Esboço para aula de Teologia Contemporânea - 4ª aula

download Esboço para aula de Teologia Contemporânea - 4ª aula

of 29

Transcript of Esboço para aula de Teologia Contemporânea - 4ª aula

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    1/29

    1

    FRIEDRICH SCHLEIERMACHER

    Elevao da experincia humana, sentimento, posio de fundamento teolgico.

    Sua importncia est no m!todo e na a"ordagem #ue ele utili$ou para tentar

    desemaranhar as crencas cristas dos conflitos com o pensamento moderno, o #ue

    constituiu tendencia para os teologos li"erais dos proximos du$entos anos.

    %riginador da teologia li"eral pelo m!todo #ue ele passou a utili$ar.

    Em seus estudos na &niversidade de 'alle, ele a"sorveu profundamente o ceticismo

    de (ant e leu extensivamente so"re a filosofia iluminista em geral.

    )nfluenciado pelo romantismo alemo em fins do s!culo *+))). % omantismo era

    uma reao ao racionalismo frio da filosofia iluminista. -ava grande enfase aos

    sentimentos, imaginacao e intuio do ser humano.

    Escreveu sua primeira grande o"ra Sobre a Religio: Discursos aos Ilustrados que

    a Desdenham 1/00 em grande parte por causa do dese2o de convencer seus

    amigos de #ue a religiao no era a#uilo #ue pensavam. 3o livro, procurou defender

    a religiao dos conceitos errados mais comuns de #ue ela no passa de ortodoxia

    morta e moralismo autoritrio #ue impede a li"erdade individual e aliena as pessoas

    de sua verdadeira humanidade.

    4 verdadeira religio ! uma #uesto de 5sentimento6 humano universal Gefhl) e

    #ue pouco tem a ver com dogmas.

    7aior o"ra8 4F Crist, #ue foi lancada pela primeira ve$ em 19:1;19:: e depois

    revisada em 19

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    2/29

    :

    modo so"renatural e assim praticadas numa teologia 5vinda do alto6. 4 teologia do

    )luminismo deismo, vendo a tarefa como uma reflexao so"re pensamentos

    racionais acerca de -eus, aca"ou envolvendo;se numa teologia 5vinda de "aixo6.

    % 5sentimento6 encontra;se no plano anterior reflexo consciente ; ou se2a, so" o

    pensamento ou sensao explicitos e antes deles. E ainda, 5"uscar e encontrar esse

    fator infinito e eterno em tudo o #ue vive e se move, em todo o crescimento e

    mudanca, em todas as acoes e paixoes, possuir e conhecer a propria vida na forma

    de um sentimento imediato ; isso e religiao6.

    Schleiermacher acreditava #ue tal sentimento religioso #ue ele muitas ve$es

    chamava de 5devocao6 e fundamental e universal dentro da experiencia humana.

    Schleiermacher no apenas dese2ava distinguir devoo e religio de cincia e

    moralidade como tam"!m #ueria distingui;las de dogmas e sistemas de teologia.

    Ele considerava estes ultimos como sendo estranhos verdadeira religio e nada

    mais do #ue tentativas humanas de transformar a devoo em discurso.

    4 experiencia crista de consciencia de -eus e consciencia de si proprio formada e

    cumprida em ?esus @risto e atraves dele e a essencia do @ristianismo8 5a essencia

    distinta do @ristianismo consiste no fato de #ue nele todas as emocoes religiosas

    estao relacionadas a redencao criada por ?esus de 3a$are6. ... 4 teologia crista

    procura oferecer um relato coerente da experiencia religiosa dos cristaos.

    4 inovacao de Schleiermacher no metodo teologico encontra;se no 5voltar;se parao su2eito #ue cre6.... 3enhuma doutrina e sacrossanta. Audo esta su2eito a revisao.

    &ma de suas contri"uicoes para a teologia contemporanea e sua enfase no carater

    cultural e historico das doutrinas.

    Ele seguiu os passos de (ant, ao limitar o conhecimento de -eus a#uilo #ue pode

    ser experimentado e ao evitar especulacoes so"re 5-eus em si6 ou so"re a nature$a

    mais profunda do universo.

    Inovaes doutin!ias

    4 Bi"lia desempenhava um papel importante, porem nao central na teologia de

    Schleiermacher. 4 doutrina crista nao deve ser extraida primeira e exclusivamente

    da Bi"lia. ... 4 Bi"lia e especial no sentido de #ue constitui um registro das

    experiencias religiosas das comunidades cristas primitivas. 4 autoridade das

    Escrituras, porem, nao e a"soluta. Cica claro #ue Schleiermacher nao considerava a

    Bi"lia infalivel ou escrita so" inspiracao so"renatural. 3ela, ele encontrou

    passagens e ate mesmo livros inteiros #ue aparentemente contradi$iam a verdadeira

    devocao crista.

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    3/29

    ortanto, nao fa$ nenhum sentido a ideia de #ue se a oracao nao tivesse sido feita

    talve$ outra coisa teria acontecido6.

    4 esta altura, 2a deve estar claro #ue Schleiermacher considerava toda a ideia de

    so"renatural como algo perigoso. >or fim, Schleiermacher considerava pro"lematica a doutrina da Arindade. Ele nao

    negou explicitamente a doutrina, mas considerou sua formulacao historica tao fragil

    e cheia de contradicoes, #ue a considerou praticamente inutil para a teologia crista.

    4pesar de nao ser panteismo puro, ha um consenso geral de #ue sua doutrina possui

    caracteristicas panenteistas. ... >ara Schleiermacher, -eus e o poder imanente em

    tudo, o a"soluto, #ue tudo determina, #ue vai alem do pessoal, poder imanente #ue

    esta em tudo mas alem de todas as distincoes #ue o carater de criatura impoe so"re

    a existencia.

    Cistologia

    E #uanto a ?esus @ristoD Schleiermacher re2eitava a doutrina tradicional da

    Encarnacao, su"stituindo;a por uma cristologia "aseada na experiencia da

    consciencia de -eus. Ele criticava a doutrina classica das duas nature$as de ?esus

    humana e divina como sendo ilogica. ... 3o lugar dessa doutrina,

    Schleiermacher introdu$iu o conceito de dois aspectos de ?esus8 $rbildlich%eit e

    &orbildlich%eit seu carater ideal e sua capacidade de reprodu$ir esse carater em

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    4/29

    F

    outros. ?esus @risto e completamente igual ao resto da humanidade, exceto pelo

    fato de #ue, 5desde o inicio, ele possuia uma a"soluta e poderosa consciencia de

    -eus6. Sua consciencia de -eus nao era produto apenas da humanidadeG era

    resultante da atividade de -eus em sua vida.

    Avalia"o

    &m de seus grandes opositores foi (arl Barth, #ue o acusou de tentar falar de -eus,

    falando com grandilo#uencia so"re a humanidade.

    4 doutrina de -eus defendida por Schleiermacher pode ser melhor descrita como

    !anente'sta( no sentido de #ue relaciona -eus e o mundo, tomando;os inseparaveis.

    AI#RECH$ RI$SCHL E A $EOLO%IA LI#ERAL CL&SSICA' AIman(ncia de Deus na Cultua )tica

    'a tres pensadores #ue se destacam como os mais representativos da essencia da

    teologia li"eral do final do seculo 10 e inicio do seculo :=8 4l"recht itschl, 4dolf

    'amacH e Ialter auschen"usch.

    A teologia li*eal cl!ssica

    Ji"erdade do pensador cristo em criticar e reconstruir crenas tradicionais.

    e2eio da autoridade da tradio e da hierar#uia so"re a teologia.

    @oncentrao na dimenso prtica ou !tica do @ristianismo.

    Baseavam a teologia em outra fundao #ue no fosse a autoridade a"soluta da

    BK"lia. >rocuravam dentro da BK"lia o 5evangelho6, o cerne e referencial eterno da

    verdade #ue nao podia ser corroido pelos acidos do conhecimento cientifico e

    filosofico moderno. 4 palha eram os conceitos de an2os e demonios e os

    acontecimentos apocalipticos, os milagres.

    % elemento final, #ue era talve$ o fundamento inconsciente de todas as outras

    caracteristicas, era o movimento continuo da teologia li"eral em direcao a

    imanencia divina as custas da transcendencia.

    Enfase no reino de -eus como uma sociedade historica e etica de amor.

    4ntes do )luminismo, os teologos enfati$avam a dis2uncao entre a#uilo #ue era

    radicalmente sagrado ; o -eus transcendente L e os seres humanos finitos e

    pecadores, e viam a Encarnacao como o acontecimento dramatico em #ue -eus

    havia criado uma ponte so"re esse a"ismo.

    ?esus era visto como um ser humano exemplar e nao como o @risto interventor.

    A +ida e a Caeia de Al*ec,t Ritsc,l

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    5/29

    M

    4l"recht itschl nasceu em 19:: na familia de um "ispo da igre2a protestante

    prussiana. -urante sua formacao universitaria, foi influenciado por Schleiermacher,

    (ant e C. @. Baur, um estudioso hegeliano do 3ovo Aestamento.

    4 o"ra mais importante de itschl foi um tratado de trs volumes intitulado

    Doutrina Crist da *ustifica+o e Reconcilia+o( lancado em etapas entre 19/= e

    19/F.

    O mtodo teolgico de Ritsc,l

    Sua importncia tam"!m est na a"ordagem e no m!todo e no nas propostas

    doutrinrias.

    itschl re2eitava veementemente #ual#uer dependencia da teologia em relacao a

    metafisica. >ara ele, essa a"ordagem era uma fusao ilegitima de conhecimento

    cientifico e religioso.

    4 teologia so esta interessada em -eus a medida #ue ele afeta moralmente a vida

    das pessoas, a2udando;as a alcancar o "em maior, o eino de -eus revelado em

    ?esus @risto.

    4 teologia ! a investigacao da experiencia coletiva moral e religiosa do reino de

    -eus na igre2a. Ela e edificada e centrada na avaliacao #ue a comunidade crista fa$

    do reino de -eus revelado em ?esus @risto como o "em maior da humanidade.

    4 fonte e a norma da Aeologia no ! a BK"lia como um todo, mas o 5con2unto de

    ideias apostolicas6 determinado atraves de uma solida pes#uisa historica.

    4finidade com a filosofia de (ant. itschl seguiu (ant ao procurar eliminar a

    metafisica de dentro da teologia e aproximar ao mximo a religiao da etica. Ele no

    aceitava a separacao #ue (ant fa$ia entre as esferas do 5fenomenal6 e o 5nomenal6.

    eagindo a (ant, itschl apoiou;se fortemente em Jot$e #uanto a ideia de #ue algo

    nesse caso, -eus esta presente e manifesta;se em seus feitos nesse caso, na

    revelacao e salvacao.

    Deus e o Reino de Deus

    Ainha muito pouco a di$er so"re -eus em si. Ele afirmava #ue a teologia crista

    so esta interessada no impacto #ue -eus tem so"re as pessoas e no 2ulgamento

    apropriado desse impacto.

    itschl tam"em nao falou muito so"re a Arindade, por exemplo, pois a via como

    uma doutrina so"re o ser interior de -eus, estando acima e alem da relacao de

    -eus com o mundo, sendo, portanto, uma doutrina impossivel de se articular em

    termos de 2ulgamento de valores.

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    6/29

    N

    4ssim, ele tam"em nao via nenhum papel positivo para os atri"utos metafisicos

    tradicionais de -eus como a onipotencia, a onisciencia e a onipresenca. 4pesar

    de nao nega;los explicitamente, parecia dispensar os atri"utos, considerando;os

    parte da esfera do conhecimento teorico e nao religioso.

    >ara itschl, a principal afirmacao teologica do @ristianismo ! 5-eus ! amor6.

    itschl estava muito mais interessado no reino de -eus do #ue no proprio -eus.

    ?esus havia proclamado o reino de -eus, #ue, de acordo com itschl, e a

    unidade dos seres humanos organi$ados de acordo com o amor.

    >ara itschl, o reino de -eus nao e apenas o "em maior e o mais alto ideal da

    humanidade, e tam"em o "em maior e o mais alto ideal de -eus. >ara ele, a

    finalidade propria de -eus, sua ra$ao de ser, por assim di$er, e mesma #ue a

    nossa ; o reino de -eus.

    4pesar de reconhecer a transcendencia de -eus, essa identificacao do ser de

    -eus com o desenvolvimento de seu reino no mundo leva a teologia de itschl

    para a direcao da imanencia.

    -ecado e Salva"o

    >ara itschl, o reino de -eus tam"em e o significado interior das doutrinas do

    pecado e da salvacao. >ecado ! a#uilo #ue se opoe a esse reino. % pecado e,

    antes de mais nada, egoismo. >orem, esse pecado nao e herdado. Ele e universal,mas nao existe outra explicacao para sua universalidade alem do fato de #ue

    todos os individuos pecam.

    4o longo dos escritos teologicos de itschl, o reino de -eus parece ter dois

    enfo#ues ; um religioso e outro etico. % enfo#ue religioso e a 2ustificacao, o

    momento da salvacao em #ue -eus declara #ue o pecador foi perdoado. %

    enfo#ue etico encontra;se na assercao de #ue -eus chama os homens e mulheres

    reconciliados a cumprir o ideal do amor para com o seu proximo.

    Ele acreditava #ue a salvacao nao e, em primeiro lugar, uma #uestao de se

    atingir um estado a"encoado no pos;vida ; apesar de 2amais haver negado esse

    estado. 4 salvacao e, antes de mais nada, o pleno frutificar do reino de -eus na

    terra.

    Cistologia

    4 nature$a divina de ?esus consistia em sua 5divindade6. itschl re2eitava

    firmemente essa formulacao tradicional so"re a divindade de ?esus, afirmando

    #ue ela era cientifica e nao religiosa.

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    7/29

    /

    -e acordo com ele, a verdadeira avaliacao de ?esus esta interessada em sua

    conduta historica, em suas conviccoes religiosas e em seus motivos eticos e nao

    em suas supostas #ualidades inatas ou em seus poderes.

    >elo fato de ter se transformado no portador unico do reino de -eus, ele e visto

    pelos cristaos como tendo o mesmo valor #ue -eus.

    itschl interpretava a divindade de ?esus como a 5vocacao6 singular dada a ele

    por -eus, seu >ai, para #ue fosse a incorporacao perfeita do reino de -eus entre

    os homens ; uma vocacao #ue ?esus cumpriu com perfeicao.

    >orem, ele nao se conteve e discutiu o conceito da preexistencia de @risto. Coi

    nessa discussao, mais o"viamente do #ue em #ual#uer outro ponto, #ue ele caiu

    em contradicao ao permitir #ue um elemento metafisico influenciasse seu

    pensamento. 4o #ue parece, ele simplesmente nao pode se contentar com a

    conclusao de #ue a#uilo #ue ?esus reali$ou foi resultado de seu proprio esforco e

    iniciativa.

    Em outras palavras, para itschl, @risto 2a existia apenas no sentido de #ue suas

    o"ras sao eternamente conhecidas por -eus e fa$em parte da vontade do >ai.

    4 salvacao da humanidade atraves de @risto e elemento central da teologia de

    itschl. itschl introdu$ o conceito da 5o"ediencia vocacional6 de ?esus ao >ai8

    ?esus demonstrou com perfeicao o modo de vida apropriado para o reino de

    -eus. Sua vida sem pecado e morte voluntaria nao apenas revelaram o reino de

    -eus na 'istoria, mas tam"em o li"eraram na forma de poder para transformar o

    mundo. 4o #ue parece, o interesse principal de itschl estava na vida historica

    de @risto como exemplo moral #ue teve um impacto so"re a 'istoria.

    Avalia"o

    @omo resultado de sua influencia, toda uma geracao de pastores e professores

    cristaos desenvolveu o 5evangelho social6.

    Adol. Hanac/

    -ois mem"ros da escola itschliana destacam;se pelas formas criativas como

    desenvolveram ideias a partir de seus fundamentos8 o estudioso alemao 4dolf

    'arnacH e o professor americano de origem alema Ialter auschen"usch.

    Ele foi professor de historia da igre2a na &niversidade de Berlim de 1999 ate

    aposentar;se, em 10:1. Suas palestras atraiam centenas de alunos e seus escritos

    aproximadamente mil e seiscentos titulos eram grandemente aclamados no

    mundo academico. 'arnacH era amigo intimo do )mperador Iilhelm da

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    8/29

    9

    4lemanha, #ue deixou a seu encargo varias instituicoes culturais importantes,

    incluindo a Bi"lioteca eal de Berlim. Em 101F, ele rece"eu do )mperador o

    titulo de cavaleiro. 'arnacH, #ue escreveu o discurso imperial para o povo

    alemao anunciando o inicio da )a Ouerra 7undial, apoiava fortemente a politica

    de guerra do )mperador. Este foi um dos fatores #ue fe$ com #ue seu mais

    notavel aluno, o teologo suico (arl Barth, se voltasse contra ele.

    4 influencia mais ampla de 'arnacH deu;se atraves da pu"licacao de uma serie

    de palestras feitas por ele na &niversidade de Berlim entre 1900 e 10==, #ue

    foram transcritas por um aluno e oferecidas como presente ao professor. Em

    10=1, essas palestras foram pu"licadas na 4merica so" o titulo ,hat is

    Christianit-. P% Que e @ristianismoDR.

    3as palestras procurou separar o #ue era o Evangelho no cristianismo da palha.Ele propos a tese de #ue ?esus proclamou a mensagem so"re -eus, o >ai, e nao

    so"re si mesmo8 5% Evangelho, conforme foi proclamado por ?esus, tem a ver

    somente com o >ai e nao com o Cilho6. -e acordo com 'arnacH, esse evangelho

    e simples e su"lime, consistindo em tres verdades relacionadas entre si8 o reino

    de -eus e sua vindaG -eus, o >ai, e o valor infinito da alma humanaG e a retidao

    mais elevada e o mandamento do amor.

    'arnacH encontrou muito pouco do evangelho no 4ntigo Aestamento. 4te

    mesmo no 3ovo Aestamento, ele se apresenta incrustado com historias

    fantasticas de milagres, an2os, demonios e catastrofes apocalipticas.

    0alte Rausc,en*us, 'arnacH recusava;se a aplicar o ideal do reino de -eus a #uestoes politicas

    especificasG ele chegou a criticar duramente a#ueles #ue dese2avam usar esse

    ideal para alimentar movimentos revolucionarios de eforma. Ialter

    auschen"usch, pelo contrario, gastou a maior parte de sua energia criativa

    como teologo fa$endo 2ustamente isso.

    % primeiro cargo do 2ovem pastor foi em 'ells (itchen, uma parte

    extremamente po"re da cidade de 3ova TorH. Ja, ele envolveu;se com o

    crescente movimento socialista e a2udou a fundar um 2ornal socialista religioso.

    Em 1901, auschen"usch passou varios meses estudando o 3ovo Aestamento na

    4lemanha, onde rece"eu influencia da enfase itschliana so"re o reino etico de

    -eus como coracao e alma do evangelho. Quando voltou para os Estados

    &nidos, envolveu;se por completo no recem;criado movimento do 5evangelho

    social6, tornando;se seu expoente de maior competencia teologica e principal

    proclamador.

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    9/29

    0

    Sua o"ra de maior influencia e #ue o tornou conhecido foi Christianit- and

    Social Crisis P@ristianismo e a @rise SocialR, pu"licada em 10=/. Esse livro

    apresentava em linguagem severa o enorme a"ismo entre a ri#ue$a e a po"re$a

    na 4merica e afirmava #ue ser um cristao em meio a essa crise social significava

    tra"alhar para a salvacao de estruturas economicas #ue perpetuavam a po"re$a.

    Em 101:, auschen"usch pu"licou seu segundo maior livro, Christiani/ing the

    Social 0r1er P4 @ristiani$acao da %rdem SocialR. >ediu, ainda, a sociali$acao

    das principais industrias, apoio por parte dos sindicatos e a a"olicao de uma

    economia centrali$ada na co"ica, na competicao e no lucro como principal

    motivacao. >ara ele, todas essas mudancas significavam uma cristiani$acao

    gradual da ordem social ; uma aproximacao progressiva do reino de -eus na

    sociedade humana. auschen"usch pu"licou a o"ra #ue aca"aria por tornar;se a teologia sistematica

    do movimento do evangelho social, 2heolog- fo r the Social Gos!el P&ma

    Aeologia para o Evangelho SocialR, em 101/. 3ela, procurava redefinir cada uma

    das principais doutrinas cristas em termos de realidade social e historica do

    eino do 4mor, #ue, para ele, e#uivalia a 5humanidade organi$ada de acordo

    com a vontade de -eus6.

    4ssim, auschen"usch definiu a salvacao como 5a sociali$acao voluntaria da

    alma6. % movimento do evangelho social americano representou a expressao

    mais pratica e concreta da teologia li"eral classica.

    A RE+OL$A CO1$RA A IMA121CIA' A $RA1SCE1D21CIA 1A 1EO3

    OR$ODO4IA

    % movimento neo;ortodoxo caracteri$ou;se pela tentativa dos teologos de

    redesco"rir o significado para o mundo moderno de certas doutrinas #ue haviam

    sido centrais para a antiga ortodoxia crista.

    >or um lado, os teologos neo;ortodoxos seguiam o li"eralismo mais antigo,

    vendo o )luminismo com naturalidade e, assim como seus antecessores,

    aceitando o criticismo "i"lico. ... Estavam seriamente preocupados com o fato

    de o li"eralismo protestante ter se esforcado tanto para tornar a fe crista aceitavel

    a mentalidade moderna a ponto de perder o evangelho.

    Soen 5ie/egaad

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    10/29

    1=

    Soren (ierHegaard nasceu em @openhague, em 191or tras das criticas de (ierHegaard estava sua controversia fundamental com a

    filosofia hegeliana aceita pelos intelectuais de sua terra natal.

    4 verdade nao e impessoal e nao pode ser o"tida atraves do pensamento

    desapaixonado. >elo contrario, a verdade e su"2etividadeG surge #uando o su2eito

    pessoal dese2a plenamente fa$er parte dessa verdade.

    Em3igalhas Filos4ficas, (ierHegaard delineou sua famosa distincao entre

    @ristianismo e religiao socratica. Esta ultima, a 5eligiosidade 46, e a religiao

    da imanencia, pois pressupoe #ue a verdade esta presente dentro do individuo.

    >ara #ue a verdade apareca e preciso apenas #ue alguem faca as ve$es de uma

    parteira, a2udando o su2eito sa"edor a dar a lu$ essa verdade. 7as na religiao de

    ?esus ; 5eligiosidade B6 ou religiao do outro ; o individuo nao possui a

    verdade, ou pior, vive no engano. 4ssim, ele precisa de um mestre #ue leve a

    verdade ate ele e, inclusive, ofereca as condicoes necessarias para #ue ele a

    rece"a. Aal mestre e o Salvador e edentor e sua vinda e a 5plenitude do tempo6.

    E claro #ue, para (ierHegaard, esse mestre e ?esus @risto. 7as a confissao crista

    de ?esus como @risto envolve um paradoxo duplo. Ela afirma #ue -eus tornou;

    se humano, #ue o Eterno tornou;se temporal.

    4 verdade do @ristianismo e captada apenas atraves da fe e nao pela ra$ao. Ser

    um cristao, portanto, envolve um dese2o de ir pela fe a lugares para onde a ra$ao

    nao pode nos levar. (ierHegaard concluiu #ue sua essencia esta na profunda

    preocupacao, temor e tremor santo e nao numa seguranca complacente.

    %s temas enunciados pelo filosofo dinamar#ues do seculo 10 ; como a

    transcendencia do -eus #ue, no momento do encontro divino, profere ao

    individuo a verdade divina infalivel ; tornaram;se os fundamentos so"re os #uais

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    11/29

    11

    os teologos da neo;ortodoxia do seculo := construiram seus pensamentos e as

    teses #ue expandiram em suas deli"eracoes teologicas.

    5ARL #AR$H' A tanscend(ncia como li*edade de Deus

    A vida e a caeia de 5al #at,

    (arl Barth nasceu em 199N na Basileia, Suica. Seu pai era professor em uma

    universidade para pregadores semelhante a um seminario e identificava;se com

    um grupo relativamente conservador dentro da )gre2a eformada da Suica.

    Ele estudou teologia em universidades em Berna, Berlim, Au"ingen e 7ar"urg,

    chegando finalmente a um posicionamento teologico dentro da linha ritschiliana

    de pensamento li"eral. Em Berlim, ele rece"eu a influencia de 'arnacH e, em7ar"urg, tornou;se discipulo do grande teologo ritschliano Iilhelm 'errmann.

    Em 1011, mudou;se para uma pe#uena congregacao em SafenUil, uma vila na

    fronteira entre a Suica e a 4lemanha. Coi em SafenUil #ue fe$ historia na

    teologia, pois ali, Barth criou uma revolucao teologica.

    7uitos fatores levaram ao rompimento radical de Barth com a teologia li"eral.

    Entretanto, ha dois #ue se destacam. Em primeiro lugar, Barth perce"eu #ue a

    teologia li"eral de nada servia para a2uda;lo em sua tarefa semanal de pregar o

    evangelho ao povo de SafenUil. Em decorrencia disso, ele dedicou;se a um

    estudo cuidadoso e detalhado das Escrituras e, atraves dele, desco"riu 5%

    Estranho 7undo 3ovo -entro da Bi"lia6, titulo #ue usou para um de seus

    primeiros artigos. % #ue encontrou nas Escrituras nao foi a religiao humana e

    nem mesmo os mais refinados e elevados pensamentos de pessoas devotas, mas

    sim a >alavra de -eus.

    % segundo fator #ue afastou Barth da teologia li"eral foi um acontecimento

    especifico. Em agosto de 101F, ele leu a pu"licacao de uma declaracao reali$ada

    por noventa e tres intelectuais alemaes #ue apoiavam a politica de guerra do

    imperador Iilhelm. Entre eles estavam #uase todos os seus professores de

    teologia, os #uais, ate entao, ele havia honrado profundamente.

    -urante a guerra, Barth comecou a tra"alhar num comentario so"re a epistola de

    >aulo aos omanos. 4o ser pu"licado em 1010, ele provocou um furor

    inesperado por causa de suas duras criticas a teologia li"eral protestante. -e

    acordo com um teologo da epoca, a o"raDer Romerbrief PEpistola aos

    omanosR caiu como uma "om"a no #uintal onde "rincavam os teologos. 3o

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    12/29

    1:

    comentario, Barth afirmava a validade tanto do metodo historico;critico de

    estudo das Escrituras quanto da doutrina da inspiracao ver"al, e declarava #ue se

    fosse forcado a escolher entre um dos dois, ficaria com a segunda opcao.

    Barth criticou a teologia li"eral por transformar o evangelho em uma mensagem

    religiosa #ue fala aos homens de sua propria divindade ao inves de reconhece;lo

    como >alavra de -eus, uma mensagem #ue os seres humanos sao incapa$es de

    prever ou antecipar, pois vem de um -eus completamente distinto deles.

    3o fundo, Barth estava pedindo uma revolucao no metodo teologico, uma

    teologia 5do alto6 para su"stituir a antiga teologia 5de "aixo6 centrali$ada no ser

    humano.

    4o longo do comentario, ele enfati$ava o carater distinto de -eus, do evangelho,

    da eternidade e da salvacao. 4rgumentava #ue essas grandes verdades nao

    podem ser construidas a partir da experiencia universal humana ou da ra$ao, mas

    devem ser rece"idas pela revelacao de -eus numa atitude de o"ediencia.

    Em 10:M, Barth foi convidado para ser professor na &niversidade de 7unster,

    onde ficou apenas cinco anos, mudando;se para Bonn em 10alavra de

    -eus e nada mais.

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    13/29

    1or fim, a proclamacao do

    evangelho atraves da igre2a constitui a terceira forma. 4s duas ultimas formas

    sao >alavra de -eus apenas num sentido instrumental, pois tornam;se >alavra de

    -eus #uando -eus as utili$a para revelar a ?esus @risto.

    Em decorrencia disso, a Bi"lia nao e a >alavra de -eus numa forma estatica. 4

    >alavra de -eus tem sempre um carater de acontecimento6( de certo modo, e o

    proprio -eus relatando seu agir. 4 Bi"lia torna#se >alavra de -eus em um

    acontecimento8 54 Bi"lia e a >alavra de -eus a medida #ue -eus fa$ com #ue

    ela se2a sua >alavra, a medida #ue Ele fala atraves dela6.

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    14/29

    1F

    Barth, de fato, negava a posicao dada as Escrituras pela ortodoxia classica. Ele

    fa$ia distincao entre a Bi"lia e a >alavra de -eus, afirmando #ue 5a#uilo #ue

    temos na Bi"lia e, de #ual#uer maneira, uma serie de tentativas humanas de se

    repetir e reprodu$ir essa >alavra de -eus em palavras e pensamentos humanos e

    em situacoes humanas especificas6.

    -evemos, entao, compreender a inspiracao da Bi"lia como uma decisao divina

    #ue e tomada continuamente na vida da igre2a e de seus mem"ros6. % fato de a

    Bi"lia ser a >alavra de -eus, portanto, nao depende de forma alguma da

    experiencia individual ou das conclusoes de estudiosos "aseadas em evidencias

    externas ou internas. >ara Barth, a Bi"lia e a >alavra de -eus, pois sempre de

    novo, independente de #ual#uer decisao ou iniciativa humana, -eus a usa para

    reali$ar o milagre da fe em ?esus @risto.

    $eologia Cistocentica e $initaiana

    4 estrutura da teologia de Barth ! completamente cristoc"ntrica7 % comeco, o

    meio e o fim de toda doutrina e a figura de ?esus @risto ; sua vida, morte,

    ressurreicao, exaltacao e uniao eterna com -eus, o >ai.

    >ara o teologo suico, ?esus @risto e a unica e singular re8ela+o de Deus sobre

    si mesmo( a >alavra de -eus em pessoa.

    Se ?esus @risto e #uem a fe indica #ue ele e ; a inigualavel revelacao do proprio

    -eus entao, de algum modo, ele deve ser identico a -eus e nao simplesmente

    um agente ou representante de -eus. >or tras da realidade da revelacao e dentro

    dela, portanto, esta a sua possi"ilidade ; o -eus Ariuno.

    @ontradi$endo diretamente a a"ordagem de Schleiermacher, Barth colocou a

    doutrina da Arindade como ponto de partida para a teologia.

    -e acordo com Barth, portanto, a revelacao de -eus e o proprio -eus. -eus

    #uem ele se revela ser. Em decorrencia disso, ?esus @risto, como unica e

    inigualavel revelacao de -eus, e identico a -eus e, portanto, verdadeiramente

    humano e verdadeiramente divino.

    Barth deixou claro #ue, ao falar so"re ?esus @risto, ele estava falando so"re a

    encarnacao da 5Segunda forma do Ser6 Seins9eise de -eus. Ele preferia o

    termo 5forma6 ao inves de 5pessoa6 pois, aos ouvidos modernos, a palavra

    !essoa inevitavelmente implica 5personalidade6 e -eus tem apenas uma

    personalidade. Se ?esus @risto fosse uma outra personalidade, diferente do >ai,

    ele nao poderia ser a re8ela+o do >ai. -e acordo com Barth, >ai, Cilho e

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    15/29

    1M

    Espirito Santo sao formas divinas de ser #ue existem eternamente dentro da

    unidade a"soluta de -eus.

    Deus como 7a8uele 8ue ama em li*edade9

    4pesar da doutrina da Arindade ser o centro e o coracao de sua doutrina so"re

    -eus, Barth dedicou a maior parte de um volume inteiro aos atri"utos ou

    perfeicoes do ser de -eus Dogm1tica da Igre5a :V1. Ele definiu o Ser de

    -eus como 54#uele #ue 4ma em Ji"erdade6 e dividiu as perfeicoes divinas em

    duas categorias, as perfeicoes do amor divino e as perfeicoes da li"erdade

    divina. Essa marca su"stituia a tradicional dualidade divina de imanencia e

    transcendencia.

    Barth afirmava #ue a li"erdade e o amor de -eus devem ser igualmenteenfati$ados e e#uili"rados a fim de se fa$er 2ustica ao -eus de ?esus @risto. %

    amor de -eus e sua livre escolha de criar a comunhao entre os seres humanos e

    ele proprio atraves de ?esus @risto. 4s perfeicoes #ue expressam esse grande

    amor de -eus sao santidade, misericordia, retidao, paciencia e sa"edoria.

    Barth prosseguiu enfati$ando a liberdade desse amor. En#uanto o amor de -eus

    pelo mundo e real e eterno, ele nao e necessario. -eus continuaria sendo amor

    mesmo #ue ele nao optasse por amar o mundo.

    Se -eus precisasse do mundo como o"2eto do seu amor, entao esse amor nao

    seria resultado de graca pura e o mundo tornar;se;ia necessario para o ser de

    -eus. -eus seria privado de sua divindade.

    A doutina da elei"o

    ?esus @risto e o homem eleito e re2eitado maldito, sendo #ue todos os seres

    humanos estao incluidos nele e sao por ele representados.

    @omo sua teologia de um modo geral, a doutrina da eleicao apresentada por

    Barth e 5cristomonistica6. >ara ele, ?esus @risto e o unico o"2eto da eleicao e da

    maldicao de -eus. 3enhum decreto terrivel de predestinacao dupla divide a

    humanidade em salva e maldita. >elo contrario, todos estao incluidos em ?esus

    @risto, #ue e tanto o -eus #ue elege como o ser humano eleito por ele, e os

    "eneficios de sua o"ra salvadora estendem;se so"re todos eles.

    Barth deixou a"solutamente claro #ue ?esus @risto e a unica pessoa

    verdadeiramente re2eitada e #ue, nele, todos os seres humanos sao eleitos. 5Esta

    reservado a humanidade e a vida eterna em comunhao com -eus6.

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    16/29

    1N

    Avalia"o

    4 forca do metodo teologico de Barth esta em sua total dependencia da

    revelacao.

    4 forca da teologia tam"em e a fonte da maior fra#ue$a do metodo teologico de

    Barth, uma fra#ue$a #ue surge do extremo ao #ual ele leva a autonomia

    teologica. Sua recusa a todo tipo de 2ustificacao racional da verdade da revelacao

    condu$ a uma teologia #ue vai alem da autonomia e aca"a no isolamento. Se nao

    ha pontes inteligiveis ligando a teologia com a experiencia humana comum ou

    com as outras disciplinas, de #ue maneira a fe crista pode ser algo mais do #ue

    esoterismo para a#ueles #ue estao do lado de foraD &ma coisa e Barth re2eitar a

    forma como a teologia li"eral redu$ia a fe crista a#uilo #ue podia ser antecipado

    dentro dos hori$ontes da experiencia humanaG mas outra coisa "em diferente e

    eliminar #ual#uer ligacao entre crenca e experiencia.

    &m segundo ponto controverso do metodo teologico de Barth e seu suposto

    cristomonismo7 4lguns dos criticos de Barth usaram esse termo para descrever a

    concentracao exagerada so"re a figura de ?esus @risto, presente ao longo de toda

    a sua teologia. Barth nao apenas fe$ de ?esus @risto o centro e o coracao de sua

    teologia, tomando;a 5cristocentrica6, como tam"em restringiu o conhecimento

    de -eus a#uilo #ue e revelado em @risto. % pro"lema dessa posicao e #ue ela

    condu$ a uma negacao de #ual#uer revelacao geral, da#uela forma de revelacao

    #ue parece constituir o cerne de toda a argumentacao de >aulo no primeiro

    capitulo de omanos.

    Emil #unne' tanscend(ncia no enconto ente o divino e o ,umano

    A vida e a caeia de #unne

    Brunner foi um autor muito proficuo, tendo escrito diversos tratados e artigosso"re teologia, etica social e vida crista. 7ais para o fim de sua carreira, ele

    compilou o tra"alho de toda a sua vida emDogmatics P4 -ogmaticaR, uma o"ra

    de tres volumes.

    -eocu:aes teolgicas

    4pesar de ser apenas mencionado ocasionalmente, Schleiermacher parece ter

    sido alvo de grande parte do despre$o de Brunner como o paradigma dos

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    17/29

    1/

    teologos cristaos #ue transformam o conhecimento so"re de -eus numa

    capacidade natural da humanidade.

    4 teologia de Brunner e um ata#ue continuo a todas as tentativas de se captar o

    ser de -eus com a ra$ao natural e de modo independente da revelacao ou

    transformar #ual#uer filosofia humana em uma estrutura necessaria para a

    compreensao da >alavra de -eus.

    4lem de sua luta contra a teologia da imanencia, Brunner encarou mais dois

    oponentes8 a 5ortodoxia6 e (arl Barth.

    Ele condenava os ortodoxos por identificarem as palavras das Escrituras com a

    >alavra de -eus.

    -esonalismo #6*lico

    4 teologia de Brunner nao deve ser definida em termos da#uilo a #ue ele se

    opunha. >orem, sua contri"uicao a teologia contemporanea tem seu lado positivo

    e original. Essa comeca #uando ele identifica a revelacao como um 5Encontro

    Eu;Au6 #ue acontece entre o individuo e -eus. 4o apresentar a#uilo #ue ele

    acreditava ser a definicao "i"lica da verdade da revelacao, Brunner tomou

    emprestadas diversas ideias de dois pensadores existencialistas do seculo :=8

    Cerdinand E"ner e 7artin Bu"er.

    Coi o teologo e filosofo 2udeu 7artin Bu"er #ue influenciou Brunner maisdiretamente em sua 5desco"erta6 do conceito "i"lico de verdade como um

    encontro entre o divino e o humano.

    Brunner afirmava #ue #ual#uer teologia #ue trate o conhecimento de -eus de

    maneira analoga ao conhecimento de o"2etos como, por exemplo, planetas

    distantes ou particulas su"atomicas e fundamentalmente e#uivocada. 4 propria

    essencia do @ristianismo esta na ocorrencia do encontro entre -eus e a

    humanidade. % conhecimento de -eus e pessoal ; no sentido de #ue transcende

    o plano dos o"2etos e o dualismo su2eitoVo"2eto existente no conhecimento

    desses o"2etos L exigindo uma decisao pessoal, uma resposta e um

    compromisso.

    4 partir de seu conceito de revelacao como um encontro Eu;Au, toda a

    a"ordagem teologica de Brunner passou a ser chamada de 5personalismo

    "i"lico6.

    Revela"o como um enconto

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    18/29

    19

    -e acordo com Brunner, palavras e proposicoes so"re -eus nao podem ser

    consideradas revelacao, pois, inevitavelmente, transformam -eus em um o"2eto

    e aca"am caindo na esfera do 5conhecimento do o"2eto6.

    % tipo de revelacao #ue Brunner enfati$ava acontece em dois momentos8

    historicamente, na encarnacao de -eus em ?esus @risto e, no tempo presente, no

    testimonium s!iritus internum( o testemunho interior do Espirito Santo so"re

    ?esus @risto #ue toma @risto um contemporaneo do crente.

    % ponto mais importante da doutrina de Brunner acerca da revelacao e #ue, nela,

    -eus nao comunica algosobre si mesmo, ele comunica o seu proprio ser.

    % #ue Brunner estava tentando evitar era a heresia do 5Aeologismo6 L colocar a

    doutrina ou teologia no lugar da f! pessoal.

    -iante disso, onde se situa a Bi"liaD Brunner oferecia um posicionamento duplo

    em relacao as Escrituras. >or um lado, elas sao testemunho a"solutamente

    indispensavel de ?esus @risto. >ortanto, sao tanto fonte de fe #uanto de teologia.

    7as, por outro lado, as Escrituras nao sao ver"almente inspiradas por -eus e

    nem proposicao infalivel da >alavra a humanidade. Brunner recusava;se

    terminantemente a identificar a revelacao com as palavras das Escrituras. 4s

    Escrituras sao um veiculo singular e instrumento de revelacao no sentido de #ue

    contem o primeiro testemunho da revelacao de -eus em ?esus @risto. >orem,

    isso significava para ele #ue nem tudo nas Escrituras tem igual valor ou mesmo

    carater verdadeiro.

    4 doutrina da inspiracao foi alvo especifico dos ata#ues de Brunner.

    Ele voltou;se para ?esus @risto como a unica e verdadeira norma e autoridade

    para a fe crista, relegando a um segundo plano tanto o testemunho apostolico

    #uanto a Bi"lia #ue o contem, sendo, portanto, autoridades relativas a"ertas a

    criticas e correcoes.

    Contovsias com #at, @omo mencionamos anteriormente, Brunner "uscava distinguir sua propria

    contri"uicao a teologia da contri"uicao de Barth, ao enfati$ar duas importantes

    diferencas8 o lugar da 5revelacao geral6 e a doutrina de -eus, especialmente

    acerca da eleicao e da predestinacao.

    Brunner pu"licou um ensaio com o titulo 53ature$a e Oraca6, no #ual

    argumentava #ue Barth estava errado ao negar #ual#uer tipo de revelacao

    verdadeira de -eus atraves da nature$a.

    R;DOLF #;L$MA11' A $RA1SCE1DE1CIA DO Kerygma

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    19/29

    10

    Buscava empregar uma interpretacao existencialista do 3ovo Aestamento, #ue

    ve a mensagem do antigo documento como a >alavra de -eus dirigida ao

    individuo e pedindo uma resposta de fe individual.

    4pesar de certas diferencas entre eles, Bultmann considerava;se um aliado de

    (arl Barth no desafio neo;ortodoxo ao li"eralismo. ?untamente com Barth, ele

    acreditava #ue a teologia do seculo 10 havia feito do ser humano ; ao inves de

    -eus ; o seu centro.

    4ssim como Barth, ele declarava #ue podemos conhecer a -eus apenas em

    resposta a revelacao divina, #ue chega ate nos atraves da >alavra de -eus, o

    %er-gma( dirigida a cada ser humano.

    4o mesmo tempo, ele foi alem de Barth. Seguindo as ideias do filosofo

    existencialista 7artin 'eidegger, Bultmann interpretou essa mensagem

    exclusivamente em termos de condicao humana, #ue ele via caracteri$ada pela

    ansiedade e ate mesmo pelo desespero.

    A . e o =esus Histico

    &m primeiro pro"lema #ue se apresentava diante dos estudiosos do 3ovo

    Aestamento no final do seculo 10 era a #uestao do ?esus historico.

    Qual era normativo, o @risto proclamado nos textos do 3ovo Aestamento ou o

    verdadeiro ?esus historico por tras desses textosD Aomando por "ase o legado deSchleiermacher, o li"eralismo havia optado pela segunda alternativa,

    determinando #ue o ?esus historico era a figura normativa para a teologia,

    especialmente a personalidade de ?esus #ue, para eles, podia ser reconstruida a

    partir de seus ensinamentos, conduta, desenvolvimento interior e das impressoes

    de seus contemporaneos. -entro dessa visao, os estudiosos lancaram o #ue

    passou a ser chamado de 5"usca pelo ?esus historico6, uma tentativa de

    investigar o #ue havia por tras dos Evangelhos para determinar exatamente o #ue

    ?esus havia dito e feito.

    @om a chegada do final do seculo, porem, alguns estudiosos comecaram a

    #uestionar essa proposta. Em sua o"ra monumental, ;usca do *esus

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    20/29

    :=

    #ue podia se sa"er so"re o ?esus historico. Ele afirmava #ue o conteudo dos

    Evangelhos apresentava um ?esus #ue 2a havia sido enco"erto pelas formas de

    pensamento do contexto helenista em #ue os livros tinham sido escritos. 3a

    verdade, o 3ovo Aestamento nao se preocupa, de fato, com o ?esus da 'istoria.

    Ele se concentra no @risto da fe.

    >ara Bultmann, porem, essa falta de conhecimento so"re o ?esus historico nao

    era um detrimento para a fe crista. Ele argumentava #ue, ao inves do ?esus

    historico, e o %er-gma ou a mensagem da igre2a primitiva #ue e essencial a fe.

    ... 4 fe nao e o conhecimento de fatos historicos, mas a resposta pessoal ao

    @risto com o #ual nos deparamos na mensagem do evangelho, a proclamacao do

    agir de -eus em ?esus.

    -esse modo, Bultmann afirmava #ue estava aplicando ao universo doconhecimento e do pensamento o tema da 2ustificacao pela fe de acordo com

    Jutero. Ele di$ia #ue sua proposta 5destroi todo anseio por seguranca6, #uer se2a

    "aseada nas "oas o"ras ou no 5conhecimento o"2etificante6. 4 fe so pode ser

    uma dadiva da graca de -eus, vinda ate nos no %er-gma7

    % #ue ele se recusava a afirmar era #ue a fe pode ser ancorada na pes#uisa

    historica, pois nenhuma atividade desse tipo pode provar #ue -eus agiu em um

    acontecimento passado.

    7antendo;se firme no seu ceticismo radical #uanto aos possiveis resultados da

    pes#uisa historica, Bultmann afirmava #ue o ?esus historico em si nao deve ser

    visto como o centro da revelacao de -eus. 3esse ponto, ele permaneceu um

    representante fiel da compreensao neo;ortodoxa de revelacao como %er-gma7

    4rgumentava #ue a revelacao de -eus esta no encontro presente entre o

    individuo e a pregacao acerca de @risto.

    Mitologia

    4 carreira de Bultmann desenvolveu;se durante uma epoca em #ue os estudiosos

    "i"licos e teologos de"atiam;se com um terceiro pro"lema, a mitologia.

    +arios teoricos, incluindo Bultmann, afirmavam #ue o 3ovo Aestamento refletia

    o uso de mitos e religioes de misterios L especialmente o mito da vinda de um

    deus redentor ; para descrever a o"ra de ?esus @risto.

    4 teologia li"eral havia reagido a essa desco"erta, defendendo a eliminacao da

    mitologia, para #ue fosse possivel, entao, visuali$ar as verdades eternas

    presentes em meio aos mitos. Bultmann re2eitou esse procedimento. Ele

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    21/29

    :1

    afirmava #ue era impossivel remover os mitos sem perder o %er-gma( a

    verdadeira mensagem do 3ovo Aestamento.

    Bultmann defendia, portanto, nao a remocao, mas a interpretacao do mito, a fim

    de visuali$ar o verdadeiro sentido dos textos apresentados nessa forma literaria.

    4 esse processo ele chamava desmitologi/a+o7

    Ele ofereceu uma outra compreensao de mito, usando o termo para referir;se a

    #ual#uer expressao #ue possa comprovadamente ser excluida pelo enfo#ue na

    ciencia natural caracteristica da mentalidade moderna.

    -e acordo com Bultmann, uma desmitologi$acao ade#uada compreende a

    terminologia mitologica. % mito e pro"lematico nao apenas por#ue torna a

    mensagem crista inaceitavel para a mente moderna, mas por#ue tam"em distorce

    a propria mensagem, impedindo um encontro verdadeiro com o %er-gma7

    Hemen(utica

    % pro"lema da mitologia tratado por Bultmann estava relacionado a uma

    #uestao teologica correspondente, a hermeneutica.

    Ele considerou ingenua essa visao, no sentido de #ue ela supunha haver dentro

    do texto principios eternos e universais #ue estavam la, esperando para serem

    desco"ertos por meio da hermeneutica. Bultmann, pelo contrario, argumentava

    #ue a relacao entre o leitor e o texto era muito mais complexa. Ele afirmava #ueas perguntas #ue tra$emos conosco ao nos posicionarmos diante do texto e #ue

    determinam as respostas #ue rece"eremos dele e e nossa relacao com o assunto

    #ue determina nossas #uestoes.

    Bultmann conclui #ue, por esse motivo, o existencialismo oferece o pre;

    entendimento apropriado para a leitura dos documentos "i"licos, pois ele contem

    5a perspectiva e os conceitos ade#uados para a compreensao da existencia

    humana6.:: 4o tra$er a #uestao crucial da existencia humana para dentro dos

    textos, podemos ouvir a >alavra de -eus dirigindo;se a nos atraves do %er-gma

    "i"lico, confrontando;nos, assim, com o Ser Aranscendente.

    A tanscend(ncia de Deus

    4 ultima #uestao para a #ual Bultmann procurou uma resposta esta na doutrina

    de -eus.

    % conceito de transcendencia proposto por Bultmann diferia da#uele

    apresentado pelos documentos "i"licos.

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    22/29

    ::

    Ele argumentava #ue, contraria a concepcao grega de transcendencia divina

    como algo atemporal ; como uma mente oposta a materia e mundo sensorial ; , a

    transcendencia "i"lica refere;se a autoridade a"soluta de -eus. @omo resultado,

    Bultmann apresentou uma visao existencial. Aranscendencia significa #ue -eus

    esta diante de nos no momento existencial da decisao, dirigindo;se a nos com

    sua >alavra e confrontando;nos com o desafio de responder pela fe, criando

    desse modo a verdadeira existencia.

    4ssim, ele argumentava #ue nao podemos falarsobre -eus ; nao podemos falar

    em termos distantes, impessoais e o"2etivos ; , podemos apenas falar de -eus.

    4s declaracoes teologicas so sao possiveis #uando sao, ao mesmo tempo,

    afirmacoes antropologicas.

    Os elementos do e>istencialismo

    %s escritos de 'eidegger forneceram varios conceitos a Bultmann, os #uais ele

    empregou com grande sucesso no desenvolvimento de sua proposta teologica.

    % primeiro elemento existencialista de grande a2uda foi o proprio conceito de

    5existencia6. >ara 'eidegger, a existencia nunca esta concentrada no geral ou no

    universal, mas sempre no individual e pessoal, na pessoa como possuidora de

    capacidade de decisao.

    -entro dessa visao, 'eidegger fe$ uma distincao entre o ser do homem e o serde todos os o"2etos no mundo. 4o primeiro ele chamou de 5existencia6,

    en#uanto ao segundo deu o nome de 5existente6. >or causa da influencia de

    'eidegger, a dicotomia entre 5existencia6 e 5mundo6 e central a teologia de

    Bultmann.

    Bultmann tam"em desenvolveu a visao de 'eidegger acerca da historicidade.

    Ele afirmava #ue cada individuo e um ser historico.

    -entro da linha de 'eidegger, Bultmann argumentava #ue o importante so"re

    cada individuo e a capacidade dessa pessoa responder aos acontecimentos #ue

    ocorrem ao longo do curso de sua vida, #ue sao, na verdade, acontecimentos

    historicos.

    E>ist(ncia Autentica

    elacionada aos conceitos de existencia e historicidade, encontramos a

    importante dialetica entre a existencia autentica e nao;autentica.

    -e acordo com 'eidegger, ha dois modos de ser. 4s pessoas desenvolvem uma

    eist"ncia aut"ntica sempre #ue aceitam o desafio de serem lancadas no mundo.

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    23/29

    :or outro lado, elas desenvolvem uma eist"ncia no#aut"ntica sempre #ue nao

    conseguem mais esta"elecer distincao entre o proprio ser e o mundo.

    Bultmann usou esse es#uema para compreender a distincao entre os termos

    "i"licos!ecado #ue para Bultmann significa, "asicamente, 5incredulidade6

    eVe. Ele afirmava #ue a existencia nao;autentica consiste em uma "usca por

    seguranca e satisfacao no 5mundo6, #ue se encontra na esfera tangivel das

    proprias reali$acoes ou no passado. )sto e pecado ; ver;se em termos do eu

    proprio, separado de -eus.

    4 existencia autentica, pelo contrario, e a recusa em "asear a vida no 5mundo6,

    firmando;se em realidades intangiveis, 2untamente com a renuncia a seguranca

    centrada no proprio eu e uma a"ertura para o futuro. E viver no mundo, mas, ao

    mesmo tempo, e viver alem do mundo, vendo o mundo 5como se nao estivessela6, nas proprias palavras de Bultmann. )sto e fe ; compromisso pessoal com

    -eus. E atraves da fe surge uma nova compreensao de si mesmo, pois a fe e uma

    resposta a -eus e e em -eus #ue os individuos encontram o seu verdadeiro ser.

    Histia

    Essa perspectiva da 'istoria relaciona;se ainda a visao de Bultmann so"re

    temporalidade, #ue ele desenvolveu a partir de uma triade de 5cuidado6 de

    'eidegger. 4 visao existencialista de 'eidegger so"re o tempo, por outro lado,

    concentrava;se no presente como sendo o ponto de decisao. % 5presente6, por

    sua ve$, nao e simplesmente o 5agora6 G e a situacao de decisao responsavel, a

    sa"er, a decisao de unir o passado e o futuro de modo a criar uma existencia

    autentica.

    A . e o Evangel,o

    4o contrario de 'eidegger, #ue tinha esperancas da verdadeira existencia estarao alcance do individuo por seu proprio esforco, Bultmann afirmava #ue a

    existencia autentica era produto exclusivo de uma resposta de fe a graca de -eus

    oferecida na proclamacao crista, sendo essa resposta, em si, um milagre de -eus.

    -esde cedo em sua carreira, ele re2eitou todas as teorias #ue procuram provar

    #ue a morte e ressurreicao de ?esus tem o poder de expiacao e salvacao.

    % #ue importa e o sentido da cru$ e da ressurreicao, o significado continuo #ue

    possuem como >alavra de -eus dirigida aos individuos de nossos dias.

    -esse ponto de vista, a cru$ #ue Bultmann aceitava como um fato da vida de?esus e o 2ulgamento li"ertador de -eus so"re a humanidade. 4 ressurreicao

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    24/29

    :F

    so"re a #ual Bultmann se recusava a falar em termos de um acontecimento na

    historia passada nao se refere a um homem #ue voltou dos mortos neste mundo

    e nem a passagem de ?esus para uma vida alem.

    4o inves disso, a ressurreicao e a exaltacao do @rucificado a posicao de Senhor.

    Bultmann di$ia #ue, por isso, 5a fe na ressurreicao e, na verdade, a mesma coisa

    #ue a fe na eficacia salvadora da cru$6.

    Bultmann afirmava #ue a proclamacao dessa mensagem crista fa$ surgir a fe.

    >or 5fe6 ele #ueria di$er o dese2o de compreender a si mesmo como tendo sido

    crucificado e ressurreto com @risto.

    @onforme o"servamos anteriormente, para Bultmann, o encontro nao depende

    de um conhecimento pessoal so"re a vida de ?esus na terra. 4ssim, a fe crista e

    li"erta de #ual#uer dependencia das inconstancias dos estudos historico;criticos.

    C6tica

    )ndependente da #uestao das formulacoes doutrinarias corretas e criticas

    relacionadas a varios aspectos de sua posicao, o principal pro"lema teologico

    esta no centro da proposta de Bultmann. Esse pro"lema torna;se evidente em

    tres principais pontos fracos. % primeiro esta relacionado a exegese, o segundo a

    vida de fe e o terceiro a nature$a de -eus.

    E>egese ;nivesal

    Em primeiro lugar, o uso do es#uema existencialista de Bultmann nos estudos do

    3ovo Aestamento resultou numa tendencia a simplificacao extrema da exegese

    #ue, por sua ve$, levou a uma teologia unilateral. 7uitos textos simplesmente

    nao tratam de #uestoes existenciais como insiste a formulacao de Bultmann, mas

    sim de outros temas.

    Bultmann foi longe demais em sua tentativa de livrar a fe da dependencia das

    desco"ertas da pes#uisa historica. 7esmo mantendo a importancia da cru$ de

    ?esus para a fe, ele ainda assim tomou o conteudo da vida de ?esus irrelevante,

    ao considerar a fe exclusivamente como resposta a mensagem #ue -eus havia

    proferido em @risto. 3ossa fe nao produ$ a historia de ?esus como forma de

    expressao, mas sim deve sua existencia a essa historia.

    A . :ivati?ada

    Em segundo lugar, a a"ordagem teologica de Bultmann, com sua visao restrita

    demais da mensagem do evangelho, resulta prontamente numa fe igualmente

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    25/29

    :M

    restrita e privati$ada. Ele deu pouca enfase a a"rangencia da fe so"re a vida do

    crente ou so"re a vida corporativa dos crentes em comunidade.

    Em termos teologicos, a proposta de Bultmann ressaltou a necessidade de

    2ustificacao pessoal a decisao do individuo de ser transformado em alguem

    autentico, mas nao condu$ia a uma santificacao.

    ;m Deus limitado

    4 declaracao de Bultmann de #ue so podemos falar de -eus a medida #ue

    falamos de nos mesmos coloca a nature$a eterna de -eus fora dos limites da

    articulacao teologica humana.

    3ao apenas as declaracoes so"re a realidade divina tem sua a"rangencia

    redu$ida, como tam"em a proposta de Bultmann limita as afirmacoes so"re o

    agir de -eus no mundo.

    REI1HOLD 1IE#;HR' A $anscendencia Revelada ataves do Mito

    Sua missao nao era apresentar uma teologia nova e criativa, mas sim aplicar a fe

    crista como ele a entendia na dimensao social da vida.

    -epois de se formar em Tale, ele tornou;se pastor de uma congregacao

    constituida, em sua maioria, por operarios da montadora Cord. Ja, ele teve

    contato direto com a luta da#ueles #ue estavam sendo explorados pelos grandes

    industriais do pais, uma experiencia #ue influenciou profundamente tanto seu

    enfo#ue social #uanto sua teologia. 4ssim como o pastorado de auschen"usch

    no "airro po"re de 5'ells (itchen6, em 3ova TorH, o levou na direcao do

    socialismo, o 2ovem pastor 3ie"uhr tornou;se defensor de uma proposta

    semelhante de mudancas sociais. >orem, numa encru$ilhada importante, o

    caminho de 3ie"uhr tomou um rumo diferente da#uele seguido pelo pastor

    "atista alemao.

    Cistianismo :!tico

    4o longo de seus escritos, ha tres temas predominantes relacionados entre si e

    #ue fa$em parte da tarefa "asica e central de 3ie"uhr. Em primeiro lugar, ele

    estava profundamente interessado nas implicacoes praticas da fe crista.

    Seu alvo era sempre 5determinar a relevancia da fe crista para os pro"lemas

    contemporaneos6. Ele "uscava sempre agir como pregador profetico, indo de

    encontro a vida social contemporanea com a critica oferecida pela fe crista. 4o

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    26/29

    :N

    fa$e;lo, ele atuou como uma especie de apologista, pois procurava mostrar a

    importancia e o valor da fe crista numa sociedade #ue havia, de um modo geral,

    re2eitado o evangelho.

    Ele criticou repetidamente dois elementos da f! moderna8 a id!ia de progresso e

    a id!ia de aperfeioamento da humanidade.

    =ustia :acial

    Em segundo lugar, a 52ustia parcial6 ! uma nfase contKnua, presente ao longo

    de todos os seus escritos. ... Ele afirmava #ue, independente de nossas "oas

    inteWes, s podemos esperar encontrar uma experincia parcial de 2ustia em

    nossa sociedade.

    >or isso, no devemos acreditar ingenuamente #ue as soluWes #ue propomos

    parar os males sociais ou nossos esforos intensos para mudar a sociedade iro

    dar inKcio a uma ordem perfeita. Em termos teolgicos, o reino de -eus ! um

    alvo alcanvel, um padro #ue no conseguiremos atingir, mas est sempre

    presente para 2ulgar a sociedade humana.

    Anto:ologia Cist"

    Sua "usca por entender essa impossi"ilidade levou 3ie"uhr teologia crist

    clssica, mais especificamente antropologia, a doutrina da nature$a do ser

    humano. ... 4 contri"uio mais importante de 3ie"uhr para a releitura da

    teologia crist de nossa gerao ! sua exposio da doutrina do homem.

    A contadi"o ,umana

    3o centro da antropologia de 3ie"uhr, encontra;se a sua visao da contradicao

    #ue caracteri$a a condicao humana. Baseado no livro de Oenesis e no apostolo

    >aulo, 3ie"uhr argumentava #ue a humanidade acarreta tanto um potencial

    #uanto um pro"lema, duas realidades #ue nao podem ser separadas. 3a o"ra

    =ature/a e Destino do rimeiro, o ser humano e uma existencia criada e finita tanto em corpo #uanto

    em espirito. 4ssim, todas as antropologias dualistas ; pontos de vista #ue

    dividem o ser humano em corpo e alma ; devem ser re2eitadas. Em segundo

    lugar, os seres humanos devem ser vistos, antes de mais nada, do ponto de vista

    de -eus ou se2a, como imagem de -eus, e nao em termos de suas faculdades

    racionais ou em relacao a nature$a. 4ssim, cada ser humano e um individuo

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    27/29

    :/

    capa$ de se posicionar fora de si mesmo e do mundo e #ue nao e capa$ de

    encontrar significado em si mesmo ou no mundo. Em terceiro lugar, os seres

    humanos sao pecadores. E, por causa do pecado, eles devem ser amados, mas

    nao considerados dignos de confianca.

    O :ecado ,umano

    -as tres dimensoes de antropologia "i"lica, para 3ie"uhr, era o conceito de

    pecado #ue estava mais em falta na mentalidade moderna. >or isso, ele tratou

    repetidamente dessa #uestao. Entretanto, essa dimensao da visao "i"lica da

    realidade humana estava intrinsecamente ligada as outras duas. 4o contrario das

    antropologias dualistas, para ele, o pecado estava enrai$ado no coracao do ser

    humano, no mal uso da capacidade #ue constitui a singularidade humana ; a

    transcendencia de si mesmo.

    4ssim, para 3ie"uhr, o pecado deve ser visto em relacao a fe. 4 fe e a aceitacao

    de nossa dependencia de -eus, en#uanto o pecado e a negacao de nossa

    condicao de criaturas. % pecado aparece so" duas formas, dois meios atraves dos

    #uais procuramos escapar da ansiedade (ierHgaard. % primeiro e a

    sensualidade, a tentativa de negar a li"erdade humana ao regredirmos a nature$a

    animal. 4 segunda a"ordagem e mais "asica e universal ; a negacao de nossas

    limitacoes humanas atraves da afirmacao de nossa independencia. Esse e o

    pecado do orgulho, #ue aparece so" varias formas8 o orgulho do poder "uscar o

    poder como tentativa de sentir seguranca, o orgulho do conhecimento declarar

    como a"soluto e final coisas #ue nao passam de conhecimento finito e o

    orgulho da virtude declarar como a"solutos os nossos padroes morais relativos,

    levando ao orgulho espiritual conferir carater divino a nossos padroes

    limitados.

    1eo3otodo>ia modi.icada

    3esse assunto tao relevante, ele concordava com a enfase principal da neo;

    ortodoxia europeia sem ser tao radical no enfo#ue da separacao entre -eus e o

    mundo, como acontecia com os gigantes teologos da Europa. 3a Bi"lia, ele via

    uma enfase a transcendencia de -eus #ue era e#uili"rada pela enfase na 5relacao

    intima de -eus com o mundo6. 3ie"uhr, portanto, afirmava os dois aspectos da

    revelacao de -eus. 4 revelacao privada ou 5geral6 e 5o testemunho na

    consciencia de cada pessoa6 de #ue a vida toca uma transcendencia #ue vai alem

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    28/29

    :9

    do sistema natural em #ue cada pessoa existe. Essa revelacao privada, por sua

    ve$, afirma uma outra dimensao da revelacao, a sa"er, a revelacao pu"lica ou

    historica 5especial6. 4ssim, en#uanto, para Barth, nao havia um ponto de

    contato entre -eus e o ser humano, para 3ie"uhr, havia areas inteiras desse

    contato.

    4pesar de Barth ter sido o alvo principal de suas criticas a neo;ortodoxia,

    3ie"uhr tam"em expressou certa reserva em relacao a alternativa apresentada

    por udolf Bultmann.

    % ponto principal em #ue os dois divergiam era sua compreensao de mito.

    Bultmann dese2ava desmitologi$ar a mensagem do 3ovo Aestamento, de modo a

    torna;la compreensivel a mente moderna nao;mitologica. 3ie"uhr, por outro

    lado, procurava mostrar como os mitos "i"licos ainda falam a situacao moderna,#ue tam"em apresenta seus proprios e muitas ve$es falsos mitos.

    C6tica

    S6m*olos Ieais

    E possivel para #ual#uer proposta mitologica de compreensao da historia da

    salvacao ir alem do su"2etivismoD >ara 3ie"uhr, os acontecimentos #ue

    desvendam o significado da 'istoria, 2ustamente por serem acontecimentos

    revelatorios, sao supra;historicos. Eles revelam o significado da 'istoria nao

    por#ue sao acontecimentos literais e historicos, mas por#ue tornam;se

    acontecimentos revelatorios apenas para a f!.

    Jehmann e outros determinaram #ue a origem desse pro"lema no pensamento de

    3ie"uhr pode ser encontrado numa dificuldade teologica mais profunda, a sa"er,

    uma pneumatologia limitada. 3ie"uhr simplesmente nao desenvolveu a conexao

    do Espirito Santo com a afirmacao de @risto como Segundo 4dao e nem com

    sua propria visao do estarmos em @risto. @omo resultado disso, sua teologia era,

    em ultima analise, 5"initariana6.

    4o colocar os acontecimentos revelatorios da 'istoria na esfera do mito, ele

    parece ter eliminado a possi"ilidade de tais acontecimentos desvendarem a

    realidade de um -eus transcendente, #ue e verdadeiramente capa$ de agir no

    mundo.

    $anscend(ncia Som*ia

  • 7/25/2019 Esboo para aula de Teologia Contempornea - 4 aula

    29/29

    :0

    Em segundo lugar, a historia teologica su"se#uente sugere #ue a opcao de

    3ie"uhr pela cru$ como sim"olo teologico central carecia de ampliacao.

    @om "ase nessa perspectiva, 3ie"uhr apresentou uma apologetica realista L

    porem "astante negativa ; a democracia8 54 capacidade do homem de fa$er

    2ustica e o #ue torna possivel a democraciaG mas a inclinacao do homem a

    in2ustica e o #ue torna a democracia necessaria.6

    4 'istoria su"se#uente confirma #ue, en#uanto esse tipo de teologia da cru$ tem

    sua importancia, ela precisa sempre ser apresentada em con2unto com uma

    teologia de ressurreicao. )sso significa #ue a enfase na autocritica deve aparecer

    em con2unto com uma enfase no otimismo e auto;apreciacao. 4o nosso clamor

    de arrependimento, #ue surge #uando nos tornamos conscientes de nossa

    pecaminosidade, deve ser acrescentada a palavra de a"solvicao. Em resumo, ao deslocamento da escatologia para uma esfera #ue vai alem da

    'istoria, como fe$ 3ie"uhr, deve;se acrescentar a esperanca de cumprimento da

    'istoria dentro da 'istoria ; parte no presente e tam"em em sua plenitude no dia

    final.