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TEORES DE CIDO L-ASCRBICO EM FRUTAS E SUA
ESTABILIDADE EM SUCOS
FERNANDA DOS SANTOS NOGUEIRA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ
MARO 2011
-
ii
TEORES DE CIDO L-ASCRBICO EM FRUTAS E SUA
ESTABILIDADE EM SUCOS
FERNANDA DOS SANTOS NOGUEIRA
Orientadora: Prof.Dr. Karla Silva Ferreira
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ MARO 2011
Dissertao apresentada ao Centro de Cincias e Tecnologias Agropecurias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigncias para obteno do ttulo de Mestre em Produo Vegetal.
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v
Esquecendo-me das coisas que para trs ficam e avanando para as que esto diante de mim, prossigo em direo ao alvo. Filipenses 3.13
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vi
DEDICATRIA
Deus que me sustentou.
minha av Zenira que me incentivou em todos os momentos.
-
vii
AGRADECIMENTOS Agradeo a Deus que luz, verdade e sustentao na minha vida para enfrentar
este desafio.
Os meus agradecimentos a minha famlia: av Zenira, pelo encorajamento e
constantes oraes, aos meus pais Fernando e Inez, que sempre me apoiaram,
meus irmos pelas vezes que me ajudaram e Fellipe, pelo amor e por todas as
palavras de incentivo.
Minha orientadora, Prof.Dr.Karla, pelo apoio, mesmo estando longe me ajudou
em todas as dvidas, e me encorajou a chegar ao fim.
Juliana Lauredo, Alice, Jaqueline, Neila, Thayn, Caroline, Rebeca e Sarah por
todo o suporte e amizade.
Prof.Dr Selma pelo auxlio nas anlises estatsticas.
Tcnica Valdinia pelo incentivo e ajuda desde que cheguei ao laboratrio de
Tecnologia de Alimentos. Val, obrigada por tudo!
Aos professores integrantes da banca examinadora, Prof. Dr. Maurcio, Prof.
Dr.Selma e o Prof. Ph.D. Victor pela colaborao neste trabalho e por terem
aceitado participar da banca.
Aos meus alunos e colegas de trabalho por me darem nimo.
UENF por proporcionar esta oportunidade de crescimento.
E por fim, vitamina C que me inspirou este trabalho, e reduziu boa parte das
substncias oxidantes que geraram no meu metabolismo devido ao estresse
adquirido neste perodo.
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viii
SUMRIO
Pg.
LISTA DE TABELAS............................................................................
x
LISTA DE FIGURAS............................................................................
Xi
RESUMO..............................................................................................
Xii
ABSTRACT..........................................................................................
Xiv
1.INTRODUO...................................................................................
01
2.OBJETIVOS......................................................................................
04
2.1-OBJETIVO GERAL........................................................................
04
2.2-OBJETIVOS ESPECFICOS..........................................................
04
3. REVISO DE LITERATURA............................................................
05
3.1- A descoberta do cido L-ascrbico ( vitamina C).................. 05
3.2 Importncia das frutas na alimentao humana................... 06
3.3 - Caractersticas qumicas do cido L-ascrbico..................... 08
3.4 - Funo do cido L-ascrbico no organismo........................... 13
3.5 - Metabolismo do cido L-ascrbico........................................... 16
3.6 - Degradao do cido L-ascrbico in vitro........................... 17
3.7- Sntese de cido ascrbico pelas plantas e seu processo de regenerao e degradao in vivo................................................
19
3.8 - Trabalhos desenvolvidos sobre teores de cido L-ascrbico em frutas e derivados industrializados..........................
24
3.9 - Capacidade antioxidante nos frutos.........................................
27
3.10 Consideraes sobre as metodologias para determinao do cido L-ascrbico..........................................................................
28
3.10.1 - Metodologia Oficial AOAC....................................................
29
4. MATERIAIS E MTODOS...............................................................
30
4.1 - MATRIA PRIMA.........................................................................
30
-
ix
4.1.1 - Frutas in natura.......................................................................
30
4.1.2 - Preparao dos sucos............................................................ 31 4.2- ANLISE FSICO QUMICAS.....................................................
34
4.2.1- Anlise do cido L-ascrbico.................................................
34
4.2.2 Anlise de slidos solveis (brix)........................................
34
4.2.3 Anlise do pH.........................................................................
35
4.2.4- Anlise Estatstica....................................................................
35
5. RESULTADOS E DISCUSSO.......................................................
36
5.1- Variao dos teores de vitamina C, slidos solveis e pH em frutas............................................................................................
36
5.2 - Estabilidade da vitamina C em sucos (Abacaxi, Laranja, Limo, Ma, Mamo, Manga, Maracuj, Melancia e Morango).....
40
5.3 - Avaliao do tempo de liquidificao e adio de hortel sobre a estabilidade da vitamina C em sucos de Abacaxi
52
6. CONCLUSOES.................................................................................
58
7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS................................................
60
-
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1:
Teores de Vitamina C em frutas.....................................................
Pg
24
Tabela 2: Frutas analisadas, variedade e local de coleta..............................
30
Tabela 3: Modo de preparo dos extratos das matrias-primas para a fabricao dos sucos puros e misturados de diversas frutas.........
32
Tabela 4: Modo de preparo dos sucos............................................................
33
Tabela 5: Valores mdios e amplitude dos teores de Vitamina C, (mg/100 gramas), pH e slidos solveis (Brix) das frutas in natura............
36
Tabela 6: Quantidade de vitamina C degradada (mg/100 mL) nos sucos ao longo das 26 horas de armazenamento..........................................
43
Tabela 7: Teores de vitamina C (mg/100mL) em diferentes sucos, no tempo inicial e aps 26 horas de armazenamento em temperatura de 5 a 7C (tempo final) e porcentagem de degradao ocorrida durante este perodo.....................................
47
Tabela 8: Mdia, desvio padro e faixa de variao dos valores de pH e Brix nos sucos aps 26 horas de armazenamento em temperatura 5 e 7oC.......................................................................
50
Tabela 9: Quantidade de vitamina C degradada (mg/100 mL) nos sucos durante 26 horas de armazenamento...........................................
54
Tabela 10: Teores de vitamina C (mg/100 mL) nos diferentes sucos de abacaxi no tempo inicial aps 26 horas de armazenamento, em temperatura de 5 e 7C (tempo final) e porcentagem de degradao ocorrida durante este perodo.....................................
56
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xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Frmula estrutural dos cidos L-ascrbico (A) e L-deidroascrbico (B)..........................................................................................................
Pg.
8
Figura 2: Oxidao do cido L-ascrbico a L-deidroascrbico......................................
9
Figura 3: Formao do sistema enona no cido L-deidroascrbico...............................
9
Figura 4: Dissociao do cido semideidroascrbico.....................................................
10
Figura 5: Formao do cido deidroascrbico...............................................................
10
Figura 6: Estrutura da vitamina.......................................................................................
10
Figura 7: Anel -lactona da vitamina C e ismeros do cido ascrbico e
ascorbato.........................................................................................................
11
Figura 8: Acidez das hidroxilas na molcula de cido ascrbico...................................
12
Figura 9: Reao de oxidao do cido L-ascrbico a cido deidroascrbico e de hidrlise deste ltimo ao cido 2,3 diceto-L-gulnico.....................................
12
Figura 10: Fatores que afetam a degradao do cido L-ascrbico................................
17
Figura 11: Possveis rotas da biossntese do cido L-ascrbico em vegetais.................
21
Figura 12: Sntese do glicuronato e da vitamina C...........................................................
22
Figura 13: Reaes qumicas e principais enzimas envolvidas na formao e degradao das espcies ativas de oxignio (EAOs) nas plantas. Radical monodeidroascrbico (MDA*)........................................................................
23
Figura 14: Cintica de degradao da vitamina C em diferentes sucos. (A) sucos de laranja e mamo; (B) sucos de ma, melancia e morango; (C) sucos de manga e maracuj; (D) sucos de limo...........................................................
41
Figura 15: Cintica de degradao da vitamina C nos diferentes sucos de abacaxi..........................................................................................................
53
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xii
Resumo
NOGUEIRA, Fernanda dos Santos, Professora de qumica, M.S.; Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Maro de 2011. Teores de cido L-ascrbico em frutas e sua estabilidade em sucos. Orientadora: Prof. Dr. Karla Silva Ferreira
A vitamina C atua como agente antioxidante, na reduo de radicais livres
de oxignio e na reduo de ons metlicos. Sua deficincia no organismo
acarreta defeitos na sntese do colgeno, de neurotransmissores, absoro de
ferro etc. Os seres humanos esto entre os poucos seres vivos que no possuem
a capacidade de sintetizar vitamina C. Entre os alimentos considerados fontes de
vitamina C destacam-se as frutas, que so tambm consumidas na forma de
sucos. Por outro lado, o preparo dos sucos para ser consumido no decorrer do dia
questionado devido baixa estabilidade da vitamina C. Este trabalho props o
estudo da avaliao dos teores de vitamina C em algumas frutas e o
monitoramento de sua degradao nos sucos de frutas durante 26 horas de
armazenamento a 5-7C e tambm o efeito de batimento e adio de hortel na
estabilidade da vitamina C. Tambm foram determinados o pH e Brix das frutas e
respectivos sucos. Os sucos foram preparados conforme o habitual pela
populao e a quantificao do cido L-ascrbico foi realizada pelo mtodo
titulomtrico, utilizando-se uma soluo de 2,6-dicloroindofenol (2,6D). Os teores
de vitamina C foram muito variveis, de 1,4 a 2,4 mg/100 gramas na ma at
37,6 a 46,2 mg/100 gramas no morango, o que demonstrou que nem todas as
frutas podem ser fontes desta vitamina. Pelo fato das frutas estarem entre as
principais fontes dietticas de vitamina C elas devem ser sistematicamente
avaliadas antes de serem produzidas em escala comercial para que se coloque a
disposio do consumidor produtos de valor nutritivo expressivo para a nutrio
humana. A produtividade elevada e menor custo de produo no devem ser
priorizados em detrimento da principal finalidade do alimento. A quantidade total
de vitamina C degradada em 26 horas de armazenamento nos sucos variou de
0,3mg/100mL a 7,4mg/100mL, sendo a maior degradao observada no suco de
melancia com morango e a menor no suco de manga com hortel. A degradao
da vitamina C nos sucos de abacaxi preparados com adio de hortel e
diferentes tempos de batimento foi progressiva, no havendo efeito do tempo de
batimento e adio de hortel. As quantidades de vitamina C degradadas em
-
xiii
cada perodo de tempo analisado, na maioria dos diferentes modos de preparo
foram de 0,4mg/100mL a 0,9mg/100mL. Estes resultados mostraram que pode
preparar sucos diversos e consumi-los horas aps o preparo, pois a quantidade
de vitamina C degradada pouco expressiva do ponto de vista nutricional.
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xiv
ABSTRACT
NOGUEIRA, Fernanda dos Santos, Professor of Chemistry, M.S.; Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. March, 2011. Levels of L-ascorbic
acid in fruit juices and its stability. Advisor: Prof. Dr. Karla Silva Ferreira.
Vitamin C acts as antioxidant, reducing free radicals of oxygen and the
reduction of metal ions. Its deficiency causes defects in the body in the synthesis
of collagen, neurotransmitters, iron absorption, etc. Humans are among the few
living things that do not have the ability to synthesize vitamin C. Among the food
sources of vitamin C considered there are the fruits, which are also consumed in
the form of juices. Moreover, the preparation of juices to be consumed during the
day is questioned due to low stability of vitamin C. This work proposed the
evaluation study the levels of vitamin C in some fruit and monitoring of its
degradation in fruit juices during 26 hours of storage at 5-7 C and also the effect
of beating and addition of mint in the stability of vitamin C. Also determined the pH
and Brix of fruits and their juices. The juices were prepared as is usual for the
population and quantification of L-ascorbic acid was carried out by titrimetric
method, using a solution of 2,6-dicloroindofenol (2.6 D). The vitamin C were highly
variable, from 1,4 to 2,4 mg/100 g in the apple up from 37,6 to 46,2 mg/100 g
strawberries, which showed that not all fruits can be sources of vitamin. Because
fruits are among the main dietary sources of vitamin C they should be
systematically evaluated before they are produced on a commercial scale for a
place that the consumer products significant nutritional value for human nutrition.
The high productivity and lower cost of production should not be prioritized at the
expense of the primary purpose of food. The total amount of vitamin C degraded in
26 hours storage in the juices ranged from 0.3 mg/100mL to 7,4 mg/100mL, with
the greatest degradation observed in watermelon juice with strawberry and mango
juice to lower with mint. The degradation of vitamin C in juices prepared with the
addition of pineapple mint and different times of the beating was progressive, with
no effect of time of the beating and the addition of mint. The degraded amounts of
vitamin C in each time period analyzed, the majority of the different modes of
preparation were 0,4 mg/100mL to 0,9 mg/100mL. These results showed that
-
xv
juices can prepare and consume them several hours after preparation, because
the amount of vitamin C is degraded insignificant nutritional point of view.
-
1
INTRODUO
O consumo de frutas e hortalias tem sido estimulado em vrios pases em
razo dos benefcios no combate s deficincias de algumas vitaminas e alguns
minerais e, consequentemente, na preveno de doenas crnicas no
transmissveis, como doenas cardiovasculares, cncer, diabetes e obesidade.
Segundo a Organizao Mundial da Sade (WHO, 1994), o consumo inadequado
de frutas e hortalias est entre os seis principais fatores de risco para a
mortalidade mundial. No Brasil, a partir dos dados da Pesquisa de Oramentos
Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE/2010), verificou-
se que o consumo mdio de frutas e hortalias, considerando-se todas as classes
de renda, corresponde cerca de um tero da quantidade diria recomendada,
que so 400 gramas/dia. Verificou-se ainda que quanto menor a renda, menor o
consumo de frutas (Matta e Farias, 2009).
As vitaminas so substncias orgnicas de pequeno peso molecular, que
agem em pequenas doses, sem qualquer valor energtico intrnseco e devem ser
fornecidas ao organismo que incapaz de assegurar sua biossntese, a fim de
promover o crescimento, manter a vida e a capacidade de reproduo dos
animais superiores e do homem (Guilland e Lequeu, 1995).
Desde as experincias de Lavoisier no incio do sculo XVIII, se tem
conhecimento da necessidade de ingesto diria de vitaminas. Em 1911, o
bioqumico polons Casimir Funk utilizou pela primeira vez o termo vitamina para
se referir a certas substncias alimentares imprescindveis sade. Funk foi o
descobridor da niacinamida, o fator anti-beribri, e criou a expresso vital amin
(amina vital), que deu origem palavra vitamina. E em 1919, Drummond props
chamar o fator antiescorbtico de "C" (Manela-Azulay et al. 2003).
A vitamina C hidrossolvel e exerce importantes efeitos no organismo,
sendo um dos mais importantes e majoritrios antioxidantes dos sistemas
aquosos. Por este motivo, o consumo de frutas e hortalias, principais fontes
desta vitamina importante. Ela atua tambm na formao de colgeno,
absoro de ferro, sntese de alguns neurotransmissores e na resposta
imunolgica. No entanto, altos nveis de cido ascrbico no corpo humano podem
causar efeitos secundrios como falhas na reproduo, interferncia com testes
para glicosria, prejuzo aos anticoagulantes, alteraes nos rins pela formao
-
2
de clculos de oxalato de clcio e inativao da vitamina B12. Portanto, o
conhecimento dos teores desta substncia em diferentes alimentos de grande
importncia (Aranha et al. 2000).
A vitamina C e o cido flico so as vitaminas mais lbeis, podendo ser
100% destrudas durante o preparo e armazenamento dos alimentos. Ela
degradada pela ao da luz, temperatura, pH elevado, ons metlicos como o
Cu2+ e Fe+3, espcies reativas do oxignio, umidade, etc. (Fenema, 2000). A
degradao do cido ascrbico em sucos de frutas pode ocorrer em condies
aerbicas ou anaerbicas, ambas causando escurecimento, descolorao de
pigmentos endgenos, perda ou mudana do sabor ou do odor, e mudana na
textura. Por sua instabilidade, sua presena no alimento indica que provavelmente
os demais nutrientes tambm esto sendo preservados (Maia et al., 2007).
O consumo de frutas e hortalias muito facilitado por meio de sucos, mas,
devido instabilidade da vitamina C, a recomendao de que os sucos devem
ser consumidos assim que prontos. Contudo, na atualidade, com as atribulaes
da vida nas cidades, no sempre possvel a disponibilidade de sucos feitos na
hora, principalmente nos domiclios. O conhecimento da estabilidade da vitamina
C em diferentes sucos pode ser um fator importante para avaliar o consumo de
vitamina C, visto que os indivduos tm feito uso de sucos com as frutas puras e,
mistura de frutas ou hortalias. Alguns estudos mais especficos tm mostrado
que a degradao da vitamina C no ocorre totalmente, sendo encontrada uma
parcela desta vitamina aps vrias semanas ou meses, no caso de sucos
industrializados (Silva et al. 2005).
Alm da degradao que pode ocorrer durante o armazenamento e
processamento dos alimentos, os teores de vitamina C nos alimentos podem
variar em decorrncia de diversos fatores, por exemplo, variedade, condies
edafoclimticas, grau de maturao, incidncia de luz solar e outros. Alguns
destes fatores exercem efeitos positivos e outros negativos. No caso da incidncia
da luz solar, esta parece estimular a sntese do cido ascrbico, conforme
demonstrado por Gomes et al. (2002). Estes autores observaram reduo de 17%
no teor de cido ascrbico em plantas com 75% de sombreamento, quando
comparadas quelas que no sofreram restrio da luz solar no mesmo perodo
de observao.
-
3
Entretanto, as tabelas de composio qumica de alimentos no informam
sobre as variaes nos teores de nutrientes dos alimentos. Apresentam apenas
dados mdios, muitos obtidos por meio de anlises de amostras compostas.
Sendo assim, uma dieta aparentemente balanceada pode no fornecer aos
indivduos as quantidades adequadas de nutrientes, caso o consumo seja do
alimento com o teor mais baixo. Ou, por outro lado, fornecer quantidades
excessivas. Por este motivo, importante conhecer as variaes que podem
haver nos teores de nutrientes especficos dos alimentos.
A anlise de vitamina C pode ser realizada por diversos mtodos. Alguns
mais onerosos e demorados e outros menos. O mtodo titulomtrico utilizando o
indicador 2,6-dicloro-fenol-indofenol o mtodo oficial da AOAC (Official Methods
of Analysis of the Association Official Analytical Chemists). um mtodo simples
e de baixo custo. Baseia-se na reduo do indicador pelo cido ascrbico. Este
mtodo apresenta problemas em relao a interferentes redutores, corantes
como as antocianinas, compostos fenlicos e flavonides cuja concentrao
aumenta medida que o fruto amadurece. J estudos comparando os resultados
de anlise de vitamina C em frutas pelo mtodo titulomtrico e por Cromatografia
Lquida de Alta Eficincia (CLAE) demonstraram que o mtodo cromatogrfico
apresentou teores menores que o mtodo titulomtrico, entretanto com diferenas
no significativas entre os mtodos (Rosa, 2005).
Embora no existam estudos sobre os tipos de sucos mais consumidos no
Brasil, notrio o consumo dos sucos de laranja, laranja com cenoura, abacaxi,
abacaxi com hortel. Entretanto, dados do IBGE (2011) mostram que as frutas
mais consumidas no Brasil so a banana prata, laranja pra, o mamo e a ma.
Sendo assim, este trabalho teve por objetivo determinar a variao de
vitamina C em frutas, j que as tabelas de composio qumica de alimentos no
informam sobre as variaes nos teores de nutrientes dos alimentos. E monitorar
a estabilidade de vitamina C em sucos, pois no se encontrou na literatura
trabalhos versando sobre a degradao da vitamina C em sucos naturais, apenas
nos industrializados.
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4
2. OBJETIVOS
2.1 - OBJETIVO GERAL
Determinar os teores de vitamina C em frutas in natura e avaliar a
estabilidade da mesma em alguns sucos de frutas naturais, mais frequentemente
consumidos.
2.1. OBJETIVOS ESPECFICOS:
Conhecer a faixa de variao nos teores de cido L-ascrbico em
diferentes frutas, disponveis no mercado para consumo pela populao,
(Abacaxi, Laranja, Limo, Ma, Mamo, Manga, Maracuj, Melancia e
Morango);
Determinar os teores de slidos solveis (Brix) e pH nas frutas;
Monitorar dos teores de vitamina C, pH e slidos solveis nos sucos de
duas em duas horas, durante 26 horas de armazenamento sob
refrigerao entre 5 e 7C;
Avaliar o efeito do tempo de batimento e adio de hortel na estabilidade
da vitamina C em suco de abacaxi.
-
5
3. REVISO BIBLIOGRFICA
3.1 - A DESCOBERTA DO CIDO L-ASCRBICO ( VITAMINA C)
O nome cido L-ascrbico designa a atividade antiescorbtica da vitamina
C e deriva da antiga forma inglesa da palavra escorbuto (scorby) (Meira, 1995). A
vitamina C foi isolada por volta de 1932, pelo cientista Szent-Gyrgyi,
caracterizando-se pelo isolamento de uma substncia redutora, qual denominou
primeiramente de cido hexurnico, o qual anos depois foi sintetizado em forma
fisiologicamente ativa, passando a ser chamado de cido L-ascrbico (Aranha et
al. 2000).
Relatos demonstram que desde 1515 a.C. os egpcios tinham
conhecimento do escorbuto. Gregos e romanos tiveram suas foras militares
dizimadas pela doena. No final da Idade Mdia, o escorbuto tornou-se epidmico
no norte e centro da Europa. Entretanto, foi no sculo 18, com as grandes e
longas viagens martimas, responsveis pelo aumento significativo dessa afeco,
que a importncia da vitamina C ficou evidente. Os marinheiros que permaneciam
a bordo por longos perodos, sem renovar seus suprimentos alimentares, morriam
de escorbuto. Desencadeada pela deficincia de vitamina C no organismo, essa
doena caracteriza-se por manifestaes hemorrgicas (petquias, equimoses,
sangramento das gengivas), edema nas articulaes, fadiga, lassido, tonteiras,
anorexia, alteraes cutneas, infeces e morte) (Manela-Azulay et al. 2003).
Os defensores da ingesto de altos teores de vitamina C argumentam que
o escorbuto no o primeiro sintoma desta deficincia e sim o colapso final, a
sndrome pr-morte, e h uma grande diferena entre ausncia de escorbuto e
sade completa (Carr e Frei 1999).
James Lind, mdico escocs da Marinha Britnica, foi o primeiro a
correlacionar a alta morbidade e mortalidade dos marinheiros ingleses com a
deficincia da vitamina C. Em 1747 documentou a ingesto de sucos ctricos no
tratamento do escorbuto, realizando o primeiro estudo controlado de que se tem
notcia na Medicina. Comparou grupos de tratamento e comprovou que o grupo
que recebeu duas laranjas e um limo por dia melhorou drasticamente da doena
em uma semana. Os resultados de sua experincia foram publicados em 1753.
-
6
Em 1933, Reichstein e colaboradores publicaram as snteses do cido D-
ascrbico e do cido L-ascrbico, que ainda hoje formam a base da produo
industrial da vitamina C. Conseguiram comprovar que o cido L-ascrbico
sintetizado possui a mesma atividade biolgica da substncia natural (Manela-
Azulay et al. 2003).
Foram, entretanto, as pesquisas do qumico americano Linus Pauling
(1901-1994), que recebeu o prmio Nobel em Qumica que popularizaram a
vitamina C. Pauling recomendava megadoses da vitamina para o combate de
resfriados, gripes e outras viroses, bem como na preveno do cncer e outras
doenas degenerativas (Carpenter,1986).
A vitamina C, disponvel tanto no meio intra quanto no extracelular da maior
parte dos rgos e com envolvimento direto nas defesas antioxidantes, elimina
diretamente radicais livres de oxignio e de xido ntrico e est envolvida na
reciclagem de -tocoferil em -tocoferol. Embora sua funo antioxidante seja
bem reconhecida, no h evidncias claras de real efeito benfico sobre a funo
imune (Leite e Sarni, 2003).
Os seres humanos fazem parte do grupo de seres vivos que no so
capazes de sintetizar vitamina C. Especula-se que estes seres vivos no
possuem tal capacidade com a finalidade de aumentar as reservas de glicose,
precursor do cido L-ascrbico no organismo. Desta forma a ingesto desta
vitamina vital para a sade e at mesmo para a sobrevivncia do homem, pois o
cido ascrbico participa de inmeras atividades fisiolgicas (Rosa et al. 2007).
3.2 - IMPORTNCIA DAS FRUTAS NA ALIMENTAO HUMANA
O Brasil o terceiro maior produtor mundial de inmeras espcies de
frutas, perdendo apenas para a China e ndia. o 15 exportador, devido a um
expressivo consumo interno (Borges, 2010). Entretanto, este consumo parece no
ser ainda suficiente.
Estima-se que o consumo de frutas e hortalias no Brasil corresponda a
menos da metade das recomendaes nutricionais, sendo ainda mais deficiente
entre as famlias de baixa renda. Os preos elevados das frutas e hortalias e a
ausncia de equipamentos eficientes de comercializao desses produtos seriam
-
7
obstculo para sua promoo em ambientes de pobreza, mesmo em pases
desenvolvidos (Jaime et al. 2007).
As frutas consistem em fonte nutricional de vitaminas, minerais e
carboidratos solveis, sendo que algumas possuem teores mais elevados de um
ou de outro nutriente como, por exemplo, a acerola, que apresenta elevada
quantidade de vitamina C. Outras frutas no so ricas no fornecimento de algum
nutriente especfico, como o caso do abacaxi, que inclusive possui baixo teor de
vitamina C (10 a 25 mg de cido ascrbico por 100g de fruto), entretanto,
apresentam grande aceitao por parte dos consumidores (Matsuura e Rolim,
2002).
Recomendaes dietticas para uma alimentao saudvel incluem o
consumo de sucos de frutas, em parte, pela presena de vitamina C, um eficiente
antioxidante natural que reduz a velocidade de iniciao ou previne a propagao
de radicais livres. Outras fontes so as frutas ctricas, frutas vermelhas, pimentes
verde e vermelho, tomates, brcolis e espinafre (Lopes, 2005).
O consumo insuficiente de frutas e hortalias aumenta o risco de doenas
crnicas no transmissveis, como as cardiovasculares e alguns tipos de cncer
e est entre os 10 fatores de risco que mais causam mortes e doenas em todo o
mundo. Tal consumo equivale a menos de 400 g por dia ou cerca de 7% a 8% do
valor energtico de uma dieta de 2.200 kcal/dia (Jaime et al. 2007).
As oito principais frutas consumidas in natura so a Banana, laranja, ma,
mamo, melancia, uva, abacaxi e melo. Quanto ao consumo de polpas, a
preferncia dos consumidores recai nas de cupuau, acerola, maracuj, goiaba,
graviola e aa. O consumo de frutas ideal de cinco pores de frutas ao dia.
(IBGE, 2011).
Consumidores e produtores esto cada vez mais preocupados com a
qualidade de alimentos e com a praticidade de prepar-los. Quanto mais rpido e
fcil o preparo, mantendo qualidade sensorial equivalente ao produto fresco ou
recm-preparado, mais atraente o produto se torna para consumidores e
produtores. Sucos de frutas so consumidos principalmente por suas
caractersticas sensoriais e como fonte de vitaminas. Embora alguns autores
tenham avaliado o teor de cido L-ascrbico em sucos, poucos so os estudos
que acompanharam a estabilidade desta vitamina durante o tempo de
armazenamento, aps ser preparado (Silva et al., 2005).
-
8
3.3 - CARACTERSTICAS QUMICAS DO CIDO L-ASCRBICO
Andrade et al. (2002) preconizaram que o cido L-ascrbico (AA) um
agente redutor em soluo aquosa. Essa propriedade torna-se menos
pronunciada em meio no aquoso. O carter cido e a ao redutora so
atribudos ao grupo redutona ou enediol C(OH)=C(OH).
A Vitamina C corresponde ao cido L-ascrbico (C6H8O6) cujo nome
qumico 2-oxi-L-treohexnio-1,4-lactona-2,3-enediol. uma molcula orgnica
tipo ceto-lactona de 6 carbonos, familiarmente relacionada aos monossacardeos
hexoses. A Figura 1 mostra as duas verses principais de vitamina C na dieta,
que so o cido L-ascrbico e o cido L-deidroascrbico (DHA). Apenas a
estrutura A do cido L-ascrbico, apresentado na figura 1 fisiologicamente ativa.
A estrutura B a verso oxidada reversvel, que possui tambm atividade
vitamnica (Morn et al. 2006).
(A) (B)
Figura 1 - Frmula estrutural dos cidos L-ascrbico (A) e L-deidroascrbico (B).
Fonte: (Rosa, 2005).
O cido L-ascrbico (AA) possui a estrutura de um enediol que oxidado
formando o cido L-deidroascrbico (DHA), conforme Figura 2. Nos equilbrios
cidos, os nions (HA- e A2-) so estabilizados pela distribuio da carga atravs
do sistema enona O1=C1-C2=C3=O3 (Figura 3), sendo o hidrognio ligado
hidroxila no Carbono 3, por exemplo, mais cido (Pk1= 4,17) do que o cido
actico (Fornaro e Coichev, 1998).
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Figura 2 Oxidao do cido L-ascrbico a L-deidroascrbico.
Fonte: (Fornaro e Coichev, 1998).
Figura 3 Formao do sistema enona no cido L-deidroascrbico.
Fonte: (Fornaro e Coichev, 1998).
Os processos redox do cido L-ascrbico representados pelas Figuras 3 a
5 so reversveis com formao de radicais livres intermedirios. A oxidao
reversvel devido perda de um tomo de hidrognio (perda de 1 eltron) leva ao
radical semideidroascrbico ou ascorbato. A espcie HA se dissocia, formando o
radical A conforme mostrado na Figura 4. A perda do segundo eltron leva
formao do cido deidroascrbico, na sequncia, ilustrada na Figura 5. Portanto,
na oxidao do cido L-ascrbico dois prtons e dois eltrons so perdidos
(Fornaro e Coichev, 1998).
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Figura 4 - Dissociao do cido semideidroascrbico.
Figura 5 - Formao do cido deidroascrbico.
Fonte: (Fornaro e Coichev, 1998).
A molcula do cido L-ascrbico tem um anel -lactona quase planar com
dois centros quirais nas posies 4 e 5 ( Figura 6) determinando dois pares de
estereoismeros: os cidos L e D ascrbico (Figuras 7a e 7b, respectivamente) e
os cidos D e L- isoascrbicos (Figuras 7c e 7d, respectivamente) (Rosa. 2005).
Figura 6 - Estrutura da vitamina. Fonte: (Rosa, 2005)
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11
So epmeros, quando dois esteroismeros diferem de apenas um carbono
quiral. Ao observar a figura 7, os cidos L-ascrbico e D-isoascrbico, este ltimo
possui somente 5% de atividade vitamnica, j os cidos D-ascrbico e L-
isoascrbico no possuem atividade vitamnica. A Figura 7e ilustra a oxidao
reversvel devido perda de um tomo de hidrognio (perda de um eltron) que
leva ao radical semideidroascrbico ou ascorbato (Rosa, 2005).
A Figura 8 ilustra o carter cido da vitamina C, justificada primeiramente
devido extenso da conjugao da carbonila presente no carbono 1,
aumentando a caracterstica cida da hidroxila no carbono 3. A hidroxila no
Figura 7 - Anel -lactona da vitamina C e ismeros do cido ascrbico e ascorbato
Fonte: (Rosa, 2005).
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12
carbono 2 faz parte de um enol e sua acidez pouco maior que a do fenol (Rosa,
2005).
O DHA pode ser reduzido a cido L-ascrbico in vivo por enzimas ou
glutationa, e in vitro por agentes redutores como a homocistena, ditiotreitol (dtt) e
bromina, agentes usados para determinao de vitamina C total. Como
extremamente lbil, pode ser rapidamente hidrolisado ao cido 2,3-diceto-L-
gulnico (Figura 9) em meio neutro e a 37 C, atravs de uma abertura
irreversvel no anel da lactona, que no possui atividade antiescorbtica
(Fennema, 2000).
O cido L-ascrbico apresenta 100 % de atividade vitamnica. O cido L-
deidroascrbico possui cerca de 75 a 80 % de atividade de vitamina C, existindo
normalmente um equilbrio entre as duas formas, sendo o teor de vitamina C total
resultante do somatrio dos teores de ambos os cidos. O cido D-ascrbico no
tem atividade vitamnica. A ao das molculas do cido L-ascrbico eficiente
porque elas sofrem rpida oxidao, antes que as outras molculas se oxidem,
impedindo e retardando a deteriorao destes compostos (Pinedo, 2007).
Figura 8: Acidez das hidroxilas na molcula de cido ascrbico.
Fonte: (Rosa, 2005).
Figura 9. Reao de oxidao do cido L-ascrbico a cido deidroascrbico e de hidrlise deste ltimo ao cido 2,3 diceto-L-gulnico. Fonte: (Rosa et al. 2007)
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A vitamina C uma substncia cristalina com sabor cido. Quiral, solvel
em gua e insolvel na maior parte dos solventes orgnicos. Possui solubilidade
aquosa igual a 0,3 g/mL, ponto de fuso igual a 190 - 192C, potencial redox Eo
igual a 0,166V em pH 4,0; pKa igual a 4,17, pka2 igual a 11,57, absoro mxima
igual a 245 nm em meio cido e 265 nm em meio neutro. O calor, a exposio ao
ar e o meio alcalino oxidam a molcula de cido ascrbico, principalmente se o
alimento estiver em presena de cobre, ferro ou enzimas oxidantes (Aranha et al.
2000).
Alm disso, o cido L-ascrbico fotossensvel e o pH de estabilidade
desta molcula est em torno de 4-5. Em alimentos industrializados contendo
vrios ingredientes, este um fator difcil de ser controlado, causando a
degradao da vitamina C. Industrialmente, o cido L-ascrbico utilizado como
aditivo na funo antioxidante, estabilizante de sabor e cor (Morn et al. 2006).
3.4 - FUNO DO CIDO L-ASCRBICO NO ORGANISMO
A funo da vitamina C nos seres vivos devido sua capacidade
antioxidante. Os organismos vivos interagem com o meio ambiente visando
manter um ambiente externo que favorea a sobrevivncia, o crescimento e a
reproduo. O oxignio (O2) obtido da atmosfera vital para organismos
aerbicos, contudo, espcies reativas formadas intracelularmente a partir do
oxignio ameaam a integridade celular por meio da oxidao de biomolculas, e
podem comprometer processos biolgicos importantes (Cerqueira et al., 2007).
Antioxidantes so substncias que podem prevenir ou retardar danos
oxidativos dos lipdios, protenas e cidos nuclicos por espcies reativas de
oxignio, que incluem radicais livres e no-radicais. Trs grandes grupos:
vitaminas, carotenides e compostos fenlicos esto relacionados com os efeitos
antioxidantes presentes naturalmente nas frutas. Eles esto separados em dois
grupos: antioxidantes hidrfilos (cido L-ascrbico e compostos fenlicos) e
antioxidantes lipoflicos (carotenides) (Brito et al., 2009).
A vitamina C capaz de reduzir nitritos e inibir a formao no estmago de
compostos cancergenos N-nitrosos. Surgiram estudos in vitro para exercer um
papel protetor contra os danos oxidativos dos constituintes celulares e das
lipoprotenas circulares. Os testes epidemiolgicos so consistentes com o efeito
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protetor da vitamina C contra o cncer de estmago, faringe e esfago. Contudo,
clulas tumorais parecem necessitar de cido L-ascrbico e competem com
clulas saudveis por este nutriente, presumivelmente para se defender da
ameaa oxidativa, uma vez que tumores tratados com vitamina C se tornam mais
resistentes injria oxidativa (Zapata et al., 2007).
De uma maneira geral, a vitamina C ainda previne e/ou reage com
compostos txicos incluindo nitrosaminas e aumenta a resposta imunolgica de
indivduos (Santos, 2008).
Aranha et al. (2000) demonstraram que a vitamina C pode inibir a sntese
de cido desoxiribonucleico (DNA) e cido ribonucleico (RNA) de tumores e
reduzir a produo de vrus por interferir na interao clula/vrus.
A estimulao dos leuccitos, de anticorpos, neutrfilos e fagcitos obtida
pela suplementao com vitamina C. Esta vitamina estimula a produo de
interfern e reduz o processo da reao inflamatria, ajudando a integridade das
mucosas, devido ao fato dessa vitamina influenciar positivamente nos nveis
plasmticos de IgA (anticorpo presente principalmente na boca). A vitamina C
tambm influncia positivamente nos teores de Ig M (atua na primeira resposta
aos antgenos e ativa partes adicionais do sistema imune) e o de complemento 3
(C3) (ativado por imunoglobulinas, que esto entre os mais importantes
complementos na destruio de antgenos), dando um reforo no sistema
imunolgico. Um estudo realizado em 2000 mostrou que a vitamina C previne
resfriados durante a temporada de inverno, por que no frio os nveis de
imunoglobulinas decrescem e a vitamina C, como suplemento, atua elevando-o
(Zamudio, 2007).
A importncia da vitamina C como antioxidante bem estabelecida,
considerando-se as doses recomendadas, geralmente alcanadas por meio da
alimentao. Um trabalho realizado em 2007 comprovou que, alm da captao
de radicais livres, a vitamina C pode alterar a expresso de genes envolvidos na
resposta inflamatria, apoptose e diferenciao celular. Este estudo foi realizado
com cultura de clulas. O mecanismo pelo qual a vitamina C altera a expresso
de genes desconhecido, mas supe-se que atue indiretamente na expresso
gnica, alterando a expresso de genes responsivos a espcies oxidantes ou
diretamente, modulando a ligao de alguns fatores de transcrio ao ncleo
(Cerqueira et al., 2007).
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15
As propriedades da vitamina C so importantes tambm na preveno de
anemia, por que esta vitamina atua como fator promotor da absoro de ferro no
heme (inorgnico), presente nos alimentos de origem vegetal (Zamudio, 2007),
devido a vrios fatores:
Reduz o Fe+3 (que pouco solvel no intestino) ao Fe+2, para que seja
absorvido;
A ingesto simultnea de ferro, vitamina C e/ou protenas aumenta a absoro
de ferro, formando quelatos de baixo peso molecular com ferro em meio cido,
mais solvel e biodisponvel; facilitando assim sua absoro intestinal no pH
alcalino do lmen intestinal;
A vitamina C facilita a liberao do ferro da transferrina (protena que transporta
o ferro no sangue) e tambm da ferritina (principal protena de armazenamento do
ferro);
O cido ascrbico participa de modo importante da modulao de sntese de
ferritina e, portanto no depsito de ferro. O mecanismo envolve a regulao de
RNA mensageiro na sntese de ferritina pela protena responsvel de ferro;
A presena da vitamina C aumenta a absoro do ferro no-heme mesmo na
presena de fatores inibidores (fitatos, polifenis, fosfatos, oxalatos, carbonatos,
fibra diettica e taninos) nas refeies.
A atividade vitamnica do cido ascrbico a ao antiescorbtica. O
escorbuto uma doena que pode levar morte e causada pela deficincia
nutricional de vitamina C. Seus principais sintomas so: aparecimento de leses
na mucosa intestinal, hemorragias digestivas, vermelhido nas gengivas,
enfraquecimento dos dentes (reduo na ossificao), dores agudas e inchao
nos membros superiores e inferiores, alm de deficincia no processo de
cicatrizao e hemorragia capilar (Silva e Naves, 2001).
Os radicais livres gerados a partir da irradiao solar, do fumo, poluio,
etc. causam oxidao dos cidos nuclicos, protenas e lipdios, alterando o DNA
(cido desoxiribonucleico), bem como sua reparao, disparando a cascata das
citoquinas e resultando em fotoenvelhecimento e fotocarcinognese. O
organismo humano protege-se naturalmente utilizando antioxidantes para
neutralizar os efeitos nocivos dos radicais livres. conhecida a importncia do
cido L-ascrbico tpico como eficiente neutralizador dos radicais livres (Manela-
Azulay et al. 2003).
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De acordo com Miranda (2005), a suplementao com vitamina C no tem
efeito comprovado na incidncia de gripe e resfriados, exceto possivelmente em
pessoas expostas a esforo fsico intenso e/ou frio (praticantes de desportos de
inverno, maratonistas, militares).
Essa capacidade de transformao funciona como um sistema
oxidorredutor capaz de transportar hidrognio nos processos de respirao
celular. O cido L-ascrbico participa dos processos celulares de oxirreduo,
como tambm importante na biossntese das catecolaminas (Manela-Azulay et
al. 2003). Nos indivduos que treinam e nos que no praticam atividade fsica
regularmente, a suplementao com vitaminas C e E pode reduzir sintomas
relacionados aos exerccios (dores musculares) e aos ndices de stress oxidativo.
O autor no concorda com o fato de que a suplementao com vitamina C
melhore o desempenho, mas aconselha uma dieta para atletas rica em
antioxidantes (Zimmermann, 2003).
Na hipovitaminose C, o paciente apresenta anemia, astenia, dificuldade na
cicatrizao de feridas, baixa resistncia s infees, queratose folicular, levando
a hemorragias perifoliculares com equimoses nas zonas de depresso ou
irritao. A pele dos membros inferiores apresenta um aspecto que lembra as
nervuras da superfcie da madeira, que evolui para ulcerao cutnea.
Hemorragias gengivais, gengivite hiperplsica tambm esto presentes (Aranha
et al. 2000).
3.5 - METABOLISMO DO CIDO L-ASCRBICO
A vitamina C transportada no plasma sob a forma de um nion livre,
sendo transferida por difuso simples para o interior dos leuccitos e dos
eritrcitos. No ser humano adulto sadio, a reserva de cido L-ascrbico de
aproximadamente 1500mg com ingesto media diria de 45 a 75 mg. Quando
no ocorre a ingesto desta vitamina, aproximadamente 3% das reservas so
diminudas diariamente e os sintomas clnicos do escorbuto aparecem em 30 a
45 dias, quando a reserva orgnica cai abaixo de 300mg (Gonalves, 2008).
Administrado em altas doses aps atingir concentrao mxima nos
tecidos, o cido L-ascrbico eliminado pelos rins, quando o limiar do plasma
excede o limite para cada indivduo. O excesso de cido L-ascrbico excretado
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na urina leva a um teste falso positivo para glicosria. Tem sido relatado ainda
que este excesso pode causar formao de clculos de urato, cistena ou de
oxalato de clcio, mas evidncias atuais mostram que a ingesto macia de
vitamina C (9g/dia) produz somente um pequeno aumento na excreo urinria
de oxalato de clcio e nenhuma alterao no urato ou fosfato inorgnico (Aranha
et al. 2000).
Discute-se atualmente a eficcia da ingesto de quantidades elevadas de
vitaminas para atender demandas alm das suas funes nutricionais, no sentido
de preveno de doenas crnicas tais como as doenas cardiovasculares e o
cncer (Silva e Naves, 2001). Efeitos de uma hipervitaminose C tm sido
relatados. Alm da possibilidade de formao de clculo renal, pode ainda ocorrer
diarria, provavelmente determinada pelo carregamento de grande quantidade de
gua para o interior do intestino.
O cido L-ascrbico distribui-se amplamente em todos os tecidos do
organismo. Alguns tecidos, como a glndula suprarrenal, a hipfise e a retina, so
ricos em cido L-ascrbico (1 a 2 mg/g); outros como o fgado, os pulmes, o
pncreas e os leuccitos tm teores entre 0,1 a 1 mg/g. Ainda outros, como os
rins, os msculos e os eritrcitos tm pequenos teores de cido L-ascrbico
(Aranha et al. 2000).
3.6- DEGRADAO DO CIDO L-ASCRBICO IN VITRO.
O cido L-ascrbico pode ser facilmente oxidado e degradado,
dependendo de vrios fatores como pH, temperatura, luz e presena de enzimas,
oxignio ou catalisadores metlicos. A Figura 10 ilustra essa dependncia
(SANTOS, 2008).
Figura 10 - Fatores que afetam a degradao do cido L-ascrbico. Fonte: Santos
(2008).
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A causa primria de degradao do cido L-ascrbico a oxidao sob
condies aerbias, tanto por reaes enzimticas quanto no enzimticas.
Enzimas contendo ferro e cobre em seus grupos prostticos so as mais
eficientes no processo de destruio oxidativa da vitamina C. Existem pelo menos
quatro enzimas que ocorrem em frutas e que so as principais responsveis pela
destruio oxidativa da vitamina: cido ascrbico oxidase, fenolase, citocromo
oxidase e peroxidase. Apenas a enzima cido ascrbico oxidase causa oxidao
direta do cido L-ascrbico. A enzima fenolase cataliza a oxidao de mono e
dihidroxifenis, os quais mais tarde, com quinonas, reagem diretamente com o
cido ascrbico. A citocromo oxidase oxida o citocromo C e esta forma oxidada
reage com o cido ascrbico e a peroxidase, em combinao com compostos
fenlicos, utiliza perxido de hidrognio para efetivar a oxidao. (Fennema,
2000).
No processamento de frutas, o cido L-ascrbico pode reprimir o
escurecimento enzimtico pela reverso da oxidao dos polifenis em o-
quinonas, que atravs de polimerizao formam pigmentos escuros (Vieira et al.,
2000).
A degradao anaerbia do cido L-ascrbico relativamente insignificante
para a maioria dos alimentos. Esta forma de degradao adquire maior
importncia em produtos enlatados, como vegetais, tomates e suco de frutas,
aps a retirada do oxignio residual, mas mesmo nestes produtos a perda de
cido L-ascrbico atravs de mecanismos anaerbios muito lenta (Righetto,
2003).
Na maioria dos casos, a taxa de degradao anaerbia ser duas ou trs
vezes menor que aquelas de degradao oxidativa. Embora j destitudo de sua
importncia nutricional, as muitas reaes envolvidas na fase final de degradao
do ascorbato so importantes por causa do seu envolvimento na formao de
compostos de sabor ou precursores que participam no escurecimento no
enzimtico (Gregory, 1996).
O mecanismo de degradao do cido L-ascrbico pode diferir
dependendo da natureza do alimento ou do meio de reao. A degradao
catalizada por on metlico tem sido proposta como a responsvel pela formao
de um complexo ternrio produzido diretamente do cido deidroascrbico, sem a
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19
formao detectvel de um produto de oxidao produzido pela transferncia de
um eltron, um radical semideidroascorbato (Gregory, 1996).
Pela sua instabilidade, o cido L-ascrbico uma das vitaminas mais
suscetveis alterao no processamento das frutas, contribuindo para isso, alm
dos fatores j citados, o fato de ser hidrossolvel, a ao de lcalis e da enzima
oxidase do cido ascrbico, bem como traos de cobre e ferro. Sua conservao
favorecida em meio cido. Embora, de modo geral, a estabilidade da vitamina C
aumente com o abaixamento da temperatura e a maior perda se d durante o
aquecimento dos alimentos, existem casos de perda durante o congelamento ou
armazenamento em baixas temperaturas (Pinedo, 2007).
A velocidade da degradao oxidativa do cido L-ascrbico est
relacionada com as concentraes da espcie intermediria do
semideidroascrbico (AH), oxignio molecular e ons metlicos. Baixa
concentrao da espcie semideidroascrbico, elevadas concentraes de
oxignio molecular e de ons metlicos aumentam a velocidade de degradao do
cido L-ascrbico. O AH poder seguir duas vias. Ser oxidado para
deidroascorbato (DHA) e este regenerado para ascorbato por meio da
deidroascorbato redutase (DHA). Ou ser reduzido a ascorbato por meio da
monodeidroascorbato redutase (Fenemma, 2000).
O cido L-ascrbico o nutriente mais afetado pelo processamento de
frutas e vegetais, por isso sua reteno usada frequentemente como indicativo
da qualidade nutricional e at mesmo de conservao dos alimentos. Algumas
vezes, at mesmo interaes com outras substncias presentes no alimento
contribuem para a diminuio dos nveis de vitamina C (Rosa, 2005).
3.7- SNTESE DE CIDO L-ASCRBICO PELAS PLANTAS E SEU
PROCESSO DE REGENERAO E DEGRADAO IN VIVO
Nas plantas a vitamina C participa em uma variedade de processos
incluindo a fotossntese, foto proteo, crescimento da parede celular e expanso
celular, resistncia a estresse ambiental e sntese de etileno, giberilinas,
antocianinas e hidroxiprolina (Smirnoff e Wheeler, 2000).
Um gene defeituoso no genoma humano impede a produo da enzima L-
gulonalactona oxidase (GLO) e desta forma os seres humanos no conseguem
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transformar a glicose do sangue em cido ascrbico. A maioria dos mamferos
no primatas possui um mecanismo de retorno atravs do qual o fgado aumenta
a sntese de cido ascrbico em resposta a um "stress" fisiolgico. Insetos,
rpteis, alguns pssaros e peixes tambm no so capazes de sintetizar o cido
ascrbico (Pinedo, 2007). O mecanismo de biossntese do cido L-ascrbico nas plantas no bem
conhecido. Smirnoff (1996) sugere duas possveis rotas da biossintese do cido
L-ascrbico em plantas. Uma que o precursor imediato do cido L-ascorbico o
L-galactono-1,4 lactona e a outra que o D-glucosone e L-sorbosone. Altas
concentraes de cido L-ascrbico em cloroplastos levam a suposio de que
esta substncia possui um papel importante no sistema fotossinttico.
Smirnoff (1996) preconiza que os cloroplastos so pobres em catalases,
enzimas que convertem duas molculas de perxido de hidrognio em duas de
gua e uma de oxignio molecular sem necessidade de doador de H conforme as
peroxidases necessitam. Um destes doadores o cido L-ascrbico.
O cido L-ascrbico (vitamina C) um componente abundante nas plantas.
Ele atinge uma concentrao de mais de 20 m de cloroplastos e ocorre em todos
os compartimentos celulares, incluindo a parede celular. Smirnoff props funes
de fotossntese como um co-fator da enzima (incluindo a sntese de etileno,
giberelinas e antocianinas) e no controle do crescimento celular (Smirnoff, 1996).
A Figura 11 apresenta as possveis rotas da biossntese do cido L-ascrbico em
vegetais.
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21
Figura 11- Possveis rotas da biossntese do cido L-ascrbico em vegetais
(Smirnoff,1996). Fonte: (Smirnoff,1996).
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22
A Figura 12 apresenta a sntese do glicuronato e da vitamina C. O
glicuronosil empregado por uma famlia de enzimas detoxificadoras que agem
em uma larga variedade de drogas relativamente nopolares, toxinas do
ambiente e carcingenos. A conjugao dessas substncias com o glicuronato
chamada de glicuronao e as converte em derivados polares, que so mais
facilmente eliminados da circulao para a urina atravs dos rins. O D-
Glicuronato, formado pela hidrlise do UDP-glicuronato, o percussor do cido L-
ascrbico ou vitamina C. Embora a quantidade de glicose consumida nessas vias
secundrias seja muito pequena quando comparada com as grandes quantidades
de glicose que so metabolizadas atravs da gliclise e do ciclo do cido ctrico,
os produtos citados so vitais para o organismo (Lehninger et al., 2000).
Figura 12 Sntese do glicuronato e da vitamina C.
Fonte: (Lehninger et al., 2000).
Segundo Smirnoff (1996), a atividade de enzimas no ciclo do ascorbato
glutationa aumentada por deficincia hdrica e baixa temperatura nas plantas. A
Figura 13 ilustra equaes qumicas e as principais enzimas envolvidas na
formao e degradao de espcies ativas de oxignio (EAO's) em plantas com a
participao do ascorbato.
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23
Figura 13 Reaes qumicas e principais enzimas envolvidas na formao e
degradao das espcies ativas de oxignio (EAOs) nas plantas. Radical
monodeidroascrbico (MDA*).
Fonte: (Resende et al., 2003).
Hua-Yue Jin et al. (2003) estudaram a influncia de fatores ambientais nos
teores de cido L-ascrbico e atividade de enzimas envolvidas em seu processo
de oxirreduo em conferas. Nestas plantas, injrias provocadas pelo frio e falta
de gua so acompanhadas por um processo de aclimatao, desencadeando
um aumento da atividade da ascorbato peroxidase, enzima que inativa perxido
de hidrognio oxidando o cido L-ascrbico, mais que pelo aumento da atividade
de enzimas envolvidas no processo de regenerao do cido L-ascrbico. De
acordo com este estudo, a oxidao do cido L-ascrbico aumenta a capacidade
de defesa das conferas.
A radiao solar um fator que estimula a sntese de cido L-ascrbico
pelas plantas. Estudos descrevem que as folhas, quando expostas ao excesso de
luz, precisam dissipar o excedente de energia luminosa absorvida, de modo que
ele no prejudique o aparato fotossinttico. Existem vrias rotas de dissipao de
energia. Embora os mecanismos moleculares no sejam ainda totalmente
compreendidos, o ciclo da xantofila parece ser um caminho importante para a
dissipao do excesso de energia luminosa (Taiz e Zeiger, 2004). Um estudo
realizado por Gomes et al. (2002) observaram reduo de 17% no teor de cido
ascrbico em plantas com 75% de sombreamento, quando comparadas quelas
que no sofreram restrio da luz solar no mesmo perodo de observao.
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24
As condies climticas, incluindo a temperatura, tm uma influncia forte
na composio qumica dos vegetais. A parte exterior exposta luz solar contm
uma quantidade mais elevada da vitamina C do que a regio dentro da mesma
fruta. Em geral, quanto menor a intensidade de luz durante o crescimento, menor
ser o teor de cido L-ascrbico nos tecidos da planta. Em muitas frutas o
contedo de cido L-ascrbico aumenta durante o amadurecimento na rvore, em
outras o teor de cido L-ascrbico aumenta aps a colheita (Andrade, 1991).
3.8- TEORES DE CIDO L-ASCRBICO EM FRUTAS E DERIVADOS
INDUSTRIALIZADOS
O cido L-ascrbico ocorre em partes da planta em crescimento, mas est
ausente nas sementes. As frutas especialmente ricas em vitamina C so laranjas,
tangerinas, limes, cerejas, acerola, meles, abacaxi, mamo e goiaba. Os
legumes normalmente utilizados em saladas como tomate, couve, pimento e
brcolis tambm tm considervel quantidade de vitamina C (Pinedo, 2007).
Na tabela 1, so apresentados os teores mdios de vitamina C em
algumas frutas, determinados por meio da metodologia CLAE .
Tabela 1 - Teores de Vitamina C em frutas
FRUTAS NOME CIENTFICO VITAMINA C(mg/100g)
Mamo Formosa Carica papaya L 78,5
Kiwi Actindia chinensis 70,8
Morango Fragaria vesca,L 64
Laranja pra Citrus sinensis 53,7
Tangerina Ponk Citrus reticulata 49
Maracuj Passiflora edulis f.
flavicarpa
20
Banana, terra Musa sp subgrupo Terra 16
Banana, ma Musa sp subgrupo Gros
Michel
10,5
Abacate Persea americana Mill 9
Melancia Citrullus vulgaris Schrad 6
Fonte: Taco (2006).
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25
Existem alguns estudos comprovando a variao dos teores de vitamina C
em algumas variedades de frutas. Entretanto, nas tabelas de composio de
alimentos utilizadas no Brasil e em outros pases, por exemplo, a dos Estados
Unidos, os dados apresentados foram obtidos de anlises de amostras
compostas, no mostrando, portanto a faixa de variao na maioria das frutas
disponveis no comrcio para consumo (Taco, 2006).
Um trabalho desenvolvido sobre a estabilidade de cido L-ascrbico e
antocianinas em nctar de camu-camu, levou a concluir que o armazenamento do
nctar de camu-camu em temperatura ambiente tem efeito negativo sobre a
concentrao de cido L-ascrbico e pigmentos do tipo antocianinas. No entanto,
quando o nctar armazenado sob refrigerao, o cido L-ascrbico e as anto-
cianinas apresentam boa estabilidade. A exposio ou no do nctar luz no
teve efeito sobre os teores de cido L-ascrbico e antocianinas (Maeda et al.,
2007).
Pinheiro et al. (2006) avaliaram o teor de cido L ascrbico em sucos
integrais de abacaxi, caju e maracuj industrializado demonstrando que o abacaxi
apresentou uma faixa de variao de cido L-ascrbico de 5,8 a 14,1 mg/100g, o
caju 109,6 a 161,9 mg/100g e o maracuj 5,1 a 19,2 mg/100g.
Ao avaliar a estabilidade dos carotenides totais, antocianinas totais e
vitamina C do suco tropical de acerola adoado, elaborado pelos processos
enchimento a quente (garrafas de vidro) e assptico (embalagens cartonadas),
durante 350 dias de armazenamento em condies similares s de
comercializao (28 2) C, os teores de vitamina C decresceram com o tempo
de armazenamento em ambos os processos, no entanto esse decrscimo foi
superior em 35,95% para o processo assptico (Freitas et al., 2006).
Houve um estudo em 2004, sobre a vida de prateleira de produto elaborado
com garapa e suco de maracuj (5%), monitorando aceitao e teores de
vitamina C desta bebida comumente consumida entre universitrios da
UNICAMP. Aps pasteurizao, o produto foi resfriado, embalado em garrafas
PET (polietileno tereftalato) e armazenado sob refrigerao (4-6) C pelo perodo
de um ms. Os resultados da anlise sensorial indicaram que o produto (mistura
de garapa parcialmente clarificada-estabilizada com suco de maracuj) pode ser
elaborado e comercializado por at quinze dias sob refrigerao, pois as
condies do processo permitiram a manuteno da qualidade microbiolgica e
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26
sensorial. O teor de cido L-ascrbico manteve-se em bom nvel at o final da
estocagem, com perda de 20% em relao ao teor adicionado (Prati et al., 2004).
Em um trabalho que condicionou a perda da vitamina C nos alimentos a
vrios fatores, como: pH, presena de oxignio, luz, concentrao de sal e de
acares, aminocidos livres, atividade de gua e presena da enzima ascorbato-
oxidase, afirma que os seus teores tendem a diminuir com o aumento do tempo
de armazenamento e com a temperatura empregada no processamento industrial
(Wolkoff, 2004).
Lima et al. (2002) caracterizaram fsica e quimicamente frutos de umbu-
cajazeira em cinco estgios de maturao e observaram que o teor de cido
deidroascrbico variou de 4,0% a 32,0% do total de vitamina C nos cinco estgios
de maturao. A polpa congelada do umbu-caj apresentou um decrscimo de
31% do teor de vitamina C total (cido L-ascrbico + cido deidroascrbico).
Em um estudo feito por Nogueira et al., (2002) com aceiroleiras, verificaram
que houve efeito altamente significativo quanto poca (estao do ano), s
matrizes, aos estdios de maturao e interao poca x matrizes, dentre
outras variveis, com relao aos teores de vitamina C nas acerolas. O contedo
de vitamina C decresceu com a maturao do fruto, ou seja, os frutos verdes
apresentaram valores superiores aos encontrados nos frutos maduros,
independentemente da matriz estudada e da estao climtica, resultado este
tambm observado por outros pesquisadores. As perdas de vitamina C em
decorrncia do estdio de maturao dos frutos diferiram entre as matrizes e as
estaes do ano. Durante a maturao, a concentrao dessa vitamina decresceu
de 2.626 para 1.797 mg/100 mL de suco e de 2.576 para 1.561 mg/100 mL de
suco, em uma matriz, ao longo da estao seca e chuvosa, respectivamente. Em
outra matriz, essa variao situou- se entre 2.732 e 1.682 mg/100 mL de suco na
estao seca, e entre 1.753 e 865 mg/100 mL de suco no perodo das chuvas.
Nogueira et al., (2002) relataram que o sombreamento em acerolas reduziu
significativamente a produo de vitamina C, e que a exposio direta dos frutos
aos raios solares aps a colheita por mais de quatro horas causou perdas
significativas e frutos de plantas propagadas assexuadamente apresentavam
teores mais elevados que os produzidos por mudas de sementes. O teor de
vitamina C do fruto pode ainda variar em funo da poca da colheita.
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3.9- CAPACIDADE ANTIOXIDANTE NOS FRUTOS
Antioxidantes so compostos que podem minimizar a oxidao de lipdios
ou outras molculas, evitando o incio ou propagao das reaes em cadeia de
oxidao. A atividade antioxidante principalmente devida s suas propriedades
de oxidorreduo, as quais podem desempenhar um importante papel na
absoro e neutralizao de radicais livres, quelando o oxignio triplete e singlete
ou decompondo perxidos. Em geral, existem duas categorias bsicas de
antioxidantes: os naturais e os sintticos (Degspari e Waszczynskyj, 2005).
Alguns dos antioxidantes sintticos mais importantes so hidroxianisol de butila
(BHA) e o hidroxitolueno de butila (BHT) e entre os naturais destacam-se cido
L-ascrbico, vitamina E, -caroteno e os compostos fenlicos (Almeida et al.,
2006).
Os antioxidantes podem ser classificados em: antioxidantes primrios,
aqueles que interrompem a cadeia de reaes envolvidas na oxidao lipdica
atravs da doao de eltrons ou hidrognio aos radicais livres convertendo-os
em produtos mais estveis termodinamicamente, e antioxidantes sinergistas,
aqueles compostos que reduzem ou retardam a taxa de iniciao da oxidao por
decompor hidroperxidos (Naczk e Shahidi, 2004).
Diversos estudos tm demonstrado que o consumo de substncias
antioxidantes pode produzir uma ao protetora efetiva contra os processos
oxidativos que naturalmente ocorrem no organismo. Estas substncias tambm
esto ligadas com processos responsveis pelo envelhecimento do corpo (Melo e
Guerra, 2002).
Por apresentar atividade antioxidante, a vitamina C a primeira linha de
defesa contra radicais derivados do oxignio em meio aquoso. Essa vitamina
reage diretamente com superxidos, radicais hidroxilas e oxignio singlete. Tem
grande importncia fisiolgica devido sua participao em diversas funes no
organismo, como formao de tecido conjuntivo, produo de hormnios e
anticorpos, biossntese de aminocidos e preveno de escorbuto. considerado
um antioxidante fisiolgico verstil, pois pode exercer ao nos compartimentos
intra e extracelulares (Gonalves, 2008).
As frutas, reconhecidas fontes de vitaminas, minerais e fibras, so
alimentos nutricionalmente importantes da dieta. No entanto, nos ltimos anos,
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maior ateno tem sido dada a estes alimentos, uma vez que evidncias
epidemiolgicas tm demonstrado que o consumo regular de vegetais est
associado reduo da mortalidade e morbidade por algumas doenas crnicas
no transmissveis. O efeito protetor exercido por estes alimentos tem sido
atribudo presena de fitoqumicos com ao antioxidante (Melo et al., 2008).
De acordo com Andrade et al. (2002), existem poucas informaes sobre a
capacidade oxidante de frutos em diferentes fases de desenvolvimento. Esses
autores observaram que a capacidade antioxidante dos frutos aumenta com o
grau de maturao dos mesmos tais como amora, morango e framboesa. Apesar
desse aspecto nutricional relevante relacionando grau de maturao e
propriedades antioxidantes, geralmente o estgio de maturidade do fruto
baseado na cor superficial. A composio qumica do fruto varia naturalmente
com o grau de maturao e devido a fatores ambientais.
A presena de cidos orgnicos, principalmente cido L-ascrbico na polpa
de acerola, em um trabalho sobre caractersticas sensoriais e fsico-qumicas de gelias mistas de manga e acerola, pode ter contribudo para a proteo dos
carotenides. Ao comparar o teor de antocianinas da polpa de acerola com o das
gelias, verificou-se reduo desse pigmento. Vrios fatores podem ter
contribudo para a degradao desse pigmento, a exemplo da presena de
oxignio, de cido L-ascrbico, de hidroximetilfurfural, bem como o aquecimento
utilizado no processo (Maciel et al., 2009).
3.10- CONSIDERAES SOBRE A METODOLOGIA PARA DETERMINAO
DO CIDO L-ASCRBICO
Existem diversos mtodos analticos de quantificao dos teores de cido
L-ascrbico em alimentos. Na escolha do mtodo mais adequado para a
determinao de vitamina C nos alimentos se leva em considerao que a
vitamina C sensvel oxidao, frente aos fatores externos como: ar, luz,
condies alcalinas e calor; sendo facilmente destruda em prolongados perodos
de estocagem e processamento de alimentos. Devido a esta fcil degradao e
oxidao, para a determinao dos teores de vitamina C em alimentos, em
primeiro lugar a vitamina C deve ser estabilizada quando recm-extrada da
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matriz vegetal para obter altos nveis de recuperao e reprodutibilidade destes
teores (Rosa, 2005).
A estabilizao do cido deidroascrbico em soluo tambm requer timo
controle de pH, pois a hidrlise deste em cido 2,3 dicetogulnico muito
dependente do pH. Como em alimentos naturais o cido deidroascrbico est
presente em nveis baixos, a escolha de um mtodo de dosagem de vitamina C
total deve considerar o custo/benefcio dos resultados obtidos (Pinedo, 2007).
Devido instabilidade da vitamina C, relevante o manuseio meticuloso
na preparao das amostras, de modo a contribuir com a exatido e preciso dos
resultados.
3.10.1 - METODOLOGIA OFICIAL AOAC A titulao com 2,6-dicloroindofenol (2,6-D ou DCFI) baseia-se nos
princpios de oxirreduo considerando o cido L-ascrbico com carter redutor.
A volumetria de oxirreduo um mtodo prtico, rpido e de baixo custo. A
nica desvantagem na aplicao dessas tcnicas a interferncia de outras
substncias com caracterstica redutora que com isso pode influenciar no valor
exato dos resultados, tais como, alguns metais (Fe+2, Cu+1,SO2, SO3 ,entre outros)
(Cuniff, 1998).
O mtodo DCFI muito utilizado para amostras de frutas. Usa-se a adio
de cidos orgnicos na extrao de amostras para prevenir a degradao da
vitamina C. O DCFI sdico um sal preparado com NaHCO3 para que pH da
soluo fique alcalino. Este mtodo baseia-se na reduo do 2,6-dicloroindofenol
(DCFI), de cor roxa, pelo cido L-ascrbico em meio cido, tornando-se incolor. O
ponto final de titulao verificado quando todo o cido L-ascrbico presente foi
oxidado e a soluo DCFI, no reduzida, confere colorao rosada soluo
(Souza, 2004).
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4. MATERIAIS E MTODOS
O trabalho foi realizado no Laboratrio de Tecnologia de Alimentos (LTA) do
Centro de Cincias e Tecnologias Agropecurias (CTAA) da Universidade
Estadual Norte Fluminense (UENF), Campos dos Goytacazes RJ, no perodo de
abril a novembro de 2010.
4.1 MATRIA-PRIMA
4.1.1 - FRUTAS IN NATURA
Foram avaliados 9 tipos de frutas frescas de diferentes variedades,
adquiridos no comrcio varejista da cidade de Campos dos Goytacazes RJ, no
perodo de abril a novembro 2010. A Tabela 2 apresenta as frutas analisadas com identificao e local de coleta.
As frutas foram lavadas, descascadas e trituradas com agentes
estabilizadores (cido oxlico 1%), para evitar que o cido L-ascrbico fosse
oxidado. Um exemplar maduro de cada fruta (ou quantidade suficiente,
dependendo do tipo de fruta, para fazer, no mnimo, 20 mL de suco) foi
transformado em suco por meio da triturao em liquidificador durante 30
segundos, exceto a laranja e o limo cujos sucos foram preparados por meio de
espremedor de frutas.
Tabela 2: Frutas analisadas, variedade e local de coleta
Frutos
Variedades Local de coleta
Abacaxi prola Hortifruti Palmeiras Varejo hortifruti
Mercado municipal Laranja Pra Hortifruti Palmeiras
Varejo Hortifruti Mercado Municipal
Limo Tahiti Hortifruti Palmeiras Varejo Hortifruti
Mercado Municipal Ma Gala Hortifruti Palmeiras
Varejo Hortifruti
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Mercado Municipal Mamo Formosa Hortifruti Palmeiras
Varejo Hortifruti Mercado Municipal
Manga Palmer Hortifruti Palmeiras Varejo Hortifruti
Mercado Municipal Maracuj Passiflora Hortifruti Palmeiras
Varejo Hortifruti Mercado Municipal
Melancia Diplide(com semente) Hortifruti Palmeiras Varejo Hortifruti
Mercado Municipal Morango Diamante Hortifruti Palmeiras
Varejo Hortifruti Mercado Municipal
4.1.2 - PREPARAO DOS SUCOS
Foram preparados sucos de abacaxi, laranja, limo, ma, mamo, manga,
maracuj, melancia e morango puros, e com adio dos extratos das hortalias ou
entre frutas. Foi utilizado liquidificador domstico (potncia 500W, velocidade 2),
com diferentes tempos de batimento, nos sucos de abacaxi, de maneira
semelhante e na proporo com que so usualmente preparados no cotidiano.
Cada suco foi feito em trs repeties, isto , foram feitos trs sucos de
cada tipo, sendo as matrias-primas compradas em dias e estabelecimentos
diferentes. A seleo das frutas e hortalias foi feita aleatoriamente e s
compradas no dia do preparo dos sucos. Na Tabela 3 mostrado o modo de
preparo dos extratos dos sucos. Os extratos das frutas foram divididos em partes
iguais para o preparo dos sucos puros e misturados.
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32
Tabela 3: Modo de preparo dos extratos das matrias-primas para a fabricao
dos sucos puros e misturados de diversas frutas.
Suco Quantidade
de fruta/suco
Quantidade
de gua
filtrada (mL)
Rendimento
(mL)
Observao
(Se houver)
Abacaxi batido
por 5, 8, 10, 15
e 20 minutos
300 500 700
Extrato de
hortel para o
suco de abacaxi
3 g
(10 folhas)
50 60
Laranja 380 mL 0 380
Extrato de
cenoura para os
sucos de laranja
e de Mamo
100 g
100
120
Extrato coado
Mamo 390 g 500 900
Limo 200mL
( 5 unidades)
500 200 Duas pores:
coado e no
coado
Couve 16g
(uma folha)
100 100
Extrato coado
Melancia pura 200 g 100 300 Retirada das
sementes
Morango 100 g 150 300
Ma 200g 200 300
Manga .300g 300 500
Maracuj, 200g 400 500 Extrato coado
Hortel 5,6g
(20 folhas)
100 100
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Os extratos das frutas foram divididos em partes iguais para o preparo dos
sucos puros e misturados, conforme a Tabela 4.
Tabela 4: Modo de preparo dos sucos.
Suco Quantidade de extratos
(mL)
Quantidade de gua (mL)
Abacaxi 350 50
Abacaxi / hortel 350/50 0
Laranja 190 120
Laranja / Cenoura 190/120 0
Mamo 450 120
Mamo / Cenoura 450/120 0
Limo coado 300 100
Limo coado / Couve 300/100 0
Limo no coado 300 100
Limo no coado / Couve 300/ 100 0
Ma 100 100
Melancia 100 100
Morango 100 100
Ma / Melancia 100 / 100 0
Ma / Morango 100 / 100 0
Melancia / Morango 100 / 100 0
Manga 165 165
Maracuj 165 165
Manga / Hortel 165 / 50 115
Manga / Maracuj 165 / 165 0
Maracuj / Hortel 165 / 50 115
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4.2- ANLISES FSICO-QUMICAS
Os teores de cido L-ascrbico, slidos solveis e pH foram determinados
imediatamente aps o preparo dos sucos ( tempo zero) e 2:00 h, 4:00 h, 6:00 h,
8:00 h, 24:00 h e 26:00 horas, aps o preparo dos mesmos que ficaram
armazenados sob refrigerao e ausncia de luz entre 5 e 7C. As anlises foram
realizadas em duplicatas. A ausncia de luz foi garantida, pois ao fechar a
geladeira apaga-se a luz interna.
4.2.1 ANLISE DO CIDO L-ASCRBICO
Os teores de cido L-ascrbico foram determinados por meio de titulao
com 2,6 dicloroindofenol (Cuniff, 1998), substituindo o cido metafosfrico por
cido oxlico 1%, conforme (Souza, 2004; Nogueira et al, 2002).
Este mtodo baseia-se na reduo do 2,6-dicloroindofenol (2,6D), de cor
roxa, pelo cido L-ascrbico em meio cido, tornando-se incolor. O ponto final de
titulao verificado quando todo o cido ascrbico presente foi oxidado e a
soluo 2,6D, no reduzida, confere colorao rosada soluo. O mesmo
procedimento foi repetido para o ensaio em branco, substituindo a soluo
padro de vitamina C, por gua destilada. O valor mdio das titulaes com
soluo padro, subtrado do branco foi o ttulo da soluo 2,6D. O resultado foi
expresso em mg/100g de amostra para a fruta in natura e mg/100mL para os
sucos.
4.2.2 ANLISE DE SLIDOS SOLVEIS (Brix)
Uma pequena alquota da polpa( fruta in natura) foi filtrada em algodo e
gotejada na superfcie do prisma do refratmetro digital, modelo PAL-1, marca
ATAGO. O mesmo foi feito para os sucos, porm utilizando um conta-gotas. O
ndice de refrao obtido foi convertido automaticamente pelo equipamento
porcentagem de slidos que teria uma soluo de sacarose quimicamente pura
de igual densidade.
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4.2.3 ANLISE DO pH
Foi determinada por imerso direta do eletrodo do pHmetro modelo WTW
pH 330/Set-1 com correo automtica dos valores em funo da temperatura, na
polpa triturada e homogeneizada de cada fruta, e nos respectivos sucos.
4.2.4 - ANLISE ESTATSTICA
Foram comparados os teores de vitamina C nos sucos puros, e com adio
dos extratos das hortalias ou entre frutas imediatamente, aps o preparo. Para
comparar a estabilidade da vitamina C durante o armazenamento foi calculado os
teores de vitaminas C degradadas, em cada perodo de tempo. Estes teores
foram calculados pela diferena entre os teores de vitamina C detectados em dois
tempos consecutivos (tempo zero - aps duas horas; 2horas 4horas, etc.)
Os testes utilizados foram Anlise de Varincia, a 5% de probabilidade
(ANOVA), e nos casos em que se detectou que havia diferena entre pelo menos
duas formulaes, foi realizado o teste de Tukey a 5% de significncia. Quando o
nmero de sucos comparados era superior a dois. Estas anlises foram
realizadas no programa SAS - Statistical Analysis System, verso 9.3.
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5 - RESULTADOS E DISCUSSO
5.1 - VARIAO DOS TEORES DE VITAMINA C, SLIDOS SOLVEIS E pH
EM FRUTAS
A Tabela 5 apresenta a concentrao mdia de vitamina C, pH e teores de
slidos solveis nas frutas, bem como as faixas de variao (amplitude). Os
teores de slidos solveis e pH esto condizentes com os detectados por outros
autores e confirmam que as frutas estavam nos estdios de maturao
adequados para consumo.
Tabela 5: Valores mdios e amplitude dos teores de Vitamina C, (mg/100 gramas), pH e slidos
solveis (Brix) das frutas in natura
Frutas
(in natura)
Vitamina C
DP
Amplitude pH
DP
Amplitude Slidos
solveis
DP
Amplitude
Abacaxi 26,3 7,4 18,5 - 33,1 3,4 0,1 3,3 - 3,5 13,3 2,4 10,5 - 15,0
Laranja 38,7 9,9 27,3 - 45,0 3,2 0,4 2,8 - 3,5 9,9 0,2 9,7 - 10,1
Limo 23,6 3,7 19,4 - 26,2 2,1 0,7 1,3 - 2,7 8,1 1,9 6,0 - 9,6
Ma 1,8 0,5 1,49 - 2,4 4,0 0,3 3,7 - 4,4 11,6 1,4 10,2 - 13,1
Mamo 31,3 6,8 26,1 - 38,9 5,4 0,1 5,2 - 5,5 9,7 0,9 8,6 - 10,3
Manga 8,3 1,6 6,4 - 9,3 4,6 0,3 4,4 - 4,9 11,4 0,4 11,0 - 11,8
Maracuj 29,6 7,9 23,3- 38,5 2,8 0,03 2,8 - 2,9 12,4 0,4 12,1 - 12,9
Melancia 10,1 1,2 8,9 - 11,3 5,5 0,1 5,4 - 5,5 10,5 0,5 10,0 - 11,0
Morango 41,7 4,3 37,6 - 46,2 3,2 0,1 3,1 - 3,3 5,4 1,3 4,3 - 6,8
*O teor mdio r