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TEORIA DA CONTABILIDADE Profª. Josiane Brighenti, Me. Chapecó, 2016.

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TEORIA DA CONTABILIDADE

Profª. Josiane Brighenti, Me.

Chapecó, 2016.

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Elaboração: Josiane Brighenti, Me.

Propriedade da Unidade Central de Educação FAEM – Faculdades

UCEFF – Faculdades

FICHA CATALOGRÁFICA

B855c Brighenti, Josiane

Teoria da contabilidade/ Josiane Brighenti – Chapecó, SC:

Unidade

Central de Educação Faem Faculdade/UCEFF, 2016.

48 p.

Conteúdo online

1. Teoria da contabilidade. 2. Contabilidade – normas e princípios

I. Título

CDD 657.042

Catalogação elaborada por Sara Weschenfelder CRB 14/1147

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Teoria da Contabilidade.

Profª. Josiane Brighenti, Me.

A disciplina de teoria da contabilidade compreende aspectos relacionados à história e

evolução da contabilidade no Brasil e no mundo. Aborda o objeto e o objetivo da

contabilidade, bem como seus princípios, usuários, dentre outros aspectos relacionados à

conceituação dos elementos das demonstrações contábeis e sua evidenciação.

Disciplina

72 horas/aula, correspondente a (04) créditos.

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Como utilizar esta apostila

Algumas sugestões para facilitar seu estudo nesta disciplina:

Faça um planejamento de seus estudos e tarefas (cronograma);

Organize seu tempo e seus horários de estudos;

Leia cada texto quantas vezes forem necessárias;

Se preferir, forme com seus colegas grupos de estudos;

Se estiver com dúvidas procure seu professor da disciplina;

Você ainda terá oportunidade de aprofundar os conteúdos, esclarecer as dúvidas

socializar o conhecimento adquirido e integrar-se no período de aulas.

Apresentação da apostila

Esta apostila tem a finalidade de facilitar o estudo dos estudantes do curso de

Ciências Contábeis na disciplina de Teoria da Contabilidade.

Este material aborda os aspectos históricos da contabilidade, evolução,

princípios contábeis, usuários das informações contábeis, bem como assuntos

relacionados ao aspecto patrimonial.

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APRESENTAÇÃO

Olá Acadêmico (a)!

As transformações no mercado estão forçando as organizações e os profissionais a

buscarem alternativas para manter a competitividade.

Neste sentido, a Faculdade Empresarial de Chapecó está continuamente buscando a

atualização de suas práticas pedagógicas de Ensino/Aprendizagem, inserindo disciplinas

semipresenciais como prática qualificadora de modernas formas de garantir a aprendizagem.

O moderno deve conviver com o tradicional, por quanto à forma tradicional foi a que

garantiu o sucesso de nossas ações até o presente momento, portanto a contribuição da

vivência presencial, com discussões do grupo no espaço privilegiado da sala de aula, deve ser

preservada e potencializada.

As disciplinas semipresenciais, oferecidas pela Faculdade Empresarial de Chapecó,

estão legalmente fundamentadas na portaria MEC Nº 4.059 de 10 de dezembro de 2004 (DOU

de 13/12/2004, seção 1, p.34), garantindo assim o necessário amparo legal para dar

tranquilidade e segurança à comunidade acadêmica.

Todo o material de apoio, disponibilizado aos alunos, são produzidos pelos

professores titulares das respectivas disciplinas, selecionando os conteúdos mais apropriados

para contemplar a ementa e, ao mesmo tempo em que traz à discussão temas atuais e

relevantes para o contexto profissional em que o acadêmico está inserido, atua como agente

transformador das formas educacionais.

A busca pelo conhecimento vai além da sala de aula, é o interesse do aluno em

aprofundar o conteúdo estudado que faz das disciplinas semipresenciais o grande avanço no

meio estudantil.

O conhecimento é o sustentáculo da sociedade moderna, o aperfeiçoamento do ser

humano e o crescimento enquanto acadêmicos faz com que o ganho com o aprendizado seja

muito maior do que possa ser mensurado por qualquer instrumento de medida.

Assim, inicia-se mais um semestre, com novos conteúdos e novas formas de aplicação

do conhecimento. Aproveite, pois você faz parte de um grupo seleto de pessoas que tem a

oportunidade de estar estudando.

Bons Estudos!

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ÍNDICE

1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA CONTABILIDADE ........................................................ 8

1.1 BASE HISTÓRICA .............................................................................................................. 8

1.1.1 Eventos históricos e seus impactos na contabilidade ........................................................ 8

1.1.2 Escolas ou doutrinas da contabilidade ............................................................................. 10

1.2 EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE NO BRASIL ........................................................ 17

1.2.1 Divisão histórica da contabilidade brasileira ................................................................... 20

1.3 A CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA ......................................................................... 22

1.4 A CONTABILIDADE NO SÉCULO XXI ........................................................................ 24

1.4.1 As organizações no atual contexto econômico ................................................................ 25

1.4.2 Novas concepções contábeis ........................................................................................... 26

1.5 CAMPO DE APLICAÇÃO DA CONTABILIDADE ....................................................... 28

1.6 USUÁRIOS DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS .......................................................... 28

2 PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE .............................................................................. 30

2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PRINCÍPIOS CONTÁBEIS ......................................... 30

2.2 PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE CONFORME RESOLUÇÃO CFC Nº 1.282/2010

.................................................................................................................................................. 31

2.2.1 Princípio da entidade ....................................................................................................... 31

2.2.2 Princípio da continuidade ................................................................................................ 32

2.2.3 Princípio da oportunidade ................................................................................................ 32

2.2.4 Princípio do registro pelo valor original .......................................................................... 32

2.2.5 Princípio da competência ................................................................................................ 34

2.2.6 Princípio da prudência ..................................................................................................... 34

3 ESTRUTURA CONCEITUAL BÁSICA ........................................................................... 35

3.1 NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE ........................................................ 35

3.2 ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ................................................ 37

3.3 ASPECTOS DO PATRIMÔNIO ....................................................................................... 37

3.3.1 Ativo e sua avaliação ....................................................................................................... 38

3.3.2 Passivo e sua mensuração ................................................................................................ 39

3.3.3 Patrimônio líquido ........................................................................................................... 40

3.4 RECEITAS E DESPESAS ................................................................................................. 41

3.4.1 Receitas e ganhos............................................................................................................. 41

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3.4.2 Despesas e perdas ............................................................................................................ 42

4 CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .. 44

4.1 COMPREENSIBILIDADE ................................................................................................ 44

4.2 RELEVÂNCIA E MATERIALIDADE ............................................................................. 44

4.3 CONFIABILIDADE E FIDEDIGNIDADE ....................................................................... 45

4.4 COMPARABILIADADE ................................................................................................... 46

5 EVIDENCIAÇÃO DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS ............................................... 47

5.1 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS PARA USUÁRIOS EXTERNOS ....................... 47

5.2 RELATÓRIOS GERENCIAIS........................................................................................... 48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 49

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1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA CONTABILIDADE

A contabilidade tem por função assegurar o controle patrimonial das organizações,

com o intuito de oferecer informações sobre a composição do patrimônio, bem como acerca

das variações que ocorrem e do resultado econômico das atividades desenvolvidas pelas

entidades.

Neste sentido, pode-se dizer que o objeto da contabilidade é o estudo do patrimônio

das entidades no que tange aos seus aspectos qualitativos e quantitativos. Já o objetivo da

contabilidade é o de fornecer informações como suporte à tomada de decisão dos usuários

internos e externos das entidades (ECKERT, 2011).

1.1 BASE HISTÓRICA

A contabilidade, desde os tempos mais primitivos, sempre esteve presente na vida das

pessoas. A forma que a contabilidade se apresentava no inicio da civilização era sob o aspecto

do controle, ou seja, os homens a utilizavam para controlar seu patrimônio e assim tomar

decisões.

Com o surgimento dos reinados e monarquias, a preocupação era com o controle das

riquezas e dos armamentos, dessa forma, a contabilidade se fazia presente, auxiliando nesse

controle.

Em toda a história surgiram evidências de quão antiga é a contabilidade. De acordo

com Coelho e Lins (2010), por meio de estudos arqueológicos realizados na Suméria e na

China, identificaram-se sistemas contábeis que parecem ter existido em 2000 a. C.

Para os historiadores a Bíblia Sagrada também apresenta diversos fatos que remetem à

existência de controles sobre o patrimônio, principalmente do rebanho de gado e de carneiros.

No Egito e na Grécia também ocorreram eventos semelhantes que denotam a existência da

contabilidade, está que contribuiu para o desenvolvimento das nações nos tempos antigos.

1.1.1 Eventos históricos e seus impactos na contabilidade

Muitos eventos contribuíram para o desenvolvimento da contabilidade desde os

tempos antigos até a atualidade. Um dos fatos revolucionários, que possibilitou o

melhoramento dos controles contábeis foi o surgimento da moeda. Com a criação da moeda,

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os negócios foram se aprimorando, a exemplo da troca de mercadorias, em que houve uma

atribuição de valor aos produtos facilitando a medida de qualidade.

As primeiras moedas que tiveram sua criação historicamente comprovada, foram na

Ásia e na Grécia, por volta do século VI a. C. A partir daí a cunhagem das moedas se tornou

oficial e passou a ser feita pelo Estado e passaram a ser utilizadas por todos os cidadãos. A

disseminação do uso das moedas oficiais contribuiu para a organização dos controles dos

países, interferindo também no desenvolvimento da contabilidade (COELHO; LINS, 2010).

Outro fator que impulsionou a contabilidade foi a grande utilização de números e o

desenvolvimento dos cálculos matemáticos. O desenvolvimento das civilizações e as

melhorias na estruturação das sociedades ocasionaram um maior volume financeiro dos

negócios e da quantidade de produtos negociados, necessitando assim de formas mais eficazes

de controles, e graças à utilização da matemática isso era possível (COELHO; LINS, 2010).

O Renascimento, período ocorrido entre os séculos XV e XVI, iniciou-se na Itália e

se estendeu por toda a Europa e representou uma transformação cultural, social, econômica,

política e religiosa que caracterizaram a transição do Feudalismo para o Capitalismo. Nesse

período ocorreu a expansão do comércio bem como o surgimento de organizações

empresariais melhor estruturadas. Diante deste contexto é que a contabilidade assumiu um

caráter científico, iniciando-se os estudos e formulações de teses, conceitos e teorias

(COELHO; LINS, 2010).

Outro evento importante para o desenvolvimento da contabilidade foi o surgimento

dos bancos. Há indícios de tempos remotos que indicam a existência de atividades bancárias

em lugares como na Babilônia, na Fenícia, na Grécia, em Roma. No entanto, o grande

desenvolvimento da atividade bancária somente ocorreu no período do Renascimento, em

razão da expansão do comércio, quando surgiram os primeiros banqueiros e os

estabelecimentos bancários.

A descoberta do caminho das Índias, somado à chegada dos europeus à América,

originou o surgimento de grandes potências comerciais, tornando as necessidades de controles

mais complexas. O aumento dos valores de negócios fez com que a atividade bancária fosse

imprescindível para a guarda das riquezas, principalmente ouro e pedras preciosas (COELHO;

LINS, 2010).

Com a expansão do comércio, as corporações que inicialmente eram familiares, se

modificaram provocado a modificação também da visão do negócio, que deixou de ser visto

como fonte de subsistência da família ou de um determinado grupo, e passou a ser dar ideia

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de lucro. Passou-se então a ocorrer investimentos em maior volume na expectativa de maior

retorno sobre o investimento.

O Renascimento foi um período em que ocorreram muitas descobertas em diferentes

áreas e surgiram inúmeros personagens e figuras importantes da história. Nesse cenário surgiu

um matemático que impulsionou de forma significativa à contabilidade para que alcançasse o

status de ciência, foi o Frei Luca Bartolomeo de Pacioli.

Luca Pacioli era teólogo e matemático, em 1494 publicou um livro intitulado La

summa de arithmetica, geometria, proportioni et proprortionalitá. Este livro era um tratado

matemático em que apresentou uma explicação didática de uma forma de controle contábil

que se baseava em um método denominado Partidas Dobradas – para todo débito, existe um

crédito de igual valor; não existe débito sem crédito. O livro de Pacioli ampliou a

abrangência do conhecimento contábil, possibilitando a elaboração de teorias como propostas

de soluções de problemas que existiam na época (COELHO; LINS, 2010).

Seguindo os acontecimentos que marcaram a evolução da contabilidade tem-se a

revolução industrial, iniciada na Inglaterra na segunda metade do século XVIII. A partir da

revolução industrial, o capitalismo tornou-se ainda mais evidente, propiciando um ambiente

propício para o aprimoramento da contabilidade, desenvolvendo-se também sob o aspecto de

controle de custos e não apenas de patrimônio.

No século XX os Estados Unidos despontaram como grande referência na

contabilidade, desenvolvendo estudos sistematizados sobre os aspectos contábeis, fazendo

com que aflorassem uma série de avanços contábeis.

1.1.2 Escolas ou doutrinas da contabilidade

Com a disseminação dos conhecimentos contábeis, os estudiosos e pesquisadores

deram inicio a um arcabouço teórico capaz de fundamentar a ciência contábil tal qual se

conhece hoje. Nesta época, no entanto, não havia ainda um consenso em muitas questões

contábeis, ocasionando muitas divergências de opinião (COELHO; LINS, 2010).

Desta forma, conceitos e teorias ensinadas e defendidas por uma determinada corrente

de pensadores, conhecida como escola, eram geralmente combatidas por defensores de outra

corrente. Cada uma dessas escolas, cada qual com suas linhas de pensamento, foram

elementares na sedimentação da contabilidade.

De acordo com Eckert (2011) o desenvolvimento científico da contabilidade teve seu

inicio na Europa, mais precisamente na Itália, difundindo-se posteriormente pela França,

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Alemanha e Inglaterra. No entanto, a partir do século XX o continente europeu foi perdendo

sua hegemonia para os Estados Unidos. Tal fato ocorreu em razão de que os estudos europeus

se ativeram em demonstrar a contabilidade como ciência, com um discurso excessivamente

acadêmico, esquecendo-se das reais necessidades de informação contábil aos usuários. Já os

norte-americanos focaram em relacionar a teoria à prática, visando um aspecto informacional

para a tomada de decisão.

As primeiras escolas de pensamento contábil foram as europeias, posteriormente

surgiram as norte-americanas, conforme verifica-se a seguir.

1.1.2.1 Escola contista

Surgiu no século XV, especialmente com a obra de Luca Pacioli, suas teorias

permaneceram praticamente inalteradas até o século XVIII. Nesta linha de pensamento, a

preocupação primordial era o funcionamento das contas contábeis, já que para o contismo as

contas eram o objeto de estudo da contabilidade. Esta escola teve grande influencia em

contadores italianos e franceses (COELHO; LINS, 2010).

No entanto, essa corrente de pensamento perdeu influência entre os estudiosos da

ciência contábil em razão da falta de embasamento científico de seus conceitos. Em resumo, a

conta não é causa, mas o efeito que expressa o fenômeno patrimonial. Desta forma, uma

ciência não se dedica ao estudo do efeito, e sim da causa como objeto de observação,

elaboração e análise (ECKERT, 2011).

Mesmo não sendo considerada uma corrente científica, foi a escola pioneira no estudo

das contas contábeis. Dois dos principais líderes do comtismo, conforme citam Coelho e Lins

(2010) foram Degranges e Giuseppe Bornaccini. Com o enfraquecimento da escola contista,

desenvolveu-se a corrente personalista que a substituiu entre os intelectuais da época.

1.1.2.2 Escola personalista

Essa corrente, também conhecida como Toscana, surgiu em reação aos pressupostos

da escola contista, aderindo ao princípio da personificação das contas, com o objetivo de

explicar as relações de direitos e de obrigações.

As proposições dessa escola de pensamento contábil estão baseadas na

responsabilidade pessoal entre os gestores e a substância patrimonial da entidade, com foco

no aspecto administrativo (ECKERT, 2011).

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Ainda conforme Eckert (2011) o personalismo teve sua origem científica com o

francês Vannier em 1844. O maior líder dessa escola foi Giuseppe Cerbori e o maior

intelectual foi Giovanni Rossi (COELHO; LINS, 2010).

1.1.2.3 Escola administrativa ou lombarda

Essa escola, também conhecida como materialista ou materialista substancial,

originou-se no norte da Itália, no século XIX, tendo como um de seus principais líderes

Francesco Villa (COELHO; LINS, 2010).

Ainda de acordo com Coelho e Lins (2010) a administração das entidades passou a ser

amplamente estudada pelos estudiosos de contabilidade, com isso, essa corrente de

pensamento entendia que a implementação de qualquer empresa deveria ser precedida por um

estudo de viabilidade econômica. Além disso, também se fazia necessário projetar um retorno

sobre o capital investido e estabelecer um plano de marketing.

Baseando-se nesses pressupostos, a contabilidade deveria interpretar a dinâmica das

empresas e voltar-se ao controle da gestão.

1.1.2.4 Escola controlista ou veneziana

Essa corrente de pensamento contábil teve Fábio Besta como uma das figuras

principais. Conforme Coelho e Lins (2010) nessa escola a contabilidade era entendida como a

ciência do controle econômico, e era dividida em:

Gestão: visa a administração do patrimônio;

Direção: busca a harmonia entre administração econômica e as relações

internas e externas da entidade;

Controle: visa impedir o desperdício, antes, durante e depois. Este era o papel

da contabilidade.

O controle era entendido sob três aspectos: Controle antecedente; Controle

concomitante e; Controle subsequente.

A primeira forma de controle, antecedente, já é previamente estabelecido, se expressa

por meio de estatutos, contratos, notas, apólices, inventários e demonstrações. Já o controle

concomitante se controla a vigilância por quem exerce o comando, é expresso por meio das

decisões de gerenciamento de um negócio, fichas, etc. Por fim, o controle subsequente é o

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exame dos fatos contábeis que ocorreram durante a gestão, compreendendo as demonstrações

contábeis e as prestações de contas (ECKERT, 2011).

1.1.2.5 Escola reditualista

Esta escola se destaca por sua corrente de pensadores, principalmente na Alemanha,

tendo como maior ícone Eugen Schmalenbach. Seu principal objeto de estudo é o resultado

(lucro ou prejuízo) de uma empresa (ECKERT, 2011).

Seus estudos trouxeram grande contribuição à contabilidade, visualizando a dinâmica

dos elementos que movimentavam a riqueza patrimonial, associando-a ao ciclo operacional e

não ao ano calendário. Seus defensores preocupavam-se em estudar esta dinâmica,

desprezando as estruturas dos elementos do patrimônio, o que causou a inconsistência em

suas propostas (COELHO; LINS, 2010).

Esta escola entendia que a entidade deveria medir o lucro de um produto considerando

o início e fim de seu processo produtivo, ou seja, com a referida venda. Essa linha de

pensamento não ganhou força como escola, visto que, inúmeros simpatizantes das

enunciações propagadas pelos estudiosos reditualistas criticavam seu objeto de estudo

argumentando que o resultado é efeito da dinâmica patrimonial e não a sua causa (COELHO;

LINS, 2010).

1.1.2.6 Escola matemática

A Escola matemática surgiu em 1901, através do estudioso italiano Giovanni Rossi, e

para ele a contabilidade era uma ciência matemática na sua essência. Sendo vista como uma

contabilidade centrada no registro contábil, e não no estudo de sua gestão ou fenômeno

patrimonial, como outras escolas engajavam-se (COELHO; LINS, 2010).

Esta escola não evoluiu por diversas razões, mas, sobretudo por não visar a associação

da contabilidade com outras áreas afins, como administração e economia, que estavam em

ênfase naqueles tempos, tanto na Europa como nos Estados Unidos.

1.1.2.7 Escola norte-americana

Diferente dos demais países, o desenvolvimento da Escola norte-americana, nos

Estados Unidos, adveio através de seu arcabouço de teoria contábil baseado no trabalho em

equipe, juntamente às associações profissionais (ECKERT, 2011).

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Desde o princípio tiveram grande preocupação com os usuários da informação

contábil, e pautavam todas as suas iniciativas na expectativa de tornar as informações da

contabilidade úteis para a tomada de decisões.

Durante o século XX, ocorreram diversas fusões, cisões, e mudanças na estrutura das

entidades contábeis, porém, os profissionais norte-americanos sempre buscaram a praticidade

no momento de decidir questões que afligiam o mercado, os contadores e demais usuários da

contabilidade na época, e com esta proposta de trabalho impetraram êxito no desenvolvimento

da ciência contábil (COELHO; LINS, 2010).

1.1.2.8 Escola neocontista ou materialista

Iniciada no século XX, esta escola de pensamento obteve grande êxito na Europa,

especialmente na França. Seu objetivo era restituir o verdadeiro objeto da contabilidade, que

era considerado por ela, a riqueza patrimonial (COELHO; LINS, 2010).

As proposições desta escola referem-se, na verdade, a uma evolução nas ideias

disseminadas pela Escola contista, disseminando a teoria da valorização das contas

patrimoniais, abordando-as como principal instrumento na mensuração e quantificação da

riqueza patrimonial (ECKERT, 2011).

Para os neocontistas, a contabilidade visa acompanhar o progresso do patrimônio a fim

de ter conhecimento não só do que compõe o patrimônio, mas também saber seu valor.

Conforme Coelho e Lins (2010) essa escola de pensamento procurou classificar as

contas, que passaram a se subdividir em dois grupos:

As contas elementares: bens patrimoniais;

As contas derivadas: patrimônio líquido e suas variações.

1.1.2.9 Escola alemã

A Alemanha foi um país que também desenvolveu uma forte estrutura contábil. E

principalmente a partir de 1919, concentrando-se fundamentalmente no estudo de duas

disciplinas – a teoria econômica das empresas (economia da empresa) e a contabilidade

(sistema de cálculo) –, desenvolveu uma série de proposições teóricas que, como as demais

correntes de pensamento até então apresentadas, também originaram subsídios para o

progresso da estrutura contábil tal como a conhecemos no presente momento (COELHO;

LINS, 2010).

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Essa escola procurou unir conhecimentos da área econômica com a contabilidade,

onde a Economia estudava a constituição e a vida das organizações, e a Contabilidade era

considerada como conjunto de registros para fornecer subsídios de gestão.

As teorias por ela envolvidas continham relação direta com o balanço e demais

relatórios tanto no que diz respeito a sua estática (confronto inicial e final do balanço), quanto

a sua dinâmica (fornecimento da apuração do resultado do exercício).

1.1.2.10 Moderna escola italiana (aziendalista)

Corrente de pensamento contábil que surgiu em 1922, após a proposição da chamada

economia aziendal, concretizada pelo estudioso italiano Gino Zappa. Para esta proposição, a

contabilidade é reconhecida como a ciência da administração econômica das organizações e

estuda não só resultados de uma gestão, mas também seus princípios e composição harmônica

das pessoas daquela entidade (COELHO; LINS, 2010).

Em sua concepção, as aziendas se compõem de dois elementos essenciais: as pessoas

(elemento humano) e a riqueza (patrimônio). Para alguns estudiosos da contabilidade, a

corrente aziendalista cometeu o mesmo erro dos personalistas. Enquanto estes mantinham o

foco do patrimônio no direito, aqueles estavam direcionados para a economia (ECKERT,

2011).

Em seu aspecto impessoal, ou seja, no que se trata da riqueza, as aziendas se

qualificariam por suas naturezas naquelas que visavam o alcance de lucros e naquelas que

procuravam desempenhar necessidades humanas de natureza ideal.

De acordo com Coelho e Lins (2010) essa escola não teve tanta preocupação em

classificar contas, no entanto, classificou as variações patrimoniais em três grupos:

a) Variações permutativas: fatos contábeis que alteram o patrimônio da entidade somente na

composição de sua estrutura (qualitativamente) sem, contudo, alterar o valor de sua

situação líquida. Exemplos:

Pagamento a um fornecedor, visto que há uma redução de caixa, na mesma

proporção de uma obrigação; ou

O recebimento de um valor de um cliente, visto que se eliminaria o valor de uma

conta do ativo (clientes ou contas a receber) e o incluiria em outro bem do ativo

(caixa).

b) Variações modificativas: fatos contábeis que transformam o patrimônio em quantidade, ou

seja, elevando ou reduzindo a sua situação líquida. Como exemplos:

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O pagamento de despesas, visto que há uma redução do ativo pela saída do

dinheiro e também uma diminuição na situação líquida da empresa pela

ocorrência de que toda despesa reduz a situação líquida do patrimônio;

O recebimento de receitas pela mesma situação apresentada em relação às

despesas. Só que no caso das receitas ocorre uma elevação na situação líquida do

patrimônio.

c) Variações mistas: fatos contábeis que transformam o patrimônio tanto na qualidade de seus

bens como na situação líquida da empresa. É, na verdade, uma combinação de ambos os

fatos anteriores. (Ex: pagamento de obrigação com juros).

1.1.2.11 Escola patrimonialista

De acordo com estudiosos, a corrente patrimonialista é uma das mais poderosas e

importantes correntes de pensamento doutrinário da contabilidade, sua proposta de

formulação aconteceu em 1923 com Vicenzo Masi. Esta escola atribuiu o patrimônio como

objeto principal de seu estudo, e proclamou a chamada autonomia científica da contabilidade,

evidenciando que ela se ligava a diversas outras ciências, mas que possuía as características

para ser chamada de ciência: possui objeto, finalidade, e metodologia própria (ECKERT,

2011).

Este estudo compreendia que o patrimônio era efetivamente a grandeza real que se

modifica com a evolução das atividades econômicas realizadas pela entidade.

Vicenzo Masi compreendia que a contabilidade apresentava por objetivo analisar os

elementos do patrimônio aziendal, e enunciava que o aspecto qualitativo do patrimônio é tão

importante quanto o aspecto quantitativo, pois permite remover informações consistentes

sobre o estado patrimonial (COELHO; LINS, 2010).

Alguns dos principais fundamentos dessa escola que suplantou todas as demais,

tornando-se referência da contabilidade mundial, são os seguintes:

1. A contabilidade é uma ciência social.

2. O objeto da contabilidade é o patrimônio aziendal.

3. O patrimônio deve ser observado em seus aspectos qualitativos e quantitativos.

1.1.2.12 Escola neopatrimonialista

É possível dizer que esta é a primeira escola de pensamento contábil originada no

Brasil. Seu início ocorreu em 1978, a partir de estudos do Prof. Antonio Lopes de Sá,

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expostos pela primeira vez em 1987 na Universidade de Sevilha, na Espanha (COELHO;

LINS, 2010).

Tratava-se de um novo enfoque à teoria patrimonialista, com o objetivo de torná-la

mais atual face às mudanças tecnológicas e científicas de nosso mundo. A pressuposição

básica dessa escola reside na ideia de que no patrimônio tudo se transforma, tudo se relaciona,

tudo se organiza em sistemas e que o seu fim precípuo é a busca da eficácia.

1.2 EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE NO BRASIL

A história da contabilidade no Brasil se iniciou em 1970, com forte influência italiana,

após a implementação de leis específicas voltadas para a reforma bancária e para o

fortalecimento do mercado de capitais. Esta situação se deu, pelo fato de que a Itália era o país

de referência contábil naquele momento da história.

Mas o fato é que a contabilidade nunca foi valorizada no Brasil. As questões relativas

ao controle nunca foram estimuladas em nosso país, seja no âmbito organizacional ou pessoal.

O planejamento orçamentário e o controle das contas jamais foram tratados como prioridades.

Tradicionalmente a contabilidade brasileira sempre foi vinculada à legislação

tributária, e posteriormente à legislação societária e à regulamentação editada por organismos

governamentais tais como Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Banco Central do Brasil

(BC), Superintendência de Seguros Privados (Susep), e diversas agências reguladoras (Aneel,

Anatel, entre outras) (NIYAMA; SILVA, 2011).

No ambiente que se desenvolvia, em 1970, a Contabilidade no Brasil mostrava forte

vinculação com a escrituração e o atendimento de exigências fiscais, em especial do Imposto

de Renda.

O profissional de contabilidade no Brasil era conhecido de um modo geral como

“guarda-livros”, e se encarregava da escrituração dos livros mercantis das empresas

comerciais. Muito embora já se utilizasse a nomenclatura contador geral, esta era reservada

aquele profissional que atuava na área pública.

Certamente, estes profissionais já exerciam suas atividades desde o início da

colonização brasileira, pois já em 1549 ocorreu a primeira nomeação feita por D. João III para

contador geral e “guarda-livros”. Porém em 1770 quando Dom José, rei de Portugal, expede

Carta de Lei a todos os domínios daquele país (incluindo o Brasil, que ainda não havia obtido

sua independência), é que surge a primeira regulamentação da profissão contábil no país

(COELHO; LINS, 2010).

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Nela, fica estabelecida a necessidade de matrícula de todos os guarda-livros na Junta

do Comércio, em livros específicos, ficando claro que a não inclusão do profissional no

referido livro o tornaria inapto a obter empregos públicos, impedindo-o também de realizar

escriturações, contas ou laudos.

Somente no início do século XIX, com a vinda da corte portuguesa ao Rio de Janeiro

(1808), é que se verificam de fato movimentos em direção ao melhoramento e ampliação da

contabilidade em território nacional.

Em 1833, uma importante obra contábil é publicada: A metafísica da contabilidade

comercial, escrita por Estevão Rafael de Carvalho, a qual divulgava o método das partidas

dobradas e já propunha a ascensão da contabilidade à condição de ciência (COELHO; LINS,

2010).

Dezessete anos depois da publicação dessa obra, é promulgado o primeiro Código

Comercial Brasileiro, através da Lei 556, de 25 de junho de 1850. Dentre os vários benefícios

à contabilidade oriundos dessa lei, pode-se destacar a obrigatoriedade de as empresas

manterem a escrituração contábil de acordo com as normas ali estabelecidas, que previam,

inclusive, a publicação de balanços gerais.

Dez anos depois, em 1860, por meio da Lei 1.083, que tinha como um de seus

objetivos aplicar algumas correções ao Código Comercial, determinou-se que os balanços, as

demonstrações e os documentos contábeis deveriam ser remetidos, nos prazos estabelecidos,

ao governo. Essa legislação previa, ainda, a publicação dos balanços.

O exercício da profissão contábil, bem como sua valorização, caminhou sempre

paralelamente ao desenvolvimento econômico das nações. Apesar de muitas dificuldades, a

educação contábil se desenvolvia timidamente através de algumas publicações contábeis que

começaram a surgir em maior número principalmente no final no século XIX, e da criação,

em 1809, da aula (escola) de comércio, implantada um ano depois com a nomeação de José

Antonio Lisboa, que se torna o primeiro professor de contabilidade do Brasil (COELHO;

LINS, 2010).

Em relação à formação do profissional contábil propriamente dito, uma das primeiras

manifestações ocorreu em 1856, “ano em que foi criado o Instituto Comercial do Rio de

Janeiro, que já na década seguinte passou a oferecer a disciplina Escrituração Mercantil”

(SCHIMDT, 2000).

Ao final do século XIX, muitas ações educacionais estavam sendo empreendidas pelas

instituições da época, que se direcionavam a aspectos contábeis profundamente necessários à

época.

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Somente em 1931, com a criação do Ministério da Educação e Saúde Pública,

instituiu-se o curso de contabilidade, que tinha em seu início a duração de 3 anos e formava o

chamado “perito contador”. A conclusão de dois anos do referido curso concedia ao seu

concludente o título de “guarda-livros”.

O curso de contabilidade somente adquiriu status de nível superior em 1945, através

da Lei 7.988, que instituiu o curso de Ciências Contábeis e Atuariais, que tinha duração de

quatro anos.

Em 1.951, através da Lei 1.401, o curso de ciências contábeis e atuariais foi

desmembrado, tornando-se dois cursos distintos. É no final da década de 1990 e início da

seguinte que começam os trabalhos de pós-graduação (Mestrado em Contabilidade) na

Universidade de São Paulo (USP).

O século XX apresentou duas décadas importantes para o desenvolvimento da

profissão contábil e da contabilidade de um modo geral: as décadas de 1940 e 1970.

Em 1946 foi criado o Conselho Federal de Contabilidade, que definia, entre outros

pontos relevantes, as atribuições dos contabilistas. Na década seguinte, a Lei 3.384/58 dá nova

denominação à profissão de guarda-livros, que passa a integrar a categoria profissional de

técnico em contabilidade. A década de 70 também foi profícua para a contabilidade no Brasil,

visto que dois fatos importantes para o desenvolvimento contábil ocorreram nessa época, em

1976:

a) Aprovação da Lei 6.404, a Lei das Sociedades Anônimas, que alterava

substancialmente a estrutura contábil até então existente no país;

b) A criação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), inspirada na Securities and

Exchange Comission (SEC) dos Estados Unidos, que passou a incumbir-se de

algumas atribuições do Banco Central e passou a regular, prestar consultoria e

julgar, em instância administrativa, operações relativas a órgãos, entidades e/ou

profissões sob sua jurisdição, dentre as quais, as sociedades anônimas e os

auditores independentes.

Tais eventos motivaram a expansão do mercado de trabalho da profissão contábil.

Pode-se dizer que a partir de então os profissionais passaram a reconhecer que era necessário

um aprendizado sempre constante. O que se percebe é que a profissão contábil no Brasil, em

termos de desenvolvimentos e estrutura de sua legislação profissional, é bastante recente e foi

construída a partir de experiências oriundas de outros países, principalmente os Estados

Unidos.

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Durante a década de 80 a CVM emite a Deliberação 29/86, referendando e aprovando

o pronunciamento do Instituto Brasileiro de Contadores (IBRACON) sobre Estrutura

Conceitual Básica da Contabilidade.

Outro instrumento legal apresentado pelo Conselho Federal de Contabilidade versa

sobre o mesmo tema, apontando mais objetivamente os princípios fundamentais de

contabilidade. O estabelecimento de princípios visava não só conceder uma uniformidade

terminológica, mas também criar bases para a normalização dos procedimentos contábeis a

serem utilizados por todos os profissionais.

Preocupações com a contabilidade socioambiental também ganharam evidência, até

mesmo porque, além das pressões internacionais, houve significativa mudança na legislação

ambiental, tornando-a muito rígida e penalizando de forma mais severa empresas que a

descumprissem.

Quadro 1 - Alguns acontecimentos que influenciaram o avanço da contabilidade.

Áreas Eventos, procedimentos ou acontecimentos.

Social e ambiental

Pressão para publicação de balanços sociais;

Discussão sobre a riqueza gerada pelas empresas e suas formas de distribuição de

valor agregado;

Importância do marketing social das empresas;

Estudos sobre a contabilidade ambiental (mensuração de ativos, passivos e custos

ambientais etc.);

Mudanças na legislação ambiental (afeta diretamente as empresas).

Educacional

Ênfase na educação continuada;

Estabelecimento do exame de suficiência (necessário para a obtenção do registro

profissional);

Preocupações sobre a necessidade de melhoria da qualidade dos programas de

graduação de contabilidade.

Econômico e

financeiro

Mudança nos procedimentos contábeis internacionais;

Necessidade de alterações na legislação contábil nacional. Fonte: Coelho e Lins, 2010.

1.2.1 Divisão histórica da contabilidade brasileira

É possível segmentar a história contábil nacional utilizando focos e vertentes distintos.

1° Período – a fase de implantação (1500 - 1808)

O Brasil, nessa época, não era um país independente e representava a principal colônia

de Portugal, as regras contábeis portuguesas nesse período eram válidas para todos os

territórios por ele dominados.

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Alguns atos normativos e legislações contábeis empreendidos nesse período por

Portugal representam regulamentações que interferiram de alguma forma na profissão

contábil no país.

2° Período – fase de fundamentação ou constituição (1808 - 1940)

Com a chegada da corte portuguesa ao país, os fundamentos que viriam a se constituir

nos pilares do desenvolvimento contábil nacional começaram a ser moldados:

O início da educação contábil, a partir das aulas de comércio estabelecidas

desde 1809 e que tiveram impulso no final do século XIX e início do século

XX;

A promulgação do primeiro Código Comercial Brasileiro (1850);

A criação da associação dos guarda-livros, embrião da profissão contábil no

Brasil (1870);

Início dos Congressos Nacionais de Contabilidade (1924);

Criação do curso de contabilidade (1931).

3° Período – fase de organização (1940 - 1970)

Reconhece a década de 40 como fundamental para a organização da contabilidade.

Nesse período, é criado o Conselho Federal e os conselhos estaduais da classe contábil, que

passam a fiscalizar o exercício da profissão, criando normas e padrões que criam um sistema

único em todo o país no que diz respeito às atividades profissionais.

Ocorre também a inserção do curso superior de Ciências Contábeis. A organização do

ensino e da classe contábil deu importante base de sustentação para o desenvolvimento da

contabilidade em nosso país.

4° Período – fase de estruturação normativa (1970 - 2007)

A década de 1970 também foi importante para o país em relação ao desenvolvimento

da contabilidade porque nela ocorre uma estruturação legal e organizacional abrangente.

É nessa década que é criada a Comissão de Valores Mobiliários que, nos moldes da

SEC (Security and Exchange Comissions) norte-americana, passa a deliberar sobre normas,

regras e procedimentos necessários às empresas para atuação no mercado de capitais.

Em 1976, é publicada a Lei 6.404 – Lei das Sociedades por Ações, pautada em

padrões contábeis norte-americanos, impulsionou grandemente a contabilidade em nosso país.

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Nesse período tem-se também a ampliação dos programas de pós-graduação pela USP

e o número de pesquisas e revistas científicas de qualidade começam a surgir em muito maior

evidência.

Várias legislações complementares também organizaram a profissão (CFC) e a

atuação das empresas (CVM) e permitiram uma muito tímida, mas importante, dissociação

entre o contábil e o fiscal em nosso país.

5° Período – fase de internacionalização (iniciado em 2008)

Com a publicação de Lei 11.638/07 e, posteriormente, da Lei 11.941/09, que fez

vários ajustes contábeis no intuito de ajustar a contabilidade nacional à internacional, tem-se a

internacionalização dos procedimentos contábeis nacionais, direcionando-a para uma trilha

onde não existe a possibilidade de retorno.

1.3 A CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA

A contabilidade já foi definida de várias maneiras e sob diferentes pontos de vista.

Ainda que inicialmente pudesse ser identificada como simples técnica de controle ou,

posteriormente, definida como uma arte, há atualmente uma concordância de que se trata

efetivamente de uma ciência.

Por conta de seus cálculos e suas quantificações, a contabilidade sempre esteve

associada à matemática. O que garante esta informação é o fato de que o primeiro registro

didático do método das partidas dobradas, utilizado até os dias atuais, foi escrito por Luca

Pacioli.

Esse viés do controle que a contabilidade tem, fez com que por muito tempo ela

estivesse diretamente associada tão somente à ideia de escrita, de manutenção de livros de

escrituração de “contas”, de apresentação de saldos de contas e/ou de fornecimento de dados

sobre acontecimentos havidos nos negócios.

Muito embora, naquele momento tenha ficado caracterizado como o início científico

da contabilidade, a questão de controle fosse importante, como o é ainda hoje; parece evidente

que a ciência contábil hoje não se resume a preocupação com saldos e contas, apresentando

um escopo muito maior e abrangente.

Ainda mais no contexto complexo e indefinido que se apresenta hoje, o raio de ação da

ciência contábil é, sem dúvida, muito mais amplo do que um simples Sistema de Controle.

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Apesar dessa visão inicial, com o passar do tempo, e com o avanço dos estudos na

área, tanto na Europa como nos Estados unidos, chegou-se ao consenso de que a contabilidade

era bem mais que uma simples técnica de escrituração ou uma arte na forma dos registros,

mas representava efetivamente uma ciência.

Alguns requisitos lógicos necessários à caracterização de uma ciência podem ser

evidenciados na contabilidade, conforme apresenta o Quadro 2.

Quadro 2 – Características que identificam a Contabilidade como Ciência

Fonte: Adaptado de Sá (1999)

Sabe-se que a escola contábil italiana foi influente no Brasil, seus pensamentos e

princípios foram seguidos pelos contadores e estudiosos do início do século XX. Tanto que no

1° Congresso Brasileiro de Contabilidade foi adotado, pela maioria, o seguinte conceito:

Contabilidade é a ciência que estuda, pratica as funções de orientação e controle relativas aos

atos e fatos da administração econômica.

Reconhecer a contabilidade como ciência não é o suficiente para defini-la. Por essa

razão, é necessário identificar linhas ou formas de definições específicas na tentativa de

buscar uma definição de contabilidade que fosse ao mesmo tempo clara, objetiva, consistente

e coerente cm a realidade social na qual ela atua.

Inicialmente, foi a escola europeia de contabilidade, notadamente a italiana, que

através das suas escolas de pensamento contábil desenvolveu conceitos e definições que

foram evoluindo até que se chegasse à ideia central de que a contabilidade era uma ciência e

que seu objeto de estudo era o patrimônio.

A escola norte-americana de contabilidade, também procurou evidenciar um conceito

de contabilidade que atendesse as suas necessidades. Estes sempre associaram a contabilidade

à ideia de linguagem dos negócios e sempre tiveram a preocupação com o atendimento ao

usuário da informação contábil (COELHO; LINS, 2010).

Possui objeto próprio;

Analisa o objeto sob um aspecto particular;

Levanta hipóteses validas;

Estuda fenômenos com rigor analítico;

Possui métodos básicos de estudo;

Enuncia verdades de valor universal;

Permite previsões;

Acolhe diferentes correntes doutrinárias;

Apresenta teorias próprias e específicas;

Presta utilidade.

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No Brasil, várias definições de professores e pesquisadores em diversos momentos da

história contábil nacional denotam a preocupação de se obter um conceito único. Buscou-se

uma definição de contabilidade que colocasse em evidência a importância de se compreender

o verdadeiro sentido da ciência contábil.

Geralmente evidencia-se a contabilidade como a ciência que controla o patrimônio.

Porém, como complemento à essa definição, acrescenta-se as variações do patrimônio,

resultando em: a contabilidade é a ciência que estuda o patrimônio e suas variações.

Atualmente já não há mais dúvidas sobre o caráter social da contabilidade, tanto que

ela sempre é associada às ciências sociais, tais como: Administração, Sociologia, Economia

etc., e junto a estas se classifica.

No entanto não há, efetivamente, um significado único e definitivo em que se tenha a

aceitação de todos os autores. Analisar o conceito e o significado da contabilidade é

primordial para que se compreendam a sua importância, alcance e consistência no auxílio que

pode prestar a todos os seus usuários. Por essa razão propõem-se uma definição de

contabilidade que busca reunir diversos enfoques (COELHO; LINS, 2010).

A contabilidade é a ciência social aplicada que envolve um conjunto de conhecimentos

sistematizados que permite o estudo, registro, controle e mensuração do patrimônio de uma

pessoa física ou jurídica, em seus aspectos quantitativos e qualitativos, com a finalidade de

prover aos seus usuários, por meio de demonstrativos e análises, informações econômicas e

financeiras sobre o resultado apurado com fins à tomada de decisão.

1.4 A CONTABILIDADE NO SÉCULO XXI

Atualmente as empresas apresentam uma finalidade e um raio de ação muito maior e

mais compreensivo do que em qualquer época da história e assim será consecutivamente.

Neste contexto, as possibilidades de atuação profissional empresarial e as ações que elas

podem explorar são inúmeras e bastante diversificadas.

Os esforços contábeis, de instituições e de profissionais, em todo o mundo focalizam e

reúnem forças para um processo contínuo de harmonização da contabilidade em nível

mundial.

A ideia básica à proposta de harmonização das metodologias contábeis é: todos

falando a mesma linguagem, adotando o mesmo procedimento, satisfazendo aos mesmos

critérios, entendendo a contabilidade da mesma forma. Neste contexto a contabilidade tem

caminhado para uma padronização.

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Isto representa a possibilidade de qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo,

analisar de forma sólida os dados e informações financeiras de uma empresa situada em um

país distante.

Outra perspectiva é a probabilidade de investimentos nos principais mercados do

mundo sem que seja necessário fazer adequações intensas nos relatórios contábeis. Com base

neste ponto de vista, a maioria dos países aceita atualmente as normas explicativas remetidas

pelo International Accounting Standard Board (IASB), as chamadas IFRS (International

Financial Reporting Standard), que orientam as empresas privadas sobre processos a serem

observados em vários temas e especialidades advindas das novas formas de comercialização

originadas nesse mundo globalizado.

1.4.1 As organizações no atual contexto econômico

A capacidade de produção das empresas majorou consideravelmente nos últimos anos

e isso ocorreu muito em função da tecnologia. Em decorrência disto, foi necessário localizar

novos mercados, inclusive em outros países, com outras culturas. A maneira mais facilitada e

rápida de inclusão nestes novos mercados seria por meio de uniões ou mesmo incorporações

de empresas locais (COELHO; LINS, 2010).

Visto isto, os processos de fusão e aquisição de empresas aumentaram

consideravelmente, mesclando a nacionalidade dessas organizações, tornando-as

transnacionais.

Um problema inicial era a falta de conhecimento das realidades do novo mercado, isso

trouxe um certo grau de incerteza tanto no ponto de vista econômico quanto social e político.

Apesar das facilidades tecnológicas e da globalização mundial que aproximam as nações em

seus aspectos econômicos e financeiros, os países continuam diferentes, pois carregam

consigo valores culturais, e tradições diferentes. Somado à isto o fato de que também há,

ainda, divergências na estrutura política e na organização social das diversas nações nas várias

regiões do planeta (COELHO; LINS, 2010).

De fato, visto que a contabilidade é uma ciência social, quando aplicada a cada uma

dessas nacionalidades e dentro de suas realidades, acaba incorporando conceitos, moldando

procedimentos e adquirindo certas práticas que podem não ser usuais em outra nação,

podendo ocorrer de determinado conceito ser aceito em um país e não ser permitido em outro.

Esta aglomeração dos mercados entorno dos grandes grupos transnacionais fez surgir

outra dificuldade além da questão cultural: como gerenciar e controlar essas composições

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distribuídas nos quatro cantos do mundo? Como harmonizar as informações em seus aspectos

contábeis, patrimoniais, financeiros e administrativos? Como compará-las?

De modo a ser eficaz no controle e para possibilitar a comparação seria necessária uma

linguagem homogênea, padronizada e lógica. É nesse ambiente abrangente, e de muita

competição em todos os níveis que a contabilidade precisa alcançar seu objetivo social de, a

partir das informações angariadas, registradas, organizadas e demonstradas em relatórios e

demonstrativos, ajudar as pessoas, tanto físicas quanto jurídicas, a determinarem sobre os

novos rumos que pretendem empreender às suas ações (COELHO; LINS, 2010).

1.4.2 Novas concepções contábeis

Algumas modificações no cenário mundial tiveram considerável impacto nas práticas

contábeis. De acordo com algumas dessas alterações foram:

Drástica variação nas taxas de câmbio;

Problemas com petróleo – início de um debate mais efetivo sobre questões

ambientais;

Crescimento exponencial dos recursos tecnológicos;

Aumento e diversificação dos ativos intangíveis;

Intensificação da utilização de instrumentos financeiros nos negócios

internacionais.

Adveio, na década de 1970, uma relevante alteração no sistema de taxa de câmbio.

Essa taxa, que era fixa, em razão de uma série de fatores de ordem econômica e social foi se

alterando constantes em períodos cada vez menores e acabou por produzir taxas de câmbio

flexíveis e voláteis.

Com o passar do tempo a volatilidade das taxas ganhou proporções absurdas, tornando

difícil medir com segurança o real valor dos ativos e dos ganhos advindos do negócio. A

partir desta época, acontece também uma aceleração no avanço da tecnologia com a dispersão

dos computadores portáteis e a ampliação em larga escala da rede mundial de computadores, a

Internet (COELHO; LINS, 2010).

Este progresso da tecnologia beneficiou o desenvolvimento vertiginoso de ativos não

tão usuais até aquele momento: os ativos intangíveis. Embora, ativos identificados e

chamados de intangíveis já existissem desde o século XIX, sobretudo com a figura do

goodwill, eles passaram a diversificar-se incomparavelmente nesse período. A contabilização

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destes ativos era mais complexa do que a dos ativos tangíveis de outrora pela perda de

objetividade em seu valor.

Nesse período ocorreu uma rápida transição da então sociedade industrial, em que o

importante eram as máquinas industriais, os mobiliários, o parque tecnológico etc., para a

então denominada sociedade da informação, ocasionando um crescimento na importância do

conhecimento.

Por conta das mudanças nas taxas de câmbio aliadas às transformações na composição

de vários ativos, e também outras questões de ordem econômica, a insegurança passou a ser

uma constante nos interesses internacionais. A dúvida produz riscos e ninguém gosta de

correr riscos.

O Sistema Financeiro se tornou complexo, integrado e flexível, e não é possível o

desempenho de uma empresa sem que haja movimentação de recursos através de um sistema

financeiro (COELHO; LINS, 2010).

Essa circulação de recursos necessita de uma sólida gestão de recursos monetários que

devem balizar-se em critérios e normas de política monetária aceitas internacionalmente.

Nesse emaranhado de transações que se processam tecnologicamente, os controles precisam

ser eficazes para garantir a credibilidade do próprio sistema.

O sistema contábil das empresas, que é um conjunto de normas relativas à técnica

contábil, que abrange conhecimentos, informações e processos, necessita garantir a

fidedignidade dos registros internos para que estes sigam a evolução dos controles financeiros

vigentes. O sistema contábil precisa ser tão bom e ágil quanto à dinâmica financeira atual.

O Quadro 3 apresenta brevemente as mudanças que impactaram a sociedade e a

contabilidade neste período.

Quadro 3 – comparativo – mudanças no cenário mundial.

Sociedade Industrial Sociedade da informação ou do

conhecimento

Ativos Quase sempre tangíveis Ênfase nos intangíveis

Cenário

Econômico Financeiro

Utilização maciça de

maquinário industrial

Intensificação do uso de instrumentos

financeiros apoiados no avanço

tecnológico

Ramo ou segmento principal Indústria Serviço

Mensuração de ativos

Feito com base em aspectos

objetivos (documentos

comprobatórios)

Feito com base em estimativas

Registros pelo valor original Utilização de indexadores e taxas

Câmbio Fixo Volátil e flexível Fonte: Coelho e Lins, 2010.

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1.5 CAMPO DE APLICAÇÃO DA CONTABILIDADE

O profissional contábil dever possuir diversas habilidades, principalmente no cenário

atual, em que a modernização do conhecimento é uma necessidade. Com um mercado de

trabalho em ascensão o que observa é uma demanda crescente de profissionais nos mais

variados segmentos econômicos.

O contador pode exercer suas atividades na condição de autônomo, profissional

liberal, empregado regido pela CLT, servidor público, militar, empresário individual, sócio de

qualquer tipo de sociedade, diretor ou conselheiro de quaisquer entidades, ou em qualquer

outra situação jurídica, podendo exercer qualquer tipo de função.

Após a conclusão do curso e feito seu registro no Conselho Regional de Contabilidade

(CRC) do seu estado, o profissional da contabilidade pode-se atuar em vários cargos dentre a

área privada ou pública.

O campo de atuação é muito vasto. A atuação de um contador está inserida da

microempresa à empresa de grande porte. Apresenta-se algumas áreas de atuação do

profissional contábil:

a) Em empresas: planejador tributário, analista financeiro, contador geral, cargos

administrativos, auditor interno, contador de custos, contador gerencial, atuário,

controller, etc.

b) Como profissional independente (autônomo): auditor independente, consultor,

empresário contábil, perito contábil, investigador de fraudes, etc.

c) No ensino: professor, coordenador, pesquisador, escritor, etc.

d) Em órgãos públicos: contador público, agente de fiscalização, diversos cargos de

controladoria e finanças, tribunal de contas, oficial contador (forças armadas e

polícia), etc.

1.6 USUÁRIOS DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS

As demonstrações contábeis têm por objetivo fornecer informações que sejam úteis na

tomada de decisões e avaliações por parte dos usuários, em geral. Considera-se usuário da

informação contábil toda pessoa física ou jurídica que tenha empenho na avaliação da

situação e da evolução de determinada entidade, seja ela empresa, com fins lucrativos ou não,

ou mesmo patrimônio familiar (SANTOS et al., 2014).

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Estes usuários podem ser destacados em dois grupos: usuários internos e usuários

externos. Os usuários internos são os que atuam dentro da empresa, tais como funcionários,

administradores, gerentes etc.

O administrador como um dos principais usuários internos, utiliza a Contabilidade

para fins de controle e planejamento da entidade (SANTOS et al., 2014).

CONTROLE: verificar se a organização está agindo de acordo com os planos e

políticas previamente traçadas.

PLANEJAMENTO: definição de planos e políticas futuras com base nas informações

contábeis.

Já usuários externos são os investidores, sócios, acionistas, fornecedores de bens e

serviços, as instituições financeiras, o Governo, entidades de classe e etc.

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2 PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE

De acordo com a Resolução CFC nº. 1.282/10 os Princípios de Contabilidade

representam a essência das doutrinas e teorias relativas à ciência contábil, consoante o

entendimento predominante nos universos científico e profissional de nosso País. Tais

princípios concernem à contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto

é o patrimônio das entidades.

A observância dos Princípios de Contabilidade é obrigatória no exercício da profissão

e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC). Na

aplicação dos Princípios de Contabilidade há situações concretas e a essência das transações

deve prevalecer sobre seus aspectos formais.

2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS PRINCÍPIOS CONTÁBEIS

Com o intento de padronizar as metodologias contábeis praticados no Brasil, o

Conselho Federal de Contabilidade, através da Resolução CFC n° 530 de 23 de outubro de

1981, elaborou pela primeira vez no Brasil, os Princípios Fundamentais de Contabilidade,

visto que não havia consenso entre os contabilistas brasileiros, sobre o conceito, conteúdo e

abrangência dos princípios vigentes naquela época.

O CFC definiu como princípios os conceitos e postulados gerais emanados da doutrina

contábil, estabelecendo que os princípios visam ao tratamento contábil uniforme dos atos e

fatos administrativos e das demonstrações deles decorrentes. Considerou, também, ao

estabelecer estes princípios o fato de serem divulgados em outros países, sob as mais variadas

denominações, tais como princípios, regras, convenções, conceitos, guias, postulados, bases

ou pressupostos fundamentais de contabilidade.

O primeiro grupo de princípios no Brasil recebeu do CFC a denominação de

“Princípios Fundamentais da Contabilidade”, sendo composto por 16 princípios, sendo eles:

da Entidade, da Qualificação e Quantificação dos Bens Patrimoniais, da Expressão Monetária,

a Competência, da Oportunidade, da Formalização dos Registros Contábeis, da Terminologia

Contábil, da Equipe, da Continuidade, da Periodicidade, da Prudência, da Uniformidade, da

Informação, dos Atos e Fatos Aleatórios, da Correção Monetária e da Integração.

Em 1993, através da Resolução n° 750, o CFC revogou a Resolução n° 530/1981,

assim, a partir de 1° de janeiro de 1994, os Princípios Fundamentais de Contabilidade

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31

passaram a ser 7, com as intitulações: da Entidade, da Continuidade, da Oportunidade, do

Registro pelo Valor Original, da Atualização Monetária, da Competência e da Prudência.

Em 16 de dezembro de 1994, o CFC aprovou por meio da Resolução CFC n° 774, o

Apêndice à Resolução sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade que em 28 de maio

de 2010 foi revogado pela Resolução CFC n° 1.282/2010.

Em 29 de novembro de 2007, o CFC por meio da Resolução n° 1.111, aprovou o

Apêndice II da Resolução CFC n° 750/1993 que trata da interpretação dos Princípios de

Contabilidade sob a perspectiva do setor público.

Já em 28 de maio de 2010, através da Resolução n° 1.282, o CFC atualizou e

consolidou dispositivos da Resolução CFC n° 750/1993. Renomeou de “Princípios

Fundamentais de Contabilidade” para “Princípios de Contabilidade”; revogou o art. 8° que

tratava do Princípio da Atualização Monetária, além de partes de outros artigos; e procedeu

ainda, modificações nas redações dos arts. 5°, 6°,7°, 9° e no § 1° do art. 10, da Resolução

CFC n° 750/1993, por conta do processo de convergência das Normas Brasileiras de

Contabilidade às Normas Internacionais de Contabilidade.

Em 25 de novembro de 2011 o CFC por meio da Resolução n° 1.367, alterou o

Apêndice II da Resolução CFC n° 750/1993. Com a revogação do Princípio da Atualização

Monetária, a partir de 28 de maio de 2010, os Princípios de contabilidade que devem ser

obrigatoriamente adotados por todos os contabilistas brasileiros são os seguintes: da Entidade,

da Continuidade, da Oportunidade, do Registro pelo Valor Original, da Competência e da

prudência.

2.2 PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE CONFORME RESOLUÇÃO CFC nº 1.282/2010

São Princípios de Contabilidade o da ENTIDADE; o da CONTINUIDADE; o da

OPORTUNIDADE; o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL; o da COMPETÊNCIA; e

o da PRUDÊNCIA.

2.2.1 Princípio da entidade

De acordo com o Art. 4º da Resolução CFC nº. 1.282/10 o Princípio da ENTIDADE

reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a

necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios

existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma

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sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por

consequência, nesta acepção, o Patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou

proprietários, no caso de sociedade ou instituição.

Parágrafo único – O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a

recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de

patrimônios autônomos não resulta em nova ENTIDADE, mas numa

unidade de natureza econômico-contábil.

2.2.2 Princípio da continuidade

Conforme Art. 5º da Resolução CFC nº. 1.282/10 o Princípio da Continuidade

pressupõe que a Entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a

apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância.

2.2.3 Princípio da oportunidade

O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuração e apresentação dos

componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e tempestivas.

Parágrafo único. A falta de integridade e tempestividade na produção

e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a perda de sua

relevância, por isso é necessário ponderar a relação entre a

oportunidade e a confiabilidade da informação. (Redação dada pela

Resolução CFC nº. 1.282/10. Art. 6º).

2.2.4 Princípio do registro pelo valor original

Conforme Art. 7º da Resolução CFC nº. 1.282/10 o Princípio do Registro pelo Valor

Original determina que os componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados

pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional.

§ 1º As seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em graus distintos e

combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas:

I – Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em

caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que são entregues para

adquiri-los na data da aquisição. Os passivos são registrados pelos valores dos recursos que

foram recebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias, pelos valores em caixa

ou equivalentes de caixa, os quais serão necessários para liquidar o passivo no curso normal

das operações; e

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II – Variação do custo histórico. Uma vez integrado ao patrimônio, os componentes

patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer variações decorrentes dos seguintes fatores:

a) Custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes

de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes fossem adquiridos

na data ou no período das demonstrações contábeis. Os passivos são reconhecidos pelos

valores em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que seriam necessários para

liquidar a obrigação na data ou no período das demonstrações contábeis;

b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de

caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em uma forma ordenada. Os passivos são

mantidos pelos valores em caixa e equivalentes de caixa, não descontados, que se espera

seriam pagos para liquidar as correspondentes obrigações no curso normal das operações da

Entidade;

c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo

futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal das

operações da Entidade. Os passivos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo

futuro de saída líquida de caixa que se espera seja necessário para liquidar o passivo no curso

normal das operações da Entidade;

d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo

liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação sem favorecimentos;

e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda

nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis mediante o ajustamento da expressão

formal dos valores dos componentes patrimoniais.

§ 2º São resultantes da adoção da atualização monetária:

I – a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não representa

unidade constante em termos do poder aquisitivo;

II – para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações

originais, é necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que

permaneçam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por

consequência, o do Patrimônio Líquido; e

III – a atualização monetária não representa nova avaliação, mas tão somente o

ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de indexadores

ou outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda nacional em um

dado período. (Redação dada pela Resolução CFC nº. 1.282/10).

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2.2.5 Princípio da competência

De acordo com o Art. 9º da Resolução CFC nº. 1.282/10 o Princípio da Competência

determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a

que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento.

Parágrafo único. O Princípio da Competência pressupõe a

simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas.

(Redação dada pela Resolução CFC nº. 1.282/10).

2.2.6 Princípio da prudência

Conforme Art. 10. da Resolução CFC nº. 1.282/10 o Princípio da PRUDÊNCIA

determina a adoção do menor valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do

PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das

mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.

Parágrafo único. O Princípio da Prudência pressupõe o emprego de

certo grau de precaução no exercício dos julgamentos necessários às

estimativas em certas condições de incerteza, no sentido de que ativos e

receitas não sejam superestimados e que passivos e despesas não sejam

subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de

mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais. (Redação

dada pela Resolução CFC nº. 1.282/10)

De acordo com o Art. 11. da Resolução CFC nº. 1.282/10 a inobservância dos

Princípios de Contabilidade constitui infração nas alíneas “c”, “d” e “e” do art. 27 do Decreto-

Lei n.º 9.295, de 27 de maio de 1946 e, quando aplicável, ao Código de Ética Profissional do

Contabilista. (Redação dada pela Resolução CFC nº. 1.282/10).

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3 ESTRUTURA CONCEITUAL BÁSICA

As Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs) editadas pelo Conselho Federal de

Contabilidade (CFC) devem seguir os mesmos padrões de elaboração e estilo utilizados nas

Normas Internacionais e compreendem as Normas propriamente ditas, as Interpretações

Técnicas e os Comunicados Técnicos.

3.1 NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE

As Normas Brasileiras de Contabilidade que se classificam em Profissionais e

Técnicas estabelecem:

a) regras e procedimentos de conduta que devem ser observados como requisitos

para o exercício da profissão contábil;

b) conceitos doutrinários, princípios, estrutura técnica e procedimentos a serem

aplicados quando da realização dos trabalhos previstos nas normas.

As NBCs são classificadas em normas técnicas e profissionais.

A Resolução CFC nº 1.328/11, de 18/03/11, que dispõe sobre a Estrutura das Normas

Brasileiras de Contabilidade, estabelece que as Normas Brasileiras de Contabilidade se

estruturam conforme se segue:

a) Normas Profissionais:

I – Geral – NBC PG – aplicadas indistintamente a todos os profissionais de

Contabilidade;

II – do Auditor Independente – NBC PA – aplicadas, especificamente, aos contadores

que atuam como auditores independentes;

Código de ética profissional do contabilista

Normas de contabilidade

Normas de auditoria independente e asseguração

Normas de auditoria interna

Normas de Perícia

As NBCs

compreendem:

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III – do Auditor Interno – NBC PI – aplicadas especificamente aos contadores que

atuam como auditores internos;

IV – do Perito – NBC PP – aplicadas especificamente aos contadores que atuam como

peritos contábeis.

b) Normas Técnicas

Estabelecem conceitos doutrinários, estrutura técnica e procedimentos a serem

aplicados.

I - Geral - NBC TG - são as NBCs convergentes com as normas internacionais

emitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB); e as NBC editadas por

necessidades locais, sem equivalentes internacionais;

II - Setor Público - NBC TSP – são as NBCs aplicadas ao Setor Público, convergentes

com as Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor Público, emitidas pela

International Federation of Accountants (IFAC); e as NBCs aplicadas ao Setor Público

editadas por necessidades locais, sem equivalentes internacionais;

III - NBC TA – são as NBCs aplicadas à Auditoria convergentes com as Normas

Internacionais de Auditoria Independente emitidas pela IFAC;

IV - NBC TR – são as NBCs aplicadas à Revisão de Informação Contábil Histórica

convergentes com as Normas Internacionais de Revisão emitidas pela IFAC;

V - NBC TO – são as NBCs aplicadas à Asseguração convergentes com as Normas

Internacionais de Asseguração emitidas pela IFAC;

VI - NBC TSC - de Serviço Correlato –– são as NBC para Serviços Correlatos

convergentes com as Normas Internacionais para Serviços Correlatos emitidas pela IFAC;

VII - NBC TI – Auditoria Interna – são as Normas Brasileiras aplicadas aos trabalhos

de auditoria interna;

VIII - NBC TP – são as Normas Brasileiras aplicadas aos trabalhos de perícia;

IX - NBC TAG – são as NBC aplicadas à Auditoria Governamental convergentes com

as Normas Internacionais de Auditoria Governamental emitidas pela Organização

Internacional de Entidades Fiscalizadoras Superiores (INTOSAI).

X - NBC IT – Interpretação Técnica emitida para esclarecer de forma mais ampla a

interpretação das Normas Brasileiras de Contabilidade;

XI - CTA – Comunicado Técnico de Auditoria, de caráter transitório, que tem caráter

informativo destinado a esclarecer sobre a adoção das NBC;

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3.2 ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

As demonstrações contábeis normalmente são elaboradas partindo do princípio de que

a entidade está em atividade e irá manter-se em operação no futuro. Assim, parte-se do

pressuposto de que a entidade não tem a intenção, nem tampouco a necessidade, de entrar em

processo de liquidação ou de reduzir materialmente suas operações.

As demonstrações contábeis evidenciam os efeitos patrimoniais e financeiros das

transações e outros eventos, por meio do grupamento dos mesmos em classes amplas de

acordo com as suas características econômicas, são os elementos das demonstrações

contábeis.

Os elementos diretamente relacionados à mensuração da posição patrimonial e

financeira no balanço patrimonial são os ativos, os passivos e o patrimônio líquido. Os

elementos diretamente relacionados com a mensuração do desempenho na demonstração do

resultado são as receitas e as despesas.

3.3 ASPECTOS DO PATRIMÔNIO

O patrimônio é tradicionalmente definido como o conjunto de bens, direitos e

obrigações de uma empresa. O patrimônio é algo que expressa valor, é em razão disso que se

vincula o patrimônio a um conceito de riqueza. Sua utilidade é que concede valor econômico

ao patrimônio e o associa à noção de riqueza. Assim sendo, deve-se considerar tanto seu

aspecto qualitativo (bens, direitos e obrigações) quanto seu aspecto quantitativo (valo

monetário) (COELHO; LINS, 2010).

A figura 01demonstra a composição do patrimônio.

Figura 1: Composição do patrimônio

Ativo Passivo

Bens + Direitos Obrigações

Fonte: Adaptado de Coelho e Lins (2010)

Riqueza

Dinheiro

Recursos

Em que os recursos foram gastos

Ativo = Aplicação de recursos

De onde vieram os recursos

Passivo = Origem dos recursos

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A apresentação dos elementos patrimoniais no balanço envolve um processo de

subclassificação. Por exemplo, ativos e passivos podem ser classificados por sua natureza ou

função nos negócios da entidade, para que as informações sejam apresentadas da maneira

mais útil aos usuários para fins de tomada de decisões. Os elementos que se relacionam

diretamente com a mensuração da posição patrimonial e financeira são os ativos, os passivos e

o patrimônio líquido.

Ao avaliar se um item se enquadra na definição de ativo, passivo ou patrimônio

líquido, deve-se atentar para a sua essência subjacente e realidade econômica e não apenas

para sua forma legal.

3.3.1 Ativo e sua avaliação

De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC 00) ativo é um recurso

controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que fluam

futuros benefícios econômicos para a entidade.

O benefício econômico futuro incorporado a um ativo é sua possibilidade em

contribuir, direta ou indiretamente, para o fluxo de caixa ou equivalentes de caixa para a

entidade. Essa possibilidade ou potencial de um ativo pode ser produtivo, quando se referir a

um recurso que for parte integrante das atividades operacionais da entidade. Pode também ter

conversibilidade em caixa ou equivalentes de caixa.

As entidades geralmente empregam os seus ativos na produção de bens ou na

prestação de serviços a fim de satisfazer os desejos e as necessidades dos consumidores, que

se predispõem a pagar por eles e a contribuir assim para o fluxo de caixa da entidade.

Os benefícios econômicos futuros incorporados a um ativo podem fluir para a entidade

de diversas maneiras. O ativo pode ser, por exemplo, usado isoladamente ou em conjunto com

outros ativos na produção de bens ou na prestação de serviços a serem vendidos pela entidade;

pode também ser trocado por outros ativos; além disso, pose ser usado para liquidar um

passivo; ou ainda distribuído aos proprietários da entidade.

Alguns ativos, como, por exemplo, itens do imobilizado, têm forma física. Contudo, a

forma física não é essencial para a existência de ativo. Sendo assim, as patentes e os direitos

autorais, por exemplo, são considerados ativos, caso deles sejam esperados que benefícios

econômicos futuros fluam para a entidade e caso eles sejam por ela controlados.

Os ativos de uma entidade resultam de transações passadas ou de outros eventos

passados. As entidades geralmente obtêm ativos por meio de sua compra ou produção, mas

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outras transações ou eventos podem gerar ativos, como por exemplo, um imóvel recebido em

doação.

Para fins de registro tem-se que um ativo deve ser reconhecido no balanço patrimonial

quando for provável que benefícios econômicos futuros dele provenientes fluirão para a

entidade e seu custo ou valor puder ser mensurado com confiabilidade.

Por sua vez, um ativo não deve ser reconhecido no balanço patrimonial quando os

gastos incorridos não proporcionarem a expectativa provável de geração de benefícios

econômicos para a entidade além do período contábil corrente. Ao invés disso, tal transação

deve ser reconhecida como despesa na demonstração do resultado.

3.3.2 Passivo e sua mensuração

Conforme estabelece o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC 00) passivo é

uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja liquidação se espera

que resulte na saída de recursos da entidade capazes de gerar benefícios econômicos.

Uma característica essencial para a existência de passivo é que a entidade tenha uma

obrigação presente. Uma obrigação é um dever ou responsabilidade de agir ou de

desempenhar uma dada tarefa de certa maneira. As obrigações podem ser legalmente

exigíveis em consequência de contrato ou de exigências estatutárias, como é o caso das contas

a pagar por bens e serviços recebidos.

É necessário fazer uma distinção entre obrigação presente e compromisso futuro. A

decisão de uma entidade para adquirir ativos no futuro não dá origem, por si só, a uma

obrigação presente, pois a obrigação normalmente surge somente quando um ativo é entregue

ou a entidade assume formalmente compromisso para adquirir o ativo.

A liquidação de uma obrigação presente geralmente implica a utilização, pela

entidade, de recursos incorporados de benefícios econômicos a fim de satisfazer CPC_00_R1

a demanda da outra parte. A liquidação de uma obrigação presente pode ocorrer de diversas

maneiras, como, por exemplo, por meio de pagamento em caixa; transferência de outros

ativos; prestação de serviços; substituição da obrigação por outra; ou conversão da obrigação

em item do patrimônio líquido. A obrigação pode também ser extinta por outros meios, tais

como pela renúncia do credor ou pela perda dos seus direitos.

Os passivos resultam de transações ou outros eventos passados. Assim, por exemplo, a

aquisição de bens e o uso de serviços dão origem a contas a pagar (a não ser que pagos

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adiantadamente ou na entrega) e o recebimento de empréstimo bancário resulta na obrigação

de honrá-lo no vencimento.

Alguns passivos somente podem ser mensurados por meio do emprego de significativo

grau de estimativa. No Brasil, denominam-se esses passivos de provisões. A definição de

passivo, constante do item 4.4 do CPC 00, segue uma abordagem ampla. Desse modo, caso a

provisão envolva uma obrigação presente e satisfaça os demais critérios da definição, ela é um

passivo, ainda que seu montante tenha que ser estimado.

Um passivo deve ser reconhecido no balanço patrimonial quando for provável que

uma saída de recursos detentores de benefícios econômicos seja exigida em liquidação de

obrigação presente e o valor pelo qual essa liquidação se dará puder ser mensurado com

confiabilidade.

3.3.3 Patrimônio líquido

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC 00) conceitua que o patrimônio

líquido é o interesse residual nos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus

passivos.

O patrimônio líquido compreende as contas de capital social, reservas de capital,

ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucro, ações em tesouraria e prejuízo acumulado.

Embora o patrimônio líquido seja definido no item 4.4 do CPC 00 como algo residual,

ele pode ter subclassificações no balanço patrimonial. Por exemplo, na sociedade por ações,

recursos aportados pelos sócios, reservas resultantes de retenções de lucros e reservas

representando ajustes para manutenção do capital podem ser demonstrados separadamente.

Tais classificações podem ser relevantes para a tomada de decisão dos usuários das

demonstrações contábeis quando indicarem restrições legais ou de outra natureza sobre a

capacidade que a entidade tem de distribuir ou aplicar de outra forma os seus recursos

patrimoniais.

A constituição de reservas é, por vezes, exigida pelo estatuto ou por lei para dar à

entidade e seus credores uma margem maior de proteção contra os efeitos de prejuízos. Outras

reservas podem ser constituídas em atendimento a leis que concedem isenções ou reduções

nos impostos a pagar quando são feitas CPC_00_R1 transferências para tais reservas. A

existência e o tamanho de tais reservas legais, estatutárias e fiscais representam informações

que podem ser importantes para a tomada de decisão dos usuários. As transferências para tais

reservas são apropriações de lucros acumulados, portanto, não constituem despesas.

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O montante pelo qual o patrimônio líquido é exibido no balanço patrimonial depende

da mensuração dos ativos e passivos. Geralmente, o montante agregado do patrimônio líquido

somente por coincidência corresponde ao valor de mercado agregado das ações da entidade ou

da soma que poderia ser obtida pela venda dos seus ativos líquidos numa base de item-por-

item, ou da entidade como um todo, tomando por base a premissa da continuidade.

3.4 RECEITAS E DESPESAS

O resultado é normalmente utilizado como medida de desempenho ou como base para

outras medidas, tais como o retorno do investimento ou o resultado por ação. Os elementos

diretamente relacionados com a mensuração do resultado são as receitas e as despesas.

De acordo com o CPC 00 as receitas podem ser em tendidas como os aumentos nos

benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma da entrada de recursos ou do

aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultam em aumentos do patrimônio

líquido, e que não estejam relacionados com a contribuição dos detentores dos instrumentos

patrimoniais.

As despesas por sua vez, são decréscimos nos benefícios econômicos durante o

período contábil, sob a forma da saída de recursos ou da redução de ativos ou assunção de

passivos, que resultam em decréscimo do patrimônio líquido, e que não estejam relacionados

com distribuições aos detentores dos instrumentos patrimoniais.

As receitas e as despesas podem ser apresentadas na demonstração do resultado de

diferentes maneiras, de modo a serem prestadas informações relevantes para a tomada de

decisões econômicas. A distinção entre itens de receitas e de despesas e a sua combinação de

diferentes maneiras também permitem demonstrar várias formas de medir o desempenho da

entidade, com maior ou menor grau de abrangência dos itens.

3.4.1 Receitas e ganhos

A definição de receita dada pelo CPC 00, abrange tanto receitas propriamente ditas

quanto ganhos. A receita surge no curso das atividades usuais da entidade e é designada por

uma variedade de nomes, tais como vendas, honorários, juros, dividendos, royalties, aluguéis.

Já os ganhos representam outros itens que se enquadram na definição de receita e podem ou

não surgir no curso das atividades usuais da entidade, representando aumentos nos benefícios

econômicos e, como tais, não diferem, em natureza, das receitas.

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Ganhos incluem, por exemplo, aqueles que resultam da venda de ativos não

circulantes. A definição de receita também inclui ganhos não realizados. Por exemplo, os que

resultam da reavaliação de títulos e valores mobiliários negociáveis e os que resultam de

aumentos no valor contábil de ativos de longo prazo. Quando esses ganhos são reconhecidos

na demonstração do resultado, eles são usualmente apresentados separadamente, porque sua

divulgação é útil para fins de tomada de decisões econômicas. Os ganhos são, em regra,

reportados líquidos das respectivas despesas.

A receita deve ser reconhecida na demonstração do resultado quando resultar em

aumento nos benefícios econômicos futuros relacionado com aumento de ativo ou com

diminuição de passivo, e puder ser mensurado com confiabilidade.

3.4.2 Despesas e perdas

A definição de despesas abrange tanto as perdas quanto as despesas propriamente ditas

que surgem no curso das atividades usuais da entidade. As despesas que surgem no curso das

atividades usuais da entidade incluem, por exemplo, o custo das vendas, salários e

depreciação. Geralmente, tomam a forma de desembolso ou redução de ativos como caixa e

equivalentes de caixa, estoques e ativo imobilizado (CPC 00).

As perdas representam outros itens que se enquadram na definição de despesas e

podem ou não surgir no curso das atividades usuais da entidade, representando decréscimos

nos benefícios econômicos e, como tais, não diferem, em natureza, das demais despesas.

As perdas incluem, por exemplo, as que resultam de sinistros como incêndio e

inundações, assim como as que decorrem da venda de ativos não circulantes. A definição de

despesas também inclui as perdas não realizadas. Por exemplo, as que surgem dos efeitos dos

aumentos na taxa de câmbio de moeda estrangeira com relação aos empréstimos da entidade a

pagar em tal moeda. Quando as perdas são reconhecidas na demonstração do resultado, elas

são geralmente demonstradas separadamente, em razão de sua divulgação ser útil para fins de

tomada de decisões econômicas.

As despesas devem ser reconhecidas na demonstração do resultado quando resultarem

em decréscimo nos benefícios econômicos futuros, relacionado com o decréscimo de um ativo

ou o aumento de um passivo, e puder ser mensurado com confiabilidade. Já as despesas

devem ser reconhecidas na demonstração do resultado com base na associação direta entre

elas e os correspondentes itens de receita. Esse processo, usualmente chamado de

confrontação entre despesas e receitas (regime de competência), envolve o reconhecimento

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simultâneo ou combinado das receitas e despesas que resultem diretamente ou conjuntamente

das mesmas transações ou outros eventos.

Uma despesa deve ser reconhecida imediatamente na demonstração do resultado

quando o gasto não produzir benefícios econômicos futuros ou quando, e na extensão em que,

os benefícios econômicos futuros não se qualificarem, ou deixarem de se qualificar, para

reconhecimento no balanço patrimonial como ativo. A despesa também deve ser reconhecida

na demonstração do resultado nos casos em que um passivo é incorrido sem o correspondente

reconhecimento de ativo, como no caso de passivo decorrente de garantia de produto.

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4 CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

As características qualitativas são propriedades que tornam as demonstrações

contábeis úteis para os usuários. A Resolução CFC n° 1.282/10 define os quatro principais

atributos qualitativos, quais sejam: compreensibilidade, relevância, confiabilidade e

comparabilidade.

4.1 COMPREENSIBILIDADE

As informações exibidas nas demonstrações contábeis devem ser imediatamente

entendidas pelos usuários. Para este fim, presume-se que os usuários possuam conhecimento

razoável dos negócios, das atividades econômicas e sobre contabilidade (RIBEIRO;

COLEHO, 2014).

Informações sobre temas complexos que devam ser contidas nas demonstrações

contábeis por causa da sua importância para as necessidades de tomada de decisão pelos

usuários não devem ser excluídas em nenhuma hipótese, inclusive sob o motivo de que seria

difícil para certos usuários as entenderem.

4.2 RELEVÂNCIA E MATERIALIDADE

Para serem úteis, as informações devem ser proeminentes às necessidades dos usuários

na tomada de decisões. Estas são relevantes quando podem interferir nas decisões econômicas

dos usuários, ajudando-os a estimar o impacto de eventos passados, presentes ou futuros, ou

confirmando, ou corrigindo as suas avaliações precedentes (RIBEIRO; COLEHO, 2014).

Informações sobre as posições patrimonial e financeira e o desempenho passado são

repetidamente utilizados como base para projetar a posição e a performance futuros. A

competência de fazer previsões com base nas demonstrações contábeis pode ser expandida,

entretanto, pela forma como as informações sobre transações e eventos anteriores são

apresentadas. A relevância das informações é afetada pela sua natureza e materialidade. Em

algumas ocorrências, a natureza das informações, por si só, é suficiente para decidir a sua

importância.

Uma informação é material se a sua omissão ou distorção puder influenciar as

decisões econômicas dos usuários, tomadas com base nas demonstrações contábeis. A

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materialidade depende do tamanho do item ou do erro, julgado nas circunstancias especificas

de sua omissão ou distorção (RIBEIRO; COLEHO, 2014).

4.3 CONFIABILIDADE E FIDEDIGNIDADE

Para ser útil, a informação deve ser confiável, deve estar livre de erros ou vieses

relevantes e representar adequadamente aquilo que se propões a representar (RIBEIRO;

COLEHO, 2014).

Algumas premissas são pertinentes à confiabilidade das informações contábeis:

a) Representação adequada: A informação deve representar adequadamente as

transações e outros eventos que ela diz representar. A maioria das informações contábeis está

sujeita a algum risco de não ser uma representação fiel daquilo que se propõe a retratar. Pode

decorrer de dificuldades inerentes à identificação das transações ou outros eventos a serem

avaliados ou à identificação e aplicação e aplicação de técnicas de mensuração e apresentação

que possam transmitir, adequadamente, informações que correspondam a tais transações e

eventos.

b) Primazia da essência sobre a forma: É necessário que essas transações e eventos

sejam contabilizados e apresentados de acordo com a sua substancia e realidade econômica, e

não meramente sua forma legal. A essência das transações ou dos outros eventos nem sempre

é consistente com o que aparenta ser, com base na sua forma legal ou artificialmente

produzida. Por exemplo, uma entidade pode vender um ativo a um terceiro de tal maneira que

a documentação indique a transferência legal da propriedade a esse terceiro; entretanto,

poderão existir acordos que assegurem que a entidade continuará a usufruir os frutos

benefícios econômicos gerados pelo ativo e a recomprará depois de um certo tempo por um

montante que se aproxima do valor original de venda, acrescido de juros de mercado durante

esse período. Em tais circunstancias, reportar a venda não representaria adequadamente a

transação formalizada.

c) Neutralidade: Para ser confiável, a informação contida nas demonstrações contábeis

deve ser neutra, isto é, imparcial.

d) Prudência: Consiste no emprego de um certo grau de precaução no exercício dos

julgamentos necessários às estimativas em certas condições de incertezas, no sentido de que

ativos ou receitas não sejam superestimados e que passivos ou despesas não sejam

subestimados.

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e) Integridade: Para ser confiável, a informação constante das demonstrações

contábeis deve ser completa, dentro dos limites de materialidade e custo. Uma omissão pode

tornar a informação falsa ou distorcida e, portanto, não confiável e deficiente em termos de

sua relevância.

4.4 COMPARABILIADADE

Os usuários devem poder comparar as demonstrações contábeis de uma entidade ao

longo do tempo, a fim de identificar tendências nas suas posições patrimonial e financeira e

no seu desempenho. A observância das normas, inclusive a divulgação das práticas contábeis

utilizadas pela entidade, ajudam a atingir a comparabilidade (RIBEIRO; COLEHO, 2014).

A necessidade de comparabilidade não deve ser confundida com mera uniformidade e

não se deve permitir que se torne um impedimento a introdução de normas contábeis

aperfeiçoados. Não é apropriado que uma entidade continue contabilizando da mesma

maneira uma transação ou um evento se a pratica contábil adotada não está em conformidade

com as características qualitativas de relevância e confiabilidade. Também é inapropriado

manter práticas contábeis quando existem alternativas mais relevantes e confiáveis.

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5 EVIDENCIAÇÃO DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS

A contabilidade se supre de demonstrativos que retratam a situação de determinada

empresa, por meio de registros de todas as operações que ocorrem diariamente. Tais

demonstrativos são evidenciados com a finalidade básica de informar, auxiliar os usuários em

sua tomada de decisão.

5.1 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS PARA USUÁRIOS EXTERNOS

O objetivo dos relatórios contábil-financeiros é fornecer informações contábil-

financeiras acerca da entidade que sejam úteis a investidores, a credores quando da tomada

decisão ligada ao fornecimento de recursos para a entidade. Tais decisões envolvem comprar,

vender ou manter participações em instrumentos patrimoniais e em instrumentos de dívida, e

a oferecer ou disponibilizar empréstimos ou outras formas de crédito.

Essas decisões de investimento e/ou financiamento dependem do retorno que se espera

da organização, por exemplo: dividendos, pagamentos de principal e de juros ou acréscimos

nos preços de mercado. As expectativas de investidores, credores por empréstimos e outros

credores em termos de retorno dependem da avaliação destes quanto ao montante,

tempestividade e incertezas (as perspectivas) associados aos fluxos de caixa futuros de

entrada para a entidade. Em consequência, os investidores e credores necessitam de

informação para auxiliá-los na avaliação das perspectivas em termos de entrada de fluxos de

caixa futuros para a entidade.

Muitos investidores e credores não podem requerer que as entidades que reportam a

informação prestem a eles diretamente as informações de que necessitam, devendo desse

modo confiar nos relatórios contábil-financeiros que são divulgados. Consequentemente, eles

são os usuários primários para quem relatórios contábil-financeiros são direcionados.

Com a finalidade de atender os usuários da informação contábil, a entidade deverá

apresentar suas demonstrações contábeis sempre de acordo com as normas regulamentares

dos órgãos normativos. O conjunto completo de demonstrações contábeis inclui o balanço

patrimonial; a demonstração do resultado; a demonstração das mutações do patrimônio

líquido; a demonstração dos fluxos de caixa; a demonstração do valor adicionado, se

divulgada pela entidade; e as notas explicativas, incluindo a descrição das práticas contábeis.

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5.2 RELATÓRIOS GERENCIAIS

A administração da entidade que reporta a informação está também interessada em

informação contábil-financeira sobre a entidade. Contudo, a administração é capaz de obter

tais informações de que precisa internamente, nos relatórios gerenciais.

Os relatórios gerenciais têm a finalidade de gerar informações aos gestores da

entidade, no que se refere aos eventos administrativos, econômicos e financeiros, para que se

possa prever, medir, comparar e controlar o desempenho das atividades bem como da empresa

como um todo.

Tais controles são instrumentos de apoio ao processo decisório da entidade, têm seu

foco no presente e no futuro, a fim de possibilitar um maior grau de acertos nas previsões e

avaliações. Os relatórios gerenciais têm como público-alvo as pessoas dentro da organização,

e contribuem para o planejamento, direção, controle e avaliação do desempenho.

As funções dos relatórios gerenciais são diversas, contribuem para o controle

operacional fornecendo informações sobre a eficiência e a qualidade das tarefas executadas,

auxiliam no custeio dos produtos mensurando os custos dos recursos para se produzir, vender

e entregar produtos e serviços aos clientes. Tais controles auxiliam no controle administrativo

fornecendo informações sobre o desempenho de gestores e de unidades operacionais, e

também no controle estratégico fornecendo informações sobre o desempenho financeiro,

condições de mercado, preferências dos clientes e inovações tecnológicas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Abordagem contextual, histórica e gerencial. São Paulo. Atlas, 2010.

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b) Complementar:

CPC. Comitê de Pronunciamentos Contábeis – Pronunciamento Conceitual Básico (R1)

Estrutura Conceitual para elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro,

de 02 de dezembro de 2011.

http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/147_CPC00_R1.pdf

CRCSC. Princípios fundamentais e normas brasileira de contabilidade. Florianópolis:

Consenso, 2008.

ECKERT, A. Teoria da contabilidade para o exame de suficiência. São Paulo: Edipro,

2011.

HENDRIKSEN, Eldon S. VAN BREDA, Michael F.. Teoria da contabilidade. 5º ed. São

Paulo: Atlas, 1999.

IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos; FARIA, Ana Cristina de. Introdução à

teoria da contabilidade. 5º ed. São Paulo: Atlas, 2009.

NIYAMA, J. K.; SILVA, C. A. T. Teoria da contabilidade. 2º ed. São Paulo: Atlas, 2011.

RIBEIRO, O. M.; COELHO, J. M. R. Princípios de contabilidade. São Paulo: Saraiva,

2014.

SÁ, Antônio Lopes de. História geral e das doutrinas da contabilidade. São Paulo: Atlas,

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SÁ, Antonio Lopes de. Teoria da contabilidade. 3º ed. São Paulo: Atlas. 2002.

SANTOS, J. L.; SCHMIDT, P.; GOMES, J. M. M.; FERNANDES, L. A. Contabilidade

Geral. 4º ed. São Paulo: Atlas, 2014.