TENTATIVA DE DESCRIÇÃO · O .l , O sistema vocálico do portugu~s culto da ... e para isso se...
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ANTÓNTO HOUA!SS
, I
TENTATIVA DE DESCRIÇÃO DO
SISTEMA VOCÁLICO DO PORTUGUÊS CULTO ·NA
ÁREA DITA CARIOCA
RIO DE JANEIRO
1959
ANTONIO HOUAISS
TENTATIVA DE DESCRIÇÃO DO
SISTEMA VOCÁLICO DO PORTUGUÊS CULTO NA
ÁREA DITA CARIOCA
RIO DE JANEIRO
1959
0 .0
l.O
SUMÁRIO
Algumas observações metodológicas .. . ..................•.. . . . .. . ..... . .. . ...
Padrão adotado ... ..
2 . 0 Nomenclatura e convenções .
3 . O A gama das vozes-tipos . ... .
4 . O Subgama vocálica . ....... ... ...... . . ............... . ...... . .. . .... . 5 .0
6.0
7.0
8 . 0
9.0
10 .0
a aberto oral . ... ... . . .. .. .
a }achado oral ... .... . .. . . . . .
e aberto oral .. .............. .
e jechado oral . . ......... . ....... . . .
i aberto oral . .... .. .. . .... . ........ . .. . ............ .. .
i }echado oral . . .. . ........ . . .
11 . O o aberto oral . ....... ....... . . .
12 . O o jechado oral . .......... ........ . : ....... . ............... .
13.0 u jechado oral . .. . ... . . .. .. . ................. . .... . . .... .. . .. .. .. . ...... . 14.0
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a fechado na.raL ... .. .. .... ...... ....... .......... .... . . .... . .. . ...... ... .. , .
e jechado na.ral . .. . ........... . . .. ...... .
i }eclzado na.ral .. . .. .. .. . . ..... . ......... .
o jeclzado na.ral . ... . ... . ......... .
u jechado na.ral . . . .. . ......... . .. .
19. O Algumas particularidades comuns a certa vozes .
20 . 0 Das vozes acentuadas . . ...
21. O Das vozes subacentuadas.
22 . O Das vozes proclíticas ... . . .
23.0
24 .0
25.0
26 .0
27.0
28 .0
Das vozes enclíticas . . ........ .
Das vozes finais .. . .. .
Ditongos estáveis intravocabulares decrescentes acentuados.
Ditongos estáveis intravocabulares decrescentes proclíticos . . . .
Ditongos estáveis intravocabulares decrescentes enclíticos .. . . .
Ditongos estáveis intravocabulares crescentes acentuados .... . . . .. . , .... ... · . . · ·
29 .0 Ditongos estáveis intravocabulares crescentes proclíticos ..
30 . 0 Ditongos estáveis intravocabulares crescentes enclíticos .
31. O Tritongos estáveis intravocabulares acentuados .
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32.0 Tritongos estáveis intravocabulares proclíticos . . . . . .. . . . ........ .... · · · · · · 89
33 .0 Tritongos estáveis intravocabulares enclíticos ou finais ...... . ........... · · ···· · 90
34 .0
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Hiatos com pospositiva acentuada ... . ...... .. . . .. .. .. , . ..... .
Hiatos com prepositiva acentuada . . . .
Hiatos proclíticos .. . ....... .
Hiatos encHticos ...
Pseudo-hiatos de ditongos acentuados com voz ou ditongo finais .. . .... .
Pseudo-hiatos de ditongo proclítico com voz ou ditongo acentuados ........... .
40 . O Pseudo-hia tos de tritongo acentuado com voz ou ditongo finais .... . .
41.0 Pseudo-hiatos de tritongo proclíticos com voz ou ditongo acentuados . .... .. .. .... .
42 .0 Encontros intervocabulares aparentes ......... .. .
Apêndice .. . ... . . .. ...................... .
1) Alfabeto fonético adotado nos Anais do Primeiro Congresso B ras ileiro de Língua Falada no Teatro ..... . . . . . . . . . . . . . . . . . ....... . .. .
2) Normas aprovadas pelo Primeiro Congresso Brasileiro de Língua Falada no
Teatro . . . . .. . ............ . . ........... . . .. .. .. .. . ... . ... . .
Erra.tum ......... .. .. .
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NOTA PRÉVIA
Í2.rle uludo, du!inado ao Primeiro CongruJ·o BraJ'ileiro de Língua Fa!ada no
'l'ealro, realizado em Salvador, Bahia, em Jefembro de 1956, JÓ vem à luz graça.J
a um concur.Jo Javorável de circun.JlânciaJ' - poÍJ" a.J de}ici2ncia.J fipográficaJ' exú
tenlu, por ora, entre nÓJ, Jeriam, de outro modo, in.Juperáveú para levar a cabo a
Jua impreuão.
Eue concur.Jo favorável Je deve ao devotamento de Ce&o Ferreira da Cunha,
meu velho amt:qo, hoje, para bem da filologia noua, catedrático de lin.qua porlu
gu2Ja da Faculdade BraJ'ileira de FiloJofia, da Univer.Jidade do Bra.Jil, que, na
qualidadde de direlor-.qeral. da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, cuidou
porque aqu2le Congreuo tiveue OJ Jeu.J ruultado.J con.Jervado.J em li.•ro, e Je deve
a Alberto de Sá de Britto Pereira, diretor-geral da lmpren.Ja Nacional, que, com
Jeu in.Juperável upirilo público, vem obtendo, doJ arliJtaJ' e operário.J gráFco.J d2J
Je utabelecimento, o máximo rendimento pouível naJ condiçõeJ objeliva.J do.J re
cur.JOJ aí dúpon[fJeÚ.
Enriquece 2Jle livrinho - e por Ji JÓ coonuta a Jtta exiJt2ncia em Jeparado
o ap2ndice con.Jtante do alfabeto fonético adotado no.J dnai.J e daJ' norma.J apro
fJadaJ· no Congreuo.
É intenção do autor, em utudo próximo, completar o pruenle trabalho com
a. parte relati~:a ao JÍJ"tema con.Jonantal.
A. H.
TENTATIVA DE DESCRIÇÃO DO SISTEMA VOCÁLICO DO PORTUGUÊS CULTO NA ÁREA DITA CARIOCA(•)
0.0 Alguma.r ob.rertJaçõe.r melodológica.r
Partindo do fonema· como t~rmo final unitário da análise dos compo~
nentes audíveis da cadeia falada, é de crer que se possa fazer a síntese com~
preensiva do sistema da cadeia falada, passando a) pelas vozes e consontmcias,
b) pelas sílabas, c) pelos vocábulos, d) pelos grupo3 rítmicos e e) pelos grupos
melódicos.
O .l , O sistema vocálico do portugu~s culto da área dita carioca tem a mesma
base vocálica da língua comum, a saber (na ordem alfabética), [a], [e]. [i], [o], [u],
base que se dicotomiza na série oral [a]. [e L [i], [o], [u] e na série nasal. [ãJ,
[ê'], [i], [õ], Lü].
(*) A presente comunicação feita ao p ·rimeiro Congresso de Língua Falada no Teat'ro
continha uma "Observação ,pleliminat" do seguinte teor:
"Esta tentativa de descrição se limita ao sistema vocálico do por~uguês culto
da área dita carioca.
Redigida, infelizmente, em tempo muito reduzido- e em condições objetivas
e subjetivas ·muito desfavoráveis -, pareceu, apesar disso,ao seu autor não ser·
dcsliluída de interêsse para o Primeiro Congresso Brasileiro de Língua· Falada
no Tealro, .pois êle crê que há nelâ matéria de certa importância.
A car-~nc:a de tempo explica a falta a) de um aparato fundamentador, b) de
uma rigowsa transcrição fonética, assim como c) de uma desejável comparação com
outras línguas, românicas ou não.
É esperança de quem subscreve a tentativa que pelo menos ela possa sel'vil'
como motivação para discussões e resoluções.
Aprovada que foi pelo Congresso, o autor julga de seu dever mantê-la tal como a apresentou,
•mas, cumprindo moção do mesmo Congresso, junta-lhe a parte- devidamente anotada <~.diante,
em rodapé -- que apresentou em primeira redação. Somente num particular diverge do texto
original: na transcrição fonética, que aqui vai segundo os recursos tipográficos disponíveis _para
a impressão dêslcs dnai.r, cujo organizador é também o autor da comunicação.
-12-
0.2 Essas duas séries, conforme seja o timbre das su~ vozes, se constituell\
numa gama de vozes-tipos . . O. 3 Cada voz-tipo, conforme seja suas posição relativa na sílaba, no vocá
bulo, no grupo rítmico ou no grupo melódico, e confon:ne seja ainda a tensão
psíquica e a cadência da emissão fônica do indivíduo falante , apresenta, por
sua vez, uma subgama . vocálica. A presente tentativa de sistematização, na
descrição vocálica em aprêço, não vai além, não chegando mesmo a ponderar
todos os fatôi:es condicionantes apontados; mas ir seria perfeitamente possível
e para isso se fazem rápidas referências ao que seria o esbôço, em cada caso, da
subsubgama vocálica.
0.4 A existência do vocábulo como entidade fônica autônoma não foi posta
em dúvida, para efeitos da tentativa; embora ocorram situações freqÜentes em
que normalmente os limites finais e iniciais dos vocábulos se embebem nos
limites iniciais e finais dos vocábulos contíguos, a sua realidade objetiva. autô
noma se patenteia, normalmente também, a) nas inúmeras intervenções colo
quiais de tipo univocabular (que ocorrem potencialmente para com quase todos
os vocábulos da língua, salvo, por acaso, os proclíticos e os encüticos), b) na
comunicação de tipo suspensivo e c) na de tipo hesitante.
O. 5 Embo:ra pressupondo um relativo conhecimento teórico, que v1a de
regra amplia as faculdades de observações, mas não raro as embota de precon
ceitos, a tentativa não vacilou em encampar impressões acústicas cuja explicação
pudesse .Parecer heterodoxa. Por êsse motivo mesmo, muitos fatos aqui consig
nados ficam condicionados a subseqÜente aferição instrumental, pata confir
mação ou infirmação.
O. 6 Dessa forma, é desnecessário, por fim,' ressaltar que tôda a descriÇão
se baseia na impressão auditiva, com ·suas vantagens essenciais -:- a linguagem
falada é uma instrumento social de comunicação --" e 'com suas deficiências,
para a elucidação das quais cabe a última palavra às demais técnicas fonéticas
e fonológicas.
Padrão adotado
1. O O padrão adotado é o da chamada área carioca, e culto, isto é, dos
indivíduos integrantes das camadas sociais e profissionais que aspiram a dar
ao seu instrumento de comunicação. o ~aior âmbito de universalidade dentro
do Brasil e da língua comum.
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1.1 Sem prejulgar quanto aos demais padrões cultos brasileiros, o carwca
parece representar a média viva provável das isoglossas de maior extensão e de
maior demografia no território brasileiro- decorrência, talvez, a) do seu maior
índ.ice cultural, que possibilita mais estrita observância da tradição fônica da
lín~ua, no plano da transmissão consciente, e b) do maior índice de" brasilidade"
da área, em que, mercê da centralização política imperial e federal, e do maior
progresso material e técnico (pelo menos até faz pouco), muit.os brasileiros se
vêm radicando e constituindo família e descendência, provindos de todos os
pontos do território nacional - o que, tudo, parece constituir duas ordens de
fôrças, centrípeta e centrífuga, para os fenômenos lingÜísticos no Brasil.
1. 2 Porque os estudos dialectológicos brasileiros não tiveram ainda o desen
volvimento que permita uma caracterização tão completa quanto possível de
seus falares regionais e urbanos e rurais, quaisquer referências comparativas
serão feitas tão-somente aos casos mais típicos c notórios de dialectalização.
Nomenclatura e convençõe.r
2.0 Para que a exposição possa ser entendida por quantos, sem llllCiação
técnica ou científica particular, a compulsarem, é ela redigida com um vocabu~
lário especializado limÚado, cumprindo, entretanto, ter em vista as significações
abaixo, geralmente menos seguidas, e alguns critérios convencionais.
2.1 Voz dúplice é a voz intervocabular que decorre, em determinadas
condições, da contigÜidade de duas vozes da mesma voz-tipo; não se confundet
com voz longa. Voz. dúplice ócorre, por exemplo, em "está azul" [estãzul], e
se integra na normalidade da cadeia falada; voz longa, por exemplo, ocorre em
situaÇões predominantemente afetivas,, tal, com nota de desalento, em "esta
agora!", longa, -ou, com nota de desespêro e pe9ido de amparo, em "me larga.", l~nguíssima. . .
• 2. 2 A palavra ''prodítico" vai empregada como epíteto de voz, sílaba,
parte de vocábulo e/ou vocábulo que dependam do acento de inte:n,sidade subse
qÜ~nte; "enclítico", do acento d~ intensidade antecedente.
2.3 O fato fonético sôbre o qual se quer chamar at~nção ~ sempre subli
nhado, ficando o restante do vocábulo ou da cadeia falada sem êsse realce ma
terial; quando, porém, .se .fizer transcrição fonética, não haverá outro qualquer
realce material. Quando importar a separação silábica para a caracterização
do fato que se quiser pôr em evidência, a representação ortográfica ou a trans '
crição f8nética será feita com espaços em branco entre as sílabas.
-14-
2. 4 Outras significações ou convenções aqui não referidas ou serão escla·
recidas no correr da exposição ou são óbvias.
A gama daJ" vozeJ"-lipoJ'
3.0 As vozes-tipos,-na fala culta carioca, con~tituem a seguinte gama vocá
lica (segue-se a ordem alfabética):
a) ora1s:
[a] - (a aberto oral)
[~] - (a fechado oral)
[e] "
- (e aberto oral)
[~] (e fechado oral)
[i] (i aberto oral)
li] (i fechado oral)
[o] "
(o aberto oral)
[ '! l (o fechado oral)
[u - (u fechado oral)
b) nasa1s:
[ã] - (a fechado nasal)
[e] (e fechado nasal)
m (i fechado nasal)
[õ] (o fechado nasal)
[í:i] - (u fechado nasal)
3.0.1 Note-se a) que os dois [i] orais são de matiz diferencial não fàcil
mente perceptível, mas o segundo, o fechado, como as demais orais fechadas
antenasais, é via de regra nasalado na fala menos tensa; b) que não há [u] aberto
oral; c) que tôdas as nasais são fechadas.
3 . 1 Há, ainda, as seguintes semi vogais (que são tratada> no vocalismo
porque o comportamento das consonâncias para com elas, na área considerada
e quiçá na língua comum, é tal como se fôsse para com as vozes):
[w] - (uode oral)
[y] - (iode oral)
[w] - (uode nasal)
lYJ - (iode nasal)
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3 .1.1 Que se tolere o neologismo ,uode'' em lugar de "uau" ou "vau".
3. 2 Não serão consideradas vozes-tipos:
a) as vozes insonoras, que podem, em determinadas condições, ser quaisquer,
mas que não pertencem ao vocalismo normal da área carioca, em que só ocorrem
na fala cochichada; vejam-se seqÜências vocabulares como "cochicho chôcho"
"matuto triste", em que as vogais 'lublinhada'l apresentam condições "ideais"
para vozes insonoras- mas com audível sonoridade na elocução normal na área;
b) as voze3 longas·, referida" em 2. 1;
c) as vozes dúplices, também referidas em 2. 1, tna<> que serão objeto de con3iderações na exposição.
Subgama vocálica
4.0 As vozes-tipos anteriormente consideradas apresentam, cada uma,
uma subgama vo~álica de fina diversidade. Sem aprofundar os matizes audíveis
mais particulares - que só uma análise fonética in<>trumental poderia fixar
minudentemente - e baseando a diferenciação exclusivamente na percepção
auditiva, examina-se a seguir a subgama vocálica de cada voz-tipo. Concomi
tantemente, adota-se um sistema de adaptação da transcrição fonética aos
objetivos que se têm em vista, dentro das contingências e limitações tipográficas disponíveis.
5.0 [a) - (a aberto oral)
O [a) (a aberto oral) tem a seguinte subgama vocálica:
a) intravocabular:
(I) acentuado
(2) subacentuado
(3) proclítico
(4) enclítico
(5) final
b) intervocabular:
(6) dúplice acentuado
(7) dúplice subacentuado
(8) dúplice proclítico
(9) dúplice enclítico
(lO) crásico
[á]
[à]
[a']
['a]
['a]
I [ã]
(li] [ã' ]
['ã]
[a']
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5.1 O [á] (a aberto oral intravocabular acentuado) ocorre em vocábulo:;
do tipo:
a) carro, pára, mata, capa, lata, acaba, ata, socapa
b) fábrica, sátrapa, ágora, lápide, acaba-la, mata-la
c) maná, xará, fanal , atual, atuar, roaz, audaz
5 .1 . 1 Escusa ressaltar que uma análise acústica mais detida poderá ver
matizes diferenciais no [á], conforme esteja em posição aguda, grave ou esdrú
xula: com efeito, em posição aguda parece ser mais longo (e isso sem considerar,
nessa posição, a diferença entre o [á] de sílaba final aberta - "· g. "maná" -e
o de sílaba final fechada - "· g. "fanal", retocar", "manás", "audaz" - sendo
que, nos dois últimos exemplos, isto é, quando seguido de -.r ou -z gráficos,
êsse alongamento redunda, no falar geral da área, em verdadeira ditongação,
·provlvelmente por influência da comonân~ia final) do que em posição grave,
que por sua vez parece ser mais longo do ·que o de posição esdrúxula, embora
·êste, em compensação, revele traços de acento de intensidade relativamente
mais intenso
5.2 O [à] (a aberto oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá
bulos do tipo:
a) ràpidamente, fàbricazinha, sàdicamente
b) amàvelmente, suavemente, carrozinho, balazona
·c) bate-papo, ~uarda-chuva, cata-vento, pára-quedas
d) tatá , papá, naná, lalá
5. 2.1 Uma análise acústica mais detida poderá, igualmente, ver matizes
diferenciais entre o [à] a que se seguem duas sílabas inaccntuadas antes da
acentuada e o [à] a que se segue uma ·só sílaba inacentuada antes da acentuada
-sendo o primeiro muito mais característico como subacentuado. Doutro lado
entre os exemplos da série (b) e os da série (c), na medida em que os vocábulos
são de largo curso, tendem os da série (c) a se tornar menos subacentuados
aiada, que é o que se verifica, por exemplo, com "guarda-chuva" [gwàfda'túv'a],
que ~ de regra pronunciado [gwa'fda'~úv'a]. Mais ainda: enquanto não é tão
perceptível em "xaràzinho" o [à] (a ponto de se ter devido colocar o tipo em
categoria outra), é em "carrozinho", pela não contigüidade da subacentuada
e a acentuada. Na série (d) os casos :>ão típicos da linguagem infantil, em que
se percebe, quase sempre, uma nítida evolução na aquisição da linguagem na
área, de um tipo [tàtá] para [ta'tá]; veja-se, aliás, no particular, a evolução-
- 17-
característica de "naná" [nàná] para [na'ná] para [na'ná] (mas não [nã'náJ, .
contra a deriva geral da área, talvez pela própria estrutura infantil, apesar de
tudo, do vocábulo).
5.3 O [a'] (a aberto oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos
do tipo:
a) cavalo, aparece, aparatoso, acaparador
b) manàzinho, xaràzinho, xaràzão, rodazinha, bolazinha
5. 3 .l Uma anál~sc acústica mais detida v~ matizes diferenciais nos casos
relacionados. Na série (a), com efeito, nota-se em princípio que o [a'] quanto
mais longe está da sílaba acentuada tanto mais tende a deixar de .;er aberto- se
não intcrtcre razão rítmica em contrário. Na série (b) sempre perdura, sobretudo
na fala tensa e apurada, uma diferença entre "manàzinho" e "rodazinha", por
exemplo, ocorrendo, no primeiro tipo, as pronúncias [ta'ràzJB'u] e [ta'ra'z~s'u].
5. 3. 2 A razão rítmica a que se alude no número J"upra parece ser a estrutura
binária: num verbo como "aparar" o [a'] inicial é menos nítido (tendendo para
fechado, sem chegar de modo nenhum a s~-lo), nos casos ímpares seguintes,
enquanto, compensatoriamente, o [a'] da sílaba [pa'] é menos nítido nos casos
l) (I " 2) (I , 3) (I "' 4) " , J?ares: apara , aparar , aparara , aparava
5. 4 O ['a] (a aberto oral intravocabular enclítico) ocorre em vocábulos
do tipo:
a) bávaro, lábaro, sândalo, ábaco, cágado, ama-lo, pega-lo
b) nácar, âmbar, tórax, bórax, nenúfar
5.4.1 Uma análise acústica mais detida parece revdar que o ['a] da série
(a) é ligeiramente mais breve do que o da série (b). Como quer que seja, na
medida em que se entra nas camadas mais populares, o ['a] tende a desaparecer
do seu fonetismo, de maneira que a) as formas verbais como "ama-lo", "pega-lo"
são nelas absolutamente inexistentes e, mesmo entre cultos, de sabor ostensi
vamente artificial, b) e as formas vocabulares, se divulgadas, tendem ao paro
xítono, 11. g. "cágado tornado [kág'u] (com homofonia total) ou, em raros casos,
com deslocação do acento de intensidade, 11. g. "nenufar".
. 5.5
tipo: O ['a] (a aberto oral intravocabular final) ocorre em vocábulos do
a) roda, vida, luta, rápida, fábrica, apara
b) rodas, vidas, lutas, rápidas, fábricas; aparas
-18-
5. 5.1 Uma análise acústica mais detida poderá ver matizes difenciais entre
-<> [a] dos vocábulos graves e o dos vocábulos esdrúxulos: êstes parecem ser mais
longos, sobretudo na dicção tensa; de outro lado, ambo<>, na área carioca pelo
menos, parecem mai<> longos se ·seguidos da palatal figurada por -.r, talvez por
.influxo dela mesma, a ponto de aos alienígenas à área parecer que os cariocas . " d , urn . " r-(~ 'd' o/] [f' b ,. k' "J ,pronunc1am ro as ou mancas como .r f/2 ays ou a r 1 ays .
5 . 5 . 2 Só por ultracorreção, e deslocadíssima da ambiência lingüística, se
ouve o [a] como fechado, se não se trata de indivíduos falantes alienígenas
à área, quiçá ao Brasil.
5 . 6 O [ã'] (a aberto oral intervocabular dúplice acentuado) ocorre em liga
~ões do tipo "xará alto" ou "casa. alta" e "fábrica alva" -isto é, com [ á] mais
[á] ou ['a] mais lá]. Trata-se, em verdade, de uma voz instável, pois conforme
forem tensão, ritmo e cadência da cadeia falada, pode ou não verificar-se a
ligação. Todos os casos afil"l.s a êste serão examinados, nesta exposição, em
função de heptassílabos forjados ad hoc: de heptassílabos por ocorrer a medida
em causa com grande freqüência na cadeia falada da área (e provàvelmente
da língua) e em forma de verso por poder-se melhor caracterizar o fenômeno.
Fique patente, entretanto, que a observação do autor o leva a crer que não se
trata de uma imposição formal da estrutura do verso para a criação de um
fenômeno fonético estranho à elocução normal da chamada prosa. Para os
dois casos acima referidos, ilustrar-se-ão a não ligação, isto é, o hiato, e a ligação,
isto é, a duplicação vocálica, com as duas seguintes parelhas de versos: "um
xará alto e risonho", "êste xará alto e risonho" e "uma casa alta e bela", "duma
casa alta e risonha":
ai) [li' '6a' ,
áÍ t ., ri' z9 u'ul r a Wl
ou [li' ta' r à. áT twi fi' zó n'u] . [li' ta' r á à i t ., ri'
, 9'u] ou Wl Z'?
a2) [ ,., ? i' s'a' ral t ., 'fi' ,
n'u] ~s Wl Z? ..,
em que, em quaisquer dos casos figurados, as sílabas [twi'] e [z§] 1podem ser,
também, [?i'] [zõ], assim como [ri'] poder ser [~i'];
bl) [ u(u)' ma' ká za' áÍ tay' ( t~y') (i? i') bé l'a]
b2) [du(~)' ma' ká zlii tay' (t~y') (Pi') r(r)i' z9(õ) o'a] . . ou ' [du(lí)' ma' ká z~i tay' (t~y') (f i') f(r)i' z<?(õ) n'a] .,
[du(Õ.)' ma' kà zãi tay' (t~y') (f i') f(f)i' z<?(õ) n'a] ..,
-19-
não havendo, porém , como esquecer a hip6tese, ritmicamente igual a (b2), da.
elisão, isto é, em que o ['a) de "casa", tornado [a'). desaparece, sem deixar
vestígios no [á) de "alta".
5 . 6. l O caso da elisão .f'upra referido merece as seguintes observações: já
não é ela normal na área , sabendo, quando ocorre, ou a fenômeno estrutural
da morfologia do vocábulo, ou, fora dêsse caso, a fenômeno fonético típico do
verso (em que creio pode haver expressão de um arcaísmo fonético) ou a fenô
meno sentido na área como lusitanismo. Assim, na expressão normal do carioca,
"destarte" é sempre [d<;~áf(f)P'i). enquanto "de.sta arte" pode se!"' I
[df(ta'ár(f)f'il ou [dí'tt~f(f)P'i] ou [d~stãf(f)f'i].
5. 6 . 2 Importa considerar uma situação afim: a que se vem examinando cor
responde a [á] mais [á] ou ~a] mais [á]; af~ é o caso de ['a] mais [a'] mais [á],
como, por exemplo, em "compra a arma", situação que, conforme forem tcnção,
ritmo e cadência da cadeia falada, pode comportar três diferentes soluções,
que os três v.ersos seguintes de igual medida melhor ilustram: "compra a arma,
compadre" , "compra a arma, meu compadre" e "compra a arma, compadre
meu":
al) [kÕ pr'a a' áf(f.) m'a kõ' pá dr"i]
a2) [kÕ pr'a if(f.) m'a m~w' kõ' pá dr,.i]
a3) [kõ' prÍi'(r) m'a kõ' pa! dri' m~w (-)] ...
5. 6 . 3 Importa, ainda, por considerar que na área canoca, pelo menos.
na expressão culta distensa e natural, o "a" preposição simples não se distingue
do "a" artigo definido feminino singular, nem do "à" combinação da prepo
sição com o artigo feminino, dit~ crase, os quais se identificam com o [a']. prà
ticamente igual ao da mesma natureza quando intravocabular. Com efeito, o
cotejo das situações seguintes corrobora o asserto e, salvo requinte na expressão
artística, a haver diferença entrç elas, é despicienda:
a) orna a arma
b) liga à arma
c) liga a almas
d) liga à alma
séries que, submetidas a versos de igual medida, se apresentam como in }ine
de 5.6.2 .
-20-
5. 7 O [[] (a aberto oral intervocabular subacentuado) já o v1mos em
função do segundo exemplo figurado em (b2) in }in e de 5. 6. Trata-se, naqueb
caso. de um exemplo controversível. pois a subacentuação normal, de duas
acentuadas, é na primeira e não na segunda sílaba . Em verdade, ocor\ C êle
normalmente em situações do ripo "maná achado" . isto é, de [á] mais [:1 1],
mas em que a voz dúplice decorrente fica imediatamente antes de sílaba acen
tuada. Trata-se. é claro. de voz instável, pois, conforme forem tensão. ritmo e
cadência da cadeia falada, pode verificar-se ou não a ligação; os dois versos
seguintes, segundo a técnica já aqui seguida, ilustr-am melhor os fatos: "maná
achado no Egito", "o maná achado no Egito":
al) [m~(ã)' ná a'
' nã a2) [u' ma(ã)' "' sa
d1u
d1u
I V' nw~ Zl
1 v,1 nw~ z
t'u]
t'u]
5 . 8 O [ã'] (a aberto oral inteTvocabular dúplice proclítico) ocorre em li
gações do tipo "uma vida atuante", "escola arejada". "bola azul" - isto é,
com [~] mais [a']. É instável como tôdas as vozes dúplices, pois, conforme
forem tensão, ritmo e cadência, pode ou não verificar-se a ligação. Mas
a ligação, no caso vertente, pode apresentar três possibilidades, a saber,
além do caso do hiato: a) com o [ã'], quer dizer, com a voz dúplice,
h) com o [a'], quer dizer, com o crásico (que parece ser um [a] sempre aberto,
relativamente longo, mas sem caracteres do dúplice), e c) com a elisão, quer
dizer, com o desaparecimento puro e simples do ta] sem deixar vestígios no [a'].
Os dois versos seguintes dão conta dos fatos consignados: "a escola arejada", I(
manter escola arejada":
ai) [a' ~(i)'t kó l'a a' rt:' "' d'a] za ~
a2) [mã' té r~(i) 1t k~ lã' r~' V' d'a] za
a3) [mã' té r~(i) 1t kó la' r e' zá d'a] ~
a4) [mã' té r~(i)'( kó la' re' ' d'a] za
5.8.1 Na mesma situação antecedente está a ligação do tipo ['a] mats
fa'J mais [a'J, que pode ser figurada pelos dois versos seguintes: "implora a
atenção" e "o ator implora a atenção":
al) "" te' '""] [i' pló r' a a' a' sãw " '""] a2) [wa' te? r!' pló rã' t(;' sãw
~
'"'] a3) [wa' t<} ~ pl~ r a• te' fl sãw
a4) wa' tó ... 1 pló r a' te' , ... ]
n sãw "
,.
-21-
cumprindo, porém, ressaltar que, numa situação nitidamente diferencial, so·
bretudo na expressão tensa, a última enunciação corresponde, tanto na mente
do indivíduo falante, quanto na do ouvinte, a uma cadeia do tipo "o ator im
plora atenção"
5. 9 O ['ã] (a aberto oral intervocabular dúplice enclítico) ocorre em si
tuações do tipo "ama-a", "estuda-a", "louvara-as"- que, escusa frisar, per
tencem ao vocalismo culto da área, quiçá do Brasil. Instável como tôdas as
vozes dúplices, conforme forem tensão, ritmo e cadência, pode verificar-se ou
não a ligação, o que os dois versos de igual medida seguintes melhor ilustram:
"amara-a doidamente" e "êle amara-a com loucura":
al) [~'
a2) [~'
, ma
ly~'
r' a 'a ,
ma r'ã
dÇ>y
kõ'
·da'
low' . ,..
me
kú
1'i]
r'a]
5.9.1 Além do caso acima figurado- isto é, de ['a] tornado ['a] mais
['a] - podem ser consideradas ainda duas situações, a saber, a de ['a] mais
['a] mais [a'], como em "ama-a apaixonadamente", e a de ['a] mais ['a] mais [á],
como em "dissera-a alto". Normalmente; há em ambas as situações dois grupos
rítmicos, de modo que não haveria como especular; admitida, entretanto, a
ligação- em certa tensão, ritmo e cadência- pode dar-se de duas maneiras,
além da ausência de ligação (que é sempre primeiro citada). Leia-se, a seguir,
em (ai) "ama-a apaixonado", em (a2) "ama-a aloucadamente", em (a3) "ama-a
apaixonadamente", em (bl) "êle dissera-a alto", em (b2) "êle bem dissera-a
alto" e m (b3) "dissera-a alto loucamente":
al) [á(ã) m'a 'a a' pay' "' c-y , d'uj 59 o na
a2) [~(ã) m'ã· a' l<;>w' kà da' mê' 1'i]
a3) [4(ã) m'ã pay' ~<;J(õ)' ' da' m~' 1'i] na
bl) [~' li' Ji' ,
r' a 'a ál t'u] s~
b2) H l'i b~"" di' sé r'ã áÍ t'u] ey I.
b3) [Ji' , ,_
ka' N/ r'il se rãl t'u l~w me
~
5 .lO O [a'] (a aberto oral intervocabular crásico - e releve-se o palavrão
"crásico" !)já foi objeto de consideração em 5.8. A situação lá figurada
poderia, ainda, ser corroborada com outro exemplo típico, que· é o de ['a] tor,.
nado [a'] mais [a']. O caráter do cr1{sico ressalta no fato de que a tendência'
-22-
ao fechamento (e mesmo à nasalização), que caracteriza as vozes antenasais
na área, não funciona- o que se ilustra em (a2) de uesta escola amenizada":
a1) [et tay'((tey'(} (?i'() k6 lã' m~' ni'; ,
za ~ ..
a2) [~s tay' te t~y'_t) c~ i'() k~ la'· m~' ni' zá
a3) [es tay'((t~y'() (fi'() k6 b' m~' ni' zá ~ "
6.0 [~] - (a fechado ora[)
O [~] (a fechado oral) tem a seguinte subgama vocAlica:
a) intravocabular:
(1) acentuado
(2) subacentuado
(3) proclítico
( 4) enclí ti co
b) intervocabular:
(5) dúplice acentuado
(6) dúplice proclítico
, [ã]
[f]
d'a]
d'a]
d'a]
6.1 O [~] (a fechado oral intravocabular acentuado) ocorre em vocá
bulos do tipo:
~
a) mana, cama, pano, dano, reclame, espanes, danes
b) anho, tamanho, banhe, -arrepanho, arrebanhes
c) pânico, tâmara, câmara, flâmula, ama-la, dana-las
d) cânhamo, banha-la, apanha-la
6.1.1 Além das observações feitas em 5 .1 . 1, que são aplicáveis, mulali.r
mulandi.r, ao [~], considere-se que na área carioca - e quiçá na oriental, nor~
destina:, nortista e parte da sertaneja, pelo menos - êle tem na. expressão dis
tensa caráter marcadamente nasalado; essa nasalização é mais acentuada ainda
nos casos (b) e (d) , isto é, quando antecede [n]. De um modo geral, nas trans-y ~
crições fonéticas , para a voz [~], se dispensará de dar a alternativa [1], quando
se tratar de nasalida.de, maior ou menor, como decorrência de po~ição antenasal~
e não apenas para essa voz, mas para quaisquer antenasais:
-23 ~-
6.2 O [~] (a fechado oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá·
bulos do tipo:
a) satdnicamente, p~nicamente , tâmarazinha
b) ciganamente, levianamente, manazinha, camazita
c) cdnhamozinho
d) banhozinho, anhozito, .aranhazona, estranhamente
e) banana-d'água, cama-de-vento, cana-de-macaco
/) apanha-môscas, banho-maria, banho-de-igreja
6 . 2 . 1 Além das observações feitas em 5 . 2 . 1, que são aplicá v eis, mufali.r
mulandi.r, ao caso presente, cumpre acrescentar as relativas à nasalização,
referidas em 6 . l. 1 .
6. 3 O [a'] (a fechado oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos . . ~
do tipo:
a) banana, acamado, m·acadamizado, umamentar, anonimato
b) sanhaço, banhado, acanhado, amarfanhado, assanhamento, apa·
nhamos
6.3.1 Sem contar a diferença de nasalização entre a série (a) e a série (b)
já referida em 6.1.1, parece haver certa-:; diferenças do [~!'], na medida em
que dista da sílaba acentuada, como se observa, mulali.r mulandi.r, em . 5. 3. 1.
6.4 O ['~] (a fechado oral intravocabular enclítico) ocorre em vocábulos
do tipo:
a) cânhamo, pântano, láudano
b) ana-me, louva-nos, canta-mo, canta-me · ·
6. 4. 1 Notada a nasalização característica das vozes antenasais, cumpre
observar que não parece haver diferença entre o ['a] da série (a) e o da série (b),
nc- rl~ntro de cada série, como é lógico.
6.5 O [~] (~fechado oral intervocabular dúplice acentuado) o~orre em
situações do tipo "falta ânimo", "bela ama" -isto é, com ['a] mais [á]. Ins
tável como tôdas as vozes dúpliccs, conforme forem tensão, ritmo e cadência,
pode dar-se ou não a ' ligação, além de uma terceira ocorrência, que é a da elisão
do .['a], ocorrência, que, porém, apresenta as características, mulati.r mutandi'.r,
referidas em 5 . 6 .1. Os fato~ considerados são ilustrados, sucessivamente, pelos
seguintes heptassílabos: "falta ânimo, compadre", /'falta ânimo, compadre meu":
ai) [fái t 'a ~ ,.
m'u l _, , dr'i] n~ {0 pa
a2) [fài ti ,. n! m'u kõ' pá dr'i m~w]
a3) [fàl tá n'i m'u . kõ' pá d ,. r 1 m~w]
-24-
6.5.1 Importa, ainda, considerar uma situação afim:'a de ['a] ma1o; [a']
mais [á], como em "emprega a ama", situação que, conforme forem ritmo,
tensão, cadência, pode comportar três diferentes soluções, figuradás sucessiva
mente em "filho, emprega a . ama", "filhozinho, emprega a ama" e "meu filho
tinha, emprega a ama":
,.. , , ai) [fí· l'u e(i)' pnê ga' a' ~ m'a] ., a2) [fi' Ju' zi nw~(i')' ,
ga' ' m'a] pre .. a3) [mew fi' l~ ~f nwe(x)' ...
g~ m''a] pre • ..,~ ..
6.5.2 Acorde com o que se observou em 5.~.3 , no esquema·.rupra, o [a'J
pode ser artigo, preposição ou a chamada crase, escusando, assim, exemplificação.
6.6 O Wl (a fechado oral intervocabular dúplice procütico) ocorre em
situações do tipo "uma escola amena", "bola amarela", isto. é, com ["a] mais
[a']. Como em 5. 8, são quatro as soluções possíveis: ai) mera contigüidade das
vozes, a2) a voz dúplice ora tratada, a3) o "a1' crásico, com a particularidade
de a antenasal ficar aberta, e a4) mera elisão, isto é, o ['a] tornado [a'] desaparece,
sem deixar repercussões na voz seguinte. Exemplifiquemos com os heptassílabos
"escola amenazinha", "escola amena de fato":
al) [~(i)'t kó l'a a' ' na' ,
n'a] ~
m~ z~
a2) [~(i)'t k' lã' ,
n'a Ji' fá · t'u] ? m~
a3) [<:(i)'s' kó la" m~ n'a d'i' fá t'u] .. a4) [~(i)'s' kó l~'
, n'a Ji' fá t'u] .. mt;
6.6 . 1 A situação afim de ['a] mais [a'] mais [a'], v.g., "proteja a amada"
se resolve, do mesmo modo, das quatro maneiras acima configuradas; sejam os
heptassílabos "e proteja a amada", '"proteja a amadazinha", "e proteja a
amadazinha":
ai) [i' pro' t~ ~'a a' ~I má d'a] . a2) [prc?' t~ ~'a ã' ' da' zí n'al ma . a3) [i' pr<?' t~ Ú' ' da' zí n'a] ma . .... a4) [i' pr<?' té ~a' ' da' zí n'a] ma . ...,
·cumprindo·, entretanto, com relação. a (a4) .rupra, observar o que é dito, mulali.t
mulandi.r, in fine de 5. 8. I.
7. O [e] (e aberto oral) '
-25-
O [e] (e aberto oral) tem a seguinte subgama vocálica: ~ .
a) in_travocabular:
{1) acentuado
(2) subaccntuado
(3) proclítico
b) intervocabular:
( 4) dúplice acentuado
(5) dúplice subacentuado
[é] ' [el ..
[e']
'
7.1 O [é] (e aberto oral intravocabular acentuado) ocoó.-e em vocábulos ~
<lo tipo:
a) sebe, lebre, seca, velha trepe, trepa, sete, mede
b) célebre, cérebro, trépído, pede-me, as-;;este-me, hélice
c) café, rapé, papel, tonel, colher, puder, disser
7 .1.1 As considerações feitas em 5 .1.1 cabem, mulali.f' mulandi.f', ao caso
pre::cate.
7 .1. 2 A forma verbal "é", assim como "és"~ está na;; condições {c) .f'upra
quando seguida de pausa: '~êle é, quando quer, inteligente", ou quando "absolutà! 4 'êle é, porque é".
7. 2 O [e] (c aberto oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá
' bulos do tipo:
a) celebremente, celeremente, medicozinho
h) indelevelmente, corretamente, velhazinha
c) quero-quero, reco-reco, leva-traz, seca-rega
d) teté, pepé, lclé
7. 2.1 As considerações feitas em 5. 2. 1 cabem, mulali.f' mulandi.f', ao caso
presente.
7. 3 O [e'] (e aberto oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos ~
do tipo:
a) pré-história, pré-vestibular
h) cafezinho, papelzinho, tonelzito
-26-
7 . 3 . 1 As considerações feitas em 5. 3. 1 cabem, mufafi.r mufandi.r, ao easo
presente. O [e'] das duas séries em causa tende a perder o timbre aberto em L
favor do fechado, isto é, a passar a [«:'). Na primeira série, aliás, a formação e
o curso são puramente eruditos; em conseqüência, parece não ser outra a expli
cação diferencial de vocábulos como "prefixar", "prejulgar" , "predeterminar",
de um lado, e de outro vocábulos como "pré-história". "pré-vestibular", que
reproduzem a possível e_volução daqueles, quando são, tornados de curso cor·
. d [ '"' 11t'' ] [ '~t' \ 1 l' . rente, pronunc1a os pr~ 1 s ?r ya ou mesmo pr~y s ~r ya , nos co egws secun-
dários (por professôres e alunos, em geral, se cariocas), ou [pr~'v~'tt1'bu'láf{f)], como era pronunciada a palavra ao tempo não longínq_uo em que havia entre
nós estabelecimentos de ensino dêsse tipo, Na área carioca, aliás , num vocábulo
de curso múltiplo e cotidiano como é "caf~zinho", na acepção de "pequena
xícara de café", é quase universal a pronúncia [ka'fe'zín'u]. que, quando não .... tem o [«:'] nítidamente fechado, o .tem pelo menos sensivelmente.
7. 3 . 2 As formas verbais "é" e "és" , quando funcionam como vocábulos
proclíticos, têm o [i'). v.g., "êle é homem" [~lyt'~m'ê'y). ou, com ênfase no sujeito
félye'óm' ey]. ou, com ênfase no verbo, [e'lyeóm'êY). . .. . . ". 7. 4 O [i] (e aberto oral intervocabular dúplice acentuado) ocorre em
~
situações do tipo "ralé ébria" , isto é, com [é] mais [é]. Instável como tôdas
as vozes dúplices, pode verificar-se ou não a ligação; os dois heptassílabos
seguintes ilustram o fato - "ralé ébria de prazeres, e u a ralé ébria de prazeres':'
a1) [f(f)a'
a2) [a'
le ~
r(r)a' .. , e • li ~
br'ya
br'ya
;11., ' , C1 pra z~
d";'l1., ' , pra ze
r'it]
r'it]
7.4.1 Importa, ainda, considerar a situação de lfl mais[~'). que tem duas
soluções, como o demonstram os dois hep_tassHabos seguintes - "ralé ervateira
ao su 1" e "ralé ervateira do sul"
al) fr(f)a' lé ~'f(f) ~
v a' t~y raw1 súl]
a2) [f(!") a' lff(i') v a' t~y · -r' a du' sú1]
7.5 o[~] (e aberto oral intervocabular dúplice subacentuado) ocorre ~
em situação semelhante à anterior, mas de tal modo que, como decorrência de
sua formação, fica ela colocada imediatamente antes de sílaba acentuada- co
mo no segundos dos seguintes heptassílabos "e foi ao café errado" e "êle foi
ao café errado":
1) [i'
2) l;' f§y
li'
aw' ka'
f§y aw'
fé ~
ka'
e' . f~
L
r(F'á • • .1
f(f)á
d'u]
d'u]
- 27 -
8. O [e J (e fechado ora{) (j, •
/ O [e] (e fechado oral) tem a seguinte subgama vocálica: . a) intravocabular:
(1) acentuado
(2) subacentuado
(3) proclítico
(4) enclítico
h) intervocabular:
(5) dúplice acentuado
(6) dúplice subacentuado
[é} . [e} . [~']'
['~] ,.
, [~I
[~l
8.1 O [~](e fechado oral intravocabular acentuado) ocorre em vocábulos do tipo:
a) mêdo, s~de , aparelho, com~ço
h) amena, fonema, condena, lema, pena
c) penha, venha, tenho, empenhe, senha
d) tr~fego, ~xito, ~xodo, aparelha-lo
e) fon~mica, an~mica, az~mola, tr~mula , condena-lo
f) voe~, ti~, sapê, dever, correr, escrever
8. 1.1 Além das observações feitas em 5 .1. 1, cabem também, mulali.r
mulandiJ", as de 6. 1 . 1 .
8 . 2 O [~] (c fechado oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocábulos do tipo:
a) trêfegamente, êxodoz.inho
h) anêmicamente, azêmolazinha
c) sêdezinha, aparelhozinho, rêdezinha.,
d) serenamente, amenamente, pcnazinha
e) tume-treme, rema-rema
f) lenha-branca
8.2.1 Além das observações feitas em 5.2.1, cabem, mufaliJ' mulandiJ', as·
feitas em 6.1.1, no tocante à nasalização.
-28-
8.3 O [e'] (e fechado oral intravocabular proclitico) ocorre em vocábulos
do tipo:
a) ressurgimento, redarguir, exótico, epanáfora, eneágono
b) emoção, emotivo, eneágono, penedia, remediar
c) sapêzinho, tiêzinho, pêzinho, ipêzão
8.3.1 Além da distinção que cumpre fazer entre o [e'] antenasal e o ante-oral
cabe, ainda, considerar que &te é prov~velmente mais fechado, na área , na medida
em que se distancia da sílaba acentuada, não intervindo razão rítmica, geral
mente binária, em contrário. Ademais, importa desde já consignar também que
nos vocábulos de curso popular o [~'] apresent;,t uma oscilação para [i' ] ou [i'} , (segundo, respectivamente, não seja ou seja antenasal), v. g. , "educaçãolf]
[e'du'ka'sã~] I [i'du'ka'sã~] . "lenimento" (como certo remédio muito vendido
n•a área) [l~(~)'ni'met'u] I [l!(i}'ni'mí!t'u]. Ec;sa oscilação, contudo, parece ser
condicionada, de um lado, por razões morfológicas e, de outro, por uma como
harmonia vocálica, que se tentará esclarecer mais adiante
8. 3 .1.1 Na relação .rupra de exemplos, uma forma do tipo "senhorio"
deveria também ter sido considerada, acrescida da observação relativa à ten
dência de maior nasalização antes de [n] e da relativa à oscilação para [i'] f[~]. <J o 'f I
8.4 O ['e] (e fechado oral intravocabular enclítico) ocorre em exemplos . .
do tipo:
a) cérebro, célebre, célere, trêfego, pândega
h) tóteme, crisântemo, pátena
c) agradável, louvável, audível, solúvel
d) cerúmen, acúmen, albúmen, regímen, tentâmen
e) revólver, suéter, esfíncter, caráter, sHéx, córtex
8.4.1 A preliminar que cabe ress<J.Har com relação ao ['~] é que pertence
ao fonetismo culto da área e ga língua. Em conseqÜência, há algumas observa
ções que fazer, em função da maior ou menor difusão de suas ocorrências no
curso pupular.
8. 4.1.1 Na série (a), na medida em que os vocábulos se divulgam no
curso popular, tende o ['~] a passar para ['i], v. g., "pândega" [pãd'~g'a}
[pãcf1ig'a], "tráfego" [tráf'~g'u] [tráf'ig'u]. Poder-se-ia, aqui, lembrar que, nas
camadas populares e de lingu.agem mais distensa e espontânea, há, na área,
também, a tendência ao paroxitonismo, contrapcsada, tão-somente, no caso
vertente, pela formação de uma seqÜência consonantal mais violenta ainda do
~Uii: o proparoxitonismo.
'I -29
8.4.1.2 Na , .
sene (b), na medida em que os vocábulos se divulgam no
curso popular, tende a ['iJ. "· g., "autógena", da linguagem dos mecanicos 'do
automóveis em "solda autógena", que se apresenta já na forma [aw'tóf'in'a]. ~ .
já na forma paroxítona [aw'tótn'a] (como se escrita "autosna", como em certo
·momento se podia ler numa pequena oficina da Rua São Clemente, em Bota
fogo). É óbvio que o paroxitonismo aqui pôde funcionar por formar-se uma
sequência consonantal normal na área ("asno", "cisne") .
8.4.1.3 Na série (c), da qual muitos Yocábulos entram no curso popular,
pelo menos na área, há manifesta tendência mesmo entre cultos, na expressão
distensa, de passar o ['~]para ['i], v.g., "agradável" [a'gra'dáv'~Í] [a'gra'dáv'il], (( ' l" [ I , I -1] [ I ' ,:-1] t d . I . l amave ~ mav ~ ~ mav 1 , enquan o nas cama as mats popu are:;, 1ncu tas,
e no seu falar mais distenso, há, além da vocalização do GJ. ou sua mera apócope
ou mesmo, muito epis~dicamente (talvez em alienígenas), o rotacismo: a)
[ã'máv'iw] ou [ã'máv'yu]. b) [ã'máv'i] e c) [ã'máv'if.].
8. 4. 1 .I Na série (d) sàmcnte entre bem falantes -e, no geral, em situações
de tensão psíquica - se verifica a pronúncia , canônica para a área, de, "· g.,
"cerúmen" como [s~'rúm'çn], com [n] implosivo sem nasalizar â vogal anterior,
embora com timbre fechado. A pronúncia corrente, entretanto, mesmo entre
H , lad (r t - " , " r-c-) ,,;, '"'"'J .M CU OS, C a nasa a COm I Ongaçao, C'. !/· regtmen f :. ~ Z!m ey . aS, nas
camadas populares incultas da área, também para vocábulos como "linguagem",
"bobagem"' a tenJência é para reduzir o final a ri L "· g. fJ.ç'~m'i] como [b9'bá~'i]: e- fato interessante - a aceitação moderna pelos lexicógrafos do 'sincretismo (( ' I . ,, {I , I , ''t tA lt t 11 I( , • I , regtmcn rcg1me , cerumcn cerume , en ·amen en ame , espectmen espe-
cime" , "albúmcnlalbume", teve como conseqüência a consagração como regime
culto da tendência manifestada nas camadas populares incultas. Note-se, por
fim, que entre cultos ocorre também o ['~] com tendência para ['i], nos sin
gulares e plurais com- n (gráfico): ['f(f)ç'~im'e] ou [f(f)~'~!m'i], [f(f.)~~im'~ni (J
[-(-:-' ,\/, ,. ' • .Y1 [-("'' ,.,;, ~"'"'] t t t t d . l d f [J~ Z!m ~n t:;]; o grau r !";Ç z!m ey , en re an O, en ra na enva gera O
vocalismo da área, com o plural [r(f};'~m"'ê'y~.
8.4.1.5 Na série (e) os fatos são mais ou menos paralelos aos da série
anteriormente examinada: a) nas camadas populares incultas, tendência para
o [i), "· g., [re'vówv'i] e mesmo [re'vóv'i]; b) nas camadas cultas de expressão . "' . "' distensa, [f(f.)~'v~lv'if(f.), [fW~'v~lv'ir'i~, quando não ocorre o pseudo-angli-
cismo [f(f.)ç'v~lv'irs] ou [r(f)~'v~lv'~rs]; c) nas camadas cultas bem falantes ,
[re'vólv'er], [re'vólv'er'i~ . d) havendo, é óbvio, por fim, um grupo que pronuncia • • L • • • • &. •
à inglêsa ou a norte-americana, já não se dirá o vocábulo com que se vem exem-
-30
plificando, dado seu largo curso já há muito difundido, mas vocábulos mats
recentes, como .rweler, boxer, .refler, poinler. Nesta mesma série, os vocábulos
eruditos de origem clássica, quando no curso popular, apresentam as caracte
rísticas apontadas, salvo, é óbvio, a (d). Nas camadas cultas, a alternativa se
limita a uma forma culta "natural", v. g ., "esfíncter" [e(i)'~rTkt'er(r)] (e também
[s(t)tfkt'~'f(VJ ), "sílex" [síl'~ks], ou uma forma de sabor requi~;;do e artificial
na área , com as terminações re.;;pectivas em [-'~f(f)] ou [-'~ks]. ~
8. 5 O [Ç] (e fechado oral intervocabular acentuado) ocorre em situações
do tipo "sapê êrmo" - isto é, [~] mais [~] -, ou do tipo "sapê esverdeado"
- isto é, [~) II).ais [~']. J nstável como tôdas as vozes dúplices, a ligação pode
verificar-se ou não, o que melhor ilu;;tram as duas parelhas de heptassílabos
seguintes a) "um sapê êrmo, compadre" e "um sapê êrmo, meu compadre",
b) tl A dd" li A dd d"( d ({ e um sape esver ea o e sape esver ea o, compa re sen o que em es-
verdeado" ,
considerará a pronúncia com a inicial [~'], so se sem const<.:erar,
pois, a sua oscilante [i')):
al) [li' sa' p~ ~r<r) m'u kõ' pá dr'i]
a2) [\i' sa' pff(f) m'u mew' kõ' pá dr'i]
bl) [lí' sa' ,
!i't ve'r(i) Ji' á d'u] pç ... b2) [sa' pft v~'f(f.) Jyá d'u kõ'
, dr'i] pa
8. 6 O [~) (e fechado oral intervocabular dúplice subacentuado) parece
só ocorrer no caso em que, em conseqÜência da formação da voz dúplice, fica
ela antes de sílaba acentuada, como, por exemplo, em "sapê ervado" - isto é,
com [~] mais [~'] -, como o ilustram os dois heptassílabos seguintes - "sapê
ervado, compadre , ({ um sapê ervado, compadre
, e :
al) [sa' ,
e'r(r) ,
d'u kõ' pá M·i] Pt;: v a ... a2) (lí' sa' p~f(f) vá d'u kõ' pá dr'i]
9. O [i] (i aberto ora{)
O [i] (i aberto oral) tem a seguinte subgama vocálica:
a) intravocabular:
(l) acentuado [í)
(2) subacentuado l~l (3) proclítico (i']
(4) enclítico ['i]
(5) final ['i]
-31-
b) intervocabular:
(6) dúplice acentuado
(7) dúplice subacentuado
(8) dúplice proclítico
/
[i] ~] [i' ]
9. O .l Não há como confundir, parece, o [i] (i dúplice oral) com o [i]longo
das expressões afetivas, v. g ., com nota de desalento, em "que v" ida 1". De
outro lado, parece, também, que militam razões bastantes para eventualmente
distinguir o (i], que a seguir será examinado, . dos ditongos (yi] ou [iy], isto é,
crescente ou decrescente, que serão considerados oportunamente.
9.1
do tipo:
O [í] (i aberto oral intravocabular acentuado) ocorre em vocábulos
a) tipo, rtco, filho, filo, filtr9, riba, arrecife
b) c!trico, lfdimo, vfvido, criva-la, ftgado
c) tupi, ouvi, sentir, vir , vil, covil, covis
9 .l.l As observações feitas em 5 .1.1 cabem, mulaliJ mulandú, ao caso ·pre
sente, inclusive no que tange a formas como "covis", "ouvis" , "perdiz" , isto é.,
quando, nos oxítonos, é seguido de -J ou -z (gráfico3), quando se observa,
no falar quase geral da área, verdadeira ditongação , provàvelmente por influ
ência da consonância palatal final - [k</víy~ , [<:w'víyt] ou [p~'f(f)J (ytj.
9 . 2 O [~] (i aberto oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá-
bulos do tipo:
a) l?dimamente, v?vidamente, f?gadozinho
b) aud~velmente, sofr~velmente, vidazinha, ativamente
c) vira-bosta, tira-teima, pipi, chichi
9. 2. l As observações feitas em 5. 2. l cabem, mulaliJ mulandiJ, ao caso
presente. Assim é que "vira-bosta" (v~ra'b~it'a ] tende para [vi'ra'bi(t'a].
assim como [p~pí] tende para [pi'pí].
9. 3 O WJ (i aberto oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos
do tipo:
a) cidade, ilibado, vtvtsecção, pirilampo
b) levezinho, dosezinha, tupizinho, sapotizão
9. 3.1 As observações feitas em 5. 3. l cabem, mufatiJ mufandiJ, ao caso
presente. Cumpre, ademais, acrescentar a este caso os oscilantes orais abertos
consignados em 8. 3. 1.
-32-
. ' 9.4 O ['i] (i aberto oral intravocabular enclítico) ocorre em vocábulos:
do tipo:
a) prático, vívido, patético, sente-lo, ouve-lo
h) fácil, ágil, grácil, pênsil, réptil, projétil
9.4.I As observações feitas em 5.4.1 cabem, mufafi.r mulandi.r, ao caso
presente, devendo-se também associar ao mesmo os fá tos referidos em 8 . 4. I . 3.
9. 5 O ['i] (i aberto oral intravocabular final) ocorre em vocábulos do tipo
a) sete, leve, célebre, célere, júri, tílburi
h) medes, leves, célebres, céleres, júris, tílburis, cálix, fênix, lápis
9. 5.1 As observações feitas em 5. 5. I cabem, mufali,r mulandi.r, ao caso
presente. Entretanto, no;; exemplos de "cálix" e "fênix", na pronúncia ultra
correta [kál'iks] e [fén'iks], passa, claramente, para ['i] . . 9.5.2 S6 por ultracorreção - sobretudo na leitura e mormente entre
crianças na fase de alfabetização - ou em bôca de alienígenas, mas sempre
deslocado da ambiência lingÜística, é que se ouve o ['i] como [';]. em quaisquer
camadas sociais da área.
9.6 ~
O [i] (i aberto oral intervo.cabular dúplice acentuado) ocorre em ,, situações do tipo "uma sede hípica", "um tupi hílare" ou "um tupi idolátrico".
isto é, com ril mais [í], com [í] mais [í] ou com [í] mais [i'], respectivamente.
Instável como Mdas a!J vozes dúplices, conforme forem ritmo, tensão e cadência
da cadeia falada, a ligação pode ocorrer ou não. Os heptassílabos seguintes
dão conta dos fatos - "uma linda sede hípica", "uma formosa sede hípica",
"tupi hílare não serve", "tupi hílare não convence", "era um tupi idolátrico"~
"parece um tup~ idolátrico":
ai) [u' ma' li' d'a · , J i' , ,.
k'.l] .St 1 pl , a2) [u' ma' f<o>'f(f)
, z'a ... J~
,. k'a] mo se pl .. · I.
bl) [tu' .. I' a nã~' sér(r) v'i]
... pl r' i ~
.r..•.
h2) [tu' l'a r' i nã~' kõ' ~ s'i] pl v e
cl) [e ra~' tu' ,
i' do' lá tr'i k'u] I.
pl . c2) .[pa'
, syu' tut. .(.
do' lá ~r'i k'u] re pl " .
9. 6.1 Importa, ainda, considerar uma hip6tese afim, a de ['i] ma1s [i']~
mais [íJ, como se figura em "leve e hílare"- a rigor, o ~i] tornado [i'], tamb~m ...
- 33 -·
ou['iJ. Figuremos as hês soluções possíveis com os três heptassílabos seguintes
"mulher bem leve e hílare", "mulher muito leve e hílare" e "uma mulher bem
leve e hílare " :
ai) [mu' Jt~<f) b"'"'' lé v' i i' ,
l'a r'iJ ey 1 ~
" a2) [mu' lér(r) muy' tu' 1é ,. .,.
l'a r'iJ Vl 1 "" .. ~ I
~3) [u' ma' mu' Jtf(f) bê'y l~ ..,.
l'a r' i] Vl ~
9 . 7 O UJ (i aberto oral intervocabular dúplice subacentuado) ocorre em
situações do tipo anterior em que, em conseqüência da formação da voz dúplice;
fica e3ta imediatamente antes de uma: sílaba acentuada, do que · dá exemplo
"tupi idiota" ("idiota" como tris~íl~bo), nos dois heptassllabos seguintes -'"era
um tupi idiota" e"falava de um tupi idiota";
ai) [é r' a Ü' tu' , ., cf' t'a] pt . } yo
I. ~
~
a2) [fa' lá v' a <Í'yu' tu' Pl dyí t'a]
em que a alternativa do primeiro heptassílabo sena:
[e raw' ·tu' pí i' di' ,
t'aJ o ~ ..
9.8 o ii'J (i aberto oral intervocabular dúplice proclítico) ocorre em situações do tipo "um homem céJ.ebre ilibado" ou "célebre e Hibado". O pri~
meiro caso comporta duas soluções e o segundo três, o que melhor ilustram os
heptassílabos seguintes - al) "um célebre ilibado", a2) "homem célebre
ilibado", bl) "célebre e ilibado", b2) "bem célebre e ilibado" e b3) "homem
célebre e ilibado":
al) [U'' ,
1'~ b ,. i' li' bá d'u] se r1 I.
a2) [1 m'ê'y ,
l'e bcii li' bá d'u] S1_ . bl) [st 1'~ br'i
., l i' li' bá d'u]
b2) [bê'y' ,
1'~ br'i .,.,
li' bá d'u] S't 1
b3) [~ m'ey ,
l'e b-:'' li' bá d'u] se n .. •
9. 8 . l Importa, contudo, lembrar que a igualdade fonética da ~adeia (a2)
com a cadeia (b2) fonêmicamente se distingue porque (a2) comporta, a rigor,
uma terceira solução, que é preci1
~amente a diferencial, consistente na elisão
pura e simples:
[t? '""'' mey ,
se t.
lO. O [!J (i fechado ora{)
1' <; bri' li' bá d'u]
-34-
O [!] (i fechado oral) tem a seguinte subgama vocálica:
a) intravocabular:
(l) acentuado [í]
(2) subacentuado [~] . (3) proclítico [i'] . "' (4) enclí.tico ['jl
b) intervocabular: , (5) dúplice acentuado lTl (6) dúplice subacentuado ri1 (7) dúplice proclítico ~']
10.0.1 Não há como confundir o qJ (i fechado dúplice) , como se pro
curará demonstrar adiante. pela exemplificação e descrição de suas situações,
com o [i] longo das expressões afetivas, v. ,q., com nota de concupiscência, "di
vina.!". De outro lado, parece, também, que militam razões bastantes para
distinguir o ditongo crescente [yiJ, que será examinado adiante.
10 . 1 O [í] (i fechado oral intravocabular acentuado) ocorre em vocábulos
a) mi11a, cimo, pino, hino, ensino, peregrinas
b) ninho, pinho, vinho, cabrinha, rodinha
<:) dnico, clEnico, química
d) tinha-me, alinha-se, sublinha-se, embainham-no
10 .1.1 As observações feitas em 5 .LI e em 6 .1.1 cabem, mulali.r mu
iandi.r, ao · aso presente.
10.2 O [~] (i fechado oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocábulos do tipo: •
) '· '· .. l'h '· a ctntcamente, mtmtcamente, prtmu aztn a , qutmtcazona
b) peregrinamente, divinamente, minazinha
c) ninhozinho, vinhazita, rinhazinha
d) lima-de-cheiro
e) pinha-9ueimadeira, pinho-do-brejo
10.2 .1 As observações feitas ein 6 . 2 . I, assim c.omo as remissões lá feitas.
cabem, mulali.r mulandi.r, ao caso presente.
-35-
10.3 O [i'] (i fechado oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos . .
do tipo:
a) cimalha, limão, pimenta, pimentão, ctmsmo
h) tinhoso, inhame, pinheiro, apinhássemos, adivinháramos
10.3 . l As observações feitas em 6. 3. I, a<>sim como as remissões lá feitas,
cabem, mulaliJ' mutandiJ', ao caso presente.
10.4 O l'iJ (i fechado oral intravocabular enclítico) ocorre em vocábulos
do tipo:
a) ótimo, péssimo, pristino, lâmina, claríssimo
h) pede-me, trouxe-me, estude-mo, entregue-mo
10.4.1 As observações feitas em 6.4.1 cabem, muiaiiJ' mulandiJ', ao caso
presente. É de tôda a conveniência, porém, ressaltar que é frouxa a tendência
à nasalização, salvo no caso de "lâmina", em que é visível que o é por sua po
sição internasal. Relembre-se que se trata de voz típica do fonetismo culto
da área. , lO. 5 O lTJ (i fechado oral intervocabular dúplice acentuado) ocorre em
situações do tipo "êc;te hino", "ouvi hinos", "conheci inocentes"- isto é, com ,
respectivamente, riJ mais [í], ou [í] mais [í], ou [í] mais [i']. o primeiro caso
se resolve por al) contigüidade pura, isto é, hiato, a2) duplicação e a3) elisão;
o segundo, por bl) contigüidade e b2) duplicação, e o terceiro, por cl) conti
gÜidade e c2) duplicação. De tudo dão conta os heptassílabos seguintes- al)
"que beleza êste hino", a2) e a3) "como embelezar êste hino?"; bl) "ouvi hinos
todo dia", b2) "ouvi hinos por tBda parte"; cl) "eu conheci inocentes ,
, c2)
" conheci inocentes lindos":
al) I ., b~' 1~ z'a ~s' ?'i n'u] Cl I
a2) [k~ mwe' b~' l~' ' ,..; ?T n'u ( ?) 1 za r~s
a3) [kc? mwe' b~' l~' ,
r~! fi n'u ( ?)] za
bl) [~nv' \
n'ur t9 du' ~~ "ya] Vl IY , b2) [ç>w'
... n'u~ pu'f(f) t~ d'a pá'f(f) f'i] V!
cl) [~w k~' ne' ' i' nc/ ,t
1'itl Sl se ..... c2) [ko' ne'
~ n9'
,/, ?'i! If d'us'] S! se ..., • . .
devendo-se, ainda, considerar a solução c3) de elisão, mas com a particularidade
importante de que da voz elidida fica um resquício, a saber, o timbre fechado:
c3) [k<?' ne' ... n9' ,!,
se I
li d'urJ
36-
10.5.1 Cumpre, aliás, não esquecer que a tendência â nasalização per
dura mesmo nas vozes dúplices acima consideradas, com as duas seguintes
particularidades: a) num primeiro grau de tensão expressiva e culta, o primeiro
membro da voz dúplice pode ser n~tidamente oral; h) num segundo grau de
tensão, digamos, em grau distenso e espontâneo e popular, a voz dúplice nos
dois membros já é na;,alizada, mais ou menos fortemente.
' 10.6 o m (i fechado oral intervocabular subacentuado) ocorre em situações
em que, em conseqüência da formação de uma voz dúplice que deveria ser
acentuada , na conformidade do exposto no nú~ero 10. 5, fica ela imediatamente
antes de uma sílaba acentuada, do que dá exemplo "comi inhame" , cujas duas)
soluções (contigüidade e voz dúplice) são exemplificadas pelos heptassílabos ai)
"comi inhame com gôsto" e a2) "comi inhame noite e d ' " 1a :
I) [kg(u)' mí ., ,
m'i k~' ót t'u] ! na g, " a2) [k~(u)'
~ ná
,. ' 1i' d'íy 'ya] ml m 1 n9y ...,
lO. 7 O lT'J (i fechado oral intervocabular proclítico) ocorre em situações
do tipo "êste hinário", "febre inalterada" , isto é, com ['i] tornado [ i'] mais [i').
Tais situações podem resolver-se al) por contigüidade, isto é, hiato , a2) por dupli
cação e a3) por elisão, permanecendo, neste caso, o timbre fechado com tendência
à nasalização. Os heptassílabos seguintec; dão conta dos fatos - al) "a febre
inalterada" e a2) e a3) "uma febre inalterada":
al) [a' fé br'i 'I nal t«?' r á d'a] ~ !
a2) [u' ma' f,' b -:, nal te' ,
d'a t q r a . a3) [u' ma' fé h ri' na'l tt;' r á d'a]
~
10.7.1 Há, ainda, a hipótese de ['i] tornado [i'] mais [i'] mais [i']. como
em al ) "leve e inalterada", a2) "côr leve e inalterada" e a3) "corpo leve e inal-
terado" : -
al) [!é ,. ., .,
na'l te' ,
d'a] v 1 1 ! r a I.
a2) [k9f(f) lé ,. ... ,
na1 t~' r á d'a} Vl l ~ .
a3) [k~f(f) p'u lé v-r' nal te' r~ d'u] ~ . .
11 .0 [ ~] (o aber.lo oral)
O f o] (o aberto oral) tem a seguinte subgama voc~lica: !..
a) intravocabular:
(l) acentuado
(2) subacentuado
(3) proclítico
[ó] I.
[ol " [o'] ~
h) intervocabular:
(4) dúplice acentuado ~
[õ] ~
(5) dúplice subacentuado [Õ] L
11.1 O [ó] (o aberto oral intravocabular acentuado) ocorre em vocábulos L
do tipo:
a) poda, pode, mola, molha, arrolha, tropa, melhores
b) trópico, código, monólogo, cólicas, poda-lo, corta-lo
c) bocó, abricó, xodó, atol , redor, atroz, suor
11 1 1 As considerações feitas em 5. I. 1 cabem, mulali.r mulandi.r, ao
caso presente, inclusive no que tange a "atroz" e, decorrentemente, a "abricós", t:l
por exemplo.
11.2 O [o] (o aberto oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá· . .. bulos do hpo:
a) modicamente, otimamente, càdigozinho, monologozinho
b) màvelmente, molemente, molazinha , tropazinha
c) bota-fora, toque-toque, norte-americano
d) totó, vovó
ll . 2 . 1 As considerações feitas em 5. 2 . l cabem, mufali.r mulandi.r, ao
caso presente.
ll. 3 O [o'] (o aberto oral intravocabular proclítico) ocorre em vocábulos L
do tipo:
a) pró-britânico, pró.árabe, pró-indígena
b) abricàzal, xodozinho, atolzinho, tropinha, malinha
ll . 3 . l Dentro da série (a) o [o'] tende a passar a [o'] se toma de largo I • L •
uso, tal o caso de "pró-matre", usualmente e maioritàriamente pronunciado
no Rio [pr<!'mátr'i] (para o que, é óbvio, corrobora a posição antenasal, que,
porém, não é decisiva nos compostos eruditos; aliás, no caso em aprêço, que o
processo fica a meio se vê do fato de que o [o'] jamai'3 se pronuncia nasalizado).
Ainda na série (a) poderiam ser incluídos os vocábulos do tipo "totó" e "vovó",
que o foram na série (d) de 11.2 . É que com os me~mos a flutuação é tríplice -
- e, por estranho que possa parecer, corresponde a três fases do processo de
consolidação da aquisição da língua na área, de um modo geral - : L) [v~v~l,
2.) [v~'v~], 3.) [v<?'vzl (enquanto o correlato "vovô" apresenta, como é de
-38-
esperar, só duas: l.) [v~v§], 2.) [v<?'v§]). Quanto à série (h), as observaçóes \
feitas em 5. 3 .l cabem-lhe, mutali.r mulandi.r. Esclareça-se, entretanto, que nos
vocábulos do tipo dos três primeiros exemplificados deve-se distinguir os termi
nad~ em -z/nlw(a)(.J), que mais fàcilmente guardam não apenas o [(l_'], mas
são freqüentemente, nas leituras tensas, pronunciados com [à], dos terminados I.
por sufixos outros iniciados por -;;-, os quais . ao contrário, guardam o (o'], I.
mas são freqüentemente, na fala distensa, pronunciados .com [~'] ou senão com
um timbre intermédio eo.tre o aberto e o fechado. Quanto aos casos de "tro
pinha", "rodinha", molinha" . muito freqüentemente tendem, na expressão
distensa, para o [</], sobretudo nos casos em que na consciência do indivíduo
f~lante não há diminutivo, tal o caso de "modinha" (na área carioca não há
"moda" como equi.valente de '''canção, toada''), tão [mo'<fío'a] que não poucas
vêzes, mesmo entre cariocas, é [mu'<fíu'a]. isto é, com homofonia com
dinha", diminutivo de "muda".
" mu-
11.3.2 Aliás não são poucos os casos em que de um tipo como [bàta'fóg'u] ' ~ . se transita para [b<.?'ta'f§g'u] para se chegar a [bçl'ta'f§.g'u], que é o normal,
no Rio, para o topônimo Botafogo, estágio também normal para, por exemplo,
"rodapé" ['f(f)ç' da'pil·
11.4 O [Õ] (o aberto oral i.ntravocabular dúplice acentuado) ocorre em ~
s.ituações do tipo "abricó 6timo". Instável como tôdas as vozes dúplices, con-
forme forem tensão, ritmo e cadência da cadeia falada, pode verificar-se ou
não a ligação, do que dão conta os dois heptassílabos seguintes "era um
abricó 6timo" e "sim, senhor, mé!-s que abricó 6timo ,
:
al) [é r' a Nf a' bri' kü ,
~'i m'u] u o " ~ ~
a2) [s~ se' nór(i') m'ar kya~ b ., k~ 7'! m'ul n W•• •
11.4.1 Importa, ainda, considerar a ·hip6tese de[~] mais [o'], como ocorre
em situações do tipo "xodó horroroso", por exemplo. Figuremo-las em dois
heptassílabos, os seguintes- "é um xodó horroroso" e "infame xodó horroroso" :
al) [e l
a2) [1"
..
ra~' (ç'
f~ m'i
dó I.
'(o' . f(f)<?' 'f(f)ç'
, rç ,
rq
z'u]
z'u]
11.5 O [~] (o aberto oral intravocabular dúplice subacentuado) ocorre em
situações de [ó] mais [o'] .Jupra referidas, mas de tal modo que, como decorrência ~ ~
da formação da voz dúplice, fica ela imediatamente antes de sílaba acentuada,
-_ .L-_,_ ---~---~-.:. ----=--
-39-
11. g., "xodó horrível", cujas duas soluções ilustram os heptassílabos seguintes
-"era um xodó horrível" e "infamante xodó horrível":
ai) [{
a2) {i' r' a u' tç>' ,
mã 1'i
12.0 [<;>] (o fechado oral)
"f(J)(
f(g)~
O [o] (o fechado oral) tem a seguinte subgama vocálica: . a) intravocabular:
(I) acentuado
(2) subacentuado
(3) proclí ti co
( 4) enclí ti co
b) intervocabular:
(5) dúplice acentuado
(6) dúplice subacentuado
( <?] ( <}] ( <?'] ['~]
, [9] [~]
12.1 O (?J (o fechado oral intravocabular acentuado) ocorre ·em vocábulos do tipo:
a) tôpo, corpo, lôbos, môlho, sôpro, côbro, lorpa
b) sono, dono, soma, ressona, coma, toma
c) sonho, enfadonho, ponho, medonho, tristonho
d) trôpego, fôlego, lôbrego, sôfrega
e) cônego, fônica, atônito, atômico, tôma-la
f) sonha-lo, reponha-o
g) babalaô, borocoxô, amor, horror, verdor, algoz
12 .1. 1 As observações e remissões feitas em 8 .1.1 cabem, mulali.r mu• landi.r, ao caso presente.
12.2 O [<}] (o fechado oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá· bulas do tipo:
a) trôpegamen~e, sôfregamente, lôbregamente, fôlegozinho
b) tôpozinho, corpozito, sôprozinho, lôbozão, tôlamente
c) sonozinho, somazita, doidonamente, tomozinho
d) sonhozinho, enfadonhamente. tristonhozito
-40-
e)' lJbo-cerval, côrvo-marinho, lJbo-marinho
f) dona-d' algo, dona-branca, dono-da-serra
g) sonhos-de-ouro
12. 2. 1 As observações e remissões feitas em 8. 2. 1 cabem, mulali.r nzu
fandi.r, ao caso presente.
12.3 o [<]'] (o fechado oral intravocabular proçlítico) ocorre em vocá
bulos do tipo:
a) rotundo, coletar, esbodegar, coonestar, coordenar
h) começar, romaria, coonestar, tomar, comemorar
c) borocoxôzâo, babalaôzinho, amorzinho, amorinho
12. 3. 1 As observações feitas em 8. 3 1 cabem, mutali.r mulandi.r, ao caso
presente. A oscilação a que lá se refere, aqui tem o tipo [<?' I u'], com tendência
à nasalização quando a voz seja antenasal: "esbodegar" [(t;)(i)'ib~(u)'d~ gá'f(f.)],
"começar" [kç>(u)'m~'sáf(f)) ou [kõ(Ü)'m~'sáf(f)] (a nasalidade, de qualquer
modo, é branda, diga-se assim , à falta de melhor). Acrescente que, com relação
à série (c) .rupra, o seu [o'] não só apresenta um certo matiz diferencial com
relação ao das duas séries anteriores, mas também dentro dela.
12.4 O ['9] (o fechado oral intravocabular enclítico) ocorre em vocábulos
do tipo:
a) prólogo, decágono , óbolo, di~cóbolo, exágono
h) próton , cólon, nêutron, cíclotron
c) flúoi"
12.4 . 1 A observações feita em 8 4 . 1 cabem, mutali.r mulandi.r ao caso presente.
12 4.2 Na série (a) , na medida em que o vocábulo se divulga no curso
popular ou geral da língua , tende o ['<:] a passar para ['u), oral puro ou pro
penso à nasalização , se antenasal; aquela tendência, aliás, se manifesta, mesmo.
entre culto!>, na expressão espontânea e distensa, "· g., "óbolo" [ób'~(u)l'u],
"discóbolo" [d'' i '~'k~b'<;> (u) l'uL "decágono" [d~'kág'ç>(u)n'u]. De todos os modos,
a nasalização é, digamos assim, muito branda.
12 . 4 3 Na série (b) , somente entre bem falantes e com certa tensão
psíquica se verifica a pronúncia, canônica para a área , de ['<;>) seguido de [nJ
implosivo. Normalmente , isto é, correntemente, a pronúncia é, para "próton",
[prót'õ] , para "cólon", [kól'õ] Não é senão pela dificuldade geralmente ~ - ~
sentida na língua que os lexicógrafos na área preconizam sucedâneos sincréticos,
-41-
como "protão", "neutrão", "ião" ou "ionte", "ciclotrão", embora êstes sejam
de restrita aceitação. No plural, o canomco, "prótones", "cólones",
[pr~t'çm'i~'J, [k~l'çnti~], só ocorre em situações tensas, mas em compensação,
para o singular, corrente, tanto se ouve, semitenso, [pr~t'õ~, quanto, distenso
e natural, [prót'õyt]. L
12 . 4. 4 Na série (c), a pronúncia canônica e corrente para as camadas
sociais da área em que o vocábulo é encontradiço, "flúor", é [flú'?r(f)]. consig
nando-se , porém, também, uma forma requintada [flú'~r(f)J, e, no outro pólo,
a que é talvez a mais corrente [flú'w~f(f)]. A série é, aliás, representada, salvo
êrro tão-somente pela palavra exemplificada, salvo o emprêgo eventual de
latinismos em linguagem técnica, como turgor em biologia - mas ainda aí os
dois fatos iniciais apontados para "flúor" vigoram (a palavra foi de emprêgo
freqüente nas aulas de Didática Geral, na Faculdade Nacional de Filosofia,
da Universidade do Brasil, pelo menos pelos anos de 1939 a 1942).
12.5 o r§J (o fechado oral intervocabular dúplice acentuado) em situações
do tipo "xangô ôco" ou "xangô horroroso" -isto é, respectivamente, com [ó] . mais [~] ou [~] mais [<?']. Instável como tôdas as vozes dúplices, no primeiro
caso pode haver a1) mera contigüidade ou a2) duplicação, enquanto no segundo
b1) mera contigüidade, b2) duplicação ou b3) elisão. Ilustram os fatos os se-. t h t '1 b 1) li A A I • " 2) li A A -gum es ep ass1 a os - a xango oco e co1sa rara , a xango oco nao me
convence", bl) "xangô hororroso e forte", b2) e b3) "xangô horroroso e potente":
al) [~ã' g9 ,
kwt' kgy z'a f (f.) á r'a] 9 [~ã'
/
nãw' kõ' ,
a2) gõ k'u mi' v e s'i] • bl) [~ã' ' (/ 'f(f)o' ' zwi' fói"(r) t'•i] g9 Ti? " ..
[~ã' ; , I
?'i] b2) g9 r(r)ç' r9 zwi' pg' tê
[iã' ,
zwi' I
1'i] b3) g§ r(r)o' ri? PC?' t~ . 12.6 o ' [~] (o fechado oral intervocabular dúplice subacentuado) parece
, ocorrer no caso em que, em conc:eqüência da formação de uma voz dúplice so
segundo o esquema antecedentemente examinado, fica ela imediatamente antes
de sílaba acentuada, como em "xangô horrível". 03 dois heptassílabos seguintes
dão conta dos fatos - "xangô horrível de morte", "xangô horrível é de morte":
a1) [~ã' , 9' r<r)í v'~l Ji' mó r( r) f 1i] gg
L • •
a2) [~â:' ..
r(r)í v'ç I e d'i' mór(f) ?'i] g~ L L' •
13.0 [u] (u fechado ora{)
42-
O [u] (u fechado oral) tem a seguinte subgama vocálica:
a intravocabular:
(1) acentuado
(2) 3ubacentuado
(3) proclítico
(4) enclítico
(5) final
h) intervocabular:
(6) dúplice acentuado
(7) dúplice subacentuado
(8) dúplice proclítico
(9) dúplice enclítico
·(lO) dúplice final
[ú]
[Ú]
[u']
['u]
['u]
/
[ü]
(àJ [ü']
['ü]
['ü]
13 . O . 1 Não há como confundir o [ii] dúplice, como se verá adiante pela
cxc.nplificação e descrição de suas situações, com o [u] longo das expressões
afetivas, v. g ., com nota de repulsa, "estúpido!". De outro lado, parece que
militam razões para distinguir o [u] dúplice e o [u] longo dos ditongos, que
taubém serão examinados adiante, [uw) e [ wu] - decrescente e crescente.
13.1 O [ú] (u fechado oral intravocabular acentuado) ocorre em vocá
bulos do tipo:
a) cuba, aluga, produza, fagulha, estulto, curva
b) alguma, escuna, alúmen, estrume, reúnes, espuma
c) unha, cunha, alcunha, punho, punha
d) túrgi.do, fúlgido, cúpido, lúpulo, esculpe-lo, est~da-lo
e) túnica, única, úmido, túmido, reúne-la, apruma-lo
}) punha-me, dispunham-no, alcunham-no
g) tatu, urubu, tu, abajur; azul, taful, alcaçuz, tatus
13. 1.1 As observações feitas em 5. 1.1 e em 6 .1. 1 cabem, mulali.r mu{andi.r,
ao caso presente.
13.2 O [t] (u fechado oral intravocabular subacentuado) ocorre em vocá
bulos do tipo:
CJ) turgidamente, lupulozinho, estupidozão
b) unicamente tumidame:J.tc, tunicazinha, unicazona
-43-
c) cubazinha, escudozinho, puramente, impuramente, voluvelmente,
soluvelmente, voluvelzinha
d) escunazinha, espumazona, unamente
e) lufa-lufa, fura-bôlo
}) fumo-bravo
g) unha-de-gato
13.2.1 As observações feitas em 5.2.1 e em 10.2.1 cabem, mulali.r
mulandi.J', ao caso presente.
13 .3 O [u'] (u fechado oral intravocabular proclítico) ocorre em, vocábulos
do tipo:
a) urubu, urucubaca, ·suportar, azular, insuflamento
h) umidade, sumidade, unidade, acumular, luminoso
c) unhada, punhalada, punhal
d) tatuzinho, urubuzinho, tafulmente, abajurzinho, dedozinho, velho
zinho, velhozito, doidozão, tatuzão
13.3 .1 Na série (a) há matizes diferenciais entre os diversos [u'], na me
dida em que se distanciam da sílaba acentuada, havendo, por vêzes , flutuação
rítmica, tal o caso , figurativamente, de "urucubaca", a saber [~ru'ku'bál{'a] e
[u'rúku'bák'a] .
13 .3 .2 A série (h) pode apresentar o mesmo fenômeno, mas é ela separada por
constituir o caso de [u'] antenasal, isto é, com tendência à nasalização, tendência.
mais marcada ainda na série (c).
l3 .3 .3 Na série (d), mas entre bem falantes em situação tensa, ouve-se por vê
zes nítida diferenciação , entre, por exemplo, "tatuzinho" e "dedozinho" - regu
larmente pronunciados [ta'tu'zio'u] e [dt!'du'zje'u] - o primeiro dos quais
Passa a [ta'túzín'u]. Na realidade, entre "tatuzinho" e "tatozinho" a diferenca, v •
regularmente, não é senão a de que o segundo é pronunciado [tàtu'zju'u]:
13 .4 O ['u] {u fechado oral intravocabular enclítico) ocorre em vocábulos
do tipo:
a) prófugo , lúpulo, prímula, glóbulo, épura
b) póstumo, ponho-me, batizo-me, suicido-me
15 . 4 . 1 As observações feitas em 10 .4 . 1 cabem , mulalu mulandiJ", ao
caso presente.
-44-
13. 5 O ['u} (u fechado' oral intravocabula r final) ocorre em vocábulos
do tipo: '
a) lôbo, lombo, rabo, ato, côvado, lêvedo, alho, vago
h) lôbos, lombos, rabos, atos, côvados, lêvedos, .alhos, vagos,
13.5.1 As observações feitas em 5 .5.1 cabem, mulati.r mulandi.r, ao cas<>
presente.
13.5. 2 Só por ultracorreção - ·· sobretudo entre crianças em ·fase de
aprendizado e, ao que consta, por influência do ensino primário - mas deslo
cadíssima da ambiência lingüística, se ouve o ['u] como l'o]1 se não se t rata de
indivíduos falantes alienígenas à área, ma;; não, quiçá, ao Brasil, em que, veros
similmente, há pontos em que ocorre a alternativa acima figurada.
13.6 O [IT] (u fechado oral inte~vocabular acentuado) ocorre em situações
do tipo "belo ubre", "belo Úmero"- isto é, de ['u] mais [úJ, no primeiro caso,
não antenasal, e no segundo, antenasal; do tipo "tatu último", tatu único"
- isto é, de [ú] mais [ú], no prim<:iro caso, não antenasal, e no segundo, ante
nasal; do tipo ;'tabu utilitário", "tabu unificador" - isto é, de [ú] mais [u'],
no primeiro caso, não antenasal, e no segundo, antenasal. Instável como tôdas.
as vozes dúplices, a ligação se resoive a) por mera contigüidade, isto é, hiato,
e b) por duplicação. Os heptassílabos seguintes figuram as hipótese - a1) "a
vaca tem belo ubre", a2) "esta vaca tem belo ubre"; bl) "êste é um belo Úmero",
b2) "mas é realmente um belo Úmero"; c1) "o tatu último aqui", c2) "do tatu.
último daqui"; dl) "o tatu único aqui", d2) "do tatu único daqui"; el) "é tabu utilitário", e2) "dêste tabu utilitário"; fl) "tabu unificador", f2) "é tabu
unificador":
al) [a'
a2) (e~ ~
bl) [~t b2) [ma'
cl) [u'
c2) [du'
dl) [u'
d2) [du'
el) [e
e2) [de~ . fl) [ta'
f2) [e ~
vá
ta'
f'i
z~ ta' ta'
ta'
ta'
ta'
1 i' bú
ta'
k'a vá
~ f(f)yàl tu .~-tül
t~
" trr
bú
ta'
.u'
biÍ
t~y'
k'a
U.' ,!.
me
úl i''! ú
,. n1
u'
bá ni'
ni'
b{ l'u I.
tey' h~ h{ l'u
?yU.' h~
?'i mwa'
m'u da'
, u
; lü ' u
1rr k í]
kí]
br'i]
br'i]
m'~
m'~
n'i kwa' kí]
k'u
fi' t' i' fi'
fi'
da'
li'. li'
ka'
ka'
kí] tá r'yu}
tá ~yu}
d§f(f)l dór(r)] ....
r'u]
r'u]
-15-
13. 6 . l Note-se que as vozes dúplices antenasais mantêm a tendência à nasalização, ainda que tão-somente na secção final de sua enunciação.
I3. 6 . 2 É curioso, a mero título de cotejo, lembrar que a cadeia falada
figurada em (c2), "do tatu último daqui" difere de "do tato último daqui"
(por hip6tese) tão-somente numa sílaba: ,_
[du' tà tül f 'i m'u da' kí]
I3. 7 O (n] (u fechado oral intervocabular dúplice súbacentuado) ocorre
em situações em que, como conseqüência de voz dúplice que deveria ser acen
tuada como examinada no número anterior, fica ela imediatamente antes de
uma sílaba acentuada, do que dá exemplo o cotejo dos dois seguintes heptas
sílabos - "sagu usado na China", "sagu usado entre chineses":
ai) [sa' gú
a2) [sa' gà u'
' za
zá d'u ·na'
dwe' tri' ~i' . ' nc; n a]
z'i~
I3. 8 O [ü'] (u fechado oral intervocabular dúplice proclítico) ocorre em
situações do tipo "livro usado", "jôgo unido", isto é, com ['u] (tornado (u'])
mais [u']- e êste último quer não antenasal, quer sim, como nas duas situações
acima presumidas. A situação em aprêço pode resolver-se por ai) mera conti
güidade, a2) duplicação, ou a3) elisão. Os heptassílabos seguintes dão conta
dos fatos- ai) "livro usado por môças", e a2) e a3) "livro usado por soldado":
ai) [lí vr'u u' ' d'u puJ(f) ' s'a] za m~
a2) [lí vrü' ' d'u pu'f(f) s<,>'l dá d'u] za a3) [lí vru' ' d'u pu'f(f.) s~'l dá d'u] za
I3.9 O ['ü] (u fechado oral intervocabular dúplice enclítico) ocorre em
situaçÕes do tipo "livro-o", "amparo-o" - que, cumpre frisá-lo, pertencem ao
vocalismo culto da área , quiçá do Brasil. Os dois heptassílabos seguintes ilus
tram as soluções- ai) "amparo-o com carinho" e a2) eu amparo-o com carinho':
ai) [ã' pá r'u 'u
a2) [~w ã' pá r'ü
kõ(í':O' ka'
kõ(u)' ka'
' n v'u]
n'ul
I3. 9. I Seria, ainda , possível configurar situação comparável à de 5. 9. l,
o que nesta altura já é dispensável. Êsse mesmo rüJ, seguido de pausa com
intonação descendente ou ascendente, passa a ~ü].
13.IO Cumpre, por fim, lembrar que o artigo definido masculino singular
"o" é um [u'], que assim perdura quando anteconsonantal; antevocá~co, tende
ou não a duplicar-se, se a voz é [Ú] ou (u1; se quaisquer outras, tende ou não
a passar a [ w]. o mesmo dir-se-á de "do"' 11 , no
-46-
14.0 [ã] (a fechado na.ra!J
O [ã] (a fechado nasal) tem a seguinte subgama vocálica:
a) intravocabular:
(l) acentuado ,
[~]
(2) subacentuado [i]
(3) proclítico [ã']
(4) final ~]
b) intervocabular:
(5) dúplice acentuado .!. [~]
(6) dúplice subacentuado ~] (7) dúplice proclítico [i']
14.0.1 Ademais - e acorde pelo menos com a impressão auditiva da
pronúncia culta tensa da área- há 1,1ma categoria de vozes dúplices "orinasais"
e outra "nasorais". como se verá no correr da exposição.
14.1 O [ã] (a fechado nasal intravocabular acentuado) ocorre em vocá~ bulos do tipo:
a) manga, tango, samba, a1 ravanco, estanque
b) pândega, vândalo, sândalo, lâmpada, espanta-se
c) anã, alemãs, cidadã, aldeã, manhãs
14 . 1.1 As observações feitas em 5 . 1.1 cabem, mulali.r mufandi.r, ao caso
presente. Observe-se, outrossim, que na área carioca é impossível - na base
acústica - reconhecer-se qualquer prolongamento de [m] ou [n] consonântico&
relaxados depois dessas nasais , como, aliás, de quaisquer outras, em quaisquer , pos1çoes , sendo, pois, ((manga", "pândega'' ou 11anã" efetivamente [mãg'aL , , p1td'~g'a] ou [~'n~].
14.2 O [~] (a fechado nasal intravocabular subacentuado) ocorre em vocá
buos do tipo:
a) vândalamente, pândegazinha, sândalozito
b) estanquemente, tangozinho, sambazinho
c) manga-rosa, campo-nativo
14. 2. 1 As observações ~eitas em 5. 2. 1 cabem, mufati.r mutandi.r, ao caso
presente.
14.3 O [ã'l (a fechado nasal intravocabular proclítico) ocorre em vocá
bulos do tipo:
a) amparo, anteparo, antecipar, vandàlicamente, cantoria.
h) manhãzinha, anãzinha, alemãzona, aldeãzita
14.3: 1 As observações feitas em 5. 3.1 cabem, mutati.r mufandi'.J·, ao caso
presente.
14.4 O ['ã] (a fechado intravocabular final) ocorre no vocábulo. "ímã''.
Dada a singularidade do caso, não merece outros comentários, a não ser o de que,
nas raras o::orrências do seu emprêgo por necessidades técnicas nas camadas
menos cultas, tende claramente à perda da nasalidade final, sendo pronúnciado. l I
então [!t'1)m'a] ou, ao contrário, mas rar.amente, [í ~ m"ãw]. entrando, num
caso como no outro, na deriva fonética popular da área. r
14. 5 O [i ] (a fechado nasal intervocabular dúplice acentuado) ocorre em
situações do tipo "manhã antefinal", "manhã ampla", isto é, com ['i] mais [~'] ou [f] mais [iÍ ]. Instável como tôdas as vozes dúplices , conforme forem tensão,
ritmo e cadência da cadeia falada, a ligação pode ou não verificar-se, o que é ilustrado pela série seguinte de heptassílabos - al) "a manhã antefinal", a2)
.'azul manhã antefinal", bl) "manhã ampla, generosa" e b2) "manhã ampla
de belo . " maiO
ai) [~' mlf' .J ã' i? i' f i' nál] na
v /
a2) [a' zúl m~' ;;I p i' f i' nál] na ..
bl) [m~' nã ,
pl'a g~' nç' ró z'a] ã "' \
b2) m;;' ni pl'a d' i' bé l'u ' 'yuj ~
may
' 14 .6 O [ã] (a fechado nasal intervocabular dúplice subacentuado) ocorre
em situações semelhantes às anteriores em que, em conseqüência da formaç-o
da voz dúplice, fica ela, entreta<1to, imediatamente antes de sílaba acentuada,
"· g., "manhã antiga", como se vê dos dois heptassílabos seguintes- al) "manhã
.antiga, risonha " e a2) " manhã antiga e risonha " na
ai) I
t'í , [ma' "" ã' g'a rWi' n'a] na zq
v ~ v
a2) [n;;' m;;' .. ?í ., ro:Y zó !]'a] na gl ..,
14.7 O [~'] (a fechado nasal intervocabular dúplice proclítico) ocorre em
situações do tipo "pausa antefinal", isto é, com ['a] (tornado [ d]) mais (ã'].
As situações dêsse tipo, na área, comportam três soluções: al) contigüidade,
4:>2) duplicação - que é a do caso considerado, e a3) elisão pura e simples do
- 48 -
{'a]. Os heptassílabos seguintes dão conta dos fatos- ai) "a pausa antefinal"
e a2) e a3) "esta pausa antefinal":
ai) [a' ,
z'a ã' 'P i' fi' náiJ paw
a2) [et ta' páw zl' 1 i' fi' nálJ ~
a3) [et ta' ,
zã' li' fi' n{l] ~
paw )
14.7.1 É ilustrativo, por exemplo, comparar a situação de I4 . 5 (a2) com
a {a2) .rupra. E mais ilustrativo, ainda, correspondentes às duas situações de
duplicação aludidas, comparar ai) "esta manhã antefinal" com a2) "esta manha
antefmal": ,
ai) [et ta' m~' ;::; 1' i' fi'· .náiJ na
lo "' a2) rer ta'
, n~' 'P i' f' nálJ ma 1
~ . v
14. 7.2 Não se consideram os enêontros de ~ã] com vozes iniciais de vocá
bulos, pelas razões expostas em I4.4.
14.8 HáJ tratadas linhas a seguir;' umas quantas vozes dúplices ~no
sentido em que vêm sendo tomadas até aqui nesta exposição-· que apresentam
a particularidade de terem seus dois "momentos" diferenciados, com ser o
primeiro "momento" oral e o segundo "momento" nasal- vozes dúplices que
serão .denominadas (o palavrão é proposto com funda· consciência de que é
sujeito a retificação) "orinasais". Sua representação gráfica é um problema
que se tentará superar separando-lhes os "momentos" por uma barra oblíqua
(/). Os "momentos" guardam, via de regra, vestígios do acento de intensidade
original ou sofrem certas formas de assimilação, que se torna completa, através
da crase, na elisão. Ver-se-á, assim, por exemplo, que [a'/ã] é uma voz dúplice
orinasal, com o primeiro "momento" oral aberto inacentuado (tornado proclí
iico) e o segundo fechado nasal acent~ado; que [àjã] representa uma voz inter
vocabular dúplice orinasal com o primeiro momento oral aberto subacentuado
e o $egundo nasal íechado acentuado; e assim sucessivamente.
14.9 As situações cujas ligações (nesta seção) podem gerar as vozes inter
V~cabulares dúplices orinasais são as seguintes:
(I) [, 1 · r· .!J " · , 1 , r '/-1 a ma1s a - caJa amp o a a ;
(2) [á] mais [ã'] - "cajá antigo" [à/ãJ(com a sílaba seguinte acentuada);
(3) [á] mais [ã']-"cajá ancestral" [á/ã'] (com a sílaba seguinte inacentuada);.
(4) ~] mais [ã]- "caixa ampla" [a'/ã], donde [~'/ã], donde [~'/ã' ];
(5) ['a] mais [ã']-"caixa antiga" [a'/ã'] donde [~'/ã'], donde[!'], donde [ã'J.
-49
I4.9.I Examine-se a hipótese (I). Como é natural. há dois casos: ai) o
da mera co-:ttigüidade, e a2) o da voz dúp!ice orinasal; sejam os heptassílabos
- ai) "caj.i amplo de verdade" e a2) ,;um cajá a~plo de ve{"dade":
ai) [ka' ~à a2) [~' ka'
ptiu Ji' pl'u cl i'
v~'f(f) dá
v~'f(f) dá
él\i]
d'i]
I4 . 9 . 2 Examine-se a hipótese (2). Como é natural, há dois casos: ai) o
de mera contigüidade, e a2) o da voz dúplice orinasal; sejam os heptassílabos
- ai) "cajá antigo dos índios" e a2) "um cajá antigo dos índios": /
d'•yut) ai) [ka' ~á ã' ?í g'u· du' ,.,
Zl
a2) [~' ka' ~à;ã ?í g'u du' ,f,
<f,yu~] Zl
14 .9.3 Exàmine-se a hipótese (3). Como é naturál, há dois casos: ai) o
de mera contigüidade, e a2) o da voz dúplice orinasal; sejam os heptassílabos
- a I) "cajá ancestral dos índios" e a2) "um cajá anc~stral dos índios":
al) [ka• Ú a2) [~' ka'
ã' s~'r tráÍ du'
'Ú/ã' sf:{( trái du'
,:, Zl ,:.
.Zl
14.9.4 Examine-se a hipótese (4). Como é natural, há quatro casos:
a 1) o de mera contigüidade, a2) o de voz dúplice orinasal cujo primeiro momento
não acusa assimilação, a3) o de voz dúplice orinasal cujo primeiro momento
acusa assimilação de timbre, e a4) o da voz dúplice nasal, isto é, em que o pri
mei ro momento se assimilou completamente ao segundo quanto ao timbre e
nasaliJade. Sejam os heptassílabos para ai) "era uma caixa ampla" e para
a2), a3) e a4) "era mais uma caixa ampla":
a1) [e u' káy ~'a ' pl'a] r a' ma' ã ~
'ia•;ã a2) [e r a' may' zú m'a kày pl'a] ~
~ .f a3) [e r a' may' ,
m'a kày a'/ã pl'a] zu L
~i a4) [e r a' may' ' m'a kày pl'a] zu ~
14.9.4.1 O caso (a2) .rupra é ostensivamente falso. para a natureza da
cadeia falada considerada. Corresponde. a rigor. a uma situação do tipo- por'
suposição - "caixa à ampla" Com falso . entretanto, não se quer dizer cere•
brino, mas tão-somente que, ao praticá-lo, o indivíduo falante, na área, arrisca-se
a não ser compreendido e revela, por certo, uma contensão ultracorret.a na
emissão da cadeia falada.
I4.9.5 Examine-se a hipótese (5). Como· é natural, há cinco casos: al) o de mera contigüidade, a2) o de voz dúplice orinasal cujo primeiro momento não
I
-50-
acusa assimilação, a3) o de voz dúplice orinasal cujo primeiro momento acusa
a~similação de timbre, a4) o de voz dúplice nasal, e aS) o de voz nasal simples,
pela elisão pura. Sejam o:> heptassílabos para a1) "aquela caixa antiga" e para
a2), a3), a4) e aS) "mas aquela caixa antiga":
a1) [a' k' t la' káy ~'a ã' Pí g'al
a2) [ma' za' kt la' káy '!a' /ã' fí g'al
a3) [ma' za' k' ~ la' káy ~a'/ã' 1í g'a]
a4) [ma' za' k' t la' káy ~~I Pí g'a]
aS) [ma' za' k~ la' káy ~ã' fí g'a]
14.9.5.1 Com relação ao caso (a2) .rupra, veja-se, mulali.r mulandi.r, o
que se diz em 14 .8.4.2.
14.10 A seguir vão rápidas linhas sôbre as vozes dúplices 11 • ,,
nasorats Sua
configuração é a da "orinasais". com duas particularidades diferenciais: a) não
se observou nenhum fato de assimilação - e nos casos em que parece haver
sempre ocorre que a assimilada é antenasal - ; b) o primeiro "momento" como
que perde seus traços originais quanto ao acento de intensidade . inaccntuando-se . ,
.ou subacentuando-se- será isso porque a língua só possui um [ã] final vocabular,
que é sempre acentuado, daí decorrendo que a omissão de sua acentuação típica
não o despoja do seu caráter diferencial '? Os casos por considerar são (l) [ã]
mais [á]; (2) rãJ mais [á]; (3) [iÍl mais [a']. e (4) [ã] mais [a'].
14 . lO . 1 Examine-se a primeira hipótese , (1), em função dos dois heptas
sílabos seguintes - a1) "anã ágil de verdade" e a2) "uma anã ágil de verdade":
a 1) li!' \. ~'il di' v~' f(?) dá J'i] na a
ai) lu' m~' nã/á ~'ii <r i' vc;'~(f) dá d'i]
14 10 .2 Examine-se a hip§tese (2), em função dos doi~ hepta o;síbalos
seguintes - al) "esta anã pássaros" e a2) "esta anã passarinhos .. ama ama :
a1) [ê~ I
' pá r'u;'] ta' ~I nã a ma' s'a L .
a2) [ê! ta' nã/~ m'a pa' sa' rí '1 nus L . \J
14 10.3 Examine-se a hipóte:;e (3) , em função dos dois heptassílabos se
guintes - ai) "a cidadã avisada" e a2) "esta cidadã avtsada " .
a1) [a'
a2) [ê! L
si'
ta'
da' .,
SI
dã da'
., VI a'
dã/~
zá za
d'a]
cl'al
- 51 -
14.10 4 Examine-se a hipótese (4), em função dos dois heptassílabos se·
guintes - ai) "a cidadã animada" e a2) "esta cidadã animada" :
ai) [a' .,
Sl da' clã I
n~' má d'a] a
a2) [et ta' .,
da' clã/~' .,
má d'a] Sl n~ ~
15 o [ê'] (e fechado na.ral)
O [e] (e fechado nasal) tem a seguinte subgama vocálica:
a) intravocabular: , (I) acentuado fel (2) subacentuado (ê']
(3) enclítico [~'I
15 O I Note-se que não o há intervocabular e. por conseguintes , dúplice,
já que não há na área , e quiçá na língua, o [ê'] final vocabular.
15.0 . 2 O que se observa em 14 .0 . 1 cabe. também, ao caso presente,
mas tão-somente quanto às orinasais, pela mesma razão de que não há [ê') final
vocabular como referido .rupra. ;
15 I O [ê] (e fechado nasal intravocabular acentuado) ocorre em vocá-
bulos do tipo:
a) têmporas , debênture, cêntuplo
h) lMto, vento, compreendo, sempre, pênsil , tênder
15 . 1 1 As observações feitas em 5. I. 1 cabem, mulali.r mulandi,r, ao caso
presente.
15 .2 ~ O [e] (e fechado nasal intravocabular subacentuado) ocorre em
vocábulos do tipo:
a) cêntuplamente, têmporazinhas, debênturezitas
h) lentamente, ventozinho, corpulentozito
c) tempo-quente, sempre-viva
15.2 l A~ observações feitas em 5.2 . 1 cabem, tnJJ.lati.r mulandi.r, ao caso
presente.
15.3 O [~'] (e fechado nasal intravocabular proclítico) ocorre em vocá
bulos do tipo: endoca1 po, entrar. sentimento, mentiroso, venturoso, endocéfalo,
bendizer, bengalense , centúria, centurião.
-52-
15.3 l Importa. desde já. consignar que o (ê''] nos vacábulos de curso
popular. apresenta uma flutuação ou oscilação para (i']. Trata-se ao que parece .
de uma oscilação por razões morfológicas e por uma como haT"monia vocálica
que se tentaT"á esclarecer mais adiante.
15.3.2 Importa. ainda, nos exemplos consignados. ressalvar. desde lo.go.
a pronúncia de "bendizer" , regular e ordinàriamente [b~'cfi'z~~(f)l na área, "' com ocorrência, , nas formas T"Ízotônicas, para ou aproximadamente para [i' J
"· g. , "bendigo" [b'r'Jíg'u], infinitivo e formas arrizotônicas que ocorrem, ultra
correta ou enfàticamente, como [bey'J i'z~~(f.)J.
15 4 As vozes dúplices orinasais desta seção podem decorrer de conti-1 I
gÜidades dos seguintes tipos: (l) [é] mais [e); (2) [é) mais [ê']; (3) [é] mais [ê''}. I. • I. I.
e (4) [~) mais [~').
15 4.1 Examine-se a hipótese (l). em função dos dois hcptassílabos se-
guintes - ai) "o rapé enche narinas" e a2) "êste rapé enche narinas":
.;,. s ~ na I al) [u'
a2) [~~ f i' f(f)a' Ptti ~'i na' rí . n'asJ
n'a~
15 4 . 2 Examine-se a hipótese (2), em função dos dois heptassílabos se
guintes - ai) "você entra quando quer" e a2) "e você entra quando quer":
al) [v<,>'
a2) [i'
' S':
v<,>'
I e I
'/"" s~ e
tr'a
tr'a
kwã' du'
kwã' du'
kff(!?l k{f(f)]
15.4 3 Examine-se a hipótese (3). em função dos dois hepta>sílabos s-::
guintes- al) "o rapé encheu narinas" e a2) "êste ropé encheu r.3.rinas":
ai) [u I ~(f)a' , e' i~w I rí n':-.~ pe na ..
a2) [~t '?i' f(f)a' ' /""' 't{w I rí' n'a~ pee na I.
a3) [~t fi' f(f)á "'' .;, ná rí n'a~ PrY sew . .
15 4.5 Examine-se ·a hipótese (4), em função dos dois heptassílabos se·
guintes - ai) "era sapê encardido" e a2) "mas era sapê encardido":
ai) [e r a' sa' ,
'e' ka'f(f) d'í d'u] I. P<;
a2) [ma' ' ra' sa' p~/e' ka'f(f) Jí d'u ] zl
a3) [má zé sa! "" ka'f(f.) Jí d't:] r a p~y I.
-53-
N
16. O [i] (i fechado na.ral)
o[f](i fechado nasal) tem a seguinte subgama vocálica:
a) intravocabula1:
(1) acentuado
(2) subacentuado
(3) proclítico
h) intervocabular:
(4) dúplice acentuado
(5) dúplice subacentuado
16 0 . 1 As observações feitas (.m 9 O 1 cabem . mu!ali.J mufandi.J. ao caso
presente.
16 . O. 2 Ademais. há as vozes dúplices orinasais e nasorais . intervocálicas. I
16 . 1 O (i] (i fechado nasal ·intravocabular acentuado) ocorre em vocá-
bulos do tipo:
a) limpo . sinto , trinca . mortnga . partindo
h) lfmpido. slndico . prlncipe lndico oifmpico minto-o
c) capim . aipim . alfenim sim. palanqutm. ch/m
16 . 1. 1 As observações feitas em 5 1 1 cabem . mu!alú mu!andi.J. ao casv
presente.
~ 16.2 O [i) (i fechado nasal intravocabular subacentuado) ocorre em vocá·
bules do tipo:
a) l~mpidamente1 ol~mpicamente, pr~ncipezinho h) trincazinha . moringazinha . limpamente
c) trinca-fortes vinte-e-um . limpa-trilhos
" 16 2.1 As observações feitas em fi 2 1 cábem . mulalt.J mulandi.r. ao caso presente.
16.3 O [i'] (i fec'hado nasal intravocabular proclítico) ocorre em vocã
bulos do tipo:
a) importante, .JÍmpatia, palimpsesto, indigesto
h) alfeninzinho, aipinzão, capinzal
-54-
16 3 l As observações feitas em 5 3 1 cabem, mufafi.r mufandi.r. ao caso
presente.
16 4 O ff'l (i fechado na3al intervocabular dúplice acentuado) ocorre em / I. ~ ~
situações do tipo: (i] mais G'J ou li] mais [i']. Os quatro heptassílabo3 que confi-
guram os casos podem ser os seguintes - al) "o botim índio prossegue" e a2)
"êste botim índio prossegue", bl) "um cetim incorruptível" e b2) "êste cetim
incorruptível"·
ai) [u'
a2) [~t bl) [\{'
' I
Jlyu' bg' ·rr '"' pr</ sé g'i] 1
ift ~
f i' bo' J yu' pr<~' si_ g'i]
sc;(i) -r·f -Y, kq' f(f)u'p -p[ v'~l] 1
b2) [~t ?i' s~(i) f~ kç' f(f)u'p r[ v'~Í]
16 .5 o ~] (i fechado nasal intervocabular dúplice subacentuado) ocorre
em situações semelhantes às anteriores, mas de tal forma queavoz dúplice
formada fica imediatamente antes de sílaba acentuada. Os dois heptassílabos
seguintes figuram os casos - al) "cetim hindu côr de rosa" e a2) "um cetim
h' d A d " ~~ u cor e <fOSa :
I
ai) [s~(i) i f ~ dú k9f(f.) ~i' f(~)i z'a]
a2) ru.' st;(i) t'f' dú kç)f(f.) ~i' F(r)ó z'a] . . ~ 16 .6 As situações cujas ligações- nesta seção - podem gerar as vozes
intervocabulares dúplices orinasa1s são as seguintes:
I I
(I) [í] mais ri1 - "rabi indo" [í/ií (com a sílaba seguinte inacentuada);
(2) [í] mais (i1] - " rani hindu" [itJ (com a sílaba seguinte acentuada);
(3) [í] mais [':~] - "caqui incomparável" [í /~J (com a sílaba seguinte ina-
centuada);
1 I -
(4) ['il mais [tj - "sete índios" [i'ffL donde (r'J: (5) ['i] mais [':~] - "gente indolente" [i'/i\ donde ~]. ri'J.
16 6.1 Examine-se a hipótese (l). Como é natural. há dois casos: al)o
da mera contigüidade e a2) o da voz dúplice orinasal; sejam os heptassílabos:
ai) "um rabi indo à Judéia" e a2) ''om rabi indo a Tel-Aviv" :
al) (\{'
a2) [\::'
'f (f) a'
f( f) a'
b~ bí/i
I ,., 1 dwa' 'iu' dwa' t~ la'
~
déy ~
'ya)
vív]
55-
16 6 . 2 Examine-se a hipótese (2). Há os dois casos ac1ma referidos;
sejam os heptassílabos - a 1) "uma rani hindu chega" e a2) "uma rani hindu
·chega v a''·
al) [u'
a2) [u'
ma'
ma'
f(~)~'
f(f)~'
ní "i I
dú gá
g'a]
v'a]
16 6 .3 Examine-se a hipótese (3). Há também os dois casos acima refe
ridos; sejam os heptassílabos - al) "um caqui incomparável" e a2) "êste caqui
incomparável":
al) rt:' ka' kí ~ kõ' pa' r á v'~!] 1
a2) [~t t' i' ka' kíK' kõ' pa' r á v'~!]
16 6 .4 Examine-se a hipótese (4). Há três casos: al) o de mera conti
gÜidade a2) o da voz dúplice orinasal cujo prirr.eiro momento já acusa assimi
lação do timbre fechado, a3) o da voz dúplice nac;al, isto é. em que o primeiro
momento se as"imilou completamente; sejam os heptassílabos - al) "sete índios
o mataram" e a2) e a3) "s~te índios o matarão" :
I
d' , a l) [se ?i' ,..
zu' ma' tá ~ã~] I yu L
a2) lst ? ir.' cfyu' zu' ma' ta '"'] rãw
a3) [se ~~ c? I zu' ma' ta' '"" I.
yu rãw;
16 6 5 Examine-se a hipótese (5). Há quatro casos: al) o da mera conti-
gu'idade a2) o da voz dúplice orina..<;al cujo primeiro momento já acusa ac;simi
lação do timbre fechado . a3) o da voz Júplice nasal . isto é, em que o primeiro
momento se assimilou completamente . e a4) o da nasal simples , pela elisão
pura: sejam os heptassílabos - al) "gente indolente " e a2) a3) e a4) " VIVe a
gente indolente vive ., '-
:
[~i fi' , I
f'i al) I d<?' lê' ví v'i]
a2) [a' 'i i ?i' /~ dç' ,!,
P'i I v'ij le VI
a3) [a' ~i ?f' dç' ,!,
f'i ví v'i] le
a4) [a' .;/, 'Pi' do' fi t? 'i ví v'i] ze le
16 .7 Com relação às vozes dúplices nasorais desta seção, importa, antes,
<:l bservar que têm elas caráter totalmente contenso, repitamos, de alta tensão
psíquica do indivíduo falante , e , mais, com tal dificuldade de realização, que
são quase sempre evitadas. A razão fundamental é a de que a deriva popular
-56--
parece exercer-se com tendência avassaladora tal, que a realização fônica culta
de esperar como qlle se esbarra nos hábitos gerais da população. É assim que ' >
nos caws teoricamente po•níveis de m mais [í], v. fJ· "rocim híbrido", de m mais [i'J, v. g., "cetim irisado", o que se ouve, geral e regularmente na área,
é o mesmo que em "vim aqui pra te ver" - foneticamente [r(r1o'siníbr'id'uJ, • .I • •v
[s~'ljgi'ri'za'd'u] e [v!ga'kípra'? i'v~f(f)]. Ademais a impressão acústica é a de
que tal voz acentuada o é fortemente e fortemente nasalada. Isso não obstante,
em leituras de cultos de excertos longos ad hoc, pude observar a omissão do
(n] de transição e também, em versos, a realização das vozes dúplices nasorais .., correspondentes. Mas, nos casos tais, nota-se que o leitor não só diminui a
~ intensidade, senão que também a nasalidade do [i] ·final para poder realizá-las.
17.0 [õ] (o }echado na.ral]
O [õ] (o fechado nasal) tem a seguinte subgama vocálica:
a) intravocabular:
(1) acentuado
(2) subacentuado
(3) proclítico
h) intervocabular:
(4) dúplice acentuado
(5) dúplice subacentuado
I [õ)
[Õ]
[õ')
17. O .1 Há, ademais , as dúplices intervocabulares onnasa1s e nasorais.
17.1 O [Õ] (o fechado nasal intravocabular acentuadC!) ocorre em vocá-
bulos do tipo:
a) tombo, pomba, pompa, conta, arconle , lontra
h) tômbola, cômputo, pôntica, a!IT,lôndega, conta-la
c) tom, entretom, bom, semitom, bombom
17 .1.1 As considerações feitas em 5 . 1.1 cabem, mulali.r mufandi.J, ao
caso presente.
17.2 O [Õ] (o fechado nasal intravocabular subacentuado) ocorre em vocá
bulos do tipo:
a) pônticamente, tômbolazinha, almôndegazita
h) bilontramente, pombazinha, tombozito
·c) bom-tom, coitta-corrente, pombo-correio
57 - --
17.2. 1 As considerações feitas em 5. 2. 1 . cabem, mutafi.r mufandi;,, ao
caso presente.
17.3 O (õ'] (o fechado nasal intravocabular proclítico) .ocorre em vocá
bulos do tipo "odontologia, hombridade, honrado, honradez, comparo, com
parar, concorrente, condescender. entontece, entontecimento" E do tipo
'"'tonzinho, entretonzinho".
17.3 . 1 De um modo geral, cabem as observações ao caso presente feitas
em 12.3. 1, com a ressalva importante de que na área são episódicas as osci
lações do tipo [õ'] para [lr']. Os poucos casos colhido;;, como "concorrente"
[k~'ku'f{!)ef'i]. "rombudo" [f(E)a''búd'u] c "concunhado" [ku'ku'uád'ul.
devem ser por influências de alienígenas à área, pois regularmente , nela, são, I
-respectivamente, [kõ'k9(u)'f(f.)ê'Fii]. [f(f)õ'búd'u] e [kõ'ku'gád'u] (ver 22.8).
17 .3 . 2 Seria o caso de lembrar que existe na área, mesmb entre cultos
na expressão distensa , um ['õ] (que na verdade e um ['õ]); ver 12.4.3.
17.4 O ['&'] (o fechado nasal · intervocabular dúplice acentuado) ocorre em \ I
situações do tipo "bom ombro", isto é, [õ], normalmente tornado [õ'], mais [õ]. A instabilidade da voz dúplice pode-se caracterizar pelos dois heptassílabos
seguintes- a1) "bom ombro suporta tudo" e a2) "bom ombro que me suportou":
a1) [bõ'
a2) [h~'
I
õ
br'u
br'u
ki'
su' p~~(f) t'a tú d'uj .,
ffil su' PZ'f(f.) t9wJ
17.5 O (~'] (o fechado nasal intervocabular dúplice subacentuado) ocorre I
em situações de (õ] mais [õ'] de cuja duplicação decorre posição antes de sílaba
acentuada. A instabilidade da voz dúplice pode ser carcaterizad ..... pelos dois
heptassílabos seguintes- ai) "tom honrado da resposta" e a2) "o tom honrado
da resposta" ·
I a1) [tõ
a2) [u' r<r)á f(f)á
d'u
d'u
da'
da'
r(~)~'t f(~)t;'r
t'a]
t'a]
17. 5. 1 Considerando a realidade consignada em 17. 3. 2, há, correlata
mente , um (g'J (o L:chado nasal intervocabular dúplice proclítíco); figurem-se
os dois heptassílabos seguintes - al) "cânon honroso pra todos " e a2) (I um
cânon honroso pra todos ,
:
ai) [k4 n'õ _,
!G),~ z'u pra' t<? d'u~ o
a2) Lu' ká xfo' r <~>~ z'u pra' tó d'u~ .
-58-
que, na expressão tensa, culta, são
a1) {ká n'o nõ' r(r)ó z' u pra' t<} d'u~ . . .... a2) [li' k~ n'<? nõ' f(r,)~ z'u pra' tó d'ut] .
sendo êste úitimo um octossílabo, necessàriame:rite.
17. 5. 2 Seria o caso de cotejar o f a to referido em a2) de 17. 5 . 1 com uma
cadeia falada hipotética do tipo "um c~no honroso pra todos", a qual, além
da solução por hiato, nãÓ figurada abai.xo, comporta a;; duas seguintes:
a1) [i{'
a2) [i{'
nwõ' r(r)ó z'u .. , . nõ' r(f)ó z' u . ,/.
pra' t<}
pra' tg
17.6 As s~tuações cujAs ligações poderiam - nesta seção - gerar as
vozes intervocabulares dúplices orin~sais seriam as seguintes: (1) [ó] mais [Õ]; . L
(2) [~] mais [õ'] seguida de sílaba inacentuada; (3) [~] Jl1ais [õ'] seguida de
.sílaba acentuada; (4) f<?J mais [Õ]; (5) f<?J mais [õ'] seguida de sílaba inacentuada,
e (6) f<?J mai'3 [õ'] seguida de sílaba acentuada. De muito rara ocorrência na
área e na língua, não são, por isso, examinadas.
17. 7 As vozes intervocabulares dúplices nasorai.;; - nest.a seção - ocor
rem nas seguintes situações: (l) [Õ] mais [ó]; (2) (õ] mais [ó]; (3) rtJ mais [o'] I «. • •
seguida de sílaba acentuada, e (4) [ô'] mais [o'] seguida de sílaba inacentuada • . 17.7 .1 Examine-se a hipótese (l), em função dos dois heptassílabos se
guintes- al) "bombom ótimo de gôsto" e a2) "que bombom ótimo de gôsto" ·
a1) [bõ' bÕ
a2) [ki' bõ'
ó 'P'i ~ . bõ/ó t''i
I.
m'u d'i'
m'u <1.i' g9t t'u]
gó( t'u]
17. 7. 2 Examine-se a hipótese (2), em função dos dois heptassílabos se-- o
,guintes- a1) "bom odre serve pra tudo" e a2) "o bom odre !1-Crve pra tudo":
a1) [b~ a2) [u'
Çt dr'i
bõ/~ dr'i
sér(r) .... sér(r)
~.· .. v' i
,. Vl
pra; tú
pra' tú
d'u]
d'u]
17. 7. 3 Examine-se a hipótese (3), em função dos dois heptassílabos se
guintes - al) "bombom horrível de gôsto" e a2) "que bombom horrível de
gôsto":
al) [bõ'
a2) [ki'
I bõ
bõ'
o' f(f)í bõfo' f(~)í
v'el
v'el . d' i' d'i'
t'u]
t'u)
-59-
17.7. 4 Examine-se a hipótese (4), em funç,ão dos dois heptassílabos se
guintes - a1) "bombom oloroso e doce" e a2) "que bombom oloroso e doce":
a1) [bõ'
a2) [ki'
·' bõ
bõ' ~' 1~' bõf<l .lo'
18. O [u] (u fechado na.ral)
, r~ ,
r<?
zwi' dq zwi' d6
s'i]
o rrrJ (u fechado nasal) tem a seguinte subgama vocálica:
a) intra':"otabular: I
(1) acentuado [li l (2) subacentuado [~] (3) proclítico [L(']
(4) final ['~]
b) intervocabular: I
(5) dúplice acentuado [~ l ... (6) dúplice subacentuado [rr l (7) dúplice proclítico [~']
18.0.1 As observações feitas em 16.0.1 e 16.0.2 cabem, mutati.r mulandi.r,
ao caso presente. ,(,
18.1 O [u] (u fechado nasal intravocabular acentuado) ocorre em vocá-
b\llos do tipo:
a) trunfo, adunco, unto, bestunto, tumba, nunca
b) duúnviro úmbrico, úngula, afunda-lo
c) .atum, bodum, vacum, algum, nenhum
18. 1 . 1 As considerações feitas em 13. 1 . 1 cabem, mulali.r mufandi.r, ao o
caso presente.
18.2 O [~] (u fechado nasal intravocabular S\lbacentuado) ocorre em
vocábulos do tipo:
a) umbricamente, ttngulazinha, .duunvirozito
b) aduncamente, trunfozito, tumbazinha
c) funcho-d'água
18. 2. 1 As observações feitas em 5. 2. 1 cabem, mulali.r mulandi.r, ao caso .. presente.
-60-
18.3 ~-
O [~'] (u fed:ado nasal intravocabular proclítico) ocorre em vocá-
bulo~ do tipo:
a) untuoso, fundação, inundar, suntuo<>idade
b) atunzinho, nenhunzinho, àlbunzinho
18.3.1 Ás ob.,crvaçõe!: feitas em 13.3.1 cabem, mulali.r mutandi.r, · ao
caso presente.
18.4 O [oU' ] (u fechado nasal intravocabular final) só ocorre em alguns
latinismos de curw geral, tais "ultimatum, álbum, memorandum". Sôbre o
caso se falará adiante. ,
18.5 o rª] (u fechado na;al intervoeabular dúplice acentuado) ocorre em , ,_ situações do tipo "algum unto"' "algum ungulado"' isto é, com [ô'] mais rrrJ. ou , [tr] mais [lí'] não seguido de sílaba acentuada. A instabilidade pode ser ca-
racterizada pelos seguintes heptassílabos - a1) "algum unto me alimenta".
a2) "nenhum unto nos alimenta", e bl) "algum ungulado estêve", b2) "al-
gum ungulado aqm estêve":
a1) [a1 gl'Í' ,t
t'u mya' li' t!J
t'a] u me , t!J a2) [n<;' n~' t'u nu' za' lj' t'a] ., me
, lí' dwi'r' té v'i] b1) [a'l "' gu' lá gu , .
b2) [a'l ;:::;, gu' lá dwa' k iqt, té v'i] gu . ...
18.6 O [rt] (u fechado nasal intervocabular dúplice subacentuado) ocorre - -
em situações em que se geraria uma dúplice do tipo anterior mas imediatamente
antes de sílaba acentuada. O caso pode ser ilus'trado por al) "vacum untado
de graxa" e a2) "vacum untado nesta ~raxa ,
, ~I d' i' 'S''a] a1) [v a' k~ tà d'u grá ...
~'a] a2) [va' k~' tá d'u ne~ ta' ,
" gra
18.7 O [~'] (u fechado nasal intervocabular dúplice prpclítico) ocorre em
situações do tipo "álbum ungido", i"sto é, com ['~] mais [n'']. O caso pode ser
ilustrado pelos hcptassílabos seguintes - a1) "álbum ungido de luz" e a2)
"álbum ungido de saudade":
ai) [ál b'rl: ~I ~í d'u d' i' lú(úy){]
a2) [ál b~' v, d'u d' í' saw' dá d\i] - Zl
- 61 •.-
18.8 As situações cujas ligações - nesta seção - podem gerar as vozes
intervocabulares dúplices orinasais são as seguintes: ' . I
(1) [ú]. mais [U'] - "tatu unta ]ú/Ü];
(2)
(3)
(4)
(5)
[ ,] . [""'] "t t t " [ /""' , '1 • • t d ) u JI?.a1s u - a u un ou u UJ ~com suaoa segum e acentua a ;
[ú] mais [u']- "tatu ungulado" [ú/u'] (com sílaba seguinte inacentuada); I ,
[ u~ mais [\:l] - "outro unto" '[u'/U']. do~de [\1];
[ u] mais [\Y'] - "outro ungulado" [u'/U''], donde [~']. donde [li''].
18.8.1 Examine-se a hipótese (1), reportando-se aos casos já con.figuvados
cr. 14.8.1. Sejam os heptassílabos- a1) "o tatu unta sua casca?'' e a2) "mas
o tatu unta sua casca ?":
n1) [u~ ta' t~ a2) [ma' zu' ta'
, ,v u , tú/if.
t'a
t'a
swa'
swa'
k"a
k'a
( ?) l ( ?)]
18.8. 2 Examine-se a hipótese (2), reportando-se aos casos já configurados
em 14.8.2. Sejam os heptassílabos- a1) "o tatu untou o casco" e a2) "êste
ta tu untou seu casco":
a1) (u' ta' tú ~~ tc?w u' kát k'u]
a2) [~t 1 i' ta' t'U/:5.' tç>w u' kát k'u]
18.8.3 Examine-se a hipótese (3), reportando-S:! aos casos já configurados
c::n 14.8.3. Sejam os heptas:;ílabos - a1) "é o tatu ungulado ?" c a2)
será tatu ungulado ?":
a1) [e u' ta' t.
a2) [ma' s~' ' r a
t6 N/ u
ta' tú/~'
gu'
gu'
i á
lá
d'u Hll d'u ( ?)]
" mas
18.8. 4 Examine-se a hipótese (4), reportando-se aos casos já configurados
em 14.8.4 Sejam os heptassílabos- a1) "outro unto é necessário" e a2) , a3)
"outro unto será preciso": ' a1) [~w tru' N
twt n~' s~' sá r'yu] u , a2) [ç>w' tru/ít t'u s~t' ' pr~(i)' sí z'u] r a , a3) (ow' trrf' t'u s~' ' . pr~(i)'
, z'u] r a Sl ·•
18.8. 5 Examine-se a hipótese (5), reportando-se aos casos já configur~dc·s
em 14.8. 5. Sejam os heptassílabos - a1) "outro ungulado passa" e a2), a3) c
:::4) "outro ungulado pa->.;ou":
a1) [~w tru' ,.,, u gu' lá d'u pá s'a]
a2) [ow' tru'/rf.' gn' lá d'u pa' sgw]
a3) (ow' trn>' gu' lá d'u pa' sc?wl a4) [ow' trlí' gu' lá d'u pa' sc?wl
-62-
18 .9 As situações cuias ligações- nesta seção- podem gerar as vozes
intervocabulares nasorais são as seguintes: (1) [ci] mais [ú]; (2) r&! mais [u'];
(3) ['U'] mais [ú]. e (4) ['U'] mais [u'].
18 .9 l ExélmÍne-se a hipótese (1). em função dos dois heptassílabos se
guintes- al) "atum útil para as gentes" e a2) "atum útil pra muitas gentes":
al) [a'
a2) [a'
tfr ú
tlí/ú P ii t'ii pra'
pa' ~N
muy
18 .9. 2 Examine-se a hipótese (2). em fun\:ão dos dois heptassílabos se
guintes - al) "atum usado por índios" e a2) "atum usado só por índios":
I ,t d'yu~] a1) [a' ttr u I zá d'u pu' rl
a2) [a' t~/u' Z'á d'u ' pu' ~ d\yu~ so n
I.
18 .9 .3 Examine-se a hipótese (3), em função dos doi:; heptassílabos se-
guintes - al) "álbum útil para selos" e a2) "álbum útil a tôda gente":
al) [á i b'U' ú rã pa I r a' s~ l'uil a2) [àÍ bu/ú fi la' t~ da' 'it f'i]
18 .9.4 Examine-se a hipótese (4). em função dos dois heptassílabos se
guintes- al) "álbum usado na paz" e a2) "álbum usado nesta guerra":
ai) [á! b'U' I ' d'u na' pá(áy)rJ u za
a2) [á! bU'/u' ' d'u net ta' gé ~(~)'a] za ~ ~
19 .0 Algumas parllcu!arldades comuns a certas vozes
A seguir são examinados certos ·caracteres e certas particularidades comuns
aos diversos níveis das várias subgamas vocálicas examinadas.
20. O Da.r vo::e.r acentuadas
Tôdas as vozes acentuadas nasais ou orais antenasais são fechadas.
20.1 As antenasais apresentam, conludo , estágios graduados de nasali
zação - que, como se viu , a cada caso, lhes é uma tendência.
20. 1 .1 Na expressão culta e tensa, a nasalização das antenasais é. de
modo geral, evitada , em favor do fechamento característico do timbre.
20.1.2 Na expressão culta distensa , porém , a nasalização é geral nos
d t . [ J " h " [ I .! \ l " h " ["'r.<,, ~ \ I "d casos e an enasa1s a !} : aman o ~ ma:; u ; empen o e~IJ pen u ; e-
- 63-
, f'J,. , I
finho'' [de1fin'u]; "enfadonho" [~~i/fa 1dõn'u] . "emrunho" [e(i)'pun'u]; "câ· ,•,v o ,f'tJft(,tJ~' \• v~
nhamo [k~D1~m'u]; empenho-me [e~tJ peu um t]; "definha-se" [d~1 ft!J 1as'i];
" h , [ I L I ''] "d' h ., [d''IV ~ I ''] opon o-me <? pon um 1 ; tspun a-se 1 spun as 1 .
20 I 3 Na expressão popular tensa ou distensa, a nasalização das ante·
nasais parece ser geral, isto é, apresenta o aspecto ressaltado anteriormente não I
apenas antes de [n], mas antes de [m] e [n]: "banana" [bã'nãn'a]. "veneno" N/ ~ 14 • ~~ I -J 11 " I L ,. " I ,J [ve nen'u], assmo [a sm'ul . carona [ka rorffi ], a luno [a lun'u]; "escama"'
\1' 1 fi • , IV~ I
[(i')sk."ím'a] . "teima" [tê'm'a], em ctma [i'stm'a], "come" [kõm'i]. "espuma'
[(i' )tpcim'a ].
20 . 1. 4 Parece que há, no âmbito do Brasil pelo menos duas grandes
discrepâncias ao regime popular .mpra referido , ambas sentidas na ambiência
lingüística carioca senão como aloglóticas . pelo menos como indicativas de
alienígenas à área. Uma é representada por falantes provàvelmente
orientais (Bahia) ou nordestinos, em que a nasalização é sentida "ao dôbro" na
área , como se, ademais da nasalização . se percebesse um timbre sôbre-fechado
e um alongamento da voz; outra é representada. no pólo oposto . por certà zona
de São Paulo, provàvelmente a capital do Estado , em que as orais antenasais.
salvo excesso de generalização de minha parte, quando acentuadas . sem discri·
minaçào, são tão efetivamente orais que , às vêzes , aos inJi~· íduos falantes das
outras áreas do país. dão a impressão de exces<;ivo abrimento. Lembram as
vozes orais espanholas antenasais , genericamente grupadas como fechadas. pelo
menos no que tange ao [e] ao [o], que . entretanto, &OS ouvidos de canocas,
são assimiladas às suas voze<; abertas correspondentes. Essa área de "fome''
[fóm'i] , "homem" (óm'ê'.YJ parece projetar-se a certos pontos do Estado de 1.. L
.l'linas Gerai> e Mato Grosso.
, 20 . 1 5 Na área carioca , poder-se-ia consignar ocasionais nasalizações de
outros tipos , provàvelmel}te morfológicas , ou morfofonéticas , tal um "chan·
tilim" (tã '? i'fn (por Chantilly). talvez por ultracorreção. mas de todos os modos
episódico - embora dentro de uma alternativa que a história do português no
Brasil consignará com certa freqüência, v. g., "capi/capim", "Pira tini/Piratinim" •
"mindu bi/mindubim", "sapoti/sapotim".
20 2 Não se consigna , na área, tendência geral de altera r as vozes acen
tuadas orais não antenasais , tal a do tipo de [ú] por(~], v. g . . em luga r de "canoa"
[k'!-(ã)'núw'wa]. que existiria em certo setor , pelo menos , da área norti>ta ( P<H;d.
As formas assemelháveis do tipo [a'bu 1túw'wu]- por "abotôo" . [ê'(i)' sa 'bú\\''\\'a I -por "ensabcia" - ,ou, reversivamente , [s~'wa] -- por "sua " ~verbo) -são,
nesse estágio , de natureza morfológica , o que se verá adiante .
-61-
20.3 Na área carioca, quiçá na maioria do ter ri tório brasileiro em que se
verifica a chamada "palatalização" do -.r e --.z (gráficos finais) ocorre a diton
gação com [y] das vozes finais acef!tuadas de vocábulos agudos. Essa diton
gação. embora para o signatário lhe parecendo provir da "palatalização", tem
já agora caráter estrutural ao vocábulo, de maneira que perdura a ind a quando
não se dá a "palatalização" do -.r e do -z; destarte, se, por exemplo. "ananás"
é [~(ã)'n~(ã)háyt] por causa da palatalização, é, porém. ainda com a ditongaçiio
em casos como os seguintes: 1) "ananás jeitoso" [~(ã)'n~(ã)~ayt~y't{>z'u]. a)
"ananás e uva" [a(ã)'na(ã)'n~yzi'úv'a] e 3) "ananás ,uculento" [a(ã)'na(ii)'
n~yssu'ku'lit'u]. Êste úÍtimo caso se apresenta n~tidamente diferen~iado ~e o
indivíduo falante carioca tem em mente emitir "ananá suculento", a saber e I
coteje-se, [~(ã)'n~(ã)'n~su'ku'let'u]. A exemplificação dos casos é a seguinte
para quaisquer camadas da área em que possam ocorrer as palavras abonadas,
pois •o fatos~ não se dá em indivíduos falantes particularmente interessados em
contrário a cada ocorrência: 1) "cajás" [ka'iáy~]; 2) "paz" [páyt] (homofônico
de "pais"); 3) "revés" [f(i}t;'viy~]; 4) "revês" [~(f)~'v~y~]; 5) "dez" [dfyr];
6) "t I " [t 11 ' VI 7) .. o " [k I ' v] 8) .. o " r'~~· ""l 9) " t I " r-c-:' ' a vez a v~y:sj; COVI:> o VIYS ; giz ZIYS ; re ros r ;;~ tróy~]; 10) "feroz" [fe'róy(]; 11) "pôs" [póy~]; 12) "algoz" [ai'igóy~, 13) "tatus"
'- • L • •
jta'túyr) e 14) "alcaçuz" [a1ka'súyt].
20 .3.1 Como se observou, o fato se estende, também, às vozes finais
nasais de vocábulos agudos. Vejam-se os exemplos: I) "manhãs" [m~(ã)'uãyt}; 2) "patins" [pa'"?'ttJ; 3) "bombons" [bõ''bÕy~ . e 4) "alguns" [a1~yt].
20 .4 Na área carioca e , parece, na grande maioria do território brasíleiro,
tem requinte de artifício a distinção entre o presente do indicativo , primeira
pessoa do plural , e o pretérito perfeito do~ verbos - assim, regularmente,
"andamos" só apresenta uma forma· [ã' dá(ã')m' ut] e do mesmo modo "lemos" ; .
fl~(~m'u~]. Escusa dizer que o fato pertence à deriva apontada em 20.0.
20 .5 Na área carioca e, parece, de um modo geral no território brasileiro,
o [a] de "mas", "para", "cada", como vocábulos acentuados- na interlocução
univocabular- ou como vocábulos proclíticos, tem o valor, respectivamente,
de [á] ou [a']. "Mas" com o primeiro valor se pronuncia, coerentemente, [máyt},
conforme o exposto em 20 .3- e como homofônico de "mai~". com a diferença,
tão-somente ou essencialmente, de intonação, pois na interlocução univocabular
o primeiro é via de regra de tom suspensivo e o seguinte de tom descendente
- salvo nas interrogações. São, assim, de sabor n1tidamente requintado ou
ultracorreto as formas [m~'(j, [p~'r'~] e [kl;l'd'~]. Como vocábulo proclítico,
•·mas', não acusa a ditongação acima referida, a não ser em cadência muito-
-65-
r lenta; destarte "mas ela vem" é [ma'zela'v~y]. Como vocábulo proclítico,
~
também, a preposição "para" acusa, também, o sincretismo já consabido
[pa'r'a/pa' r/pra'/pr ]. Fato isolado na área, [mãy'~ ou [mã'~ por "mas" parece
ter sua explicação numa ultra-ultracorreção ...
20.6 Embora aparente fenômeno de "regularização" morfológica, con
signe-se o fato de que, na área carioca, só em bôca de alienígenas a ela ou por
ultracorreção, ocorrem as formas de, entre outros, "parecer" e "dever" sem a
metafonia canônica das formas rizotônicas para [l(l· É quase certo que a irra
diação do fenômeno é de certo ponto do nordeste, havendo contaminado alguns
cariocas. Lá- suponho a título muito sob censura- a metafonia se faz entre
um infinitivo [pàr 'is~f(f)l e uma forma rizotônica [pàr~s'i] enquantono Rio. é
entre [pa'r~'séf(f)j e [pa'ris'i];
20.6 .1 Na área carioca ocorrem, também, episôdicamente formas como
"perca" [p~f(Vk'a] e demais afins rizotônicas, verossimilmente da mesma pro
cedência .que as comentadas .tupra, de um infinitivo, creio, [pr'f(r)d~r(f)l ou
mesmo, pelo menos aos ouvidos cariocas, creio, [pH(f)d~f(~)], infinitivo que
parece postular tôdas as flexões regulares quanto ao timbre de primeira sílaba,
contra a situação carioca, em que é [pe'r(r)dér(r)], com a metafonia conhecida. . . .. . ... 20.7 Muitos fatos isolados, poss~velmente extrafonéticos ou pelo menos
parafonéticos, poderiam ainda ser consignado.s, com relação às vozes acentuadas.
Seja exemplo o caso de "interêsse", substantivo, ainda em alguns pontos do
território brasileiro "interesse", como a forma verbal, o qual, em passado
recente, apresentou na área um esquema vacilante "interesse/interêsse", perdu
rando ainda na primeira forma entre bem falantes idosos.
21. O Da.t voze.t .tubacentuada.t
Os fatos consignados para as vozes acentuadas são essencialmente válidos,
de um modo geral, para as subacentuadas.
21.1 Aplique-se, especialmente, mutali.t mufandi.t, a matéria constante de 20.1.
21 . 2 Os fatos apontados em 20. 3 são parcialmente válidos para as vozes
subacentuadas, porque a subacentuação, quando contígua à sílaba acentuada,
ten'de, como se viu na descrição particular a cada voz, a tornar-se proclítica,
daí decorre_ndo, por exemplo, que "ananasinho" apresenta, além do padrão
subace;ntuado, poüciado ou bem falante, [a'na'nàzin'u], espontâneo enfático
[a(ã)'na(ã)'nàyz(n'u], um padrão natural, ist~ é: em .q..,ue a sílaba subacentuada • • \J
-66-
passa a proclítica, questão sôbre a qual se fêz a devida insistência na descrição
.particular de cada vogal, donde [~(ã)'n~(ã)'nay'z{e'uJ . Por êsses mesmos mo
tivos, "gizinho" é pràticamente inexistente como [~~yz(n'u]. reduzindo-os . v
"naturalmente" ao canônico [ii'z!u' u] ou a [~iy'z~e' u] . Nessas condições, muitos
dêsses vocábulos apresentam um "duplo" singular e um "duplo" plural: "caju-, /
zinho" [ka'~u'zí(i)n 'u], mas "cajuzinhos" [ka'~uy'zí(i}n' u~']; "manhãzinha", ,_ • w • w
(ma'nã'zí(i}n' a), mas "manhãzinhas" [ma'nãy'zíG)n 'at]. Outros, como é lógico, •v •.., •v . v ;.
não apreser;tam essa dualidade: "arrozinho" [a''f(f)?y'z!Wo ' u]. "arrozinhoo'
[a'f(f)C?y'zJWe'u~). Escusa, à vista do visto, dar pormenores na exemplificação.
21 .3 Os fatos acima apontados são, como se viu, também válidos para as
nasais consideradas em 20 . 3. 1.
22. O DaJ" voza proc!âicao
Tôda& as vozes proclíticas nasais e antenasais são fechadas.
22. 1 As vozes proclíticas antenasais apresentam, de um modo geral, os
estágios graduados de nasalização referidos de 20. 1 a 20. 1. 4:
a) na expressão culta tensa são elas, de modo geral, apenas fechadas
sem nasalização: "americano" [~'m~'ri'k4n'u ). "emérito" [~'mir'it' u]. "imiscuir"
[., .,,.;k ,,_(-)) ["' .,v,k '- (-)] "h " [ ' ,vt' ) " ·r " [ ' .,f, _(_) ! mi s u Ir ~ ou ~ mi SI Wlr r I onesto 9 nls u , unuorme 1! Til ~~ ~
m' i];
b) na expressão culta disten~a, também de um modo muito geral
(e em grande parte condicionado ao predomínio maior ou menor nos hábitos
individuais da ambiência familiar ou da "segunda natureza cultural", visível,
esta úljlma, sobretudo em professôres ou em profissionais da palavra, homens
do rádio, do teatro e afins), há vacilação quanto aos casos J"upra figurados,
mas tão-somente no que tange·· aos de largo curso popular na área, a ponto
de numa interlocução um professor, colega do signatário, transitar quase sem l - d t• "d d "C • " d [r ., ' ' V,) [ri"' .,_ ' ""J so uçao e con mm a e, em rema nos , e r~m ?n us para re n~ an us ,
porque no primeiro caso mentava os revolucionários irlandeses e no segundo o
clube carnavalesco carioca ... ; como quer que seja, aos ouvidos cariocas, há
nasalizaç_,ões de antenasais proclíticas muito mais marcadas em outras áreas
brasileiras, tanto é verdade que os nordestinos lhes parecem "abridores" e ao
t "f. h " 'b I " " t"d d mesmo empo an osos : um voca u o como veneno , nesse sen 1 o, po e,
grosso modo, ser figurado, provisoriamente, em três eixos, o nordestino (e
oriental, possivelmente), o carioca e o paulista, das três seguintes maneiras
popularés distensas: [v~nÍn'u). [v~'n{n' u] e [vt'nfn'u) ... a ouvidos de cariocas.
li
-67-
c) ainda na expressão culta distensa, a nasalização das vozes proclí
ticas antes de [ul é, porém, geral- dentre outras razões, se as houver, porque
se trata de vocábulos cujas proclíticas em regra ocorrem em derivados de pri
mitivos em que elas são acentuadas, o que estabelece estreita relação morfo
:l:onética com o apontado em 20 .1. 2 : "manhoso" [mã'n9z'uL "empenhado" N Nf
1 d' 1 "d • h d " [d 'f~ ~d\ 1 lt h " - 1 tt " AI
1-[e'pe na u' . efm an o ~ 1 aa u' son ou [so'oqwL punhal [pu'val];
d) na expressão popular, tensa ou distensa, a nasalização é geral,
ma<> apresenta, com freqüência, a particularidade de ser mais suave, quando
em vocábulos de curso restrito nas camadas populares; ainda aí, porém, fôrça
é convir que a nasalização das proclíticas é mais :mave do que das acentuadas
e uma contraprova, digamos assim, se obtém: ver-se-á, linhas adiante, que são
raras na área as oscilações do tipo [õ'/~'], v. g., "compadre" [kõ'pádr'i],
[kl:f'p ádr'i1; entretanto, as vozes proclíticas antenasais ora consideradas, ao
contrário daquelas, apresentam, com freqüência, a referida oscilação: "começar"
[ k9( u)' m~' sá f(f) L "boneca" [bg( u)' nik ' a], "tomate'' [ t<?( u)' máf\j L "bonito"
[ b<?(u)'nít'uL "comer" [kg(u)'méf(f)], "comércio" [kÇl(u)'mff(f)s'yuL "comichão"
[ ko(u)'mi'~ã~J, "comigo" [ko(u)'mi'g'u], "cominho" [ko(u)m(n'u], "comungar" • • • • \,&
fk<:(u)'m~'gáf(f)J, "comunicar" [kg(u)'mu'ni'káf(y)J ...
22.2 Os vocábulos proclíticos "da", "a", "na" parecem comportar-se
exclusivamente dentro do princí_~Jio do fechamento de ·timbre das vozes ante
nasais, sem jamais se nasalizarem tipicamente; destarte, temos: "da casa' 1
[d 'k I ' 1 " r t " ( 'r..!71 '"1 " . I " ( ,v' ' 11' ) " " ( ' I ' 1 a az a , a 10n e a 101: 1 , na Jane a na 2a nt a , mas a mesa ~ mc;z a
"da nossa" [da'nós'a], "na nuca" [na'núk'a1. Certa versão mais ou menos . ~ . divulgada fala numa harmonia de timbre que existiria com êsses vocábulos
proclíticos com relação ao timbre das vozes contíguas·, invocando o exemplo dos
versos conhecidos de GoNÇALVES DiAs - "ó guerreiros da taba sagrada, f Ó
guerreiros da tribu tupi", que seriam, fonêticamente, o seguinte:
[õ I.
[o I.
g~'
g~'
f(f)~y
f(~~y
r'ur da' ~
r'u~ da' . tá
trí
b'a
b'u
sa'
tu'
grá
pí1
d'a 1
fato que só pude confirmar em p_oucos casos: em cariocas que tinham perfeita
reminiscência e mantinham decorados, desde a infância, tais _versos; naqueles
em que não se verificava essa automatização remota, mas em que havia um
esfôrço consciente de rememoração (sem recurso ao texto escrito), não consignei
num único caso a harmonização de timbre em causa.
22.1.1 Os vocabulos proclíticos "e", "de", "o", "do", "no" sofrem as
mesmas flutuações quando antenasais. Reconheça-se, porém, que em condições
-68-
pouco favoráveis de audibilidade é freqüente perguntar, em ditados, se" o menino"
é "um menino", mas não apenas como antenasal, senão que igual pergunta se
formula para çom, por exemplo, "o jôgo" e "um jôgo", não sendo, pois, deci
sório quanto à eventual nasalização dessa proclítica se antenasal. Não pude
fazer observações quanto à freqüência dêsse tipo de êrro acústico com relação
aos dois casos configurados, o que eventualmente poderá militar em favor,
pura e simplesmente, da baixa audibilidade, em certas condições, · dos artigos
"o" e "um", da nasalização do primeiro ou, mesmo, da desnasalização do se
gundo, que por vêzes ocorre em cadência muito apressada.
22. 3 Nasalizações esporádicas ocorrem em proclíticas na área, mas duas
pelo menos são de muito maior freqüência entre alienígenas à área, .rcilicet,
Iku'zi'aáf(!:)l por [kç(u)'z!(i)'gá~(f)] ("cozinhar") e [v~é~Cf.)l e mesmo [v'r'a~f(~)] po [v i ' i~(r)l ou (vyif(E)] ("vier").
Creio que a . predominância das formas em causa entre nordestinos ou
descendentes de nordestinos pode ser elemento para explicar-lhes a ocorrência
na área . O processo morfofonét_ico da forma verbal, é aliás, de clareza evidente: "f.. r· ,, " . . ,, ,, ,, ,, ,, ,, .. . I . h " 1z: 1zcr , qu1s:q_u1ser , pus:puser , trouxe:trouxer , v1m:v1er v1n er .
22.4 A flutuação ou oscilação do [~'] para [i'], como se disse, parece
condicionada, na área (e quiçá no Brasil, mas então com tendências diferentes),
a dois fatôres, que se contrabalançam ou se corroboram: um, certa "harmonia
vocáli.ca", e o outro, a "regularizaçã~ morfológica". Concomitantemente, nesse
terreno, se pode ver, com maior nitidez talvez que em outros campos fonéticos,
o jôgo de influências recíprocas entre a deriva popular e a restauração erudita
por via, sobretudo, da feição escrita da linguagem. Eis alguns graus do proce5so:
a) [~' ... á] - não flutua: "pedaço" [p~'dás'u], "melaço" [m~'lás'u],
"negaça" [n~'gás'a], "devassa" [d(~rás'a], "retrato" [~(f)~'trát'u], "ce~ada"
[s~'gád'a], "selagem" [s~'lá~l;y]. "debate" [d~'bát' i], "decalque" [d~'kálk'i], "derrama" [d~'f(f)~m'a], "fecal" [f~'kál], "feraz" [fc;'ráy~], "fetal" [f~'tál], "gelar" [te'láf(f.)L "gemada" ~<;'mád'a], "geral" [i~'réÜ], "legal" [h;'gft],
' 'lesar" [l~' záf(f.)], "letargo" [l<;' táf(f)g' u], "levada" [1~' vád 'a], "mecânico"
[ ' k ' (L) '"k' ] " d lh " [ 'd 'l' ] " h " [ ' '(L) ' ] " d " m<; ~ a n 1 u , me a a m~ a v a , megan a m~ ga a ~ a , peca o
[p~'kád'u] ... Decorrentemente, todos os derivados ou flexões guardam essa
característica: "negacear,. negaceador"; "devassidão"; "retratar, retratação, re
tratador, retratava"; "cegar, cegava, cegarei"; " selação, selador, re-selar";
" debater, debatedor"; ''decalcar, decalcomania"; "derrame, derramado, derra
maria"; "geladeira"; "legalista, ilegal, legalizar"; "letargia"; "mecanização,
~ 69-
mecanizador, desmecanizar"; "medalhado, medalha r, medalhão" . .. A exempli
ficação foi deliberadamente indistintiva quanto às camadas populares e cultas,
para melhor mostrar a unidade de procedimento no caso.. . Isso não obstante,
podem ocorrer discrepâncias, tal "dedal", que na linguagem das costureiras e
domésticas em geral é preferentemente [~ i'dcÜ], embora ocorra também [d~'dáÍ]. sobretudo entre homens não ligados por um motivo ou outro à costura;
b) afim com o fato J"upra é um tipo de correlação morfofonética, que tenha
como base um [~] ou [fJ nos correlatos morfológicos: "berro" [bf~(f)'u]
- "berrar" [b~'f(~)áf(f)J, "berrador, berração" e, mesmo, falsos (do po)l.to de
vista etimológico) correlatos: "aberrar, aberração"; "erro" [{~C~)'u] ou "êrro"
[ '-(-:\' ] " 't" " " d" " " b" d " " "E " [f'-::f-:11' ] "E • " ~r,; r; u , erra 1co erra 10 , erra un o , error; rerro t~\\"/ u , rerretro
[f~'f(f)~yr'u], "ferradura, ferrão , aferroar, ferramenta , ferrador, aferrar, ferru
ginoso"; "espero" [(e)' (i)'fr,ér'u], "esperança" [(e)(i)'{pe'rã's'a], "esperançoso, . "' . . desesperar, esperarei" .. . ;
c) o [~'], quando inicial de vocábulo, 1!-a medida em que não está condi
cionado como em "errar" a correlações morfológicas, tende a flutuar, sobretudo
nos vocábulos de largo curso popular, de tal modo que podemos exemplificar com
vocábulos de quaisquer camadas de uso, salvo os de curso por assim dizer es-
"t " b 1· - " [ (")'b '1·. , L"'] " [ (")'k ' ' '' ] " d"f' . " cn o: e u tçao ~ 1 u 1 saw , economta ~ 1 ~ n9 mt ya , e 1 lClO
[e(i)' J i'fís'yu], "editar" [e(i)'d' i'tár(r)], "educação" [e(i)' du'ka'sã~], "eficiente'' • • ••• fi'! •
[e(i)'fi'sdP'i], "egoísta" [e(i)'go(u)írt'a] "egípcio" [e(i)'típs'yu], "elucidar" . . . [~(i)'lu'si'dár(f.)], "episódio" [~(i)'pi'zid''yu], "equilíbrio" [~(i)'ki'líbr'yu], "erup-- " [ (")I f .! ""] (( A IJ [ (")I ,v, \ ] lt -çao ~ 1 ru psa w , exagero ~ 1 za zçr u ; escusa ressa ar que a expre5sao
culta tensa tende sempre, em todos êsses casos, a restaurar o [~'], sobretudo
quando interferem razões de consciência lingÜística da composição vocabular,
como por exemplo em "emigração/imigração'', "eludir/iludir";
d) [~' ... ~] - essa correlação parece de tal modo ter sido condicionada
pela estrutura flexi~nal dos verbos da segunda conjugação, que parece possível
estabelecer uma como que regra: quando o [~]passa a [í] por razões (na sincronia)
morfoverbais, rec~procamente o (~'] pass~ a [i'] : "prever" [pr~'véf(f)], "previ"
[ (")' ' ) "d " [d ' '-(-)] "d ' " [d (")' '' ' v] " t " [ 't ' pr~ 1 v1 ; e ver ~ v~~ r , ev1amos ~ 1 v1 'ilm us ; a rever . a r~
v~f(f)J, "atrevia" [a'tr~CD'ví'ya] . A expressão culta tensa tende·, si'stemàtica
mente, a restaurar para (~'] a voz oscilante, que, dentro do esquema, é efetiva
mente de muito maior freqüência, mas a oscilação perdura nas elocuções distens~U:
."atrevimento" [a'tre(i)'vi'mi"t'u], "devido" [d~(i)'víd'u], "pedinchão" [P<;(i)' ~ ., !.1\J ~~ • • J} • • ~ , ,., • -
d 1 saw], scbu1mento [s~(l)'gt'met'u] . O fato c que esse h?::> de correlaçao
-70-
ultrapassa o campo das correlações morfoverbais e dos seus derivados e invade,
então, de um modo geral, muitas conexões de [e' ... i'] ou [e' ." .. i']. que apre•
sentam, destarte, a oscilação: "religião" [f(i.)~(i)'li'ti'ã'~]: "petição" (p~(i)' ":"'~·, ,!"'] "d 'd' ., [d '(d~'') ''d~ '-f:)] " 'f' . ., [ (')' ''f''k'-(-:'\] " . , t 1 SaW , , eCI lf ~ 1 SI lr\f. , Vefl lCar V~ 1 fl 1 ar f/ , menmo
"" [m~(i)'n!(i)n'u], "veludo" [v~(i)'lúd'u]; como sempre, a expressão culta tensa
tende a re.>taurar o [~'],mas não chega a ousá-lo nos vocábulos que, ausentes
de correlações morfológicas, como que se apresentam isolad~s e patrimonialmente , ~
populares, tal o caso de "menino", só [m!(i')'ní(i}n'u]. pois [m~(e')'ní(i}!l'u] é
sem dúyida marca de alienígena à área; por tal motivo, vocábulos como "feliz"
e. seus derivados; "felicitar, felicitações" comportam a oscilação, com dois
graus - em "feliz" quase com repugnância, prevalecendo de muito a forma
[fi'líy~, enquanto nos derivados a oscilação é muit~ mais freqÜente - [f~ (i ) ' li' si'táf(f)] e [f~(i)'li'si'ta' sÕ,Ys1;
e) afim com o aspecto anterior é a conexão [e' ... e'] que decorre da co
nexão [e' . .' . á]: se i'levar", "levado" têm [e'] por causa da conexão [e' ... á],
o primeiro membro desta conexão vai determinar a primeira, (~' ... ~']. em
"elevar", "relevar", formando constâncias esquemáticas que parecem explicar
"elegante" [~'h;'gãr•i]. "elefante" (~'l~'fã'l''í] e certas dualidade exclusivas, do
tipo "eletricista", i::.to é, ou (muito mais freqüente) [~'l~'tri'síst'a] ou
l.i'li'tri'síst'a] (em certos cariocas de baixo padrão cult'ural e lingüístico). E,
assim, de um modo geral, na deriva como que se opõem, na área, o esquema
'(e' ... e'] ao outro [i' ... i'], sendo os seus combinatórios expressão da con-• . tensão culta - genericame~te falando;
I) [~' . , . ú]- nessa conex;;:o, de certo modo pouco representada ria língua,
pelo menos em vocábulos correntes, há tendências para o [~'] oscilar com o
[i'], tal "seguro" [se(i)'gúr'u], "veludo" [ve(i)'lúd'u]. "verruga" [ve(i.)'f(r)úg'a], . . . . .. "mesura" [m~(i)zúr'a] e até mesmo "peludo" [p~(i)'lúd'u]. na accepção do que
tem sorte; a restauração se faz correntemen.te, sobretudo quando, como em
"peludo", se tem a consciência de correlações dos tipos anteriormente apon
tados.
22.4 .I À parte ficaram, deliberadamente, todos os vocábulos iniciadv;
por e.r- ou ex- (gráficos), para os quais, independentemente de quaisquer
correlações ou conexões, há constantemente, .na área, três graus de emissão,
que vão do culto tenso, passam pelo culto distenso e chegam ao popular dis
tenso - se aquelas iniciais são seguidas de consonância, fique claro. Êsses
graus são:
-71-
1) [c;:'t(.~). 2) [i't((l1 ou 3) [~(~). que poderão ser representados numa única
fórmula: f(t;')(i')t(t)1; veja-se , com efeito, a série seguinte, extratada na ordem
alfabética de um vocábulário corrente:
esbaforido [(e')(i')tba' f o( u)' ríd\u].
[-i'Íba'fo(u)'ríd'u] ou [~ba'fo.(u)'ríd'u1 • . ' . isto é, [e'~a'fo(u)'ríd'u1 . . ou
escabeçar [(~')(i')~ka'bc;:' sáf(r) 1
esdruxular r (t;')(i')~dru'tu'lár(f.)J
esfacelado [ (~')(i,tf'a' se'lád'u J
esgalhado [(~')(i')tga1ád'u1
eslavo ((c:')(i')~láv'u]
esmagar [(;')(i')tma'gá~(m
e saltemos
excarcerar [(~')(i')tka'f(f)s.~'ráf(~) 1
exclamar [(~')(i')~kl~'már(E)] extravagante [(«;')(i')~tra'va' gãf'i]
devendo-se, por fim, notar que as três formas coexistem em quase todos os indi
víduos falantes cultos da área, segundo seja sua ten$ão psíquica.
22. 4. 2 Caberia. ainda, com relação à flutuação [~'] para [i'). em que a
ação culta por via da escrita tanto se empenha em restaurar o primeiro, consignar
duas observações atinentes à preposição "de". É de longa data a observação
de que na área carioca há ocorrência do "de "em causa, regular e ordinàriamente
rd' i']. como [d~']. pelo menos nas expressões "c~r-de-rosa" e por vêzes "de tarde"
e "de noite" e mesmo "de manhã", respectivamente, [k<?'f(~)dt:'f(r,)~z'a1,
[dc;:'táf(!,)d''i], [d~'n§.vf'i]. [d~'m~(ã)'oã]. Se já eram episódicas ao tempo da
observação, vão de mais em mais sendo, tendo-nos sido uma canseira sugerir a
meus interlocutores inteiramente desprevenidos de minhas intenções proferissem
tais expressões, em que , em nível de cultos, nunca o foram assim enunciadas,
mas, ao contrário, sempre com [JI i']. Em compensação, onde o sistema orto
gráfico vem preconizando junçê\e.,, tais "demais", "debaixo", "debalde", "de
certo", . "demão", "derredor", e mesmo "depois" , é frequente a oscilação
[de'(d'i')] no início dêsses vocábulos. l:'.' •
22 . 5 A oscilação de [ê''] para «'] apresenta muitas afinidades com os
fatos anteriores; as principai., constâncias são as seguintes:
a) [ê''] inicial de vocábulo, seguido de consonância, sistemàticamente oscila,
com ri']. salvo nos vocábulos de exclusivo curso erudito; sistemàticamente
-72-
também, se verifica o esfôrço de restauração, de maneira que de regra as duas
formas coexistem nos cultos da área, segundo o grau de tensão psíquica; escusa
exemplificar, quase , pois o princípio é de constância notável: "embaçado"
[ê(0'ba'sád'u]. "embaixador" [eGJ'bay'ta''d9f(r)J. "embalagem" [e~'ba'lá~'ey). ''embaraçado" [e~'ba'ra'sád'u] "embotado" [ê'C0'bo'tád'u]. "embuchar"
[~(l}'bu'iáf(f)). "embuste" [ê'~'búrt''i]. "empório" [t(i}'p~r'yu]. "emprego"
[ê'(i}'prrg'u]. "encaixar" [~(i}' kay'táf(~)]. "encruado" [ê'(i}'kru' ád'u]. "encubar"
[ê'(i)'ku'báf(f)l. "enfêrmo" [e(0'f~f.(f)m'u]. "enganar" [em'ga'náf(f)l. "enta
lado" [~(0'ta'lád'u]. "entender" [~GJ'ti!'d~f(f)] . Essa oscilação quase não existe
com o prefixo "entre-" em ritmo binário, a saber, "entreato" [e'tô'át'u].
"entrelinha" [ê'tri'l!~n'a]. "entremanhã" [e'tri'm~(ã)'aãl. "entrenoite" [ê'tri' , "''] " t 11 ["J,t ., '-(-) ' l " t t 11 ["''t .,t_] b d n~y· 1 , en renervo e n n~r r. v u , en re om e n o . ou, corro orao o
o ritmo, quando o indivíduo falante guarda a consciência da formação vocabular
com "entre-"; nos usos freqüentes, porém, há flutuação múltipla, como que
instável o vocábulo todo, tal o caso típico, na linguagem de tipografia , de "entre
linhar" - [e'tr~'l!~'oáf(f)] . [~tre'liGJ'uáf(f)J. [ê''tr~l!~'náf(f.)]. de um lado,
~tri'l!GJ'oáf(r)J. re'tri'lj~'oáf(f)L ~tr~~l!GJ'oá~(~)J e estas últimas com flu-
tuação de acentos secU;ndários . . ;
b) na flexão verbal, com verbos com [e'] imediatamente antes de sílaba
acentuada, na primeira conjugação, nas formas arrizotônicas, não há oscilação:
"agüentar", "esquentar, esquentarei, esquentava", "sentar, sentei, sentarei" ,
"tentar", "ventar", "arrebentar", "cimentar" . . . Nos verbos da segunda e da
terceira conjugação, porém, é de regra a oscilação, com características diferen-. . 1) d . - (I d " (I d " " d " " d , Ciais: na segun a conJugaçao, pen er , ven er , pren er , ren er ,
"encher", "acender", "condescender", "entender", "propender", "vencer", o
[ê''] oscila com (i'] nas formas seguidas por [í] ou [i']. donde o esquema geral:
,G venço [ves'u]
vences [vê's'iSJ
vencemos [ve's~m'u~j
venceremos [ ve' s~' r~m' u~]
mas
venci [vê(~ ' sí] vencido [vê'(~' síd'u ]
vencia [ ve(~' síy'ya l ,
[vê'(~'síy'yam' u~ venciam os
- 73 -
em que, entre cultos, mesmo na expressão distensa, prevalece, com certa regu
laridade, a predominância geral no esquema do [~'];já 2) nos verbos da terceira
conjugação, "sentir", "mentir" e seus derivados, "consentir", "pressentir", "d' . " " . " "...1 • " [~'~'] b' '1 d M] 1ssenbr , assentir , ~esmenhr , o e , tam em osc1 an o para [1 nas
formas seguidas de [í] ou [i'] na sílaba seguinte, é muito mais flutuante:
minto ~
[m1t'u)
mentes ~ ti [meP'i
mente [m~P 'i]
mentimos [mê:(0't' ím'u'S']
mentis [mê'aJ'~ í!] mentem [mit'êYJ
menti r "'(f}'?') tme 1 . 1
mentia .[me(i)'? íy~al mentirei [meGJ'r i'r~y] mentiria [m'et'D'f i'ríy'ya]
mentisse [ Nt'D'P'''] me 1 1s 1
mentires [me(i)'P ír'i~ mentido [me(i')'~ íd'u]
mentindo [meVJ'fid'uJ
o que não obsta, também, à sistemá.tica restauração entre cultos na expressão
tensa, mas com muito maior freqüencia no emprêgo do (~] mesmo entre cultos
na fala distensa;
c) por fim, como é natural, as correlações morfológicas estabilizam um sem·
número de vocábulos com (ê''] relacionados com vocábulos com [i]. segundo o
esqut!ma "sensorial/senso": "temporal, sensação, vendaval, tentativa, sensitiva,
sensual, lentidão, tensão, centavo, dentição, gentio, lembrança", contra correla
ções oscilantes do tipo "mentir/mentira/méntirosa/mentiralhada", com [ê'/~]: "sentimento, pressentimento, consentimento, assentimento" mas, decorren
temente, sem oscilação, "vendedor", "prS!ndedor, desprendimento", "rendeira",
"acendedor", "entendimento, propensão, vencimento, vencedor".
22. 5. 1 Com a preposição "em" em função prefixai, em locuções que o
sistema ortográfico consagra num só vocábulo, do tipo "embaixo, enfim, ' entanto, enquanto" são correntes ultracorreções do tipo [ey'báy~'u]. [ey'f~,
i' i'
{ey1tã t'u]. [ey'kwãt'u]. mesmo em pessoas que regularrríent~ proferem a pre-
posição segundo o padrão geral da área ~].
-74-
22.6 Os fatos relacionaqos com os verbos em -ear (gráfico), assim com<>
quaic;quer outros em que as. vozes proclíticas são contíguas a uma voz seguinte,
serão considerados adiante.
22 .7 A oscilação de [~'] para lu'] parece sofrer um jôgo de tendências
do tipo consignado em 22. 4. Mas apresenta feições pr6pria·s:
a) [</] inicial de vocábulo, em sílaba aberta ou fechada, mantém-se inal
terado com notá:vel regularidade em tôdas as camadas; escusa exemplificar,
pois seria transplantar um vocábulario para aqui;
h) [-o/u' . . . u]: "cortume" [k9(u)'f(f)h~m'i]. ".soltura" [s<;>(u)1túr'a],
"tortura" [t<;>(u)'f(f)túr'a]. "gostusura" [g<;>(u}(tu'zúr'a], "formusura" [fç>(u)"
f(E)mu'zúr'a], "cordura" [k<;>(u)'f(f)dúr'a], "produzir" [pr<?(u)'du'zíf(f)J. "pro
dução" [pr<;>(u)'du'sÍ~]. "bodum" [b<;>(u)'dtr], "costura" [k<;>(u)'tfúr'a], "costu
reira" [k<;>( u)'ttu' r~yr' a]. "borbulhar" [bç>( u)'f(f) bu'~áf(f)], ubrotoej a" [br<;>( u)'
tu'Ç(wÇ)!''a] . "comunicação" [k<;>(u)'mu'ní'ka's~~]. ucoluna" [k~(u)'lún'aJ, "moldura" [mç>(u)i'idúr'a], "gordura" [g<;>(u)'f(f)dúr'aJ... De um modo geral,
a pronúncia culta tende a restaurar o [q']. mas fá-lo na medida em que sente
que o vocábulo não é, patrimonialmente, de curso popular, tal o caso de "bodum", L
que, quando proferido, é quase unânimemente [bu'd\r], comó'mau cheiro";
c) na flexão verbal, os fatos são muito afins dos referidos em 22 .5 h). Com
· efeito. no;:; verbos da primeira conjugação com [<?'] imediatamente antes da _
sílaba acentuada, não há oscilação nas formas arrizotônicas: uvoltaL", botar,
trotar, soltar, tostar, chorar, corar, rosnar, de.,folhar, dt':.tocar, de..;locar, co
locar" ... ;
d) nos verbos da segunda conjugação, de curso geral, utorcer, poder, coser
(que alterna com "costurar" na área, ucozer" reduzindo-se ao curso culto, pois
no popular é "cozinhar"), morder, colhêr, correr, chover", excetuando as formas
rizotônicas em [{>] e fi], flutua o [9'] para [u'] se seguido de [í]. sem considerar
a metáfonia ca.nôn'ica do per}eclum do verbo upoder" ("pude/pudera/pudesse/
puder"):
poder
podemos
podeis
podia
podido
podendo
fp<?' d~f<r) 1 [pç'd~m'u~ [po'déy~
[p<;>(u)'d' íy'ya]
[po(u)'d' íd'u]
[p;'did'u]
- 75-
<:umprindo, porém, dos verbos mencionados, abrir uma exceção para "chover",
que na área flutua em tôdas as formas consideradas, não sendo difícil ver aí
influência de "chuva" e do fato de que as formas estabilizadoras do padrão
com [<?'] são minoritárias proporcionalmente;
e) nos verbos da terceira conjugação, "cobrir, dormir, tossir, engolir';,
tôdas as formas arrizotônicas apresentam a oscilação de [~'] para [u']:
dormimos [do(u)'r(r}mím'ur] · . . .. . dormis [ dg( u)'f(f)míy~] dormia [ dg(u)'f(f.)míy'ya 1
dormi [d~(u)'f(f)mí]
dormira [d<?(u)'f(f)mír' a 1
dormirei [d9(u)'f(f.)mi,.r~y 1
dormiria [ d~(u)'f(f)mi' ríy'ya]
dormisse [d<?(u)'f(f.) mís'i]
dormido [do(u)'r(r)míd'u1
dormindo [d. ( )':.(~) ~d \ ] 9u ~ ~ m1 U
<lo que decorre uma sensível predominancia do [u'], mesmo na expressão culta
te-nsa;
d) do anterior, como que se fixa a conexão [o'/u' ... i]: "corrimento" / .
[k9(u)'f(~)i'mê't'u], "dormideira" [dc:,>(u)'f(f)mi' d~yr'a], "sofrimento" [sg(u)'fr!'
mit'u.J, I( descobrimento" [ dc;(i)'tkg( u)'br~' met 'u], "esbaforido" [ ( ~)(i)'~a' f9( u)'
ríd'u], "posição" [pc:,>(u)'zi'sã~]. conexão que, porém, vigora mais em função
·dos derivados verbais diretos ou de vocábulos de curso preferencialmente po-çc • , • Jj ·,, • ,, ' ~
pular, mormga [mg(u)'ng'a], cormga [kc:,>(u) ng'a].
22.7 .l Do mesmo modo, em palavras de curso preferentemente popular
a tendência à predominância do [u'] é patente: "tostão" [to(u)'ttã'«L "botão'; " . ,., . [b<?(u)'tã~], "botina" [b~(u)'f ín'a], "cortina" [k<?(u)'f(f)P ~n a]. "comer"
[k9(u)'m~~(f). "comércio" [k'?(u)'m{fs'yu].
22. 7. 2 ·Na área carioca pelo menos, a oscilação do tipo considerado pode , ter, episodicamente, valor oponencial: "corpinho" [ko'r(r)pí(i)n'u], como dimi· .
~fi. • • • • v
nutivo ~~ "corpo", e [ku'~(f)pf(l)B'u], como peça de vestuário; "modinha"
[mo'd'í'(i)n'a], como diminutivo pejorativo de "moda'~· siriôn~mo de "voga", e • • v
[m~(u)'d'j(6n'a], como canção, cuja segunda forma, conforme as camadas, não
vigora, ou pelo menos em certás .situações lingüísti~as, pela conc~rrência do
diminuitivo de "muda", de planta, ou "sem voz"; "folhinha" [fo'lí(t}n'a], dimi-, • -.,. v
nutivo de "fôlha", e [fu'J~(I}e'a] (como folheto de calendário).
-76
22. 7. 3 Freqüentes na área são duas ultracorreções associadas aos casos
ora vertentes, ligadas à morfologia verbal e de ostensiva conexão com formas
verbais afins, por correlação ou por oposição: "sube" [súb'i] por "soube" na
primeira pessoa do singular, e "poude" [p~wd\J (com o ditongo bem audível)
por "pude".
22 .8 A oscilação de [õ'] para [\'f'] é muito pouco ·ocorrente na área, a tal
ponto que, em casos dissociados ou inassociáveis, dada a sua episodicidade ,
não será estranho supor-lhes influência alienígena, tal o caso de "compadre''
[kõ(U')'pádr'i]. a que não será de separar a relação com "comadre" [kc:(u)mádr'i].
Outros casos há, como "condutor" (de "bondes", preferencialmente) [k9(~'
d 1W•(-:\] • f 0 11 d - 11 [k-("")'d I f""] 11 11 [k-~1 u , ~ fi , ma1s raramen e con uçao <? u u sa w , conversar <?~UJ vt;'
f(f)sáf(f). Entretanto, "esconder" e "responder", nas formas arrizotônicas de.
sílaba acentuada com [í]. acusam a oscilação:
respondia
respondi
[f(f)~'tpõ(u)'d' íy'ya] ·
[~(f)t;'~põ(u)';J í]
embora a tendência à regularização em [õ'] seja predominante.
22.9 Casos "inversos" de oscilação, v. g., de [i'] para [~'] ou de [u'] para
[<?'1 tipo "previlégio" ou "sinosite" -que ocorrem -são obviamente ultra·
correções.
22.10 Na área carioca, salvo em alienfgenas a ela, não se manifesta nas '
vozes proclíticas, sobretudo [o'] e [e'], o forte timbre aberto tão característico
de extenso território- que parece ir desde o nordeste até certo ponto de Minas
Gerais pelo menos (embora com provável regime diferenciado, por ser estabe
lecido) - v. g. (figuradamente), "pernambucano" [pernã'bu'kÍn'u]; "colégio'' " .. [küléÍ'yu]. "corrosivo" [koro'zív'u]. ·
I. I. ~·L
22.11 Paralelamente ao fato apontado .rupra, não se verifica na área
carioca o intenso timbre aberto da voz proclítica [a']. v. g., "casacoC· [ktzák'u],
"calar" [kàlár], que sabe aos ouvidos cariocas como voz ·longa aberta. L •
22.12 Além da aférese sistemática apontada em 22.4. I , as proclíticas,
em geral, não sofrem queda na área carioca. 'formas esporádicas do tipo
"bringela" talvez se expliquem através das camadas .ou mesmo -correntes imi
gratórias que introduziram sua cultura na área ..
77 -
23. O Da.r voze.r mclt1ica.r
As vozes enclíticas antenasais são as que revelam menor traço de nasa
lização, a tal ponto que na expressão culta quase não há traços dela, a não ser
o fechamento do timbre, u. g. "pântano", "pátina", "eneágono", "póstumo".
Iguais características têm as vozes finais tornadas enclíticas com os pronomes
enclí ticos "me" e "nos", "· g., "deve-me", "disponho-me", "arrastava-me".
"entregue-me", "dispondo-nos".
23 . 1 Ver, ·quanto à redução de certas enclíticas, 8 . 4.1.1, 8.4.1.2,
8.4.1.3, 8.4.1.4, 8.4.1.5, 12.4.2. Acrescente-se que na área carioca, assim
como em mu~tas outras do Brasil, ao que parece, quiçá nêle todo, nas camadas
mais populares, há manifesta tendência a consagrar a síncope de enclíticas
em certas palavras: "chácara" [~ákr'a]; "pêssego" [p~ig'u], [pfzg'u] ou [p~g'u] (forma última esta que dá caráter consciente de síncope à síncope); "música"
[múrg'a], [múzg'a]; "abóbora" [a'bóbr' a]. Na expressão culta menos tensa, ... naquelas dessas palavras que "pertencem" ao vocab~lário eminentement~ po-
pular, tem sabor de requinte artifici11l ou pelo menos grande contensão a pronún
cia canônica, como em" chácara" e "abóbora"; isso é ainda mais sensível nos dimi_
nutivos ou nos arrizotônicas em geral, cujas formas teoricamente canônicas
são pràticamente impossíveis: "abobrinha", "chacrinha", "chacreiro" .. .
24. O Da.r voze.r jinai.r
As principais observações relativas à área estão em 5. 5 .1, 9. 5 .1, 13.5 .l e
18. 4. Sôbre esta última remissiva, tipo "ultimatum", deve-se acrescentar que o
latinismo em -um (gráfico) são geralmente pronunciados como ['~], quer
sejam de curso mai<> ou menos geral, quer de curso restrito, apenas ocorrendo·
a pronúncia do latinismo como latinismo, mais ou menos reconstituída, como
['um] (com [m] implosivo mas nasalada a voz anterior). Observe-se, também.
o que é dito em 8.4.1.4 e 12.4.3.
24 .l Na área carioca jamais se manifesta, salvo em alienígenas à área, a
tendência que. tem, segundo consta, ponto de irradiação na fronteira su.l do país
e atinge, provàvelmente, certas zonas de São Paulo (sem que, com isso, se
queira dizer que abarque a totalidade do território do Rio Grande do Sul, de
-78-
Santa Catarina e do Paraná, é óbvio), e dá às vozes finais canocas ri] e l'ul
os valores de ['e] e ['o]. (*). . . 25. O Ditongo.r uláveÍJ' inlravocabularu dccrucenlu acenluado.r
São os seguintes na área canoca, quiçá brasileira,salvo quanto ao n. 0 (2):
(1) [áy] pat, pato, abalai, estudai.r, baixo, catxa
(2) [~y] paina, faina, andaime
(3) [ãy] mãe,. alemães, capitães, cãibra
(4) [Íw]- pau, cauto , lauto, áureo ;'"'
(5) [ãw] - pão, capitão, mãos
(6) [éy] L
(7) [éy]
(8) [fyj (9) [éw]
L
(lO) [~w]
papéis, fiéis, capitéis, réis
lei, viverei, primeiro, plêiaJe
ninguém, vintém, alguém, armazéns, parabéns
céu, incréu , chapéu, troféus , escarcéu
europeu, sandeus, feudo , temeu, escreveu
(11) [íw] - partiu, ouviu, caiu, saiu, viu
(*) Até êste ponto a presente comunicação foi apresentada, em redação definitiva, ao Con
gresso, sendo a parte seguinte posta à disposição dos relatores, para cnnlual consultn, já que
se achava definitivamente elaborada, embora sem .a daclilografia regulamentar. Por êsse mo
tivo vinha neste ponto .a seguinte "Nota provisoriamente final":
"A presente tentativa fica a meio da dactilografia, para que possa ser apre
sentada em tempo ao Congresso.
Inteiramente elaborada já .se acha a parte que se relaciona com ditongos
tritongos, hiatos e seq;;ências combinatórias de cada espécie dêles com as dos
outros, assim como tritongos, hiatos e seq'üências combinatórias de cnda es
pécie dêles com as dos outros, assim como com as vozes propriamente ditas. Por
fim, tôdas as ligàções intervocabulares vocálicas que pendem são examinadas.
Fic;x êsse material à disposição do Congresso.
* * * O autor destas linhas não ignora a temeridade que praticou ao tentar, em
tempo tão reduzido como o que teve, uma descrição, que, ao cabo, revelou as·
pectos do sistema vocálico da área até então insuspeitados por êle. Dá-se, por
isso, por bem pago, sobretudo se tiver sido de alguma valia a tarefa que cumpriu
com o pensamento no Congresso".
-79-
(12) [~y] apóio, destróis, acóitam, abiscóitam
(13) [<_)y] oito, dezoito, biscoito, comboio, estroina
(14) [OLy""J - - t t- -poes, mamoes, os oes, razoes
(15) [§w]- roubo, es.touro, besouro, trabalhou
(16) [úy] descuido, fluido, intuito, gratuito
(17) [\fy] - mui, muito
25.1 O ditongo (1) .rupra, nas condições de "baixo", "caixa", nas camadas
populares, em e~.pressão distensa, freqÜentemente se reduz a [á], "· g., [bá('u],
[kát'a].
25. 2 O ditongo (2) .rupra acusa a flutuação de situação antenasal, segundo
a tensão do indivíduo falante: de [p~yn'a] para [pã'yn'a], de [f~yn' a] para
[fãyn'a], de [ã'dáym'i] para [ã'dã'ymi]. Na, ·pelo menos, área paulista de [fóm'i], . ~
parece que não existe e , ip.ro jacto, tampouco a flutuação: [fáyn'a], [páyn'a] e
lã'dáym'i]. Importa, ainda, considerar que, na área carioca, talvez porque
seqüência fônica t~picamente entdita e ocasional, o ditongo acentuado final de
vocábulo [áy], nas formas verbais com vocábulos enclíticos iniciados por conso-A • • - lt tlf: l • 1> I( • d • 1> [f '1' ''] nanc1as nasa1s, nao se a era: 1a a1-me , aJu a1-nos , sempre a aym 1 ,
[a'iu'dáyn'uli'].
25. 3 De acôrdo com o consignado em 20. 3, o plural de "alemão" e "alemã',
gràficamente e respectivamente, "alemães" e "alemãs" , é na área o mesmo, a
saber, [a'le'mãy~; o exemplo é referido em caráter geral e não adstrito ao caso . ,. vocabular apenas.
25. 4 O ditongo ( 4) .rupra, quiçá porque sua ocorrência antenasal não se
represente na líagua em vocábulos usuais, não mostra influência dessa situação,
P, g ., "fauna", "fauno", (fáwn'a], [fáwn'u].
25.5 Omitiu-se deliberadamente qualquer referência, em 17 . 1, ao fato de
que, num passado nada remoto, ao contrário, de duas décadas ainda, na área
carioca a voz [Õ] quando final de vocábulo era, na expressão distensa, muito
freqüentemente pronunciada rã'~) nos vocábulos de curso corrente: "bom'' era
[bã~l, o cinema "Odeon" era [C?'d~'ã'~]. A extensão do fenômeno, nesse curto
prazo, parece ter diminuído muito de área, perdurando, quiç~, na zona rural
da área; na urbana, está como que estruturada, nas camada<> populares, no pri
meiro vocábulo exemplificado e, em situação proclítica, na palavra "dom", na
expressão.distensa , "dom Pedro", "dom João", a saber, [dã~'pédr'u], [dã~~' "' "" , '"'' ã~] ou [dã~'zu'ã~] ou mesmo [dãw'Í~ãW'] ou mesmo ainda [dãw't~ã~), isto é,
com a palat.al sonora nasalizada.
-80 -
25.6 Com relação ao ditongo (6) .rup ra, notar o que é di to em 20.3 sôbrc
vocábulos como "revés", "através", "convés", "dez".
25 . 7 O ditongo (7) .rupra, na área carioca, quiçá na quase totalidade à. .-:>
t erritório bra<>ileiro, tende, nos vocábulos paroxítonos, a reduzir-se a [~ ]: "pri
meiro [prj'm~r'u]. "terceiro" [t<r'f(f.) s~r' u], "inteiro" [i' t~r' u], "tinteiro"
[~';"tér'uj, "trabalhudeira" [tra'bn'la'dér"a]. O fenômeno é geral em tôdas as . " . camadas da área, mas fàcilmentc recuperado nas cultas, que realizam em si
tuação tensa ou mesmo semitensa e, em certos indivíduos já, mesmo na distensa,
o ditongo . Entretanto, a repercussão na morfologia verbal dêsse fenômeno, que.
através das fo rmas a rrizotônicas. equiparou "esperar" e "enfileira r" , a saber.
[(e ')(i ' )~pe'rár(r)] e [e ' ft1)fi'le' rár(r)], foi fazer de suas formas rizotônicas as . . . .. . . . .. •'regulares" do "paradigma" , e assim como " espero", "espera ::;" etc. conjuga-se
"enfilero", "enfileras", isto é, (ê'' ('i1)fi' lér'u], [ê'' «')fi'lér 'a(]. A " regularização" I. ~
foi a tal ponto que, mesmo em indivíduos falantes que normalmente pronunciam
•' inteiro" [iltéyr'u] o adj·etivo e que sabem ser assim , canônicamente, a primeira
pessoa do sin~ular do verbo, preferem dizer, correntemente [}tér'u] ou então . . . " •·completo" (ver, porém, 26. 4).
f5. 7. 1 Com relação ao mesmo ditongo (7) .rupra, notar que em situação
antenasal, em vocábulos de curso popular, há a tendência para a nasalização·~ I
"reino", culto mesmo distenso [f(~)~yn'u], popular [r(r)ê'yn 'u].
25 .8 O ditongo (lO) .rupra, mesmo em situação a~tenasal , já que exclusiv()
do vocabulário culto, não apresenta tendência à nasalização, v. g. "fleuma"
ffl~wm'aJ.
25. 9 Tampouco apresentam tendências à nasalização, mesmo em situação
antenasal , o ditongo acima referido ·e o de n. 0 (11) .rupra , quando em formas
verbais cujas enclíticas sej am iniciadas por consonâncias nasais: "temeu-me"
"ouviu-nos". É de observar que a deriva puramente popular nesses casos
·parece não exercer-se, pois tais formas não lhe pertencem, no fonetismo e na
morfologia e na sin taxe da área , do ponto de vista das camadas mais populares.
25.10 N ote-se, com relação ao ditongo (12), que, se não condicionado
por conexões morfológicas, tipo " anzol: anzóis" ou "acoitar: acóito" ou " apoiar:
apóio" , tende êle a desaparecer do fonetismo popular da área , como em " dezoito" ,
••comboio" , "estroina", a saber , [d~'z§yt'u]. [kõ'b?y'yu], l (~') ( i')(tr§yn ' a]. embora no último exemplo deva haver concorrência do fato de ser antenasal .
o que dá margem a episódica pronúncia nasalada do mesmo.
- - 81-
25.10 O ditongo (13) .rupra jã: não apresenta, ao vivo, na área, oscilação
com o ditongo (15), tipo "ouro : oiro :: oiro : ouro". Embora ~se sincretismo
seja sancionado pela canônica lexicográfica, no uso vivo da área há flxaçãu de
uma das formas a- cada vocáhuio ou sufixo. Muito raramente, em pretensos
bem falantes ou idosos (salvo os casos de ludismo ou pilhéria verbal), é que
ainda se ouve, em naturais da área, "oiço". No mais, o pseudo-sincretismo
traduz especialização de sentido, tipo "loiro" como "papagaio" e "louro" como
"fulvo". Entretanto, até não faz muito tempo, vestígios vivos da oscilação
se documentavam. Nos escritos do nascido, vivido e morrido carioca LIMA
BARRETO, tal como pude verificar em suas "Obras Completas", em dezessete
volume.>, organizadas por FRANCISCO DE Assis BARBOSA, com a colaboração de
MANUEL CAVALCANTI PROENÇA e minha, cabendo-me a mim a tarefa do estabe
lecimento do texto, a forma "cousa" oscila com "coisa" desde 1904 até 1922,
no mesmo trabalho, na mesma página e às vêzes na mesma intervenção coloquial
de uma mesma personagem. As . revista:> cariocas do ·tempo documentam,
também, à saciedade o fato, que interpreto como o remanescente de uma possível
flutuação mais geral anterior na área e quiçá no Brasil. Hoje em dia, na área,
falando ou escrevendo, empregar a forma não fixada, por exemplo, "tesoiro''
em lugar de "tesouro", que é a normal} é sugerir voluntária ou involuntàriamente ,.. um matiz lusitanizante. ·
25.11 Com relação ao ditongo (14), observar o que é dito em 20 .3.1.
25.12 O ~itongo (15) .rupra, na área carioca e quiçá na quase totalidade
do território brasileiro, nas camadas populares se reduz, em qualquer situação,
grave ou aguda, a f?J. Processo inteiramente paralelo ao consignado em 25.7
.rupra acarreta, em formas rizotônicas de verbos que o devessen:hter, uma "regu
larização", cuja conseqüência é a existência, na área, de formas como "estoras"
[(e')(i')ttór'a!i'], por "estouras" [(e')(i')ttówr'a~, e assim em verbos como • L • •
" " "d " (" - d 'I I " ) " " " b " O r t ' agourar , ourar nao ore a p1 u a . . . , pousar , rou ar . 1a o e
de tendência geral na área, sendo só superado pelo cultos, na expressão cuidada,
porque, mesmo na familiar, lhes ocorre, desde que o verbo seja de curso popular
-o que não se dá, por exemplo, com "louvar", na área preferentemente "elo
giar".
25.12.1 Ver, a respeito, o que é dito em 22.7.3.
25.13 O ditongo (16), nos indivíduos cultos idosos, nos vocábulos de
introdução ou curso erudito, é pronunciado como hiato, em proparoxítonas,
"flúido, gratúito, intúito, circúito", melhor, [flú'id'u], [gra'tú'it'u], ~tú'it'uJ,
- 82 --
{si'r(r)kú'it'u]- a exelflplo do que, canônicamente, é preconizado para "drúida", ... isto é, [drú'id'a]. Nas camadas populares, dois dêsses vocábulos, pelo menos,
apresentam pronúncia com ditongo crel>cente, "gratuíto" e "(curto) circuíto",
[gra'twít'u], [si'f(f.)kwít'u]. Mas as camadas cultas regularmente, em situações
tensas ou distensas, pronunciam-no como ditongo decrescente: [gra'túyt'u],
(i'1túyt~u], [si'r(r)kúyt'u], [flúyd'u] como [de'(-;t i')k"kúyd'u] . . .. 25.13 O vocábulo "muito" (v. ,yupra 17), na expressão popular distensa, ,
assume a forma [m"irt'u], sem o ditongo, raramente, salvo quando· o vocábulo é I • li • ,, ,, • ,, ;:::-, ,tAJ :::, - L N prochhco, v.g., mmto bem , mmto bom , a saber, [mutu'bey], [mutu'bo(aw)],
forma que parece muito generalizada na área nortista e nordestina, pelo menos,
sendo na oriental , pelo menos em seção sua, [mlí~ u].
26. O Ditongo,y uláveiJ' intravocahulare.r decrucenle.r proclfticoJ'. São os seguintes., na área:
(I) [ay'] - abaixar, encaixar, alcaidio, alvaiade
(2) [~y'] - painel, apainelado
(3) [aw'] - cauteloso, acautelar, autom6vel, caução
(4) [~y'] - leiloeiro, freirático, deidade, eivado
(5) [~w'] - europeu, feudalismo, eutanásia
(6) f?y'] - afoitar, abiscoitar, apoiar
(7) [gw'] - roubar, tourada, mourejar
(8) [uy'] - 'fluidez, gratuidade, descuidoso, cuidado
(9) [~y'J - muitíssimo
26.0.1 Em verdade, cotejando-se os ditongos da série numérica anterior,
25. O, com os da presente, e tendo em vista que, nos derivados, a primitiva
sílaba acentuada, se colocada imediatamente antes de acentuada, não se suba
centua apenas, mas torna-se, realmente, proclítica (ver 5 .3, 5 .3.1; 7 .3, 7 .3·.1;
8.3, 8.3.1; 9.3, .9 .3.1; 11.3, 11.3.1; 12.3 e 12.3.1 etc.), a série acima fica I
alargada: fãY1- "cãibrinha" [kãy'brímn'a]; [ã~']- "pãozeira" [pã~'zéyr'a]; , v •
[ey'] - "papeizinhos" [pa'pey'zí(i}n'u~]; [ê'y] - "armazenzinho" [a'f(r·'ma' l 1 · l V 1. • ,f
zey' zíGJn'u]; [ew'] - "chapeuzinho" [~a'pew'zí(i)n'u]; [oy'] - "anzoizinhos" Vl L L V "- ~·
[ã'zoy'zfGJn'utj; [õy'] - "razõezinhas" [r(r)a'zõy'zí(l}n ~a~. Destarte, passam ... v • •• \,1
a dezesseis, como os anteriore .. , menos [íw] (e por conseguinte [iw']) , que parece
ser um fonomorfema exclusivo da terceira pessoa do singular dos verbos da ter
ceira conjugação.
26.1 Com relação ao ditongo (1) ,yupra, ver, mulatiJ- mulandiJ', 25 .1, mas
notar, lá como aqui, que tipos como "envaidecer" ou "ensaiar" não sofrem
reduções, nem nas formas arrizotônicas, nem nas rizotônicas.
-83 ~
26 .2 CQIIl relação ao ditongo (2) .rupra, ver, mulali.r mulandt.".r, a parte
inicial de 25 . 2.
26.3 O dâongo (3) apresenta, por vêzes, na área, reduções prov~velmen te
alheias a ela, de alienígenas quiçá , tal o caso de "saudade" [s</ dáJ'i] ou de
"automóvel" - em b3ca de indivíduos falantes de baixa cultura e em expressão
for temente distensa. O último vocábulo pode, de fato , s er ouvido já como
[a1r(i)to'móv'i], já como [o'to1mÓv'i], já como [o'r(r)to1móv'i), respectivamente • • • I. • • L • •• • ~
de "altomóvel", "automóvel" e "oltomóvel", a primeira uma ultracorreção com
suas conseqüências e a última um cruzamento com as suas conseqüências - tudo
.rub cen.rura.
26. 4 O ditongo (4) apresenta as mesmas características referidas em 25 . 7
Dessa forma, na expressão distensa familiar e nas camadas populares, vocábulos "1 "1 . " «r. t " «r. . " " .h . " - [l 'l ,, ' ] [r' .!~,.] como e1 oe1ro , 1e1ran e , re1re1ro , c e1roso sao e u er u , re ra t 1 ,
[fe'rér'u], [ie'róz'u], assim como em tôdas as formas arci~otô~cas de• verbos . . . . do "tipo "enfileirar" , "inteirar", "cheirar". A realidade, porém, é que as redu
ções dêsse ditongo, tanto na série acentuada (25. 7), quanto nesta, prodít ica,
parece condicionada à ambiência fonológica. Com efeito, em "peito", " jeito",
"feito" , "maleita", "desfeité>.", a~ sim como em "peit~r", (e, pois, nas fo rma<>
rizotônicas e nas arrizotônicas) , "ajeitar", "desfeitear", não se dá a redução,
em quaisquer camadas. Com mais razão, não se dá em vocábulos de curso culto.
26 . 5 Com relação ao ditongo (5) .rupra, por ser caráter erudito, pouco
há que comentar. Nos vocábulos como "eu", "meu", "teu", "seu" , já quando
proclíticos, já quando acentuados, e também nas formas verbais como "deu" ,
"deveu", "entendeu", "percebeu", sua estabilidade é notável na área. São .. "ld f, (( , (( ""t '[' '' ] ocas10na1s e ISO a as ormas como oropeu ou eropeu , 1s o e, ~ r~ p~w ,
[ 1 1
' ) " " d d · lt r t l "O " c; r? .P«;!W , por europeu , e as cama as meu as, 10rmas que pos u am ropa
ou "Eropa" - que também ocorrem na área e cujas características isoladas
não permitem sua inclusão numa tendência mais geral, antes presumem ultra
correções.
26.5.1 Com relação ao ditongo (6) .rupra, ver, mulati.r'mulandi.r, 25.10.1·
26.6. As formas arrizotônicas daqueles verbos, assim como os casos abo
nados .rupra, de "roubar", "tourada", "ousado" , "pousada" , são todos , nas
camadas populares assim como na expressão familiar mesmo tensa com [~'].
1 d [ 1 J r 'I b "d , " , " , 1 em ugar e ~w , mesmo em rormas monoss1 a as como ou , sou , vou
isto é, [dó] ou [do'], [só] ou [so'], [vó) ou [vo'] (consoante sejam "absolutas" . . . . . . ou proclíticas com sílaba acentuada seguinte imediatamente, pois, se não, serão
[do], [so] e [vo] ). . . .
- 84 --
26.6.1 Com relação ao ditongo (8) .rupra, ver o que se disse sôbre a flutuação
de sua estrutura em 25 . 13, nas pala vras de curso ou introdução erudita. Essa
flutuação parece ser uma das causas, senão a causa, da flutuação na área de
sua estrutura, também quando proclítico, consignando-se, em tôdas as camadas
em ~ue usados os vocábulos, duas pronúncias, [fluy'd~y(] ou [flwi'dfy~, [gra'tuy'dá~'i] ou (gra,-twi'dád''i] , [pi'tuy'tár'ya] ou [pi' twi'tár'ya]. Mas, por
exemplo, "cuidado".só apresenta [kuy'dád'u], pois a forma {kwi'dád'u], quando
ocorre, é. em bôca de alienígenas à área, em geral aloglotas.
26 .. 7 Com relação ao ditongo (9) .rupra, ver o que já se disse em 25 . 13 .·
Caberia acrescentar que, além da forma "muitÍ'>simo", único exemplo invocado r d' ' • ' [ NNf'> ' f' \ ] • 'd' [ N ,.,. ' f' "- ] .rupra, com sua IOrma or mana na area muy f IS !m u e ep1so 1ca mu f IS ~m u ,
há outra, que é a de "ruindade" , A forma de que se origina, "ruim", é na área,
entre cultos, canônicamente, [!(f)ufJ ou [f(f)wfl , mas, em linguagem fall}iliar,
mesmo tensa, e nas camadas populares, é, via de regra, [f(f.)úy] ou [f(t)uy']. A
forma popular parece regressiva de "ruin.dade", que apresenta, por sua estrutura,
inevitàvelmente as seguintes pronúncias coexistentes: [~(f.)uíi'dád'i], [f(f)uy'
dád''i], [r(r)~y'dád''i] e [r(?)~dá~'i]. À list1\ de 26.0 haveria, pois, .como
acrescent~~ os ditongos (~~;], [w~] e quiçá uma decorrência dêste, de difícil
percepção acústica, mas poss~velrnente existente t~mbérn na área, [~i']. A
palavra "ruína", que na área ocorre entre cultos canônicamente, a saber,
[f(f)u'fn 'a] ou [f(f)wín'a], também apresenta, entre semicultos, uma ultracor
reção, [~(y)úyn' a], cuja formação parece ser inteiramente comparável, através
d~ "arruinar", que, como seria de esperar, apresenta na área as seguintes pro-
núncias coexistentes: [a'f(Y,)u'!'náf(f)J, [a'f(f)uy'náf(f)J e [a'f(f)w!'náf(f,)].
17. O Ditongo.r e.rfáPei.r inlraPocabularu decre.rcenlu enc!Uico.r
Só ocorrem em sílaba inacentuada final de vocábulo, seguida ou não de .;._.r (gráfico), e são os seguintes:
(1) ['a-""w] d' · ' A amavam, lZiam, orgão, zangãos
(2) ['~y] amáveis, louváret$, volúveis, pênseis
(3) ['ê'YJ - salsugem, roupagens, linguagem
(4) [\>Y] -. álcoois
T/.1 Dentro das tendências da deriva ma1s popular, na área carioca,
como, aliás, ao que parece, em todo o território brasileiro, nas camadas incult~
-- 85-
todos êsses ditongos tendem a: reduzir-se, a saber, com os mesmos exemplos
.abonados supra: [~f(f)g'u], [1!-'máv'a] (isto é, terceira pessoa do plural, donde,
-quiçá, [z~'máv"a] -forma que talvez tenha sua explicação morfológica, a que
.não será, porém, estranho·o fato fonético geral), [li'gwá~'i]. [álk'u] ou [á~(f)k'u] .ou mais extensivamente [áwk'u], quando o vocábulo está no curso popular.
27. 2 Assiste-se, porém, na zona urbana a uma recuperação dêsses ditongos,
mesmo nas camadas pouco letradas, inclusive com o -.r (gráfico). ·É nessas
-camadas que se verifica uma ultracorreção com o ditongo (2) .rupra, consistente
em transformá-lo em crescente, a saber, 11fácies" (por "fáceis"), isto é, [fás'yi(J.
27.3 Na expressão culta são todos êles realizados segundo a descrição
. .rupra, salvo, por seu caráter isolado, "álcoois", que ocorre tanto na forma,
.digamos, correntia, [áÍk'<?'<?y(]. quanto numa forma bem falante [áÍk'</<j?Y~]. quanto n~ correspondentes, familiares distensas de cultos, [álk'<;>y(] e [áÍk'~y()
28. O Ditongo.r utávei.r inlravocabulare.r crucente.r acenluado.r
São, essencialmente, os seguintes:
(1) [wá]
(2) [w~]
(3) [wã]
'(4) [wé] L
(5) [w§] , (6) (we]
(7) [ wí]
(8) [wí]' . "' (9) [ w'fj
(10) [wó] (,.
- quatro, quase, esquálido, guarda
- guano, equânime
- guante, quando
- qüeba, qüera, rastaqÜ(ra, inqÜ!rito (ou inquérito)
- lingÜeta, qüinqüênio
- freqÜente, agÜenta
- lingüista, lingÜt~tica - equmo
-argüindo
-quota
28.1 Os ditongos acima referidos, quando em situação antenasal, tendem
à nasalização, mas em grau muitíssimo menor nas palavras de nítido curso
erudito.
28.2 Na área, é freqÜente ocorre·r o ditongo (7) .rupra nas formas rizo·
tônicas de "aniquilar", v. g., [~'ni'kwíl'u], assim como nas arrizotônicas de
"extinguir", "distinguir", a saber, [( ~)(i')t'?i' gwíf(f)], [<f d?i' gwíf(f) J. e decor
rentemente [(c;')(i')~1fg'wu], [d' i'tt'fg'wuJ, etc.
28.3 Inúmeras palavras eruditas com os ditongos acima referidos podem
apresentar-se sem êles, v. g., "qÜinqiÍênio", que tanto ocorre como [kwi'kw~n'yu I .quanto como [ki'k~n'yu) .
-86-
28.4 O ditongo (10) .rupra é restrito ao vocabulário culto e sua redução
a [ó] é fato externo ao fonetismo da área, donde, em verdade, serem sincre~
tismos formas como "quota : cota".
29. O Dilongo.r e.rlávei.r inlravocabulare.r cre.rcenle.r procldico.J'
São, essencialmente. os seguintes:
(I) [wa'J - quadrado, quadrante, guardar, guardador
(2) [w<;~'] - equanimidade, guanaco
(3) [wã'] - quantidade, quantioso
(4) [w~'J - qüinqüelíngue, qÜinqÜenal
(5) fwe'J - freql1entar
(6) [wi'] - eqüidade, eqÜitativo
(7) [wi'J - eqÜimúltiplo
(8) ,..
""A [w1'] - qutnquemo
(9) (""C!'] - quotizar, quociente
29.1 Do cotejo da presente s~rie com a referida em 28.0, A v e-se que ' tão-somente o ditongo ( 4) daquela é que não ocorre na posição ora em aprêço,
o que, entretanto, é possível em vocábulos derivados dos portadores daquele
ditongo de tal modo que, em decorrência da derivação, a primitiva sílaba acen
tuada fique imediatamente antes de sílaba acentuada, v. g., "qÜ:ebinha", isto é,
[kwe'bín'a]. \. lo.l
29 .2 As observações referidas em 28.3 e 28.4 cabem, mufati".r mufandi.r,
aos -ditongos presentes, assim como as em 28.2, 28.1.
29.3 Além das flutuações cultas do tipo "equidade: equidade", consigne-se,
especialmente, a relacionada com a palavra "questão", muito freqÜentemente
pronunciada na área, em quase todas as camadas e tensões, ora como [k~'~tã~] ora como [kwt;'~tã~].
30. Ditongo.!' e.rtávei.; intravocabulare.r cre.rcente.r enclftico.r
São os seguintes:
(I) ['waJ ,
légua, ,
trégua - agua, magoa,
(2) ['wi] - équites, bilíngue, ,
apropmque
(3) ['wo] - alíquota
(4) ['wu]. I oblíquo, iníquo - apwpmquo,
30.1 Na área carioca, mesmo na dicção requintada e artificial, não ocorre,
modernamente pelo menos, o caso de diérese no· ditongo (1) .rupra, ainda em
.se tratando. do vocábulo . "mágoa". •
-87 -
• 30 2 São assistemáticos e talve~ ocorrentes apenas em indivíduos estranhos
à área os casos, nos vocábulos de curso popular, em que, na expressão dist ensa
e popu!ar. se verifica a metát~e (ou hipértese, como quiserdes ) do di tongo
(1) Jupra. " g . "auga", ''léuga". Os demais ditongos pertencem ao fonetismo
culto da língua e da área e/ou tendem na expressão familiar , quando empregados
OS vocibulos em que ocorrem , a reduzir-se. tal o di tongo (4) .rupra, v g . [!'ník'u],
[~'blík'u]. ou apresentam flutuação de sincretismo, " g , no ditongo (3) Jupra
fa'lík'~t'a].
30 3 Os seguintes ditongos mtravocabulares crescentes enclíticos não sãp1
na área. entre cultos. taxativamente estáveis . porque na expressão requintad~ ·e
artificial . sobretudo lida. podem por vêzes . ocorrer como hiatos!
O) ['ya)
(2) ['yi)
(3) ['yu)
vária pária, glória . pátria
cárie fácies barbárie
vários , tório, cério, lírio
• 30 4 A série .rupra, a rigor, pertencem vocábulos do tipo "idônea", 'ebúr-
nea", ''cerúlea": "idôneo", "ebúrneo", "cerúleo" , nos ditongos (1) e (3)'.rupra,
embora. por ação poss~velmente reflexa do fato gráfico, as ocorrências de hiato
são em número ligeiramente maior, havendo mesmo, em situações muito arti
ficiais, pronúncias do tipo [i'd~n'~'..u].
30 5 Os ditongos discriminados nas séries referidas em 30 O, 30 . 3 e 30 4,
quando finais de vocábulo, podem, a rigor, ser considerados "finais" e não
"enclíticos" , merecendo, assim, a notação, para exemplificar com um só, o
ditongo (I) da série 30 O, rwa]. em lugar de ['wa] .
31 O TrifonqoJ e.rfávei.r infravocaqu/are.r acenluarlo.r
São os seguintes:
(1) [wáy] paraguaw, uruguaw, guaw
(2) [wã~] quão, saguão
(3) [w~y] avenguets, apropmquets
(4) (wÇíy] saguões
(5) [wgw] - obliquou , avenguou
31 . 1 O tritongo (5) .rupra apresenta a mesma tendência do ditongo estru
turalmente afim [ów], a saber, a tendência à redução; e essa redução, nas
situações distensas, chega não apenas a [w§] , mas mesmo, como o ditongo,
a [ó], tal "averiguou", que apresenta as três tensões seguintes- [a've'ri'gwów], . . . .
-88
{a'v~'ri'g~J e [a'v~ri'g~J. Mas, dada a natureza do vocábulo. as camada~
que cormalmente dêle fazem uso respeitam a primeira form~ citada . •
31.2 Na área carioca. mas fenômeno possivelmente com alcance muito-
mais geral no território brasiiei:.-o, o tritongo (1) .rupra, seguido devo:;;, npres:!nta.
um iode final dúplice, a segunda parte do qual pertence para a voz final; isso
se verifica, aliás, mesmo quando êsse tritongo passa a prodítico. pelo que po
demos figurar tudo com o presente do indicativo do verbo . .. "guaiar": [gwáy'yu l [gwáy'ya~'J. [gwáy'ya]. [gway'y~m'u<i]. [gway'yáy~]. [gwáy'yã\V1.
31 3 Dn observação da parte final do número anterior. depreendc-sc que_,.
na área carioca e com possível extensão em grande parte do território brasileiro.
há, estàvelmente, pelo menos dois tritongos mais: - [yáy] - que ocorre em
veTbos como "ensaiar" , "vaiar''. "caiar", "raiar". etc., além do já citado
"guaiar", na 2." pessoa do plura.l do presente do indicativo. [ê''(i')say'yáy~]. [vay'yáy~]. [kay'yáy~]. [f(f)ay'yáyt']; e - [y~y] - que ocorre nos mesmos
verbos, na 2. a pessoa do plural do presente do subjuntivo. (ê''(i')say'yéy(].
[vay'y~y~"]. [ltay'y~y(], [f(~)ay'y~y~]. [gway'y~yrí . Por via de conseqÜê~cia, digamos assim, nos substantivos do tipo "baião", "saião" e respectivo plural? ' 'b ·- , " ·- , d . . t, . [ 1. 1\11 a10es , sa10es, outros o1s tntongos es ave1s ocorrem: - yaw - v. g. ·
, I / / ~ I ,v, t
[bay'yãw]. [say'yã~]. e - [yõy], e v. g., [bay'yõys]. Jsay'yõys] .. Por fim, o
vocábulo "paiol'~. pelo menos, no plural. apresenta um tritongo estável na
área,- [yóy1--. v. g., [pay'yóy~. Donde a segqinte série de tritongos estáveis-~
intravocabulares acentuados com iode inicial -salvo omissão - :
(l) [yáy 1 gua1ats, va1ats, ca1ats
(2) [y~y 1 gua1ets , va1ets. caws
'"' (3) [yãw] - saião, baião I
(4) (yõy] - saiões, baiões
(5) [y~y l - paióis
em que não se- me especulará , espero, o fato de haver, na exemplificação, su
blinhado tão-somente duas letras_ ..
32 O Tritongo.r e.rtávei.r inlravocabulare.r proc!t1ico.r
Parece não havê-los, mas havê-lo, e o seguinte- salvo omissão-: [way'] . v. g., uruguatano . .
32 .l O desdobramento do iode, como apontado em 31. 2, ocorre no caso
presente.
-89-
52.2 Tem provável causa fonética e morfol6gica o sincretismo existente
na língua e vivo na área, embora episOdicamente, mas com sabor de ser "Inerente
a ela, em palavras do tipo "goiaba: guaiaba", "goianás: guaianás". "goitacás
: guaitacás",. "guaiamum : goiamum". O sincretismo deve provir de uma
flutuação de pronúncia dos povos indígenas habitantes da área litoral, tupis-gua
ranis, e a razão fonética deve estar no isolamento do tritongo, pràticamente
sem existência na língua se não antecedido de [g]. estabilização que se logrou
apenas em dois topônimos sentidos como estrangeiros e seus derivados, isso na
expressão culta, em que terá interferido a lexicografação rígida a que se tem
assistido na língua . . .
32.3 Dos tritongos acentuados relacionados em 31.0 e 31.2, se em vocá
bulos derivados e se antecedentes de sílaba acentuada, podem vários passar a ' l't' . l .. . h " . t ' [ I , I ' " I " -proc 1 tcos, seJam exemp os paraguam o . IS o e, para gway Y!O u ; saguoe-
. h 11 • ' l I -"'1 ' \ VJ "b ·- • h " • ' [b I _I'J I ' 'u) "h ·-Zlfl os , Isto e. sa gwoy z.'IJ us; ataozm o , 1sto e, ay yaw z.'U ; a!Oe-. I " . ' [h I -"'I ' " \/] " • ' •• h " . ' [ I I I " V,] zm 10S , ISto e, ay yoy ZH} US , e pa!OIZlll OS , IStO e,. pay y~y Zl~ uS I.
33. O Tritongo.r e.rtávei.r intravocahulare.r encldico.r ou finai.r
São os seguintes, atentas as observações feitas em .31. 2, .31. 3 - e salvo omissão - ·
(1) [1 wtYJ , , ,
avenguem, apropmquem, enx3.guem (2) [ 1 wã~] averíguam, apropínquam, enxáguam (3) flyeyJ ensaiem, vaiem, raiem (4) [lyã~]
. . . ensa1am, va1am, ra1am
33. 1 Escusa lembrar que tais tritongos, porque ocorram em formas
verbais, quanto ao número e ao modo, não usuais nas' camadas mais populares~
pertencem em geral ao fonetismo culto da área.
34. O Hialo.r com po.rpo.rltiva acentuada
Há - salvíssimo omissões - pelo menos os seguintes intravocabulares,
não havendo, segundo ritmo, tensão ou çadência, um único de que se possa.
dizer estável:
(1) [a1á] graal
(2) [!1141 caama
(3) [~~ã] araã, cgã
(4) [a1il aéreo
(5) [a~~~ - baeta
(6) [ali] paráense, p~ranaense
(7) [~lê'] maenga
-90-
(8) [a'í] I ~ - catdo, esvat o
(9) [a'í] -rainha, bainha
(10) [afJ - caindo, ainda
(11) [a'ó] - caótico, aorta L
(12) [a'§] - caolho, aônio
(13) [a'Õ] - aonde
(14) [a'ú] - ataúde, a~me, graunha ' (15) [a't'] maunça
(16) [~'á] - reajo, reato
(17) [~'41 - acreano, peanha
(1 8) [~'ãl - preando, geando
(19) [e' é) . ~ reergue
(20) [~'~] geena
(21) [~'i] preênsil
(22) r~'íl alde!do
(23) [~'!l I
casetna
(24) [~1 - het~sia
(25) [e'ó] - beócio . ~ (26) [~?'<? l - reômetro
(27) [ ,_1 ~o, - leônculo
(28) [~'ú] - retine, reurde
(29) [«;'tt] - deunce
(30) [e' á]
' , , .
- pre-anco
{31) lc(4l - pré-.:2mago ,
- pré-anglos (32) [e'ã)
' (33) [cf~J pré-ético
(34) [e' é] - pré-êxito L • ;.
(35) [e'~] - pré-êmbolo L
(36) [e'í] L
- pré-istmn
(37) [e'í] L~
-pré-imo
(38) [e'i] I.
- pd-indico
C39) lr'<íl - pré-ótico
(40) lf9l - pré-osco
{41) [e'Õ] ~
-pré-ombro
(42) [e'ú] - pré-útero L "
(43) [e'ul - pré-úmbrico '
(44) [i' á] - criada, piada
-91-
(45) [i'4l - piano, liame ;
- piando, iambo ( 46) [j'ã]
(47) [i'fJ - aquieto, viés .
(48) [i'~] - tiê, criemos
(49) [i'i] - ciente, audiência (50) [i'í] - ditdrico, frit~simo, it~iche (51) [i'í] - friinho, miina
(52) wn - friim
(53) [i'ó] '
- piós, iodo
(54) [i'9l - piolho, piorra (55) [i'Õ] - hediondo, ionte (56) [i'ú] -miúdo (57) [j'lt] - mtunça, triâmviro, triunfo (58) lo' á] - coacto· (59) {o'~] - coano , (60) [<;>'ã] -coando
(61) [o' é] . ~ - coéforos
(62) [<;>' ~ J - coelho (63) [ç>'iJ -poente
(64) [ ç>'í] - rot~o (65) [o'í] .. , - benzot~a. moiuha (66) [ç>'n - sotm
(67) [ç>'~J -coorte
(68) [<;>' q] .. - moonta (69) [<;>'Õ] - laocoôntico (70) [ç>'ú] - co-uso (71) ,.t,
[<;>'u] - co-úmbrico (72) [~'á] - pró-árico (73) [~'41 ~pró-ânodo
; (74) [p'ã] - pró-anglo
(75) [~'~) - pró-ética
(76) [~'~] - pró-êrro I
(77) [o' e] ~
- pró-êmbolo (78) [o'í] ó / .
~ " - pr -tstm1cos (79) fo'n , ,. d.
L - pro-tn 1cos
(80) [?'~] - pró-ópera (81) [o'ó]
L • - pró-osco
-92-
(82) [?'Õ] pró-ombro
(83) [o'ú] pró-útero ~ '
(84) [o'U'] pró-úmbrico ~
(85) [u;á] acuada
(86) [u'4J buama
(87) ~
[u'ã] acuando
(88) [u'il cueca, sueca
(89) [u'~J recuemos
{90) [u'l] duende, cruento
(91) (u'í] . " - p1tutfa . pwr
(92) [u'í] ~
sutno
(93) [u'h influindo, ruim
(94) [u'6] L
suor, duóbolo
(95) [u'<?J acuômetra
(96) [u'ú] acuuba
(97) ,.&
[u'u] duJnviro
34.1 Em todos os hiatos acima figurados cuja pospositiva fica em posição
antenasal, a nasalização dessa pospositiva é maior ou menor na medida em que
o curso do vocábulo é maior ou menor nas camadas populares. Predominada
a· nasalização . a decorrência, via de regra, é que a voz proclítica antepositiva
tende para o fechamento. Destarte, o hiato (2) .rupra passa à ordem do (3) •
. rupra, e assim também os hiatos (9), alguns dos casos de (14), o (17), o (20),
~ (23), alguns dos casos do (28), o (45), alguns dos casos do (48) , o (51),
o (59), o (65), o (68), o (86), o (89), o (92), o (95).
34.2 No hiato (6) .rupra, que parece ocorrer s6 em gentílicos do tipo
citado, o timbre aberto da antepositiva ocorre na expressão tensa, na área ca
rioca; de outra forma, via de regra passa a (7).
34.3 No exemplo do hiato (13) .rupra, a prepositiva, na expressão enfática
ou ten::>a, é por vêzes pronunciada aberta, por visível consciência da composição
vocabular.
34.4 O hiato (44) .rupra postula a questão do timbre da voz [i] e[~] anterior
à vogal temática, nos verbo,:; da primeira conjugação, tipo ''criar" , ,..odiar",
"aliar", de um lado, e tipo "passear", "rodear", "corcovear", "medear", "cear"
- e sobretudo os casos de homofonia, quase-homofonia ou pseudo-homofonia
como "cear : ciar", "afear : afiar", "arrear : arriar". Na área carioca, na ex-
pressão culta, é ponto pacífico a conjugação de ambos os tipos: a) 11 • • cno, cnas,
-93-
cria.,' criamos, cna1s, criam" isto é [kríy 'y u]. [kríy'ya~]. [kríy'ya]. [kri'~m'u(]. [kri'áy'§]. [kríy'yã~]. sendo que as formas arrizotônicas, além da. gradação
alternativa da nasalizaç.'io quando a pospositiva é antenasal. apresentam também
por vêzes o prolongamento do iode, a saber , [kr iy'y~(ã') m'u~'J. [kriy'yáy (] , sendo
o prolongamento do iode nas formas arrizotônicas típico das situações enfát ica~;
h) "passeio, passeias , passeia, passeamos, passea is , passeiam", isto é, [pa'séy'yu]
[pa's~y'ya~'J, [pa's~y'ya). [pa'si'~(ã)m'u(], [pa'si'áy~. [pa 's~y'yã~]; o p~esent~ do subjuntivo, normalmente, apresenta-se da seguinte forma: a) [kríy'yi],
[kríy'yis]. [kríy'yi]. [kri'~m u~]. [kri'~yt). [kríy'yeYJ; b) [pa's~y'yi], [pás~y'yi~, [pa'
s~y'yi].[pa'si'~m'u'§]. [pa'si'~y'§). [pa's~y'yeYJ. As formas arrizotônicas, porém, não
apresentam em tôdas as camadas e em tôdas as situações a regularidade pos
tulada pela canônica gramatical. A realidade parece mais matizada, consignando,
,para os verbos em - ear, além de uma f~rma vis~velmente ultracorreta, do tipo
[pa'sey'yám'u~]. duas outras, a saber, [pa'se'ám'ur] e [pa'si'ám'u~] -tomadas . . . . . as três como meros esquemas. A última ocorre regularmente em todos os veebos
de curso popular ou de grande curso, com comportamento igual, desde as ca
madas populares até as mais cultas, pelo menos no que tange ao hiato que •lOS
preocupa. A penúltima, entretanto, ocorre a) em verbos de curso menos fre
qüente- o que torna acintosa a influência da forma gráfica-, "enleamos: en-
, leemos", "coleamos : coleemos", isto é, [~0') le'ám'un [e't')le'ém'u~ . [ko'le'
~m'uiJ . [k9'l~'~m'u~]. b) em verbos em que , ~a· consciência Íi~gÜística be~ falante mas temerária de ambig~idades, há formas por distinguir, uma das
quais, via de regra , de curso restrito, v. g., "afeamos : afeais" (para distinguir
de "afiamos : afiais"), "arreamos : arreais" (para distinguir de "arriamos :
arriais"), "vadeamos : vadeais" (para distinguir de "vadiamos : vadiais"), a
saber, [a'fe'ám'u~] (e [a ' fi'ám'u~]). [a'r(r)e'ám'ur] (e [a'r(i')i'ám'u(] ), [va'de'
~m' u~] (e [v~'~ i'4m' u~] ); ;) em verbo~ ~~.que a antepo~i.~iv~ do hiato ocor;e
na primeira sílaba, v. g. , "peamos", "preamos", "ceamos", "gear", isto é,
[p~'~m'ut]. [pr~'~m'ut] , [s~'ám'u~]. [i~'áf([J. verbos êstes em que o pnme1ro
esquema, o reputado ultracorreto, ocorre com muita freqüência.
34 . 5 Os exemplos relacionados de (30) a (43) e de (70) a (84) valem mais
como tipos potenciais na língua , pelo menos de curso erudito.
34.6 O hiato (62) ..rupra sugere, por afinidade , formas verbais do tipo
"esvoeja", e estas, de um modo geral , a questão do timbre do [~] em verbo~ da primeira conjugação, do tipo "alvejar, bocejar" (exceção canonizada e reS
peitada na área,. por estar dentro da própria deriva , como se verá , "invejar"),
"aparelhar, espelhar" e "fechar". Tais verbos, para os quais a canônica grama-
-91-
tical prescreve uni [~) nas formas rizotônicas, são, nas pessoas bem falantes,
assim conjugados na área. Entretanto, na expressão distensa a familiar, mesmo
entre cultos, é freqÜente a "regularização" do timbre no cânoo geral do tipo
"pegar". Conexo com êsse fato da expressão distensa, o qual representa um
extremo da regularização, há o dos verbos do tipo "beijar, deixar, enfeixar",
isto é, com o ditongo [~y] onde os anteriormente têm a voz [ç}. Ora, como já
vimos, êsse ditongo, na expressão distensa, tende, mormente nas situações confi
guradas, quando seguido de palatais, a reduzir-se a [~), donde decorreria,
aparentemente, uma situação geral do tipo "pegar : alvejar : beijar", isto é
{~'gáf(y)J : [a'Iv~'fif(i·)J : [b~'iáf(f.)J. Entretanto, a "regularização" não é total e tais verbos, em verdade, jamais apresentam nas formas rizotônicas
um [é], mas sim o próprio ditongo [~y] - entre cultos [béy~u], [béy~'asL &. • • •
etc. - ou [~) nas camadas populares ou no familiar distenso, a saber [b§t'u},
[~~'as], [b~i'a], [bç'r~m"us], [b~~ã~], [d~t•u], [d§~'as], [d~a], [d~'~m'us1 [d~~,ã~].
34.7 Nos hiatos com pospositiva acentuada, consoante seJa o grau de
tensão com que se externem as pessoas cultas da área e consoante seja o ritmo
e a cadência da cadeia falada, podem ocorrer as seguintes ordens de fenômenos:
a) o hiato mantém-se na sua estrutura regulat";
b) verifica-se a extremação do timbre da prepositiva inacentuada;
c) verifica-se ditongação ou sinalefa;
d) os elementos vocálicos do hiato se fundem numa voz longa,
ou dúplÍce;
e) ocorre elisão da prepositiva inacentuada;
f) há, por fim, em certos casos, uma redução a brevíssima da prepo-
sitiva inacentuada, de maneira que ocorre uma como que ditongação, ou pelo
menos uma transposição compensatória de quantidade - duração - vocálica,
cujo somatório parece dar o sentimento de que as duas vozes se estruturam
dentro ·de uma só sílaba e assim funcionam no ritmo da cadeia falada. Essa
transposição compensatória da quantidade se caracteriza, ainda, não apenas
pelo fato de que a prepositiva inacentuada se abrevia , mas ainda pelo fato de
que a pospositiva acentuada como que fica mais acentuada ainda , seguida como
.que de uma pausa ou acento de insistência. É óbvio que se está ante uma des
crição precária, por seu caráter exclusivaii?-ente acústico.
~-------
- 95 -
34.7 .I As ordens de fenômenos consignados não são exclusivas, como
ficou dito. Os hiatos em causa, pela tensão, ritmo ou cadência, podem de fato reiolver-se nas seguintes combinatórias:
I) a- b- c
2) a-d-e
3) a- f
34.7 .2 Estão no caso (I) os seguintes hiatos:
A B
(I6) [f(f)~' á~u 1 lf(f)i' á~'u 1 (I7) [a'kr~'4n'u] [a'kri'4n'ul (18) [pa's~'áv'a] [pa'si' áv'a I (19) [so'bre'ér(r)g'il [ sç'bri 't~(f) g' i 1 . . ~- .. (20) [f(f)g'd~'ém'utl lT) 'd' .,, ' (I r r o 1 em u . . . .
,tJ , (21) [kõ'pr~'ed'u) [kõ'pri'ê'd'ul (25) [ s9'br~' ~s 'uI [sç>'hri'9s'u1 (26) [so'bre'ós'u~) ( so'bri' ós' u~)
• I • L • L (27) [l~'õk'ul'u] [I(Õk'ul'u] (28) [f(f)t;'ún'i1 [f(f)i'ún'i1 " (29) [ trã' ze'd~ 'i 1
,. [ trã' zi'uP 'i l
(30) (pre' ár'ik'u] L (pr~'ár'ik'u]
a (43) [pre'ífbr'ik'uj
L ~
[pr~'ubr'ik' u) (44) [pi'ád'a) (45) [pi'4n'u) (46) [a'li'.Íd'u) (47) [ki'ét'u)
L (48) [kri' ~m'u(] (49) [aw'd' i'ífs'ya] (50) [c1 i'ídr'u] (51) [fri'Jn'u) (52) [fri1] (53) [/J i'?t'a) (54) [pi's)Cul (55) [e'J' i'Õd'u] . . (56) [mi'úd'u)
[~(t)yá~'u) [a'kry~n'u)
[pa'syáv'a]
c
[ so'bryér(r'g'i 1 • ~ • • .1
[f(f)~'d y~m' u~1 ,td [kõ'prye 'u)
[sçl'bry9s'u1
lso'bryós'u~ • I L
[lyõk'ul'u]
[?(f)yún' i I I
[trã'zyuf'i]
[pyád'a)
[py~n'u]
[a'ly.Íd'u]
[kyét'u] L
[kryém'u~ ;, I
[aw'd yê's'ya)
(~yídr'u)
[fry!g'u]
[fry'fl
[i'd yÓt'aJ L
[py~J'u1
[~'él'yÕd'u] [myúd' u}
(57)
(58)
(59)
(60)
(61)
(62)
(63)
(64)
(65)
(66)
(67)
(68)
(72)
a
(84)
(85)
(86)
(87)
(88)
(89)
(90)
(91)
(92)
(93)
(94)
(95)
(96)
[h<?'át'u]
[bo'án'a] .. [a'h</t?'ã'd'u]
[pÇ>'{t'a]
[~'lv<?'~l'aJ [po'e'P 'i] ... [m?'íd'u]
[mo'ín'u] [s<?~v [ko'ór(r)f'i]
• L • ••
[mo'ón'ya]
[pr~' ~riik'ul ~
[pro'Ubr'ik'u] L
-96-
~ [mi'us'aJ
[bu'át'u]
[bu'~n'a] I
[a'bu'tu'ãd'uj
[pu'ét'a] L
[ (i')~vu' ~~'a] [pu'~'i] .. [ mu'íd'u]
[mu'ín'u] . ..., [su~ [ku' ~f{f)"P 'i]
[mu'§n'ya]
[pr~' ár'ik'u]
[pro'~r'ik'u] [a'ku'ád'a]
[bu'~m'a]
[a'lm'ã'd'u]
[ku'ék'a] L
[f(f)~'ku' ~m' u~ [du'iéi''i]
[pi' tu' ít 'a]
[su'ín'u] • I
[f(f)u1l
[su'ór(r)] ...... [a'lm' {>m' ~tr'a]
[a'ku'úb'a]
..t [myus'aJ
[bwát'u]
[bwán'a] . , [a'bu'tlwãd'u]
[pw~t'a] \.
[(i'Wvw~t•a 1 ;-;, .
[pwet 'i] .. [mwíd'u]
[mwín'u] •V
[swfJ
[kwór(r)f'i] ...... [mw§n'ya]
[a'kwád'a]
[bw~m'a]
[a'kwãd'u]
[kwék'a] L
[f(D~'kw~m'u'í] [dwitf'i]
[pi'twít'a]
[swín'u]
[~(Ów'f1 . [swór(r)]
L • ••
[a'kw§m'<;tr'a]
[a'kwúb'a]
34 .7 .2 .1 Note-se que a série que va1 de (30) a (43) é incompleta, pela
natureza do vocabulário correspondente, de caráter erudito e uso quase circuns
tancial; a "regt;tlarização" dos casos em aprêço ocorrena, hipoteticamente,
tomando a situação (b), presentemente final, como (a), donde decorreria, pot_en
cialmente:
(30) [pr;' ár'ik'u]
etc.
A B
[pri' ár'ik 'u] .
c
[pryár'ik'u)
I'
'r
i
.
I
l t
I
- 97 - ··
34 .7 .2 .2 Nos casos de (70) e (71) se está em situação comparável à
anterior; a " regularização" dos casos ocorreria, hipoteticamente, assim:
(70) [k~>'úz'u] etc.
A
[ku'úz'u]
B c
34.7 .2 .3 Note-se, também, que a série que vai de (72) a (84) é incom·
pleta, pela natureza do vocabulário correspondente, como em 34.7 .2 .1; como
lá, ter-se-ia, hipoteticamente:
(72)
etc.
[pro'ár'ik~u] . [pru' ár'ik~~] [prwár'ik~ u J
I
34 .7 .2 .4 No caso .rupra (21), a forma "comprendo", isto é, [kõ'prê'd'uJ,
viva e coexistente com a anterior na área, não entra no sistema consignado,
mas num que adiante se verá, sendo "comprendo", em verdade, forma "regular"
d " d"(" d") e compren er por compreen er .
34.7 .2.5
26 .7.
No caso .rupra (93), para o exemplo concreto de 11 • , , rutm , ver
34.7 .3 Estão no grupo (2) referido em 34 .7 .1 os seguintes hiatos - se·
gundo a série numér.ica de 34 .0:
A D E
(l) [gra' ál] [grãl] [grJJ
(2) [ka' (~')~{l)m\ a] [k~m'aJ [k~m'a] [k~'m\a] [kãm'aJ
(3) ,
[a'r~'ã] [a' r~'] I
[a' rã]
34 .7 .3 .l Os exemplos .rupra são controversfveis a) porque os vocábulos
abonadores não pertençem ao vocabulário usual da área nem são de estrutura
fônica corrente, ou b) porque, empregados episàdica~ente pelas camadas
cultas, não chegam às suas últimas conseqÜências P<?tenciais .
34 .7 .3 .2 Os casos arrolados sob os números (22), (23), (24), (97), que se
integram nas seqüências referidas em 34 .7 .2, podem, 'a partir de_ (b), poten4
cialmente incluir-se nesta série.
-98-
~
34 .7 .4 Estão no grupo (3) referido em 34 .7 .1 os seguintes hiatos - segundo a série numérica de 34 .0:
A F
(5) [ba'~t'a1 [b~~t'a). , , (6) [pa' ra'ê's'i 1 [pa'rlíê's'i1 (7) ,$
[ma'eg'a1 ~4 [m eg'a] (8) [ka'íd'u1 [k~íd'u1
fr(f)~fn 'a 1 u,
(9) [f(f)a' !e 'a 1 [f(f)ã7n'a1 (lO)
, [k~(d'u1 [ka'1d'u1
(li) [ka'~'ik'ul [k~9 1''ik'u1 (12) [ka'ól'u1 [kliól'u] •V •V
(13) [a'Õd\1 [~Õd'-i) (14) [a'ta'úéf'i] [a't~úé1\i1 (15) -6
[m~'us'a] [m~~s~a1
34 .7 .4 .I Para mellior ilustrar os exemplos (f) de .rupra, forjam-se, a
seguir, redondilhas maiores em que ocorre o fato:
(5) "nestas baetas de algodão~'
[nef ta'Í I.
bv, a c;
(6) "dois paFaenses de alto bordo"
gC?(Ü)'
r'áÍ s'il ;pyál t'u
(7) "por então me disse maenga"
(8)
(9)
(10)
[pu' t .tN aw 'I ml
11
estava caído na outra banda"
[stà v a' kv, d'u v, a1 naow . "é uma rainha da bondade"
[hv ma' -- v,(Ó n'a da' r(r)a1 1 L .... u
11
estava caindo na outra banda"
[stà v a' u..1 ka1 d'u u,
naow
s'i u~ J mae g'a
tra' bã d'a]
bõ' dá d\1
tra' bã' d'a1
- 99
(11) "jorrou sangue da aorta dura"
[Í;>'
(12) "bandido
r(r\)w • .I •
I sã g'i
caolho malandro ,
d\J '-(-) aor r ~ ...
[bã' d'í d'u k~ó l'u ma' . v
(13) "não saber aonde dormir"
ta' dú
IiÍ dr'u]
[nã~' sa' h~ u!. ~í d9'(u')r(r) • míf(!.)J r ao
(14) "sinto a saúde arrebentada"
~ twa' \), d'ya' f(f)t;' . b~' tá d'a] [s1 sau
(15) "por então me disse maunça ,
[pu' ;'P t.!.v mi' · Jí ,. v-'~ s'aJ aw Sl mau
35 .O H ialoJ' com prepo.Yitiva acentuada
Serão êles, linhas a seguir, considerados em dois grupos, a) em que a voz
pospositiva é final de vocábulo (seguida ou não de -J' gráfico), h) em que a voz
pospositiva é mediai de vocábulo, noutros têrmos, enclítica.
35.1 Estão no grupo (a):
(l) [á'u] - caos
(2) [~'a] - goa, canoa, at9a, lagoa
(3) (<?'i] - magoe, esboroe, atroe
(4) [ 1\ J A A A o u - magoo, voo, coroo·
35 .l .l O hiato (l) .Yupra parece só ocorrer no exemplo consignado, que,
consoante tensão, ritmo e cadência, pode ser ditongável, "· g., [káw~. Por
ultracorreção, dado o caráter isolado do vocábulo. ouve-se na área como [ká '<?rl ou mesmo [ká'o~j.
I.
35 .l .2 Os hiatos (2), (3) e (4), em tMas as camadas soc1a1s, segundo
sejam tensão, ritmo e cadência, podem desfazer-se com a interposição de duplo
uode, na conformidade de processo geral na área para os pseudo-hiatos que a
- 100 --
seguir serão considerados. Destarte, os vocábulos "lagoa", "abotoes" e "magtJo''
podem ocorrer como a) [la'gó'a] ou [la'gów'wa], b) [a'bo'(u')tó'i(] ou
[a'~'(u')t~w'wit}, c) [ma'g<?'u] •ou [ma'g~w'w.u]. • •
35 .1.3 Nos vocábulos do tipo a) "ria, via, cria, ouvia, paralisia, corrria.",
b) "carie, varie, negocies, comercies", c) "poderio, arredio, rios, tios", "recua,
atua, insinuas, nuasu, e) 11recue, flutue, insinues" e f) 11recuo, acuo, amuos,
flutuo", há interposiçã.o sistemática na área, em tôdas as camadas sociais e
culturais, de um duplo iode, em (a), (b) e (c), e de um duplo uode, em (d), fe)
e (f), a saber, a) [r(r)íy'ya], b) [ka'ríy'yi], c') [po'd'?'ríy'yu], d) [a'túw'wa],
c) [flu'túw'wi] e f). [~'múw'wu~].
35 .1 .3 .1 Os vocábulos "tua(s)" e "sua(s)", como posscssiYos, apresenbm,
segundo sejam proclíticos ou acentuados, oscilaÇão; compara-se "sua filha veio",
isto é, [su' a'fíl' avéy'uy] ou v • [swa'fíl'avéy'yu], com "é coisa tua", isto é, v • [ekoyz'atúw 'wa], por sua
L • vez separável de "a coisa atua", isto é,
[a'lt§yza'túw'wa].
35 .1.3 .2 Na área sul do país, provàvelmente de ·certa zona de ~ão Paulo
para a fronteira meridional, ainda que com possíveis bolsões diferentes, o duplo
iode e o duplo uode parece não ocorrerem, embora não se possa cotejar intei
ramente a situação, já que o final vocabular parece também, na maioria dos
casos, foneticamente diferente. Em contraposição, pelo menos nos vocábulos
de tipo "tio", há ditongação, isto é, [tíw], quando não se .trate de hiato [tí\?],
ambos os fatos inexistentes na área carioca em seus naturais.
35 .1 .3 .3 Na área carioca, nas formas verbais rizotônicas de verbos em
..--:-oar- e parece que o fato se estende pelas áreas oriental, nordestina, nortista
e parte da sertaneja-ocorre o aparecimento de um [ú], nas camadas populares,
~·. g., [a'bu'túw'wu], [a'bu'túw'wa], [a'bu'túw'wãw]; trata-se, ao que parece,
de um fato fonético ligado ao fonetismo já considerado em 34.7 .2 (60): estabe·
lecido, nessa base fonética, o padrão morfológico[a'bu'tu'áf(f.)]/ (a'bu'twáf(f)],
as formas rizotônicas apresentam a possibilidade de "regularizarem-se" segundo
.> radical inovado. Note-se, com efeito, que, "por não haver aquela correlação
morfológica, . não se consignam na área formas como "lagua" (por "lagoa")
·'canua" (por "canoa"), alegadamente paraenses pelo menos, o que corrobora
«quela hipótese. Cabe considerar ainda que na área carioca há pelo menos um
exemplo inverso, com o verbo "suar", que na~ camadas populares ocorre nas
formas rizotônicas freqÜentemente como [s§w'wu], [s<,)w'wa], [s§\v wã~] e ...IN
quando empregado o presente do subjuntivo e o imperativo, [s<,)W' wi], ls§w' wey l
- 101-
- como se tratasse de verbo "soar"; êste último, por sua vez, não é dessa!\
camadas, que usam preferentemente "buzinar", havendo, entretanto, um "assuar;'
para o nariz, que se conjuga pelo c~non da área. Está-se, ao parecer, .em face
de um fato mais geral, que apresenta afinidades com os vet·bos em -ear e em
-oar .rupra considerados: verbos em que, no infinitivo, há dissilabismo, de tal
modo que para êsse tipo se tem sempre "conson~ncia mais - oar": "coar-", "t " " " ( " ,, I N h , . d d 'l b . f' oar , soar por suar. ;, os casos em que a ma1s e uas s1 a as no 1n 1·
nitivo, o padrão parece passar a -uar, salvo, que se me ocor-ra, para um der-ivado
daqueles verbos, "entoar"; de outro modo, "abotuar-" (por- "abotoar-") "arpuar"
(por- "arpoar-", entre os pescadores da área); são, poucos, aliás, os ver-bos de
um e ouho tipo de emprêgo fr-eqüente nessas camadas populares. Mas um há
que apr-esenta os dois padrões: "voar" e "avuar", sinonímicos, mas morfolo
gicamente diferentes, embora o segundo vis1vdmente derivado do primeiro, para
feiçoamento ao padr-ão popular da área, onde é mais empr-egado do que o pri
meiro, donde [a;vúw'wa], [a'vúw'wãw], contra [vów'wa], [vów'wãw]. . . 35 .2 Estão no grupo (b) referido em 35 .O - salvo eventual omissão -
(1) [fçJ - ah:/olo, péon
(2) [í'o J I I
- gladtala, · glortala
(3) [ú'ç>] - flúor
(4) [í'a] - trEada, lusíada, amaríamos, dizíamos
(5) [ú'iJ - drúida
(6) [á'~J - fáeton
35 .2 .1 Escusa lembrar o caráter erudito dêsses hiatos, que constituem
seqÜências fônicas de curso restrito na língua e na área.
35 .2 .2 O hiato (1) pode apresentar-se com hês coexistências pelo menos,
em vocábulos do tipo "alvéolo", a saber, [aii.vé'ol'u], [aii.vé'ul'u] e [a1véwl 'u]. l • ~ L .
35 .2 .3 O hiato (2) pode apresentar-se também com três coexistências,
segundo tensão, ritmo e cadência, a saber, "varíola", [va'rí'<;>l'a], [va'rí'ul'a] e
[v a' ríwl'a ].
35 .2 .4 St>bre o hiato (3), ver .rupra 12 .4 .4.
35.2 .5 O hiato (4) ocorre numa forma tensa, [trí'ad'a], e numa distensa,
[tríy'yad'a].
35 .2 .6 Sôbre o hiato (5) .rupra, cumpre ressaltar-lhe o caráter isolado, ver
25 .13. Em aulas de história, nos cursos secundários e superiores, a expr-essão
corrente desfaz o hiato, como apontado na remissiva .rupra, para ditongo decr-es·
cente, de [drú'id'a] par-a [dr-úyd'a].
- 102-
35.2 .7 Quanto ao hiato (6), sou informado de que, ao tempo em que se
designava na área c~rto modêlo de automóvel com o exemplo abonador, a I
pronúncia, mesmo entre cultos, era ordináriamente [fa'c(tõ].
36 .O Hialo.r procÓico.r
São os seguintes - salvo omissão -
(I) [a'a'] - aalênio, caatinga
(2) [a'~'] - caamembeca, caami
(3) [a'c;'J - aeroplano, ajaezado
(4) [a'ê''J - caembora (variante de "canhembora"}
(5) [a'i'J - enraizar, arcaizar
(6) [a'!'J - esvaimento, embainhar
(7) [a'</] - olaodicen
(8) [a'u'] - apaular, abaular
(9) [~'a'] - cearense, reativando
(lO) [~'~'] - reanimando
(ll) [c;'ã'] - preambular, deambular
(12) [c;'~'] - reerguer, reerguimento, reereção
(13) [<;'ê''] - reenterramento, reenconh·ar
(14) [~'i'] - reiterar
(15) [~'!']
(16) [~'i'] (17) [~'q']
(18) [~'õ']
(19) [<;'u']
(20) [ e'li']
(21) [i' a']
(22) [i'~']
[i'ã']
[i' c;']
[i'~']
[i'ê''J
[i' i']
[i'<,>']
[i'o'] ~
- retmCJar
reintegrar
neoplasia, reorganizar
deontologia, paleontologia
-reunião
- deuncial
- aviação, hiatismo
- pianíssimo, desfiamento
- tanqmsmo, fiandeira
- quútupe
- vielinha
- científico
- diicana
- piorréia, violeiro
- violinha
{23)
(24)
(25)
(26)
(27)
(28)
(29)
(30) [i'õ'] - hediondez
I
- 103 - ·
(31) [i'u' ] esmtUçar
(32) [i'~'] - triun far. triunvirato
(33) [g'a'] -boataria
(34) [ç'~'] - coanócito
(35) [</ã'] - toanteiro
(36) [</t;'] - esvoeJar
(37) [g'e'l - adoentado
(38) [g'i'J - coibir, coigual
(39) [g'!'l - coimóvel
(40) [gt;IJ - coincidente, coimbrão
(41) [g'g'] - cooperar, zoológico
(42) [g'u'] - co-utente
(43) [u'a'] - atuação
(44) [u'~'] -acuamento
(45) [u'ã'] - atuantíssimo
(46) [u't;'] - duelar, duelista
(47) [u'e'] - ruelinha L
(48) [u'ê''] - cruent'íssimo
(49) [u'i'] - druidesa
(50) [u'i'J - suinicida
(51) [u'i'] - ruindade
(52) [u'g'] duodeno
(53) [u'lt'] duunvirato
36 .O .1 Foram deixados de lado os hiatos decorrentes de prefixos com voz
aberta (' l_Jré-IJ e "pró-1}): "pré-agônico, pré-antepenÚltimo, pré-aviso, pré-es
colar, pré-esdrúxulo, pré-estréia, pré-história, pré-helênico, pré-imperial, pré
operatório, pré-universitáriol}, assim como a série de vocábulos potenciais
com "pró-". O traço mais geral do fonetismo dêsse prefixos é o de que, tão
pronto os vocábulos em que aparecem se tornam de uso corrente, a tendência
de sua voz aberta é tornar-se fechada; dêsse estágio, o tratamento potencial, se
integrados na deriva que, adiante, se considerará, é semelhante aos seus já
então homofônicos acima relacionados.
36 .l Todos os hiatos proclíticos são instávei~, conforme seja tensão, ritmo,
cadência da cadeia falada. Entretanto, a flutuação nem sempre é, em cada hiato,
do mesmo tipo; é que, consoante haja ou não haja consciência da composição
:vocabular, pode a flutuação fazer-se num sentido ou em outro; por exemplo,
- 104 - ..
no hiato (40) J'upra, exemplificado por dois vocábulos, "coincidente'' e "coim-,., I
brão", enquanto o primeiro vocábulo apresenta a flutuação [k</i'si'def'i] /
[k ,.,, .,d..:.t;)'·l I [k-"'' .,d,:r,f ' 'I d t fl t - [I '':'Ih .t,""l I oy SI e • oy SI e 1 , o segun o apresen a a u uaçao {0 1 raw
[ku'i'brãw] I [k wi'brãw] I [kwf'brã~]. assim como, muito mais raramente,
[k?y'brãw I I [kõy'brã~]. Esta prelimiQ.~r explicará o fato de que alguns dos
hiatos relacionados possam ser incluídos em mais de um dos grupos abaixo
considerados, ou apresentar dois esquemas de flutuação.
36 .2 Destarte, podem ocorrer os seguintes tipos de flutuação: a) o hia
tismo tal como consignado J'upra; b) extremação de uma das vozes; c) ditongação;
d) alongamento das vozes do hiato numa só; e) crase, ou, melhor. elisão, isto é,
desaparecimento de uma das vozes sem deixar vestígio fonético. Em cada caso
todos êsses fatos não coexistem, mas são segundo dois tipos de agrupamento:.
(3)
(4)
(5)
(6)
(7)
(8)
(9)
(lO)
(ll)
(12)
(13)
(14)
(15)
(16)
(17)
(l) a- b- c
(2) a - d - e
36 .3 Estão no grupo (l) J'upra:
A B c [ka'~'tryrJ [ka'i'tryrJ [kay'tey(}
~
[ka 'ê''bór' a] N
[lqty'b~r' a] [ka 1i'bór'a] . ~ . ~
[kã y'b~r' a]
[ê'' a")f(f)a'i' záf(~)] [é'' G")~(~)ay' záf(f) J
[ê'' (t')ba'i' ('if)nár(i')] • v •.• [ê'('fi)b~y'eáf(f)l ["''(i')b-"'' 'T)J e 1 ay ear r
[1 I I ;r • I I \ l a ç 1 s~n u [la'u1d' i's~n'u] [law'd' i's~n'u]
[a1ba' u'láf(f) I [a'baw'láf(~)J , , [sya'ris'i] [st;' a' rê's 'i] [si'a'res'i]
[vr;'a'd~yr'u] [vi'a'd~yr'u] [vya'd~yr'u]
[prr;1 ã'bu'láf(~)] [pri'ã'bu 1 láf(~)] [pryã'bu'láf(~)] I
[~(f)~' ~~f(f)gi'met'u] [f(f)i' ~'f(f)gi'rn'it'u] I
[f(f)yc;'f(f.)gi'mê't'u]
[f(f)t;'~'rtúd'u] [f(f)<;'dtúd'u] [f(f)<;Y 1t'túd'u]
r·n l"'lt 1T), d' 1 rr.~e nra u [f(f)~? te; 'f (f) ád \ u l [f(f)~Y1 t~'f(f)ád'u] [f(f.)~'i~t~' r á f (V] [r(r)ey' te' rár(r)] . .. . . ... [fm~~!'nilsiláf(~) 1 [1(~)~y' ni' si' á f(~) J
[f(r)çy' ni' sy áf(f) I n:> r.jt I , ,c .... I ~ r ~ 1 ç gra sa w [f(r)~y' t~~ gra' sãw]
[nc;'C?'pla'zíy'ya j (nç'u 1pla'zíy'ya] [n~w'pla'zíy'ya]
[~(t)c;l <? 1 f(f.)g~' ni' za' sãw] I 1._,
[f (É) i' <? 1f(~)g~'ni'za'sãw I [f(f)y</f(f.)g~'ni'za'sãw 1
- 105 ·-(18) · [pa'l<;'õ't<;>'l<;>'ify'ya} fpa'li'õ' to'lo'iíy'ya] [pa'lyõ' t<;>'l<;>'ify 'ya J . . . . n:;J 1 1 •tLN] I
rr<r)yu'ni'.Íw] (19) r r cu n1 aw [f(!)i'u'ni'ã\V] . . . [f(F)yu'ny.Íw J
[f(f)~'u'ni'Íw] -(!,) I ' f~N [r x; ~w m aw]
[f(f)~w'nyã{\:] (20) [d~'~'sj'áÍ] [d1i'ii''si'ái] [d'yti' si' ál]
[cPy~'syái] [d '""' '' 'IJ eu s1 a [d~;'\:'si'.Ü]
[d~~'sy.Ü] (21) (i'a'"?itm'u] (ya'?ítm'u] (22) [pi'~'nís'im'u] [py~'nís'im'u] (23) [fi'ã'd~yr'a] [fyã'd~yr'a] (24) [ki' e' túJ 'i] [kye'túJ'i] (25) [vi' e'lín 'a] (vye'lín'a] L v
L V
(26) [si'ê''P íf'ik'u] (sy~'i? íf'ik'u] (28) [pi' <:>'fv)iy'ya 1 [py<;>'f(f)fY 'ya] (29) (vi' <c'líl} ' a] [vy~'lío'a] (30) [e'éi' i'õ' déyt] [e'éi' yõ' déy~ . . . . (31) [ (~')(i')~mi' u' sáf(~)] [ (~')(i')~myu' sáf(f)]
[ ( e')(i')imi w' sár(r)] . . .. (32) [t ''"''f 'T)l [ tryU'' fá f(!') 1 -r1 u ·ar E (33) [h<?' a'ta'ríy'ya] [bu'a'ta'ríy'ya] [bwa'ta'ríy'ya] (34) [ko'a'nós'it'u] [ku'~'n~s'it'u] [kwa'nós'it'u] • • L
• L (35] [ tg'ã' t~yr'u] [tu'ã't~yr'u] [twã't~yr'u] (36] [V(/ <;'Hf(f) l [ vu' t;'!áf(f)] [ vwt;'táf(r) l (37) [a' dg'ê''tád'u] [a'du'ê''tád'u] [a'dwe'tád'uJ (38) [k<;>'i' gwái] [kç>y' gwál]
[kç>'i'bíf(D] [ku'i'bíf(f)] [k wi'bíf(!~)] (39) [ko'i'móv'ei] [k~y'mév't;l] . . ... . (40) [kg1si'diP 'iJ [k "'' ''d.t?''] f}Y Sl e 1
[k-"'' ., d.tP,.] oy s1 e 1 [I '~b ;"' ~ '"" k ~b I..J . <f!l rãwl [ku'i'brãw J ( w1 rãw]
[kwi'brã~J (43) [a'tu'a'sÍw] I"' l [a'twa'sãw
~
,J (44) fa'ku';:'met'uJ '[a'kw~'met'u] (45) [a'tu'ã'f ís'!m'uJ [a'twã'? ís'jm'uJ (46) [du'c;'lí~t'a] [dwr;'lítf:'al .
____. 106 --
[r@u' e'lfcnn 'a] ,_
(47) Ir(r)we'líaJn'aJ • .. • v . \. . .....,
(48) [kru'e'? ís'~m'u] [krwe'i? ís'im'u]
(49) [dru'i'd~z'a] [drwi'd~z'a]
[druy'd~z'a]
(50) [su'i'ni'sfd'a] . . [sw!'ni'síd'a]
[ suy' ni' síd' a]
(51) [f(f)uíi' dád''i] [~(~)w7 dáér 'i]
[f(~)uy' dád''i]
(52) [du'<?'d~n'u] [dw<?'d~n'u]
36.3 .1 Com relação à série (3) .rupra, há pelo menos um elemento de . - t A " " . , t 't tA I compos1çao em por ugues, aero- , que por seu cara er parox1 ono au on<fllo
(em t~rmos muito relativos, fique bem entendido) não apresenta a tendência
consignada, pelo menos na fase (b); tumultua-se, assim, a deriva, pela compo
sição e ritmo decorrente da composição, do que decorre - ao que parece - a
metátese freqÜente no vocábulo "aeroplano" como [a'ry</plán'u]. A série (17)
apresenta, na área, um fato absolutamente afim, com o vocábulo "meteorologia",
em que vejo semelhante influência e semelhante solução, a saber, [m<:'t<:'ry<?'
l<;>'ify'ya]. É óbvio' que ambos os fatos são das camadas menos cultas, mas tão
fortes que invadem, não poucas vêzes, a locução do rádio.
36 .3 .2 As séries (5) e (6) são a origem de uma deformação verbal corrente
na área, em indivíduos das camadas .populares e semicultas, com verbos do tipo
"enraizar", "embainhar", para os quais a canônica gramatical prescreve formas
rizotônicas com acentuação no [i], "enraízo, enraízas", "embainho, embainham";
nesssas camadas as formas rizotônicas correntes, quando tais verbos são em
pregados, 6 que ocorre, são do tipo [i'f(f)áyz'u] etc., [i'bãyu-'u] etc.
36.3 .3 O mesmo que dito .rupra se dirá para a série (8), em que verbos
como "abaular", "saudar" apresentam formas rizotônicas como [a'báw l'u] etc.
fsáw d'u] etc.
36 .4 Estão no grupo (2) referido em 36 .2 os seguintes hiatos proclíticos:
A D ·E
~ ~J ,t (1) {ka'a'?Tg'aJ [kã't 1g'aJ [ka 't' 1g'a]
(2) [ka'~'mê'b€k'aJ [k~'mê''bfk'a] [ka'me'bék'a] • L
(13) lkõ'pr~'ê'' d~f(!) J [kõ'pr~' d~f(~)] [kõ'pre' d~f(F) 1 (41) fko' o' pe' ráf(F)] . . . . .. [k?'P!!'r.áf(E)] [k<;/p~'ráf(f)
(53) [du'~'vi'rát'u] [d~'vi'rát'u] [dlf'vi'rát'u]
I
107-
36 .4 .1 Sôbre a série (13) .tup,_-a, ver 34 .. 7 .2 .4.
37 .O HialoJ" enclâicOJ"
São os seguintc:!s - salvo omissão ..... :
(l) ['a 'a] - dânaa
(2) ['a'u] dânao
(3) ['a 'i] dânais
(4) ['~'a] -idônea
(5) ['~'u] - hiperbóreo
(6) ['u'a] - ânua
(7) ['u'u] A anuo
(8) ['?'<?] álcool
37 .l Escusa ressaltar o caráter exdusivamente erudito de tais hiatos, por
sua introdução na língua e por seu curso. Entretanto, os de número (4) e (5)
passaram a representar-se em tal quantidade, que entraram, em muitíssimos
casos, no vocabulário corrente das pessoas cultas e mesmo incultas da área;
I caso em que, hoje em dia, se indentificam via de regra com os ditongos cres
centes enclíticos referidos em 30 .3 e 30 .4. Relembremos que a pronúncia do
tipo [i'd§n'c:'a], [i'd§n'r;'u] ocorre, quando ocorre, em idosos cultos ou é traço
de linguagem contensa e requintadamente artificial.
37 .2 Sôbre o hiato (8), que parece só ocorrer no exemplo abonador,
"álcool", ver 27 .O a 27 .3.
37 .3 Os hiatos (6) e (7), embora menos freqÜentes que os referidos em
37 .l, também são menos raros do que os de número (l), (2), (3) e (8). E, por
sua estrutura naturalmente extremada (quero dizer, pela presença do [u]), tendem
muito normaimente à ditongação, que ocorre ordinàriamente em vocábulos
como "vácuo", "inócuo", "récua", a saber, [vák'wu], [i'nók'wu], [r(r)ék'wa] e '" ... " mesmo [~n'wu], [~n'wa].
' · 37 .4 Nas camadas mais populares, i.hcultas, sua realização, salvo a con•
signada em 37 .l para os de número (4) e (5), é pràticamente impossível, como
hiato pràpr.iamente, havendo mesmo nelas um núm~ro muito reduzido de 'h l [ l [ l 1 lt , "11' " 1(, ,, voca u os com 'wu e com 'wa -como por exemp o magoa agua , egua ,
"légua", na realidade como que restrito à seqÜência fônica [g'wa]. Não será
isso um fato de muito grande extensão no território brasileiro ? E sendo, como
parece,- será destituído de qualquer vínculo associar, na repulsa manifestada
no Brasil pelo enclitismo prono~inal, tais fatos da ord~m dos pronomes átonos
- 108
entre nós ? Com efeito, os padrões "amo-o", "ama-o", "ama-a", ' 1am~-a",
"amo-a" levam-nos aos hiatos em causa. Sem querer; nem remotamente,
insinuar uma explicação para o importante fenômeno do chamado "sinclitismo"
pronominal brasileiro, parece não ser sem interêsse levar em conta, também,
tal circunstância, mormente se levada em conta a predominância quantitativa
das formas verbais com que ocorrem sôbre as outras formas verbais.
:38 .O P.reudo-hiato.r de ditongo acentuado com "oz ou ditongo jinai.r
Há uma série de vocábulos em português que, gràficamente, supõem uma
estrutura de ditongo acentuado mais voz ou ditongo finais (quer dizer, obvia
mente, inacentuados). Sistemàticamente, na área carioca, trata-se de pseudo
hiato, no sentido de que, ademais do iode ou do uode que termina o ditongo
acentuado decrescente, se gera um iode ou uode formador de um ditongo cres
cente ou de um tritongo. O fato é geral na área, em tôdas as camadas e parece
que em qualquer tensão, ritmo ou cadência, a saber ....,. salvo omissão - :
(1) [áy'ya) ......,.. praia, baia, caia; laia
(2) [áy'yi] ~ va1e., ensaies, espraies, cates
(3) [áy'yu] - baio, . . .
ca10, espraw, ensa10
(4) [áy'yã~J ensatam, . . ..... vatam, catam, espra1an1
(5) [áy'ye.YJ ~ ensatem, vaiem, caiem, espraiem
(6) [áw'wa] ....,.. tuxaua.
(7) [éy'ya] - esporeia, veia, aveia, candeia, tirei-a
(8) [~'yi] ~ esporete, esperneies, vadeies
(9) [éy'yu] -... esporeio, veio, tirei-o, botei-o
(lO) [I \ -"' l ~y yaw esporeiam, vadeiam, incendeiam
(ll) [éy'ya 1 .. - piorréia, boléia, tetéias
(12) [éy'yu] I. """"" estréio
(13) [~.Y'ye.YJ esporetem, vadeiem, incendeiem
(14) [éy'yã\\'•] ~
estréiam
(15) [ ' \ ~ ... 1 I;Y yey. estréiem
(16) [éy'yi] estréie
(17) [óy'yà] bóia, , . ,.
~ ap01a, ap01as
(18) [óy'yi] ~
bóie, bóies, apóies
(19) [óy'yu] l
apóio, bóio
(20) (óy'yãwJ ,.
bói~m l
apotam,
(21) [óy'yê'.YJ ,.
bóiem l
~ ap01em,
(22) f?y'ya) ~ saloia, ta moia
(23) [?y'yu) - saloio, tamoio, JOIO, col'nboio
109-
39 .O P.reudo-hiato.r de ditongo proc!t~ico com voz uu ditongo acenluadoJ'
Há uma série de vocábulos em português que, gràficamente, supõem uma
estrutura de ditongo proclítico mais voz ou ditongo acentuados. Sistemàtica
mente, na área carioca, trata-se, como no número anterior, de pseuclo-hiato,
no sentido de que, ademais do iode ou uode que termina o ditongo proclítico,
se gera um iode ou uode antes da voz (ditongando-a) ou do ditongo (triton
gando-o) acentuados. O fato é geral na área, ern tôdas as camadas e parece
que em qualquer tensão, ritmo ou cadência, a saber - salvo omissão - :
(l) [ay'yá] ~ espraiado
(2) [ay'y~] .....,;... ensaiamos
(3) [ay'yú] - bocaiúva
(4) [ay'yãwl -baião
(5) [ay'yê'J ~ baieense (ver 36 .3 - 6)
(6) [ay'y~y] - espratets
(7) [ay'y'2] -saiote
(8) [ay'yú] - saiúcha
(9) [ay'y!J - saiinha
(10) [aw'wé] - maué · ~
(11) [ ' , "'1 ~yyãw - feião
(12) [~y'y§] -feioso
(13) [;y'yú] ~feiúra
(14) [Çly'yá] -apoiado
(15) [?y'y~] - apotamos
(16) [<;>y'yã] -apoiando
(17) [ ' / "'] 9yyãw -boião
(18) [oy'yáy] - apotats
(19) [<;>y'y~] - apotemos
(20) [<_>y'y~y] - apotets
(21) [<,>y'y§wl ~ apowu
(22] [<,>y'yi] - coió
(23) [uy'yú] - tuiúca [tuy'yúk'a]
40 .O P.reudo-lzialo.r de frilongo acentuado com CJO.Z ou ditongo }in~i.r.
São os seguintes - salvo omissão .....,- 1
(1) [wáy'ya] - paraguat.a
(2) [wáy'yu] - paraguatQ
- 110-
(3) {wáy'yi] guates
(4) [wáy'yãw] - gua1am
(5) [wáy' yê',Y'J - guatem
40 .l Como se vê, a "voz ou ditongo finais" são, em verdade, respectivamente, "ditongo ou tritongos finais"
41 .O P J'eudo-hialoJ' de !rilongoJ' procltlicoJ' com voz ou dilongo.r acenluados
São os seguintes - salvo omissão
(l)
(2)
(3)
"' [way'ye]
[way'yÇ]
[way'yÇy]
uruguatense
guatemos
guatet
41' .1 Como se vê, na área, a "voz ou ditongo accn(uados" são, em verdade, respectivamente, "ditongo ou tritongo acentuados".
42 .O Encon!roJ' in!ervocabularu aparen!u
Excluídos os casos em que o vocábulo antepositivo termine po1· uma voz
e o pospositivo inicie por uma voz, sejam elas acentua<,las ou não, com os respcc·
tivos combinatórios - casos que •. de uma forma ou de outra, aqui ou ali, já
foram descritos e examinados ao longo desta tentativa de descrição - ,
poder-se-ia querer examinar os encontros determinados por finais como a) [' ã~]
' ("órgão", "amavam") ou b) ['ey] ("linguagem", "roupagem") ante iniciais voca
bulares com vozes acentuadas ou proclíticas, ou ditongos acentuados proclííicos.
Parece que os fatos podem ser separados em dois grupos distintos: a) o consti
tuído por aquêles finais inacentuados e por iniciais também inacentuados e
b) o constituído por aquêles finais inacentuados e por iniciais acentuados.
42 .1 O constituído por finais inacentuados e por iniciais l:ambém inacen- ·
tuados podem ser exemplificados com segmentos falados dos seguintes· tipos,
ao acaso, sem intuitos de esgotar as possibilidades: 1) "órgão altíssono", 2)
. "órgão amoroso", 3) "órgão antigo", 4) "amam aipim", 5) "órgão aimoré",
6) "buscam auríferas (areias)", 7) "esperam aumentar", 8) "órgão existente",
9) "esperam entrar", 10) "acórdão eivado (de erros)", 11) "órgão europeu",
12) "acórdão iterativo", 13) "órgão imperial", 14) "acórdão honesto", 15) 1'ó1·gão ontolÓgico", 16) "catam oitis", 17) "estudam ourivesaria", 18) ~ 'órgão
usado", 19) "acórdão ungido (de saber)", 20) ''andam uivando", 21) "tomam
msquinhos", l) "roupagem abe~ta", 2). "liQ.guagem amorosa", 3) "linguagem
antiga", 4) "roubem a1p1m", 5) "cantem aimorés", 6) "guiem automóveis".
7) "esperem aumentar", 8) ''qucn~m evitar", 9) ·"querem entrar", 10) ''linguagem
-111-
eivada", li) "linguagem européia", 12) "linguagem iterativa", 13) "roupagem
imperial", 14) ,;linguagem honesta", 15) "roupagem ombruda", 16) "procurem
oitis", 17) "sabem ourivesaria", 18) "roupagem usada", 19) "linguagem untuosa",
20) "sabem uivar", 21). "querem uisquizinhos" ... Ter-se-á notado - sem que
se tenha procurado estabelecer nenhuma teorização no abstrato -que a condição
para que um encontro vocálico apresente flutuação uu oscilação é a de que o
elemento inicial seja, quando inacentuado, proclítico. Ora, em tôdas as situações
configuradas acima, o final do vocábulo antepositivo, originalmente (is·to é,
vocabularmente) é "final", isto é, por exemplo, [pf(f)g' i~], [li' gwá~'ey], -final
que: na cadeia falada, passa, em não havendo pausa com intonação descendente,
l't' b "' N lt' . , . t , ['-(~' /N"' 11t;)' ,. ' l E' a cnc 1 1co, a sa er, orgao a ISStmo , 1s o e, ~r !".;g awa 1s }m u . que no
ritmo da área, tanto quanto se possa, por ora, nêle penetrar, nota-se que as
sílabas inacentuadas que se sucedem entre duas acentuadas tendem, via de regra,
a grupar··Se enclítica (a primeira ou as primeiras das inacentuadas) ou procliti
camente (a última ou as últimas das inacentuadas) em função da estrutura
autônoma dos vocábulos e, pois, de sua significação. Se, no exemplo configurado
.rupra, se pudesse -o que violenta o ritmo normal da área -dizer [órlf\gã~' L• \~/
aÍÍt'ís'jm'u] (o que se pode, artificializando-o), a decorrência quase natural na
área é que se verifica o desdobramento do uode, passando êsse segmento de
cadeia falada a ser léf(f.)gã~'waÍÍ?ís'!m'u], fato que, a um observador atento
das leituras feitas na área em cadência rápida ou acelerada, mormente entre
locutores, por vêzes se verifica. O mesmo se dirá de "sabem amar", normalmente
[sáb'ê'y~'máf(f)], mas, com a característica apontada para o que chamaria ano
malia rítmica, [sáb'eyya'má'f(~)]. Normalmente, pois, nos segmentos de c~deia
falada enumerados no corpo dêste parágrafo não se vt:rifica nenhum desdobra
mento de iode ou uode - e a possível explicação está na base das disposições
rítmicas, se não exclusivamente, pelo menos mais ponderalmente.
42 .2 Ora, parece serem as mesmas razões acima esboçadas que determinam,
consoante seja ritmo, tensão e cadência, o desdobramento de iode ou uode quando
aparecem os finais considerados ante iniciais acentuados. Numa ordem do tipo
"estudem alto", consoante forem aquelas características, se percebem, clara
~ente, pelo menos duas enunciações típicas: a) [(c:;')(i')ttúd'ê'y.Üt'u] e b)
[ (~')(i')~túdey'yált'u]; "buscam ouro", a saber, a) [bú~k'ãw~wr'u] e b) [bú(kãW'
' ' 1 (*) . w?wru.
r
(*) Da nota de rooapé anterior, em 2! . I , até êste ponto, a presente comunicação foi posta à disposição dos relatores em redação definitiva, tal como se acha, tC'ndo sido, para. impressão, fC'i ta a adaptação da trsnscrição.
1) ALFABETO FONÉTICO ADOTADO NOS PRESENTES ANAIS
VOGAIS
l) [a] - vogal média aberta - português normal de portugal: casa,
fqla
português normal do Brasil: casa, fala
2) [v] - vogal média fechada ' ~ português normal de Portugal: cama1
3) [e] - vogal ·palatal aberfa •
4) [~] - vogal palatal fechada.
cada
português normal do Brasil: cama,
cana
~ português normal de Portugal: pé, ferro
português normal do Brasil: pé, ferro
......... português normal de Portugal: sêde,
prevê
português normal do Brasil; s8de,
prevê
5) [o] - vogal labiovebr aberta ~ português normal de Portugal: pó., ~
cola
português normal do Brasil; pó, cola
6) [ç>] - vogal labiovelar. fechada - português normal de Portugal: morro1 ·~
fVrça
português normal do Brasil:. mon·o. fôrça
7) [i] - vogal pré-palatal fechada- português normal de Portugal~ n', bt<.'O
português normal do Brasil: ,·t. bico, vir, til. isto
116-
8) [u) - vogal labiovelar fechada - português normal de Portugal: tu,. bambu
SEMIVOGAIS
9) [y] - semi vogal palatal
10) [w J - semi vogal velar
porfuguês normal do Brasil : tu,
bambu, susto, sul, oito, cônego
- português normal de Portugal: pa/,
feito
português· normal do Brasil: pat,
feito
português normal de Portugal: ouro, ... água
português normal do Brasil:
·água
ouro ,
Observações: 1) A nasalidade é indicada pela superposição do til;
como em português normal do Brasil tôdas as vogais nasais são fe
chadas, usar-se-á, em lugar de [~], [ã], e as demais serão [ê'], [i], [õ],
[Ú], e assim as semivogais [y] e [w ]; nos ditongos nasais, o til ou se
repete sôbre cada um dos seus elementos gráficos, por exemplo,
[ãw ], ou é maior, cobrindo-o ambos, [~ ].
2) O acento de intensidade vocabular, dito acento tônico, pode
ser .indicado pelo acento agudo gráfico (') sôbre a vogal, mas de um
modo geral isso não será feito, pois as transcrições fonéticas
virão entre colchêtes após a ortografia canônica dos vocábulos.
3) O alongamento (ou duplicação) de voga l será indicado pela
superposição na vogal de uma pequena barra horizontal.
CONSOANTES
11) [b] - oclusiva bilabial sonora - português normal de Portugal: boi,
ambos
português normal do Brasil: boi , ambos, aba, coisa boa, abrir
12) [d] - oclusiva apicodental so- - vortuguês normal de Portugal: dar,
nora andar
português normal do Brasil : dar, an~
dar, .-:spada, coisa dura, adro
I
- 117-
13) [d'J - oclusiva pré-dorso pré-pa-- português do Rio, São Paulo e exten·
" 14) [d]
latal sonora sas zonas do país: dia, direita, sêde,
sede, adstringente, adjunto
africada linguopalatal
sonora
português popular do Rio e algu
mas zonas próximas: (nos casos an
teriores)
15) [g] - oclusiva dorsovelar sono- - português normal de Portugal: guarda,
r a
16) [p] - oclusiva bilabial surda ~
frango
português normal do Brasil: guarda,
frango, a,qrado, a gruta
português normal de Portugal: pai, ca~
prmo
português normal do Brasil: pa1,
caprmo
17) [t] - oclusiva apicodental surda- português normal de Portugal: lu, fia,
sele
português normal do Brasil: lu, leio,
canto
18) [il] - oclusiva pré-dorso pré-pa-- português do Rio, São Paulo e exten-
latal surda sas zonas do país : lio, atira, se/e1
alm osfera, ritmo
19) [~ - africada linguopalatal sur-- português popular do Rio e algu-
da mas zonas próximas: (nos casos an
teriores)
20) [k] - oclusiva dorsovelar surda- português normal de Portugal: casa,
porca, que
português normal do Brasil: casa,
porca, que
21) [m] - oclusiva bilabial sonora na-- português normal de Portugal: mar,
sal amigo
portugu~s normal do Brasil: tnar,
amigo
22) [nJ - oclusiva apícodental sono-- português normal de Portugal: nada
ra nasal cano
português normal do Brasil: nada,
cano
- 118-
23) [BJ - oclusiva dorsopalatal so-- português normal de Portugal: venho...
·· nora nasal nhato
português normal do Brasil: venho, nhato
24) [~J) - oclusiva dorsopalatal so-- português popular de certos pontos
nora nasal relaxada da Bahia e Rio: vinha, caminho,
venho
25) Q,J - lateral dorsopalatal sonora- português normal de Portugal: filho,
lhe
português normal do Brasil:
lhe filho,
26) [!J - lateral dorsopalatal sonora- português popular· do Rio e outras
relaxada zonas do país: lhe, filhinho, bo//zinha
27) [lJ - lateral apicoalveolar sono-- portuguê!> normal de Portugal: lua, r a lama, calo
português normal do Brasil: lua, /a
ma, calo
28) [t] - laíeral apicoalveolar sonora- português normal de Portugal: alto,
"' 29) [lJ
30) rTJ
velarizada ma/, Brasil
lateral linguodental sonora- português de certas zonas do Rio
Grande do Sul: (nos casos anteriores)
lateral linguoalveolar so- - português do Rio, São Paulo e ou-nora relaxada tras zonas do país : (nos casos ante
riores)
31) [r] - vibrante apicoalveolar sim-- português normal de Portugal: caro,
pies cores
português normal do Brasil: caro.
cores
- 119-
.32) [r] - vibrante. apicoalveolar :mt'tl~- português normal de Portugal: roda;
tipla < ~ar r o, dar
português do Rio Grande do Sul e ou~
tras zonas do país: roda, carro, dar
33) [f] - vibrã'lte dorsovelar. múl-- português do Rio e de extensas zo-
tipla nas do país: (nos casos anteriores)
.34) ff.] ~ vibrante dorso"uvular múl-- português popular do Rio e outras
· tipla zonas do país: (nos casos anteriores)
35) [d - vibrante linguopalatal ve-- português "caipira" do Brasil: caro,
larizada simples cores
36) [rJ - vibrante linguopalatal ve-- português "caipira" do Brasil: roda,.
larizada múltipla carro, dar
37) [f] - fricativa labiodental surda- português normal de Portugal: .filho,
afiar
português normal do Brasil: .filho,
a_/ i ar
38) [v] - fricativa labiodental sono-- português normal de Portugal: vinho,
r a uva
português normal do Brasil: vinho,
uva
.39) [s] - fricatica pré-dorsodental - português normal de Portugal: .raber,
surda ' po.r.ro, ceu
português normal do Brasil : .raber,
po.r.ro, céu
40) [z] fricativa pré-dorsodental - português normal de Portugal: azar, sonora
y:· 41) [s] - fricativa palatal surda
português normal do Brasil a.:ar,
ca.ra ·
- português normal de Portugal: chave,
xarope, ê.rte
português do Rio e de extensas =?Onas
do Brasil : chave, .<arope, ê.rte
-~ ------- .
- 120-
42) [~] - fricativa palatal sonora - português normal de Portugal: já, genro, me.rmo
português do Rio e de extensas zonas
do Brasil: já, genro, me.rmo
Observação importante: Atendendo a que muitos vocábulos no por
tuguês do Brasil apresentam, num só· centro lingüístico, mais de uma
pronúncia e atendendo a que as normas do Primeiro Congresso Bra
sileiro de Língua Falada no Teatro não optaram, em certos casos,
entre duas variantes fonéticas de um elemento fonológico, conven-. .
cwna-se aq ut :
1. 0) que tôdas as transcrições fonéticas, como de praxe, serão
representadas entre colchêtes, por exemplo, "você" [vgs~];
2.") que, dentro dos colchêtes, ficará entre parênteses a variante
admitida, sem caráter preferencial, para o fonema que anteceder
êsses parênteses, por exemplo, "andar" [ãdar(f) ] - o que equivale
a dizer que "andar" tanto pode ser pronunciado [ãdar] como [ãdaf];
eis um exemplo mais variado: "estorvar" [«:(i)s(~t<;>r(f)var(f) ], com
preenda-se [~st<;>rvar] ou [istgFvar] ou [ertgrvar] ou [itl:<_>rvarl ou [~S: torvar] ou [irtorvai=j. . . . . . "
Nota: Os signos fonéticos adotados se baseiam, na quase totalidade dos
casos, na convenção a ser se~uida pelo Centro de Estudos Filológicos e pelo
Boletim de Filologia, e suas publicações, de Lisboa, segundo comunicação do
Professor Luís Filipe Lindley Cintra ao organizador dêstes .llnai.r. Da comuni
cação em aprêço, foram dispensados muitos signos relativos a fonemas dialetais
portuguêses desnecessários para os fins ~êstes .llnai.r e foram incluídos uns quantos
relativos a alguns fonemas dialetais brasileiros.1
2) NORMAS APROVADAS PELO PRIMEIRO CONGRESSO BRASILEIRO DE LÍNGUA FALADA NO TEATRO
Considerando que, na expressão teatral de âmbito universalista, devem ser
resguardadas, nas realizações fônicas, as variantes afetivas e as variantes indi.
viduais - desde que umas c outras não sejam atentatórias destas normas;
Considerando, ainda, que, na inlerpretação de personagens de nítida côr
local, devem os atôres pronunciar com a devida adequação regional e social;
Considerando, por fim, que a caracterização da pronúncia normal de cada
·vocábulo ficará na dependência da elaboração de um vocabulário ortoépico da.
língua portüguêsa segundo a pronúncia normal brasileira,
O Primeiro Congresso Brasileiro de Língua Falada no Teatro recomenda
as normas seguintes para a língua falada no teatro culto, ou erudito, ou de âm ..
bito universalista, no Brasil:
DAS VOGAIS
I São sete as vogais tônicas orais e cinco as vogais tônicas nasais;
a) vogais tônicas orais:
[a] - já, gás, ah, lar, paz, falará, cantarás, milharal, rodar, capaz, pafoJ
pasto, alto, farto, cálido
[e] pé, pés, fel, pangaré, através, revel, colher, veLo, veste, esbelto,
" 1merso, célebre, vértice, lésbico
[~] - vê; mês, ler, pez, dendê, português, dever, colhêr, soez, embriaguez8
mêdo, cêsto, cêrca, bêbedo, êxtase
[ij - vi, quis, ih, vil, ir, giz, parti, sorris, funil, cobrir, codorniz, livrO) livre, avisto, avilto, hirto, m[stico, lErico
[oJ pó, nós, oh, rol, cor, voz, avó, retrós, anzql, redor, atroz, pobr~$ ' poste,_ volte, corto, ótimo, póstumo, córtice
[o] xô, pôs, gol (inglês goal), flor, alô, babalaôs, amor, algoz, lJdo, gJstO; . sôlto, hôrto, sôfrego, lôbrego
- 122-
[u] - tu, nus, uh, sul, luz, bambu, tatus, azul, abajur, alcaçuz, luto, susto,
culto, purgo, cúpido, pâstula, fúlgido, túrgido
b) voga1s tônicas nasais:
[ã] lã, vãs, maçã, aldeãs, campo, canto, lâmpada, pândega
[ê'] tempo, lento, t2mporas, p2ndulo
(i] fim, alfenim, cornetins, limpo, tinta, lfmpido, sfndico
[õ] - bom, tons, tombo, tonto, tômbola, almôndega
[U.] - rum, runs, tumba, fundo, úmbrico, duúnviro
Observe-se:
1) que são fechadas as voga1s nasa1s:
2) que são também fechadas as vogais que antecedem as conso~
antes nasais [m] , [n] e [g] , quando, então, tendem a nasalizar-se, na medida
em que a pronúncia se faz mais espontânea e popular, sobretudo antes de [o] :
cama, cana, banha, campânula, âmago
lema, cena, lenha, f2nico, azêmola, tr2mulo
lima, fina, linha, cínico, pr[mula, mfmica
soma, sono, medonho, cônego, atônito, fônico
aprumo, escuna, urti)a, túnica, úmido, única
3) que, de acôrdo com a observação anterior, as formas verbais ter~
minadas em -amoJ' do' pretérito perfeito do indica~ivo são com a vogal tônica
fechada, não se distinguindo das do presente do indicativo: amamos, cantamos,
trabalhamos; do mesmo modo as formas verbais terminadas em -emoJ': lemos,
cremos.
li - São cinco as vogais átonas orais e cinco as vogais átonas nasais:-
a) vogais átonas orais:
[a] inas, para, cada, fazer, cadeira, acariciava, acanc1arás
[~] rezar, redondo, refeitório, caráter, có~tex, sílex
[i] vital, cidade, júri, tílburi, célebre, civilizar
[o] rodar, provad_o, colega, coleguismo, flúor, dclotron • [u] degustar, pustulento, espátula, módulo, tribo
b) vogais átonas nasais:
[ã]
[eJ campal, mangueira, amparo, antigo, cantoria
temporal, tentar, pentâmetro, perpendicular
(i] simbólico, pintar, sintoma, indivíduo
[~] combate, contar, condiscípulo, comprar
[lí] ~ cumpnr, fundir .. lumbago, suntuoso, untar
_._ -=-~-- ~ --~------· ------=--
- 123 -
Observe-se:
1) que, entretanto, há [e] e [o] pretônicos nos vocábulos derivado~ L L
em que haja prefixos com essas vogais com acento próprio; e nos derivados com
sufixos em -mente e iniciados por -z-: pré-histórica, pró-árabe, pós-graduado,
levemente, celebremente, cafezinho, pezinho, bolazona. molazinha, põzinho;
e que pode ocorrer em vocábulos como ca feetro, j iloeiro ;
2) que são átonas orais finais somente [a], [i] e [u], seguidos ou
não de .r gráfico, a) já em vocábulos anoxítonos de duas ou mais sílabas, b) Já
em monossílabos átonos ou combinaçõe!: dêstes:
a) tuba(s), cerca(s), moda(s), mofa(s),liga(s). loja(s), mola(s), soma(s),
lona.(s), sonha(s), topa(s), cora(s), corra(s), coisa(s), luta(s), luva(s),
luza(s), parturba(s), acerca(s), acomoda(s), galhofa(s), aloja(s),
clesola(s), fibroma(s), coluna(s), medonha(s), estirpa(s), escora(s),
socorra(s), escusa(s), espolcta(s), remova(s), madeixa(s), reluza(s),
cálida(s), nótula(s), última(s), página(s), sátrapa(s), ágora(s);
sebe(s), desce(s), pede(s), mofe(s), ligue(s), suje(s), mole(s), some(s),
cone(s), sonhe(s), tope(s), core(s), corre(s), tosse(s), lute(s), move(s)
luxe(s), goze(s), júri(s), perturbe(s), acomode(s), galhofe(s), alo
je(s), desole(s), expreme(s), assine(s), alcunhe(s), estirpe(s), acer
que(s), cscore(s), socórre(s), escuse(s), esquente(s), remove(s), des·
dize(s), cálice(s), célebre(s), tílburi(s), cônsules, síndrome(s)
lápide(s), lápis-lazúli(s); tubo(s), circo(s), modo(s), tufo(s), mus-,
go(s), sujo(s), calo(s), tomo(s), sono(s), sonho(s), copo~s), coro(s),
morr~(s), dorso(s), luto(s), fulvo(s), luxo(s), gonzo(s), prático(s),
inválido(s), pênfigo(s), crótalo(s), átomo(s), átono(s), isótopo(s),
lábaro(s), compósito(s);
h) a(s), ma(s), ta(s), lha(s), vo-la(s), no-la(s); me, te, se, lhe(s), de, e,
que; o(s), nos, vos, do(s), no(s);
3) que não se distinguem, na pronúncia, o a artigo, o a preposição#
o a pronome e o à resultante de crase (seguidos ou não de -.r gráfico o primeiro
e os dois últimos) - salvo, muito excepcionalmente, se houver necessidade im·
perativa, para a inteligência da frase, caso em que o resultante de crase poderá
ser pronunciado com certa tonicidade ou ênfase;
4) que, quando empregado com valor interjetivo, ou como subs
tantivo, ou em fim de frase não reticente, o vocábulo que-se torna tônico e pass~
a pronunciar-se e grafar quê;
-124-
5) que as preposições com e por são átonas e, salvo razão excepcional
de ênfase, devem ser pronunciadas [kü] e [pur(f)J;
6) que as oscilações de [t; / i] , [e f i] , [<;> I u] e [Õ f ü] pretônicos,
que ocorrel"':l em grande número de vocábulos da língua, no Brasil, correspondem
a uma gradação de freqüência de meio cultural, de nível social e/ou de tensão
psíquica do indivíduo falante: pedir [p~d(d)ir(f)J [pidir('f)J, devido [dt;vidu]
[d(d)ividu], medir [med(d)ir(r)] [mid(d)ir(r)], estudo [es(S')tudu] [is(S)tudu], . . . . veludo [vt;ludu] [viludu], real [r(f)eaÍ] [r(f)iai], leal [!~aÍ] [liai], infeliz [ifelis
(~)] (ifilis(~) ], felicidade [ft;li sidad (d)i] [filisidad(d)i]; sentir [set( t)ir(f)]
[sit(tjir(f)J, sentimento [set(t)imétu] [s~t(t)imetu], mentira [met(tj ira] [mTt
(t)ira], enguiço [egisu] [igisu), entusiasmo [etuzi(y)az(~)mu] [ituzi(y)az(z)mu];
cortume [kor{r)tumi] [kur(r)tumi)], costura [kos(t)tura] [kus(t)tura], costu-. . . . re1ra [k<?s(t)tur~yra] [kus(~)tur~yra ], cortina [k<;>r(~)t( tjina] (kur(f)t( t)ina ],
sovina [sovina) [suvina], bolina [bolina] [b"ulina], gordura [gor(r)dura] (gur . . . . 0dura], cordu.ra [kor(r)dura] [kur{f)dura]; compadre [kõpadri] [kupadri];
• • • • i
7) que as vogais átonas que antecedem consoantes nasais, [m] , [n]
e [9], sã~ fechadas e tendem a nasali zar-se, na medida em que a pronúncia se faz
mais espontânea e popular, sobretudo antes de [n]: camarada, animada, lanhada,; v
cenáculo, semana, penhorada; afinar, limalha, cinismo, mimetismo, avinhado;
doméstico; __ bonachão, enfronhado; umidade, unidade, unhada;
8) que os vocábulos de curso nitidamente erudito- e assim .os ano
xítonos, em $eral, terminados em -ar, -er, -cn, -ex e -on- devem ser respeitados
nas suas características eruditas, mormente nas átonas postônicas: nenúfar, al
jôfar, nác:lr; esfíncter, caráter; cerúmen, albúmen, acúmen; sílex, c6rtex, índex~
cânon, c6lon, obéüon.
DOS DITONGOS
III - São do:z;e os ditongos decrescentes tônicos ora1s e cmco os
ditongos decrescentes tônicos nasais:
a) ditongos decrescentes tônicos ora1s:
[ay] --:- pat~ vais, caixa, rebaixas, laivos
[~y] - paina, faina, andaime .
[aw] - pau, mau, maus, fauno, cauto, cáustico
"[ey] - sei, primeiro, eito, jeito, contrafeito . . r~w 1 - leu, ateu, ateus, terapêutica, hermeneuta
[ey] - réis, papéis, anéis, dosséis, vergéis ~
[ew] - réu, chapéu, chapéus, céu, escarcéu ~
[iw] - viu, partiu, induziu, riu, sentiu
-- 125
f?Yl - foi, cotce, dezoito, biscoito, afoito
[ oy] d6i, anz6is, rein6is, móis; lenç6is • [?w]
[uy] vou, roubo, besouro, ancoradouro, estouro
fui, azuis, tafuis, _instruis, influi
b) ditongos decrescentes tônicos nasais;
[ãy] mãe, alemães, capitães, cãibra
[ãw] pão, cidadão, capitão, mamão, alemão
[ey] tem, bem, vintém, contém, porém, paraLén.r
[õy] põe, tostões, botões, senões, corações
[üy] mui, muito
IV - São onze os ditongos decrescentes pretónicos orms, dois os
decrescentes postônicos orais, cinco os decrescentes pretônicos nasais e dois os
decrescentes postônicos nasais:
[ay ]
[~y]
[aw]
(~y)
[ey] • [~w]
[ew] • [?y]
[?Y] [<;>w]
[uy]
a) ditongos decrescentes prctônicos ora1s:
baixela, encaixar
painel, apainclado
paulada, enjaular
emp.reitar, cabeleireiro
- aneizinhos, papeizinhos
feudal, eufonia
- chapeuzinhos,_ c~uzinho
- noitada, afoiteza
- anzoizinhos, lençoizinhos
roubar, estourar
descuidado, cuidadoso
b) ditongos decrescentes pretônicos nasa1s:
[ãy] mãezinha, pãezinhos
[ãw] pãozinho, irmãozinho
[tiy] - vintenzinho, pagenzinho
{õy] - tostõezinhos, cordõezinhos
[üy J - :r;nuitíssimo-
c) ditongos decrescentes postônicos or:us:
I~Y J amá v eis, pênseis
[9y 1 - álcoois
- 126-
d) ditongos. decrescentes postônicos nasais:
(ãw] - órgão, amavam
[ey) - bagagem, salsugens~ sofum
Observações:
1) como as vogais nasa1s, os ditongos ·nasais são féchado5; .
2) todos os ditongos decrescentes acima referidos guardam, na ex ..
pressão normal do teatro, sua integridade de pronúncia.
V - São ditongos crescentes tônicos orais e nasais:
[wa1 quatro, quase, esquálido, guarda
[w',11 guano, equânime
[wã] - guante, quando
[we] - qüeba, qüera, rastaqüera, inqüérito (ou inquérito)
[w~] - lingüeta, qüinqüênio
[we] - freqüente, agüenta
[ wí] - lingüista, lingüistica
[w~] - eqüino
[ wi] - argüindo
[ w~>J - _quota
VI - São ditongos crescentes pretônicos orais e nasais:
_[wa 1 - quadrado, quadrante, guardar, guardador
[w',l] - equanimidade, guanaco
[ wã ] - quantidade, quantioso
[ we 1 - qüinqüelíngüe, qüinqüenal
[wê) - freqüentar
[wi1 - eqüidade, eqüitativo
[wi1 - eqüimúltiplo
[ wi1 - qüinqüênio
[ wç 1 - quotizar, quociente
VII - São ditongos crescentes postônicos:
[ 1 ' I' , , wa - agua, egua, magoa, tregua
[ wi1 - éqüites, bilín~Üe, apropínqüe
r w9] - alíquota
[ wu] - apropínquo, oblíquo, iníquP
--;;----- -----~ ----- - ---- - --
---------· ------"-
- 127
{ya] vária. pária. glória, pátria
lyi] cárie. fácies. barbárie
[yu] vários. tório, cério. lírio
DOS TRITONGOS
VIII - São cinco, entre orais e nasais, os tritongos tônicos:
(way]
[wãw]
[w~y]
[wõy]
[w?w]
[way]
[wãw]
[wõy]
(wey]
[wãw]
paragua1o, urugua1o
quão
averigüeis
saguões
avenguou
IX - São três os tritongo!' pretôrúcos:
guatar
saguãozinho
saguõezinhos
X - Há tritongos postônicos ·
averígüem
averíguam
DOS HIATOS
XI - Nos hiatos cuja primeira vogal fôr [i] tôrúco e cuJa se
gunda vogal fôr final de vocábulo (seguida ou não de -.J gráfico), o desenvol
vimento do i ode (y] variará de acôrdo com as necessidades expressionais ou
as peculiaridades individuais: "via" [via] ou [vi-ya]; "auxilie" [awsilii] ou. [awsili-yiJ; "rio" [r(r)iu] ou [r(r)i-yu].
• o
XII- Nos hiatos cuja primeira vogal fôr [u] tôntco e cuja segunda.
vogal fôr final de vocábulo (seguida ou não de -.r gráfico). o desenvolviment<>
- 128-
do uau [w] variará de acôrdo com as necessidades expressionais ou as· peculia
ridades individuais: "nua" [nua] ou [nu-wa]; "recue" [r(r)ekui] ou [r(r)elm-wi]; . . . . "amuo" [~muu] ou [~mu-wu].
XIII - Desenvolve-se sistemàticamente o iode ou o uau nos hiatos
de ditongo tônico decrescente e vogal final de vocábulo (seguida ou não de -J'
gráfico) ou ditongo átono: "praia" [pray-ya), "cheia" [s~y-ya], "veio" lv~y-yu], 10 f • li [ 1 ''b f • 1l [b --] H •
11 l l"] "t 11 lt >! apmo ap<zy-yu_, mem ?_y-yey , aparos apoy-yus s , :trxl:!ua u:saw·
-wa].
DA CONTIGÜIDADE DE VOGAIS OU DITONGOS FINAIS DE VOCÁBULOS
COM VOGAIS OU DITONGOS INICIAIS DE VOCÁBULOS
XIV - A contigüidade de vogal tônica final de vocábulo com vogal ·
ou ditongo tônicos iniciais de vocábulo é, normalmente, mantida como hi:1to:
"ali há", "sé alva", "cará .ótimo"
XV - A Contigüidade de vogal tônica final de vocábulo com vogal
ou ditongo átonos iniciais de vocábulo é, normalmente, mantida como hiato,
podendo, entretanto, ocorrer ditongação, se a vogal átona fôr [i] _ou [u]:
' heróico [~araeroyku] xara • <
xará IlllmlgO [~araynimigu)
boné azul [boneazui] • <
boné utilizado [bonewtilizadu] . ' Observe-se, entretanto, que é de evitar a ditongação se de sua for
mação ocorrer seqüência de sílabas tônicas: "boné usado" [boneuzadu] e não . ~
[bonewzadu]. • •
XVI - A contigüidade de vogal á tona final de voc~bulo e vogal
tônica inicial de vocábulo é, normalmente, mantida como hiato, por exemplo,
"essa unha", "essa ilha"; mas pode dar-se o alongamento ou duplicação, se as
duas vogais forem do mesmo tipo, por exempló, "essa água" ~[~saagwa] ou
lrsãgwa], "verde ilha" [v<;r(~)diija] ou [v~r(f)dQa], "como uva" [k<;nnu uva]
ou [kç>mÜva], ou pode dar-se a ditongasão crescente, se a vogal átona final
de vocábulo fôr [i] ou [u}, por exemplo, "êsse ano" [esianu ou [esyanu], "êsse . . . . elo" [7sitlu] ou [<;sy~lu], "êsse homem" [7si<?mêy] ou [<;sy9mêy]. "nove unhas"
- 129-
J. " - -{n~viu~as(s)] ou [n~vyu~as(s)J, "mod~lo alvo" [mgdc;lualvu] ou [mt;>dc;lwalvuJ,
"ponto êrmo" [põtu~r(f)muJ ou fpõtwc;r(f)muJ, "tenho ido" [tc;euidu] ou.
[tenwidu], "ponto ótimo" [põtuot(Ôimu] ou [põtwot(t}imuJ. •v L ~
XVII -:- A contigüidade de vogal átona final de vocábulo e vogai
át~na inicial de vocábulo pode ficar mantida em hiato, ser transformada em
ditongaçã0, ou em alongamento ou duplicação, ou em elisão:
1) em hiato, _alongamento ou elisão, quando a vogal átona final é[a1 e a vogal iniciá! é [a] o~ [~J ou [ãJ:
essa apuração - [esaapurasãw] [esãpurasã,v] [esapurasãw] . ~ . essa animação - [esaanimasãw] [esãnimasãw] [esanimasãw]
, L • '- L •
essa ambigüidade - [esaãbigw:idad(dyi] [esibigwidad(d)i] [esãb"gwi-. ~ . dad(d)iJ
2) em hiato ou elisão, qua:rí:do a . vogal átona final é [aJ e a vogai
.átona inicial é [~J [eJ [gJ [õ] :
obra emérita --:- [obraemerita1 [obremeritaJ . . " .. . " bela emprêsa - [belaepreza 1 [belepreza 1 .. . " . coisa honesta - [koy.r;aones(~)taJ [koy.sones(~)tal . . .. . . muita hombridade - [múytaõbridad(djiJ [múytõbridad(d}i] .. . ..
3} em hiato, ditongo ou elisão, quando a vogal átona final é [a] e a
vogal átona ini~ial é [iJ [i] [u] [ii] :
. coisa inadmissível- [koy.sainad(d)misiveÍ] [koy.zaynad(d)misiveÍ] [koy-zin~d(d~misiv~Í] . • • • • '
. uma indicação - [umai'd(d)ikasãw] [umãy~(d}iiasãw] [umTd(d)ika-
~ãw]
selva umbrosa - [seÍvaubroza] [seÍvãwbroza] '[seÍvübroza] . t. " .. c. ... "
linda união - [Íidauniã:w] [Iidawniãw] [liduniãw]
· 4) em hiato ou ditongo, quando a vogal átona final é [i] e a inicial
qua.!9uer uma que não [i] :
leve aragem - [leviara~êy] [levyaraféy] . ' . doce amparo - [dç>siãparu] [dçlSyãparu]
leve exame - [leviezami] [levyezami] ... • c. •
leve empenho - [l~viep~eul [l~vyê'pçBu]
sêde horrível - [sed(d}ior(r)ivel] [scd(d~yor(f)iveÍ] I I I I I I I I
nove ondas- [n12viõdas(~)] [n~vyõdas(~)] leve utilidade - [leviut(t')ilidad'i] [levyut(t)ilidadi}
L L
~se umbigo - [esiiibigu] [esyubigu] . . . .
-130-
5) em hiato, alongamento ou elisão, quando a vogal átona final é [i)
e a inicial [i] ou [i] : êsse hip6crita - [~siip~krita] ft:sip<tkrita] [~sip<]krita] êsse intervalo - [c:siitc:r(f)valu] [t;sTtt;r(f)valu] [t;sit~r(f)valu]
6) em hiato, ditongo ou elisão, quando a vogal ~tona final é [u)
e a iniciai qualquuuma que não [u 1 : outro advogado- [gwtruad(dÍvc:,>gadu] [çwtrwad(d)vogadu] [tJwtrad-
(d~vogadu]
outro amparo - [c:,>wtruãparu] [çwtrwãparu] [9wtrãparu]
outro exame - [c:,>wtruc:zami] [çwtrwt;zami] [çwtrc:zami]
outro endocarpo - [owtruedokar(r)pu] [owtrwê'dokar(r)pu) [o~ê'do-. . . . . . . kar(f)pu]
dulãt(t1)i]
sonho hipnótico - [sçuuipn<lt( t~ikuj [sguwipn<lt(t)iku] [s<t~ipn?t.(Üiku] livro inteiro - [livruTt~yru] [livrwTt~yru) [livr'it~yru) mêdo horrLvel .- [meduor(r)ivei] [medwor(r)iveÍ.]. (medor(r)iveÍ] . .. . . . . . . . . . . corpo ondulante - [kor(r)puõdulãt(t)i] [kor(r)pwõdulãt t t~i] fkor(r)põ-. . . . . .
7) em hiato, alongamento ou·elisão, quando a vogal arona final é [u]
e a inicial [u] ou [ú) :
( w )s>zu]
livro utilíssimo- [livruut(t)ilisimu) [livrút(tiili~imu] [livrut(t)ilisimu)
corpo untuoso- [kc:,>r(f)puútu( w )c:,>zu] [kc:,>r(f)pi'itut w )<;>zu I [kçr(~)pii tu
Observação: Todos os fenômenos anteriores se verificam quanto a vocá
bulos iniciados por ditongos decrescentes, em função de sua vogal; compare-se.
por exemplo:
ou
ou
êsse ativo - [t;sialivuj [~sya1ivu] com
êsse aipirn - [':siaypi'] [t;syaypi]
essa erva
essa eira - [esaeyra] . . êsse objeto - [t;si<;>b~~tu] [~syçbietu] ..:om
êsse oitavo - [c:si<_?ytavu] [t;sy<?ytavu]
essa arma - [esaar(r)rna] [esãr(r)ma] com .. . ~ . essa aula - [esaawla] [esãwla] • •
-131-
ou
essa aspiração- [ esaa$'Jpirasãw] [esãs(~)pirasãw 1 [esas(t)pirasãw] com • • • essa austeridade -- fesaaws(~)teridad(d)i] fesãws(s)teridad(d)i] [esaws
~. . .. . .. (~) t~ridad ( d)i]
DAS CONSOANTES
XVIII- São as seguintes as consoantes:
[b]- oclusiva bilabial sonora
[d]- oclusiva apicodental so-
nora
ldJ - oclusiva pré-dorso - pré-
boi, ambos, aba, coisa boa, abrir, cobra abdicar
dar, andar. cmsa dura, adro, dia, di
reito, adstrito, disparo, admoestar,
sêde, vede, medir
palatal - dia, direto, adstrito disparo, admoestar,
Jg]- oclusiva dorsovelar so-
nora
sêde, ·:ede, medir
- guarda, frango, a guarda, aguada,
agrado
[p}- oclusiva bilabial surda -pai, apôdo, caprmo, copia, apto [t J- oclusiva apicodental
da sur-
[t']- oclusiva pré- dorso- pré
palatal surda
- tu, tábua alo, cauto,
atleta, lia, afiro, sete,
mo
canto, contra,
atmosfera, ril-
tia, afiro, sele, atmosfera, ritmo [k]- oclusiva dorsovelar surda -casa, quero, química, coisa, acre, aquêle
[m)- oclusiva bilabial sonora
nasal
[n)- oclusiva apicodental so
nora nasal
[9]- oclusiva dorsopalatal so-
- mar, amor, cama
- nada, cano, ânimo
nora nasal - vinho, vinha, sonhe, nhanlzã
11 ] - lateral apicoalveolar so-
nora - lua, lamn, calo, cola,r, mal eterno
· ·- 132 ---
:j 1- lateral linguoalveolar so
nora relaKada
{l) -lateral dorsopalatal so-.., nora
[r]- vibrante apicoalveolar
simples
[r]- vibrante apicoalveolar
múltipla
{f)- vibrante dorsovelar múl-
- alto, mal, Brasil, calmo, sal
- filho, lhe , lhano, folhagem, filhinha,
fcl/zinha
- cara, cores, poro, purulento, andar
alto, ouvir isso, fazer uma coisa
- carro, corre, carne, andar, fazer, ouvir,
régua, raso, riso, rosto, ruga
tipla - carro, corre, carne, andar, fazer, ouvir,
régua, r?so, riso, rosto, ruga
[f)- fricativa labiodenlal surJA -filho, afiar, aflar, amorfa
[v)- fricativa labiodental so-
nora - visto, uva, livre
[s]- fricativa pré-dorso-dental
surda
[z)- fricativa pré-dorso-dental
sonora
[~]- fricativa palatal surda
[f)- fricativa palatal sonora
Observe-se:
- .rabet·, pa.r.ro, caça, céu, o.r .rábios, o.r
céus, a.r .rombras, a.r praga.r
- zêhra, azar, a.ra, ca.ro, me.rmo, a.rno
-chave, xarope, caixa, fecho, ê.rte, a.r
pragas, po.rte
-;a, genro, jeito, a.qtr, me.rmo, a.r junta.r,
. a.r ma.rmorras, a.r baixas
1) que as únicas consoantes que não ocorrem em início de vocábulo
são [l] e [r] ;
2) <pe a única consoante que só ocorre em final de sílaba I [Í];
3) que a consoante [d], quando ocorre antes de [i] ou [y], pode pa-' lata liz:lr-se, pas:;ando a [dJ, podendo essa palatalização apresentar um gra u
maior, [d] , de africada linguopalatnl sonora, que deve ser evitada na pronúncia
do teatro ;
4) que a consoante [t ], quando antes de [i] ou [y ], póde palatalizar-se,
pass~ndo a.(t), podt>ndo essa palatalização apresentar um grau maior [1], de
.africada linguopalatal sonora, que deve ser evitada na pronúncia do tealro;
133-
5) que, em lugar da consoante [r], pode se1· empregada a consoante [f] , QCf)rrendo também um grau maior de recuo na articulação, [f.], de vibrante dor
so-uvular múltipla, que deve ser evitada na pronúncia do teatro.
DAS SEQÜÊNCIAS CONSONANTAIS NOS VOCÁBULOS
XIX - As consoantes [b] [d] [g] [p] [t] [k] [f] e [v] podem constituir
grupos consonantais com as consoantes [l] e [r], por exemplo, "branco", "blan
d;cioso", "droga", "agrado", "glauco", "plano", "caprino", "alleta", "/remo", 11 I L" ,, 14 • }J ''} "t " ''}! " H)' " c1c 1co , cnme. , ri ·o , ama , wre .
Observe-se que:
l) no início. de vocábulos eruditos ocorrem, também, scgü~ncias con
sonantais outras, como em "lmese", "gnóstico", "mnemônico", "p.reudônimo",
"Izar"; essas seqüências consonantais devem ser _tlronunciadas com os valores
fonéticos próprios das suas consontes, sem a interposição de [i] ;
2) em meio a vocábulos ocorrem, também, seqüêr.cias consonantais
outras, como em "a.plo", "repto", ''lap.ro", "subdelegado", "abdicar", "abjurar",
"atmosfera", "ritmo", "etnografia", ''adjunto", "admoestar", "acne", "técáico"
"' ' 1" ( "' ' l" t I) "f' " [f'k ] " maccess1ve e macessn·e , sem grupo consonan a , · ·1xo 1 su , as-
fixia" [as(~fiksia] /[as(t)fiksiya], "intoxicar" [itc.>ksikar(f)], "digno", "magno"
"amnésia", "ajta", "oftalmologia", '.' dV'teria~'; essas seqüênciàs consonantais
devem ser pronunciadas com os valores fonéticos próprios das suas -consoantes,
se:n a interposição de [i] ;
3) não há em me10 a vocábulos a seqüência consonantal constituída
por [ss] ou [~s], devendo-se pronunciar só com [s] a parte sublinhada de palavras
con1o ''na.rcer' ', "cre.rcer", "de.rcer", "excelência", "e."rceto". "excelso";
4) não há em meio a vocábulos a seqüência consonantal constituída
po;- [gz], devendo-se pronunciar só como [z] a parte sublinhada de ,·ocábulos
como "he:rágono", "hc."râmetro", "e.xógeno" .
DA CONTIGÜIDADE DE CONSOANTE FINAL DE VOCÁBULO COM
FONEMA INICIAL DE VOCÁBULO
XX - A consoante final de vocábulo [b], que, de fato- excluídos
os nomes próprios em geral de origem hebraica - se representa na língua pela
preposição "sob", seguida de outras consoantes fica nas condições das seqüências
consonantais referidas antes, não devendo, pois, ser pronunciada com apoio de
li]. por exemplo: " sob brumas" [sr:bbrunas(t)] e não [s9bibrumas(~)]; se, porém,
fôr seguida de vogal, poder& ser proferida com apoio de [y] , por exemplo; "sob
as boum ns" [sçbya z(f)bl'umas(s) ].
-134-
XXl - A consoante final de vocábulo [1), se seguida de qualquer con
soante inicial de vocábulo, não se altera de valor; se, porém, fôr seguida de vogal
(ou semivogal) irúcial de vocábulo, sem pausa intermédia, passa a [1], isto é, ini
cial d~ sílaba, por exemplo: "carnaval triste" [kar(f)navaltris(~) t (t)iJ, mas "car•
naval alegre" [kar(r)navalalegri]. . ~
XXII -A consoante final de vocábulo [n) só ocorre em vocábulos eruditos
do tipo ''cânon", sêmen", "cerúmen", "albúmen", "acúmen", "íon", "próton",
"cíclotron", quando deve ser proferida sem nasalizar, pelo menos fortemt-nte,
a vogal anterior; se seguida de qualquer consoante inicial d" vocábulo, não ~e
altera de valor, passando, entretanto, a inicial de sílaba se o vocábulo que se
seguir fôr iniciado por vogal (ou semivogal), por exemplo: "dnon laico" [lc~
nc;mla_ylm] , mas "cânon antigo" [k~nçnãt(t~igo].
XXIII -A consoante [r(f)] final de sílaba, se seguida de vogal (ou semivogal)
irúcial de vocábulo sem pausa intermédia, passa a· [r] inicial de sílaba, por exem
plo: "cantar" [kãtar(r)], "a:nor" [amor(r)], mas "cantar alegre" [kã taralegri], . . . " "amor infindo" [amorTffdo]. . .
XXI V- O - .Y (gráfico) e o z- (gráfico) finais de vocábulo têm iguais v.?lorcs
fonéticos- os quais correspondem, fundamentalmente, aos valores do -J' {grá
fico) final de sílaba. Êsses valores fonéticos apresentam dois regimes possíveis
na pronúncia do teatro:
1) um regime pré-dorsodental CUJaS características, se exageradas,
provocªm a impressão de excessivo "sibilamento";
2) um regime pré-dorso-dental/palatal - cujas características, se exa
geradas, provocam a impressão de excessivo "chiamento" ·- regime qm parece
ser o mais antigo na língua c é o mais extenso, sendo, também, o mesmo do por
tugu~s normal de Portugal.
Em qualquer um dos dois regimes, o -.Y (gráfico) e o -z (gráfico) finais de
vocábulo c;orrespondem a quatro fonemas diferentes - [s) [z] [~) [i] -cuja dis
tribuição não ~ coincidente num e noutro regimes.
No primeiro regime:
1) como [s] ocorre antes de pausa ou de qualquer consoante surda, mcr:os
[i], por e:•cmplo
• •. • flôres. Estas •••
certas partes
paz perfeita
estas turmas
[Horis. estas] . . [ser(f)taspar(r)t( t)is 1 . . . [pasp~r(f)feyta
[estastslr(r)mas) . .
- 135 -
rapaz tímido ' [r(f):1past( t)imidu 1 ' -
umas cargas [ umaskar(f)gas]
traz coisas [ trask<_>yzas]
as flôres [ asfl<,wis 1 paz florescente [pasfl<_>resêt( tji]
as sombras [assõbras]
paz celeste [passelest( t)i] .. ' 2) como [z] ocorre antes de vogal (ou semivogal) e de tôdas as cor1soantes
v' sonoras, menos [z], por exemplo:
as aves
rapaz alegre
flôres belas
rapaz belo
flôres murchas
rapaz modesto
formas doces
rapaz lindo
formas nuas
rapaz negro
forma~ graqdes
dás-lhe
rapaz lhano
flôres vivas
rapaz VIVO
as zêbras
rapaz zarolho
flôres roxas
rapaz risonho
[azav.is]
[r(f)ápazalccgri]
[florizbelas] a . . [r(f)apazbrlu]
[fl<;>rizm ur(f)tas l [r(i')apazmodestu] . . . [for(r)mazdosis] . . . [r(r)apazlidu] . [for(r)maznuas] ou [for(r)maznuwas] " . " . [r(r)apaznegru] . . [ for(r)mazgrã d ( d)is] . . [dazy]
[F(f)apazJ~nu]
[flç>rizvivas]
[r(f)apazvivu]
[azzl(bras]
[r(f)apazzar<?Ju]
[flgrizr(f)<_>~as]
[r(r)apazF(r)izonu] . . . "" 3) ["] t d ["] 11 , ,, como s ocorre a~ es e s : as xaras o/o/ l li hA h IJ [ V [assaras , paz· c oc a pas·
•' </ l I • sosa ; compare-se, a propos1fo,
[aUaras] e [ataras];
11
as xarás" com /{acharás", respeCtivan1entc,
4) [oi] d ["] I( • t , [ ""-t J I( • t , como z ocorre antes e z : as JUn as azzu as , rapaz JUS o
1r(~)apa~~ustu] ; compare-se, a prop6sito, "as juntas" com "ajuntas", respe.ctivamente, [aHútas] e [afütas].
- ---111C'
- 136 ··-
,Vo .regundo regime: ··
1) como [s] ocorre antes de [s] : "as sombras" [assõbrat], "paz celeste"
[pass~l~~t(tJi]; compare-se, a propósito, "as ~ambras" com "assombras", res
pectivamente, [assõbra~] c [asõbrat).
2) como [z) ocorre antes de vogaltou semi vogal) e de [z] : "os ovos" [uzovu~], L
"as ilhas" [azilas] ; "as zêbras" [azzebrat], "certas zonas" [ser(r)tazzonat]; "' . " . .
3) como r~J ocorre antes de' pausa ou antes de consoantes surdas, menos [s],
por exemplo:
flôres . Estas ... "'
certas partes
paz perfeita
e!;'tas turmas
rapaz tímido
umas cargas
traz coisas
as flôres .
paz florescente
certas chaves
rapaz chôcho
tflori~. e~tai) . . r ser(r) t~~par(r)t( t)it)
L • •
rpaSpt:rCfJf~yta l [e~ta~tur(r)mas] ' . rr(r)apa~t( t)imidu]
[u~a~kar(f)ga~] r "k "] tras 9yzas
ra~flç>rit) [pa§fl<;>rçsêt( t)i)
[ser(r)tas~a vi~ l L •
.. rr(f)apa~~9~u 1 4) como r~l ocorre antes de consoantes sonoras. menos [z]:
certas bases [ser(r)ta~bazi~] L •
paz básica
estas mães
faz mossa
certos dado~
rapaz doid('
os lábws
pa2 legítima
algumas nações
paz natural
certas gamas
rapaz galante
dás-lhe
taz-lhe
certas nhanhãs
rapaz nhato
[pa~bazika I [e§ta~mã5·~]
(
[fa~m<;>sa 1
1 ser (r)tut"d:u.h1~ 1 ' . [r(f)apa~dÇJydu) I lu~labius1 ou lu~labyu~1
[pa~lçfit(t)ima]
[aigumaznasõ.Yt1
[paznatural]
]ser(f)tazgamas] L O •
[r(f)apazgalãt( t)i 1
[dafli] "'
[fa~Ji1
[ser(r)ta~nanãs] L • V•"'
[r(r)apa~natu) • v
duas vidas
rapaz nvo
três rodas
rapaz robusto
- 137-
[dua~vida~]
[r(napa~vivu]
[ trc~r(r)oda;] . . . [r(~)apaÍr(~)~bu~tu]
ERRATUM
Na página 134, XXIV, 1), cnde se lê "um regime pré-dorsodental- cujas
características, se exageradas, provocam a impressão de excessivo 'sibilamento",
acrescente-se "regime que é o mais antigo na língua". Na mesma página e
número, sob 2), onde se lê "regime que parece ser o mais antigo na língua e
é o mais extenso", leia-se "regime que é c mais extenso na língua".