O dese -nho é o eixo da actividade criativa de Manuel Baptista.Ainda quando chamamos pintura aos seus trabalhospoderíamos, muitas vezes, chamar-lhes apenas desenho."

Efectivamente assim é, porque mesmo nas esculturasagora apresentadas no Museu da Electricidade, os temas eas formas são comuns aos desenhos e pinturas que carac-terizam o seu trabalho: objectos quotidianos (envelopes,camisas com gravata),

e elementos de cenografias e/ou paisagísticas (falésias,arbustos), por exemplo, sendo a opção pelos materiaisindustriais (neóns, alumínio, plexiglas)

e o desejo de alteração de escala dos objectos represen-tados apenas uma achega eficaz para provar a inovaçãodesta obra no seu tempo histórico.

JOSÉ MOUGA E HILÁRIO TEIXEIRA LOPES

Igualmente é o Desenho a principal motivação daexposição "Papéis de Verão" que José Mouga mostra atédia 28 na galeria Cidiarte, em Lisboa.

Utilizando com recorrência manchas de cor queacabam por constituir linhas geométricas, muito ao seujeito dos anos setenta, José Mouga evolui para uma lin-guagem pictórica que favorece a sensualidade cromática eo ritmo instintivo, "retornando à linha tensa mas apenaspara compartimentar a tela em áreas texturadas de cor, emtransparência ou em sobreposição."

Registo completamente distinto, mas servindo-se igual-

Manuel Baptista: o Desenhocomo eixo da actividade criativaAté ao próximo dia 15 ainda é possível ver no Museu da Electricidade, em Lisboa, "Fora de Escala", umimpressionante trabalho escultórico de Manuel Baptista, e até dia 28 pode apreciar-se na FundaçãoCarmona e Costa, igualmente em Lisboa, uma colecção de mais de uma centena de desenhossubordinada ao título "Escrever Paisagem".

Trabalho de Manuel Baptistae, à direita, Óleo de HilárioTeixeira Lopes

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mente de um certo gestualismo expressivo que o ArturBual usou e abusou, é o de Hilário Teixeira Lopes quemostra os seus últimos trabalhos da MAC - MovimentoArte Contemporânea, em Lisboa.

Depositário de um tesouro de instantes e de formas,Hilário Teixeira Lopes revela-se em espaços e temposdiversificados, mostrando-se capaz de preservar amemória de acontecimentos múltiplos, que não têmoutra existência para além dos vestígios que deles sub-sistem.

Como realça Álvaro Lobato Faria, "Possessiva, intuitivae apaixonada, a pintura de Hilário Teixeira Lopes recon-duz-nos musicalmente ao ritmo da criação e ao gesto, nomais límpido exercício da comunicação humana."

MANUEL JOÃO VIEIRA, A POÉTICA DO EXCESSO

Partidário confesso do humor absurdo, que manipula comgrande eficácia, Manuel João Vieira, que até já foi can-didato a PR para provocar apenas o riso destruidor,mostra mais uma vez que é, antes de tudo, um excelentedesenhador com técnica quanto basta, e um criador defactos culturais com tanta garra quanta ousadia.

A exposição que agora apresenta (até 21 do corrente)na Galeria Valbom, em Lisboa, sob o título "Manuel Vieiracomo Orgasmo Carlos como Manuel Vieira" é disso umbom exemplo, nela fazendo incorporar, por outro lado,uma poética do excesso através da construção de uma fór-mula expressiva perfeitamente pessoal na qual o paulati-no esfriamento da linguagem reforça o carácter veemente,apaixonado e expressivo do seu trabalho.

Com um sarcasmo muito peculiar do qual estáexcluída qualquer parcela de cinismo, Manuel JoãoVieira está a construir um espaço próprio, à base de umseguro instinto de pintor, de uma visão mordaz edescarnada da sociedade moderna, de uma grandevoracidade pelas imagens dos meios de comunicação demassas e também pelas da alta cultura, que satiriza devariadas formas. n

Desenho deManuel João Vieira

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O músico e compositor de jazz Avishai Cohen acaba de lançar um CD com o título genérico”SevenSeas”. Melómano que se preze não deve perder esta viagem pelos “mares” navegados por Avishai.

Vítor Ribeiro

Nascido há 41 anos em Israel,no kibbutz de Kabri, AvishaiCohen começou por estudarpiano cerca dos 10 anos,

optando mais tarde pelo contrabaixo.Uma vez terminado o serviço militar,durante o qual integrou uma banda dasforças armadas, Avishai partiu para NovaIorque onde estudou no Mannes College –The New School for Music. Para fazer faceàs despesas de sobrevivência, AvishaiCohen começou então a tocar nas ruas eno metropolitano, cumprindo assim umtirocínio que, mais tarde, o conduziu aovasto circuito nova-iorquino de clubesjazz.

O grande passo em frente na carreirado músico foi dado, por fim, ao serdescoberto pelo pianista e compositor Chick Corea, comquem Avishai Cohen trabalhou regularmente mais de umameia dúzia de anos. Desde então e até hoje, Avishai traba -lhou e/ou colaborou com, entre outros, Herbie Hancock,

Boavida|Músicas

Bobby McFerin, várias orquestras filar-mónicas, designadamente a de Israel.

Visivelmente determinantes foram,contudo, o ecletismo e modernidade deChick Corea, que marcaram de forma sin-gular o percurso de Avishai Cohen, autorde uma obra hoje já considerada de refe -rência no mundo jazz. Mente aberta,curioso, disponível para a descoberta,Avishai Cohen tem contribuido decisiva-mente para o enriquecimento da univer-salidade específica do jazz, ao produzirum tipo de música onde se misturam, nasdevidas proproções, sonoridades latinas,do norte de África e do Médio Oriente,numa notável diáspora cultural.

Tudo isto é perceptível no álbum“Seven Seas”, no qual se integram 10temas compostos por Cohen, excepto osegundo – “About a Tree” – de Mark

Warshavsky. A produção é também da responsabilidadede Avishai Cohen, juntamente com Itamar Doari e LarsNilsson. Naveguemos, pois, com gosto, nos bonançosossete mares de Avishai Cohen.

TRIBUTO A BOB MARLEY

Nos próximos dias 13 e 14 de Maio, os

palcos do Coliseu de Lisboa e do Teatro

Sá da Bandeira, no Porto,

respectivamente, recebem os

Groundation, considerada uma das

melhores bandas ao vivo do reggae

mundial, num tributo a Bob Marley. A

partir das 21h00. Em Lisboa, a primeira

parte do espectáculo será preenchida

pelos Terrakota, que festejaram no ano

passado uma década de carreira

STOMP NO PORTO

Os Stomp efectuam um espectáculo

dia 24 de Maio, no Coliseu do Porto,

pelas 21h30. Concebido a partir de

teatro de rua, cheio de humor, ritmo e

com um sapateado exuberante, STOMP

é o espectáculo ideal para reunir

pessoas de todas as idades e gostos.

Das botas aos baldes, das tampas dos

caixotes de lixo aos isqueiros e

vassouras, dos lava-loiças aos

garrafões, tudo é motivo e base para o

movimento e o som. Com quase 20

anos de vida, os STOMP deixaram de

ser um fenómeno teatral britânico, para

serem um sucesso mundialmente

aclamado.

JULIO IGLÉSIAS EM LISBOA

Julio Iglesias regressa a Portugal, dia 28

de Maio, para efectuar um concerto no

Pavilhão Atlântico, em Lisboa. Se ainda

conseguir comprar bilhete, poderá vê-lo

a partir das 21h00.

Viagem pelos “mares”de Avishai Cohen

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CONCERTOS

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Boavida|No Palco

Maria Mesquita

Natalya e Ivan, ambos russos mas com sotaquedo Porto estão apaixonados. Ivan sofre dehipocondria, vivendo um pouco obcecadopelos sintomas de inúmeras doenças que não

tem. É no entanto jovem e abastado, sendo um partidoperfeito para a filha de Tchubukov, um velho somítico queantes de dar a bênção ao casamento, discute com Ivan odote que a filha "merece", ou será antes a que "equivale"?

Enquanto isso, tanto Natalya como Ivan têm dois cães:Maria e Cavakov que muito antes de se darem bem,gostam de brincar ao cão e gato, culminando em sensa-cionais lutas que são mote para o desentendimento entreos noivos. Logo agora que estava tudo encaminhado, ti -nham de ser os animais a estragar o que era perfeito?

Contudo, tudo termina em bem quando o CondeSocratonovich apadrinha a união dos jovens, numa alturaem que Cavakov, o cão, terá "desaparecido de cena"… Uma

comédia ousada e divertida para amenizar os tempossombrios da crise e da 'visita' do FMI.

FICHA TÉCNICA: Interpretação: Duarte Grilo, Fábio Sousa e

João Carracedo; Encenação: Juvenal Garcês; Cenografia e

Figurinos: Luciano Cavaco; Desenho de Luz: Vasco Letria;

Coreografia: Catarina Mascarenhas; Música: Fernando

Rodrigues; Produção: Companhia Teatral do Chiado - Teatro

Estúdio Mário Viegas

JOGAR, GANHAR, PERDER…

Até 21 de Maio, o Teatro Municipal São Luiz, apresenta"O Jogador", uma peça de Gonçalo Amorim, cujo título éinspirado no clássico romance de Dostoiévski.

Aléxis, jogador de casino, viciado não assumido econtrolado na Roleta Russa sabe até onde pode ir no seujogo, apurando tácticas novas e cálculos, até conseguir oseu principal objectivo, ou seja, levar à bancarrota a

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"Maria, Cavakov e tudo mais!""Maria, Cavakov e tudo mais!" é uma divertida comédia política, em cena no Teatro Estúdio Mário Viegas,em Lisboa, até 28 Maio. Uma comédia onde o Amor também está presente.

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própria banca que patrocina o maior dos vícios: o doJogo.

Marginalizado por uma sociedade burguesa e ociosapensa encontrar aí o volte face para a sua situação caso

fique milionário, seguro de que os que lhe viraram costasse reaproximar-se-ão, pelo menos enquanto tiver dinheiro.

No espaço criado por Gonçalo Amorim, a acção desen-rola-se na cidade imaginária de Roletemburgo, onde otempo dos acontecimentos é variável, rápido na intriga,lento na sua absorção. E é nesse tempo em que o poder daMulher entra em cena. Paulina, amor não correspondidode Aléxis, convence-o de que precisa de dinheiro. E talcomo o Jogo, também o Amor é um vício que se julgapoder ser comprado. No auge da loucura, Aléxis ganha oque quer, mais ainda até, leva a banca atrás de si, con-quista amigos e inimigos, tem Paulina a seu lado, até quetudo muda…

FICHA TÉCNICA: Baseado na obra de: Fiódor Dostoiévski;

Adptação: Emília Costa; Encenação: Gonçalo Amorim; Música

original de: Paulo Furtado e Rita RedShoes; Interpretação:

António Fonseca, Carla Galvão, Carla Maciel, Duarte

Guimarães, Iris Cayatte, Joana de Verona, João Villas Boas,

Mónica Garnel, Nicolas Brites, Raquel Castro, Romeu Costa,

Vânia Rovisco.

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CÓPIA CERTIFICADA

James Miller, um escritor

famoso de meia-idade promove

o seu último livro - Cópia

Certificada -numa pequena vila

da Toscânia. Na sessão de apre-

sentação está

uma admiradora

que o desafia a

um pequeno pas-

seio pela vila vi -

zinha de

Lucignano. No

dia seguinte, encontram-se na

galeria de arte dela e partem

juntos. Durante o passeio, o

filme ganha um novo rumo, e o

casal - conhecem-se há um

dia… - começa a discutir.

Concluído em 2010, o filme

assinala o regresso do notável

realizador iraniano Abbas

Kiarostami, autor de filmes

decisivos como "Close Up"

(1990), "Através das Oliveiras"

(1994) ou "O Sabor da Cereja"

(1997). A eterna diferença entre

homens e mulheres, as dis-

cussões de um casal reencon-

trado e as diferenças entre o

original e a cópia, marcam o

segundo trabalho de Kiarostami

com Juliette Binoche. Um exce-

lente e surpreendente filme.

TÍTULO ORIGINAL: Copie

Conforme; Realização: Abbas

Kiarostami; COM: Juliette

Binoche, William Shimell,

Jean-Claude Carrière, Agathe

Natanson; tália/França/Bélgica,

106m, Cor, 2010;

EDIÇÃO: Atalanta Filmes.

OS MIÚDOS ESTÃO BEM

Nic e Jules estão casadas e

vivem felizes com os seus fi -

lhos - Joni e Laser. Certo dia,

Laser pede ajuda a Joni para o

ajudar a descobrir o Pai

biológico de ambos - foram

concebidos através de insemi-

nação artificial. Paul é dono

de um restaurante conhecido,

solteiro e bem-disposto e o

encontro entre pai e filhos

corre bem mas começa a criar

desconforto e ameaça o equi-

líbrio desta família singular.

Divertida comédia passada em

Los Angeles, o filme, da jovem

realizadora Lisa Cholodenko,

aborda o tema das novas reali-

dades fami -

liares com

sobriedade e

um humor

inteligente.

Elenco forte,

liderado pela

veterana Annete Bening -

nomeada para o Óscar de

Melhor actriz -, completado

por Julianne Moore, Mark

Ruffalo e Mia Wasikowska,

deu lugar a prémio no festival

de Berlim de 2010 e a várias

nomeações para os Óscares.

TÍTULO ORIGINAL: The Kids are

All Right; Realizador: Lisa

Cholodenko; COM: Julianne

Moore, Annette Bening, Mark

Ruffalo, Mia Wasikowska, Josh

Hutcherson; EUA, 106m, Cor,

2010; EDIÇÃO: Castelo Lopes

Multimédia

JOGO LIMPO

Valeria Plame, agente da CIA,

dirige um inquérito sobre a

existência de armas de destru-

ição em massa no Iraque. O

marido, o diplomata Joseph

Wilson, viaja para o Níger com

a missão de encontrar provas

de venda de Urânio enriqueci-

do ao Iraque. Mas a

Administração Bush ignora o

trabalho de ambos e avança

para uma guerra ilegítima sem

encontrar as alegadas provas.

A reacção de Joe

é imediata: pub-

lica um artigo no

New York Times

e o Governo

americano vinga-

se, revelando a identidade da

esposa na imprensa.

Resultado: carreira e vida pri-

vada do casal destruídas.

História verídica adaptada para

cinema pelo experiente real-

izador Doug Liman com base

nos livros de Valeria Plame -

"Fair Game"- e Joseph Wilson -

"The Politics of Truth", o filme

combina a tradição do thriller

político com o drama familiar

e exibe uma dupla de exce-

lentes actores, Naomi Watts e

Sean Penn. É um dos grandes

filmes de 2010.

TÍTULO ORIGINAL: Fair Game;

Realização: Doug Liman; COM:

Naomi Watts, Sean Penn,

Michael Kelly, Sam Shepard;

EUA, 108m, cor, 2010; EDIÇÃO:

Zon Lusomundo

SÓ ELES

Joe é um jornalista desportivo

australiano que vive com a

sua segunda mulher e o filho.

Subitamente, ela morre e

deixa-o só com a tutela do

filho pequeno e de outro filho

adolescente, fruto do primeiro

casamento. Este, que vive em

Inglaterra, vem visitá-lo... Joe

tem dificuldades em impor a

sua autoridade e a confusão

instala-se naquela casa onde

parece que não existem regras

nem deveres a cumprir…

"Só Eles" é um filme inteligente

do talentoso rea lizador Scott

Hicks - autor do celebrado

Shine (1996) - que aborda a

relação de pai e

filhos, as dificul-

dades, as alegrias

e a dureza do pro-

cesso educativo

na esfera familiar.

O conhecido actor britânico

Clive Owen é o intérprete prin-

cipal, num registo dramático

diferente do habitual. Rodado

quase integralmente na

Austrália, com uma fotografia

belíssima da planície aus-

traliana, o filme passou discre-

to nas salas portuguesas mas é

uma agradável surpresa.

TÍTULO ORIGINAL: The Boys are

Back; Realização: Scott Hicks;

COM: Clive Owen, Emma

Booth, Laura Fraser, George

MacKay, Nicholas McAnulty;

Austrália/GB, 104m, cor, 2009;

EDIÇÃO: Zon Lusomundo

"Cinema em Casa" de Maio contempla um eixo temático: a família. Quatro novidades DVD, quatrohistórias de família nas suas múltiplas dimensões, formas e problemas: as discussões de um casal emCópia Certificada; a moderna família de Os Miúdos Estão Bem; uma família em causa em Jogo Limpo ea dura tarefa de educar em Só Eles. Sérgio Alves

Famílias

Boavida|Cinema em Casa

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Boavida|Grande Ecrã

O que valerá a penaO regresso do mais impressivo dos cineastas norte-americanos, Terrence Malick, o último Oliveira e uminteressante (e oportuno, q.b.) drama centrado nos perigos que espreitam os jovens na internet, sãoalguns dos acontecimentos este mês nas salas a merecerem as atenções devidas.

Joaquim Diabinho

Bastaria recordar "Badlands"/"Noivos Sangrentos (1973),"Days of Heaven" (1978) eesse monumento épico que é

"The Thin Red Line"(1998) para ficar-mos eternamente gratos a TerrenceMalick. Mas há ainda o seu estilo narra-tivo directo, a sua extraordinária intensi-dade visual (e sonora), a riqueza expres-siva da natureza e o sentido espantosoda paisagem, para o colocarmos entre osgrandes nomes do cinema, a par comMurnau, por exemplo, de quem se confessa fortementeinfluenciado.

Reflexão fantástica sobre a procura do sentido da vida -"notas de produção" dixit- ,"The Tree of Life" ("A Árvore daVida"), é a história de uma família estadounidense nadécada de 50, que trata da perda da inocência de trêsirmãos e da transformação de um deles num adultodesiludido que deseja a reconciliação familiar.

A avaliar pelo "trailer, "The Tree of Life" -cuja estreiamundial está agendada para depois do Festival de Cannes-,é outro dos momentos máximos de Terrence Malick. ComBrad Pitt e Sean Penn.

Provavelmente, o maior elogio que se pode fazer a aManoel de Oliveira é o de, não obstante os seus cento edois anos de idade, manter bem vivas as suas grandescapacidades criativas e o seu inesgotável talento. Se a istoacrescentarmos a calorosa recepção em Cannes o ano pas-sado e a invulgar atenção que a crítica, particularmente anovaiorquina, dispensou ao grande cineasta então deve-mos considerar "O Estranho Caso de Angélica" (uma fábu-la fantástica sobre o amor em 97 minutos, provavelmentejá em cartaz lisboeta) mais uma prova, rara e assaz inco-mum, do seu potencial de renovação e rejuvenescimento.Dito de outra maneira: o último dos cineastas que se ini-

ciaram no período do cinema mudo está vivo, ebem vivo, não se deixou abater pela crise erecomenda-se.

Como é bem sabido, a net pode ser umacaixa de pandora para adolescentes despre-venidos que se sentem curiosos ou estimuladospara a "descoberta" de novos relacionamentosem portais de amizade. O que "Trust"("Confiança"), do estreante David Schwimmer,nos vem dizer, com a indispensável sobrecargamoralizante, é que o jogo entre a "realidade" eas "aparências" pode degenerar num pesadelode consequências dramáticas, como ocorre comAnnie, jovem de 14 anos que julga ter conheci-do um rapaz encantador e acaba envolvida comum adulto perverso. n

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"O Estranho Casode Angélica"

"A Árvore da Vida"

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Boavida|Tempo Informático

Férias a poupar

qualquer local no exteri-or de sua casa terá quepagar um pouco mais doque gastaria com umasimples colunas que játemos aqui destacado. ATDK lançou oSoundCube que é defacto a música elevadaao cubo. Com 25 cm dearesta, este cubo com

uma alça superior é transportável, trabalha com pilhas ouligado à corrente, mas destaca-se por proporcionar umsom multidimensional, uma vez que incorpora duaspotentes colunas de 6,5 " e dois radiadores passivos, umem cada lado, oferecendo potência total de 20 watts comum som que se expande em 360 graus. Para além deentradas de fichas de 3,5mm e USB, para dispositivosreprodutores analógicos ou digitais, desde microfone ouinstrumento musical a uma pen, smartphone, iPod ouiPhone, etc. Possui um sintonizador digital FM comcapacidade de armazenar 5 estações e um regulador degraves e agudos. Um cubo em férias por 299 €.

VOLTANDO à tendência para poupar, lembremos que ospacotes de Antirus e outros de segurança mais comple-ta, permitem desde há algum tempo, pelo mesmo preçooferecer a instalação em 3 PCs. E nunca é demais falarem segurança se dissermos que, infelizmente, atéaproveitando a catástrofe que se abateu sobre o Japão,levou já à criação de 1,7 milhões de páginas fraudulen-

tas com esquemas online e o reg-isto de mais de 50 domínios fal-sos para conseguir dados de pes-soas dispostas a fazer donativosàs vítimas do terramoto. Paraestar seguro pode gastar apenascerca de 40 Euros com umpacote antivírus ou cerca de 90se quiser uma protecção comple-ta, por ex.com o Norton 360 nasua última versão. n

Gil Montalverne [email protected]

Mas poupar por exemplo em energia é o queacontece quando se consegue uma câmarafotográfica digital com a possibilidade deobter 1000 fotografias com uma única carga

de bateria. E isso acontece com a nova Casio Exilim EX-H30, dispondo de um óptimo processador de imagem, umnovo CCD com uma resolução de 16 megapixéis e um sis-tema óptico com estabilizador de imagem mecânico queoferece uma super-grande angular de 24mm com um fac-

tor de multiplicação de12,5X: o equivalente a umapoderosa objectiva zoom de

24-300 mm.Dispõe assim demil imagenspara as suasférias sem ter desem ter de pen-sar em baterias,pilhas ou car-

regadores. Uma câmara quase semiprofissional apenas por199 €. Mas ainda poupa mais energia ao activar o botãoEco que para além de o fazer em outras funções reduz ailuminação do LCD a cores.

E por falar em férias, agora que os iPad substituemem muitas circunstâncias um computador portátil, épreciso assegurar que nunca lhe falta energia. E em vezde gastá-la em casa, utiliza a bateria do carro. É issomesmo que a Hama garante com o seu carregador deautomóvel para iPad, com ligaçãoao isqueiro do carro. A fichaApple de 30 pinos funcionaigualmente com dispositivos iPode iPhone. Está já disponível emPortugal com um preço aproxi-mado de 24,99 €.

É EVIDENTE que quem não quiserprescindir de uma boa qualidadesonora quando se desloca para

Sendo que Poupar é a palavra de ordem nos tempos que vão correndo, os nossos leitores dispõemfelizmente das magníficas instalações da Fundação Inatel para gozar plenamente as suas férias. Em termosde Informática, nota-se curiosamente uma significativa baixa de preços. Desde quando é que se tinha umportátil por 199 Euros? Pois existem. Encontra nas grandes superfícies, agregado a pacotes de ligação à Net.

70 TempoLivre | MAIO 2011

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Boavida|Saúde

Quando a noite é interrompidaMuitas pessoas referem com sinais de incomodidade que se levantam frequentemente de noite paraurinar. Este aumento da frequência e da quantidade de urina libertada durante a noite,independentemente da sua causa, chama-se noctúria.

M. Augusta Drago medicofamí[email protected]

Esta micção nocturna excessiva pode ter a suaorigem em diversas causas, tais como a ingestãoabundante de líquidos do dia anterior e, nessecaso, não é necessário pesquisar outra causa.

Caso contrário, deve consultar o seu médico assistente.A noctúria, para além de ser incómoda, acarreta riscos

para os doentes mais idosos, pois é apontada como umadas principais causas de quedas, das quais resulta, comfrequência, fractura do colo do fémur.

A origem da noctúria pode ser diversa. Num doentejovem, pode ser o primeiro sinal de doença do forourológico. Num homem com mais de 45 anos, pode seruma consequência do aumento da próstata, que é naturalnos homens a partir da meia-idade, mas também se podedever a outras patologias pré-existentes.

Sempre que uma pessoa tenha de se levantar mais deduas vezes durante a noite para urinar, deve procurar omédico para esclarecer essa situação. Antes, porém, devetentar perceber, porque é importante esclarecer o médico,se acorda porque tem urgência em urinar ou se simples-mente acorda e, já agora, aproveita também para urinar.Estas duas situações são completamente diferentes edevem ser bem esclarecidas, porque têm orientações te -rapêuticas distintas.

O doente pode acordar a meio da noite e, porque estáacordado, aproveita para urinar. Neste caso estamos pe -rante um problema que tem a ver com um ritual oumesmo com uma perturbação do sono, muitas vezes asso-ciada a estados depressivos.

Outra situação distinta desta é quando o doenteacorda com uma vontade imperiosa de uri-nar. Aqui, podemos estar perante umdoente com insuficiência renal oucardíaca. Nestes doentes acontece que,durante o dia, retêm líquidos no orga -nismo, porque o coração ou os rins nãocumprem completamente as suasfunções. Esses líquidos acabam por serlibertados durante a noite.

A noctúria também está presente nos

doentes com apneia obstrutiva do sono – o que quer dizerdoentes que ressonam e que fazem paragens respiratóriasdurante o sono –, bem como nos diabéticos – porque estestêm dificuldade nos mecanismos de concentração daurina – e nos portadores de infecções nas vias urinárias –porque a infecção provoca sintomas irritativos locais queestimulam a micção.

Outras causas não menos frequentes são a ingestão delíquidos, perturbações do foro neurológico e a toma dealguns medicamentos, tais como os diuréticos.

As causas são tão diversas que o tratamento tambémtem de ser diferente, razão porque é muito importantefornecer toda informação possível ao médico para queeste estabeleça um diagnóstico preciso. Um tratamentocorrecto pode trazer uma qualidade de vida muito melhoraos doentes.

Ficam algumas recomendações que podem contribuirpara o tratamento da noctúria: reeducação da bexiga e dosmúsculos da pélvis com exercícios muito simples que oseu médico lhe pode ensinar, ingerir líquidos da parte damanhã, alteração da terapêutica ou dos seus horários, porexemplo: tomar o diurético sempre de manhã. Para osdoentes que retêm líquidos, isto é, incham durante o dia,o uso de meias de compressão pode estar indicado. n

72 TempoLivre | MAIO 2011 ANDRÉ LETRIA

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Boavida|Palavras da Lei

? Habito num prédio com mais de quarenta condóminos e

que tem, desde a sua construção, porteira. Quando

adquiri a fracção na qual habito, o horário da porteira era

dividido pelos seis dias da semana (2ª feira a sábado).

Acontece que, há já algum tempo, fui confrontado com

o facto do horário da porteira passar a ser divido por

cinco dias da semana (2ª feira a 6ª feira) por decisão

unilateral do condómino que na altura exercia a

função de Administrador, e sem que a Assembleia

de Condóminos tenha sido consultada.

Interrogado por mim sobre o assunto obtive como

resposta que “o horário da porteira era de 40 horas

semanais”!

Logo, coloco as seguintes questões: Quem

determina o número de horas semanais da porteira?

Podem as mesmas serem alteradas por decisão

unilateral do Administrador? Sócio devidamente

identificado – Lisboa

Pedro Baptista-Bastos

Os direitos e deveres de cada porteiro são fixa-dos por via regulamentar, autorizada pelaCâmara Municipal da área onde o imóvel estásituado. Logo, o prédio deve dispor de um

Regulamento de Porteiro, que tem que ser anexado e inte-grar o título constitutivo do imóvel. Se não tiverem esseRegulamento anexo ao título constitutivo, vigorará oRegulamento Geral da área onde o imóvel se situa, aocaso, o Regulamento dos Porteiros de Lisboa, aprovadopela Assembleia Municipal de Lisboa na sessão de20.7.1989, e publicado no Diário Municipal, n.º 15701, de29.8.1989. Será com base neste Regulamento quecomeçaremos por dar os primeiros passos na nossa respos-ta.

Neste Regulamento estão contidas as Bases, isto é, asnormas legais para a prestação de trabalho de um Porteiro;na Base V encontramos a determinação legal do Horáriode Trabalho do Porteiro, nomeadamente no seu nº1: “Operíodo normal de trabalho para os profissionais abrangi-dos por esta portaria terá a duração máxima de quarenta ecinco horas semanais, repartidas obrigatoriamente entre as8 e as 20 horas de segunda-feira, a sexta-feira, com interva-lo mínimo de uma hora para almoço, e entre as 8 e as 13horas de Sábado”.

Ora, o Administrador retirou um dia de trabalhoà Porteira, ao caso de Sábado, por decisão unilateral, esem consulta da Assembleia de Condóminos. Dentrodeste mesmo Regulamento, estipula o n.º 6 da Base XVIIque: “O disposto na presente portaria, relativamente aoscondicionamentos da prestação de trabalho a tempointeiro ou a tempo parcial, poderá ser alterado por acordoescrito entre as partes.”

Significa isto que, para ter havido essadiminuição do horário de trabalho, tem que haver umacordo escrito prévio entre o porteiro e o órgão quedisponha de competência legal para a celebração e alte -ração de contratos. Ora, a não ser que a Assembleia deCondóminos tenha atribuído ao Administrador a funçãode alterar o contrato de trabalho do Porteiro, em nenhumaalínea do artigo 1436º do Código Civil, que determina asFunções do Administrador, pode ele, unilateralmente,efectuar esse acto.

Portanto, para que tenha havido essa alteração, sãonecessários dois pressupostos: 1- Autorização daAssembleia; 2 – Acordo escrito entre as partes. Se ambosfaltarem, a decisão é nula, e deve o sócio comunicar essefacto na próxima Assembleia de Condóminos. n

Determinação de horário de Porteiro

MAIO 2011 | TempoLivre 73

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Ginástica mental| por Jorge Barata dos Santos

N.º 26Preencha a grelha com osalgarismos de 1 a 9 semque nenhum deles serepita em cada linha,coluna ou quadrado

(horizontais):1-TU; MORTÍFERO; UF. 2-A; F; COM; ARA; E; I. 3-MAR-RAR; C; ACAMPA. 4-ANUIR; VER; HIPER. 5-REI; AFERIRA; ARE. 6-AL; PSITACOSE; AS. 7-LI; TO; II; IO. 8-CO; AGARRADAS; AM. 9-RUA; ESTIRAR; ALI. 10-ISCAR; ANA; GANGA. 11-SARGAS; O; POR-TAR. 12-T; E; DIU; SAL; A; A. 13-AO; DOCILIZAR; EM.

SOLUÇÕES

ClubeTempoLivre > Passatempos

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N.º 26 SOLUÇÕES

Palavras Cruzadas | por José Lattas

HORIZONTAIS: 1-Pronome pessoal; Letal; Interjeiçãodesignativa de alívio. 2-Preposição; Altar. 3-Chocar; Permaneceem sítio despovoado. 4-Aceitar; Conceito (invertido); Elementode composição de palavras, que expressa a ideia desuperioridade. 5-Majestade; Regulara; Unidade de medidaagrária. 6-Alumínio (s.q.); Doença infecciosa característica dospapagaios; Marca correspondente a um ponto nos jogos decartas. 7-Tomei conhecimento de coisa escrita; Cevado; Dois,em romano; Amada de Zeus, que a transformou em vitela paraa livrar da fúria de Hera. 8-Cobalto (s.q.); Avaras; Antes domeio dia (abreviatura usada em astronomia). 9-Artéria; Dilatar;Lá. 10-Engodar; Nome feminino; Tecido de algodão, bastanteusado em fardas. 11-Variedade de uva (pl.); Surgir. 12-Antigapossessão portuguesa, na Índia; Chiste. 13-Adjunção depreposição e artigo; Tornar dócil; Preposição.

VERTICAIS: 1-Fruto da tamareira; Penacho. 2-Cachucho; Tenta.3-Aproveita; Activo. 4-Zomba; Caridosa; Prata (s.q.). 5-Escavaras; Produzido. 6-Abundância; Filmes; Textualmente. 7-Túlio (s.q.); Vaso bojudo de gargalo estreito, próprio paraoperações químicas; Voz designativa de repugnância. 8-Mandríice; Elemento de composição de palavras, que exprimea ideia de "nariz". 9-Nota musical; Abastardara; Nota musical.10-Data; Embriagada; Acordo. 11-Brechas; Brinco. 12-Grito dedor; Vede; Ambiente. 13-Estaca; Dólmen. 14-Fruto; Limo. 15-Abonares; Gritaram.

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Page 76: Tempo Livre Maio 2011

ÂNCORA EDITORA

NAS MARGENS DA

MEDICINA

Álvaro Carvalho

Os apaixonados por séries

como "Dr. House" ou

"Anatomia de

Grey" podem

desvendar os

bastidores da

Medicina

portuguesa,

através de

episódios e casos insólitos

vividos no meio hospitalar

que o autor relata de forma

curiosa.

ARTE PLURAL EDIÇÕES.

ALIMENTAÇÃO

VEGETARIANA PARA BEBÉS

E CRIANÇAS

Gabriela Oliveira

Conheça as vantagens dos

alimentos de origem vegetal

e como

substituir a

carne e o

peixe

através de

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natural, rica e equilibrada.

Inclui mais de 80 receitas

adequadas a bebés a partir

dos 4 meses.

BOOKSMILE

O DIÁRIO DE UM BANANA

4: UM DIA DE CÃO

Jeff Kinney

De férias em

casa, Greg

troca o lazer ao

ar livre por

videojogos.

Será que a

chegada de um novo

elemento da família irá

mudar a sua atitude?

JOÃO PASTEL: O MONSTRO

FUTEBOLISTA

Michael Broad

Três incríveis

histórias

vividas por

João Pastel

com divertidos

comentários

no inseparável bloco de

notas.

UMA HISTÓRIA MESMO

BESTIAL: A BATALHA DOS

MORTOS-VIVOS

David Sinden, Guy

Macdonald e Matthew

Morgan

Na sequência de estranhos

acontecimentos, o pequeno

lobisomem

Ulf é

chamado ao

castelo. Uma

cilada do

barão

Marackai e

dos mortos-vivos aguardam-

no. Conseguirá Ulf resolver o

mistério?

COLIBRI

TRATADO MÉDICO-

FILOSÓFICO SOBRE A

ALIENAÇÃO MENTAL

Philippe Pinel

Dedicado às doenças

mentais, o autor apresenta

propostas

terapêuticas

para curar a

loucura e

integrar os

doentes na

vida social.

A obra, lançada em 1809,

acompanha o pensamento

do autor e a sua vasta

experiência no hospício de

Salpêtrière.

EDITORIAL PRESENÇA

TROPA DE ELITE 2

Cláudio Ferraz, Luiz Eduardo

Soares e André Batista

Articulando factos reais e

ficção, a obra com

características de thriller,

retrata a violência urbana no

Brasil e o funcionamento e

bastidores

das milícias,

reforçando a

esperança na

política e na

polícia.

ÁGUA, PEDRA, CORAÇÃO

Will North

Quando a esposa de Andrew,

arquitecto e professor em

Pensilvânia, o

abandona

este para

fugir à

tristeza,

decide

participar num curso na

Cornualha. Ali irá conhecer

Nicola, uma artista plástica

divorciada. As afinidade

entre ambos cedo

transformam o encontro em

algo especial. Conseguirão

dar o passo seguinte…

UMA INQUIETANTE

SIMETRIA

Audrey Niffenegger

As gémeas Júlia e Valentina

herdam da tia Elspeth um

apartamento em Londres.

Para conhecer melhor a

história da família decidem

viver no

apartamento,

mas o que

irão encontrar

é uma

realidade

bem mais obscura… Uma

deliciosa história sobre laços

de amor e amizade.

COMO FUNCIONA O

MUNDO

Christiane Dorion

Um guia prático para

explorar de forma divertida o

nosso planeta. Inclui pop-ups

surpreendentes que ajudam

a conhecer as maravilhas do

mundo.

FOLHETO EDIÇÕES &

DESIGN

UM NEURÓNIO CURIOSO

Armando Castro

Através das vivências

partilhadas pelo "Avô-Escola",

um género de "avô

imaginário", o livro procura

despertar na criança o gosto

pela leitura e a natural

curiosidade sobre o que a

rodeia.

ClubeTempoLivre > Novos livros

76 TempoLivre | MAIO 2011

76e77_NL:sumario 154_novo.qxd 20-04-2011 17:38 Page 76

Page 77: Tempo Livre Maio 2011

FUNDAÇÃO INATEL

INATEL 75 ANOS: DAS

COLÓNIAS DE FÉRIAS DA

FNAT À REDE HOTELEIRA

DO SÉC.XX

Mª Fernanda Rollo, Ana

Paula Pires, Paulo Lopes,

Lígia

Reyes, Ana

Bilé Lopes

A obra

assinala os

75 anos de actividade da

Fundação INATEL na área da

ocupação dos tempos livres

e percorre, com referências

históricas e magníficas

imagens, a oferta hoteleira

da INATEL composta por 18

unidades hoteleiras, três

parques de campismo e dois

balneários termais.

EUROPA-AMÉRICA

A PAIXÃO DE JANE EYRE

Charlote Bronte

Publicado em 1847 a história

cedo cativou

o público e

dividiu a

critica. Uma

órfã que vive

com a tia e

primos é colocada num asilo.

Ali começa a desenvolver um

espírito independente e de

autocontrolo. Uma

aprendizagem que a leva a

mudar de identidade, a

repudiar noivos, a ser auto-

suficiente e a encontrar

alguém semelhante ao seu

nível intelectual e sexual.

MEMNOCH, O DEMÓNIO

Anne Rice

Em Nova Iorque Lestat

procura Dora, a filha de um

barão da droga

que desperta

nele

sentimentos

únicos. Dividido

entre as paixões de vampiro

e o amor avassalador pela

jovem, Lestat encontra

Memnoch. Um temível e

demoníaco adversário que o

obriga a escolher entre os

reinos de Deus e do

Demónio.

TRATADO DAS FADAS

Ismaël Mérindol e Édouard

Brasey (org.)

Escrito e organizado sob a

tradição dos

grimórios do

século XV, o

livro apresenta

o percurso

iniciático pelo

mundo maravilhoso das

fadas, onde pluma, fadas,

ninfas, elfos, gnomos e

outras criaturas do Pequeno

Povo ganham vida.

AS REGRAS DO MÉTODO

SOCIOLÓGICO

Émile Durkheim

Uma obra que ajuda a

consolidar os fundamentos

da Sociologia, editada pela

Revista de

Filosofia em

1894. Inclui

pequenas

variantes e

alterações

feitas pelo autor no que toca

ao conteúdo sociológico,

filosófico, político e

epistemológico.

VISÃO DOS SONHOS

Dr. Michael Lennox

Para desvendar os mistérios

do inconsciente,

este guia

aprofunda os

vários

significados dos

sonhos e permite através de

uma técnica específica fazer

interpretação personalizada

de cada sonhos.

PAULUS EDITORA

YOUCAT - Catecismo Jovem

da Igreja Católica

Cardeal Christoph

Schönborn (org.)

Um Catecismo

concebido a

pensar nos

jovens com

textos e imagens

adequadas ao tempo

presente. A versão em

português integra posfácio

de D. José Policarpo.

MEDITAÇÕES COM O BEATO

JOÃO PAULO II

Monsenhor Francesco Follo

Para

conhecer

Karol

Wojty?a, o

autor

apresenta

várias

meditações que ajudam a

interiorizar a mensagem de

João Paulo II e a sua profunda

relação com N. Senhora.

PERGAMINHO

ZZZER OU NÃO ZZZER

John Penberthy

Uma jovem

abelha

insatisfeita com

a vida parte em

busca de um

sentido para a vida e, entre

tropelias e aventuras, acaba

por encontrar-se a si própria.

As experiências são lições de

vida para voar mais alto!

PLANETA

A PRINCESA GUERREIRA

Barbara Erskine

Jess foi agredida em

Londres. Assombrada pelo

medo refugia-se na casa

isolada da irmã, na fronteira

do País de

Gales, mas o

choro de

uma

misteriosa

criança

interrompe o

seu silêncio. Ali perto, dois

mil anos antes, foi capturado

o rei Caratacus e levado para

Roma com a mulher e filha,

a princesa Eigon. Para

desvendar o mistério, Jess,

arrisca proximidade com o

agressor.

HOTEL LUSITANO

Rui Zink

"Imagine-se Portugal visitado

por marcianos. Que

pensariam

eles de nós,

disto, que já

no século

passado Eça

definia como

não sendo

um país, mas "um sítio, aliás

muito mal frequentado"?"

Vinte e cinco anos após a

primeira edição, apenas a

citação de Eça envelheceu, o

romance retrata-nos por

inteiro… continuamos em

casa, ao espelho!

Glória Lambelho

MAIO 2011 | TempoLivre 77

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Page 78: Tempo Livre Maio 2011

ClubeTempoLivre > Cartaz

AÇORES

Ilha de S. Miguel

Cerimónia de

encerramento dos cursos

de Oficinas dos Tempos

Livres: dia 4 de Junho às

17h no Hotel Avenida em

Ponta Delgada, ilha de S.

Miguel.

Exposição de trabalhos de

Pintura, Arte Décor e

Beleza&Valorização

Pessoal, com entrega de

certificados aos 25

participantes dos cursos

ministrados por Armando

Moreira, Inês Ribeiro e

Eleni Kouris.

BEJA

Musica

Dia 7 às 17h - Filarmonia em

Português na Ovibeja, no

parque de exposições de

Beja; até 13 de Junho -

Primavera Musical da Soc.

Musical de Instrução e

Recreio Aljustrelense em

Aljustrel.

COIMBRA

Música

Dia 14 às 21h - Coral de

Viatodos e Choral Poliphonico

na Igreja de Sto António dos

Olivais; dia 15 às 15h -

Festival de Bandas em

Abrunheira; dia 21 às 21h -

Choral Poliphonico de

Coimbra e de João Rodrigues

Deus na Igreja Matriz do

Rabaçal; dia 28 às 21h30 -

Encontro de Bandas em

Carvalhais, Orfeão da Praia

(Cabo Verde) e Gr. de

Cantares de Condeixa no

Auditório B.V. de Condeixa e

Concerto Prestígio (30º Aniv.

do Coro de Prof. de Coimbra)

no Pavilhão Centro de

Portugal; dia 29 às 16h - XIV

Encontro de Bandas em Ceira

e, pelas 21h30, Orfeão da

Praia (Cabo Verde) e Choral

Poliphonico no Inst. da

Juventude em Coimbra.

Folclore

Dia 8 - Cantares Tradicionais

em Vila Seca; dia 20 às 21h30 -

Aniv. do Gr. Cordas e Cantares

de Coimbra no Teatro da

Cerca em Coimbra; dia 14 às

21h30 - Dança Moderna no

Gimnodesportivo de Côja; dias

21 e 22 - Danças na minha

Aldeia em Murtede; dia 22 às

15h - Festival Infantil em

Pereiros; dia 28 às 9h30 - 15ª

Reconstituição das Maias,

Doces e Cantares em Coimbra

(junto ao Arco de Almedina) e,

pelas 21h30, Folclore em Cova

do Ouro e Taveiro; dias 28 e 29

- Festival em Cantanhede; dia

29 - Festival em Seixo e Ançã.

Teatro

Dia 7 às 21h30 - "A

bisbilhoteira" pelo Gr. de

Teatro de S. Frutuoso em S.

Frutuoso; dia 14 às 21h30 - "A

porta falsa" pela Troupe Recr.

Brenhense em Sobral de

Ceira; dia 21 às 21h30 -"A

Farsa de Inês Pereira" pelo

Trai-La-Ró em S. Julião.

Curso

Abertas inscrições para

Iniciação à Pintura, a realizar

aos sábados na Agência

Inatel.

Pesca de Rio

Dia 8 - prova na Pista de V.N.

de Anços; dia 29 - prova na

Pista de Pesca do Choupal.

Atletismo

Dias 8 e 9 - torneio de Pista

em Luso; dia 28 - prova Pista

no Estádio de Coimbra

ÉVORA

Musica

Dias 8 e 9 - Master Class em

Clarinete | Saxofone na Soc.

"Carlista" em Montemor-o-

Novo; dia 28 às 16h - 2º Aniv.

da URCI em Igrejinha.

Workshop

Dias 14,15,28 e 29 -

"Formação de Actores" na

Soc.União Alcaçovense em

Alcáçovas.

Tiro ao Alvo

Dia 21 às 9h - Distrital no

Clube de Futebol Eborense,

em Évora

FARO

Bandas

Dias 7 a 29 - Festival de

Bandas Civis no C. Cultural

de Lagos

Curso

Pintura e Bordados na

Agência Inatel.

PORTALEGRE

Malha

Dia 7 às 10h - Troféu no

Campo de Jogos em Sto

António das Areias; dia 14 às

10h - Troféu em Alvarrões; dia

28 às 10h - Troféu em São

Vicente e Ventosa (junto ao

Multi-usos).

Btt

Dia 7 - 10ª Maratona BTT

SportZone na Serra de São

Mamede, apoio Ases do

Pedal; dia 21 às 10h - 15º

Circuito Inatel, apoio CCDR

de Alvarrões; dia 29 às 10h -

15º circuito Inatel, apoio

Centro Vicentino da Serra de

Portalegre.

VIANA DO CASTELO

Exposição

Até ao dia 29 - Pintura a Óleo

"Património e Tradição de

Ponte de Lima", de Dantas, na

Agência Inatel.

Teatro

Dia 7 às 21h30 - "Casa de

Fantasmas" pelo CCD da Casa

do Povo de Freixo no salão

paroquial de Chafé; dia 8 às

15h - "Casa de Fantasmas" pelo

CCD Casa do Povo de Freixo

na Jta. de Freg. de Estorãos.

Cinema

dia 7 às 21h30 - "Os Fura-

Casamentos" no C.Cultural de

Vila Praia de Âncora; dia 27

às 21h30 - "Regresso em

Grande Estilo" no salão

paroquial de Perre

VISEU

Evento

Dia 15 às 10h - luta de Bois,

desfile etnográfico e, pelas

15h, festival de folclore em

Gralheira, Cinfães, org. Gr.

Etnográfico da Gralheira.

78 TempoLivre | MAIO 2011

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Page 79: Tempo Livre Maio 2011

Tem a voz suave, repousante, sabiamente modu-lada entre o quanto baste de luminosidade dossons abertos e a macieza aveludada dos sonsmais graves. Após o pedido de confirmação do

número do telefone passa ao pedido de confirmação daidentidade da interlocutora. A seriedade da insistênciaperante a recusa de prestação de informações cria umsuspense intolerável. Num horizonte nebuloso, perpassaa suspeita de uma questão de vida ou de morte.Impossível desligar agora. Com a prudente segurançacom que um gato avança pelo parapeito estreitinho doterraço de um vigésimo andar, o interrogatório avança,ondulando entre assuntos de gravidade vital. Família?Doenças respiratórias na família? Alergias? (Esforço-mepor reter o quinto espirro dos últimos cinco minutos.) Oar ambiente? (Registo uma ligeira perda de neutralidadeno tom da voz.) Não gostaria de…? (A voz sorri agoraabertamente.)

Não! informo, finalmente, aliviada por me ter liberta-do daquele quase transe hipnóide em que uma vulgar téc-nica de marquetingue bem usada quase me fizera mer-gulhar Não! A minha felicidade não está na aquisição deum purificador de ar para me purificar o ar lavado domar, que entra livremente pelas janelas abertas, nem deum filtro purificar da água que o laboratório garante estarbacteriologicamente pura!

Sei que os vizinhos estão felizes, mas… O pensamento catapulta-me para o tempo em que os

filósofos gregos se debruçavam sobre um conceito de feli-cidade a eudaimonía = felicidade, prazer, de Platão, e obem supremo do Homem, segundo Aristóteles, atingívelapenas através da procura da justiça e da filosofia.

A ânsia de felicidade é, sem dúvida, uma das molas pro-pulsoras da evolução do Homem. Em 2002, o economistaRichard Layard define felicidade como uma simples sen-sação de bem-estar, de apreço pela vida (afectiva, cogniti-

va, etc.). Todavia, um dos elementos desse bem-estar é,para o Homem actual, além da saúde e do prazer, a gratifi-cação dos desejos, dos apetites entre os quais o da posse.

Na moderna sociedade de mercado, o produtor/forne-cedor de bens explora essa fragilidade do consumidor,para, fazendo uso de sofisticados processos de psicanáli-se de massas, com ele estabelecer uma perversa relaçãode manipulador/manipulado, e, mediante um processo deimbecilização e de lavagem ao cérebro, através de ima-gens na TV, de slogans, de utilização de figuras públicastransformadas em paradigmas do que quer que seja, atroco de montantes com um absurdo número de zeros,lhes venderem (nos venderem!), como necessidades abso-lutas, ideias, atitudes, candidatos, objectivos, e até esta-dos de espírito felicidade ou infelicidade. E, claro, parapromoverem o consumismo, sem o qual talvez o "SenhorEfemi", a quem a bisavó do Zézinho imagina vestido deencarnado, com longos bigodes à Estaline e igual máfama, não viesse cá passar férias de trabalho.

Para o efeito, fazem analisar por especialistas as razõesocultas dos nossos comportamentos, de molde a, na possedesse conhecimento, poderem influenciar as nossasopções e os nossos hábitos em seu benefício.

Nada mais elucidativo dessas técnicas do que a expo-sição dos produtos num supermercado, cujas prateleirasabarrotam de coisas inúteis, ou, pelo menos, dispensá-veis, que o consumidor é subtilmente persuadido a nãopoder dispensar. Nada ali é deixado ao acaso pelos ven-dedores: a cor das caixas de cereais, o local de cada umanas prateleiras, o ângulo de incidência das luzes sobre osprodutos: todos os pequenos pormenores funcionamcomo outros tanto persuasores ocultos a manipularem oconsumidor, impondo-lhe como imprescindível para asua momentânea felicidade eterna algo de que jamais sen-tira falta, como, por exemplo, um purificador de ar àbeira-mar, ou de água bacteriologicamente pura. n

Da felicidade ao consumismoCaminhamos de mão dada pelo supermercado / entre filas de cereais e detergentes / Avançamos de estante em estante / atéchegarmos às latas de conservas / Examinamos o novo produto / anunciado na televisão / Subitamente, olhamo-nos nosolhos / e sumimo-nos um no outro. / E consumimo-nos. //Óscar Hahn, "Sociedad de Consumo", in: Virá o amor e terá os teus olhos, Librosdementira, Chile, 2009

O Tempo e as palavras

Maria Alice Vila Fabião

MAIO 2011 | TempoLivre 79

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Page 80: Tempo Livre Maio 2011

Àterceira volta em redor do quar-teirão, Gabriel passou da impaciên-cia à angústia: “Bolas, devia tervindo de táxi, de autocarro, no

metro, talvez a pé.”Os carros formavam um colar de lata policro-

mo sufocando os prédios e atingiam o reforço desegunda fila na rua da pastelaria indicada porDiana para que tomassem um café.

Pequeno mas enorme passo, o reencontro paraum café! Abençoou o costume português do cafe-zinho como pretexto ou ponto de partida paraconversas úteis ou de afectos. E quando Dianadisse: “bem, vamos tomar um café”, ouviu aspalavras como uma promessa – mais, como umacerteza de que tudo voltaria a ser como dantes.

Cinco minutos para as três. Saíra do extremoda cidade com prudente antecedência para nãose enervar nos estorvos do trânsito. E agora aqui-lo: um sem de carros inertes e colados, sem aesmola de uns metros para sossegar o dele.Prosseguiu em marcha lenta pelas ruas próximasmas cada vez mais distante – e nada. Nem aliexistia um parque de estacionamento subterrâ-neo, desses que habitualmente evitava pelacarestia mas, na circunstância, lhe surgiria comouma dávida divina.

Impiedoso, o relógio informou-o de que otempo galgava dez minutos para além do riscomarcado das três da tarde. Imaginou que, nessemomento, Diana olharia também o relógio ehavia de franzir o nariz em sinal de enfado peloatraso dele. Não tardaria a cansar-se de esperar epartiria, quem sabe se definitivamente. Tomarum café tinha sido a concessão dificilmentearrancada, depois de tantas tentativas para queela ouvisse os seus pedidos de perdão.

Reconhecia-se culpado de cair em tentaçãopela carne morena de uma recepcionista dehotel. Loucura de uma noite em que se conhece-ram numa festa de amigos comuns. Ela vestia,meio despida, uma blusa de seda preta que des-

nudava os ombros perfeitos e entremostrava, pelaamplidão do decote, os seios rijos e libertos dosutiã.

- Como se chama? – perguntou Gabriel, à faltade pretexto mais imaginativo para meterem con-versa.

- Dora. E você?- Gabriel.

Nem se lembrava a que propósito, mas Doracomeçou a falar do aquário grande que acabavade comprar e dos peixinhos coloridos e irrequie-tos nadando precisamente no quarto dela.Excitado, Gabriel mostrou uma curiosidadesôfrega em ver os peixinhos e foi assim que aoprincípio da madrugada apreciaram as graças doaquário e não desprezaram a cama que desafiavaao lado.

Uma única noite, caramba! Mas Diana soube-ra, as mulheres sabem até o que não acontece,quanto mais o que na realidade sucedeu. A rup-tura foi áspera e sem sinal de recuo possível. Acada esforço de aproximação, ela desligava o tele-fone, sem uma palavra. Até que disse:”Bem,vamos tomar o café.”

Nesse instante Gabriel exultou como quem vêreabrir a porta da felicidade. Nem pensou, então,que o aguardava o desespero de falhar o reen-contro pela mísera razão de inexistir um sítio emque se livrasse do carro. Tentativas para comuni-car o transtorno fracassaram, Diana não atendeuo telemóvel. Nada de significativo. Ela nuncaouvia a musiquinha do aparelho quando o guar-dava no fundo do saco de couro, misturado comagendas, carteira, chaves, estojo de maquilha-gem, papéis, habitualmente um livro. Bom seriase estivesse distraída, a ler, sem medir a demoradele. Bah, não teria tão grande sorte. E por querazão não ligava ela, a pedir uma explicação paratão inexplicável demora? Orgulho de mulhermagoada. O rompimento fora agreste e Diana nãocederia mais que a generosidade desse café pro-metedor de reconciliação.

Café quente

80 TempoLivre | MAIO 2011 ANDRÉ LETRIA

Os contos do

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Page 81: Tempo Livre Maio 2011

Hurrah! Cinquenta metros á frente um carroalumia o” pisca” em aviso de que vai sair.Recuperada a esperança, Gabriel avança. Nãotarda, porém, a soltar um palavrão furioso. Amocinha loura que o precedia ao volante de umjipe antecipa-se na conquista do espaço.

Três e meia. Gabriel é um homem desanimadoe já nem se dá por feliz quando finalmente, seabre um parêntese na fileira de carros parados.

Ao contrário, pragueja ainda quando encosta aviatura ao passeio tanto tempo inacessível.Demasiado tempo.

Onde é a pastelaria? Ainda longe, à distânciade dois quarteirões. Diz a si próprio que a espe-rança deve ser a última coisa a morrer e disparaem correria desabalada, aqui e ali aos encontrõescom transeuntes que protestam, indignados.

Avista a fachada de vidro da PastelariaRegozijo e acelera, ainda mais. Entra, ofegante.Deixa correr os olhos pela sala numa última espe-rança de avistar Diana. Talvez ali, atrás daquelegrupo de mulheres que enchem o ar de vozeariae de risadas. Não, aí não. Percorre o estabeleci-mento, investigando as mesas ocultas pelas colu-nas. Nada. Diana não perdoou e partiu, decertoarrependida da sugestão conciliadora: ”Bem,vamos tomar um café.”

Deixa-se cair numa cadeira, exausto, desdito-so como o náufrago que morre afogado á beirin-ha da praia. Puxa um cigarro que acende com amão trémula e o empregado acerca-se:

- Desculpe, não pode fumar aqui.Apaga o cigarro, irritado, monologando:- Que dia desgraçado!O empregado permanece perfilado na sua

frente, à espera de ordens:- Que vai tomar?- Não quero nada.- Nada?- Absolutamente nada.O que lhe apetece é apenas chorar e, de coto-

velos no tampo da mesa, suporta a cabeça entreas mãos abertas como que a esconder a profundatristeza. Estremece quando lhe chega uma voz,murmurada e doce, chamando:

- Gabriel!Levanto os olhos e duvida deles quando vê

Diana, em pé, à sua frente. Então, as palavrassaem-lhe como um suspiro de alívio:

- Diana, minha querida, ainda aqui estás? Jánão esperava ver-te.

Ela senta-se, segura-lhe as mãos com ternura ediz:

- Desculpa o atraso, Gabriel. Não imaginasquantas voltas dei até descobrir um lugar paradeixar o carro. n

MAIO 2011 | TempoLivre 81

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Page 82: Tempo Livre Maio 2011

Sempre ouvi criticar os nossos miúdosque queriam saber de mais. "O meninonão seja curioso", "a menina não temnada que perguntar". Acreditei inclusi-

ve que tínhamos inscrito no ADN português ogene dos três macacos que tapam olhos, lábios eouvidos para não verem nada, nada ouvirem enada dizerem. É que foram anos a fio a levar nacabeça, sempre que abríamos os neurónios, parajá não falar da boca. Foram anos e anos de pais eadultos a ensinar às suas crianças que o melhor énão fazer ondas, não pensar muito para lá do quejá foi pensado, até porque "a pensar morreu umburro" e "a curiosidade matou o gato". A resposta- padrão nacional à vontade de saber porquê é"porque sim", ou "porque não", com a variante"porque sempre foi assim e assim será".

Julguei, portanto, que, com esta educaçãonacional, o espírito científico dos pequenoscidadãos já vinha mais ou menos neutralizado defábrica e que não teria problemas de maior em serpai. Inocência! Bem me enganei e ao longo daminha carreira tenho sido obrigado a pensar e aresponder às mais difíceis perguntas, correndodiversas vezes o risco de ser desautorizado, oudefraudar as expectativas dos filhos, para quemum pai é como a Wikipédia: sabe tudo, ainda queseja só mais ou menos.

Já me perguntaram por que não conseguimosfazer cócegas a nós mesmos e por que levamosinjecções, em vez de ser tudo em comprimidos.Tive de puxar pela cabeça e consultar especialis-tas. Esqueci-me, entretanto, da explicação, senãocontava-lhes.

Outras perguntas pareciam canja e depoisacabavam mal: porque é que as zebras são àsriscas? Resposta rápida: para se disfarçarem eos leões não as verem. Contra-resposta: dis-farçam-se a dar nas vistas? Resultado: tive deinvestigar e compreender que os leões são

daltónicos, logo as riscas não se destacam sobreos amarelos e verdes da savana. Ter filhos éestar sempre a aprender.

Mais perguntas que me fizeram: porque é queos caracóis saem depois de chover? (R: porquesão preguiçosos e gastam menos baba a deslizarsobre superfícies molhadas); porque é que osmorcegos se penduram de cabeça para baixo? (R:para se atirarem em voo; as asas não têm forçapara os levantar do chão; trepam pelas paredes edeixam-se cair); porque é que se diz "dói-me acabeça" em vez de "dói-me o cérebro"? (R: oh pá,sei lá! Vai fazer os trabalhos de casa, anda.)

É verdade que, nos dias que correm, as coisasestão mais fáceis. Podemos consultar a Net numinstante e dar-lhes respostas inteligentes, semeles perceberem que nos deixaram atrapalhados.Mas nem a Internet sabe tudo.

Ontem, disse a uma criatura pequena quedevia guardar o pacote de leite no frigorífico,depois de o utilizar. Devia tê-lo guardado eu, por-que o gesto inspirou a pergunta infantil: "Pai, aluz do frigorífico apaga-se quando fechamos aporta?"

Respondi, como qualquer um dos leitores res-ponderia: "Apaga-se, sim".

"Tens a certeza?"Oh diabo, não tenho. Só acredito que sim. Há

aquele interruptor na dobradiça, não é?"E ficas descansado? Olha que a luz não é para

gastar à toa".Malditas campanhas ecológicas, rosnei entre

dentes."Há uma maneira fácil de teres a certeza", aju-

dou-me a criança. "Pões uma câmara a filmar,metes dentro do frigorífico e fechas a porta. Se oleite deixar de se ver no filme é porque a luz seapagou."

Benditas as novas cabeças, que pensam nosporquês. n

A luz do frigorífico

Crónica

AntónioCosta Santos

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