Teste 1 Out. 7ºA versão B

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1 GRUPO I (50 pontos) Leitura e Escrita TEXTO A 1 5 10 15 20 25 30 35 Era meio-dia e o sol brilhava radiante sobre a Ponte 25 de Abril. A sua luz incandescente reflectia-se nos carros engarrafados sobre o tabuleiro produzindo um brilho que lembrava uma estrela pairando suavemente sobre o rio tranquilo. Um nevoeiro baixo e denso espalhava-se, a partir do fim da ponte, desde a linha das águas, até à base da estátua do Cristo-Rei dando a impressão de que o filho de Deus flutuava sem apoio sobre os pobres mortais. O cenário era, sem dúvida, celestial, talvez um pouco barulhento, mas, ignorado esse facto, verdadeiramente celestial. Celestial não era, no entanto, o pensamento dos condutores, impedidos de gozarem plenamente o fim de semana em virtude dos azares do tráfego. A pobre gente destilava dentro dos carros parados, irritados, com a música dos rádios no máximo. Os utentes da ponte tinham uma cara de enterro.[...] Havia, no entanto, uma pessoa que tinha a solução para este tipo de problema: Adozinda, ou a bruxinha, como era conhecida pelos seus amigos. A feiticeira era uma jovem de 15 anos e frequentadora do 10º ano. A dita personagem havia nos tempos remotos da sua infância tido a vantagem de tomar conhecimento das artes mágicas através da sua avó que era, nos domínios do oculto, particularmente dotada. Havia herdado da anciã uma vassoura. Não uma vassoura normal, mas uma vassoura mágica, daquelas que têm a agradável propriedade de voar. Em dias como aquele, Adozinda montava neste meio de transporte e vendia viagens de trajecto Lisboa - Costa da Caparica e Costa da Caparica - Lisboa aos desesperados condutores. [...] Após ter terminado uma série de vários trajectos, a jovem voltava agora para casa vinda dos lados de Almada. À medida que ia voando sobre os carros engarrafados, os seus olhos castanhos dourados captaram uma cena que muito a interessou: um homem, conduzindo uma potente mota BMW, tentava habilmente passar pelos intervalos do trânsito. "Pobre coitado! - pensou Adozinda - Se ele tivesse a minha vassoura, saberia o que era verdadeira velocidade ". Sem que a bruxinha entendesse, naquele momento, sentiu uma incontrolável vontade de escarnecer daquele homem. Talvez fosse um daqueles desejos que tão irritantemente os jovens têm de implicar com os transeuntes; enfim, sabe-se lá... Adozinda começou a sua acção fazendo-lhe um voo rasante pela direita. O pobre cambaleou um bocado, mas lá se endireitou. Em seguida, voando na vassoura numa trajectória paralela à dele, gritou-lhe: - Então, que tal vai a vida? Parada, não? - A menina quase me ia provocando um acidente! Se quer brincar, é melhor ir ter com outra pessoa! - Eu não sou nenhuma criança para você me tratar por menina!- a jovem empertigou o nariz de modo a enfatizar o sentido da frase. - Como queira, madame, mas eu agora não tenho tempo para as suas gracinhas. O homem, desejoso de se ver livre daquele elemento perturbador, acelerou tentando despistar a jovem atrás de si. Adozinda, no entanto, não era pessoa para desistir facilmente dos seus propósitos. Instigou a vassoura a progredir mais rapidamente e, graças à lentidão do tráfego, em breve se encontrava novamente lado a lado com o fugitivo. Para o aborrecer, tentou aterrar no banco da moto atrás dele, tentativa que o desorientou completamente. Após uma derradeira curva, moto e motorista foram embater contra o rail. A bruxinha sentiu-se profundamente arrependida. Ela podia ser às vezes ligeiramente trocista, mas não pensava levar a brincadeira até tal ponto. Aterrando suavemente num local próximo do embate, precipitou-se para o acidentado: - Desculpa, eu não queria fazer isto. Estás magoado? Eu chamo uma ambulância (...) in Adozinda, Sofia Ester ESCOLA SECUNDÁRIA EMÍDIO NAVARRO PORTUGUÊS 7 ºANO NOME: …………………………… TURMA ……. ….. ANO LETIVO 2013 / 2014 DOMÍNIOS CLASSIFICAÇÃO Teste Sumativo B Leitura, Gramática, Escrita Encarregado de Educação: …………………………… …………………………… Prof.ª ………………………………

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GRUPO I (50 pontos) – Leitura e Escrita

TEXTO A

1

5

10

15

20

25

30

35

Era meio-dia e o sol brilhava radiante sobre a Ponte 25 de Abril. A sua luz incandescente reflectia-se nos carros

engarrafados sobre o tabuleiro produzindo um brilho que lembrava uma estrela pairando suavemente sobre o rio tranquilo. Um nevoeiro baixo e denso espalhava-se, a partir do fim da ponte, desde a linha das águas, até à base da estátua do Cristo-Rei dando a impressão de que o filho de Deus flutuava sem apoio sobre os pobres mortais. O cenário era, sem dúvida, celestial, talvez um pouco barulhento, mas, ignorado esse facto, verdadeiramente celestial.

Celestial não era, no entanto, o pensamento dos condutores, impedidos de gozarem plenamente o fim de semana em virtude dos azares do tráfego. A pobre gente destilava dentro dos carros parados, irritados, com a música dos rádios no máximo. Os utentes da ponte tinham uma cara de enterro.[...]

Havia, no entanto, uma pessoa que tinha a solução para este tipo de problema: Adozinda, ou a bruxinha, como era conhecida pelos seus amigos. A feiticeira era uma jovem de 15 anos e frequentadora do 10º ano. A dita personagem havia nos tempos remotos da sua infância tido a vantagem de tomar conhecimento das artes mágicas através da sua avó que era, nos domínios do oculto, particularmente dotada. Havia herdado da anciã uma vassoura. Não uma vassoura normal, mas uma vassoura mágica, daquelas que têm a agradável propriedade de voar. Em dias como aquele, Adozinda montava neste meio de transporte e vendia viagens de trajecto Lisboa - Costa da Caparica e Costa da Caparica - Lisboa aos desesperados condutores. [...]

Após ter terminado uma série de vários trajectos, a jovem voltava agora para casa vinda dos lados de Almada. À medida que ia voando sobre os carros engarrafados, os seus olhos castanhos dourados captaram uma cena que muito a interessou: um homem, conduzindo uma potente mota BMW, tentava habilmente passar pelos intervalos do trânsito.

"Pobre coitado! - pensou Adozinda - Se ele tivesse a minha vassoura, saberia o que era verdadeira velocidade ". Sem que a bruxinha entendesse, naquele momento, sentiu uma incontrolável vontade de escarnecer daquele

homem. Talvez fosse um daqueles desejos que tão irritantemente os jovens têm de implicar com os transeuntes; enfim, sabe-se lá...

Adozinda começou a sua acção fazendo-lhe um voo rasante pela direita. O pobre cambaleou um bocado, mas lá se endireitou. Em seguida, voando na vassoura numa trajectória paralela à dele, gritou-lhe:

- Então, que tal vai a vida? Parada, não?

- A menina quase me ia provocando um acidente! Se quer brincar, é melhor ir ter com outra pessoa! - Eu não sou nenhuma criança para você me tratar por menina!- a jovem empertigou o nariz de modo a enfatizar

o sentido da frase. - Como queira, madame, mas eu agora não tenho tempo para as suas gracinhas.

O homem, desejoso de se ver livre daquele elemento perturbador, acelerou tentando despistar a jovem atrás de

si. Adozinda, no entanto, não era pessoa para desistir facilmente dos seus propósitos. Instigou a vassoura a progredir mais rapidamente e, graças à lentidão do tráfego, em breve se encontrava novamente lado a lado com o fugitivo. Para o aborrecer, tentou aterrar no banco da moto atrás dele, tentativa que o desorientou completamente. Após uma derradeira curva, moto e motorista foram embater contra o rail.

A bruxinha sentiu-se profundamente arrependida. Ela podia ser às vezes ligeiramente trocista, mas não pensava levar a brincadeira até tal ponto. Aterrando suavemente num local próximo do embate, precipitou-se para o acidentado:

- Desculpa, eu não queria fazer isto. Estás magoado? Eu chamo uma ambulância (...) in Adozinda, Sofia Ester

ESCOLA SECUNDÁRIA

EMÍDIO NAVARRO

PORTUGUÊS — 7 ºANO

NOME: ……………………………

TURMA ……. Nº…..

ANO LETIVO 2013 / 2014 DOMÍNIOS CLASSIFICAÇÃO

Teste Sumativo B Leitura, Gramática, Escrita

Encarregado de Educação: ………………………………………………………… Prof.ª ………………………………

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TEXTO B

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Bom, cheguei ao local do sinistro. Quantas vezes, na minha longa carreira, escrevi eu “local do sinistro”? […] Espreitei o carro espalmado debaixo do camião. Tiraram gente? Dois, disse o bombeiro.

Dois, aponto. O número é que varia. Mais dois ou quatro, os corpos são retirados de uma amálgama de ferros torcidos. Escrevo “amálgama de ferros torcidos”, a caneta já vai sozinha, é como desenhar a assinatura. Compreende: são anos e anos de amálgamas de ferros torcidos. E a caneta vai por aí fora, adiantando-se às informações: “ao fazer uma ultrapassagem…”

Foi ultrapassagem, não foi?

1. A partir do texto que acabaste de ler, indica as opções corretas. Escreve o número da questão e a

letra que indica a opção escolhida.

1.1. A acção decorre... a. num dia de semana, de manhã. b. numa manhã, durante a semana, à hora de ir para o trabalho. c. numa dia semana, à hora do regresso do trabalho. d. numa manhã de fim de semana.

1.2. Os utentes da ponte sentiam-se…

a. felizes, como se estivessem no céu. b. nervosos, porque o trânsito era muito intenso. c. tranquilos, porque era fim de semana. d. animados, porque estavam a ouvir música.

1.3. Adozinda era conhecedora das artes mágicas ...

a. por influência do seu avô. b. por influência da sua avó. c. por frequentar a Escola de Artes Mágicas de Almada. d. por ter herdado uma vassoura.

1.4. Adozinda era…

a. mimada. b. curiosa. c. grosseira. d. trocista.

1.5. O motociclista considerava a bruxinha...

a. muito aborrecida. b. caprichosa. c. perturbadora. d. mimada.

2. Transcreve, para cada uma das questões anteriores, uma expressão que justifique a tua opção. 3. «- Então, que tal vai a vida? Parada, não?»

Explica onde reside o humor nesta pergunta de Adozinda.

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4. Qual o acontecimento que levou o repórter ao local. 5. Com quem falou o repórter para obter informações sobre o acontecimento? 6. Quais são os sentimentos do repórter? Justifica as tuas afirmações. 7. Em certos momentos, parece que o repórter já sabe a informação, mesmo antes de lha darem.

7.1 Delimita no texto os momentos em que isso acontece. 7.2 Transcreve uma frase que explique a razão pela qual o repórter já sabe aquilo que lhe vão dizer.

8. A que regras se refere o repórter no final do texto? Explica por palavras tuas.

GRUPO II (20 pontos) – Gramática

1. Relê o seguinte excerto do texto A. «Após ter terminado uma série de vários trajectos, a jovem voltava agora para casa vinda dos lados de Almada. À medida que ia voando sobre os carros engarrafados, os seus olhos castanhos dourados captaram uma cena que muito a interessou: um homem, conduzindo uma potente mota BMW, tentava habilmente passar pelos intervalos do trânsito.»

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Fatal como o destino, confirmou o bombeiro. E “do violento embate resultou…”Violento embate, desnecessário perguntar. Basta ver a amálgama de ferros

torcidos. Morreram os dois? Logo. Pois: “do violento embate resultou a morte do condutor e do seu acompanhante”. Penso: mil vezes, já escrevi esta notícia mil vezes. Diferente, só o local do sinistro e a identidade das vítimas. E

isso que importa aos leitores do jornal? Interessa às famílias, coitadas, cabe às autoridades a informação. Há por aí alguma autoridade? Reclamei. Diga, oferece-se o republicano. Já se conhece a identidade das vítimas? Vá à morgue, talvez lá. Vá à morgue, a conversa dele! […] Ó sô guarda, o carro ia na esgalha, não? A uns cento e sessenta. Evidente: “lançado a louca velocidade…” E o motorista do camião? Ferido? Nada. Foi ao hospital mas era só nervoso, disse o guarda. Claro: “vítima de forte comoção

1, o motorista do veículo pesado recebeu assistência no estabelecimento

hospitalar mais próximo, recolhendo depois a sua casa” […] Olhei as horas: nove e meia, já? Repórter de desastre, vida infernal. … Ó sô guarda, vou indo, o jornal às tantas fecha. Importava-se de me telefonar logo que conheça a identidade

das vítimas? Pronto, agradecido. Não acrescenta nada, claro, cem mil leitores querem lá saber se era o Manuel ou o Alfredo […] mas são as regras: quem, onde, quando, o quê, está a compreender?

in À noite logo se vê, Mário Zambujal VOCABULÁRIO:

1emoção

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1.1 Transcreve do excerto:

a. um nome comum não contável b. um nome comum contável c. um nome próprio d. um adjetivo qualificativo

1.2 Transcreve do excerto:

a. Duas formas verbais no Pretérito Imperfeito.

b. Duas formas verbais no Pretérito Perfeito.

c. Duas formas verbais no Infinitivo.

2. Escolhe a palavra correta e reescreve as frases.

a. Se tivesse que fazer a discrição/ descrição de Adozinda não saberia por onde começar... D b. Que alívio/ alivio não ter havido mortes! c. Zulmiro traz/ trás sempre o telescópio na moto. d.O cinto/ sinto de segurança da vassoura protegeu-a. e. O acento/ o assento do banco de Zulmiro danificou-se.

2.1. Indica as relações fonéticas e graficas que se estabelecem entre as palavras de cada par. 3. Identifica o tipo de sujeito presente em cada uma das frases e copia-o na tua folha de resposta.

simples

a)

composto

b)

nulo

subentendido

c)

nulo

expletivo

d)

nulo

indeterminado

e)

3.1. Tenho muita pena de te deixar sozinho.

3.2. Diz-se que ela fugiu do local do acidente.

3.3. Zulmiro, Adozinda e a polícia olhavam incrédulos.

3.4. Mas eu não sei guiar uma vassoura! 3.5. Chovia intensamente naquele momento 3.6. Os quatro automobilistas ofereceram ajuda.

3.7. As luzes de todas as casas de Almada acenderam-se.

GRUPO III (30 pontos) – Escrita

Assume o papel de jornalista, redigindo uma notícia bem estruturada (de acordo com a técnica da Pirâmide Invertida), onde dês conta do acidende ocorrido na Ponte 25 de Abril com Adozinda e Zulmiro, o motociclista.

Utiliza uma linguagem clara e vocabulário apropriado e variado, liga as frases de forma lógica, tenta pontuar corretamente o teu texto e verifica a ortografia das palavras. A tua notícia deve ter no mínimo 50 palavras e no máximo 80 palavras.

Palavras homónimas A

Palavras homófonas B

Palavras homógrafas C

Palavras parónimas a. D