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Territórios da Cidadania RIQUEZAS DE UM NOVO BRASIL

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Territórios da Cidadania

RIQUEZAS DE UM NOVO BRASIL

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Territórios da Cidadania

Riquezas de um novo Brasil2014

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PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO NACIONALRoberto Simões

DIRETOR-PRESIDENTELuiz Barretto

DIRETOR-TÉCNICOCarlos Alberto dos Santos

DIRETOR DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇASJosé Claudio dos Santos

GERENTE DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIALAndré Silva Spínola

GERENTE ADJUNTO DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIALAugusto Togni de Almeida Abreu

CHEFE DA ASSESSORIA DE IMPRENSADenise Carvalho Chaves

TERRITÓRIOS DA CIDADANIARiquezas de um novo Brasil

COORDENAÇÃO TÉCNICAAugusto Togni de Almeida Abreu

COORDENAÇÃO EDITORIALAugusto Togni de Almeida AbreuKrishna Aum de FariaLarissa Meira

APOIO TÉCNICOLuísa MedeirosTecris de SouzaCarlos Eduardo Pinto Santiago

EQUIPE DA UNIDADE DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIALAna Laura Sousa e CustódioCarlos Eduardo Pinto SantiagoCecília Fonseca e MirandaGabriela Penna RiosIsrael Alves Jorge de SouzaKarina Santos de SouzaKrishna Aum de FariaMichelle Carsten CarloniPedro Henrique Vasconcelos e ValadaresSabrina Carvalho do Carmo

ESTAGIÁRIOSFelipe Manara Whately PaivaLuciana Maria de Negreiros PintoMárcia Alves Rodrigues Farias Pedro Henrique Carvalho Souto

EDIÇÃO E REVISÃOBeth Nardelli

REPORTAGEMLuciana Barreto Luciana BarboHédio Ferreira Júnior

FOTOGRAFIA E EDIÇÃO DE FOTOSDaniel Ferreira

PROJETO GRÁFICO / DIAGRAMAÇÃOChica Magalhães / Grupo Informe Comunicação Integrada

TIRAGEM5.000 exemplares

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro ePequenas Empresas – SebraeSGAS 605, Conjunto A, Asa Sul – Brasília – DFCEP: 70.200-645Telefone: (61) 3348-7100

CENTRAL DE RELACIONAMENTO SEBRAE0800 570 0800//www.sebrae.com.br

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PrefácioA aposta na cidadania como condição para o desenvolvimento territorial ...................................... 12Luiz Inácio Lula da Silva

MensagemUm programa para expandir a nossa missão ............................................................................................... 16Roberto Simões, Presidente do Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae

Editorial Investir no crescimento local é priorizar a coletividade............................................................................ 20Luiz Barretto, Presidente do Sebrae

ArtigoPequenos negócios na agenda do desenvolvimento territorial ........................................................... 22Carlos Alberto dos Santos, Diretor -Técnico do Sebrae

ArtigoSustentabilidade em ação ................................................................................................................................. 26José Claudio dos Santos, Diretor de Administração e Finanças

Entrevista Interior do país vive momento de prosperidade ........................................................................................ 30André Silva Spínola, Gerente de Desenvolvimento Territorial do Sebrae

ArtigoProgresso com cidadania e com oportunidades para empreender ..................................................... 36Augusto Togni de Almeida Abreu, Coordenador do Programa Nacional Sebrae nos Territórios da Cidadania

O ProgramaO Sebrae nos Territórios da Cidadania ........................................................................................................... 42

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Região NorteTocantins ................................................................................................................................................................. 54Acre ........................................................................................................................................................................... 62Amapá ...................................................................................................................................................................... 63Amazonas ............................................................................................................................................................... 66Pará ............................................................................................................................................................................ 67Rondônia ................................................................................................................................................................. 68Roraima .................................................................................................................................................................... 69

Região NordesteAlagoas .................................................................................................................................................................... 74Bahia ......................................................................................................................................................................... 82Ceará ......................................................................................................................................................................... 83Maranhão ................................................................................................................................................................ 84Paraíba ..................................................................................................................................................................... 85Pernambuco ........................................................................................................................................................... 88Piauí ........................................................................................................................................................................... 89Rio Grande do Norte ............................................................................................................................................ 90Sergipe ..................................................................................................................................................................... 91

Região Centro-OesteMato Grosso do Sul ............................................................................................................................................... 96Distrito Federal ....................................................................................................................................................104Goiás .......................................................................................................................................................................105Mato Grosso .........................................................................................................................................................106

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Região SudesteMinas Gerais .........................................................................................................................................................112Espírito Santo .......................................................................................................................................................120Rio de Janeiro .......................................................................................................................................................121São Paulo ...............................................................................................................................................................122

Região SulRio Grande do Sul ................................................................................................................................................128Paraná .....................................................................................................................................................................136Santa Catarina ......................................................................................................................................................137

PerspectivasUm novo ciclo para o futuro ............................................................................................................................138

ArtigoA cidadania nos Territórios ...............................................................................................................................142Miguel Rossetto, Ministro do Desenvolvimento Agrário

ArtigoO empreendedorismo como estratégia de inclusão produtiva ..........................................................146Tereza Campello, Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

ArtigoParceria valoriza as potencialidades locais ................................................................................................148Fernando Teixeira , Ministro da Integração Nacional

Lista de Territórios da Cidadania atendidos pelo Sebrae..............................................................................152

Sebrae nos Estados ...................................................................................................................................................154

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Prefácio

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Territórios da Cidadania14

Cidadania no Brasil profundo

Uma das lições que aprendi, em muitos anos percorrendo o Brasil, é que este país é bem

mais complexo do que nos contam os grandes nú-meros. E é também muito mais rico em possibili-dades do que podemos imaginar. Existe um Brasil imenso nas pequenas cidades do interior, que não era devidamente levado em conta no planeja-mento das políticas públicas. E existe uma enorme população que estava condenada à invisibilidade – relegada em seus direitos sociais e desconside-rada como força produtiva de uma grande nação.

Todo o esforço que fizemos, desde 2003, para retomar o desenvolvimento econômico, com forte inclusão social e redução das desigualdades,

“Não era mais concebível pensar o crescimento da economia desconsiderando a inclusão social, pois um objetivo não faz sentido se não for acompanhado do outro” Luiz Inácio Lula da Silva

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15Prefácio

brasileiro não apenas reconheceu a existência destes milhões de cidadãos, como passou a bus-cá-los, ativamente, para integrá-los no processo de desenvolvimento nacional. Os programas e ações direcionadas para estes municípios e loca-lidades potencializaram o impacto das políticas de desenvolvimento regional, que estão corri-gindo desequilíbrios históricos.

A combinação entre crescimento econômico e inclusão social desdobrou-se em ganhos reais para a população, que viu o poder de compra do salário mínimo avançar mais de 70% entre 2003 e 2014. Ao investir no potencial do mercado interno de massas, o país vem colhendo inúmeros frutos positivos na economia e no bem-estar das pessoas. Segundo pesquisa recentemente divulgada pelo Instituto Data Popular, o consumo das famílias do interior movimenta cerca de R$ 827 bilhões, o que representa 38% do consumo total do país.

A sensação de melhores condições de vida, em especial do povo que reside em municípios menores, está intrinsecamente ligada à força dos pequenos negócios. Os empreendedores de pequeno porte do interior do país geram cerca de 6,1 milhões de empregos formais, e ajudam a girar a roda da economia nas cidades.

Neste sentido, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) foi muito feliz em apostar na política de territorialização idealizada pelo governo federal. Ainda em 2008, a instituição passou a desenvolver projetos para estimular as vocações econômicas dos Terri-tórios da Cidadania, e desde 2011 desenvolve

seria insuficiente se não contemplasse o mais profundo Brasil. Por isso criamos, desde o primeiro ano de nosso governo, programas e ações como o Luz Para Todos, que em pouco mais de uma déca-da levou energia elétrica a 15 milhões de pessoas do campo e da periferia das grandes cidades.

Entre 2003 e 2014, já no governo da presidenta Dilma Rousseff, os recursos do Pronaf para a agri-cultura familiar passaram de R$ 2,4 bilhões para R$ 21 bilhões. No mesmo período, mais de 800 mil famílias tiveram acesso à terra, por meio da reforma agrária e do crédito fundiário. O programa Mais Ali-mentos financiou a modernização das pequenas propriedades, e outros, como o Programa de Aqui-sição de Alimentos e o Garantia Safra, proporciona-ram mercado e segurança à produção familiar.

Este olhar para o Brasil profundo abrangeu praticamente todas as políticas sociais. O pro-grama Caminho da Escola, por exemplo, garante transporte para cerca de 2 milhões de alunos da zona rural. Outro exemplo: em pouco mais de uma década o número de municípios com faculdades federais passou de 114 para 272, ofe-recendo oportunidades a centenas de milhares de jovens no interior. Dobramos para 35 mil as equipes de Saúde da Família, de forma a atender a população das localidades mais distantes.

Com base na experiência de desenvolvimen-to territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário, criamos, em 2008, o programa Territó-rios da Cidadania. Este programa teve o objetivo de integrar as mais diversas políticas públicas nos municípios mais carentes do Brasil. O Estado

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o Programa Nacional Sebrae nos Territórios da Cidadania, iniciativa que possibilitou atendi-mento continuado a cerca de 700 mil pequenos negócios em mais de 1.600 municípios.

Adotando a lógica de que “distância não é problema”, o Sebrae massificou sua estratégia de atuação, o que permitiu melhorias na gestão de pequenos negócios espalhados pelo interior do país. Mais capacitados e com acesso a novos mercados, os empreendedores contribuíram para a dinamização econômica dos Territórios da Cidadania. Ao invés de esperar que o peque-no empresário batesse à sua porta, o Sebrae realizou um processo de busca ativa, indo de negócio a negócio, procurando fortalecer indi-vidualmente as empresas locais e organizando demandas específicas de setores organizados, como o comércio varejista local ou um grupo de produtores de mel, por exemplo.

Ao perceber que também deveria expandir sua atuação para todos os empreendedores do Brasil, o Sebrae potencializou sua contribuição para o desenvolvimento econômico de inúme-ras localidades que pela primeira vez tiveram seus empreendedores atendidos de forma contínua, podendo participar ativamente dos cursos e demais soluções que permitiram o crescimento de seus negócios. As histórias e experiências narradas neste livro exemplifi-cam de que forma o Sebrae contribuiu para que um número maior de brasileiros se sentis-sem pela primeira vez cidadãos ativos, capazes de desenvolver seus territórios.

“Ao perceber que também deveria expandir sua atuação para todos os empreendedores do Brasil, o Sebrae potencializou sua contribuição para o desenvolvimento econômico de inúmeras localidades que pela primeira vez tiveram seus empreendedores atendidos”

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O Sistema Sebrae tem por missão fortalecer a economia nacional a partir de ações

que garantam maior competitividade e o desenvolvimento sustentável dos pequenos negócios. A complexa configuração territorial brasileira torna essa tarefa ainda mais árdua na medida em que a instituição deve empreen-der esforços vultosos para capacitar os atuais empresários e fomentar o empreendedorismo nas mais diversas localidades do país.

“Ao longo de sua trajetória, o Sebrae percebeu que a presença constante e massiva nos municípios de pequeno porte é fundamental para que sejam observados avanços em questões estruturais da configuração socioeconômica brasileira” Roberto SimõesPresidente do Conselho Deliberativo Nacional

Um programa para expandir a nossa missão

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19Mensagem

Ao longo de sua trajetória, o Sebrae percebeu que a presença constante e massiva nos municí-pios de pequeno porte é fundamental para que sejam observados avanços em questões estrutu-rais da configuração socioeconômica brasileira, como a recente queda da desigualdade de renda e o aumento do número de empregos gerados pelos pequenos negócios do interior do país.

Uma das características que posicionam o Sebrae como um instituição de vanguarda diz respeito à sua capilaridade. Cerca de seis mil co-laboradores e oito mil consultores credenciados atuam em mais de 700 postos de atendimento. Além das sedes nas capitais de cada unidade fe-derativa e dos escritórios regionais distribuídos em cidades de pequeno e médio porte, a insti-tuição tem perseguido soluções inovadoras para expandir sua capacidade de atendimento ao empresário, ainda que este resida em municípios mais distantes, de difícil acesso.

O Programa Nacional “Sebrae nos Territórios da Cidadania” representa um dos principais es-forços da instituição para ampliar a cobertura de atendimento aos empresários do país. Soluções como os “Recreios” — barcos típicos da Ama-zônia que foram adaptados para funcionarem como unidades itinerantes do Sebrae — garan-tiram o atendimento a empreendedores de cida-des ribeirinhas no interior do Amazonas, e isso se deve aos recursos e à estratégia de massificação do atendimento inerentes ao programa. Além do atendimento individual, foram desenvolvidas

inúmeras ações junto às atividades produtivas que despontam como vocações locais, como a cadeia do turismo no território Sudeste do Tocantins ou as agroindústrias que produzem doces caseiros no território Agreste de Alagoas.

Os resultados do aperfeiçoamento do pro-cesso de interiorização do Sebrae estão descritos neste livro. Ao longo de quatro anos, empre-endedores de 1.635 cidades distribuídas em 105 territórios foram impactados por soluções que abrangem desde consultorias básicas para melhoria da gestão, via aplicação do Programa “Negócio a Negócio”, até capacitações sobre a importância da inovação para o crescimento das empresas, por meio da realização da Semana Na-cional de Ciência e Tecnologia.

A divulgação da experiência acumulada na implementação do programa tem duplo papel: reforçar a importância do esforço quantitativo em ampliar o número de negócios atendidos pelo Sebrae e refletir acerca da contribuição qualitativa na promoção do desenvolvimento econômico destes territórios.

Esperamos que os diversos agentes que atuam nos territórios e demais interessados na temática do desenvolvimento territorial sintam--se estimulados a buscar novos desafios para que a economia nacional seja cada vez mais fortale-cida por meio do aumento da competitividade e da sustentabilidade dos negócios de pequeno porte. As experiências aqui apresentadas certa-mente são úteis para este processo.

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Editorial

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“O Brasil é um país de grandes dimensões territoriais, com áreas que exigem mais atenção para garantir dinamismo econômico e desenvolvimento territorial”

Luiz Barretto,Presidente do Sebrae

Investir no crescimento local é priorizar a coletividade

Há mais de 40 anos, o Sebrae trabalha para desenvolver o empreendedorismo

brasileiro, fomentando ações que estimulam, principalmente, a capacitação do empresa-riado de pequeno porte em todas as regiões do país. Nessa caminhada, batalhamos muito para melhorar o nosso ambiente de negócios e assegurar um tratamento diferenciado às micro e pequenas empresas, que representam 99% das empresas nacionais.

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para as áreas urbanas e rurais incorporando ações multissetoriais. Atuamos sob três eixos estratégicos: atendimento individual e coletivo de empresários, e articulação com o poder públi-co local, a fim de criar um ambiente de negócios mais favorável ao desenvolvimento.

Em 2014, concluímos essa etapa do progra-ma e o resultado de nosso trabalho estará de-talhado neste livro. Destacamos personagens importantes desse processo de aprendizado e crescimento. Vamos contar a história de alguns empresários com perfis distintos que foram atendidos pelo programa.

Também reconhecemos o esforço de gesto-res públicos e dos agentes de desenvolvimento para colocar em prática, nos municípios, a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, especial-mente o capítulo 5 da legislação, que trata sobre as compras governamentais. A Lei Geral é, de fato, uma ferramenta de desenvolvimento terri-torial e os pequenos negócios podem e devem ser os principais fornecedores de produtos e ser-viços para as prefeituras.

Nosso objetivo é promover a inclusão so-cioprodutiva, ampliar o número de postos de trabalho, inserir micro e pequenos empresários no mercado e repassar conhecimento e infor-mação sobre gestão empresarial. Pensar no desenvolvimento local é pensar no bem-estar coletivo aproveitando as potencialidades de cada território e de seus moradores.

Boa leitura!

Avançamos com a criação, em 2006, da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, que re-duziu a burocracia e garantiu mais mercado e menos impostos para os pequenos negócios. Após sete anos em vigor, quase 9 milhões de pessoas já aderiram ao regime do Supersim-ples – quase metade delas são microempreen-dedores individuais..

Como resultado desse avanço, verificamos o fortalecimento da nossa economia, o desenvolvi-mento local e sustentável de milhares de municí-pios que adotaram a Lei Geral e a diminuição da informalidade no mercado de trabalho. O Sebrae tem o compromisso institucional com as políticas públicas e iniciativas do governo que visam incen-tivar as atividades produtivas de pequeno porte.

Sob esse aspecto, estamos atuando nas lo-calidades delimitadas pelo programa governa-mental Territórios da Cidadania desde 2008, que contempla municípios com baixos índices de de-senvolvimento humano (IDH), baixo dinamismo econômico e concentração de beneficiários do Programa Bolsa Família, de agricultores familia-res, de assentamentos rurais, dentre outros.

Durante esse período, trabalhamos com 55 projetos. A partir disso, tivemos o desafio de am-pliar a nossa atuação e, no segundo semestre de 2011, criamos um programa nacional do Sebrae para ajudar a desenvolver essas localidades.

Desde então, atendemos 105 dentre os 120 Territórios da Cidadania delineados pelo gover-no federal e ampliamos nosso escopo de atuação

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Transformar vidas e desenvolver comuni-dades. Os exemplos são muitos, desde o

padeiro José Edson, que virou patrão, dono da

Panificadora Delícia, e quer se tornar uma pe-

quena empresa em União dos Palmares (AL), às

artesãs que se uniram, montaram a Central Ve-

redas, em Arinos (MG), e hoje exportam borda-

dos, rendas e peças feitas em teares para países

da Europa. Histórias de superação e mudança

radical são marca registrada do Programa Na-

“O Sebrae nos Territórios da Cidadania apoia empresários e empreendedores nesse processo de mudança qualitativa que já resulta em negócios mais competitivos, com capacidade para atender à demanda local e avançar em direção a outros mercados”

Carlos Alberto dos Santos,Diretor-técnico do Sebrae Nacional

Pequenos negócios na agenda do desenvolvimento territorial

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cional Sebrae nos Territórios da Cidadania, cuja dimensão pode ser medida pelos 1.635 municí-pios onde vem atuando desde 2011.

As ações do Sebrae nesse campo, porém, começaram no segundo semestre de 2008, com 55 projetos em 25 estados, alinhados com o programa Territórios da Cidadania, do gover-no federal, que previa atuação em 60 territó-rios. Nessa época, o Sebrae lançou um edital para seleção de projetos com o propósito de atuar no fortalecimento do tecido empresarial existente e estimular o empreendedorismo, tendo em vista a inserção produtiva daqueles que vivem nessas localidades.

Os projetos visavam à criação de novos negó-cios e à formalização de microatividades para me-lhoria da renda, qualidade de vida e geração de empregos. O modelo de atuação buscava integrar as ofertas dos governos – federal e estadual – às demandas dos municípios. O Sebrae focava ini-ciativas direcionadas às atividades produtivas, um dos eixos prioritários do programa Territórios da Cidadania, do governo federal. Trata-se de política pública de desenvolvimento territorial direcio-nada a regiões de baixo dinamismo econômico e condições sociais incipientes.

Nos Territórios da Cidadania, entre 2008 e 2011 o Sebrae implementou ações voltadas para o ambiente rural, que resultaram em avan-ços significativos e bastante aprendizado. O balanço dessa atuação levou o Sebrae a lançar o Programa Nacional Sebrae nos Territórios

da Cidadania, direcionado hoje a 105 dos 120 territórios definidos pelo governo federal, com o objetivo de atender as atividades produtivas e criar um ambiente de negócios favorável ao desenvolvimento local por meio da implemen-tação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar nº 123/2006).

Nesse contexto, é possível promover o desen-volvimento em municípios distantes dos grandes centros urbanos, a partir de um ambiente legal fa-vorável aos pequenos negócios? E como promo-ver mudanças socioeconômicas em ambientes tão adversos – menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) territorial, baixo dinamismo eco-nômico, maior concentração de beneficiados pelo Programa Bolsa Família e de agricultores familiares e população de até 50 mil habitantes?

Em nenhuma hipótese, as respostas para essas questões são triviais. Pelo contrário, os desafios são vários e sua superação, laboriosa. Sabemos também que o desenvolvimento é um processo lento, desigual e complexo. Torna-se essencial articular, sensibilizar e mobilizar as co-munidades e suas lideranças, pois os processos de mudança só serão efetivos se houver vonta-de, compromisso e engajamento de todos os atores sociais envolvidos.

Nesse sentido, verifica-se um amplo esforço dos governos e das agências de fomento e de desenvolvimento com parcerias entre entida-des públicas, privadas, civis e empresariais, bem como instituições de ensino e pesquisa para su-

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perar desafios e reduzir desigualdades sociais. As prefeituras assumem papel decisivo na hora de identificar as demandas e definir as prioridades municipais. Os pequenos negócios – maioria en-tre as empresas formais e que geram em média 53% dos empregos – são parceiros estratégicos dessa agenda do desenvolvimento.

O desafio está em transformar esse poten-cial em produtos atraentes ao mercado. Isso requer estratégia, planejamento, ação política, integração. O Sebrae nos Territórios da Cidada-nia apoia empresários e empreendedores nesse processo de mudança qualitativa que já resulta em negócios mais competitivos, com capacida-de para atender à demanda local e avançar em direção a outros mercados.

Quando o fazer torna-se ação empreendedora

Desde a sua criação em 2006, a Lei Geral foi regulamentada em cerca de 4 mil municípios e implementada em mais de 2 mil cidades. Ao aplicá-la, o município confere tratamento dife-renciado, simplificado e favorecido aos peque-nos negócios e incentiva o empreendedorismo e o protagonismo local. Com isso, os municípios reconhecem o papel dos pequenos negócios na economia local e seus impactos sociais.

“O processo de inclusão produtiva, ao se implementar a Lei Geral, abre um leque de possibilidades à economia local: impulsiona os negócios, o emprego e a renda, além de aumentar a receita municipal, fortalecer as governanças territoriais e as entidades de classe, e promover o desenvolvimento regional”

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Entre as várias soluções do seu portfólio, o Sebrae dispõe do Programa Nacional Negócio a Negócio para orientação empresarial com diagnósticos e recomendações aos pequenos negócios; o Sebrae Itinerante, que leva pales-tras, minicursos, orientação, ideias de negó-cios e atendimento individual a locais distan-tes das grandes cidades; e a Oficina Sebrae de Empreendedorismo.

A implementação da Lei Geral pelas pre-feituras impacta a vida dos empresários, traz resultados imediatos e possibilita dinamizar a economia e influenciar novos padrões de desempenho empresarial, além de bem-estar social e de crescimento econômico. O municí-pio, portanto, reforça seu papel de indutor do desenvolvimento. Essa experiência rural e ur-bana, além de multissetorial, levou o Sebrae ao Fórum Mundial de Desenvolvimento Econô-mico Local, em 2011, na Espanha. Desde a sua realização no Brasil, em 2013, o Sebrae integra o Comitê Organizador do evento.

Nesse contexto, o Sebrae tem contribuído por meio do atendimento coletivo e individual, e de forma segmentada, com soluções específicas para os pequenos negócios. Fomos mais longe do que nunca; estamos presentes onde o país mais precisa. O propósito é qualificar a gestão, possibilitar diferenciais competitivos e, assim, ampliar mercado, acessar crédito e desenvolver

uma cultura sustentável e inovadora. Por isso, a atuação integrada com todas as instituições para otimizar recursos e energia, evitando sobreposi-ções e garantindo efetividade.

O processo de inclusão produtiva, ao se im-plementar a Lei Geral, abre um leque de possibili-dades à economia local: impulsiona os negócios, o emprego e a renda, além de aumentar a receita municipal, fortalecer as governanças territoriais e as entidades de classe, e promover o desen-volvimento regional. Um trabalho sistêmico com efeitos sucessivos que se estende por anos e anos, num processo contínuo de mudanças e ganhos para a maioria.

O significado e a nobreza desse trabalho estão nas transformações que proporciona; e não se mede só por indicadores de resultados, como aumento das vendas. Sua relevância fica evidente na melhoria das condições de vida e bem-estar, na satisfação das pessoas, e na mu-dança da percepção sobre o lugar onde vivem: a maioria passa a valorizar as próprias conquistas e a riqueza local.

Exemplos como os do alagoano José Edson e da mineira Central Veredas, entre milhares de ou-tros, mostram que as mudanças são viáveis e ir-reversíveis. São os pequenos negócios trilhando o desenvolvimento local. São sinais de bons ne-gócios no horizonte dos Territórios da Cidadania.

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O Sebrae, no exercício de sua missão, inten-sifica cada vez mais a difusão de soluções

centradas na agenda da sustentabilidade. Essa frente de trabalho está focada no tripé econômi-co, social e ambiental, o que converge com todos os esforços conduzidos pelo Programa Nacional Sebrae nos Territórios da Cidadania.

Atuamos com o compromisso de propor-cionar alternativas aos clientes atendidos pelo Sebrae que permitam garantir maior capacidade competitiva e longevidade por intermédio da

“Preparamos os nossos colaboradores por meio de programas de educação continuada para garantir um amplo processo de geração de conhecimento, o que qualifica o Sebrae para atuar com eficiência em projetos diversos nas mais distintas regiões do país”

José Claudio dos Santos,Diretor de Administração e Finanças

Sustentabilidade em ação

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assistência técnica, consultoria e capacitação, com o propósito de contribuir com a redução das disparidades e desigualdades socioeconômicas existentes em diversas regiões do país.

Para tanto, as soluções da instituição em gestão, inovação e tecnologia, mercado e aces-so a serviços financeiros são concebidas para favorecer o crescimento econômico dos peque-nos negócios, bem como o fortalecimento da economia nacional. Preparamos os nossos cola-boradores por meio de programas de educação continuada para garantir um amplo processo de geração de conhecimento, o que qualifica o Sebrae para atuar com eficiência em projetos di-versos nas mais distintas regiões do país.

O trabalho para fomentar o empreendedoris-mo como alternativa concreta de inclusão social e produtiva também é desenvolvido em prol das gerações futuras e da disseminação de serviços educacionais para todas as faixas etárias. Dessa forma, o Sebrae disponibiliza soluções como o Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP), que tem o objetivo de despertar o espíri-to empreendedor e incentivar o protagonismo juvenil, além de apresentar possibilidades de inserção no mercado de trabalho.

 Essa é apenas uma das soluções do Progra-ma Nacional de Educação Empreendedora. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) é reflexo desse compro-

misso do Sebrae com o propósito de beneficiar os pequenos negócios e os jovens trabalhadores em situação de vulnerabilidade social a partir da criação de oportunidades profissionais.

Já no universo de iniciativas no contexto am-biental, temos atuado na difusão de tecnologias sociais para o campo, tendo como o principal condutor dessa frente de atuação o projeto de Produção Agroecológica Integrada e Sustentá-vel (PAIS). Essa iniciativa, difundida em muitos dos municípios do Programa Nacional Sebrae nos Territórios da Cidadania, tem propiciado uma relação promissora do produtor com o cam-po, resultando em grandes avanços na constru-ção de uma estratégia de segurança alimentar e geração de renda para agricultores.

Nessas regiões, há ainda o incentivo aos programas de compras públicas, que têm favo-recido a inserção de alimentos saudáveis nas merendas escolares, em creches públicas, nos postos de saúde, nos restaurantes populares e outros, estabelecendo assim uma relação direta das prefeituras com as suas comunidades e valo-rizando a Lei Geral da MPE como instrumento de desenvolvimento local.

Nesse sentido, temos avançado cada vez mais com conhecimento e iniciativas que forta-lecem ações econômicas, sociais e ambientais. Sustentabilidade em ação é o que se busca, seja por qualquer um de seus conceitos. 

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Territórios da Cidadania32

Muito já se falou sobre as desigualdades sociais que atingem o Brasil. É fato que

poucas cidades concentram a maior parte da renda nacional e que, em sua maioria, essas localidades estão nas regiões de maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Também é fato que, por muito tempo, o interior do país foi considerado uma região à parte, de onde as pessoas queriam sair para buscar uma vida me-lhor nas capitais e regiões metropolitanas.

Interior do país vive momento de prosperidade

No entanto, os 4.619 municípios afastados dos grandes centros urbanos estão em trans-formação nos últimos anos e os 94,3 milhões de brasileiros que ali vivem têm testemunhado esse momento de prosperidade. Pesquisa realizada pelo Sebrae mostra que a cada R$ 10 gastos no país, R$ 4 são movimentados no interior.

O potencial de consumo dessas localidades soma pelo menos R$ 827 bilhões ao ano, o equi-valente a 38% do total de dinheiro gasto no país.

Robe

rto

Jaym

e

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33Entrevista

Isso resulta do aumento dos postos de trabalho e da maior oferta de produtos e serviços, em sua maioria oriundos de micro e pequenas empresas.

Os índices apontados pela pesquisa decor-rem da transformação registrada no interior do país, em virtude da inclusão produtiva de cen-tenas de novos empreendedores. Ano após ano, o Sebrae tem colaborado com esse desenvolvi-mento econômico territorial, por meio do estí-mulo ao empreendedorismo, apoio e orientação dos donos de pequenos negócios.

A partir do incentivo à implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, a instituição também articula ações entre as administrações pú-blicas e os empresários para construir um ambiente cada vez mais favorável à abertura e desenvolvi-mento de pequenas empresas, tanto em meios

urbanos quanto rurais. Dessa maneira, contribui para que o interior do país se consolide como um ambiente promissor para os pequenos negócios e seja um polo gerador de renda e oportunidades.

De 2011 a 2012, o número de empresas op-tantes do Supersimples no interior do país pas-sou de 2,5 milhões para 3,1 milhões. Esse dado comprova que o potencial de consumo em loca-lidades afastadas das capitais e regiões metropo-litanas, aliado a um ambiente de desenvolvimen-to, incentiva a abertura de novos negócios.

A mesma pesquisa revelou os anseios dessa população, que podem ser interpretados e rever-tidos em oportunidades para micro e pequenas empresas. Manutenção da casa, alimentos, be-leza, medicamentos, material de construção e alimentação fora do lar somam mais de 66% do

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Territórios da Cidadania34

dinheiro gasto nos mais de 4,6 mil municípios lo-calizados no interior. A amostragem revela que, ao menos uma vez por mês, 84% dos habitantes compram em supermercados, 67% em mercea-rias e quitandas, 58% em restaurantes e lancho-netes e 54% usam serviços de salões de beleza.

O mesmo estudo demonstra ainda um de-sejo pelo consumo de bens duráveis, como veí-culos, eletrodomésticos e móveis para a casa. A vontade de comprar uma moto no próximo ano, por exemplo, é maior no interior do que nas capi-tais e regiões metropolitanas. Dentre os eletros, estão na lista dos desejados: TV de plasma, má-quina de lavar, geladeira e notebook. Os móveis para casa também são destaque.

Viagens e capacitação profissional permeiam os desejos de quem mora no interior. E a vontade de visitar cidades brasileiras é três vezes maior que a de estar em locais fora do país. Para o gerente de Desenvolvimento Territorial do Sebrae Nacional, André Spínola, o interior não é mais sinônimo de atraso. “Foi-se o tempo que o interior era sinônimo de roça ou exceção nos processos de planejamento econômico do país. É muito gratificante ver que essa descentraliza-ção de políticas públicas e oportunidades eco-nômicas levam os Territórios da Cidadania para esse contexto”, afirma ele. Confira a seguir como a abordagem territorial ajudou a mudar essa rea-lidade, na visão de Spínola.

Quais os principais avanços trazidos pelo

programa Territórios da Cidadania?

O Sebrae buscou uma abordagem que, a partir dos recortes territoriais definidos pelo go-verno federal, propiciasse levar seus produtos e serviços para os municípios que não contavam

com a atuação da instituição ou que tinham uma atuação reduzida. Dessa forma, consultorias téc-nicas, treinamentos, seminários, feiras, rodadas de negócio, dentre outros, foram levados em massa para os empresários e empreendedores desses territórios. Também foi trabalhada fortemente a melhoria do ambiente de negócios nessas regiões, por meio da implementação da Lei Geral da MPE, principalmente no tocante à desburo-cratização da abertura e funcionamento das em-presas, fortalecimento da figura do Microempre-endedor Individual e alavancagem da economia local com o fomento à compra de pequenos ne-gócios por parte das prefeituras. Por fim, o Sebrae deu apoio à criação de várias Salas do Empreende-dor e qualificou, com treinamentos e informações, centenas de agentes de desenvolvimento nome-ados pelas prefeituras para a facilitação de uma agenda local de desenvolvimento econômico.

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ritório, conseguimos dinamizar ainda mais a economia, melhorando a competitividade das empresas locais. Por fim, buscamos alinhar estratégias com os atores locais para evitar a fuga de recursos do território, bem como ten-tar a atração de recursos, por meio de nichos de toda a cadeia do turismo, artesanato, pro-dução industrial e fortalecimento do comércio e serviços de base, que supram minimamente as necessidades da população local, evitando que esta gaste fora de sua cidade.

Pesquisa encomendada pelo Sebrae aponta

que quase 40% do consumo no Brasil tem

origem nas cidades do interior. Há relação

direta entre esse dado e o Territórios da

Cidadania?

O Programa Territórios da Cidadania foi lançado pelo governo federal em 2008 e, desde então, esses 120 territórios de baixo dinamismo econômico passaram a ter um esforço concen-trado para priorização nas políticas públicas. Com certeza, o sucesso do programa levou a bons resultados econômicos, como desconcen-tração de renda, aquecimento de economias menores, redução de desigualdades sociais, maior número de oportunidades educacionais, de empreendedores e de emprego. E nossas pesquisas apontam firmemente para o interior do país como 40% do potencial de consumo, metade da população e 44% das empresas. Foi-se o tempo que o interior era sinônimo de “roça” ou exceção nos processos de planeja-mento econômico do país. E é muito gratifican-te ver que essa descentralização de políticas públicas e oportunidades econômicas levam os Territórios da Cidadania para esse contexto.

De que forma essa iniciativa tem mudado a

economia no interior do país?

Primeiro é necessário que o mercado local

esteja mais aquecido, o que vem ocorrendo

pelas próprias condições da economia. A

valorização do salário mínimo, os programas

de distribuição de renda e investimentos des-

centralizados contribuem em grande medida

para que o interior do país, hoje, represente R$

870 bilhões em poder de compra, de acordo

com nossas pesquisas. A partir desse cenário

favorável, a melhoria do ambiente de negócios

passa a ser fundamental para os empreende-

dores terem mais confiança, o que é propor-

cionado pela Lei Geral da Micro e Pequena

Empresa. Com a prospecção e apoio a setores

econômicos existentes e promissores no ter-

Entrevista

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Territórios da Cidadania36

Que setores são mais impactados e onde estão

as oportunidades, de acordo com a pesquisa?

A pesquisa foca no potencial de consumo por parte dos cidadãos. Daí advêm as oportuni-dades de negócio. Primeiramente, as empresas comerciais têm de estar a postos para receber os consumidores que querem fazer suas compras. É preciso que as empresas locais deem opções de consumo aos cidadãos para que seja diminuído o gasto fora do município. Os objetos de desejo mostrados pela pesquisa são os tablets e smar-tphones, além dos eletrodomésticos e veículos. Os serviços também estão em franca expansão de demanda, com destaque para os de beleza, atividade cultural e de lazer, além da educação. A construção civil surge como um nicho em evi-

dência, tanto na parte de comercialização quan-to na de serviços. Além dos dados da pesquisa, sempre lembramos do agronegócio familiar como um grande potencial do interior do país, além das compras governamentais das prefei-turas, já responsáveis por mais de R$ 20 bilhões comprados de pequenos negócios por ano.

Como o Sebrae pode atuar para atender os

envolvidos nessas oportunidades?

Fazendo o que temos de melhor, que são os treinamentos e as consultorias técnicas. Empre-sários mais bem capacitados e organizados, com mais informações sobre o seu negócio e seu mer-cado, têm muito mais chances de se manter, en-

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xergar as oportunidades e progredir. Tentamos

levar isso para o maior número de municípios

possível. O acesso aos mercados deve ser incre-

mentado pela competitividade combinada com

o surgimento de oportunidades. Isso é feito num

contexto mais organizado por uma estratégia

de desenvolvimento econômico local, que olha

o território como um todo e busca a sinergia de

parceiros para o planejamento do que será feito.

A pesquisa aponta que, dos R$ 827 bilhões, R$

265 bilhões são investidos no lar. Esse pode

ser um indício de que a população está mais

satisfeita no interior e quer permanecer ali

ao invés de migrar para os grandes centros

urbanos, como acontecia antigamente?

O que temos visto, não só pela pesquisa, mas pelo nosso dia a dia nos projetos, são as médias cidades do interior, entre 50 mil e 200 mil habitantes, tendo muitas oportunidades, mantendo seus cidadãos e atraindo outros, substituindo as capitais e suas regiões metro-politanas. As cidades menores, com menos de 20 mil habitantes, ainda precisam que as políti-cas públicas continuem a reduzir as desigual-dades, descentralizando as oportunidades e investimentos, melhorando o acesso a infor-mações e à educação. Estamos num caminho positivo, mas os problemas da desigualdade no país tinham mais de 50 anos. Isso vem sen-do revertido nos últimos 10 anos, mas ainda precisamos continuar caminhando.

Entrevista

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Territórios da Cidadania38

Redução das desigualdades e melhores con-dições de vida. Essa é a razão que motiva a

execução de políticas públicas, programas, pro-jetos e iniciativas de desenvolvimento territorial e inclusão produtiva em todos os cantos do país.

Transformar a realidade das localidades menos favorecidas e utilizar como estratégia de fomento os ativos locais a partir do protagonis-mo, do engajamento e da liderança dos diversos atores de um determinado território é uma das alternativas mais promissoras para assegurar le-gados sustentáveis e resultados efetivos.

“Há de se contar com o protagonismo resultante do comportamento de cada cidadão que deseja realizar transformações, mudanças e melhorias, com conhecimento, gestão e inovação”

Augusto Togni de Almeida AbreuCoordenador do Programa Nacional Sebrae nos Territórios da Cidadania

Progresso com cidadania e com oportunidades para empreender

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Artigo 39

Desenvolvimento se faz com as pessoas e para as pessoas, unindo interesses e propósitos. Há de se contar com o protagonismo resultante do comportamento de cada cidadão que deseja rea-lizar transformações, mudanças e melhorias; com conhecimento, gestão e inovação, que, uma vez agregados, possibilitam decisões mais assertivas e ações concretas para potencializar os ativos de uma localidade; com educação empreendedora, para viabilizar novos saberes e para despertar um comportamento mais ativo e menos dependente; com pequenos negócios, como alternativa de in-clusão que propicia geração de renda e empregos dignos e fortalece a economia local; e com políti-cas públicas, que permeiam caminhos concretos para criar ambientes favoráveis e para promover a democracia e a cidadania.

Para tanto, é importante reconhecer o papel de cada ator (governo local, estadual e federal, instituições de fomento, ensino e pesquisa, ins-tituições financeiras, organizações da sociedade civil, entidades de classe, dentre outras) no pro-cesso de desenvolvimento, levando em consi-deração a capacidade de construir uma visão de futuro, de influenciar pessoas e de agir de forma integrada e sistêmica.

Diante desse cenário, o Programa Nacional Sebrae nos Territórios da Cidadania rompeu as fronteiras de atuação da instituição, ampliou horizontes, interiorizou suas ações e chegou em municípios que até então não atendia.

As intervenções do Sebrae nos Territórios da Cidadania propiciaram massificação do atendi-

mento abrangendo a “rua do comércio” de milha-res de municípios onde os pequenos negócios estão concentrados, assim como suas áreas ru-rais. Além disso, contribuiu com a criação de um ambiente mais favorável ao empreendedorismo e ao fortalecimento dos pequenos negócios, ten-do por propósito tornar os territórios abrangidos mais competitivos e dinâmicos.

Os avanços para os pequenos negócios foram surpreendentes, mas não foi só isso. A ma-croeconomia, a própria política pública e todo o conjunto de atores engajados nesse universo propiciaram muito mais. Não se trata apenas de destacar a ascensão das classes econômicas C e D e de ater-se sobre o menor índice de desigual-dade atingido desde a década de 1960, confor-me o coeficiente de Gini1.

Dados extraídos do Núcleo de Inteligência Territorial – NIT2 demonstram que a variação mé-dia da população nas últimas duas décadas foi de 26,1% nos Territórios da Cidadania, enquanto que no Brasil foi de 29,5%. Isso, de certa forma, destaca a efetividade das políticas de controle da natalida-de e melhoria da qualidade de vida das famílias de residentes nessas localidades. Outros dados im-pactantes estão relacionados ao Produto Interno Bruto (PIB), que entre os anos de 2008 e 2011 teve variação de 40,2% nos Territórios da Cidadania e 36,5% no Brasil. O número de empregos gerados

1 Medida de análise da desigualdade desenvolvida pelo estatístico Corrado Gini.

2 www.nit.sebrae.com.br.

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Territórios da Cidadania40

de 2010 a 2012 também foi maior, sendo 9,1% nos

territórios e 7,7% no país e, ainda, o percentual de

municípios que implementaram a Lei Geral no

ano de 2014 também alcançou um índice supe-

rior, sendo de 36,1% contra 31,9%. Esses últimos três indicadores, certamente,

contribuíram muito para a dinamização das economias locais e fortalecimento do tecido empresarial. O número de optantes pelo regi-me do Supersimples existente nos Territórios da Cidadania deu um grande salto nos últimos anos, saindo de 788.688, em março de 2011, para 1,48 milhão de empresas formais em agos-to de 2014, sendo que 53% dessas são de micro-empreendedores individuais.

“Estamos engajados em uma agenda de um desenvolvimento cada vez mais promissor. Desenvolvimento se faz com a vontade política que há em cada pessoa. Desenvolvimento se faz com cidadania e com oportunidades para empreender”

Todos esses fatores associados a uma estra-tégia de atuação coordenada para a promoção do desenvolvimento territorial se demonstram efetivos e consolidaram o empreendedorismo como uma alternativa de inclusão produtiva ex-tremamente representativa.

À luz desse caminho, o Sebrae se aproximou do poder público, trabalhou em prol de uma go-vernança fortalecida, estimulou a formalização de novos negócios, promoveu assistência técni-ca aos empreendedores formalizados e aos po-tenciais empresários e também propiciou maior articulação e integração dos atores estratégicos e das lideranças locais (públicas, empresariais e da sociedade civil). Essas iniciativas se deram a partir das soluções concebidas pela instituição, que estão relacionadas à capacitação empresa-rial, educação empreendedora, acesso a merca-dos e serviços financeiros, inovação e tecnologia, e associativismo e cooperativismo.

A missão do programa foi cumprida, mas ainda há muito por fazer. E é por esse motivo que continuaremos atuando nos municípios do interior com estratégias efetivas de desen-volvimento territorial, pois nosso compro-misso vai além de promover o crescimento econômico do país. Estamos engajados em uma agenda de um desenvolvimento cada vez mais promissor. Desenvolvimento se faz com a vontade política que há em cada pessoa. Desenvolvimento se faz com cidadania e com oportunidades para empreender.

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Artigo 41

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O Programa

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Territórios da Cidadania44

Lançado pelo governo federal em 2008 como uma política pública, o Programa Territórios

da Cidadania foi concebido de forma estratégica para promover o desenvolvimento econômico e universalizar programas a partir da participação social e da integração entre governo federal, es-tados e municípios.

A iniciativa, aplicada em 120 territórios, tem o objetivo de garantir direitos essenciais dos cidadãos, reduzir a desigualdade social, forta-

lecer a economia e promover um desenvolvi-mento local sustentável. O programa abrange aproximadamente 1,8 mil municípios de pe-queno porte, nos quais vivem em torno de 42,7 milhões de brasileiros.

Muitos desses municípios estão localizados em áreas de difícil acesso, onde o índice de desenvolvimento humano (IDH) é baixo, assim como o dinamismo econômico. Em sua maio-ria, são áreas que concentram beneficiários do

O Sebrae nos Territórios da Cidadania

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Balanço do Programa 45

programa Bolsa Família, agricultores familiares, assentados, populações tradicionais, quilom-bolas e indígenas.

No exercício de sua missão – promover a competitividade e o desenvolvimento susten-tável dos pequenos negócios e fomentar o em-preendedorismo, para fortalecer a economia nacional – e com o compromisso de corroborar com as políticas públicas de governo, o Sebrae atua nos Territórios da Cidadania desde o iní-cio do programa.

Em um primeiro ciclo de atuação, de 2008 a 2011, a instituição levou seus produtos e serviços de orientação para apoiar e desenvolver o em-preendedorismo em 55 Territórios da Cidadania. O Sebrae concentrou esforços nos setores eco-nômicos prioritários e nos grupos empresariais

já organizados, sendo a maioria do meio rural. Os resultados obtidos beneficiaram diretamente os produtores, agricultores familiares e empresá-rios. Como consequência, foi verificado o cres-cimento dos postos de trabalho, incremento do faturamento e aumento da renda.

A partir da experiência e dos aprendizados acumulados, o Sebrae assumiu, em 2011, um compromisso mais desafiador: gerar benefícios para pequenos negócios urbanos e rurais e construir legados representativos para as comu-nidades que vivem nos Territórios da Cidadania. Foi criado, portanto, o Programa Nacional Sebrae nos Territórios da Cidadania, com foco no desen-volvimento econômico por meio do fomento ao empreendedorismo, do fortalecimento das ati-vidades produtivas e da melhoria do ambiente

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Territórios da Cidadania46

de negócios. O programa alcançou 105 dos 120 territórios delimitados pelo governo federal.

Nesse segundo ciclo, também foram planeja-das iniciativas de articulação com as prefeituras municipais para implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa.

Em pesquisa realizada pelo Sebrae no primei-ro trimestre de 2011, constatou-se a existência de mais de 866 mil negócios optantes pelo Supersimples e de 165 mil microempreendedo-res individuais nos Territórios da Cidadania. Esse dado, associado ao grande número de empreen-dimentos não formalizados, contribuiu para que a atuação da instituição fosse intensificada.

Comércio, serviço e indústria uniram-se à agricultura e completaram o eixo de atendimen-to. O Programa Nacional Sebrae nos Territórios da Cidadania ganhou escala e colaborou de ma-neira consistente para transformar a realidade do empresariado e engajar os gestores públicos nessa missão.

Desenvolvimento empresarial

A partir das vocações e das potencialidades locais, das cadeias de valor, dos ativos culturais, do engajamento das lideranças, dos processos participativos e das redes de pessoas e organi-zações constituídas, os Territórios da Cidadania serviram como uma genuína política pública de promoção do desenvolvimento territorial.

De 2012 a 2014, o Sebrae atingiu cerca de 660 mil pequenos negócios, representados por empresas de pequeno porte, microempresas, microempreendedores individuais (MEI), produtores rurais, potenciais empresários e empreendedores, e realizou mais de 1,5 milhão de atendimentos, demonstrando a capacidade de estar presente nos 1.635 municípios dos 105 Terri-tórios da Cidadania atendidos pela instituição.

Os atendimentos estão divididos em indivi-duais e coletivos. O primeiro busca fomentar o espírito empreendedor, oferecer assistência e qualificação técnica ancorada em soluções de gestão, inovação, tecnologia, acesso a mercados e a serviços financeiros. O segundo tem um viés setorial direcionado aos segmentos econômicos prioritários. Busca desenvolver a economia local fomentando parcerias público-privadas, além de incentivar a adoção de tecnologias sociais.

É um regime compartilhado de arrecadação, cobrança e fiscalização de tributos aplicável ao microempreendedor individual, às microempresas e às empresas de pequeno porte, previsto na Lei Complementar nº 123/2006.

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Balanço do Programa 47

Com o propósito de assegurar a sustenta-bilidade e ampliar a capacidade competitiva dos pequenos negócios, a principal solução de atendimento aplicada nos Territórios da Cidada-nia foi o Negócio a Negócio. Os demais serviços ofertados pelo Sebrae contemplaram consulto-rias especializadas, cursos, workshops, missões, intercâmbios, oficinas, palestras, seminários, fei-ras, rodadas de negócio e encontros temáticos, exercendo, assim, o seu papel de entidade de fomento empresarial.

Além disso, o Sebrae atua com iniciativas de educação empreendedora para contribuir com a construção de uma sociedade mais autônoma. Um dos caminhos trilhados envolve o ensino formal (fundamental, médio, superior) e o ensino profissionalizante. Com a parceria de atores estra-tégicos, o Sebrae sensibiliza crianças, jovens e pro-fissionais autônomos para o empreendedorismo.

A missão institucional do Sebrae sinaliza o público da sua atuação, basicamente formado por três grupos: os pequenos negócios e seus proprietários (empresários e produtores rurais), as pessoas que já desenvolveram ações no sentido de abrir um negócio (potenciais empresários), e o público no qual o Sebrae busca desenvolver a cultura empreendedora (potenciais empreendedores).

Trata-se de um programa de busca ativa que proporciona atendimento e orientação empresarial oferecendo diagnósticos e recomendações para pequenos negócios. O Agente de Orientação Empresarial realiza visitas na empresa (no mínimo três) e aplica um diagnóstico de gestão básica. Em seguida, sugere soluções de melhoria. O empreendimento recebe atendimento especializado do Sebrae, de forma presencial, gratuita e continuada.

NÚMEROS DO PROGRAMA

De 2012 a 2014:

✔ 105 projetos

✔ 1.635 municípios atendidos

✔ 660 mil pequenos negócios

✔ 1.530.000 atendimentos

✔ 800 municípios com a Lei Geral implementada

✔ 2.200 Agentes de Desenvolvimento capacitados

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Territórios da Cidadania48

Agência de desenvolvimento

Mais do que oferecer assistência técnica e fo-mentar o empreendedorismo nessas localidades, o Sebrae também contribuiu com a melhoria do ambiente de negócios a partir da articulação com gestores públicos.

Essa atuação permitiu a implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa em cerca de 800 municípios dos Territórios da Cidadania e 2,1 mil em todo o país. O Sebrae elegeu quatro temas de destaque da lei, considerados prioritários para promover transformações nos municípios:

• Uso do poder de compras

• Agente de Desenvolvimento

• Desburocratização

• Microempreendedor Individual

As compras públicas, que facilitam o acesso dos pequenos negócios como fornecedores da esfera governamental a partir da adequação dos processos licitatórios das prefeituras, movimen-tam a economia municipal. O Sebrae auxilia os gestores públicos com capacitação e orientação sobre as modalidades e as práticas que devem ser adotadas pela equipe de licitações de uma prefeitura e também assiste os pequenos negó-cios para que tenham capacidade de participar dos processos de fornecimento de produtos e serviços para a administração pública.

Os principais incentivos para participação dos pequenos negócios nas compras públicas são: licitação exclusiva até R$ 80 mil, subcontratação de até 30%, sistema de cotas até 25%, empate ficto e regularização fiscal tardia.

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49O Programa

O Agente de Desenvolvimento, represen-tante do poder público que participa do plane-jamento das políticas públicas do município, discute e articula iniciativas de melhoria do ambiente para os pequenos negócios. O Sebrae qualifica os agentes com orientação especializa-da sobre legislação, pequenos negócios e desen-volvimento local. Também promove capacita-ções, encontros estaduais, regionais e nacionais, e difunde conhecimento e experiências a partir da Rede de Agentes de Desenvolvimento1 .

1 Para participar da Rede de Agentes de Desenvolvimento basta acessar o Portal do Desenvolvimento – www.portaldodesenvolvimento.org.br/agentes/

Já as iniciativas de desburocratização, por meio da simplificação e unificação de proces-sos licitatórios e emissão de licenças, alvarás e certificações que facilitam o atendimento aos pequenos negócios, diminuem a informalidade e organizam melhor os espaços comerciais.

Outro foco do programa Territórios da Ci-dadania é o incentivo à formalização de empre-endedores autônomos por meio da figura do Microempreendedor Individual. Os profissio-nais que faturam até R$ 60 mil por ano e têm, no máximo, um funcionário podem se formalizar pela

Lei Complementar nº 123/2006 – determina um tratamento diferenciado aos pequenos negócios com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento local.

É responsável por coordenar a Sala do Empreendedor, um ambiente da prefeitura cuja finalidade principal é a simplificação e a integração do processo de registro e legalização de empresários e de pessoas jurídicas. O país já conta com mais de 2,2 mil Agentes engajados e

atuantes, que têm contribuído de maneira efetiva para a transformação do ambiente econômico local. Nos

Territórios da Cidadania já são mais de 900.

4,3 é a média de dias para abertura de uma empresa nos municípios dos Territórios da Cidadania que implementaram a Lei Geral. Nos demais municípios brasileiros que não

implementaram a lei, essa média supera 30 dias.

Benefícios: cobertura previdenciária, contratação de um funcionário com menor custo, isenção de taxas para o registro da empresa, ausência de burocracia, acesso a serviços bancários, inclusive crédito, compras e vendas em conjunto, redução da carga tributária, controles simplificados, emissão de alvará pela internet, facilidade para vender para o governo, serviços gratuitos, apoio técnico no Sebrae na organização do negócio, possibilidade de crescimento como empreendedor e segurança jurídica. Fonte: www.portaldoempreendedor.gov.br.

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Territórios da Cidadania50

internet ou obter o apoio do Agente de Desenvolvi-

mento, na Sala do Empreendedor. O Sebrae oferece

a esses empreendedores conhecimentos adequa-

dos para realizar uma gestão eficiente e fazer com

que seus negócios sejam prósperos.

Em 2014, os Territórios da Cidadania já con-

templam cerca de 1,8 milhão de pequenos ne-

gócios formalizados e 900 mil microempreende-dores individuais. Sabe-se que, nos municípios de pequeno porte do interior, o principal agente empregador e dinamizador da economia local é a prefeitura. Nesse cenário, o empreendedoris-mo se consolida cada vez mais como uma alter-nativa concreta de inclusão produtiva, geração de renda e melhoria da qualidade de vida.

PÚBLICO ATENDIDO PELO SEBRAE

Faturamento anual: até R$ 60 mil. Não pode ter participação em outra empresa como sócio ou titular e pode contratar no máximo um empregado, que receberá pelo menos um salário mínimo ou o piso salarial da categoria profissional.

Faturamento anual: até R$ 360 mil. Empresas que tenham natureza jurídica compatível com as atividades mercantis e não desempenhem primariamente atividades associativas ou de administração pública.

Faturamento anual: de R$ 360 mil até R$ 3,6 milhões. Empresas que tenham natureza jurídica compatível com as atividades mercantis e não desempenhem primariamente atividades associativas ou de administração pública.

Pessoas físicas que exploram atividades agrícolas e/ou pecuárias, nas quais não sejam alteradas a composição e as características do produto in natura, faturem até R$ 3,6 milhões por ano e possuam inscrição estadual de produtor ou declaração de aptidão ao Pronaf (DAP). Somam-se a esse grupo os pescadores com registro no Ministério da Pesca.

Indivíduos adultos (com mais de 18 anos), que possuem negócio próprio, mas sem registro no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), DAP, inscrição estadual ou registro de pescador (no caso dos produtores rurais); e os indivíduos que ainda não têm negócio próprio, mas que estão ativamente envolvidos na sua estruturação.

Pessoas que ainda não estejam ativamente envolvidas na estruturação de um negócio, visando despertá-las para o empreendedorismo e desenvolvimento de suas capacidades empreendedoras. Como atuação junto à sociedade, abrange também o público jovem (menor de 16 anos), com o qual busca desenvolver os valores e a cultura do empreendedorismo.”

Microempreendedor Individual (MEI)

Microempresa (ME)

Empresa de Pequeno Porte (EPP)

Produtor Rural

Potencial Empresário

Potencial Empreendedor

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Balanço do Programa 51

O Sebrae nos Territórios da Cidadania

120 Territórios da Cidadania

105projetos do Sebrae nos Territórios da Cidadania

População (2010):

44.969.470 habitantes

Número de pequenos negócios formais (2013):

1.377.727 optantes pelo Simples

dos Territórios da Cidadania foram pesquisados

87,5%

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Descubra as riquezas do seu município

1 Parceiros locais e entidades de classe (CDL, organizações empresariais e sindicatos)

2 Entidades de fomento e acesso a crédito3 Agente de Desenvolvimento4 Agente de Orientação Empresarial do

Negócio a Negócio5 Escolas e instituições de ensino e pesquisa6 Pequenos negócios da rua do comércio

dinamizando o consumo e a economia local

7 Prefeitura municipal – responsável pela implementação da Lei Geral da MPE

8 Câmara de Vereadores9 Sala do Empreendedor

10 Igreja11 Praça pública – espaço de integração social12 Sebrae e entidades de fomento e

desenvolvimento empresarial13 Soluções do Sebrae para pequenos negócios

SOLUÇÕES SEBRAE QUE FOMENTAM O DESENVOLVIMENTO✔ Negócio a Negócio✔ JEPP – Jovens Empreendedores Primeiros

Passos✔ ALI – Agente Local de Inovação

✔ Na Medida✔ SEI – Sebrae para Microempreendedores

Individuais✔ No Campo✔ Começar Bem✔ Soluções de associativismo e liderança

✔ Negócio Certo Rural (design de embalagens)✔ SebraeTec✔ PAIS – Produção Agroecológica Integrada

e Sustentável (Tecnologia Social)

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O processo de desenvolvimento econômico de um município conta com diversos atores conectados e

inter-relacionados. É uma iniciativa decorrente do envolvimento de pessoas

e instituições em prol de um objetivo comum. A ilustração apresenta alguns

dos causadores de transformação e mudança. Nesse contexto, o Sebrae

atua com o compromisso de criar um ambiente favorável ao engajamento

dos pequenos negócios na agenda do desenvolvimento local.

SOLUÇÕES SEBRAE QUE FOMENTAM O DESENVOLVIMENTO✔ Negócio a Negócio✔ JEPP – Jovens Empreendedores Primeiros

Passos✔ ALI – Agente Local de Inovação

✔ Na Medida✔ SEI – Sebrae para Microempreendedores

Individuais✔ No Campo✔ Começar Bem✔ Soluções de associativismo e liderança

✔ Negócio Certo Rural (design de embalagens)✔ SebraeTec✔ PAIS – Produção Agroecológica Integrada

e Sustentável (Tecnologia Social)

14 Rádio comunitária15 Prêmio Prefeito Empreendedor16 Obra pública contratada de pequena empresa17 Compras públicas de fardamento para escola

municipal produzido por cooperativas de costureiras18 Fornecimento de produtores rurais para a

merenda escolar, restaurantes, mercadinhos e hotéis19 Feiras de produtos da agricultura familiar e artesanatos regionais

20 Microempreendedor Individual – Pipoqueiro21 Tecnologia social de produção de orgânicos22 Indicação geográfica como marketing territorial23 Fomento à cultura da cooperação e comércio justo24 Crianças participantes do programa de educação

empreendedora25 Sebrae Itinerante – ação que promove busca ativa

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Região Norte

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Territórios da Cidadania62

Toca

ntin

s

Em meio ao largo planalto central e o enso-larado cerrado que avança de Goiás para

o estado de Tocantins, uma singular joia da

natureza, e que guarda uma encantadora par-

ticularidade, surge como um pequeno oásis:

Azuis. E não há denominação mais apropriada

para ilustrar o menor rio do Brasil – o terceiro

do mundo em extensão reduzida –, remanso de

apenas 147 metros de águas correntes, termais

e cristalinas, metragem que lhe conferiu o título

no Guinness Book, o Livro dos Recordes. Com

menos de 200 passos é possível, então, percor-

rer toda a sua margem – ladeada por verdes

e cerradas matas de galeria. Localizado a 479

km de Palmas e a 510 km de Brasília, um dimi-

✔ Território da Cidadania: Sudeste do Tocantins

✔ Número de municípios abrangidos: 21. São eles: Almas, Arraias, Aurora do Tocantins, Chapada da Natividade, Combinado, Conceição do Tocantins, Dianópolis, Lavandeira, Novo Alegre, Novo Jardim, Pindorama do Tocantins, Ponte Alta do Bom Jesus, Rio da Conceição, Taipas do Tocantins, Natividade, Palmeirópolis, Paranã, Porto Alegre do Tocantins, São Salvador do Tocantins, Taguatinga e São Valério da Natividade.

✔ População: 123.805 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 3.506 ✔ Número de MEI: 2.209✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 16.431 ✔ PIB (2011): R$ 1.303.539✔ IDH médio: 0,67

AzuisParaíso natural inspira desenvolvimento do ecoturismo

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Região Norte 63

Osmane e Francileide investiram no turismo e gastronomia às margens do menor rio do Brasil

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Territórios da Cidadania64

nuto povoado de pouco mais de cem pessoas, pertencente ao município de Aurora, porta-se como guardião desse paraíso natural.

Pois há até bem pouco tempo, esse belo recanto de águas transparentes era pratica-mente exclusivo dos moradores da localidade, divididos em apenas três famílias e vinte casas. Do tempo que sequer existia luz – a eletricidade chegou no final dos anos 1990 – restaram al-guns hábitos que persistem como um traço dos que lá nasceram, como tomar banho no rio e se orientar pelas estrelas. Mas Azuis deixou de ser um ponto escondido do mapa e hoje tem atra-ído inúmeros turistas não somente das redon-dezas, mas de várias partes do estado e do Bra-sil. Para se tirar o devido proveito desse inegável potencial econômico e ecoturístico, o Sebrae tem marcado presença no sentido de orientar os habitantes a gerir seus próprios negócios com responsabilidade social e ambiental.

A partir desse sistemático suporte do Sebrae, um casal de empreendedores vem-se destacan-do com um estabelecimento que configura um exemplo de gestão, consciência ecológica e bom atendimento. Foi um problema de saúde que im-peliu Osmane José da Silva, que vivia com sua fa-mília em Brasília, a abandonar, em 2006, a rotina agitada de cidade grande, levando sua experiên-cia como cozinheiro em conceituados restauran-tes da capital para arriscar seu próprio negócio em Azuis, lugar de origem de sua esposa.

Com um terreno cedido pelo sogro e apenas R$ 800 iniciais, Osmane e a mulher levantaram um pequeno quiosque às margens do rio, pas-sando a atender – ainda de modo modesto e limitado – os turistas que para lá se dirigiam, es-pecialmente para passar o dia. Somada à carên-cia de produtos e a uma estrutura improvisada, “faltava para nós planejamento estratégico e visão de longo prazo”, avaliam os proprietários.

Pousada Agenda 21 recebe turistas de todo o país

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65Região Norte

tendemos hoje como inovação e qualidade”, afirma Osmane, complementando que foram igualmente importantes as noções de asso-ciativismo e cooperativismo ensinadas pelos técnicos e consultores.

Para Paula Alencar, analista do Sebrae em Gurupi e gestora do Território da Cidadania Sudeste do Tocantins, “fomentar o espírito associativista é avançar em uma mudança de cultura, em um olhar apontado para o coletivo, o que acaba por fortalecer as reivindicações e as consequentes conquistas para a comunidade”. Nesse contexto, a dimensão socioambiental é uma das pautas que têm ganhado, aos poucos, força e adesão da população local.

“Há oito anos morando aqui, percebo que somente agora a conscientização é presente. Antes ninguém ensacava o lixo, os resíduos eram queimados e aterrados, um desastre para a natureza”, relata Osmane da Silva. E esse espí-rito foi assumido de forma efetiva com a criação da Associação de Moradores e Amigos de Azuis. Como exemplo da atuação cooperativa, reitera-das gestões junto à prefeitura de Aurora resulta-ram no recolhimento mensal do lixo.

Rapidamente as instalações rudimentares – pa-redes de taquara, pau a pique e lona – e o cardá-pio limitado, já que restrito ao próprio galinheiro e ao que se produzia no quintal, cederam espaço ao maior e mais bem estruturado estabeleci-mento de Azuis: o restaurante e pousada Agenda 21, um empreendimento familiar que emprega oito pessoas, inclusive a filha do casal, Sara Go-mes da Silva, de 16 anos. O êxito do negócio vem permitindo ainda que a outra filha seja mantida em Brasília, onde cursa faculdade.

Nesse sentido, a ação do Sebrae foi fundamen-tal para conferir forma e agregar força ao que já estava em curso. Em 2008, o casal, acompanhado de mais vinte moradores de Azuis, recebeu a pri-meira visita técnica da instituição. “Imediatamen-te Osmane e Francileide aderiram a essa parceria que visava expandir a qualidade no atendimento, a competitividade do negócio e a correta gestão financeira”, conta Renato Albuquerque de Cunha, coordenador do programa Territórios da Cidada-nia do Sebrae em Tocantins. “Nem sempre é fácil convencer moradores de localidades tão peque-nas que o empreendimento pode ultrapassar a simples subsistência, especialmente aqui, onde a mandioca, o gado e a cana-de-açúcar sempre foram o principal sustento das famílias com a pro-dução artesanal de rapaduras, queijo e cachaça”, acrescenta, reiterando que “é fundamental essa progressiva mudança de mentalidade para o em-preendedorismo sustentável”.

A partir daí, inúmeros cursos foram ofereci-dos e devidamente apropriados por Osmane e Francileide: Boas Práticas na Manipulação de Alimentos e Armazenagem, Gestão Financeira, Sabor e Gestão, Qualidade no Atendimento, além de oficinas de sensibilização voltadas ao ecoturismo. “Sem dúvida alguma, o Sebrae foi essencial no salto que demos e no que en-

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Territórios da Cidadania66

A associação vem-se movimentando tam-bém na tentativa de regulamentar a área particu-lar de uso público, para coibir a entrada aleatória de carros e ônibus, além de buscar ações de in-clusão digital – atualmente não há internet nem sinal telefônico algum no povoado, o que gera um grande isolamento aos habitantes. “Há um engenheiro ambiental trabalhando, com o po-der público, na elaboração de uma portaria pre-vendo taxas de manutenção, estacionamento adequado, fossas ecológicas, além de um plano de expansão ordenado”, complementa.

E com os olhos em um futuro próximo e viá-vel, o Sebrae orientou ainda os proprietários a procurarem linhas de crédito para a ampliação do negócio. Foi assim que obtiveram, ao todo, R$ 25 mil em dois financiamentos que garanti-ram tanto a construção de quatro quiosques e a reestruturação da cozinha quanto a edificação da pousada que leva o mesmo nome. “Temos mostrado à comunidade, por meio de reuniões para sensibilizar os moradores, que ter ou am-pliar o seu próprio negócio é um sonho absolu-tamente possível, aproveitando para explicar os financiamentos disponíveis para microempre-endedores”, complementa Renato.

Outro avanço significativo para a localida-de é o apoio do Agente de Desenvolvimento, que atua na cidade de Aurora. Com a função de articular as relações do poder público com as lideranças municipais para fortalecer o segmento de micro e pequenas empresas, Paulino da Costa Silva conta que a grande vo-cação da região são os agronegócios e o agro-turismo. “Formalizamos 57 MEI, e aos poucos vamos conquistando mais adesões”. Nos 54 municípios de Tocantins, já há 34.600 micro-empreendedores individuais, enquanto na re-gião sudeste do estado, 2.209. “Com a Lei Ge-

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ral implementada no município desde 2013 e a Sala do Empreendedor constituída, uma das ações previstas é incentivar que a pro-dução local seja aproveitada pelas compras governamentais, habilitando os interessados a participar”, ressalta Renato Albuquerque. Nesse sentido, os proprietários da Agenda 21 também se valeram dessa possibilidade, ofe-recendo almoços para a prefeitura em alguns eventos de grande porte. “Se não tivéssemos nota fiscal, o que só foi possível após nossa formalização como MEI, não poderíamos par-ticipar”, aponta Osmane.

O casal integrou ainda uma missão técnica do Sebrae a Chapada dos Veadeiros e Cavalcan-te, em Goiás, onde puderam conhecer dezenas de empreendimentos turísticos da região. “Com-preendemos melhor como nos valer de nossas riquezas naturais para a composição do nosso cardápio, além de ampliarmos nossa visão quanto ao ecoturismo”, diz o chefe de cozinha da Agenda 21. Tamanha noção é absolutamente visível em seu estabelecimento: os móveis rús-ticos, feitos pelo próprio Osmane com madeira de descarte – Tamburi, árvore comum da região – integram-se a um ambiente acolhedor, que parece extensão da própria natureza.

Sua experiência como cozinheiro trazida de Brasília, conjugada ao aproveitamento dos in-sumos locais, também imprimiu um diferencial ao estabelecimento. O seu cardápio, o qual o carro-chefe é o chamado Frango do Azuis – ga-linha caipira com pirão –, vem sendo ampliado e aperfeiçoado com novos pratos, de tamanhos generosos e apresentação impecável, a exem-plo da moqueca, risoto, carreteiro e até mesmo filé mignon, bacalhau, salmão. “Antes não havia a possibilidade de diversificarmos o menu. Até 2006 não havia fornecedores de peixe para cá.

Região Norte

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Territórios da Cidadania68

Antes da orientação do Sebrae, tínhamos difi-culdade para comprar, e agora o nosso acesso a bons frigoríficos foi viabilizado.”

“O cardápio não enche apenas os olhos, como todos os sentidos”, afirma a tocantinen-se Coleta Alves. Há nove anos, a moradora de Dianópolis, a 145 km de Azuis, frequenta o local acompanhada do marido e dos dois filhos. “Acho ótimo internet e telefone não pegarem aqui. De fato, isso nos garante tranquilidade e sossego ab-solutos”, o que certamente destoa da vontade e necessidade dos moradores, configurando uma das reivindicações da comunidade à prefeitura.

Pois o recôndito e sossegado lugar também é rota de motociclistas e jipeiros de inúmeros clubes, que se aventuram pelo Brasil adentro sem roteiro e destino certos. Foi assim que três membros do Elemental Moto Clube, de Salvador, acabaram chegando a Azuis e, diante da acolhi-da do casal Osmane e Francileide, por lá acam-

pando. Ota Moraes, com 50 anos de idade e mais de 25 na estrada, acompanhado de um casal, não disfarçava o encantamento e a surpresa: “Soube-mos da existência do menor rio do Brasil lá em Alto Paraíso. Movidos pela curiosidade íamos somente dar uma passada, mas é impossível não nos demorarmos por aqui”.

Sem telefone nem carteiro – há para a comu-nidade apenas um orelhão, e que nem sempre funciona –, o tempo em Azuis parece cumprir outro curso. “Há aqui um esquecer-se do mundo”, orgulha-se Francileide, filha da terra que trouxe seus pais e avós, e onde ainda cria uma de suas duas filhas. Sob um impressionante firmamento, manto de estrelas que deslumbra os olhos mais desavisados, e às margens “de nosso pequeno e mágico rio”, conforme assinala, a mulher que, ao lado do marido, agrega conforto e aconchego a esse inusitado e escondido paraíso, simplesmen-te diz: “Azuis é um caminho sem volta”.

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Aurora (TO)• A cidade que abriga o menor rio do Brasil e terceiro menor do mundo encontra-se na região sudeste do

Tocantins, a 483 quilômetros de Palmas. A melhor forma de visitar a cidade é por via terrestre, seguindo pela TO 220 e TO 050. A viagem, partindo da capital, dura cerca de 6 horas.

Como chegar lá

Região Norte

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Territórios da Cidadania70

Agroecologia dá nova vida à produtora rural

Era durante as chuvas fortes na pequena Assis Brasil, localizada na fronteira com o Peru,

que Raimunda Araújo Monteiro enxergava uma oportunidade de negócio ainda inexplorada pelos produtores da região. Em períodos chuvo-sos, a produção orgânica desaparecia das prate-leiras dos supermercados, já que a maioria dos pequenos agricultores desconhecia técnicas de manejo e plantio de frutas, verduras e hortaliças que acabavam destruídas pelo excesso de água.

Foi então que em 2011, junto com o marido José das Graças Monteiro, Raimunda recebeu o apoio do Sebrae e se inscreveu em um curso do programa de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS). Junto a outros pequenos produtores locais, a agricultora se aperfeiçoou e recebeu uma horta de 21 metros de compri-mento por 5 metros de largura, coberta com uma lona e estruturada em forma de estufa.

Desde então, o Sebrae realiza palestras, capa-citações e consultorias tecnológicas a produto-res locais, desenvolvendo feiras para comerciali-

zação de hortifrutigranjeiros de 25 agricultores de pequeno porte do território do Alto Acre e Capixaba – e que abrange cinco municípios do estado. Os resultados deram tão certo que agora Raimunda e José produzem de inverno a verão e comercializam seus produtos agroecológicos em dois supermercados do município, em uma feira livre, além de entregar produtos para o Pro-grama de Aquisição de Alimentos (PAA) do go-verno federal, fornecendo, inclusive, a merenda escolar de algumas escolas da cidade.

“Sinto-me muito gratificada em ter conhe-cido o Sebrae. Com o aumento da minha renda pude reformar minha casa, pagar minhas contas, multiplicar minha produção e até vender pro-dutos agroecológicos para alguns restaurantes peruanos”, comemora Raimunda, que acompa-nhou o crescimento de sua renda mensal de R$ 400 passar para até R$ 4 mil no inverno.

✔ Território da Cidadania: Alto Acre e Capixaba

✔ Número de municípios abrangidos: 5. São eles: Assis Brasil, Brasiléia, Capixaba, Epitaciolândia e Xapuri.

✔ População: 67.465 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 1.505✔ Número de MEI: 832✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 8.739✔ PIB (2011): R$ 824.336✔ IDH médio: 0,67 

Acre

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Amapá

A agricultora tem uma grande variedade de hortaliças e consegue uma renda mensal bruta de R$ 7 mil. O diferencial na propriedade é a compostagem e, principalmente, o biofertili-zante, que baixa em torno de 60% a 80% o cus-to da produção com insumo. O produto é feito à base de esterco de gado, esterco de frango, caldo de cana, borra de café, cinza, açúcar mas-cavo e fosfato natural de Arad. Há recomenda-ção de aplicações de acordo com cada cultura existente na propriedade.

Joana Gibson sonha em ampliar a área pro-dutiva com a plantação de banana, abacaxi, cana de açúcar, milho, coco e laranja, além de atender um supermercado na cidade de Amapá. “Com o Sebrae comecei a, de fato, trabalhar com profis-sionalismo, aplicando técnicas corretas de culti-vo da terra, cuidando dos canteiros e até de um tanque de criação de peixes”, reconhece.

✔ Território da Cidadania: Dos Lagos

✔ Número de municípios abrangidos: 3. São eles: Amapá, Pracaúba e Tartarugalzinho.

✔ População: 24.223 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 292✔ Número de MEI: 146✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 3.162✔ PIB (2011): R$ 260.930✔ IDH médio: 0,69

Biofertilizante diferenciahorta e pomar

Nascida e criada na cidade de Amapá, locali-zada a cerca de 300 km da capital Macapá,

Joana Monteiro Gibson cultivava pequenas hor-tas caseiras e alimentava o sonho de semear numa área da Floresta Amazônica. Casada, desejava ter um pedaço de terra onde pudesse plantar, criar animais e dali extrair o seu sustento. Conseguiu o terreno em 2012 e decidiu, então, tornar produti-va a área de 200 hectares.

O plantio começou sem técnica de cultivo e manejo. Porém, dois meses depois, Joana recebeu a visita de um consultor do Sebrae. O objetivo era montar em sua propriedade uma unidade demonstrativa do Programa Agroeco-lógico Integrado e Sustentável (PAIS). A renda da agricultora, até então, vinha da venda de roupas e produtos de perfumaria.

O Sebrae a ensinou a produzir de maneira sus-tentável sem agredir o meio ambiente. O negócio prosperou, a primeira colheita foi toda vendida e Joana sentiu necessidade de expansão. A falta de capital de giro, de mão de obra e de alguns insumos, aliada às chuvas abundantes na região, requeria investimentos maiores, o que ela só con-seguiu com a ajuda de um empresário local. Ele cedia o material de que Joana precisava em troca dos produtos orgânicos que ela produzia.

Região Norte

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Territórios da Cidadania74

✔ Território da Cidadania: Mesorregião Alto Solimões

✔ Número de municípios abrangidos: 9. São eles: Amaturá, Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Fonte Boa, Jutaí, Santo Antônio do Içá, São Paulo de Olivença, Tabatinga e Tonantins.

✔ População: 224.068 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 2.773✔ Número de MEI: 1.296✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 29.654✔ PIB (2011): R$ 1.151.920✔ IDH médio: 0,59

Amazonasmodelo proposto pela sua chefia. Foi então que decidiu dar um passo: sair da função de empre-gada para virar dona do seu negócio.

Como microempreendedora individual (MEI), Maiane abriu uma loja de venda de motos ali mesmo, na região onde já trabalhava. De uma grande concessionária, compra as motocicletas para revendê-las a prazo aos seus clientes. Foi com ajuda do Sebrae, por meio do curso de Com-pras Públicas e de palestras, bem como do sis-temático atendimento recebido pelo Programa Negócio a Negócio, que ela conseguiu transfor-mar a revendedora em algo ainda maior.

No pequeno município de 23 mil habitantes, são as motocicletas o principal meio de loco-moção dos moradores. O nome da empresária, então, passou a ser referência no ramo de vendas de motos e motonetas, mas ela percebeu uma la-cuna no empreendimento: quem comprava dela o veículo, muitas vezes, enfrentava dificuldades com a falta de peças para possíveis reparos e manutenção. Era a hora de subir mais um degrau: criar uma oficina para dar suporte à loja.

A demanda cresceu, a necessidade de con-tratar novos funcionários também e, consequen-temente, o lucro aumentou.  Em janeiro de 2013, Maiane saltou da categoria de MEI para a de mi-croempresária. Agora, ela estuda o mercado para futuramente vender para prefeituras da região. “Como empregada, eu trabalhava e recebia me-tade de um salário mínimo. Hoje eu sou dona do meu negócio, já tenho casa, carro, tive todas as motos que quis e dou uma vida bem melhor para a minha família”, comemora.

De atendente a microempresária que gera empregos

Quando se mudou de Tefé para Fonte Boa, em 2010, Maiane Ferreira da Silva não fazia

ideia de como o empreendedorismo iria trans-formar a sua vida. O motivo que a levou a sair de sua cidade natal era atender na filial de uma loja de aluguel e venda de motos e motonetas, a cerca de 670 km de Manaus. No ano seguinte, porém, percebeu que não mais se adequava ao

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Pará

Em 2014, a empresária já havia planejado duas consultorias do Sebrae: uma de planeja-mento estratégico e outra de planejamento de marketing. A meta é, até 2016, expandir os negócios e abrir uma filial da farmácia de ma-nipulação na própria cidade ou na região. “No início ficávamos rezando para entrar clientes na loja. Hoje, muitas vezes, precisamos largar tudo o que estamos fazendo no laboratório para dar conta do atendimento no balcão”, compara a microempresária.

✔ Território da Cidadania: Nordeste Paraense

✔ Número de municípios abrangidos: 20. São eles: Abel Figueiredo, Aurora do Pará, Bujaru, Cachoeira do Piriá, Capitão Poço, Dom Eliseu, Garrafão do Norte, Ipixuna do Pará, Irituia, Mãe do Rio, Nova Esperança do Piriá, Ourém, Paragominas, Santa Luzia do Pará, São Miguel do Guamá, Tomé-Açu, Ulianópolis, Concórdia do Pará, Rondon do Pará e São Domingos do Capim.

✔ População: 734.545 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 12.257✔ Número de MEI: 6.127✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 98.768✔ PIB (2011): R$ 4.398.605✔ IDH médio: 0,65

Aperfeiçoamento técnico-científico atrai clientela

Quando chegou na pequena Paragominas, no final de 2002, Maria de Fátima Rodovalho encontrou um município com estrutura limitada para implementar um negócio. Recém-formada em Farmácia, planejava ter um empreendimento que se aproximasse da área científica de que gos-tava. Estudou a cidade, aproximou-se de profis-sionais da área médica e, oito anos depois, mais experiente e com um Empretec no currículo, abriu a Arte e Fórmula Farmácia de Manipulação.

O Empretec deu à farmacêutica noções de gestão e de como administrar melhor seu em-preendimento. Maria de Fátima já conhecia a instituição por meio de cursos on-line, como o de iniciação de negócios. “Comecei a estudar para ser empresária e o Sebrae foi a ferramenta mais acessível naquele momento”, recorda-se ela.

As técnicas de gerenciamento deram certo. A Arte e Fórmula Farmácia conseguiu expandir sua clientela, gerar emprego e aquecer a economia do município, abastecido principalmente pela agropecuária, indústria de móveis e extração de bauxita pela Vale do Rio Doce. Dos quatro funcio-nários inicialmente contratados, o negócio conta hoje com o dobro. E o faturamento aumenta, de um ano para outro, cerca de 15%.

Região Norte

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Territórios da Cidadania76

Rondônia

dernas, ilhas de frios para congelados e planeja a

climatização do espaço. “Minha vida mudou mui-

to depois que passei a ser orientado pelo Sebrae.

Antes comprava a prazo e vendia a prazo. Agora,

compro e vendo à vista, o que me permite, com o

dinheiro em mãos, ter maior poder de barganha

na compra e oferecer preços mais baixos aos

meus clientes”, avalia. Depois de falir e ficar no

vermelho, José Damasceno agora possui imó-

veis, além de veículos para passear com a família.

✔ Território da Cidadania: Central de Rondônia

✔ Número de municípios abrangidos: 13. São eles: Jaru, Ji-Paraná, Ouro Preto do Oeste, Presidente Médici, Urupá, Vale do Anari, Vale do Paraíso, Governador Jorge Teixeira, Mirante da Serra, Nova União, Teixeirópolis, Theobroma e Alvorada D’Oeste.

✔ População: 321.719 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 11.463✔ Número de MEI: 4.992✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 24.732✔ PIB (2011): R$ 4.823.861✔ IDH médio: 0,72

Começo difícil não desanima microempresário

O sucesso não está coroado somente de acertos. Quem empreende sabe que, mui-

tas vezes, ele vem do recuo e reconhecimento dos erros cometidos. O microempresário José Damasceno, de Governador Jorge Teixeira, mu-nicípio de 10,5 mil habitantes, aprendeu a lição.

Depois de ter fechado as portas de um estabe-lecimento comercial, ele decidiu voltar a ser em-presário – desta vez, com uma visão mais moderna, arrojada e cautelosa. No empreendimento anterior, José não tinha controle dos gastos, o que acabou prejudicando a administração. No novo negócio, o Supermercado Extra Max, seria diferente.

“Com a assessoria do Sebrae, passei a contro-lar a saída e a entrada do dinheiro no meu negó-cio e a me dar bem”, avalia. Um dos problemas corrigidos foi o uso de parte do capital de giro em uma obra de melhoria do empreendimento anterior. “Agora só faço investimentos desse tipo com meu capital de lucro”, diz ele.

Aos 38 anos, o agora microempresário em-prega uma equipe de nove funcionários, com-prou balcões maiores, prateleiras novas e mo-

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Roraima

Como em grande parte dos pequenos muni-cípios do interior do Brasil, as motos dominam os meios de locomoção da população de Rorai-nópolis. Com pouco mais de 26 mil habitantes, a cidade tem como maior fonte empregadora a prefeitura municipal e o governo do estado. As serrarias informais, que existiam em grande nú-mero na região, já não empregam mais.

A melhoria do negócio se refletiu em bene-fícios também na vida de Denis e de sua esposa. Com o aumento dos rendimentos, ele já trabalha na reforma da casa e na ampliação do espaço onde hoje funciona a oficina.

✔ Território da Cidadania: Sul de Roraima

✔ Número de municípios abrangidos: 5. São eles: Caracaraí, Caroebe, Rorainópolis, São João da Baliza e São Luiz.

✔ População: 65.613 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 1.788✔ Número de MEI: 825✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 9.181✔ PIB (2011): R$ 709.295✔ IDH médio: 0,69

Pontualidade na entrega de serviços conquista clientes

Ao aprender a consertar motocicletas ainda na adolescência, Denis Pontes de Souza trans-

formou a necessidade de ajudar a família em uma paixão que virou negócio. Hoje, aos 32 anos, ele é dono da Denis Moto Peças e Acessórios, oficina em que trabalha com a ajuda da esposa na pequena Rorainópolis, cidade a cerca de 300 km de Boa Vista.

No final de 2011, o mecânico saiu da condi-ção de empregado para a de empregador. Como microempreendedor individual (MEI), formali-zou o seu negócio e passou a atender por conta própria em um espaço improvisado na porta de casa. Com experiência adquirida ao longo de 17 anos de profissão, encontrou no Sebrae o supor-te de que precisava para continuar seguindo o caminho certo. Participou de algumas palestras da instituição e conta com a ajuda de um consul-tor que o orienta na gestão da oficina.

Atenção ao cliente e pontualidade na entrega dos serviços foram compromissos que o microem-preendedor aprendeu, com o Sebrae, a valorizar ainda mais. Atualmente, Denis conserta, em mé-dia, 15 motocicletas por dia. Com o CNPJ na mão, conseguiu superar um obstáculo para o sucesso da sua oficina: a disponibilidade de peças para o repa-ro dos veículos. “Antes eu comprava da concorrên-cia. Agora tenho meu próprio material”, compara.

Região Norte

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Territórios da Cidadania82

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Balanço do Programa 83

Região Nordeste

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Territórios da Cidadania84

Alag

oas

Entre o sertão e a mata atlântica, Coité do Nóia - cidadezinha cravada no agreste de Alagoas -

porta em seu nome uma curiosidade que parece justificar sua vocação e tradição. Popularmente conhecida como árvore-de-cuia, “coité” deriva do tupi-guarani e significa vasilha ou cabaça feita com a casca do seu fruto. Somadas a outras utilidades, essas cuias também se fazem suporte daquelas iguarias que guardam um certeiro e es-pecial lugar na culinária brasileira: os doces casei-ros. E foi o senso de oportunidade que orientou o casal Benedito Silva e Maria Aparecida dos Santos

✔ Território da Cidadania: Agreste de Alagoas

✔ Número de municípios abrangidos: 16. São eles: Campo Grande, Coité do Nóia, Craíbas, Estrela de Alagoas, Feira Grande, Girau do Ponciano, Junqueiro, Lagoa da Canoa, Taquarana, Arapiraca, Igaci, Limoeiro de Anadia, Olho d´Água Grande, Palmeira dos Índios, São Sebastião e Traipu.

✔ População: 578.296 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 14.298✔ Número de MEI: 5.755✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 89.297✔ PIB (2011): R$ 3.794.386✔ IDH médio: 0,60

Coité do NóiaProdução adoça vida da comunidade

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85Região Nordeste

a tirar proveito dessa preferência nacional, levan-do-o a saltar da produção caseira a uma linha se-mi-industrial, o que lhe inscreveu como referência na região com a pequena fábrica Ki-Paladar.

No alpendre contíguo à casa da família, em um balcão largo e fresco, está a vitrine com os mais va-riados e coloridos potes de doces - devidamente acondicionados e embalados - a encher os olhos não apenas dos passantes, mas daqueles que para lá se dirigem especialmente para adquirir produ-tos que já têm nome e alcançaram reconhecimen-to como uns dos melhores do estado.

Nascido em Coité, Benedito Silva foi funcionário dos Correios e Telégrafos, antes de se firmar como empresário, e chegou a ter um pequeno mercado em Maceió no início da década de 1990. Foi nesse esta-belecimento que deduziu o quanto as caixas de doce que comercializava vinham com um número reduzi-do e limitado de sabores. “Fiquei com essa sementi-nha na cabeça, a necessidade de ampliar a variedade e assim atender a mais gostos”, conta, após ser provo-cado por um colega da Emater nesse sentido.

Seu espírito empreendedor o levou a adquirir em 1992, por meio de um financiamento do Ban-

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Territórios da Cidadania86

co do Nordeste, um terreno de seis alqueires em sua cidade natal, para onde retornou com a fa-mília, visando ter seu próprio negócio, na época, uma iniciativa voltada para a criação e abate de gado. Por sugestão do gerente do banco, Bene-dito iniciou um movimento cooperativo que aca-bou por resultar na Associação de Agricultores da região, somando mais de 20 projetos agrope-cuários. E foi nesse esforço conjunto que surgiu a ideia de se constituir uma padaria comunitária em Coité, a primeira da cidade. “Era inacreditável. O pão tinha de viajar de Arapiraca para cá, cidade a 20 quilômetros daqui”.

Em paralelo, a partir de recursos do Banco Mundial e da cessão de um terreno, a associação criou uma fábrica de doces caseiros, intitulada Alto Sabor, certamente o berço do seu projeto-so-lo. Por oito anos trabalhou de forma cooperativa, até que um “racha” entre os cooperados, conjuga-do à falta de noção de negócios, impeliu Benedito a arriscar a sua própria linha de produção.

Por justamente perseguir qualidade e con-fiabilidade, a voz dos clientes passou a ser para Benedito e sua esposa Maria Aparecida mais do que sugestiva, mas verdadeiramente imperativa. “Ainda na época da fábrica comunitária pediam que aumentássemos a quantidade de sabores, já que só dispúnhamos de doces de mamão, leite, banana e goiaba”, relata.

Pois em 1999 nasce a fábrica Ki-Paladar, que não apenas sustenta a família de Benedito, mas hoje agrega à pequena Coité a oferta de mais uma riqueza do variado patrimônio cul-tural alimentar brasileiro. “Não existia em Ala-goas doce algum feito com mistura de sabores. Inovamos, passando a produzir itens assim, a exemplo de leite com goiaba e leite com amei-xa”, explica Dona Maria. “Nossos campeões de venda aqui em Coité são os de jaca e caju; já em

Doces da Ki-Paladar fazem sucesso em restaurantes de Maceió

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Maceió, o carro-chefe é o de leite granulado”. A Ki-Paladar produz ainda doces de mamão, goiaba, coco, banana, abacaxi.

A atuação do Sebrae foi providencial e de-cisiva para que o empreendimento alcançasse êxito. A partir da força do trabalho de quatro fun-cionárias, além do casal proprietário, a Ki-Paladar vende hoje cerca de 3 mil potes de 500 g dos mais diversos doces para todo o estado. Sendo a prefeitura um dos principais parceiros, o Sebrae levou o programa Territórios da Cidadania à cida-de de Coité , atualmente com pouco mais de 12 mil habitantes, cuja economia gira em torno da agropecuária e do pequeno comércio local.

“Cruzamos o estado de ponta a ponta, em seus seis Territórios da Cidadania, mapeando la-cunas e dificuldades nos ambientes de negócios,

Região Nordeste

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Territórios da Cidadania88

além de estimularmos a cultura empreendedora

a partir da vocação de cada localidade”, afirma

Carl Broad, analista da Unidade de Atendimento

Individual do Sebrae Alagoas.

Como resultado de ação empreendedora

específica em Coité, realizada em setembro

de 2013, em uma unidade móvel do Sebrae,

66 empresários de micro e pequeno porte

participaram de três cursos – Gestão visual de

loja, Atendimento ao cliente e Como evitar a

inadimplência,além de consultorias de Boas

Práticas e Segurança Alimentar. Também foram

ofertados aos inscritos atendimentos pessoais

e 118 orientações técnicas. Cerca de 40% das

pessoas atendidas estão vinculadas a pessoas

jurídicas, e desse total mais da metade são micro

empreendedores individuais.

O gestor dos Territórios da Cidadania do

Agreste e da Bacia Leiteira, Clébson Marcos Mo-

reira Lins, informa que, desde 2012, foram aten-

Coité do Nóia abriga 12 mil habitantes no agreste de Alagoas

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Balanço do Programa 89

didas 12.260 empresas no programa no estado, somando 72 ações empreendedoras. “Somente na região agreste, quase 3.700 negócios merece-ram nossa atenção”, complementa.

E com o propósito de expandir com consciên-cia de gestão e responsabilidade ambiental o seu empreendimento, Benedito acatou a indicação do Sebrae e participou, em outubro de 2013, do programa Fomenta – iniciativa de inserção de pequenos negócios nas compras públicas. “Foi

uma beleza”, comentou,acrescentando: “O que me marcou foi saber de todos os direitos e possi-bilidades que temos para crescer, além da chan-ce de os nossos produtos serem comprados pelo governo e aproveitados na merenda escolar”.

Com sotaque cantado e prosa compassada, o empreendedor fala com orgulho do seu negócio. “Veja bem, não há satisfação maior do que ver as pessoas enchendo os olhos com nossos doces. Lá em Maceió, nossos produtos são conhecidos

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Territórios da Cidadania90

e procurados como doce do Coité”, conta. Como principal e mais antigo distribuidor – o que lhe garante sua maior sustentação financeira – está uma rede de restaurantes da capital, freguesa de seus produtos há 15 anos. A média de venda é de 34 caixas, de 12 unidades, a cada seis meses.

“Além da possibilidade de estimular que os empreendedores se tornem fornecedores do governo, orientamos no sentido de melhorar processos de fabricação, padronizar boas práti-cas quanto a normas sanitárias e manipulação de alimentos, bem como trabalhamos a questão do valor agregado, noção importante para os pequenos empresários”, expõe o consultor do Sebrae no estado, Antônio Avelar, um dos atores envolvidos. A fábrica já faz uso dessa prática, ao se valer do que é colhido no próprio pomar da família, bem como do que se adquire na região, valorizando a produção local, como leite, coco, abacaxi, banana. Por conta do controle de quali-dade, já o mamão e a goiaba tipo exportação são adquiridos de Petrolina. “Iremos indicar o Bene-dito para uma consultoria sobre registro e design gráfico de marcas”, acrescenta.

De feição familiar, o negócio conta ainda com o auxílio da filha Michelle Silva, de 24 anos, que cuida da parte administrativa da fábrica. Braço direito do marido, Dona Maria Aparecida não se faz de ro-gada e assume com gosto a condução da linha de produção: “Temos quatro filhos para sustentar, só o esposo trabalhando não dá”. Quando não está na rotina de descascar e picar as frutas que compõem os doces ou de encher os potes em série, reveza-se com suas ajudantes no antigo e familiar ofício de mexer os tachos e dar aquele ponto que assegura a digital de qualidade e confiabilidade do Ki-Paladar. Tradição que, admirável e felizmente, se renova e prossegue pelas sábias e ágeis mãos de tantas Ma-rias e Beneditos Brasil afora.

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Coité do Nóia (AL)• Localizado no agreste de Alagoas, região central do estado, o município de Coité do Nóia localiza-se a 131

quilômetros de Maceió. O melhor acesso à cidade de 12 mil habitantes é terrestre. A viagem pela BR 316, ou pela AL 220, dura cerca de duas horas.

Como chegar lá

Região Nordeste

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Territórios da Cidadania92

Em uma feira promovida pelo programa Territórios da Cidadania, em Bom Jesus do Am-paro, ela tomou conhecimento de que o Sebrae desenvolvia projetos ligados à mandiocultura. Integrantes da associação participaram de cur-sos como o Despertando o Associativismo e o de Boas Práticas para o Manuseio de Alimentos, e novas portas começaram a se abrir para os pro-dutos ligados ao plantio da mandioca na região.

Os conhecimentos aprendidos, como o uso correto do maquinário e as técnicas de produção da farinha, resultaram na aber-tura de uma fábrica de farinha. Nascia ali a Associação Comunitária Nossa Senhora Aparecida, presidida pela produtora rural. Já em 2011, uma parceria com a Compa-nhia Nacional de Abastecimento (Conab) abriu frente para que a associação passasse a fornecer ao consumidor, sem intermedi-ários, os produtos derivados da mandioca. Em Matina, cerca de 60 famílias estão direta-mente ligadas ao plantio e processo de trans-formação da mandioca. Com o apoio da Com-panhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf ), a associa-ção foi contemplada com a perfuração de um poço artesiano para colocar em prática o pro-jeto de multiplicação de mudas de mandioca. O próximo passo é realizar um sonho que já está encaminhado: construir uma fábrica de bolos industriais. “Entre zero e dez, eu daria nota 11 ao Sebrae por ter nos ajudado a con-quistar o que antes parecia impossível”, cele-bra Janes Aparecida.

✔ Território da Cidadania: Velho Chico

✔ Número de municípios abrangidos: 16. São eles: Barra, Bom Jesus da Lapa, Carinhanha, Feira da Mata, Ibotirama, Igaporã, Malhada, Morpará, Muquém de São Francisco, Paratinga, Riacho de Santana, Serra do Ramalho, Sítio do Mato, Brotas de Macaúbas, Matina e Oliveira dos Brejinhos.

✔ População: 370.102 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 7.710✔ Número de MEI: 2.330✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 61.986✔ PIB (2011): R$ 1.973.402✔ IDH médio: 0,62

Produção rural dá margem à industrialização

O ano era 2009. A desvalorização da mandioca deixava desanimados os produtores agríco-

las de Matina, município localizado a cerca de 850 km da capital Salvador. Em meio à desilusão com as poucas perspectivas que o campo oferecia para a região, a agricultora Janes do Carmo Cardoso Fagundes buscava um caminho que pudesse me-lhorar as condições de vida dos trabalhadores que sobreviviam do campo e da agricultura familiar.

Bahia

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Ceará

sustentabilidade na reutilização de produtos e materiais. Ao todo, 16 mulheres e um homem produzem pulseiras, colares, pingentes para bolsas, chaveiros, além de toalhas de renda e colchas de fuxico, aliando design, inovação e tecnologia – algumas das premissas repassadas pelo Sebrae ao grupo de artesãos.

A produção cresceu tanto que falta mão de obra para atender a tantos pedidos feitos à asso-ciação – que se prepara para exportar. “Estávamos produzindo as peças, mas não sabíamos como, nem para quem vender. Bem orientados, passamos a manter uma produção de qualidade, com design moderno. E o retorno disso tudo já podemos perce-ber. Nossa vida é outra”, informa Zuleide, ao se orgu-lhar de dizer que vive da arte há oito anos.

✔ Território da Cidadania: Cariri

✔ Número de municípios abrangidos: 27. São eles: Abaiara, Araripe, Aurora, Barro, Brejo Santo, Campos Sales, Caririaçu, Crato, Juazeiro do Norte, Milagres, Tarrafas, Altaneira, Antonina do Norte, Assaré, Barbalha, Farias Brito, Granjeiro, Jardim, Jati, Mauriti, Missão Velha, Nova Olinda, Penaforte, Porteiras, Potengi, Salitre e Santana do Cariri.

✔ População: 892.558 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 23.516✔ Número de MEI: 8.260✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 131.992✔ PIB (2011): R$ 5.999.085✔ IDH médio: 0,66

Desfiar tecidos e sonhos: o resgate do bordado boa-noite

Ainda aos 12 anos, Zuleide Ferreira aprendeu com a mãe a bordar e a fazer crochê. O gosto

pelo artesanato sempre a acompanhou. Nas horas vagas, sua criatividade ganhava forma entre linhas e agulhas. Em 2006, depois de ser instrutora de um curso de pintura em tecido, Zuleide decidiu criar a Associação dos Artesãos do Município do Barro.

A busca por capacitação no Sebrae foi ime-diata. A instituição ajudou a criar o estatuto da associação e teve importante papel na inserção do grupo na Feira do Cariri. Os artesãos também participaram de Rodadas de Negócio nacionais e internacionais, expandindo suas vendas a outros estados e ao exterior.

Com a orientação do Sebrae, a associação res-gatou o boa-noite, um bordado criado há mais de um século e que estava quase em extinção por falta de artesãos que tivessem conhecimento da técnica de confecção. Essa técnica consiste em desfiar o tecido e recompô-lo em faixas com motivos florais. O nome boa-noite reverencia uma flor da região ri-beirinha do São Francisco, que serviu de inspiração para os primeiros bordados no linho desfiado.

O objetivo do grupo é manter uma identida-de cultural do artesanato regional, aplicando a

Região Nordeste

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Territórios da Cidadania94

Maranhão

comunidade. “O Sebrae contribuiu, no mínimo, com 85% do nosso sucesso, pois não só deu con-sultoria técnica como fez acompanhamento do que colocávamos em prática”, diz Carlos Felipe, também conhecido como Carlos Cibalena.

Atualmente, são nove tanques escavados e a expectativa de atingir em 2014 uma produção de 300 toneladas de peixes. Os resultados desse empreendedorismo de sucesso se refletem na qualidade de vida das famílias diretamente liga-das a ele. As casas, que eram de barro e telhado de palha, agora são de alvenaria, e os moradores já têm carros e motos. “Mudamos da água para o vinho”, compara o piscicultor.

Multiplicação de peixes gera renda

Quando começou a investir na piscicultura, nem o empresário Carlos Felipe Gomes

imaginava que aquele tanque de apenas 80 mil peixes e produção anual de 30 toneladas chega-ria, nove anos depois, em 2013, a 200 toneladas. O produtor viu sua realidade – e a do povoado de Itans, no município de Matinha – transformada após uma consultoria do Sebrae que serviu para impulsionar o negócio, controlando a produção, reduzindo custos e aumentando a produtividade.

Carlos Felipe passou a atuar como multiplica-dor das informações que recebeu dos cursos do Sebrae e fez com que sua comunidade se envol-vesse no cultivo, em tanque escavado, de tamba-tinga, tilápia, piau, curimatã e pintado. Participou de qualificações como Iniciação à Piscicultura, Técnicas de Construção de Viveiros, Aspectos Téc-nicos e Econômicos de Cultivo e Modelo de Pisci-cultura para Pequenos Produtores.

A consciência do trabalho associado e coope-rado, atrelada ao controle de técnicas de manejo e cultivo do cardume, permitiu ao grupo se tornar referência no setor, com aumento da produtivida-de e, consequentemente, da renda per capita da

✔ Território da Cidadania: Campos e Lagos

✔ Número de municípios abrangidos: 12. São eles: Arari, Cajari, Matinha, Olinda Nova do Maranhão, Palmeirândia, Pedro do Rosário, Penalva, São Bento, São João Batista, São Vicente Ferrer, Viana e Vitória do Mearim.

✔ População: 319.761 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 3.510✔ Número de MEI: 1.227✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 60.179✔ PIB (2011): R$ 1.229.936✔ IDH médio: 0,60

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Paraíba

investindo, principalmente, no turismo cultural, valorizando os artistas locais”.

Diante dos bons resultados do empreen-dimento, os empresários abriram uma loja de artesanato, que também atrai clientes para o res-taurante – hoje, ampliado –, e inauguraram uma pequena pousada de quatro quartos. A 25 km da capital, Conde tem pouco mais de 23 mil habi-tantes e sua economia é sustentada pelo serviço público, um parque industrial e, em ascensão, o turismo. “Como um parceiro constante, o Sebrae conseguiu unir o empresariado local, que antes não interagia”, comemora Siese.

✔ Território da Cidadania: Zona da Mata Sul

✔ Número de municípios abrangidos: 13. São eles: Alhandra, Bayeux, Caaporã, Caldas Brandão, Conde, Itabaiana, João Pessoa, Pedras de Fogo, Pilar, Pitimbu, Juripiranga, São José dos Ramos e São Miguel de Taipu.

✔ População: 990.875 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 30.540✔ Número de MEI: 17.618✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 96.856✔ PIB (2011): R$ 12.758.867✔ IDH médio: 0,74

Valorização da cultura local aquece economia

A lógica do restaurante e pousada Recanto das Tulipas, na cidade do Conde, é simples e ren-

tável: consumir e revender o que é produzido pela agricultura familiar local. A vizinha Pitimbu tam-bém se beneficia dessa proposta e já sente os refle-xos no aquecimento de seus pequenos negócios.

O Sebrae foi o responsável por incentivar os empresários Siese De Meer e André das Neves, pro-prietários do Recanto das Tulipas, a adquirir frutas, legumes, verduras, frutos do mar e até artesanato de produtores e artistas da cidade. Com isso, os recur-sos permanecem na região e contribuem para o de-senvolvimento socioeconômico da comunidade.

Siese e André arrendaram o restaurante quan-do passavam férias pela primeira vez em Conde, em 2007. Apostaram que a cidade tinha alto po-tencial turístico e valia o investimento. Em 2010, conheceram o Sebrae e aprenderam a melhorar a gestão do negócio. Fizeram alguns cursos da insti-tuição, entre eles o de Manipulação de Alimentos e o de Melhorias em Equipamentos Turísticos.

A instituição também apresentou a eles um levantamento de tudo que era produzido na cidade e poderia ser consumido pelos clientes do estabelecimento. Siese conta que “o Sebrae chegou com todo o ‘gás’ no litoral sul da Paraíba,

Região Nordeste

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Territórios da Cidadania98

Pernambuco

Com cerca de 100 mil habitantes, Ararapina é um polo gesseiro nacional e distribui o produto para todo o país. A economia da cidade gira cerca de 70% em torno das fábricas de gesso, deixando a menor parte para o comércio e para a prefeitura, ainda grande empregadora em municípios de pe-queno porte. Servidores e funcionários das indús-trias são os principais clientes da empresa.

“A consultoria do Sebrae foi muito importan-te, já que eu não calculava o custo que teria, por mês, com cada criança. Agora, com esse plane-jamento, consigo prever meus rendimentos e organizar o meu lucro”, comemora a empresária.

Demanda de serviço motiva abertura de negócio

Quando decidiu abrir em Araripina o Hotel-zinho Amigos do Pequeno Príncipe, a en-

fermeira Daniella Amarante Lima Castro pensou na preocupação de mulheres que, como ela, não tinham com quem deixar filhos ainda bebês para voltar ao mercado de trabalho. Mãe de uma crian-ça com prematuridade extrema, o que refletiu em limitações de crescimento, aprendizado, locomo-ção e fala, ela inovou ao prestar um serviço inédito na pequena cidade do interior pernambucano.

Começou em janeiro de 2014 atendendo, além do próprio filho, uma criança da vizinhan-ça. Em seis meses de funcionamento, o número de atendimentos subiu para oito. Formada em Enfermagem e pós-graduada em Obstetrícia, Daniella usa sua expertise na área para atrair a confiança dos pais e mães da cidade – acostu-mados a ter em casa uma babá que, ao mesmo tempo, é cozinheira e faxineira.

Ao lado de casa, a enfermeira montou, então, a estrutura da creche. Sob sua coordenação, duas funcionárias cuidam das crianças, atendidas a partir do quarto mês de idade. Todo o suporte para planejamento do negócio, ela conta, veio do Sebrae. A instituição a ajudou desde o plano de projeto até a forma de divulgação do peque-no hotel para crianças.

✔ Territórios da Cidadania: Sertão do Araripe

✔ Número de municípios abrangidos: 10. São eles: Araripina, Granito, Ipubi, Ouricuri, Trindade, Bodocó, Exu, Moreilândia, Santa Cruz e Santa Filomena.

✔ População: 307.658 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 6.236✔ Número de MEI: 2.159✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 54.000✔ PIB (2011): R$ 1.655.172✔ IDH médio: 0,62

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PiauíJovem aposta em capacitacão para crescer

Felipe Silva Germano, de 20 anos, já pode se considerar um empresário bem-sucedido de

São Miguel do Tapuio. Ele é dono da Gráfica Nati-va, empreendimento que começou nos fundos de casa, quando ainda cursava o ensino médio, e que hoje tem como clientes prefeituras do muni-cípio e de cidades vizinhas na região.

Em 2008, o estudante era um jovem aprendiz do ramo gráfico e faturava, por mês, R$ 50. No ano seguinte, com um computador e uma impressora jato de tinta em casa, criava e imprimia cartões de visita, convites e folders, ainda de forma amadora. O interesse pela área fez com que ele investisse em capacitação e, após fazer um curso de design gráfico, tornou-se o único profissional da cidade formado na área. O rendimento mensal já havia saltado para cerca de um salário mínimo.

Em 2011, Felipe percebeu que era hora de ir além. Diante da demanda de serviços que não parava de crescer, adquiriu novas máquinas e, dois anos depois, abriu uma sociedade com um colega. O sócio, porém, recuou e Felipe tornou--se o único dono. Contratou o primo como fun-cionário e decidiu formalizar o negócio.

Orientado por uma tia que é agente de de-

senvolvimento da cidade, o jovem empresário recorreu ao Sebrae em busca de aprimoramento para seu negócio. Foi, então, orientado a deixar o quintal de casa e partir para um ponto central. Em 2013, participou de um treinamento de ges-tão empresarial e aprendeu com os consultores da instituição a fazer propaganda do seu serviço, além de ter o controle financeiro da empresa.

Atualmente, Felipe Silva participa de licitações nas administrações municipais da região e já se prepara para contratar outro funcionário para a empresa. “Hoje sou reconhecido na cidade”. Mas Felipe quer mais. Com um faturamento 100 vezes maior do que há seis anos, o jovem empreende-dor busca, agora, reconhecimento regional.

✔ Território da Cidadania: Carnaubais

✔ Número de municípios abrangidos: 16. São eles: Boa Hora, Boqueirão do Piauí, Buriti dos Montes, Cabeceiras do Piauí, Campo Maior, Capitão de Campos, Castelo do Piauí, Cocal de Telha, Jatobá do Piauí, Juazeiro do Piauí, Nossa Senhora de Nazaré, Assunção do Piauí, Novo Santo Antônio, São João da Serra, São Miguel do Tapuio e Sigefredo Pacheco.

✔ População: 168.037 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 3.442✔ Número de MEI: 1.886✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 28.830✔ PIB (2011): R$ 816.655✔ IDH médio: 0,60

Região Nordeste

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Territórios da Cidadania100

Rio Grande do Norte

Páscoa, por exemplo, o pasteleiro cria promoções e faz sorteio entre os maiores consumidores.

Na barraca há recheios salgados e doces. As vendas aumentam com as promoções feitas na rádio local, que também são divulgadas em car-tazes ou enviadas por mensagens de celular.

E com uma visão sustentável do negócio, o empreendedor revela que transforma em sabão o óleo da fritura que deixa de ser utilizado. Sobre a decisão de se tornar um MEI, o empreendedor é só entusiasmo: “Gostei de formalizar meu negócio para também ter uma garantia no futuro. Se ficar doente, preciso pensar em uma cobertura”, ressalta.

Lenhadoraumenta renda como pasteleiro

Em 2011, o morador de Messias Targino, mu-nicípio a cerca de 300 km de Natal, tinha no

Programa Bolsa Família um auxílio para as contas da casa. Fora o benefício pago pelo governo, a única renda vinha de “bicos” como lenhador. Em março de 2013, Giovani Soares resolveu partici-par da Oficina Sebrae de Empreendedorismo em uma cidade vizinha. Na época, já tinha conheci-do uma massa industrializada de pastel e saiu da capacitação com a ideia de abrir uma pastelaria.

Com apoio da esposa, começou a vender pastel em uma barraca na frente de casa. O “Rei do Pastel”, como ficou conhecido na pequena cidade, caiu no gosto da comunidade e desper-tou no ex-lenhador a vontade de crescer como empresário. “Quero aprender mais e começar a fornecer lanche para a prefeitura, para eventos”, planeja o microempreendedor individual (MEI), formalizado há cerca de um ano.

Junto com o pastel, vende um suco e, quando precisa se ausentar para atender às encomendas que recebe por telefone, quem assume a frigideira é o filho. Em datas comemorativas, como Natal e

✔ Território da Cidadania: Sertão do Apodi

✔ Número de municípios abrangidos: 17. São eles: Apodi, Caraúbas, Felipe Guerra, Itaú, Janduís, Messias Targino, Olho-d’Água do Borges, Paraú, Patu, Rafael Godeiro, Rodolfo Fernandes, Severiano Melo, Triunfo Potiguar, Umarizal, Upanema, Augusto Severo e Governador Dix-Sept Rosado.

✔ População: 157.247 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 3.295✔ Número de MEI:1.362✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 25.942✔ PIB (2011): R$ 1.390.852✔ IDH médio: 0,63

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Sergipe

primeira vez, conseguiu abrir uma conta no banco e quer registrar a esposa como funcio-nária do seu pequeno comércio.

O estabelecimento de Luciano Feitosa já tem outras conquistas: aceita cartão de crédito e os representantes de roupas, que antes não batiam à sua porta para oferecer produtos, agora o procuram. “Hoje, sinto que adquiri mais respeito e dignidade. Vejo-me agora como par-te da sociedade”, diz, orgulhoso.

Formalização promove inserção social

Formalizar um negócio criado pelo pai há 30 anos tem, para o microempreendedor indi-

vidual (MEI) Luciano Feitosa de Moura, um sabor de reconhecimento e inserção social. Desde os oito anos, ele acompanhava o pai à feira livre de Propriá, cidade a cerca de 100 km de Aracaju, na venda de roupas masculinas e femininas. A eco-nomia local ainda é movimentada basicamente pelo comércio e pela agricultura.

Em 2009, após perder o pai, que morreu sem realizar o sonho de ter uma loja ao lado de casa, Luciano decidiu assumir o negócio da família. Orientado por consultores do Sebrae em visita à feira, percebeu que trabalhar na legalidade, com registro e CNPJ, só reverteria em benefícios. A formalização veio mesmo em 2013, período em que o MEI participou de cursos como SEI Empre-ender, SEI Comprar, dentre alguns outros.

Luciano aproveitou o cômodo que o pai construiu – e nunca ocupou – para montar a loja. Mas a clientela conquistada em três déca-das na feira não poderia ser desprestigiada e o empresário resolveu manter o comércio ali, também. “Com a barraca, a margem de lucro varia entre 45% e 50%. Na loja, esse ganho sobe para 70% a 100%”, compara ele, que, pela

✔ Território da Cidadania: Baixo São Francisco

✔ Número de municípios abrangidos: 14. São eles: Amparo de São Francisco, Brejo Grande, Canhoba, Cedro de São João, Ilha das Flores, Japoatã, Malhada dos Bois, Neópolis, Pacatuba, Propriá, Santana do São Francisco, São Francisco, Telha e Muribeca.

✔ População: 125.193 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 2.125✔ Número de MEI: 1.277✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 21.367✔ PIB (2011): R$ 1.031.702✔ IDH médio: 0,61

Região Nordeste

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Balanço do Programa 107

Região Centro-Oeste

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Territórios da Cidadania108

Mat

o G

ross

o do

Sul

BonitoSabedoria e respeito à natureza geram lavoura orgânica

É com vagar e caprichada letra que Dona Milva cotidianamente desenha, em um grosso cader-

no de espiral, sua rotina à frente da horta e pomar que cuida ao lado do marido. Poderia ser mais uma lavoura em meio a dezenas de outras no estado do Mato Grosso do Sul não fosse uma particularidade: toda a produção é orgânica. Em um assentamento rural da região de Bonito, município famoso por sua exuberância natural e potencial de ecoaven-tura, 15 hectares de um dos 36 parcelamentos

✔ Território da Cidadania: Da Reforma

✔ Número de municípios abrangidos: 11. São eles: Anastácio, Bela Vista, Bonito, Dois Irmãos do Buriti, Guia Lopes da Laguna, Jardim, Maracaju, Nioaque, Terenos, Bodoquena e Sidrolândia.

✔ População: 230.739 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 9.159✔ Número de MEI: 4.798✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 19.159✔ PIB (2011): R$ 3.726.261✔ IDH médio: 0,75

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Região Sudeste 109

cultivada – em geral controladas com fertilizantes sintéticos, agrotóxicos e transgênicos, uma inicia-tiva como a de Dona Milva e Seu Antônio chama a atenção pela coragem e ineditismo, já que a agri-cultura orgânica, além de impedir o uso de subs-tâncias que coloquem em risco a saúde e o meio ambiente, vale-se da biodiversidade e da produção variada para enfrentar a lógica da monocultura.

A partir da orientação e do apoio técnico do Sebrae, o casal de agricultores pôde, assim, expandir sua capacidade técnica para alcançar efetivamente o adequado manejo dos alimentos plantados, além dos métodos naturais e mais eficientes de adubação e de controle de pragas. A gestão da pequena propriedade segundo as

são totalmente dedicados ao plantio consciente e saudável, sem o tradicional uso de agrotóxicos, pesticidas ou defensivos químicos.

Casados há 35 anos, Dona Milva Pelk Moraes e Seu Antônio Moraes contam que criaram seus três filhos segundo os ensinamentos de respeito máximo à natureza, bem como a sabedoria passa-da de geração em geração. Foi essa a filosofia que orientou o casal na decisão de expandir, diversifi-car e comercializar o que sempre intuíram como o correto: cultivar o solo de acordo com o aproveita-mento dos recursos naturais, visando tão somen-te à qualidade de vida e saúde prolongada.

Em um estado em que as plantações de soja, milho e cana-de-açúcar tomam boa parte da área

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Territórios da Cidadania110

demandas do mercado foi outro horizonte tra-balhado pelos consultores nas visitas técnicas ao sítio de Dona Milva e Seu Antônio.

“No nosso estado, o Território da Cidadania, constituído para atender as regiões de baixo dinamismo econômico, concentra suas ações mais continuadas na área rural. A interioriza-

ção do Sebrae e a recente proximidade desse

público com essas iniciativas constituem, sem

dúvida, o maior ganho”, avalia Telcio Prieto

Barboza, gestor do Programa do Sebrae na cha-

mada região da Reforma, que compreende 11

municípios, incluindo Bonito. “Nosso objetivo

é melhorar e alinhar a produção local ao que o

Empresários planejam vender toda a produção orgânica na própria região

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mercado precisa, retendo-se a receita gerada aqui mesmo na região”, defende, acrescentan-do que “tais informações são levadas, então, ao poder público”. O grupo com esse perfil, atendi-do pelo Sebrae, é de 17 produtores rurais.

De 2011 a 2014, o Território da Cidadania da Reforma prestou assistência a 3.658 produtores

rurais, microempresários e, inclusive, potenciais empresários. Desse universo de atendimentos realizados no período, foram formalizados 1.206 microempreendedores individuais (MEI), dentre os quais se encontram Dona Milva e Seu Antônio.

“Nosso propósito é que tudo que for adqui-rido em cultura orgânica seja produzido e en-tregue aqui mesmo na cidade”, defende Telcio. “Interessante é constatar que a nossa insistente orientação no sentido de diversificar a produ-ção, de acordo com as demandas de mercado, está sendo atendida”. Para ele, “há ainda um gargalo, todos vendem a mesma coisa e aí o preço cai. Aos poucos os empreendedores vão se especializando, aumentando, por exemplo, os itens necessários à merenda escolar – uma importante conta da prefeitura”.

O respeito aos contratos e a compreensão dos trâmites burocráticos e legais são duas frentes de ação que vêm sendo oferecidas aos produtores rurais de Bonito. “Nosso trabalho é sensibilizá-los, convencê-los para que não retrocedam”, prossegue o gestor, informando que uma pesquisa em 2011 apontou que boa parte dos empresários locais, em sua maioria de hotéis, bares e restaurantes, não confia o sufi-ciente nos pequenos agricultores.

“No começo é sempre mais difícil”, conta Seu Antônio, enquanto apresenta sua produção de hortaliças. “Nada aqui tem veneno”, explica, apro-veitando para mostrar sua organizada e colorida plantação de alface, couve, rúcula, cheiro verde, rabanete, além de chuchu, mandioca, abobrinha e cenoura. No cultivo de frutas, destacam-se, em meio aos pés, tangerina ponkan, manga, abaca-te, limão Taiti, maracujá, acerola e pitanga.

Dentro do conceito de aproveitamento dos recursos naturais e utilização correta do solo e

Região Centro-Oeste

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da água, o agricultor faz uso de um pequeno sis-tema de captação de água da chuva para irrigar suas hortas. Utiliza também pesticidas orgânicos para controlar as pragas e preservar a segurança nutricional e a integridade dos alimentos sem ter de recorrer a produtos químicos perigosos. Para dar conta da rotina que assegura a renda familiar, trator, rotativa, roçadeira e enxada.

As visitas mensais de um engenheiro agrô-nomo contratado pelo Sebrae para auxiliar o casal de agricultores asseguraram-lhe técnicas de plantio e adubação, bem como o esperado acompanhamento da produção. “Todas essas ações estão engrenadas em um projeto nosso de turismo sustentável, uma frente essencial de absorção dessa produção local”, relata Adelino Ferreira de Costas Marques, gestor da área do Sebrae em Bonito. “Depois do turismo – em uma cidade de menos de 20 mil habitantes há 4 mil leitos de turismo e mais de 80 meios de hospe-dagem –, a agricultura é outra grande vocação socioeconômica da região”, complementa.

E para garantir o salto profissional e a confiabi-lidade que os produtores ansiavam alcançar, tan-to o selo e o certificado de conformidade orgânica foram com eles trabalhados a partir de inspeções sistemáticas. “Além de ter melhorado a qualidade do que se consome, eles passaram a contar com a participação nas compras públicas”, reitera Télcio. Dona Milva e Seu Antônio chegaram a oferecer merenda escolar por dois anos, em 2011 e 2012.

Quando procurados, em 2011, pelo consul-tor do Sebrae, o casal imediatamente aderiu ao projeto. Os agricultores puderam participar de cursos como Negócio Certo Rural, que envolve planejamento e gestão da pequena proprie-dade rural, e valeram-se ainda do Sebraetec, Programa com viés de inovação e tecnologia aos pequenos negócios.

Empresário fez cursos de gestão e inovação

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Para que o consumidor saiba que está

consumindo alimentos de origem diferencia-

da, é fundamental que a esses itens estejam

agregados rótulo e embalagem informando a

certificação orgânica. Nesse sentido, a mão do

Sebrae também se fez presente e trabalhou, via

consultoria, a identidade visual dos produtos.

O apelido do Seu Antônio – Chuca – foi o nome

escolhido para compor a marca que assegura

ao cliente que as frutas, legumes e hortaliças

não contêm resíduos químicos.

Seus principais e maiores compradores são

um tradicional supermercado local e um eco

resort da região. Guilherme Poli, diretor do hotel

cinco estrelas com 100 apartamentos de luxo,

confirma que seu único fornecedor de orgânicos,

especialmente alface, cenoura e couve, é o casal.

Para o gerente de compras do supermercado,

Região Centro-Oeste

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Rosemberg Sousa, o salto – tanto para o consu-midor quanto para os produtores – se dará quan-do os legumes, hortaliças e frutas estiverem nas gôndolas, aos olhos do freguês, devidamente identificados e corretamente embalados com o selo que comprova a inspeção e a qualidade.

Universalmente considerada como um ato sagrado, a lavoura é gesto de fecundação da terra. E Seu Antônio e Dona Milva valem-se das técnicas apreendidas e incorporadas para colocá-las a serviço da natureza, restaurando o

que simplesmente pertence ao homem: o rito ancestral de arar o solo e dele ofertar seus frutos. Pois além de tudo que vem aprendendo com os engenheiros agrônomos, o casal confessa que costuma recorrer àquela sabedoria primeira que vem guiando mãos e sulcando a terra desde as rudimentares técnicas agrícolas. “Ainda nos orientamos pela força da lua e pelo respeito ao todo poderoso sol – esses, sim, nossos maiores guias”, fala, com mansidão, esse genuíno e admi-rável homem do campo.

Agricultores receberam orientação para o desenho da marca da empresa

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Bonito (MS)• O assentamento Santa Lúcia fica distante cerca de 25 quilômetros do município de Bonito, no sudoeste do

Mato Grosso do Sul. O acesso se dá pela rodovia Bonito/Fazenda São Geraldo. Da capital Campo Grande, a distância é de 33 quilômetros. Já o acesso a Bonito pode ser aéreo – o Aeroporto Regional de Bonito, na rodovia MS 178, está a 13 km do centro da cidade. O trajeto terrestre saindo de Campo Grande se dá pela BR 060/MS 382. A viagem de carro tem 3h30 de duração.

Como chegar lá

Região Centro-Oeste

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Inovação em artesanato torna negócio lucrativo

A trajetória que levou Francisca dos Santos Araújo da condição de empregada domés-

tica a empresária em Brasília é marcada por su-peração e reinvenção. Superação porque a mara-nhense de 46 anos enfrentou cada obstáculo da vida com otimismo, sem deixar de apostar no seu crescimento profissional. E reinvenção porque, com apenas o ensino fundamental completo e só sabendo fazer crochê, virou design de bijute-rias para se transformar em uma bem-sucedida artesã de bonecas de pano.

Quando chegou à capital do país no come-ço dos anos 1990, Francisca tinha em mente trabalhar como doméstica e estudar. Os estu-dos não avançaram e a necessidade de cuidar da filha, anos depois, a deixou desempregada. Com família para sustentar, entrou um dia em uma loja de colares, brincos e anéis da cidade e pediu emprego. Montava e criava algumas peças. Sua habilidade deu certo e as oportuni-dades surgiram, até que o nascimento de um novo filho a fez deixar de trabalhar fora.

A produção de bijuterias seguia - agora numa salinha de casa - até que Francisca descobriu o

Sebrae por meio do curso Mulheres Empreende-doras., que apresentou novas perspectivas. Ela virou professora de artesanato até que, em 2011, Francisca ficou sabendo que a caravana do Se-brae estaria em seu bairro: foi lá e se formalizou como Microempreendedora Individual (MEI).

As bonecas de pano surgiram de forma inu-sitada na sua vida. Depois de contratar uma pro-fessora para dar um curso, ficou com uma sobra de bonecas no seu ateliê. Decidiu, então, vender o que havia ali. Com a ajuda de um consultor do Sebrae, foi aperfeiçoando a qualidade dos produtos, assim como a gestão do negócio. Par-ticipou de cursos da instituição como Aprender a Empreender e SEI Controlar Meu Dinheiro. A produção mensal é de 30 a 40 bonecas de pano, que ela faz sozinha. “Estou sempre investindo em inovação e melhorando meu produto. A gente tem que ser antenada”, diz ela.

Distrito Federal ✔ Território da Cidadania:

Das Águas Emendadas – DF/GO/MG✔ Número de municípios abrangidos:

11. São eles: Brasília, Buritis, Cabeceira Grande, Unaí, Água Fria de Goiás, Cabeceiras, Formosa, Mimoso de Goiás, Padre Bernardo, Planaltina e Vila Boa.

✔ População: 2.898.988 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 166.113✔ Número de MEI: 76.457✔ Número de famíVlias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 120.475✔ PIB (2011): R$ 169.023.186✔ IDH médio: 0,83

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Goiás

melhor retorno de vendas fora do seu ateliê. O artesão já participou de cursos do Sebrae, entre eles o de Como atender e o de Como dar preços à sua produção. “Foi uma das melhores coisas que fiz. As vendas cresceram de 75% a 80%”, avalia.

Com o dinheiro que já ganhou com o negó-cio, o empresário conseguiu comprar um carro para transportar as mercadorias para a feira. En-tre seus planos estão a compra de uma máquina de costura de couro mais moderna, de uma casa para montagem de um ateliê maior e, ainda, a contratação de um ajudante.

Formosa tem cerca de 110 mil habitantes e já foi conhecida como Arraial dos Couros, em home-nagem aos viajantes que acampavam no local para comercializar o couro trazido de outras localidades.

✔ Território da Cidadania: Das Águas Emendadas – DF/GO/MG

✔ Número de municípios abrangidos: 11. São eles: Brasília, Buritis, Cabeceira Grande, Unaí, Água Fria de Goiás, Cabeceiras, Formosa, Mimoso de Goiás, Padre Bernardo, Planaltina e Vila Boa.

✔ População: 2.898.988 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 166.113✔ Número de MEI: 76.457✔ Número de famíVlias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 120.475✔ PIB (2011): R$ 169.023.186✔ IDH médio: 0,83

Capacitação aumenta vendas em até 80%

O couro faz parte da vida de Valdson Alves Viana, 44, há pelo menos 30 anos. Artesão

desde a adolescência, quando aprendeu a cos-turar e foi trabalhar na fábrica do cunhado, ele é especialista em produzir e reparar bolsas, cintos e carteiras em Formosa, município a cerca de 280 km de Goiânia e a 75 km de Brasília.

Valdson foi empregado por 17 anos, até que decidiu ter seu próprio negócio. Nos fundos de casa, abriu, ainda na informalidade, uma oficina onde produzia bolsas de couro ecológico. A con-corrência com os produtos importados da China, porém, começava a exigir dele uma mudança de rumo para garantir lucro. Foi quando viu uma reportagem na tevê em que um especialista do Sebrae ressaltava a importância da formalidade para a prosperidade de um negócio.

O artesão, então, procurou a instituição e, orientado por consultores, em 2010 formalizou a oficina. Na mesma época, deixou o couro sin-tético de lado para trabalhar só com o natural, produzindo peças de melhor qualidade e, conse-quentemente, maior rentabilidade.

O investimento em inovação e a valorização do produto deram resultados. Valdson Alves passou a vender bolsas em feiras de cidades do Distrito Federal e entorno. E é em Brasília que o Microempreendedor Individual (MEI) tem o

Região Centro-Oeste

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Territórios da Cidadania118

Mato Grosso

A produção já possui um selo de qualidade da inspeção municipal e a Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Comunidade do Imbê tem se empenhado em atender ao mercado, fornecendo produtos, inclusive, para a merenda escolar da Prefeitura de Cuiabá. “A ajuda do Sebrae é funda-mental para adquirirmos conhecimentos”, res-salta o agricultor. “A gente trabalhava aqui e não tinha uma bicicleta para andar. Hoje temos motos, carros bons e casa própria mobiliada”, conclui.

É da cana que se extrai o empreendedorismo

Na pequena Poconé, de apenas 32 mil habi-tantes, açúcar mascavo, melaço e rapadura

são os principais produtos da Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Comunidade do Imbê. Do plantio da cana à industrialização dos seus derivados, o grupo de 15 produtores do mu-nicípio, a cerca de 100 km da capital Cuiabá, auxilia no aquecimento da economia local, potencializa-da também pela extração de ouro e pela lavoura.

O agricultor Milton Gonçalves de Souza foi um dos que, por muitos anos, tiraram o sustento da família roçando o pasto para fazendeiros da região. Sua trajetória começou a ter nova direção depois que conheceu o Sebrae por meio de um curso liga-do à produção de cana-de-açúcar. O conhecimen-to o levou a liderar a associação, criada em 2009.

Por meio de um financiamento, os produtores construíram uma agroindústria e compraram maquinário e equipamentos para processamento dos derivados da cana, substituindo um trabalho até então manual. Milton e seus companheiros participaram de alguns cursos do Sebrae, como o de comercialização do produto e, em 2014, su-pervisionados pela instituição, estão em fase final de desenvolvimento de uma marca de produtos orgânicos com o nome Alimentos Pé de Serra.

✔ Território da Cidadania: Baixada Cuiabana

✔ Número de municípios abrangidos: 14. São eles: Acorizal, Barão de Melgaço, Campo Verde, Chapada dos Guimarães, Cuiabá, Jangada, Nobres, Nossa Senhora do Livramento, Nova Brasilândia, Poconé, Rosário Oeste, Santo Antônio do Leverger, Várzea Grande e Planalto da Serra.

✔ População: 976.064 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 48.777✔ Número de MEI: 26.903✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 59.615✔ PIB (2011): R$ 19.649.382✔ IDH médio: 0,79

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Balanço do Programa 119

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Balanço do Programa 125

Região Sudeste

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Territórios da Cidadania126

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✔ Território da Cidadania: Sertão de Minas

✔ Número de municípios abrangidos: 17. São eles: Olhos-D´Água, Augusto de Lima, Francisco Dumont, Guaraciama, Inimutaba, Joaquim Felício, Monjolos, Morro da Garça, Presidente Juscelino, Santo Hipólito, Bocaiúva, Buenópolis, Corinto, Curvelo, Engenheiro Navarro, Felixlândia e Três Marias.

✔ População: 247.546 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 9.256 ✔ Número de MEI: 6.252✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 22.319✔ PIB (2011): R$ 3.296.611✔ IDH médio: 0,73

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Balanço do Programa 127

Corinto/MGCooperativa assegura sustentabilidade no garimpo

Não é em vão que Minas Gerais traz em sua gênese e em seu nome uma de suas mais

prósperas vocações: os minerais. E é com um gesto largo e o vagar de quem rabisca o horizon-te que Hilário Roberto de Oliveira estende seus olhos para longe e tenta explicar a riqueza do solo que explora. “Desconfio que seja a mão di-vina que me guia para encontrar lavras tão ricas de quartzo”, conta o mineiro – de nascimento e

ofício – natural de Santana dos Montes, há quase 30 anos operando máquinas escavadeiras em jazidas a céu aberto. Com experiência inclusive no Iraque e em companhias como Vale do Rio Doce, o minerador de fala irrequieta relata, com entusiasmo, a sua decisão de vida: “Resolvi não mais sair da minha terra e hoje sou dono do meu próprio tempo”. Hilário de Oliveira é um dos 160 associados da Uniquartz – cooperativa que reúne em Corinto, cidade do sertão mineiro com menos de 25 mil habitantes, garimpeiros, mineradores e lapidários sob o imperativo da formalização, da sustentabilidade e da responsa-bilidade socioambiental.

Enilson Souza (camisa verde), diretor-presidente, e os funcionários da Uniquartz: Joel de Oliveira, Antonio de Queiroz, Enio Trindade e José de Moura (da esquera para a direita)

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Territórios da Cidadania128

Apesar de o Brasil deter as maiores reservas de quartzo do mundo, alcançando 95% da totalidade da produção, grande parte do ofício do garimpo ainda transcorre de modo informal e rudimentar, sem a base tecnológica devida para agregar valor e explorar toda a potencialidade de uso do mineral. A partir dessa constatação, o Sebrae vem atuando no apoio à profissionalização de todas as etapas da cadeia produtiva do cristal, bem como no processo de formalização de uma das principais atividades econômicas da região central do estado. Além de Corinto, cuja extração do mineral é responsável por 40% do Produto Interno Bruto da cidade, a Uniquartz compreende os seis maiores municípios produtores da região central de Minas.

Para Francis Bossaert, gerente da Unidade de Desenvolvimento Territorial do Sebrae em

Minas Gerais, o desafio foi não apenas auxiliar na organização e legalização do segmento, mas realizar prospecções de mercado tanto para al-cançar um crescimento sustentável e de acordo com a legislação ambiental quanto para ajudar efetivamente os garimpeiros a progredir e tra-balhar com dignidade. “Hoje a Uniquartz é uma referência em todo o Brasil, não somente por sua competência associativa, mas por trabalhar de forma totalmente legalizada junto aos órgãos ambientais, o que inclui até mesmo o replantio das áreas exploradas”, acrescenta.

O quartzo atende aos mais variados usos e está presente em incontáveis objetos da vida moder-na, como instrumentos cirúrgicos, itens hospita-lares diversos, chips, computadores, joias, peças de artesanato. Os cristais de melhor qualidade são

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destinados à indústria óptica eletrônica e de ins-trumentação, enquanto os demais em geral são aproveitados em parques industriais de alta tec-nologia, como é o caso dos minerais de Corinto, que contêm, em grande quantidade, a pedra síli-ca. Também conhecida como quartzo leitoso, sua resistência a altas temperaturas credencia esse tipo de cristal à aplicação na indústria aeronáutica e petrolífera, entre outras.

Para Joel Saturnino Oliveira, secretário finan-ceiro da cooperativa, a Uniquartz está cada vez mais engrenada no caminho da efetiva valori-zação da grande riqueza de Corinto: os cristais. Como exemplo, a gestão junto a um dos maiores nomes nacionais e internacionais do design de joias, o mineiro Manoel Bernardes, dono de uma rede de joalherias, cujo aproveitamento das pedras é absolutamente autoral, com um design incorporado em uma lapidação mais sofisticada. A ideia da diretoria é conseguir instituir na cida-de uma escola de lapidação, com técnicas mais finas e apuradas, “o que beneficiaria todos e agre-garia um valor justo e significativo aos cristais, hoje comercializados a preços muito abaixo do mercado”, avalia, aproveitando para elucidar que atualmente existe na região apenas a primeira etapa do processo de lapidação. Com esse pro-pósito de incentivar o uso do quartzo lapidado em joias e acessórios, a cooperativa levou sua expertise quanto às características e versatilidade das pedras, ao Espaço do Quartzo, na 14ª edição do Minas Trend, encontro promovido pelo Sind-joias Gemas/MG, em abril deste ano.

Criada em 2007, com o nome de Cooperativa Regional Garimpeira de Corinto – Coopergac, a Uniquartz nasceu do sonho possível de os garim-peiros trabalharem com mais segurança e quali-dade. “Historicamente uma atividade perigosa, o garimpo sempre foi associado à ilegalidade, a

Região Sudeste

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Territórios da Cidadania130

clandestinidade. Muita gente trabalhava no escuro, com medo da fiscalização, sem saber como se ade-quar às normas e enfrentar a burocracia”, aponta Ênio Gilmar Trindade, diretor administrativo da en-tidade. E complementa: “Precisávamos desse salto”.

Com a colaboração do Sebrae, a cooperativa que, de início, contava apenas com 24 associa-dos, pôde desenhar a sua missão, constituir o planejamento estratégico e trabalhar a cultura de cooperação e a visão de futuro. Desde 2008, o Sebrae em Minas Gerais oferece à Uniquartz cursos de gestão empresarial, técnicas de venda, palestras motivacionais, além da formalização dos microempreendedores individuais (MEI). Em 2010, foi parceiro no 1º Seminário sobre Coope-rativismo Mineral em Corinto.

O êxito do encontro é confirmado com a re-petição da iniciativa, hoje em sua terceira edição, atraindo, inclusive, participantes de outros esta-dos brasileiros. Satisfeito com a grande recepti-vidade e adesão dos garimpeiros, o gerente do Sebrae em Minas Gerais, Francis Bossaert, avalia que o propósito de inclusão social está efetiva-mente sendo cumprido com as capacitações e as formalizações empreendidas em Corinto, que integra um dos 17 municípios do Território da Cidadania Sertão de Minas, o qual já registrou, em uma região de quase 25 mil quilômetros quadrados, 6.252 microempreendedores indivi-duais. “Além de buscarmos a dignidade pessoal, reconhecimento e valorização profissional de cada trabalhador, atuamos no sentido de criar ambientes de negócios favoráveis nesses muni-cípios com tantas carências de ordem econômi-ca e social”, complementa.

Frank James de Oliveira, gestor do Sebrae em Curvelo, cidade próxima, expõe que a cooperativa vem sendo trabalhada dentro de um planejamen-to estratégico para os próximos cinco anos. Uma

das ações previstas é a estruturação, em Corinto, de um Arranjo Produtivo Local – aglomerado sig-nificativo de empreendimentos em determinado território que atuam em torno de uma atividade produtiva predominante e que compartilham formas percebidas de cooperação. 

Enilson de Souza, presidente da Uniquartz, conta que o sonho da associação começou a assumir corpo em 2005, a partir da provocação de um antigo garimpeiro da cidade, o Seu João Alves de Moura, à época com 80 anos de idade, e que, a exemplo de tantos outros homens, “trazia na pele o sofrimento e a paixão do ofício aprendido de pai para filho pelo menos desde o início do século passado”.

Com orgulho, o dirigente ressalta: “Em pri-meiro lugar, somos garimpeiros e jamais per-deremos a nossa identidade”. Graças à gestão

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promovendo a qualificação do material extraído, bem como a classificação de cristal por pureza e qualidade, o depósito, a comercialização interna e a exportação, além do acesso aos eventos de classe e a participação no Sistema Fiemg, da uti-lização de equipamentos de proteção individual (EPIs) e de orientação jurídica.

Uma das grandes interfaces sociais da coo-perativa vem movimentando a vida da pequena cidade de Corinto, carente de espaços de inclusão digital: o Telecentro Mineral. A ideia foi constituí--lo, em 2008, na própria cooperativa a partir de um programa do governo federal, assumido pelo Ministério de Minas e Energia, com o objetivo de promover o acesso a informações relativas ao mercado e outras de interesse público, bem como cursos preparatórios diversos para a comunida-de. “Esse projeto é a menina dos nossos olhos”, reforça Ênio Trindade, expondo que, ao todo, 10 computadores ficam disponíveis para a comuni-dade, especialmente a mais carente, chegando a receber até 10 alunos por hora. Em parceria com a Secretaria de Assistência Social da prefeitura, diversos cursos gratuitos são oferecidos, como de Informática e de Auxiliar Administrativo, “o que contribui para preparar jovens e adultos para o mercado de trabalho”. Os associados são prepara-dos ainda para o processo de regularização como MEI. “Além dos próprios garimpeiros, auxiliamos na formalização de transportadores, eletricistas, trabalhadores em lava jato e carrocinhas de ca-chorro-quente”, acrescenta Valéria Pita, que atua como instrutora do telecentro.

Após a extração, o mineral segue para a etapa de lavagem – beneficiamento que gerou um aumento de pelo menos 70% no valor final do produto, anteriormente vendido sujo de terra. O beneficiamento foi possível graças a uma par-ceria que assegurou terreno e maquinário para

participativa e ao “leme compartilhado”, a coope-rativa hoje dispõe do direito mineral de duas jazi-das, sendo detentora, assim, de uma área de 996 hectares de subsolo registrado para a exploração do quartzo. Com uma média de faturamento anual bruto de R$ 1,3 milhão, a Uniquartz já é re-conhecida no mercado nacional e internacional, tendo grande parte de sua produção destinada à exportação. Os principais países importadores de quartzo são Japão, China, Coreia do Sul, Esta-dos Unidos, Alemanha e Malásia.

Em termos de serviços à comunidade, a Uniquartz atua facilitando a vida profissional do associado e dos interessados em geral, ao infor-má-los dos trâmites necessários à legalização da atividade e das áreas de extração, fornecendo os documentos exigidos, os modelos de contratos,

Região Sudeste

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Territórios da Cidadania132

o processo. É feita ainda uma triagem das pedras, na qual as maiores seguem para a indústria e as pequenas para a área de construção civil.

Para conferir talhe e brilho aos quartzos, especialmente para a composição das pedras para coleção, adorno, artesanato, são dezenas os lapidários espalhados pela cidade. Do quart-zo bruto vêm a serração, o corte, o talhamento e o polimento. Há 25 anos dando inúmeras for-mas – esferas, pingentes, pirâmides, corações, anjos e drusas diversas – às mais distintas pe-dras que lhe chegam às mãos, o associado José Alves de Moura, em sua oficina, confessa: “Isso aqui é um vício, mas vício dos bons”.

A diretoria da cooperativa afirma em uníssono que um dos grandes saltos produtivos no campo da extração em larga escala foi a aquisição de uma moderna escavadeira por meio de linhas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvi-mento Econômico e Social (BNDES) e Caixa Eco-

nômica Federal. A um valor de R$ 480 mil, a esca-vadeira não só otimizou a produção mensal de 2 mil toneladas de quartzo leitoso para 10 mil, como valorizou o garimpeiro, substituindo o trabalho rudimentar, feito de sol a sol com pás e picaretas.

Entre vastos vales e sinuosas montanhas, que tão bem desenham e conformam o cenário de Minas, o estado se desdobra e se desenvolve por incontáveis mãos e histórias dos homens que ali seguem. “Sou garimpeiro de alma, convicção e paixão. É o que mais fala de mim e me faz mais feliz”, reitera Enilson de Souza, com indisfarçável orgulho que o movimenta no comando da Uni-quartz – entusiasmo necessário para envolver seus pares de destino e profissão. E à frente da escavadeira que corta veloz veios e mais veios de quartzo, resta a alma de garimpeiro tão bem expressa no dizer simples, porém absolutamen-te sábio do Seu Hilário: “Cristal é como digital, é único, jamais se repete”.

Pedra bruta passa por lapidação para ganhar contornos de pingentes, anjos e corações

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Corinto (MG) • A cidade de Corinto situa-se no centro geográfico de Minas Gerais, distante 205 km da capital Belo Horizonte.

O acesso por via terrestre é feito no tempo estimado de 2h30. Com uma população de 24.484 habitantes, Corinto é conhecida como “A terra dos cristais” e “Centro das Gerais”.

Como chegar lá

Região Sudeste

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Territórios da Cidadania134

Espírito Santo

A produção mensal varia em torno de 600 pe-ças, dependendo do período do ano. Em meses que antecedem o início do ano letivo, a procura é grande e consequentemente a produção passa a ser bem maior. Em três meses à frente do novo negócio, Cristina viu seu lucro aumentar em tor-no de 15%. A rentabilidade também sofreu refle-xos com a Copa do Mundo 2014 no Brasil. Além dos uniformes, a Silkcris fez camisas com as cores do uniforme da seleção brasileira. “Nosso objeti-vo mais adiante é investir em inovação e comprar máquinas mais modernas, contratar mais em-pregados e aumentar a produção”, planeja.

Oportunidade favorece empreendedorismo

Cristiane Miranda da Silva Martins era só uma vendedora da loja de uniformes do Conselho

Pinheirense do Bem-Estar do Menor (Copebem), quando a oportunidade de empreender bateu em sua porta. Em Pinheiros, município com cerca de 21 mil habitantes e um dos principais produto-res de café do Espírito Santo, tinha uma renda fixa por mês e se mantinha como empregada sonhan-do em ser patroa. Na modesta lojinha da entidade, vendia as vestimentas de grande parte das escolas da cidade – produzidas ali mesmo pelo Conselho.

Quando o Copebem decidiu passar adiante a fabricação das malhas, ofereceu-lhe o ne-gócio. Cristiane tinha na bagagem um pouco da experiência com o empreendimento: uma máquina de bordar em casa e a formação em um dos mais conceituados cursos do Sebrae, o Empretec – metodologia da Organização das Nações Unidades (ONU) aplicada com exclusivi-dade pela instituição no Brasil.

Com dois sócios, um estampador e a outra costureira, ela se tornou em 2014 proprietária da Si-lkcris Uniformes. “Se tivesse outro Empretec aqui na cidade, eu faria. O curso mudou o meu jeito de olhar os negócios, minha maneira de produzir e me fez sair dessa formação com outra visão”, afirma ela. A empresária cuida da produção das artes aplicadas nos uniformes, além dos bordados industriais.

✔ Território da Cidadania: Norte

✔ Número de municípios abrangidos: 17. São eles: Água Doce do Norte, Barra de São Francisco, Ponto Belo, São Gabriel da Palha, Vila Pavão, Vila Valério, Águia Branca, Boa Esperança, Conceição da Barra, Ecoporanga, Jaguaré, Montanha, Mucurici, Nova Venécia, Pedro Canário, Pinheiros e São Mateus.

✔ População: 440.148 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 19.411✔ Número de MEI: 10.251✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 37.809✔ PIB (2011): R$ 5.759.151✔ IDH médio: 0,71

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Rio de Janeiro

conhecimento a outras mulheres do município. O primeiro contato com o Sebrae, por meio do curso Empreendedorismo da Mulher, representou a mola propulsora para que a proposta fosse adiante.

A formação de preço para as peças criadas foi elaborada pelo programa Comércio Justo e Soli-dário. “Sou o que sou hoje graças ao Sebrae que, além do crescimento profissional, promoveu um resgate da nossa autoestima”, conta Ivanete.

O próximo passo da associação é colocar em prática um projeto para compra de maquinário mais moderno, que permitirá a fabricação de revestimentos de parede, pisos e móveis. “Quere-mos capacitar mais mulheres e aumentar a nossa produção”, planeja a líder das artesãs.

✔ Território da Cidadania: Norte Fluminense

✔ Número de municípios abrangidos: 9. São eles: Campos dos Goytacazes, Carapebus, Cardoso Moreira, Macaé, Quissamã, São Fidélis, São Francisco de Itabapoana, São João da Barra e Conceição de Macabu.

✔ População: 849.302 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 38.089✔ Número de MEI: 20.441✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 54.084✔ PIB (2011): R$ 62.086.899✔ IDH médio: 0,75

Inovação transforma o bagaço em objeto de vitrine

Elas transformam o bagaço da cana-de-açúcar em arte e, no interior do Rio de Janeiro, fazem

do artesanato sustentável algo sofisticado e ino-vador. Em Campos de Goytacazes, oito mulheres decidiram investir no que, geralmente, é jogado no lixo. Por meio de uma técnica própria e espe-cializada, criam bonecas, travessas, cumbucas e bijuterias. O grupo de artesãs decidiu gerar ren-da mostrando para o mundo a identidade de sua cidade natal e, em 2008, fundou a Associação de Mulheres Empreendedoras (AME).

A cerca de 280 km do Rio, Campos tem no petróleo a fonte de sua economia. A produção da cana-de-açúcar, por sua vez, foi geradora de renda no município por muitas décadas.

O bagaço é doado à associação pelos engenhos da região e por barracas de caldo de cana espalha-das pela cidade. A técnica de eliminar os carunchos no produto, produzir a massa e dar forma e sofisti-cação às peças foi inventada pelas próprias artesãs.

A ideia de criar a associação partiu de Ivanete Maria Neves Fernandes. Focada no interesse de res-gatar a história da sua cidade e da família, que sem-pre trabalhou em canaviais, ela aprendeu a produ-zir artesanato feito do bagaço da cana e repassou o

Região Sudeste

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Territórios da Cidadania136

São Paulo

planejava ter um ponto comercial próprio e conse-guiu comprar um terreno na área central da cidade. Em 2011, com a formalização da Guaxikas Lanches, Adriano migrou da condição de microempreende-dor individual (MEI) para a de microempresário.

Entre consultorias e palestras ministradas pelo Sebrae, o empreendimento evoluiu. Hoje, após anos de trabalho árduo e muita perseverança, o empresário já investiu em várias benfeitorias no local. “Devo o meu sucesso ao Sebrae, que um dia me deu a oportunidade de me capacitar e trans-formar meu sonho em realidade”, diz Adriano.

✔ Território da Cidadania: Vale do Ribeira

✔ Número de municípios abrangidos: 25. São eles: Cajati, Cananéia, Iguape, Iporanga, Itaóca, Itariri, Jacupiranga, Juquiá, Juquitiba, Pariquera-Açu, Pedro de Toledo, Peruíbe, Registro, Sete Barras, Ilha Comprida, Apiaí, Barra do Chapéu, Barra do Turvo, Eldorado, Itapirapuã Paulista, Miracatu, Ribeira, Ribeirão Branco, São Lourenço da Serra e Tapiraí.

✔ População: 443.325 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 22.061✔ Número de MEI: 10.961✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 37.377✔ PIB (2011): R$ 5.937.241✔ IDH médio: 0,75

Saída de empresa vira oportunidade de negócio

O desligamento repentino da empresa onde trabalhou por sete anos, em 2009, poderia

ter sido o beco sem saída na vida de Adriano Ribei-ro Guedes. Mas seu desejo de ser patrão e a forma-ção em diversos cursos na chamada Jornada de Capacitação Empresarial do Sebrae, quando ain-da era empregado, fez daquele momento a aber-tura de um caminho de ascensão nos negócios.

Com o dinheiro da rescisão, propôs à mulher Bela Pimentel da Silva a abertura de um empreen-dimento em Juquiá, município a cerca de 150 km da capital. Começou vendendo churros, pastéis e lanches na garagem de casa. Para não ser apenas mais um no mercado, apostou na compra de pro-dutos de qualidade – o que começou a atrair mo-radores, personalidades e lideranças da cidade.

O movimento foi crescendo e o espaço come-çou a ficar pequeno para tanta gente. Por meio da influente clientela, Adriano conseguiu asfaltar a rua, levando melhorias para toda a vizinhança. A partir daí, sua trajetória de crescimento foi constante. Comprou, em uma feira da cidade, um trailer para produzir lanches e em quatro dias de trabalho conseguiu pagar o investimento.

Em 2010, com a receita obtida com o negócio, o casal já tinha construído uma casa. Adriano ainda

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Balanço do Programa 137

Robe

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Balanço do Programa 143

Região Sul

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Territórios da Cidadania144

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CrissiumalO sucesso na boca do forno

Alimento dos mais antigos e essenciais, além de rito e sacramento, o pão integra – ine-

gável e cotidianamente – o imaginário e a mesa de praticamente todos os povos e nações. Foi o fascínio pela tradição do “pão nosso de cada dia” que motivou Vantuir Dietrich, um jovem de as-cendência alemã, da pequena Crissiumal, cidade gaúcha a apenas 30 quilômetros da Argentina, a tirar proveito do ofício para arriscar o seu próprio negócio. Pois as mãos de sua esposa, Rejane An-

✔ Território da Cidadania: Noroeste Colonial

✔ Número de municípios abrangidos: 34. São eles: Ajuricaba, Boa Vista do Cadeado, Bom Progresso, Braga, Campo Novo, Condor, Coronel Bicaco, Derrubadas, Inhacorá, Nova Ramada, Redentora, São Martinho, Sede Nova, Tenente Portela, Vista Gaúcha, Coronel Barros, Crissiumal, Cruz Alta, Esperança do Sul, Humaitá, Ijuí, Jóia, Miraguaí, Panambi, Pejuçara, Santo Augusto, São Valério do Sul, Tiradentes do Sul, Três Passos, Augusto Pestana, Barra do Guarita, Catuípe, Chiapeta e Bozano.

✔ População: 373.369 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 18.826✔ Número de MEI: 8.271✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 20.869✔ PIB (2011): R$ 8.861.053✔ IDH médio: 0,79

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Região Sul 145

midamente modesta, pequena, tendo funciona-do por cinco anos junto a um mercado local.

Vantuir conta que a ideia de montar um negó-cio surgiu, “ainda meio tímida”, em 2008: “Começa-mos com o mínimo de equipamentos e dinheiro, e a minha esposa, que trabalhava na produção artesanal de vinhos, passou a integrar a equipe, de início muito pequena”. Apesar da falta de capital e experiência, Dietrich relata que o fato de sempre perseguir qualidade - “não à toa ser este o nome da padaria” – acabou por levá-los a acolher as ini-ciativas do Sebrae. “Em 2012, dois consultores nos convidaram a integrar, na cidade vizinha de Três Passos, um grupo de 15 empresas panificadoras. ”

geli, juntaram-se às suas e resultaram na panifi-cadora e confeitaria Quality, admirável exemplo de empreendedorismo, vitrine de boa gestão não apenas no município, mas em toda a região.

Com a própria sede inaugurada em novembro de 2013, o empreendimento vem movimentando a cidade e modificando a rotina dos crissiumen-ses. A partir do apoio e da consultoria do Sebrae, a Quality atualmente se destaca pelos padrões de qualidade e profissionalismo incorporados tanto na produção quanto no atendimento – diferencial que hoje repercute na rotina da pequena e pacata cidade que soma quase 15 mil habitantes. Antes de ocupar endereço específico, a padaria era assu-

Produção de pães do casal Rejane Chassot e Vantuir Dietrich movimenta a rotina de Crissiumal, na fronteira com a Argentina

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“Foi o início de um pródigo percurso”, atesta Claudiomiro Reis, gerente da regional Noroeste do Sebrae no estado. Sob criteriosa e sistemática supervisão, o gestor acompanhou a evolução de uma pequena padaria nos fundos de um mercadinho para um empreendimento bem pla-nejado e estruturado. “Desde o início, a Quality se valeu das lições do Sebrae para abrir um negócio

próprio, definir foco e estratégias, gerir pessoas, tratar com fornecedores, fazer corretamente o atendimento ao cliente”, avalia. E acrescenta: “O mais importante é que depois de aberto prosse-gue de modo planejado, atualizando-se sempre e, principalmente, buscando uma expansão pos-sível e responsável, um ambiente personalizado e ajustado segundo a realidade local”.

Orientação do Sebrae auxiliou gestão planejada e expansão da Quality

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A receptividade imediata às possibilidades ofertadas pelo Sebrae somente confirmou o es-pírito empreendedor do casal. Rejane e Vantuir participaram de cursos de gestão financeira, gestão de pessoas, consultoria técnica especiali-zada, bem como de planos de negócios. Rapida-mente ajustaram o negócio às necessidades da cidade e se fizeram pioneiros no que chamam de “balcão de autosserviços, o primeiro self service constituído em padaria, além de serviços de tele entrega”. De acordo com Dietrich, “os lanches são o carro-chefe da casa”.

Clientes cativos da Quality, não há um dia em que os jovens crissiumenses Ernani Schwingel, Gil-son Martins e Davi Canabarro não passem ali para fazerem, ao menos, um lanche. Ernani, que trabalha em uma loja de roupas, diz: “Não havia padaria assim na cidade”. Para Gilson, vendedor de artigos para estofados, “o diferencial é a tele-entrega”. Já Davi, também do ramo de confecções, brinca autointitulando-se o “campeão do pão de queijo”. E Vantuir aproveita para complementar: “Vendemos uma média de 200 pães de queijo por dia”.

Claudiomiro avalia que tamanho senso de oportunidade de Rejane e Vantuir derivou tam-bém de uma pesquisa de prospecção de merca-do feita na região. Para o gerente, outro mérito do casal é o de inovar. “Fui apresentado aqui ao tiramisu”, conta Ernani, para ilustrar a novidade gastronômica na cidade. E para oferecer novos sabores à população, a panificadora-confeitaria está constantemente promovendo degusta-ções. Atualmente, investe ainda em itens per-sonalizados e embalados com a marca Quality, em especial pães – a exemplo dos tipos integral, australiano e de milho.

Em nome da valorização das iguarias locais, é possível encontrar na padaria produtos típicos da região, como erva-mate, salames defumados,

mandiocas embaladas a vácuo, carnes salgadas de suíno e o conhecido vinho Weber. Vale subli-nhar que Crissiumal é conhecida como capital gaúcha das agroindústrias. Dietrich faz questão de comercializar em sua padaria, também os apreciados chocolates de Gramado.

“A logomarca da Quality traduz exatamente o nosso espírito aqui”, afirma Rejane Angeli, com-panheira de vida e de ofício de Dietrich – 13 anos de casamento e sete de parceria profissional. “A farinha vem do trigo, e do coração de trigo sai o

Região Sul

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pão”, explica, apontando a imagem que estampa a marca do empreendimento. “O esforço compen-sa, afinal demos um salto incrível, e minha maior alegria é ver as pessoas suspirando de alegria com as delícias daqui”, declara, acrescentando que esse é o motivo que justifica trabalhar de segunda a sábado, de cinco da manhã às oito da noite.

E, além de respeito, os clientes da mais con-ceituada padaria da cidade merecem igualmen-te confiança, já que dispõem da prerrogativa de “anotar na caderneta”, ou seja, pagam men-salmente o que encomendam, consomem e adquirem. “Temos apenas 1% de inadimplência”, conta o proprietário. “A visão de empreendedor, especialmente em cidades pequenas como essa, inclui o conceito de ficha e o cadastro de clien-tes”, explica Claudiomiro.

Em relação à jornada de trabalho, Rejane aproveita para expor outro diferencial da Quality, do qual muito se orgulha: “Pensando nos nossos funcionários e suas prioridades com vida pessoal e família, fechamos o estabelecimento das 12h às 13h e não abrimos aos domingos, justamente para não sobrecarregá-los”. Para Claudiomiro Reis, esse cuidado nada mais é do que “gestão de pessoas, conceito aplicado na prática, de modo consciente e responsável”.

Em um ambiente impecável de 40 m² desti-nados aos clientes, somado a um espaço de pro-dução de 80 m², o casal conta com o auxílio de mais oito funcionários, que se dividem entre as li-nhas de atendimento e a produção – panificação e confeitaria –, chegando-se a vender, por dia, 60 sanduíches, 150 pastéis e 200 pães de queijo.

Na vitrine de doces, a estrela é a torta Marta Rocha, confeito gaúcho crocante à base de pão de ló, chantilly e merengue. A presença alemã conferiu à produção gastronômica do estado

outra iguaria: as chamadas “cucas”, as quais, sob os mais diversos recheios, são outro sucesso de venda da padaria. Com cerca de 50 tortas vendi-das ao mês, dos mais variados sabores e persona-lizadas segundo o gosto do freguês, a confeitaria está a cargo de Eliane Sondabiondo. Há dez anos no ramo, veio de uma pequena cooperativa, na qual pôde aprender e aprimorar seu ofício. “É muito gratificante, as pessoas usam também os

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Balanço do Programa 149

o cargo, bem como sua visão de empreendedor tem agregado importantes contribuições para a comunidade. “Explicamos o passo a passo para se abrir um negócio, como a questão de docu-mentos e certidões negativas, incentivamos os pequenos e microempresários a participar de treinamentos, enfim, tentamos dar soluções a todos que procuram a prefeitura”, diz. “Estamos trabalhando ainda para direcionar ao setor de

olhos para provar das nossas obras de arte”. O padeiro Delcio Marcos Keizer faz coro com a con-feiteira: “É muito bom que nosso trabalho seja tão bem apreciado”.

Presidente da Associação Comercial de Cris-siumal por oito anos, atualmente Vanderlei Câ-mara está credenciado, junto à prefeitura, como Agente de Desenvolvimento. Sua experiência como empresário e dirigente o legitimaram para

Padaria se destaca pela qualidade no atendimento: cerca de 50 tortas vendidas por mês

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turismo os produtos das 28 agroindústrias do município”, complementando que, ao todo, 440 empreendimentos locais já participaram de trei-namentos voltados ao aprimoramento da ges-tão de comércio e serviços. “Nossa meta é que, até o final de 2014, 80% das compras assumidas por essas empresas sejam feitas aqui mesmo, o que contribui para fomentar a economia local”.

A participação do Sebrae foi apontada pelo agente como uma parceria fundamental no trabalho de sensibilização, formalização e capa-citação daqueles que estão à frente dos agrone-gócios e pequenas empresas da região. No muni-cípio, há 181 microempreendedores individuais devidamente cadastrados e formalizados. Outra atuação que se soma são os cursos no setor de compras governamentais, campo que assegura importante sustentação financeira aos negó-cios, instrumentalizando os empreendedores à participação em licitações e oportunidades de concorrência. “Toda a merenda escolar de Cris-siumal é fornecida pelas agroindústrias daqui”, afirma Vanderlei. Como desafio, aponta o que vem perseguindo: trazer o Banco do Povo para o município - e, com a iniciativa, linhas diferen-ciadas e desburocratizadas de crédito. Quanto à Quality, afirma categoricamente: “Um exemplo de empreendimento a ser seguido e copiado”.

Mais um feito certeiro e passível de orgulho para a cidade, não à toa apelidada de “a terra dos goleiros” – de Crissiumal saíram celebridades como Taffarel, integrante por várias copas da seleção brasileira, e Danrlei, titular do Grêmio por dez anos. De fato, o slogan da Quality confirma a que veio a impecável padaria e confeitaria, campeã por seu capricho e profissionalismo: “A farinha, a água e o fermento são os mesmos. A diferença é a paixão”. De dar gosto até mesmo a olhos e paladares desavisados.

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Crissiumal (RS)• Conhecida como a capital gaúcha das agroindústrias, Crissiumal situa-se na região noroeste do Rio Grande do

Sul. Distante 486 quilômetros de Porto Alegre, a cidade pode ser acessada pela BR 386 e RS 569. A viagem de carro leva cerca de 6h30 de duração.

Como chegar lá

Região Sul

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Territórios da Cidadania152

Paraná

fornecedor de pamonheiros da região – incluin-do o interior de São Paulo.

Como produtor rural e tendo o irmão como em-pregado, buscou a implementação de uma técnica que o permite plantar e colher ao longo de todo o ano. “Aprendi no Empretec, do Sebrae, que a gente não deve ficar preso no nosso negócio, que deve-mos aprender com experiências de outros. E foi o que fiz”, conta ele, que, entre outras coisas, passou a remexer a terra da lavoura para que o sol a esquen-tasse mais e a deixasse constantemente produtiva.

A meta de Edimar Eleodoro é produzir e vender o milho verde em latas. De olho na tendência do mercado – em que consumidores procuram pro-dutos com menos sódio –, ele avalia técnicas que o permitam transformar ainda mais o seu negócio.

Ex-empregado transforma milho verde em ouro

Os tempos difíceis da vida de produtor de pa-monha em Santo Antônio da Platina, no norte

paranaense, parecem mesmo estar ficando para trás na história de Edimar Eleodoro de Oliveira. Aos 26 anos, o jovem deixou a condição de empregado para virar patrão e praticamente quadruplicou o rendimento familiar em menos de 12 meses.

Desde 2006, Edimar ajudava os pais a produ-zir pamonhas na cidade que fica a cerca de 450 km da capital Curitiba. Em determinadas épocas do ano, porém, a família enfrentava dificuldade de encontrar matéria prima. Sazonal, a produ-ção de milho verde muitas vezes se apresentava escassa e desestabilizava os negócios. “O que a gente produzia servia só para garantir o susten-to”, lembra ele que, junto com dois irmãos e os pais, somava uma renda mensal de R$ 2,8 mil.

De empregado do pai, passou a empreende-dor. Formado em administração de empresas, aproveitou o arrendamento de 12 alqueires de terra da avó para plantar e vender milho verde. Foi então que um consultor do Sebrae o orientou a gerir a parte administrativa do negócio. Além de plantar milho verde para venda, tornou-se

✔ Território da Cidadania: Norte Pioneiro

✔ Número de municípios abrangidos: 29. São eles: Abatiá, Carlópolis, Congonhinhas, Jacarezinho, Joaquim Távora, Quatiguá, Ribeirão Claro, Ribeirão do Pinhal, Salto do Itararé, Santa Cecília do Pavão, Santo Antônio da Platina, São Jerônimo da Serra, São José da Boa Vista, Siqueira Campos, Conselheiro Mairinck, Guapirama, Ibaiti, Jaboti, Japira, Jundiaí do Sul, Nova Fátima, Nova Santa Bárbara, Pinhalão, Santa Amélia, Santana do Itararé, Santo Antônio do Paraíso, Sapopema, Tomazina e Wenceslau Braz.

✔ População: 312.660 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 14.217✔ Número de MEI: 5.260✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 19.980✔ PIB (2011): R$ 4.007.067✔ IDH médio: 0,73

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✔ Território da Cidadania:  Planalto Norte

✔ Número de municípios abrangidos: 14. São eles: Campo Alegre, Canoinhas, Irineópolis, Itaiópolis, Mafra, Major Vieira, Matos Costa, Monte Castelo, Papanduva, Três Barras, Bela Vista do Toldo, Porto União, Rio Negrinho e São Bento do Sul.

✔ População: 357.082 habitantes✔ Número de empresas optantes pelo

Simples: 15.597✔ Número de MEI: 5.470✔ Número de famílias beneficiárias do

Programa Bolsa Família: 13.026✔ PIB (2011): R$ 6.943.688✔ IDH médio: 0,79

Santa Catarina

cresceu 30% ao longo dos últimos três anos, re-sultando em mais lucratividade.

A cidade, que já foi considerada a capital da erva-mate e tem aproximadamente 65 mil ha-bitantes, fica a cerca de 370 km de Florianópolis e vive basicamente da agricultura. A meta dos empresários é expandir mais os negócios e gerar empregos, contratando um funcionário até o ano que vem – só para consertar computadores. “Eu dou nota 1.000 pelas coisas boas que o Se-brae nos proporcionou. Se não fosse a instituição nos apontando o melhor caminho, não teríamos chegado aonde já chegamos”, aposta Marisa.

Formalização alavanca empreendimento

Há algumas décadas, as máquinas de escrever caíram em desuso e deram lugar aos compu-

tadores. Para Marisa de Souza Cordeiro, 52, e seu marido Carlos Ademar Cordeiro, 56, no entanto, os antecessores dos laptops ainda são fonte de renda e negócio em Canoinhas, no interior catarinense. O casal é dono de uma oficina de recuperação e manutenção de máquinas de escrever, calculado-ras e eletrodomésticos, um trabalho que começou na informalidade no final dos anos 1980.

Marisa e Carlos atendiam em uma loja alugada na cidade, mas perdiam muitos clientes por não estarem formalizados e, sem CNPJ, não emitirem nota fiscal de serviço. Foi quando ela viu na TV uma propaganda do Sebrae que ressaltava os be-nefícios da formalização dos pequenos negócios.

A instituição ajudou Marisa a se tornar micro-empreendedora individual (MEI), orientando-a a investir melhor o dinheiro e a ampliar a empresa. Do ponto alugado na região central da cidade, o casal adquiriu uma loja que fica embaixo da casa onde residem atualmente. Iniciava-se ali uma nova era da MSC Máquinas.

A formalização deu uma guinada no empre-endimento. A Prefeitura de Canoinhas tornou--se uma das grandes clientes da empresa, assim como um escritório de contabilidade que ainda utiliza máquinas de escrever. O atendimento

Região Sul

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Territórios da Cidadania154

Um novo ciclo para o futuro

cebida permitirá a realização de iniciativas em territórios com características distintas.

Serão construídos projetos para territórios de baixo dinamismo econômico, semelhantes aos Territórios da Cidadania, para localidades abrangidas por grandes investimentos públicos

O Programa Nacional Sebrae nos Territórios da Cidadania superou todas as metas pla-

nejadas e abriu oportunidade para construção de novas trilhas. Desde 2011, 720 mil empresas foram beneficiadas, 800 municípios implemen-taram a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, mais de 1,6 milhão de atendimentos foram reali-zados e 900 Agentes de Desenvolvimento foram capacitados.

Mais do que números, o legado proporciona-do pelo Sebrae e por todos os atores engajados nessa iniciativa ocorre a partir da transformação de inúmeras vidas que tiveram sonhos mate-rializados em oportunidades reais de empre-ender. Todos os aprendizados adquiridos e experiências acumuladas ao longo da trajetória bem-sucedida do Programa Nacional Sebrae nos Territórios da Cidadania serviram como com-bustível para aprimorar a estratégia de atuação e impulsionar as iniciativas de desenvolvimento territorial do Sebrae.

Inspirados com as conquistas obtidas, o mo-mento é de expansão para outras frentes de tra-balho e estabelecimento de novas metas. Dessa forma, o Sebrae consolidará, a partir de 2015, uma abordagem baseada no Desenvolvimento Econômico Territorial – DET. A metodologia con-

Nova estratégia também vai beneficiar áreas urbanas de baixa renda e regiões de fronteira com países da América do Sul

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Balanço do Programa 155

e privados e para regiões urbanas de baixa renda

(favelas e áreas marginalizadas de grandes e mé-

dias cidades). Também serão atingidas regiões

de fronteira do Brasil com os demais países da

América do Sul, assim como localidades caracte-

rizadas por biomas, dentre outros territórios que

também apresentem grande incidência de ino-vações e tecnologias para fortalecer processos produtivos e inclusivos de pequenos negócios.

Todas as iniciativas serão constituídas com a perspectiva de respeitar e fomentar as potenciali-dades de cada lugar e suas vocações econômicas.

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Territórios da Cidadania156

O modelo de atuação será desencadeado a partir de eixos norteadores, sendo que o primeiro deles é o conhecimento e a informação quali-ficada sobre o território em que o projeto será aplicado. Para isso, é essencial a elaboração de um diagnóstico, por meio de pesquisa qualitativa e quantitativa, que reúna aspectos sociais e análises sobre as potencialidades, oportunidades e desa-fios que devem ser ultrapassados na localidade.

A formação de uma rede de cooperação entre o poder público e a iniciativa privada é outra prioridade da estratégia. É necessário criar uma governança, definir papéis e respon-sabilidades das instituições envolvidas. Essa articulação deve reunir prefeitura, associações comerciais, instituições de ensino e pesquisa, entidades de classe e sindicatos. A população

também terá oportunidade de sugerir ações e parcerias, por meio de assembleias. Já o Sebrae poderá contribuir com esse processo de orga-nização, oferecendo capacitações aos gestores públicos e às lideranças locais.

Outro eixo importante é a promoção e organização produtiva dos setores prio-ritários para os micro e pequenos negócios – aqueles que geram mais empregos e renda para a localidade – e, a partir daí, facilitar sua evolução. Serão fundamentais nesse processo a realização de capacitações empresariais, o incremento do processo produtivo, o apoio à inovação, o acesso a novos mercados, ao crédi-to e a incubadoras de negócios.

A implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa é mais um ponto importante

CONHECIMENTO

E INFORMAÇÃO

qualificada do

território

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COMPRA público e

privado

Criação de

um AMBIENTE DE

NEGÓCIOS favorável

a partir da

implementação

da LEI GERAL

Desenvolvimento Econômico

Territorial – DET

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157Perspectivas

projetos em todo o país

municípios com a Lei Geral implementada

milhões de investimento

clientes

atendidos Agentes d

e

Desenvolvim

ento

capacit

ados

para a estratégia de Desenvolvimento Econô-mico Territorial, tendo em vista que torna o am-biente favorável para os pequenos negócios ao promover a desburocratização, incentivar a cria-ção das Salas do Empreendedor que facilitam a formalização das empresas e a desoneração tri-butária e fortalecer os mecanismos de compras públicas direcionadas aos pequenos negócios.

Dentro do escopo dessa legislação está prevista, ainda, a adoção do Agente de Desen-volvimento, figura vinculada à prefeitura, que atua junto ao empresariado para entender suas demandas e auxiliar no estabelecimento de ações e políticas públicas. Além de orientação es-pecializada, ofertas de capacitações e encontros, os projetos do Sebrae contemplam iniciativas que estimulem a criação de uma rede e que man-tenha os agentes envolvidos e conectados.

A metodologia tem ainda como proposta estimular o uso do poder de compra público e privado. Dessa maneira, o Sebrae pretende desenvolver no empresariado um olhar dife-

renciado, capaz de identificar e se apropriar de oportunidades relacionadas à vocação local. A ideia é criar estratégias para que, cada vez mais, a população passe a comprar produtos e serviços dentro da própria localidade.

Também é foco da instituição conscientizar o empresariado sobre as possibilidades e oportu-nidades geradas pela implementação da Lei Ge-ral da Micro e Pequena Empresa, trabalhar pos-síveis encadeamentos produtivos com grandes empreendimentos e estimular a formação de arranjos produtivos locais, a partir das vocações encontradas em cada região.

Os projetos de desenvolvimento econômico territorial terão a duração de três anos e a meta é que 160 projetos sejam implementados no perío-do de 2015 a 2018 em todos os estados brasileiros.

Com isso, o Sebrae avança com o cumpri-mento de sua missão e colabora com o cresci-mento do país por meio daquilo que faz de me-lhor: preparar os pequenos negócios para serem cada vez mais competitivos!

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Territórios da Cidadania158

Nos últimos 12 anos, um novo modelo de desenvolvimento no Brasil, que combina cresci-mento econômico com redução das desigualda-des sociais, vem sendo praticado no país. Como resultado alteram-se relações econômicas e di-nâmicas regionais, reconhecem-se e valorizam--se novos atores e atrizes sociais, promovendo a democracia participativa. Este modelo recolo-cou o Estado brasileiro na agenda do desenvolvi-mento, afirmando a sua capacidade de planejar, investir e atuar de forma mais integrada.

Na economia, a transformação teve maior expressão no PIB que aumentou em 29% entre

“O Estado brasileiro, por meio de suas políticas e programas, só será capaz de consolidar esta estratégia se vier acompanhada de uma sólida agenda interfederativa de promoção do desenvolvimento rural”

Miguel Rossetto,Ministro do Desenvolvimento Agrário

A cidadania nos Territórios

Div

ulga

ção

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2001 e 2011. No Nordeste, a renda do trabalho expandiu em média 3,3% ao ano, acima do índice nacional que equivale a 2,1%. Associada à redu-ção das desigualdades regionais, é importante observar que a renda dos mais pobres é a que mais cresce. Entre 2001 e 2011, a renda dos 20% mais pobres aumentou em ritmo sete vezes maior do que a dos mais ricos. A população em situação de extrema pobreza passou de 14%, em 2001, para 4,2%, em 2011, e os dados relativos a 2012 já nos indicam um patamar ainda menor, equivalente a 2,5 milhões de pessoas1.

É neste contexto que nasce o Programa Ter-ritórios da Cidadania (PTC), com o objetivo de trabalhar para a redução da pobreza e promover o desenvolvimento rural sustentável. O ponto de partida é o território, ambiente novo de gestão de políticas públicas, que resulta de processos de concertação social entre governos e organizações sociais em prol do desenvolvimento das regiões mais afetadas pela pobreza e de maior concentra-ção da agricultura familiar, reforma agrária e po-vos e comunidades tradicionais. Como estratégia, o Programa contempla a integração de políticas, a ampliação de mecanismos de participação social, ampliação de programas de cidadania, inclusão produtiva e infraestrutura, além da valorização da diversidade das regiões e populações.

Esta estratégia concebe o rural como parte do desenvolvimento e, por esse motivo integra-do a espaços urbanos, já que dinâmicas sociais e econômicas entre estes espaços estão em per-

1 Indicadores de Desenvolvimento Brasileiro: 2013

manente comunicação e são mutuamente afeta-das pela pobreza e ausência de direitos.

Há seis anos, o Programa Territórios da Cidada-nia tem mobilizado políticas e instrumentos para promover o desenvolvimento rural sustentável, com foco em territórios mais afetados pela pobreza e pelas desigualdades sociais, incluindo aí as de gênero, raça e etnia. Inovou-se na forma de gestão, reforçando a pactuação entre estados, municípios e União, fortalecendo o diálogo direto com a socie-dade através de suas formas de organização.

Na agenda de apoio a atividades produtivas, por iniciativa especialmente do MDA, MDS, MI, MTE e o Mapa, foram promovidas ações de assistência técnica e extensão rural, compras públicas, incluindo ações realizadas no âmbito do Plano Brasil sem Miséria, além do apoio à in-fraestrutura produtiva para a agricultura familiar e reforma agrária, e programas que garantem o acesso à água, o apoio a atividades pesqueiras e à economia solidária. Um importante esforço de integração para fazer com que as políticas che-guem juntas, aumentando assim a sua eficiência.

Para além dos resultados que podem ser men-surados pelo volume de investimentos realizados, que só em 2014 equivalem a R$ 7,3 bilhões por meio de uma oferta de 69 ações que 13 minis-térios dirigem à população destes territórios, deve–se estar atentos aos indicadores sociais e econômicos. Entre 2003 e 2011, a renda média dos domicílios da agricultura familiar teve um cresci-mento real de 52%, enquanto que a população brasileira no período teve um crescimento real de 16% e a renda proveniente do trabalho agrí-

Artigo

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cola foi de 47%. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - Ipea, a renda cresceu mais nas pobres áreas rurais, 85,5% contra 40,5% das metrópoles e 57,5% das demais cidades.2

Indicadores que nos dão a dimensão das transformações que foram vivenciadas nos Terri-tórios da Cidadania, já que estas regiões concen-tram 45% dos agricultores familiares, 64% dos assentados da reforma agrária, além da maioria dos povos indígenas, comunidades quilombolas e pescadores artesanais.

2 Ipea, 2012, p.19

A aposta do governo federal recebeu adesão dos demais poderes públicos e foi amplamente legitimada pela sociedade civil organizada que protagonizou debates, tomada de decisões, acompanhamento e avaliação das políticas pú-blicas nos Colegiados Territoriais.

O Estado brasileiro, por meio de suas políticas e programas, só será capaz de consolidar esta estratégia se vier acompanhada de uma sólida agenda interfederativa de promoção do desen-volvimento rural, incluindo a consolidação de institucionalidades governamentais – a exemplo de consórcios públicos – e de gestão social, per-mitindo assim avançar na consolidação de ofer-tas convergentes, acompanhamento e avaliação das políticas públicas envolvidas na promoção do desenvolvimento rural.

É neste ambiente que se inserem as impor-tantes ações desenvolvidas pelo Sebrae em mais de 1,6 mil municípios para incentivar o empreendedorismo, com mais de uma centena de projetos que ora vêm a público e que poten-cializam ações dos órgãos ofertantes de políticas públicas. O Programa Nacional Sebrae nos Terri-tórios da Cidadania já nos indicava que em 2011 havia mais de 788 mil empresas formais optantes pelo Simples Nacional e 54% dos municípios en-volvidos no programa já tinham regulamentado a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, o que indica um futuro promissor para o desenvolvi-mento de atividades empreendedoras nestas regiões e a importância de sua integração com a estratégia de desenvolvimento rural sustentável.

“Esse modelo recolocou o Estado brasileiro na agenda do desenvolvimento, afirmando a sua capacidade de planejar, investir e atuar de forma mais integrada”

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Territórios da Cidadania162

O Programa Territórios da Cidadania (PTC) faz parte de um conjunto de ações voltadas para

mudar a realidade de parcela do meio rural brasi-leiro que esteve às margens do processo de desen-volvimento social e econômico. Aliado aos diversos programas de fortalecimento da agricultura fami-liar, à expansão do crédito, à escala do Programa Bolsa Família e, mais recentemente, ao Programa Brasil Sem Miséria, o PTC contribui para mudar a vida de milhões de pessoas que vivem nas regiões de baixo dinamismo econômico do país.

“Um dos grandes desafios enfrentados pelo Programa Territórios da Cidadania foi o de garantir que as regiões de baixo dinamismo econômico e com grande concentração de pobreza fossem priorizadas na implementação de políticas públicas”

Tereza Campello,Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

O empreendedorismo como estratégia de inclusão produtiva

Char

les

Dam

asce

no

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Artigo 163

O reconhecimento de que estas localidades permaneciam com baixo Índice de Desenvolvi-mento Humano (IDH) motivou a criação do Progra-ma Territórios da Cidadania em 2008. O principal objetivo do PTC foi contribuir para a superação da pobreza e para a geração de trabalho e renda no meio rural por meio de uma estratégia de desenvol-vimento territorial sustentável. Além disso, quatro grandes preocupações sempre estiveram presen-tes nas estratégias que fazem parte do programa: a redução das desigualdades regionais; o foco de orientação das ações voltado para o território; o for-talecimento da participação social; e a melhoria das condições socioeconômicas das populações que vivem nas regiões mais pobres do Brasil.

Desde seu início, o programa já investiu mais de R$ 60 bilhões nos mais de 1,8 mil municípios que compõem os 120 Territórios da Cidadania com ações de inclusão produtiva, acesso a infra-estrutura, cidadania e direitos.

Um dos grandes desafios enfrentados pelo PTC foi o de garantir que as regiões de baixo dinamismo econômico e com grande concen-tração de pobreza fossem priorizadas na imple-mentação de políticas públicas. Nesse sentido, vale destacar como um dos avanços do PTC a compreensão e incorporação do desafio de inte-riorizar suas ações usando como base estes terri-tórios pelos diferentes órgãos que compõem o programa. Entre eles, está o Sebrae como um dos parceiros estratégicos. Os relatos desta publica-ção retratam os compromissos assumidos pelas instituições envolvidas com o programa e a preo-

cupação comum em garantir bases sustentáveis ao desenvolvimento local por meio do incentivo e apoio ao empreendedorismo como uma das formas mais efetivas de inclusão produtiva das populações rurais e urbanas.

Hoje, os Territórios da Cidadania são utiliza-dos como recorte e como instrumento de pla-nejamento das ações de diversos atores dentro e fora do governo federal. Estados, municípios, organizações da sociedade civil, movimentos sociais, instituições de fomento, de pesquisa, entre outros, reconhecem os Territórios da Cida-dania como ponto de partida para garantir não só que mais políticas cheguem às populações que mais precisam, mas que cheguem de forma convergente possibilitando a criação de uma dinâmica virtuosa nessas localidades.

Quando observamos os dados de formalização de Microempreendedores Individuais (MEI) e a atuação no Programa Territórios da Cidadania, é possível afirmar que houve um avanço das ações do Sebrae entre os mais pobres. Do total de MEI for-malizados desde 2011, 23% estão inscritos no Ca-dastro Único e 10% são beneficiários do Programa Bolsa Família. Além disso, de 2012 a 2014, o Sebrae já apoiou mais de 660 mil pequenos negócios e orientou em torno de 1,5 milhão de empreendedo-res em 105 dos 120 Territórios da Cidadania.

Ao se unir aos esforços por um Brasil com mais oportunidades para todos, o Sebrae, por meio do apoio aos pequenos negócios nas regiões mais vulneráveis do Brasil, demonstra seu compromis-so com o desenvolvimento do país e de sua gente.

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Territórios da Cidadania164

O enfrentamento das graves e profundas desigualdades regionais brasileiras é o de-

safio primordial que preside as ações do Minis-

tério da Integração Nacional (MI). Um país rico

e soberano como o Brasil não pode tolerar que

vastas porções de sua população sejam conde-

nadas ao atraso socioeconômico por conta do

seu local de nascimento e moradia.

Desde 2003, com a edição da primeira versão

da Política Nacional de Desenvolvimento Re-

“O Brasil não pode tolerar que vastas porções de sua população sejam condenadas ao atraso socioeconômico por conta do seu local de nascimento e moradia”

Fernando Teixeira ,Ministro da Integração Nacional

Parceria valoriza as potencialidades locais

Div

ulga

ção

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gional (PNDR), o MI busca enfrentar este desafio por meio da ativação das potencialidades eco-nômicas das diversas regiões brasileiras, agindo prioritariamente em seus espaços mais empo-brecidos e dissociados das grandes decisões de investimento públicas e privadas.

Com a globalização e a influência crescente dos blocos transnacionais de capitais, que exi-gem das regiões competências cada vez mais complexas, seja no campo da infraestrutura, da qualificação profissional ou da geração de tecnologias, tornou-se crucial investir nas regiões mais pobres do país, sob pena de seu isolamento econômico.

Como as demandas para a qualificação e inserção competitiva das regiões exigem uma série de intervenções das mais diversas natu-rezas, seja no campo da educação, da saúde, da segurança, da capacitação, do financiamento, entre outros, tornou-se evidente que o desafio de superar as desigualdades regionais brasilei-ras e ativar seu potencial de crescimento não poderia ser vencido apenas com os instrumen-tos disponíveis pelo MI.

Esta soma expressiva de recursos humanos e materiais necessários para a inserção soberana das regiões brasileiras exigia a cooperação in-terinstitucional para sua realização. E o desafio desta construção institucional foi prontamente assumido pelo Ministério.

No front interno, buscou-se ampliar o volume de recursos disponíveis para o desenvolvimento regional. Neste sentido, além da ampliação dos re-

cursos orçamentários disponíveis para programas de desenvolvimento regional, trabalhou-se na ampliação dos investimentos dos fundos consti-tucionais e de desenvolvimento. Aqui, uma apro-ximação com bancos de desenvolvimento, em especial, Banco da Amazônia, do Nordeste (BNB) e do Brasil (BB), permitiu que esta estratégia fosse exitosa e tenha contribuído de forma decisiva para o crescimento acelerado das tradicionais pe-riferias nacionais – macrorregiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste – nos últimos anos.

Ainda nessa linha, fortaleceram-se as supe-rintendências de desenvolvimento regional – Sudam, Sudene e Sudeco – que haviam sido extintas na era neoliberal. A cooperação com as superintendências permitiu a qualificação dos projetos financiados pelos fundos constitucio-nais e de desenvolvimento.

Grande parte das ações de desenvolvimento regional lideradas pelo MI tem na Codevasf e no DNOCS os seus principais executores. Isto foi possível pela aproximação estratégica entre o ministério e suas entidades vinculadas e se tor-naram parte de um sistema nacional de desen-volvimento regional.

No front externo, o MI buscou consolidar sua rede de parcerias com estados e municípios aplicando centenas de milhões de reais em pro-jetos de desenvolvimento local e regional. Não tardou para que uma parceria enriquecedora e produtiva tenha se estabelecido entre o MI e o Sebrae, uma grande instituição promotora do desenvolvimento socioeconômico brasileiro. Em

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Territórios da Cidadania166

poucos anos, esta parceria produziu frutos nas diversas regiões brasileiras, em projetos conjun-tos de apoio à ovinocaprinocultura, apicultura, economia criativa, piscicultura e diversos outros setores com forte potencial de inclusão produti-va nos espaços mais vulneráveis do país.

Seja no apoio ao empreendedorismo, na qualificação profissional, na busca de mercados ou na geração de inovações, a parceria entre o Sebrae e o MI já soma mais de uma década e con-ta com uma série de casos de sucesso.

A seriedade e profissionalismo com que foi conduzida esta articulação federativa transfor-mou o MI em uma referência nacional em proje-tos de desenvolvimento, com destaque para a recente estratégia de estruturação das Rotas de Integração Nacional, enquanto redes sinérgicas de arranjos produtivos e inovativos locais de di-versos setores buscam valorizar as potencialida-des locais e sua inserção em sistemas regionais, nacionais ou globais, como parte do princípio caro ao desenvolvimento, que é o fortalecimen-to do binômio equidade & competitividade na estruturação produtiva.

A evolução da atuação do Sebrae para uma lógica territorial, na perspectiva do Programa Territórios da Cidadania, fortaleceu ainda mais a cooperação com o MI. Com os TC, criaram-se espaços de convergência estratégica com outras instituições de apoio ao desenvolvimento, o que potencializou a ação institucional conjunta, redu-zindo-se a fragmentação e dispersão de ações.

Não restam dúvidas que a definição de regiões prioritárias em um país de dimensões continen-tais como o Brasil é essencial para a obtenção de resultados concretos sob uma ação consistente e continuada. Neste sentido, os Territórios da Cidadania se mostram um singular e feliz caso de gestão pública para o desenvolvimento, uma ini-ciativa da Presidência da República, que teve todo o apoio deste Ministério da Integração Nacional.

Parabenizamos o Sebrae pela publicação e esperamos que nossa parceria perdure pelas dé-cadas vindouras.

“Os Territórios da Cidadania se mostram um singular e feliz caso de gestão pública para o desenvolvimento”

Fernando Teixeira ,Ministro da Integração Nacional

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Territórios da Cidadania168

Lista de Territórios da Cidadania atendidos pelo Sebrae

AC Vale do Juruá

AL

AgresteAlto Sertão

Bacia Leiteira

Litoral NorteMata AlagoanaMédio Sertão

AM

Alto JuruáBaixo AmazonasMadeiraEntorno de ManausMesorregião do Alto SolimõesRio Negro da Cidadania Indígena

AP Lagos

BA

Baixo SulChapada DiamantinaIrecêLitoral SulSemiárido Nordeste IISertão do São FranciscoSisalVelho Chico

CE

CaririInhamus CratéusSertão CentralSertões de CanindéSobralVales do Cururu e Aracatiaçu

DF Águas EmendadasES Norte

GO

Águas EmendadasChapada dos VeadeirosVale do ParanãRio Vermelho

MA

Alto Turi e GurupiBaixada OcidentalCampos e LagosCocaisLençóis Maranhenses/Munim

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169Anexos

MAMédio MearimVale do Itapecuru

MG

Alto JequitinhonhaAlto Rio PardoBaixo JequitinhonhaMédio JequitinhonhaNoroeste de MinasSerra GeralSertão de MinasVale do Mucuri

MS

Cone SulReformaGrande DouradosVale do Ivinhema

MT

Baixada CuiabanaBaixo AraguaiaNoroestePortal da Amazônia

PA

Baixo AmazonasBaixo TocantinsBR 163MarajóNordeste ParaenseSudeste ParaenseSul do ParáTransamazônica

PB

BorboremaCariri OcidentalCurimataúMédio SertãoZona da Mata NorteZona da Mata Sul

PE Agreste Meridional

PE

Mata SulSertão do AraripeSertão do PajeúSertão do São Francisco

PI

CarnaubaisCocaisEntre RiosVale do CanindéVale do Guaribas

PR

CantuquiriguaçuNorte PioneiroParaná CentroVale do Ribeira

RJNoroesteNorte

RN

Açu-MossoróAlto OesteMato GrandePotengiSeridóSertão do Apodi

RO

Madeira MamoréVale do Jamarí

RR Sul de Roraima

RSNoroeste ColonialZona Sul do Estado

SCMeio Oeste do ContestadoPlanalto Norte

SEBaixo São FranciscoSul Sergipano

TOBico do PapagaioJalapãoSudeste

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Territórios da Cidadania170

Sebrae nos Estados

❍ CEARÁAv. Monsenhor Tabosa, n°777 CEP 60165-011– Fortaleza-CEwww.sebrae.com.br/uf/ceara

❍ DISTRITO FEDERALSIA Trecho 3, lote 1.580CEP 71200-030 – Brasília-DFwww.sebrae.com.br/uf/distrito-federal

❍ ESPÍRITO SANTOAv. Jerônimo Monteiro, 935, Centro CEP 29010-003 – Vitória-ESwww.sebrae.com.br/uf/espírito-santo

❍ GOIÁSAv. T-3 n° 1000, Setor BuenoCEP 74210-240 – Goiânia-GO ww.sebrae.com.br/uf/goias

❍ MARANHÃOAv. Prof. Carlos Cunha, S/N°, Jaracati CEP 65076-820 – São Luís-MAwww.sebrae.com.br/uf/maranhao

❍ MATO GROSSOAv. Historiador Rubens de Mendonça, n° 3.999 Bairro Centro Político AdministrativoCEP 78050-904 – Cuiabá-MTwww.sebrae.com.br/uf/mato-grosso

❍ ACRE Rua Rio Grande do Sul, n° 109 , Centro CEP 69900-092– Rio Branco-ACwww.sebrae.com.br/uf/acre

❍ ALAGOAS Rua Dr. Marinho de Gusmão, n°46, CentroCEP 57020-560– Maceió-ALwww.sebrae.com.br/uf/alagoas

❍ AMAZONASRua Leonardo Malcher, n° 924, CentroCEP 69010-170 – Manaus-AMwww.sebrae.com.br/uf/amazonas

❍ BAHIARua Horácio César, n°64, Largo Dois de Julho CEP 40060-350 – Salvador-BAwww.sebrae.com.br/uf/bahia

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171Anexos

❍ MATO GROSSO DO SULAv. Mato Grosso, 1661 – CentroCEP 79002-950 – Campo Grande-MSwww.sebrae.com.br/uf/mato-grosso-do-sul

❍ MINAS GERAISAv. Barão Homem de Melo, 329, Bairro Nova GranadaCEP 30431-285 – Belo Horizonte-MGwww.sebraemg.com.br

❍ PARÁRua Municipalidade, 1461, Bairro UmarizalCEP 66050-350 – Belém-PAwww.sebrae.com.br/uf/para

❍ PARAÍBAAv. Maranhão, 983 Bairro dos EstadosCEP 58030-261 – João Pessoa-PBwww.sebrae.com.br/uf/paraiba

❍ PARANÁRua Caeté, n° 150, Bairro Prado VelhoCEP 80220-300 – Curitiba-PRwww.sebraepr.com.br

❍ PERNAMBUCORua Tabaiares, 360, Ilha do RetiroCEP 50750-230 – Recife-PEwww.sebrae.com.br/uf/pernanbuco

❍ PIAUÍAvenida Campos Sales, 1046, Centro NorteCEP 64000-300 – Teresina-PIwww.sebrae.com.br/uf/piaui

❍ RONDÔNIAAv. Dr. Mendonça Lima , 3011, CentroCEP 76820-148 – Porto Velho-ROwww.sebrae.com.br/uf/rondonia

❍ RORAIMAAv. Major Williams, Bairro São Pedro, N° 680 CEP 69303-110 – Boa Vista-RRwww.sebrae.com.br/uf/roraima

❍ RIO DE JANEIRO Rua Santa Luzia, n°685, 9° andarCEP20030-041 – Rio de Janeiro-RJwww.sebrae.com.br/uf/rio-de-janeiro

❍ RIO GRANDE DO NORTEAv. Lima e Silva, 76, Lagoa NovaCEP 59175-710 – Natal-RNwww.sebrae.com.br/uf/rio-grande-do-norte

❍ RIO GRANDE DO SULRua 7 de Setembro, 555, Bairro CentroCEP 90010-190 – Porto Alegre-RSwww.sebrae-rs.com.br

❍ SÃO PAULORua vergueiro, 1117, Paraíso CentroCEP 01504-00 – São Paulo-SPwww.sebraesp.com.br

❍ SANTA CATARINAAv. Rio Branco, 611 CEP 88015-203 – Florianópolis-SCwww.sebrae.com.br/uf/santa-catarina

❍ SERGIPEAv. Tancredo Neves, 5.500, Bairro AméricaCEP 49080-470 – Aracaju-SEwww.sebrae.com.br/uf/sergipe

❍ TOCANTINS102 Norte, Av. LO-4, Lote 01, Plano Diretor Norte CEP 77006-006 – Tocantins-TOwww.sebrae.com.br/uf/tocantins

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