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TEORES DE ÁCIDO L-ASCÓRBICO EM FRUTAS E SUA ESTABILIDADE EM SUCOS FERNANDA DOS SANTOS NOGUEIRA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ MARÇO – 2011

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  • TEORES DE CIDO L-ASCRBICO EM FRUTAS E SUA

    ESTABILIDADE EM SUCOS

    FERNANDA DOS SANTOS NOGUEIRA

    UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO

    CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ

    MARO 2011

  • ii

    TEORES DE CIDO L-ASCRBICO EM FRUTAS E SUA

    ESTABILIDADE EM SUCOS

    FERNANDA DOS SANTOS NOGUEIRA

    Orientadora: Prof.Dr. Karla Silva Ferreira

    CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ MARO 2011

    Dissertao apresentada ao Centro de Cincias e Tecnologias Agropecurias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigncias para obteno do ttulo de Mestre em Produo Vegetal.

  • iii

  • iv

  • v

    Esquecendo-me das coisas que para trs ficam e avanando para as que esto diante de mim, prossigo em direo ao alvo. Filipenses 3.13

  • vi

    DEDICATRIA

    Deus que me sustentou.

    minha av Zenira que me incentivou em todos os momentos.

  • vii

    AGRADECIMENTOS Agradeo a Deus que luz, verdade e sustentao na minha vida para enfrentar

    este desafio.

    Os meus agradecimentos a minha famlia: av Zenira, pelo encorajamento e

    constantes oraes, aos meus pais Fernando e Inez, que sempre me apoiaram,

    meus irmos pelas vezes que me ajudaram e Fellipe, pelo amor e por todas as

    palavras de incentivo.

    Minha orientadora, Prof.Dr.Karla, pelo apoio, mesmo estando longe me ajudou

    em todas as dvidas, e me encorajou a chegar ao fim.

    Juliana Lauredo, Alice, Jaqueline, Neila, Thayn, Caroline, Rebeca e Sarah por

    todo o suporte e amizade.

    Prof.Dr Selma pelo auxlio nas anlises estatsticas.

    Tcnica Valdinia pelo incentivo e ajuda desde que cheguei ao laboratrio de

    Tecnologia de Alimentos. Val, obrigada por tudo!

    Aos professores integrantes da banca examinadora, Prof. Dr. Maurcio, Prof.

    Dr.Selma e o Prof. Ph.D. Victor pela colaborao neste trabalho e por terem

    aceitado participar da banca.

    Aos meus alunos e colegas de trabalho por me darem nimo.

    UENF por proporcionar esta oportunidade de crescimento.

    E por fim, vitamina C que me inspirou este trabalho, e reduziu boa parte das

    substncias oxidantes que geraram no meu metabolismo devido ao estresse

    adquirido neste perodo.

  • viii

    SUMRIO

    Pg.

    LISTA DE TABELAS............................................................................

    x

    LISTA DE FIGURAS............................................................................

    Xi

    RESUMO..............................................................................................

    Xii

    ABSTRACT..........................................................................................

    Xiv

    1.INTRODUO...................................................................................

    01

    2.OBJETIVOS......................................................................................

    04

    2.1-OBJETIVO GERAL........................................................................

    04

    2.2-OBJETIVOS ESPECFICOS..........................................................

    04

    3. REVISO DE LITERATURA............................................................

    05

    3.1- A descoberta do cido L-ascrbico ( vitamina C).................. 05

    3.2 Importncia das frutas na alimentao humana................... 06

    3.3 - Caractersticas qumicas do cido L-ascrbico..................... 08

    3.4 - Funo do cido L-ascrbico no organismo........................... 13

    3.5 - Metabolismo do cido L-ascrbico........................................... 16

    3.6 - Degradao do cido L-ascrbico in vitro........................... 17

    3.7- Sntese de cido ascrbico pelas plantas e seu processo de regenerao e degradao in vivo................................................

    19

    3.8 - Trabalhos desenvolvidos sobre teores de cido L-ascrbico em frutas e derivados industrializados..........................

    24

    3.9 - Capacidade antioxidante nos frutos.........................................

    27

    3.10 Consideraes sobre as metodologias para determinao do cido L-ascrbico..........................................................................

    28

    3.10.1 - Metodologia Oficial AOAC....................................................

    29

    4. MATERIAIS E MTODOS...............................................................

    30

    4.1 - MATRIA PRIMA.........................................................................

    30

  • ix

    4.1.1 - Frutas in natura.......................................................................

    30

    4.1.2 - Preparao dos sucos............................................................ 31 4.2- ANLISE FSICO QUMICAS.....................................................

    34

    4.2.1- Anlise do cido L-ascrbico.................................................

    34

    4.2.2 Anlise de slidos solveis (brix)........................................

    34

    4.2.3 Anlise do pH.........................................................................

    35

    4.2.4- Anlise Estatstica....................................................................

    35

    5. RESULTADOS E DISCUSSO.......................................................

    36

    5.1- Variao dos teores de vitamina C, slidos solveis e pH em frutas............................................................................................

    36

    5.2 - Estabilidade da vitamina C em sucos (Abacaxi, Laranja, Limo, Ma, Mamo, Manga, Maracuj, Melancia e Morango).....

    40

    5.3 - Avaliao do tempo de liquidificao e adio de hortel sobre a estabilidade da vitamina C em sucos de Abacaxi

    52

    6. CONCLUSOES.................................................................................

    58

    7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS................................................

    60

  • x

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1:

    Teores de Vitamina C em frutas.....................................................

    Pg

    24

    Tabela 2: Frutas analisadas, variedade e local de coleta..............................

    30

    Tabela 3: Modo de preparo dos extratos das matrias-primas para a fabricao dos sucos puros e misturados de diversas frutas.........

    32

    Tabela 4: Modo de preparo dos sucos............................................................

    33

    Tabela 5: Valores mdios e amplitude dos teores de Vitamina C, (mg/100 gramas), pH e slidos solveis (Brix) das frutas in natura............

    36

    Tabela 6: Quantidade de vitamina C degradada (mg/100 mL) nos sucos ao longo das 26 horas de armazenamento..........................................

    43

    Tabela 7: Teores de vitamina C (mg/100mL) em diferentes sucos, no tempo inicial e aps 26 horas de armazenamento em temperatura de 5 a 7C (tempo final) e porcentagem de degradao ocorrida durante este perodo.....................................

    47

    Tabela 8: Mdia, desvio padro e faixa de variao dos valores de pH e Brix nos sucos aps 26 horas de armazenamento em temperatura 5 e 7oC.......................................................................

    50

    Tabela 9: Quantidade de vitamina C degradada (mg/100 mL) nos sucos durante 26 horas de armazenamento...........................................

    54

    Tabela 10: Teores de vitamina C (mg/100 mL) nos diferentes sucos de abacaxi no tempo inicial aps 26 horas de armazenamento, em temperatura de 5 e 7C (tempo final) e porcentagem de degradao ocorrida durante este perodo.....................................

    56

  • xi

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Frmula estrutural dos cidos L-ascrbico (A) e L-deidroascrbico (B)..........................................................................................................

    Pg.

    8

    Figura 2: Oxidao do cido L-ascrbico a L-deidroascrbico......................................

    9

    Figura 3: Formao do sistema enona no cido L-deidroascrbico...............................

    9

    Figura 4: Dissociao do cido semideidroascrbico.....................................................

    10

    Figura 5: Formao do cido deidroascrbico...............................................................

    10

    Figura 6: Estrutura da vitamina.......................................................................................

    10

    Figura 7: Anel -lactona da vitamina C e ismeros do cido ascrbico e

    ascorbato.........................................................................................................

    11

    Figura 8: Acidez das hidroxilas na molcula de cido ascrbico...................................

    12

    Figura 9: Reao de oxidao do cido L-ascrbico a cido deidroascrbico e de hidrlise deste ltimo ao cido 2,3 diceto-L-gulnico.....................................

    12

    Figura 10: Fatores que afetam a degradao do cido L-ascrbico................................

    17

    Figura 11: Possveis rotas da biossntese do cido L-ascrbico em vegetais.................

    21

    Figura 12: Sntese do glicuronato e da vitamina C...........................................................

    22

    Figura 13: Reaes qumicas e principais enzimas envolvidas na formao e degradao das espcies ativas de oxignio (EAOs) nas plantas. Radical monodeidroascrbico (MDA*)........................................................................

    23

    Figura 14: Cintica de degradao da vitamina C em diferentes sucos. (A) sucos de laranja e mamo; (B) sucos de ma, melancia e morango; (C) sucos de manga e maracuj; (D) sucos de limo...........................................................

    41

    Figura 15: Cintica de degradao da vitamina C nos diferentes sucos de abacaxi..........................................................................................................

    53

  • xii

    Resumo

    NOGUEIRA, Fernanda dos Santos, Professora de qumica, M.S.; Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Maro de 2011. Teores de cido L-ascrbico em frutas e sua estabilidade em sucos. Orientadora: Prof. Dr. Karla Silva Ferreira

    A vitamina C atua como agente antioxidante, na reduo de radicais livres

    de oxignio e na reduo de ons metlicos. Sua deficincia no organismo

    acarreta defeitos na sntese do colgeno, de neurotransmissores, absoro de

    ferro etc. Os seres humanos esto entre os poucos seres vivos que no possuem

    a capacidade de sintetizar vitamina C. Entre os alimentos considerados fontes de

    vitamina C destacam-se as frutas, que so tambm consumidas na forma de

    sucos. Por outro lado, o preparo dos sucos para ser consumido no decorrer do dia

    questionado devido baixa estabilidade da vitamina C. Este trabalho props o

    estudo da avaliao dos teores de vitamina C em algumas frutas e o

    monitoramento de sua degradao nos sucos de frutas durante 26 horas de

    armazenamento a 5-7C e tambm o efeito de batimento e adio de hortel na

    estabilidade da vitamina C. Tambm foram determinados o pH e Brix das frutas e

    respectivos sucos. Os sucos foram preparados conforme o habitual pela

    populao e a quantificao do cido L-ascrbico foi realizada pelo mtodo

    titulomtrico, utilizando-se uma soluo de 2,6-dicloroindofenol (2,6D). Os teores

    de vitamina C foram muito variveis, de 1,4 a 2,4 mg/100 gramas na ma at

    37,6 a 46,2 mg/100 gramas no morango, o que demonstrou que nem todas as

    frutas podem ser fontes desta vitamina. Pelo fato das frutas estarem entre as

    principais fontes dietticas de vitamina C elas devem ser sistematicamente

    avaliadas antes de serem produzidas em escala comercial para que se coloque a

    disposio do consumidor produtos de valor nutritivo expressivo para a nutrio

    humana. A produtividade elevada e menor custo de produo no devem ser

    priorizados em detrimento da principal finalidade do alimento. A quantidade total

    de vitamina C degradada em 26 horas de armazenamento nos sucos variou de

    0,3mg/100mL a 7,4mg/100mL, sendo a maior degradao observada no suco de

    melancia com morango e a menor no suco de manga com hortel. A degradao

    da vitamina C nos sucos de abacaxi preparados com adio de hortel e

    diferentes tempos de batimento foi progressiva, no havendo efeito do tempo de

    batimento e adio de hortel. As quantidades de vitamina C degradadas em

  • xiii

    cada perodo de tempo analisado, na maioria dos diferentes modos de preparo

    foram de 0,4mg/100mL a 0,9mg/100mL. Estes resultados mostraram que pode

    preparar sucos diversos e consumi-los horas aps o preparo, pois a quantidade

    de vitamina C degradada pouco expressiva do ponto de vista nutricional.

  • xiv

    ABSTRACT

    NOGUEIRA, Fernanda dos Santos, Professor of Chemistry, M.S.; Universidade

    Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. March, 2011. Levels of L-ascorbic

    acid in fruit juices and its stability. Advisor: Prof. Dr. Karla Silva Ferreira.

    Vitamin C acts as antioxidant, reducing free radicals of oxygen and the

    reduction of metal ions. Its deficiency causes defects in the body in the synthesis

    of collagen, neurotransmitters, iron absorption, etc. Humans are among the few

    living things that do not have the ability to synthesize vitamin C. Among the food

    sources of vitamin C considered there are the fruits, which are also consumed in

    the form of juices. Moreover, the preparation of juices to be consumed during the

    day is questioned due to low stability of vitamin C. This work proposed the

    evaluation study the levels of vitamin C in some fruit and monitoring of its

    degradation in fruit juices during 26 hours of storage at 5-7 C and also the effect

    of beating and addition of mint in the stability of vitamin C. Also determined the pH

    and Brix of fruits and their juices. The juices were prepared as is usual for the

    population and quantification of L-ascorbic acid was carried out by titrimetric

    method, using a solution of 2,6-dicloroindofenol (2.6 D). The vitamin C were highly

    variable, from 1,4 to 2,4 mg/100 g in the apple up from 37,6 to 46,2 mg/100 g

    strawberries, which showed that not all fruits can be sources of vitamin. Because

    fruits are among the main dietary sources of vitamin C they should be

    systematically evaluated before they are produced on a commercial scale for a

    place that the consumer products significant nutritional value for human nutrition.

    The high productivity and lower cost of production should not be prioritized at the

    expense of the primary purpose of food. The total amount of vitamin C degraded in

    26 hours storage in the juices ranged from 0.3 mg/100mL to 7,4 mg/100mL, with

    the greatest degradation observed in watermelon juice with strawberry and mango

    juice to lower with mint. The degradation of vitamin C in juices prepared with the

    addition of pineapple mint and different times of the beating was progressive, with

    no effect of time of the beating and the addition of mint. The degraded amounts of

    vitamin C in each time period analyzed, the majority of the different modes of

    preparation were 0,4 mg/100mL to 0,9 mg/100mL. These results showed that

  • xv

    juices can prepare and consume them several hours after preparation, because

    the amount of vitamin C is degraded insignificant nutritional point of view.

  • 1

    INTRODUO

    O consumo de frutas e hortalias tem sido estimulado em vrios pases em

    razo dos benefcios no combate s deficincias de algumas vitaminas e alguns

    minerais e, consequentemente, na preveno de doenas crnicas no

    transmissveis, como doenas cardiovasculares, cncer, diabetes e obesidade.

    Segundo a Organizao Mundial da Sade (WHO, 1994), o consumo inadequado

    de frutas e hortalias est entre os seis principais fatores de risco para a

    mortalidade mundial. No Brasil, a partir dos dados da Pesquisa de Oramentos

    Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE/2010), verificou-

    se que o consumo mdio de frutas e hortalias, considerando-se todas as classes

    de renda, corresponde cerca de um tero da quantidade diria recomendada,

    que so 400 gramas/dia. Verificou-se ainda que quanto menor a renda, menor o

    consumo de frutas (Matta e Farias, 2009).

    As vitaminas so substncias orgnicas de pequeno peso molecular, que

    agem em pequenas doses, sem qualquer valor energtico intrnseco e devem ser

    fornecidas ao organismo que incapaz de assegurar sua biossntese, a fim de

    promover o crescimento, manter a vida e a capacidade de reproduo dos

    animais superiores e do homem (Guilland e Lequeu, 1995).

    Desde as experincias de Lavoisier no incio do sculo XVIII, se tem

    conhecimento da necessidade de ingesto diria de vitaminas. Em 1911, o

    bioqumico polons Casimir Funk utilizou pela primeira vez o termo vitamina para

    se referir a certas substncias alimentares imprescindveis sade. Funk foi o

    descobridor da niacinamida, o fator anti-beribri, e criou a expresso vital amin

    (amina vital), que deu origem palavra vitamina. E em 1919, Drummond props

    chamar o fator antiescorbtico de "C" (Manela-Azulay et al. 2003).

    A vitamina C hidrossolvel e exerce importantes efeitos no organismo,

    sendo um dos mais importantes e majoritrios antioxidantes dos sistemas

    aquosos. Por este motivo, o consumo de frutas e hortalias, principais fontes

    desta vitamina importante. Ela atua tambm na formao de colgeno,

    absoro de ferro, sntese de alguns neurotransmissores e na resposta

    imunolgica. No entanto, altos nveis de cido ascrbico no corpo humano podem

    causar efeitos secundrios como falhas na reproduo, interferncia com testes

    para glicosria, prejuzo aos anticoagulantes, alteraes nos rins pela formao

  • 2

    de clculos de oxalato de clcio e inativao da vitamina B12. Portanto, o

    conhecimento dos teores desta substncia em diferentes alimentos de grande

    importncia (Aranha et al. 2000).

    A vitamina C e o cido flico so as vitaminas mais lbeis, podendo ser

    100% destrudas durante o preparo e armazenamento dos alimentos. Ela

    degradada pela ao da luz, temperatura, pH elevado, ons metlicos como o

    Cu2+ e Fe+3, espcies reativas do oxignio, umidade, etc. (Fenema, 2000). A

    degradao do cido ascrbico em sucos de frutas pode ocorrer em condies

    aerbicas ou anaerbicas, ambas causando escurecimento, descolorao de

    pigmentos endgenos, perda ou mudana do sabor ou do odor, e mudana na

    textura. Por sua instabilidade, sua presena no alimento indica que provavelmente

    os demais nutrientes tambm esto sendo preservados (Maia et al., 2007).

    O consumo de frutas e hortalias muito facilitado por meio de sucos, mas,

    devido instabilidade da vitamina C, a recomendao de que os sucos devem

    ser consumidos assim que prontos. Contudo, na atualidade, com as atribulaes

    da vida nas cidades, no sempre possvel a disponibilidade de sucos feitos na

    hora, principalmente nos domiclios. O conhecimento da estabilidade da vitamina

    C em diferentes sucos pode ser um fator importante para avaliar o consumo de

    vitamina C, visto que os indivduos tm feito uso de sucos com as frutas puras e,

    mistura de frutas ou hortalias. Alguns estudos mais especficos tm mostrado

    que a degradao da vitamina C no ocorre totalmente, sendo encontrada uma

    parcela desta vitamina aps vrias semanas ou meses, no caso de sucos

    industrializados (Silva et al. 2005).

    Alm da degradao que pode ocorrer durante o armazenamento e

    processamento dos alimentos, os teores de vitamina C nos alimentos podem

    variar em decorrncia de diversos fatores, por exemplo, variedade, condies

    edafoclimticas, grau de maturao, incidncia de luz solar e outros. Alguns

    destes fatores exercem efeitos positivos e outros negativos. No caso da incidncia

    da luz solar, esta parece estimular a sntese do cido ascrbico, conforme

    demonstrado por Gomes et al. (2002). Estes autores observaram reduo de 17%

    no teor de cido ascrbico em plantas com 75% de sombreamento, quando

    comparadas quelas que no sofreram restrio da luz solar no mesmo perodo

    de observao.

  • 3

    Entretanto, as tabelas de composio qumica de alimentos no informam

    sobre as variaes nos teores de nutrientes dos alimentos. Apresentam apenas

    dados mdios, muitos obtidos por meio de anlises de amostras compostas.

    Sendo assim, uma dieta aparentemente balanceada pode no fornecer aos

    indivduos as quantidades adequadas de nutrientes, caso o consumo seja do

    alimento com o teor mais baixo. Ou, por outro lado, fornecer quantidades

    excessivas. Por este motivo, importante conhecer as variaes que podem

    haver nos teores de nutrientes especficos dos alimentos.

    A anlise de vitamina C pode ser realizada por diversos mtodos. Alguns

    mais onerosos e demorados e outros menos. O mtodo titulomtrico utilizando o

    indicador 2,6-dicloro-fenol-indofenol o mtodo oficial da AOAC (Official Methods

    of Analysis of the Association Official Analytical Chemists). um mtodo simples

    e de baixo custo. Baseia-se na reduo do indicador pelo cido ascrbico. Este

    mtodo apresenta problemas em relao a interferentes redutores, corantes

    como as antocianinas, compostos fenlicos e flavonides cuja concentrao

    aumenta medida que o fruto amadurece. J estudos comparando os resultados

    de anlise de vitamina C em frutas pelo mtodo titulomtrico e por Cromatografia

    Lquida de Alta Eficincia (CLAE) demonstraram que o mtodo cromatogrfico

    apresentou teores menores que o mtodo titulomtrico, entretanto com diferenas

    no significativas entre os mtodos (Rosa, 2005).

    Embora no existam estudos sobre os tipos de sucos mais consumidos no

    Brasil, notrio o consumo dos sucos de laranja, laranja com cenoura, abacaxi,

    abacaxi com hortel. Entretanto, dados do IBGE (2011) mostram que as frutas

    mais consumidas no Brasil so a banana prata, laranja pra, o mamo e a ma.

    Sendo assim, este trabalho teve por objetivo determinar a variao de

    vitamina C em frutas, j que as tabelas de composio qumica de alimentos no

    informam sobre as variaes nos teores de nutrientes dos alimentos. E monitorar

    a estabilidade de vitamina C em sucos, pois no se encontrou na literatura

    trabalhos versando sobre a degradao da vitamina C em sucos naturais, apenas

    nos industrializados.

  • 4

    2. OBJETIVOS

    2.1 - OBJETIVO GERAL

    Determinar os teores de vitamina C em frutas in natura e avaliar a

    estabilidade da mesma em alguns sucos de frutas naturais, mais frequentemente

    consumidos.

    2.1. OBJETIVOS ESPECFICOS:

    Conhecer a faixa de variao nos teores de cido L-ascrbico em

    diferentes frutas, disponveis no mercado para consumo pela populao,

    (Abacaxi, Laranja, Limo, Ma, Mamo, Manga, Maracuj, Melancia e

    Morango);

    Determinar os teores de slidos solveis (Brix) e pH nas frutas;

    Monitorar dos teores de vitamina C, pH e slidos solveis nos sucos de

    duas em duas horas, durante 26 horas de armazenamento sob

    refrigerao entre 5 e 7C;

    Avaliar o efeito do tempo de batimento e adio de hortel na estabilidade

    da vitamina C em suco de abacaxi.

  • 5

    3. REVISO BIBLIOGRFICA

    3.1 - A DESCOBERTA DO CIDO L-ASCRBICO ( VITAMINA C)

    O nome cido L-ascrbico designa a atividade antiescorbtica da vitamina

    C e deriva da antiga forma inglesa da palavra escorbuto (scorby) (Meira, 1995). A

    vitamina C foi isolada por volta de 1932, pelo cientista Szent-Gyrgyi,

    caracterizando-se pelo isolamento de uma substncia redutora, qual denominou

    primeiramente de cido hexurnico, o qual anos depois foi sintetizado em forma

    fisiologicamente ativa, passando a ser chamado de cido L-ascrbico (Aranha et

    al. 2000).

    Relatos demonstram que desde 1515 a.C. os egpcios tinham

    conhecimento do escorbuto. Gregos e romanos tiveram suas foras militares

    dizimadas pela doena. No final da Idade Mdia, o escorbuto tornou-se epidmico

    no norte e centro da Europa. Entretanto, foi no sculo 18, com as grandes e

    longas viagens martimas, responsveis pelo aumento significativo dessa afeco,

    que a importncia da vitamina C ficou evidente. Os marinheiros que permaneciam

    a bordo por longos perodos, sem renovar seus suprimentos alimentares, morriam

    de escorbuto. Desencadeada pela deficincia de vitamina C no organismo, essa

    doena caracteriza-se por manifestaes hemorrgicas (petquias, equimoses,

    sangramento das gengivas), edema nas articulaes, fadiga, lassido, tonteiras,

    anorexia, alteraes cutneas, infeces e morte) (Manela-Azulay et al. 2003).

    Os defensores da ingesto de altos teores de vitamina C argumentam que

    o escorbuto no o primeiro sintoma desta deficincia e sim o colapso final, a

    sndrome pr-morte, e h uma grande diferena entre ausncia de escorbuto e

    sade completa (Carr e Frei 1999).

    James Lind, mdico escocs da Marinha Britnica, foi o primeiro a

    correlacionar a alta morbidade e mortalidade dos marinheiros ingleses com a

    deficincia da vitamina C. Em 1747 documentou a ingesto de sucos ctricos no

    tratamento do escorbuto, realizando o primeiro estudo controlado de que se tem

    notcia na Medicina. Comparou grupos de tratamento e comprovou que o grupo

    que recebeu duas laranjas e um limo por dia melhorou drasticamente da doena

    em uma semana. Os resultados de sua experincia foram publicados em 1753.

  • 6

    Em 1933, Reichstein e colaboradores publicaram as snteses do cido D-

    ascrbico e do cido L-ascrbico, que ainda hoje formam a base da produo

    industrial da vitamina C. Conseguiram comprovar que o cido L-ascrbico

    sintetizado possui a mesma atividade biolgica da substncia natural (Manela-

    Azulay et al. 2003).

    Foram, entretanto, as pesquisas do qumico americano Linus Pauling

    (1901-1994), que recebeu o prmio Nobel em Qumica que popularizaram a

    vitamina C. Pauling recomendava megadoses da vitamina para o combate de

    resfriados, gripes e outras viroses, bem como na preveno do cncer e outras

    doenas degenerativas (Carpenter,1986).

    A vitamina C, disponvel tanto no meio intra quanto no extracelular da maior

    parte dos rgos e com envolvimento direto nas defesas antioxidantes, elimina

    diretamente radicais livres de oxignio e de xido ntrico e est envolvida na

    reciclagem de -tocoferil em -tocoferol. Embora sua funo antioxidante seja

    bem reconhecida, no h evidncias claras de real efeito benfico sobre a funo

    imune (Leite e Sarni, 2003).

    Os seres humanos fazem parte do grupo de seres vivos que no so

    capazes de sintetizar vitamina C. Especula-se que estes seres vivos no

    possuem tal capacidade com a finalidade de aumentar as reservas de glicose,

    precursor do cido L-ascrbico no organismo. Desta forma a ingesto desta

    vitamina vital para a sade e at mesmo para a sobrevivncia do homem, pois o

    cido ascrbico participa de inmeras atividades fisiolgicas (Rosa et al. 2007).

    3.2 - IMPORTNCIA DAS FRUTAS NA ALIMENTAO HUMANA

    O Brasil o terceiro maior produtor mundial de inmeras espcies de

    frutas, perdendo apenas para a China e ndia. o 15 exportador, devido a um

    expressivo consumo interno (Borges, 2010). Entretanto, este consumo parece no

    ser ainda suficiente.

    Estima-se que o consumo de frutas e hortalias no Brasil corresponda a

    menos da metade das recomendaes nutricionais, sendo ainda mais deficiente

    entre as famlias de baixa renda. Os preos elevados das frutas e hortalias e a

    ausncia de equipamentos eficientes de comercializao desses produtos seriam

  • 7

    obstculo para sua promoo em ambientes de pobreza, mesmo em pases

    desenvolvidos (Jaime et al. 2007).

    As frutas consistem em fonte nutricional de vitaminas, minerais e

    carboidratos solveis, sendo que algumas possuem teores mais elevados de um

    ou de outro nutriente como, por exemplo, a acerola, que apresenta elevada

    quantidade de vitamina C. Outras frutas no so ricas no fornecimento de algum

    nutriente especfico, como o caso do abacaxi, que inclusive possui baixo teor de

    vitamina C (10 a 25 mg de cido ascrbico por 100g de fruto), entretanto,

    apresentam grande aceitao por parte dos consumidores (Matsuura e Rolim,

    2002).

    Recomendaes dietticas para uma alimentao saudvel incluem o

    consumo de sucos de frutas, em parte, pela presena de vitamina C, um eficiente

    antioxidante natural que reduz a velocidade de iniciao ou previne a propagao

    de radicais livres. Outras fontes so as frutas ctricas, frutas vermelhas, pimentes

    verde e vermelho, tomates, brcolis e espinafre (Lopes, 2005).

    O consumo insuficiente de frutas e hortalias aumenta o risco de doenas

    crnicas no transmissveis, como as cardiovasculares e alguns tipos de cncer

    e est entre os 10 fatores de risco que mais causam mortes e doenas em todo o

    mundo. Tal consumo equivale a menos de 400 g por dia ou cerca de 7% a 8% do

    valor energtico de uma dieta de 2.200 kcal/dia (Jaime et al. 2007).

    As oito principais frutas consumidas in natura so a Banana, laranja, ma,

    mamo, melancia, uva, abacaxi e melo. Quanto ao consumo de polpas, a

    preferncia dos consumidores recai nas de cupuau, acerola, maracuj, goiaba,

    graviola e aa. O consumo de frutas ideal de cinco pores de frutas ao dia.

    (IBGE, 2011).

    Consumidores e produtores esto cada vez mais preocupados com a

    qualidade de alimentos e com a praticidade de prepar-los. Quanto mais rpido e

    fcil o preparo, mantendo qualidade sensorial equivalente ao produto fresco ou

    recm-preparado, mais atraente o produto se torna para consumidores e

    produtores. Sucos de frutas so consumidos principalmente por suas

    caractersticas sensoriais e como fonte de vitaminas. Embora alguns autores

    tenham avaliado o teor de cido L-ascrbico em sucos, poucos so os estudos

    que acompanharam a estabilidade desta vitamina durante o tempo de

    armazenamento, aps ser preparado (Silva et al., 2005).

  • 8

    3.3 - CARACTERSTICAS QUMICAS DO CIDO L-ASCRBICO

    Andrade et al. (2002) preconizaram que o cido L-ascrbico (AA) um

    agente redutor em soluo aquosa. Essa propriedade torna-se menos

    pronunciada em meio no aquoso. O carter cido e a ao redutora so

    atribudos ao grupo redutona ou enediol C(OH)=C(OH).

    A Vitamina C corresponde ao cido L-ascrbico (C6H8O6) cujo nome

    qumico 2-oxi-L-treohexnio-1,4-lactona-2,3-enediol. uma molcula orgnica

    tipo ceto-lactona de 6 carbonos, familiarmente relacionada aos monossacardeos

    hexoses. A Figura 1 mostra as duas verses principais de vitamina C na dieta,

    que so o cido L-ascrbico e o cido L-deidroascrbico (DHA). Apenas a

    estrutura A do cido L-ascrbico, apresentado na figura 1 fisiologicamente ativa.

    A estrutura B a verso oxidada reversvel, que possui tambm atividade

    vitamnica (Morn et al. 2006).

    (A) (B)

    Figura 1 - Frmula estrutural dos cidos L-ascrbico (A) e L-deidroascrbico (B).

    Fonte: (Rosa, 2005).

    O cido L-ascrbico (AA) possui a estrutura de um enediol que oxidado

    formando o cido L-deidroascrbico (DHA), conforme Figura 2. Nos equilbrios

    cidos, os nions (HA- e A2-) so estabilizados pela distribuio da carga atravs

    do sistema enona O1=C1-C2=C3=O3 (Figura 3), sendo o hidrognio ligado

    hidroxila no Carbono 3, por exemplo, mais cido (Pk1= 4,17) do que o cido

    actico (Fornaro e Coichev, 1998).

  • 9

    Figura 2 Oxidao do cido L-ascrbico a L-deidroascrbico.

    Fonte: (Fornaro e Coichev, 1998).

    Figura 3 Formao do sistema enona no cido L-deidroascrbico.

    Fonte: (Fornaro e Coichev, 1998).

    Os processos redox do cido L-ascrbico representados pelas Figuras 3 a

    5 so reversveis com formao de radicais livres intermedirios. A oxidao

    reversvel devido perda de um tomo de hidrognio (perda de 1 eltron) leva ao

    radical semideidroascrbico ou ascorbato. A espcie HA se dissocia, formando o

    radical A conforme mostrado na Figura 4. A perda do segundo eltron leva

    formao do cido deidroascrbico, na sequncia, ilustrada na Figura 5. Portanto,

    na oxidao do cido L-ascrbico dois prtons e dois eltrons so perdidos

    (Fornaro e Coichev, 1998).

  • 10

    Figura 4 - Dissociao do cido semideidroascrbico.

    Figura 5 - Formao do cido deidroascrbico.

    Fonte: (Fornaro e Coichev, 1998).

    A molcula do cido L-ascrbico tem um anel -lactona quase planar com

    dois centros quirais nas posies 4 e 5 ( Figura 6) determinando dois pares de

    estereoismeros: os cidos L e D ascrbico (Figuras 7a e 7b, respectivamente) e

    os cidos D e L- isoascrbicos (Figuras 7c e 7d, respectivamente) (Rosa. 2005).

    Figura 6 - Estrutura da vitamina. Fonte: (Rosa, 2005)

  • 11

    So epmeros, quando dois esteroismeros diferem de apenas um carbono

    quiral. Ao observar a figura 7, os cidos L-ascrbico e D-isoascrbico, este ltimo

    possui somente 5% de atividade vitamnica, j os cidos D-ascrbico e L-

    isoascrbico no possuem atividade vitamnica. A Figura 7e ilustra a oxidao

    reversvel devido perda de um tomo de hidrognio (perda de um eltron) que

    leva ao radical semideidroascrbico ou ascorbato (Rosa, 2005).

    A Figura 8 ilustra o carter cido da vitamina C, justificada primeiramente

    devido extenso da conjugao da carbonila presente no carbono 1,

    aumentando a caracterstica cida da hidroxila no carbono 3. A hidroxila no

    Figura 7 - Anel -lactona da vitamina C e ismeros do cido ascrbico e ascorbato

    Fonte: (Rosa, 2005).

  • 12

    carbono 2 faz parte de um enol e sua acidez pouco maior que a do fenol (Rosa,

    2005).

    O DHA pode ser reduzido a cido L-ascrbico in vivo por enzimas ou

    glutationa, e in vitro por agentes redutores como a homocistena, ditiotreitol (dtt) e

    bromina, agentes usados para determinao de vitamina C total. Como

    extremamente lbil, pode ser rapidamente hidrolisado ao cido 2,3-diceto-L-

    gulnico (Figura 9) em meio neutro e a 37 C, atravs de uma abertura

    irreversvel no anel da lactona, que no possui atividade antiescorbtica

    (Fennema, 2000).

    O cido L-ascrbico apresenta 100 % de atividade vitamnica. O cido L-

    deidroascrbico possui cerca de 75 a 80 % de atividade de vitamina C, existindo

    normalmente um equilbrio entre as duas formas, sendo o teor de vitamina C total

    resultante do somatrio dos teores de ambos os cidos. O cido D-ascrbico no

    tem atividade vitamnica. A ao das molculas do cido L-ascrbico eficiente

    porque elas sofrem rpida oxidao, antes que as outras molculas se oxidem,

    impedindo e retardando a deteriorao destes compostos (Pinedo, 2007).

    Figura 8: Acidez das hidroxilas na molcula de cido ascrbico.

    Fonte: (Rosa, 2005).

    Figura 9. Reao de oxidao do cido L-ascrbico a cido deidroascrbico e de hidrlise deste ltimo ao cido 2,3 diceto-L-gulnico. Fonte: (Rosa et al. 2007)

  • 13

    A vitamina C uma substncia cristalina com sabor cido. Quiral, solvel

    em gua e insolvel na maior parte dos solventes orgnicos. Possui solubilidade

    aquosa igual a 0,3 g/mL, ponto de fuso igual a 190 - 192C, potencial redox Eo

    igual a 0,166V em pH 4,0; pKa igual a 4,17, pka2 igual a 11,57, absoro mxima

    igual a 245 nm em meio cido e 265 nm em meio neutro. O calor, a exposio ao

    ar e o meio alcalino oxidam a molcula de cido ascrbico, principalmente se o

    alimento estiver em presena de cobre, ferro ou enzimas oxidantes (Aranha et al.

    2000).

    Alm disso, o cido L-ascrbico fotossensvel e o pH de estabilidade

    desta molcula est em torno de 4-5. Em alimentos industrializados contendo

    vrios ingredientes, este um fator difcil de ser controlado, causando a

    degradao da vitamina C. Industrialmente, o cido L-ascrbico utilizado como

    aditivo na funo antioxidante, estabilizante de sabor e cor (Morn et al. 2006).

    3.4 - FUNO DO CIDO L-ASCRBICO NO ORGANISMO

    A funo da vitamina C nos seres vivos devido sua capacidade

    antioxidante. Os organismos vivos interagem com o meio ambiente visando

    manter um ambiente externo que favorea a sobrevivncia, o crescimento e a

    reproduo. O oxignio (O2) obtido da atmosfera vital para organismos

    aerbicos, contudo, espcies reativas formadas intracelularmente a partir do

    oxignio ameaam a integridade celular por meio da oxidao de biomolculas, e

    podem comprometer processos biolgicos importantes (Cerqueira et al., 2007).

    Antioxidantes so substncias que podem prevenir ou retardar danos

    oxidativos dos lipdios, protenas e cidos nuclicos por espcies reativas de

    oxignio, que incluem radicais livres e no-radicais. Trs grandes grupos:

    vitaminas, carotenides e compostos fenlicos esto relacionados com os efeitos

    antioxidantes presentes naturalmente nas frutas. Eles esto separados em dois

    grupos: antioxidantes hidrfilos (cido L-ascrbico e compostos fenlicos) e

    antioxidantes lipoflicos (carotenides) (Brito et al., 2009).

    A vitamina C capaz de reduzir nitritos e inibir a formao no estmago de

    compostos cancergenos N-nitrosos. Surgiram estudos in vitro para exercer um

    papel protetor contra os danos oxidativos dos constituintes celulares e das

    lipoprotenas circulares. Os testes epidemiolgicos so consistentes com o efeito

  • 14

    protetor da vitamina C contra o cncer de estmago, faringe e esfago. Contudo,

    clulas tumorais parecem necessitar de cido L-ascrbico e competem com

    clulas saudveis por este nutriente, presumivelmente para se defender da

    ameaa oxidativa, uma vez que tumores tratados com vitamina C se tornam mais

    resistentes injria oxidativa (Zapata et al., 2007).

    De uma maneira geral, a vitamina C ainda previne e/ou reage com

    compostos txicos incluindo nitrosaminas e aumenta a resposta imunolgica de

    indivduos (Santos, 2008).

    Aranha et al. (2000) demonstraram que a vitamina C pode inibir a sntese

    de cido desoxiribonucleico (DNA) e cido ribonucleico (RNA) de tumores e

    reduzir a produo de vrus por interferir na interao clula/vrus.

    A estimulao dos leuccitos, de anticorpos, neutrfilos e fagcitos obtida

    pela suplementao com vitamina C. Esta vitamina estimula a produo de

    interfern e reduz o processo da reao inflamatria, ajudando a integridade das

    mucosas, devido ao fato dessa vitamina influenciar positivamente nos nveis

    plasmticos de IgA (anticorpo presente principalmente na boca). A vitamina C

    tambm influncia positivamente nos teores de Ig M (atua na primeira resposta

    aos antgenos e ativa partes adicionais do sistema imune) e o de complemento 3

    (C3) (ativado por imunoglobulinas, que esto entre os mais importantes

    complementos na destruio de antgenos), dando um reforo no sistema

    imunolgico. Um estudo realizado em 2000 mostrou que a vitamina C previne

    resfriados durante a temporada de inverno, por que no frio os nveis de

    imunoglobulinas decrescem e a vitamina C, como suplemento, atua elevando-o

    (Zamudio, 2007).

    A importncia da vitamina C como antioxidante bem estabelecida,

    considerando-se as doses recomendadas, geralmente alcanadas por meio da

    alimentao. Um trabalho realizado em 2007 comprovou que, alm da captao

    de radicais livres, a vitamina C pode alterar a expresso de genes envolvidos na

    resposta inflamatria, apoptose e diferenciao celular. Este estudo foi realizado

    com cultura de clulas. O mecanismo pelo qual a vitamina C altera a expresso

    de genes desconhecido, mas supe-se que atue indiretamente na expresso

    gnica, alterando a expresso de genes responsivos a espcies oxidantes ou

    diretamente, modulando a ligao de alguns fatores de transcrio ao ncleo

    (Cerqueira et al., 2007).

  • 15

    As propriedades da vitamina C so importantes tambm na preveno de

    anemia, por que esta vitamina atua como fator promotor da absoro de ferro no

    heme (inorgnico), presente nos alimentos de origem vegetal (Zamudio, 2007),

    devido a vrios fatores:

    Reduz o Fe+3 (que pouco solvel no intestino) ao Fe+2, para que seja

    absorvido;

    A ingesto simultnea de ferro, vitamina C e/ou protenas aumenta a absoro

    de ferro, formando quelatos de baixo peso molecular com ferro em meio cido,

    mais solvel e biodisponvel; facilitando assim sua absoro intestinal no pH

    alcalino do lmen intestinal;

    A vitamina C facilita a liberao do ferro da transferrina (protena que transporta

    o ferro no sangue) e tambm da ferritina (principal protena de armazenamento do

    ferro);

    O cido ascrbico participa de modo importante da modulao de sntese de

    ferritina e, portanto no depsito de ferro. O mecanismo envolve a regulao de

    RNA mensageiro na sntese de ferritina pela protena responsvel de ferro;

    A presena da vitamina C aumenta a absoro do ferro no-heme mesmo na

    presena de fatores inibidores (fitatos, polifenis, fosfatos, oxalatos, carbonatos,

    fibra diettica e taninos) nas refeies.

    A atividade vitamnica do cido ascrbico a ao antiescorbtica. O

    escorbuto uma doena que pode levar morte e causada pela deficincia

    nutricional de vitamina C. Seus principais sintomas so: aparecimento de leses

    na mucosa intestinal, hemorragias digestivas, vermelhido nas gengivas,

    enfraquecimento dos dentes (reduo na ossificao), dores agudas e inchao

    nos membros superiores e inferiores, alm de deficincia no processo de

    cicatrizao e hemorragia capilar (Silva e Naves, 2001).

    Os radicais livres gerados a partir da irradiao solar, do fumo, poluio,

    etc. causam oxidao dos cidos nuclicos, protenas e lipdios, alterando o DNA

    (cido desoxiribonucleico), bem como sua reparao, disparando a cascata das

    citoquinas e resultando em fotoenvelhecimento e fotocarcinognese. O

    organismo humano protege-se naturalmente utilizando antioxidantes para

    neutralizar os efeitos nocivos dos radicais livres. conhecida a importncia do

    cido L-ascrbico tpico como eficiente neutralizador dos radicais livres (Manela-

    Azulay et al. 2003).

  • 16

    De acordo com Miranda (2005), a suplementao com vitamina C no tem

    efeito comprovado na incidncia de gripe e resfriados, exceto possivelmente em

    pessoas expostas a esforo fsico intenso e/ou frio (praticantes de desportos de

    inverno, maratonistas, militares).

    Essa capacidade de transformao funciona como um sistema

    oxidorredutor capaz de transportar hidrognio nos processos de respirao

    celular. O cido L-ascrbico participa dos processos celulares de oxirreduo,

    como tambm importante na biossntese das catecolaminas (Manela-Azulay et

    al. 2003). Nos indivduos que treinam e nos que no praticam atividade fsica

    regularmente, a suplementao com vitaminas C e E pode reduzir sintomas

    relacionados aos exerccios (dores musculares) e aos ndices de stress oxidativo.

    O autor no concorda com o fato de que a suplementao com vitamina C

    melhore o desempenho, mas aconselha uma dieta para atletas rica em

    antioxidantes (Zimmermann, 2003).

    Na hipovitaminose C, o paciente apresenta anemia, astenia, dificuldade na

    cicatrizao de feridas, baixa resistncia s infees, queratose folicular, levando

    a hemorragias perifoliculares com equimoses nas zonas de depresso ou

    irritao. A pele dos membros inferiores apresenta um aspecto que lembra as

    nervuras da superfcie da madeira, que evolui para ulcerao cutnea.

    Hemorragias gengivais, gengivite hiperplsica tambm esto presentes (Aranha

    et al. 2000).

    3.5 - METABOLISMO DO CIDO L-ASCRBICO

    A vitamina C transportada no plasma sob a forma de um nion livre,

    sendo transferida por difuso simples para o interior dos leuccitos e dos

    eritrcitos. No ser humano adulto sadio, a reserva de cido L-ascrbico de

    aproximadamente 1500mg com ingesto media diria de 45 a 75 mg. Quando

    no ocorre a ingesto desta vitamina, aproximadamente 3% das reservas so

    diminudas diariamente e os sintomas clnicos do escorbuto aparecem em 30 a

    45 dias, quando a reserva orgnica cai abaixo de 300mg (Gonalves, 2008).

    Administrado em altas doses aps atingir concentrao mxima nos

    tecidos, o cido L-ascrbico eliminado pelos rins, quando o limiar do plasma

    excede o limite para cada indivduo. O excesso de cido L-ascrbico excretado

  • 17

    na urina leva a um teste falso positivo para glicosria. Tem sido relatado ainda

    que este excesso pode causar formao de clculos de urato, cistena ou de

    oxalato de clcio, mas evidncias atuais mostram que a ingesto macia de

    vitamina C (9g/dia) produz somente um pequeno aumento na excreo urinria

    de oxalato de clcio e nenhuma alterao no urato ou fosfato inorgnico (Aranha

    et al. 2000).

    Discute-se atualmente a eficcia da ingesto de quantidades elevadas de

    vitaminas para atender demandas alm das suas funes nutricionais, no sentido

    de preveno de doenas crnicas tais como as doenas cardiovasculares e o

    cncer (Silva e Naves, 2001). Efeitos de uma hipervitaminose C tm sido

    relatados. Alm da possibilidade de formao de clculo renal, pode ainda ocorrer

    diarria, provavelmente determinada pelo carregamento de grande quantidade de

    gua para o interior do intestino.

    O cido L-ascrbico distribui-se amplamente em todos os tecidos do

    organismo. Alguns tecidos, como a glndula suprarrenal, a hipfise e a retina, so

    ricos em cido L-ascrbico (1 a 2 mg/g); outros como o fgado, os pulmes, o

    pncreas e os leuccitos tm teores entre 0,1 a 1 mg/g. Ainda outros, como os

    rins, os msculos e os eritrcitos tm pequenos teores de cido L-ascrbico

    (Aranha et al. 2000).

    3.6- DEGRADAO DO CIDO L-ASCRBICO IN VITRO.

    O cido L-ascrbico pode ser facilmente oxidado e degradado,

    dependendo de vrios fatores como pH, temperatura, luz e presena de enzimas,

    oxignio ou catalisadores metlicos. A Figura 10 ilustra essa dependncia

    (SANTOS, 2008).

    Figura 10 - Fatores que afetam a degradao do cido L-ascrbico. Fonte: Santos

    (2008).

  • 18

    A causa primria de degradao do cido L-ascrbico a oxidao sob

    condies aerbias, tanto por reaes enzimticas quanto no enzimticas.

    Enzimas contendo ferro e cobre em seus grupos prostticos so as mais

    eficientes no processo de destruio oxidativa da vitamina C. Existem pelo menos

    quatro enzimas que ocorrem em frutas e que so as principais responsveis pela

    destruio oxidativa da vitamina: cido ascrbico oxidase, fenolase, citocromo

    oxidase e peroxidase. Apenas a enzima cido ascrbico oxidase causa oxidao

    direta do cido L-ascrbico. A enzima fenolase cataliza a oxidao de mono e

    dihidroxifenis, os quais mais tarde, com quinonas, reagem diretamente com o

    cido ascrbico. A citocromo oxidase oxida o citocromo C e esta forma oxidada

    reage com o cido ascrbico e a peroxidase, em combinao com compostos

    fenlicos, utiliza perxido de hidrognio para efetivar a oxidao. (Fennema,

    2000).

    No processamento de frutas, o cido L-ascrbico pode reprimir o

    escurecimento enzimtico pela reverso da oxidao dos polifenis em o-

    quinonas, que atravs de polimerizao formam pigmentos escuros (Vieira et al.,

    2000).

    A degradao anaerbia do cido L-ascrbico relativamente insignificante

    para a maioria dos alimentos. Esta forma de degradao adquire maior

    importncia em produtos enlatados, como vegetais, tomates e suco de frutas,

    aps a retirada do oxignio residual, mas mesmo nestes produtos a perda de

    cido L-ascrbico atravs de mecanismos anaerbios muito lenta (Righetto,

    2003).

    Na maioria dos casos, a taxa de degradao anaerbia ser duas ou trs

    vezes menor que aquelas de degradao oxidativa. Embora j destitudo de sua

    importncia nutricional, as muitas reaes envolvidas na fase final de degradao

    do ascorbato so importantes por causa do seu envolvimento na formao de

    compostos de sabor ou precursores que participam no escurecimento no

    enzimtico (Gregory, 1996).

    O mecanismo de degradao do cido L-ascrbico pode diferir

    dependendo da natureza do alimento ou do meio de reao. A degradao

    catalizada por on metlico tem sido proposta como a responsvel pela formao

    de um complexo ternrio produzido diretamente do cido deidroascrbico, sem a

  • 19

    formao detectvel de um produto de oxidao produzido pela transferncia de

    um eltron, um radical semideidroascorbato (Gregory, 1996).

    Pela sua instabilidade, o cido L-ascrbico uma das vitaminas mais

    suscetveis alterao no processamento das frutas, contribuindo para isso, alm

    dos fatores j citados, o fato de ser hidrossolvel, a ao de lcalis e da enzima

    oxidase do cido ascrbico, bem como traos de cobre e ferro. Sua conservao

    favorecida em meio cido. Embora, de modo geral, a estabilidade da vitamina C

    aumente com o abaixamento da temperatura e a maior perda se d durante o

    aquecimento dos alimentos, existem casos de perda durante o congelamento ou

    armazenamento em baixas temperaturas (Pinedo, 2007).

    A velocidade da degradao oxidativa do cido L-ascrbico est

    relacionada com as concentraes da espcie intermediria do

    semideidroascrbico (AH), oxignio molecular e ons metlicos. Baixa

    concentrao da espcie semideidroascrbico, elevadas concentraes de

    oxignio molecular e de ons metlicos aumentam a velocidade de degradao do

    cido L-ascrbico. O AH poder seguir duas vias. Ser oxidado para

    deidroascorbato (DHA) e este regenerado para ascorbato por meio da

    deidroascorbato redutase (DHA). Ou ser reduzido a ascorbato por meio da

    monodeidroascorbato redutase (Fenemma, 2000).

    O cido L-ascrbico o nutriente mais afetado pelo processamento de

    frutas e vegetais, por isso sua reteno usada frequentemente como indicativo

    da qualidade nutricional e at mesmo de conservao dos alimentos. Algumas

    vezes, at mesmo interaes com outras substncias presentes no alimento

    contribuem para a diminuio dos nveis de vitamina C (Rosa, 2005).

    3.7- SNTESE DE CIDO L-ASCRBICO PELAS PLANTAS E SEU

    PROCESSO DE REGENERAO E DEGRADAO IN VIVO

    Nas plantas a vitamina C participa em uma variedade de processos

    incluindo a fotossntese, foto proteo, crescimento da parede celular e expanso

    celular, resistncia a estresse ambiental e sntese de etileno, giberilinas,

    antocianinas e hidroxiprolina (Smirnoff e Wheeler, 2000).

    Um gene defeituoso no genoma humano impede a produo da enzima L-

    gulonalactona oxidase (GLO) e desta forma os seres humanos no conseguem

  • 20

    transformar a glicose do sangue em cido ascrbico. A maioria dos mamferos

    no primatas possui um mecanismo de retorno atravs do qual o fgado aumenta

    a sntese de cido ascrbico em resposta a um "stress" fisiolgico. Insetos,

    rpteis, alguns pssaros e peixes tambm no so capazes de sintetizar o cido

    ascrbico (Pinedo, 2007). O mecanismo de biossntese do cido L-ascrbico nas plantas no bem

    conhecido. Smirnoff (1996) sugere duas possveis rotas da biossintese do cido

    L-ascrbico em plantas. Uma que o precursor imediato do cido L-ascorbico o

    L-galactono-1,4 lactona e a outra que o D-glucosone e L-sorbosone. Altas

    concentraes de cido L-ascrbico em cloroplastos levam a suposio de que

    esta substncia possui um papel importante no sistema fotossinttico.

    Smirnoff (1996) preconiza que os cloroplastos so pobres em catalases,

    enzimas que convertem duas molculas de perxido de hidrognio em duas de

    gua e uma de oxignio molecular sem necessidade de doador de H conforme as

    peroxidases necessitam. Um destes doadores o cido L-ascrbico.

    O cido L-ascrbico (vitamina C) um componente abundante nas plantas.

    Ele atinge uma concentrao de mais de 20 m de cloroplastos e ocorre em todos

    os compartimentos celulares, incluindo a parede celular. Smirnoff props funes

    de fotossntese como um co-fator da enzima (incluindo a sntese de etileno,

    giberelinas e antocianinas) e no controle do crescimento celular (Smirnoff, 1996).

    A Figura 11 apresenta as possveis rotas da biossntese do cido L-ascrbico em

    vegetais.

  • 21

    Figura 11- Possveis rotas da biossntese do cido L-ascrbico em vegetais

    (Smirnoff,1996). Fonte: (Smirnoff,1996).

  • 22

    A Figura 12 apresenta a sntese do glicuronato e da vitamina C. O

    glicuronosil empregado por uma famlia de enzimas detoxificadoras que agem

    em uma larga variedade de drogas relativamente nopolares, toxinas do

    ambiente e carcingenos. A conjugao dessas substncias com o glicuronato

    chamada de glicuronao e as converte em derivados polares, que so mais

    facilmente eliminados da circulao para a urina atravs dos rins. O D-

    Glicuronato, formado pela hidrlise do UDP-glicuronato, o percussor do cido L-

    ascrbico ou vitamina C. Embora a quantidade de glicose consumida nessas vias

    secundrias seja muito pequena quando comparada com as grandes quantidades

    de glicose que so metabolizadas atravs da gliclise e do ciclo do cido ctrico,

    os produtos citados so vitais para o organismo (Lehninger et al., 2000).

    Figura 12 Sntese do glicuronato e da vitamina C.

    Fonte: (Lehninger et al., 2000).

    Segundo Smirnoff (1996), a atividade de enzimas no ciclo do ascorbato

    glutationa aumentada por deficincia hdrica e baixa temperatura nas plantas. A

    Figura 13 ilustra equaes qumicas e as principais enzimas envolvidas na

    formao e degradao de espcies ativas de oxignio (EAO's) em plantas com a

    participao do ascorbato.

  • 23

    Figura 13 Reaes qumicas e principais enzimas envolvidas na formao e

    degradao das espcies ativas de oxignio (EAOs) nas plantas. Radical

    monodeidroascrbico (MDA*).

    Fonte: (Resende et al., 2003).

    Hua-Yue Jin et al. (2003) estudaram a influncia de fatores ambientais nos

    teores de cido L-ascrbico e atividade de enzimas envolvidas em seu processo

    de oxirreduo em conferas. Nestas plantas, injrias provocadas pelo frio e falta

    de gua so acompanhadas por um processo de aclimatao, desencadeando

    um aumento da atividade da ascorbato peroxidase, enzima que inativa perxido

    de hidrognio oxidando o cido L-ascrbico, mais que pelo aumento da atividade

    de enzimas envolvidas no processo de regenerao do cido L-ascrbico. De

    acordo com este estudo, a oxidao do cido L-ascrbico aumenta a capacidade

    de defesa das conferas.

    A radiao solar um fator que estimula a sntese de cido L-ascrbico

    pelas plantas. Estudos descrevem que as folhas, quando expostas ao excesso de

    luz, precisam dissipar o excedente de energia luminosa absorvida, de modo que

    ele no prejudique o aparato fotossinttico. Existem vrias rotas de dissipao de

    energia. Embora os mecanismos moleculares no sejam ainda totalmente

    compreendidos, o ciclo da xantofila parece ser um caminho importante para a

    dissipao do excesso de energia luminosa (Taiz e Zeiger, 2004). Um estudo

    realizado por Gomes et al. (2002) observaram reduo de 17% no teor de cido

    ascrbico em plantas com 75% de sombreamento, quando comparadas quelas

    que no sofreram restrio da luz solar no mesmo perodo de observao.

  • 24

    As condies climticas, incluindo a temperatura, tm uma influncia forte

    na composio qumica dos vegetais. A parte exterior exposta luz solar contm

    uma quantidade mais elevada da vitamina C do que a regio dentro da mesma

    fruta. Em geral, quanto menor a intensidade de luz durante o crescimento, menor

    ser o teor de cido L-ascrbico nos tecidos da planta. Em muitas frutas o

    contedo de cido L-ascrbico aumenta durante o amadurecimento na rvore, em

    outras o teor de cido L-ascrbico aumenta aps a colheita (Andrade, 1991).

    3.8- TEORES DE CIDO L-ASCRBICO EM FRUTAS E DERIVADOS

    INDUSTRIALIZADOS

    O cido L-ascrbico ocorre em partes da planta em crescimento, mas est

    ausente nas sementes. As frutas especialmente ricas em vitamina C so laranjas,

    tangerinas, limes, cerejas, acerola, meles, abacaxi, mamo e goiaba. Os

    legumes normalmente utilizados em saladas como tomate, couve, pimento e

    brcolis tambm tm considervel quantidade de vitamina C (Pinedo, 2007).

    Na tabela 1, so apresentados os teores mdios de vitamina C em

    algumas frutas, determinados por meio da metodologia CLAE .

    Tabela 1 - Teores de Vitamina C em frutas

    FRUTAS NOME CIENTFICO VITAMINA C(mg/100g)

    Mamo Formosa Carica papaya L 78,5

    Kiwi Actindia chinensis 70,8

    Morango Fragaria vesca,L 64

    Laranja pra Citrus sinensis 53,7

    Tangerina Ponk Citrus reticulata 49

    Maracuj Passiflora edulis f.

    flavicarpa

    20

    Banana, terra Musa sp subgrupo Terra 16

    Banana, ma Musa sp subgrupo Gros

    Michel

    10,5

    Abacate Persea americana Mill 9

    Melancia Citrullus vulgaris Schrad 6

    Fonte: Taco (2006).

  • 25

    Existem alguns estudos comprovando a variao dos teores de vitamina C

    em algumas variedades de frutas. Entretanto, nas tabelas de composio de

    alimentos utilizadas no Brasil e em outros pases, por exemplo, a dos Estados

    Unidos, os dados apresentados foram obtidos de anlises de amostras

    compostas, no mostrando, portanto a faixa de variao na maioria das frutas

    disponveis no comrcio para consumo (Taco, 2006).

    Um trabalho desenvolvido sobre a estabilidade de cido L-ascrbico e

    antocianinas em nctar de camu-camu, levou a concluir que o armazenamento do

    nctar de camu-camu em temperatura ambiente tem efeito negativo sobre a

    concentrao de cido L-ascrbico e pigmentos do tipo antocianinas. No entanto,

    quando o nctar armazenado sob refrigerao, o cido L-ascrbico e as anto-

    cianinas apresentam boa estabilidade. A exposio ou no do nctar luz no

    teve efeito sobre os teores de cido L-ascrbico e antocianinas (Maeda et al.,

    2007).

    Pinheiro et al. (2006) avaliaram o teor de cido L ascrbico em sucos

    integrais de abacaxi, caju e maracuj industrializado demonstrando que o abacaxi

    apresentou uma faixa de variao de cido L-ascrbico de 5,8 a 14,1 mg/100g, o

    caju 109,6 a 161,9 mg/100g e o maracuj 5,1 a 19,2 mg/100g.

    Ao avaliar a estabilidade dos carotenides totais, antocianinas totais e

    vitamina C do suco tropical de acerola adoado, elaborado pelos processos

    enchimento a quente (garrafas de vidro) e assptico (embalagens cartonadas),

    durante 350 dias de armazenamento em condies similares s de

    comercializao (28 2) C, os teores de vitamina C decresceram com o tempo

    de armazenamento em ambos os processos, no entanto esse decrscimo foi

    superior em 35,95% para o processo assptico (Freitas et al., 2006).

    Houve um estudo em 2004, sobre a vida de prateleira de produto elaborado

    com garapa e suco de maracuj (5%), monitorando aceitao e teores de

    vitamina C desta bebida comumente consumida entre universitrios da

    UNICAMP. Aps pasteurizao, o produto foi resfriado, embalado em garrafas

    PET (polietileno tereftalato) e armazenado sob refrigerao (4-6) C pelo perodo

    de um ms. Os resultados da anlise sensorial indicaram que o produto (mistura

    de garapa parcialmente clarificada-estabilizada com suco de maracuj) pode ser

    elaborado e comercializado por at quinze dias sob refrigerao, pois as

    condies do processo permitiram a manuteno da qualidade microbiolgica e

  • 26

    sensorial. O teor de cido L-ascrbico manteve-se em bom nvel at o final da

    estocagem, com perda de 20% em relao ao teor adicionado (Prati et al., 2004).

    Em um trabalho que condicionou a perda da vitamina C nos alimentos a

    vrios fatores, como: pH, presena de oxignio, luz, concentrao de sal e de

    acares, aminocidos livres, atividade de gua e presena da enzima ascorbato-

    oxidase, afirma que os seus teores tendem a diminuir com o aumento do tempo

    de armazenamento e com a temperatura empregada no processamento industrial

    (Wolkoff, 2004).

    Lima et al. (2002) caracterizaram fsica e quimicamente frutos de umbu-

    cajazeira em cinco estgios de maturao e observaram que o teor de cido

    deidroascrbico variou de 4,0% a 32,0% do total de vitamina C nos cinco estgios

    de maturao. A polpa congelada do umbu-caj apresentou um decrscimo de

    31% do teor de vitamina C total (cido L-ascrbico + cido deidroascrbico).

    Em um estudo feito por Nogueira et al., (2002) com aceiroleiras, verificaram

    que houve efeito altamente significativo quanto poca (estao do ano), s

    matrizes, aos estdios de maturao e interao poca x matrizes, dentre

    outras variveis, com relao aos teores de vitamina C nas acerolas. O contedo

    de vitamina C decresceu com a maturao do fruto, ou seja, os frutos verdes

    apresentaram valores superiores aos encontrados nos frutos maduros,

    independentemente da matriz estudada e da estao climtica, resultado este

    tambm observado por outros pesquisadores. As perdas de vitamina C em

    decorrncia do estdio de maturao dos frutos diferiram entre as matrizes e as

    estaes do ano. Durante a maturao, a concentrao dessa vitamina decresceu

    de 2.626 para 1.797 mg/100 mL de suco e de 2.576 para 1.561 mg/100 mL de

    suco, em uma matriz, ao longo da estao seca e chuvosa, respectivamente. Em

    outra matriz, essa variao situou- se entre 2.732 e 1.682 mg/100 mL de suco na

    estao seca, e entre 1.753 e 865 mg/100 mL de suco no perodo das chuvas.

    Nogueira et al., (2002) relataram que o sombreamento em acerolas reduziu

    significativamente a produo de vitamina C, e que a exposio direta dos frutos

    aos raios solares aps a colheita por mais de quatro horas causou perdas

    significativas e frutos de plantas propagadas assexuadamente apresentavam

    teores mais elevados que os produzidos por mudas de sementes. O teor de

    vitamina C do fruto pode ainda variar em funo da poca da colheita.

  • 27

    3.9- CAPACIDADE ANTIOXIDANTE NOS FRUTOS

    Antioxidantes so compostos que podem minimizar a oxidao de lipdios

    ou outras molculas, evitando o incio ou propagao das reaes em cadeia de

    oxidao. A atividade antioxidante principalmente devida s suas propriedades

    de oxidorreduo, as quais podem desempenhar um importante papel na

    absoro e neutralizao de radicais livres, quelando o oxignio triplete e singlete

    ou decompondo perxidos. Em geral, existem duas categorias bsicas de

    antioxidantes: os naturais e os sintticos (Degspari e Waszczynskyj, 2005).

    Alguns dos antioxidantes sintticos mais importantes so hidroxianisol de butila

    (BHA) e o hidroxitolueno de butila (BHT) e entre os naturais destacam-se cido

    L-ascrbico, vitamina E, -caroteno e os compostos fenlicos (Almeida et al.,

    2006).

    Os antioxidantes podem ser classificados em: antioxidantes primrios,

    aqueles que interrompem a cadeia de reaes envolvidas na oxidao lipdica

    atravs da doao de eltrons ou hidrognio aos radicais livres convertendo-os

    em produtos mais estveis termodinamicamente, e antioxidantes sinergistas,

    aqueles compostos que reduzem ou retardam a taxa de iniciao da oxidao por

    decompor hidroperxidos (Naczk e Shahidi, 2004).

    Diversos estudos tm demonstrado que o consumo de substncias

    antioxidantes pode produzir uma ao protetora efetiva contra os processos

    oxidativos que naturalmente ocorrem no organismo. Estas substncias tambm

    esto ligadas com processos responsveis pelo envelhecimento do corpo (Melo e

    Guerra, 2002).

    Por apresentar atividade antioxidante, a vitamina C a primeira linha de

    defesa contra radicais derivados do oxignio em meio aquoso. Essa vitamina

    reage diretamente com superxidos, radicais hidroxilas e oxignio singlete. Tem

    grande importncia fisiolgica devido sua participao em diversas funes no

    organismo, como formao de tecido conjuntivo, produo de hormnios e

    anticorpos, biossntese de aminocidos e preveno de escorbuto. considerado

    um antioxidante fisiolgico verstil, pois pode exercer ao nos compartimentos

    intra e extracelulares (Gonalves, 2008).

    As frutas, reconhecidas fontes de vitaminas, minerais e fibras, so

    alimentos nutricionalmente importantes da dieta. No entanto, nos ltimos anos,

  • 28

    maior ateno tem sido dada a estes alimentos, uma vez que evidncias

    epidemiolgicas tm demonstrado que o consumo regular de vegetais est

    associado reduo da mortalidade e morbidade por algumas doenas crnicas

    no transmissveis. O efeito protetor exercido por estes alimentos tem sido

    atribudo presena de fitoqumicos com ao antioxidante (Melo et al., 2008).

    De acordo com Andrade et al. (2002), existem poucas informaes sobre a

    capacidade oxidante de frutos em diferentes fases de desenvolvimento. Esses

    autores observaram que a capacidade antioxidante dos frutos aumenta com o

    grau de maturao dos mesmos tais como amora, morango e framboesa. Apesar

    desse aspecto nutricional relevante relacionando grau de maturao e

    propriedades antioxidantes, geralmente o estgio de maturidade do fruto

    baseado na cor superficial. A composio qumica do fruto varia naturalmente

    com o grau de maturao e devido a fatores ambientais.

    A presena de cidos orgnicos, principalmente cido L-ascrbico na polpa

    de acerola, em um trabalho sobre caractersticas sensoriais e fsico-qumicas de gelias mistas de manga e acerola, pode ter contribudo para a proteo dos

    carotenides. Ao comparar o teor de antocianinas da polpa de acerola com o das

    gelias, verificou-se reduo desse pigmento. Vrios fatores podem ter

    contribudo para a degradao desse pigmento, a exemplo da presena de

    oxignio, de cido L-ascrbico, de hidroximetilfurfural, bem como o aquecimento

    utilizado no processo (Maciel et al., 2009).

    3.10- CONSIDERAES SOBRE A METODOLOGIA PARA DETERMINAO

    DO CIDO L-ASCRBICO

    Existem diversos mtodos analticos de quantificao dos teores de cido

    L-ascrbico em alimentos. Na escolha do mtodo mais adequado para a

    determinao de vitamina C nos alimentos se leva em considerao que a

    vitamina C sensvel oxidao, frente aos fatores externos como: ar, luz,

    condies alcalinas e calor; sendo facilmente destruda em prolongados perodos

    de estocagem e processamento de alimentos. Devido a esta fcil degradao e

    oxidao, para a determinao dos teores de vitamina C em alimentos, em

    primeiro lugar a vitamina C deve ser estabilizada quando recm-extrada da

  • 29

    matriz vegetal para obter altos nveis de recuperao e reprodutibilidade destes

    teores (Rosa, 2005).

    A estabilizao do cido deidroascrbico em soluo tambm requer timo

    controle de pH, pois a hidrlise deste em cido 2,3 dicetogulnico muito

    dependente do pH. Como em alimentos naturais o cido deidroascrbico est

    presente em nveis baixos, a escolha de um mtodo de dosagem de vitamina C

    total deve considerar o custo/benefcio dos resultados obtidos (Pinedo, 2007).

    Devido instabilidade da vitamina C, relevante o manuseio meticuloso

    na preparao das amostras, de modo a contribuir com a exatido e preciso dos

    resultados.

    3.10.1 - METODOLOGIA OFICIAL AOAC A titulao com 2,6-dicloroindofenol (2,6-D ou DCFI) baseia-se nos

    princpios de oxirreduo considerando o cido L-ascrbico com carter redutor.

    A volumetria de oxirreduo um mtodo prtico, rpido e de baixo custo. A

    nica desvantagem na aplicao dessas tcnicas a interferncia de outras

    substncias com caracterstica redutora que com isso pode influenciar no valor

    exato dos resultados, tais como, alguns metais (Fe+2, Cu+1,SO2, SO3 ,entre outros)

    (Cuniff, 1998).

    O mtodo DCFI muito utilizado para amostras de frutas. Usa-se a adio

    de cidos orgnicos na extrao de amostras para prevenir a degradao da

    vitamina C. O DCFI sdico um sal preparado com NaHCO3 para que pH da

    soluo fique alcalino. Este mtodo baseia-se na reduo do 2,6-dicloroindofenol

    (DCFI), de cor roxa, pelo cido L-ascrbico em meio cido, tornando-se incolor. O

    ponto final de titulao verificado quando todo o cido L-ascrbico presente foi

    oxidado e a soluo DCFI, no reduzida, confere colorao rosada soluo

    (Souza, 2004).

  • 30

    4. MATERIAIS E MTODOS

    O trabalho foi realizado no Laboratrio de Tecnologia de Alimentos (LTA) do

    Centro de Cincias e Tecnologias Agropecurias (CTAA) da Universidade

    Estadual Norte Fluminense (UENF), Campos dos Goytacazes RJ, no perodo de

    abril a novembro de 2010.

    4.1 MATRIA-PRIMA

    4.1.1 - FRUTAS IN NATURA

    Foram avaliados 9 tipos de frutas frescas de diferentes variedades,

    adquiridos no comrcio varejista da cidade de Campos dos Goytacazes RJ, no

    perodo de abril a novembro 2010. A Tabela 2 apresenta as frutas analisadas com identificao e local de coleta.

    As frutas foram lavadas, descascadas e trituradas com agentes

    estabilizadores (cido oxlico 1%), para evitar que o cido L-ascrbico fosse

    oxidado. Um exemplar maduro de cada fruta (ou quantidade suficiente,

    dependendo do tipo de fruta, para fazer, no mnimo, 20 mL de suco) foi

    transformado em suco por meio da triturao em liquidificador durante 30

    segundos, exceto a laranja e o limo cujos sucos foram preparados por meio de

    espremedor de frutas.

    Tabela 2: Frutas analisadas, variedade e local de coleta

    Frutos

    Variedades Local de coleta

    Abacaxi prola Hortifruti Palmeiras Varejo hortifruti

    Mercado municipal Laranja Pra Hortifruti Palmeiras

    Varejo Hortifruti Mercado Municipal

    Limo Tahiti Hortifruti Palmeiras Varejo Hortifruti

    Mercado Municipal Ma Gala Hortifruti Palmeiras

    Varejo Hortifruti

  • 31

    Mercado Municipal Mamo Formosa Hortifruti Palmeiras

    Varejo Hortifruti Mercado Municipal

    Manga Palmer Hortifruti Palmeiras Varejo Hortifruti

    Mercado Municipal Maracuj Passiflora Hortifruti Palmeiras

    Varejo Hortifruti Mercado Municipal

    Melancia Diplide(com semente) Hortifruti Palmeiras Varejo Hortifruti

    Mercado Municipal Morango Diamante Hortifruti Palmeiras

    Varejo Hortifruti Mercado Municipal

    4.1.2 - PREPARAO DOS SUCOS

    Foram preparados sucos de abacaxi, laranja, limo, ma, mamo, manga,

    maracuj, melancia e morango puros, e com adio dos extratos das hortalias ou

    entre frutas. Foi utilizado liquidificador domstico (potncia 500W, velocidade 2),

    com diferentes tempos de batimento, nos sucos de abacaxi, de maneira

    semelhante e na proporo com que so usualmente preparados no cotidiano.

    Cada suco foi feito em trs repeties, isto , foram feitos trs sucos de

    cada tipo, sendo as matrias-primas compradas em dias e estabelecimentos

    diferentes. A seleo das frutas e hortalias foi feita aleatoriamente e s

    compradas no dia do preparo dos sucos. Na Tabela 3 mostrado o modo de

    preparo dos extratos dos sucos. Os extratos das frutas foram divididos em partes

    iguais para o preparo dos sucos puros e misturados.

  • 32

    Tabela 3: Modo de preparo dos extratos das matrias-primas para a fabricao

    dos sucos puros e misturados de diversas frutas.

    Suco Quantidade

    de fruta/suco

    Quantidade

    de gua

    filtrada (mL)

    Rendimento

    (mL)

    Observao

    (Se houver)

    Abacaxi batido

    por 5, 8, 10, 15

    e 20 minutos

    300 500 700

    Extrato de

    hortel para o

    suco de abacaxi

    3 g

    (10 folhas)

    50 60

    Laranja 380 mL 0 380

    Extrato de

    cenoura para os

    sucos de laranja

    e de Mamo

    100 g

    100

    120

    Extrato coado

    Mamo 390 g 500 900

    Limo 200mL

    ( 5 unidades)

    500 200 Duas pores:

    coado e no

    coado

    Couve 16g

    (uma folha)

    100 100

    Extrato coado

    Melancia pura 200 g 100 300 Retirada das

    sementes

    Morango 100 g 150 300

    Ma 200g 200 300

    Manga .300g 300 500

    Maracuj, 200g 400 500 Extrato coado

    Hortel 5,6g

    (20 folhas)

    100 100

  • 33

    Os extratos das frutas foram divididos em partes iguais para o preparo dos

    sucos puros e misturados, conforme a Tabela 4.

    Tabela 4: Modo de preparo dos sucos.

    Suco Quantidade de extratos

    (mL)

    Quantidade de gua (mL)

    Abacaxi 350 50

    Abacaxi / hortel 350/50 0

    Laranja 190 120

    Laranja / Cenoura 190/120 0

    Mamo 450 120

    Mamo / Cenoura 450/120 0

    Limo coado 300 100

    Limo coado / Couve 300/100 0

    Limo no coado 300 100

    Limo no coado / Couve 300/ 100 0

    Ma 100 100

    Melancia 100 100

    Morango 100 100

    Ma / Melancia 100 / 100 0

    Ma / Morango 100 / 100 0

    Melancia / Morango 100 / 100 0

    Manga 165 165

    Maracuj 165 165

    Manga / Hortel 165 / 50 115

    Manga / Maracuj 165 / 165 0

    Maracuj / Hortel 165 / 50 115

  • 34

    4.2- ANLISES FSICO-QUMICAS

    Os teores de cido L-ascrbico, slidos solveis e pH foram determinados

    imediatamente aps o preparo dos sucos ( tempo zero) e 2:00 h, 4:00 h, 6:00 h,

    8:00 h, 24:00 h e 26:00 horas, aps o preparo dos mesmos que ficaram

    armazenados sob refrigerao e ausncia de luz entre 5 e 7C. As anlises foram

    realizadas em duplicatas. A ausncia de luz foi garantida, pois ao fechar a

    geladeira apaga-se a luz interna.

    4.2.1 ANLISE DO CIDO L-ASCRBICO

    Os teores de cido L-ascrbico foram determinados por meio de titulao

    com 2,6 dicloroindofenol (Cuniff, 1998), substituindo o cido metafosfrico por

    cido oxlico 1%, conforme (Souza, 2004; Nogueira et al, 2002).

    Este mtodo baseia-se na reduo do 2,6-dicloroindofenol (2,6D), de cor

    roxa, pelo cido L-ascrbico em meio cido, tornando-se incolor. O ponto final de

    titulao verificado quando todo o cido ascrbico presente foi oxidado e a

    soluo 2,6D, no reduzida, confere colorao rosada soluo. O mesmo

    procedimento foi repetido para o ensaio em branco, substituindo a soluo

    padro de vitamina C, por gua destilada. O valor mdio das titulaes com

    soluo padro, subtrado do branco foi o ttulo da soluo 2,6D. O resultado foi

    expresso em mg/100g de amostra para a fruta in natura e mg/100mL para os

    sucos.

    4.2.2 ANLISE DE SLIDOS SOLVEIS (Brix)

    Uma pequena alquota da polpa( fruta in natura) foi filtrada em algodo e

    gotejada na superfcie do prisma do refratmetro digital, modelo PAL-1, marca

    ATAGO. O mesmo foi feito para os sucos, porm utilizando um conta-gotas. O

    ndice de refrao obtido foi convertido automaticamente pelo equipamento

    porcentagem de slidos que teria uma soluo de sacarose quimicamente pura

    de igual densidade.

  • 35

    4.2.3 ANLISE DO pH

    Foi determinada por imerso direta do eletrodo do pHmetro modelo WTW

    pH 330/Set-1 com correo automtica dos valores em funo da temperatura, na

    polpa triturada e homogeneizada de cada fruta, e nos respectivos sucos.

    4.2.4 - ANLISE ESTATSTICA

    Foram comparados os teores de vitamina C nos sucos puros, e com adio

    dos extratos das hortalias ou entre frutas imediatamente, aps o preparo. Para

    comparar a estabilidade da vitamina C durante o armazenamento foi calculado os

    teores de vitaminas C degradadas, em cada perodo de tempo. Estes teores

    foram calculados pela diferena entre os teores de vitamina C detectados em dois

    tempos consecutivos (tempo zero - aps duas horas; 2horas 4horas, etc.)

    Os testes utilizados foram Anlise de Varincia, a 5% de probabilidade

    (ANOVA), e nos casos em que se detectou que havia diferena entre pelo menos

    duas formulaes, foi realizado o teste de Tukey a 5% de significncia. Quando o

    nmero de sucos comparados era superior a dois. Estas anlises foram

    realizadas no programa SAS - Statistical Analysis System, verso 9.3.

  • 36

    5 - RESULTADOS E DISCUSSO

    5.1 - VARIAO DOS TEORES DE VITAMINA C, SLIDOS SOLVEIS E pH

    EM FRUTAS

    A Tabela 5 apresenta a concentrao mdia de vitamina C, pH e teores de

    slidos solveis nas frutas, bem como as faixas de variao (amplitude). Os

    teores de slidos solveis e pH esto condizentes com os detectados por outros

    autores e confirmam que as frutas estavam nos estdios de maturao

    adequados para consumo.

    Tabela 5: Valores mdios e amplitude dos teores de Vitamina C, (mg/100 gramas), pH e slidos

    solveis (Brix) das frutas in natura

    Frutas

    (in natura)

    Vitamina C

    DP

    Amplitude pH

    DP

    Amplitude Slidos

    solveis

    DP

    Amplitude

    Abacaxi 26,3 7,4 18,5 - 33,1 3,4 0,1 3,3 - 3,5 13,3 2,4 10,5 - 15,0

    Laranja 38,7 9,9 27,3 - 45,0 3,2 0,4 2,8 - 3,5 9,9 0,2 9,7 - 10,1

    Limo 23,6 3,7 19,4 - 26,2 2,1 0,7 1,3 - 2,7 8,1 1,9 6,0 - 9,6

    Ma 1,8 0,5 1,49 - 2,4 4,0 0,3 3,7 - 4,4 11,6 1,4 10,2 - 13,1

    Mamo 31,3 6,8 26,1 - 38,9 5,4 0,1 5,2 - 5,5 9,7 0,9 8,6 - 10,3

    Manga 8,3 1,6 6,4 - 9,3 4,6 0,3 4,4 - 4,9 11,4 0,4 11,0 - 11,8

    Maracuj 29,6 7,9 23,3- 38,5 2,8 0,03 2,8 - 2,9 12,4 0,4 12,1 - 12,9

    Melancia 10,1 1,2 8,9 - 11,3 5,5 0,1 5,4 - 5,5 10,5 0,5 10,0 - 11,0

    Morango 41,7 4,3 37,6 - 46,2 3,2 0,1 3,1 - 3,3 5,4 1,3 4,3 - 6,8

    *O teor mdio r