Teologia Contemporânea - Aspectos

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Teologia Contemporânea Ricardo Gondim [email protected]

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Aula 2, teologia contemporânea, aspectos parte 1.

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Teologia Contemporânea

Ricardo Gondim

[email protected]

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CONCEITO É a visão de Deus no contexto que estamos

inseridos tornando inteligíveis os pilares da nossa fé.

Serve de bússola para nos orientar no exercício da verdadeira fé cristã.

Ajuda a visualizarmos a essência da nossa fé a luz dos movimentos teológicos contemporâneos.

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O que é TEOLOGIA ?

No sentido etimológico a palavra teologia tem a sua raiz no grego Théos = “Deus” e lógos = “estudo”, que seria o mesmo que dizer o estudo de Deus. Hoje em dia podemos dizer que teologia é a ciência da religião e das coisas divinas. Toda dissertação ou raciocínio sobre Deus, constitui uma teologia.

O estudo de Deus é da máxima importância. Como disse o reformador

João Calvino: “Quase toda sabedoria que possuímos, ou seja, a sabedoria verdadeira e sadia, consiste em duas partes: o conhecimento de Deus e de nós mesmos”.

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Para uma melhor compreensão da Teologia Contemporânea é imprescindível conhecer as principais correntes ou tendências

teológicas, desde os dias apostólicos que a influenciam:

A Teologia Bíblica: procura conhecer a Deus, seus atributos e sua vontade, através de uma reflexão a respeito dos temas presentes tanto no Antigo como no Novo Testamento, considerados como infalível Palavra de Deus

A Teologia Católica: por sua vez, que corresponde às teologias moral (orienta o comportamento humano em relação aos princípios religiosos), dogmática (estuda os elementos da fé, ou seja, as doutrinas), bíblica (estuda o caráter de Deus, seus atributos e sua vontade a nosso respeito, com base na Bíblia) e patrística (estuda a religião de acordo com a interpretação dos pais da Igreja, da tradição e do magistério);

A Teologia Protestante enfatiza o retorno às origens e à reinterpretação das Escrituras, tendo Cristo como única perspectiva. Seus temas principais são: somente a Escritura, somente Cristo, somente a fé, somente a graça;

A Teologia Natural ou Teodicéia, busca o conhecimento de Deus baseando-se na razão humana;

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A Teologia Especulativa tem por fundamento o estudo sintético dos textos sagrados, apoiado nos conhecimentos filosóficos do homem.Nesta categoria pode ser classificada a teologia tomística, de Aquino;

A Teologia Contemporânea origina-se diretamente do método especulativo, e desde a Reforma Protestante tem tomado várias direções, conforme as designações recebidas: Teologia modernista,teologia neomodernista, teologia da esperança, teologia do evangelho social, teologia do cristianismo sem religião, teologia da morte de Deus etc, conforme veremos no decorrer desse estudo;

A Teologia Mística fundamenta-se na experiência religiosa que permite aoiniciado supor-se imediatamente relacionado com a divindade, sendo sinaisdessa união as visões, os êxtases, as profecias e os estigmas.

Características da teologia mística:o A teologia mística não tem caráter reflexivo.o Não da prioridade ao uso da razão.o Evidência as experiências .

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Os Pilares da Fé Cristã Infalibilidade das Escrituras A trindade O nascimento Virginal de Cristo Os milagres operados por Jesus A morte substitutiva de Cristo A deidade de Cristo A salvação pela Fé A segunda Vinda A vida eterna Juízo Final O pecado original e a queda do homem

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O LIBERALISMO TEOLOGICO

A. Friedrich Schleiermacher (1768-1834)

• Teólogo e filósofo alemão, embora anti-racionalista, ensinou que não há religiões falsas e verdadeiras. Todas elas, com maior ou menor grau de eficiência, têm por objetivo ligar o homem finito com o Deus infinito, sendo o cristianismo a melhor delas.

• Ao harmonizar as concepções protestantes com as convicções de burguesia culta e liberal, Schleiermacher foi considerado radical pelos ortodoxos, e visionário pelos racionalistas. Na verdade, o seu pensamento filosófico-teológico, embora considerado liberal, está mais perto do transcendentalismo de Karl Barth.

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Ensinos de Schleiemacker: 1) A razão trouxe a destruição, penso logo existo não faz parte de sua teoria, ele disse “Sinto logo existo”. Se voltarmos para o sentimento teremos uma sociedade perfeita. 2) Sua teologia foi construída através de conhecimentos filosóficos.3) O fundamento da Fé é o sentimento.4) Os dogmas foram por ele menosprezados.5) Ele diz que perceber o infinito pode ou não gerar ações piedosas6) Abriu mão dos pressupostos bíblicos7) Valorizou os sentimentos piedosos declarando que os mesmos equivaliam ao senso de consciência absoluta e Deus.

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B. Johann David Michalis (1717-1791)1. Teólogo protestante alemão, foi o primeiro a abandonar o conceito da

inspiração literal das Escrituras Sagradas.

C. Adoff Von Harnack (1851-1930)2. Teólogo protestante alemão, defende em sua obra principal História

dos Dogmas: a evolução dos dogmas do cristianismo pela helenização progressiva da fé cristã primitiva. Em outra obra, A essência do cristianismo, reduziu a religião cristã a uma espécie de confiança em Deus, sem dogma algum e sem cristologia;

D. Albrecht Ritschl (1822-1889)3. Ritschl ressaltou o conteúdo ético da teologia cristã e afirmou que esta

deve basear-se principalmente na apreciação da vida interior de Cristo.

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E. David Friedrich Strauss (1808-1874)

1. Foi o teólogo alemão que maior influência exerceu no século XIX sobre os não-teólogos e não-eclesiásticos. Tornou-se professor da Universidade de Tubingen com apenas 24 anos. Quatro anos mais tarde, em 1836, foi furiosamente afastado do cargo em virtude de sua obra, denominada Vida de Jesus, criticamente estudada.

2. No ano de 1841 lançou, em dois volumes, sua Fé Crista - Seu DesenvolvimentoHistórico e seu Conflito com a Ciência Moderna. Nesta obra está negandocompletamente a Bíblia, a Igreja e a Dogmática.

Em 1864 publicou uma segunda Vida de Jesus, quando procurou então distinguir oJesus histórico do Cristo ideal segundo a maneira típica dos liberais do século XIX. Em sua A Antiga e a Nova Fé, publicada em 1872, adota a evolução darwiniana emcontraste com a fé bíblica.

3. Para Strauss, Jesus é mero homem. Insiste em que é necessário escolher entre uma observação imparcial e o Cristo da fé.

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F. Sorem Kierkegaard (1813-1855)

1. Teólogo e filósofo dinamarquês. Filho de um homem rico torturado por dúvidasreligiosas e sentimentos de culpa, Kierkegaard adquiriu complexos de naturezapsicopatológica e possíveis deficiências somáticas. Estudou teologia na universidade de Copenhague, licenciando-se em 1841.

2. Atacou a filosofia de Hegel e afastou-se mais e mais da Igreja Luterana, por julgá-lamuito pouco cristã. Para o teólogo dinamarquês, entre as atitudes (fases) estética,ética e religiosa da vida, não há mediação, como na dialética de Hegel, e não há entreelas transição, no sentido de evolução. Para chegar da fase estética à fase ética oudesta à religiosa é preciso dar um salto (ser iluminado, converter-seinstantaneamente) que transforme inteiramente a vida da pessoa.

3. Para Kierkegaard, só o cristianismo é capaz de vencer heroicamente o mundo, sendoo panteísmo cultural de Hegel impotente contra a consciência do pecado e contra omedo e temor. Criticou o hegelianismo em sua acomodação ao mundo profano, pornão ser capaz de eliminar a angústia e admitir a existência de contradições irresolúveisentre o cristianismo e o mundo, cabendo ao homem escolher existencialmente entreesta e aquela alternativa: ser cristão ou ser não-cristão.

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Karl Barth - UM NOVO ORTODOXISMO?

Esta teologia é comumente conhecida por barthianismo, por ter como seu principal autor Karl Barth (1886-1968), considerado o maior teólogo do século XX. Este sistema possui ainda vários outros nomes: teologia dogmática, teologia da crise, neo-ortodoxia, teologia transcendental, modernismo-negativista e teologia de Lund.

Alguns dados sobre Karl BarthKarl Barth nasceu na Suíça, lecionou teologia nas universidades de Gottingen, Munique e Bonn, mas foi demitido deste último posto pelo governo hitlerista, em 1935. E, por resistir às tentativas do ditador de nazificar a Igreja Reformada da Alemanha, teve seus diplomas de teologia anulados.Com a derrota do nazi-fascismo, recupera sua cátedra em Bonn, de onde mais tarde se transfere para Basiléia. Aposentou-se em 1961 e iniciou a elaboração da sua teologia.

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A teologia de Karl Barth manteve alguns pontos de vista ortodoxos

Não se pode deixar de reconhecer que, sob vários aspectos, a teologia de Barth foi um retorno, embora aparentemente, às várias doutrinas bíblicas desprezadas pelo liberalismo, como a Trindade, o nascimento virginal de Cristo, as duas naturezas de Cristo unidas numa só pessoa, conforme aceita pelo Concilio de Calcedônia (ano

451) e pela Reforma Protestante, a salvação somente pela graça e a justificação unicamente pela fé.Em virtude destes pontos de vista, foi o barthianismo chamado também de neomodernismo e neo-ortodoxia.

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ALGUMAS FALHAS DA TEOLOGIA DE BARTH

Mas a teologia de Barth possui falhas seríssimas: a Bíblia não é a Palavra de Deus, apenas a contém. Por isso pode ela ser criticada à vontade. Estabelece um falso contraste entre a autoridade espiritual da Igreja, por ele aceita, e a sua autoridade legal, que rejeita. Assim, deixou a porta aberta à discussão acerca de doutrinas. Segundo esta teologia transcendental, o mundo está cheio de contradições, inclusive na religião. Por isso os seguidores desta escola admitem sistemas que se excluem mutuamente. Um dos seus líderes declarou: Em face do modernismo e da fé histórica, não se deve dizer um ou outro, mas um e outro. Isto eqüivale a aceitar a doutrina de que Jesus é o único mediador entre Deus e o homem e ao mesmo tempo admitir a mediação de Maria.

Um transcendentalista, portanto, assemelha-se a um balconista que vende exatamente o produto que o freguês deseja, seja este freguês cristão histórico ou liberal.

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O desabafo de Francis A. SchaefferFrancis A. Schaeffer narra o desabafo de um ateu sueco, Dr. Hedeinus, professor de Filosofia da Universidade de Uppsala, que chamou os teólogos transcendentalistas de "ateus, disfarçados em bispos e pastores:“Se tal é o cristianismo, não o quero; os seus conceitos não são nemclaramente definidos, nem mesmo definíveis; a posição dos seus defensores é mais vacilante do que a minha."

10. Emil Brunner - Cristo Absoluto ou relativo?

Emil Brunner (1889-1966). Teólogo suíço; exerceu grande influência no protestantismo dos Estados Unidos, país onde proferiu diversas preleções. Suas obras foram traduzidas para o inglês antes mesmo que as de Barth.

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Sintese do pensamento teológico de Brunner

A teologia de Brunner, também conhecida por "dialética" e "da crise", descreve a busca da verdade por meio de debates entre as posições contrárias. Brunner acha que há alguma revelação fora da Bíblia, embora não acredite que a teologia natural inclua a teologia revelada, discordando nesse ponto do liberalismo de Barth. Entende que a Bíblia é o único critério pelo qual podemos julgar a verdade e a suficiência do conhecimento acerca de Deus, que se encontra em outroslugares. Diferentemente de Barth, Brunner admite que se pode achar verdade nofilósofo, no ateu ou no adepto de seitas não cristãs, assim estabelecendodiálogo com eles, mas reconhecendo que eles não podem possuir suficiente e completo conhecimento verdadeiro de Deus.

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A TEOLOGIA DO MITOA teologia do mito tem como um de seus principais criadores o teólogo alemão Rudolf Bultmann (1884-1976), que em 1941, numa conferência intitulada "O Novo Testamento e a Mitologia", disse que esta parte das Escrituras está cheia de mitos à luz dos quais se deveriam examinar a pessoa de Cristo e o comportamento da igreja apostólica.A visão do Buultimann dos escritores do NTPara Bultmann, todos os escritores do Novo Testamento pensavam e escreviam tendo em vista uma visão global do mundo antigo, no qual havia três divisões: a superior ou invisível, habitada pelos anjos, o mundo sobrenatural de Deus; o mundo inferior, escuro, habitado pelos demônios; e o nosso mundo, que fica entre os outros dois.Segue-se, portanto, que a revelação vem em símbolos que devem ser decodificados. Para usar o termo de Bultmann, devem ser desmitologizados. Numa de suas conferências, afirmou Bultmann que hoje "não se pode utilizar a luz elétrica e os aparelhos de rádio, apelar para medicamentos e clínicas modernas quando se está enfermo, e ao mesmo tempo crer nos milagres do Novo Testamento.“

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De acordo com essa visão, pode-se crer em Jesus Cristo e aceitá-lo como Deus e Salvador sem a necessidade de acreditar no nascimento virginal, na encarnação, no túmulo vazio, na ressurreição e na segunda vinda. Todos estes elementos seriam derivados da mitologia judaica e do gnosticismo helenístico.O que é a desmitologização que Bultman propõe?Em seu questionamento sobre as escrituras, há a necessidade de extrair todo o elemento mitológico, que segundo ele, encobre o entendimento das sagradas escrituras para o homem moderno.

Vê na demitologização, um instrumental importante para a atualização da mensagem bíblica tornado-a compatível com o mundo tecnológico e cientifico que vivemos hoje.O homem/mulher moderno, embora seja um ser que viva em uma sociedade de muitos símbolos e sinais, precisa decodificar o significado desta vasta simbologia. Carece de um tradutor ,ou seja, necessita de uma ferramenta que atualize a linguagem mitológica das Sagradas Escrituras, vigentes à época, para o código de linguagem e a cultura dos nossos dias.

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A teologia da esperançaEnquanto o Barthianismo era antiescatológico, a teologia da esperança procura levar a sério a história e o futuro, reagindo assim ao existencialismo de Barth e Bultmann, que enfatiza o aqui e o agora.

Principais representantes desta teologiaTrês líderes destacados do novo movimento são os teólogos alemães

Jürgen Moltmann (Reformado), Wolfhart Pannenberg (Luterano), e Johannes Metz (Católico Romano).

A teologia da esperança tem sido articulada nos Estados Unidos por

dois teólogos luteranos, Carl Braaten e Robert Jenson, cujas obras muita coisa têm feito para popularizar o novo movimento.

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1- TEOLOGIA DA ESPERANÇA

A teologia da esperança é uma resposta ao contexto dos anos 60:

Em resposta às guerras e aos sistemas totalitários e a ausência de respostas para o problema do mal novas reivindicações emergem:– Novas formas de vida social;– Liberdade do indivíduo;– Paz mundial;– Secularização rápida;– Declínio moral;– Desencanto com a teologia ortodoxa.

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2- O QUE É TEOLOGIA DA ESPERANÇA? Teologia que floresce num contexto de desesperança.

É a teologia que enxerga na escatologia o remédio para o caos.

Alguns se referem a teologia da esperança como o “ateísmo do protesto”.

Teologia que traz o conceito de Deus não à luz do passado, mas na perspectiva de futuro;

Uma tentativa de apresentar Deus em meio ao caos. Precursores:◦ Jurgen Moltmann (“Estudar teologia para buscar respostas

para a vida”); Wolfhart Pannenberg; Carl Braaten.

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3- OS POSTULADOS DA TEOLOGIA DA ESPERANÇA

Deus está sujeito ao processo temporal. Neste processo, Deus não é plenamente Deus, porque ele é parte do tempo que avança para o futuro.

Para Moltmann, o futuro é a natureza essencial de Deus. Deus não revela quem ele é, e sim quem ele será no futuro. Desta forma, Deus está presente apenas em suas promessas. Deus está presente na esperança. Todas as afirmações que fazemos sobre Deus, são produto da esperança.

Deus será Deus quando cumprir suas promessas e com isso estabelecer o seu reino. Deus não é absoluto; ele está determinado pelo futuro.

Segundo Moltmann, Deus entrou no tempo, e consequentemente o futuro se tornou algo desconhecido tanto para o homem como para Deus.

Para Moltmann, a questão da historicidade da ressurreição corporal de Jesus não é válida. Para Moltmann não devemos olhar desde o Calvário para a Nova Jerusalém, e sim olhar o nosso futuro ilimitado para o Calvário.

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Afirma-se tradicionalmente que a ressurreição de Cristo é a base histórica da ressurreição final. Moltmann porém diria que a ressurreição final é a base da ressurreição de Jesus.

Moltmann diz que o homem não deve olhá-lo passivamente; ele deve participar ativamente na sociedade.

A tarefa da igreja não é apenas se informar sobre o passado para mudar o futuro. É também “pregar o Evangelho de tal forma que o futuro se apodere do indivíduo e lhe impulsione a agir de modo concreto para mudar o seu próprio futuro. O presente em si mesmo não é importante. O importante é que o futuro se apodere da pessoa no presente”.

Para que o futuro se realize na sociedade, as categorias do passado devem ser descartadas, pois não existem formas ou categorias fixas no mundo. O futuro significa liberdade e liberdade é relatividade.

A questão não é a violência em si, e sim se o uso da violência foi justificado ou injustificado. Essa tendência pragmática em que os fins justificam os meios é uma tendência muito forte dentro da Teologia da Esperança.

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4-OBJEÇÕES À TEOLOGIA DA ESPERANÇA Moltmann rejeitou todo o conceito objetivo da história. Se por um lado a

dialética de Barth acabou com a possibilidade da relação entre história e fé, a teologia de Moltmann destruiu até mesmo a possibilidade de haver história.

O primeiro livro de Moltmann, “Teologia da Esperança” nasceu de um dialogo com o ateu alemão Ernst Bloch, e quando lemos o seu segundo livro, vemos que nesse intercâmbio, Moltmann assimilou muitas idéias de Bloch.

A idéia que Moltmann tem da escatologia é de uma teologia centralizada no homem, em um homem que observa o futuro e age na sociedade. A meta do futuro de Moltmann não é a plena manifestação da glória de Cristo; ela é a edificação da utopia na terra.

Para ele, o Reino de Deus se introduz na terra por meio da política e da revolução.

Para Moltmann, o reino é também uma realidade terrena e tangível. Para ele o Reino de Deus, é trazido por meio da revolução.

Quanto ao conceito de Deus, ele não admitia nenhum Deus eterno ou infinito. Ao entrar no tempo, segundo ele, Deus se tornou finito e aberto a um futuro desconhecido.

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5- SUMÁRIO DA TEOLOGIA DA ESPERANÇA

Mais importante que doutrina correta é a doutrina concreta; Menos teoria, mais prática; Não busca uma interpretação do mundo, mas meios de transformá-lo; A realidade não é um sistema predeterminado ou contido em si

mesmo, que funciona através da causa e efeito; As respostas para o presente não são tiradas das revelações

passadas, mas nas do porvir; A Bíblia não é a revelação de Deus, mas é testemunha da história de

promessas de Deus.

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TEODICEIA• O termo foi criado em 1710 pelo filósofo Alemão Gottfried Leibniz • O sofrimento é uma realidade tão presente entre

pessoas boas e ruins que foi preciso cunhar uma expressão chamada Teodicéia, a qual analisa e justifica a aparente discrepância entre bondade de Deus e a maldade presente na existência humana.

• Segundo define Champlin, a palavra Teodicéia vem do grego theos (Deus) + dike (justiça). No uso comum a palavra designa a controvérsia sobre como podemos reconciliar a existência do mal com a bondade e a onipotência de Deus.

• Leibniz é citado pelo mesmo Champlin como aquele que usou o termo pela primeira vez em 1710. Assim, a Teodicéia é a “Teoria para justificar a bondade de Deus em vista da existência de maldade no mundo”. Na Teodicéia examinamos e exploramos argumentos que justificam a conduta de Deus no mundo

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Acho que Epicuro foi quem formulou a questão a respeito da relação entre a onipotência e a bondade de Deus. A coisa é mais ou menos assim:

• Se Deus existe, ele é todo poderoso e é bom, pois não fosse todo-poderoso, não seria Deus, e não fosse bom, não seria digno de ser Deus.

• Mas se Deus é todo-poderoso e bom, então como explicar tanto sofrimento no mundo? Caso Deus seja todo-poderoso, então ele pode evitar o sofrimento, e se não o faz, é porque não é bom, e nesse caso, não é digno de ser Deus.

• Mas caso seja bom e queira evitar o sofrimento, e não o faz porque não consegue, então ele não é todo-poderoso, e nesse caso, também não é Deus. 

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O PROBLEMA DO MAL: O mais sério obstáculo à fé cristã

No que consiste o problema do mal? Pode-se apresentar o problema do mal a partir da enorme dificuldade de se sustentar concomitantemente as quatro proposições seguintes:

◦ Deus existe;◦ Deus é totalmente bondoso;◦ Deus é todo-poderoso;◦ O mal existe.

O problema do mal se baseia basicamente na impossibilidade de sustentar as três primeiras afirmativas sem ter que negar ao mesmo tempo a quarta afirmativa. Caso contrário conclui-se que:◦ Se Deus existe, deseja todo o bem e é poderoso o suficiente para

conseguir tudo o que deseja; então não deveria haver mal.◦ Se Deus existe e deseja apenas o bem, mas o mal existe então Deus

não consegue tudo o que deseja. Portanto ele não é Todo-poderoso.◦ Se Deus existe e é Todo-poderoso, se o mal também existe; então,

Deus deseja que o mal exista. Portanto, ele não é totalmente bondoso.

◦ Finalmente, se Deus significa um Ser que ao mesmo tempo é totalmente bondoso e Todo-poderoso, e ainda assim o mal existe; então Deus não existe.

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A DIFÍCIL TAREFA DE COMPREENDER O MAL E O SOFRIMENTO

Um Sumário de Três Concepções Teológicas e de Diferentes Cosmovisões Sobre o Tema

Primeira Concepção: Deus Determina e Controla Todas as Fatalidades;

Segunda Concepção: O mal e sofrimento são produzidos pela pessoa humana;

Terceira Concepção: Teísmo aberto e Teologia do Processo.

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DEUS E A RELAÇÃO COM O MAL

Se o mal não é algo separado de Deus e ao mesmo tempo não pode proceder de Deus, então o que é? O problema pode ser exposto da seguinte forma:◦Deus é o autor de tudo que existe;◦O mal é algo que existe;◦Portanto, Deus é o autor do mal.

Rejeitar a primeira premissa leva indubitavelmente ao dualismo. Negar a segunda premissa leva a uma forma de panteísmo e

ambas as concepções não são aceitas pelo teísmo clássico. Por outro lado, negar que Deus não criou todas as coisas é

minar a sua soberania, porém afirmar que é o criador de tudo pode levar à conclusão que Deus é o autor do mal.

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CAUSAS DO SOFRIMENTO

Nossa própria culpa; Calamidades naturais; Forças demoníacas; Desejos maus ; O próprio Deus?

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GENESIS 1513Então disse a Abrão: Sabes, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos, 14 Mas também eu julgarei a nação, à qual ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza. 15 E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado. 16 E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia. AMORREUS Povo mau e guerreiro que morava nas montanhas de Canaã e que foi dominado por Josué (Gn 10.16; 15.16; Js 10—11).

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I Samuel 15 1 ENTÃO disse Samuel a Saul: Enviou-me o SENHOR a ungir-te rei sobre o seu povo, sobre Israel; ouve, pois, agora a voz das palavras do SENHOR. 2 Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Eu me recordei do que fez Amaleque a Israel; como se lhe opôs no caminho, quando subia do Egito. 3 Vai, pois, agora e fere a Amaleque; e destrói totalmente a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos.

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O PROPÓSITO DIVINO ACERCA DO SOFRIMENTO

Segundo LEWIS CHAFER o sofrimento pode ser: ◦ PREVENTIVO ( 2Cor 12:1-10); cf. Rm 8:34;◦ CORRETIVO (Hb 12:3-15), pois tem como resultados

possíveis tanto a santidade quanto o fruto pacífico da justiça (cf. também Jo 15:2; 1 Co 11:29-32; 1 Jo 5:16).

◦ EDUCATIVO. Os cristãos podem ser ampliados em sua vida espiritual pelo sofrimento. Ainda que Filho, Cristo aprendeu a obediência pelas coisas que Ele sofreu (Hb 5:8).

Contudo a Bíblia avança em alguns outros propósitos:◦ Para pôr à prova o caráter, Jo 42:1-6; Rm 5:3-5;◦ Para ajudar os outros em situações assemelhadas, II Cor

1:3-7;◦ Para ensinar acerca da obediência, Hb 2:10,17,18; 5:8,9;◦ Para provar o valor da fé, I Pedro 1.6-7; ◦ Para conduzir à dependência de Deus, II Co 12:7-10. ;◦ Para a glória de Deus, Jo 9:1-3.

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UMA CONCLUSÃO QUASE CONCLUSIVA O maior sofredor que existiu: Jesus;

◦ Em plena tragédia da Segunda Guerra Mundial, dizia Dietrich Bonhoeffer: “somente um Deus que sofre pode nos ajudar”

O céu como parte da resposta; A cabana

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Genesis 1513 Então disse a Abrão: Sabes, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos, 14 Mas também eu julgarei a nação, à qual ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza. 15 E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado.

16 E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia. I Samuel 15 1 ENTÃO disse Samuel a Saul: Enviou-me o SENHOR a ungir-te rei sobre o seu povo, sobre Israel; ouve, pois, agora a voz das palavras do SENHOR. 2 Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Eu me recordei do que fez Amaleque a Israel; como se lhe opôs no caminho, quando subia do Egito. 3 Vai, pois, agora e fere a Amaleque; e destrói totalmente a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos.

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Primeiro, existem razões gerais para o extermínio de povos como os cananeus. Estes são os povos que possuem a terra prometida que Deus deu a Israel. A principal razão afirmada acima é que estes povos são extremamente maus. Se não forem totalmente destruídos, ensinarão aos israelitas suas práticas pecaminosas, colocando-os, dessa forma, debaixo da condenação divina. É fácil ver a razão pela qual todos os guerreiros do inimigo devam ser mortos; mas por que mulheres, crianças e o gado? O pecado que envolvia os Cananeus tinha contaminado e corrompido seus animais, e Deus não permitiria que qualquer um sobrevivesse.Segundo, aqueles que Deus ordena que sejam aniquilados são aqueles que são culpados, para os quais a punição é uma justa retribuição. Mesmo que seus antepassados tenham pecado gravemente, as pessoas que Deus ordena que Saul destrua também são pecadores culpados, cujo destino é uma justa recompensa:“Enviou-te o SENHOR a este caminho e disse: Vai, e destrói totalmente estes pecadores, os amalequitas, e peleja contra eles, até exterminá-los.” (I Sam. 15:18)“Disse, porém, Samuel: Assim como a tua espada desfilhou mulheres, assim desfilhada ficará tua mãe entre as mulheres. E Samuel despedaçou a Agague perante o SENHOR, em Gilgal.” (I Sam. 15:33)Os amalequitas são pecadores, merecedores da ira de Deus mediante Israel. Estes pecadores, os amalequitas, são aqueles que desfilharam mulheres e, dessa forma, é justo que experimentem o sofrimento e a crueldade que eles mesmos infligiram a seus inimigos.

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Terceiro, somos lembrados de que Deus não tem prazer em punir o inocente:“Então, perguntou Deus a Jonas: É razoável essa tua ira por causa da planta? Ele respondeu: É razoável a minha ira até à morte. Tornou o SENHOR: Tens compaixão da planta que te não custou trabalho, a qual não fizeste crescer, que numa noite nasceu e numa noite pereceu; e não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que há mais de cento e vinte mil pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda, e também muitos animais?” (Jn. 4:9-11)Quarto, o extermínio dos amalequitas da época de Saul é a execução de uma ordem dada muitos anos antes e reiterada diversas vezes

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Lucas 13

1 Naquela ocasião, alguns dos que estavam presentes contaram a Jesus que Pilatos misturara o sangue de alguns galileus com os sacrifícios deles. 2

Jesus respondeu: “Vocês pensam que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros, por terem sofrido dessa maneira? 3 Eu lhes digo que não! Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão. 4 Ou vocês pensam que aqueles dezoito que morreram, quando caiu sobre eles a torre de Siloé, eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? 5 Eu lhes digo que não! Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão”.

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Tragédia: “Acontecimento Funesto” (peças destinadas a despertar piedade ou terror, originárias da Grécia; etimologicamente, de traigodia - o canto que acompanhava o sacrifício do bode nas festas de Dionísio).Fatalidade: “Adversidade, infortúnio, desgraça” (de fatalitas, fatalitates - destino inevitável).

1. Cristãos estão perplexos e artodoados. Quais as respostas? Qual a razão?2. Não podemos ficar insensíveis ou ignorar a tragédia, por mais repetitivas ou assépticas que apareçam as imagens.3. Diversas “explicações”, “conclusões” e “avaliações” estão sendo dadas, inclusive por líderes cristãos - gerando a necessidade de termos uma posição pessoal, cristã.

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a. Paralelos com o Terremoto de Lisboa (1/11/1755) - 8.5 e.R., possivelmente mais de 60 mil mortos. Cidade arrasada (Folha de S. Paulo 28/12/2004; Jornal do Commércio - Recife - 2/1/2005.(1) Padres Jesuitas: “Deus julgou e condenou Lisboa, como outrora fizera com Sodoma”.(2) Voltaire (François Marie Arouet) - Deísta. Escreveu em 1756 “Poemas sobre o desastre em Lisboa”: Culpa a natureza e a chama de malévola (deixa no ar questionamentos sobre a benevolência de Deus).(3) Jean Jacques Rousseau, responde com “Carta sobre a providência”. Culpa “o homem” como responsável pela tragédia - “20 mil casas de seis ou sete andares”. O homem “deveria ter construído elas menores e mais dispersas” (inocenta Deus e a natureza, culpa o desatino dos homens).b. Revista Veja (05.01.2005) - Diz que nós “construímos religiões” para explicar a fúria da natureza.c. Alguns Pastores - têm escrito mensagens indicando a “mão pesada de Deus em julgamento”. Um deles fez referência à viagem que fez à Tailândia, na qual observou “prostituição infantil” - inferindo que o julgamento da tragédia teria vindo por essa razão.d. Ricardo Gondim (pastor da Igr, Bethesda, S. Paulo - ex- presbiteriano, colunista da revista Ultimato:(1) “Diante de uma tragédia dessa magnitude, precisamos repensar alguns conceitos teológicos”.(2) Na sua teologia, Deus já havia sido apresentado como não sendo onisciente, mas agora ele afirma que Deus “abriu mão de sua soberania” (teologia “ aberta”).

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Pontos:

1. Tragédia gerada por homens: Vs 1-3 - Galileus mortos por soldados de Pilatos.• Fonte do comentário - “Alguns”. Talvez fossem fariseus (contexto anterior - “hipócritas”; talvez discípulos; possivelmente críticos - colocando-se como juizes.• Mais pecadores?• Violência humana - sangue derramado por armas - paralelo com situações que vivemos no nosso dia-a-dia. 11 de setembro (torres gêmeas); criminalidade nas cidades (Pilatos - afastado por crueldades...).• Ensino: Não se coloquem no lugar de Deus; não se concentrem em um possível juízo / julgamento sobre as vítimas; cuidem de si mesmos!Constatem os seus pecados! Arrependam-se!

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2. Tragédia gerada por “fatalidade” (acidente) Vs 4-5 - Torre de Siloé, desabou deixando 18 mortos.• Fonte do comentário - O próprio Jesus. Sabia que saber que uma morte foi provocada acidente não impede a emissão de julgamento de nossa parte; não impede que tentemos nos colocar no lugar de Deus.• Mais culpados? Talvez os pecados dos relacionados no incidente anterior fossem mais evidentes. Nos que pereceram na torre não havia o relacionamento direto com pecados específicos, mas inferiam a culpabilidade maior deles.• Ensino: Não se coloquem no lugar de Deus; não se concentrem em um possível juízo / julgamento sobre as vítimas; cuidem de si mesmos!Constatem a sua culpa! Arrependam-se!