Texto Complementar-Inovação Das Praticas

download Texto Complementar-Inovação Das Praticas

If you can't read please download the document

description

inovaçao

Transcript of Texto Complementar-Inovação Das Praticas

TEXTO COMPLEMENTARCONCEPES E PRTICAS PEDAGGICAS INOVADORAS NA EDUCAO INFANTIL: LIMITES E POSSIBILIDADES PARA A TRANSFORMAO1Maria Cristina da Silveira Galan Fernandes - UFSCarGabrielle Dellela Blengini - UFSCarPrticas pedaggicas inovadoras crticas e no-crticas Entendemos que a educao de qualidade para todos s ser alcanada com mudanas nas prticas pedaggicas cotidianas; e para que todos tenham as mesmas oportunidades de acesso ao conhecimento, se faz necessrio que a escola seja uma instituio, em que os conhecimentos tornem-se pblicos e a produo e distribuio do saber sejam feitos de forma democrtica. As pedagogias inovadoras crticas entendem que com uma escolaridade obrigatria igualitria, de mesma qualidade, todos tero a mesma oportunidade de estar em contato com o conhecimento (CARBONELL, 2002). Inovao, em uma definio ampla, entendida como um conjunto de intervenes, decises processos que, com certo grau de intencionalidade e sistematizao, tratam de alterar atitudes, culturas, ideias, contedos, modelos e prticas pedaggicas. Por meio de uma perspectiva renovadora de programas e projetos, materiais curriculares, estratgias de ensino e aprendizagem, modelos didticos, as pedagogias inovadoras buscam, segundo Carbonel (2002), formar e administrar o currculo, as relaes em sala de aula e o espao escolar para que seja possvel mergulhar nos conhecimentos socialmente relevantes, visando uma nova formao, compreensiva e integral. Portanto, no se trata da simples modernizao da escola, como adquirir novos e modernos computadores, realizar sadas ao entorno, cultivar uma horta ou oferecer oficinas. A inovao se refere criao de projetos que busquem converter a escola em um espao mais democrtico, atrativo e estimulante (CARBONELL, 2002). Quando nos referimos a prticas pedaggicas inovadoras, temos que ficar atentos a como encaramos as questes do mtodo e do contedo a ser trabalhado. Nas Pedagogias Tradicionais o mtodo est centrado em aulas magistrais e a maneira como oferecido o ensino-aprendizagem no ultrapassa o esquema clssico de exposio escuta- memorizao-repetio, tendo como questo central o programa. Nas Pedagogias Ativas o mtodo se traduz na ateno prioritria aos interesses de cada aluno, deixando para segundo plano o contedo. Para compreender melhor as diferenas entre as teorias no-crticas (Pedagogia Tradicional, Pedagogia Ativa e a Pedagogia Tecnicista) das teorias crticas, buscamos Saviani (1999) que, ao analisar a questo da marginalidade, e a relao entre sociedade e educao, coloca que as teorias educacionais podem ser classificadas em dois grupos: as teorias que acreditam ser a educao um instrumento de equalizao social, isto , de auxlio para a superao da marginalidade e as que entendem ser a educao um instrumento de discriminao social, portanto, um fator de marginalizao na sociedade capitalista. As primeiras teorias classificadas como no-crticas analisam, portanto, a educao sem ver a sociedade, e esta considerada harmoniosa e perfeita, sendo a marginalidade apenas um desvio da sociedade, podendo ser corrigida. J o segundo grupo de teorias, as chamadas teorias crticas vem a sociedade em constante luta, dividida em classes sociais, em grupos antagnicos; esta se manifesta de maneira fundamental nas condies de produo da vida material e com isso, a educao seria um fator dominante da marginalidade. Dessa maneira, as teorias crticas so aquelas que fazem uma reflexo crtica da sociedade e, portanto, da educao, pois esta vista como um fenmeno social, que determinado pelas classes sociais opostas, com valores, interesses e comportamentos distintos. Essas teorias se dividem em dois grupos: as propostas baseadas nas concepes libertadoras e libertrias; e as pedagogias crtico social e a histrico-crtica (MARSIGLIA, 2011). Na pedagogia histrico-crtica os contedos e mtodos so indissociveis e os professores devem ter sempre conscincia que cada aluno possui sua maneira pessoal de aprender. Dessa forma, eles devem estar abertos diversidade, combinao e experimentao, visando sempre fazer a adaptao dos contedos e mtodos ao contexto socioeducativo de cada escola. Pois o importante, que se tenha uma significao nos mtodos e contedos trabalhados, e que eles ainda sejam atrativos, promovendo a interatividade dos estudantes e auxiliando-os no desenvolvimento do pensamento. Dessa maneira, compreendemos que dentro da perspectiva inovadora crtica existem diferentes possibilidades de explorar o mtodo pedaggico, sendo importante, entretanto, estabelecer com que finalidade utilizamos cada mtodo, com que freqncia e em que contexto. (CARBONELL, 2002). Para Carbonell (2002) ao pensarmos em mtodos inovadores temos que estar atentos para trs critrios extremamente relevantes. O primeiro critrio seria a curiosidade como ponto de partida. Este autor entende que a aprendizagem s acontece, quando est presente o desejo, a motivao e o mnimo de fabulao, ou seja, quando a curiosidade do aluno despertada h um aumento da sua auto-estima, colocando-o em melhor situao para explorar novas possibilidades de aprendizagem. Em relao ao segundo critrio, o autor destaca a Pedagogia do erro, e sua relevncia ao utilizar o erro como ponto de partida de uma nova aprendizagem. No terceiro critrio, referente memria compreensiva, Carbonell (2002) explica sua diferena em relao memorizao vista atravs da perspectiva da pedagogia tradicional, na qual, os contedos e informaes so memorizados de maneira passiva, sem que ocorra a assimilao e compreenso, tornando-se apenas uma atividade mecnica e de repetio. A memorizao utilizada pela pedagogia inovadora mais racional, til, compreensiva e criativa, pois auxilia os alunos a organizar as informaes, estabelecendo relaes e conexes no espao e no tempo, facilitando, assim, a compreenso dos contedos importantes. Segundo Marsiglia (2011), a proposta organizativa do mtodo baseado na pedagogia histrico-crtica, tambm caracterizada por passos ou momentos, porm divididos em cinco: ponto de partida da prtica educativa (prtica social); problematizao; instrumentalizao; catarse; e sntese. Para Saviani (2008, p. 263) na pedagogia histrico-crtica: [...] a educao entendida como mediao no seio da prtica social global. A prtica social se pe, portanto, como o ponto de partida e o ponto de chegada da prtica educativa. Da decorre um mtodo pedaggico que parte da prtica social em que professor e aluno se encontram igualmente inseridos ocupando, porm, posies distintas, condio para que travem uma relao fecunda na compreenso e encaminhamento da soluo dos problemas postos pela prtica social, cabendo aos momentos intermedirios do mtodo identificar as questes suscitadas pela prtica social (problematizao), dispor os instrumentos tericos e prticos para a sua compreenso e soluo (instrumentalizao) e viabilizar sua incorporao como elementos integrantes da prpria vida dos alunos (catarse). Assim, no final do processo, a prtica social se modifica em razo da aprendizagem ocorrida, gerando mudanas na qualidade e na forma do pensamento (do emprico ao terico). relevante destacar que tais propostas metodolgicas para o trabalho pedaggico no devem ser desvinculadas do referencial terico crtico, estando fundamentadas para garantir a superao da condio de explorao dos dominados.1 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didtica e Prticas de Ensino - UNICAMP - Campinas 2012 Paginas: 31-34------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------3