Tese - Congresso - Final

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PELA REPOLITIZAO DO CURSO DE HISTRIA

Toda poltica implica necessariamente em conflito. Entendemos que mobilizao s existe quando h politizao, e partimos do pressuposto de que os estudantes do curso de Histria esto pouco politizados. Notem que dizemos "politizados" e no "socialmente conscientes". Os estudantes do nosso curso tradicionalmente sempre pensaram e refletiram sobre questes sociais de forma geral. Mas a poltica, pelo seu carter conflituoso, constantemente evitada. Podemos atestar a validade dessa afirmao nos referindo a exemplos: comum ouvir de chapas durante perodos de eleio ao CAHIS uma pretenso em tornar o Centro Acadmico uma ferramenta de luta por "outra realidade" ou ento colocando como seu central problema a sua incapacidade de "se fazer representativo dos estudantes de Histria". Ora, nestes dois casos que citamos no h um claro posicionamento poltico: a "outra realidade" no possui contedo poltico algum que gere embate e, portanto, mobilizao; uma pretenso de tornar o CAHIS mais "representativo" que signifique o rebaixamento do posicionamento da entidade tampouco gera conflito, ao reduzir ao mnimo denominador comum questes que so sim motivos de choque dentro do nosso curso. motivo de crticas o posicionamento de pessoas ou grupos que no abrem mo de parte das suas concepes para que ento se possa "dialogar politicamente". Um dos reflexos mais lamentveis deste comportamento impoltico a escamoteao da disputa poltica atravs da utilizao de outras categorias para a designao do adversrio. Assim, ele deixa de ser uma figura poltica para se tornar, por exemplo, uma figura moral: ele no mais o trotskista, o liberal ou o neoconservador, mas sim o ladro, o homofbico ou o maconheiro. Tal condenao de carter pessoal s faz inibir a participao geral e minar as possibilidades de argumentao qualitativa. Desta forma, pensamos que, para tornar novamente possvel chamar o curso de Histria um curso politizado, deve se fomentar a manifestao das diferenas polticas (que existem e so muitas) dos estudantes ou grupos que ficam margem do movimento estudantil atualmente. Trata-se de fomentar os debates polticos que devem ocorrer apresentando no as palestras impolticas que tem sido o tipo de atividade mais frequentemente elaborado nas entidades, e que muitas vezes refletem unicamente os princpios dos Partidos que compe a gesto; mas sim embates de opinies sobre um mesmo tema poltico, com argumentos diversos para teorias diversas, que faam com que os estudantes saiam da apatia generalizada que o monoplio conflitivo por parte de algumas organizaes gerou. Defendemos, assim, que os debate organizados pelos coletivos e entidades estudantis busquem sempre ser efetivamente polticos, isto , conflitivos. No caberia, portanto,

chamar a um debate pessoas que possuem acordo bsico sobre o tema em discusso: j que a poltica implica em conflito, a idia que, para politizar o curso, os debates sejam sempre o mais conflitivos possvel. Isto no implica em tornar as entidades e coletivos estudantis veculos de um democratismo que no pode tomar lados. Muito pelo contrrio, propomos que as entidades sempre manifestem claramente sua posio poltica nas questes que se propem a debater, evitando a cortina de fumaa que a utilizao de termos como "emancipao", "justia" e "liberdade" sem os necessrios adjetivos polticos que devem acompanhar estas categorias isto , sem a explicitao do projeto ideolgico ao qual se filiam de modo a no torn-las elementos de ordem moral para a conduo de objetivos polticos. Assim, convm que as entidades estudantis tenham sempre um representante que realize falas nas mesas dos debates em que se propem a fazer, garantindo um posicionamento poltico claro por parte das mesmas e refinando a qualidade e a transparncia da discusso em pauta. Tambm nos posicionamos contrariamente utilizao de mtodos exclusivamente consensuais como forma de deciso poltica. O consenso , por natureza, anti-conflitivo e, desta forma, s pode vir a atrapalhar a politizao do curso de Histria, na medida em que nivela por baixo as diferenas, reduzindo-as ao denominador comum de todos os estudantes presentes no momento da deciso, e limitando a nossa capacidade de ao poltica. Desta maneira, acreditamos que uma postura que fomente a expresso de discordncias polticas mais amplas e profundas do que as que tm sido apresentadas comumente, com a legitimao de questionamentos e novas propostas polticas pode resultar em um maior envolvimento dos estudantes do curso de Histria com as questes tratadas nos fruns estudantis. Ao fomentar a abertura dos espaos para a construo e reconstruo destas por meio de uma real disputa de ideias, pode se chegar a uma maior politizao, entendida como uma tomada de posio.

ASSINAM: Amarlis Marina de Rezende Demartini (5 Ano); der Nunes Souza (6 Ano); Lucas Rodrigues Marango (5 Ano); Rafael Ribeiro de Andrade (5 Ano); Yasser Hassan Saleh (8 Ano).